RIO - Aos 24 anos, Augusto Alves havia acabado de deixar a casa do pai, em Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio. Após a corriqueira visita, na noite desta terça-feira, ele, acompanhado da mulher e um bebê de nove meses, estava de carro a caminho da casa do sogro, onde morava com sua família, no bairro de Vista Alegre. A ação de bandidos, no entanto, interrompeu o trajeto e, numa tentativa de assalto, o jovem - muito querido pelos parentes e pelos amigos - acabou atingido por um tiro disparado pelos criminosos na Rua Cesar Muzio, altura da esquina com uma a Avenida Martin Luther King Jr., uma dos principais vias daquele bairro. O projétil acertou o pescoço de Augusto, que não resistiu e morreu no local. Já os assaltantes fugiram sem levar o automóvel.

- O Augusto é uma pessoa muito simples. É evangélico, tranquilo e trabalhador. Cumpridor dos seus deveres e muito bom pai. Excelente marido. Completaria 25 anos no mês que vem. É uma perda muito grande. Tenho ele como um filho. Todos estamos sentido muito essa perda. Os pais dele sequer têm condições de falar - afirmou, emocionado, o sogro da vítima, Antônio Carlos de Carvalho, na madrugada desta quarta-feira, no momento em que ele deixava a Delegacia de Homicídios da Capital (DH), onde o crime foi registrado.

De acordo com testemunhas, ao menos dois bandidos abordaram o carro de Augusto. Segundo os relatos, o jovem teria estranhado a aproximação de um veículo. Ele, então, tentou dar marcha ré, quando os assaltantes, armados, saíram do automóvel em que estavam e fizeram a abordagem. O corro de Augusto se movimentou e os bandidos dispararam contra as vítimas.

- Ele tentou dar marcha ré, já que o carro dos assaltantes estava travando a passagem. Nesta hora, os bandidos desceram do e fizeram a abordagem, só que o Augusto pensou que já tinha desengrenado o carro. Mas, quando ele tirou o pé da embreagem, o veículo deu um trampo para trás. Nesse momento atiraram no meu genro - relatou o sogro da

Vítima.

A mulher de Augusto, identificada como Karina, e o filho do casal não ficaram feridos na ação. Ela, porém, ficou em estado de choque, segundo parentes e amigos, após ter presenciado a cena de horror. Peritos da DH foram até o local do crime e fizeram a perícia no local. O corpor da vítima foi retirado do local em seguida.

Durante esta madrugada, parentes da vítima foram até a especializada e foram atendidos pelos agentes.

- No momento do crime, a única reação da minha filha foi proteger a criança. O bebê chegou em casa, olhando para todo mundo, procurando pelo pai. Tadinho! Mas onde está o pai dele agora? - desabafou ainda o sogro, momentos antes de deixar a delegacia com a filha, que continuava bastante abalada.

Mais cedo, amigos e parentes de Augusto, que trabalhava em uma rede de lojas no Centro do Rio, estiveram no local do crime. Eles contaram que a vítima tinha muita força de vontade de dar uma vida melhor para sua família, "entrou como funcionário provisório, mostrou potencial e já era líder da seção".

- Ele é bastante conhecido aqui na região, onde os pais deles moram até hoje. Ver os pais dele aqui, com o filho morto, foi uma cena de horror. Tenho um filho jovem também, nem consigo imaginar como eu me comportaria. O pai dele pensou até se tratar de um acidente. Ver o filho daquele jeito... - contou um amigo de Augusto, Jeremias Martins, de 43 anos.

Testemunhas disseram ainda que, no local onde ocorreu o crime, assaltos são recorrentes. Eles relataram também que ocorrem "arrastões semanalmente" por ali.

- Um camarada era cheio de vida e de sonhos. E se tornar um vítima de uma segurança pública precária. Acima de tudo, era um filho excepcional. Não é fácil, não. - desabafou Martins. Fonte: https://extra.globo.com