VOCÊ SABIA? A Espanha fecha um mosteiro por mês.
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A falta de vocações e a ausência de entradas precipitam os fechamentos; algumas comunidades religiosas pedem ajuda a bancos de alimentos. A reportagem é de Jesus Bastante, publicada por Vida Nueva, 26-01-2017. A tradução é de André Langer.
“A situação de muitos conventos femininos é muito alarmante e preocupante. Há falta de vocações e muitas comunidades estão fechando. Pelo menos mais de uma por mês na Espanha”, alerta o padre claretiano Eleutério López, diretor do Claune, instituto pontifício que se dedica a suprir as carências materiais e de formação dos conventos espanhóis.
Por ocasião do Dia da Vida Consagrada, que a Igreja celebra no próximo dia 02 de fevereiro, a revista Vida Nueva elaborou um relatório que revela que dois terços dos 800 mosteiros existentes no país – dos 3 mil que há em todo o mundo – estariam em situação de serem fechados sem demora.
O motivo? As doações diminuíram e os trabalhos que as irmãs tradicionalmente faziam – como a confeitaria – já não são suficientes para cobrir os custos, reabilitar os históricos mosteiros e cobrir as cotas da Seguridade Social. De fato, há conventos que não chegam nem aos 100 euros brutos ao mês de ingressos e se viram obrigados a recorrer aos bancos de alimentos para poder comer.
“Não se trata de um caso excepcional. Conheço muitas congregações”, explica o padre Eleutério, cuja organização destinou, em 2016, meio milhão de euros para auxiliar 50 comunidades em dificuldades.
Um exemplo deste inverno vocacional é o mosteiro das irmãs capuchinhas da localidade de San Fernando, de Cádiz. Ontem, as quatro últimas religiosas deixaram o convento – todas elas octogenárias – após 128 anos de presença na Ilha, para transferir-se para a sede que sua congregação mantém em El Puerto de Santa Maria.
Os planos da diocese de Cádiz passam por realojar em San Fernando um novo instituto religioso. Através da recente constituição apostólica Vultum Dei Quarere, o Papa Francisco buscou oferecer novas ferramentas aos conventos de clausura para tentar revitalizá-los ou, sendo isto inviável, colocar todos os meios ao seu dispor para dignificar o fechamento.
Concomitantemente, a Espanha também assiste a um florescimento de novas comunidades contemporâneas que viram encher os seus claustros dos conventos de seiva jovem. É o caso das mais de 200 religiosas que pertencem ao Instituto Iesu Communio – com conventos em Lerma e Alguilera (Burgos) – ou as Carmelitas Samaritanas do Sagrado Coração – presentes em Valladolid e Valdediós (Astúrias).
“As novas expressões de vida contemplativa são um presente para a Igreja, mas devemos esperar para que se aquilatem na humilde e discreta fidelidade que sempre granjeia a passagem do tempo”, aprecia Jesús Sanz, arcebispo de Oviedo e responsável pela vida contemplativa na Comissão Episcopal para a Vida Consagrada. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/
NOVOS PÁROCOS CARMELITAS
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Quais são meus valores?
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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
Os valores podem ser definidos como horizontes de referência. O horizonte é como uma linha imaginária que nunca se toca e que se afasta na medida em que nos aproximamos dela. Tem momentos que a linha do horizonte é nítida e próxima; em outros momentos parece embaçada, fora de foco. O mesmo ocorre com os valores que em determinados momentos intuímos com clareza e em outros momentos não ficam tão nítidos. Não são uma ilusão por influenciarem diretamente no cotidiano.
Um exercício interessante a ser feito é tentar hierarquizar nossos valores. Tentar fazer a nossa pirâmide de valores dando a eles um ordenamento, do menos significativo ao mais importante. Talvez este exercício possa trazer surpresas. O ordenamento feito, através do exercício de discernimento, talvez revele uma realidade diferente daquela que achamos que era. Porém, torna-se um momento de tomada de consciência.
Os valores pessoais, muitas vezes, não correspondem e nem vão ao encontro dos valores sociais em se vive. O medo de sermos marginalizados ou excluídos faz com que frequentemente nossas prioridades não estejam tão claras. Outras vezes, não se vive de acordo com as convicções, gerando tensão e incoerência na vida pessoal.
Os valores não são objetos a serem possuídos, mas fazem parte da natureza mais íntima da pessoa, fazem parte da essência. O nosso estilo de vida é uma manifestação externa das convicções interiores. É sinal de autodeterminação agir segundo os próprios valores e tê-los presente ao tomarmos decisões, principalmente num ambiente externo desfavorável.
O indivíduo e seus valores formam uma unidade tão compacta que quando se vê obrigado a negá-los ou até mesmo a traí-los sente-se profundamente agredido, se sente mal, como se negasse a si mesmo. Os valores gritam, são como vozes que nos impelem a viver de determinada maneira, a sermos coerentes com uma filosofia de vida.
As necessidades vitais, como a fome, a sede, o agasalho, são motores de ação humana para a sobrevivência. Os valores, quando arraigados se transformam em necessidades, não de ordem física, mas de ordem espiritual e transcendente. Vão fazer parte da essência. São como que tatuados na alma. Não serão acessórios usados de acordo com a conveniência ou a necessidade. Vão impulsionar o agir humano, como a fome ou a sede.
O valor da solidariedade nos permite ir além de uma necessidade física para dar resposta às necessidade primárias do outro. Quando um valor nos impele intensamente, as necessidades primárias ficam em segundo plano. Nesses momentos percebemos que o ser humano é capaz de superar sua natureza instintiva e transcendê-la.
O encontro com o outro é a ocasião para os valores tornarem-se visíveis. É a circunstância propícia que permite o pleno desvelamento dos valores e contrastá-los com os dos outros. É a oportunidade de apropriarmos de nossos valores. A riqueza imaterial de uma pessoa, de uma instituição ou de um país é o conjunto de seus valores, suas crenças e ideais. É o chamado capital espiritual. São eles que dão credibilidade, estabelecem laços e relações afetuosas e fraternas. Fonte: http://www.cnbb.org.br
*Padre Paulo: papados conservadores “destruíram Igreja inserida na vida dos pobres” no Brasil e AL
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Padre Paulo Sérgio Bezerra não cede um milímetro sequer no seguimento dos ensinamentos da Igreja à luz do Evangelho e da renovação do Concílio Vaticano II, como um dos protagonistas da Teologia da Libertação na periferia de São Paulo. Padre desde 1980, há 34 anos está na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, na Diocese de São Miguel Paulista, em Itaquera, bairro pobre da zona leste da cidade.
O sacerdote, de 63 anos, foi formado pela escola do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, falecido em dezembro de 2016 e dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo da região Leste II da cidade de São Paulo e hoje emérito da diocese de Blumenau (SC), aos 84 anos...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
CAPÍTULO PROVINCIAL DOS CARMELITAS: A Casa.
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Casa Emaús (Convento Maria Imaculada)
A Casa Emaús é parte do Convento Maria Imaculada, situado entre os municípios de Itapecerica da Serra e Embu das Artes, localizado a apenas 30 minutos da capital, São Paulo.
A Partir de hoje, até a próxima sexta- feira, você vai poder acompanhar aqui no olhar, facebook, twitter, youtube e na Rede Mundial de Computadores, os principais momentos desse nosso encontro.
Contamos com as suas orações. Caso queira enviar uma mensagem para os Carmelitas, oração, prece, favor mandar via e-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. ou no face. Obrigado.
Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.
Arcebispo do Panamá divulga data da JMJ 2019
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Na ocasião foi lançado o concurso para logomarca e hino do evento
A Jornada Mundial da Juventude de 2019 acontecerá entre os dias 22 e 27 de janeiro. O anúncio foi feito no início da tarde de hoje pelo arcebispo do Panamá, dom José Domingo Ulloa Mendieta, durante uma coletiva de imprensa na Cidade do Panamá, sede do evento.
Dom Ulloa aproveitou a oportunidade para reiterar a gratidão da Igreja panamenha ao papa Francisco por escolher o Panamá como anfitrião da JMJ 2019. O bispo explicou que a escolha da data foi considerada especialmente “por razões relacionadas com ao clima”.
"Estamos bem cientes do fato de que em alguns países não é época de férias, mas estamos convencidos de que isso não será um obstáculo para muitos milhares de jovens de outros continentes para vir ao Panamá e encontrar Jesus Cristo, a mão de nossa Mãe a Virgem Maria, e sob a orientação do sucessor de Pedro", ponderou dom José Domingo Ulloa Mendieta.
Dirigindo-se aos jovens, o arcebispo acrescentou: "Vocês são as verdadeiras estrelas desta Jornada Mundial da Juventude, Panamá espera com braços abertos e coração para compartilhar sua fé, para sentir a Igreja!".
Logo e hino
Na ocasião, foi lançado o concurso para a escolha do hino e da logomarca da JMJ 2019. Inscrições serão recebidas até o dia 16 de fevereiro pelo site da arquidiocese do Panamá.
Cruz Peregrina
Durante a entrevista coletiva, o arcebispo do Panamá explicou que, no Domingo de Ramos, dia 9 de abril, acontecerá a entrega da Cruz Peregrina da JMJ aos jovens panamenhos pelos jovens poloneses. A cerimônia acontecerá no Vaticano. A peregrinação acontecerá após este evento, passando pelo Caribe, no México até chegar um mês antes ao Panamá.
Temática
O tema escolhido para a JMJ 2019 faz parte de um itinerário mariano escolhido pelo papa. Para 32ª Jornada Mundial da Juventude, neste ano de 2017, o tema é “O Todo-poderoso realizou grandes coisas em meu favor”. Para a 33ª Jornada, a ser celebrada em 2018, o tema escolhido pelo pontífice é “Não temas, Maria, porque encontraste graça junto de Deus”. Estas jornadas de 2017 e 2018 serão vividas nas dioceses. Para a 34ª Jornada Mundial da Juventude, que se realizará no Panamá, em 2019, o tema será “Eis a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”.
De acordo com Dicastério para os Leigos, Família e Vida, “os três temas anunciados têm como objetivo dar uma conotação mariana forte ao itinerário espiritual das próximas JMJ, recordando ao mesmo tempo a imagem de uma juventude a caminho entre passado (2017), presente (2018) e futuro (2019), animada pelas três virtudes teologais: fé, caridade e esperança”.
Com informações da Avvenire e da Rádio Vaticano. Fonte: http://www.cnbb.org.br
OLHAR DOUTRINAL: Catecismo da Igreja Católica.
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E.51.1 Exéquias cristãs
- 1680 Todos os sacramentos, principalmente os da iniciação cristã, têm por finalidade a última Páscoa do Filho de Deus, aquela que, pela morte, o fez entrar na vida do Reino. Agora se realiza o que o cristão confessa na fé e na esperança: "Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir.
- 1681 O sentido cristão da morte é revelado à luz do mistério pascal da Morte e Ressurreição de Cristo, em que repousa nossa única esperança. O cristão que morre em Cristo Jesus "deixa este corpo para ir morar junto do Senhor".
- 1682 O dia da morte inaugura para o cristão, ao final de sua vida sacramental, a consumação de seu novo nascimento iniciado no Batismo, a "semelhança" definitiva à "imagem do Filho", conferida pela unção do Espirito Santo, e a participação na festa do Reino, antecipada na Eucaristia, mesmo necessitando de últimas purificações para vestir a roupa nupcial.
- 1683 A Igreja que, como mãe, trouxe sacramentalmente em seu seio o cristão durante sua peregrinação terrena, acompanha-o, ao final de sua caminhada, para entregá-lo "ás mãos do Pai". Ela oferece ao Pai, em Cristo, o filho de sua graça e deposita na terra, na esperança, o germe do corpo que ressuscitar na glória. Esta oferenda é plenamente celebrada pelo Sacrifício Eucarístico. As bênçãos que a precedem e a seguem são sacramentais.
- 1684 Os funerais cristãos são uma celebração litúrgica da Igreja. O ministério da Igreja tem em vista aqui tanto exprimir a comunhão eficaz com o defunto como fazer a comunidade reunida participar das exéquias e lhe anunciar a vida eterna.
- 1685 Os diferentes ritos dos funerais exprimem O caráter pascal da morte cristã e respondem às situações e tradições de cada região, mesmo com relação à cor litúrgica.
- 1686 O Ordo exsequiarum (rito das exéquias) (OEx) da liturgia romana propõe três tipos de celebração dos funerais, correspondendo aos três lugares onde acontece (a casa, a igreja, o cemitério) e segundo a importância que a ele atribuem a família, os costumes locais, a cultura e a piedade popular. Este esquema é, aliás, comum a todas as tradições litúrgicas e compreende quatro momentos principais:
- 1687 O acolhimento da comunidade. Uma saudação de fé abre a celebração. Os familiares do defunto são acolhidos com uma palavra de consolação" (no sentido do Novo Testamento: a força do Espírito Santo na esperança). A comunidade orante que se reúne escuta também "as palavras de vida eterna". A morte de um membro da comunidade (ou o dia de aniversário, o sétimo ou o trigésimo dia) é um acontecimento que deve fazer ultrapassar as perspectivas "deste mundo" e levar os fiéis às verdadeiras perspectivas da fé em Cristo ressuscitado.
- 1688 A Liturgia da Palavra, por ocasião dos funerais, exige um preparação bem atenciosa, pois a assembléia presente ao ato podem englobar fiéis pouco assíduos à liturgia e também amigos do falecido que não sejam cristãos. A homilia em especial deve "evitar gênero literário de elogio fúnebre" e iluminar o mistério da morte cristã com a luz de Cristo Ressuscitado.
- 1689 O Sacrifício Eucarístico. Se a celebração se realizar na igreja, Eucaristia é o coração da realidade pascal da morte cristã. É então que a Igreja exprime sua comunhão eficaz com o defunto: oferecendo ao Pai, no Espírito Santo, o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, ela lhe pede que seu filho seja purificado de seus pecados e de suas c seqüências e que seja admitido à plenitude pascal da mesa do Reino. É pela Eucaristia assim celebrada que a comunidade dos fiéis, especialmente a família do defunto, aprende a viver em comunhão com aquele que dormiu no Senhor", comungando do Corpo de Cristo, do qual é membro vivo, e rezando a seguir por ele e com ele.
- 1690 O adeus ("a Deus") ao defunto é sua "encomendação a Deus" pela Igreja. Este é o "último adeus pelo qual a comunidade cristã saúda um de seus membros antes que o corpo dele seja levado à sepultura"; tradição bizantina o exprime pelo beijo de adeus ao falecido:
Com esta saudação final "canta-se por causa de sua partida desta vida e por causa de sua separação, mas também porque há uma comunhão e uma reunião. Com efeito, ainda que mortos, não estamos separados uns dos outros, pois todos percorremos o mesmo caminho e nos reencontraremos no mesmo lugar. Jamais estaremos separados, pois vivemos por Cristo, e agora estamos unidos a Cristo, indo em sua direção... estaremos todos reunidos em Cristo".
E.51.2 Exéquias das crianças mortas sem o Batismo
- 1261 Quanto às crianças mortas sem Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito das exéquias por elas. Com efeito, a grande misericórdia de Deus, "que quer que todos os homens se salvem" (1Tm 2,4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que o levou a dizer: "Deixai as crianças virem a mim, não as impeçais" (Mc 10,14), nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem Batismo. Eis por que é tão premente o apelo da Igreja de não impedir as crianças de virem a Cristo pelo dom do santo Batismo.
México. Os assassinatos de padres, um mistério não inteiramente esclarecido.
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Em 27 anos foram assassinados 44 sacerdotes e o roteiro é sempre o mesmo: mentiras, confusões, calúnias, intimidações anticlericais e justiça em muito poucos casos. As “dúvidas” insidiosas e dolorosas. A reportagem é de Luis Badilla e Francesco Gagliano e publicada por Vatican Insider, 17-01-2017. A tradução é de André Langer.
Joaquín Hernández Sifuentes é o último sacerdote assassinado no México. Desapareceu no dia 03 de janeiro na cidade de Saltillo, Coahuila, e nove dias depois seu corpo foi encontrado com outros dois cadáveres em Parras.
De acordo com a polícia local, o sacerdote foi estrangulado, provavelmente pouco tempo depois do momento de seu desaparecimento. No ano passado, no México, outros três sacerdotes foram mortos quase com a mesma modalidade: sequestro, desaparecimento e assassinato. No total, nos últimos quatro anos, foram assassinados 16 sacerdotes, e desde 2006 até hoje, 37. Nos últimos 27 anos, de 1990 até hoje, 44 sacerdotes foram assassinados. O SIAME, Sistema de Informação da Arquidiocese da Cidade do México, e o CCM, Centro Católico Multimídia, em suas investigações, documentaram uma situação alarmante para o clero mexicano, em particular o diocesano: homicídios, sequestros, torturas, extorsões, profanações de lugares de culto, ameaças de morte e agressões ou intimidações de diversos tipos.
Mistérios, mentiras, medos e silêncios
Estes são os elementos básicos de um dado que foi confirmado indiscutivelmente por muitas investigações, inclusive por jornais: o México, há vários anos, é o país mais perigoso do mundo para os sacerdotes e, em geral, para os agentes de pastoral. Em torno deste tipo de “maldição” é possível identificar uma série de considerações que complicam a questão devido à rede de mentiras, silêncios, confusões, vinganças, medos, chantagens e intimidações anticlericais.
No assassinato de todos estes sacerdotes, inclusive do Pe. Hernández Sifuentes, a última vítima da longa lista, o roteiro se repetiu com precisão quase mecânica. Mudam os nomes das vítimas, mas o “modelo”, corrigido e aumentado, é cada vez mais eficiente.
Está claro que os autores intelectuais destes assassinatos de sacerdotes, quase nunca identificados, descobriram um método criminoso que lembra o do “atacar um para educar 100”.
Muitas vezes, as vítimas escolhidas eram sacerdotes com raízes significativas no território e com grande capacidade de comunicação, quase sempre comprometidos com a denúncia e a condenação da criminalidade, que é endêmica em muitas regiões do país. Pessoas, pois, muito comprometidas com a pastoral social, com grande capacidade de mobilização, capazes de colocar em marcha, com uma forte participação cidadã, projetos de promoção humana e, ao mesmo tempo, capazes de organizar e dar voz aos protestos contra as injustiças, os abusos e a contaminação das investigações que as organizações criminosas impõem às comunidades rurais e nas cidades (muitas vezes com a aprovação e com a corrupção desse mesmo poder que deveria proteger os cidadãos) pelos interesses desse monstro que está devorando o México: o narcotráfico.
Uma vez identificado o alvo, os criminosos mexicanos privilegiam o sequestro, antecâmara do homicídio, porque sabem que podem obter benefícios também com o desaparecimento da vítima e, nesta fase do plano criminoso, podem contar com curiosos apoios da imprensa. Como se sabe, poucas horas depois da notícia do sequestro de um sacerdote chegam quase certo os artigos que semeiam as dúvidas de sempre na opinião pública: as razões de tal desaparecimento talvez estejam relacionadas com questões sentimentais; a vítima era alvo de fofocas sobre alguns dos seus comportamentos sexuais; era um pederasta; gastava o dinheiro das oferendas no jogo; em sua vida passada há passagens pouco claras e um obscuro passado retornou para exigir o pagamento da fatura...
No ano passado, em um caso que teve grande repercussão na imprensa, os veículos de comunicação mais importantes divulgaram inclusive um vídeo em que, diziam, se “vê o sacerdote desaparecido sair de um hotel em companhia de um rapaz” com o qual teria passado a noite. Quando o senhor do vídeo, que obviamente não era o sacerdote sequestrado, se apresentou à polícia para declarar que o rapaz era o seu filho, nenhum dos meios de comunicação teve o mínimo de interesse para desmentir a notícia e a calúnia. E nunca aconteceu que, sobre estas vítimas – ainda desaparecidas ou mortas comprovadas, caluniadas na imprensa com todo tipo de infâmias, ou, na melhor das hipóteses, com conjecturas fantásticas e sensacionalistas – tenha havido um desmentido, uma correção ou uma precisão.
O que está acontecendo no México com o assassinato de sacerdotes é cada vez mais evidente. Sustentam-no todos os analistas dos centros de estudos mais sérios e importantes: neste país as diferentes formas e organizações do narcotráfico, cartéis e formas de micro-criminalidade, declararam guerra a essa parte da Igreja católica, sobretudo aos sacerdotes, que denuncia e se opõe aos seus interesses criminosos. Sustenta-o há anos e em diferentes relatórios o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, além dos principais centros internacionais e regionais que monitoram a realidade mexicana.
Os comportamentos de conluio com os criminosos
Esta situação não é uma opinião ampla e convincentemente compartilhada, muito pelo contrário. Em geral, as autoridades governamentais federais e estaduais tratam de diminuir a gravidade destes fatos e, não poucas vezes, altos funcionários contribuem para criar maiores confusões, para despistar as investigações ou matar pela segunda vez a vítima com o terrorismo das fofocas.
Parece que a palavra de ordem é sempre e a todo custo “minimizar”, com qualquer meio e, sobretudo, criticando as estatísticas; assim, com técnicas midiáticas difamatórias ou o silêncio, estes crimes do narcotráfico transformam-se em “tristes e deploráveis” assuntos de página policial, fruto de brigas casuais, roubos com violência que acabaram mal ou assuntos estritamente privados. Enquanto isso, obviamente, o crime organizado fica calado: não reivindica nunca nada, faz finta de estar alheio aos fatos ou, pior, quando pode fazer circular rumores escandalosos contra os assassinados o faz com enorme entusiasmo e segurança, apoiando-se nessa parte do tecido social contaminado e que convive com o narcotráfico. Em diferentes casos, foram vistos, dias após os sequestros ou durante as investigações, muitas “testemunhas” que dão suas declarações sobre o desaparecido com o claro objetivo de denegrir sua imagem e seu trabalho, como se quisessem sentenciar: se foi sequestrado, foi porque seus autores tiveram alguma razão.
A análise da Igreja mexicana
No entanto, surpreendentemente, a própria Igreja católica no México, a este respeito, tem uma conduta singular e titubeante. As numerosas declarações que muitos bispos deram ao longo destes anos têm o denominador comum de uma preocupação geral: a de não passar a ideia de que após tantos crimes haja uma perseguição religiosa, opinião que seguramente não é verdadeira e correta. Na maravilhosa história da Igreja católica mexicana há um passado terrível e dilacerante de perseguição e esta memória dolorosa muitas vezes condiciona muitas das suas condutas. Nesta comunidade eclesial sempre esteve vivo o temor de voltar a viver situações semelhantes e, portanto, instintivamente, tende a afastar o fantasma de novas perseguições. É por isso que, diante deste tipo de hecatombe de sacerdotes, a hierarquia seja peremptória: não há nenhuma perseguição religiosa. Como foi dito anteriormente, sim, substancialmente trata-se de uma opinião verdadeira, mas...
Está claro que não se trata de ações criminosas “in odium fidei” e que, portanto, neste sentido, não seria correto falar de perseguição religiosa. Mas também está claro, e é indiscutível, que os sacerdotes mexicanos há anos se converteram em alvos específicos do narcotráfico, e por isso a Igreja não pode ser redutora em suas considerações e análises. Esta forma de raciocinar pode provocar confusão e não é educativa. Além do mais, ela pode ser inclusive injusta com aqueles que perderam a guerra nesta guerra subterrânea.
O Pe. Alfonso Miranda Guardiola, da Conferência Episcopal do México, declarou em outubro do ano passado naquele que foi o seu primeiro encontro com a imprensa: “Não vemos nenhuma perseguição aberta contra os sacerdotes como se eles fossem um alvo. Para nós, são fatos que devem ser inseridos no clima social que o país vive”, e neste clima “os sacerdotes não estão imunes, são como qualquer cidadão. Como Igreja, devemos estar atentos e nos preparar para saber como tratar este clima, posto que os sacerdotes se encontram em todas as partes do país, inclusive nos lugares onde existe a maior violência e onde há uma presença do crime”.
Compreende-se bem o sentido último das palavras do padre Miranda, em particular quando, sem dizê-lo explicitamente, relaciona justamente a sorte dos sacerdotes mexicanos com a do povo que também está envolvido no martírio. Mas, há algo que convence um pouco menos: que os sacerdotes desta nação não são um alvo específico da violência que açoita o país. Os números das estatísticas indicam algo e não se pode evitar tirar conclusões, pelo menos em relação à pastoral da Igreja que, na defesa da dignidade humana de cada mexicano, se aproxima, com audácia profética e coragem evangélica, das fronteiras do crime. É verdade que as vítimas não foram executadas apenas porque eram sacerdotes, mas também é verdade que foram executadas porque eram fiéis ao seu ministério e à sua missão. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
RIO: Auto de São Sebastião.
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Com imagens e reportagem de Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ, veja o AUTO DE SÃO SEBASTIÃO. NOTA: Realizado anualmente no dia 20 de janeiro, o Auto de São Sebastião é um espetáculo em homenagem ao santo padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, que comemora seu aniversário de fundação no mesmo dia. Veja outros vídeos no olhar. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 20 de janeiro-2017. DIVULGAÇÃO: www.mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com
Pastor faz fiéis beberem óleo de motor para demonstrar "poder de Deus".
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Um pastor sul-africano vem causando polêmica em seu país por fazer os fiéis de sua igreja beberem óleos e fluidos para motores de carros durante suas pregações. Theo Bongani Maseko, que se autointitula profeta da igreja Ministérios do Sopro de Cristo, confirmou que usa os líquidos em seus cultos.
Em entrevista ao jornal "The Star", ele afirmou que o óleo para motores "demonstra o poder de Deus". "Quando oramos sobre aquele líquido, seu veneno vai embora. Por isso, não faz mal algum. Nada aconteceu e ninguém foi parar no hospital", disse. Maseko afirma que quem bebeu o óleo foi salvo e curado.
No entanto, uma comissão do governo que promove a liberdade de culto deve abrir uma investigação sobre o incidente. A presidente do órgão, Thoko Mkhwanazi-Xaluva, afirmou que existe um abuso de práticas irresponsáveis em igrejas sul-africanas.
Fonte: https://noticias.uol.com.br
"Profeta" é preso por prever morte do presidente do Zimbábue.
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Está difícil a vida dos videntes no Zimbábue. A polícia local prendeu um homem que afirmou que o presidente do país, Robert Mugabe, que completa 93 anos no mês que vem, vai morrer em outubro.
O vidente, que diz ser pastor, se chama Patrick Mugazda e acabou detido por se vestir com a bandeira nacional e, claro, por ter feito a profecia contra o presidente que está no cargo desde 1980.
"Ele foi inicialmente preso por sabotar a autoridade do presidente. Depois, a alegação é de insultar pessoas de uma certa raça ou religião", disse o advogado do vidente, Gift Mtisi, à agência de notícias AFP.
Mugazda, que vive no norte do país, convocou uma coletiva de imprensa para avisar que Mugabe morreria no dia 17 de outubro. Não foi a primeira vez que o pastor foi detido. Em 2015, ele foi preso por um mês depois de disse ao presidente que a população estava sofrendo por causa de seu governo.
No ano passado, o pastor se amarrou a um poste, em frente a um shopping, para protestar contra a falta de liberdade no Zimbábue. Fonte: https://noticias.uol.com.br
RIO: Auto de São Sebastião-03.
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O próximo Sínodo e a Igreja diante do "enigma digital".
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"Os processos digitais e as práticas sociais em rede se explicitam como um verdadeiro 'enigma digital' para a Igreja, cuja hierarquia, no documento preparatório para o próximo Sínodo, se autoafirma como parte de uma 'geração precedente' em relação às 'jovens gerações'. Por isso, muitas vezes, parece não compreender os meandros e os movimentos das redes, que se manifestam como constitutivas do 'ser jovem' hoje." A opinião é do jornalista Moisés Sbardelotto, mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, com estágio doutoral na Università di Roma "La Sapienza", na Itália.
Eis o texto.
“Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”: esse será o tema da próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos convocada pelo Papa Francisco para outubro de 2018. Para colocar a Igreja “a caminho”, o pontífice convocou os próprios jovens para falarem sobre o seu “desejo de mudança”. Foi a eles que Francisco enviou uma carta no último dia 13 de janeiro, apresentando o documento preparatório do Sínodo: “Eu quis que vocês estivessem no centro da atenção, porque eu os trago no coração. […] A Igreja também deseja se colocar à escuta da voz de vocês [...]. Façam ouvir o seu grito, deixem-no ressoar nas comunidades e façam-no chegar aos pastores”. E não se trata apenas de “palavras bonitas”. Há também uma novidade no caminho preparatório deste Sínodo: o lançamento de um site na internet voltado especificamente aos jovens, com um questionário sobre as suas expectativas e a sua vida. Todo o material coletado, depois, irá ajudar na redação do documento de trabalho do Sínodo, o chamado Instrumentum laboris, que será o ponto de referência para o debate dos Padres sinodais.
Esse gesto ressalta a importância que Francisco atribui ao papel dos jovens na vida da Igreja (seja pela escolha da temática, seja por querer lhes dar a palavra de modo especial), mas também o reconhecimento de que as “modalidades mais eficazes hoje para anunciar a Boa Notícia”, como afirma o documento, não podem deixar de envolver as práticas sociais que vêm se desenvolvendo no ambiente digital, especialmente entre os jovens. Se os próprios jovens entendem o mundo e entendem a si mesmos a partir da relação com a internet e as redes, como entendê-los senão a partir dessa relação?
O documento preparatório do Sínodo tenta fazer isso ao abordar a “pastoral juvenil vocacional” articulando-a com algumas questões comunicacionais contemporâneas, que merecem ser aprofundadas. Como o texto tem outros objetivos, a comunicação aparece "às pinceladas", como indicações sintéticas para o debate futuro. Por isso, quero aqui problematizar aqueles aspectos do documento que abordam a relação entre a juventude, os processos digitais e as práticas sociais em rede, que se explicitam como um verdadeiro "enigma digital" para a Igreja, cuja hierarquia, no documento, se autoafirma como parte de uma "geração precedente" em relação às "jovens gerações". Por isso, muitas vezes, parece não compreender os meandros e os movimentos das redes, que se manifestam como constitutivas do "ser jovem" hoje.
Consulta online: esforço para ouvir o “sensus fidelium digitalis”?
O Sínodo de 2018 irá manter a inovação dos sínodos anteriores convocados por Francisco, isto é, a consulta de todo o Povo de Deus mediante um questionário específico sobre a temática em questão. Ao buscar “Interpretar” a situação da “pastoral juvenil vocacional”, uma das perguntas é esta: “De que modo vocês avaliam a mudança cultural determinada pelo desenvolvimento do mundo digital?”.
Reconhece-se que há uma “mudança cultural” que diz respeito à Igreja, em relação ao “desenvolvimento do mundo digital”. Tal mudança, talvez, não seja necessariamente determinada pela digitalização, pois isso significaria cair em um determinismo tecnológico que ignora diversos outros fatores em jogo. Contudo, é uma tentativa de a Igreja compreender o que está acontecendo – principalmente com ela mesma – em um cenário cultural em que se observa que “entre a linguagem da Igreja e a dos jovens se abre um espaço difícil de preencher”, como afirma o documento. O desafio eclesial contemporâneo, portanto, é compreender o ambiente digital sem dicotomias nem apriorismos, mas, precisamente, analisando as “mudanças” ocorridas, para ver o que permaneceu e o que se transformou nas juventudes deste início de século.
Mas a grande novidade do documento se encontra na informação de que “está prevista uma consulta de todos os jovens através de um site da internet, com um questionário sobre as suas expectativas e a sua vida”. O documento preparatório deixa claro que “as respostas aos dois questionários constituirão a base para a redação” do Instrumentum laboris.
Trata-se de uma novidade ainda a ser conhecida, sem data prevista de lançamento. Na coletiva de imprensa de apresentação do documento preparatório, o Mons. Fabio Fabene, subsecretário do Sínodo dos Bispos, disse que, por meio do site, os jovens também poderão acompanhar as várias fases de preparação do Sínodo, os discursos do papa sobre os jovens e ainda compartilhar reflexões e experiências sobre o tema sinodal. Portanto, parece que, desta vez, o processo de construção do Sínodo também se “digitaliza”, e não apenas seus conteúdos.
Isso aponta para um certo reconhecimento eclesiástico dos novos modos de construção da “opinião pública” na Igreja, isto é, das novas condições de dizer e de fazer a fé cristã. Hoje, os dispositivos digitais oferecem meios para que especialmente os jovens se apropriem do universo religioso e constituam uma “ekklesia online”, nos mais diversos sites, redes, aplicativos etc., não apenas para ter contato com a “opinião pública” na Igreja, mas também para “publicar uma opinião” sobre a Igreja.
Cabe aos Padres sinodais, então, perceber também o ambiente digital como um lócus pastoral e teológico de escuta ao sensus fidelium, “voz viva do povo de Deus”, cujas “reações [...] devem ser consideradas com maior seriedade”, como afirma um recente documento da Comissão Teológica Internacional (“O sensus fidei na vida da Igreja", 2014). Nas expressões da fé em rede, no "sensus fidelium digitalis", em suas luzes e sombras, em meio a suas banalidades e extremismos, riquezas e pobrezas, o Magistério e a teologia também são chamados a “descobrir as ressonâncias profundas da palavra de Deus” (ibid.).
Talvez, por isso, muito mais enriquecedor do que uma consulta online realizada em um ambiente “controlado” como um site criado especificamente pela Santa Sé poderia ser uma observação e interpretação daquilo que os próprios jovens “debatem” em rede sobre a fé cristã, nas mais diversas plataformas. É lá que os jovens falam, e muito, sobre a própria vida, até mesmo sem a necessidade de serem questionados (e, às vezes, fazem-no justamente por isso, como único ambiente em que são ouvidos, mesmo que apenas pelos seus pares, sobre os seus dilemas). Tal empreendimento não seria nada fácil, mas daria uma ideia mais encarnada de como o catolicismo “explode”, hoje, em uma multiplicidade de expressões locais. Muitas vezes juvenis, minoritárias e subculturais, tais expressões geralmente não chegam aos “ouvidos” da cúpula eclesiástica, embora, em rede, circulem publicamente, indo ao encontro de uma catolicidade mais autônoma e relacional, e menos heterônoma e institucional.
“Mundo virtual”, “new media”, “geração hiper(conectada)”: a Igreja diante do “enigma digital”
Ao longo do documento, despontam algumas questões comunicacionais, concentradas, especialmente, em dois parágrafos. No primeiro capítulo, no entretítulo “As novas gerações”, consta-se uma seção intitulada “Rumo a uma geração hiper(conectada)” (com esse pequeno deslize de digitação na versão em português, que coloca os parênteses no segundo termo [“conectada”], em vez do primeiro [“hiper”]). Esse trecho afirma:
“Hoje as jovens gerações são caracterizadas pela relação com as modernas tecnologias da comunicação e com aquilo que normalmente é chamado o «mundo virtual», mas que também tem efeitos muito reais. Ele oferece possibilidades de acesso a uma série de oportunidades que as gerações precedentes não tinham, e ao mesmo tempo apresenta riscos. No entanto, é de grande importância que se preste atenção ao modo como a experiência de relações tecnologicamente mediadas estrutura o conceito do mundo, da realidade e das relações interpessoais, e é com isto que é chamada a medir-se a ação pastoral, que tem necessidade de desenvolver uma cultura adequada.”
Já o capítulo 3 aborda “A ação pastoral”, refletindo sobre o desafio do cuidado pastoral e do discernimento vocacional a partir de três tópicos: os seus “sujeitos”, os seus “lugares” e os “instrumentos” à disposição. Em relação aos “lugares” para tal pastoral, o texto inova a reflexão eclesial e apresenta considerações sobre “O mundo digital”. E diz:
“Pelos motivos já recordados, merece uma menção particular o mundo dos new media, que sobretudo para as jovens gerações se tornou verdadeiramente um lugar de vida; oferece muitas oportunidades inéditas, sobretudo no que diz respeito ao acesso à informação e à construção de vínculos à distância, mas apresenta também riscos (por exemplo, o cyberbullying, o jogo de azar, a pornografia, as insídias das salas de chat, a manipulação ideológica, etc.). Não obstante as numerosas diferenças entre as várias regiões, a comunidade cristã ainda deve construir a sua presença neste novo areópago, onde os jovens certamente têm algo para lhe ensinar.”
São vários os aspectos que mereceriam uma reflexão atenta e aprofundada desses dois parágrafos, mas, por razões de espaço, vou me deter em algumas questões transversais a eles, que mais apresentam desafios para a pastoral hoje.
Nos dois parágrafos, a preocupação central é convocar a Igreja a repensar a sua “ação pastoral” diante das mudanças no campo da comunicação, o que envolve a “necessidade de desenvolver uma cultura adequada” e de “construir uma presença”. Sem dúvida, nas últimas décadas, o mundo experimentou uma “explosão” tecnológica mais ampla e mais rápida, que o levou à transição de uma “era dos meios de massa” para uma “era da massa de meios” (R. C. Alves). Hoje, experimentam-se uma aceleração e uma diversificação dos modos pelos quais as culturas interagem com outras culturas, e as sociedades interagem com outras sociedades (J. L. Braga).
A relação "jovens x redes digitais" também teve recentes repercussões sociopolíticas, como as diversas Primaveras Árabes, ou movimentos como o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, ou os Indignados, na Espanha, ou mesmo as manifestações de 2013 no Brasil, com a emergência de coletivos como Mídia Ninja e Jornalistas Livres, em que redes e ruas se conectam de maneiras emergentes, “passando da conexão ao encontro, e do encontro à ação” (J. Martín-Barbero). Emerge, assim, um novo ambiente antropológico, social e cultural, um “bios midiático” (P. G. Gomes), uma ambiência comunicacional crescentemente complexa, que o documento chama apropriadamente de “lugar de vida” (não apenas para as “jovens gerações”, mas também para grande parte das pessoas e também dos campos sociais).
Por isso, o desafio eclesial não é o de meramente “usar” instrumentos tecnológicos “modernos”, como os “new media” mencionados pelo documento (postura tecnicista), nem de elaborar “boas mensagens” eficazes a serem ouvidas e debatidas “neste novo areópago” (postura informacionalista), nem ainda de apenas avaliar ou sopesar as “oportunidades” ou os “efeitos” de sua comunicação (postura funcionalista). Trata-se de algo muito mais complexo, no sentido de promover uma inculturação digital, reconhecendo que não há “a Igreja” e a “cultura digital” em polos opostos, como coisas separadas e divisíveis, mas sim relações emergentes na complexidade das redes. E, no caldo dessa cultura, a Igreja também é chamada a acolher as “formas e valores positivos que podem enriquecer o modo como o Evangelho é pregado, compreendido e vivido” (EG 116).
O documento preparatório, contudo, permanece principalmente numa leitura instrumentalista e moralista dos processos comunicacionais. Embora reconhecendo que as “jovens gerações” mantêm uma “relação” com as tecnologias, a ênfase está toda no polo tecnológico, já que se trata de “relações tecnologicamente mediadas”. Falta refletir sobre a complexidade dessa relação, que não é “determinada” pela tecnologia, e cuja mediação se dá numa rede de outras mediações (sociais, culturais, simbólicas etc.). Se o desafio pastoral fosse de ordem tecnológica, a solução deveria ser buscada na própria tecnologia. E aqui também a Igreja pode cair no risco de uma leitura comunicacional marcada pelo “paradigma tecnocrático” denunciado pela Laudato si’ (101ss). Ou seja, a técnica acaba assumindo um “poder globalizante e massificador” (LS 108) sobre a interpretação dos processos comunicacionais, e imagina-se que ela também seria a única solução de problemas que, na verdade, são de outra ordem. A técnica, especialmente quando se transforma em tentação pastoral, ignora “o mistério das múltiplas relações que existem entre as coisas e, por isso, às vezes resolve um problema criando outros” (LS 20).
Por outro lado, fica escanteada, no documento, uma reflexão mais atenta às processualidades da comunicação contemporânea, optando por apontar para seus “efeitos”, “oportunidades” e “riscos” de fundo moral. Isso não significa que estes não existam, mas são secundários, se a tentativa é de entender a relação entre as “jovens gerações” e as “modernas tecnologias da comunicação” (aliás, “jovens” e “modernas” em relação ao quê e a quem?). Mais do que isso, seria muito mais enriquecedor para a reflexão pastoral se a leitura se voltasse não a jusante, mas a montante: isto é, não é apenas a tecnologia que “caracteriza” as “jovens gerações” ou que media suas relações, mas também e principalmente as “jovens gerações” que vão aprimorando as tecnologias ou até mesmo inspirando o seu desenvolvimento. Isso se dá mediante os usos e apropriações ativos e criativos de tais tecnologias por parte dos jovens em suas interações, que, aliás, são constantemente acompanhados e pesquisados pelas empresas de inovação tecnológica, justamente para entender seus interesses, desejos e necessidades, o que aponta para relações muito mais complexas entre o social, o tecnológico e o cultural.
Além disso, falar de “mundo virtual” (ou mesmo “mundo dos new media”) é permanecer numa concepção ultrapassada não apenas em relação à reflexão acadêmica sobre o ambiente digital, mas inclusive em termos de senso comum. Às vezes, parece que o documento ainda se situa no imaginário tecnológico da saga Matrix, ou, para ficar no âmbito eclesial, é como se a reflexão eclesial estivesse estagnada desde o documento Igreja e internet de 2002 (o que não é verdade; basta ver algumas recentes mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de Bento XVI e de Francisco, que avançam muito no debate).
O próprio erro no entretítulo do documento em português – “geração hiper(conectada)” – é sintomático, nesse sentido, pois revela uma Igreja que olha para a geração atual e vê apenas os seus aspectos “hiper”, quase sempre negativamente, e que coloca entre parênteses o verdadeiro “sinal dos tempos”, que são as novas formas de conectividade. Esse é um erro (presente no texto e na práxis eclesial) que prejudica toda possibilidade de leitura (do próprio texto e principalmente do “mundo de hoje” onde os jovens vivem).
Basta conversar com qualquer jovem sobre a comunicação hoje para se dar conta de que dificilmente a expressão “mundo virtual” ou “mundo dos new media” virá à tona (muito menos, aliás, “salas de chat”...). Para as “jovens gerações”, as relações entre o off e o online são muito mais entrelaçadas, e qualquer fronteira se torna muito mais sutil do que se imagina. No fundo, falar em “virtual” mais atrapalha do que ajuda na compreensão das complexidades do digital. Se abordarmos a internet meramente como “virtualidade”, podemos correr o risco de abstrair toda a sua realidade, toda a sua materialidade, todas as suas marcas de socialidade, a sua própria contextualidade, que é sinal da humanidade nela presente. O risco é de minimizá-la como um fruto puramente da “imaginação”, irreal e imaterial, e não perceber nela um novo ambiente socialmente construído de relação pessoal e de organização social. Ao contrário, é importante perceber que a cultura digital é fruto de expressões sociais e constitui um ambiente social novo e renovado, repleto de realidades humanas. Isto é, há uma mestiçagem de linguagens, um entrecruzamento de ambientes, em que não há uma separação clara entre “mundos” – dada a mobilidade dos aparatos, das informações, das pessoas e das relações.
No fundo, até mesmo a noção de “digital” já impregnou tanto a vida contemporânea que quase não dá conta dos processos: em um mundo em que praticamente tudo é digital, o que esse termo realmente caracteriza em termos específicos e diferenciadores? Trata-se, portanto, do desafio de buscar uma constante atualização e problematização de nossos conceitos – inclusive pastorais –, na tentativa de acompanhar a “velocidade dos processos de mudança e de transformação […] que caracteriza as sociedades e as culturas contemporâneas”, como afirma o documento preparatório.
Entretanto, em suma, merece destaque o esforço eclesial de reconhecer o ambiente digital como algo de “grande importância” para a vida da Igreja e, especialmente, para as culturas juvenis. Seria praticamente impossível pensar “os jovens, a fé e o discernimento vocacional” sem atentar para o fato de que os jovens constroem suas identidades e suas comunidades principalmente a partir das relações em rede. É nelas também que os jovens geralmente fazem suas experiências religiosas e tomam contato com seus modelos de referência, o que inclui, neste caso, o testemunho vocacional de leigos, sacerdotes e religiosos, homens e mulheres, que aí comunicam a própria vocação, principalmente quando não o fazem deliberadamente, mas a partir daquilo que postam, “curtem”, compartilham, isto é, pelo simples fato de “estarem em rede”.
É de extrema relevância, por isso, a postura do documento ao convidar toda a Igreja a “prestar atenção” às novas relações em rede e a aprender com os jovens, que, sobre isso, “certamente têm algo para ensinar” à Igreja. Retomando o próprio documento, espera-se que a Igreja realmente conserve e ponha em prática esta utopia: “Sonhamos com uma Igreja que saiba deixar espaços ao mundo juvenil e às suas linguagens, apreciando e valorizando a sua criatividade e os seus talentos”.
Só a partir dessa escuta atenta aos jovens e dessa aprendizagem com os jovens (ambas as ações nas quais os jovens são protagonistas) é que será possível repensar uma ação pastoral juvenil e vocacional à altura dos desafios contemporâneos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
RIO: Procissão de São Sebastião-02.
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CATEDRAL DO TIÃO: Reportagem.
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