Os motivos que levaram Arcebispo a renunciar em Aracaju
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Dom João José Costa — Foto: Arquidiocese de Aracaju
Como NE Notícias informou, dom João José Costa renunciou ao cargo de Arcebispo Metropolitano de Aracaju.
Em sua carta renúncia, o Arcebispo atribuiu ao cansaço e limitações da Saúde:
Neste momento de minha vida, consciente das minhas limitações e vulnerabilidades, diante da fadiga que me impõe o ministério, sem fugir às minhas responsabilidades, em atitude de escuta e acatamento obediente da vontade do Senhor e da Igreja, coloquei nas mãos do Santo Padre a minha missão como bispo e o caminho pastoral de nossa querida Arquidiocese. Compreendo que esta decisão, amadurecida não sem sofrimento, seja para o meu bem e para o proveito comum de nossa igreja particular, neste momento singular de sua história.
Compartilhamos o inteiro teor da carta do arcebispo dom João José Costa, dirigida à igreja particular de aracaju, pela qual ele explicita as razões do seu pedido de renúncia ao ofício de arcebispo metropolitano de Aracaju. O pedido foi aceito pelo Papa Francisco, nesta quarta-feira, 19 de julho.:
À igreja particular de Aracaju
Dirijo-me aos membros do Clero Arquidiocesano, aos diáconos e seminaristas, aos religiosos e religiosas, aos cristãos leigos e leigas envolvidos nas pastorais, serviços e movimentos, aos fiéis das paróquias e comunidades da nossa amada Arquidiocese de Aracaju e a todos aqueles que caminharam comigo, colaborando diretamente na missão pastoral que me foi confiada.
Desde 2014, quando o Santo Padre me nomeou Arcebispo Coadjutor, confirmando-me depois, em 2017, como Arcebispo Metropolitano, obediente ao mandado recebido da Santa Igreja, busquei servir com amor e dedicação a esta porção do povo de Deus que está na Arquidiocese de Aracaju, não obstante a minha pequenez e as minhas fragilidades. Tenho consciência do meu esforço quotidiano em cumprir o meu dever de pastor durante todo esse tempo, marcado por desafios, exigências que, às vezes, pareciam superar as minhas capacidades de habilidades. Sempre senti e confessei a presença do Senhor ao meu lado em cada passo do meu caminho, ao experimentar a força de sua graça em minha vida, através de tantos dons e estímulos concedidos à minha fraqueza, para que eu pudesse servir com generosidade ao seu Povo Santo. Sua misericórdia não me abandonou em nenhuma circunstância da minha caminhada e a força do seu amor sempre me abraçou, sobretudo nos momentos de maior fragilidade. Por isto, nesta ocasião, com o coração agradecido, elevo a Deus a mais sincera demonstração de reconhecimento, ao sentir que não corri em vão.
Reconheço o bem que procuramos fazer, juntamente com tantos colaboradores, envolvidos nos vários âmbitos da vida e da missão de nossa igreja particular, homens e mulheres que não hesitam em oferecer os seus dons e talentos, muitas vezes sacrificando-se, tendo como único fim o crescimento da comunidade eclesial e a glória de Deus. Dentre os cooperadores, dirijo um pensamento agradecido aos sacerdotes que, pela graça do Sacramento da Ordem, estiveram mais intimamente unidos à pessoa do Bispo, como servidores, compartilhando a missão comum de pastorear, ensinar e santificar os fiéis. Que Deus os abençoe e os santifique, concedendo a cada um o prêmio dos servidores fiéis.
Os vários encontros com os fiéis, nas celebrações, nos ambientes formais e informais, são também motivo da minha gratidão ao Senhor, e sobretudo quando reunimos as forças vivas de nossa igreja particular para pensar e construir caminhos e diretrizes para a ação evangelizadora, desenhando percursos para a nossa missão comum. Agradeço a Deus pelos autênticos momentos de proximidade, vividos particularmente juntos aos mais vulneráveis, os sofredores e pobres, a quem busquei oferecer o unguento da consolação. Eles, como bússola, indicaram o horizonte seguro do meu ministério e da realização da minha vocação.
Neste momento de minha vida, consciente das minhas limitações e vulnerabilidades, diante da fadiga que me impõe o ministério, sem fugir às minhas responsabilidades, em atitude de escuta e acatamento obediente da vontade do Senhor e da Igreja, coloquei nas mãos do Santo Padre a minha missão como bispo e o caminho pastoral de nossa querida Arquidiocese. Compreendo que esta decisão, amadurecida não sem sofrimento, seja para o meu bem e para o proveito comum de nossa igreja particular, neste momento singular de sua história.
Peço a compreensão de todos, ao mesmo tempo em que me penitencio por qualquer incômodo ou sofrimento que possa ter causado a alguém, por conta das minhas fraquezas. Conto com a caridade e a oração de todos, para que possa, em outra fronteira, continuar servindo, com amor à Igreja, a quem dediquei toda a vida, fiel à minha condição de discípulo, a mais nobre de todas as distinções de quem recebeu a indelével marca de Cristo Senhor. Que a Imaculada Mãe de Deus, Senhora do Carmelo e minha mãe, receba o meu presente e o meu futuro em suas mãos maternais. Que São José, patrono da Igreja, conduza-me em meu caminhar, para que este momento, serenamente acolhido e vivido, seja ocasião para que eu possa testemunhar, mais uma vez, a fidelidade à minha vocação e o meu amor obediente a Deus e à Igreja.
Aracaju, 19 de julho de 2023
Em Cristo Jesus, Servo e Pastor.
Dom João José Costa, O. Carm.
Arcebispo Metropolitano de Aracaju
Fonte: https://www.nenoticias.com.br
Papa Francisco convida duas brasileiras para participar do Sínodo dos Bispos
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Mulheres negras de Minas Gerais vão ao Vaticano integrar evento tradicionalmente composto pela hierarquia da igreja
Maria Cristina dos Anjos, 61, e Sônia Gomes de Oliveira, 54, brasileiras convidadas pelo papa Francisco para o sínodo no Vaticano - Divulgação
Jeferson Batista
O movimento do papa Francisco de aproximar a sociedade civil das discussões da Igreja Católica abriu as portas para duas mulheres negras do Brasil, convidadas pelo pontífice para participar da primeira etapa global do atual sínodo, em outubro, no Vaticano.
Tradicionalmente, apenas bispos participam dos sínodos. Sob a batuta de Francisco, agora as mulheres ganham espaço mais relevante.
Sônia Gomes de Oliveira, 54, líder do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, e Maria Cristina dos Anjos, 61, assessora de migração da Cáritas, fazem parte da lista dos 70 católicos —35 mulheres e 35 homens— escolhidos pelo próprio pontífice para integrarem o encontro.
As brasileiras, mulheres negras e do estado de Minas Gerais, têm ampla atuação em projetos sociais ligados à Igreja Católica no Brasil e serão observadoras na reunião, tendo espaço também para falas.
"Levo comigo a representatividade do laicato, de uma mulher preta do sertão mineiro e os gritos de grupos como pessoas encarceradas, LGBTQIA+, da juventude, dos indígenas e dos povos tradicionais", diz Oliveira, que lidera a organização dos católicos leigos brasileiros.
Já Maria Cristina dos Anjos diz que o sínodo, ao incluir a participação ativa dos que não são bispos, abre esperança de que agendas debatidas há anos ganhem mais espaço. Além de fazer parte da Cáritas, ela integra uma comissão do Conselho Episcopal Latino-Americano que discute a participação das mulheres na igreja e na sociedade.
O modelo do sínodo, criado pelo papa Paulo 6º em 1965, é uma reunião episcopal convocada pelos pontífices para discutir temas relacionados à instituição. Sob a liderança de Francisco, a igreja já discutiu questões como família, em 2015, juventude (2018) e Amazônia (2019).
Com o tema "Comunhão, Participação e Missão", o processo sinodal agora em andamento começou em 2021 e deve ser concluído em 2024. O primeiro passo foram as assembleias em paróquias e dioceses. No próximo mês de outubro, ocorre a primeira fase global. A etapa final, por sua vez, está prevista para um ano depois, também em Roma.
As brasileiras convidadas por Francisco relatam que o papel das mulheres na igreja, a diversidade sexual e de gênero, o combate ao racismo e os direitos dos migrantes foram alguns dos temas em destaque nas conversas que ocorreram nas etapas anteriores.
São, afinal, demandas globais —em junho, o Vaticano publicou um documento preparatório, elaborado a partir de uma consulta global sobre o futuro da igreja, que aborda questões relacionadas a sexualidade, divórcio, celibato dos padres e diaconato para mulheres.
Em um trecho, o texto questiona: "Como pode a igreja do nosso tempo cumprir melhor sua missão por meio de um maior reconhecimento e promoção da dignidade batismal das mulheres?".
Mas as mudanças de Francisco no sínodo e também as discussões mais progressistas encabeçadas pelo papa não são aceitas de forma pacífica em todos os segmentos católicos.
"As tensões aparecem porque os temas estão relacionados com as estruturas da igreja, com o espaço de poder", diz o cientista social Leon Souza, diretor da Casa Galileia, ONG especializada em mobilização de públicos religiosos. Para ele, o conflito surge por conta da tentativa de romper com o muro do clericalismo e com a estrutura engessada do catolicismo institucional.
Dos Anjos diz acreditar que os representantes da América Latina estão comprometidos em não deixar de lado as questões levantadas na etapa regional. "Espero que todos possam falar e ser ouvidos. Porém, não dá para dizer até onde conseguiremos avançar."
Oliveira, por sua vez, afirma que a inclusão de não bispos é uma demonstração do papa Francisco de que os leigos não são "objetivos de segunda qualidade" na igreja. "Muitos bispos ainda não entenderam nosso papel, mas o papa Francisco entendeu."
Além dos fiéis convidados pelo papa, a lista divulgada pelo Vaticano conta com 363 participantes, incluindo padres, freiras, bispos e leigos. O número total de mulheres presentes no encontro é de 85.
Ao todo, 13 brasileiros devem participar da reunião. Dos Anjos e Oliveira compartilharão espaço com nomes da alta hierarquia da igreja no país, como o cardeal Sérgio da Rocha, arcebispo de São Salvador (BA) e Dom Jaime Spengler, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
"Garantimos representatividade, mas a assembleia ainda é um sínodo dos bispos. Portanto, a dimensão episcopal está salvaguardada", afirmou o cardeal maltês Mario Grech, secretário-geral do sínodo, em recente comunicado divulgado pelo Vaticano. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
UM POLÍTICO SANTO
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Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Isso existiu, acreditem, por mais raro que seja! Foi São Tomás More, proclamado pelo Papa São João Paulo II padroeiro dos governantes e dos políticos.
Nascido em Londres em 1478, estudou em Oxford e aos vinte e dois anos já era doutor em direito e brilhante professor, tornando-se logo um renomado intelectual, literato e político. Casou-se, teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, vivendo sempre como virtuoso cristão. Dedicava-se à oração e à penitência e participava das Missas na Igreja paroquial. Foi eleito duas vezes para o Parlamento, Representante da Coroa, Juiz, Cavaleiro, Presidente da Câmara dos Comuns e Chanceler do Reino da Inglaterra. Estimado por todos pela sua integridade moral, caráter aberto e divertido, argúcia de pensamento e erudição extraordinária, sempre amigo dos pobres e necessitados, nunca aceitou propinas ou subornos no exercício de sua profissão. Em 1532, não querendo dar o seu apoio ao plano de Henrique VIII que desejava dissolver o próprio casamento para se casar com outra mulher e assumir o controle da Igreja na Inglaterra, opôs-se duramente a isso e pediu demissão do seu cargo. Retirou-se da vida pública, resignando-se a sofrer a pobreza e o abandono de muitos que, na prova, se revelaram falsos amigos.
Recusou-se a comparecer aos cerimoniais de coroação da nova rainha, amante do rei. Constatando a firmeza irremovível com que ele recusava qualquer compromisso contra a própria consciência, o rei mandou prendê-lo, em 1534, na Torre de Londres, onde foi sujeito a várias formas de pressão psicológica. Mas Tomás More não se deixou vencer, resistindo aderir ao cisma do rei e defendendo a indissolubilidade do matrimônio. À pressão da sua família para que cedesse, ele respondeu: “Se tivesse duas almas, poderia arriscar uma delas, mas como só tenho uma, preciso salvá-la”. Na prisão escreveu o Diálogo do Conforto nas Tribulações.
Foi condenado por alta traição a ser decapitado. Mesmo condenado, não perdeu o seu peculiar bom humor cristão, sua naturalidade e simplicidade. No dia da execução, pediu ajuda para subir ao cadafalso. E disse ao povo: “Morro leal a Deus e ao Rei, mas a Deus antes de tudo”. E abraçando o carrasco, disse: “Coragem, amigo, não tenhas medo! Mas como tenho o pescoço muito curto, atenção! Está nisso a tua honra!” E pediu para que não lhe estragasse a barba, porque ela, ao menos, não cometera nenhuma traição. Morreu no dia 6 de Julho de 1535. Foi beatificado em 1886 por Leão XIII e canonizado em 1935 por Pio XI.
Nesse clima de corrupção e venalidade que invadiu o mundo político, possa o exemplo de S. Tomás More ensinar aos nossos governantes e políticos, atuais e futuros, que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até a própria vida. O legítimo laicismo, que é a independência dos poderes da Igreja e do Estado, não isenta a “César” do dever de dar a Deus o que é de Deus. Recomendo a todos o excelente filme, vencedor de seis Oscar, cujo título resume bem a vida de São Tomás More: “O homem que não vendeu a sua alma”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Papa convida líder católico que defende direitos LGBTQIA+ para sínodo
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James Martin, um defensor dos LGBTQIA+ na Igreja Católica, vai participar de uma das assembleias mais importantes do Vaticano.
Imagem sem data mostra James Martin e o Papa Francisco — Foto: Reprodução/outreach.faith
Por g1
O Vaticano divulgou a lista de convidados do próximo Sínodo, que vai acontecer em outubro, e um dos convidados do Papa Francisco é o jesuíta James Martin, um defensor dos LGBTQIA+ na Igreja Católica.
O Sínodo Católico é uma assembleia convocada pelo papa na qual se discutem questões importantes sobre temas relacionados à fé.
Martin tem uma organização nos EUA chamada Outreach, que se define como uma organização católico LGBTQIA+ que publica artigos, ensaios e fontes de informação para católicos LGBTQIA+, suas famílias e amigos e também para aqueles quem ministram na Igreja Católica em todo o mundo.
A organização afirma que, de fato, na Bíblia há algumas referências à homossexualidade que condenam a prática, mas o libro também tem códigos morais que orientações éticas que os cristãos contemporâneos ignoram (por exemplo, no Novo Testamento, São Paulo fala para os escravos serem obedientes a seus mestres e que as mulheres devem ficar em silêncio nas igrejas).
Martin já trocou cartas com o Papa Francisco sobre o tema.
O papa havia dado entrevistas nas quais tinha dito que a homossexualidade não deveria ser criminalizada.
Em seu texto para a Outreach, Fracisco diz que quando afirmou que a homossexualidade é um pecado, estava se referindo ao ensinamento moral católico, que diz que todo ato sexual fora do casamento é um pecado. “É claro que também se deve considerar as circunstâncias, que podem diminuir ou eliminar a culpa. Como você pode ver, eu estava repetindo algo em geral. Eu deveria ter dito ‘É um pecado, assim como qualquer ato sexual fora do casamento’”, afirmou ele. Fonte: https://g1.globo.com
Domingo 9. 14º Domingo do Tempo Comum: Um Olhar
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MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Jesus reza louvando o “Pai, Senhor do céu e da terra”, porque aos pequeninos foram revelados os mistérios divinos. A seguir faz um convite: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomais sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. A liturgia dominical (Mateus 11, 25-30, Zacarias 9,9-10, Salmo 144 e Romanos 8,9.11-13) revela um rosto divino que é humilde de coração, justo, salvador e manso.
Vivemos num tempo em que tudo deve ser excepcional, extraordinário, grandioso, super, hiper, mega, nota mil, entrar no guinness. Da parte de Deus também se espera ações milagrosas, intervenções impactantes. Parece que se tem medo das coisas normais, simples e humildes. Os textos bíblicos nos convidam a valorizar, redescobrir e propagar que a simplicidade, a humildade é algo belo e bom. Simplicidade não é ser simplista, mas ser capaz de reconduzir as múltiplas coisas ao que é essencial, pois isto fundamenta a vida.
A oração de Jesus se volta ao “Pai, Senhor do céu e da terra”. Uma oração de louvor porque os “pequeninos” e não os “sábios e entendidos” foram os destinatários das “coisas” de Deus. O primeiro ensinamento de Jesus é tornar-nos capazes de louvar. O que é louvar a Deus? “O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que ele mesmo é, lhe dá glória, por aquilo que Ele é mais do que por aquilo que ele faz. Participa da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na glória. Por ela, o Espírito se associa a nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho ao Filho único, em quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as leva àquele que é a sua fonte e seu término: “existe um só Deus, o Pai, do qual vem todos os seres e para ao qual nós existimos “(1 Cor 8,6) (Catecismo da Igreja Católica, n.2639). Portanto, a oração de louvor é totalmente desinteressada, dirige-se a Deus, o canta por ele mesmo, lhe dá glória por aquilo que Ele é, mais do que pelo que Ele faz.
O convite de Jesus se dirige aos “cansados e fatigados sob o peso dos fardos”. As causas da fadiga e do cansaço são as mais variadas. Uma multidão não tem as condições para satisfazer as necessidades básicas: alimento, saúde, casa. Há muitos refugiados e migrantes a procura de um lugar mais digno. Outros têm as condições materiais ou até demais, mas vivem insatisfeitos e uma vida sem sentido. A todos se dirige o convite de Jesus: “Vinde a mim, todos vós ….”.
Jesus promete dar a todos “alívio’, mas sob uma condição. “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. O que é o “jugo”, que em vez de pesar alivia, e em vez de esmagar conforta? O “jugo” de Cristo é a Lei do AMOR, é o seu mandamento deixado para os discípulos e para todos os seguidores. É o seu modo de agir, de se relacionar, de se posicionar diante das múltiplas situações vitais. Quando se coloca um jugo ou uma canga num animal é para permitir que possa potencializar a sua força e realizar a tarefa com menos dor e sofrimento. É um auxílio necessário.
Amar é um “jugo” porque é o verdadeiro remédio para as feridas da humanidade, quer materiais, como a fome e as injustiças, quer para dar um sentido para a vida, quer para os problemas éticos por dar um parâmetro. Para o cristão a fonte do amor é Deus. Jesus pede para aceitar o jugo do amor que faz a pessoa humilde, simples e “ter um coração semelhante ao do Senhor”, como se reza na Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 7º de julho. 13ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, pela vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da vossa verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mt 9, 9-13)
9Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: "Siga-me!" Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" 12Jesus ouviu a pergunta e respondeu: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13Aprendam, pois, o que significa: 'Eu quero a misericórdia e não o sacrifício'. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores."
3) Reflexão
O Sermão da Montanha ocupou os capítulos 5 a 7 do evangelho de Mateus. A parte narrativa dos capítulos 8 e 9, tem como finalidade mostrar como Jesus praticava o que acabava de ensinar. No Sermão da Montanha, ele ensinou o acolhimento (Mt 5,23-25.38-42.43). Agora, ele mesmo o pratica acolhendo leprosos (Mt 8,1-4), estrangeiros (Mt 8,5-13), mulheres (Mt 8,14-15), doentes (Mt 8,16-17), endemoninhados (Mt 8,28-34), paralíticos (Mt 9,1-8), publicanos (Mt 9,9-13), pessoas impuras (Mt 9,20-22), etc. Jesus rompe com as normas e costumes que excluíam e dividiam as pessoas, isto é, o medo e a falta de fé (Mt 8,23-27) e as leis da pureza (9,14-17), e não faz segredo das exigências para os que querem segui-lo. Eles terão que ter a coragem de largar muita coisa (Mt 8,18-22). Assim, nas atitudes e na prática de Jesus, aparece em que consistem o Reino e a observância perfeita da Lei de Deus.
Mateus 9,9: O chamado para seguir Jesus.
As primeiras pessoas chamadas para seguir Jesus eram quatro pescadores, todos judeus (Mt 4,18-22). Agora, Jesus chama um publicano, considerado pecador e tratado como impuro pelas comunidades mais observantes dos fariseus. Nos outros evangelhos, este publicano se chama Levi. Aqui, o nome dele é Mateus que significa dom de Deus ou dado por Deus. As comunidades, em vez de excluir o publicano como impuro, devem considerá-lo como um Dom de Deus para a comunidade, pois a presença dele faz com que a comunidade se torne sinal de salvação para todos! Como os primeiros quatro chamados, assim o publicano Mateus larga tudo que tem e segue Jesus. O seguimento de Jesus exige ruptura. Mateus largou a coletoria, sua fonte de renda, e foi atrás de Jesus!
Mateus 9,10: Jesus senta à mesa junto com pecadores e publicanos
Naquele tempo, os judeus viviam separados dos pagãos e dos pecadores e não comiam com eles na mesma mesa. Os judeus cristãos deviam romper este isolamento e criar comunhão de mesa com os pagãos e os impuros. Foi isto que Jesus ensinou no Sermão da Montanha como sendo uma expressão do amor universal de Deus Pai. (Mt 5,44-48). A missão das comunidades era oferecer um lugar aos que não tinham lugar. Mas esta nova lei não era aceita por todos. Em algumas comunidades, as pessoas vindas do paganismo, mesmo sendo cristãs, não eram aceitas na mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3; Gal 2,12). O texto do evangelho de hoje mostra como Jesus comia com publicanos e pecadores na mesma casa e na mesma mesa.
Mateus 9,11: A pergunta dos fariseus
Para os judeus era proibida a comunhão de mesa com publicanos e pagãos, mas Jesus nem liga. Ele até faz uma confraternização com eles. Os fariseus, vendo a atitude de Jesus, perguntam aos discípulos: "Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?" Esta pergunta pode ser interpretada como expressão do desejo deles de quererem saber por que Jesus agia assim. Outros interpretam a pergunta como crítica deles ao comportamento de Jesus, pois durante mais de quinhentos anos, desde os tempos do cativeiro na Babilônia até à época de Jesus, os judeus tinham observado as leis da pureza. Esta observância secular tornou-se para eles um forte sinal identidade. Ao mesmo tempo, era fator de sua separação no meio dos outros povos. Assim, por causa das leis da pureza, não podiam nem conseguiam sentar na mesma mesa para comer com pagãos. Comer com pagãos significava contaminar-se, tornar-se impuro. Os preceitos da pureza legal eram rigorosamente observados, tanto na Palestina como nas comunidades judaicas da Diáspora. Na época de Jesus, havia mais de quinhentos preceitos para preservar a pureza. Nos anos setenta, época em que Mateus escreve, este conflito era muito atual.
Mateus 9,12-13: Eu quero misericórdia e não sacrifício
Jesus ouviu a pergunta dos fariseus aos discípulos e responde com dois esclarecimentos. O primeiro é tirado do bom senso: "As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes”. O outro é tirado da Bíblia: “Aprendam, pois, o que significa: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Por meio destes dois esclarecimentos Jesus explicita e esclarece a sua missão junto ao povo: “Eu não vim para chamar os justos, e sim os pecadores". Jesus nega a crítica dos fariseus, nem aceita os argumentos deles, pois nasciam de uma idéia falsa da Lei de Deus. Ele mesmo invoca a Bíblia: "Eu quero misericórdia e não sacrifício!" Para Jesus a misericórdia é mais importante que a pureza legal. Ele apela para a tradição profética para dizer que a misericórdia vale mais para Deus do que os todos sacrifícios (Os 6,6; Is 1,10-17). Deus tem entranhas de misericórdia, que se comovem diante das faltas do seu povo (Os 11,8-9).
4) Para um confronto pessoal
- Hoje, na nossa sociedade, quem é o marginalizado e o excluído? Por que? Na nossa comunidade temos preconceitos? Quais? Qual o desafio que as palavras de Jesus colocam para a nossa comunidade hoje?
- Jesus manda o povo ler e entender o Antigo Testamento que diz: "Quero misericórdia e não sacrifício". O que Jesus quer com isto para nós hoje?
5) Oração final
Feliz o homem que observa os seus preceitos, e de todo o coração procura a Deus! De todo o coração eu vos procuro, não deixeis que eu abandone a vossa lei! (Sl 118, 2.10)
Quem é Jessé Aguiar, cantor gay que deixou o gospel e divide feito com Tom Jobim
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Artista, que tem louvor entre as dez canções brasileiras mais gravadas de todos os tempos, agora se lança na música pop
Jessé Aguiar compôs "Está Tudo Bem" quando nada estava bem. A música o colocou na lista das dez canções brasileiras mais gravadas de todos os tempos, uma façanha e tanto para um jovem de 21 anos pouco conhecido fora do meio gospel.
Ocupando a décima posição, com 220 adaptações de seu louvor cristão, ele é o único artista vivo num ranking povoado por medalhões, que vão de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, na cabeceira com "Garota de Ipanema", a Cartola e Pixinguinha.
Mas Jessé não estava num bom momento quando escreveu a letra em que simula uma conversa com Deus —"Pai, tu sabe das feridas que eu carrego/ de alguns confrontos que só tu assistiu/ eu sei que com Cristo vai ficar tudo bem".
Acontece que Jessé é evangélico e gay, um binômio que lhe parecia impossível depois de uma vida toda escutando na igreja que ser homossexual era pecado aos olhos de Deus.
Jessé estava em depressão quando criou "Está Tudo Bem". Tentou se matar com uma overdose de remédios, em 2020. Três anos depois, fez as pazes com Cristo e começou uma revolução em sua vida que incluiu se assumir LGBTQIA+ e ainda assim um servo do Senhor.
Primeiro foi o divórcio com a indústria gospel, seguindo os passos de outras duas artistas de quilate no meio —Priscilla Alcantara, vencedora do reality show "The Masked Singer Brasil, da Globo, e Jotta A, que se descobriu trans após anos se sentindo sufocada na pele masculina.
Como as duas colegas, Jessé trocou uma bem-sucedida carreira na música cristã pelo mercado secular, adjetivo que evangélicos usam para se referir àqueles alheios à sua fé.
Ele nutria números superlativos com sua pose de bom cristão. O clipe de "Alívio" sozinho, seu maior sucesso, foi visto 213 milhões de vezes no YouTube. As sertanejas Maiara e Maraisa entoaram no velório da amiga Marília Mendonça a canção, sobre extrair de Jesus o "combustível para continuar".
Jessé quer continuar, mas de outro patamar. Ele lança nesta quarta-feira (12) um single secular, "Não Sou de Me Entregar". Distribuído pela ADA Music, divisão de música independente do Warner Music Group, o pop sentimental começa com sons que emulam batidas de coração e tratam de uma paixão por alguém que o tem nas mãos.
Ele anunciou em fevereiro sua saída do gospel, terminando o contrato com a gravadora Todah Music, que representa de Davi Sacer, artista forte do gênero, à mirim Ana Julia Canela de Fogo. A decisão chegou ao público por meio de um vídeo compartilhado nas redes sociais. Nele, Jessé dizia que sua "fé ímpar" e "não vinculada ao sistema" permanecia intacta.
Dois meses antes, o cantor horrorizou conservadores ao aparecer cantando hits sensuais de Anitta e Luísa Sonza. A escolha musical nem foi o pior para a audiência recatada. Isso porque ele estava num carro com outro rapaz. Com tintas sensacionalistas, O Fuxico Gospel, site de fofocas do segmento, manchetou: "Vídeo de Jessé com namorado é o que faltava para ele sair do armário".
Em junho, o artista decidiu que era hora de assumir a narrativa da própria vida. "Tenho 21 anos e sou gay", disse. "Isso para alguns vai ser um choque. Outras [pessoas] vão até brincar: choca um total de zero pessoas."
Ele contou então que a identidade sexual já lhe era clara desde os 12 anos, e que dois anos depois achou melhor informá-la a mãe. Não dava para sufocar, mas, fora um círculo super-restrito que incluía uma namorada "que teve muita paciência", abafou sua homossexualidade por quase uma década.
Jessé descreveu como, a partir dali, começou a viver um inferno particular, coalhado de ansiedade e picos depressivos. Tentou a todo custo reprimir quem era, como se uma "cura gay" fosse possível. Fazia campanha de oração e um tal de "subir monte, descer monte" —percurso de fé que, acreditava, o ajudaria a se livrar do que via como chaga.
Suas preces nunca foram atendidas, e só anos depois entendeu ele o porquê. Não havia nada de errado com ele. Ser gay também é de Deus, e misericórdia daqueles que não enxergam isso. "Não quero que minha sexualidade me torne um vilão para as pessoas", disse.
Jessé até ironizou o pastor André Valadão por sua cruzada anti-LGBTQIA+. Quem era ele para falar que ser gay feria os princípios de Deus? "Eu jurava que o senhor era também… Apita muito!", comentou num post do líder da Igreja Batista Lagoinha em Orlando, nos Estados Unidos.
Jessé ainda frequenta o Ministério Balneário da Assembleia de Deus em Goiás, seu estado natal. Filho de uma costureira e de um químico que se separaram quando ele era adolescente, começou a cantar no púlpito aos quatro anos. Substituiu a mãe, que naquele dia não conseguiu se apresentar, mas que ensaiava letra e melodia em casa. O filho decorou.
Para Jessé, a igreja sempre será sua origem. E que Deus o livre de quem achar que seu lugar não é ali. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Domingo de Pedro e Paulo- Dia do Papa: Um Olhar
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MÁRTIRES DA FÉ
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
A beleza da palavra “vida” revela o dinamismo da criação e da natureza. O mundo é contagiado por aquilo que contribui para o bem viver. Mas, também, ao lado do belo e das satisfações cotidianas, a história registra sofrimentos, angústias, destruição e antivida. A evidência está na vida humana, responsável por zelar por tudo que é vida e contribuir para a preservação da natureza.
Aí entendemos a frase “mártires da fé”, referente a quem é capaz de morrer para salvar vidas. A história do cristianismo tem essas marcas de forma muito sensível. Assim podemos começar pelos primeiros seguidores de Jesus Cristo, no caso dos dois Apóstolos Pedro, que morreu pregado numa cruz e Paulo, sendo degolado em Roma. Agiram livres e conscientes em relação à fé em Jesus Cristo.
Pedro representa a instituição Igreja, nas palavras de Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Uma construção bimilenar, estruturada na convergência do Papa Francisco e espalhada pelo mundo inteiro. Paulo sinaliza a ação ministerial presente nas comunidades cristãs. Portanto, a Igreja é uma instituição projetada dentro de um prisma missionário.
Esses mártires da fé participaram do mesmo destino do Mestre. O rei Herodes tinha o firme propósito de destruir a Igreja nascente, prendendo e matando os líderes cristãos mais influentes. Mas não conseguiu eliminar o avanço corajoso de muitos outros, que também morreram martirizados. Foi tempo de grande perseguição e derramamento de sangue, fertilizando as bases do cristianismo.
Por detrás de tudo estavam as dificuldades e tribulações fazendo parte do projeto de evangelização proclamado e motivado por Jesus Cristo, quando ele mesmo diz aos seus seguidores: Ide todos pelo mundo inteiro para proclamar a Boa-Nova do Reino do Pai (cf. Mt 28,19). As palavras de Jesus deram firmeza e coragem aos que foram enviados e alguns tiveram que enfrentar o martírio.
A Igreja hoje continua desempenhando a mesma missão daquele tempo, enfrentando novas realidades para construir o Reino, que não é dela, mas de Deus. A isto chamamos de cuidado pastoral, tarefa de orientação na prática dos ensinamentos do Evangelho. Em vários países, cristãos continuam sendo martirizados, quando ajudam irmãos a solidificar a fé e a levar adiante a missão de Jesus Cristo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Com a mente e o coração na "Cidade Maravilhosa": Papa recorda os dez anos da JMJ do Rio
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Em carta, Papa recorda a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro em 2013 e faz votos que se renove nos participantes daquela Jornada, e brote no coração dos jovens de hoje, o empenho missionário de uma "Igreja em saída", sempre atenta ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19).
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Prestes a viver as emoções da JMJ de Lisboa, o Papa voltou sua "mente e coração" à Cidade Maravilhosa, onde dez anos atrás viveu um dos eventos mais intensos do seu pontificado.
As lembranças do Papa afloraram quando o arcebispo de Rio de Janeiro, card. Orani João Tempesta, escreveu uma carta ao Pontífice recordando justamente os dez anos da Jornada, que se completam agora no próximo mês de julho.
Francisco retribuiu com outra carta, em que assegura que continua "indelével" em sua memória a recordação daquele encontro em terras cariocas, durante sua primeira Viagem Apostólica fora da Itália, como Bispo de Roma e Sucessor do Apóstolo Pedro, "com a missão de confirmar os irmãos na fé".
As palavras contidas na carta de Dom Orani, afirma o Papa, "transportaram-me o coração e a mente até aqueles dias vividos no meio da juventude do Brasil e do Mundo reunida na 'Cidade Maravilhosa'".
Por ocasião do décimo aniversário do evento, o Pontífice faz votos que se renove nos participantes daquela Jornada, e brote no coração dos jovens de hoje, o empenho missionário de uma "Igreja em saída", sempre atenta ao mandato de Jesus Cristo: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações (Mt 28, 19).
O Papa conclui confiando tais votos à intercessão de Nossa Senhora Aparecida e de São Sebastião, enviando ao seu anfitrião no Rio a sua saudação, acompanhada da bênção de Deus, que estende de bom grado ao clero e a todos os fiéis da dileta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
O arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta conversou com a Rádio Vaticano - Vatican News. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 28 de junho-2023. EVANGELHO DO DIA-12ª Domingo do Tempo Comum. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 15-20)
15Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. 16Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? 17Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. 18Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. 19Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20Pelos seus frutos os conhecereis.
3) Reflexão - Mt 7,15-20
Estamos chegando às recomendações finais do Sermão da Montanha. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira de os dois apresentarem o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organizou em cinco grande discursos, dos quais o Sermão da Montanha é o primeiro (Mt 5 a 7). Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus ensinava, mas raramente diz o que ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam num ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). Mateus se interessava pelo conteúdo. Será que Marcos não se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só uma questão de comunicar verdades para o povo aprender de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e no próprio jeito de Jesus se relacionar com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. Ela, a pessoa, é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e gestos de Jesus fazem parte do conteúdo. São o seu tempero. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não convence e não à conversão.
As recomendações finais e o resultado do Sermão da Montanha na consciência do povo ocupam o evangelho de hoje (Mt 7,15-20) e o de amanhã (Mt 7,21-29). (A seqüência dos evangelhos diários da semana nem sempre é a mesma dos próprios evangelhos.)
Mateus 7,13-14: Escolher o caminho certo
Mateus 7,15-20: O profeta se conhece pelos frutos
Mateus 7,21-23: Não só falar, também praticar
Mateus 7,24-27: Construir a casa na rocha
Mateus 7,28-29: A nova consciência do povo
Mateus 7,15-16ª : Cuidado com os falsos profetas
No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, pessoas que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver o povo nos vários movimentos daquela época: essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo em que Mateus escreve também havia profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências (cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento dos espíritos. Daí a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: "Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes”. A mesma imagem é usada quando Jesus envia os discípulos e as discípulas para a missão: “Mando vocês como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca a sua agressividade como sugere o profeta Isaías (Is 11,6; 65,25). O que importa aqui no nossos texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou grupais levam as pessoas a proclamar como falsos aqueles profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com o próprio Jesus. Ele foi eliminado e morto como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, o mesmo aconteceu e continua acontecendo na nossa igreja.
Mateus 7,16b-20 : A comparação da árvore e seus frutos
Para ajudar no discernimento dos espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Vocês os conhecerão pelos frutos”. Um critério semelhante já tinha sido sugerido pelo livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore má não pode dar bons frutos. 19 Toda árvore que não der bons frutos, será cortada e jogada no fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Todo ramo que não dá fruto em mim, o Pai o corta. Os ramos que dão fruto, ele os poda para que deem mais fruto ainda. O ramo que não fica unido à videira não pode dar fruto. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." (Jo 15,2.4.6)
4) Para um confronto pessoal
1) Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honesta que proclamava uma verdade incômoda foi condenada como falso profeta?
2) A julgar pelos frutos da árvore da sua vida pessoal, como você se define: falso ou verdadeiro?
5) Oração final
Desvia meu olhar para eu não ver as vaidades, faze-me viver no teu caminho. Eis que desejo teus preceitos; pela tua justiça conserva-me a vida. (Sl 118, 37.40)
Quinta-feira, 29 de junho-2023. EVANGELHO DO DIA-12ª Domingo do Tempo Comum. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que formais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 7, 21-29)
21Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. 22Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? 23E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! 24Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. 25Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. 26Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. 27Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. 28Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. 29Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas.
3) Reflexão - Mt 7,21-29
O Evangelho de hoje traz a parte final do Sermão da Montanha: (1) não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (2) A comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão da Montanha ficará em pé na hora da tempestade (Mt 7,24-27). (3) O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais crítica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
Este final do Sermão da Montanha desenvolve algumas oposições ou contradições que continuam atuais até nos dias de hoje: (1) Há pessoas que falam continuamente de Deus, mas se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas não traduzem em vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (2) Há pessoas que vivem na ilusão de estarem trabalhando para o Senhor, mas no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem, tragicamente, que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas parábolas finais do Sermão da Montanha, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, tenta corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
Mateus 7,21: Não basta falar, é preciso praticar
O importante não é falar bonito sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia para os outros, mas é fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação do seu rosto e da sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus àquela mulher que elogiou Maria, sua mãe. Jesus respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra e a põem em prática” (Lc 11,28).
Mateus 7,22-23: Os dons devem estar a serviço do Reino, da comunidade.
Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, das curas, mas elas usavam os dons para si mesmas, fora do contexto da comunidade. No julgamento, elas ouvirão uma sentença dura de Jesus: "Afastem-se de mim vocês que praticam a iniqüidade!". Iniqüidade é o oposto de justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam mas não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá a mesma coisa com outras palavras e argumentos: “Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada. Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria”. (1Cor 13,2-3).
Mateus 7,24-27: A parábola da casa na rocha.
Ouvir e praticar, esta é a conclusão final do Sermão da Montanha. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Mas a segurança verdadeira não vem do prestígio nem das observâncias, não vem de nada disso. Ela vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus ultrapassa tudo (Rom 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos praticar a sua vontade. Aí, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tempestades.
Mateus 7,28-29: Ensinar com autoridade
O evangelista encerra o Sermão da Montanha dizendo que a multidão ficou admirada com o ensinamento de Jesus, porque "ele ensinava com autoridade, e não como os escribas". O resultado do ensino de Jesus é a consciência mais crítica do povo com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam da sua experiência de Deus, da sua vida entregue ao Projeto do Pai. O povo estava admirado e aprovava os ensinamentos de Jesus.
Comunidade: casa na rocha
No livro dos Salmos, frequentemente encontramos a expressão: “Deus é a minha rocha e a minha fortaleza... Meus Deus, rocha minha, meu refúgio, meu escudo, força que me salva...”(Sl 18,3). Ele é a defesa e a força de quem nele acredita e busca a justiça (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus, tornam-se, por sua vez, uma rocha para os outros. Assim, o profeta Isaías faz um convite ao povo que estava no cativeiro: "Vocês que estão à procura da justiça e que buscam a Deus! Olhem para a rocha da qual foram talhados, para a pedreira da qual foram extraídos. Olhem para Abraão, seu pai, e para Sara, sua mãe” (Is 51,1-2). O profeta pede para o povo não esquecer o passado. O povo deve lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram rocha, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, o povo devia criar coragem para lutar e sair do cativeiro. Do mesmo modo, Mateus exorta as comunidades para que tenham como alicerce a mesma rocha (Mt 7,24-25) e possam, dessa maneira, elas mesmas ser rocha para fortalecer os seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Você é Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornarem-se, também elas, pedras vivas pela escuta e pela prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).
4) Para um confronto pessoal
1) Como a nossa comunidade equilibra oração e ação, louvor e prática, falar e fazer, ensinar e praticar? O que deve melhorar na nossa comunidade, para que ela seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
2) Qual a rocha que sustenta a nossa Comunidade? Qual o ponto em que Jesus mais insiste?
5) Oração final
Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória de vosso nome; livrai-nos e perdoai-nos os nossos pecados pelo amor de vosso nome. (Sl 78, 9)
A onda do secularismo
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Livro mostra que a política pode estar por trás do crescimento dos sem religião nos EUA
Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
Países ricos tendem a ser bem menos religiosos que os pobres. Os EUA é que despontam como exceção à regra, por ser uma das nações mais ricas do mundo e ostentar uma religiosidade forte: 63% dos americanos dizem acreditar com certeza que Deus existe; na Europa Ocidental, essa cifra é de 15%. Não obstante, nos EUA, a categoria dos sem religião é uma das que mais cresce. Eles eram 5% em 1972, passaram a 14% em 2000, e bateram nos 18% em 2010.
Em "Secular Surge" (onda secular), David E. Campbell, Geoffrey C. Layman e John C. Green analisam mais detidamente o fenômeno e chegam a conclusões surpreendentes.
Os sem religião são uma categoria notoriamente bagunçada, que inclui desde ateus e agnósticos até pessoas que creem num Deus pessoal, mas não estão vinculadas a nenhuma igreja. Os autores tentam ordenar um pouco melhor as coisas separando a religiosidade pura, da qual a crença em Deus e a frequência a cultos são bons indicadores, de uma visão de mundo secular, uma espécie de militância em favor da razão e da ciência, que se manifesta também em atividades comunitárias. Pense numa festa para arrecadar fundos para o combate à fome na África, por exemplo.
As duas dimensões tendem a andar juntas, mas há várias outras combinações possíveis. Um sujeito pode ser religioso de ir à missa toda semana, mas defender que o Estado seja laico; outro pode ser ateu, mas ter verdadeira alergia a essa ideologia secularista.
Os autores escarafuncharam várias pesquisas e mostram que o crescimento do secularismo é pelo menos em parte uma reação aos avanços da direita religiosa. E isso é uma novidade, porque os sociólogos sempre consideraram que era a religião que influenciava as posições políticas do indivíduo e não o contrário. Embora não descartem um cenário mais róseo, sugerem que o movimento deverá introduzir novas tensões no Partido Democrata e atiçar a polarização com os republicanos. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
12º Domingo do Tempo Comum: “Não tenhais medo”
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“NÃO TENHAIS MEDO”
Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo (RS)
O Evangelho da liturgia dominical ressalta dois convites de Jesus: por um lado recomenda aos apóstolos “não tenhais medo” e por outro lado diz “temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mateus 19,26-33). O caminho de quem crê é repleto de dificuldades provocadas por eventos históricos externos ou por crises pessoais. A liturgia abre a oportunidade para refletir sobre o medo humano e o temor a Deus.
A vida dos apóstolos será parecida com a dos profetas e de Jesus. Jesus é franco com eles e os prepara para viverem o ministério nas adversidades. Porém não podem deixar-se tomar pelo medo. O medo é uma dimensão natural da vida. Na medida justa ajuda a proteger a vida. Porém há medos questionáveis que podem inibir e paralisar a pessoa fazendo-a abandonar seus compromissos.
Jesus exemplifica três situações para os apóstolos: “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido”. A transparência de vida e a clareza do anúncio do Evangelho iluminarão os métodos obscuros e de “segundas intenções” tão presentes na sociedade. O apóstolo não tem nada a esconder. “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!” Quantos cristãos padeceram e padecem o martírio. O corpo é morto, mas o testemunho perdura. “Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”. A dignidade humana do apóstolo tem um valor incalculável, mesmo que haja tentativas de minimizar o seu valor e dignidade.
A sociedade contemporânea tão desafiadora faz emergir um medo mais profundo, de tipo existencial, que por vezes termina em angústia. A palavra angústia, oriunda do latim, significa apertar, estrangular. Filosofias da existência refletiram muito sobre esta situação humana. A angústia é um sentimento que, ao contrário do medo, não tem objeto preciso. Tem-se medo diante de algo real e quando a causa que provoca o medo desaparece ou se vence, volta a segurança, a serenidade. O que alimenta a angústia é um estado que manifesta a relação do indivíduo com o mundo, relação determinada pela liberdade. Inúmeras possibilidades se apresentam ao ser humano convocando-o escolher. Mas escolher o quê? Qual é a escolha certa? Posso não escolher? Tantas possibilidades e ao mesmo tempo tantas incertezas. Depois que Jesus anunciou a traição de Judas, lhe disse: “O que tens a fazer, faze-o depressa” (Jo 13,27). Pedido que revela claramente um coração angustiado.
Não ter medo dos homens repete Jesus, “pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!”. A presença de Deus, afirmam os textos bíblicos, fortalecem os fiéis diante das ameaças humanas. Mesmo nas pequenas coisas se manifesta o cuidado de Deus. “Quanto a vós, até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados”.
O que significa o temor de Deus? Ensina o Cardeal Carlo Maria Martini: “O temor de Deus nasce do conhecimento que é preciso se comparar não somente com o curto horizonte das coisas que passam, mas com o horizonte último e definitivo da vida eterna que não passa. O temor de Deus é agora a relação que nos faz viver constantemente sobre o olhar do Senhor, preocupados em agradar mais a Ele do que os homens. Deus que te cuida é sim o Deus juiz, mas esta expressão deve ser bem entendida porque não tem nada a ver com uma espécie de olhar maligno ou severo direcionado sobre ti para captar os erros: se trata do Deus Pai que te conhece e te ama como nenhum outro e que quer verdadeiramente o teu bem. Agir como lhe agrada é agora para ti o bem maior, a consolação mais profunda, (…) o temor de Deus é um temor filial reverente, afetuoso, que teme sobretudo desagradar o coração do Pai”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 23 de junho-2023. 11º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 19-23)
19Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. 20Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. 21Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. 22O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. 23Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!
3) Reflexão - Mt 6, 19-23
No evangelho de hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão da Montanha. Anteontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O evangelho de hoje e de amanhã trazem quatro recomendações sobre o relacionamento com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da primeira bem-aventurança: (1) não acumular (Mt 6,19-21); (2) ter a visão correta dos bens materiais (Mt 6,22-23); (3) não servir a dois senhores (Mt 6,24); (4) abandonar-se à providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje trata das duas primeiras recomendações: não acumular bens (6,19-21) e não olhar o mundo com olhos doentes (6,22-23).
Mateus 6,19-21: Não acumular tesouros na terra
Se, por exemplo, hoje na TV é dado o aviso de que vai faltar açúcar e café no próximo mês, todos vamos comprar o máximo possível de café e de açúcar. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi provado para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eles eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e de não acumular para o dia seguinte. Jesus diz: "Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões assaltam e roubam. Ajuntem riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam”. O que significa ajuntar tesouros no céu? Trata-se de saber onde coloco o fundamento da minha existência. Se o coloco nos bens materiais desta terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de partilhar com os outros os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se crie uma convivência comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. Onde está o teu tesouro (riqueza), aí está o teu coração.
Mateus 6,22-23: A lâmpada do corpo é o olho
Para entender o que Jesus pede é necessário ter olhos novos. Jesus é exigente e pede muita coisa: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não se preocupar com comida e bebida (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas tem mais angústias e preocupações. É também a parte do Sermão da Montanha, que é a mais difícil de se entender e de praticar. Por isso Jesus diz: "Se teu olho estiver doente, ....". Alguns traduzem olho doente e olho são. Outros traduzem olho mesquinho e olho generoso. Tanto faz. Na realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da mesquinhez! Quem olha a vida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta doença é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida toda se torna luminosa, pois faz nascer a partilha e a fraternidade.
Jesus quer uma mudança radical. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que, na comunidade dos que crêem, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve ser organizada de tal maneira que já não seja necessário uma pessoa se preocupar com comida e bebida, roupa e moradia, saúde e educação (Mt 6,25-34). Mas isto só é possível se todos buscarem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine e tome conta: é imitar Deus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira. A Providência Divina deve ser mediada pela organização fraterna, Só assim é possível jogar fora toda a preocupação pelo dia de amanhã (Mt 6,34).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus disse: “Onde está tua riqueza, aí estará o teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?
2) Qual a luz que está nos meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?
5) Oração final
Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada. É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi. (Sl 131, 13-14)
Papa cancela discurso devido a dificuldades respiratórias após cirurgia
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Com agenda lotada no Vaticano, pontífice diz que ainda está sob 'efeitos da anestesia'
VATICANO | REUTERS
O papa Francisco cancelou a leitura de um discurso que faria numa conferência nesta quinta (22), no Vaticano, justificando a decisão devido a dificuldades respiratórias após a cirurgia que realizou neste mês.
"Ainda estou sob os efeitos da anestesia, minha respiração não está boa", disse ele em uma reunião.
Como o pontífice não fez o discurso, os delegados receberam um texto com o conteúdo. Questionado por um fiel sobre como se sentia, Francisco, 86, respondeu: "Ainda estou vivo".
O papa foi submetido no último dia 7 a procedimentos em razão de risco de obstrução intestinal. Eles incluíram uma laparotomia —a abertura cirúrgica da cavidade abdominal— e uma operação plástica para reconstruir a parede da região. Ele passou nove dias internado no hospital Gemelli em recuperação.
Responsável pela operação, o cirurgião Sergio Alfieri disse que ele estava bem para retomar seus compromissos, mas que ainda precisa ser monitorado. Desde que voltou ao Vaticano, na última sexta-feira (16), o papa cumpre uma agenda pesada, que incluiu reuniões com os líderes de Cuba e Brasil.
Só nesta quinta-feira, ele tinha oito eventos programados.
Na quarta-feira (21), quando recebeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, Francisco conversou sobre a Guerra da Ucrânia. Tanto o petista como o líder da Igreja Católica estão empenhados em promover conversas em busca da paz.
Para os próximos meses, o papa tem uma viagem a Portugal marcada para o início de agosto, para acompanhar a Jornada Mundial da Juventude, e outra à Mongólia, no mesmo mês. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Quinta-feira, 22 de junho-2023. 11º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, força daqueles que esperam em vós, sede favorável ao nosso apelo, e como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade, seguindo os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 6, 7-15)
7Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. 8Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. 9Eis como deveis rezar: PAI NOSSO, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; 10venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. 11O pão nosso de cada dia nos dai hoje; 12perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; 13e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. 14Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. 15Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará.
3) Reflexão - Mt 6, 7-15
O evangelho de hoje traz a oração do Pai Nosso, o Salmo que Jesus nos deixou. Há duas redações do Pai Nosso: de Lucas (Lc 11,1-4) e de Mateus (Mt 6,7-13). A redação de Lucas é mais curta. Lucas escreve para comunidades que vieram do paganismo. Ele busca ajudar pessoas que estão se iniciando no caminho da oração. No Evangelho de Mateus, o Pai Nosso está situado naquela parte do Sermão da Montanha, onde Jesus orienta os discípulos e as discípulas na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso faz parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles já estavam habituados a rezar, mas tinham certos vícios que Mateus tenta corrigir. No Pai Nosso Jesus resume todo o seu ensinamento em sete preces dirigidas ao Pai. Nestes sete pedidos, ele retoma as promessas do Antigo Testamento e mandar pedir ao Pai que Ele nos ajude a realizá-las. Os primeiros três dizem respeito ao relacionamento nosso com Deus. Os outros quatro dizem respeito ao nosso relacionamento comunitário com os outros.
Mateus 6,7-8: A introdução ao Pai-nosso.
Jesus critica as pessoas para as quais a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a atender a seus pedidos e necessidades. Quem reza deve buscar em primeiro lugar o Reino, muito mais que os interesses pessoais. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da repetição das palavras, mas sim da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer o nosso bem e conhece as nossas necessidades, antes mesmo das nossas preces.
Mateus 6,9a: As primeiras palavras: “Pai Nosso que estás no céu!”
Abba, Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Expressa a intimidade que ele tinha com Deus e manifesta a nova relação com Deus que deve caracterizar a vida do povo nas comunidades cristãs (Gl 4,6; Rm 8,15). Mateus acrescenta ao nome do Pai o adjetivo nosso e a expressão que estais no Céu. A oração verdadeira é uma relação que nos une ao Pai, aos irmãos e irmãs e à natureza. A familiaridade com Deus não é intimista, mas expressa a consciência de pertencermos à grande família humana, da qual participam todas as pessoas, de todas as raças e credos: Pai Nosso. Rezar ao Pai e entrar em intimidade com ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de Deus como Pai é o fundamento da fraternidade universal.
Mateus 6,9b-10: Os três pedidos pela causa de Deus: o Nome, o Reino, a Vontade
Na primeira parte do Pai-nosso, pedimos para que seja restaurado o nosso relacionamento com Deus. Para restaurar o relacionamento com Deus, Jesus pede (1) a santificação do Nome revelado no Êxodo por ocasião da libertação do Egito; (2) pede a vinda do Reino, esperado pelo povo depois do fracasso da monarquia; (3) pede o cumprimento da Vontade de Deus, revelada na Lei que estava no centro da Aliança. O Nome, o Reino, a Lei: são os três eixos tirados do Antigo Testamento que expressam como deve ser o novo relacionamento com Deus. Os três pedidos mostram que é preciso viver na intimidade com o Pai, fazendo com que o seu Nome seja conhecido e amado, que o seu Reino de amor e de comunhão se torne uma realidade, e que a sua Vontade seja feita assim na terra como no céu. No céu, o sol e as estrelas obedecem à lei de Deus e criam a ordem do universo. A observância da lei Deus "assim na terra como no céu" deve ser a fonte e o espelho de harmonia e de bem-estar para toda a criação. Este relacionamento renovado com Deus, porém, só se torna visível no relacionamento renovado entra nós que, por sua vez, é objeto de mais quatro pedidos: o pão de cada dia, o perdão das dívidas, o não cair em tentação e a libertação do Mal.
* Mateus 6,11-13: Os quatro pedidos pela causa dos irmãos: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade
Na segunda parte do Pai-nosso pedimos que seja restaurado e renovado o relacionamento entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: O pedida do "Pão de cada dia" (Mt 6,11) lembra o maná de cada dia no deserto (Ex 16,1-36), O maná era uma “prova" para ver se o povo era capaz de andar na Lei do Senhor (Ex 16,4), isto é, se era capaz de acumular comida apenas para um único dia como sinal da fé de que a providência divina passa pela organização fraterna. Jesus convida para realizar um novo êxodo, uma nova convivência fraterna que garante o pão para todos. Perdão das dívidas: O pedido, do "perdão das dívidas" (6,12) lembra o ano sabático que obrigava os credores a perdoar todas as dívidas aos irmãos (Dt 15,1-2). O objetivo do ano sabático e do ano jubilar (Lv 25,1-22) era desfazer as desigualdades e recomeçar tudo de novo. Como rezar hoje: “Perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”? E' pela dívida externa dos países pobres que os países ricos, todos cristãos, se enriquecem. Não cair na Tentação: O pedido de "não cair em tentação" (6,13) lembra os erros cometidos no deserto, onde o povo caiu na tentação (Ex 18,1-7; Nm 20,1-13; Dt 9,7-29). É para imitar Jesus que foi tentado e venceu (Mt 4,1-17). No deserto, a tentação levava o povo a seguir por outros caminhos, a voltar atrás, a não assumir a caminhada da libertação e reclamar de Moisés que o conduzia. Libertação do Mal: O mal é o Maligno, o Satanás, que tenta desviar e que, de muitas maneiras, procura levar as pessoas a não seguir o rumo do Reino, indicado por Jesus. Tentou Jesus para abandonar o Projeto do Pai e ser o Messias conforme as idéias dos fariseus, escribas ou de outros grupos. O Maligno afasta de Deus e é motivo de escândalo. Chegou a entrar em Pedro (Mt 16,23) e tentou Jesus no deserto. Jesus o venceu (Mt 4,1-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus falou "perdoai as nossas dívidas", mas hoje nós rezamos "perdoai as nossas ofensas" O que é mais fácil: perdoar ofensas ou perdoar dívidas?
2) Como você costuma rezar o Pai Nosso: mecanicamente ou colocando toda a sua vida e o seu compromisso?
5) Oração final
Na presença do Senhor, fundem-se as montanhas como a cera, em presença do Senhor de toda a terra. Os céus anunciam a sua justiça e todos os povos contemplam a sua glória.
(Sl 96, 5-6)
Papa Francisco, construtor de redes
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Depois da assembleia do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal) no Vaticano, regressei ao Brasil com a sensação de que estamos mudando e saindo dos discursos para a ação
Por Roberto Teixeira da Costa
O Conselho Empresarial da América Latina (Ceal) realizou sua 34.ª Assembleia Plenária na cidade do Vaticano entre os dias 31 de maio e 2 de junho, com expressiva presença de duas centenas de participantes. O Ceal foi uma iniciativa de empresários argentinos e brasileiros que se estendeu por toda a América do Sul e, recentemente, tem a predominância de países da América Central e do Caribe, que eram a maioria entre os presentes no evento do Vaticano. Fui um dos seus fundadores e na assembleia eu era o único representante presente daquela época. Talvez, as razões deste afastamento entre os países da América do Sul estejam ligadas a questões ideológicas, refletindo, inclusive, políticas do governo anterior? O fato é que esse diálogo precisa ser restabelecido.
A iniciativa do encontro foi de seu atual presidente, Roberto Zamora, empresário panamenho que tem demonstrado preocupação com a questões sociais que afetam nossa região. Abriu a reunião na sala Clementina com a presença e o discurso de Sua Santidade, o papa Francisco. O Santo Padre salientou a importância do encontro em linha com o anterior, realizado com empresários europeus, estimulando o diálogo e compartilhando as inquietudes nos dias difíceis que atravessamos. Deu grande ênfase ao intercâmbio de valores em comum para que sejamos como os primeiros seguidores de Jesus: “construtores de redes”.
A busca do bem comum, a questão migratória, mudanças climáticas e do desenvolvimento humano integral foram suas propostas para transformar o ambiente no qual vivemos. É necessário agir em conjunto, sem passar por cima de ninguém e sem deixar alguém para trás.
O documento final do evento, intitulado Proclama do Ceal, salienta a necessidade de buscarmos a cooperação para atingirmos objetivos comuns, maior competitividade, com a diminuição das desigualdades. A responsabilidade das empresas e a dos governos são equivalentes. Importante foi a decisão de desenvolver projetos que atendam a nossas necessidades prementes, e não ficarmos no plano das boas intenções.
Regressei ao Brasil com a sensação de que estamos mudando e saindo dos discursos para a ação. Mais do que nunca, neste mundo tão conturbado, a busca de soluções compartilhadas é fundamental.
Esse é o pano de fundo que nosso presidente da República deverá encontrar em sua viagem ao Vaticano. Espero que traga de volta ideias adicionais para, apesar dos possíveis percalços, continuar enfatizando diferentes projetos na área social.
*ECONOMISTA, É CONSELHEIRO EMÉRITO DO CENTRO BRASILEIRO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS (CEBRI) E DO CONSELHO EMPRESARIAL DA AMÉRICA LATINA (CEAL). Fonte: https://www.estadao.com.br
Papa Francisco recebe no Vaticano o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva
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Depois do encontro com o Papa Francisco o presidente Lula se encontrou com o dom Edgar Peña Parra, Substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado.
Vatican News
A Sala de Imprensa vaticana informou que na tarde de hoje, quarta-feira, 21 de junho de 2023, o Santo Padre o Papa Francisco recebeu em Audiência, no ambiente anexo à Sala Paulo VI, o Presidente da República Federativa do Brasil, Sua Excelência o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, que, posteriormente, se encontrou com o Excelentíssimo Dom Edgar Peña Parra, Substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de Estado.
Durante os encontros cordiais, manifestou-se o apreço pelas boas relações entre o Brasil e a Santa Sé, destacando-se a colaboração harmoniosa entre a Igreja e o Estado em prol da promoção dos valores morais e do bem comum.
Por fim, - destaca ainda a nota da Sala de Imprensa - houve uma troca positiva de pontos de vista sobre a situação sociopolítica da Região e foram abordados alguns temas de interesse comum, como a promoção da paz e da reconciliação, a luta contra a pobreza e as desigualdades, o respeito às populações indígenas e a proteção do meio ambiente.
O presidente Lula pediu ao Papa um Terço para sua irmã de 80 anos e Francisco imediatamente o presenteou.
O Santo Padre presentou o presidente Lula com a Mensagem para a Paz deste ano; o Documento sobre a Fraternidade Humana; o livro sobre a Statio Orbis de 27 de março de 2020, editado pela LEV; e o baixo-relevo em bronze "A paz é uma flor frágil"
Já o presidente Lula deu de presente ao Papa a gravura do artista pernambucano J.F. Borges
A primeira-dama, Janja Lula presenteou o Papa com uma estátua de Nossa Senhora de Nazaré, de Belém. Fone: https://www.vaticannews.va
A morte de uma vocação
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Padre Luiz Felipe P. de Melo.
Itápolis-SP, 20 de junho de 2023 AD.
Mais cedo, recebemos com tristeza e pesar a notícia de que mais um jovem (dessa vez seminarista) interrompeu o percurso natural da vida. Hoje, dia 20 de junho, estamos às portas de celebrar o patrono dos seminaristas, São Luís Gonzaga. Aqui, deixo claro que não é e nunca será meu intuito estabelecer juízos condenatórios e nem tampouco esmiuçar as causas. O fato é que isso, infelizmente, tem se tornado muito recorrente no ambiente da Igreja. Este ano perdi as contas de quantos sacerdotes vieram a ceifar a própria vida. É um número, no mínimo, alarmante e mui preocupante. Precisamos parar e refletir!!! Ao que se deve? O que os motiva? Nós não sabemos! Porém, é fato que a nossa vida não é tão "simples". Somos cobrados de todos os lados e por todos. Por vezes, esquecem de que somos feitos de barro.
Junto a todo o cenário que nós contemplamos nos últimos decênios, um fato que - corajosamente - gostaria aqui de tratar: a formação. Em muitas casas de formação, os jovens, advindos das mais diversas realidades, chegam movidos pelos sonhos e pelo sincero e real desejo de doarem a vida pela Igreja. Entretanto, para a nossa surpresa e triste percepção, aqueles que deveriam ser os "pais espirituais", a conduzirem, instruírem com amor e formar para o serviço da Messe, são pessoas obstinadas a fazerem o mal; cujo perfil psicológico reúne toda a série de atributos de um psicopata. Não ocupam o "cargo" por amor, ocupam pelo prazer de serem notados e vistos pelo clero; ocupam com o desejo de vingança e de punição. E o que tudo isso gera? Um ambiente desprovido de qualidade de vida; sombrio; fragilizado, doentio.
A formação, como bem ensina a Igreja em seus inúmeros documentos (dentre eles, Presbyterorum Ordinis; Optatam Totius; Pastores dabo vobis; a nova Ratio, etc), deveria contribuir para o bom discernimento dos futuros Sacerdotes, contudo, o que nós percebemos? A formação deforma! O candidato ingressa ao seminário, com seu perfil, com sua experiência de fé e vida, e simplesmente, tudo isso é desconsiderado. Para muitos reitores, superiores e formadores, o bom formando é aquele que se enquadra em seus moldes pessoais. Isto já é um enorme problema. Primeiro, porque formar não é "enformar". Depois, porque o ser humano, a partir do momento em que se coloca como o modelo, esqueceu-se por completo de que Cristo é a nossa medida (cf. Ef 4, 13). Neste ambiente, completamente hostil e cheio de perseguição, crescem e desenvolvem-se as "sementes" da vocação.
Após cerca de 8 anos (a depender do lugar, pode-se chegar a 10 anos), aquele jovem cheio de sonhos, sai da casa de formação (quando consegue passar pelo "vale tenebroso" (cf. Sl 22, 4) e é colocado numa realidade de vida Paroquial. Infelizmente, as nossas Paróquias, muitas das vezes, não são boas referências que contribuam para saúde mental dos futuros clérigos e, assim sendo, tudo aquilo que durante o período no seminário foi silenciado, agora já começa a dar os primeiros sinais, dessa vez, em forma de doença e tantas outras patologias. Entramos para a vida religiosa saudáveis... Mas, infelizmente, o processo é mortífero e tóxico!
Para a formação, a grande preocupação é o uso da batina e do clergyman, dois distintivos de alta periculosidade. Pasmem! A formação, tantas das vezes, está preocupada se o jovem seminarista usa com muita frequência a batina ou não. Não estão interessados em saber como anda a vida emocional dos candidatos, quais os seus medos ou limites. Não há um acompanhamento personalizado, no intuito de formar humanamente os futuros Sacerdotes. E qual é o perfil do do bom seminarista? O bom formando é aquele que sabe de cor as páginas do livro do Leonardo Boff; que usa tucum no dedo; que é adepto àqueles partidos da "base" e que está sempre mui interessado nas causas ambientais e sociais. Pronto! O embuste está completo! Isso não é formação! É projeto de caricatura! Os documentos da Igreja, em nenhum momento, pede-se que se persiga aqueles formandos que são diferentes do formador ou que pensam diferentes dos mesmos. Quantos que eu conheci que no seminário agiam assim (apenas em vista da Ordenação) e quando foram ordenados, parecem mais "shows mans" do que padres.
Estes fatídicos casos são um alerta para nós todos! Clérigos e não clérigos! Ou começamos a tratar das causas, ou isto tornar-se-à sempre mais presente em nosso meio. Uma formação que valorize o indivíduo, que esteja interessada em acolher, ouvir... Inclusive, um verbo que nos últimos tempos está em moda na Igreja: ouvir! Este me faz recordar outra expressão mui querida aos membros do alto clero: "sinodalidade"! Pronto! Se os nossos formadores começarem a ouvir e saberem se colocar juntos "a caminho", penso eu que será um grande passo. O alarmante número de Sacerdotes que nos últimos 5 anos tiraram a própria vida é a denúncia plausível de que nós não estamos bem! Estamos tomando um caminho inverso ao do Evangelho e esquecendo que a Igreja não é uma empresa e nós não somos funcionários.
Infelizmente, para muitos que irão ler este texto, não passará de mais um "desabafo". E aqui, quero deixar bem claro: graças a Deus, estou bem; sou muito feliz vivendo o meu ministério e me doando aonde o Senhor me colocou. Não estou em crise e não estou soltando nenhuma indireta às autoridades eclesiásticas competentes. Entretanto, sinto uma profunda necessidade de fazer com que este tema seja trazido à tona. Que os leigos de nossas comunidades paroquiais; os nossos familiares e amigos, possam - de alguma maneira - além de rezar, pensar e refletir: quando uma vocação morre, qual é o meu grau de culpa? Quando uma vida é ceifada, qual é o meu nível de responsabilidade?
Ontem foi o Carlos, lá no estado do Rio. Amanhã, quem será? Até não ser alguém bem perto de nós, parecer-nos-à sempre algo muito distante...
P.s.: A você, jovem formando, não deixe de rezar, de se confiar à Imaculada! Traga consigo aquele feliz pensamento da grande mística e reformadora do Carmelo: "É justo que muito custe o que muito vale". E você, meu irmão no Sacerdócio, jamais sinta-se exilado ou abandonado, busque refúgio no Coração de Jesus e se cerque de pessoas que o amam, pois o Amor é capaz de curar todas as feridas!
Nota de pesar - Seminarista Carlos Gleidson Godoy Silveira
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Assessoria de Imprensa Comunicados
A Diocese de Barra do Piraí - Volta Redonda, com profunda tristeza, comunica o falecimento do Seminarista Carlos Gleidson Godoy Silveira, nesta segunda-feira, 19, em Petrópolis. Em breve, divulgaremos mais detalhes sobre o velório e sepultamento. Fonte: https://www.diocesevr.com.br
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