*SANTO ELIAS: Apontamentos espirituais de Dom Frei Vital Wilderink, Im Memoriam.
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Frei Martinho Cortez, O. Carm
(De uma meditação de Dom Vital Wilderink sobre 1 RS 19, 1-21, em dia de recolhimento, Capítulo Geral de 1995)
"É VIVO O DEUS EM CUJA PRESENÇA EXISTO" (1RS)
"ARDO-ME DE ZELO PELAS COISAS DO DEUS SENHOR DE TUDO" (1RS)
I-Acima, duas frases que descrevem o ser e o fazer do profeta Elias: homem de contemplação e de ação; e de ação porque de contemplação.
Os carmelitas vêem nele seu PAI E FUNDADOR, assegurando-se uma identidade necessária. Não ter pai é problema; reclamavam os samaritanos com Jesus, reclamam os meninos de rua hoje. Quem não tem pai é gente sem origem, sem originalidade, sem garantia, sem alguém que por ele (ela) responda...
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DE LIMEIRA PARA ITU: A Missão continua.
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A MISSÃO CONTINUA! Neste dia 31, o Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial para a Ordem Terceira do Carmo, celebrou a Missa de despedida de Santo Elias Peregrino na Catedral de Limeira/SP e Envio Missionário para a cidade de Itu. (De 01-05). Veja nas próximas horas os vídeos aqui no olhar
A Ordem Terceira do Carmo Secular: Elias e Maria.
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Maria e Elias: presença, inspiração e guia.
34 - Como Maria, primeira entre os humildes e pobres do Senhor, os leigos Carmelitas veem-se chamados a glorificar as maravilhas realizadas pelo Senhor na sua vida, com Ela, imagem e flor primogênita da Igreja, aprendem a confrontar episódios frequentemente tormentosos da vida quotidiana com a Palavra de Deus. Aprendem com Ela a acolher a Palavra com disponibilidade e adesão plena. Maria, em quem a Palavra se faz carne e vida, inspira-lhes a fidelidade à missão, à ação animada pela caridade e pelo espírito de serviço e à efetiva cooperação na realização da obra de salvação. Junto a Maria caminham pelas estradas da história, atentos às autênticas necessidades humanas sempre prontos a co-dividir com o Senhor o sacrifício da cruz e experimentar com ele a paz de uma vida nova. Maria é membro singular e eminente da Igreja, participou de forma especial e crescente da única mediação entre Deus e os homens, manifestada em Cristo Jesus, da qual a Igreja e hoje portadora e mediadora na história. Os leigos Carmelitas deixam-se acompanhar por Maria na aceitação gradual da responsabilidade de cooperar na ação de salvação e de comunicação da graça específica da Igreja. No Carmelo, esta obra tradicionalmente tem sido vivida como o amor maternal da Virgem Maria para com os seus filhos. Os Carmelitas, sentindo-se chamados por uma tão grande e tenra mãe, não poderiam deixar de amá-la. Assim o ideal Carmelita é o de “perder-se em Deus no calor materno da Santa Virgem”.
35 - Os leigos Carmelitas partilham, além disso, da paixão do profeta Elias pelo Senhor e pela defesa de seus direitos, prontos a defender até mesmo os direitos do homem injustamente violados. Com o profeta aprendem a abandonar tudo, para se refugiarem no deserto e serem purificados, tornando-se prontos para o encontro com o Senhor e para acolher sua Palavra. Sentem-se impulsionados, como o Profeta, a promover a verdadeira religião contra os falsos ídolos. Com Elias os leigos Carmelitas aprendem a acolher a presença do Senhor, quase impõe ao homem com força e doçura. Ele que é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Fortificados por essa experiência transformadora e vivificante, os leigos Carmelitas são capazes de retornar a enfrentar as realidades do mundo, seguros de que Deus tem em suas mãos o destino de cada um e da história. (Fonte: Regra da Ordem Terceira do Carmo)
A Ordem Terceira do Carmo Secular: Um olhar sobre a Regra.
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5 - A Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo surgiu nos fins do século XII e início do século XIII, a partir de um grupo de homens que, atraídos pelo fascínio evangélico dos Lugares Santos “lá se consagraram Aquele que ali havia derramado o seu sangue em uma vida de penitência e de oração. Estabeleceram-se no Monte Carmelo, junto á Fonte de Elias e receberam, a seu pedido, uma Norma de Vida, de Alberto, Patriarca de Jerusalém (1206-1214) que os constituiu em uma única comunidade de eremitas, reunidos ao redor de um oratório dedicado a Maria. Após as aprovações de Honório III (1226) e Gregório IX (1229), Inocêncio IV (1247) completou seu caminho de fundação e, com algumas alterações dessa Norma de Vida, inseriu-os entre as nascentes Ordens de Fraternidade Apostólica (mendicantes) chamando-os a unir à vida contemplativa a solicitude pela salvação do próximo.
6 - Uma vez estabelecidos na Europa, os frades acolheram leigos, junto aos próprios conventos, os quais, de certo modo, foram considerados Carmelitas. Eram chamados “oblatos” ou “donatos”, visto que doavam os próprios bens aos conventos, passando a depender dos mesmos para o seu sustento. Como na sua maioria eram mulheres, havia necessidade de casas próprias. Também eram chamadas “manteladas” pois traziam um hábito semelhante ao dos frades.
7 - Com o tempo estes leigos organizaram-se em grupos homogêneos, com obrigações análogas às dos frades. A primeira aprovação jurídico-eclesiástica foi por meio da bula pontifícia “Cum Nulla“, de autoria do Papa Nicolau V, de 7 de outubro de 1452. Esta bula lançou as bases da Ordem Segunda e Terceira, com várias etapas de desenvolvimento. A bula autoriza os superiores da Ordem a dirigir vários grupos de mulheres e a explicitar o seu gênero de vida. A concessão contida na bula “Cum Nulla”, foi posteriormente explicitada por outra bula, a “Dum atenta” de Sisto IV, de 28 de novembro de 1476. Estes dois documentos pontifícios são a base da hodierna estrutura da Família Carmelitana.
8 - A bula “Cum Nulla” reconheceu a existência de grupos distintos, com votos solenes ou simples. Paulatinamente algumas dessas mulheres, que podiam também viver sozinhas e fora do convento, identificaram-se como o terceiro grupo da Família Carmelita, razão pela qual começaram a ser chamadas “terceiras” Em 1476, o Papa Sisto IV autorizou a Ordem do Carmo a organizar os seus vários grupos de leigos, como as Ordens Terceiras das demais Ordens Mendicantes.
9 - Simultaneamente surgiam confrarias que solicitavam o gozo dos privilégios do Escapulário. O Prior Geral Teodoro Straccio (1636-1642) desejando resolver a situação, criou uma Ordem Terceira de “continentes” na qual os confrades e irmãs emitiam votos de obediência e de castidade segundo o próprio estado, enquanto os demais seculares ingressavam nas confrarias do Escapulário.
10 - Já nos séculos XIX e XX procurou-se favorecer o aspecto “secular” dos terceiros. Esta dimensão atingiu o ápice na Regra aprovada após o Concílio Vaticano II. Hoje, portanto, os seculares são chamados, na especificidade de sua vocação, a iluminar e a dar o justo valor a todas as realidades temporais, de forma que sejam vividas segundo os valores proclamados por Cristo e em louvor do Criador, do Redentor e Santificador num mundo que parece viver e agir como se Deus não existisse. Espera-se que os leigos Carmelitas sejam colaboradores da nova evangelização que permeia toda a Igreja; por isso procurem superar em si mesmos a separação entre Evangelho e vida. Em sua rica atividade quotidiana, na família, no trabalho e na sociedade, procurem restaurar a unidade de uma vida que encontre no Evangelho inspiração e força para ser vivida em plenitude. (Fonte: Regra da Ordem Terceira do Carmo)
Francisco clama por uma Igreja cheia de “pastores que saibam tratar e não maltratar”
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O Papa Francisco enviou uma longa vídeo-mensagem aos Bispos da Igreja no Continente Americano, que celebra, de 27 a 30 do corrente, em Bogotá, Colômbia, seu Jubileu da Misericórdia. A reportagem foi publicada por Rádio Vaticano, 27-08-2016.
As 22 Conferências Episcopais dos Países da América Latina, além dos Estados Unidos e Canadá, estão reunidas no Congresso da Misericórdia, intitulado "Que um vento impetuoso de santidade acompanhe o Jubileu Extraordinário da Misericórdia em toda a América". O evento é promovido pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e pelo Conselho Episcopal das Igrejas Latino-americanas (CELAM).
O Papa recorda que “o mundo precisa de pastores que saibam tratar os outros com misericórdia, porque esta atitude pode mudar o coração das pessoas e deve ser o centro propulsor de toda ação pastoral e missionária.
E Francisco se pergunta: “Qual a doutrina segura para os cristãos”? E responde: “É simples: ser tratados com misericórdia”. Citando o apóstolo Paulo, quando diz “Ele usou de misericórdia para comigo”, o Pontífice referiu-se à confiança que Deus tem no homem. Longe de ser uma ideia, um desejo, uma teoria, uma ideologia, a misericórdia é um modo concreto de tocar a fragilidade, de interagir com os outros, de aproximar-se uns dos outros. E acrescentou:
“É uma maneira concreta de aproximar as pessoas, quando se encontram em dificuldade. Trata-se de uma ação que nos leva a tratar bem as pessoas, a entender suas vidas, dar alívio nas suas vidas; uma ação baseada na esperança de mudança, confiança no aprendizado e no progresso, sempre à busca de novas oportunidades. Por isso, o trato com misericórdia desperta sempre a criatividade”.
Citando a parábola do “Filho pródigo”, quando o filho mais velho se escandaliza pela ternura e o abraço do pai ao filho mais novo, o Papa observa que isto acontece porque somos invadidos por uma lógica separatista, que leva a dividir a sociedade em bons e maus, santos e pecadores. E o Papa explicou:
“A misericórdia não é uma teoria que pode ser manuseada: ‘Agora é moda falar de misericórdia no Jubileu; então vamos seguir a moda’. Não. A misericórdia é uma história composta de pecados, que deve ser recordada. Por isso, ‘Deus nos trata com misericórdia”.
Logo, toda a ação da Igreja, em todos os níveis, afirma Francisco, se baseia no saber testemunhar a misericórdia divina. Se na nossa pastoral falta a misericórdia tudo é vão. Na realidade, “somos missionários da misericórdia”. Em um mundo ferido, devemos promover, estimular e empregar a pedagogia da misericórdia. E o Papa concluiu:
“Devemos aprender, com o Mestre, a tratar os outros com misericórdia; ser próximos dos descartados pela sociedade; aprender a dar a mão a quem cai, sem medo dos comentários dos outros; melhorar os caminhos da esperança, que fazem brilhar a misericórdia”. (MT) Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
OLHAR DO DIA: Santo Elias Peregrino em Limeira.
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ELIAS PEREGRINO EM LIMEIRA/SP: Fotos da presença da Imagem Peregrina de Santo Elias na Ordem Terceira do Carmo de Limeira, São Paulo.
Papa quer visitar cidades atingidas por terremoto na Itália
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O papa Francisco anunciou hoje, durante a tradicional cerimônia do Ângelus, que visitará as cidades atingidas pelo forte terremoto ocorrido na Itália na última quarta-feira (24).
"Caros irmãos. Assim que for possível, também eu espero encontrá-los para levar a cada pessoa o conforto da fé e o apoio da esperança cristã. Desejo renovar a minha proximidade espiritual com os habitantes de Lazio, Marcas e da Úmbria, duramente atingidos pelo terremoto dos últimos dias. Penso, em particular, nas pessoas de Amatrice, Accumoli, Arquata e Pescara del Tronto e Norcia", disse o líder religioso.
As quatro primeiras cidades citadas foram as que, além dos danos estruturais, registraram os mortos dessa tragédia. Em números corrigidos na manhã deste domingo pela Defesa Civil, até o momento, foram registrados 290 vítimas fatais e quase 400 feridos. Dessas mortes, 229 ocorreram em Amatrice, 11 em Accumoli e 50 em Arquata e Pescara del Tronto.
Antes de rezar a oração da Ave Maria pelas vítimas com todos os milhares de fiéis que estavam na Praça São Pedro, no Vaticano, o papa ainda afirmou que quer fazer a visita para levar seu abraço de "pai e irmão" para os sobreviventes.
O papa também destacou que só a solidariedade é capaz de fazer com que todos vençam esses "testes sofridos". "A solicitude com a qual as autoridades, as forças de segurança, a Defesa Civil e os voluntários estão trabalhando demonstra a importância da solidariedade para superar testes assim dolorosos".
ANGRA: A caminho da Ilha da Gipóia.
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TARDE TE AMEI: Frei Petrônio.
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SÁBADO, 28: Missa com Frei Petrônio em Angra dos Reis/RJ.
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MISSA COM FREI PETRÔNIO EM ANGRA: Amanhã, dia 28 às 10h, Missa na Ilha da Gipóia, Angra dos Reis/RJ. Aguarde os vídeos e fotos aqui no olhar.
Te amo, por isso te corrijo
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Dois novos livros do poeta, padre e intelectual português dedicados ao tempo e à delicada tarefa de admoestar os que erram.
Conheço há anos José Tolentino Mendonça, um dos maiores poetas e intelectuais portugueses. Seu texto é extraordinariamente suave e profundo, claro e denso, simples e refinado ao mesmo tempo. O comentário é de Gianfranco Ravasi, cardeal italiano, publicado por Il Sole 24 Ore, 21-08-2016. A tradução é de Ramiro Mincato.
O olhar que ele posa sobre a realidade humana - mesmo quando essa parece um Kleine Narrenwelt, um microcosmo da loucura, como satirizou o Mefistófeles de Goethe - sempre revela duas reverberações. Por um lado, ele opta pelo tom menor, pela escala descendente ao nível mais sutil e oculto, quase um apelo do outro poeta, Paul Valéry, de Tel quel, que convidava, entre duas palavras, a escolher a moindre, a menor, exatamente. Por outro lado, seu olhar prefere a ternura, seus lábios se abrem mais para sorrir, que para atacar, mesmo quando em cena estão os males do mundo ou as culpas do indivíduo.
É levando em conta esta dupla abordagem que sugerimos a leitura de um díptico de livretos recentemente traduzidos ao italiano. Embora tematicamente diferentes um do outro, juntam-se em harmonia exatamente através da inocência, do candor e da doçura do olhar com que lida com a realidade tratada. No primeiro caso, está em cena, nada menos que o tempo da própria vida, isto é, do existir humano, cientes da definição bíblica de Hölderlin: Ein Bild der Gottheit, a vida humana é “imagem da divindade".
Sob o véu da cotidianidade se escondem as teofanias, como ensinou Chagall, colocando os grandes eventos salvífico nas ruelas e nas choupanas do shtetl hebreu da Europa Central. Existem vários estágios pelos quais somos convidados a "libertar o tempo" do peso e da insensatez, adquirindo outras tantas "artes", isto é, aquela sensibilidade "poética", ou seja, criativa, que transfigura em virtude até mesmo a lentidão, o inacabado, a perda, a decepção, o não saber, e, finalmente, a morte.
Um desses capítulos - sempre bem embutidos de referências ou aproximações culturais, muitas vezes surpreendentes (o fotógrafo Orimoto e o seu projeto "Mama", o movimento artístico Fluxus de Beuys, Tonino Guerra que narra Fellini, a psicanalista Melanie Klein...) - é intitulado precisamente "A arte de olhar a vida". E o último aviso ressalta, de modo resplandecente, a atitude com a qual Mendonça intui e percorre a trama da existência: "Não se trata apenas de viver o instante, empresa inútil já que a vida é persistência, duração ... Não é a flor do instante que nos perfuma, mas o presente eterno do que dura e passa, e do que dura e não passa". Mas o arco-íris do nosso tempo tem mil cores, e é sugestivo persegui-las com o autor, para transcorrer do vermelho-fogo da alegria, da felicidade, do desejo até o roxo frio da perda, da incompletude, do não conhecimento, para chegar também ao ultravioleta da morte.
Porque, "em toda a avalanche de conhecimentos úteis e inúteis que conseguimos acumular ao longo de toda uma vida está faltando um fundamental: aprender a morrer".
Além do mais, era já Platão, em Fédon ensinando que os verdadeiros pensadores, amantes da sabedoria, estudam de contínuo sobre o morrer.
Naquele espectro cromático simbólico há também "a arte do perdão", que é não só perdoar, mas também perdoar-se. Um ato, este último, naturalmente necessário, para não cair em depressão, mas também muito confortavelmente praticado, e aqui é citada Alice Munro, que numa autocrítica observava: "Nos repetimos, muitas vezes, que há coisas imperdoáveis, ou das quais nunca nos perdoaremos. Não é verdade: nos perdoamos, e como. Na verdade, não fazemos outra coisa".
E na linha temática do perdão passamos ao outro volume de Mendonça, dedicado à ''admoestação dos pecadores", que é a terceira das sete obras de misericórdia espirituais.
É preciso não esquecer que José Tolentino também é "padre", isto é, sacerdote, capaz de entretecer cultura e fé, homem e Deus, e de encontrar quem não crê, mas se interroga (na verdade, não hesitou em dialogar com um grandioso agnóstico como seu famoso compatriota José Saramago, autor do provocativo Evangelho segundo Jesus, e também da Segunda vida de Francisco de Assis). O ato de "admoestar os pecadores" é muito delicado, porque está sempre à espreita a altiva hipocrisia do fariseu na parábola de Jesus (Luca 18,9-14), pronto a levantar a sobrancelha indignado contra o miserável publicano.
Através de três caminhos de corte espiritual e moral, sempre se referindo à experiência ampla e diversificada de suas leituras literárias, Mendonça nos leva ao horizonte religioso deste ato que pertence sempre na esfera do amor misericordioso, quando praticado com pureza de coração.
Entra, então, em cena Jesus, que para corrigir adota um “método desconcertante", aquele da mesa. Lá, de fato, envolve cobradores de impostos, prostitutas e pecadores e infringe as fronteiras da sacralidade tímida e desdenhosa, enquanto suas mãos se voltam para os mesmos pratos que servem, as palavras se desmancham na espontaneidade e sinceridade. Exatamente por isto, os Evangelhos registram as refeições de Jesus, a ponto tal de atrair o sarcasmo dos bem-pensantes que o chamam de "comilão e beberrão", e aquele que "acolhe os pecadores e come com eles". No entanto, ele sabe distinguir entre bem e mal, entre justo e injusto, e, por isso, toma o difícil caminho da correção e da verdade, que é um gesto de amor, como já ensinava Platão no Euthydemus: "Eu te amo, mas te corrijo com a amizade".
Emblemático, porém, é o seu convite: "Se o teu irmão cometer um pecado, repreende-o; mas se ele se arrepender, perdoa-lhe. E se cometer um pecado sete vezes por dia contra ti, e sete vezes voltar dizendo: 'Estou arrependido', tu lhe perdoarás" (Luca 17,3-4).
Em torno desta "extravagância" de Cristo, padre José Tolentino tece sua palestra sobre a "arte de perdoar", não hesitando em introduzir o tempero do humor e da delicadeza da relação interpessoal, apoiando-se, por exemplo, num conto pouco conhecido de Ray Bradbury, L’estate della Pietà. Mas, também não ignora o verso da medalha, que é aceitar a correção que nos vem infligida por outro. Na base, no entanto, deve haver sempre a nobreza da sinceridade, da humildade e do amor, porque "advertir aqueles que cometem erros significa amar o próximo sem um porquê".
Publicações brasileiras de Tolentino:
MENDONÇA, José Tolentino. Liberiamo il tempo. Bolonha: EMI, 63 p.
MENDONÇA, José Tolentino. Ammonire i peccatori. Bolonha: EMI, 58 p.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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