5ª Semana da Páscoa. Quarta-feira, 2 de Maio: Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Oração
Ó Deus, que amais e restituís a inocência,
orientai para vós os nossos corações,
para que jamais se afastem da luz da verdade
os que tirastes das trevas da descrença.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,1-8)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
Reflexão - Jo 15,1-8
Os Capítulos 15 até 17 do Evangelho de João trazem vários ensinamentos de Jesus que o evangelista juntou e colocou aqui no contexto amigo e fraterno do último encontro de Jesus com seus discípulos:
Jo 15,1-17: Reflexões em torno da parábola da videira
Jo 15,18 a 16,4a: Conselhos sobre a maneira de como comportar-se quando forem perseguidos
Jo 16,4b-15: Promessa sobre a vinda do Espírito Santo
Jo 16,16-33: Reflexões sobre a despedida e o retorno de Jesus
Jo 17,1-26: O Testamento de Jesus em forma de oração
Os Evangelhos de hoje e de amanhã trazem uma parte da reflexão de Jesus em torno da parábola da videira. Para entender bem todo o alcance desta parábola, é importante estudar bem as palavras que Jesus usou. Igualmente importante é você observar de perto uma videira ou uma planta qualquer para ver como ela cresce e como acontece a ligação entre o tronco e os ramos, e como o fruto nasce do tronco e dos ramos.
João 15,1-2: Jesus apresenta a comparação da videira
No Antigo Testamento, a imagem da videira indicava o povo de Israel (Is 5,1-2). O povo era como uma videira que Deus plantou com muito carinho nas encostas das montanhas da Palestina (Sl 80,9-12). Mas a videira não correspondeu ao que Deus esperava. Em vez de uvas boas deu um fruto azedo que não prestava para nada (Is 5,3-4). Jesus é a nova videira, a verdadeira. Numa única frase ele nos entrega toda a comparação. Ele diz: "Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto, ele o corta. E todo ramo que produz fruto, ele o poda!". A poda é dolorosa, mas é necessária. Ela purifica a videira, para que cresça e produza mais frutos.
João 15,3-6: Jesus explica e aplica a parábola
Os discípulos já são puros. Já foram podados pela palavra que ouviram de Jesus. Até hoje, Deus faz a poda em nós através da sua Palavra que nos chega pela Bíblia e por tantos outros meios. Jesus alarga a parábola e diz: "Eu sou a videira e vocês são os ramos!" Não se trata de duas coisas distintas: de um lado a videira, do outro, os ramos. Não! Videira sem ramos não existe. Nós somos parte de Jesus. Jesus é o todo. Para que um ramo possa produzir fruto, deve estar unido à videira. Só assim consegue receber a seiva. "Sem mim vocês não podem fazer nada!" Ramo que não produz fruto é cortado. Ele seca e é recolhido para ser queimado. Não serve para mais nada, nem para lenha!
João 15,7-8: Permanecer no amor.
Nosso modelo é aquilo que Jesus mesmo viveu no seu relacionamento com o Pai. Ele diz: "Assim como o Pai me amou, também eu amei vocês. Permaneçam no meu amor!" Ele insiste em dizer que devemos permanecer nele e que as palavras dele devem permanecer em nós. E chega a dizer: "Se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, aí podem pedir qualquer coisa e vocês o terão!" Pois o que o Pai mais quer é que nos tornemos discípulos e discípulas de Jesus e, assim, produzamos muito fruto.
Para confronto pessoal
1- Quais as podas ou momentos difíceis, que já passei na minha vida e que me ajudaram a crescer? Quais as podas ou momentos difíceis, que passamos na nossa comunidade e nos ajudaram a crescer?
2- O que mantém a planta unida e viva, capaz de dar frutos, é a seiva que a percorre. Qual é a seiva que percorre nossa comunidade a mantém viva, capaz de produzir frutos?
Oração final
Cantai ao Senhor um canto novo,
Cantai ao Senhor em toda a terra.
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome. (Sl 95, 1)
1º DE MAIO: Origem da devoção a São José Operário
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O culto a São José começou provavelmente no Egito, passando mais tarde para o Ocidente, onde hoje alcança grande popularidade. Em 1870, o papa Pio IX o proclamou “O Patrono da Igreja Universal” e, a partir de então, passou a ser cultuado no dia 19 de março.
Em 1955 Pio XII fixou o dia 1º de maio para “São José Operário- o trabalhador”. Foi num dia 1º de maio, só que de 1886, que operários de uma fábrica em Chicago nos Estados Unidos se revoltaram com a situação desumana a que eram submetidos iniciando um movimento que tomou conta do país e deixou um saldo de mais de uma dezena de mortos e cinquenta pessoas gravemente feridas. Em homenagem a eles é que se consagrou este dia como sendo o Dia do Trabalhador.
São José é o modelo ideal do operário. Sustentou sua família durante toda a vida com o trabalho artesanal, cumpriu sempre seus deveres para com a comunidade, ensinou ao filho a profissão de carpinteiro e, desta maneira segundo os preceitos da religião católica, permitiu que as profecias se cumprissem e seu povo fosse salvo, assim como toda a humanidade. Ao proclamar São José protetor dos trabalhadores a Igreja Católica demonstrou estar ao lado deles, dando-lhes como patrono o mais exemplar dos homens, que aceitou ser o pai adotivo do Deus feito homem, mesmo pressentindo o que poderia acontecer à sua família.
São José é tão glorioso que é o único santo celebrado em duas datas, no dia 19 de março, como esposo de Maria e em primeiro de maio, Padroeiro dos Trabalhadores. Esta última foi instituída, diante de uma multidão de 200 mil operários, reunidos no dia 1º de Maio de 1955, na Praça de São Pedro, quando o Papa Pio XII decidiu cristianizar o Dia do Trabalho, dando-lhe como santo protetor São José Operário.
PRECE PELO TRABALHADOR
Ó glorioso São José, que velaste a tua incomparável e real dignidade de guarda de Jesus e da Virgem Maria, sob a humilde aparência de artífice, e com o teu trabalho sustentaste as suas vidas, protege com amável poder os teus filhos que estão a ti confiados. Tu conheces as angústias e sofrimentos deles, porque tu mesmo experimentaste isto ao lado de Jesus e de sua Mãe. Não permitas que, oprimidos por tantas preocupações, esqueçam o fim para que foram criados por Deus; não deixes que os germes da desconfiança lhes dominem as almas imortais. Recorda a todos os trabalhadores que - nos campos, nas fábricas, nas minas e nos laboratórios da ciência - não estão sós para trabalhar, gozar e servir, mas que junto a eles está Jesus com Maria, Mãe sua e nossa, para os suster, para lhes enxugar o suor e mitigar as fadigas. Ensina-lhes a fazer do trabalho, como fizeste tu, instrumento altíssimo de santificação (João XXIII). Fonte: http://www.amoranossasenhora.com.br
Padre Reginaldo Manzotti lança CD, sonha gravar com Anitta e diz ser um pé de valsa
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O padre Reginaldo Manzotti é pop. E convidou artistas como Simone e Simaria, e Michel Teló, para ir além das fronteiras das rádios religiosas com o seu novo CD, “Tá na mão de Deus”.
— É destinado a todas as idades, mas eu quis destinar à juventude. E já consegui. “Espalhar amor” (em parceria com as “coleguinhas”) está tocando em todos os lugares. Me mandaram até um vídeo da música tocando em uma festa cheia de jovens, que não são católicos. Só não publiquei no meu Facebook porque aparecia muita cerveja — ri Padre Reginaldo.
Eclético (“escuto de Guns N’Roses a sofrência”), o Padre buscou diferentes influências para gravar o seu 14º trabalho. Tem modão sertanejo, pop rock e até arrocha, ritmo que Reginaldo garante se sair bem nos passos.
— Quando adolescente não tinha arrocha, mas tinha xote. Sempre gostei. Hoje em dia não danço mais em clube, mas com minhas irmãs e parentes, quando tem um casamento. Sou um pé de valsa. Fora isso só danço para Jesus — se diverte.
Sendo um pé de arrocha, seria possível imaginá-lo fazendo um passinho do funk?
— Eu queria gravar com a Anitta, queria atingir o público dela e que ela viesse abrilhantar o meu trabalho. Ela tem muita aceitação , é religiosa e já começamos umas tratativas. Se achar um funk que alguém compor, e eu me sentir tranquilo em cantar, não veria problemas. Mas dançar não vou conseguir.
Além das missas, livros na lista dos mais vendidos, e programas em diversas rádios do país, Reginaldo Manzotti também se destaca nas redes sociais. No Instagram, por exemplo, tem quase 880 mil seguidores. E recebe mensagens bem diversas.
— Quem não me conhece pode se encantar à primeira vista pelo pacote, e não prestar atenção no conteúdo. E às vezes extrapola. Já recebi cantadas, vale motel, calcinha… É preciso saber lidar, não ser ríspido — diz. Fonte: https://extra.globo.com
SEGUNDA-FEIRA, 30: Evangelho do Dia com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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5ª Semana da Páscoa. Lectio Divina do Evangelho do dia com Frei Carlo Mesters, Carmelita.
Oração
Ó Pai, que unis os corações dos fiéis num só desejo,
dai ao vosso povo amar o que ordenais
e esperar o que prometeis,
para que, na instabilidade deste mundo,
fixemos os nossos corações
onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,21-26)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 21“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. 22Judas — não o Iscariotes — disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e não ao mundo?” 23Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
Reflexão - Jo 14,21-26
Como dissemos anteriormente, o capítulo 14 do Evangelho de João é um exemplo bonito de como se praticava a catequese nas comunidades da Ásia Menor no fim do primeiro século. Através das perguntas dos discípulos e das respostas de Jesus, os cristãos formavam sua consciência e encontravam uma orientação para os seus problemas. Assim, neste capítulo 14, temos a pergunta de Tomé com a resposta de Jesus (Jo 14,5-7), a pergunta de Filipe com a resposta de Jesus (Jo 14,8-21), e a pergunta de Judas com a resposta de Jesus (Jo 14,22-26). A última frase da resposta de Jesus a Filipe (Jo 14,21) forma o primeiro versículo do evangelho de hoje.
João 14,21: Eu o amarei e me manifestarei a ele.
Este versículo traz o resumo da resposta de Jesus a Filipe. Filipe tinha dito: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (Jo 14,8). Moisés tinha perguntado a Deus: “Mostra-me a tua glória!” (Ex 33,18). Deus respondeu: “Não poderás ver minha face, porque ninguém pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33,20). O Pai não pode ser mostrado. Deus habita uma luz inacessível (1Tim 6,16). “Ninguém jamais viu a Deus” (1Jo 4,12). Mas a presença do Pai pode ser experimentada através da experiência do amor. Diz a primeira carta de São João: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Jesus diz a Filipe: “Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Observando o mandamento de Jesus, que é o mandamento do amor ao próximo (Jo 15,17), a pessoa mostra o seu amor por Jesus. E quem ama a Jesus, será amado pelo Pai e pode ter a certeza de que o Pai se manifestará a ele. Na resposta a Judas, Jesus dirá como acontece esta manifestação do Pai na nossa vida.
João 14,22: A pergunta de Judas, pergunta de todos.
A pergunta de Judas: “Por que o senhor se manifesta só a nós e não ao mundo?” Esta pergunta de Judas reflete um problema que é real até hoje. Às vezes, sobe em nós cristãos o pensamento de que somos melhores que os outros e que Deus nos ama mais do que os outros. Será que Deus faz distinção de pessoas?
João 14,23-24: Resposta de Jesus.
A resposta de Jesus é simples e profunda. Ele repete o que acabou de dizer a Filipe. O problema não é se nós cristãos somos mais amados por Deus do que os outros, ou que os outros são desprezados por Deus. Este não é o critério da preferência do Pai. O critério da preferência do Pai é sempre o mesmo: o amor. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras”. Independentemente do fato de a pessoa ser ou não ser cristã, o Pai se manifesta a todos aqueles que observam o mandamento de Jesus que é o amor ao próximo (Jo 15,17). Em que consiste a manifestação do Pai? A resposta a esta pergunta está estampada no coração da humanidade, na experiência humana universal. Observe a vida das pessoas que praticam o amor e que fazem da sua vida uma doação aos outros. Examine a sua própria experiência. Independentemente de religião, classe, raça ou cor, a prática do amor traz uma paz profunda e uma alegria que conseguem conviver com dor e sofrimento. Esta experiência é o reflexo da manifestação do Pai na vida das pessoas. É a realização da promessa: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada
João 14,25-26: A promessa do Espírito Santo.
Jesus termina sua resposta a Judas dizendo: Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. Jesus comunicou tudo que ouviu do Pai (Jo 15,15). As palavras dele são fonte de vida e devem ser meditadas, aprofundadas e atualizadas constantemente à luz da realidade sempre nova que nos envolve. Para esta meditação constante das suas palavras Jesus nos promete a ajuda do Espírito Santo: “O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.
Para confronto pessoal
1-Jesus disse: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Como eu experimento esta promessa?
2-Temos a promessa do dom do Espírito para nos ajudar a entender as palavras de Jesus. Eu invoco a luz do Espírito quando vou ler e meditar a Escritura?
Oração final
Que a minha boca cante a glória do Senhor
e que bendiga todo ser seu nome santo,
desde agora, para sempre e pelos séculos. (Sl 144, 21)
Documentos revelam que bispo e padres reconheceram o 'sumiço' de R$ 910 mil do caixa da Diocese de Formosa, diz MP-GO
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Documentos revelam que bispo e padres reconheceram o 'sumiço' de R$ 910 mil do caixa da Diocese de Formosa, diz MP-GO
Declarações foram assinadas a pedido de contador que havia notado diferença no caixa das igrejas. Nove membros foram acusados do desvio de dízimo e respondem em liberdade.
Documentos obtidos pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) apontam que alguns dos religiosos acusados de desvios de dízimos reconheceram a ausência de R$ 910 mil nos caixas das igrejas. O órgão acredita que o padre Waldson José de Melo, de Posse, o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira e o bispo Dom José Ronaldo embolsavam os valores declarados como “desaparecidos”.
O G1 tentou contato com as defesas dos religiosos por telefone e mensagem na noite de domingo (29), e na manhã desta segunda-feira (30), e aguarda posicionamento sobre o caso.
Um dos documentos, assinado pelo monsenhor Epitácio Cardozo, aponta o déficit de mais de R$ 72 mil, acumulado em 2016, no caixa da Paróquia Divino Espirito Santo, em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal.
Outro relatório, este assinado pelo padre Waldson e pelo bispo Dom José Ronaldo, aponta a ausência de R$ 274 mil do caixa da Paróquia Sagrada Família em Posse, no nordeste de Goiás. O montante deveria ser resultado do acúmulo das arrecadações em 2015.
Segundo o MP-GO, faltaram ainda R$ 207 mil, que também deveriam ser o saldo de 2015, mas da Paróquia do Divino Espirito Santo, em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Por fim, o órgão aponta que “sumiram” outros R$ 357 mil do caixa da Paróquia Santana, em Posse.
“Dois documentos são referentes ao monsenhor, outro ao padre Moacyr, da catedral de Formosa, e outro do padre Wladson, de Posse, com quem foram encontrados R$ 400 mil na conta. Foram três desvios de somas bastante voluptuosas, inclusive com assinatura do bispo, atestando que tem ciência do documento, do desaparecimento do dinheiro”, disse o promotor responsável pela investigação, Douglas Chegury.
Conforme o promotor, os documentos já fazem parte da denúncia aceita pela Justiça, portanto, os citados estão respondendo pelo crime de apropriação indébita.
Operação Caifás
Deflagrada pelo MP-GO, a Operação Caifás apura o desvio de R$ 2 milhões pela Diocese de Formosa. No último dia 19 de março, nove pessoas foram presas. Além do dízimo, a apuração apontou que o grupo se apropriava de dinheiro oriundo de doações, arrecadações de festas realizadas por fiéis e taxas de eventos como batismos e casamentos.
As investigações sobre o desvio começaram no ano passado, após denúncias de fiéis. Eles afirmaram que as despesas da casa episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde a chegada do bispo Dom José Ronaldo, em 2015. Na ocasião, o clérigo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça foram usadas na apuração. O grupo teria comprado uma fazenda de gado, carros de luxo e uma lotérica com os recursos. A operação culminou com apreensões em Formosa, Posse e Planaltina. Durante as apreensões, foi encontrado dinheiro escondido em fundo falso de armário.
Após menos de um mês detidos em uma ala isolada do recém-inaugurado presídio da Formosa, os presos foram liberados por habeas corpus concedidos pela Justiça. Na saída da cadeia, o bispo Dom José Ronaldo, outros quatro clérigos e dois empresários foram recebidos com festa por parentes e amigos.
Bloqueio de bens
O juiz Fernando Oliveira Samuel, da 2ª Vara Criminal de Formosa, determinou em 27 de março o bloqueio de bens dos seis clérigos, dois empresários e do secretário da Cúria. O limite é de até R$ 1 milhão por cada. Também foi autorizada a quebra do sigilo bancário e fiscal dos acusados.
Gestor temporário da Diocese de Formosa nomeado pelo Papa Francisco e arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto criticou o bispo preso e disse que recebeu "caixa vazio e com dívida". Ele auxiliará nas atividades da paróquia da região até que seja nomeado um novo bispo.
A polícias apura outras acusações que surgiram contra o bispo fora do processo. Entre elas, está o uso de cartões da Igreja para compra de bebidas alcoólicas. De acordo com boletim de ocorrência, houve gasto de R$ 4 mil indevidamente.
Além disso, fiéis afirmam que Dom José Ronaldo aumentou em até 400% taxas de casamento quando assumiu a administração, em 2014. As mesmas informações chegaram ao MP-GO) por meio do depoimento de um dos padres que denunciou o esquema, mas, segundo o promotor, ainda não compõem uma apuração específica. Fonte: https://g1.globo.com
5º DOMINGO DA PÁSCOA: Outro Olhar
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5º DOMINGO DA PÁSCOA: Lectio Divina com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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Quarta-feira da 5ª Semana da Páscoa
Oração
Ó Deus, que amais e restituís a inocência,
orientai para vós os nossos corações,
para que jamais se afastem da luz da verdade
os que tirastes das trevas da descrença.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,1-8)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim.
5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
Reflexão - Jo 15,1-8
Os Capítulos 15 até 17 do Evangelho de João trazem vários ensinamentos de Jesus que o evangelista juntou e colocou aqui no contexto amigo e fraterno do último encontro de Jesus com seus discípulos:
Jo 15,1-17: Reflexões em torno da parábola da videira
Jo 15,18 a 16,4a: Conselhos sobre a maneira de como comportar-se quando forem perseguidos
Jo 16,4b-15: Promessa sobre a vinda do Espírito Santo
Jo 16,16-33: Reflexões sobre a despedida e o retorno de Jesus
Jo 17,1-26: O Testamento de Jesus em forma de oração
Os Evangelhos de hoje e de amanhã trazem uma parte da reflexão de Jesus em torno da parábola da videira. Para entender bem todo o alcance desta parábola, é importante estudar bem as palavras que Jesus usou. Igualmente importante é você observar de perto uma videira ou uma planta qualquer para ver como ela cresce e como acontece a ligação entre o tronco e os ramos, e como o fruto nasce do tronco e dos ramos.
João 15,1-2: Jesus apresenta a comparação da videira
No Antigo Testamento, a imagem da videira indicava o povo de Israel (Is 5,1-2). O povo era como uma videira que Deus plantou com muito carinho nas encostas das montanhas da Palestina (Sl 80,9-12). Mas a videira não correspondeu ao que Deus esperava. Em vez de uvas boas deu um fruto azedo que não prestava para nada (Is 5,3-4). Jesus é a nova videira, a verdadeira. Numa única frase ele nos entrega toda a comparação. Ele diz: "Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto, ele o corta. E todo ramo que produz fruto, ele o poda!". A poda é dolorosa, mas é necessária. Ela purifica a videira, para que cresça e produza mais frutos.
João 15,3-6: Jesus explica e aplica a parábola
Os discípulos já são puros. Já foram podados pela palavra que ouviram de Jesus. Até hoje, Deus faz a poda em nós através da sua Palavra que nos chega pela Bíblia e por tantos outros meios. Jesus alarga a parábola e diz: "Eu sou a videira e vocês são os ramos!" Não se trata de duas coisas distintas: de um lado a videira, do outro, os ramos. Não! Videira sem ramos não existe. Nós somos parte de Jesus. Jesus é o todo. Para que um ramo possa produzir fruto, deve estar unido à videira. Só assim consegue receber a seiva. "Sem mim vocês não podem fazer nada!" Ramo que não produz fruto é cortado. Ele seca e é recolhido para ser queimado. Não serve para mais nada, nem para lenha!
João 15,7-8: Permanecer no amor.
Nosso modelo é aquilo que Jesus mesmo viveu no seu relacionamento com o Pai. Ele diz: "Assim como o Pai me amou, também eu amei vocês. Permaneçam no meu amor!" Ele insiste em dizer que devemos permanecer nele e que as palavras dele devem permanecer em nós. E chega a dizer: "Se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, aí podem pedir qualquer coisa e vocês o terão!" Pois o que o Pai mais quer é que nos tornemos discípulos e discípulas de Jesus e, assim, produzamos muito fruto.
Para confronto pessoal
1-Quais as podas ou momentos difíceis, que já passei na minha vida e que me ajudaram a crescer? Quais as podas ou momentos difíceis, que passamos na nossa comunidade e nos ajudaram a crescer?
2-O que mantém a planta unida e viva, capaz de dar frutos, é a seiva que a percorre. Qual é a seiva que percorre nossa comunidade a mantém viva, capaz de produzir frutos?
Oração final
Cantai ao Senhor um canto novo,
Cantai ao Senhor em toda a terra.
Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome. (Sl 95, 1)
A voz do silêncio
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O exegeta cardeal passeia no jardim da palavra humana, palavra fraca e frágil, para a qual foi confiada a revelação da Palavra, atestada na Bíblia. Esta última é, justamente, O grande código no qual bebeu a cultura do mundo ocidental e - em menor escala, e "secularizada" - até os dias de hoje. A palavra é arrebatadora, poderosa, especialmente aquela poética. A palavra bíblica não é apenas epifania da revelação, mas diafania (Teihard De Chardin), transparência do divino. Especialmente a poesia abraça em si os "espaços em branco" que são igualmente e talvez mais expressivos do que as palavras ditas para expressar a profundidade da realidade cantada. O comentário é de Roberto Mela, teólogo italiano, publicado por Settimana News, 26-04-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
A fraqueza da palavra, especialmente aquela judaica dotada apenas de 5.740 palavras, tende à expansão máxima de sentido através da musicalidade das suas expressões. Dôdî lî waānî ledôdî, "Eu sou do meu Amado, e o meu Amado é meu", declara a Amada no Cântico dos Cânticos.
A poesia canta o êxtase do amor, da primavera que passa como um sopro de vento nas estações de Israel. Canta a tragédia dos sofrimentos, como aquela de Jerusalém prostrada no chão da poeira do exílio, de cuja boca escapa apenas um sussurro.
Elias no Monte Horeb só ouvirá "a voz de um silêncio sutil", um silêncio que fala, porque não é um silêncio "negro" - ausência de ruídos e de palavras, muito temido pelos jovens de hoje - mas um "silêncio branco" mais expressivo do que o ressoar da palavra.
YHWH, o nome do Deus de Israel, o máximo do conteúdo da experiência religiosa judaica, é impronunciável, é proibido pronunciá-lo e deve ser substituído por outro nome, 'Adonay'.
"A Bíblia é o alfabeto colorido da esperança, na qual mergulharam seus pincéis durante séculos os pintores”(Marc Chagall). Na paleta artística a Palavra pode ser atualizada (Paul Gauguin, Visão depois do sermão: depois da homilia, as mulheres bretãs reveem na praça de seu vilarejo a luta do anjo com Jacó no Vau do Jaboque); a palavra pode ser deformada (Carl Gustav Jung, Resposta a Jó: Deus fica curioso sobre o homem que protesta contra sua inquestionável vontade e envia Jesus à Terra para ouvir os argumentos de Jó, Jesus compreende que Jó está certo e contra os momentos da ira de Deus, desde aquele momento em diante, a levantar-se contra o Todo-Poderoso não será apenas Jó, mas também Jesus); a Palavra também pode ser transfigurada (Wolfgang Amadeus Mozart, nas Vésperas Solenes do Confessor K339 comenta o curto Salmo 116 [117] fazendo subir a soprano cada vez mais até "cair" na assembleia do coro que canta com confiança agora "cristã" o Glória; as palavras hésed e 'emet' do salmo, que expressam relação amorosa e não tanto misericordia e veritas da Vulgata de Jerônimo, encontram aqui expressão exaltada e fascinante).
Wozu Dichter,"Por que os poetas", questionava-se Friedrich Hölderlin, "por que os poetas em tempo de pobreza?". "Vivemos em uma época em que a pobreza, ou seja, a falta de Deus, não é mais percebida como uma falta”, comentava Heidegger em Os caminhos da floresta. Em um tempo de ouvidos obstruídos por urtigas as palavras dos profetas devem irromper "pelos portões da noite, traçando feridas de palavras nos campos do hábito" (Nelly Sachs, The Prophets). A palavra deve encontrar ouvidos que a saibam ouvir e acolher.
Hoje, o poder da palavra dos profetas e dos poetas "parece insignificante, mas ela é mais necessária do que o pão" (Ravasi, p. 42), e realiza-se assim a profecia de Am 8:11 “...enviarei a fome a toda esta terra... não fome de pão, nem sede de água, mas fome e sede de ouvir as palavras do Senhor". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
"Coragem!" Documentário exibe as muitas vidas de Dom Paulo Evaristo Arns, o cardeal da resistência à ditadura
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“Coragem!”, “Coragem!”, “Coragem!”, “Coragem!”. O insistente clamor de Dom Paulo Evaristo Arns ecoa na memória daqueles que fazem as múltiplas vozes de apresentação do documentário que apresenta as muitas vidas do cardeal. Lançado em dezembro de 2017, um ano após a morte do cardeal, foi dirigido por Ricardo Carvalho e produzido pelo Instituto Vladmir Herzog. Conta com a participação e depoimentos de figuras emblemáticas na luta contra a ditadura militar. Contribuem ainda artistas como Maria Bethânia, Chico Pinheiro e Paulo Betti.
O documentário exibe vídeos inéditos da trajetória do Cardeal Arns. Suas múltiplas histórias são as muitas vidas às quais ele se transformou e se dedicou a transformar.
O documentário enfatiza a luta protagonizada contra o regime militar no país e a dedicação na defesa dos operários e demais perseguidos pelo governo. Dom Paulo foi grande referência em defesa das grandes greves operárias da Grande São Paulo, da década de 1970. Segundo o diretor Ricardo Carvalho, Arns foi o “cardeal dos operários”.
O cardeal tomou destaque ao assumir a Arquidiocese de São Paulo e vender o Palácio Episcopal para a construção de 1.100 centros comunitários. O filme realça a dedicação do cardeal na militância dos direitos humanos e a perseguição que o declarado inimigo nº 1 da ditadura militar sofreu.
Dedicado à defesa dos pobres, foi suporte não apenas para os perseguidos pela ditadura brasileira, mas auxiliou exilados de todo o Conesul. Ricardo Carvalho aponta que “Dom Paulo foi o primeiro a encontrar crianças desaparecidas pelas ditaduras no continente”. Em seu depoimento especial para o filme, o cardeal afirma “Com Médici foi duro. Tivemos que ficar firmes até o fim, até a última linha, até o ponto final da frase que a gente disse: ‘que os militares não mandam na nossa liberdade!’ ”.
O documentário foi feito por uma pesquisa de dois anos em arquivo, e de longa data na convivência do diretor e do cardeal. Ricardo Carvalho é, também, autor da biografia de Dom Paulo Evaristo Arns: O cardeal da resistência — As muitas vidas de dom Paulo Evaristo Arns (São Paulo: Instituto Vladmir Herzog, 2013). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
AO VIVO- PERMANECER...
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5º Domingo da Páscoa – Ano B: Um Olhar
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A liturgia do 5º Domingo da Páscoa convida-nos a refletir sobre a nossa união a Cristo; e diz-nos que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira.
O Evangelho apresenta Jesus como “a verdadeira videira” que dá os frutos bons que Deus espera. Convida os discípulos a permanecerem unidos a Cristo, pois é d’Ele que eles recebem a vida plena. Se permanecerem em Cristo, os discípulos serão verdadeiras testemunhas no meio dos homens da vida e do amor de Deus.
ATUALIZAÇÃO (EVANGELHO - Jo 15,1-8)
Jesus é “a verdadeira videira”, de onde brotam os frutos da justiça, do amor, da verdade e da paz; é n’Ele e nas suas propostas que os homens podem encontrar a vida verdadeira. Muitas vezes os homens, seguindo lógicas humanas, buscam a verdadeira vida noutras “árvores”; mas, com frequência, essas “árvores” só produzem insatisfação, frustração, egoísmo e morte… João garante-nos: na nossa busca de uma vida com sentido, é para Cristo que devemos olhar. Temos consciência de que é em Cristo que podemos encontrar uma proposta de vida autêntica? Ele é, para nós, a verdadeira “árvore da vida”, ou preferimos trilhar caminhos de auto-suficiência e colocamos a nossa confiança e a nossa esperança noutras “árvores”?
Hoje, Jesus, “a verdadeira videira”, continua a oferecer ao mundo e aos homens os seus frutos; e fá-lo através dos seus discípulos. A missão da comunidade de Jesus, que hoje caminha pela história, é produzir esses mesmos frutos de justiça, de amor, de verdade e de paz que Jesus produziu. Trata-se de uma tremenda responsabilidade que nos é confiada, a nós, os seguidores de Jesus. Jesus não criou um gueto fechado onde os seus discípulos podem viver tranquilamente sem “incomodarem” os outros homens; mas criou uma comunidade viva e dinâmica, que tem como missão testemunhar em gestos concretos o amor e a salvação de Deus. Se os nossos gestos não derramam amor sobre os irmãos que caminham ao nosso lado, se não lutamos pela justiça, pelos direitos e pela dignidade dos outros homens e mulheres, se não construímos a paz e não somos arautos da reconciliação, se não defendemos a verdade, estamos a trair Jesus e a missão que Ele nos confiou. A vida de Jesus tem de transparecer nos nossos gestos e, a partir de nós, atingir o mundo e os homens.
No entanto, o discípulo só pode produzir bons frutos se permanecer unido a Jesus. No dia do nosso Batismo, optamos por Jesus e assumimos o compromisso de O seguir no caminho do amor e da entrega; quando celebramos a Eucaristia, acolhemos e assimilamos a vida de Jesus – vida partilhada com os homens, feita entrega e doação total por amor, até à morte. O cristão tem em Jesus a sua referência, identifica-se com Ele, vive em comunhão com Ele, segue-O a cada instante no amor a Deus e na entrega aos irmãos. O cristão vive de Cristo, vive com Cristo e vive para Cristo.
O que é que pode interromper a nossa união com Cristo e tornar-nos ramos secos e estéreis? Tudo aquilo que nos impede de responder positivamente ao desafio de Jesus no sentido do O seguir provoca em nós esterilidade e privação de vida… Quando conduzimos a nossa vida por caminhos de egoísmo, de ódio, de injustiça, estamos a dizer não a Jesus e a renunciar a essa vida verdadeira que Ele nos oferece; quando nos fechamos em esquemas de auto-suficiência, de comodismo e de instalação, estamos a recusar o convite de Jesus e a cortar a nossa relação com a vida plena que Jesus oferece; quando para nós o dinheiro, o êxito, a moda, o poder, os aplausos, o orgulho, o amor próprio, são mais importantes do que os valores de Jesus, estamos a secar essa corrente de vida eterna que deveria correr entre Jesus e nós… Para que não nos tornemos “ramos” secos, é preciso renovarmos cada dia o nosso “sim” a Jesus e às suas propostas.
A comunidade cristã é o lugar privilegiado para o encontro com Cristo, “a verdadeira videira” da qual somos os “ramos”. É no âmbito da comunidade que celebramos e experimentamos – no Batismo, na Eucaristia, na Reconciliação – a vida nova que brota de Cristo. A comunidade cristã é o Corpo de Cristo; e um membro amputado do Corpo é um membro condenado à morte… Por vezes, a comunidade cristã, com as suas misérias, fragilidades e incompreensões, decepciona-nos e magoa-nos; por vezes sentimos que a comunidade segue caminhos onde não nos revemos… Sentimos, então, a tentação de nos afastarmos e de vivermos a nossa relação com Cristo à margem da comunidade. Contudo, não é possível continuar unido a Cristo e a receber vida de Cristo, em ruptura com os nossos irmãos na fé.
O que são os “ramos secos”? São, evidentemente, aqueles discípulos que um dia se comprometeram com Cristo, mas depois desistiram de O seguir… Mas os “ramos secos” podem também ser aquelas pequenas misérias e fragilidades que existem na vida de cada um de nós. Atenção: é preciso “limpar” esses pequenos obstáculos que impedem que a vida de Cristo circule abundantemente em nós. Chama-se a isso “conversão”.
Como podemos “limpar” os “ramos secos”? Fundamentalmente, confrontando a nossa vida com Jesus e com a sua Palavra. Precisamos de escutar a Palavra de Jesus, de a meditar, de confrontar a nossa vida com ela… Então, por contraste, vão tornar-se nítidas as nossas opções erradas, os valores falsos e essas mil e uma pequenas infidelidades que nos impedem de ter acesso pleno à vida que Jesus oferece.
*LEIA A REFLEXÃO DO 5º DOMINGO DA PÁSCOA NA ÍNTEGRA. CLIQUE AO LADO NO LINK- EVANGELHO DO DIA- E TENHA TODA A REFLEXÃO DOMINICAL
O PAPA E O CÉU: Outro Olhar
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Quinta-feira 26. 4ª Semana da Páscoa: Evangelho do dia com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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Oração
Ó Deus, que restaurais a natureza humana
dando-lhe uma dignidade ainda maior,
considerai o mistério do vosso amor,
conservando para sempre os dons da vossa graça
naqueles que renovastes.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (João 13, 16-20)
Naquele tempo, depois de haver lavado os pés dos discípulos, Jesus disse-lhes: 16Em verdade, em verdade, vos digo: o servo não é maior do que seu senhor, e o enviado não é maior do que aquele que o enviou. 17Já que sabeis disso, sereis felizes se o puserdes em prática. 18Eu não falo de todos vós. Eu conheço aqueles que escolhi. Mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: ‘Aquele que come do meu pão levantou contra mim o calcanhar’. 19Desde já, antes que aconteça, eu vo-lo digo, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou. 20Em verdade, em verdade, vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.
Reflexão
Nos próximos dias, com exceção das festas, o evangelho diário é tirado da longa conversa de Jesus com os discípulos durante a Última Ceia (Jo 13 a 17). Nestes cinco capítulos que descrevem a despedida de Jesus, percebe-se a presença daqueles três fios de que falamos anteriormente e que tecem e compõem o evangelho de João: a palavra de Jesus, a palavra das comunidades e a palavra do evangelista que fez a última redação do Quarto Evangelho. Nestes cinco capítulos, os três fios estão de tal maneira entrelaçados que o todo se apresenta como uma peça única de rara beleza e inspiração, onde é difícil distinguir o que é de um e o que é do outro, mas onde tudo é Palavra de Deus para nós.
Estes cinco capítulos trazem a conversa que Jesus teve com os seus amigos, na véspera de ser preso e morto. Era uma conversa amiga, que ficou na memória do Discípulo Amado. Jesus, assim parece, queria prolongar ao máximo esse último encontro, momento de muita intimidade. O mesmo acontece hoje. Há conversa e conversa. Há conversa superficial que gasta palavras à toa e revela o vazio das pessoas. E há conversa que vai fundo no coração e fica na memória. Todos nós, de vez em quando, temos esses momentos de convivência amiga, que dilatam o coração e vão ser força na hora das dificuldades. Ajudam a ter confiança e a vencer o medo.
Os cinco versículos do Evangelho de hoje tiram duas conclusões do lava-pés (Jo 13,1-15). Falam (1) do serviço como característica principal dos seguidores e seguidoras de Jesus, e (2) da identidade de Jesus como revelação do Pai.
João 13,16-17: O servo não é maior que o seu senhor. Jesus acabou de lavar os pés dos discípulos. Pedro levou susto e não quis que Jesus lhe lavasse os pés. “Se eu não te lavar os pés, não terás parte comigo” (Jo 13,8). E basta lavar os pés; o resto não precisa (Jo 13,10). O valor simbólico do gesto do lava-pés consistia em aceitar Jesus como o Messias Servidor que se entrega a si mesmo pelos outros, e recusar um messias rei glorioso. Esta entrega de si mesmo como servo de todos é a chave para entender o gesto do lava-pés. Entender isto é a raiz da felicidade de uma pessoa: “Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática". Mas havia pessoas, mesmo entre os discípulos, que não aceitavam Jesus como Messias Servo. Não queriam ser servidores dos outros. Provavelmente, queriam um messias glorioso como Rei e Juiz, de acordo com a ideologia oficial. Jesus diz: "Eu não falo de todos vocês. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: Aquele que come pão comigo, é o primeiro a me trair!” João se refere a Judas, cuja traição vai ser anunciada logo em seguida (Jo 13,21-30).
João 13,18-20: Digo isto agora, para que creiais que EU SOU. Foi por ocasião da libertação do Egito ao pé do Monte Sinai, que Deus revelou o seu nome a Moisés: “Estou com você!” (Ex 3,12), “Estou que Estou” (Ex 3,14), “Estou” ou “Eu sou” me mandou até vocês!” (Ex 3,14), O nome Javé (Ex 3,15) expressa a certeza absoluta da presença libertadora de Deus junto do seu povo. De muitas maneiras e em muitas ocasiões esta mesma expressão Eu Sou ou Sou Eu é usada por Jesus (Jo 8,24; 8,28; 8,58; Jo 6,20; 18,5.8; Mc 14,62; Lc 22,70). Jesus é a presença do rosto libertador de Deus no meio de nós.
Para um confronto pessoal
1) O servo não é maior que o seu senhor. Como faço da minha vida um serviço permanente aos outros?
2) Jesus soube conviver com pessoas que não o aceitavam. E eu consigo?
Oração final
Vou cantar para sempre a bondade do SENHOR;
anunciarei com minha boca sua
fidelidade de geração em geração.
Pois disseste: “Minha bondade está de pé para sempre”.
O Papa, um menino e os pobres redefinem santidade
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Na surpreendente Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate” (Alegrai-vos e exultai), Francisco muda a norma tradicional católica sobre santidade. A Exortação teve sua redação concluída numa assembleia com o pequeno Emanuele de 10 anos de idade e com os pobres da periferia de Roma. Ela indica que o caminho para a santidade é a decidida opção pelos pobres e a busca pela justiça. Mais ainda: que este caminho não é exclusivo dos católicos e nem mesmo dos cristãos; está aberto a todos, inclusive aos ateus e ateias. Dom Oscar Romero é santo; igualmente santas são Edith Stein, Olga Benário Prestes e Marielle Franco. O comentário é de Mauro Lopes, jornalista, em artigo publicado por Caminho pra Casa, 24-04-2018.
Eis o artigo.
O Papa imaginou haver concluído no dia dedicado à memória de São José (19 de março) o mais franciscano documento de seu papado, a Exortação Apostólica sobre o caminho de santidade. Mas não. O texto foi finalizado por Francisco somente um mês depois, no 3º Domingo da Páscoa, em 15 de abril, no encontro com um menino de dez anos com o significativo nome de Emanuele, numa assembleia com pobres da periferia de Roma.
Naquele domingo, o Papa, que é antes de tudo o bispo de Roma, foi à paróquia de São Paulo da Cruz, na periferia mais pobre de sua diocese. O primeiro momento da agenda foi um encontro com crianças que frequentam a catequese. Quando chegou a vez de Emanuele, de apenas 10 anos, o menino aproximou-se do microfone e começou a chorar copiosamente.
Francisco chamou-o, “Vem, vem aqui comigo, Emanuele, e me diz ao ouvido, diz-me ao ouvido”. O menino foi, aos prantos, abraçado pelo pároco, padre Roberto Cassano. Francisco e o menino conversaram por poucos minutos, longe dos microfones, cabeça a cabeça. Quando Emanuele voltou ao seu lugar, o Papa, autorizado pela criança, relatou o diálogo.
Emanuele perdeu o pai recentemente e estava com o coração apertado com a dúvida se seu pai, que era ateu, estaria no céu no inferno – mesmo ateu, o pai de Emanuele fez batizar o menino e seus dois irmãos e uma irmã. Esta era a razão do choro angustiado.
O que disse o Papa?
Primeiro, sobre o pai de Emanuele:
“Que bonito quando um filho diz que o seu papai era bom! Um bonito testemunho sobre aquele homem, quando os seus filhos podem dizer que ele era um homem bom! Se esse homem foi capaz de ter filhos assim, é verdade que era um grande homem!”
Depois, sobre a angústia do menino:
“Quem diz quem vai para o céu é Deus! Mas como será o coração de Deus diante de um pai assim? (…) Será que Deus abandona os seus filhos quando eles são bons?”
Nesta hora, a comunidade reunida respondeu – e foi um dos momentos culminantes do papado de Francisco, pois ali, na periferia, entre os pobres de Roma, sua Exortação Apostólica teve seu ponto final, em redação comunitária do o bispo com o povo pobre. Em uníssono, todos responderam à indagação do Papa se Deus abandona seus filhos:
“Não!”
“Bom, Emanuele, esta é a resposta” – atalhou o Papa, dirigindo-se ao menino e, na verdade, a todos os católicos e à humanidade.
Pois assim completou-se o espírito que animou a Exortação do Papa. O céu, tempo/lugar de realização máxima do ser, da Partilha e da Amizade, e a santidade são caminhos abertos a todas as pessoas que têm sede de justiça e fazem a opção de estar ao lado, vive e conviver com os pobres, marginalizados e excluídos pelo sistema.
Uma revolução na história do cristianismo. Nunca antes um Papa concluiu um texto seu numa assembleia com os pobres e sob inspiração de um menino de 10 anos de idade.
Como escrevi, Emanuele, o nome do menino, talvez não tenha sido tão acidental assim. Pois esse era o nome do menino esperado em Israel quando do nascimento de Jesus, conforme a profecia de Isaías (Is 7,14), o sinal de que Deus estava com seu povo pobre de Israel – Emanuel quer dizer exatamente Deus conosco. A passagem foi retomada no Evangelho de Mateus (Mt 1, 23) para anunciar que o Esperado havia chegado. Não teve o nome de Emanuel, mas de Jesus (o Senhor salva), mas era o pequeno Emanuel tão aguardado por seu povo.
Pois o pequeno Emanuel tomou para si a condução da assembleia de Francisco com aquele grupo de pobres em Roma e imprimiu uma virada história no catolicismo.
Sim, porque a resposta da comunidade da paróquia de São Paulo da Cruz não foi nada óbvia. Fosse um encontro com paroquianos ricos ou integristas, a resposta seria provavelmente oposta. Ou seja: que a santidade e o céu eram “propriedades” reservadas exclusivamente aos batizados e (aqueles que a hierarquia denomina de fiéis). Este era até agora o estabelecido, a regra, a lei, e ela foi reafirmada por João Paulo II em 1983 na Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister e no Catecismo da Igreja Católica (nº 1023)
Com a Exortação de Francisco em coautoria com Emanuele e os pobres da paróquia de São Paulo da Cruz não é mais assim.
O coração da Exortação de Francisco diz: santidade é um caminho aberto a todas as pessoas e não exclusivamente aos fiéis católicos e um caminho que se faz à luz da grande convocação de Jesus no texto central dos Evangelhos, o Discurso das Bem-Aventuranças, complementado por um trecho do capítulo 25 do Evangelho de Mateus.
Sobre este trecho, escreveu frei Leonardo Boff no último sábado, 21 (Estive preso e me impediram de visitar-te):
“Há uma cena de grande dramaticidade no evangelho se São Mateus quando se trata do Juízo Final, quer dizer, quando se revela o destino último de cada ser humano. O Juiz Supremo não perguntará a que Igreja ou religião alguém pertenceu, se aceitou os seus dogmas, quantas vezes frequentou os ritos sagrados.
Esse Juiz se voltará aos bons e dirá: ‘Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino preparado para vós desde a criação do mundo; porque tive fome e de me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes, estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, estava preso e viestes me ver… todas as vezes que fizestes a um destes meus irmãos e irmãs menores, foi a mim que o fizestes… e quando deixastes de fazer a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes’ (Evangelho de S.Mateus25, 35-45).
Neste momento supremo, são as práticas e não as prédicas para com os sofredores deste mundo que contarão. Se os tivermos atendido, ouviremos aquelas palavras benditas.”
Segundo o texto de Gaudete et Exsultate, a caminhada para a santidade tem uma única “grande regra de comportamento”, estabelecido por este trecho de Mateus, à luz das Bem-Aventuranças: “No capítulo 25 do Evangelho de Mateus (vv. 31-46), Jesus volta a deter-se numa destas bem-aventuranças: a que declara felizes os misericordiosos. Se andamos à procura da santidade que agrada a Deus, neste texto encontramos precisamente uma regra de comportamento com base na qual seremos julgados: ‘Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e destes-Me que vestir, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo’ (25, 35-36)” [95].
As bem-aventuranças são a grande convocação de Jesus para um jeito de levar a vida, rumo a um novo tempo e lugar chamado Reino de Deus. No seu discurso, Jesus convocou: “em marcha!”. Em marcha (ashréi, em aramaico/hebraico, línguas de uso corrente na Israel de Jesus). Em marcha os pobres em espírito (ou os pobres, simplesmente, na versão de Lucas), os aflitos, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos. Santos e santas são, dentre estes, os que se colocarem em marcha a caminho do tempo/lugar chamado por Jesus de Reino de Deus e se dispuserem a, de alguma maneira, por suas vidas, presentificarem tal Reino.
Não, escreve o Papa, rezar o terço e ir à missa aos domingos por si só não faz ninguém santo ou santa. Obedecer às prescrições formais da religião, mas alimentar o ódio, incensar os ricos e a riqueza, desejar o mal não é caminho de santidade: “Não é saudável amar o silêncio e esquivar o encontro com o outro, desejar o repouso e rejeitar a atividade, buscar a oração e menosprezar o serviço. Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste mundo, entrando a fazer parte do caminho de santificação. Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão.” (26)
“Poder-se-ia pensar que damos glória a Deus só com o culto e a oração, ou apenas observando algumas normas éticas (é verdade que o primado pertence à relação com Deus), mas esquecemos que o critério de avaliação da nossa vida é, antes de mais nada, o que fizemos pelos outros. A oração é preciosa, se alimenta uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus, quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos.” (104)
É cara aos jesuítas como o Papa a expressão “contemplar na ação”. Em outras palavras, caminhar no cotidiano com os olhos e o coração bem apertos para testemunhar a Presença daquele que se fez Amor entre nós. É viver contagiado pelo Mistério. É este o espírito original da oração que pode desenhar um traço de união entre toda a gente de todo mundo, os que creem e os que não creem, mas estão comprometidos com este desejo.
Um homem que está para ser declarado formalmente santo pela Igreja, dom Oscar Romero, arcebispo de El Salvador assassinado pelos militares sob a indiferença do Vaticano em março de 1980, deixou claro em uma homilia em dezembro de 1977 o caminho de santidade e como ele pode ser corrompido no interior mesmo da Igreja Católica:
“Uma religião de missa dominical, mas de semanas injustas não agrada ao Deus da Vida. Uma religião de muita reza, mas de hipocrisias no coração não é cristã. Uma Igreja que instala só para estar bem, para ter muito dinheiro, muita comodidade, porém que não ouve os clamores das injustiças não é a verdadeira igreja de nosso Divino Redentor.”
O caso de Oscar Romero é exemplar. Fez-se santo no exato espírito da Exortação de Francisco ainda em vida. Portanto, era santo – e assim foi considerado por milhares de católicos de todo o mundo por décadas- muito antes de seu reconhecimento pela hierarquia católica. Era santo enquanto era condenado por João Paulo II, que lhe ordenou abandonar os pobres de seu país e aliar-se à genocida elite política salvadorenha e à reacionária cúpula da Igreja local. Era santo quando, depois de morto, sua memória sofreu intensa campanha de difamação orquestrada pela Cúria romana, que bloqueou o processo de canonização por mais de 30 anos.
Santa foi também Edith Stein, sequestrada pelos nazistas no mosteiro carmelita de Echt, na Holanda, em 2 de agosto de 1942 para ser morta na câmara de gás em Auschwitzuma semana depois. Ela oficialmente canonizada em 1999. Mas sua santidade continha uma contradição que só agora, com a Exortação de Francisco, está resolvida: Edith Stein não foi sequestrada e morta pelos nazistas por ser católica ou por ser monja, mas por ser judia. Tornou-se santa por pertencer a um povo e fazer a escolha de levantar-se contra a injustiça e o ódio e não por seu caminho particular de fé.
A história de Edith Stein guarda enorme semelhança com a de outra judia, Olga Benário Prestes, ambas alemãs. Enquanto Edith foi sequestrada na Holanda, a comunista Olga, casada com Luís Carlos Prestes foi sequestrada no Brasil e enviada para uma prisão de mulheres da Gestapo. Grávida, deu à luz Anita Leocádia Prestes(hoje com 81 anos). Depois não de sete dias, como Edith, mas de sete anos de intenso sofrimento na prisão, onde sofreu diversas torturas psicológicas, agressões e humilhações morreu na câmara de gás quatro meses antes da monja carmelita, em 23 de abril de 1942, no campo de extermínio de Bernburg. É santa, por sua vida pobre ao lado dos pobres, igualmente pelo Reino, como Stein.
Santa igualmente fez-se Marielle Franco, mártir do tempo da Justiça-Paz como Edith Stein e Olga Benário Prestes. Executada, como as duas, com uma diferença de quase 80 anos. Não num campo de concentração nazista, mas numa rua do Rio, cidade cercada por um sem-número de campos de concentração conhecidos, no Brasil, como favelas.
Francisco, o pequeno Emanuele e a comunidade da periferia mais pobre de Romamudaram a história da Igreja e proclamam em alto e bom som: Oscar Romero, Edith Stein, Olga Benário Prestes, Marielle Franco e milhares de homens e mulheres ao redor do planeta e ao longo da história, fizeram-se santas e santos. Cada um do seu jeito escutou a convocação de Jesus e pôs-se em marcha. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
CURIOSIDADES DE SÃO MARCOS...
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Transferência e nomeação de bispo para o Brasil
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A Arquidiocese de Mariana (MG) e a diocese paranaense de Paranavaí têm novos bispos.
Cidade do Vaticano
Novo bispo para o Brasil: o Papa Francisco nomeou Bispo da diocese de Paranavaí (PR) o Pe. Mário Spaki, do clero da diocese de Ponta Grossa (PR), até então Secretário-executivo do Conselho Episcopal Regional Sul 2 da CNBB, com sede em Curitiba.
O Reverendo Mário Spaki nasceu em 14 de dezembro de 1971 em Irati, na diocese de Ponta Grossa. Na cidade paranaense estudou Filosofia e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1998). Também estudou Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Paraná em Curitiba.
Em 3 de agosto de 2003 foi ordenado sacerdote e incardinado na diocese de Ponta Grossa, na qual foi Vigário Paroquial e Reitor do Seminário de Filosofia São José (2004-2012).
Desde 2013 é Secretário-executivo do Conselho Episcopal Regional Sul 2 da CNBB, com sede em Curitiba.
O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira (25), o novo bispo da arquidiocese de Mariana (MG). Aceitando a renúncia de dom Geraldo Lyrio Rocha, o Papa nomeou como novo arcebispo dom Airton José dos Santos, até então arcebispo de Campinas (SP). A decisão de Francisco foi comunicada pela Nunciatura Apostólica no Brasil.
Dom Airton é bispo desde dezembro de 2001, quando o então papa João Paulo II, o nomeou bispo auxiliar para a diocese de Santo André (SP). Em agosto de 2004, foi nomeado também por João Paulo II bispo da diocese de Mogi das Cruzes (SP), onde ficou até fevereiro de 2012, quando o então papa Bento XVI o nomeou arcebispo metropolitano de Campinas (SP).
Fontes: www.vaticannews.va; www.cnbb.org.br
A cultura clerical produz frutas podres
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“Uma rede de relações autoritária e controladora deste tipo gera medo, timidez e um desengajamento que pode ser racionalizado como virtude”, escreve Andrew Hamilton, SJ, editor-consultor de Eureka Street, revista eletrônica dos jesuítas da Austrália, em artigo publicado por La Croix Internacional, 14-04-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Eis o artigo.
Em um recente artigo no Eureka Street eu comentei que na Igreja Católica clericalismoé um termo pejorativo. Também tentei identificar algumas das atitudes e comportamentos associados com as pessoas consideradas clericalistas. O artigo provocou uma conversa animada.
Alguns dos colaboradores me criticaram por focalizar em indivíduos e não na capciosa cultura do clericalismo. As críticas foram justificadas, e neste artigo eu refletirei sobre essa cultura e seus subprodutos.
Como uma cultural, o clericalismo mostra uma visão em que a Igreja Católica é um mundo autossuficiente. Sua segurança, reputação e relações internas são o centro das atenções.
Dentro da Igreja as relações são hierárquicas. A diferença entre as classes é, na prática, vista como mais importante do que aquilo que católicos têm em comum
As relações também são frequentemente autoritárias: bispos e padres têm medo de Roma; são formais uns com os outros; e, as relações com os leigos são prescritivas. Os clérigos não sentem necessidade de consultar os leigos em questões de liturgia, finanças e política.
As fronteiras entre a Igreja e o mundo exterior são fortemente marcadas, assim como as fronteiras entre católicos fiéis e infiéis. Em todos esses aspectos, o clericalismo é uma cultura de controle que privilegia o sigilo.
Como qualquer cultura, o clericalismo encontra expressão em uma rede de relações. Elas são relações de pessoas com o mundo material: através de distintos trajes cotidianos e litúrgicos, por exemplo, distintos arranjos de igreja e distintos artefatos litúrgicos.
A rede de relações também se manifesta entre as pessoas: entre indivíduos e, especialmente, aquelas mediados através de instituições. Estes últimos incluem formas de tratamento, de remuneração, de formação de crianças e adultos, da disposição do espaço, de processos de envolvimento de pessoas na tomada de decisões e governança, de costumes, de imaginar a história da paróquia, da diocese e da igreja nacional.
As relações institucionais são particularmente importantes porque muitas vezes são simplesmente tomadas como necessárias e inevitáveis. Elas moldam o que os participantes veem e como o veem.
Elas também criam padrões de expectativa de como clérigos e leigos vão falar e se comportar entre si, expressar ou ocultar discordância, responder à injustiça, aceitar a direção e ver o mundo exterior.
Em uma cultura clerical sólida todos os bispos seguirão automaticamente as instruções romanas e todos os padres serão formados para obedecer aos seus bispos sem questionar.
Eles também serão um canal confiável para comunicar aos leigos instruções do Papa e de oficiais romanos sobre liturgia, vestimenta e questões éticas. Padres e bispos vão progredir sendo confiáveis, não questionando, e defendendo resolutamente a Igreja e seus interesses.
Os leigos serão formados para obedecer aos seus párocos autoritários e para se calarem diante de preocupações que possam ter com seus comportamentos. Se confrontarem o clero, serão vistos como inconfiáveis; e, se deixarem a Igreja, sua desistência será a justificativa da cultura clerical.
Uma rede autoritária e controladora de relações deste tipo gera medo, timidez e um desengajamento que pode ser racionalizado como virtude. Para os bispos, padres e leigos agir de forma conflitante com as normas de sua cultura exige coragem e perseverança.
Na prática, muitos católicos, tanto clérigos como leigos, não aceitam essas expectativas. Eles questionam, confrontam, discordam. Qualquer rede de relações é cheia de buracos e de desconexões. Mesmo uma forte cultura clerical não controla o comportamento de todos.
Por essa razão, é difícil avaliar o papel desempenhado pelo clericalismo em comportamentos criminosos, incluindo o abuso sexual e seu encobrimento na Igreja Católica.
Muitos elementos estão envolvidos nessa rede. Não estou convencido de que haja uma forte correlação causal entre a cultura e a ofensa. Alguns abusadores parecem ter sido modelos desta cultura. Outros parecem ter rejeitado fortemente.
O que pode ser levado em consideração é que o clericalismo permite que crimes como o abuso sexual e o roubo sejam encobertos e que as ações criminosas sejam repetidas. A complacência e a timidez perante a autoridade tornam mais provável que os leigos ignorem sinais de comportamento criminoso por parte de padres ou de pessoas empregadas pela Igreja.
O desejo de proteger a imagem da Igreja também torna mais provável que um bispo coloque a reputação acima do bem-estar das pessoas afetadas pelo crime, e assim permita que os infratores se desloquem de uma paróquia para outra, onde eles podem reincidir.
Mesmo que o clericalismo não puder ser ligado causalmente ao crime clerical, tal cultura molda certamente uma rede de relações atrofiadas que são deficientes se julgadas por valores humanos ou cristãos. Inevitavelmente vai produzir frutas podres. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
'Fomos acusados sem provas', diz bispo de Formosa
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Após deixar prisão, d. Ronaldo espera desfecho do caso na residência episcopal; bispo e outras 6 pessoas respondem por desvio de R$ 2 milhões
FORMOSA (GO) - Foram 30 dias de prisão, a tristeza de não celebrar a missa, a rotina sem noção de tempo, a mágoa de sofrer acusações para ele injustas e, acima de tudo, humilhações que considera impensáveis, como as duas vezes em que foi obrigado a ficar quase nu, só de cueca, para a revista aos presos.
Acusado de desvio de R$ 2 milhões de recursos das 33 paróquias da diocese de Formosa (GO), d. José Ronaldo Ribeiro, de 61 anos, foi solto na terça-feira e reuniu parentes e colaboradores na capela improvisada da residência episcopal, de 15 m², para agradecer a Deus estar de volta para junto do rebanho – cerca de 400 mil pessoas, em 23 municípios. “Fomos massacrados, acusados sem provas, com um método absurdo de condenar, prender e apurar”, disse d. Ronaldo em entrevista ao Estado, a primeira desde a prisão.
Ao seu lado estava outro acusado, o padre Thiago Wenceslau, juiz eclesiástico com doutorado na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, que chegou a Formosa em um domingo e foi preso na manhã seguinte, acusado de agir com o bispo. Padre Thiago chorou o tempo todo na missa na capelinha particular. Fez cinco dias de jejum, em sinal de protesto contra a prisão, e foi o último a ser libertado, 24 horas após a soltura de d. Ronaldo, um monsenhor, três padres e dois empresários presos na Operação Caifás, sob acusação de falsidade ideológica e desvio de dinheiro das paróquias.
Ronaldo saiu direto do presídio para a residência episcopal, em vez de se hospedar na Casa do Clero, para padres doentes e idosos, conforme lhe aconselharam. “Vim para cá, porque esta é minha morada. Eu ainda sou o bispo de Formosa, embora afastado”, afirma.
Mas quem decidirá onde ele deve ficar é o administrador apostólico, d. Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba (MG), designado pelo papa Francisco para dirigir a diocese na ausência do titular. Ele deixou a Assembleia-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Aparecida (SP), para passar o fim de semana em Formosa. Viajou a conselho do núncio apostólico, d. Giovanni D’Aniello, para confortar d. Ronaldo.
O bispo de Formosa permanecerá fora do cargo até a definição de sua situação na Justiça. Se for absolvido e o papa permitir, pretende retomar suas funções, embora admita reavaliar a intenção. Depende da aceitação dos fiéis, até agora aparentemente sem fissuras. Mesmo com as prisões, as missas de domingo continuaram cheias. “É evidente que, se muitas pessoas me apoiam com sua solidariedade, há também um pequeno grupo que pretende me afastar, por discordar de meu estilo e de minha orientação pastoral.”
Ele se refere aos padres que, na sua avaliação, armaram as denúncias para se livrar dele. “É um grupo articulado que armou esse esquema há anos, desde minha passagem pela Diocese de Janaúba (MG), de onde fui transferido para Formosa em 2014.” Segundo o bispo, a armação começou quando ele levou para Janaúba ex-dependentes de drogas de quem cuidava no trabalho pastoral. Disse que, para ajudá-los, sua conta ficou negativa.
Fazenda e lotérica. Na acusação do Ministério Público de Goiás, d. Ronaldo é citado como chefe de um grupo que teria desviado mais de R$ 2 milhões do dízimo ofertado às paróquias, segundo denúncia assinada por 30 de seus diocesanos. O dinheiro teria comprado uma fazenda de criação de gado e uma lotérica. “Sou inocente, tenho certeza de que nada fiz de errado”, afirma. Segundo ele, quem fez a compra foi padre Moacyr Santana, com recursos próprios, o que não caracterizaria crime.
O administrador apostólico, d. Paulo Peixoto, que está investigando as denúncias, diz que, até o momento, parece não ter havido irregularidades. Os bispos do Regional Centro-Oeste, que compreende as dioceses de Goiás e Distrito Federal, viajarão a Formosa, nas próximas semanas, para levar conforto e solidariedade a d. Ronaldo e aos demais acusados.
Como a Justiça impôs medidas cautelares, d. Ronaldo está proibido de sair de Formosa e foi obrigado a entregar o passaporte. "Disseram que eu pretendia fugir do País porque preparava uma viagem a Roma para participar de uma reunião do Movimento Neocatecumenal", diz. Acolhido ao sair da prisão pela mãe, dona Nilda, de 90 anos, e por alguns de seus irmãos, ele tem tido a assistência de parentes e amigos, que lhe fazem companhia e se oferecem para cozinhar.
Denúncia. O promotor Douglas Chegury afirma que a investigação toma por base denúncia de um grupo de 30 fiéis. "Mandaram informações por escrito, em um documento assinado, apontando supostas irregularidades que haviam identificado."
Ele destacou que as provas coletadas no processo, desde 2017, eram suficientes para pedir a prisão preventiva. "Houve ocultação de provas e a intimidação de testemunhas."
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