Frei Carlos Mesters, O. Carm.

A expressão é da carta de Tiago; “Elias era um homem fraco como nós” (Tg 5,17). De fato, os seis capítulos com as histórias de Elias não escondem os defeitos e as limitações de Elias. Ele teve momentos de medo e de fuga. Sentiu vontade de largar tudo e de morrer. Desanimado só queria comer, beber e dormir.

Chegando na montanha de Deus, o Horeb, Elias entrou na gruta e ouviu a pergunta: "Elias, que fazes aqui?" (1R 19,8) E ele respondeu, por duas vezes: "O zelo por Javé dos exércitos me consome, porque os israelitas abandonaram tua aliança, derrubaram teus altares, mataram teus profetas. Sobrei somente eu, e eles querem me matar também" (1Rs 19,10.14).

Existe uma contradição entre o discurso e a prática de Elias. Conforme o discurso ele é o único que sobrou; mas na prática havia sete mil que não tinham dobrado o joelho diante de Baal (1Rs 19,18). Conforme o discurso ele está cheio de zelo; mas a prática mostra um homem medroso que foge (1Rs 19,3). Conforme o discurso ele sabe analisar o fracasso da nação; mas na prática não sabe analisar o seu próprio fracasso. Elias não se dá conta de que a situação de derrota e de morte em que se encontra é o lugar onde Deus o atinge, pois não percebe a presença do anjo que o orienta. Ele só pensa em comer, beber e dormir (1Rs 19,6).

O olhar de Elias está perturbado por algum defeito que o impede de perceber a realidade tal como ela é. Ele não é capaz de avaliar a situação com objetividade. Ele se considera dono da luta contra Baal (e não é); acha que sem ele tudo estará perdido (e não estará); pensa que Deus sai perdendo caso ele, Elias, for derrotado (e Deus não sai perdendo). Qual o defeito nos olhos de Elias? Qual o defeito em nossos olhos hoje? A resposta está na história da Brisa Leve.