Abusos na Igreja: a carta do Papa aos fiéis
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Francisco escreveu uma carta a todo o Povo de Deus para falar da "vergonha" provocada pelos casos de abusos cometidos na Pensilvânia e pede oração e jejum, além de uma atuação firme das autoridades competentes.
Cidade do Vaticano
«Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele» (1 Co 12, 26). O Papa Francisco se inspirou nas palavras do Apóstolo Paulo para divulgar esta segunda-feira (20/08) uma carta a todo o Povo de Deus a respeito de denúncias de abusos cometidos por parte de clérigos e pessoas consagradas.
Este crime, afirma o Pontífice, “gera profundas feridas de dor e impotência” nas vítimas, em suas famílias e na inteira comunidade de fiéis ou não.
“ A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a proteção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade. ”
Pensilvânia
Francisco cita de modo especial o relatório divulgado nos dias passados sobre os casos cometidos no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
"Sentimos vergonha quando percebemos que o nosso estilo de vida contradisse e contradiz aquilo que proclamamos com a nossa voz”, escreve o Papa. Ele fala ainda de negligência, abandono e arrependimento e cita as palavras do então Cardeal Ratzinger quando, na Via-Sacra de 2005, denunciou a “sujeira” que há na Igreja.
Para o Pontífice, a dimensão e a gravidade dos acontecimentos obrigam a assumir esse fato de maneira global e comunitária.
Solidariedade
Não é suficiente tomar conhecimento do que aconteceu, mas como Povo de Deus, “somos desafiados a assumir a dor de nossos irmãos feridos na sua carne e no seu espírito. Se no passado a omissão pôde tornar-se uma forma de resposta, hoje queremos que seja a solidariedade”.
O Papa explica o que entende por solidariedade: proteger e resgatar as vítimas da sua dor; denunciar tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa; lutar contra todas as formas de corrupção, especialmente a espiritual.
“O chamado de Paulo para sofrer com quem sofre é o melhor antídoto contra qualquer tentativa de continuar reproduzindo entre nós as palavras de Caim: «Sou, porventura, o guardião do meu irmão?» (Gn 4, 9).”
Reconhecimento aos esforços
Francisco reconhece “o esforço e o trabalho que são feitos em diferentes partes do mundo para garantir e gerar as mediações necessárias que proporcionem segurança e protejam a integridade de crianças e de adultos em situação de vulnerabilidade, bem como a implementação da ‘tolerância zero’ e de modos de prestar contas por parte de todos aqueles que realizem ou acobertem esses crimes”.
O Papa reconhece ainda o atraso em aplicar essas medidas e sanções tão necessárias, mas está confiante de que elas ajudarão a garantir uma maior cultura do cuidado no presente e no futuro.
Oração e penitência
O Pontífice faz também um convite a todos os fiéis: oração e penitência.
“ Convido todo o Povo Santo fiel de Deus ao exercício penitencial da oração e do jejum, seguindo o mandato do Senhor, que desperte a nossa consciência, a nossa solidariedade e o compromisso com uma cultura do cuidado e o ‘nunca mais’ a qualquer tipo e forma de abuso. ”
Na raiz desses problemas, Francisco observa um modo anômalo de entender a autoridade na Igreja: clericalismo.
Favorecido tanto pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, o clericalismo “gera uma ruptura no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que denunciamos hoje. Dizer não ao abuso, é dizer energicamente não a qualquer forma de clericalismo”.
Além da oração e do jejum, o Papa chama em causa o sentimento de pertença: “Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos permitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro”.
Atrocidades
Por fim, Francisco usa a palavra “atrocidade”.
“ É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos, e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis. Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros. ”
E através da atitude de oração e penitência, fazer crescer em nós o dom da compaixão, da justiça, da prevenção e da reparação. Fonte: https://www.vaticannews.va
“Tirava o colarinho clerical. Então podia fazer o que queria”
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Vítimas contam ao EL PAÍS a crueza e a impunidade dos crimes sexuais de sacerdotes contra menores na Pensilvânia durante 70 anos. O horror vestia batina.
Mary McHale, aos 17 anos, morria de amores por uma colega de classe. Gostava dela horrores, horrores quase em sentido literal, porque aquilo, em plenos anos oitenta, naquele instituto católico de Reading (Pensilvânia) em que estudava, transformou-a em uma pilha de nervos. E quando a garota em questão correspondeu e começaram a se encontrar às escondidas, já se imaginava a caminho do inferno. Se alguém poderia escutá-la, esse alguém era o padre James Gaffney, seu professor e mentor. Um dia, no confessionário, contou a ele seu segredo. E foi assim que a história da primeira namorada de Mary, que 30 anos depois se lembra perfeitamente, nunca foi a história dessa primeira namorada, mas a história do padre James, hoje totalmente atual, atual também em sentido literal.
“Ele começou a usar meu segredo na hora, me disse que tínhamos de nos encontrar com frequência para trabalhar nisso”, relata McHale, hoje com 46 anos. “Então começamos a nos encontrar, primeiro no colégio e depois em sua paróquia. Costumava me falar de sexo, tocar-me sem motivo, tirava o colarinho clerical e dizia que, quando não o usava, podia fazer o que quisesse. O caso mais grave aconteceu na casa paroquial da igreja de St. Catherine. Quando a secretária saiu, fechou a porta com ferrolho. Tinha me falado que havia um programa que queria trabalhar comigo.”
O “programa” do padre James estava em um envelope grande que guardava outros três menores. “O primeiro envelope pedia que contássemos nossas experiências sexuais, ele foi contando como se masturbava e outras coisas inapropriadas e eu contei as minhas. O segundo dizia: aponte partes do corpo do outro e dê um nome. E fizemos isso. Já era tarde e disse a ele que tinha de ir, mas respondeu que não podíamos, que tínhamos prometido... O terceiro envelope dizia que tínhamos de tirar a roupa e avaliar o corpo do outro. Tentei resistir mas fiz isso. Fiquei de roupa de baixo, me pediu que fosse adiante, me neguei e ele me deixou”.
O relatório publicado esta semana depois de dois anos de investigação sobre abusos sexuais a pelo menos 1.000 crianças ao longo de 70 anos na Igreja da Pensilvânia revelou o colaboracionismo mudo de bispos, cardeais e pessoas dos altos escalões eclesiásticos. De Pittsburgh até Roma, de Reading até o Vaticano. Mas, para Mary, o silêncio machucou de formas mais complexas.
McHale acredita que o sacerdote que assedia e agride sabe o que faz, que procura pessoas com vulnerabilidades e as usa. Na noite do exercício dos envelopes, voltou para casa e não disse nada aos pais. O padre, que tinha trinta e poucos anos, começou a chamá-la constantemente, em sua casa e no trabalho, mas ela resistia. A insistência fez seu pai desconfiar, e acabou contando a ele dos abusos, mas a família não informou a ninguém, nem à paróquia nem à polícia. A própria Mary lhes implorou silêncio porque “tinha medo que revelasse o que tinha lhe confessado, morria de medo que soubessem que eu era gay”.
Logo se mudou para cursar a universidade e Gaffney desapareceu, mas seu abuso a perseguiu como uma sombra. Nos piores momentos, diz, caiu no alcoolismo, mas em 2004 se recuperou. E no mesmo ano, em um dia de trabalho, deparou-se no jornal com a notícia de uma garota que tinha denunciado o padre, então ligou para o jornal e se ofereceu para ajudá-la a depor. O hoje ex-sacerdote —tirou o famoso colarinho clerical para sempre em 2015— figura no relatório que o procurador geral da Pensilvânia apresentou na terça-feira. Outras três jovens também o acusam. É impossível calcular quantas mais pode haver; quantas, como Mary, se calaram durante décadas. Ela continua morando em Reading, com sua esposa. E vive tudo que está acontecendo atualmente, conta, como um desabrochar, como um poder.
Para Phil Saviano, uma das vítimas dos abusos na igreja de Boston, chamou a atenção esses dias a presença feminina no foco da história. “Fiquei feliz de ver que as mulheres agredidas estavam bem representadas na mídia, porque ainda escuto pessoas que acreditam que todo esse assunto é um problema de padres homossexuais que assediam meninos adolescentes, acho que a Igreja tenta distrair a atenção do verdadeiro problema”, explicava esta semana Saviano, a pessoa que um dia se apresentou na redação do Boston Globe com uma caixa cheia de papéis chamando os jornalistas a investigar e a partir daí estourou o grande escândalo, o que o torna um dos principais personagens do filme Spotlight.
“Um predador de crianças”
Se fosse feito um filme do caso da Pensilvânia, o papel de Saviano seria representado por Shaun Dougherty, origem do relatório que o grande júri elaborou durante dois anos e que deu a volta ao mundo esta semana. Há seis anos levou à promotora do distrito de Cambia sua acusação contra George Koharchik. Conheceu o sacerdote em 1980, na paróquia de Saint Clement, em Johnstown, quando tinha 10 anos. Ele era o segundo de uma família de nove filhos e Koharchik seu padre, professor de religião e treinador de basquete. As agressões ocorreram até que fez 13 anos.
“Minha primeira ereção foi com o padre Koharchik. Suas mãos através da roupa, no carro, enquanto dirigia. Estou convencido de que queria saber o dia exato em que me tornei sexualmente maduro”, conta por telefone Dougherthy, de 46 anos. “Usava o esporte para abusar de mim e de outros meninos. Depois de jogar, você sabia que ia abusar de você no chuveiro. Ou no carro. Nos levava aos treinos e costumava me sentar em seu colo para me deixar dirigir. E tocava meu pênis. Se olhasse atravessado, dizia ‘preste atenção na rua’, e você tinha 10 anos, e estava dirigindo enquanto ele o tocava...”. Com o passar do tempo, o padre acabou masturbando-o. Uma vez, no chuveiro, quando já tinha 13 anos, penetrou-o com um dedo. Shaun o olhou com severidade e Koharchik deve ter visto algo diferente no menino porque não voltou a agredi-lo.
Não contou a ninguém até depois dos 20 anos. Quando lhe perguntam por que, explica como algo evidente: “Fui criado como um católico irlandês estrito. Era nosso padre, nosso professor, você é ensinado a obedecê-los. Dizem: ‘Façam o que fizerem, são homens de Deus”. Quando este e outros casos chegaram ao procurador geral, Shaun foi depor e o grande júri começou a investigar. Em agosto de 2015, a polícia revistou a sede da diocese de Johnstown e encontrou mais de 100.000 documentos arquivados cheios de denúncias. A história de Dougherthy não faz parte do relatório publicado esta semana, mas de outro levado a público em 2016, correspondente a esta diocese. Nele Koharchik é definido como um “predador de crianças”.
O sacerdote continua na cidade e Dougherthy, proprietário de um restaurante em Long Island, vive entre Nova York e a Pensilvânia. Quando lhe perguntam como conseguiu seguir em frente, nega. “Esta é uma luta da vida inteira. Um dia você está bem, no outro, mal. Um dia muito bem, no outro dia, muito mal”.
A luta que une muitas vítimas é a de uma mudança legislativa que acabe com a limitação temporal na hora de levar um agressor sexual aos tribunais. O congressista democrata do Estado, Mark Rozzi, vítima ele mesmo de abusos por parte de um clérigo, está liderando a iniciativa. Mary McHale e Shaun Dougherthy não podem denunciar os seus. Na Pensilvânia, as pessoas que sofreram abusos quando crianças podem entrar com uma ação civil até 12 anos depois da maioridade, ou seja, até fazerem 30 anos, enquanto que a via penal está aberta até fazerem 50. Assim, muitos afetados não podem recorrer aos tribunais por esta causa, mas servirá para que não façam novas vítimas.
Como aconteceu a Mary McHale, Jim Vansickle leu o nome de seu agressor, David Paulson, muitos anos depois em uma notícia no jornal. Foi este ano, porque tinham voltado a acusá-lo. “Revivi durante uma semana esses 37 anos de silêncio e frustração e decidi que tinha de ajudar esses meninos, é o que fiz de mais difícil na vida, em março saí e contei minha história.”
Foto de adolescente de Jim Vansickle junto ao anuário e o relatório do grande júri. A. M.
Em sua casa em Coraopolis, a meia hora de Pittsburgh, guarda seu anuário, de 1981, e uma fotografia de um adolescente com muito cabelo que sorri inocente. Apesar dessa expressão, a foto corresponde a uma época difícil. “Minha avó tinha morrido, meu pai estava nos primeiros estágios do lúpus e, como não podia trabalhar, começamos a ter problemas financeiros. Eu era um cachorro perdido e procurava alguém que me guiasse e conheci Paulson, tinha acabado de sair do seminário, era meu professor de inglês e me tornou capitão da equipe de xadrez”, relata.
Então o sacerdote se tornou seu mentor, seu amigo, seu guia, a pessoa mais próxima de sua vida, a quem confiava tudo e a quem consultava sobre tudo. Começaram então os toques desnecessários, o álcool, os abraços inoportunos. Durou três anos. Uma vez o levou para a excursão a um santuário de Fátima em Ohio e reservou quarto em um hotel. No quarto, depois de brincar de luta livre com ele sobre a cama, Paulson tentou estuprá-lo, mas Jim acabou se liberando. “Então rompi a relação com ele e foi devastador, fiquei sozinho e foi um conflito, porque estava feliz que desaparecesse, mas ao mesmo tempo gostava dele por tudo que tinha feito por mim”. Logo Jim foi para a universidade e o padre David foi muitas vezes visitá-lo, oferecendo-lhe dinheiro, sabendo de suas dificuldades. Um dia, lhe deu um carro de presente. No outro, se apresentou com um novo jovem e acabou desaparecendo de sua vida.
Paulson mora na Pensilvânia e no outono o julgamento o espera. Vansikcle trabalha como tutor de jovens em sua passagem da escola para a universidade. Dedica-se a assessorá-los e guiá-los. Mas tem uma norma: “Nunca fico com a criança, sempre com um familiar adulto em casa. Não quero ficar sozinho com eles. Faço isso para protegê-los e para me proteger.”
UMA INVESTIGAÇÃO DE UM MILHÃO DE DOCUMENTOS
A Pensilvânia não representa o marco zero dos abusos sexuais a menores de idade no seio da igreja. Mas é o Estado que fez a maior investigação do sistema e publicou os resultados em vários relatórios. O desta semana cobre os fatos de seis das oito dioceses (Allentown, Erie, Greensburg, Harrisburg, Pittsburgh e Scranton), já que as investigações das da Filadélfia e Johnstown tinham sido divulgadas antes. Assim, o número de 300 sacerdotes envolvidos em abusos contra pelo menos mil crianças é sem dúvida baixo.
O grande júri passou dois anos investigando, repassando em torno de meio milhão de documentos, e ouvindo o relato de dezenas e dezenas de vítimas, como John Vansickle e Shaun Dougherthy. O mecanismo de acobertamento não consistia apenas em calar sobre as denúncias, mas em persuadir as vítimas de que não recorressem às autoridades e em pressionar a polícia e a justiça para que também esquecessem o assunto. Segundo publicou o jornal Pittsburgh Post-Gazette, as dioceses de Greensburg e Harrisburg tentaram impedir a investigação do grande júri, mas o juiz os enfrentou. Na terça-feira, tudo se tornou público. O bispo de Pittsburgh, David Zubik, pediu perdão. O Vaticano chamou os agressores de criminosos. As vítimas querem vê-los na prisão. Fonte: https://brasil.elpais.com
Homossexuais no Clero e o alerta do Papa
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"As declarações do papa podem gerar uma imagem de homofobia e intolerância. Porém, é preciso entendê-las". O comentário é de Luís Corrêa Lima, sacerdote jesuíta e professor do Departamento de Teologia da PUC-Rio, que trabalha com pesquisa sobre diversidade sexual e de gênero, e no acompanhamento espiritual de pessoas LGBT.
Eis o artigo.
Há poucos meses, o Papa Francisco esteve reunido com os bispos da Itália, tratando da crise de vocações sacerdotais e religiosas, da transparência e sobriedade na gestão de bens, e da fusão de dioceses. Após uma alocução estimulante, câmeras foram tiradas do recinto, jornalistas saíram, portas se fecharam e teve início uma conversa franca entre o Papa e o episcopado italiano. Então, ele teria convidado os bispos a um atento discernimento sobre candidatos homossexuais ao sacerdócio, pois os que têm estas tendências "profundamente enraizadas" e a prática de "atos homossexuais" podem comprometer a vida do seminário, a do próprio jovem, seu futuro sacerdócio e gerar escândalos. E teria alertado: "Se vocês tiverem a menor dúvida, é melhor não os deixar entrar".
Estas prováveis declarações do papa podem gerar uma imagem de homofobia e intolerância. Porém, é preciso entendê-las à luz do ensinamento da Igreja a este respeito, que tem sutilezas importantes. Nesta questão, o pontificado de Francisco tem reiterado as posições de uma Instrução de seu antecessor Bento XVI, de 2005: a Igreja não deve admitir ao seminário e à ordenação aqueles que “praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay”. Estas pessoas encontram-se numa situação de grave obstáculo a um correto relacionamento com homens e mulheres.
Segundo a mesma Instrução, compete à Igreja definir os requisitos necessários para a ordenação e chamar os que ela julgar qualificados. No rito latino se supõe o compromisso do celibato; nos ritos orientais, ou o celibato ou um matrimônio (heterossexual) bem consolidado. O candidato ao sacerdócio deve atingir a maturidade afetiva que o torne capaz de estabelecer uma correta relação com homens e mulheres. E com esta maturidade, deve desenvolver uma paternidade espiritual em relação à comunidade que lhe será confiada. Cabe ao bispo ou ao superior religioso chamar à ordenação, depois de ouvir os encarregados da formação (1).
Como a questão remete aos bispos locais e aos superiores religiosos, alguns deles fizeram na época importantes pronunciamentos, permitindo compreensões mais matizadas e flexíveis da questão. O então presidente da Conferência Episcopal Alemã, cardeal Karl Lehmann, afirmou que se deve entender por tendências homossexuais profundamente radicadas não quaisquer tendências pelo mesmo sexo, mas aquelas que são um grave obstáculo a uma correta relação com homens e mulheres. Seguindo esta interpretação, também as tendências heterossexuais profundamente enraizadas são um grave obstáculo.
O ex-superior geral dos dominicanos, Timothy Radcliffe, trabalhou em todo o mundo com bispos e padres, diocesanos e religiosos. Ele afirmou não ter dúvidas de que Deus chama homossexuais ao sacerdócio. E afirma que eles estão entre os sacerdotes mais dedicados e impressionantes que encontrou. Por isso, nenhum sacerdote que esteja convencido de sua vocação deve se sentir classificado pelo documento como incapaz. E pode-se presumir que Deus continuará chamando ao sacerdócio tanto homossexuais como heterossexuais, porque necessita dos dons de ambos.
Quanto à “cultura gay”, Radcliffe diz que seminaristas e sacerdotes não devem frequentar bares gays e que seminaristas não devem desenvolver uma subcultura gay. Qualquer subcultura sexual, gay ou hétero, é incompatível com o celibato. Mas apoiar a cultura gay significa apenas isto? Interroga-se ele. A Instrução afirma que a Igreja deve se opor à discriminação injusta contra os homossexuais, assim como ela se opõe à discriminação racial. Isto significa, então, que todos os sacerdotes devem estar preparados para se colocarem ao lado dos gays caso eles sofram opressão. E serem vistos do lado deles. A sociedade, diz ele, tem obsessão por sexo, e a Igreja deveria oferecer um modelo de sã e não compulsiva aceitação da sexualidade. O Catecismo do Concilio de Trento ensina que o sacerdote deve tratar de sexo “de preferência com moderação do que com excesso”. Deveria haver mais atenção a quem os seminaristas podem odiar do que a quem eles amam. Racismo, misoginia e homofobia deveriam indicar que alguém pode não ser modelo de Cristo (2).
A Conferência dos Bispos Suíços também se pronunciou sobre a orientação sexual e a admissão ao sacerdócio:
“Nós somos profundamente gratos a todos os padres que vivem sua vocação com grande fidelidade. Nós temos consciência de que em nosso colégio presbiteral e nos nossos seminários vivem coirmãos com orientação heterossexual e outros com orientação homossexual. Nós respeitamos cada um como homem e coirmão. Nós decidimos viver a castidade independentemente de nossa orientação sexual. Por isso, no âmago de nossas reflexões sobre o acesso ao sacerdócio, não há questão de orientação sexual, mas a disponibilidade de seguir Cristo de maneira coerente” (3).
Portanto, a recepção da Instrução romana estimulou uma fidelidade criativa em alguns segmentos da Igreja. A reflexão se aprofundou, os conceitos foram matizados e se abriram caminhos, com um apreço maior pela pessoa homossexual.
Em 2007, a Cúria Romana publicou Orientações sobre o uso da psicologia na admissão e na formação de candidatos ao sacerdócio. A formação para o sacerdócio é compreendida como uma configuração a Cristo, o bom pastor. Nesta formação, deseja-se cultivar motivações espirituais e buscar um equilíbrio humano e afetivo, para que haja liberdade interior na relação com os fiéis. O uso da psicologia através de testes e de psicoterapia é recomendado em certas circunstancias, mas não é obrigatório. O caminho formativo deve ser interrompido no caso de o candidato, apesar do seu empenho e do apoio psicológico, ser incapaz de “enfrentar de modo realista” suas graves imaturidades. Entre estas, são mencionadas: forte dependência afetiva, notável falta de liberdade nas relações, excessiva rigidez de caráter, falta de lealdade, identidade sexual incerta e tendências homossexuais fortemente enraizadas. O mesmo vale no caso de excessiva dificuldade com o celibato, “vivido como uma obrigação tão penosa a ponto de comprometer o equilíbrio afetivo e relacional” (4).
Note-se que a tendência homossexual, ainda que classificada como grave imaturidade, não é causa de impedimento ao sacerdócio, mas a incapacidade de se lidar com isto de maneira adequada. A restrição da Instrução de 2005 foi amenizada. E, seja quem for o candidato, ele não deve viver a castidade no celibato a qualquer preço, sacrificando seu equilíbrio emocional. Esta norma é sabia e muito oportuna também para religiosos e fiéis leigos. Mas, em meio a tais notícias e controvérsias, a autoestima de candidatos, seminaristas, sacerdotes e religiosos com orientação homossexual pode ser bastante golpeada.
Na alocução aos bispos italianos, o Papa Francisco afirmou que a Igreja deve ser mãe e fez esta oração: “que Maria, nossa Mãe, nos ajude a fim de que a Igreja seja mãe” (5). É preciso ajudar a Igreja nesta missão tão nobre e amorosa. Seus filhos têm um inegável potencial a ser oferecido, que jamais deve ser desperdiçado. Mas também podem ter feridas e exigir cuidados que não devem ser negligenciados. Só assim a missão materna da Igreja pode ter êxito. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
VOCAÇÃO E PACIÊNCIA: Frei Petrônio
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*DOMINGO 19: 20º Domingo do Tempo Comum – Ano B
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Tema
A liturgia do 20º Domingo do Tempo Comum repete o tema dos últimos domingos: Deus quer oferecer aos homens, em todos os momentos da sua caminhada pela terra, o “pão” da vida plena e definitiva. Naturalmente, os homens têm de fazer a sua escolha e de acolher esse dom.
No Evangelho, Jesus reafirma que o objetivo final da sua missão é dar aos homens o “pão da vida”. Para receber essa vida, os discípulos são convidados a “comer a carne” e a “beber o sangue” de Jesus – isto é, a aderir à sua pessoa, a assimilar o seu projeto, a interiorizar a sua proposta. A Eucaristia cristã (o “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus) é um momento privilegiado de encontro com essa vida que Jesus veio oferecer.
EVANGELHO – JO 6,51-58. ATUALIZAÇÃO
Nas semanas anteriores, a liturgia disse-nos, repetidamente, que Jesus era o “pão descido do céu para dar vida ao mundo”… O Evangelho deste domingo liga esta afirmação com a Eucaristia: uma das formas privilegiadas de Jesus continuar presente, no tempo, a “dar vida” ao mundo é através do “pão” que Ele distribui à mesa da Eucaristia. A Eucaristia que as comunidades cristãs celebram cada domingo (ou mesmo cada dia) não é um rito tradicional a que “assistimos” por obrigação, para acalmar a consciência ou para cumprir as regras do “religiosamente correto”; mas é um encontro com esse Cristo que Se faz “dom” e que vem ao nosso encontro para nos oferecer a vida plena e definitiva. Como é que eu “sinto” a Eucaristia? Que importância é que ela assume na minha vida e na minha existência cristã?
Participar no encontro eucarístico, “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus é encontrar-se, hoje, com esse Cristo que veio ao encontro dos homens e que tornou presente na sua “carne” (na sua pessoa física) uma vida feita amor, partilha, entrega, até ao dom total de si mesmo na cruz (“sangue”). Participar no encontro eucarístico, “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus, é acolher, assimilar e interiorizar essa proposta de vida, aceitar que ela é um caminho para a felicidade, para a realização plena do homem, para a vida definitiva.
Sentar-se à mesa da Eucaristia é também identificar-se com Jesus, viver em união com Ele. Na Eucaristia, o alimento servido é o próprio Cristo. Por isso, é a própria vida de Cristo que passa a circular nas veias dos crentes. Quem acolhe essa vida que Jesus oferece torna-se, portanto, um com Ele. Comer cada domingo (ou cada dia) à mesa com Jesus desse alimento que Ele próprio dá e que é a sua pessoa, leva os crentes a uma comunhão total de vida com Jesus e a fazer parte da família do próprio Jesus. Convém termos consciência desta realidade: celebrar a Eucaristia é aprofundarmos os laços familiares que nos unem a Jesus, identificarmo-nos com Ele, deixarmos que a sua vida circule em nós. Este crente, identificado com Cristo, torna-se uma pessoa nova, à imagem de Cristo.
Na concepção judaica, a partilha do mesmo alimento à volta da mesa gera entre os convivas familiaridade e comunhão. Assim, os crentes que participam da Eucaristia passam a ser irmãos: em todos circula a mesma vida, a vida do Cristo do amor total. Dessa forma, a participação na Eucaristia tem de resultar no reforço da comunhão dos irmãos. Uma comunidade que celebra a Eucaristia e que vive depois na divisão, no ciúme, no conflito, no orgulho, na autossuficiência, na indiferença para com as dores e as necessidades dos irmãos, é uma comunidade que não está a ser coerente com aquilo que celebra; e, nesse caso, a celebração eucarística é uma incoerência e uma mentira.
Finalmente, o “comer a carne” e “beber o sangue” de Jesus implica um compromisso com esse mesmo projeto que Jesus procurou concretizar em toda a sua vida, em todos os seus gestos, em todas as suas palavras.
Como Jesus, o crente que celebra a Eucaristia tem de levar ao mundo e aos homens essa vida que aí recebe… Tem de lutar, como Jesus, contra a injustiça, o egoísmo, a opressão, o pecado; tem de esforçar-se, como Jesus, por eliminar tudo o que desfeia o mundo e causa sofrimento e morte; tem de construir, como Jesus, um mundo de liberdade, de amor e de paz; tem de testemunhar, como Jesus, que a vida verdadeira é aquela que se faz amor, serviço, partilha, doação até às últimas consequências. Se a Eucaristia for, de facto, uma experiência profunda e sentida de adesão a Cristo e ao seu projeto, dela resultará o imperativo de uma entrega semelhante à de Cristo em favor dos nossos irmãos e da construção de um mundo novo.
*LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA, CLIQUE AO LADO NO LINK- EVANGELHO DO DIA.
VOCAÇÃO E MEDO: Frei Petrônio
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VOCAÇÃO E MISSÃO: Frei Petrônio
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Para sempre ou enquanto durar
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Que a Igreja e seu povo estejam em caminho no espaço e no tempo, em direção a novas fronteiras de cooperação entre consagrados e laicos, homens e mulheres, de acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Chiara D'Urbano, é inegável, também por causa da redução do número de sacerdotes e religiosos que favoreceu o movimento de abertura, por parte de muitas realidades carismáticas, da suas próprias casas. O comentário é de Giacomo Galeazzi, jornalista, publicado por Vatican Insider, 04-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
As histórias de vocações ficaram sobrecarregadas por um longo tempo, na opinião de Chiara D'Urbano, por uma linguagem e um estilo de acompanhamento que as distanciou dos dinamismos humanos e, especialmente, do bem-estar da pessoa, como se a "chamada" de Deus estivesse em competição com seus desejos mais profundos.
Se Deus e o homem desejam a mesma coisa é possível considerar uma vocação como um processo espiritual e psicológico juntos, que exige pressupostos de um e do outro "lado". As duas dimensões, de fato, embora sejam autônomas, têm correspondências entre si e não há realização de fé onde faltam os pressupostos psicológicos para a vida que está começando a ser realizada.
A intuição espiritual deve ser sustentada, adverte Chiara D'Urbano, por uma estrutura psicológica adequada e uma não pode existir sem a outra.
A análise dos processos psicológicos que sustentam uma escolha sacerdotal ou de vida em comum - como nasce, como se desenvolve, como amadurece ou como trava - tem vários objetivos: reduzir os mitos que cercam a vocação, refletir sobre a vida em comum no terceiro milênio (ainda faz sentido?) e finalmente reunir vocação e felicidade.
Os argumentos que Chiara D'Urbano selecionou no livro "Per sempre o finchè dura(Para sempre ou enquanto dura)", são o resultado, explica Antonio Panfili no prefácio da obra, "de uma sólida experiência, adquirida através de seus estudos na Pontifícia Universidade Gregoriana, da considerável experiência adquirida ao longo do tempo, através do ensino e de encontros de formação em vários seminários e congregações religiosas, e principalmente da extensa atividade clínica que transparece na forma intensa com que enfrenta as diversas temáticas."
Panfili compartilha a "perspectiva calma e encorajadora com que Chiara D'Urbanoescreve sobre o caminho que, como ela esboçou, não reduz a vocação apenas a dinâmicas psicológicas ou apresentação de pessoas sem defeitos; ao contrário, o ser humano é visto como uma unidade, por isso pensar que seja possível cuidar apenas do aspecto mais específico da fé, como se o resto viesse como consequência, significaria não olhar forma completa e realista o ser humano”.
A autora há muitos anos aproxima na formação e no acompanhamento psicoterapêutico, os percursos individuais daqueles que escolhem dedicar-se a Deus pelo ministério, pastoral, vida comunitária, o compromisso com o apostolado ou com a missão, e aqueles de sua realidade de pertencimento.
Chiara D'Urbano é perita dos Tribunais do Vicariato de Roma, colabora na pesquisa e no ensino com o instituto de ensino superior sobre a mulher da Universidade Pontifícia Regina Apostolorum. Para o site da editora Città Nuovaassina uma coluna on-line sobre a vida em comum e cuida de um blog sobre a vida consagrada. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
14 DE AGOSTO: São Maximiliano Maria Kolbe- O Santo do Dia.
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SOLENE RITO DE CANONIZAÇÃO DE SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE
HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II
Praça de São Pedro
Domingo, 10 de Outubro de 1982
"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos" (Jo15, 13).
A partir de hoje a Igreja deseja chamar "Santo" um homem a quem foi concedido realizar de maneira absolutamente literal as referidas palavras do Redentor.
De facto, no final de Julho de 1941, quando por ordem do chefe do campo foram colocados em fila os prisioneiros destinados a morrer de fome, este homem, Maximiliano Maria Kolbe, apresentou-se espontaneamente, declarando-se pronto a morrer em substituição a um deles. Esta disponibilidade foi acolhida, e ao Padre Maximiliano, após mais de duas semanas de tormentos por causa da fome, foi enfim tirada a vida com uma injecção mortal, a 14 de Agosto de 1941.
Tudo isto ocorreu no campo de concentração de Auschwitz, onde foram levadas à morte durante a última guerra cerca de quatro milhões de pessoas, entre as quais também a Serva de Deus Edite Stein (a carmelitana Irmã Teresa Benedita da Cruz), cuja causa de Beatificação está em andamento junto da competente Congregação. A desobediência a Deus, Criador da vida, que disse "não matarás", causou nesse lugar o imenso morticínio de tantos inocentes Contemporaneamente, então, a nossa época permaneceu assinalada de maneira tão horrível pelo extermínio do homem inocente.
- Padre Maximiliano Kolbe, sendo também ele um prisioneiro do campo de concentração, reivindicou, em lugar da morte, o direito à vida de um homem inocente, um dos quatro milhões. Este homem (Franciszek Gajowniczek) vive ainda e está presente entre nós. Padre Kolbe reivindicou em favor dele o direito à vida, ao declarar a disponibilidade de morrer em lugar dele, porque era um pai de família e a sua vida era necessária aos seus entes queridos. Padre Maximiliano Maria Kolbe reafirmou assim o direito exclusivo do Criador à vida do homem inocente e deu testemunho a Cristo e ao amor. Escreve de facto o apóstolo João: "Nisto conhecemos a caridade: Ele (Jesus) deu a Sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos" (1Jo3, 16).
Dando a sua vida por um irmão, Padre Maximiliano, que a Igreja já desde 1971 venera como "beato", de modo particular tornou-se semelhante a Cristo.
- Nós, portanto, que hoje, domingo 10 de Outubro, nos reunimos diante da basílica de São Pedro em Roma, desejamos exprimir o especial valor que aos olhos de Deus tem a morte por martírio do Padre Maximiliano Kolbe:
"É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus fiéis" (Sl 115/116 15), assim repetimos no salmo responsorial. Verdadeiramente é preciosa e inestimável! Mediante a morte que Cristo sofreu na Cruz completou-se a redenção do mundo pois esta morte tem o valor do amor supremo. Mediante a morte, sofrida pelo Padre Maximiliano Kolbe, um límpido sinal deste amor foi renovado no nosso século, que em grau tão elevado e de múltiplos modos é ameaçado pelo pecado e pela morte.
Eis que, nesta solene liturgia da canonização, parece apresentar-se entre nós aquele "mártir do amor" de Oswiecim (como o chamou Paulo VI) e dizer: "eu sou Vosso servo, Senhor, sou Vosso servo nascido da Vossa serva, a quem quebrastes as cadeiras" (Sl 115/116, 16).
E, quase recolhendo num só o sacrifício de toda a sua vida, ele, sacerdote e filho espiritual de São Francisco, parece dizer: "Que darei eu ao Senhor por todos os Seus benefícios?
Elevarei o cálice da salvação invocando o nome do Senhor" (Sl 115/116, 12 s.). São, estas, palavras de gratidão. A morte sofrida por amor, em lugar do irmão, é um ato heróico do homem mediante o qual, juntamente com o novo Santo, glorificamos a Deus. D'Ele de facto provém a Graça de tal heroísmo, deste martírio.
- Glorificamos portanto, hoje, a grande obra de Deus no homem. Diante de todos nós, aqui reunidos, Padre Maximiliano Kolbe eleva o seu "cálice da salvação", no qual está contido o sacrifício de toda a sua vida, ratificada com a morte de mártir "por um irmão".
Para este definitivo sacrifício, Maximiliano preparou-se seguindo a Cristo desde os primeiros anos da sua vida na Polónia. Daqueles anos provém o misterioso sonho de duas cordas: uma branca e outra vermelha, entre as quais o nosso santo não escolhe, mas aceita as duas. Desde os anos da juventude, de facto, permeava-o um grande amor por Cristo e o desejo do martírio.
Este amor e este martírio acompanharam-no na vocação franciscana e sacerdotal, para a qual se preparava tanto na Polónia como em Roma. Este amor e este desejo seguiram-no através de todos os lugares do serviço sacerdotal e franciscano na Polónia, e também do serviço missionário no Japão.
- A inspiração de toda a sua vida foi a Imaculada, à qual confiava o seu amor por Cristo e o seu desejo de martírio. No mistério da Imaculada Conceição manifestava-se diante dos olhos da sua alma aquele mundo maravilhoso e sobrenatural da Graça de Deus oferecida ao homem. A fé e as obras de toda a vida do Padre Maximiliano indicam que ele entendia a sua colaboração com a Graça divina como uma milícia sob o sinal da Imaculada Conceição. A característica marianaé particularmente expressiva na vida e na santidade do Padre Kolbe. Com esta característica foi marcado também todo o seu apostolado, tanto na Pátria como nas missões. Na Polônia e no Japão foram centro deste apostolado as especiais cidades da Imaculada ("Niepokalanow" polaco, "Mugenzai no Sono" japonês).
- Que aconteceu no Bunker da fome no campo de concentração em Oswiecim (Auschwitz), a 14 de Agosto de 1941?
A isto responde a presente liturgia: "Deus provou" Maximiliano Maria "e achou-o digno de Si" (cf. Sab 3, 5). Provou-o "como ouro na fornalha e aceitou-o como holocausto" (cf. Sab 3, 6).
Embora "aos olhos dos homens tenha sido atormentado", todavia "a sua esperança está cheia de imortalidade", pois "as almas dos justos estão na mão de Deus e nenhum tormento as tocará". E quando, humanamente falando, lhes chegam o tormento e a morte, quando "aparentemente estão mortos aos olhos dos insensatos...", quando "a sua saída deste mundo é considerada uma desgraça...", "eles estão em paz": eles experimentam a vida e a glória "na mão de Deus" (cf. Sab 3, 1-4).
Tal vida é fruto da morte à semelhança da morte de Cristo. A glória é a participação na Sua ressurreição.
Que aconteceu, então, no Bunker da fome, no dia 14 de Agosto de 1941?
Cumpriram-se as palavras dirigidas por Cristo aos Apóstolos para que "fossem e dessem fruto e o seu fruto permanecesse" (cf. Jo15, 16).
De modo admirável perdura na Igreja e no mundo o fruto da morte heróica de Maximiliano Kolbe!
- Para quanto ocorreu no campo de "Auschwitz" olhavam os homens. E embora aos olhos deles devesse parecer que "tivesse morrido" um companheiro de tormento, e de maneira humana pudessem considerar "a sua saída" como "uma desgraça", todavia na consciência deles esta não era simplesmente "a morte".
Maximiliano não morreu, mas "deu a vida... pelo irmão".
Manifestava-se nesta morte, terrível sob o ponto de vista humano, toda a definitiva grandeza do acto humano e da escolha humana: ele, por amor, ofereceu-se espontaneamente à morte.
E nesta sua morte humana manifestava-se o transparente testemunho dado a Cristo: o testemunho dado em Cristo à dignidade do homem, à santidade da sua vida e à força salvífica da morte, na qual se manifesta o poder do amor.
Precisamente por isto a morte de Maximiliano Kolbe se tornou um sinal de vitória. Foi esta a vitória alcançada sobre o inteiro sistema do desprezo e do ódio para com o homem e o que é divino no homem, vitória semelhante àquela obtida por Nosso Senhor Jesus Cristo no Calvário.
"Vós sereis Meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando" (Jo 15,14).
- A Igreja aceita este sinal de vitória, obtida mediante a força da Redenção de Cristo, com veneração e gratidão. Procura decifrar a sua eloquência com toda a humildade e amor.
Como sempre, quando proclama a santidade dos seus filhos e das suas filhas, assim também neste caso, ela procura agir com toda a precisão e a responsabilidade devidas, penetrando em todos os aspectos da vida e da morte do Servo de Deus.
Todavia a Igreja deve, ao mesmo tempo, estar atenta, entendendo o sinal da santidade dado por Deus no seu Servo terreno, para não deixar perderem-se a sua plena eloquência e o seu significado definitivo.
E por isso, ao julgar a causa do Beato Maximiliano Kolbe tiveram de ser tomadas em consideração — já depois da beatificação — as inúmeras vozes do Povo de Deus, e sobretudo dos nossos Irmãos no episcopado, tanto da Polônia como também da Alemanha, que pediam fosse Maximiliano Kolbe proclamado santo como mártir.
Diante da eloquência da vida e da morte do Beato Maximiliano, não se pode não reconhecer o que parece constituir o principal e essencial conteúdo do sinal dado por Deus à Igreja e ao mundo na sua morte.
Não constitui esta morte enfrentada espontaneamente, por amor ao homem, um particular cumprimento das palavras de Cristo?
Não torna ela Maximiliano particularmente semelhante a Cristo, Modelo de todos os Mártires, que na Cruz dá a própria vida pelos irmãos?
Não possui precisamente tal morte uma especial e penetrante eloquência para a nossa época?
Não constitui ela um testemunho particularmente autêntico da Igreja no mundo contemporâneo?
- E por isso, em virtude da minha autoridade apostólica decretei que Maximiliano Maria Kolbe, venerado que era como Confessor a partir da Beatificação, fosse de agora em diante venerado também como Mártir!
"É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus fiéis!". Amém.
Fonte: https://w2.vatican.va
Dioceses vacantes no Brasil aguardam nomeação de novo bispo
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Desde agosto do ano passado, doze novos bispos foram nomeados para a Igreja no Brasil, além de transferências de prelados para outras dioceses. Mesmo assim, ainda há 14 Igrejas Particulares vacantes, num universo de 277 circunscrições eclesiásticas. A diocese de Carolina (MA) é a que aguarda há mais tempo, desde julho do ano passado.
Renúncia, transferência, falecimento ou perda de ofício são alguns dos motivos que podem tornar uma sede vacante, expressão oriunda do latim que significa trono vazio e que é usada pela Igreja para dizer que uma Sede Episcopal está sem o seu ocupante no governo pastoral. Neste período, a Igreja Particular fica aos cuidados de um administrador diocesano, eleito pelo Colégio de Consultores, que pode desempenhar algumas funções limitadas pelo Código de Direito Canônico; ou por um administrador apostólico, um bispo nomeado pelo papa.
A eleição dos bispos
Padre Djalma Lopes de Siqueira, da diocese de São José dos Campos, explica que a escolha de um novo bispo se dá através de um longo e criterioso processo que se inicia na Nunciatura Apostólica de cada país. Na sequência, é encaminhado para a Congregação para os Bispos, no Vaticano, até chegar ao papa, a quem compete a nomeação dos bispos.
“Neste processo se busca obter através de consultas, sob segredo pontifício, a opinião de muitas pessoas para se chegar ao máximo de informações pertinentes acerca dos candidatos. Isto demonstra o quanto a Igreja tem consciência da importância da nomeação dos bispos. Muitas pessoas investem muitos anos de suas vidas e ministérios na dedicação a este serviço eclesial”, conta.
Período de Oração
Neste tempo de espera, muitos aproveitam para intensificar as orações para a escolha de um novo pastor para guiar aquela porção do povo de Deus.
Confira as 14 dioceses vacantes até esta data na Igreja no Brasil:
1-Apucarana (PR), vacante desde 13 de dezembro de 2017, quando dom Celso Antônio Marchiori foi nomeado bispo de São José dos Pinhais (PR).
2-Bagé (RS), vacante desde a acolhida do pedido de renúncia de dom Gílio Felício, em 6 de junho de 2018.
3-Bonfim (BA), vacante desde o dia 3 de janeiro de 2018, quando dom Francisco Canindé Palhano foi nomeado o novo bispo da diocese de Petrolina (PE)
4-Cachoeira do Sul (RS), vacante desde o falecimento de dom Remídio Bohn, em 6 de janeiro de 2018.
5-Campinas (SP), vacante desde a nomeação de dom Airton José dos Santos para a arquidiocese de Mariana (MG), em 25 de abril de 2018.
6-Carolina (MA), vacante desde que o Papa Francisco aceitou a renúncia de dom José Soares Filho, em 5 de julho de 2017.
7-Guanhães (MG), vacante desde a acolhida do pedido de renúncia apresentado por dom Jeremias Antônio de Jesus, em 4 de junho. A diocese está sob os cuidados de um administrador apostólico: o arcebispo metropolitano de Diamantina, dom Darci José Nicioli, desde 4 de julho.
8-Ipameri (GO), vacante desde 7 de fevereiro de 2018, quando dom Guilherme Antônio Werlang foi nomeado para a diocese de Lages (SC).
9-Eparquia de Nossa Senhora do Paraíso em São Paulo dos Greco-Melquitas, vacante desde fevereiro, quando o Papa Francisco autorizou a transferência de dom Joseph Gébara para a arquieparquia de Petra e Filadélfia (Jordânia) dos Greco-Melquitas.
10-Palmeira dos Índios (AL), vacante desde a nomeação de dom Dulcênio Fontes de Matos para a diocese de Campina Grande (PB), em 11 de outubro de 2017.
11-São João del Rei (MG), vacante desde o dia 19 de janeiro deste ano, quando faleceu o bispo dom Célio de Oliveira Goulart, aos 73 anos.
12-Teófilo Otoni (MG), ficou vacante em 20 de setembro de 2017, quando Aloísio Jorge Pena Vitral foi nomeado bispo de Sete Lagoas (MG).
13-União da Vitória (PR), vacante desde 8 de fevereiro, quando dom Agenor Girardi faleceu vítima de um quadro infeccioso grave que evoluiu para a falência múltipla de órgãos.
14-Viana (MA), vacante após a transferência de dom Sebastião Lima Duarte para a diocese de Caxias do Maranhão, no mesmo estado, em 20 de dezembro de 2017. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Nosso Deus é misericordioso ou é um juiz canônico?
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"A misericórdia do Deus-Trindade não exige méritos e nem duríssimas provas, pois é libertadora. Porém, exige uma abertura integral de coração – ardente pelo amor revelado por Cristo Jesus. Será que estamos abertos à misericórdia?", questiona Orlando Polidoro Junior, teólogo, pastoralista e bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.
Eis o artigo.
Como parte integrante da fé dos cristãos, muitos reconhecem e proclamam com certa frequência e “sem nenhuma dúvida” que Deus é puro amor e que Sua Essência é Amor – acreditando ser este o ‘modo único’ de manifestar-se a tudo que criou, especialmente às suas criaturas.
A partir desta compreensão, qualquer modelo de pensamento que descreva um deus sem compaixão, que julga; pune e até condena seus filhos, por mais que as Escrituras Sagradas apresentem dezenas de passagens suficientes para as duas considerações teológicas, este não pode ser referenciado como o mesmo Deus bíblico anunciado por Jesus em seu Evangelho. Mas como o Deus de Jesus sempre provê, usufruindo da graça do livre-arbítrio o fiel pode optar pela ‘confiança absoluta’ em Sua Superabundante Misericórdia – fonte de libertação total para uma vida digna diante do Reino presente e futuro. Tomar posse desta graça é uma decisão exclusiva de cada cristão.
Vamos refletir um pouco sobre a misericórdia do Deus-Trindade, com um início bem simples e tradicional ao entendimento bíblico de todos os cristãos: Ele nos amou primeiro e nos criou à Sua Imagem e Semelhança. Tudo por Ele criado, e Seu Amorincondicional por cada ser humano [destinatários da sua misericórdia], é a glória exuberante do Seu Reino. “Porque é Deus, porque Ele é misericórdia, e porque a misericórdia é o primeiro atributo de Deus. É o nome de Deus” (FRANCISCO, p.122).
Mas o que é misericórdia? “Etimologicamente, significa abrir o coração ao miserável” (FRANCISCO, p. 37). No Primeiro Testamento já aparecem termos/palavras que expressam a misericórdia de Javé, fazendo com que por alguns séculos o povo Hebreu vivesse com essa consciência. Apesar de inúmeras referências nas Escrituras, a sabedoria do Salmo 102 (103) traduz com muito zelo essa manifestação do Senhor.
No Segundo Testamento o conceito de misericórdia vem do grego, com base no substantivo eleos, e no verbo eleao, as duas palavras expressam o sentimento vivenciado pelos infortúnios que afligem o próximo. E do Latim a palavra é formada pela junção de miserere, que é ter compaixão, com cordis, que é coração. Para Deus a compaixão de coração é a Sua capacidade de sentir o que seus filhos sentem, é ser solidário com suas misérias. “A misericórdia está profundamente ligada à fidelidade de Deus” (FRANCISCO, p. 38).
Jesus, O Deus encarnado (cf. Jo 1,1.14), ‘sempre movido pela misericórdia’, perdoa, reconcilia e regenera todos os que d’Ele se aproximam. O Deus magnificente em misericórdia (cf. Lc 15,20), sem nenhum tipo de julgamento – age com piedade, compaixão, fidelidade, ajuda compassiva, bondade, restaura a dignidade, senta à mesa com os pecadores, perdoa todos os erros. Caminha junto, participa, compartilha as dores e os anseios de todos por onde passa.
Conforme Marcos 6,34, Sua misericórdia concebe e aceita cada um do jeito que é, na condição que o Pai o (a) criou. Mas Jesus transcende – suscita – instrui à Verdade para que o homem se converta. Mas converter-se ao quê? Ao Amor ressaltado em Mateus 22,37-39: Adorarás a Santíssima Trindade “de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito”. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. É simples, resume-se ao amor (cf. Lv 19,18; Rm 13,8.10; Gl 5,14). “Ama e faze o que quiseres” (Santo Agostinho) ou “Quem ama cumpriu toda a Lei”.
Quando esta conversão atinge seu júbilo, a alma/coração passam a fulgurar o Bem Maior de Deus, fazendo com que o cristão reconheça seus erros, [conforme Francisco, p. 65, reconhecê-los é uma graça], e não saia julgando e nem condenando os erros de conduta do próximo. E para completar a obra, recebe as “chaves” que dão acesso à plenitude da vida [...].
Sutilmente citamos os temas da conversão, do pecado e da salvação, que são três grandes ‘mistérios’ – efetivamente – alguns dos maiores imbróglios teológicos dentro do cristianismo. Como é possível não acreditar na Misericórdia Divina da Santíssima Trindade, se é por ela a graça da conversão, da remissão dos pecados e da ‘condução’ para a vida eterna. Se o cristão não crê nisto, é porque não dá ouvidos ao anúncio da Boa-Nova, pois caminhando pela via da fé subjetiva não consegue discernir. Mas “o pior” é excluir essa Verdade de sua vida. Recusando-a, o fiel perde a dignidade que gera confiança na misericórdia, ou seja, desacredita na essência do Deus-Trino.
Os verdadeiramente convertidos, os “supostos”, incluindo também os santos da Igreja Católica, todos têm e tinham seus “pecados”. Se alguém se acha puro e perfeito, isto sim é um grande erro. Convertido(a) pela graça ou não, temos consciência do que é certo e o que é errado. Os que caminham no ‘processo de conversão’ tentam evitar os desvios de conduta, mas não estão isentos de pequenos deslizes na vida, que mesmo sendo contrários aos ensinamentos da igreja, fazem parte da natureza humana. “Ouve-se de vez em quando dizerem, mesmo no seio da Igreja: é misericórdia demais! A Igreja tem é que condenar o pecado...” (FRANCISCO, p. 84).
“Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro” (MV n.2). Partindo desta iluminada e louvável reflexão, mesmo sem conversão, entre erros e acertos, “indigno de salvação”, o cristão (â) que confia mesmo, ardente no Amor-Trinoe na fé, sempre está nos braços do Senhor, sempre!
“Nenhum pecado humano, por mais grave que seja, pode prevalecer sobre a misericórdia, ou limitá-la” (FRANCISCO, p. 85). Como sempre, com certeza, os fundamentalistas ultraconservadores respondem exclamando que não é bem assim, e assim merecem a resposta de Mateus 5,7 que são palavras do próprio Jesus para nós: “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. Por mais que Jesus não precise alcançá-la, pois É a Própria Misericórdia, será que é possível nos pedir algo que nem Ele seja capaz? Ou será que humanamente Ele não é um Bem-Aventurado?
Conforme Romanos 6,14-15, Por Cristo, não vivemos mais sob os rigorismos da lei e da punição severa por causa do pecado. Em Cristo, vivemos sim sob a misericórdia divina. E em Cristo, “E daí? Pecamos, porque não estamos mais debaixo da Lei, mas sob a graça? De modo algum!”. “A misericórdia será sempre maior do que qualquer pecado, ninguém pode impor um limite ao amor de Deus que perdoa” (FRANCISCO, p. 123).
A misericórdia do Deus-Trindade não exige méritos e nem duríssimas provas, pois é libertadora. Porém, exige uma abertura integral de coração – ardente pelo amor revelado por Cristo Jesus. Será que estamos abertos à misericórdia?
Referências:
Bíblia de Jerusalém
O nome de Deus é misericórdia, Papa Francisco
Por Cristo, com Cristo, e em Cristo.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
VOCAÇÃO E ESPERANÇA: Frei Petrônio
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ- passando em Cruzeiro/SP- fala sobre vocação a partir da ótica da Esperança. E-mail do Frei Petrônio para contato- críticas ou sugestões de temas. Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. FACE: www.facebook.com/freipetros SITE: www.olharjornalistico.com.br TWITTER: www.twitter.com/freipetronio Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 14 de agosto-2018.
O sentido de cada parte da Santa Missa
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Conheça mais, participe mais, receba mais graças! - um guia completo e detalhado
Para que a Santa Eucaristia não se constitua em um mero rito mecânico, onde as pessoas só “copiam” o que as outras fazem (gestos, sinal da cruz, genuflexão, etc.) sem entender exatamente o que está acontecendo, é bom que cada fiel católico entenda melhor a Santa Missa, pois só amamos aquilo que conhecemos.
A missa é igual para toda a Assembleia mas a maneira de cada um participar pode ser diferente pois depende da fé que as pessoas têm e também do grau de formação na religião. As vezes vamos fazendo muitas coisas sem saber por quê.
Para participar da missa com fé e alegria, além da sua formação catequética básica, o fiel deve conhecer todas as etapas da liturgia da missa pois ninguém ama o que não conhece.
A palavra MISSA vem do latim missio, que significa despedida ou envio. E, quando os catecúmenos saíam antes do início da Liturgia Eucarística o celebrante os despedia. Desta forma, toda a Celebração Eucarística acabou por ser denominada missa.
A missa é dividida em quatro partes principais: Ritos Iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Eucarística e Ritos Finais.
I RITOS INICIAIS
1-Monição Ambiental
Ao entrar e sair de uma igreja com um sacrário, procedemos à genuflexão um gesto de adoração a Jesus Eucarístico.
Feita pelo comentarista, ao lado do altar. Um convite à Assembleia para participar da Celebração, criando um clima de oração e fé. Solicita que todos, de pé, recebam o celebrante.
2-Canto de Entrada e Sinal da Cruz
Durante o canto, o padre, os ministros e/ou acólitos dirigem-se ao altar. O padre faz uma inclinação profunda e deposita o beijo no altar, endereçado a Cristo.
Em seguida, o padre faz o sinal da cruz e o povo faz com ele (não precisa beijar a mão após o sinal), mas sem dizer nada. Ao final, todos respondem o “Amém”.
A expressão “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” quer dizer a pessoa, não apenas o “nome”. Iniciamos a Missa colocando nossa vida e toda a nossa ação invocando a Santíssima Trindade.
3-Acolhida e Saudação
É o “bom dia” de inspiração divina dado pelo Presidente à Assembleia. Em uma das formas litúrgicas, o padre saúda o povo com as palavras de São Paulo aos Coríntios (2Cor 13,11-13):
– A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Independente da forma utilizada, todos respondem:
– Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
4- Ato Penitencial
“Se estás diante do altar para apresentar a tua oferta e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa tua oferta lá diante do altar. Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois volta para apresentares tua oferta.” (Mt 5,23-24)
Convite para cada um olhar para si (reconhecer os próprios pecados e não os dos outros), buscando um arrependimento sincero.
Precisamos pedir que Jesus purifique nosso coração para termos parte com ele.
A absolvição geral que o padre dá no Ato Penitencial é uma purificação das faltas leves, e realmente nos purificam para participarmos da Ceia do Senhor. Os pecados graves necessitam de uma confissão sacramental.
5-Hino de Louvor (Glória)
É um cântico solene, uma das mais perfeitas formas de louvor à Santíssima Trindade, porque se dirige ao Pai e a Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Vem logo após o Ato Penitencial, porque o perdão de Deus nos faz felizes e agradecidos.
Inspirado no canto dos anjos que louvaram a Deus no nascimento de Jesus: “Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens de boa vontade.” (Lc 2,14)
O Glória não é cantado (nem recitado) na Quaresma e no Advento, tempos que não são próprios para se expressar alegria.
6-Coleta
Do latim “collígere”, que quer dizer reunir, recolher, coletar. Tem o sentido de reunir, numa só oração, todas as orações da Assembleia.
Por isso, começa com o “Oremos um convite aos presentes para que se ponham em oração seguida de uma pausa, para que cada um faça mentalmente a sua oração pessoal.
A seguir, o padre eleva as mãos assumindo as intenções dos fiéis e elevando-as a Deus e profere a oração em nome de toda a Igreja.
Por fim, todos dizem “Amém” para dizer que a oração do padre também é sua.
É uma oração presidencial, feita apenas pelo padre, como representante de Cristo. Todas as orações presidenciais são compostas por: invocação, pedido e conclusão. As orações são dirigidas ao Pai, em nome de Jesus nosso mediador , na unidade do Espírito Santo.
II- LITURGIA DA PALAVRA
Após o “Amém” da Coleta, a comunidade senta-se, aguardando, antes, o Presidente dirigir-se à sua cadeira.
A Eucaristia é o “mistério de nossa fé” e a fé vem pela Palavra de Deus (cf. Rm 10,14). Daí a importância da pregação, abrangida pela Liturgia da Palavra. “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4,4)
A Palavra de Deus não é para ser apenas “lida”, mas “proclamada” solenemente. “A fé entra pelo ouvido.”
As leituras das missas dominicais variam a cada ano, repetindo-se a cada três anos. São os chamados ANOS A, B e C. Em cada ano meditamos o Evangelho segundo Mateus, Marcos e Lucas respectivamente. O Evangelho segundo João intercala-se durante o ano em momentos fortes.
Os 3 primeiros Evangelhos fazem como que uma sinopse dos fatos acerca da vida de Jesus são, por isso, chamados de “sinóticos”. O Evangelho escrito por São João focaliza outros fatos e palavras de Jesus, destacando Sua divindade e penetrando mais o Mistério do Filho de Deus.
A Liturgia da Palavra é tão importante quanto a Liturgia Eucarística e deve ter um lugar reservado para a proclamação a MESA DA
PALAVRA.
1-Primeira Leitura
A Primeira Leitura, em geral, é tirada no Antigo Testamento, onde se encontra o passado remoto da História da Salvação. Em alguns tempos litúrgicos também são tiradas de outros livros do Novo Testamento que não sejam os Evangelhos.
2-Salmo Responsorial
É uma resposta cantada ou recitada à mensagem proclamada. Ou ainda, uma “oração” da Leitura, ajudando o povo a rezar e a meditar na Palavra de Deus que acabou de ser proclamada. Não pode ser substituída por outros cânticos que não sejam inspirados no salmo previsto.
3-Segunda Leitura
Em geral, é uma carta, retirada do Novo Testamento. Só é proclamada em missas dominicais ou de dias festivos, não nas missas feriais (no meio da semana).
Assim, a Liturgia da Palavra, no decorrer das missas do ano, nos dá uma visão de toda a História da Salvação, recordando quase toda a Bíblia.
4-Canto de Aclamação ao Evangelho
Jesus Cristo é a Palavra de Deus. Ele se torna presente na proclamação do Evangelho. Aclamar é aplaudir com alegria, então o canto de Aclamação ao Evangelho é uma espécie de “aplausos” para o Senhor que vai nos falar.
Pode ser antecedido por um breve comentário (não é uma homilia, que não deve antecipar o que vai ser dito no Evangelho), convidando e motivando a Assembleia para ouvir o Evangelho. Na Quaresma e no Advento, o canto não tem “Aleluia”.
5-Proclamação do Evangelho
Antes da proclamação do Evangelho, pode-se fazer uma procissão com a Bíblia ou Lecionário e as velas. Para se dar mais destaque ao anúncio da Palavra de Jesus, dois ministros ou acólitos podem segurar uma vela em cada lado do ambão.
O diácono, e na falta deste o padre, proclama em um lugar mais elevado, para ser visto e ouvido por toda a Assembleia, que deve estar em pé, numa atitude de expectativa para ouvir a Mensagem. É como se o próprio Jesus se colocasse diante de nós para nos falar do que mais nos interessa.
O diácono/padre saúda a Assembleia:
– O Senhor esteja convosco!
– Todos: Ele está no meio de nós!
– Diácono/Padre: Evangelho de Jesus Cristo, escrito por …
– Todos: Glória a vós, Senhor!
E, ao final do Evangelho:
– Diácono/Padre: Palavra da Salvação! (E beija a Bíblia)
– Todos: Glória a vós, Senhor!
“Bem-aventurado os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.” (Lc 11,28)
6-Homilia (Pregação)
É a interpretação de uma profecia ou a explicação dos textos bíblicos das leituras proclamadas.
Os próprios Apóstolos, depois de ouvirem as parábolas, pediam a Jesus que lhes explicasse o que elas queriam dizer. Assim também é o Povo de Deus, que precisa de alguém que lhes explique as Escrituras, do mesmo modo que Filipe explicou ao ministro da Rainha Candace, da Etiópia, uma passagem do AT:
“Ouvindo que lia o profeta Isaías, disse-lhe: “Porventura entendes o que lês?” Ele respondeu: “Como é que vou entender se ninguém me explicar?”.” (At 8,30b-31a)
As Escrituras não são de simples compreensão e não estão sujeitas a interpretações particulares, mas tão somente da Igreja que Cristo fundou, sob o Primado de Pedro:
“Pois, antes de tudo, deveis saber que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, porque jamais uma profecia se proferiu por vontade humana, mas foi pelo impulso do Espírito Santo que homens falaram da parte de Deus.” (2Pd 1,20-21)
“É o que ele faz em todas as epístolas em que vem a tratar do assunto. Nelas há alguns pontos de difícil inteligência, que homens ignorantes e sem firmeza deturpam, não menos que as demais Escrituras, para sua própria perdição.” (2Pd 3,16)
Além do que, a Bíblia não é a única fonte de doutrina para o cristão, mas, inclusive, a Tradição (Oral e Escrita) e o Magistério da Igreja fundada por Jesus:
“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.” (Jo 21,25)
“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras seja por carta.” (2Ts 2,15)
7-Creio (Profissão de Fé)
Crer em Deus é confiar nele! Com o Creio, a comunidade afirma que crê na Palavra de Deus que foi proclamada e está pronta para pô-la em prática. É como um juramento público.
Há dois textos diferentes para a Profissão de Fé: o Símbolo Apostólico e o Símbolo Niceno- Constantinopolitano.
O primeiro vem do tempo dos Apóstolos. É um resumo das verdades de fé professada pelos primeiros cristãos. É também mais curto e mais recitado nas missas no Brasil.
O Símbolo Niceno-Constantinopolitano surgiu no séc. IV, a partir da heresia de Ário, que, em sua heresia (negação de verdades de fé), disse que Jesus era apenas homem, não Deus (como hoje o fazem os espíritas e os “Testemunhas de Jeová”). Então a Igreja, no Concílio de Nicéia (ano 325), colocou no “Creio” algumas palavras a mais, acentuando a divindade de Jesus:
“Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro…”
Alguns anos depois, Macedônio, outro herege, negou a divindade do Espírito Santo. A Igreja reafirmou essa divindade, a partir do
Concílio de Constantinopla (ano 381):
“Senhor que dá a vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; ele que falou pelos profetas.”
Assim se formou esse Símbolo, surgido após os Concílios de Nicéia e Constantinopla. É uma síntese das verdades fundamentais da fé, para manter os cristãos unidos, à medida que iam se espalhando pelo mundo.
No Brasil, o Símbolo Niceno-Constantinopolitano é recitado apenas em alguns domingos, geralmente quando se fala de Jesus como Messias, o Filho de Deus. Eis o símbolo completo:
“Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra; de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir. Amém!”.
8-Oração dos Fiéis (Oração Universal)
No início da missa existe a Oração Coleta uma oração presidencial breve, a fim de colocar a Assembleia em clima de fé para ouvir a Palavra de Deus. A Oração dos Fiéis é um espaço mais abrangente para que os fiéis coloquem publicamente suas intenções.
Após ouvirmos a Palavra de Deus e de professarmos nossa fé nessa Palavra, nós colocamos em Suas mãos as nossas preces de modo oficial e coletivo.
Nessa oração, o povo exerce sua função sacerdotal, suplicando por todos os homens, incluindo as seguintes intenções:
– pelas necessidades da Igreja e do papa;
– pelos governantes, legisladores e magistrados; (pois eles têm um poder temporal, e devem servir ao povo)
– pelos que sofrem qualquer necessidade, especialmente pelos doentes; e
– pelas necessidades da comunidade local.
A Equipe de Liturgia deve tomar a iniciativa de ver as intenções da comunidade incluídas na oração, possibilitando que a fé expresse algo mais concreto e vivencial.
O que não se pode fazer na missa são as orações particulares, como leitura de livros piedosos, novenas e o terço.
Na Oração dos Fiéis, a introdução e a conclusão são feitas pelo Presidente. As outras preces são feitas pelos fiéis, em voz alta, expressando a fé viva e alegria de toda a comunidade, unidade num só coração e numa só alma.
Durante a Oração dos Fiéis, todos ficam de pé a posição própria do orante e como rezavam os primeiros cristãos.
III LITURGIA EUCARÍSTICA
Onde o mesmo pão é repartido entre muitos… O Sacrifício redentor de Cristo é universal. Destina-se a toda a humanidade. Seu valor é espiritual, infinito para todos.
A Eucaristia, como Sacramento, renova a Ceia Pascal; como Sacrifício, renova a ato redentor de Cristo na Cruz.
Todos os gestos, palavras, preces e cantos da Liturgia da Palavra devem levar a Assembleia a participar da Ceia que o Senhor desejou “ardentemente” celebrar com seus discípulos.
1-Preparação das Oferendas (Ofertório)
1.1 Canto e Procissão das Oferendas
Durante e preparação das oferendas, canta-se o Canto do Ofertório. As principais ofertas são o pão e o vinho. Podem-se trazer outras coisas, como ramos de trigo, cachos de uva, água, flores.
O ato de levar ao altar as ofertas significa que o pão e o vinho estão saindo das mãos do homem que trabalha. As outras oferendas representam também a vida do povo: a flor, símbolo de amor e gratidão; a coleta em dinheiro, fruto do trabalho e da generosidade dos fiéis.
O dinheiro para o ofertório é a nossa oferta para a conservação e manutenção da casa de Deus. Não é uma “esmola”, pois Deus não é mendigo, mas o Senhor de nossa vida. Outra condição para Deus aceitar a nossa oferta é que estejamos em paz como nossos irmãos. A fé pede nossa comunhão com Deus e com os irmãos (cf. Mt 5,23-24).
A procissão é opcional. Quando houver, deve haver alguma colocação do comentarista, explicando o sentido das ofertas, sobretudo quando se leva algo que não seja o pão e o vinho. As ofertas devem ter um significado e ajudar a participação da comunidade na Liturgia.
As pessoas que trazem as oferendas em procissão não as trazem apenas em seu nome, mas representando toda a comunidade.
No início da Missa, o Presidente e seus Ministros ficam nas cadeiras em frente ao altar. Eles não vão para o altar, porque este representa a mesa da Ceia, que começa na Liturgia Eucarística.
Ao fim da Oração dos Fiéis, o Presidente e os Ministros vão para o altar para preparar as oferendas: corporal estendido no centro (como uma toalha), missal aberto, o cálice e a patena com a hóstia grande do sacerdote (que pode vir junto com as hóstias dos fiéis, na âmbula sentido de unidade do Presidente com a Assembleia).
1.II- Apresentação do Pão e do Vinho
Na Missa, oferecemos a Deus o pão e vinho que, pelo poder do mesmo Deus, mudam-se no Corpo e no Sangue do Senhor. Deus aceita nossa oferta e a transforma numa dádiva de valor infinito a própria Divindade!
O Presidente recebe as ofertas da comunidade e, por sua vez, oferece o pão a Deus, dizendo:
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar pão da vida!”
E a Assembleia responde: “Bendito seja Deus para sempre!”
Então o padre coloca a hóstia (de trigo puro, não fermentado) sobre o corporal e prepara o vinho para oferecê-lo do mesmo modo. Antes, ele põe um pouco de água no vinho e diz: “Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade de vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.”
A mistura da água no vinho (puro, de uva) simboliza a união da natureza humana com a divina. Nós (água), na Missa, nos unimos a Cristo (vinho) para formar um só Corpo com Ele. Em seguida, o Presidente eleva o cálice e diz:
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho da salvação!”
E a Assembleia bendiz a Deus: “Bendito seja Deus para sempre!”
Abençoar é bendizer! Bendizemos a Deus nessa hora porque o pão comum que oferecemos vai se tornar para nós o “Pão da Vida” e o vinho, o “Vinho da Salvação”. E porque recebemos muito mais do que oferecemos.
O cálice com o vinho e a âmbula com as hóstias para a comunidade ficam sobre o corporal, no centro do altar, junto da hóstia grande do Presidente, que é colocada sobre a patena.
III) Presidente lava as mãos
A oração seguinte fala que nosso sacrifício é aceito por Deus quando temos um coração purificado e humilde.
Após colocar o cálice sobre o corporal, o padre inclina-se diante do altar e reza em voz baixa:
“De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus!”
Essa oração é tirada do Livro de Daniel. Deportado para a Babilônia, o Povo de Israel estava longe do Templo e não podia oferecer a Deus os sacrifícios de cordeiros e bois. Então Azarias fez essa bela oração, oferecendo a Deus o seu sacrifício espiritual.
Quando a missa é festiva, costuma-se incensar o altar, o Presidente da Celebração e a Assembleia. O incenso significa que aquele sacrifício deve subir até Deus, como a fumaça.
Antigamente a comunidade levava para o altar ofertas como alimentos e outros objetos que poderiam sujar as mãos do padre, que, por isso, lavava as mãos. Hoje, além da purificação das mãos, há também o sentido da purificação espiritual. Ao lavar as mãos, o padre reza em voz baixa:
“Lavai-me, Senhor, das minhas faltas e purificai-me do meu pecado.” (Sl 50,4)
Essa oração lembra Davi pedindo perdão de seu pecado.
1.IV) Orai, irmãos!
O sacerdote intercede por toda a Assembleia, que deve responder ativamente.
Assim, o padre se volta ao povo e pede:
“Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus Pai Todo-Poderoso!”
Ao que a Assembleia responde:
“Receba o Senhor por tuas mãos este sacrifício, para glória de seu nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja.”
Em primeiro lugar, a glória de Deus!
1. V. Oração sobre as Oferendas
Tem por fim colocar nas mãos de Deus os dons que trouxemos para o sacrifício.
É um modo de insistir a mesma coisa diante de Deus, como nas parábola que Jesus contou (cf. Lc 11,5-8 e 18,1-8).
2. Oração Eucarística ou Anáfora
Inicia o centro, o “coração” da Celebração o Mistério da presença real de Jesus no pão e vinho consagrados. Não é “mais uma oração” da missa é a própria Missa.
Para os judeus, santo era todo o lugar onde Deus se manifestava. De modo especial, o Templo era santo. Dentro do Templo, havia uma parte santíssima o “santo dos santos”, uma sala que continha a Arca da Aliança ou Tabernáculo. Lá só o sumo sacerdote entrava, e uma vez por ano apenas, para o sacrifício expiatório. Só depois de se purificar é que o sacerdote podia entrar ali.
Hoje, em termos de presença de Deus, o mais simples templo católico é mais importante que o Templo de Jerusalém, porque tem dentro de si mais que a Arca da Aliança: o próprio Cristo, Deus Vivo, no sacrário, com a luz acesa ao lado. Ele é o verdadeiro “Santo dos Santos”.
Antes do Concílio Vaticano II, havia uma só forma de Oração Eucarística. Atualmente, para que cada povo possa participar mais e utilizarem sua própria cultura existem várias fórmulas que são aprovadas pela Igreja. No Brasil existem 14 formas.
1.I) Prefácio e “Santo”
O Prefácio é um hino de “abertura”, que nos introduz no Mistério Eucarístico. Nele, o padre convida o povo a elevar seus corações a Deus e proclamar a santidade de Deus, dando-lhe graças.
No Prefácio, o Presidente sempre reza de braços abertos. Ele inicia com o diálogo:
Padre: O Senhor esteja convosco!
Povo: Ele está no meio de nós.
Padre: Corações ao alto!
Povo: O nosso coração está em Deus.
Padre: Demos graças ao Senhor nosso Deus!
Povo: É nosso dever e nossa salvação.
O trecho seguinte do Prefácio compreende algumas palavras próprias, dependendo do Tempo Litúrgico ou da festa que se celebra.
O final do Prefácio é sempre igual. Termina com o cântico:
“Santo, Santo, Santo, Senhor, Deus do universo! O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”
O “Santo” é tirado de Is 6,3. A repetição, dizendo 3 vezes “Santo” significa o máximo de santidade, “Santíssimo”.
Às vezes, quando o “Santo” é cantado, mudam-se algumas palavras, mas o sentido deve ser o mesmo. O Santo deveria ser sempre cantado.
1. II. Invocação do Espírito Santo
Momentos antes da Consagração, o padre estende as mãos sobre o pão e o vinho e pede ao Pai que os santifique, enviando sobre eles o Espírito Santo. Toda invocação do Espírito Santo é feita de pé.
III) Narrativa da Ceia e Consagração do Pão e do Vinho
Neste momento a Assembleia se ajoelha, ou mesmo de pé (normalmente aqueles que por algum problema não podem ajoelhar-se) porém em posição de adoração (cabeça baixa, em posição de reverência). A Ceia Eucarística celebrada por Jesus com os Apóstolos teve origem na Ceia Pascal Hebraica, que também não é celebrada como uma simples recordação, mas como um acontecimento que se faz presente.
Dentro da missa, esta é a hora da transformação do pão e do vinho, que se tornam o Corpo e o Sangue do Senhor.
Por ordem de Cristo, o Presidente recorda o que Jesus fez na Última Ceia. Ele pega o pão, o apresenta ao povo e pronuncia as palavras de Consagração:
“Tomai, todos, e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós.” (Lc 22,17ss)
Após a consagração do pão, o padre levanta a hóstia à vista da Assembleia. A seguir, genuflecte para adorar Jesus presente no Santíssimo Sacramento.
A mesma coisa faz o padre com o cálice de vinho. Ele recorda que Jesus tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente e o deu a seus discípulos, dizendo:
“Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim.”
Novamente, o padre genuflecte para adorar o Cristo presente após a consagração do vinho.
Na Consagração do pão e do vinho o povo deve ajoelhar-se ou ainda fazer uma profunda inclinação de cabeça no momento em que o padre eleva a hóstia e o cálice.
Durante as palavras de Consagração é que há a transubstanciação a transformação das espécies no Corpo Eucarístico. Nessa hora, o silêncio deve ser total não deve haver nem mesmo fundo musical.
Lembremos que na missa o padre age “in persona Christi”, ou seja, em lugar da pessoa de Cristo. É como se Jesus estivesse pessoalmente presidindo a Celebração.
A Igreja celebra a Missa para cumprir a vontade de Jesus, que mandou celebrar a Ceia:
“Fazei isto em memória de mim!”
No início das comunidades cristãs, eles não falavam “missa”, mas “fração do pão” (cf. At 2,42). São Paulo também fala de missas celebradas em algumas comunidades (cf 1Cor 11,17-34), inclusive celebradas por ele (cf. At 20,7-11).
A Eucaristia não é simplesmente uma das coisas que Jesus fez por nós: é a grande surpresa que Ele nos preparou durante toda a sua vida. Ele já havia prometido nos dar “pão vivo descido do céu” e que esse pão seria a sua carne “para a nossa salvação” (cf. Jo 6,35-69).
1.IV) “Eis o Mistério da Fé!”
Terminada a Consagração, o Presidente proclama solenemente, mostrando o Sacramento: “Eis o Mistério de nossa fé!
1.V. Lembrança da Morte e Ressurreição de Jesus
A Assembleia, levanta-se no mesmo momento em que o padre (logo depois da consagração do vinho ele genuflectiu e se levantou) e responde:
“Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Há outras formas de resposta. O que é importante é que todos respondam com fé! O Mistério só é aceito por quem crê! Assim, as palavras do celebrante soam como que um “desafio à fé”: “Eis o Mistério da fé!” No Emaús temos o costume de cantar o Maranatha que é perfeitamente litúrgico para o momento, é um clamor ao Jesus que vem!
1. VI) Orações pela Igreja
A Igreja é o “Corpo Místico de Cristo”. Nela circula a vida da Graça. É o que chamamos de Comunhão dos Santos, dita no “Creio”. Entre todos os membros da Igreja, no céu ou na terra, existe a intercomunicação da Graça. Uns oram pelos outros, pois somos todos irmãos, membros da grande Família de Deus.
Assim, na Missa, dentre as orações pela Igreja, a primeira é pelo Papa e pelo Bispo Diocesano, pelas suas grandes responsabilidades. Pedimos também pelos evangelizadores e evangelizados, pela conversão dos pagãos e pela perseverança dos cristãos.
Oramos também pelos falecidos um ato de caridade. Na Bíblia há um elogio a Judas Macabeu pela sua intercessão e oferecimento de um “sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (2Mac 12,45-46).
Finalmente pedimos por nós como “povo santo e pecador”, para que estejamos um dia reunidos com a Virgem Maria, os Apóstolos e todos os bem- aventurados no céu, para louvarmos e bendizermos a Deus. A oração termina “por Jesus Cristo nosso Senhor”, que nos disse:
“Em verdade, em verdade, vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, ele vos dará. Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis.” (Jo 16,23-24)
VII) Louvor Final (“Por Cristo…”)
É dito pelo sacerdote e somente por ele. Esse é o verdadeiro ofertório, pois é o próprio Cristo que oferece e é oferecido. É por meio de Jesus que damos graças e louvores ao Pai. Ele é o nosso Pontífice, isto é, a nossa “ponte” entre o céu e a terra, como Ele disse:
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (Jo 14,6)
Por isso, encerra-se a Oração Eucarística proclamando:
Padre: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda a glória, agora e para sempre!”
Depois disso a Assembleia responde o chamado GRANDE AMÉM, que é o principal de toda a missa! Devia ser festivamente dito ou cantado com uma profunda devoção pois é o Amém Síntese da Missa.
Esse até de louvor é dito de pé, sendo que o Presidente levanta a hóstia e o cálice.
1-Rito da Comunhão
3.I. Pai-Nosso e Oração Seguinte
Começa a preparação para a Comunhão Eucarística. É a síntese do Evangelho. Para bem rezá-lo, precisamos entrar no pensamento de Jesus e na vontade do Pai. É uma oração de sentido comunitário que, mesmo rezada só, deve-se proferi-la em intenção de todos.
Para comungar o Corpo do Senhor na Eucaristia, preciso estar em comunhão com meus irmãos membros do Corpo Místico de Cristo.
A oração do Pai Nosso é rezada da seguinte forma:
“Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”
O primeiro céus aparece no plural na versão em português do Pai-Nosso por significar TODO LUGAR e um estado de espírito, de alegria de VIDA. O segundo céu aparece no singular em oposição a terra, significando realmente o céu no sentido da Vida Eterna.
Dizemos perdoai-nos com a partícula NOS pois pedimos que Deus perdoe a NÓS e não as nossas ofensas, assim como perdoamos AQUELES que nos ofenderam e não os pecados deles.
Dentro da missa, o Pai Nosso não tem o AMÉM final. A oração do Pai Nosso se estende até o final da oração que o sacerdote reza a seguir, pedindo a Deus que nos livre de todos os males. Porque só quando estamos libertos do mal é que podemos experimentar a paz e dar a paz. Assim como só Deus pode dar a verdadeira paz, também só quem está em comunhão com Deus é que pode comunicar a seus irmãos a paz.
Sac.: Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a esperança, aguardamos a vinda do Cristo salvador.
O “Amém” do Pai Nosso, dentro da missa é substituído pela oração: “Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre!”, que é dito logo após a oração anterior.
1.II) Saudação da Paz
A paz é um dom de Deus, que só ele pode dar:
“Deixo-vos a paz. Dou-vos a minha paz. Não a dou como o mundo a dá.” (Jo 14,27)
Antes de o Presidente convidar a Assembleia para que se saúdem mutuamente no amor de Cristo, ele recorda as palavras de Jesus, fazendo este diálogo com o povo:
Padre: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos: Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima a vossa Igreja; dai-lhe segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vós, que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo.
Povo: Amém!
Padre: A paz do Senhor esteja sempre convosco!
Povo: O amor de Cristo nos uniu.
III- Fração do Pão
Ao fim da saudação entre os fiéis, o celebrante parte a hóstia grande e coloca um pedacinho dela dentro do cálice com vinho consagrado. Esse ato tem o sinal da fraternidade, da repartição do pão, como Jesus o fez para seus discípulos na Ceia, além do reconhecimento de Cristo, por parte dos discípulos de Emaús, ao partir o pão em sua casa.
1.IV) Cordeiro de Deus
Logo após, o Presidente põe um pedaço da Hóstia no cálice e reza em voz baixa:
“Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor, que vamos receber, nos sirva para a vida eterna!”
Ao mesmo tempo, a Assembleia canta o “Cordeiro de Deus”.
Embora no Ato Penitencial todos já se tenham purificado, ao aproximar-se do momento da Comunhão os fiéis sentem-se indignos de receber o Corpo do Senhor e pedem perdão mais uma vez, dizendo:
“Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz!”
Enquanto isso, o padre se inclina diante do Santíssimo Sacramento e pede a Jesus que aquela comunhão seja para a sua salvação.
Ninguém se atreva a receber o Corpo do Senhor indignamente!
No AT e no NT Jesus é apresentado como o “Cordeiro de Deus”. Sete séculos antes de Cristo, o profeta Isaías predisse que o Messias seria levado à morte, “sem abrir a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro” (cf. Is 53,7). João Batista, ao ver Jesus passando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). São Paulo disse: “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7b).
E, de fato, na hora em que Jesus morria na cruz, era imolado no Templo o cordeiro pascal para os judeus comemorarem a Páscoa. São Pedro também disse que não fomos resgatados pelo preço vil de ouro ou de prata, mas “pelo sangue precioso de Cristo, o Cordeiro sem mancha” (cf. 1Pd 1,18-19).
1. V) Felizes os Convidados!
Terminado o “Cordeiro de Deus”, o Presidente levanta a Hóstia consagrada e a apresenta à Assembleia, dizendo:
“Felizes os convidados para a Ceia do Senhor! Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! ”
Pelo sangue de Cristo fomos salvos. Jesus é o nosso Libertador. Dele nos aproximamos com alegria. Daí o Presidente nos convidar à comunhão, dizendo “Felizes os convidados”.
Ao que o povo responde:
“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo.”
Essa resposta é tirada da resposta do oficial romano, o centurião, dada a Jesus (cf. Mt 8,8). Na verdade, ninguém é digno de comungar. É por bondade de Jesus que Ele vem a nós. Por isso, nos aproximamos da Comunhão com fé e humildade.
A comunhão eucarística não é um “prêmio” para os justos que já se libertaram de todos os pecados, mas um Alimento que fortalece os pecadores na sua caminhada em busca da libertação de todo o mal
1.VI. Distribuição da Comunhão
Comungar é receber Jesus Cristo, Rei dos reis, para alimento de vida eterna. Quem comunga deve meditar um pouco nesse Mistério da presença real do Senhor em sua vida. E não comungar e já ir saindo da Igreja, ou ficar conversando e se distraindo. Não convém nem mesmo ir rezar diante de alguma imagem, pois Jesus deve ser o centro da atenção e piedade nessa hora. Ele é o Hóspede divino que acaba de ser recebido.
Após dizer “Felizes os convidados…”, com a resposta da comunidade, o padre reza em voz baixa: “Que o Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna.”
Em seguida, comunga o Corpo e o Sangue do Senhor. Depois o padre e os ministros dão a comunhão para os fiéis. Mostrando a Hóstia a cada um, diz: “O Corpo de Cristo!” E quem comunga responde: “Amém!”
Quanto ao modo de receber a comunhão, na boca ou na mão, é de competência do Bispo. Quem comunga, recebendo a Hóstia na mão, deve elevar a mão esquerda aberta, para o padre colocar a comunhão na palma da mão. O comungante, imediatamente, pega a Hóstia com a mão direita e comunga ali mesmo, na frente do padre. Não pode sair com a Hóstia na mão e comungar andando.
Para comungar é preciso estar na Graça de Deus (sem pecado grave) e em jejum (uma hora antes da comunhão).
Por uma questão prática, normalmente se dá apenas a Hóstia e não o Vinho Consagrado. Porém, na Hóstia está o Cristo inteiro e vivo, com seu corpo, sangue, alma e divindade.
VII) Canto de Ação de Graças
Após a Comunhão do povo, convém haver alguns momentos de silêncio para interiorização da Palavra de Deus e ação de graças. Pode-se também recitar algum salmo ou cantar algum canto de ação de graças. Não é o momento de dar avisos ou prestar homenagens a alguém.
A Ação de Graças é de toda a Assembleia e não apenas dos cantores ou de algum solista. Ação de graças não é o nome mais apropriado, pois toda a missa é Ação de graças.
viii) Oração após a Comunhão
Apenas após terminada esta oração, que é presidencial, podem-se dar avisos e fazer convites. Se for algo breve, a Assembleia pode ouvir de pé, caso contrário, pode sentar-se.
IV RITOS FINAIS
1-Comunicados e Convites
I-Bênção Final
Solene, dada pelo Presidente. Antes da bênção, o Presidente da Celebração saúda a Assembleia, dizendo: “O Senhor esteja convosco!” E todos respondem: “Ele está no meio de nós.”
Nesta hora, se a comunidade estiver sentada, deve levantar-se. Aí vem a bênção, que pode ser com uma fórmula simples ou solene. Por exemplo, uma fórmula é: “Abençoe-vos Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo!” E todos respondem “Amém!”
Ao dar a bênção, o padre traça uma cruz sobre a Assembleia e todos devem inclinar a cabeça.
É muito importante a bênção de Deus dada solenemente na Missa! Essa bênção é para cada pessoa presente! É preciso valorizar mais e receber com fé a bênção solene dada no final da Missa.
A Missa termina com a bênção! Em seguida, vem o canto final, que deve ser alegre, pois foi uma felicidade ter participado da Missa.
3-Despedida
Todos devem esperar o sacerdote sair do altar para depois se retirarem.
Bibliografia:
A Missa Parte por Parte -Pe. Luiz Cechinato, 18ª ed., Ed. Vozes, 1992
Celebrar a Vida Cristã – Ed. Vozes
Catecismo da Igreja Católica
Riquezas da Mensagem Cristã – Ed. Lumen Christi
(Via Fé Explicada/Emaús Nacional)
Fonte: https://pt.aleteia.org
VOCAÇÃO E PROFETISMO: Frei Petrônio
- Detalhes
Maria Madalena era “uma mulher rica”, não uma prostituta
- Detalhes
Investigação em jazida na cidade de Magdala revela informações que ajudam a reconstruir seu perfil
Maria Madalena foi “uma mulher rica, influente e crucial” na vida de Jesus Cristo. Esta é uma das conclusões da pesquisadora Jennifer Ristine em Mary Magdalene: Insights From Ancient Magdala (“Maria Madalena, percepções da antiga Magdala”), um livro lançado em 22 de julho que busca revelar os mistérios da mulher que a Igreja Católica tachou durante séculos como adúltera e prostituta. A integração das referências bíblicas e históricas com os recentes descobrimentos arqueológicos feitos na cidade de Magdala (atual Migdal, Israel), onde se acredita que nasceu, permitiram a Ristine reconstruir parte de seu perfil.
“Durante os tempos de Maria Madalena, Magdala já era um povoado próspero na indústria pesqueira”, afirma Ristine, diretora do Instituto Madalena, numa entrevista por e-mail. As primeiras escavações foram feitas nos anos setenta. Mas foi em 2009 que os Legionários de Cristo compraram um terreno na região e “descobriram a parte norte do povoado de Magdala”. “Encontraram uma sinagoga do século I, uma representação do templo de Jerusalém em pedra [a pedra de Magdala], banhos de purificação ritual, residências e um porto”, explica Ristine.
Mas era ou não uma prostituta? Ristine considera que houve “muitas más interpretações sobre a vida de Maria Madalena”. Os achados arqueológicos da cidade bíblica de Magdala, hoje um sítio arqueológico com mais de 2.000 anos de antiguidade, sugerem que se tratava de um enclave rico. E, ao integrar neste contexto as referências bíblicas, pode-se deduzir que Maria Madalena era “uma mulher rica, de um povoado economicamente bem posicionado”, e não necessariamente uma prostituta, acrescenta a autora. Essa ideia se reafirma, por exemplo, nos versículos de Lucas 8:1-3: “Depois disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses”.
A Igreja Católica canonizou Madalena, que é santa desde 2016 (com festa litúrgica em 22 de julho), quando o papa Francisco a nomeou apostola apostolurum, “a apóstolo dos apóstolos” – não por acaso, segundo a Bíblia, foi a primeira a ver Jesus ressuscitado. E, entretanto, foi o papa Gregório Magno, no ano 591, um dos introdutores do qualificativo de “prostituta” quando em sua homilia 33 afirmou: “Aquela a quem o evangelista Lucas chama de mulher pecadora é a Maria da qual são expulsos os sete demônios, e o que significam esses sete demônios senão todos os vícios?” Com essa afirmação, o sumo pontífice fez uma fusão de três marias: Maria, a pecadora, “que unge os pés do Senhor”; Maria, a de Magdala, liberada por Jesus de sete demônios, e entre as mulheres que o assistem; e Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro. “A Igreja do Oriente acredita que são três mulheres diferentes, enquanto a Igreja do Ocidente crê firmemente identificá-las como a mesma mulher, Maria Madalena”, diz Jennifer Ristine.
Mas não foi Gregório Magno o único responsável. Segundo a pesquisadora, alguns autores a associaram a uma mulher mencionada no século II no Talmud, chamada Miriam Megaddlela, que significa “Maria de cabelo trançado”. “Na comunidade judaica, esse título era adjudicado a uma mulher de má reputação, uma adúltera ou uma prostituta”, acrescenta.
Independentemente de ter ou não sido meretriz, um estigma do qual os movimentos feministas tentam livrá-la, “Maria Madalena foi uma mulher influente tanto econômica como socialmente; economicamente porque era uma mulher acomodada, e socialmente porque, apesar de crescer e viver numa sociedade religiosa estrita, decide romper esquemas e seguir Jesus”, considera Ristine, para quem a mulher de Magdala é acima de tudo “um modelo de liderança para as mulheres”.
E ainda resta muito a descobrir sobre ela. Só foram escavados 15% da antiga Magdala, de modo que, segundo Jennifer Ristine, futuros achados arqueológicos podem ajudar a revelar mais detalhes sobre o passado religioso da cidade natal de Maria Madalena, esclarecendo fatos e verdades de uma das personagens mais misteriosas dos Evangelhos. Fonte: https://brasil.elpais.com
DOMINGO, 12- Dia dos Pais- 19º Domingo do Tempo Comum – Ano B.
- Detalhes
Tema
A liturgia do 19º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta, uma vez mais, da preocupação de Deus em oferecer aos homens o “pão” da vida plena e definitiva. Por outro lado, convida os homens a prescindirem do orgulho e da auto-suficiência e a acolherem, com reconhecimento e gratidão, os dons de Deus.
A primeira leitura mostra como Deus Se preocupa em oferecer aos seus filhos o alimento que dá vida. No “pão cozido sobre pedras quentes” e na “bilha de água” com que Deus retempera as forças do profeta Elias, manifesta-se o Deus da bondade e do amor, cheio de solicitude para com os seus filhos, que anima os seus profetas e lhes dá a força para testemunhar, mesmo nos momentos de dificuldade e de desânimo.
O Evangelho apresenta Jesus como o “pão” vivo que desceu do céu para dar a vida ao mundo. Para que esse “pão” sacie definitivamente a fome de vida que reside no coração de cada homem ou mulher, é preciso “acreditar”, isto é, aderir a Jesus, acolher as suas propostas, aceitar o seu projeto, segui-lo no “sim” a Deus e no amor aos irmãos.
A segunda leitura mostra-nos as consequências da adesão a Jesus, o “pão” da vida… Quando alguém acolhe Jesus como o “pão” que desceu do céu, torna-se um Homem Novo, que renuncia à vida velha do egoísmo e do pecado e que passa a viver no caridade, a exemplo de Cristo.
LEITURA I – 1 Re 19,4-8
Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias,
Elias entrou no deserto e andou o dia inteiro.
Depois sentou-se debaixo de um junípero
e, desejando a morte, exclamou:
«Já basta, Senhor. Tirai-me a vida,
porque não sou melhor que meus pais».
Deitou-se por terra e adormeceu à sombra do junípero.
Nisto, um Anjo do Senhor tocou-lhe e disse:
«Levanta-te e come».
Ele olhou e viu à sua cabeceira
um pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água.
Comeu e bebeu e tornou a deitar-se.
O Anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-lhe e disse:
«Levanta-te e come,
porque ainda tens um longo caminho a percorrer».
Ele levantou-se, comeu e bebeu.
Depois, fortalecido com aquele alimento,
caminhou durante quarenta dias e quarenta noites
até ao monte de Deus, Horeb.
AMBIENTE
Elias atua no Reino do Norte (Israel) durante o século IX a.C., num tempo em que a fé jahwista é posta em causa pela preponderância que os deuses estrangeiros (especialmente Baal) assumem na cultura religiosa de Israel. Provavelmente, estamos diante de uma tentativa de abrir Israel a outras culturas, a fim de facilitar o intercâmbio cultural e comercial… Mas essas razões políticas não são entendidas nem aceites pelos círculos religiosos de Israel. O ministério profético de Elias desenvolve-se sobretudo durante o reinado de Acab (873-853 a.C.), embora a sua voz também se tenha feito ouvir no reinado de Ocozias (853-852 a.C.).
Elias é o grande defensor da fidelidade a Jahwéh. Ele aparece como o representante dos israelitas fiéis que recusavam a coexistência de Jahwéh e de Baal no horizonte da fé de Israel. Num episódio dramático, o próprio profeta chegou a desafiar os profetas de Baal para um duelo religioso que terminou com um massacre de quatrocentos profetas de Baal no monte Carmelo (cf. 1 Re 18). Esse episódio é, certamente, uma apresentação teológica dessa luta sem tréguas que se trava entre os fiéis a Jahwéh e os que abrem o coração às influências culturais e religiosas de outros povos.
Para além da questão do culto, Elias defende a Lei em todas as suas vertentes (veja-se, por exemplo, a sua defesa intransigente das leis da propriedade em 1 Re 21, no célebre episódio da usurpação das vinhas de Nabot): ele representa os pobres de Israel, na sua luta sem tréguas contra uma aristocracia e uns comerciantes todo-poderosos que subvertiam a seu bel-prazer as leis e os mandamentos de Jahwéh.
Após o massacre dos 400 profetas de Baal no monte Carmelo, Acab e a sua esposa fenícia juraram matar Elias; e o profeta fugiu para o sul, a fim de salvar a vida. Chegado à zona de Beer-Sheba, Elias internou-se no deserto. É precisamente nesse contexto que o episódio do Livro dos Reis que hoje nos é proposto nos situa.
MENSAGEM
A cena apresenta-nos um Elias abatido, deprimido e solitário face à incompreensão e à perseguição de que é alvo. O profeta sente que falhou, que a sua missão está condenada ao fracasso e que a sua luta o conduziu a um beco sem saída; sente medo e está prestes a desistir de tudo… O pedido que o profeta faz a Deus no sentido de lhe dar a morte (vers. 4) reflete o seu profundo desânimo, desilusão, angústia e desespero. É uma cena tocante, que nos recorda que o profeta é um homem e que está, por isso, condenado a fazer a experiência da sua fragilidade e da sua finitude.
No entanto, Deus não está longe e não abandona o seu profeta. O nosso texto refere, neste contexto, a solicitude e o amor de Deus, que oferece a Elias “pão cozido sobre pedras quentes e uma bilha de água” (vers. 6). É a confirmação de que o profeta não está perdido nem abandonado por Deus, mesmo quando é incompreendido e perseguido pelos homens. A cena garante-nos a presença contínua de Deus e o seu cuidado com aqueles que chama e a quem dá o alimento e o alento para serem fiéis à missão, mesmo em contextos adversos. Repare-se como Deus não anula a missão do profeta, nem elimina os perseguidores; mas limita-Se a dar ao profeta a força para continuar a sua peregrinação.
Alimentado pela força de Deus, o profeta caminha durante “quarenta dias e quarenta noites até ao monte de Deus, o Horeb” (vers. 8). A referência aos “quarenta dias e quarenta noites” alude certamente à estadia de Moisés na montanha sagrada (cf. Ex 24,18), onde se encontrou com Deus e onde recebeu de Jahwéh as tábuas da Lei; também pode aludir à caminhada do Povo durante quarenta anos pelo deserto, até alcançar a Terra Prometida. Em qualquer caso, esta peregrinação ao Horeb – o monte da Aliança – é um regresso às fontes, uma peregrinação às origens de Israel como Povo de Deus… Perseguido, incompreendido, desesperado, Elias necessita revitalizar a sua fé e reencontrar o sentido da sua missão como profeta de Jahwéh e como defensor dessa Aliança que Deus ofereceu ao seu Povo no Horeb/Sinai.
ATUALIZAÇÃO
No quadro que o texto nos apresenta, Elias aparece como um homem vencido pelo medo e pela angústia, marcado pela decepção e pelo desânimo, que experimentou dramaticamente a sua impotência no sentido de mudar o coração do seu Povo e que, por isso, desistiu de lutar; a sua desilusão é de tal forma grande, que ele prefere morrer a ter de continuar. “Este” Elias testemunha essa condição de fragilidade e de debilidade que está sempre presente na experiência profética. É um quadro que todos nós conhecemos bem… A nossa experiência profética está, muitas vezes, marcada pelas incompreensões, pelas calúnias, pelas perseguições; outras vezes, é o sentimento da nossa impotência no sentido de mudar o mundo que nos angustia e desanima; outras vezes ainda, é a constatação da nossa fragilidade, dos nossos limites, da nossa finitude que nos assusta… Como responder a um quadro deste tipo e como encarar esta experiência de fragilidade e de debilidade? A solução será baixar os braços e abandonar a luta? Quem pode ajudar-nos a enfrentar o drama da desilusão e da decepção?
O nosso texto garante-nos que Deus não abandona aqueles a quem chama a dar testemunho profético. No “pão cozido sobre pedras quentes” e na “bilha de água” com que Deus retempera as forças de Elias, manifesta-se o Deus da bondade e do amor, cheio de solicitude para com os seus filhos, que anima os seus profetas e lhes dá a força para testemunhar, mesmo nos momentos de dificuldade e de desânimo. Quando tudo parece cair à nossa volta e quando a nossa missão parece condenada ao fracasso, é em Deus que temos de confiar e é n’Ele que temos de colocar a nossa segurança e a nossa esperança.
Como nota marginal, atentemos na forma de atuar de Deus: Ele não resolve magicamente os problemas do profeta, nem Se substitui ao profeta… O profeta deve continuar a sua missão, enfrentando os mesmos problemas de sempre; mas Deus “apenas” alimenta o profeta, dando-lhe a coragem para continuar a sua missão. Por vezes, pedimos a Deus que nos resolva milagrosamente os problemas, com um golpe mágico, enquanto nós ficamos, de braços cruzados, a olhar para o céu… O nosso Deus não Se substitui ao homem, não ocupa o nosso lugar, não estimula com a sua ação a nossa preguiça e a nossa instalação; mas está ao nosso lado sempre que precisamos d’Ele, dando-nos a força para vencer as dificuldades e indicando-nos o caminho a seguir.
A “peregrinação” de Elias ao Horeb/Sinai, para se reencontrar com as origens da fé israelita e para recarregar as baterias espirituais, sugere-nos a necessidade de, por vezes, encontrarmos momentos de “paragem”, de reflexão, de “retiro”, de reencontro com Deus, de redescoberta dos fundamentos da nossa missão… Essa “paragem” não será nunca um tempo perdido; mas será uma forma de recentrarmos a nossa vida em Deus e de redescobrirmos os desafios que Deus nos faz, no âmbito da missão que nos confiou.
ATUALIZAÇÃO (EVANGELHO – JO 6,41-51)
Repetindo o tema central do texto que refletimos no passado domingo, também o Evangelho que hoje nos é proposto nos convida a acolher Jesus como o “pão” de Deus que desceu do céu para dar a vida aos homens… Para nós, seguidores de Jesus, esta afirmação não é uma afirmação de circunstância, mas um facto que condiciona a nossa existência, as nossas opções, todo o nosso caminho. Jesus, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, com o seu amor, com a sua proposta, veio dizer-nos como chegar à vida verdadeira e definitiva. Que lugar é que Jesus ocupa na nossa vida? É à volta d’Ele que construímos a nossa existência? O projeto que Ele veio propor-nos tem um real impacto na nossa caminhada e nas opções que fazemos em cada instante?
“Quem acredita em Mim, tem a vida eterna” – diz-nos Jesus. “Acreditar” não é, neste contexto, aceitar que Ele existiu, conhecer a sua doutrina, ou elaborar altas considerações teológicas a propósito da sua mensagem… “Acreditar” é aderir, de facto, a essa vida que Jesus nos propôs, viver como Ele na escuta constante dos projetos do Pai, segui-lo no caminho do amor, do dom da vida, da entrega aos irmãos; é fazer da própria vida – como Ele fez da sua – uma luta coerente contra o egoísmo, a exploração, a injustiça, o pecado, tudo o que desfeia a vida dos homens e traz sofrimento ao mundo. Eu posso dizer, com verdade e objetividade, que “acredito” em Jesus?
No seu discurso, Jesus faz referência ao maná como um alimento que matou a fome física dos israelitas em marcha pelo deserto, mas que não lhes deu a vida definitiva, não lhes transformou os corações, não lhes assegurou a liberdade plena e verdadeira (só o “pão” que Jesus oferece sacia verdadeiramente a fome de vida do homem). O maná pode representar aqui todas essas propostas de vida que, tantas vezes, atraem a nossa atenção e o nosso interesse, mas que vêm a revelar-se falíveis, ilusórias, parciais, porque não nos libertam da escravidão nem geram vida plena. É preciso aprendermos a não colocar a nossa esperança e a nossa segurança no “pão” que não sacia a nossa fome de vida definitiva; é necessário aprendermos a discernir entre o que é ilusório e o que é eterno; é preciso aprendermos a não nos deixarmos seduzir por falsas propostas de realização e de felicidade; é necessário aprendermos a não nos deixarmos manipular, aceitando como “pão” verdadeiro os valores e as propostas que a moda ou a opinião pública dominante continuamente nos oferecem…
Porque é que os judeus rejeitam a proposta de Jesus e não estão dispostos a aceitá-lo como “o pão que desceu do céu”? Porque vivem instalados nas suas grandes certezas teológicas, prisioneiros dos seus preconceitos, acomodados num sistema religioso imutável e estéril e perderam a faculdade de escutar Deus e de se deixar desafiar pela novidade de Deus. Eles construíram um Deus fixo, calcificado, previsível, rígido, conservador, e recusam-se a aceitar que Deus encontre sempre novas formas de vir ao encontro dos homens e de lhes oferecer vida em abundância. Esta “doença” de que padecem os líderes e “fazedores” de opinião do mundo judaico não é assim tão rara… Todos nós temos alguma tendência para a acomodação, a instalação, o aburguesamento; e quando nos deixamos dominar por esse esquema, tornamo-nos prisioneiros dos ritos, dos preconceitos, das ideias política ou religiosamente corretas, de catecismos muito bem elaborados mas parados no tempo, das elaborações teológicas muito coerentes e muito bem arrumadas mas que deixam pouco espaço para o mistério de Deus e para os desafios sempre novos que Deus nos faz. É preciso aprendermos a questionar as nossas certezas, as nossas ideias pré-fabricadas, os esquemas mentais em que nos instalamos comodamente; é preciso termos sempre o coração aberto e disponível para esse Deus sempre novo e sempre dinâmico, que vem ao nosso encontro de mil formas para nos apresentar os seus desafios e para nos oferecer a vida em abundância.
*LEIA A REFLEXÃO NA ÍNTEGRA. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA.
ANO DO LAICATO: Em Belo Horizonte
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