"A violência faz parte da nossa vida. Vários dos meus amigos foram assassinados. E sempre há novas histórias de mortes. Isso não pode ser uma coisa natural, pode?", questiona Paulo Gabriel, 16, estudante do 1º ano do ensino médio e morador do bairro da Pavuna, no Rio de Janeiro.
Além de a violência, Paulo enfrenta outros desafios para concluir seus estudos. "Eu quero muito aprender, mas não é fácil estar na escola. Não há estrutura, as salas de aula são muito abafadas. Os conteúdos não traduzem nossa realidade, nem preparam os estudantes para entrar na faculdade". Mesmo assim, Paulo não desiste. Sua paixão pelo hip hop e o apoio de professores fizeram com que ele participasse de ações em favor de mudanças na sua escola.
"Por meio das letras do hip hop, eu passei a me interessar por figuras como Martin Luther King e a pesquisar sobre lutas sociais", conta Paulo. Ele começou a se engajar na escola ajudando a criar um grêmio estudantil. Logo depois passou a levar propostas de seus colegas sobre melhorias na escola para a Prefeitura do Rio de Janeiro por meio do programa Aluno Presente. Hoje participa ativamente do movimento secundarista. "A escola deve abrir portas e não criar muros. A escola precisa ser um lugar seguro e acessível a todos", conclui.
Paulo Gabriel foi um dos mais de 100 adolescentes que representaram redes e movimentos sociais no Seminário Internacional sobre Inclusão no Ensino Médio, realizado nos dias 27 e 28 de abril de 2016, em Belo Horizonte. No encontro, as jovens lideranças apresentaram para as autoridades presentes propostas para garantir um ensino de médio inclusivo e de qualidade. O evento foi uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Ministério da Educação, da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, da Fundação Itaú Social e do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultural e Ação Comunitária (Cenpec). Fonte: www.unicef.org