30 de dezembro. Evangelho do Dia-Lectio Divina- Frei Carlos Mesters, O.Carm.
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1) Oração
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que o novo nascimento de vosso Filho como homem nos liberte da antiga escravidão do pecado. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 2, 36-40)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 36Havia também uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser; era de idade avançada. 37Depois de ter vivido sete anos com seu marido desde a sua virgindade, ficara viúva, e agora com oitenta e quatro anos não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. 38Chegando ela à mesma hora, louvava a Deus e falava de Jesus a todos aqueles que em Jerusalém esperavam a libertação. 39Após terem observado tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para a Galileia, à sua cidade de Nazaré. 40O menino ia crescendo e se fortificava: estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus repousava nele.
3) Reflexão
Nos primeiros dois capítulos de Lucas, tudo gira em torno do nascimento de duas crianças: João e Jesus. Os dois capítulos nos fazem sentir o perfume do Evangelho de Lucas. Neles, o ambiente é de ternura e de louvor. Do começo ao fim, se louva e se canta a misericórdia de Deus: os cânticos de Maria (Lc 1,46-55), de Zacarias (Lc 1,68-79), dos anjos (Lc 2,14), de Simeão (Lc 2,29-32). Finalmente, Deus chegou para cumprir suas promessas, e Ele as cumpre em favor dos pobres, dos anawim, dos que souberam perseverar e esperar pela sua vinda: Isabel, Zacarias, Maria, José, Simeão, Ana, os pastores.
Os capítulos 1 e 2 do Evangelho de Lucas são muito conhecidos, mas pouco aprofundados. Lucas escreve imitando os escritos do AT. É como se os primeiros dois capítulos do seu evangelho fossem o último capítulo do AT que abre a porta para a chegada do Novo. Estes dois capítulos são a dobradiça entre o AT e o NT. Lucas quer mostrar como as profecias estão se realizando. João e Jesus cumprem o Antigo e iniciam o Novo.
Lucas 2,36-37: A vida da profetisa Ana
“Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Tinha-se casado bem jovem, e vivera sete anos com o marido. Depois ficou viúva, e viveu assim até os oitenta e quatro anos. Nunca deixava o Templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações”. Como Judite (Jd 8,1-6), Ana é viúva. Como Débora (Jz 4,4), ela é profetisa. Isto é, pessoa que comunica algo de Deus e que tem uma abertura especial para as coisas da fé a ponto de poder comunicá-las aos outros. Ana casou jovem, viveu em casamento durante sete anos, ficou viúva e continuou dedicada a Deus até oitenta e quatro anos. Hoje, em quase todas as nossas comunidades, no mundo inteiro, você encontra um grupo de senhoras de idade, muitas delas viúvas, cuja vida se resume em rezar e marcar presença nas celebrações e em servir ao próximo.
Lucas 2,38: Ana e o menino Jesus
“Ela chegou nesse instante, louvava a Deus, e falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. Chegou ao templo no momento em que Simeão abraçava o menino e conversava com Maria sobre o futuro do menino (Lc 2,25-35). Lucas sugere que Ana participou neste gesto. O olhar de Ana é um olhar de fé. Ela vê um menino nos braços de sua mãe, e descobre nele o Salvador do mundo.
Lucas 2,39-40: A vida de Jesus em Nazaré
”Quando acabaram de cumprir todas as coisas, conforme a Lei do Senhor, voltaram para Nazaré, sua cidade, que ficava na Galileia. O menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele”. Nestas poucas palavras, Lucas comunica algo do mistério da encarnação. “A Palavra de fez carne e veio morar entre nós” (Jo 1,14). O Filho de Deus tornou-se igual a nós em tudo e assumiu a condição de servo (Filp 2,7). Foi obediente até a morte e morte de cruz (Filp 2,8). Dos trinta e três anos que viveu entre nós, trinta foram vividos em Nazaré. Se você quiser saber como foi a vida do Filho de Deus durante os anos que ele viveu em Nazaré, procure conhecer a vida de qualquer nazareno daquele época, mude o nome, coloque Jesus e você terá a vida do Filho de Deus durante trinta dos trinta e três anos da sua vida, igual a nós em tudo, menos no pecado (Hb 4,15). Nestes trinta anos da sua vida, “o menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele”. Em outro lugar Lucas afirma a mesma coisa com outras palavras. Ele diz que o menino “crescia em sabedoria, idade e tamanho diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). Crescer em Sabedoria significa assimilar os conhecimentos, a experiência humana acumulada ao longo dos séculos: os tempos, as festas, os remédios, as plantas, as orações, os costumes, etc. Isto se aprende vivendo e convivendo na comunidade natural do povoado. Crescer em Tamanho significa nascer pequeno, crescer aos poucos e ficar adulto. É o processo de cada ser humano com suas alegrias e tristezas, descobertas e frustrações, raivas e amores. Isto se aprende vivendo e convivendo na família com os pais, os irmãos e irmãs, os tios, os parentes. Crescer em Graça significa: descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, a vocação, o chamado dele. A carta aos hebreus diz que: “Embora fosse filho de Deus, Jesus teve que aprender a ser obediente através dos seus sofrimentos” (Hb 4,8).
4) Para um confronto pessoal
1) Conhece pessoas como Ana, que tem um olhar de fé sobre as coisas da vida?
2) Crescer em sabedoria, tamanho e graça: como isto acontece em minha vida?
5) Oração final
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação.
Entre os povos narrai a sua glória, entre todas as nações dizei seus prodígios. (Sl 95, 2-3)
29 de dezembro. Evangelho do Dia-Lectio Divina- Frei Carlos Mesters, O.Carm
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1) Oração
Ó Deus invisível e todo-poderoso, que dissipastes as trevas do mundo com a vinda da vossa luz, volvei para nós o vosso olhar, a fim de que proclamemos dignamente a maravilhosa natividade de vosso Filho Unigênito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 2, 22-35)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 22Concluídos os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentar ao Senhor, 23conforme o que está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor (Ex 13,2); 24e para oferecerem o sacrifício prescrito pela lei do Senhor, um par de rolas ou dois pombinhos. 25Ora, havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor. 27Impelido pelo Espírito Santo, foi ao templo. E tendo os pais apresentado o menino Jesus, para cumprirem a respeito dele os preceitos da lei, 28tomou-o em seus braços e louvou a Deus nestes termos: 29Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. 30Porque os meus olhos viram a vossa salvação 31que preparastes diante de todos os povos, 32como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel. 33Seu pai e sua mãe estavam admirados das coisas que dele se diziam. 34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições, 35a fim de serem revelados os pensamentos de muitos corações. E uma espada transpassará a tua alma.
3) Reflexão
Os primeiros dois capítulos do Evangelho de Lucas, escrito na metade dos anos 80, não são história no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam muito mais como espelho, onde os cristãos convertidos do paganismo descobriam que Jesus tinha vindo realizar as profecias do Antigo Testamento e atender às mais profundas aspirações do coração humano. São também símbolo e espelho do que estava acontecendo entre os cristãos do tempo de Lucas. As comunidades vindas do paganismo tinham nascido das comunidades dos judeus convertidos, mas eram diferentes. O Novo não correspondia ao que o Antigo imaginava e esperava. Era "sinal de contradição" (Lc 2,34), causava tensões e era fonte de muita dor. Na atitude de Maria, imagem do Povo de Deus, Lucas apresenta um modelo de como perseverar no Novo, sem ser infiel ao Antigo.
Nestes dois primeiros capítulos do evangelho de Lucas tudo gira em torno do nascimento de duas crianças: João e Jesus. Os dois capítulos nos fazem sentir o perfume do Evangelho de Lucas. Neles, o ambiente é de ternura e de louvor. Do começo ao fim, se louva e se canta, pois, finalmente, a misericórdia de Deus se revelou e, em Jesus, ele cumpriu as promessas feitas aos pais. E Deus as cumpriu em favor dos pobres, dos anawim, como Isabel e Zacarias, Maria e José, Ana e Simeão, os pastores. Estes souberam esperar pela sua vinda.
A insistência de Lucas em dizer que Maria e José cumpriram tudo aquilo que a Lei prescreve evoca o que Paulo escreveu na carta aos Gálatas: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos” (Gal 4,4-5).
A história do velho Simeão ensina que a esperança, mesmo demorada, um dia se realiza. Ela não se frustra nem se desfaz. Mas a forma de ela realizar-se nem sempre corresponde à maneira como a imaginamos. Simeão esperava o Messias glorioso de Israel. Chegando ao templo, no meio de tantos casais que trazem seus meninos ao templo, ele vê um casal pobre lá de Nazaré. É neste casal pobre com seu menino ele vê a realização da sua esperança e da esperança do povo: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel."
No texto do evangelho deste dia, aparecem os temas preferidos de Lucas, a saber, uma grande insistência na ação do Espírito Santo, na oração e no ambiente orante, uma atenção contínua à ação e à participação das mulheres, e uma preocupação constante com os pobres e com a mensagem a ser dada aos pobres.
4) Para um confronto pessoal
1) Você seria capaz de perceber numa criança pobre a luz para iluminar as nações?
2) Você seria capaz de agüentar uma vida inteira esperando a realização da sua esperança?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome, anunciai dia após dia a sua salvação. (Sal 95, 1-2)
28 de dezembro - Santos Inocentes, mártires. Evangelho-Lectio Divina, Frei Carlos Mesters, O.Carm
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1) Oração
Ó Deus, hoje os santos inocentes proclamam vossa glória, não por palavras, mas pela própria morte; dai-nos também testemunhar com nossa vida o que nossos lábios professam. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 2,13-18)
13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo". 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Do Egito chamei o meu Filho". 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18"Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais.
3) Reflexão
O Evangelho de Mateus, redigido em torno dos anos 80 e 90, tem a preocupação de mostrar que em Jesus se realizam as profecias. Muitas vezes se diz: “Isto aconteceu para que se realizasse o que diz a escritura....” (cf. Mt 1,22; 2,17.23; 4,14; 5,17; etc). É porque os destinatários do Evangelho de Mateus são as comunidades de judeus convertidos que viviam uma crise profunda de fé e de identidade. Depois da destruição de Jerusalém no ano 70, os fariseus eram o único grupo sobrevivente do judaísmo. Nos anos 80, quando eles começaram a se reorganizar, crescia a oposição entre judeus fariseus e judeus cristãos. Estes últimos acabaram sendo excomungados da sinagoga e separados do povo das promessas. A excomunhão tornou agudo o problema da identidade. Já não podiam mais freqüentar suas sinagogas. E vinha a dúvida: Será que erramos? Quem é o verdadeiro povo de Deus? Jesus é realmente o Messias?
É para este grupo sofrido que Mateus escreve o seu evangelho como Evangelho da consolação para ajudá-los a superar o trauma da ruptura; como Evangelho da revelação para mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias, o novo Moisés, no qual se realizam as promessas; como Evangelho da nova prática para ensinar o caminho de como alcançar a nova justiça, maior do que a justiça dos fariseus (Mt 5,20).
No evangelho de hoje transparece esta preocupação de Mateus. Ele consola as comunidades perseguidas mostrando que Jesus também foi perseguido. Ele revela que Jesus é o Messias, pois por duas vezes insiste em dizer que as profecias nele se realizaram; e sugere ainda que Jesus seja o novo Moisés, pois como Moisés foi perseguido e teve que fugir. Ele aponta um novo caminho, sugerindo que devem fazer como os magos que souberam driblar a vigilância da Herodes e voltaram por um ouro caminho para casa.
4) Para um confronto pessoal
1) Herodes mandou matar as crianças de Belém. O Herodes de hoje continua matando milhões de crianças. Elas morrem de fome, de doença, de desnutrição, de aborto. Quem é hoje Herodes?
2) Mateus ajuda a superar a crise de fé e de identidade. Hoje, muitos vivem uma crise profunda de fé e de identidade. Como o Evangelho pode ajudar a superar esta crise?
5) Oração final
Nosso auxílio está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra. (Sal 123, 8)
Domingo 27 de dezembro. Festa da Sagrada Família - Ano B
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A liturgia deste domingo propõe-nos a família de Jesus como exemplo e modelo das nossas comunidades familiares... Como a família de Jesus - diz-nos a liturgia deste dia - as nossas famílias devem viver numa atenção constante aos desafios de Deus e às necessidades dos irmãos.
O Evangelho põe-nos diante da Sagrada Família de Nazaré apresentando Jesus no Templo de Jerusalém. A cena mostra uma família que escuta a Palavra de Deus, que procura concretizá-la na vida e que consagra a Deus a vida dos seus membros. Nas figuras de Ana e Simeão, Lucas propõe-nos também o exemplo de dois anciãos de olhos postos no futuro, capazes de perceber os sinais de Deus e de testemunhar a presença libertadora de Deus no meio dos homens.
Evangelho- Atualização (LC 2,22-40).
Neste episódio do "Evangelho da Infância", Lucas apresenta-nos uma família - a Sagrada Família - que vive atenta aos apelos de Deus e que se empenha em cumprir cuidadosamente os preceitos do Senhor. Por quatro vezes (vers. 22.23.24.27), Lucas refere, a propósito da família de Jesus, o cumprimento da Lei de Moisés, da Lei do Senhor ou da Palavra do Senhor - o que sugere a importância que a Palavra de Deus assume na vida da família de Nazaré. Trata-se, na perspectiva de Lucas, de uma família que escuta a Palavra de Deus e que constrói a sua existência ao ritmo da Palavra de Deus e dos desafios de Deus.
Maria e José perceberam provavelmente que uma família que escuta a Palavra de Deus e que procura responder aos desafios postos por essa Palavra é uma família feliz, que encontra na Palavra indicações seguras acerca do caminho que deve percorrer e que se constrói sobre a rocha firme dos valores eternos. Que importância é que a Palavra de Deus assume na vida das nossas famílias? Procuramos que cada membro das nossas famílias cresça numa progressiva sensibilidade à Palavra de Deus e aos desafios de Deus? Encontramos tempo para reunir a família à volta da Palavra de Deus e para partilhar, em família, a Palavra de Deus?
Segundo a Lei judaica, todo o primogénito devia ser consagrado e dedicado ao Senhor. Também Jesus é apresentado no Templo e consagrado ao Senhor. Nas nossas famílias cristãs há normalmente uma legítima preocupação com o proporcionar a cada criança condições ótimas de vida, de educação, de acesso à instrução e aos cuidados essenciais... Haverá sempre uma preocupação semelhante no que diz respeito à formação para a fé e em proporcionar aos filhos uma verdadeira educação para a vida cristã e para os valores de Jesus Cristo? Os pais cristãos preocupam-se sempre em proporcionar aos seus filhos um exemplo de coerência com os compromissos assumidos no dia do Batismo? Preocupam-se em ser os primeiros catequistas dos próprios filhos, transmitindo-lhes os valores do Evangelho? Preocupam-se em acompanhar e em potenciar a formação e a caminhada catequética dos próprios filhos, em inseri-los numa comunidade de fé, em integrá-los na família de Jesus, em consagrá-los ao serviço de Deus?
Simeão e Ana, os dois anciãos que acolhem Jesus no Templo de Jerusalém, não são pessoas desiludidas da vida, que vivem voltadas para o passado sonhando com um tempo ideal que já não volta; mas são pessoas voltadas para o futuro, atentas ao Deus libertador que vem ao seu encontro, que sabem ler os sinais de Deus naquele menino que chega e que testemunham diante dos seus conterrâneos a presença salvadora e redentora de Deus no meio do seu Povo. Os anciãos - quer pela sua maturidade, sabedoria e equilíbrio, quer pelo tempo de que normalmente dispõem - podem ser testemunhas privilegiadas dos valores de Deus, intérpretes dos sinais de Deus, profetas credíveis que obrigam o mundo a confrontar-se com os desafios de Deus. É preciso que não vivam voltados para o passado, refugiados numa realidade que alienam transformados em "estátuas de sal", mas que vivam de olhos postos no futuro, de espírito aberto e livre, pondo a sua sabedoria e experiência ao serviço da comunidade humana e cristã, ensinando os mais jovens a distinguir entre o que é eterno e importante e o que é passageiro e acessório.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado o link- EVANGELHO DO DIA.
26 de dezembro – Santo Estêvão. Lectio Divina do Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Ensinai-nos, ó Deus, a imitar o que celebramos, amando os nossos próprios inimigos, pois festejamos santo Estêvão, vosso primeiro mártir, que soube rezar por seus perseguidores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 10, 17-22)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: 17 Cuidado com os homens, porque eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. 18 Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos. 19 Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. 20 Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós. 21 O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão. 22 Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
3) Reflexão
O contraste é grande. Ontem, dia de Natal, foi o presépio do recém nascido com o canto dos anjos e a visita dos pastores. Hoje é o sangue derramado de Estevão, apedrejado até a morte, porque teve a coragem de crer na promessa expressa na simplicidade do presépio. Estevão criticou a interpretação fundamentalista da Lei de Deus e o monopólio do Templo. Por isso foi morto por eles (At 6,13-14).
Hoje, na festa de Estevão, primeiro mártir, a liturgia traz um trecho do evangelho de Mateus (Mt 10,17-22), tirado do assim chamado Sermão da Missão (Mt 10,5-42). Nele Jesus adverte os seus discípulos dizendo que a fidelidade ao evangelho traz dificuldades e perseguição: “eles entregarão vocês aos tribunais e açoitarão vocês nas sinagogas deles”. Mas para Jesus o que importa na perseguição não é o lado doloroso do sofrimento, mas sim o lado positivo do testemunho: “Vocês vão ser levados diante de governadores e reis, por minha causa, a fim de serem testemunhas para eles e para as nações”. A perseguição é uma oportunidade para dar testemunho da Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe.
Foi o que aconteceu com Estevão. Ele deu testemunho da sua fé em Jesus até o último momento da sua vida. Na hora de morrer ele disse: “Vejo os céus abertos, e o Filho do Homem em pé à direita de Deus” (At 7,56). E ao cair morto debaixo das pedradas imitou Jesus gritando: “Senhor, não lhes leve em conta este pecado!” (At 7,60; Lc 23,34).
Jesus tinha dito: “Quando entregarem vocês, não fiquem preocupados como ou com aquilo que vocês vão falar, porque, nessa hora, será sugerido a vocês o que vocês devem dizer. Com efeito, não serão vocês que irão falar, e sim o Espírito do Pai de vocês é quem falará através de vocês”. Esta profecia de Jesus também se realizou em Estevão. Os seus adversários “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com o qual ele falava” (At 6,10). “Os membros do sinédrio tiveram a impressão de ver em seu rosto o rosto de um anjo” (At 6,15). Estevão falava “repleto do Espírito Santo” (At 7,55). Por isso, a raiva dos outros era maior e o lincharam na hora.
Até hoje acontece o mesmo. Em muitos lugares muita gente é arrastada diante dos tribunais e sabe dar respostas que superam em sabedoria aos sábios e entendidos (Lc 10,21).
4) Para um confronto pessoal
1) Colocando-se na posição de Estevão: você já sofreu alguma vez por causa da sua fidelidade ao Evangelho?
2) A simplicidade do presépio e a dureza do martírio vão de par em par na vida dos Santos e Santas e na vida de tantas pessoas que hoje são perseguidas até a morte por causa da sua fidelidade ao evangelho. Você conheceu de perto pessoas assim?
5) Oração final
Inclina para mim teu ouvido, vem depressa livrar-me. Sê para mim o rochedo que me acolhe, refúgio seguro, para a minha salvação. Pois tu és minha rocha e meu baluarte, pelo teu nome me diriges e me guias. (Sal 30, 3-4)
Natal do Senhor - Missa do Dia - Ano B: 25 de dezembro-2020
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A liturgia deste dia convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na encarnação de Jesus... Ele é a "Palavra" que se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de "filhos de Deus".
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a "Palavra" viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/"Palavra" é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus.
Evangelho (Jo 1,1-18). Atualização
A transformação da "Palavra" em "carne" (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.
Acolher a "Palavra" é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, "filhos de Deus". O presépio que hoje contemplamos é apenas um quadro bonito e terno, ou uma interpelação a acolher a "Palavra", de forma a crescermos até à dimensão do homem novo?
Hoje, como ontem, a "Palavra" continua a confrontar-se com os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar, na origem, tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem. Sensíveis à "Palavra", embarcados na mesma aventura de Jesus - a "Palavra" viva de Deus - como nos situamos diante de tudo aquilo que rouba a vida do homem? Podemos pactuar com a mentira, o oportunismo, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos direitos e à dignidade do homem?
Jesus (esse menino do presépio) é para nós a "Palavra" suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixamos que outras "palavras" nos condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado? Quais são essas "palavras" que às vezes nos seduzem e nos afastam da "Palavra" eterna de Deus que ecoa no Evangelho que Jesus veio propor?
*Leia a reflexão na integra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Evangelho do dia- Lectio Divina. Quarta-feira. 23 de dezembro-2020. 4ª Semana do Advento. - com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, ao aproximar-nos do natal do vosso Filho, concedei-nos obter a misericórdia do Verbo, que se encarnou no seio da Virgem e quis viver entre nós Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 57-66)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - 57Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. 58Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela. 59No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias. 60Mas sua mãe interveio: Não, disse ela, ele se chamará João. 61Replicaram-lhe: Não há ninguém na tua família que se chame por este nome. 62E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. 63Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: João é o seu nome. Todos ficaram pasmados. 64E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus. 65O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia. 66Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: Que será este menino? Porque a mão do Senhor estava com ele.
3) Reflexão
Nos capítulos 1 e 2 do seu evangelho, Lucas descreve o anúncio e o nascimento de dois meninos, João e Jesus, que vão ocupar um papel importante na realização do projeto de Deus. O que Deus iniciou no AT começa a ser realizado por meio deles. Por isso, nestes dois capítulos, Lucas evoca muitos fatos e pessoas do AT e ele chega a imitar o estilo do AT. É para sugerir que com o nascimento destes dois meninos a história faz a grande curva e inicia a realização das promessas de Deus por meio de João e de Jesus e com a colaboração dos pais Isabel e Zacarias e Maria e José.
Existe certo paralelismo entre o anúncio e o nascimento dos dois meninos:
- O anúncio do nascimento de João (Lc 1,5-25) e de Jesus (Lc 1,26-38)
- As duas mães grávidas se encontram e experimentam a presença de Deus (Lc 1,27-56)
- O nascimento de João (Lc 1,57-58) e de Jesus (Lc 2,1-20)
- A circuncisão na comunidade de João (Lc 1,59-66) e de Jesus (Lc 2,21-28)
- O canto de Zacarias (Lc 1,67-79) e o canto de Simeão com a profecia de Ana (Lc 2,29-32)
- A vida oculta de João (Lc 1,80) e de Jesus (Lc 2,39-52)
Lucas 1,57-58: Nascimento de João Batista
“Completou-se para Isabel o tempo do parto e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela”. Como tantas mulheres do AT, Isabel era estéril: Como Deus teve piedade de Sara (Gn 16,1; 17,17; 18,12), de Raquel (Gn 29,31) e de Ana (1Sam 1,2.6.11) transformando a esterilidade em fecundidade, assim Ele teve piedade de Isabel, e ela concebeu um filho. Grávida, Isabel escondeu-se durante cinco meses. Quando, depois de cinco meses, o povo pôde verificar no corpo dela como Deus tinha sido bom para Isabel, todos se alegraram com ela. Este ambiente comunitário em que todos se envolvem com a vida dos outros, tanto na alegria como na dor, é o ambiente em que João e Jesus nasceram, cresceram e receberam a sua formação. Um ambiente assim marca a personalidade das pessoas pelo resto da sua vida. É este ambiente comunitário que mais nos falta hoje.
Lucas 1,59: Dar o nome no oitavo
“No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias”. O envolvimento da comunidade na vida da família de Zacarias, Isabel e João é tanto que os parentes e vizinhos chegam a interferir até na escolha do nome do menino. Querem dar ao menino o nome do pai: Zacarias!” Zacarias quer dizer: Deus se lembrou. Talvez quisessem expressar a gratidão a Deus por Ele ter se lembrado de Isabel e de Zacarias e por ter-lhes dado um filho na velhice.
Lucas 1,60-63: O nome dele será João!
Mas Isabel intervém e não permite os parentes tomarem a dianteira na questão do nome. Lembrando o anúncio do nome pelo anjo a Zacarias (Lc 1,13), ela diz: "Não! Ele vai se chamar João". Num lugar pequeno como Ain Karem na serra da Judéia, o controle social é muito forte. E quando uma pessoa sai fora dos costumes normais do lugar, ela é criticada. Isabel não seguiu os costumes do lugar e escolheu um nome fora dos padrões normais. Por isso, os parentes e vizinhos reclamam: "Você não tem nenhum parente com esse nome!" Os parentes não cedem com facilidade e fazem sinais ao pai para saber dele como quer que o menino seja chamado. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: "O nome dele é João." Todos ficaram admirados, pois deviam ter percebido algo do mistério que Deus que envolvia o nascimento do menino.
É esta percepção que o povo teve do mistério de Deus presente nos fatos tão comuns da vida, que Lucas quer comunicar a nós, seus leitores e leitoras. Na sua maneira de descrever os acontecimentos, Lucas não é como o fotógrafo que só registra o que os olhos podem ver. Ele é como quem usa o Raio-X que registra aquilo que os olhos não podem ver. Lucas lê os fatos com o Raio-X da fé que revela o que o olhar comum não percebe.
Lucas 1,64-66: A notícia do menino se espalha
“No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: "O que será que esse menino vai ser?" De fato, a mão do Senhor estava com ele”. A maneira de Lucas descrever os fatos evoca as circunstâncias do nascimento de pessoas que no AT tiveram um papel importante na realização do projeto de Deus e cuja infância já parecia marcada pelo destino privilegiado que iam ter: Moisés (Ex 2,1-10), Sansão (Jz 13,1-4 e 13,24-25), Samuel (1Sam 1,13-28 e 2,11).
Quanto mais conhecimento você conseguir acumular do Antigo Testamento, mais evocações vai descobrir nos escritos de Lucas. Os dois primeiros capítulos do seu Evangelho não são histórias no sentido em que nós hoje entendemos a história. Funcionam mais como espelho para ajudar os leitores e leitoras a descobrir que João e Jesus tinham vindo realizar as profecias do Antigo Testamento. Lucas quer mostrar como Deus, através dos dois meninos, veio atender às mais profundas aspirações do coração humano. De um lado, Lucas mostra que o Novo realiza o que o Antigo prefigurava. De outro lado, ele mostra que o novo ultrapassa o antigo e não corresponde em tudo ao que o povo do Antigo Testamento imaginava e esperava. Na atitude de Isabel e Zacarias, de Maria e José, Lucas apresenta um modelo de como se converter e acreditar no Novo que está chegando.
4) Para um confronto pessoal
1) O que mais me cativou na maneira de Lucas descrever os fatos da vida?
2) Como leio os fatos da minha vida? Como fotografia ou como raio-X?
5) Oração final
Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir, eu entrarei e cearemos juntos. (Ap 3, 20)
Evangelho do dia- Lectio Divina. Terça-feira. 22 de dezembro-2020. 4ª Semana do Advento. - com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus de misericórdia, vendo o homem entregue à morte, quis salvá-lo pela vinda do vosso Filho; fazei que, ao proclamar humildemente o mistério da encarnação, entremos em comunhão com o Redentor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 46-56)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 46Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, 47meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre. 56Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.
3) Reflexão
O cântico de Maria era um dos cânticos das comunidades dos primeiros cristãos. Ele revela o nível de consciência e a firmeza da fé que as animava por dentro. Cantado nas Comunidades, este cântico de Maria ensina como rezar e cantar.
Lucas 1,46-50: Maria começa proclamando a mudança que aconteceu em sua própria vida sob o olhar amoroso de Deus, cheio de misericórdia. Por isso, ela canta feliz: "Exulto de alegria em Deus, meu Salvador".
Lucas 1,51-53: Em seguida ela canta a fidelidade de Deus para com seu povo e proclama a mudança que o braço do Senhor estava realizando a favor dos pobres e famintos. A expressão "braço de Deus" lembra a libertação do Êxodo. É esta força salvadora e libertadora de Javé que faz acontecer as mudanças: ela dispersa os orgulhosos (Lc 1,51), destrona os poderosos e eleva os humildes (Lc 1,52), manda os ricos embora sem nada e aos famintos enche de bens (Lc 1,53).
Lucas 1,54-55: No fim, Maria lembra que tudo isto é expressão da misericórdia de Deus para com o seu povo e expressão da sua fidelidade às promessas feitas a Abraão. A Boa Nova veio não como recompensa pela observância da Lei, mas como expressão da bondade e da fidelidade de Deus às suas promessas. É o que Paulo ensinava nas cartas aos Gálatas e aos Romanos.
4) Para um confronto pessoal
1) O cânticos são o termômetro da vida das comunidades. Revelam o grau de consciência e de compromisso. Examine os cânticos da sua comunidade.
2) Analise a consciência social que transparece no cântico de Maria. No século XX depois de Cristo este canto foi censurado como subversivo pelos militares de um país na América Latina.
5) Oração final
Levanta do pó o necessitado e do monturo ergue o indigente: dá-lhe assento entre os príncipes, destina-lhe um trono de glória. (1Sam 2, 8)
Joe Biden: “O papa Francisco tem sido muito generoso com a minha família”
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O presidente-eleito dos EUA conversou com Stephen Colbert sobre um encontro pessoal que teve com o atual pontífice.
A reportagem é de Carol Kuruvilla, publicada por HuffPost, 18-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O presidente-eleito Joe Biden – que está se preparando para ser o segundo presidente católico dos EUA – reflete sobre sua relação de muitos anos com o papa Francisco.
Biden falou no “The Late Show” a Stephen Colbert, que também é católico, sobre um momento em que o Francisco deixou de lado seu “chapéu” de pontífice para assumir o papel de pastor para Biden e sua família.
Ele disse que durante a visita de Francisco aos EUA em 2015, a qual ocorrera meses depois da morte de Beau Biden, filho de Joe, o Papa tirou um tempo para conversar com o então vice-presidente e 15 membros da sua extensa família.
“O Papa tem sido incrivelmente generoso com nossa família”, falou Biden a Colbert, na entrevista que foi ao ar na sexta-feira.
“Ele pediu para se encontrar com minha família no hangar do aeroporto quando ele estava saindo”, na Filadélfia, contou Biden. “Ele não falou apenas sobre Beau, ele falou em detalhes sobre Beau, sobre quem ele era e sobre os valores da família, perdão e decência”.
“Eu sou um grande admirador de Sua Santidade. Eu realmente sou”, acrescentou Biden.
Biden sofreu uma feroz reação de alguns de seus colegas católicos por suas visões políticas, especialmente seu apoio ao direito ao aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo. No último ano, enquanto Biden estava em campanha na Carolina do Sul, um padre negou a ele a comunhão.
“Isso cria confusão com os fiéis sobre o que a Igreja ensina verdadeiramente sobre essas questões”, falou no mês passado o arcebispo José Gomez, presidente da Conferência dos Bispos dos EUA
Católicos progressistas esperam que Biden na Casa Branca mostrará um lado diferente de sua religião – alguém que foca no cuidado aos pobres, migrantes e meio ambiente. Francisco já alertou o perigo sobre os católicos que se tornaram “obsessivos” com questões como aborto, casamento gay e contracepção, e urge a seu rebanho para que foquem no serviço aos pobres e oprimidos.
O arcebispo Wilton Gregory, de Washington D.C., quem Francisco recentemente elevou a cardeal, sinalizou que ele não negará a comunhão a Biden. O presidente-eleito frequenta a igreja regularmente.
Biden falou a Colbert ter enviado ao Papa um livro assinado que foi entregue por Gregory, que esteve em Roma.
O primeiro presidente estadunidense, John F. Kennedy, teve que lutar contra o preconceito contra sua religião durante sua campanha presidencial de 1960, particularmente a noção de que não se podia confiar nos católicos como cidadãos estadunidenses leais porque deviam fidelidade ao Papa. Mesmo após sua eleição, Kennedy teve que navegar cuidadosamente em seu relacionamento com o então papa Paulo VI.
Sessenta anos depois, os católicos alcançaram cargos de poder político no Congresso, como governadores de estados, e na Suprema Corte (seis dos nove juízes são católicos praticantes). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Ex-núncio na França condenado a 8 meses de prisão com pena suspensa por abusos
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Dom Luigi Ventura. Captura de vídeo da Eglise Catholique Yvelines
PARIS, 18 dez. 20 / 09:48 am (ACI).- O ex-Núncio Apostólico na França, Dom Luigi Ventura, foi condenado pelo Tribunal Correcional de Paris a oito meses de prisão com pena suspensa e ao pagamento de 13 mil euros como indenização por “agressões sexuais” contra quatro homens.
O Arcebispo terá também que pagar 9 mil euros de custas judiciais, depois de ter sido considerado culpado de colocar "as mãos nas nádegas" dos demandantes.
Dois deles foram indevidamente tocados pelo ex-núncio na prefeitura de Paris nas recepções do início do ano em 2018 e 2019, o terceiro em uma reunião em um hotel parisiense; e o quarto – um seminarista – após a Missa. Um quinto homem fez a denúncia, mas não abriu processo.
“Meu cliente é inocente de qualquer intenção sexual nesses gestos extremamente isolados que foram deste modo apresentados”, disse ao jornal francês Le Figaro, a advogada do Arcebispo de 76 anos, Solange Doumic, que também disse que Dom Ventura “planeja fazer uma apelação, mas está destruído por este caso".
Jade Dousseling, advogada de um dos demandantes, disse estar “extremamente satisfeita”, em primeiro lugar “porque a culpa foi reconhecida, em segundo lugar, porque é uma pena próxima da solicitada. No entanto, oito meses sem prisão não é nada. A justiça teve a coragem de ir ao fundo. Estamos falando do ex-embaixador do Vaticano!”.
Segundo o jornal espanhol ABC, a má conduta do Arcebispo se deveria a uma “doença cognitiva”, apresentada como atenuante pela defesa e admitida pelo promotor, a ponto de solicitar apenas uma pena suspensa de dez meses.
O julgamento contra Dom Ventura começou em 10 de novembro. O Prelado apresentou sua renúncia ao cargo de Núncio Apostólico na França em dezembro de 2019, quando atingiu o limite de idade de 75 anos.
O Papa Francisco aceitou sua renúncia menos de dez dias depois.
Para permitir que o julgamento seja feito em tribunais franceses, o Vaticano revogou a imunidade diplomática de Dom Ventura, em julho de 2019.
Em novembro, a advogada Solange Dominic disse à Agence France Presse (AFP) que “Dom Ventura espera impacientemente por este julgamento para que possa se explicar e que sua inocência seja reconhecida e revelada”.
A jurista indicou que o próprio Dom Ventura, que atualmente reside em Roma e não esteve em Paris para o julgamento, pediu "o levantamento da imunidade para que possa se explicar no tribunal". No entanto, os advogados dos acusadores observam que essa ação foi tomada graças à pressão dos autores em fevereiro de 2019.
Em comunicado, a Santa Sé informou que tomou conhecimento da sentença sobre Dom Luigi Ventura e que a advogada do Prelado reiterou sua inocência. “A Santa Sé confirma o seu respeito pelas autoridades judiciárias francesas, com as quais Dom Ventura sempre demonstrou vontade de colaborar”.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz. Fonte: http://www.acidigital.com
PRESÉPIO
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Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
PRESÉPIO – ADMIRÁVEL SINAL – 03
Caros diocesanos. O Natal se aproxima e continuamos a refletir a Carta do Papa Francisco, chamada Admirável Sinal, sobre o significado e valor do presépio, considerado evangelho vivo, que apresenta, em linguagem simbólica, o inefável amor de Deus ao nascer entre nós. Nas mensagens anteriores versamos sobre a origem histórica do presépio, sua rica espiritualidade popular e os sinais que nele se fazem presentes. Hoje continuamos a refletir sobre a parte final da Carta, em que o Papa insiste que o presépio é para todas as idades: Os adultos recordam a infância, o tempo de armar o presépio que ajudou a transmitir-lhes a fé cristã. Agora é seu dever e alegria proporcionar a mesma experiência aos filhos e netos: “Não é importante a forma como se arma o Presépio; pode ser sempre igual ou modificá-la cada ano. O que conta é que fale à nossa vida. Por todo o lado e na forma que for, o Presépio narra o amor de Deus, o Deus que Se fez menino para nos dizer quão próximo está de cada ser humano”. E o Papa conclui, dizendo: “O Presépio educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino, Filho de Deus e da Virgem Maria… Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça singela”.
No final de nossa mensagem apresentamos um texto de Natal do Papa Francisco, emitido em dezembro de 2015: “O Natal é Você”.
“O Natal costuma ser uma festa ruidosa, há muito barulho; nos faria muito bem um pouco mais de silêncio, para ouvirmos a voz do Amor.
Natal é você, quando decide nascer de novo, cada dia, deixando que Deus penetre seu interior.
O pinheiro do Natal é você, quando resiste fortemente aos ventos e dificuldades da vida.
Os enfeites de natal são você, quando suas virtudes são cores que enfeitam a vida.
O sino do natal é você, quando chama, une, reúne, congrega pessoas.
A luz do natal é você, quando ilumina com sua vida o caminho dos outros através da bondade, paciência, alegria, generosidade.
Os anjos do natal são você, quando canta ao mundo uma mensagem de paz, de justiça e de amor.
A estrela do natal é você, quando conduz alguém ao encontro do Senhor.
Você também é os reis magos, quando dá o melhor que tem aos necessitados.
A música do natal é você, quando consegue encontrar harmonia interior.
O presente do natal é você, quando é verdadeiramente amigo e irmão de todo ser humano.
O cartão de natal é você, quando a bondade está escrita em suas mãos.
A felicidade do natal é você, quando perdoa e restabelece a paz mesmo que ainda esteja sofrendo.
O presépio do natal é você, quando sacia de pão e de esperança o pobre que está ao seu lado.
Você é, sim, a noite de natal, quando humilde e consciente recebe, no silêncio da noite o Salvador do mundo sem barulho nem celebrações, você é sorriso de confiança e ternura na paz de um natal perene, que estabelece o reino em você”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Viagem planejada do Papa ao Iraque levanta preocupações devido ao coronavírus
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Especialistas em saúde pública e católicos especialistas em ética estão expressando preocupação com o plano do papa Francisco de visitar o Iraque em março, alertando que a viagem pode facilitar a disseminação do coronavírus em um país com um sistema de saúde subdesenvolvido. A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 14-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Embora haja esperança de que alguns países tenham programas de vacinação bem encaminhados até a primavera, é improvável que seja o caso no Iraque, onde mesmo antes da pandemia medicamentos essenciais nem sempre estavam disponíveis.
Em entrevistas com o NCR, médicos e teólogos preocupados com a perspectiva de uma visita papal expor os organizadores locais e funcionários de segurança ao vírus, ou atrair até mesmo pequenas multidões, onde pode ser difícil aplicar medidas de distanciamento social.
“Seria difícil justificar esse tipo de viagem”, disse Howard Forman, radiologista de emergência e diretor do programa de gerenciamento de saúde da Escola de Saúde Pública de Yale.
Forman disse que embora aprecie a importância do ministério do Papa, uma viagem ao Iraque “não seria o melhor para reduzir a propagação”.
“Eles são um país que teve uma perda substancial de vidas e um surto substancial”, disse o profissional da saúde, que também ensina economia da saúde. “Mesmo que as coisas pareçam estar muito mais sob controle... é difícil pensar que essa é a coisa certa a fazer neste momento”
O padre Andrea Vicini, jesuíta, teólogo moral e médico, disse estar preocupado com a possibilidade de a viagem colocar pessoas em risco de infecção que de outra forma não estariam.
"A visita do Papa deve ser uma visita que não coloque ninguém em risco", disse Vicini, professor de teologia moral e bioética do Boston College. “Não podemos realmente ter uma situação no momento em que não haja risco para a saúde dos envolvidos”.
“Durante uma pandemia, quem mais sofre são os mais vulneráveis”, disse o teólogo, acrescentando: “Queremos expô-los ainda mais, para uma situação que estamos criando?”.
O Vaticano anunciou o plano de Francisco de viajar ao Iraque em 7 de dezembro, dizendo que o Papa esperava estar no país de 5 a 8 de março e queria visitar cinco cidades em todo o país. O anúncio não deu maiores detalhes, exceto para dizer que o plano “levará em consideração a evolução da emergência sanitária mundial”.
A viagem ao Iraque seria a primeira de Francisco fora da Itália desde novembro de 2019. Devido à pandemia, ao longo de 2020 o Papa interrompeu uma tradição de décadas de pontífices visitando comunidades católicas em todo o mundo e perseguindo os objetivos diplomáticos do Vaticano.
A assessoria de imprensa do Vaticano não respondeu às perguntas enviadas em 10 de dezembro sobre quais precauções específicas estão sendo planejadas em termos de prevenção da disseminação do coronavírus durante a viagem papal ao Iraque.
Uma fonte bem informada, que pediu para não ser identificada porque não estava autorizada a falar sobre o assunto, disse que a agenda da viagem provavelmente teria o Papa participando de eventos quase privados abertos apenas a pequenos grupos.
O diretor do serviço de saúde do Vaticano disse em 11 de dezembro que a cidade-estado começará a fornecer à sua pequena população de residentes e funcionários vacinas contra o coronavírus “nos primeiros meses” de 2021, levantando a possibilidade de que o Papa e aqueles que o acompanham sejam vacinados a tempo da viagem de março.
O sistema de saúde do Iraque é conhecido por ser subfinanciado e insuficiente. Uma investigação da Reuters de março, publicada no momento em que a pandemia começava a afetar o país, descobriu que cerca de 85% dos medicamentos da lista de medicamentos essenciais do país estavam em falta ou indisponíveis.
Tobias Winright, professor de ética da saúde na Universidade de St. Louis, sugeriu que o Vaticano poderia usar seu suprimento de vacinas contra o coronavírus para imunizar pessoas no Iraque com as quais o Papa planeja se reunir. Ou, sugeriu Winrigh , uma agência católica de ajuda humanitária poderia receber suprimentos para vacinar as pessoas em nome do Vaticano.
“Se houver planos de se reunir com multidões maiores, talvez a Catholic Relief Services ou alguma outra agência apoiada pelo financiamento do Vaticano possa fornecer e distribuir vacinas com antecedência”, disse Winright. “Fazer isso ajudaria a salvar vidas e realmente serviria como um exemplo de construção da paz”.
Embora as viagens papais a países predominantemente católicos muitas vezes atraiam grandes multidões, as visitas de Francisco a algumas outras nações têm sido assuntos menos importantes. Quando o pontífice viajou para de maioria muçulmana Egito em 2017, por exemplo, trasladou-se em um carro normal, e as autoridades locais bloquearam o acesso externo às áreas em que ele estava.
Mas mesmo nesses países, pequenas multidões costumam se reunir nas igrejas visitadas pelo Papa, com os fiéis que não participam dos eventos esperando pelo menos dar uma olhada no pontífice.
Embora o Vaticano ainda não tenha indicado quais lugares específicos Francisco pode visitar no Iraque, os meios de comunicação em língua árabe relataram que o Papa espera viajar para pelo menos duas igrejas em Bagdá: a Catedral Católica Siríaca de Nossa Senhora da Salvação, que foi alvo de um ataque terrorista que matou 58 pessoas em outubro de 2010, e a Catedral Católica Caldéia de São José.
Fora de Bagdá, o Vaticano diz que Francisco espera visitar a cidade histórica de Ur, considerada o local de nascimento de Abraão, e as cidades de Erbil, Mosul e Qaraqosh. Os dois últimos lugares sofreram cada um sob o controle do Daesh entre 2014 e 2017.
A Anistia Internacional afirma que a luta do governo iraquiano para retomar Mosul em 2017 deslocou cerca de 600 mil civis e matou cerca de 6 mil.
Forman disse que “ninguém deve minimizar” a importância de o Papa visitar lugares tão devastados. Mas ele acrescentou que quaisquer mortes causadas pelo coronavírus agora, conforme as vacinas estão se tornando disponíveis, seriam especialmente trágicas.
“Estamos tão perto de vacinar as populações que cada vida que você salva agora não é mais uma infecção adiada, mas provavelmente uma infecção evitada e, portanto, uma morte evitada”, disse o radiologista. "Estamos tão perto." Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
As Quatro Velas do Advento
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As Quatro Velas do Advento
"Uma Vela se acende" (COROA DO ADVENTO)
1-Uma vela se acende no caminho a iluminar, preparemos nossa casa, é Jesus quem vai chegar.
No Advento a tua vinda nós queremos preparar. Vem, Senhor, que é teu Natal, Vem nascer em nosso lar. (bis)
2-A segunda vela acesa vem à vida clarear, rejeitemos, pois, as trevas, é Jesus quem vai chegar.
3-Na terceira vela temos a esperança a crepitar. Nossa fé se reanima, é Jesus quem vai chegar.
4-Eis a luz da quarta vela: um clarão se faz brilhar. Bate forte o coração, é Jesus quem vai chegar.
Edição: Olhar Jornalístico (Frei Petrônio de Miranda, O. Carm) Comunidade Capim, Lagoa da Canoa/AL. 15 de dezembro-2020.
Terça-feira, 15 de dezembro-2020. 3ª Semana do Advento. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que por meio do vosso Unigênito nos transfigurastes em nova criatura, considerai a obra do vosso amor, e purificai-nos das manchas da antiga culpa no advento do vosso Filho. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 21, 28-32)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, disse Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: 28Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: - Meu filho, vai trabalhar hoje na vinha. 29Respondeu ele: - Não quero. Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi. 30Dirigindo-se depois ao outro, disse-lhe a mesma coisa. O filho respondeu: - Sim, pai! Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai? O primeiro, responderam-lhe. E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo: os publicanos e as meretrizes vos precedem no Reino de Deus! 32João veio a vós no caminho da justiça e não crestes nele. Os publicanos, porém, e as prostitutas creram nele. E vós, vendo isto, nem fostes tocados de arrependimento para crerdes nele.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola. Como de costume, Jesus conta uma história tirada da vida quotidiana das famílias; história comum que fala por si e não necessita de muita explicação. Em seguida, por meio de por meio de uma pergunta muito simples, Jesus procura envolver os ouvintes e comunicar uma mensagem. se envolvam na história sem, por ora, se darem conta do objetivo que Jesus tinha em mente. Depois que deram a resposta à pergunta, Jesus aplica a história e os ouvintes se dão conta de que eles se condenaram a si mesmos. Vejamos:
Mateus 21, 28-30: A história dos dois filhos
Jesus faz uma pergunta inicial: "O que vocês acham disto?” É para chamar a atenção das pessoas para que prestem muita atenção na história que segue. Em seguida vem a história: "Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao primeiro, e disse: 'Filho, vá trabalhar hoje na vinha'. O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois arrependeu-se, e foi. O pai dirigiu-se ao segundo, e disse a mesma coisa. Esse respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi”. Trata-se de uma história da vida familiar de cada dia. As pessoas que o escutam Jesus entendem do assunto, pois já o devem ter vivido várias vezes em sua própria casa. Por ora ainda não apareceu o que Jesus tem em mente. O que será que ele quer alcançar com esta história?
Mateus 21, 31ª: O envolvimento das autoridades na história dos dois filhos
Jesus formulou a história em forma de uma pergunta. No início ele disse: “O que vocês acham disto?” e no fim ele termina perguntando: “Qual dos dois fez a vontade do pai?" Os que escutam são pais de família e eles respondem a partir do que já deve ter acontecido várias vezes com seus próprios filhos: Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "O primeiro". Esta é a resposta que Jesus queria ouvir deles e por onde ele os pega em flagrante para comunicar sua mensagem.
Mateus 21, 31b-32: A conclusão de Jesus
Então Jesus lhes disse: "Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu. Porque João veio até vocês para mostrar o caminho da justiça, e vocês não acreditaram nele. Os cobradores de impostos e as prostitutas acreditaram nele. Vocês, porém, mesmo vendo isso, não se arrependeram para acreditar nele." A conclusão de Jesus é evidente e muito dura. Na opinião dos sacerdotes e dos anciãos, os publicanos e as prostitutas eram pessoas pecadoras e impuras que não faziam a vontade do Pai. Na opinião de Jesus, publicanos e prostitutas, de fato, diziam “Não quero”, mas acabaram fazendo a vontade do Pai, pois se arrependeram diante da pregação de João Batista. Enquanto eles, os sacerdotes e publicanos que oficialmente sempre dizem “Sim, senhor, eu vou!”, mas acabaram não observando a vontade do Pai, pois não quiseram acreditar em João Batista.
4) Para um confronto pessoal
1) Com qual dos dois filhos eu me identifico?
2) Quem são hoje as prostitutas e os publicanos que dizem “Não quero!”, mas que acabam fazendo a vontade do Pai?
5) Oração final
Bendirei o Senhor em todo tempo, seu louvor estará sempre na minha boca. Eu me glorio no Senhor, ouçam os humildes e se alegrem. (Sal 33, 2-3)
*3º Domingo do Advento - Ano B: Um Olhar
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As leituras do 3º Domingo do Advento garantem-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida plena para propor aos homens e para os fazer passar das "trevas" à "luz".
Na primeira leitura, um profeta pós-exílico apresenta-se aos habitantes de Jerusalém com uma "boa nova" de Deus. A missão deste "profeta", ungido pelo Espírito, é anunciar um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos "pobres".
O Evangelho apresenta-nos João Batista, a "voz" que prepara os homens para acolher Jesus, a "luz" do mundo. O objetivo de João não é centrar sobre si próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a "conhecer" Jesus, "aquele" que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.
Na segunda leitura Paulo explica aos cristãos da comunidade de Tessalônica a atitude que é preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem... Paulo pede-lhes que sejam uma comunidade "santa" e irrepreensível, isto é, que vivam alegres, em atitude de louvor e de adoração, abertos aos dons do Espírito e aos desafios de Deus.
EVANGELHO - Jo 1,6-8.19-28: Atualização
A "voz", através da qual Deus fala, convida-nos a endireitar "o caminho do Senhor". É, na linguagem do Evangelho segundo João, um convite a deixar "as trevas" e a nascer para "a luz". Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a autossuficiência, tudo o que desfeia a nossa vida, nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade. Em termos pessoais, quais são as mudanças que eu tenho de operar na minha existência para passar das "trevas" para a "luz"? O que é que me escraviza e me impede de ser plenamente feliz? O que é que na minha vida gera desilusão, frustração, desencanto, sofrimento?
A "voz", através da qual Deus fala, convida-nos a olhar para Jesus, pois só Ele é "a luz" e só Ele tem uma proposta de vida verdadeira para apresentar aos homens. À nossa volta abundam os "vendedores de sonhos", com propostas de felicidade "absolutamente garantida". Atraem-nos, seduzem-nos, manipulam-nos, escravizam-nos e, quase sempre, deixam-nos decepcionados e infelizes, mais angustiados, mais perdidos, mais frustrados. João garante-nos: só Jesus é "a luz" que liberta os homens da escravidão e das trevas e lhes oferece a vida verdadeira e definitiva. A quem dou ouvidos: às propostas de Jesus, ou às propostas da moda, do politicamente correto, das pessoas "in" que aparecem dia a dia nas colunas sociais e que ditam o que está certo e está errado à luz dos critérios do mundo? Que significado é que Jesus e a sua proposta assumem no meu dia a dia?
Jesus marca, realmente, a minha existência? Os valores que Ele veio propor têm peso e impacto nas minhas decisões e opções? Quando celebro o nascimento de Jesus, celebro um acontecimento do passado que deixou a sua marca na história, ou celebro o encontro com alguém que é "a luz" que ilumina a minha existência e que enche a minha vida de paz, de alegria, de liberdade?
O "homem chamado João", enviado por Deus "para dar testemunho da luz", convida-nos a pensar sobre a forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que Deus nos atribui na recriação do mundo... Deus não utiliza métodos espetaculares e assombrosos para intervir na nossa história e para recriar o mundo; mas Ele vem ao encontro dos homens e do mundo para os envolver no seu amor através de pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas "normais" a quem Deus chama e a quem confia determinada missão. A todos nós, seus filhos, Deus confia uma missão no mundo - a missão de dar testemunho da "luz" e de tornar presente, para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus. Tenho consciência de que Deus me chama e me envia ao mundo? Como é que eu respondo ao chamamento de Deus: com disponibilidade e entrega, ou com preguiça, comodismo e instalação?
A atitude simples e discreta com que João se apresenta é muito sugestiva: ele não procura atrair sobre si as atenções, não usa a missão para a sua glória ou promoção pessoal, não busca a satisfação de interesses egoístas; ele é apenas uma "voz" anónima e discreta que recorda, na sombra, as realidades importantes. João é uma tremenda interpelação para todos aqueles a quem Deus chama e envia... Com ele, o profeta (isto é, todo aquele a quem Deus chama e a quem confia uma missão) deve aprender a ficar na sombra, a ser discreto e simples, de forma a que as pessoas não o vejam a ele mas às realidades importantes que ele propõe.
A atitude dos fariseus e dos líderes judaicos, cheios de preconceitos, preocupados em manter os seus esquemas de poder e instalação, instalados no seu comodismo e nos seus privilégios, impede-os de "conhecer" "a luz" que está a chegar. Trata-se de um aviso, para nós: quando nos instalamos no nosso comodismo, no nosso bem-estar, na nossa autossuficiência, fechamos o coração à novidade e aos desafios que Deus nos faz... Dessa forma, não reconhecemos Jesus quando Ele vem ao nosso encontro e não O deixamos entrar na nossa vida. A liturgia convida-nos, neste Advento, à desinstalação, a fim de que o Senhor que vem possa nascer na nossa vida.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
Jesus era branco ou negro?
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Presépio de 18 metros de altura em Alicante, na Espanha, que entrou no 'Guinness' como o maior no mundo. JOSE JORDAN / AFP
Caso se pudesse pensar que seu aspecto físico não tinha importância, hoje, com a força dos movimentos negros, a cor da pele do líder religioso tem valor agregado
Aproxima-se o Natal, que celebra o nascimento do profeta judeu Jesus, um dos líderes religiosos que mais revolucionaram o planeta e que deu origem ao cristianismo, professado hoje por milhões de pessoas no mundo. No entanto, é um personagem do qual quase nada se sabe sobre sua figura física e sua vida fora o que narram os Evangelhos canônicos da Igreja. Quanto aos evangelhos apócrifos, não temos nenhuma prova de sua autenticidade. A data atribuída a seu nascimento, 25 de dezembro, era a da festa do sol do paganismo romano. Os cristãos queriam celebrar o nascimento de Jesus e escolheram essa data das festas pagãs.
Não sabemos nem mesmo onde Jesus nasceu. O mais certo é que não foi em Belém, e sim em sua aldeia de Nazaré. Nesse caso, tudo o que se conta sobre seu nascimento, como a versão de que nasceu em um presépio e a história dos Reis Magos, também não tem credibilidade.
Nos quatro Evangelhos, ele é chamado sempre de Jesus de Nazaré e nunca de Jesus de Belém, como era o costume daquela época. Tudo fazia pensar que teria de nascer em Belém, onde tinha nascido o rei Davi, já que, segundo as Escrituras, Jesus era da estirpe de Davi. Surgiu assim a história de que seus pais tiveram de ir a Belém para fazer o recenseamento, e lá ele nasceu. Não há, no entanto, nenhum registro histórico de que tenha havido um recenseamento naquela data. Sobre o que Jesus fez até os 30 anos, nada se sabe, nem se estudou ou se era analfabeto. As conjecturas são de que, naqueles anos, pode ter viajado para o Egito e até para a Índia, e teria se formado na doutrina gnóstica.
A única certeza é que sua doutrina estava voltada para a defesa dos últimos e desprezados pela sociedade. Sua nova visão do judaísmo foi considerada subversiva e, por isso, ele foi condenado à morte na cruz pelo poder romano que dominava a Palestina.
Sobre a verdade do processo de condenação de Jesus, as narrações dos quatro Evangelhos apresentam grandes divergências. E, se pouco se sabe sobre sua vida e até sobre sua morte, nada sabemos sobre o aspecto físico de Jesus. Será que era branco, como sempre foi apresentado pela iconografia, com olhos azuis, cabelos loiros e lisos e barba, ou tinha pele escura e cabelos crespos?
Hoje os novos conhecimentos da ciência, com base no estudo de crânios daquela época, revolucionam a história sobre seu aspecto físico de Jesus, que seria na verdade moreno, de cabelos crespos, mais negro que branco.
Caso se pudesse pensar que seu aspecto físico não tinha importância, hoje, com a força dos movimentos negros contra o racismo, a cor da sua pele ganha maior relevância.
Nesse sentido, a imagem física de Jesus adquire um valor agregado. A Igreja nunca representou Jesus como negro porque no inconsciente sobrevive a ideia de superioridade dos brancos sobre os negros. A ponto de missionários na África apresentarem Jesus branco como um anglo-saxão, mais que como um palestino.
Lembro que na primeira viagem de Paulo VI à África, em Uganda, os jornalistas que o acompanhávamos nos deparamos com a surpresa de que as fotos gigantes do presidente tinham sido tão branqueadas que ele parecia mais branco do que o Papa...
Vimos também que nas igrejas todas as figuras de anjos eram brancas. Quando perguntamos por que, contaram-nos que a Igreja ensinava às pessoas desde a infância que, se fossem boas, no céu seriam brancas. Caso contrário, continuariam sendo negras. Espanto!
Os cristãos empenhados na luta contra o racismo com os negros deveriam reivindicar que Jesus era mais negro do que branco, nunca fez distinção entre raças ou cores e era mais parecido com um africano do que com um anglo-saxão. Sem dúvida, não se parecia nada com as imagens que, já desde os primeiros anos do cristianismo, quando entrou em Roma, apresentavam Jesus mais como um dos deuses da mitologia.
Que neste Natal —em um mundo em luto pelas vítimas da pandemia e em um Brasil com a anomalia de ter um presidente racista que zomba dos mortos com sua posição negacionista, sua falta de empatia com as famílias que sofrem, sua exaltação das armas e seu espírito de autoritarismo— os cristãos, que são a grande maioria neste país, aproveitem a festividade para recordar a essência do cristianismo de suas origens, que foi a reivindicação da paz contra a guerra, a defesa dos últimos e do amor universal contra o ódio e os racismos. Um cristianismo que, à guerra e à violência, propõe um reino de paz e de perdão.
*Juan Arias é jornalista e escritor, com obras traduzidas em mais de 15 idiomas. É autor de livros como ‘Madalena’, ‘Jesus esse grande desconhecido’, ‘José Saramago: o amor possível’, entre muitos outros. Trabalha no EL PAÍS desde 1976. Foi correspondente deste jornal no Vaticano e na Itália por quase duas décadas e, desde 1999, vive e escreve no Brasil. É colunista do EL PAÍS no Brasil desde 2013, quando a edição brasileira foi lançada, onde escreve semanalmente. Fonte: https://brasil.elpais.com
DOAÇÕES DE FIÉIS FORAM DESVIADAS PARA COMPRA DE CASAS PARA PARENTES DE PADRE CELEBRIDADE, DIZ MP
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Entrada principal do Condomínio do Lago, em frente a painel da Via Sacra Foto: Reprodução
Pároco é acusado de utilizar parte dos donativos à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) para fins pessoais; imóveis custaram, ao todo, R$ 4,08 milhões
Alfredo Mergulhão
Dinheiro doado por fiéis católicos para a construção da nova Basílica do Divino Pai Eterno, no município de Trindade, em Goiás, foi utilizado na compra de três casas onde moraram os pais e os irmãos do padre Robson de Oliveira Pereira, de 46 anos. A acusação consta na denúncia feita pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP) e recebida pela Justiça goiana na última quinta-feira (10).
O pároco é acusado de desviar e utilizar para fins pessoais parte dos donativos destinados à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), entidade criada para atividades de evangelização, sobretudo a construção de uma nova basílica. Ele e seus familiares tornaram-se réus mas negam as acusações.
Os imóveis custaram, ao todo, R$ 4,08 milhões, de acordo com o MP. As casas ficam no Condomínio do Lago, um empreendimento de alto padrão que possui três lagos com pista de caminhada, cinco playgrounds, salões de festa e de jogos, quatro campos de futebol society, academia, além de quadras poliesportiva, de tênis, de squash e de peteca.
O condomínio fica entre Goiânia e Trindade, nas margens da Rodovia dos Romeiros, uma autoestrada de 17 km que possui 14 painéis representando a Via Sacra. A entrada principal fica em frente ao primeiro desses painéis, visitados por cerca de 3 milhões de católicos que participam da procissão do Divino Pai Eterno, realizada nos meses de junho. A festa religiosa é o principal evento organizado pela Afipe.
Os promotores sustentam que as casas foram adquiridas com dinheiro desviado das doações feitas por católicos para a Afipe. Segundo a denúncia, o desvio ocorreu por meio da GC Construtora e Incorporadora.
Em 23 de outubro de 2015, a empresa que pertence aos irmãos Onivaldo, Bráulio e Gleysson Cabriny recebeu R$ 7,5 milhões da Afipe. A transferência seria para a compra de duas fazendas em nome da GC localizadas no Tocantins. Mas os promotores observaram que o negócio relativo às propriedades rurais nunca foi efetivado formalmente.
Quatro dias após receber o valor milionário, a GC Construtora transferiu R$ 1,13 milhão para uma “laranja” no esquema. Os três irmãos Cabriny também foram denunciados pelo MP. Gleysson é vice-prefeito de Trindade.
De acordo com os promotores, a laranja era Ana Verônica Mendoza Martins. Ela teria utilizado o dinheiro para comprar uma casa no Condomínio do Lago que custou o mesmo valor que recebeu em sua conta. De acordo com o MP, essa residência foi utilizada por José Celso Pereira, de 82 anos, e Elice de Oliveira Pereira, de 76, pais do padre Robson.
“A Afipe comprou uma fazenda por mais de R$ 7 milhões, mas ela tinha sido adquirida anteriormente por R$ 3 milhões, que era o valor real dela. Com essa diferença, eles transferiram o dinheiro para os laranjas comprarem as casas onde os parentes do padre moraram”, afirmou o promotor Sandro Halfeld, do MP de Goiás.
Os laranjas utilizados nas compras das casas foram Ana Verônica e Rodrigo Luiz Mendoza Martins Araújo, diz a denúncia. Apesar de terem recebido valores milionários em suas contas, os dois nunca tiveram qualquer contato com a GC Construtora. Halfeld explica que a titularidade dos imóveis já foi transferida, mas Ana Verônica e Rodrigo não receberam valor algum pela venda das casas.
“Alguns desses imóveis depois foram passados até mesmo para o nome da Afipe, mas isso não desfaz a trama feita durante todo esse caminho. Não se sabe se hoje algum dos parentes do padre ainda mora lá, mas eles já moraram”, disse o promotor.
Irmãs
O MP acusou duas irmãs do padre Robson de terem se beneficiado do desvio de dinheiro dos fiéis. Conforme a denúncia, Adrianne de Oliveira Pereira, de 47 anos, e Jocelice de Oliveira Pereira Carvalho, de 50 anos, também moraram em casas compradas com o dinheiro transferido da Afipe para a GC Construtora.
A casa de Adrianne custou R$ 1,26 milhão e fica na Rua Lago 4, no condomínio. De acordo com o MP, esse valor transferido pela GC Construtora para a conta de Rodrigo Mendoza. O laranja pagou o imóvel em duas parcelas: uma de R$ 700 mil, no dia 27 de outubro de 2015, e outra no valor de R$ 564 mil, em 6 de junho do ano seguinte.
Irmã mais velha do padre Robson, Jocelice também tornou-se ré por ter morado em uma casa no mesmo condomínio. O dinheiro usado na compra do imóvel teve a mesma procedência dos recursos empregados nas aquisições das residências dos pais e de Adrianne.
Segundo o MP, o laranja neste caso foi o advogado da Afipe, Anderson Reiner Fernandes. Três dias após receber os valores em conta, a GC transferiu R$ 700 mil para Reiner. O montante foi utilizado para comprar a casa onde viveu Jocelice, apontam as investigações. Em 28 de outubro de 2015, Anderson Reiner pagou os outros R$ 700 mil para quitar a casa, també com recursos provenientes da transação com a construtora.
CNPJs
A Associação Filhos do Pai Eterno foi criada em 2004, mas nos anos de 2008 e 2009 outras duas entidades foram constituídas pelo padre Robson com o mesmo nome fantasia. Tratam-se da Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro e da Associação Filhos do Pai Eterno e Perpétuo Socorro.
As associações mais novas têm o mesmo nome fantasia, Afipe, mas CNPJs diferentes. De acordo com o MP, os recursos utilizados na compra das casas saiu de contas que pertencem a duas Afipes criadas posteriormente.
No recebimento da denúncia, a juíza Placidina Pires, da Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e de Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores, destaca que a denúncia trata a criação dessas outras Afipes como uma manobra para ocultar patrimônio.
Padre Robson abençoa um pilar da nova basílica em construção há nove anos em Trindade, Goiás Foto: Reprodução
“As investigações indicaram que a constituição destas últimas associações não passou de uma manobra utilizada pelo padre para ocultar dos demais associados e diretores da entidade religiosa parte do patrimônio obtido pela Afipe”, escreve a magistrada.
Membros conselheiros da Afipe foram ouvidos na investigação. De acordo com o MP, quatro deles afirmaram em depoimento que sequer sabiam da existência de pessoas jurídicas distintas.
“Essa estratégia permitiu que o padre ocultasse dos demais associados as atividades e patrimônio em nome das outras Afipes. Além disso o doador não sabia nem mesmo que doava para a Afipe, ele achava que era para a igreja. E na hora da doação ninguém confere o CNPJ, para o doador isso não fazia diferença”, afirmou Halfeld.
Outro lado
Além do padre Robson, tornaram-se réus outras 17 pessoas. Eles são acusados dos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem do dinheiro doado às Afipes.
O advogado Pedro Paulo de Medeiros, que representa padre Robson, afirmou que não há irregularidades e que a Afipe sempre geriu seus bens seguindo determinações da diretoria.
“Nunca houve apropriação, porque nunca houve reclamação. O Ministério Público do Estado de Goiás está reclamando de algo que nem a própria Afipe reclama. Todas essas negociações de compra e venda de imóveis são absolutamente normais no mercado imobiliário”, afirmou o advogado.
Medeiros acrescentou que as transações imobiliárias geraram “altíssimo lucro para a Afipe, tanto que, atualmente, ela tem um patrimônio superior a R$ 2 bilhões. Portanto, o MP não tem o que opinar sobre a gestão da associação privada, que não recebe sequer um real de recurso público”.
O defensor do padre afirmou ainda que confia no trancamento da investigação. Em 6 de outubro, os magistrados da 1ª Câmara Criminal de Goiânia determinaram a suspensão do inquérito. Mas na última segunda-feira (7), a Justiça autorizou o MP a retomar o caso.
Para a defesa da família Cabriny, o MP ofereceu a denúncia às pressas pois sabe que corre risco da investigação voltar a ser suspensa no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O advogado Danilo Vasconcelos, representante dos três irmãos, confirmou a negociação com a Afipe e sustentou que elas foram com preço de mercado.
“Não foram apenas duas fazendas pelos R$ 7,5 milhões como diz o MP, foram três além de dois apartamentos. Então o preço é compatível. Posteriormente esses imóveis foram repassados e deram lucro para a Afipe. Mas é bom que se diga que os Cabriny não tem nada a ver com a Afipe, e se por ventura a negociação deu prejuízo para eles, isso é problema de gestão da Afipe. Os Cabriny são empresários e vivem de lucro”, afirmou Vasconcelos.
Época não conseguiu contato com a defesa dos parentes do padre Robson. As defesas de Ana Verônica e Rodrigo Mendoza não foram localizadas. Fonte: https://epoca.globo.com
Evangelho do dia- Lectio Divina. Sexta-feira. 11 de dezembro-2020. 2ª Semana do Advento - com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus onipotente, dai ao vosso povo esperar vigilante a chegada do vosso Filho, para que, instruídos pelo próprio Salvador, corramos ao seu encontro como nossas lâmpadas acesas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 11, 16-19)
Naquele tempo disse Jesus: 16 “Com quem vou comparar esta geração? É parecida com crianças sentadas nas praças, gritando umas para as outras: 17 ‘Tocamos flauta para vós, e não dançastes. Entoamos cantos de luto e não chorastes!’ 18 Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Tem um demônio’. 19 Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de publicanos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida em virtude de suas obras”.conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
3) Reflexão
Os líderes, os sábios, não gostam quando alguém os critica ou questiona. Isto acontecia no tempo de Jesus e acontece hoje, tanto na sociedade, como na igreja. João Batista veio, criticou, e não foi aceito. Diziam:”tem o demônio!” Jesus veio, criticou e não foi aceito. Diziam: -“Beberão!”. –“Louco!” (Mc 3,21) -“Tem o diabo!” (Mc 3,22) -“É um samaritano!” (Jo 8,48) -“Não é de Deus!” (Jo 9,16). Hoje acontece o mesmo. Há pessoas que se agarram ao que sempre foi ensinado e não aceitam outra maneira de explicar e viver a fé. Logo inventam motivos e pretextos para não aderir: -“É marxismo!” -“É contra a Lei de Deus!” -“É desobediência à tradição e ao magistério!”
Jesus se queixa da falta de coerência do seu povo. Eles inventavam sempre algum pretexto para não aceitar a mensagem de Deus que Jesus lhes trazia. De fato, é relativamente fácil encontrar argumentos e pretextos para refutar os que pensam diferente de nós.
Jesus reage e mostra a incoerência deles. Eles se consideravam sábios, mas não passavam de crianças que querem divertir o povo na praça e que reclamam quando o povo não brinca conforme a música que eles tocam. Os que se diziam sábios não têm nada de realmente sábio. Apenas aceitavam o que combinava com as idéias deles. E assim eles mesmos pela sua atitude incoerente se condenavam a si mesmos.
4) Para um confronto pessoal
1) Até onde sou coerente com a minha fé?
2) Tenho consciência crítica com relação ao sistema social e eclesiástico que, muitas vezes, inventa motivos e pretextos para legitimar a situação e impedir qualquer mudança?
5) Oração final
Feliz quem não segue o conselho dos maus, não anda pelo caminho dos pecadores nem toma parte nas reuniões dos zombadores, mas na lei do Senhor encontra sua alegria e nela medita dia e noite. (Sl 1, 1-2)
Evangelho do dia- Lectio Divina. Quinta-feira. 10 de dezembro-2020. 2ª Semana do Advento. - com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Despertai, ó Deus, os nossos corações, a fim de prepararmos os caminhos do vosso Filho, para que possamos, pelo seu advento, vos servir de coração purificado. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 11, 11-15)
Naquele tempo, disse Jesus as multidão: 11Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. 12Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. 13Porque os profetas e a lei tiveram a palavra até João. 14E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. 15Quem tem ouvidos, ouça. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, Jesus dá uma opinião sobre João Batista. Comparado com as pessoas do Antigo Testamento, não há ninguém maior que João. João é o maior de todos: maior que Jeremias, maior que Abraão, maior que Isaías! Mas comparado com o Novo Testamento, João é inferior a todos. O menor no Reino é maior que João. Como entender esta qualificação aparentemente contraditória que Jesus fez de João?
Pouco antes, João tinha mandado perguntar a Jesus: “É o senhor, ou devemos esperar por outro?” (Mt 11,3). João parecia ter dúvidas a respeito a Jesus. Pois Jesus não correspondia à ideia que ele, João, se fazia do messias. João imaginava o messias como um juiz severo que devia vir realizar o julgamento da condenação e da chegada da ira (Mt 3,7). Devia cortar as árvores pela raiz (Mt 3, 10), limpar a área e jogar a palha seca no fogo (Mt 3,12). Mas Jesus, em vez de ser um juiz severo, era amigo de todos, “manso e humilde de coração” (Mt 11,29), que acolhia os pecadores e comia com eles (Mc 2,16).
Jesus respondeu a João citando o profeta Isaias: “Vão contar para João o que estão vendo e ouvindo: cegos veem, coxos andam, leprosos são limpos, surdos ouvem, mortos ressuscitam, aos pobres é anunciada a Boa Nova. E feliz quem não se escandalizar comigo!” (Mt 11,5-6; cf. Is 33,5-6;29,18). Resposta dura. Jesus manda João analisar melhor as Escrituras para ele poder mudar a visão errada que tinha do messias.
João foi grande! O maior de todos! Mas o menorzinho no Reino dos céus é maior que João! João é o maior, porque ele era o último elo do AT. Foi João que, pela sua fidelidade, pôde, finalmente, apontar o messias para o povo: “Eis o cordeiro de Deus!” (Jo 1,36), e a longa história desde Abraão alcançou o seu objetivo. Mas João por si mesmo não foi capaz de entender todo o alcance da presença do Reino de Deus em Jesus. Ele estava na dúvida: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” A história antiga, ela sozinha, não comunica luz suficiente para a pessoa poder entender toda a novidade da Boa Notícia de Deus que Jesus nos trouxe. O Novo não cabe no Antigo. Santo Agostinho dizia: “Novum in Vetere latet, Vetus in Novo patet”. Traduzido significa: “O Novo já está escondido no Antigo. Mas o Antigo só revela seu sentido pleno é no Novo”. Quem está com Jesus e convive com ele recebe dele uma luz que lhe dá olhos novos para descobrir um significado mais profundo no Antigo. E qual é esta novidade?
Jesus oferece uma chave: “A lei e os profetas anunciaram o Reino até João. E se quiserem saber João é Elias que deve vir!” Jesus não explica, mas dá a dica: “Quem tem ouvidos ouça” Elias devia vir para preparar a vinda do Messias e refazer a comunidade: “Reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais” (Mal 3,24). João anunciou o Messias e tentou refazer a comunidade (Lc 1,17). Mas o mistério mais profundo da vida em comunidade, lhe escapava. Foi só Jesus que o comunicou anunciando que Deus é Pai e, portanto, somos todos irmãos e irmãs. Este anúncio traz uma força nova que nos torna capazes de superar as divergências e criar comunidade.
São estes os violentos que conseguem conquistar o Reino. O Reino não é uma doutrina, mas é um novo modo de conviver como irmãos e irmãs a partir do anúncio que Jesus fez de que Deus é Pai de todos.
4) Para um confronto pessoal
1- O Reino é dos violentos, isto é, é dos que, como Jesus, têm a coragem de criar comunidade. Você tem?
2- Jesus ajudou João a entender melhor os fatos por meio da Bíblia. A Bíblia me ajuda a entender melhor os fatos da minha vida?
5) Oração final
Ó Deus, meu rei, quero exaltar-te e bendizer teu nome eternamente e para sempre, Quero bendizer-te todo dia, louvar teu nome eternamente e para sempre. (Sl 144, 1-2)
8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição: Frei Carlos Mesters
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1) Oração
Ó Deus, que preparastes uma digna habitação para o vosso Filho pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo pecado em previsão dos méritos de Cristo, concedei-nos chegar até vós, purificados também de toda culpa. por sua materna intercessão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1,26-38)
Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,33e o seu reino não terá fim.34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,37porque a Deus nenhuma coisa é impossível.38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.
3) Reflexão
Hoje é a Solenidade da Imaculada Conceição. O texto que meditamos no evangelho descreve a visita do anjo a Maria (Lc 1,26-38). A Palavra de Deus chega a Maria não através de um texto bíblico, mas através de uma experiência profunda de Deus, manifestada na visita do anjo. No AT, muitas vezes, o Anjo de Deus é o próprio Deus. Foi graças à ruminação da Palavra escrita de Deus na Bíblia, que Maria foi capaz de perceber a Palavra viva de Deus na visita do Anjo. Assim também acontece com a visita de Deus em nossas vidas. As visitas de Deus são frequentes. Mas por falta de ruminação da Palavra escrita de Deus na Bíblia, não percebemos a visita de Deus em nossas vidas. A visita de Deus é tão presente e tão contínua que, muitas vezes, já nem a percebemos e, por isso, perdemos uma grande oportunidade de viver na paz e na alegria.
Lucas 1,26-27: A Palavra faz a sua entrada na vida.
Lucas apresenta as pessoas e os lugares: uma virgem chamada Maria, prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi. Nazaré, uma cidadezinha na Galileia. Galileia era periferia. O centro era Judéia e Jerusalém. O anjo Gabriel é o enviado de Deus para esta moça virgem que morava na periferia. O nome Gabriel significa Deus é forte. O nome Maria significa amada de Javé ou Javé é o meu Senhor. A história da visita de Deus a Maria começa com a expressão “No sexto mês”. Trata-se do "sexto mês" da gravidez de Isabel, parenta de Maria, uma senhora já de idade, precisando de ajuda. A necessidade concreta de Isabel é o pano de fundo de todo este episódio. Encontra-se no começo (Lc 1,26) e no fim (Lc 1,36.39).
Lucas 1,28-29: A reação de Maria.
Foi no Templo que o anjo apareceu a Zacarias. A Maria ele aparece na casa dela. A Palavra de Deus atinge Maria no ambiente da vida de cada dia. O anjo diz: “Alegra-te! Cheia de graça! O Senhor está contigo!” Palavras semelhantes já tinham sido ditas a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12), a Rute (Rt 2,4) e a muitos outros. Elas abrem o horizonte para a missão que estas pessoas do Antigo Testamento deviam realizar a serviço do povo de Deus. Intrigada com a saudação, Maria procura saber o significado. Ela é realista, usa a cabeça. Quer entender. Não aceita qualquer aparição ou inspiração.
Lucas 1,30-33: A explicação do anjo.
“Não tenha medo, Maria!” Esta é sempre a primeira saudação de Deus ao ser humano: não ter medo! Em seguida, o anjo recorda as grandes promessas do passado que vão ser realizadas através do filho que vai nascer de Maria. Este filho deve receber o nome de Jesus. Ele será chamado Filho do Altíssimo e nele se realizará, finalmente, o Reino de Deus prometido a Davi, que todos estavam esperando ansiosamente. Esta é a explicação que o anjo dá a Maria para ela não ficar assustada.
Lucas 1,34: Nova pergunta de Maria
Maria tem consciência da missão importante que está recebendo, mas ela permanece realista. Não se deixa embalar pela grandeza da oferta e olha a sua condição: “Como é que vai ser isto, se eu não conheço homem algum?” Ela analisa a oferta a partir dos critérios que nós, seres humanos, temos à nossa disposição. Pois, humanamente falando, não era possível que aquela oferta da Palavra de Deus se realizasse naquele momento.
Lucas 1,35-37: Nova explicação do anjo
"O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus”. O Espírito Santo, presente na Palavra de Deus desde o dia da Criação (Gênesis 1,2), consegue realizar coisas que parecem impossíveis. Por isso, o Santo que vai nascer de Maria será chamado Filho de Deus. Quando hoje a Palavra de Deus é acolhida pelos pobres sem estudo, algo novo acontece pela força do Espírito Santo! Algo tão novo e tão surpreendente como um filho nascer de uma virgem ou como um filho nascer de Isabel, uma senhora já de idade, da qual todo mundo dizia que ela não podia ter nenêm! E o anjo acrescenta: “E olhe, Maria! Isabel, tua prima, já está no sexto mês!”
Lucas 1,38: A entrega de Maria.
A resposta do anjo clareou tudo para Maria. Ela se entrega ao que Deus estava pedindo: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Maria usa para si o título de Serva, empregada do Senhor. O título vem de Isaías, que apresenta a missão do povo não como um privilégio, mas sim como um serviço aos outros povos (Is 42,1-9; 49,3-6). Mais tarde, Jesus, o filho que estava sendo gerado naquele momento, definirá sua missão: “Não vim para ser servido, mas para servir!” (Mt 20,28). Aprendeu da Mãe!
Lucas 1,39: A forma que Maria encontra para servir
A Palavra de Deus chegou e fez com que Maria saísse de si para servir aos outros. Ela deixa o lugar onde estava e vai para a Judéia, a mais de quatro dias de viagem, para ajudar sua prima Isabel. Maria começa a servir e cumprir sua missão a favor do povo de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1-Como você percebe a visita de Deus em sua vida? Você já foi visitada ou visitado? Você já foi uma visita de Deus na vida dos outros, sobretudo dos pobres? Como este texto nos ajuda a descobrir as visitas de Deus em nossa vida?
2-A Palavra de Deus se encarnou em Maria. Como a Palavra de Deus está tomando carne na minha vida pessoal e na vida da comunidade?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque ele operou maravilhas. Sua mão e seu santo braço lhe deram a vitória. (Sl 97)
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