Passo a passo, pedra a pedra, o Papa vai fazendo sua revolução na Igreja, dando primazia à realidade da vida e a seus dramas humanos
O papa Francisco lançou dias atrás, conversando com os fiéis na praça São Pedro, uma nova provocação à Igreja conservadora ao afirmar que “há casos em que a separação (matrimonial) é inevitável”. Estava abrindo uma brecha no dogma do divórcio?
Francisco conhece o drama de milhões de divorciados católicos que desejariam poder continuar participando dos sacramentos sem serem proscritos nem condenados pela Igreja. Ou que atormentados por uma crise matrimonial desejariam romper seu compromisso. Conhece também a hipocrisia de certas sentenças do Tribunal da Rota Romana, que possui o poder de anular casamentos. Sabe muito bem Francisco que muitas pessoas importantes, ricas e famosas conseguiram de forma discutível a anulação do casamento por parte do tribunal eclesiástico. A Igreja afirma que não se trata de uma separação, mas de demonstrar que para aquele matrimônio, às vezes de anos, faltou algum requisito na hora de ser contraído e, portanto, era inválido.
Tomara esteja enganado. A Igreja e o mundo necessitam com urgência das provocações e do exemplo de vida pobre e despojada desse Papa compassivo em um mundo no qual os poderes – tanto o político como o religioso –apodrecem enfermos de corrupção com sede de castigos e vinganças...
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