23º Domingo do Tempo Comum - Ano C.
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“Jesus Cristo não é apenas doce de coco, mas também jiló”. Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Padre Carmelita e Jornalista/RJ. www.isntagram.com/freipetronio
A liturgia deste domingo convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do "Reino". Optar pelo "Reino" não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.
É, sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do "caminho do discípulo": é um caminho em que o "Reino" deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher... Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o "Reino" e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e "a fundo perdido", ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com "meias tintas").
EVANGELHO: ATUALIZAÇÃO
Jesus não é um demagogo que faz promessas fáceis e cuja preocupação é juntar adeptos ou atrair multidões a qualquer preço. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro com uma proposta de salvação, de vida plena; no entanto, essa proposta implica uma adesão séria, exigente, radical, sem "paninhos quentes" ou "meias tintas". O caminho que Jesus propõe não é um caminho de "massas", mas um caminho de "discípulos": implica uma adesão incondicional ao "Reino", à sua dinâmica, à sua lógica; e isso não é para todos, mas apenas para os discípulos que fazem séria e conscientemente essa opção. Como é que eu me situo face a isto? O projeto de Jesus é, para mim, uma opção radical, que eu abracei com convicção e a tempo inteiro ou um projeto em que eu vou estando, sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição?
A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao "Reino" e à sua dinâmica faz-nos pensar na nossa pastoral - vocacionada para ser uma pastoral de massas - e na tentação que sentem os agentes da pastoral no sentido de facilitar as coisas, de não serem exigentes... Às vezes, interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus... O caminho cristão é um caminho de facilidade, onde cabe tudo, ou é um caminho verdadeiramente exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?
Às vezes, as pessoas procuram a comunidade cristã por tradição, por influências do meio social ou familiar, porque "a cerimônia religiosa fica bonita nas fotografias"... Sem recusarmos nada, devemos, contudo, fazê-las perceber que a opção pelo batismo ou pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no quadro de um compromisso com o "Reino" e com a proposta de Jesus.
Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Isso não significa, evidentemente, que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos... No entanto, significa que os laços afetivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do "Reino". As pessoas têm mais importância para mim do que o "Reino"? Já me aconteceu renunciar aos valores do "Reino" por causa de alguém?
Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?
Uma terceira exigência de Jesus pede aos candidatos a discípulos a renúncia aos bens. Os bens, a procura da riqueza são, para mim, uma prioridade fundamental? O que é mais importante: a partilha, a solidariedade, a fraternidade, o amor aos outros, ou o ter mais, o juntar mais?
*Leia o Evangelho na integra. Clique no link ao LADO- EVANGELHO DO DIA.
Pátria e cidadania: Dom Walmor.
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Nota da CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, sobre a problemática das queimadas na Amazônia. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 7 de setembro-2019.
Sexta-feira, 6 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,33-39) (Mc 2,18-22)
Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem... 34Jesus respondeu-lhes: Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão. 36Propôs-lhes também esta comparação: Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha. 37Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres; 38mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam. 39Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O vinho velho é melhor. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 5,33-39
No evangelho de hoje vamos ver de perto mais um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é em torno da prática do jejum. Lucas relata vários conflitos em torno das práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e mais dois conflitos em torno da observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).
Lucas 5,33: Jesus não insiste na prática do jejum
Aqui, o conflito é em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.
Lucas 5,34-35: Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar
Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.
No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).
Lucas 5,36-39: Vinho novo em odre novo!
Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.
Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica, reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.
4) Para um confronto pessoal
1-Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
2-Como entender hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua vida e a vida da sua comunidade?
5) Oração final
Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito (Sl 36, 2)
Quinta-feira, 5 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,1-11)
Naquele tempo, 1Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. 2Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, 3subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. 5Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. 6Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. 9É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. 11E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.
3) Reflexão Lucas 5,1-11
O evangelho de hoje conta como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.
Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca.
O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.
Lucas 5,4-5: "Pela tua palavra lançarei as redes!"
Terminada a instrução ao povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!
Lucas 5,6-7: O resultado é surpreendente.
A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.
Lucas 5,8-11: "Seja pescador de gente!"
A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não tenha medo!" Ele chama Pedro e o compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo.
O episódio da pesca no lago mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1). Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!
4) Para um confronto pessoal
1) Onde e como acontece hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?
2) Eles largaram tudo e seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?
5) Oração final
Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo? O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo (Sl 23, 3)
MÊS DA BÍBLIA- CURIOSIDADES-01.
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POR QUE A MAÇÃ É O FRUTO PROIBIDO SE ELA NEM SEQUER É CITADA NA BÍBLIA?
No terceiro capítulo de Gênesis, o primeiro livro Bíblico, uma serpente persuade Eva e Adão a comerem o fruto proibido da árvore que está no meio do Jardim do Éden. Deus havia liberado todos os outros frutos, menos o dessa árvore específica. Em nenhum momento, entretanto, fica explícito qual seria esse fruta. Então, por que a maçã acabou se tornando o símbolo do proibido?
Tudo aconteceu por conta de um escritor e poeta inglês chamado John Milton. Em 1667, ele lançou uma de suas obras-primas: “Paraíso Perdido”. Trata-se de um poema épico escrito na época em que Milton já estava cego, entre 1658 e 1664. Acredita-se que a cegueira do autor tenha sido causada por um deslocamento de retina ou por um glaucoma, mas o motivo exato é incerto.
Nesse longo poema, que tem mais de 10 mil linhas, Milton fala de uma das principais histórias da Bíblia, justamente a de Adão e Eva. Na obra, por duas vezes, o autor cita o fruto proibido como sendo a maçã, por mais que isso não seja falado na Bíblia. E isso aconteceu por conta de um problema de tradução.
Voltando mais no tempo, o papa Dâmaso I, que teve o pontificado entre os anos 366 e 384 d.C., solicitou que um de seus principais escribas, Jerônimo, traduzisse a Bíblia hebraica para o latim. Acontece que, nessa língua, tanto “mal” quanto “maçã” possuem a mesma grafia: “malus”.
Antes disso, o fruto proibido era encarado sob a forma de diferentes frutas: figo, romã, uva, damasco e cidra são algumas delas. Até mesmo o trigo podia ser o responsável pela expulsão de Adão e Eva do Paraíso. Na Bíblia hebraica, a palavra original é “peri”, que é realmente traduzível como “fruto”.
Aconteceu que Jerônimo resolveu traduzir essa expressão como “malus”, já que, poderia tanto significar o “mal” quanto a “maçã”, ainda que pudesse fazer referência, na época, a outros frutos carnudos, como a pera e o figo. O Teto da Capela Sistina, uma das obras-primas de Michelangelo, traz uma serpente enrolada em uma figueira. Essa obra foi pintada entre 1508 e 1512.
Um pouquinho antes, em 1504, o desenhista alemão Albrecht Dürer representou o primeiro casal ao lado de uma macieira e acabou se tornando uma referência para os futuros retratistas da Bíblia. A publicação de “Paraíso Proibido”, no século seguinte, consolidou a figura da maçã com o “verdadeiro” fruto do pecado original, sem que, é claro, isso seja especificado na Bíblia. Fonte: https://www.megacurioso.com.br
Quarta-feira, 4 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,38-44)
Naquele tempo, 38Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. 39Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los. 40Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava. 41De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: Tu és o Filho de Deus. Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo. 42Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse. 43Mas ele disse-lhes: É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão. 44E andava pregando nas sinagogas da Galileia.
3) Reflexão Lucas 4,38-44 (Mc 1,29-39)
O evangelho de hoje traz quatro assuntos diferentes: a cura da sogra de Pedro (Lc 4,38-39), a cura de muitos doentes à noite, depois do sábado (Lc 4, 40-41), a oração de Jesus num lugar deserto (Lc 4,42) e a sua insistência na missão (Lc 4,43-44). Com pequenas diferenças Lucas segue e adapta as informações que tirou do evangelho de Marcos.
Lucas 4,38-39: Jesus restaura a vida para o serviço
Depois de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa possa colocar-se a serviço da vida.
Lucas 4,40-41: Jesus acolhe e cura os marginalizados
Ao cair da tarde, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, terminado o sábado, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe e as cura impondo a mão em cada um. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.
De muitas pessoas saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava e não os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias”. Naquele tempo, o título Filho de Deus ainda não tinha a densidade e a profundidade que o título tem hoje para nós. Significava que o povo reconhecia em Jesus uma presença todo especial de Deus. Jesus não deixava os demônios falar. Ele não queria propaganda fácil por meio do impacto de expulsões espetaculares.
Lucas 4,42a: Permanecer unido ao Pai pela oração
“Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que fosse embora”. Aqui Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Lc 3,21-22; 4,1-2.3-12; 5,15-16; 6,12; 9,18; 10,21; 5,16; 9,18; 11,1; 9,28;23,34; Mt 14,22-23; 26,38; Jo 11,41-42; 17,1-26; Mt Mc 1,35; Lc 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
Lucas 4,42b-44: Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado
Jesus tornou-se conhecido. O povo ia atrás dele e não queria que ele fosse embora. Jesus não atendeu ao pedido e disse: "Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado." Jesus tem muito clara a sua missão. Não se fecha no resultado já obtido, mas quer manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que o orienta na tomada das decisões. Foi para isto que fui enviado! E aqui no texto esta consciência tão viva aparece como fruto da oração.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus tirava tempo para poder rezar e estar a sós com o Pai? Eu tiro tempo para rezar e estar a sós com Deus?
2) Jesus mantinha viva a consciência da sua missão. E eu, será que, como cristã ou cristão, tenho consciência de alguma missão ou vivo sem missão?
5) Oração final
Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos (Sl 32)
Mês da Bíblia: um jeito dinâmico de evangelizar e formar discípulos missionários
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No dia 30 de setembro a Igreja celebra a memória de São Jerônimo, um grande biblista que a pedido do papa Dâmaso (366-384) preparou a tradução da Bíblia em latim, a partir do hebraico e do grego, a chamada Vulgata. O santo foi o responsável por ter tornado referência o mês de setembro para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus.
Este ano, 2019, a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia, em sintonia com a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dando continuidade ao ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, propondo o estudo da Primeira Carta de João com destaque para o lema “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19).
O autor do texto-base, Cláudio Vianney, afirma que o verbo amar é a palavra-chave da Primeira Carta de João. Ele garante ainda que o lema recorda que o amor provém de Deus e chega a todas as criaturas. “O amor é convite que pede uma resposta, que é amar. Assim, a resposta ao amor de Deus é o amor aos irmãos”, diz.
Claudio explica que a primeira Carta de João nasceu como uma homilia escrita. Nela, o autor se dirige a seus interlocutores chamando-os de amados e filhinhos. “Os leitores de hoje, numa leitura atenta e amorosa da Carta, acolhem essas palavras como dirigidas também para eles”, conta Claudio.
No passado, o autor queria encorajar sua comunidade a perseverar na prática do mandamento de Jesus Cristo, a Palavra da Vida, que é desde o princípio, depois de a comunidade ter passado por uma experiência dolorosa de conflito e separação. Também hoje, Claudio reitera que a Carta continua a encorajar seus leitores a reviverem essa experiência de perseverança.
Ainda de acordo com ele, na Carta o autor afirma que “Deus é luz” e que “Deus é amor”, convidando seus interlocutores a caminhar na luz e a permanecer no amor. Também salienta que Jesus Cristo é o Justo, e que todo aquele que pratica a justiça nasceu de Deus.
Círculos Bíblicos
No mês da Bíblia, uma forma bem concreta desta experiência na Igreja do Brasil são os Círculos Bíblicos, considerados pela autora, a irmã Maria Aparecida Barboza, religiosa da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, um jeito dinâmico de evangelizar e formar discípulos missionários de Jesus Cristo. “Por meio da pedagogia-mística da Leitura Orante, os participantes gradativamente vão se familiarizando com a Palavra e despertando o gosto pela Leitura, Meditação, Oração e Contemplação para uma melhor vivência na caminhada discipular”, garante.
Segundo irmã Maria, a Igreja no Brasil movida pelo desejo de crescimento na fé bíblica, desenvolveu toda uma prática de leitura e reflexão da Bíblia que muito contribui para o sustento da fé e da caminhada das pessoas. Para ela, os Círculos Bíblicos, grupos de reflexão, grupos de rua, são alguns sinais dessa presença viva da Bíblia no meio do povo, formas criativas de tornar mais próxima a Palavra da Escritura.
O texto-base do Mês da Bíblia poder ser adquirido no site da Editora da CNBB. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Terça, 3 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,31-37)
Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ali ensinava-os aos sábados. 32Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 33Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus! 35Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 36Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem? 37E corria a sua fama por todos os lugares da redondeza.
3) Reflexão Lucas 4,31-37
No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.
Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum
“Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
Lucas 4,32: Admiração do povo pelo ensino de Jesus
A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.
Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal
O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!" Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto
Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?
5) Oração final
O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras (Sl 144, 1)
Púrpuras de fronteira para o diálogo e a missão
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Andrea Tornielli - Cidade do Vaticano
Não será realizado em novembro, festa de Cristo Rei. O Consistório para a criação dos novos cardeais será antecipado para o sábado, 5 de outubro, véspera da celebração inaugural do Sínodo dos Bispos dedicado à Amazônia. Assim, de surpresa, o Papa anunciou durante o Angelus do domingo 1º de setembro, a lista dos 13 novos cardeais que receberão o barrete vermelho, oito dos quais pertencentes a Ordens religiosas missionárias.
Lendo a lista de novos cardeais (dez com menos de oitenta anos e, portanto, eleitores no caso de um Conclave, mais três com mais oitenta e, portanto, não eleitores), fica logo evidente a lealdade de Francisco ao caminho seguido desde o início de seu Pontificado: dar preferência a homens de Igreja em dioceses de fronteira, para além dos esquemas e de tradições consolidadas.
Recebem o barrete de cor púrpura - simbolizando sua disponibilidade em derramar o sangue e, portanto, dar a própria vida pela fidelidade ao Evangelho em unidade com o Bispo de Roma - três prelados da Cúria Romana: o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso Miguel Angel Ayuso Guixot, um comboniano espanhol, nomeado em maio passado à frente do dicastério na vanguarda do diálogo com o Islã e outras religiões; José Tolentino Calaça de Mendonça, português, há pouco mais de um ano Arquivista e Bibliotecário da Santa Romana Igreja; padre Michael Czerny, um jesuíta nascido na Tchecoslováquia mas formado no Canadá e nos Estados Unidos, subsecretário da Seção de Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Das nomeações curiais, a última é certamente a mais inovadora. Czerny, além do trabalho em favor dos migrantes e refugiados, terá o papel-chave de secretário especial no próximo Sínodo para a região da Pan-Amazônia.
Dos dez novos cardeais eleitores, dois são bispos diocesanos na Europa: o luxemburguês Jean-Claude Höllerich, jesuíta que passou muitos anos de sua vida no Japão, e o italiano Matteo Zuppi. Dois são latino-americanos: o cubano Juan de la Caridad García Rodríguez e o guatemalteco Alvaro Leonel Ramazzini Imeri. Dois são bispos na África: Fridolin Ambongo Besungu, capuchinho, arcebispo de Kinshasa na República Democrática do Congo, o salesiano de origem espanhola Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat, Marrocos. Por fim, um de origem asiática: Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, arcebispo de Jacarta, na Indonésia.
Também os três com mais de oitenta anos que o Papa Francisco quis incluir no Colégio de Cardeais, confirmam a perspectiva do Pontificado: além do bispo inglês Michael Louis Fitzgerald, dos Padres Brancos, por muitos anos engajado no diálogo inter-religioso e nos últimos anos de seu serviço na nunciatura apostólica no Egito , recebem o barrete vermelho Sigitas Tamkevičius, jesuíta, arcebispo emérito de Kaunas, na Lituânia, e Eugenio Dal Corso, dos Pobres Servos da Divina Providência, nascido em Província de Verona, Itália, bispo emérito de Benguela, em Angola.
O dia 5 de outubro de 2019 é o sexto consistório para a criação de novos cardeais a se celebrado por Francisco. Os precedentes foram realizados em 22 de fevereiro de 2014, 14 de fevereiro de 2015, 19 de novembro de 2016, 28 de junho de 2017 e 28 de junho de 2018. Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 2 de setembro-2019. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,16-30)
Naquele tempo, 16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): 18O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 19para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 20E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. 22Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José? 23Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria. 24E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 26mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã. 28A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 30Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se. - Palavra da salvação.Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas - Naquele tempo, 16Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. 17Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): 18O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, 19para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. 20E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. 22Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: Não é este o filho de José? 23Então lhes disse: Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria. 24E acrescentou: Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria. 25Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; 26mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. 27Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã. 28A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. 29Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. 30Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.
3) Reflexão Lucas 4,16-30
Hoje, segundo dia do mês de setembro, começamos a meditação do Evangelho de Lucas que se prolongará por três meses até o fim do ano eclesiástico, sábado 29 de Novembro. O evangelho de hoje traz a visita de Jesus a Nazaré e a apresentação do seu programa ao povo na sinagoga. Num primeiro momento, o povo ficou admirado. Mas, em seguida, quando perceberam que Jesus queria acolher a todos, sem excluir ninguém, ficaram revoltados e quiseram matá-lo.
Lucas 4,16-19: A proposta de Jesus.
Animado pelo Espírito Santo, Jesus tinha voltado para a Galileia (Lc 4,14) e começou a anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. Andando pelas comunidades e ensinando nas sinagogas, ele chegou em Nazaré, onde tinha sido criado. Estava de volta na comunidade, onde, desde pequeno, tinha participado durante quase trinta anos. No sábado seguinte, conforme o seu costume, Jesus foi à sinagoga para participar da celebração e levantou-se para fazer a leitura. Escolheu o texto de Isaías que falava dos pobres, presos, cegos e oprimidos (Is 61,1-2). Este texto refletia a situação do povo da Galiléia do tempo de Jesus. A experiência que Jesus tinha de Deus como Pai amoroso dava a ele um novo olhar para avaliar a realidade. Em nome de Deus, Jesus toma posição em defesa da vida do seu povo e, com as palavras de Isaías, define a sua missão: (1) anunciar a Boa Nova aos pobres, (2) proclamar a libertação aos presos, (3) a recuperação da vista aos cegos, (4) restituir a liberdade aos oprimidos e, retomando a antiga tradição dos profetas, (5) proclama “um ano de graça da parte do Senhor”. Proclama o ano do jubileu!
Na Bíblia, o “Ano Jubileu” era uma lei importante. Inicialmente, a cada sete anos (Dt 15,1; Lev 25,3), as terras deviam voltar ao clã de origem. Cada um devia poder voltar à sua propriedade. Assim impediam a formação de latifúndio e garantiam às famílias a sobrevivência. Também deviam perdoar as dívidas e resgatar as pessoas escravizadas (Dt 15,1-18). Não foi fácil realizar o ano jubileu cada sete anos (cf Jr 34,8-16). Depois do exílio, decidiram realiza-lo cada sete vezes sete anos (Lev 25,8-12), isto é, cada cinqüenta anos. O objetivo do Ano Jubileu era e continua sendo: restabelecer os direitos dos pobres, acolher os excluídos e reintegrá-los na convivência. O jubileu era um instrumento legal para voltar ao sentido original da Lei de Deus. Era uma oportunidade oferecida por Deus para fazer uma revisão da caminhada, descobrir e corrigir os erros e recomeçar tudo de novo. Jesus inicia a sua pregação proclamando um jubileu, um “Ano de Graça da parte do Senhor”.
Lucas 4,20-22: Ligar Bíblia com Vida.
Terminada a leitura, Jesus atualiza o texto de Isaías dizendo: “Hoje se cumpriu esta escritura nos ouvidos de vocês!” Assumindo as palavras de Isaías como suas próprias palavras, Jesus lhes dá o seu pleno e definitivo sentido e se declara messias que veio realizar a profecia. Esta maneira de atualizar o texto provocou uma reação de descrédito por parte dos que estavam na sinagoga. Ficaram escandalizados e já não queriam saber dele. Não aceitaram Jesus como o messias anunciado por Isaías. Diziam: “Não é este o filho de José?” Ficaram escandalizados porque Jesus falou em acolher os pobres, os cegos e os oprimidos. O povo de Nazaré não aceitou a proposta de Jesus. E assim, no momento em que apresentou o seu projeto de acolher os excluídos, ele mesmo foi excluído.
Lucas 4,23-30: Ultrapassar os limites da raça.
Para ajudar a comunidade a superar o escândalo e levá-la a compreender que sua proposta estava bem dentro da tradição, Jesus contou duas histórias conhecidas da Bíblia, uma de Elias e outra de Eliseu. As duas histórias criticavam o fechamento do povo de Nazaré. Elias foi enviado para a viúva estrangeira de Sarepta (1 Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender ao estrangeiro da Síria (2 Rs 5,14). Transparece aqui a preocupação de Lucas em mostrar que a abertura para os pagãos já vinha desde Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas. Mas o apelo de Jesus não adiantou. Ao contrário! As histórias de Elias e Eliseu provocaram mais raiva ainda. A comunidade de Nazaré chegou ao ponto de querer matar Jesus. Mas ele manteve a calma. A raiva dos outros não conseguiu desviá-lo do seu caminho. Lucas mostra assim como é difícil superar a mentalidade do privilégio e do fechamento.
É importante notar os detalhes no uso do Antigo Testamento. Jesus cita o texto de Isaías até onde diz: "proclamar um ano de graça da parte do Senhor". Cortou o resto da frase que dizia: "e um dia de vingança do nosso Deus". O povo de Nazaré ficou bravo com Jesus por ele pretender ser o messias, por querer acolher os excluídos e por ter omitido a frase sobre a vingança. Eles queriam que o Dia de Javé fosse um dia de vingança contra os opressores do povo. Neste caso, a vinda do Reino seria apenas uma virada da mesa e não uma mudança ou conversão do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar, não aceita a vingança (cf.Mt 5,44-48). A sua nova experiência de Deus como Pai/Mãe ajudava-o a entender melhor o sentido das profecias.
4) Para um confronto pessoal
1) O programa de Jesus consiste em acolher os excluídos. Será que nós acolhemos a todos, ou excluímos alguém? Quais os motivos que nos levam a excluir certas pessoas?
2) Será que o programa de Jesus está sendo realmente o nosso programa, o meu programa? Quais os excluídos que deveríamos acolher melhor na nossa comunidade? O que ou quem nos dá força para realizar a missão que Jesus nos deu?
5) Oração final
Ah, quanto amo, Senhor, a vossa lei! Durante o dia todo eu a medito. Mais sábio que meus inimigos me fizeram os vossos mandamentos, pois eles me acompanham sempre (Sl 118, 1-2)
SANTA MISSA COM FREI PETRÔNIO. 22º Domingo do Tempo Comum.
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AO VIVO- SANTA MISSA COM FREI PETRÔNIO. 22º Domingo do Tempo Comum. 1º de setembro-2019. Igreja Nossa Senhora do Carmo da Lapa do Desterro, Rio de Janeiro. rwww.instagram.com/freipetronio
Por que a Floresta Amazônica pode se tornar foco de crise entre Bolsonaro e a Igreja Católica
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Reunião de bispos dos países da região amazônica com o papa Francisco discutirá a atuação da Igreja Católica na área
No último domingo (25), o papa Francisco falou sobre os incêndios na Amazônia, antes de rezar o Angelus com os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano. "Estamos todos preocupados com os grandes incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Oremos para que, com o empenho de todos, sejam controlados o quanto antes. Aquele pulmão de florestas é vital para o nosso planeta", disse o chefe máximo da Igreja Católica.
O discurso do papa tocou em um assunto que é motivo de preocupações a 8.901 quilômetros dali, no Palácio do Planalto, em Brasília. A repercussão internacional das queimadas ao longo da semana passada reavivou no governo de Jair Bolsonaro (PSL) a preocupação com possíveis críticas ao governo brasileiro no Sínodo da Amazônia.
Trata-se de uma reunião de bispos dos países da região amazônica com o papa Francisco para discutir a atuação da Igreja Católica na área.
O encontro acontece de 6 a 27 de outubro, em Roma. Participarão do encontro 102 bispos de nove países, sendo 57 brasileiros. Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa (departamento ultramarino da França) também enviarão representantes.
Um revés no Sínodo contribuiria para aumentar o desgaste internacional do país. Nos últimos dias, a atuação do governo brasileiro na área ambiental foi criticada por líderes estrangeiros. A crise na Amazônia foi debatida no último fim de semana na reunião do G7, fórum que reúne algumas das maiores economias do mundo.
No começo desta semana, o Itamaraty decidiu suspender as férias de todos os embaixadores brasileiros na Europa e em países que integram o G7. Trata-se de um esforço para responder à crise de imagem provocada pelas queimadas, segundo a agência de notícias Reuters.
Na semana passada, o governo brasileiro despachou para a Itália o novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, o diplomata de carreira Henrique da Silveira Sardinha Pinto - o nome dele foi aprovado pelo plenário do Senado em meados de junho. O diplomata foi instruído a tratar da questão do Sínodo com representantes do Vaticano.
Que a Igreja se atenha aos 'limites'
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, falou sobre o tema ao jornal O Estado de S. Paulo, no começo desta semana. Segundo Heleno, o governo espera que o encontro se limite a questões religiosas - sem fazer críticas a governos específicos ou a políticas públicas dos países da região.
"A nossa expectativa é de que não haja problema para o governo e nem nenhum desentendimento com a Igreja", disse Augusto Heleno ao jornal O Estado de S. Paulo. "Nós temos promovido ótimas reuniões com o Sínodo, não só aqui, mas em Roma, e está se encaminhando para se ter uma atividade dentro do que foi previsto, que não vai exceder os limites do que a Igreja se propôs a fazer. É o que nós esperamos."
O Brasil é o país com a maior população católica do mundo - e embora a porcentagem de evangélicos tenha crescido nos últimos anos, os católicos ainda são maioria. No Censo de 2010, 64,4% dos brasileiros disseram seguir a Igreja Católica. Críticas vindas da Santa Sé costumam repercutir politicamente no Brasil. Além disso, o próprio presidente Jair Bolsonaro se declara católico.
Apesar da expectativa de Heleno, o documento preparatório para o Sínodo aborda pontos incômodos para o governo. Chamado oficialmente de "Instrumentum Laboris", o texto de 146 pontos menciona os termos "governo" e "governos" dez vezes. Foi elaborado com consultas às comunidades da região - inclusive com o auxílio de uma organização ligada à Igreja, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Segundo o documento preparatório, as comunidades amazônicas consideram como principais ameaças a seu modo de vida a chegada de madeireiras (legais e ilegais); o assassinato de seus líderes, a caça e a pesca predatórias, a contaminação gerada pelo garimpo e os grandes projetos de infraestrutura - rodovias, ferrovias, portos, entre outros pontos.
"Segundo as comunidades participantes nesta escuta sinodal, a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira especial de empresas extrativistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais (dos próprios indígenas)", diz o ponto 14 do texto, que foi divulgado em meados deste ano.
Henrique da Silveira Sardinha Pinto, o diplomata que representará o Brasil junto à Santa Sé, falou sobre o assunto em sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, no fim de maio.
"O Itamaraty, sim, tem se interessado pelo assunto, tem feito contatos em alto nível na Santa Sé para manifestar a nossa preocupação, o nosso interesse pelo resultado do trabalho que vai ser levado a efeito em Roma. Aguardamos, portanto, com interesse esse resultado", disse ele aos senadores, na ocasião.
"A percepção é a de que nós consideramos que se trata de um evento importante, que chama a atenção do governo, sobretudo, na fase preparatória, na fase mais de base da preparação dos documentos havia conceitos e ideias que preocuparam o governo brasileiro. Isso foi certa forma já expresso por algumas de nossas autoridades", afirmou ele.
Segundo Paulo Fernando Carneiro de Andrade, professor do departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, o sínodo é uma instituição bastante antiga da Igreja. É uma reunião realizada pelo papa com seus bispos de determinada região ou tema, para definir uma estratégia para a Igreja num determinado assunto. É um encontro mais restrito que um concílio - que abrange bispos do mundo todo.
"O papa Francisco tem reforçado a necessidade de termos uma igreja mais sinodal, isto é, com mais participação dos bispos na orientação da igreja", diz ele, que concluiu o doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
A palavra "sínodo" vem de dois termos gregos: "syn", que significa "junto" e "hodos" - "estrada", ou "caminho". Desde que assumiu o comando da Igreja, em março de 2013, Francisco já realizou dois sínodos: um dedicado à família (2015), e outro aos jovens (2018).
De acordo com Andrade, a realização de um sínodo sobre a Amazônia é coerente com os temas dos quais Francisco tratou em sua carta encíclica Laudato Si' ("Louvado Sejas", em italiano). O subtítulo do texto é "Sobre o cuidado da casa comum". No texto, o papa critica uma busca irresponsável do desenvolvimento econômico e o consumismo exagerado - e faz um apelo contra a degradação ambiental e pela luta contra a mudança climática.
"Normalmente, o sínodo segue esta estrutura: ele parte de um documento de trabalho, o 'Instrumentum Laboris', e é concluído com uma série de recomendações, que dizem respeito à atuação da Igreja. O papa pode responder com uma carta apostólica, por exemplo", diz Andrade. Sugestões feitas durante sínodos resultaram em medidas importantes nos papados de Paulo 6º (1963-1978), hoje canonizado, e de João Paulo 2º (1978-2005), acrescenta ele.
Reorganização da Igreja na Amazônia
Além de questões sociais mais amplas, o sínodo sobre a Amazônia também tratará de questões organizativas da Igreja. Um dos pontos mais polêmicos é a possibilidade de ordenar como padres homens mais velhos, especialmente indígenas - mesmo que sejam casados - em regiões remotas. O celibato, isto é, a abstenção de relações sexuais, é exigida dos sacerdotes católicos.
Segundo Paulo Suess - teólogo e padre de origem alemã que foi secretário-geral do Cimi – O Sínodo está focado em questões da organização da Igreja na Amazônia. O protestantismo têm crescido na região, diz ele, e por isso é preciso que os católicos reforcem sua presença entre as comunidades locais.
"Precisamos de uma descentralização urgente, e não é a tecnologia que vai resolver isso. É a multiplicação dos ministérios (pessoas com funções dentro da religião). Se colocamos muitos obstáculos para o acesso aos ministérios, o resultado é que teremos poucos ministros. Isso abre caminho para grupos protestantes que, às vezes, agem sem qualquer respeito pela cultura dos povos", diz ele, que é hoje assessor teológico do Cimi.
O cientista social Luis Ventura é um dos coordenadores do Cimi na região Norte do país - E participou do processo de audiências para o Sínodo. Segundo ele, a consulta às populações amazônicas se estendeu de meados de 2018 até março de 2019. Ao todo, mais de 200 encontros foram realizados em vários países amazônicos.
Segundo ele, o governo federal se reuniu com os responsáveis pela organização do Sínodo em várias ocasiões. "Nunca teve nenhuma negativa (a conversar com as autoridades)". "O sínodo não é convocado para atacar nenhum governo. Foi convocado em 2017. Mas quando a Igreja pensa na sua forma de organização e de presença (na Amazônia), não faz isso de forma distante da realidade. Ela olha para a realidade e para os desafios que estão postos", diz Ventura.
Igreja começou a se afastar de militares nos anos 1970
Embora defenda valores tradicionais em temas como casamento, sexualidade e família, a Igreja Católica, no Brasil, se distanciou há muito tempo de visões consideradas "de direita" em temas como reforma agrária e povos indígenas.
Na tese de doutorado "Amazônia: pensamento e presença militar", a cientista política Adriana Aparecido Marques, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que os militares começaram a se estranhar com a Igreja Católica após a criação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 1972.
Até então, segundo a professora, militares e religiosos trabalhavam em conjunto para "integrar" indígenas à sociedade brasileira, fazendo com que abandonassem sua cultura e incorporassem a língua portuguesa e a fé cristã.
As Forças Armadas consideravam o Catolicismo uma religião "nacional" ao passo que desconfiavam de igrejas evangélicas, vistas como agentes de nações estrangeiras.
Os militares contavam com os missionários católicos para impedir que indígenas na Amazônia deixassem o território brasileiro rumo a países vizinhos, onde missões protestantes vinham oferecendo assistência médica e educacional às comunidades nativas.
A criação do Cimi bagunçou essa lógica. A organização surgiu com o pretexto de preservar a cultura indígena, e não mais catequizar. Padres e missionários católicos passaram a apoiar indígenas em seus pleitos para a demarcação de terras e a expulsão de invasores.
Dois dos principais expoentes do movimento são os bispos eméritos Erwin Krautler, da prelazia do Xingu (PA), e Pedro Casaldáliga, da prelazia de São Félix (MT).
Hoje o órgão diz atuar junto a mais de 180 povos indígenas brasileiros, respeitando o protagonismo dos grupos e "dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade democrática, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural".
A nova postura incomodou militares, que sempre se opuseram à existência do que consideram "enclaves étnicos" dentro do Brasil, temendo a criação de Estados autônomos em áreas indígenas.
O advento do Cimi também gerou atritos entre a igreja e representantes políticos de grandes fazendeiros - animosidade que persiste até hoje.
Teologia da Libertação
Outro fator que afastou a Igreja Católica de parte da direita brasileira foi a difusão da Teologia da Libertação, movimento católico que interpreta a fé cristã à luz de problemas sociais como a pobreza e a desigualdade.
A partir dos anos 1970, o movimento participou da disseminação no Brasil das Comunidades Eclesiais de Base. Esses grupos influenciaram o surgimento de movimentos sociais e partidos políticos que se opunham à ditadura militar, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
A Teologia da Libertação perdeu espaço na Igreja Católica no papado de João Paulo 2º (1978-2005). Em 2017, o papa Francisco disse que o movimento "teve aspectos positivos e desvios".
Segundo o pontífice, os teólogos da libertação erraram ao abordar a realidade de forma marxista, abraçando conceitos como a luta de classes. Fonte: https://epocanegocios.globo.com
Sacerdote nigeriano assassinado ao mediar conflito
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Sacerdote nigeriano assassinado ao mediar conflito
No dia 29 de agosto, padre David Tanko foi parado por homens armados a caminho do povoado de Takum, onde participaria de um encontro para mediar um acordo de paz destinado a por fim ao conflito que opõe as populações Tiv e Jukun.
Cidade do Vaticano
Segundo fontes locais, os criminosos, talvez pertencentes a uma milícia Tiv, depois de terem assassinado o padre Tanko, atearam fogo ao seu corpo e no automóvel.
Firme a condenação do bispo local de Jalingo, Dom Charles Michael Hammawa, que disse esperar que "os autores sejam levados à justiça", ao mesmo tempo que alerta contra qualquer tipo de represália, "o que apenas agravaria a situação".
O funeral do sacerdote - relata a agência Fides - será realizado no dia 2 de setembro, com o sepultamento no dia seguinte, no cemitério diocesano de Jalingo.
Estado de Taraba é palco de uma série de ataques armados
No Estado de Taraba, houve uma série de ataques armados, o mais recente dos quais ocorrido na área de Wukari. Duas pessoas foram mortas enquanto um policial ficou ferido no ataque. Além disso, na Donga Local Government Area (LGA), um estudante da ECWA Seminary School foi morto nas primeiras horas do dia 28 de agosto.
O conflito entre os Tiv e os Jukuns
O conflito entre os Tiv e os Jukuns remonta a 1953 (para outros 1959 ou 1977), entre tréguas e ressurgimentos de focos de violências. Segundo alguns estudos históricos, as duas populações viveram em harmonia até o advento da colonização britânica, quando as autoridades coloniais favoreceram os Jukuns em detrimento dos Tiv, plantando a semente da discórdia que brotou e frutificou até os dias atuais.
O conflito ressurgiu violentamente em 1º de abril
O conflito irrompeu com violência em 1º de abril deste ano, em consequência de uma disputa entre um Tiv e um Jukun no povoado de Kente, área de Wukari, logo degenerado em uma série de ataques às aldeias das duas populações, com mortes e saques. A violência também se espalhou para o Estado vizinho de Benue.
Em julho, os governadores dos dois Estados envolvidos, Benue e Taraba, lançaram um apelo à pacificação, enquanto o Dr. Isaiah Jirapye, presidente da seção local da Associação Cristã da Nigéria (CAN), pediu às partes envolvidas no conflito para dialogarem, afirmando "ter feito os contatos necessários para um diálogo imediato para garantir o fim das hostilidades". (Agência Fides). Fonte: https://www.vaticannews.va
22º Domingo do Tempo Comum: Os Primeiros lugares (Domingo, 1º de setembro-2019)
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“Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 14, 11)
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa
No mês de setembro, dedicado à Bíblia, a Igreja nos convida a dar uma atenção especial à PALAVRA DE DEUS. As leituras bíblicas de hoje nos propõem o caminho da HUMILDADE e da GRATUIDADE...
PRIMEIRA LEITURA (Eclo 3,19-21.30-31)
A 1a Leitura fala da virtude da HUMILDADE, para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz.
SER HUMILDE significa assumir com simplicidade o nosso lugar, sem humilhar os outros com a nossa superioridade. Significa pôr os próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e com amor. Aí está o segredo do êxito e da felicidade.
SEGUNDA LEITURA (Hb 12,18-19.22-24a)
A 2ª Leitura afirma que a vida cristã exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais a humildade, a simplicidade, o amor...
EVANGELHO (Lc 14, 1.7-14)
O Evangelho nos apresenta um episódio freqüente na vida de Jesus: Ele é convidado a um banquete na casa de um fariseu... e aceita... Mas fica profundamente impressionado com duas coisas, que observa: a corrida pelos primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas. E conta duas pequenas PARÁBOLAS:
A 1ª é para os convidados que escolhiam os primeiros lugares: Aquele que ocupou o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor. E Jesus conclui: "Quem se exalta será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado".
A 2ª é para quem convidara: "Quando deres uma refeição, não convides os que poderão te retribuir... Pelo contrário, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos... Terás uma recompensa na ressurreição dos justos..."
Resumindo: Jesus propõe duas atitudes:
Na escolha dos lugares: HUMILDADE... Na escolha dos convidados: GRATUIDADE: Amor sem interesses...
O que Jesus observaria hoje?
Na Sociedade, há ainda hoje pessoas correndo atrás dos primeiros lugares?
Escolhendo o trabalho que lhes dê mais lucro...
Procurando lugares que deem destaque, status e importância;
Preferindo ocupações onde possam ter poder sobre os demais;
Ou ficando decepcionadas, quando ninguém lhes dá o "devido lugar?"
Na Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares?
A Igreja deve ser a comunidade onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado. Mas de fato, é assim?
Ou assistimos às vezes uma corrida desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade de servir…Buscam títulos, honras, homenagens, lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.
Na catequese, que Lucas nos propõe hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se baseiam em "critérios comerciais", mas sim no amor gratuito e desinteressado. Só assim todos, inclusive os que não têm poder, nem dinheiro para retribuir,
terão aí lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.
Como é bonito numa Comunidade, onde há humildade... solidariedade... sintonia entre as diversas lideranças, Pastorais e Movimentos... Não gastaríamos então tantas energias em pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição...
Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares?
E essa corrida é um desejo sincero de serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos? Para garantir os primeiros lugares, podemos fazer uso de qualquer meio?
Quem são os NOSSOS convidados?
Na sociedade de hoje, costuma-se convidar quem garanta lucro... recompensa... poder... fama... posição social... elogios... Jesus nos convida a uma atitude de GRATUIDADE...
Quando prestei um favor a gente simples, sempre gostei de ouvir de uma expressão: "Deus lhe pague!" Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande FIADOR...
Nesse mês de eetembro, você já tem um tempo determinado para dar uma atenção especial à BÍBLIA? "A Bíblia dá suporte à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. A Igreja exorta por isso à frequente leitura, porque a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo". (CCIC 24)
Sábado, 31 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 25,14-30)
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola aos discípulos: 14Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. 15A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. 16Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois. 18Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. 19Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas. 20O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: - Senhor, disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. 21Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 22O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: - Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei. 23Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 24Veio, por fim, o que recebeu só um talento: - Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. 26Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. 27Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. 28Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. 29Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. 30E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
3) Reflexão- Mateus 25,14-30
O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos. Esta parábola está situada entre duas outras parábolas: a parábola das Dez Virgens (Mt 25,1-13) e a parábola do Juízo Final (Mt 25,31-46). As três parábolas esclarecem e orientam as pessoas sobre a chegada do Reino. A parábola das Dez Virgens insiste na vigilância: o Reino pode chegar a qualquer momento. A parábola do Juízo Final diz que para tomar posse do Reino se deve acolher os pequenos. A parábola dos Talentos orienta sobre como fazer para que o Reino possa crescer. Ela fala sobre os dons ou carismas que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
Uma chave para compreender a parábola. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a ideia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava. Para ajudar a estas pessoas, Mateus conta a parábola dos talentos.
Mateus 25,14-15: A porta de entrada na história da parábola
Jesus conta a história de um homem que, antes de viajar, distribuiu seus bens aos empregados, dando-lhes cinco, dois ou um talento, conforme a capacidade de cada um. Um talento corresponde a 34 quilos de ouro, o que não é pouco! No fundo, cada um recebeu igual, pois recebeu “de acordo com a sua capacidade”. Quem tem copo grande, recebe o copo cheio. Quem tem copo pequeno, recebe o copo cheio. Em seguida, o patrão viajou para o estrangeiro e lá ficou por muito tempo. A história tem um certo suspense. Você não sabe com que finalidade o proprietário entregou o seu dinheiro aos empregados, nem sabe como vai ser o fim.
Mateus 25,16-18: O jeito de agir de cada empregado
Os dois primeiros trabalham e fazem duplicar os talentos. Mas o que recebeu um enterrou o dinheiro no chão para guardar bem e não perder. Trata-se dos bens do Reino que são entregues às pessoas e às comunidades de acordo com a sua capacidade. Todos e todas recebemos algum bem do Reino nem todos respondemos da mesma maneira!
Mateus 25,19-23: Prestação de conta do primeiro e do segundo empregado, e a resposta do Senhor
Depois de muito tempo, o proprietário voltou. Os dois primeiros dizem a mesma coisa: “O senhor me deu cinco/dois. Aqui estão outros cinco/dois que eu ganhei!” E o senhor dá a mesma resposta: “Muito bem, servo bom e fiel. Sobre pouco foste fiel, sobre muito te colocarei. Vem alegrar-te com teu senhor!”
Mateus 25,24-25: Prestação de conta do terceiro empregado
O terceiro empregado chega e diz: “Senhor, eu sabia que és um homem severo que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar teu talento no chão. Aqui tens o que é teu!” Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, a severidade do legislador não vai poder castigá-lo. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma e na sua observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida.
Mateus 25,26-27: Resposta do Senhor ao terceiro empregado
A resposta do senhor é irônica. Ele diz: “Empregado mau e preguiçoso! Você sabia que eu colho onde não plantei, e que recolho onde não semeei. Então você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence!” O terceiro empregado não foi coerente com a imagem severa que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus severo daquele jeito, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ou seja, ele sai condenado não por Deus, mas pela ideia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Nem seria possível ele ser coerente com aquela imagem de Deus, pois o medo desumaniza e paralisa a vida.
Mateus 25,28-30: A palavra final do Senhor que esclarece a parábola
O senhor manda tirar o talento e dar àquele que tem dez, “pois a todo aquele que tem será dado, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado”. Aqui está a chave que esclarece tudo. Na realidade, os talentos, o “dinheiro do patrão”, os bens do Reino, são o amor, o serviço, a partilha. É tudo aquilo que faz crescer a comunidade e revela a presença de Deus. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. Mas a pessoa que não pensa em si e se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais. “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la”
A moeda diferente do Reino
Não há diferença entre os que recebem mais e os que recebem menos. Todos têm o seu dom de acordo com a sua capacidade. O que importa é que este dom seja colocado a serviço do Reino e faça crescer os bens do Reino que são amor, fraternidade, partilha. A chave principal da parábola não consiste em fazer render e produzir os talentos, mas sim em relacionar-se com Deus de maneira correta. Os dois primeiros não perguntam nada, não procuram o próprio bem-estar, não guardam para si, não se fecham, não calculam. Com a maior naturalidade, quase sem se dar conta e sem procurar mérito, começam a trabalhar, para que o dom dado por Deus renda para Deus e para o Reino. O terceiro tem medo e, por isso, não faz nada. De acordo com as normas da antiga lei ele estava correto. Manteve-se dentro das exigências. Não perdeu nada e não ganhou nada. Por isso, perdeu até o que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons? Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
2) Como entender a frase: "A todo aquele que tem, será dado mais, e terá em abundância. Mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado"?
5) Oração final
Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos. (Sl 32, 20-21)
Hoje é celebrado o Martírio de São João Batista, decapitado por anunciar a Verdade
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“Na verdade, vos digo, dentre os nascidos de mulher, nenhum foi maior que João Batista”. Assim se referiu Jesus Cristo ao seu primo, o qual morreu decapitado por anunciar a Verdade, fato que é recordado neste dia 29 de agosto, quando a Igreja Católica celebra o Martírio de São João Batista.
Em sua audiência geral de 29 de agosto de 2012, o Papa Bento XVI destacou que João Batista é o único santo na Igreja – além do próprio Jesus Cristo e da Virgem Maria – do qual se celebra tanto o nascimento (24 de junho), como a sua morte, ocorrida através do martírio.
Mas esta memória “remonta à dedicação de uma cripta de Sebaste, em Samaria onde, já em meados do século IV, se venerava a sua cabeça. Depois, o culto se estendeu a Jerusalém, às Igrejas do Oriente e a Roma, com o título de Degolação de São João Batista”, explicou.
O Papa Ratzinger acrescentou que “no Martirológio romano faz-se referência a uma segunda descoberta da preciosa relíquia, transportada naquela ocasião para a igreja de São Silvestre no Campo de Marte, em Roma. Estas breves referências históricas ajudam-nos a compreender como é antiga e profunda a veneração de São João Batista”.
Sobre São João Batista há narrações nos Evangelhos, em particular de Lucas, que fala de seu nascimento, vida no deserto, pregação, e de Marcos, que menciona sua morte.
Pelo Evangelho e pela tradição é possível reconstruir a vida do Precursor. Negou categoricamente ser o Messias esperado, afirmando a superioridade de Jesus, o qual assinalou aos seus seguidores por ocasião do batismo nas margens do Rio Jordão como o Cordeiro de Deus, aquele de quem não era digno de desatar as sandálias.
Sua figura parece ir se desfazendo à medida que vai surgindo “o mais forte”, Jesus. Todavia, “o maior dentre os profetas” não cessou de fazer ouvir a sua voz onde fosse necessária para consertar os sinuosos caminhos do mal.
João Batista reprovou publicamente o comportamento pecaminoso de Herodes Antipas e da cunhada Herodíades, com quem tinha uma relação adúltera. Mas, a suscetibilidade de ambos lhe custou a prisão em Maqueronte, na margem oriental do mar Morto.
O relato da morte de São João Batista está no Evangelho de São Marcos, capítulo 6, versículos 17 a 29, no qual narra o banquete oferecido por Herodes pelo seu aniversário, onde a filha de Herodíades dançou.
Herodes gostou tanto da dança que prometeu a jovem que cumpriria qualquer pedido que ela fizesse. Ela, então, por sugestão de sua mãe, pediu a cabeça de João Batista, que lhe foi entregue em um prato.
Para o Papa emérito, “celebrar o martírio de São João Batista recorda-nos, também a nós cristãos deste nosso tempo, que não se pode comprometer o amor a Cristo, à sua Palavra e à Verdade. A Verdade é a Verdade, não há comprometimentos”.
O Papa Francisco, ao falar sobre a vida de São João Batista em fevereiro de 2015, recordou os “mártires dos nossos dias, aqueles homens, mulheres e crianças que são perseguidos, odiados, expulsos das casas, torturados, massacrados”. O Pontífice sublinhou que esses mártires “terminam sua vida sob a autoridade corrupta de pessoas que odeiam Jesus Cristo”. Fonte: https://www.acidigital.com
Quinta-feira, 29 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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- Martírio de São João Batista -
1) Oração
Ó Deus, quisestes que São João Batista fosse o precursor do nascimento e da morte do vosso Filho; como ele tombou na luta pela justiça e a verdade, fazei-nos também lutar corajosamente para testemunhar a vossa palavra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,17-29)
17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão.19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galileia.22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino.24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista.25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista.26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar.27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere,28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.
3) Reflexão
Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e sua corte.
Marcos 6,17-20. A causa da prisão e do assassinato de João.
Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele mesmo. A preocupação de Herodes era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e no qual se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
Nas entrelinhas, o evangelho de hoje traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!
* Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Sefforis, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos em represália contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha em torno de sete anos de idade. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos mais tarde, quando Jesus tinha seus 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um quisto estranho na Galileia. Era lá que viviam o rei, “os magnatas, os generais e os grandes da Galileia” (Mc 6,21). Era lá que moravam os donos das terras, os soldados, a polícia, os juízes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto do povo. Era lá que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus tenha entrado nessa cidade.
Ao longo daqueles 43 anos do governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fieis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos ou coletores de impostos, militares, policiais, juízes, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de impostos. Outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), o que reflete a aliança que existia entre o poder religioso e poder civil. A vida do povo nas aldeias da Galileia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a raiva dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto em nível local como estadual.
4) Para um confronto pessoal
1-Conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo? Dê um exemplo.
2-Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.
5) Oração final
É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida. Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me. (Sl 70, 1-2)
OLHAR DO DIA: Agostinho
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No Olhar do dia desta quarta-feira 28 de agosto-2019, vamos conhecer um pouco o Santo do Dia-Santo Agostinho? Vamos que vamos!
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