No Caminho do amor
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No Caminho do amor
Dom Milton Kenan Júnior, Bispo diocesano de Barretos/SP.
Os anos passam rápido. Teresa já está há quase nove anos naquele Carmelo tão sonhado, onde quisera “dar-me toda inteira a Ele, já não quero viver senão para Ele.” (CT 43B). Naqueles primeiros anos, Teresa acalentara o desejo de chegar ao recorde do amor a Deus: “Queria amá-Lo tanto...amá-Lo como jamais foi amado” (CT 74).
Teresa abordou a sua vida de carmelita com a firme resolução de realizar, custe o que custar, o seu ideal de santidade. "Quero ser santa (...), quero sê-lo" (Ct 45). "Chegar a ser uma grande santa" é o leitmotiv (Ct 52,80). O seu Senhor não "quer pôr limites à (sua) santidade" (Ct 83). O preço nunca será demasiado alto: "Jesus pede-te tudo, tudo, tudo, tanto quanto pode pedir aos maiores Santos" — e sublinha a palavra "tudo", respectivamente, duas, três e cinco vezes (Ct 57).
Teresa tem clara diante de si a meta que espera alcançar a custa do esforço e da luta acirrada; e lhe é claro também o caminho a percorrer, nada menos do que o próprio amor:
"Por mim não conheço outro meio para chegar à perfeição senão 'O amor'... Amar, o nosso coração foi feito para isso!... Às vezes procuro outra palavra para exprimir o amor, mas na terra do exílio as palavras são impotentes para exprimirem todas as vibrações da alma, por isso temos de limitar-nos a esta única palavra: "Amar!..."(Ct 109).
Entretanto, há medida que os meses e anos passam, Teresa vai se dando conta de que as dificuldades não são pequenas: Tem conviver com a distância não física mas afetiva das irmãs Paulina e Maria que na sua infância ocuparam o lugar da mãe (morta precocemente) que não estavam mais dispostas a recriar no Carmelo o ambiente afetuoso de Buissonets; o temperamento tão difícil de Madre Maria do Gonzaga, que oscilava entre afeto e desprezo; a comunidade constituída de personalidades tão diferentes. Referindo-se a estas dificuldades, nas sublimes páginas do Manuscrito C sobre o mandamento do amor, Teresa fala dos “tristes sentimentos da natureza” (Ms C 19r); dos “combates”, das “fraquezas”, dos “fracassos” (Ms C 23v); das “doenças morais que [são] crônicas: a falta de bom senso, de educação, de susceptibilidade de alguns caracteres, todas as coisas que não tornam a vida muito agradável” (Ms C 28r).
Tem conviver também com a aridez, o sono, as distrações nas horas de oração mental; mas, sobretudo, o triste estado de seu Pai, a quem chama de “seu Rei”, vítima de ausências, crises de agressividade, fugas repentinas.
Teresa a intrépida não se dobra diante do sofrimento. Sofre heróica e virilmente. Entrega-se nas mãos de Jesus como “a bolinha”, humilde e pequena como “um grão de areia”, “desconhecida” e “esquecida” (CT 103), “ignorada” e “debaixo dos pés de todos”, porém “vista por Jesus” (CT 95).
As humilhações que sofre com as recaídas do seu paizinho querido, a sua internação em Caen, num hospital destinado a pacientes de doenças mentais, levam Teresa a se confrontar com o mistério de Deus!
Porque permite Deus semelhante provação a quem sempre O serviu com fidelidade? Certamente, diz-se — e Teresa repete-o —que o sofrimento é um privilégio reservado aos amigos de Deus e que no céu tudo terá a sua recompensa. Mas, existe o céu? Teresa, que na sua autobiografia cala de propósito muitas coisas, refere de passagem esta afirmação: "Tinha então grandes provações interiores de todas as espécies até me interrogar, por vezes, se haveria Céu" (Ms A 80v). É a pergunta sobre o mais além, que no fim da sua vida virá ao de cima com tanta crueldade e à qual Teresa respondeu, em Jesus, com uma fé e um amor magníficos.
Neste período Teresa faz a descoberta da “Sagrada Face”, o ícone do Filho amado do Pai que submete-se ao sofrimento por amor, unicamente por amor. No Rosto de Cristo coroado pelos espinhos, desfigurado por causa do sofrimento, Teresa vê a resposta para suas dúvidas: o Pai não poupara o Filho, entregou o Filho nas mãos dos pecadores. Graças a esta contemplação, Teresa faz a passagem de uma fé tradicional, para uma fé genuinamente “cristã”, assumida pessoal e responsavelmente; onde Jesus tornar-ase o seu argumento.
No meio da noite Cristo brilha incessantemente. Quem poderá dizer "as belezas escondidas de Jesus"? Apenas as vê na fé. "Sim, a Face de Jesus é luminosa, mas se no meio das feridas e das lágrimas é já tão bela, que será então quando a virmos no Céu? Oh! O Céu... Sim, para ver um dia a Face de Jesus, para contemplar eternamente a maravilhosa beleza de Jesus, o pobre grão de areia deseja ser desprezado na terra!..." (Ct 95). Mesmo na noite percebe-se "uma claridade semi-velada, a claridade que espalham à sua volta os olhos baixos da face do meu Prometido" (Ct 110).
A beleza de Jesus, Verbo eterno, é também a beleza do seu amor pelos homens... Ama-nos inefavelmente: "Jesus arde de amor por nós... Contempla a sua face adorável!... Vê esses olhos apagados e baixos!... Vê essas feridas... Contempla Jesus na sua Face... Aí verás como Ele nos ama" (Ct 87).
“A tua Face é a minha única Pátria, ela é o meu Reino de amor" (PN 20).
Aos poucos o sofrimento e o esforço pessoal perdem sua primazia para dar lugar não só à amorosa vontade do Senhor, mas antes de tudo, à sua mesma Ação divina.
A nossa carmelita afirma que "o mérito não consiste em dar muito, mas em receber muito". Não quer de modo nenhum "amontoar tesouros para o céu" (Ct 91), mas abandona agora o seu "negócio" espiritual no Senhor. "A tua Teresa — confessa a Celina — não se encontra neste momento nas alturas, mas Jesus ensina-lhe 'a tirar proveito de tudo, do bem e do mal que encontra em si' [São João da Cruz]. Ensina-lhe a jogar à banca do amor, ou antes, joga Ele por ela sem lhe dizer como se faz porque isso é assunto d'Ele e não de Teresa, o que ela tem de fazer é abandonar-se, entregar-se sem nada reservar para si, nem mesmo a alegria de saber quanto lhe rende o banco (...) Jesus não me ensina a contar os meus atos; ensina-me a fazer tudo por amor (...), mas isto faz-se na paz, no abandono, é Jesus que faz tudo e eu não faço nada" (Ct 142).
Tendo já percorrido grande parte de sua estadia no Carmelo, nossa jovem santa se dá conta de que sua fraqueza é irremediável, e a necessidade que tem da misericórdia de Deus.
Teresa não espera de si mesma méritos e progressos, mas de Deus. É profunda a consciência da sua incapacidade. A partir de agora, procura mais deixar agir o Senhor do que transformar por si mesma a sua fraqueza em amor. Dá-se conta da prioridade do amor de Deus, que não só está na origem dos nossos atos de amor, mas também os aperfeiçoa.
Conforme o que Teresa nos explicou sobre o seu "pequeno caminho completamente novo", é de Deus de quem fez a sua grande descoberta, que se referirá à misericórdia divina precisamente enquanto misericórdia. Certamente que já antes Teresa tinha consciência da bondade de Deus e da sua compaixão. Mas agora aprende a reconhecer que o amor de Deus não só é real, primeiro e fiel, mas é um amor que desce ao pequeno, que busca o pequeno porque é pequeno, e que Ele é grande para com o pequeno. A pequenez, em vez de ser principalmente humildade, será a partir de agora principalmente confiança.
Desejosa de ser pequena e de chegar a sê-lo cada vez mais, Teresa ambicionará antes de tudo uma confiança completamente filial. "O que agrada a Deus na minha pequena alma — escreverá mais tarde — é ver-me amar a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega que tenho na sua misericórdia... Só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor" (Ct 197). Com plena consciência e vontade confiar-se-á à obra da Graça nela, colaborará com ela e a ela se entregará.
Só no manuscrito autobiográfico C, escrito três meses antes de morrer, é que Teresa se referiu à descoberta do seu "pequeno caminho muito direito, muito curto, um pequeno caminho completamente novo" (cf. Ms C 2r-v). Tendo comprovado, ao comparar-se com os santos, por um lado que é como um grão de areia aos pés de uma montanha e, por outro, que "fazer-se crescer a si mesma é impossível" (quer dizer, que ela se faça crescer a si mesma, mas isto não exclui que Deus a faça crescer), Teresa põe-se a procurar nos "Livros Sagrados" uma solução: uma espécie de "ascensor", que a elevasse ao cimo da montanha da santidade.
Convém saber aqui que no dia 14 de setembro de 1894, um mês e meio depois da morte do Sr. Martin, Celina se tinha consagrado também ao Senhor no Carmelo de Lisieux. Quando entrou levava consigo um pequeno caderno onde tinha copiado as passagens mais belas do Antigo Testamento. Como então não era permitido às carmelitas jovens ler o Antigo Testamento na sua totalidade, Teresa, ávida da Palavra de Deus, tinha mergulhado no pequeno caderno de Celina. Foi assim como num dia de Outono de 1894 viveu o seu eureka tão importante.
Ao princípio, ficou impressionada com uma primeira frase: "Se alguém for pequenino, venha a mim" (Pr 9,4). Sentiu-se aqui pessoalmente retratada: não era a pequenez o seu especial problema no seu caminhar para chegar a ser uma grande santa? Ei-la aqui convidada a aproximar-se de Deus como "pequena", a ver-se "toda pequena".
Guiada pelo Espírito, prossegue na sua procura, com uma exegese totalmente pessoal e penetrante. Ei-la desconcertada ao ler a promessa de Deus: "Como uma mãe acaricia o seu filho, assim Eu vos consolarei; levar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei nos meus joelhos" (Is 66,13.12).
Detenhamo-nos um instante. Teresa cita duas vezes esta passagem, e duas vezes deixa transparecer a emoção que provoca nela. Eis o que sobre isto diz: "Ah! Nunca palavras tão ternas e tão melodiosas me vieram alegrar a alma!" (Ms C 3r). Mais ainda: "Depois de semelhante linguagem, nada mais resta senão calar-nos, chorar de gratidão e de amor" (Ms B 1r).
Porquê uma emoção tão profunda? Porque, Teresa lê aqui na Bíblia, pela primeira vez na sua vida, que Deus é como uma mãe para o seu filho. E Teresa é hipersensível ao amor de uma mãe! Não tinha perdido, na idade de quatro anos e oito meses, a sua "incomparável" mãe, que morreu de câncer? (Ms A 4v). Esta perda brutal, na idade em que a filha tinha tanta necessidade do amor maternal para estruturar a sua personalidade, causou em Teresa um profundo traumatismo do qual não sairá até aos catorze anos, com a "graça do Natal". Imediatamente, depois da morte da sua mamãe, Teresa afeiçoou-se com todas as suas forças à sua Irmã Inês, a sua "segunda mamãe", que em breve partiria para o Carmelo. Nova ruptura quando a outra irmã, Maria, terceira mamãe por assim dizer, vai também ela para o convento...
E Teresa, a órfã, lê que Deus é como uma mamãe para com o seu filho pequeno! Então, conclui: "É preciso que eu permaneça pequena, e que me torne cada vez mais pequena" — até ser o "pequenino" a quem Deus cumula com o seu amor de mãe.
A sua conclusão é evidente: este "pequeno caminho muito direito, muito curto" que conduz ao cume do amor e da santidade, este "ascensor" que Teresa procura, "são os vossos braços, ó Jesus!" (Ms C 3r).
Frei Martinho: 7º Dia.
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Missa de 7º Dia de Frei Martinho Cortez, O. Carm. No vídeo, homilia do Frei Petrônio e Miranda, O. Carm. Carmo de Angra dos Reis/RJ. 10 de setembro-2020.
AO VIVO- ANGRA DOS REIS/RJ. Missa de 7º Dia.
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Logo mais às 19h, os Carmelitas do Carmo de Agra celebram a Missa de 7º Dia pela alma de Frei Martinho. Acompanhe pelas nossas mídias sociais.
Frei Martinho: Homenagem do Olhar-02
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FREI MARTINHO: Homenagem do Olhar. Frei Martinho Ferreira da Silva Cortez, O. Carm. In Memoriam (* 20/02/1938 + 4/09/2020).
Ressurreição (1 Coríntios 15)
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
1-Se não acreditamos na ressurreição, se ficamos na noite da- escuridão/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
2-Se Ele foi condenado e a cruz venceu, se no Monte Calvário Ele- padeceu/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
3-Se na cruz foi o fim quando Ele gritou, se o saldado com a lança- o derrotou / É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
4-Se a sombra da morte o dominou, se botaram na tumba e não- mais voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
5-Se a morte venceu e o fim chegou, se no terceiro dia Ele- não voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
Morre Padre Carmelita vítima de covid-19 em São Paulo
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Frei Martinho Ferreira da Silva Cortez, O.Carm., retorna à Casa do Pai
É com pesar que a Província Carmelitana de Santo Elias comunica o falecimento de Frei Martinho Ferreira da Silva Cortez, O.Carm., 82 anos, que fez sua páscoa definitiva e retornou à Casa do Pai nesta sexta-feira, 4 de setembro, em Mogi das Cruzes (SP), vítima da Covid-19.
Filho de Manoel Ferreira da Silva Cortez e Maria Luiza de Melo Cortez, nasceu em Mogi das Cruzes, em 20 de fevereiro de 1938. Entrou no Seminário Carmelita de Itu (SP), em março de 1949. Em 1955 fez o noviciado Carmelita e cursou Filosofia e Teologia entre os anos de 1956 e 1962. Em 24 de fevereiro de 1962 foi ordenado sacerdote por Dom Paulo R. Loureiro. Desde então, ao longo das suas mais de cinco décadas de vida religiosa, passou por vários conventos nas cidades de São Paulo, Itu, Mogi das Cruzes, Salvador, Rio de Janeiro (Vila Kosmos), Angra dos Reis e Paracatu.
Em função da causa da morte não haverá Missa de Exéquias, apenas um breve momento de oração no Cemitério São Salvador, em Mogi das Cruzes, onde será realizado o sepultamento às 15h, Hora da Misericórdia.
Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno e brilhe para ele a Vossa luz! Amém. Fonte: carmelitas.org.br
As nossas orações para Frei Gabriel...
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AS NOSSAS ORAÇÕES... Nesta quinta, aqui vai as nossas orações para Frei Gabriel, do Carmo de Mogi das Cruzes/SP que se encontra internado (foto). www.olharjornalistico.com.br
Olhar Vocacional: Frei Tinus
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Da série de vídeos- Olhar Vocacional- veja o quarto vídeo com o Frei Tinus Van Balen, O Carmo. Câmera: Frei João Carlos, O. Carm. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 20 de agosto-2020.
Jubileu de Prata de Ordenação Sacerdotal: Frei Sílvio
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Na Assembleia Provincial de 2018, o Frei Sílvio Ferrari, O. Carm, celebrou a Missa de Ação de Graças recordando o Jubileu de Prata de Ordenação Sacerdotal celebrado no dia 13 de dezembro-2017 na Paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Vila Kosmos, em Vicente de Carvalho, Rio de Janeiro. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ, 19 de agosto-2020.
Olhar Vocacional: Frei Márcio
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Da série de vídeos- Olhar Vocacional- veja o terceiro vídeo com o Frei Márcio Silvan, O Carmo, do Carmo do Eldorado do Sul, de Porto Alegre/RS. Câmera e Reportagem: Frei Juliano, O. Carm Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 19 de agosto-2020.
Olhar Vocacional: Frei Paulo Gollarte
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Da série de vídeos- Olhar Vocacional- veja o segundo vídeo com o Frei Paulo Gollarte, O. Carm, do Carmo do Itaim- Bibi/SP. Câmera e Reportagem: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Padre Carmelita e Jornalista. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 17 de agosto-2020.
Olhar Vocacional: Frei João Paulo
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Da série de vídeos- Olhar Vocacional- veja o primeiro vídeo com o Frei João Paulo, O. Carm, do Carmo de Palmas/TO. Câmera e Reportagem: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Padre Carmelita e Jornalista. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 17 de agosto-2020.
#PROVÍNCIA300: Frei Tadeu Passos-02
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Em comemoração aos 300 Anos da Província Carmelitana de Santo Elias-Carmelitas, veja o 1º vídeo de uma série de entrevistas com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Padre Carmelita e Jornalista- sobre a memória carmelitana. No vídeo, Frei Tadeu Passos Camargo, O. Carm, In Memoriam (*20/04/1930 + 08/08/2020). Convento do Carmo de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. 14 de agosto-2020.
#PROVÍNCIA300: Frei Tadeu Passos-01
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Em comemoração aos 300 Anos da Província Carmelitana de Santo Elias-Carmelitas, veja o 1º vídeo de uma série de entrevistas com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Padre Carmelita e Jornalista- sobre a memória carmelitana. No vídeo, Frei Tadeu Passos Camargo, O. Carm, In Memoriam (*20/04/1930 + 08/08/2020). Convento do Carmo de Angra dos Reis, Rio de Janeiro. 13 de agosto-2020.
Frei Tadeu passos Camargo, um relato de uma testemunha ocular.
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Frei Tadeu passos Camargo, O. Carm. (*20/04/1930 + 08/08/2020).
Frei Felisberto, O. Carm, do Carmo de Palmas/TO.
Frei Tadeu é da cidade de Perdões, São Paulo, entrou para o seminário menor de Itu, ainda jovem, conviveu bem com todos os seminaristas menores, conquistou, através da sua alegria, simpatia e casos e piadas, a todos. Fez o noviciado em Mogi das Cruzes onde professou, depois estudou Filosofia em São Paulo, e lá fez os votos solenes, fez Teologia no Instituto carmelitano do convento do Carmo de São Paulo, mas ao chegar às vésperas da ordenação, 3 meses antes , em preparação, fez avaliação pessoal e percebeu que o sacerdócio seria para ele muito pesado e que talvez não pudesse corresponder à toda responsabilidade que assumiria diante da Igreja e da Ordem , por isto , no momento de crise , preferiu desistir da caminhada , mas com muita oração e aconselhamento espiritual , principalmente de Dom Raimundo Lui e do seu amigo fez Celestino Lui, assumiu com as pernas bambas o sacerdócio.
A ordenação do Frei Tadeu foi na Basílica do Carmo, naquele tempo não havia o clamour que existe hoje para as ordenações, era com mais simplicidade.
Empreendeu com seu grande amigo dom Raimundo o trabalho pioneiro na cidade de Santa Bárbara do Oeste, SP, para onde seria levado o filosofado carmelitano.
Lá eles assumiram a paróquia Nossa Senhora Aparecida, depois de um certo tempo, ficou resolvido que o filosofado não iria mais para lá, mas as raízes carmelitanas foram plantadas na cidade ao criar a Irmandade Carmelitana do Escapulário.
Frei Tadeu trabalhou muitos anos em Paracatu ao lado de Dom Raimundo, ficando depois revezando suas mudanças entre o convento de Itu, a Igreja de Santa Teresa no Itaim Bibi e o convento de São Paulo, onde passou seus últimos dias e granjeou muitas amizades, especialmente como capelão auxiliar do Hospital Sírio Libanês, trabalho pelo qual se apaixonou.
Frei Tadeu apresentou enfraquecimento há anos, colocou marca passo e melhorou temporariamente. Sem sofrer muito mas bem assistido pelos confrades, este carmelita partiu querido por todos. Brincava com o futuro. Quando Interrogado sobre sua saúde dizia: É, quase que fui, mas não foi ainda a minha vez. Agora foi, num sábado, dia dedicado a Nossa Senhora, não haveria dia melhor para um devoto carmelita chegar na Casa da Mãe para habitar no Coração amoroso do Pai ?
Se frei Tadeu não chegar logo lá, nós vamos demorar muito mais, porque ele é um justo.
Descanse em Paz , Tadeu amigo, porque a Paz é a morada dos mansos e humildes de coração.
Frei Felisberto, seu amigo de muitos anos.
CARMELITAS: Nota de falecimento
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Faleceu neste sábado 8 de agosto-2020 em São Paulo, o confrade Frei Tadeu Passos Camargo, O. Carm, do Carmo de São Paulo. As nossas orações...
Basílica de Santa Maria Maior
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Quarta-feira 5 de agosto. Basílica de Santa Maria Maior: O Frei Evaldo Xavier, O. Carm, explica a Espiritualidade e a história da Basílica de Santa Maria Maior. NOTA: Depois do Concílio de Éfeso (431), em que a Virgem Maria foi proclamada Mãe de Deus, o Papa Sisto III (432-440), erigiu em Roma, no monte Esquilino, uma basílica dedicada à Santa Mãe de Deus, chamada mais tarde Santa Maria Maior. É esta a mais antiga Igreja do Ocidente dedicada à Santíssima Virgem.
MISSA SEMANAL: Segunda 3
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Santa Missa celebrada por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, direto da Igreja Conventual dos Carmelitas de Angra dos Reis/RJ. Angra, 3 de agosto-2020.
ALACAR-2018: Tito Brandsma-03
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O Frei Fernando Millán Romeral, O. Carm, Padre Geral da Ordem do Carmo, fala sobre o Mártir Beato Tito Brandsma no V- Alacar- Congresso da Associação Latino Americana de carmelitas. De 6-11 de novembro-2018 em Santo Domingo, República Dominicana. Tema: Mártires de ontem, para o Carmelo Latino-Americano de hoje; Beato Frei Tito Brandsma, Santa Edith Stein e Dom Oscar Romero.
Tito Brandsma-01
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O Frei Fernando Millán Romeral, O. Carm, Padre Geral da Ordem do Carmo, fala sobre o Mártir Beato Tito Brandsma no V- Alacar- Congresso da Associação Latino Americana de carmelitas. De 6-11 de novembro-2018 em Santo Domingo, República Dominicana. Tema: Mártires de ontem, para o Carmelo Latino-Americano de hoje; Beato Frei Tito Brandsma, Santa Edith Stein e Dom Oscar Romero.
Perfil humano-Espiritual-Carmelitano: Tito Brandsma
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Frei Emanuele Boaga, O.Carm e Augusta de Castro Cotta, Cdp
Características psicológicas
O ambiente familiar, aliado aos dons naturais - notável bagagem de qualidades humanas - foi propício ao desabrochamento da rica personalidade de nosso Tito. Um seu biógrafo afirma: ‘Tito possui um físico gracioso e frágil, uma saúde não muito boa, mas um caráter vigoroso, feito de aço nobre e resistente’. Ele mesmo se define como um ‘otimista nato’. Era dotado de grande autocontrole, sempre se apresentando de bom humor, mesmo nos momentos de sofrimentos físicos (sofreu pelo menos quatro hemorragias intestinais). Mantém sempre a calma e a serenidade, revelando grande equilíbrio em todos os seus momentos. Sem sentimentalismos é cordial no trato, paciente para com todos, capaz de respeitar sempre as opiniões contrárias à sua, embora não abrisse mão de suas convicções profundas. É interessante o testemunho do policial que o interrogou; ‘Não se pode esperar que o Pe. Tito mude de opinião, por isso o considero um homem perigoso’. E outro testemunha de vida afirmou: ‘Pe. Tito é um homem bom, mas quando necessário sabe ser enérgico’.
Tem uma elevada cultura que alia a um jeito humilde e simples de ser. Jamais usa sua sabedoria para vangloriar-se ou sobressair-se sobre os demais. Nas constantes viagens de trem, feitas em razão de seu serviço, escolhe sempre, de forma natural, a terceira classe.
É dotado de enorme sentido de humor. Tudo nele é simples, sóbrio, sem nenhuma ostentação. Sua aparência é sempre a de uma pessoa comum, ainda que alguém tenha testemunhado sobre ele: ‘Era uma pessoa extraordinariamente fora do comum”. Isto é confirmado por outras afirmações, como: ‘O contato com Frei Tito tinha um efeito calmante’. ‘Era um homem ‘sui generis’, com um grande coração’, atesta outra pessoa que com ele conviveu.
Esta rica personalidade humana é animada por uma fé inabalável, intensa, profunda, encarnada em seu dia-a-dia, herdada da família e aprofundada na formação. Tal experiência é alimentada pela oração e gera nele um filial abandono ao Senhor e à Sua Vontade. Gostava de repetir: ‘Devemos deixar que o Senhor faça sempre em nós o que lhe apraz’ e ‘Deus terá sempre a última palavra, já que em suas mãos podemos ter a certeza de que estamos seguros’.
Pode-se dizer que Frei Tito teve as seguintes e fortes características que o tornam uma personalidade marcante:
Vida social: pertencia às minorias sociais de seu país. Sua família encontra-se entre os 10% de católicos da sua região. Ao aprofundar seus conceitos filosóficos descobre o valor da pessoa humana e seus direitos. Sob esta luz vai encarar a relação com as diversas minorias de seu país: não lutando contra qualquer delas, porém, tudo empreendendo para elevar todas à sua própria dignidade humano-espiritual.
Vida eclesial: era católico com prática séria da vida eclesial: sensibilidade para com os problemas de seu tempo, participação ativa e criativa na vida da igreja. Sabia unir o amor e o serviço à Igreja ao amor e serviço ao ser humano. Sente-se, como Santa Teresa, ‘filho da Igreja’. Para servi-la, funda escolas, dedica-se ao magistério, torna-se jornalista atuante, procurando por estes meios difundir a fé. Esta dedicação o levou ao martírio.
Vocação carmelita: revelou grande empenho na observância regular, vivendo com entusiasmo a espiritualidade e a mística carmelitanas, cuidando com verdadeiro carinho de tudo o que dizia respeito ao Carmelo, destacando-se no amor à Eucaristia e a Nossa Mãe. Dedicou-se a entusiasmar os co-irmãos para o estudo e a promoção da presença carmelitana na Igreja e na sociedade de seu tempo. Viveu intensamente os valores carmelitanos.
*Curso de Formação Carmelitana em módulos. Módulo VI - Testemunhas da Vivência Carmelitana. São João del Rei – MG. 2003
BIOGRAFIA
Nasceu em Bolsward, Holanda, em 1881. Filho de uma família católica. Devoto fervoroso de Nossa Senhora, decide entrar na Ordem do Carmo. Ordena-se em 1905. Inteligente e sempre dedicado aos estudos, ele revela uma admirável vocação para o jornalismo. Escreve artigos para jornais e revistas. Em Roma, doutora-se em filosofia e Sociologia. Ao voltar para a Holanda, torna-se professor, escritor, pregador e editor de revista. Em 1932, é eleito Reitor da Universidade Católica de seu País. Escreve o livro “Exercícios Bíblicos com Maria para chegar a Jesus”, um pequeno tratado de Mariologia. Esta publicação é fruto de suas orações e meditações que ele jamais descuidava, apesar de sua intensa atividade apostólica: missões, união das igrejas, escola e educação católica, meios de comunicação.
Os problemas começaram quando os nazistas invadem a Holanda, em 1940. Na época, Frei Tito era Presidente da União dos Jornalistas Católicos. Protestou corajosamente contra a invasão. Foi preso dia 19 de janeiro de 1942. Passou pelos presídios de Scheveninguem, Amersfoort, Kleve e Dachau. Foi espancado, submetido à fome e ao frio. Nos interrogatórios deu testemunho de fé, de suas convicções católicas em defesa da justiça. Foi um exemplo de ânimo, de paciência até para aqueles que eram inimigos de sua religião. Seu corpo serviu de cobaia para experiências bioquímicas. Esteve em estado de coma durante dois dias. Antes de morrer, exclamou: “Faça-se a Tua vontade, não a minha”. Faleceu a 27 de julho de 1942, aos 61 anos. Foi beatificado dia 3 de novembro de 1985, pelo Papa João Paulo II.
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