Danos para a saúde mental podem ser combatidos com ciência e educação midiática
Novas tecnologias de comunicação despertam fascínio quando surgem e, depois, preocupação, até pânico. Foi assim com o cinema, a televisão e, neste século 21, é o que se passa com as redes sociais.
Na quarta (24), o médico e secretário de Saúde dos EUA, Vivek Murthy, emitiu um alerta sobre os riscos dessas mídias. O relatório afirma que, apesar de a ciência ainda não ter alcançado consenso a respeito, há fortes indícios de que elas possam prejudicar a saúde física e mental dos mais jovens.
O aumento do uso das plataformas tem sido acompanhado por uma alta nos casos de ansiedade, depressão, automutilação e ideação suicida —mas ainda não se comprovou se a relação é causal.
Há pesquisas que mostram que o sistema de recompensa das redes sociais, por meio das chamadas "curtidas", estimulam processos neurológicos similares aos verificados em dependentes químicos; já outras revelam benefícios, como conexão emocional e comunitária entre os jovens.
A falta de consenso leva o relatório americano a pedir por um esforço científico de investigação. Enquanto isso, medidas vão sendo tomadas. Em março, Utah proibiu que menores de 18 anos tenham contas em redes sem a anuência de pais ou responsáveis.
Entretanto, em vez da proibição, especialistas apontam para a importância da educação digital.
O objetivo deve ser capacitar crianças e adolescentes para lidarem com a poluição informacional das redes: diferenciar textos opinativos de noticiosos, investigar a veracidade das informações, produzir conteúdos com responsabilidade, proteger a privacidade, reconhecer abusos e buscar ajuda, quando necessário.
Assim, busca-se a redução dos potenciais efeitos nocivos das fake news, do discurso de ódio, da superexposição e do cyberbullying —que podem gerar ou agravar transtornos mentais.
No Brasil, o Congresso discute uma regulamentação das redes repleta de dispositivos controversos, enquanto a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já recomenda o chamado letramento midiático. Falta capacitar professores e colocar a orientação em prática.
Pela disseminação recente e pelas mudanças provocadas, é natural que o uso das redes sociais gere preocupação e até medo. Mas o conhecimento obtido pela ciência e pela educação é a forma mais sensata de lidar com as adversidades. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br