Qual a imagem que você tem de Deus?
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
João teve que ir à rodoviária receber a irmã do tio do pai dele. Visto que ele não conhecia a pessoa, deram a ele uma foto. Quando chegou o ônibus, João foi conferindo as pessoas, fotografia na mão. Só um pequeno detalhe. A foto era de 45 anos atrás. No fim, por último, sai do ônibus uma senhora de idade. João pergunta, mostrando a foto: “Por acaso, a senhora viu se esta pessoa estava no ônibus?” Ela olhou, sorriu e disse: “Sou eu!” João olhou a pessoa conferiu com a foto e disse: “A senhora pode enganar os outros, mas não a mim!” Deixou a dona na rodoviária, voltou para casa e disse: “Pai, ela não chegou não. Acho que perdeu o ônibus!”. Foi a foto antiquada que impediu a João de reconhecer a tia na rodoviária.
Nós temos muitas fotos antiquadas de Deus na cabeça que bloqueiam tudo e nos impedem de reconhecer a presença de Deus na rodoviária da vida. Há pessoas que identificam Deus com a imagem que dele têm na cabeça. Não permitem que alguém a coloque em dúvida, pois é a sua segurança. Elas não se dão conta de que toda imagem de Deus é apenas uma imagem, uma metáfora, um símbolo, mas não é Deus. Deus é maior. Deus não pode ser identificado com nenhuma imagem, seja ela qual for (1Tim 6,16). Ultrapassa tudo que nós possamos imaginar. Esse tipo de fundamentalismo é uma tentativa de obrigar a Deus a ser como nós queremos que Ele seja para nós.
O problema da imagem de Deus em nós
O que mais dificulta a descoberta da mensagem da Bíblia é a imagem de Deus que nos orienta na vida e determina nosso olhar. Todos temos, dentro de nós, uma imagem de Deus. Até os ateus! Se eles se dizem ateus, é porque não concordam com uma determinada imagem de Deus. No fundo, era a imagem que o professor universitário se fazia de Deus, que o levou a ver a Bíblia como um livro infantil. A imagem de Deus se transmite, não só pelo que informamos sobre Deus através de doutrinas, mas também e sobretudo pelo que transmitimos através das atitudes que tomamos. Mesmo sem falar de Deus, dele somos um reflexo. Algo se comunica.
Um ex-drogado disse uma vez: “Fui criado na religião católica. Hoje não participo mais. Meus pais eram muito praticantes e queriam que nós, os filhos, fôssemos como eles. A gente era obrigado a ir à igreja sempre, todos os domingos e festas. E quando não ia, eles diziam: "Deus castiga!” Eu ia a contragosto, e quando fiquei adulto, deixei de ir. Fui deixando aos poucos. Eu não gostava do Deus dos meus pais. Não conseguia entender como é que Deus, criador do mundo, ficava em cima de mim, menino da roça, ameaçando com castigo e inferno. Eu gostava do Deus do meu tio que não pisava na igreja, mas que, todos os dias sem falta, comprava o dobro de pão, de que ele mesmo precisava, para dar para os pobres!"
SANTO ELIAS EM BARBACENA: Convite.
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Festa da Santíssima Trindade
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Um só Deus em três pessoas... Ao adotar o dogma da Trindade, os cristãos dos primeiros séculos não escolheram o caminho da facilidade! O que significa, então, crer na Trindade? A reflexão é de Marcel Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire. A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.
Os primeiros cristãos mostraram uma audácia muito grande, ao darem início à fé na Trindade. Digo «dar início», porque foi preciso muito tempo, até que esta fé encontrasse a sua fórmula definitiva. Ela ia contra o senso comum e parecia estar reinventando o politeísmo. Muitos cristãos, muitas vezes, nem se lembram da Trindade, quer dizer, de Deus em Si mesmo. Quando imaginamos Deus como uma espécie de super-homem infinitamente poderoso, ou como uma força à qual nada pode resistir, estamos em plena regressão, de volta a imagens espontâneas e primitivas do divino. Foram necessárias todas as Escrituras bíblicas para nos fazer passar do Deus solitário e monolítico ao Deus «sociedade», ao Deus comunhão, ou seja, ao Deus que em si mesmo é amor. Esta generosidade interna é que tornou possível a criação, a menos que se considere esta conforme o modelo artesanal, do oleiro moldando a argila, imagem que a Bíblia utiliza, explora e ultrapassa. O Novo Testamento é que nos dará a última revelação. As Escrituras, no entanto, não fazem contas: não lemos nelas, jamais, que «Deus é três». A Trindade veio até nós de uma reflexão dos primeiros séculos do cristianismo.
Deus Pai, Filho, Espírito
Em nossos textos, não encontramos de fato esta formulação, de «um Deus em três pessoas». Vemos, no entanto, serem nomeados muitas vezes o Pai, o Filho e o Espírito. Dentre muitos outros textos, podemos citar 2 Coríntios 13,13, que reúne os três em uma só fórmula: «A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!» São três «Pessoas» que se fazem apenas Um. Em São João, ouvimos Jesus dizer muitas vezes: «O Pai e eu somos Um.» João 14,9-10 recapitula bem todos estes textos. Filipe pede que Jesus lhe mostre o Pai e Jesus responde: «Tu não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai… Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim?» Quanto ao Espírito, Ele é o sopro mesmo de Deus, a realidade pela qual Deus se comunica. O que irá soprar aos discípulos não será a sua própria palavra. Enviado pelo Pai em nome do Cristo, «o Espírito Santo vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse» (versículo 26). O Sopro traz a Palavra e se faz um só com ela. É um pouco o que acontece conosco, quando falamos. O envio do Filho e do Espírito de filiação até aos homens é, portanto, o que está na base da reflexão eclesial sobre a Trindade. O «dogma» é, antes de tudo, a experiência dos primeiros cristãos, dos primeiros crentes. É bom que se diga imediatamente que o fato de se fazer uma conta e dizer «Ele é Três» não é desprovido de significado. A ideia que fazemos de Deus se transformou.
Tudo é relações
A origem de tudo o que existe, e que chamamos de Deus, é relações. Não como se fossem seres já existentes e que, num segundo tempo, estabelecessem pontes entre si. Não! A «substância» de Deus é, se podemos dizer assim, relação, intercâmbio. Resulta daí que o universo inteiro, feito à sua imagem, é também relações. Não poderia jamais dizer «eu» se não tivesse à minha frente um «tu» de quem me distinguir. Temos aí, pois, a diferença entre as pessoas. Mas onde está a unidade necessária à nossa semelhança divina? Pois bem, quando o Espírito se faz presente, todos os «Eu» se tornam um «Nós» e formamos um só corpo, construído em nossas diferenças. Somos, nós mesmos, relações. O que há em nossos músculos vem-nos do sol, dos sais minerais, da água e do fogo. E tudo isto nos foi dado pela relação de nosso pai e nossa mãe. O que há em nossa inteligência nos vem em primeiro lugar do contato com os nossos pais e, em seguida, da linguagem, das nossas leituras, do ensinamento recebido e da cultura na qual nos banhamos. Só existimos por causa destes liames e entrelaçamentos que mantemos com os outros. Com referência a Deus, dizemos Pai, Filho e Espírito. É preciso repetir que estas são palavras que não devem ser tomadas em seu sentido habitual: elas ultrapassam infinitamente tudo de que podemos ter experiência.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
ELIAS PEREGRINO EM MINAS GERAIS: Um olhar.
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Agradecemos ao Revmo Sr. Pároco Da paroquia de Santa Cruz de Minas-MG, o Pe. Pedro Wierman, pela acolhida tão generosa, a imagem do nosso pai, Santo Elias. Agradecemos também aos nossos irmãos carmelitas que nos representaram tão bem. Obrigada a todos. Fonte: Raquel/ Facebook.
"Ignorar o pobre é desprezar a Deus", diz papa Francisco
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Catequese abordou a parábola do Rico e Lázaro retratada no Evangelho de Lucas
“A Palavra de Deus pode reviver um coração murcho e curá-lo de sua cegueira. O rico conhecia a Palavra de Deus, mas não deixou que ela entrasse em seu coração, não a escutou, então foi incapaz de abrir os olhos e ter compaixão pelo pobre”, disse o papa Francisco, na catequese da quarta-feira, 19 de maio.
Os peregrinos, reunidos na Praça de São Pedro, acompanharam a meditação semanal, que tratou da parábola do Rico e Lázaro (Lc 16, 10-31). Durante a catequese, Francisco recordou que a figura de Lázaro representa o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde imensa riqueza e recursos estão nas mãos de poucos.
“Ignorar o pobre é ignorar Deus! Isto devemos aprender bem: ignorar o pobre é desprezar Deus”, lembrou o papa.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Eu gostaria de refletir com vocês hoje sobre a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. A vida dessas duas pessoas parece se desenrolar em vias paralelas: as suas condições de vida são opostas e totalmente sem comunicação. A porta da casa do rico está sempre fechada aos pobres, que está lá fora tentando comer alguma sobra da mesa do rico. Esse veste roupas de luxo, enquanto Lázaro estava coberto de feridas; o rico todos os dias tem um banquete luxuoso, enquanto Lázaro está morrendo de fome. Somente os cachorros cuidavam dele e vinham lamber-lhe as feridas. Esta cena lembra a repreensão dura do Filho no juízo final: “Tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, eu estava […] nu e não me vestistes” (Mt. 25,42 a 43). Lázaro representa bem o grito silencioso dos pobres de todos os tempos e a contradição de um mundo onde imensa riqueza e recursos estão nas mãos de poucos.
Jesus diz que um dia aquele homem rico morreu: os pobres e os ricos morrem, têm o mesmo destino, como todos nós, não há exceções a esta regra. E então aquele homem se volta a Abraão, pedindo-lhe com o título de “pai” (vv. 24,27). Portanto, ele afirma ser seu filho, pertencente ao povo de Deus. Mas na vida não mostrou nenhuma consideração por Deus, mas tornou-se o centro de tudo, trancado em seu próprio mundo de luxo e desperdício. Excluindo Lázaro, não teve qualquer consideração nem ao Senhor nem à sua lei. Ignorar o pobre é ignorar Deus! Isto devemos aprender bem: ignorar o pobre é desprezar Deus. Há uma particularidade que deve ser observada nessa parábola: o rico não tem nome, apenas o adjetivo: “o rico”; enquanto o nome do pobre é repetido cinco vezes e “Lázaro” significa “Deus ajuda”. Lázaro, encontrando-se na frente da porta, é um chamado vivo para que o rico se lembre de Deus, mas o rico não acolhe esse chamado. Será condenado, portanto, não por sua riqueza, mas por ser incapaz de sentir compaixão de Lázaro e socorrê-lo.
Na segunda parte da parábola, encontramos Lázaro e o homem rico após a morte (vv. 22-31). Daqui em diante a situação se inverte: Lázaro foi levado pelos anjos ao céu a Abraão, o rico se precipita em meio aos tormentos. Em seguida, o rico “olhou para cima e viu ao longe Abraão, e Lázaro ao seu lado.” Ele parece ver Lázaro pela primeira vez, mas suas palavras o contradizem: “Pai Abraão, diz – tenha misericórdia de mim e envia Lázaro para molhar a ponta do seu dedo e me refrescar a língua, porque estou atormentado nesta chama”. Agora o rico reconhece Lázaro e pede ajuda, enquanto em vida, fingia não vê-lo. Quantas vezes as pessoas fingem não ver os pobres! Para eles, os pobres não existem. Antes negou-lhe até mesmo as sobras de sua mesa e agora pede o que beber! Ainda assim, ele acredita que pode reivindicar direitos por sua condição social. Declarando impossível atender seu pedido, o próprio Abraão fornece a chave de toda a história: ele explica que o bem e o mal foram distribuídos para compensar a injustiça terrena, e a porta que separava em vida o rico e o pobre, é transformada em “um grande abismo.” Enquanto Lázaro estava em sua casa, para o rico havia uma chance de salvação, abrir a porta, ajudar Lázaro, mas agora que estão mortos, a situação se tornou irreparável. Deus não foi nunca chamado diretamente, mas a parábola adverte claramente: a misericórdia de Deus para conosco é proporcional à nossa misericórdia para com o próximo. Quando esta falta, quando não tem lugar no nosso coração fechado, ela não pode entrar. Se eu não escancarar a porta do meu coração aos pobres, a porta está fechada. Mesmo para Deus. E isso é terrível.
Neste ponto, o homem rico pensa nos seus irmãos, que estão suscetíveis de ter o mesmo destino, e pede que Lázaro retorne ao mundo para avisá-los. Mas Abraão responde: ‘Eles têm Moisés e os profetas, ouçam-nos.’ Para converter a nós mesmos, não devemos esperar acontecimentos milagrosos, mas abrir o coração à Palavra de Deus, que nos chama a amar Deus e o próximo. A Palavra de Deus pode reviver um coração murcho e curá-lo de sua cegueira. O rico conhecia a Palavra de Deus, mas não deixou que ela entrasse em seu coração, não a escutou, então foi incapaz de abrir os olhos e ter compaixão pelo pobre. Nenhum mensageiro e nenhuma mensagem pode substituir o pobre que encontramos na estrada, porque neles encontramos o próprio Jesus: “Tudo o que você fizer ao menor destes meus irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25: 40), diz Jesus. Então na reversão das fortunas que a parábola descreve está escondido o mistério da nossa salvação, em que Cristo une a pobreza à misericórdia. Queridos irmãos e irmãs, ouvindo esse Evangelho, todos nós, junto aos pobres da terra, podemos cantar com Maria: “Depôs poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; Ele encheu os famintos com coisas boas, despediu os ricos de mãos vazias “(Lc 1,52-53). Fonte: http://www.cnbb.org.br
Mulher padre: nunca?
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“Não parece que o Novo Testamento, tomado isoladamente, permita resolver, de forma clara e definitiva, o problema do possível acesso das mulheres ao presbiterato”,
O ensinamento de Jesus
Se considerarmos o ambiente social e cultural em que Jesus viveu, seus ensinamentos e comportamento com relação às mulheres, são surpreendentes, pela novidade.
A Mãe de Jesus à Igreja
Os evangelistas Mateus e, mais ainda, Lucas puseram claramente o papel insubstituível de sua mãe, Maria. Ela incorpora e vive os valores de feminilidade apresentados no Antigo Testamento. Maria é a mulher "nova" de um povo "novo". É ela que dá à luz a Cristo, homem "novo", de um povo "novo" (cf. Apocalipse).
Condição social das mulheres na revelação bíblica
Condição eclesial da mulher
Antigo Testamento. De acordo com a opinião quase unânime dos exegetas, as mulheres podiam oferecer sacrifícios e participar na liturgia, mas, aos poucos, as tarefas relacionadas com a liturgia foram sendo confiadas unicamente aos homens da tribo de Levi.
Novo Testamento. Jesus cercou-se de mulheres que o seguiam e serviam. São elas que recebem o encargo de anunciar a ressurreição. O quarto evangelho enfatiza seu papel de testemunhas. Maria Madalena será chamada, pela tradição, de "apóstola dos apóstolos". Enquanto o cristianismo se difundia, as mulheres iam assumindo papéis consideráveis. Podemos lembrar: Lídia, a mãe de Marcos e Priscila, Evodia, Síntique. Das 27 pessoas que Paulo agradece ou saúda no último capítulo da Carta aos Romanos, 9 ou talvez 10 são mulheres. Paulo menciona explicitamente uma mulher "diácono" da Igreja de Cencréia (Rm 16,1-2). Nas Cartas Pastorais, as mulheres indicadas após os bispos e diáconos tinham provavelmente o "status" de diáconas (cf. 1Tm 3,11)...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
http://mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com.br/2016/05/mulher-padre-nunca.html
O “efeito Francisco” cresce entre seminaristas, diz reitor do Colégio Teológico
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Alguns expressam esperança, outros expressam receio, outros mais argumentam que a vida da Igreja no dia a dia é a mesma de sempre, com pouca mudança. O comentário é de Peter Feuerherd, publicado por National Catholic Reporter, 12-05-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Mas o padre sulpiciano Phillip J. Brown, reitor do Colégio Teológico (Theological College), seminário diocesano nacional da Universidade Católica da América em Washington, diz que o efeito Francisco está vivo, atuante e cada vez crescendo mais, pelo menos entre os seminaristas. Está havendo um desenvolvimento repentino.
No fim do ano passado, ao ser perguntado por repórteres sobre o impacto do Papa Francisco no seminário, que educa e forma 84 homens com o apoio das dioceses de todo o país, o reitor disse que era cedo demais para avaliar. Isso não é mais verdade, disse ele numa entrevista recente concedida ao National Catholic Reporter.
Segundo ele, uma mensagem que o seminário sempre ensinou está em alta: “Não somos padres para agirmos como um policial. Devemos ser pastores. É essa a mensagem do papa”, disse.
Os números se mantiveram inalterados, mas as atitudes dos que chegaram mais recentemente começaram a transformar o lugar, disse o reitor. Essa transformação será sentida em breve nas paróquias.
O tema da mudança nas atitudes dos seminaristas é uma “situação delicada para mim como reitor do seminário”, reconheceu Brown, que estará se mudando ainda este ano para Baltimore onde assumirá um cargo semelhante no Seminário de St. Mary.
“A nossa abordagem para a formação dos seminaristas sempre esteve em harmonia com a que o Papa Franciscopropõe”, disse ele, observando a exigência em particular de que os seminaristas estejam envolvidos no serviço direto com os pobres, oportunidade prontamente disponível na capital do país. O reitor sabe das queixas por parte de alguns fiéis americanos de que, às vezes, os padres recém-ordenados vão para as paróquias com a intenção de forçar certas mudanças.
Essa visão é “contrária à maneira como formamos os seminaristas. Sempre dizemos para irem às suas paróquias e observarem, durante um ano ou mais, para ver onde a paróquia se encontra em termos de abertura. Daí, conquistem a confiança das pessoas caso queiram propor mudanças”.
O reitor vê mudanças nas atitudes entre os seminaristas, em especial nas seguintes áreas:
Na tradição da Igreja. “Eles estão mais abertos à diversidade”, disse, notando que existe uma menor acolhida da apologética (visão segundo a qual o magistério da Igreja deve ser pregado a uma cultura laica que, em geral, a ignora) e uma maior acolhida da ideia de “andar com as pessoas e ver onde elas estão (...) Os meninos que estão chegando hoje estão mais curiosos, prontos a aplicar o ensino para a vida real do povo”.
Há uma ênfase menor na natureza sacerdotal do sacerdócio. É a visão segundo a qual os padres são homens destacados com poderes sacramentais particulares. Há também um foco maior sobre como um padre pode trabalhar entre o povo, aquilo que Francisco descreve como um pastor com o cheiro das ovelhas.
Existe uma ênfase menor nos sinais e símbolos que indicam certo tradicionalismo. Eles podem parecer coisa pequena: o uso de batinas, a hóstia somente na língua e não na mão, para citar dois exemplos. Mas, nos últimos anos, estes símbolos se transformaram no que Brown descreve como “marcadores de ortodoxia” com o indicativo de que aqueles que não seguem tais práticas são suspeitos.
“Essas coisas eu não vejo mais”, disse ele.
Os seminaristas mais novos têm um estilo mais ao modo do Papa Francisco – alguns diriam: ao modo Vaticano II –, uma visão de que a Igreja deve se engajar na cultura e não se ver como uma comunidade à parte. Antes, os seminaristas tinham ciência de que eram diferentes dos seus pares na cultura mais ampla da geração millennial. Hoje, eles estão mais propensos a se verem como bastante parecidos com os seus pares no mundo em geral, com o objetivo de transformar a cultura por meio da mensagem evangélica.
Mais impressões por parte do reitor do Colégio Teológico, que está à frente da instituição há cinco anos, são:
Nos termos do reitor, os seminaristas estão mais inclinados a abandonar uma visão da teologia moral calvinista, baseada em normas, para adotarem um entendimento mais diferenciado do papel do magistério católico na vida das pessoas. Eles estão menos propensos a ver o aconselhamento psicológico com suspeitas. A mensagem de Franciscosobre o meio ambiente está também sendo acolhida, segundo o reitor.
Aquelas pessoas que enxergam estas mudanças como uma boa notícia podem começar a se sentir mais esperançosas e confiantes. O impacto do magistério de Francisco está não apenas influenciando os novos seminaristas que começam os seus estudos neste momento inicial de seu pontificado. Ele está também penetrando na cultura do sistema inteiro.
Segundo o reitor, dentro de poucos anos os paroquianos deverão ver este impacto no ministério dos padres recém-ordenados. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
ESCAPULÁRIO: Simbolismo Bíblico. (16 de maio. São Simão Stock, Carmelita)
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Já no Antigo Testamento a veste - e de maneira especial, o manto - era símbolo dos benefícios divinos, da proteção do Alto, do poder transmitido a um enviado de Deus.
A veste especial de José foi símbolo da predileção (cf Gn 37,3); a capa de Jônatas presenteada a Davi foi um símbolo da amizade (cf 1Sm 18,4). Em Isaías lemos: "Alegro-me imensamente no Senhor, a minha alma exulta no meu Deus, porque me revestiu com as vestimentas da salvação e envolveu-me com o manto da justiça" (Is 61,10). Quando Elias, o Profeta, foi arrebatado da terra, o seu manto caiu sobre Eliseu, seu discípulo, transmitindo-lhe o espírito do mestre (cf 2Rs 2,14ss).
No Novo Testamento até as fímbrias do manto de Jesus tocadas com fé comunicam o seu poder benfazejo (cf Mc 5,25ss). São Paulo, mais de uma vez, apresenta a vida em Cristo como um revestir-se de Cristo (Rm 13,14; Gl 3,27); assumir os mesmos sentimentos de Jesus, isto é, a vida da graça filial do cristão, se descreve com a imagem da vestimenta. O hábito religioso, do qual o Escapulário é uma parte e um símbolo, significa de modo particular este seguimento de Jesus.
Diaconato Feminino: Um gesto audacioso
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Francisco deu, na quinta-feira, uma nova demonstração de audácia frente aos setores mais conservadores do catolicismo ao reabrir o debate sobre o ministério consagrado das mulheres. Ele admitiu a criação de uma comissão oficial da Igreja para analisar o diaconato feminino nos primeiros tempos do catolicismo. Este pode ser o caminho escolhido para habilitar a discussão sobre o sacerdócio das mulheres, uma questão que o Papa João Paulo II havia fechado em 1994 na carta Ordinatio Sacerdotalis com o argumento de que Jesus convocou apenas varões, os apóstolos, como seus colaboradores diretos. A reportagem é de Washington Uranga e publicada por Página/12, 13-05-2016. A tradução é de André Langer.
O Papa Bergoglio não costuma ser um homem de anúncios altissonantes. Sua estratégia é a dos gestos e dos avanços medidos, estudados, mas sempre a passo firme. Também não foge do conflito que decisões como esta podem lhe trazer no seio da própria Igreja, em particular pela resistência dos setores conservadores.
Na Igreja, o debate sobre o diaconato feminino não é uma novidade. Até mesmo durante a última sessão do Sínodo dos Bispos celebrado no Vaticano em outubro do ano passado, o arcebispo canadense Paul-André Durocher fez uma intervenção sobre o tema. Nessa oportunidade o prelado pediu “para refletir seriamente sobre a possibilidade deabrir o diaconato feminino, porque abriria o caminho para maiores oportunidades para as mulheres na vida da Igreja”.
Agora, Francisco institucionalizou a discussão sobre o tema abrindo uma porta que parecia definitivamente fechada apesar dos pedidos de muitos grupos de mulheres na própria Igreja. Tudo parece indicar que Bergoglio continua disposto a derrubar barreiras que até antes de seu pontificado pareciam intransponíveis.
A audácia de Francisco não está na espetacularidade de suas decisões, mas na perseverança em uma conduta que marca a necessidade de trilhar o maior número de caminhos possíveis para mudar a própria Igreja católica e sua imagem no mundo.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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