Papa nomeia Dom Valdir José Castro membro do Dicastério para as Comunicações
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De 2015 a 2022, Pe. Valdir foi superior geral da Sociedade de São Paulo em Roma, tornando o sétimo sucessor do fundador Bem-Aventurado Tiago Alberione e o primeiro não italiano a assumir o cargo.
Vatican News
Nesta quinta-feira, 29 de setembro, o Papa Francisco nomeou como novos membros do Dicastério para a Comunicação Dom Valdir José de Castro, S.S.P., bispo da Diocese de Campo Limpo, ex-superior geral da Sociedade de São Paulo, e Dom Ivan Maffeis, arcebispo de Perugia-Città delle Pieve (Itália). Dom Valdir havia sido nomeado bispo pelo Santo Padre no último dia 14 de setembro.
A biografia de Dom Valdir José de Castro
Dom Valdir José de Castro nasceu em 14 de fevereiro de 1961 em Santa Bárbara d'Oeste, Diocese de Piracicaba (SP). Estudou Filosofia na Universidade de Caxias do Sul/RS (1981-1983) e Teologia no Instituto Teológico de São Paulo/SP (1984-1987).
Obteve a Licenciatura em Espiritualidade na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma (1992-1994) e frequentou o curso de Jornalismo na Universidade de Caxias do Sul/RS (1996-2000). Em seguida, especializou-se em Comunicação na Faculdade Cásper Líbero em São Paulo/SP (2001-2004) e fez Doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012-2016).
Ele fez sua profissão religiosa em 11 de fevereiro de 1981 na Sociedade de São Paulo e foi ordenado sacerdote em 12 de dezembro de 1987.
No Instituto religioso foi mestre de Noviços (1997-2001); diretor geral do Apostolado Paulino em São Paulo/SP (2001-2006); provincial da Província da Argentina, Chile e Peru (2007-2011); provincial da Província de São Paulo (2012-2015).
De 2015 a 2022, Pe. Valdir foi superior geral da Sociedade de São Paulo em Roma, tornando o sétimo sucessor do fundador Beato Tiago Alberione e o primeiro não italiano a assumir o cargo.
Nomeação de novos consultores
Papa o mesmo Dicastério, o Santo Padre nomeou como consultores o padre Andrew Kaufa, S.M.M.; Fabio Pasqualetti, S.D.B. e George Plathottam, S.D.B.; as Irmãs Veronica Amata Donatello, S.F.A. e Adelaide Felicitas Ndilu, S.I.H.M.; o Prof. Antonio Cisternino; os doutores Óscar Augusto Elizalde Prada e Helen Osman e os senhores John E. Corcoran e Tomás Insua. Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira, 27 de setembro-2022. 26ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que mostrais vosso poder sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 9,51-56)
51Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, ele resolveu dirigir-se a Jerusalém. 52Enviou diante de si mensageiros que, tendo partido, entraram em uma povoação dos samaritanos para lhe arranjar pousada. 53Mas não o receberam, por ele dar mostras de que ia para Jerusalém. 54Vendo isto, Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma? 55Jesus voltou-se e repreendeu-os severamente. [Não sabeis de que espírito sois animados. 56O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las.] Foram então para outra povoação.
3) Reflexão Lucas 9,51-56
O evangelho de hoje conta como Jesus decide ir para Jerusalém. Descreve também as primeiras dificuldades que ele encontra nesta caminhada. Traz o começo da longa e dura caminhada da periferia para a capital. Jesus deixa a Galiléia e segue para Jerusalém. Nem todos o compreendem. Muitos o abandonam, pois as exigências são grandes. Hoje acontece o mesmo. Na caminhada das nossas comunidades também há incompreensão e abandono.
“Jesus decide ir para Jerusalém”. Esta decisão vai marcar a longa e dura viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém, da periferia até a capital. Esta viagem ocupa mais de uma terça parte de todo o evangelho de Lucas (Lc 9,51 até 19,28). Sinal de que a caminhada até Jerusalém teve uma importância muito grande na vida de Jesus. A longa caminhada simboliza, ao mesmo tempo, a viagem que as comunidades estavam fazendo. Elas procuravam realizar a difícil passagem do mundo judeu para o mundo da cultura grega. Simbolizava também a tensão entre o Novo que continuava avançando e o Antigo que se fechava cada vez mais. E simboliza, ainda, a conversão que cada um de nós tem que fazer, procurando seguir Jesus. Durante a viagem, os discípulos e as discípulas tentam seguir Jesus, sem voltar atrás. Nem sempre o conseguem. Jesus dedica muito tempo à instrução dos que o seguem de perto. Um exemplo concreto desta instrução temos no evangelho de hoje. Logo no início da viagem, Jesus sai da Galiléia e leva seus discípulos para dentro do território dos samaritanos. Ele procura formá-los para que possam entender a abertura para o Novo, para o “outro”, o diferente.
Lucas 9,51: Jesus decide ir para Jerusalém
O texto grego diz literalmente: "Quando se completaram os dias da sua assunção (ou arrebatamento), Jesus firmou o seu rosto para ir a Jerusalém”. A expressão assunção ou arrebatamento evoca o profeta Elias que foi arrebatado ao céu (2 Rs 2,9-11). A expressão firmar o rosto evoca o Servo de Javé que dizia: “Faço meu rosto duro como pedra, certo de não ser enganado” (Is 50,7). Evoca ainda uma ordem que o profeta Ezequiel recebeu de Deus: "Fixa a teu rosto contra Jerusalém!" (Ez 21,7). Usando tais expressões, Lucas sugere que, com a caminhada em direção a Jerusalém, começa uma oposição mais declarada de Jesus contra o projeto da ideologia oficial do Templo de Jerusalém. A ideologia do Templo queria um Messias glorioso e nacionalista. Jesus quer ser o Messias-Servo. Durante a longa viagem, esta oposição vai crescer e, no fim, vai terminar no arrebatamento ou na assunção de Jesus. A assunção de Jesus é a sua morte na Cruz, seguida da ressurreição.
- Lucas 9,52-53: Fracassa a missão na Samaria
Durante a viagem, o horizonte da missão se alarga. Logo no início, Jesus ultrapassa as fronteiras do território e da raça. Ele manda seus discípulos preparar a sua vinda numa aldeia da Samaria. Mas a missão junto dos samaritanos fracassou. Lucas diz que os samaritanos não receberam Jesus porque ele estava indo para Jerusalém. Porém, se os discípulos tivessem dito aos samaritanos: “Jesus está indo para Jerusalém para criticar o projeto do Templo e para exigir maior abertura”, Jesus teria sido aceito, pois os samaritanos eram da mesma opinião. O fracasso da missão deve-se, provavelmente, aos discípulos. Eles não entenderam por que Jesus “firmou a cara contra Jerusalém”. A propaganda oficial do Messias glorioso e nacionalista impedia-os de enxergar. Os discípulos não entenderam a abertura de Jesus, e a missão fracassou!
- Lucas 9,54-55: Jesus recusa o pedido de vingança
Tiago e João não querem levar desaforo para casa. Não aceitam que alguém não concorde com a idéia deles. Querem imitar Elias e usar o fogo para se vingar (2 Rs 1,10). Jesus recusa a proposta. Não quer o fogo. Certas Bíblias acrescentam: "Vocês não sabem de que espírito são movidos!" Significa que a reação dos dois discípulos não era do Espírito de Deus. Quando Pedro sugeriu a Jesus para não seguir pelo caminho do Messias Servo, Jesus chamou Pedro de Satanás (Mc 8,33). Satanás é o mau espírito que quer mudar o rumo da missão de Jesus. Recado de Lucas para as comunidades: os que querem impedir a missão junto dos pagãos são movidos pelo mau espírito!
Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc 9,51.53.57; 10,1.38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28). Raramente, porém, ele diz por onde Jesus passava. Só aqui no começo da viagem (Lc 9,51), no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), você fica sabendo algo a respeito do lugar por onde Jesus estava passando. Isto vale para as comunidades de Lucas e para todos nós. O que é certo é que devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre, porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo: Jerusalém.
4) Para um confronto pessoal
1) Quais os problemas que já apareceram em sua vida como consequência da decisão que você tomou de seguir Jesus?
2) O que aprendemos da pedagogia de Jesus com seus discípulos que queriam vingar-se dos samaritanos?
5) Oração final
Hão de vos louvar, Senhor, todos os reis da terra, ao ouvirem as palavras de vossa boca. E celebrarão os desígnios do Senhor: Verdadeiramente, grande é a glória do Senhor. (Sl 137, 4-5)
26º DOMINGO DO TEMPO COMUM: EXTREMOS.
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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de de Passo Fundo
Neste domingo continua a leitura do capítulo 16 de Lucas, com os versículos 19-31. Todo capítulo ensina sobre as consequências maléficas do mau uso dos bens materiais. A chocante parábola do “rico e do pobre Lázaro” serve de introdução ao tema. Por um lado, temos um homem que vive diariamente em festas esplêndidas; por outro lado, temos um homem requisitando migalhas e sendo cuidado por cachorros. A morte chega para ambos, nisto eles são iguais. O diálogo, após a morte, levanta questões inquietadores sobre o situação antes da morte. Também oferece indicações para solucionar situações dramáticas da miséria.
A fé cristã crê e vive na esperança da vida eterna. Professa que o Senhor que “há de vir a julgar os vivos e os mortos”. É a cena que inicia a segunda parte da parábola: o julgamento divino. Aquele que tinha condições de fazer festa todos os dias, agora requisita apenas que “Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua”. A resposta é negativa porque durante a vida foi cavado um “grande abismo entre eles” e agora é intransponível.
As migalhas desejadas por Lázaro em vida e da gota de água desejada pelo homem festeiro depois da morte indicam que os abismos são cavados com pequenas decisões, medidas e mecanismos. A vida e a organização da sociedade não é feita somente de grandes fatos e decisões. Mas a rotina, as “migalhas”, vai aprofundando ou vai aterrando o abismo.
O homem rico percebendo que as opções feitas em vida eram irreversíveis e que não havia mais possibilidade de volta, começa a preocupar-se com os seus irmãos que mantinham o mesmo modo de vida dele. Até sugere que Lázaro seja enviado de volta para a terra, como último recurso, para sacudir os irmãos. Recebe como resposta: “Eles têm Moisés e os profetas, que os escutem” e “não acreditarão” em Lázaro ressuscitado.
Convivemos, quase que diariamente, com notícias de situações de extrema miséria e, por outro lado, de anúncios de fortunas pessoais inimagináveis para a absoluta maioria das pessoas, de lucros milionários de algumas empresas em períodos curtos. É uma cena análoga à parábola. O que significa “ouvir Moisés e os profetas”? Moisés, na tradição bíblica, liderou o povo da escravidão para a liberdade. Mas também, o êxodo tinha por objetivo fazer uma sociedade mais igual e fraterna. Estes princípios estão expressos no pentateuco e recordados pelos profetas quando esquecidos.
Hoje a Doutrina Social da Igreja oferece princípios para orientar os cristãos. “Estes princípios, expressões da verdade inteira sobre o homem conhecida através da razão e da fé, promanam “do encontro da mensagem evangélica e de suas exigências, resumidas no mandamento supremo do amor, com os problemas que emanam da vida da sociedade” (160). Os quatro princípios da Doutrina Social da Igreja são a dignidade da pessoa humana, o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade.
O tema que a Palavra de Deus propõe liga-se ao princípio do bem comum. “Dentre as múltiplas implicações do bem comum, assume particular importância o princípio da destinação universal dos bens: “Deus destinou a terra, com tudo que ela contém, para o uso de todos os homens e de todos os povos, de tal modo que os bens criados devem bastar a todos, com equidade, segundo a regra da justiça, inseparável da caridade”. (171). “A destinação universal dos bens comporta, portanto, um esforço comum que mira obter para toda pessoa e para todos os povos as condições necessárias ao desenvolvimento integral, de modo que todos possam contribuir para a promoção de um mundo mais humano, “onde cada um possa dar e receber, e onde o progresso de uns não seja mais um obstáculo ao desenvolvimento de outros, nem um pretexto para a sua sujeição” (175). Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quinta-feira, 22 de setembro-2019. 25ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Pai, que resumistes toda lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 9,7-9) (Mc 6,14-16)
7O tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo. Uns diziam: É João que ressurgiu dos mortos; outros: É Elias que apareceu; 8e ainda outros: É um dos antigos profetas que ressuscitou. 9Mas Herodes dizia: Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas? E procurava ocasião de vê-lo.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz a reação de Herodes diante da pregação de Jesus. Herodes não sabe situar Jesus. Ele já tinha matado João Batista e agora quer ver Jesus de perto. Ameaças aparecem no Horizonte.
Lucas 9,7-8: Quem é Jesus?
O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que fala em nome de Deus, que tem a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabe animar a esperança dos pequenos. É o profeta anunciado no Antigo Testamento como um novo Moisés (Dt 18,15). São as mesmas opiniões que o próprio Jesus vai colher dos discípulos quando perguntou: "Quem dizem as multidões que eu sou?" (Lc 9,18). As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!
Lucas 9,9: Herodes quer ver Jesus
“Então Herodes disse: "Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?" E queria ver Jesus”. Herodes, homem supersticioso e sem escrúpulo, reconhece ser ele o assassino de João Batista. Agora ele quer ver Jesus. Lucas sugere assim que ameaças começam a aparecer no horizonte da pregação de Jesus. Herodes não teve medo de matar João. Também não terá medo de matar Jesus. Por outro lado, Jesus, também não tem medo de Herodes. Quando lhe disseram que Herodes procurava prendê-lo, mandou dizer: “Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho” (Lc 13,32). Herodes não tem poder sobre Jesus. Quando na hora da paixão, Pilatos manda Jesus para ser investigado por Herodes, Jesus lhe dá nenhuma resposta (Lc 23,9). Herodes não merecia resposta.
De pai para filho
Às vezes se confundem os três Herodes que viveram naquela época, pois os três aparecem no Novo Testamento com o mesmo nome: 1) Herodes, chamado o Grande, governou sobre toda a Palestina de 37 a 4 antes de Cristo. Ele aparece no nascimento de Jesus(Mt 2,1). Matou as crianças de Belém(Mt 2,16). 2) Herodes, chamado Antipas, governou sobre a Galiléia de 4 antes a 39 depois de Cristo. Ele aparece na morte de Jesus(Lc 23,7). Matou João Batista(Mc 6,14-29). 3) Herodes, chamado Agripa, governou sobre toda a Palestina de 41 a 44 depois de Cristo. Aparece nos Atos dos Apóstolos(At 12,1.20). Matou o apóstolo Tiago(At 12,2).
Quando Jesus tinha mais ou menos quatro anos, morreu o rei Herodes. Aquele que matou as crianças de Belém (Mt 2,16). O território dele foi dividido entre os filhos. Arquelau, um dos seus filhos, recebeu o governo sobre a Judéia. Ele era menos inteligente que o pai, mas mais violento . Só na tomada de posse dele, foram massacradas em torno de 3000 pessoas na praça do Templo! O evangelho de Mateus informa que Maria e José, quando souberam que este Arquelau tinha assumido o governo da Judéia, tiveram medo de voltar para lá e foram morar em Nazaré, na Galiléia (Mt 2,22), governada por um outro filho de Herodes, chamado Herodes Antipas (Lc 3,1). Este Antipas ficou mais de 40 anos. Durante todos os trinta e três anos que Jesus viveu nunca houve mudança de governo na Galiléia.
Herodes o Grande, o pai de Herodes Antipas, tinha construído a cidade de Cesaréia Marítima, inaugurada em no ano 15 antes de Cristo. Era o novo porto de escoamento dos produtos da região. Devia competir com o grande porto de Tiro no Norte e, assim, ajudar a desenvolver o comércio na Samaria e na Galiléia. Por isso, já desde os tempos de Herodes o Grande, a produção agrícola na Galiléia começava a orientar-se não mais a partir das necessidades das famílias como era antes, mas sim a partir das exigências do mercado. Este processo de mudança na economia continuou durante todo o governo de Herodes Antipas, mais de quarenta anos, e encontrou nele um organizador eficiente. Todos estes governantes eram subservientes. Quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era Roma, o Império.
4) Para um confronto pessoal
1) É perguntar sempre: quem é Jesus para mim?
2) Herodes quer ver Jesus. Era curiosidade mórbida e supersticiosa. Outros querem ver Jesus porque querem encontrar um sentido para a vida. E eu qual a motivação que me empurra para ver e encontrar Jesus?
5) Oração final
Cumulai-vos desde a manhã com as vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida. Que o beneplácito do Senhor, nosso Deus, repouse sobre nós. Favorecei as obras de nossas mãos. Sim, fazei prosperar o trabalho de nossas mãos (Sl 89, 14.17)
Terça-feira, 20 de setembro-2019. 25ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Pai, que resumistes toda lei no amor a Deus e ao próximo, fazei que, observando o vosso mandamento, consigamos chegar um dia à vida eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 8,19-21)
Naquele tempo, 19A mãe e os irmãos de Jesus foram procurá-lo, mas não podiam chegar-se a ele por causa da multidão. 20Foi-lhe avisado: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam ver-te. 21Ele lhes disse: Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a palavra de Deus e a observam.
3) Reflexão Lucas 8,19-21 (Mc 3,31-35)
O evangelho de hoje traz o episódio em que os parentes de Jesus, inclusive sua mãe, quiseram conversar com ele, mas Jesus não lhes deu atenção. Jesus teve problemas com a família. Às vezes, a família ajuda a viver o evangelho e a participar da comunidade. Outras vezes, ela atrapalha. Assim foi com Jesus e assim é conosco.
Lucas 8,19-20: A família procura Jesus
Os parentes chegam na casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá até Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, pois havia muita gente, mas mandam recado: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem te ver". Conforme o evangelho de Marcos, os parentes não querem ver Jesus. Eles querem é levá-lo de volta para casa (Mc 3,32). Achavam que Jesus tinha enlouquecido (Mc 3,21). Provavelmente, estavam com medo, pois conforme a história informa, havia uma vigilância muito grande da parte dos romanos com relação a todos que, de uma ou de outra maneira, tinha liderança popular (cf. At 5,36-39). Em Nazaré na serra seria mais seguro do que na cidade de Cafarnaum.
Lucas 8,21: A resposta de Jesus
A reação de Jesus é firme: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática." Em Marcos a reação de Jesus é mais concreta. Marcos diz: “Então Jesus olhou para as pessoas que estavam sentadas ao seu redor e disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mc 3,34-35). Jesus alargou a família! Ele não permite que a família o afaste da missão: nem a família (Jo 7,3-6), nem Pedro (Mc 8,33), nem os discípulos (Mc 1,36-38), nem Herodes (Lc 13,32), nem ninguém (Jo 10,18).
É a palavra de Deus que cria a nova família ao redor de Jesus: "Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.". Um bom comentário deste episódio é o que diz o evangelho de João no prólogo: “A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não a conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam. Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade” (João 1,10-14). A família, os parentes, não entenderam Jesus (Jo 7,3-5; Mc 3,21), não fazem parte da nova família. Só fazem parte da nova comunidade aqueles e aquelas que recebem a Palavra, isto é, que acreditam em Jesus. Estes nascem de Deus e formam a Família de Deus.
A situação da família no tempo de Jesus.
No tempo de Jesus, tanto a conjuntura política, social e econômica como a ideologia religiosa, tudo conspirava para o enfraquecimento dos valores centrais do clã, da comunidade. A preocupação com os problemas da própria família impedia as pessoas de se unirem em comunidade. Ora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se, novamente, na convivência comunitária do povo, as pessoas tinham de ultrapassar os limites estreitos da pequena família e abrir-se para a grande família, para a Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a família (Mc 3,33-35). Criou comunidade.
Os irmãos e as irmãs de Jesus
A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos bem mais para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Não o impeçam! Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
4) Para um confronto pessoal
- A família ajuda ou dificulta a sua participação na comunidade cristã?
- Como você assume o seu compromisso na comunidade cristã sem prejudicar nem a família e nem a comunidade?
5) Oração final
Escolhi o caminho da verdade, impus-me os vossos decretos. Ensinai-me a observar a vossa lei e a guardá-la de todo o coração. (Sl 118, 30.34)
Salto evangélico: 21 igrejas são abertas por dia no Brasil; segmento é alvo de Lula e Bolsonaro
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Série de reportagens vai mostrar como, nos últimos 30 anos, o crescimento dos templos evangélicos no Brasil acompanhou o aumento do protagonismo político do segmento no país
Por Bernardo Mello e Natália Portinari — Rio e Brasília
Vinte e uma igrejas evangélicas foram abertas por dia no Brasil — quase uma por hora — ao longo da última década, indicam dados inéditos compilados pelo GLOBO. Na ausência de versão atualizada do Censo Demográfico, os números são a evidência concreta de que a presença do grupo religioso no país, que superou um quinto da população em 2010, acelerou seu ritmo no período mais recente: o crescimento da quantidade de templos superou em 12% o avanço da década anterior, que havia marcado até então o maior boom protestante na história brasileira. A cada três igrejas evangélicas existentes hoje no país, uma foi inaugurada nos últimos dez anos.
O levantamento marca o início de uma série de reportagens sobre a expansão evangélica, fenômeno que obriga as campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT) a fazer gestos diários para o público, seja com visitas a pastores em igrejas ou em entrevistas para podcasts direcionados ao segmento. Os textos vão detalhar características que unem e diferenciam algumas das principais denominações, lideranças e etapas do movimento evangélico. As informações foram coletadas pela organização Brasil.io junto à Receita Federal, reunindo as pessoas jurídicas classificadas como organizações religiosas.
Até o início dos anos 1990, quando o Censo apontou que 9% dos brasileiros se declaravam evangélicos, havia 30,2 mil igrejas no país. Desde então, o número de novos templos cresceu a cada década, até chegar, em maio, à marca de 178.511 CNPJs cadastrados.
Desde 2002, a bancada evangélica eleita no Congresso aumentou mais de 60% — 92 parlamentares do bloco conseguiram cadeiras em 2018, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Nesse período, dois partidos de centro-direita— Republicanos, com 48 cadeiras, e PL, com 43 — foram a principal guarida desses parlamentares, indicativo concreto da dificuldade que a esquerda tem em arregimentar apoios no segmento. A Assembleia de Deus, maior denominação em número de fiéis, já contou com 110 deputados e senadores, de acordo com o Diap.
Dívidas perdoadas
A bancada evangélica vem sendo uma das engrenagens para alterações legais que beneficiaram entidades religiosas. Com histórico de conquistas pontuais em diferentes governos, desde a imunidade tributária de templos assegurada pela Constituição de 1946, a primeira pós-era Vargas, as igrejas multiplicaram suas vitórias no Legislativo desde 2019. A lista recente inclui, por exemplo, o perdão de dívidas de igrejas, em iniciativas capitaneadas por parlamentares evangélicos — que hoje miram novos projetos, prevendo desde isenções em remessas para o exterior até imunidade sobre todos os imóveis e serviços com vínculo religioso, em demandas a serem resolvidas pelo próximo governo. Em outra ponta, diretamente com o Executivo, houve uma série de passaportes diplomáticos concedidos a líderes religiosos.
Pesquisadores e lideranças de igrejas avaliam que o crescimento evangélico ocorreu em vácuos de assistência espiritual e material, especialmente a partir da década de 1970, quando o Brasil tornou-se um país majoritariamente urbano. Tanto nas grandes cidades quanto em municípios menores, bolsões marcados pelo avanço do crime organizado, pobreza e esvaziamento econômico passaram a receber atendimento de igrejas evangélicas em cultos e em ações sociais, que incluíam alfabetização e distribuição de cestas básicas. Nesses locais, poder público e Igreja Católica não conseguiram se fazer representar com a intensidade dos evangélicos, cujos processos de formação de pastores, de abertura de igrejas e de interpretação do texto bíblico foram acelerados pela pluralidade e descentralização do movimento protestante.
Só na última década, entre 2013 e 2022, foram 71,7 mil unidades abertas — volume que corresponde a 80% dos novos templos de todas as religiões cadastrados no período. Desde os anos 1970, só houve uma abertura maior de igrejas católicas do que evangélicas em 1971, quando os católicos abriram 1.702 novos CNPJs, e os evangélicos, 918.
— À época do Censo de 2010, com os evangélicos crescendo 0,7% ao ano e os católicos caindo 1%, projetava-se uma ultrapassagem em 2040. Desde então, o ritmo se acelerou. Hoje, a projeção é que os evangélicos sejam maioria em 2032 — afirma o sociólogo José Eustáquio, doutor em demografia pela UFMG. — A abertura de templos é fundamental para atrair fiéis. A transição religiosa começa pela periferia, onde outras religiões não se fizeram presentes no mesmo ritmo da concentração populacional.
Em contraposição ao estereótipo de “rebanho”, atribuído de forma pejorativa a fiéis, o levantamento expõe o caráter multifacetado do salto evangélico no Brasil. A liderança do ranking de criação de templos, com 34 mil aberturas nesta década, é do conjunto de igrejas evangélicas “diversas”, que não se enquadram em nenhuma das principais denominações do país. São ramos e ministérios, em muitos casos, com uma dezena de templos ou menos.
O antropólogo Flávio Conrado, da Casa Galileia, agência que promove ações voltadas ao público cristão, observa que lideranças evangélicas também mostraram “capacidade de adaptação à expansão dos meios de comunicação” de massa. Esta foi uma das marcas do pentecostalismo, movimento que se afastou da tradição “histórica” protestante em questões doutrinárias e estratégias de expansão — e que também se dividiu, por sua vez, em ao menos três “ondas” com diferenças em discursos e comportamentos.
Os ramos históricos, que incluem batistas, presbiterianos, metodistas, luteranos e anglicanos, remontam à reforma protestante do século XVI, centrada em expandir a leitura, o estudo e a interpretação do texto bíblico. Já o movimento pentecostal, originado nos Estados Unidos em 1906 e logo difundido para o Brasil em missões da Assembleia de Deus e da Congregação Cristã, trouxe ênfase a dons de cura, exorcismo e à ação do Espírito Santo. Recorrendo à imagem do “fogo” como sinal de avivamento religioso, e aberto a pregações mais calcadas na vivência, o pentecostalismo ganhou tração especialmente entre a população pobre e negra, alijada dos espaços hegemônicos. Nas décadas de 1940 e 1950, ganhou novo impulso com a radiodifusão, avançando pelo interior do país. E a partir dos anos 1970, na fase denominada “neopentecostalismo”, expoentes como a Igreja Universal e a Mundial do Poder de Deus passaram a atingir um público ainda maior pela televisão. Com a atuação dessas igrejas, o gênero religioso tornou-se o mais presente na TV aberta brasileira, segundo a Ancine, chegando a ocupar 21% do tempo de programação em 2016. Hoje, pastores e influenciadores evangélicos com milhões de seguidores se multiplicam pelas redes sociais, nova fronteira das igrejas.
O sociólogo Paul Freston, especializado em religião e professor da Balsillie School of International Affairs, classifica Bolsonaro como o primeiro presidente “pancristão”, visto como “defensor” do segmento mesmo ligado a pautas incômodas, como o armamento,. Freston, porém, pondera que as lideranças também estiveram alinhadas a todos os governos pós-redemocratização, incluindo gestões do PT. Pesquisadora da UFF e colaboradora do Instituto de Estudos da Religião, Christina Vital avalia que Bolsonaro conseguiu imprimir uma “identidade religiosa” no mandato, evocando a “memória histórica de perseguição institucional das igrejas”. Na última pesquisa Datafolha, o atual presidente teve 49% da preferência de evangélicos, contra 32% de Lula.
— Todo evangélico é bolsonarista? Não. Mas dentre os candidatos que se apresentam, é a pessoa mais alinhada com nossas pautas — resume o deputado federal Paulo Bengston (PTB-PA), pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular. Fonte: https://oglobo.globo.com
25º Domingo do Tempo Comum: USO DOS BENS
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Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
A palavra “bem” se refere a tudo aquilo que é destinado para a boa vivência das pessoas. Ele pode ser de nível material, psicológico e espiritual. O importante é que todo bem seja tratado com equilíbrio e intencionalidade para que realize aquilo que identifica sua finalidade. O trato em relação aos bens materiais passa por um sistema econômico capitalista neoliberal e um apelo para o ter mais.
Dentro deste contexto, os líderes deveriam ter compromisso e valorizar o bem comum acima de interesses herméticos e egoístas. A não valorização desta prática comunitária é abrir espaço para uma sociedade portadora de pobres e empobrecidos. É preciso saber como relacionar-se com o dinheiro para fazer dele um instrumento do bem em prol dos valores do Reino e não absolutizá-lo como divindade.
A miséria é fruto da má distribuição das riquezas do país, constituindo uma verdadeira injustiça social e desrespeito humano. O dinheiro faz parte essencial de sobrevivência das pessoas e ajuda na superação da situação de precariedade. É lamentável encontrar e ouvir a frase como esta: “O luxo de alguns poucos no mundo é mantido à custa de sacrifícios de muitos da sociedade”.
Os profetas eram inconformados com o ritmo de exploração sofrida pelos pobres. Assim foi o entender de Amós ao citar muitos fatos concretos de injustiça praticada no seu tempo, falando contra aqueles que dominavam e compravam os pobres com dinheiro (Am 8,4-7). O pior ainda é comprar a consciência das pessoas por poucos denários, principalmente durante as Campanhas Eleitorais.
As riquezas desonestas com um dinheiro sujo, trazem muitas consequências de teor negativo para a população. Isto pode acontecer no campo religioso, expressando uma fé desligada do compromisso com a ética e com a moral cristã. Temos muitos líderes religiosos desonestos, passando por cima dos princípios indicados pelo Evangelho, desabonando a identidade de sua instituição.
A prática da justiça e da caridade precisa estar acima dos interesses egoístas. Todos nós somos administradores dos bens da criação, mas não sendo maus servidores, e até aproveitadores da situação. Na visão bíblica de Jesus, o administrador desonesto não passa de um “filho das trevas”, porque ele age com astúcia e por caminhos tortuosos, causando prejuízo para o bem público. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 16 de setembro-2019. 24ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 8,1-3)
1Depois disso, Jesus andava pelas cidades e aldeias anunciando a boa nova do Reino de Deus. 2Os Doze estavam com ele, como também algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; 3Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana e muitas outras, que o assistiram com as suas posses.
3) Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao episódio de ontem que falava da atitude surpreendente de Jesus para com as mulheres, quando defendeu uma moça, conhecida na cidade como pecadora, contra as críticas de um fariseu. Agora, no começo do capítulo 8, Lucas descreve como Jesus andava pelos povoados e cidades da Galiléia e a novidade é que ele era acompanhado não só por discípulos mas também por discípulas.
Lucas 8,1: Os doze que seguem Jesus
Numa única frase Lucas descreve a situação: Jesus anda por toda a parte, pelos povoados e cidades da Galiléia, anunciando a Boa Nova do Reino de Deus e os doze estão com ele. A expressão “seguir Jesus” (cf. Mc 1,18; 15,41) indica a condição do discípulo que segue o Mestre, vinte e quatro horas por dia, procurando imitar o seu exemplo e participar do seu destino.
Lucas 8,2-3: As mulheres seguem Jesus
O surpreendente é que, ao lado dos homens, há também mulheres “junto com Jesus”. Lucas coloca os discípulos e as discípulas em pé de igualdade, pois ambos seguem Jesus. Lucas também conservou os nomes de algumas destas discípulas: Maria Madalena, nascida na cidade de Magdala. Ela tinha sido curada de sete demônios. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, que era governador da Galiléia. Suzana e várias outras. Delas se afirma que “servem a Jesus com seus bens”. Jesus permitia que um grupo de mulheres o “seguisse” (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). O evangelho de Marcos, falando das mulheres no momento da morte de Jesus, informa: “Aí estavam também algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de Joset, e Salomé. Elas haviam seguido e servido a Jesus, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,40-41). Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém. Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como fizeram com os doze discípulos. Mas pelas páginas do evangelho de Lucas aparecem os nomes de sete discípulas: Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, Suzana (Lc 8,3), Marta e Maria (Lc 10,38), Maria, mãe de Tiago (Lc 24,10) e Ana, a profetisa (Lc 2,36), de oitenta e quatro anos de idade. O número oitenta e quatro é doze vezes sete. A idade perfeita! A tradição eclesiástica posterior não valorizou este dado do discipulado das mulheres com o mesmo peso com que valorizou o seguimento de Jesus por parte dos homens. É pena.
O Evangelho de Lucas sempre foi considerado o Evangelho das mulheres. De fato, Lucas é o que traz o maior número de episódios em que se destaca o relacionamento de Jesus com as mulheres. E a novidade não está só na presença delas ao redor de Jesus, mas também e sobretudo na atitude de Jesus em relação a elas. Jesus as toca ou se deixa tocar por elas sem medo de se contaminar (Lc 7,39; 8,44-45.54). Diferente dos mestres da época, Jesus aceita mulheres como seguidoras e discípulas (Lc 8,2-3; 10,39). A força libertadora de Deus, atuante em Jesus, faz a mulher se levantar e assumir sua dignidade (Lc 13,13). Jesus é sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com a sua dor (Lc 7,13). O trabalho da mulher preparando alimento é visto por Jesus como sinal do Reino (Lc 13,20-21). A viúva persistente que luta por seus direitos é colocada como modelo de oração (Lc 18,1-8), e a viúva pobre que partilha seus poucos bens com os outros como modelo de entrega e doação (Lc 21,1-4). Numa época em que o testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus escolhe as mulheres como testemunhas da sua morte (Lc 23,49), sepultura (Lc 23,55-56) e ressurreição (Lc 24,1-11.22-24)
4) Para um confronto pessoal
1) Na sua comunidade, no seu país, na sua Igreja, como é a valorização da mulher?
2) Compare a atitude da nossa Igreja com a atitude de Jesus.
5) Oração final
Eu vos invoco, pois me atendereis, Senhor; inclinai vossos ouvidos para mim, escutai minha voz. Mostrai a vossa admirável misericórdia, vós que salvais dos adversários os que se acolhem à vossa direita. (Sl 16)
Terça-feira, 13 de setembro-2019. 24ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 7,11-17)
11No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo.12Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade.13Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe: Não chores! 14E aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: Moço, eu te ordeno, levanta-te.15Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe.16Apoderou-se de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo.17A notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.
3) Reflexão Lucas 7,11-17
O evangelho de hoje traz o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim. É esclarecedor o contexto literário deste episódio no capítulo 7 do Evangelho de Lucas. O evangelista quer mostrar como Jesus vai abrindo o caminho, revelando a novidade de Deus que avança através do anúncio da Boa Nova. A transformação e a abertura vão acontecendo: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7,11-17). A maneira como Jesus revela o Reino surpreende aos irmãos judeus que não estavam acostumados com tão grande abertura. Até João Batista ficou perdido e mandou perguntar: “É o senhor ou devemos esperar por outro?” (Lc 7,18-30). Jesus chegou a denunciar a incoerência dos seus patrícios: "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!" (Lc 7,31-35). E no fim, a abertura de Jesus para com as mulheres (Lc 7,36-50).
Lucas 7,11-12: O encontro das duas procissões
“Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Com ele iam os discípulos e uma grande multidão. Quando chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto para enterrar; era filho único, e sua mãe era viúva. Grande multidão da cidade ia com ela”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras consegue pintar o quadro tão bonito do encontro das duas procissões: a procissão da morte que sai da cidade e acompanha a viúva que leva seu filho único para o cemitério; a procissão da vida que entra na cidade e acompanha Jesus. As duas se encontram na pequena praça junto à porta da cidade de Naim.
Lucas 7,13: A compaixão entra em ação
“Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela, e lhe disse: Não chore!" É a compaixão que leva Jesus a falar e a agir. Compaixão significa literalmente “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se com ela, sentir com ela a dor. É a compaixão que aciona em Jesus o poder, o poder da vida sobre a morte, poder criador.
Lucas 7,14-15: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!"
Jesus se aproxima, toca no caixão e diz: "Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!" O morto sentou-se, e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”. Às vezes, na hora de um grande sofrimento provocado pelo falecimento de uma pessoa querida, as pessoas dizem: “Naquele tempo, quando Jesus andava pela terra havia esperança de não perder uma pessoa querida, pois Jesus poderia ressuscitá-la”. Elas olham o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim como um evento do passado que apenas suscita saudade e uma certa inveja. A intenção do evangelho, porém, não é suscitar saudade nem inveja, mas sim ajudar-nos a experimentar melhor a presença viva de Jesus em nós. É o mesmo Jesus, capaz de vencer a morte e a dor da morte, que continua vivo no meio de nós. Ele está hoje conosco e, diante dos problemas e do sofrimento que nos abatem, ele nos diz: “Eu lhe ordeno: levante-se!”
Lucas 7,16-17: A repercussão
“Todos ficaram com muito medo, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus veio visitar o seu povo." E a notícia do fato se espalhou pela Judéia inteira, e por toda a redondeza” É o profeta que foi anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que nos veio visitar é o “Pai dos órfãos e o protetor das viúvas” (Sl 68,6; cf. Judite 9,11).
4) Para um confronto pessoal
1) Foi a compaixão que levou Jesus a ressuscitar o filho da viúva. Será que o sofrimento dos outros provoca em nós a mesma compaixão? O que faço para ajudar o outro a vencer a dor e criar vida nova?
2) Deus visitou o seu povo. Percebo as muitas visitas de Deus na minha vida e na vida do povo?
5) Oração final
Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. (Sl 99,1-2)
No festival Hallel em Franca, padre pede, e fiéis usuários jogam drogas no palco: 'Querem se libertar'
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No festival Hallel em Franca, padre pede, e fiéis usuários jogam drogas no palco: 'Querem se libertar'
Durante pregação, participantes entregaram maconha e cocaína ao padre Adriano Zandoná. Religioso falou da própria experiência que teve com entorpecentes ainda na adolescência.
Por g1 Ribeirão Preto e Franca
Uma cena inusitada chamou atenção no sábado (10) durante missa na 35ª edição do festival católico Hallel em Franca (SP). Durante a celebração do padre Adriano Zandoná, alguns participantes usuários de drogas entregaram, espontaneamente, substâncias ilícitas que tinham com eles após pedido do próprio religioso.
A ação aconteceu no momento em que o padre fazia a pregação, a chamada homilia. Zandoná falava sobre a própria experiência que teve com drogas ainda na adolescência. Ele se emocionou ao falar do drama vivido.
“Eu comecei a usar drogas com 11 anos de idade. Eu usei maconha, cocaína, pasta base de crack até os 17 anos. E num retiro como esse, eu fui e levei a cocaína, o cigarro, a porcaria que estava comigo e joguei em cima do palco, diante do senhor, e nunca mais essa porcaria tocou o meu nariz e a minha boca, para a glória de Deus.”
Durante a mensagem com contexto cristão, ele pediu ao público, principalmente aos jovens dependentes químicos, que repensassem suas vidas envolvidas com entorpecentes e os danos que eles podem causar à saúde e às relações sociais.
“Hoje é a sua vez, o senhor está te pedindo. Não vem com essa conversa de que isso [droga] não faz mal, porque essa porcaria está te matando. Eu perdi a maioria dos meus amigos assassinados em overdose por causa dessa porcaria, mas Jesus me libertou e me fez seu sacerdote”, continuou o religioso.
Ao fim da fala, pessoas que estavam no evento e que tinham levado porções de maconha e cocaína se dirigiram à frente do palco onde está montado o altar e entregaram as substâncias. Segundo o religioso, o gesto representa libertação e esperança.
“Eles jogaram as drogas diante do altar como um sinal de que eles não querem mais viver isso, que eles aceitam o chamado de Deus, que eles querem se libertar, que eles querem viver em paz na presença do senhor. Foi muito bonito e eventos como esse são muito especiais, milhares de jovens rezando, sem drogas, sem bebidas, em um clima harmonioso”, disse.
Zandoná, que é membro da comunidade católica Canção Nova e conta com um 1,3 milhão de seguidores no Instagram, afirmou que aconselhou os jovens que o procuraram após a missa.
“Eles se sentiram tocados e sentiram que não querem mais usar droga e jogaram. Foi um momento muito lindo e eu tenho certeza que ele vai ser uma benção, um canal de graça para muita gente.”
Por meio da assessoria de imprensa, a organização do Hallel informou que os entorpecentes foram descartados após a celebração. Fonte: https://g1.globo.com
*24º Domingo do Tempo Comum - Ano C: Um Olhar
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A liturgia deste domingo centra a nossa reflexão na lógica do amor de Deus. Sugere que Deus ama o homem, infinita e incondicionalmente; e que nem o pecado nos afasta desse amor...
A primeira leitura apresenta-nos a atitude misericordiosa de Jahwéh face à infidelidade do Povo. Neste episódio - situado no Sinai, no espaço geográfico da aliança - Deus assume uma atitude que se vai repetir vezes sem conta ao longo da história da salvação: deixa que o amor se sobreponha à vontade de punir o pecador.
Na segunda leitura, Paulo recorda algo que nunca deixou de o espantar: o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Esse amor derrama-se incondicionalmente sobre os pecadores, transforma-os e torna-os pessoas novas. Paulo é um exemplo concreto dessa lógica de Deus; por isso, não deixará de testemunhar o amor de Deus e de Lhe agradecer.
O Evangelho apresenta-nos o Deus que ama todos os homens e que, de forma especial, Se preocupa com os pecadores, com os excluídos, com os marginalizados. A parábola do "filho pródigo", em especial, apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em sua casa e que faz uma grande festa para celebrar o reencontro.
EVANGELHO (Lc 15,1-32): ATUALIZAÇÃO.
Essencialmente, as parábolas da misericórdia revelam-nos um Deus que ama todos os seus filhos, sem excepção, mas que tem um "fraco" pelos marginalizados, pelos excluídos, pelos pecadores... O seu amor não é condicional: Ele ama, apesar do pecado e do afastamento do filho. Esse amor manifesta-se em atitudes exageradas, desproporcionadas, de cuidado, de solicitude; revela-se também na "festa" que se sucede a cada reencontro... Não é que Deus pactue com o pecado; Deus abomina o pecado, mas não deixa de amar o pecador. É este Deus - "escandaloso" para os que se consideram justos, perfeitos, irrepreensíveis, mas fascinante e amoroso para todos aqueles que estão conscientes da sua fragilidade e do seu pecado - que somos convidados a descobrir.
Se essa é a lógica de Deus em relação aos pecadores, é essa mesma lógica que deve marcar a minha atitude face àqueles que me ofendem e, mesmo, face àqueles que têm vidas duvidosas ou moralmente reprováveis. Como é que eu acolho aqueles que me ofendem, ou que assumem comportamentos considerados reprováveis: com intolerância e fanatismo, ou com respeito pela sua dignidade de pessoas?
Face ao aumento da criminalidade e da violência cria-se, por vezes, um clima social de alguma histeria e radicalismo. Exigem-se castigos mais severos e os adeptos das soluções definitivas chegam a falar na pena de morte para certos crimes. Que sentido é que isto faz, à luz da lógica de Deus?
Ser testemunha da misericórdia e do amor de Deus no mundo não significa, no entanto, pactuar com o pecado... O pecado - tudo o que gera ódio, egoísmo, injustiça, opressão, mentira, sofrimento - é mau e deve ser combatido e vencido. Distingamos claramente as coisas: Deus convida-me a amar o pecador e a acolhê-lo sempre como um irmão; mas convida-me também a lutar objetivamente contra o mal - todo o mal - pois ele é uma negação desse amor de Deus que eu devo testemunhar.
*Leia na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Sexta-feira, 9 de setembro-2019. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,39-42) (Mt 7,1-5)
Naquele tempo, 39 Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40 Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre. 41 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? 42 Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão."
3) Reflexão Luca 6,39-42
O evangelho de hoje traz mais alguns trechos do discurso que Jesus pronunciou na planície depois de ter passado uma noite em oração (Lc 6,12) e de ter chamado o doze para serem seus apóstolos (Lc 6,13-14). Grande parte das frases reunidas neste discurso foram pronunciadas em outras ocasiões, mas Lucas, imitando Mateus, as reuniu aqui neste Sermão da Planície.
Lucas 6,39: A parábola do cego guiando outro cego
Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?” Parábola de uma linha só que tem muita semelhança com as advertências que, no evangelho de Mateus, são dirigidas aos fariseus: “Ai de vocês, guias cegos!” (Mt 23,16.17.19.24.26) Aqui no contexto do evangelho de Lucas, esta parábola é dirigida aos animadores das comunidades que se consideram donos da verdade, superiores aos outros. Por isso são guias cegos.
Lucas 6,40: Discípulo - Mestre
“Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre”. Jesus é Mestre. Não é professor. Professor dá aula em várias matérias, mas não convive. Mestre não dá aula, mas convive. A sua matéria é ele mesmo, o seu testemunho de vida, sua maneira de viver as coisas que ensina. A convivência com o mestre tem três aspectos: (1) O mestre é o modelo ou o exemplo a ser imitado (cf.Jo 13,13-15). (2) O discípulo não só contempla e imita, mas também se compromete com o destino do mestre, com a sua tentações (Lc 22,28), perseguição (Mt 10,24-25), e morte (Jo 11,16). (3) Não só imita o modelo, não só assume o compromisso, mas chega a identificar-se: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Este terceiro aspecto é a dimensão mística do seguimento de Jesus, fruto da ação do Espírito.
Lucas 6,41-42: O cisco no olho do irmão
“Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão". No Sermão da Montanha, Mateus trata do mesmo assunto e explica um pouco melhor a parábola do cisco no olho. Jesus pede uma atitude criativa que nos torne capazes de ir ao encontro do outro sem julgá-lo, sem preconceitos e racionalizações, acolhendo-o como irmão (Mt 7,1-5). Esta total abertura para o outro como irmão só nascerá em nós quando soubermos relacionar-nos com Deus em total confiança de filhos (Mt 7,7-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Cisco e trave no olho. Como eu me relaciono com os outros em casa na família, no trabalho com os colegas, na comunidade com os irmãos e as irmãs?
2) Mestre e discípulo. Como sou discípulo de Jesus?
5) Oração final
Felizes os que habitam em vossa casa, Senhor: aí eles vos louvam para sempre. Feliz o homem cujo socorro está em vós, e só pensa em vossa santa peregrinação (Sl 83, 3)
8 de Setembro: Natividade de Nossa Senhora, o nascimento da Mãe de Deus
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Natividade de Nossa Senhora, o nascimento da Mãe de Deus
Origens
A Natividade da Virgem Maria é uma das festas marianas mais antigas. Imagina-se que a sua origem esteja ligada à festa da dedicação de uma igreja a Maria. Segundo a tradição, era a casa dos pais de Maria, Joaquim e Ana. É localizada em Jerusalém, construída no século IV: a basílica de Santa Ana, é onde nasceu a Virgem. Em Roma, esta festa começou a ser celebrada no século VIII, durante o pontificado do Papa Sérgio I (†8 de setembro de 701).
A Natividade
A Igreja católica não costuma celebrar o dia de nascimento dos santos, mas de sua morte. Há, contudo, três celebrações de nascimento: de Jesus Cristo (Natal); de São João Batista (ainda no ventre de Isabel, manifestou-se diante da proximidade de Maria, que esperava Jesus e fora visitar sua parente); e o da própria Virgem Santíssima.
A Tradição
Nos Evangelhos não encontramos citações sobre esta festa, tampouco os nomes dos pais de Maria. Só há referências a Virgem Maria quando se trata de ressaltar algum fato que diga respeito ao Salvador. A Palavra de Deus nos mostra, mesmo que de forma discreta, a presença de Maria Santíssima nos momentos centrais da História da Salvação, como na encarnação, a inauguração do ministério de Cristo, a crucifixão, o nascimento da Igreja com a vinda do Espírito Santo e outros eventos.
Contudo, os Evangelhos não nos dão informações a respeito da família de Maria, de sua infância, de sua formação, de seu temperamento, de seu aspecto físico entre outras características. Mas a tradição faz menção no Protoevangelho de Tiago, apócrifo escrito no século II. Entretanto, o acontecimento fundamental da vida de Maria continua sendo a Anunciação.
Relevância da Festividade
A maravilha deste nascimento não está no que os apócrifos narram com grande detalhe e engenhosidade. Está no significativo passo em frente que Deus leva na realização do seu eterno desígnio de amor. Por isso, a festa de hoje foi celebrada com magníficos louvores por muitos Santos Padres, que se basearam em seu conhecimento da Bíblia e em sua sensibilidade poética e ardor
O Exemplo é Maria
Maria é uma mulher que deve ser imitada pela sua confiança, mormente nos momentos mais obscuros da vida do seu Filho Jesus. Isso e muitas outras coisas explicam o fato do Povo de Deus recorrer a Ela para encontrar refúgio, conforto, ajuda e proteção.
A Igreja considera Maria como a Mãe de Deus, mas também como a discípula. Maria foi exemplo e modelo de vida cristã: pela sua fé, obediência ao seu Filho, caridade com a prima Isabel e nas Bodas de Caná.
A Celebração
A Natividade de Nossa Senhora é celebrada nove meses depois da celebração da solenidade da Imaculada Conceição (8 de dezembro). É toda a Igreja que faz o convite:
“Vinde, todas as nações, vinde, homens de todas as raças, línguas e idades, de todas as condições: com alegria celebremos a natividade da alegria! (…) Que a criação inteira se alegre, festeje e cante a natividade de uma santa mulher, porque ela gerou para o mundo um tesouro imperecível de bondade, e porque por ela o Criador mudou toda a natureza humana em um estado melhor!” (S. João Damasceno – século VIII)
Protetora e Padroeira
Nossa Senhora da Natividade é padroeira e protetora das costureiras. Além dos cozinheiros, dos destiladores, dos fabricantes de alfinetes e panos e da hospedaria.
Minha oração
“No dia do teu aniversário, quero louvar a Deus e celebrar a grande graça que é ter te recebido como Mãe. Obrigado, por tanto carinho e proteção, obrigado por todas as graças que recebo de ti diariamente. Seja hoje e sempre nossa Senhora!”
Nossa Senhora da Natividade, rogai por nós! Fonte: https://santo.cancaonova.com
PRESIDENTE DA CNBB ESPERA MANIFESTAÇÕES PACÍFICAS NAS COMEMORAÇÕES DO BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
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O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), PRESIDENTE DA CNBB divulgou um vídeo com uma reflexão sobre o 7 de setembro e a comemoração do bicentenário da independência do Brasil. Para ele, a data convoca a cultivar a coragem cristã que é alicerce para o exercício da cidadania. “Coragem essencial para darmos passos novos na consolidação de uma independência sonhada há duzentos anos, mas que para se efetivar exige e a dedicação de cada pessoa”, disse.
Dom Walmor disse que a conquista da independência do Brasil é um processo com avanços e retrocessos. Segundo ele, não há plena independência quando as riquezas estão escoando do Brasil. “Uma nação verdadeiramente independente e democraticamente soberana não se curva ao interesses econômicos de um mercado que é indiferente às desigualdades sociais”, aponta.
Para o presidente da CNBB, reafirmar a independência do Brasil significa não tolerar ataques à democracia e às suas instituições que possibilitam a participação dos brasileiros na definição dos rumos do país. “O Brasil precisa urgentemente trilhar novos caminhos para superar problemas que estão na contramão da independência. Indicadores mostram que a fome avançou mais rapidamente no Brasil nos últimos dois anos. Fica a pergunta: existe independência num país com mais de 32 milhões de pessoas aprisionadas na fome? Há de ser considerada também a grave degradação ambiental que consome as nossas florestas, polui oceanos e rios e leva embora nossas serras, impondo sacrifícios à grande parte da população”, disse.
No vídeo, dom Walmor questiona: “O que ouviríamos de um indígena que teve a terra onde vive e onde estão sepultados os seus antepassados devastada por um extrativismo predatório no Brasil? Como falar em independência quando muitas comunidades brasileiras que em nome do emprego e da renda se sujeitam à uma atividade minerária provocadora de mortes e destruição?”, questiona.
O arcebispo exorta que o Grito de Independência que ecoou às margens do rio Ipiranga há 200 anos possa inspirar gestos cotidianos, capazes de fazer do Brasil uma nação cada vez mais soberana com menos desigualdades sociais mais justiça e paz. “Que a celebração da Independência seja mais que um feriado nacional mas oportunidade de renovação do compromisso de cada brasileiro e brasileira na construção do país que todos queremos”, disse.
A política melhor e o bem comum
O presidente da CNBB dedicou parte do vídeo a reconhecer o trabalho, neste ano eleitoral, de todos que se dedicam à “política melhor”, conceito apontado pelo Papa Francisco em sua encíclica Fratelli Tutti, documento no qual o Sumo Pontífice reconhece que a vida política é essencial para a construção de uma sociedade justa, solidária e fraterna. “O Santo Padre pede que todos contribuam para a efetivação da política melhor voltada para a promoção do bem comum”, reforçou.
“Neste 7 de setembro rezemos por todos os que se dedicam à promoção da política melhor. Especialmente por cidadãos e cidadãs sensíveis aos clamores dos pobres. Lembremos daqueles que se unem para se fazer escutar a voz dos pequeninos construindo um clamor a partir das manifestações pacíficas neste dia da Independência. Somos todos irmãos e irmãs corresponsáveis uns pelos outros. Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, interceda por todos os brasileiros para que o país avance, cada vez mais, rumo à sua independência”, disse. Fonte: https://www.cnbb.org.br
5 DE SETEMBRO: Santa Teresa de Calcutá e seu coração de “mãe”
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Vinte e cinco anos atrás falecia a santa fundadora das Missionárias da Caridade, um dos símbolos mais fortes do século XX, Prêmio Nobel da Paz em 1979 e canonizada por Francisco em 2016. Hoje como então, o aspecto materno de sua figura permanece no coração e na experiência de vida daqueles que a conheceram e a seguiram. O testemunho do postulador da causa de canonização
Francesca Sabatinelli - Vatican News
A mais pobre entre os pobres, Santa Teresa de Calcutá, nascida com o nome de Anjëzë Gonxhe Bojaxhiu, faleceu na Índia alguns dias após completar 87 anos. Era o dia 5 de setembro de 1997 e deixou o mundo inteiro em grande comoção, além de 5 mil irmãs da Congregação das Missionárias da Caridade, 400 conventos ativos a serviço dos últimos entre os últimos, em todos os continentes. Hoje, no dia da sua memória litúrgica, em Calcutá, onde as missionárias têm 19 casas, a celebração é grande e é acompanhada pela inauguração de uma nova estrutura para meninos de rua na Park Street, no centro da cidade. As portas também estão abertas para a Missa e homenagem no túmulo da Santa, enquanto em todo o país haverá cerimônias para recordá-la. Em Pristina em Kosovo, as cerimônias também recordarão o quinto aniversário da consagração do novo Santuário dedicado à Santa em uma terra que a ama, já que seus pais eram kosovares, e foi lá que o jovem Aniezë se sentiu chamada ao serviço dos pobres.
O legado de Madre Teresa
Madre Teresa, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1979, proclamada Beata por João Paulo II em 2003 e canonizada por Francisco em 4 de setembro de 2016, ainda hoje é chamada de "madre". "Continuamos a levar adiante o legado da Madre, oferecendo gratuitamente todo o bem que podemos", diz Irmã Mary Joseph, Superiora Geral da ordem desde o início deste ano. Foi assim que ela foi conhecida na Índia e é assim que é lembrada por quem esteve próximo a ela por mais de 20 anos: Padre Brian Kolodiejchuk, dos Irmãos Missionários da Caridade, Postulador da Causa de Canonização de Madre Teresa de Calcutá.
Entrevista
Como explicar a figura e a obra fundada por Santa Madre Teresa?
Quando se olha para sua vida inteira, Madre Teresa parece uma figura extraordinária, e em alguns aspectos ela é. Quem teria iniciado uma congregação com milhares de irmãs? Ela foi uma grande "Diretora executiva", por organizar tudo isso e fazer tudo funcionar. Foi algo verdadeiramente extraordinário. Ela costumava dizer: "Não estou tentando ser bem sucedida, estou tentando ser uma fiel". De qualquer forma ela tinha muito sucesso. Uma vez estivemos aqui, em Roma, em uma sacristia. Lembro-me de ela dizer: "As pessoas gostam de ver este compromisso", falando de si mesma e de toda a atenção que recebia. Portanto sabia que era um exemplo. Mas não lhe subiu à cabeça. Acho que uma de suas grandes virtudes foi a humildade. Também certamente a caridade e a fé.
O senhor compartilhou vinte anos da sua vida com Madre Teresa, o que pode nos dizer sobre ela?
Comigo ela era verdadeiramente materna. Uma mãe. Lembro-me na época da sua canonização em uma entrevista a uma estação de rádio e televisão nos Estados Unidos me fizeram esta mesma pergunta: "Como foi sua experiência com ela"? E dei alguns exemplos, como quando em Nova York fomos buscá-la no aeroporto. Ela vinha de Roma e nós fomos ao convento. Após alguns minutos, sentávamos na sala de estar e imediatamente Madre Teresa vinha com uma bandeja com biscoitos, café e chá. Então ela colocava a bandeja no chão e dava a cada um de nós um copo. Éramos três. Assim como uma mãe. Ela queria ser uma mãe. Em uma de suas primeiras cartas nos anos 60 a um arcebispo, ela escreveu: "O título de superiora geral não significa nada para mim. Eu quero ser mãe". Ela tinha um grande coração, o coração de uma mãe. Qualquer pessoa que a conhecia, mesmo uma só vez, logo a chamava de “madre”. Ela era verdadeiramente materna. Uma verdadeira mãe.
“Nunca pensei que poderia mudar o mundo. Eu só tentei ser uma gota de água limpa em que pudesse brilhar o amor de Deus. (Santa Madre Teresa)”. Fonte: https://www.vaticannews.va
BISPOS REUNIDOS NA 59ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB DIVULGARAM A “MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO SOBRE O MOMENTO ATUAL”.
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Os 292 bispos católicos do Brasil reunidos na 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde o último domingo, 28 de agosto, divulgaram na manhã desta sexta-feira, 2 de setembro, “a mensagem da CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual”.
Reunidos, em colegialidade e comunhão, os bispos católicos se dirigem na mensagem aos homens e mulheres de boa vontade. “Nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias (cf. Gaudium et Spes, 1) são as mesmas de cada brasileira e brasileiro. Com esta mensagem, queremos falar ao coração de todos”, escreveram.
Na mensagem, os bispos afirmam que “nossa fé comporta exigências éticas que se traduzem em compaixão e solidariedade concretas. O compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural, bem como, da família, da ecologia integral e do estado democrático de direito está intrinsicamente vinculado à nossa missão apostólica.
“Todas as vezes que esses compromissos têm sido abalados, não nos furtamos em levantar nossa voz”, afirmaram.
Brasil: país envolto em crise complexa e sistêmica
Os pastores reconhecem o tempo difícil pelo qual o povo brasileiro e o país atravessam. “Nosso País está envolto numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira. Constatamos os alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas que ameaçam o convívio humano harmonioso e pacífico na sociedade. Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos”, pontuaram.
A fome, para os bispos do Brasil, é certamente o mais cruel e criminoso deles, “pois a alimentação é um direito inalienável’ (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 189). A mensagem reforça os dados do relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2022), que aponta que a quantidade de brasileiras e brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões.
Além destes problemas, no documento os bispos fazem uma contundente defesa da democracia brasileira: “Como se não bastassem todos os desafios estruturais e conjunturais a serem enfrentados, urge reafirmar o óbvio: Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente ‘um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos […] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade’” – (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 407).
Os bispos reforçaram ainda a preocupação com a manipulação religiosa e a disseminação de fake News que têm o poder de desestruturar a harmonia entre pessoas, povos e culturas, colocando em risco a democracia. “A manipulação religiosa, protagonizada por políticos e religiosos, desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com o Evangelho e com a verdade”, afirmaram.
O documento afirma que as tentativas de ruptura da ordem institucional, veladas ou explícitas, buscam colocar em xeque a lisura desse processo, bem como, a conquista irrevogável do voto. “Pelo seu exercício responsável e consciente, a população tem a capacidade de refazer caminhos, corrigir equívocos e reafirmar valores. Reiteramos nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições”.
Na mensagem, os bispos conclamam, mais uma vez, toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos e candidatas, para o executivo (presidente e governadores) e o legislativo (senadores e deputados federais, estaduais e distritais), que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum.
Leia a carta na íntegra:
MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO SOBRE O MOMENTO ATUAL
“Se nos esforçamos e lutamos, é porque pusemos a nossa esperança no Deus vivo, que é o salvador de todos” (1 Tm 4,10).
Reunidos no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, de 28 de agosto a 2 de setembro, para a etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, nós, bispos católicos, em colegialidade e comunhão, nos dirigimos a todos os homens e mulheres de boa vontade.
Como pastores, temos presente a vida e a história de nossas comunidades, o rosto de nossa de gente, marcado pela fé, esperança e capacidade de resiliência. Nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias (cf. Gaudium et Spes, 1) são as mesmas de cada brasileira e brasileiro. Com esta mensagem, queremos falar ao coração de todos.
Nossa fé comporta exigências éticas que se traduzem em compaixão e solidariedade concretas. O compromisso com a promoção, o cuidado e a defesa da vida, desde a concepção até o seu término natural, bem como, da família, da ecologia integral e do estado democrático de direito estão intrinsicamente vinculado à nossa missão apostólica. Todas as vezes que esses compromissos têm sido abalados, não nos furtamos em levantar nossa voz. “A Igreja é advogada da justiça e dos pobres, exatamente por não se identificar com os políticos nem com os interesses de partido” (Bento XVI, Discurso Inaugural da Conferência de Aparecida).
Com a esperança que nos vem do Senhor e que não nos decepciona (Cf Rm 5,5), reconhecemos o tempo difícil em que vivemos. Nosso País está envolto numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira. Constatamos os alarmantes descuidos com a Terra, a violência latente, explícita e crescente, potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas que ameaçam o convívio humano harmonioso e pacífico na sociedade. Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 189). Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2022), a quantidade de brasileiras e brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar ultrapassou a marca de 60 milhões.
Como se não bastassem todos os desafios estruturais e conjunturais a serem enfrentados, urge reafirmar o óbvio: Nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional. Isso não significa somente “um respeito formal de regras, mas é o fruto da convicta aceitação dos valores que inspiram os procedimentos democráticos [...] se não há um consenso sobre tais valores, se perde o significado da democracia e se compromete a sua estabilidade” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 407).
Ao comemorarmos o bicentenário da Independência do Brasil, é fundamental ter presente que somos uma nação marcada por riquezas e potencialidades, contudo, carente de um projeto de desenvolvimento humano, integral e sustentável. Vítimas de uma economia que mata, celebramos as conquistas desses 200 anos de independência conscientes de que condições de vida digna para todos ainda constituem um grande desafio. É necessário o compromisso autêntico com a verdade, com a promoção de políticas de Estado capazes de contribuir de forma efetiva para a diminuição das desigualdades, a superação da violência e a ampliação do acesso a teto, trabalho e terra. Comprometidos com essas conquistas e inspirados pela cultura do diálogo e do encontro, podemos ser uma nação realmente independente e soberana.
É motivo de preocupação a manipulação religiosa e a disseminação de fake News que têm o poder de desestruturar a harmonia entre pessoas, povos e culturas, colocando em risco a democracia. A manipulação religiosa, protagonizada por políticos e religiosos, desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com o Evangelho e com a verdade.
A corrupção, histórica, contínua e persistente, subtrai o que pertence aos mais pobres. A Lei da Ficha Limpa, que proíbe que condenados por órgãos colegiados possam se candidatar a cargos políticos, é uma conquista popular e democrática, que deve ser promovida, juntamente com outros mecanismos de controle que garantam a ética na política.
Mesmo com todos esses desafios, a dinâmica da democracia nos coloca, mais uma vez, num processo eleitoral. Tentativas de ruptura da ordem institucional, veladas ou explícitas, buscam colocar em xeque a lisura desse processo, bem como, a conquista irrevogável do voto. Pelo seu exercício responsável e consciente, a população tem a capacidade de refazer caminhos, corrigir equívocos e reafirmar valores. Reiteramos nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições.
Assim, conclamamos, mais uma vez, toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos e candidatas, para o executivo (presidente e governadores) e o legislativo (senadores e deputados federais, estaduais e distritais), que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum. Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, nos ajude a buscar sempre a melhor política, uma das formas mais eminentes da caridade. Aparecida - SP, 31 de agosto de 2022
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte - MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre - RS
1º Vice-Presidente
Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá - MT
2º Vice-Presidente
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro - RJ
Secretário-Geral
Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-22ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 2 de setembro -2022. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,33-39) (Mc 2,18-22)
Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem... 34Jesus respondeu-lhes: Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão. 36Propôs-lhes também esta comparação: Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha. 37Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres; 38mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam. 39Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O vinho velho é melhor. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 5,33-39
No evangelho de hoje vamos ver de perto mais um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é em torno da prática do jejum. Lucas relata vários conflitos em torno das práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e mais dois conflitos em torno da observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).
Lucas 5,33: Jesus não insiste na prática do jejum
Aqui, o conflito é em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.
Lucas 5,34-35: Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar
Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.
No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).
Lucas 5,36-39: Vinho novo em odre novo!
Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.
Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica, reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.
4) Para um confronto pessoal
- Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
- 2. Como entender hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua vida e a vida da sua comunidade?
5) Oração final
Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito (Sl 36, 2)
Encerra-se hoje a 59ª Assembleia Geral da CNBB: dever cumprido
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Depois de dois anos e meio sem reuniões presenciais, devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19, o episcopado brasileiro voltou a se reencontrar em Assembleia.
Silvonei José – Aparecida – Vatican News
Encerram-se nesta sexta-feira os trabalhos da 59ª Assembleia Geral da CNBB que tiveram início no último domingo, 28 de agosto, com a Santa Missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Uma semana vivida de forma muito intensa com orações, encontros e votações de vários documentos.
Um clima de muita alegria e fraternidade marcou as atividades durante a Assembleia Geral. Abraços, apertos de mãos, risadas, e muita conversa demonstrou que o reencontro fora muito esperado pelos bispos. Depois de dois anos e meio sem reuniões presenciais, devido às restrições impostas pela pandemia da Covid-19, o episcopado brasileiro voltou a se reencontrar em Assembleia.
A Assembleia Geral se conclui com o objetivo cumprido, ou seja, a votação de documentos que devido à pandemia e a exigência da presencialidade do Estatuto da CNBB não puderam ser votados durante a primeira etapa da Assembleia Geral.
Foi sem dúvida uma semana vivida na experiência da comunhão como reafirmaram inúmeras vezes os bispos aos microfones da Rádio Vaticano – Vatican News. ”Trabalhamos, oramos e convivemos, nos fortalecemos para servir mais e melhor o povo Deus e a Igreja Católica no Brasil, disseram.
Dom Walmor de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB já na missa de abertura dos trabalhos recordava: "nossos corações não são de gente que participa de uma convenção, mas de servidores do povo de Deus, coração de peregrinos, como o dessas pessoas que aqui nos cercam e que vêm pela fé, porque confiam na proteção da Mãe, Maria. Estamos aqui com o coração de discípulos e missionários”.
Nesta segunda etapa da Assembleia Geral da CNBB diversos temas foram votados e discutidos. O tema central para aprofundamento foi “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão”. Um caminho que a Igreja está construindo em comunhão com o Papa Francisco e o mundo todo para que a Igreja se torne mais forte e obtenha mais vigor missionário.
Alguns dos bispos do Brasil não estiveram presentes no início dos trabalhos por estarem em Roma onde participaram no sábado do Consistório para a criação de novos cardeais. Entre eles o arcebispo de São Paulo, o cardeal Odilo Scherer que chegou o ontem a Aparecida. Nós conversamos com ele.
Sobre os trabalhos desta semana nós conversamos com dom Adilson Pedro Busin, CS, bispo auxiliar de Porto Alegre...
Esta semana aqui em Aparecida foi a continuidade de um processo de escuta que foi iniciado na primeira fase da 59ª AG CNBB, realizada em formato on-line, em abril deste ano, com os 19 regionais da CNBB sobre a atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, DGAE (2019-2023) à luz do processo do Sínodo 2023.
Para o arcebispo de Feira de Santana (BA), dom Zanoni Demettino Castro, a Assembleia foi um momento de alegria e satisfação.
“Nós, bispos do Brasil vivendo, convivendo, celebrando juntos a Eucaristia, caminhando do hotel até a Basílica, foi um momento de graça e de alegria que nos confirma na unidade e na fé. Os encontros on-line foram muito eficazes e produtivos, mas não chega aos pés desse encontro de irmãos. Aqui se fortalece a colegialidade, se expressa a sinodalidade da Igreja e nos aponta para uma Igreja atenta, presente, que tem em si mesma a vida, as alegrias, as dores, os sofrimentos e, sobretudo, o sofrimento do povo”, relatou o arcebispo.
Portanto, a etapa presencial da 59ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (CNBB) tratou-se de uma fase dedicada à votação dos temas que, estatutariamente, exigem a presencialidade do episcopado, como as atualizações no Estatuto da CNBB, o Novo Missal, Ministério do Catequista, Tema Central da 60ª Assembleia Geral da CNBB e Estudo nº 114 cujo título é: “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14): Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”.
Além das votações, foram realizados nesta quinta-feira o retiro dos bispos e a procissão com a imagem de Nossa Senhora do Centro de Eventos Padre Vitor Coelho até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida onde se celebrou a Santa Missa.
Ontem à noite o espetáculo musical no âmbito das comemorações do ano jubilar dos 70 anos da CNBB. Participaram, entre outros o grupo Ir ao Povo, Ziza Fernandez e Padre Antônio Maria.
Nós encontramos o grupo Ir ao Povo antes do espetáculo...
Nesta sexta-feira, na parte da tarde, o encerramento dos trabalhos e a publicação da Mensagem ao Povo Brasileiro. Fonte: https://www.vaticannews.va
EVANGELHO DO DIA-22ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 1º de setembro -2022. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,1-11)
Naquele tempo, 1Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. 2Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, 3subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. 5Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. 6Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. 9É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. 11E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.
3) Reflexão Lucas 5,1-11
O evangelho de hoje conta como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.
Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca.
O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.
Lucas 5,4-5: "Pela tua palavra lançarei as redes!"
Terminada a instrução ao povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!
Lucas 5,6-7: O resultado é surpreendente.
A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.
Lucas 5,8-11: "Seja pescador de gente!"
A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não tenha medo!" Ele chama Pedro e o compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo.
O episódio da pesca no lago mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1). Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!
4) Para um confronto pessoal
1) Onde e como acontece hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?
2) Eles largaram tudo e seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?
5) Oração final
Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo? O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo (Sl 23, 3)
59ª Assembleia Geral da CNBB: aprovada a tradução do Missal Romano
- Detalhes
Nesta quinta-feira, retiro dos bispos. Na conclusão a Santa Missa, ao meio-dia, precedida do Momento Mariano. À noite a Celebração dos 70 anos da CNBB no Santuário.
Silvonei José – Aparecida – Vatican News
Penúltimo dia de trabalhos 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na parte da manhã o retiro dos bispos conduzido por dom Armando Bucciol, bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Na conclusão a Santa Missa, ao meio-dia, precedida do Momento Mariano. Na parte da tarde a Sessão Reservada no subsolo do Santuário. À noite a Celebração dos 70 anos da CNBB no Santuário.
Na manhã de ontem, a segunda parte da tradução do Missal Romano foi votada pelo episcopado brasileiro.
Membros da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel) mostraram aos bispos que correções foram realizadas nos termos gramaticais, em algumas páginas e outros trechos do texto foram reconsideradas.
“O missal fez um longo caminho, mas com muitas contribuições a partir das sugestões que vocês fizeram”, afirmou dom Edmar Peron, presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB.
Para o livro, também foi apresentada a proposta de diagramação, onde a apresentação do missal foi modificada para estar em apenas uma página.
“Da nossa parte as poucas mudanças que foram apresentadas serão incorporadas ao texto já diagramado pela Edições CNBB. Agora, é concluir as considerações, passar o texto à Editora da CNBB e só depois enviar para a Santa Sé”, explicou Dom Edmar.
As alterações foram aprovadas pelos Bispos votantes, com 269 votos favoráveis, seis abstenções e três votos negativos.
Sobre a aprovação da tradução do Missal eis o que nos disse dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, bispo da Prelazia de Itacoatiara no Amazonas.
Atividades da Assembleia
Ainda ontem, quarto dia de atividades da 59ª Assembleia Geral da CNBB, o episcopado brasileiro aprovou o novo Estatuto. Depois de incorporar ao texto outras sugestões, os bispos votaram a nova versão.
Outra pauta da quarta-feira o Estudo 114 sobre a Animação Bíblica da Pastoral. Após as mudanças sugeridas pelos bispos, que foram realizadas com o objetivo de contemplar questões sobre sinodalidade, a idolatria e o fundamentalismo, a inserção de item sobre a Palavra de Deus e os Círculos Bíblicos, o texto foi aprovado em votação.
Durante o período da manhã foram votados além da segunda parte de traduções do Missal Romano, a mensagem do episcopado ao povo brasileiro e o subsídio que diz respeito aos critérios e encaminhamentos práticos para a instituição do Ministério de Catequista.
Em entrevista ao A12, Dom Ricardo Hoepers, Bispo de Rio Grande e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, falou a respeito do andamento das votações sobre o Novo Estatuto da entidade.
"Estamos tendo grandes avanços, a Assembleia está fluindo muito bem, sempre têm algumas questões a mais, mas são pequenas correções muito tranquilas e rápidas para serem realizadas e penso que já estamos avançando significativamente na aprovação deste estatuto", disse.
A Comissão responsável pelo tema central “Igreja Sinodal – Comunhão, Participação e Missão” reuniu-se ontem com todos os regionais da CNBB para dar início a um processo de escuta sobre as atuais Diretrizes Evangelizadoras da Igreja no Brasil (DGAE) em vista das próximas, em 2023.
Coletiva de imprensa
Na tarde de ontem estiveram presentes na coletiva de imprensa no Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida, dom Waldemar Passini, bispo de Luziânia (GO) e membro da Comissão para a Animação Bíblico Catequética da CNBB, que abordou sobre a instituição do Ministério do Catequista, além de dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto (SP), que esclareceu a respeito do novo estatuto da Conferência.
Santa Missa
A celebração de conclusão dos trabalhos da quarta-feira foi dedicada aos 70 anos da CNBB. A Santa Missa no Altar Central da Basílica foi presidida pelo arcebispo de Campo Grande (MS), dom Dimas Lara Barbosa e os concelebrantes foram os ex-presidentes e ex-secretários-gerais da CNBB. Fonte: https://www.vaticannews.va
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