Jovem de comunidade quilombola consegue bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em universidade dos EUA
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Jovem de comunidade quilombola consegue bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em universidade dos EUA
Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, vai cursas educação e política social a partir de agosto. Ele vai estudar na Northwestern University.
Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, conseguiu uma bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em uma universidade dos EUA — Foto: Arquivo pessoal/Jean dos Santos
Por Vanessa Chaves, Eliane Moreira, g1 Goiás e TV Anhanguera
Estudante quilombola é aprovado em faculdade nos EUA e ganha bolsa de R$ 2 milhões
O jovem Jean Pereira dos Santos, de 19 anos, que é da comunidade quilombola Kalunga Engenho 2, em Cavalcante, no Entorno do DF, conseguiu uma bolsa de estudos de mais de R$ 2 milhões em uma universidade dos Estados Unidos (EUA). Ele vai fazer o curso de educação e política social a partir de agosto.
"Mentira! Meu Deus! Mãe, eu passei para a faculdade! Estou muito feliz", comemorou Jean quando soube da aprovação.
Jean atua na área da educação dentro da comunidade e contou que trabalha em um projeto que já impactou mais 11 mil crianças no Brasil que aborda sobre o vácuo inspiracional no interior, que se refere à distância entre os jovens talentos brasileiros e as oportunidades.
"Quando vi o resultado, fiquei em choque, pois eu tirei um ano sabático pra me dedicar, mas ao mesmo tempo sentia que era algo muito fora da minha realidade, mas continuei firme e estou colhendo os frutos hoje", contou Jean.
Jean participou de um programa de intercâmbio em 2023, que seleciona 50 jovens brasileiros de escola pública para passar três semanas nos EUA. Ele disse que ficou encantado com a cultura e com o conhecimento que adquiriu.
"Eu sempre digo que é uma conquista coletiva, pois tem parte de cada um que passou na minha vida e me moldou de certa forma. Agradeço muito aos meus ancestrais, pois teve muito sangue preto derramado pelo mundo para eu estar aqui hoje, então eu agradeço e digo que essa conquista é nossa", disse Jean.
O jovem contou que a mãe é cozinheira e o pai é guia turístico da comunidade e eles não tinham condições de pagar os custos dos estudos dele no exterior.
"Eu não conseguia me imaginar lá fora, quando vi o resultado fiquei sem acreditar. Foi uma luta muito grande, porque ao mesmo tempo tinha aquela auto-sabotagem, sabe? De que eu não era capaz, de que eu não ia conseguir porque ninguém dos meus foram e eu não tinha essa referência lá", contou ele.
Jean contou que terá todas as despesas pagas pela universidade e embarca em agosto deste ano. O curso tem duração de quatro anos.
"Eu quero construir essa ponte entre a minha faculdade e levar vários cursos, workshops e outras coisas para dentro da minha comunidade. Quero muito voltar e trabalhar em uma área onde eu possa realmente fazer com que essas políticas públicas sejam efetivadas dentro das comunidades marginalizadas e não só no meu quilombo", disse Jean. Fonte: https://g1.globo.com
Ré- encantar-se com a Esperança: Passar os olhos no álbum das fotografias das idosas e dos idosos do Povo de Deus
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Mensagem de um velho para os jovens
“Ah!, jovens! Se vocês soubessem o que eu vivi!”
Qo 11,7 a 12,8
Qohelet, no fim do seu livro, deixou para os jovens uma mensagem. O amor pela vida o levou a partilhar sua experiência com os mais jovens. Ele o faz não como professor que ensina, mas como irmão mais velho que partilha. Ele descreve as limitações que vem com a idade. Mas na maneira de descrevê-las, você sente uma pessoa que, mesmo limitada pela velhice, soube crescer em direção a Deus dentro destas limitações inevitáveis da vida e graças a elas.
Esta mensagem é a síntese, não só do livro, mas também da experiência que ele ou ela quer partilhar conosco e na qual mostra como a luz da sua descoberta conseguiu iluminar e transformar sua vida. É a mensagem vivida e agradecida dos cabelos brancos que se despedem da vida, para os jovens na flor da idade. Ouçamos:
Doce é a luz, e agradável para os olhos ver o sol.
Se você viver muitos anos, alegre-se em todos eles,
mas lembre-se de que são muitos os dias sombrios.
Tudo quanto sucede é vaidade.
Jovem, alegre-se na sua juventude,
e seja feliz nos dias da sua mocidade.;
Siga os impulsos do seu coração e os desejos dos olhos;
mas saiba que de tudo isso Deus te pedirá contas.
Expulse a melancolia do seu coração
e afaste do seu corpo a dor,
porque juventude e cabelos bonitos são coisas que passam.
Lembre-se do seu Criador nos dias da sua mocidade,
antes que venham os dias maus,
e cheguem os anos dos quais dirá:
“Não sinto mais gosto para nada!”;
antes que se escureçam o sol e a luz, a lua e as estrelas,
e que voltem as nuvens depois da chuva;
no dia em que tremerem os guardas da casa, ,
e se curvarem os homens outrora fortes,
e cessarem os moedores, por já serem poucos,
e se escurecerem seus olhos nas janelas;
e as portas da rua, se fecharem;
e diminuir o ruído do moinho até parece-ser um canto de pássaro
e todas as canções emudecerem;
quando você ficar com medo das alturas,
e levar susto pelo caminho,
quando embranquecer como a amendoeira,
e o gafanhoto lhe for um peso,
e o tempero perder o sabor;
é porque você já está a caminho da sua morada eterna,
e os que choram a sua morte já andam rodeando pela praça;
antes que se rompa o fio de prata,
e o copo de ouro se quebre,
antes que o jarro se quebre na fonte,
e se parta a roldana no poço,
então você voltará à terra, de onde veio,
e o sopro de vida voltará a Deus, que o concedeu,.
Tudo passa, diz o Qohelet, Tudo!
Mensagem de um sábio
para os filhos sobre os velhos pais
Eclo 3,12-16
Meu filho, cuide de seu pai na velhice,
e não o abandone enquanto ele viver.
Mesmo que ele fique caduco,
seja compreensivo e não o despreze,
enquanto você está em pleno vigor,
pois a caridade feita ao pai não será esquecida,
e valerá como reparação
pelos pecados que você tiver cometido.
No dia do perigo,
o Senhor se lembrará de você,
e seus pecados se derreterão
como geada ao sol.
Quem despreza seu pai
é um blasfemador,
e quem irrita sua mãe
será amaldiçoado pelo Senhor.
Idosos, Respeitar pai e mãe, Ser idoso,
Quatorze fotografias de pessoas idosas do Antigo Testamento
1- Adão e Eva, imagem e resumo de todos nós
Adão e Eva somos todos nós, seres humanos, independente de idade ou de raça, de condição social ou de grau de cultura, de gênero ou de religião. Os dois representam a nossa pequenez e a nossa grandeza como seres humanos: tropeçando, caminhamos em direção a Deus. Todos e todas nascidos de Deus e querendo voltar para Deus: “Tu nos fizeste para Ti, e o nosso coração está inquieto até que não descanse em Ti”. O coração nos diz e a Bíblia confirma (Gn 3,22-24) que o paraíso não foi destruído e pode ser alcançado. O velho Adão e a velha Eva que existem em todos nós (Rm 6,6; Col 3,9) devem ser renovados segundo a imagem do novo Adão e da nova Eva (Ef 4,16.22). A tarefa básica da nossa vida é renovar, passar do antigo para o novo testamento. Nascemos velhos e velhas, e vamos morrer novos e novas. Graças a Deus!
Oração: Salmo 8: que valor imenso não deve ter o ser humano!
2-Matusalém, avô de Noé
Matusalém é o mais velho dos velhos. A Bíblia diz que ele chegou à idade abençoada de 969 (novecentos e sessenta e nove) anos (Gn 5,25-27). Como todos os patriarcas e matriarcas de antes do dilúvio, Matusalém gerou filhos e filhas. Um dos seus filhos é Lamec que aos 182 anos de idade gerou Noé (Gn 5,28), cujo nome significa “este nos consolará” (Gn 5,29). Quando Noé completou 500 anos, gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé (Gn 5,32). Depois veio o dilúvio (Gn 6,1 a 8,14). Após o dilúvio, Noé viveu mais 350 e morreu com a idade de 950 anos. Foi com o velho Noé, como representante de toda a humanidade, que Deus concluiu a aliança de nunca mais destruir a terra pelas águas (Gn 9,9-11), e colocou o arco-íris como sinal e lembrança desta aliança em favor da vida de todos nós (Gn 9,12-17). Deus fez esta aliança em favor da vida e da conservação do Universdo, quando sentiu o cheiro do sacrifício que o velho Noé estava oferecendo (Gn 8,20-22). A oração dos idosos e das idosas deve ter muito valor diante de Deus.
Oração: Salmo 104(103): cantar e celebrar a beleza e o esplendor da criação de Deus.
3- Sara e Abraão
Os dois já eram bem idosos quando foram chamados por Deus, ou melhor, quando descobriram o chamado de Deus que estava dentro de suas vidas. Abraão, chamado para ser pai de um povo, não conseguia acreditar na promessa de Deus, nem em Sara que era estéril. Inicialmente, só acreditava nos projetos que ele mesmo elaborava e propunha a Deus como alternativa. Como Abraão, também Sara, quando chamada, deu risada (Gn 18,12; 17,17). Risada de incredulidade. Também não foi capaz de crer na promessa, nem em si mesma, nem em Abraão. Era difícil crer, pois ela já era de idade avançada e estéril. Como crer que poderia ser mãe! (Gn 18,9-15). Crer em Deus até que não era tão difícil. Mas crer nos outros, crer em Sara, crer em Abraão: esta era e continua sendo a prova de fogo. Ao longo dos anos, Deus ou a própria vida foi tirando o tapete de debaixo dos pés dos dois. Cada vez de novo, eles eram obrigados a refazer a vida,. Assim, após três ou quatro tentativas frustradas, os dois conseguiram crer e se entregaram (Gn 12,1-3;15,1-6;17,15-22;22,1-18). A entrega valeu a pena, pois as três grandes religiões da humanidade, judaísmo, cristianismo e islamismo, têm a sua origem nesta entrega de Abraão e Sara. Os fundadores destas três religiões, Moisés, Jesus e Maomé, são alunos de um casal de velhos que souberam aprofundar as perdas e ganhos do envelhecimento e firmar-se, cada vez de novo, no rumo da sua vida. Isto faz pensar, ou não?
Oração: Salmo 77(76): A mão de Deus mudou. Ele passou pela minha vida sem deixar rastro.
4- Isaque, vítima da sua velhice, mas fiel
De Isaque se fala pouco na Bíblia. Ele é filho de um grande pai, e pai de um grande filho. Está entre Abraão e Jacó. Isaque teve dois filhos com a esposa Rebeca. Esaú, o mais velho, num momento de muita fome, vendeu por um prato de lentilhas seu direito de primogenitura a Jacó, seu irmão mais novo, (Gn 25,29-34). Quando Isaque ficou velho, seus olhos não enxergavam mais. Querendo dispor todas as coisas antes de morrer, mandou Esaú preparar um prato gostoso, para que ele lhe pudesse dar a benção da primogenitura (Gn 27,1-4). Rebeca, escutou a conversa e, aproveitando-se da cegueira de Isaque, deu um jeito para que Jacó pudesse receber a bênção da primogenitura. Esaú queria que o Pai voltasse atrás, mas Isaque, apesar de sentir-se vítima da sua cegueira, manteve a palavra (Gn 27,6-45). Esaú ficou sem a bênção, pois, uma vez dada, a bênção é irreversível.
Oração: Salmo 38(37): Súplica de um velho cego e enfraquecido que quer ser fiel
5- Moisés e Miriam
Irmão e irmã, ambos filhos de Amram e Joquebed (Ex 6,20). Miriam, a irmã mais velha, é chamada pelo seu próprio talento e pela necessidade do momento. Moça experta, ela soube salvar a vida do irmão Moisés e conseguiu que Joquebed, a mãe de Moisés, fosse paga pela princesa, filha do faraó, para criar o próprio filho (Ex 2,1-10). Assim, graças à esperteza da irmã, Moisés foi salvo das águas, foi criado pela mãe e recebeu sua formação na casa do faraó. Aos quarenta anos de idade, Moisés sentiu o chamado de Deus. Vendo de perto a opressão do seu povo, o sangue foi nele mais forte que a formação recebida na casa do faraó e ele chegou a matar um egípcio. Diante da crítica dos seus próprios companheiros, sentiu medo e fugiu (Ex 2,12-15). Quarenta anos depois, já aos oitenta anos de idade, mais amadurecido, recebe novo chamado para libertar o povo. E, novamente, o medo tomou conta. Moisés arrumou várias desculpas, mas no fim a vocação foi mais forte que a resistência medrosa, e ele acabou aceitando a missão (Ex 3,11.13; 4,1.10.13). A Moisés foram revelados o Nome Javé (Ex 3,7-15) e a compaixão infinita do nosso Deus (Ex 34,1-19). No momento mais crítico da saída do Egito, quando estavam sem saída diante das águas do mar, Moisés rezou a Deus. Deus respondeu: “Por que você está clamando por mim? Mande o povo dar um passo!” (Ex 14,15). O povo deu um passo, o mar se abriu e o povo pôde escapar para a liberdade. Neste momento, Miriam, também já bem idosa, convoca as mulheres para celebrar a vitória depois da travessia do Mar Vermelho (Ex 15,20). O Cântico de Miriam é um dos textos mais antigos da Bíblia. Ao redor dele foi se acrescentando o resto como cera ao redor do pavio (Ex 15,21). A Bíblia informa que Miriam, por castigo de Deus, ficou coberta de lepra por ter tida a coragem de criticar a liderança excessiva de Moisés (Num 12, 1-16). Depois da ressurreição, assim espero, vamos ficar sabendo se Miriam não tinha um pouco de razão em levantar a crítica que lhe mereceu um tão grande castigo.
Oração: Cântico de Miriam e Moisés (Ex 15,1-21): Javé é a minha força e o meu canto
6- O velho Eli, e Ana a mãe de Samuel
Eli era um sacerdote idoso que tinha dois filhos que não prestavam (1Sm 2,12-17; 8,3-5). Eli tomava conta do pequeno santuário de peregrinação em Silo, onde o casal Êlcana e Ana todos os anos faziam sua romaria (1Sm 1,3). Ana não podia ter neném. Era estéril. Num momento de grande tristeza, entrou no santuário e derramava sua alma na presença do Senhor. Fazia sua prece não em voz alta como era o costume, mas apenas suspirando e movendo os lábios (1Sm1,10-11). Eli foi mal educado com ela. Ele disse: “Até quando você vai ficar embriagada? Acabe primeiro com essa bebedeira!”. Mas Ana soube manter sua dignidade e respondeu com muita educação: "Não, meu senhor. Eu sou uma mulher que sofre; não bebi vinho, nem bebida forte. Eu estava apenas me derramando diante de Javé. Não pense que esta sua serva seja vadia. Falei até agora, porque estou muito triste e aflita". (1Sm 1,15-16). Através de Eli ela recebeu o chamado de Deus para ser mãe: "Vá em paz. Que o Deus de Israel conceda o que você lhe pediu". Em ação de graças, por ter recebido a graça de ser mãe, ela fez um cântico bonito, no qual expressa a alegria do reencontro com o ideal da sua vida (1Sm 2,1-10). Foi neste Cântico de Ana que Maria, a mãe de Jesus, se inspirou para fazer o Magnificat. Por isso, a tradição diz que o nome da mãe de Nossa Senhora, a avó de Jesus, era Ana.
Oração: Cântico de Ana (1Sm 2,1-10): A mulher estéril dá à luz sete filhos
7- Samuel, o filho de Ana
Samuel, o filho de Ana, não percebia o chamado de Deus e precisou da ajuda de uma pessoa bem idosa para orientá-lo no discernimento da vocação. O velho Eli orientou o menino e mandou que dissesse: "Fala, Senhor, teu servo escuta!" (1 Sm 3,1-18). Samuel foi o último Juiz. Durante muitos anos guiou o povo e o ajudou na difícil e duvidosa transição política do sistema tribal para o novo sistema da monarquia. Bem idoso, fez uma bonita revisão da sua vida diante de todo o povo (1Samuel 12,1-5).
Oração: Salmo 71(70): um velho de cabelo branco pede para não ser abandonado por Deus na velhice
8- Enoc e Elias, os dois que não morreram
A Bíblia não conta a morte deles. Para o povo, os dois não morreram. Foram levados para o céu. De Henoc se diz: “Henoc viveu 365 anos. Ele andou com Deus e desapareceu, porque Deus o arrebatou” (Gn 5,23-24). Elias foi arrebatado ao céu num carro de fogo e deixou o seu manto para Eliseu (2Rs 2,1-18). De Elias não se sabe o nome da mãe nem do pai. Ele apareceu de repente, proclamando: “Vivo é o Senhor, em cuja presença estou!” (1Rs 17,1). De uma viúva recebe o título de Homem de Deus (1Rs 17,24), que é o título mais bonito para um profeta ou profetisa: Homem de Deus! Mulher de Deus! Elias é o modelo do profeta. Ele é conhecido como o homem sempre disponível para a ação do Espírito (1R 18,12). Após a grandiosa vitória sobre os 450 profetas de Baal no Monte Carmelo (1Rs 18,20-40), Elias teve medo, fugiu, desanimou por completo e quis morrer (1Rs 19,1-4). Teve uma profunda crise de fé, mas reencontrou Deus, para além de todas as imagens e representações, na brisa leve, “voz de calmaria suave” (1Rs 19,5-14). Na opinião do povo, Elias vai voltar para reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, isto é, para refazer as relações humanas na base e reconstruir a vida em comunidade (Eclo 48,10).
Oração: Salmo 27(26): Os dois lados da fé: luminoso e escuro
9- Ezequias, o rei que não queria aceitar sua velhice
A conjuntura política internacional favorável levou Ezequias (716 a 687 aC) a promover uma reforma profunda nos vários setores da vida da nação: social, político, cultural e de infra-estrutura. Queria evitar que no Reino de Judá no Sul acontecesse o mesmo desastre que, cinco anos antes em 722 aC, tinha destruído por completo o Reino de Israel no Norte (2Rs 18,1-8). Ficando velho e doente, Ezequias não aceitou a velhice nem a doença. Reclamou com Deus. Deus atendeu ao pedido dele. O profeta Isaías funcionou como médico, arrumou um emplastro para a ferida do Rei e conseguiu mais quinze anos de vida ou sobrevida para ele (2Rs 20,1-11). Ezequias foi um grande construtor, um pouco vaidoso e muito centrado em si mesmo e nas coisas da sua grandeza como rei (2Rs 20,12-21).
Oração: Salmo 30(29): oração de Ezequias que teve sua vida prolongada por mais quinze anos
10- Jeremias, seduzido por Deus desde a sua juventude
Na hora de tomar consciência do chamado de Deus em sua vida, Jeremias levou susto, ficou meio gago e se desculpou: "Sou apenas uma criança!". Mas assumiu sua vocação (Jer 1,4-10). Sofreu a vida inteira por causa da vocação assumida (Jr 20,7-18). Deve ter ficado muito velho, pois nasceu em torno de 650 e foi morrer no Egito depois de 580 aC. Como nós nos séculos XX e XXI, Jeremias atravessou toda uma curva da história. Digo como nós, pois quem hoje está com mais de 75 anos, atravessou uma curva da história como nunca houve antes, 1940 até 2008. Jeremias viveu num período que abrange o longo e corrupto governo de Manasses (687 a 642), passando pela reforma fracassada do governo de Josias (640 a 609), pela primeira deportação do povo para o cativeiro da Babilônia em 597 aC e pela total destruição de Jerusalém e a segunda deportação para a Babilônia em 587, até o seu próprio seqüestro para o Egito em torno de 583. No momento mais trágico e mais triste da história, foi ele, Jeremias, que sustentou a esperança do povo. Já bem idoso, abriu a mente do povo para fundamentar sua segurança e sua esperança, não na observância perfeita da Lei, mas sim na gratuidade infinita da presença de Deus que se manifesta na criação para além de tudo aquilo que nós fazemos por Deus (Jr 33,19-26). Ele nos ensina a observar a lei de Deus não para merecer, mas para agradecer. Foi ele com sua vida tão sofrida e tão fiel que inspirou aos discípulos e discípulas de Isaías a figura do Servo de Javé, imagem do povo sofrido, descrita nos quatro cânticos do Servo (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13 a 53,12).
Oração: 1º e 3º Cântico do Servo de Javé (Is 42,1-9 e 50,4-9): imagem do povo humilde, teimoso na fé
11- Noemi e Rute
Duas mulheres, uma bem idosa, Noemi, e a outra bem jovem, Rute. Noemi é da tribo de Judá e migrou para o estrangeiro junto com o marido e seus dois filhos. Rute, estrangeira de Moab no outro lado do Jordão, casou com um dos filhos da Noemi. Morreram tanto o marido de Noemi como o filho dela, marido da Rute. Ambas viúvas, sem filhos, humanamente sem futuro, serão elas que vão conduzir a história, orientando-se pela reflexão sobre os acontecimentos à luz da Palavra de Deus. É delas que vai nascer o futuro do povo e que surgirá o Messias. A novela tão envolvente das duas é uma crítica viva à política clerical de Esdras e Neemias e da elite de Jerusalém que queriam expulsar as mulheres estrangeiras e isolar o povo no conjunto das nações. Rute, estrangeira, através da sua solidariedade com Noemi, tornou-se a bisavó do futuro rei Davi. É muito bonita a maneira como Rute expressou a sua opção pela pobre e velha Noemi que gerou um novo futuro para o povo de Deus (Rute 1,15-18).
Oração: Opção de Rute por Noemi (Rt 1,15-18): Opção pelos pobres gera o futuro do povo
12- Jó e os amigos de Jó
Jó é o modelo do sábio. O sábio costuma ser apresentado como idoso, cabelo branco, portador de experiência humana acumulada. O livro de Jó é um teatro. O ensino oficial que dizia: “Sofrimento é castigo de Deus”, dava complexo de culpa aos sofredores. O teatro verbaliza a tensão entre o ensino oficial e a consciência rebelde dos sofredores. Jó representa a consciência rebelde dos sofredores. Os três amigos representam a visão tradicional. A cabeça de Jó, formada pela ideologia dominante, dizia: “Você sofre porque é pecador!” Mas o coração, a consciência, lhe dizia: “Deus é injusto comigo! Não pequei!”. Jó critica os três amigos, que identificam Deus com o nível econômico das pessoas: “Vocês usam mentiras para defender a Deus!” (Jó 13,7). “Vocês são capazes de leiloar um órfão e vender seu próprio amigo!” (Jó 7,27). A chave do teatro está na frase final. Jó se dirige a Deus e diz: “Eu te conhecia só de ouvir falar de Ti, mas agora meus olhas te viram. Por isso me retrato e me arrependo sobre pó e cinza” (Jó 42,4-6). A luta não era contra Deus, mas sim contra a imagem de Deus que falsificava a consciência das pessoas e destruía a convivência humana. É a rebeldia profética de um velho sábio.
Oração: Salmo 39(38): Desabafo de Jó, dos Jós da vida
13- O velho Eleazar
Eleazr era um senhor bem idoso com mais de 90 anos. Tinha muita liderança na comunidade, fruto da sua sabedoria acumulada ao longo dos anos. Na época da sangrenta perseguição de Antíoco contra os judeus (167-166 aC), Eleazar foi convidado pelo representante do Rei Antíoco para comer carne de porco e, assim, levar o povo a transgredir a lei e favorecer a política do governo helenista. Eleazar resiste, não aceita a proposta e morre torturado aos noventa anos de idade deixando um exemplo para a juventude (2Macabeus 6,18-31)
Oração: Salmo 49(48): Tudo passa na vida e ninguém pode resgatar a vida da morte
14- A mãe dos sete filhos macabeus
Na mesma perseguição em que foi torturado e morto o velho Eleazar, esta mãe foi presa com seus sete filhos. Mulher forte, teve de presenciar a tortura até à morte de seus sete filhos pelo rei Antíoco. Mas não se deixou intimidar pela dor. Ficou firme e soube animar seus filhos a perseverar na fé dos pais até à morte (2Mac 7,1-42).
Oração: Salmo 34(33): uma mãe de família transmite sua fé para seus filhos e netos
Doze fotografias de pessoas idosas do Novo Testamento
1- Isabel e Zacarias
Zacarias não foi capaz de crer no chamado e ficou mudo (Lc 1,11-22). Isabel era idosa e estéril, mas acreditou no chamado, concebeu e tornou-se capaz de reconhecer a presença de Deus em Maria (Lc 1,23-25.41-45). Isabel era da tribo de Levi, descendente de Aarão. Era Levita (Lc 1,5).
Oração: O Cântico de Zacarias (Lc 1,68-79) e a prece de Isabel: Ave Maria
2- José, esposo de Maria
Os apócrifos dizem que ele era velho e viúvo com uma porção de filhos que seriam os irmãos e as irmãs de Jesus (Mc 6,3). José, chamado a ser o esposo de Maria, era justo (Mt 1,19) e sua justiça já era maior que a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Por isso, graças à justiça de José, Maria não foi apedrejada, e Jesus continuou vivo. Esta justiça maior levou José a romper com as normas do machismo da época. Ele não mandou Maria embora e Jesus pôde nascer (Mt 1,18-25).
Oração: Salmo 119(118),41-56: parece paixão pela lei, mas é paixão pelo Autor da lei
3- Maria, a mãe de Jesus
Uma tradição diz que Maria, depois da morte de Jesus, foi com São João para Éfeso. Ela morreu por lá já bem idosa com mais de 90 anos de idade, e depois foi assunta ao céu. Uma outra tradição diz que ela não morreu, mas que foi levada diretamente ao céu. Na pietà de Miguelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que o próprio filho crucificado, quando já devia ter no mínimo perto dos 50 anos. Perguntado porque tinha esculpido o rosto da Maria tão jovem, Miguelangelo respondeu: “As pessoas apaixonadas por Deus não envelhecem nunca”. Na Bíblia, se fala muito pouco de Maria, e ela mesma fala menos ainda. Ao todo, Bíblia conservou apenas sete palavras de Maria. Só! Nada mais: duas no encontro com o Anjo Gabriel; uma no encontro com Isabel; uma no encontro com Jesus no Templo; duas no encontro no casamento em Caná, e a última palavra é o silêncio ao pé da cruz, mais eloqüente que mil palavras. Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro da casa de Maria e descobrir como ela se relacionava com Deus. Acostumada a ruminar os fatos (Lc 2,19.51), ela percebeu e acolheu a Palavra de Deus, trazida pelo anjo Gabriel, a ponto de encarná-la em seu seio, em sua própria vida (Lc 1,26-38). A chave para entender tudo isso é dada por Lucas nesta frase: “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática." (Lc 11,27-28)
1ª Palavra: "Como pode ser isso se eu não conheço homem algum!"
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!"
3º Palavra: "Eles não tem mais vinho!"
4ª Palavra: "Fazei tudo o que ele vos disser!"
5ª Palavra: "Meu filho porque nos fez isso? Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos"
6ª Palavra: "Minha alma louva o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu Salvador!"
7ª Palavra: O silêncio ao pé da Cruz, mais eloqüente que mil palavras!
Oração: Cântico de Maria (Lc 1,46-56): A minha engrandece o Senhor
4- O velho Simeão e a profetisa Ana
Estas duas pessoas, ambas bem idosas, aparecem no evangelho de Lucas por ocasião da apresentação de Jesus no Templo (Lc 2,22-38). O olhar dos dois era um olhar de fé, capaz de distinguir o salvador do mundo num menino trazido por um casal pobre de camponeses lá da Galiléia, no meio de muitos outros casais que traziam suas crianças para serem apresentadas a Deus no Templo. Os dois tinham dentro de si uma convicção de fé que lhes dizia que não iriam morrer antes de ver a realização das promessas (Lc 2,26). Este é, aliás, o desejo de todos nós. Cada ser humano traz dentro de si uma promessa de séculos. Simeão fez um cântico bonito de agradecimento (Lc 2,29-32). Ana era uma viúva de 84 anos de idade que também reconheceu o sinal de Deus no menino (Lc 2,38).
Oração: Cântico de Simeão (Lc 2,29-32): Agora posso morrer em paz
5- Os doze homens discípulos
Foram chamados para estar com Jesus, para anunciar a palavra e para combater o poder do mal (Mc 3,13-19). Nas pinturas e figuras eles sempre aparecem como idosos. O único jovem é João. Na realidade eram todos jovens, casados ou solteiros, com em torno de 30 anos de idade. Apesar de jovens, eles eram os “mais velhos” (presbíteros) nas primeiras comunidades. De certo modo eles continuam vivos até hoje, pois nossa fé é apostólica, vem dos apóstolos e tem no testemunho deles o seu fundamento. Vale a pena ver de perto a figura de cada um deles, o seu jeito de ser e de se relacionar com Jesus e com o povo. Eles são um pequeno álbum dentro deste álbum maior dos idosos e idosas. Olhando este pequeno álbum dos doze, a gente se consola e cria coragem, apesar de todos os nossos defeitos. Pedro era pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o seu coração encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Jesus rezou por ele (Lc 22,31). Por isso ficou firme. Ele era pedra de apoio (Mt 16,18) e pedra de tropeço (Mt 16,23). Apoio e tropeço! Os dois, até hoje! Graças a Deus. Depois que ficou velho não era mais livre em fazer o que queria e um outro o conduzia. Tiago e João eram dois irmãos conhecidos como os “filhos de Zebedeu”. Estavam dispostos a sofrer com Jesus (Mc 10,39), mas eram violentos (Lc 9,54). Jesus deu a eles o apelido de filhos do trovão (Mc 3,17). João pensava ter o monopólio de Jesus e não permitia que os outros usassem o nome de Jesus para expulsar demônios. Jesus o corrigiu (Mc 9,38-40). João ficou muito velho. Havia gente que achava que ele não fosse morrer (Jo 21,23). A tradição diz que João era o discípulo a quem Jesus amava e que, no fim da sua vida, já bem velhinho, o sermão dele se resumia a uma única frase: “Amai-vos uns aos outros”.
Oração: Salmo 2 do jeito que foi rezado pelos apóstolos na hora da perseguição (Atos 4,23-32).
6- As sete mulheres discípulas
No grupo que seguia Jesus havia homens e mulheres. Elas seguiam Jesus (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). A expressão seguir Jesus tem aqui o mesmo significado que quando é aplicado aos homens. Elas eram discípulas que seguiam Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém. O evangelho de Marcos define a atitude delas com três palavras: Seguir, Servir, Subir até Jerusalém (Mc 15,41). Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam a Jesus como o fizeram com os homens. Mas os nomes de sete destas mulheres estão espalhados pelas páginas dos evangelhos. Um começo da lista está em Lucas 8,1-3: (1) Maria Madalena (Lc 8,2), (2) Joana, mulher de Cuza (Lc 8,3), (3) Suzana (Lc 8,3), (4) Salomé (Mc 15,40), (5) Maria, mãe de Tiago (Mc 15,40), (6) Maria, mulher de Cléofas (Jo 19,25), (7) Maria, a mãe de Jesus (Jo 19,25). Depois da páscoa, foram as mulheres a quem Jesus apareceu por primeiro e que receberam de Jesus a ordenação de anunciar aos outros a Boa Nova da Ressurreição (Jo 20,17; Mt 28,10). A tradição eclesiástica posterior não valorizou este dado com o mesmo peso com que valorizou as aparições aos homens e o seguimento de Jesus por parte dos homens (cf 1Cor 15,4-8).
Oração: Cântico do Amor (1Cor 13,1-13): o amor jamais passará.
7- Nicodemos e José de Arimatéia
Os dois, ambos pessoas importantes da elite da cidade, eram discípulos de Jesus meio às escondidas (Jo 3,2; 19,38). Nicodemos era membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal da época. Ele aceitava a mensagem de Jesus, mas não tinha coragem de manifestá-lo publicamente (Jo 3,1). Aos poucos, sua sinceridade levou vantagem sobre o medo e a timidez e criou mais força interior. Teve a coragem de discordar publicamente da opinião dos outros no sinédrio e foi vaiado (Jo 7,50-51). José de Arimatéia era uma pessoa de posse que chegou a arriscar seu status pedindo licença a Pilatos para poder enterrar Jesus, um marginal crucificado, condenado à morte pelo sinédrio e pelo tribunal romano. Os dois, Nicodemos e José de Arimatéia, cuidaram da sepultura de Jesus (Jo 19,39). Ficando mais idosos, os dois foram ficando mais coerentes e mais corajosos.
Oração: Salmo 63(62): a busca de Deus
8- “Eu, Paulo, velho e prisioneiro”
Foi com estas palavras de Paulo se dirige ao seu amigo Filemon para fazer um pedido em favor de Onésimo, o escravo que fugiu da casa de Filemon e que foi acolhido por Paulo e por ele levado a abraçar a fé em Jesus (Flm 1,9). O significava ser “velho” naquele tempo? Alguns acham que Paulo devia ter em torno de 55 anos. Conforme alguns estudiosos apuraram, podemos distinguir quatro períodos na vida de Paulo:
1) do nascimento até 28 anos de idade: o judeu praticante;
2) dos 28 aos 41 anos: o convertido fervoroso;
3) dos 41 aos 53, o missionário ambulante, e
4) dos 53 até à morte, o prisioneiro amadurecido. Ficou preso dois anos em Cesareia e mais dois em Roma.
Oração: Salmo 16(15): Salmo do levita que, como Paulo, consagrou toda a sua vida a Deus
9- Eunice, Lóide e as avós e os avôs das comunidades
Na segunda carta a Timóteo, Paulo conservou os nomes da mãe e da avó de Timóteo, Eunice e Lóide (2Tm 1,5). Foram elas que transmitiram a Timóteo a fé e ensinarem a ele o amor pela Palavra de Deus (2Tm 3,14-15). Isto faz a gente se lembrar das avós e avôs dos doze apóstolos, dos 72 discípulos e discípulas, do povo das primeiras comunidades, tantos e tantas. Todos eles e elas pessoas anônimas. Mas Deus conhece e conserva os nomes. Foram estas pessoas anônimas que transmitiram a fé. Também vale a pena lembrar os homens e as mulheres que foram indicados para coordenar as comunidades e que eram chamados de presbíteros ou presbíteras, os mais velhos ou as mais velhas. Eram elas e eles que ensinavam as crianças a rezar e os jovens a cantar. Foi para eles e elas que Paulo fez aquele sermão tão bonito em Mileto (At 20,17-35). Os cânticos espalhados pelo Novo Testamento eram transmitidos por eles nas comunidades: cântico de Maria, de Zacarias, de Simeão, tantos outros.
Oração: Cântico das Comunidades sobre Jesus (Flp 2,6-11
10- Os Anawim, os pobres de Javé
No tempo de Jesus havia muitos movimentos, muitas maneiras de se viver e transmitir a fé. Cada um achando que a sua maneira de viver era melhor que a dos outros: essênios, zelotes, fariseus, saduceus, discípulos de João Batista. Todos eles esperavam o Messias Glorioso: alguns como Juiz, outros como Rei, Doutor, General ou Sumo Sacerdote. Mas havia a piedade resistente da fé dos pequenos, do povo pobre que incluía jovens e velhos, homens e mulheres, casados e solteiros. Os Anawim. Maria e tantos outros faziam parte deste grupo. Não era um grupo organizado. Era um jeito de ser e de viver sem que eles mesmos saibam como. Eles também esperavam o Messias, mas não um messias glorioso. Eles esperavam o Messias Servo, vivido por Jeremias e pelo povo pobre do cativeiro e anunciado por Isaías. Quando o anjo fez o anúncio a Maria, ela respondeu: “Eis aqui a Serva do Senhor!” Quando Jesus definiu sua missão ele disse: “Não vim para ser servido, mas para servir!” (Mc 10,45). Aprendeu da mãe.
Oração: Salmo 146(145): o salmo das oito bem-aventuranças, fonte de onde Jesus bebeu
11- A Jerusalém Celeste
É a idosa jovem noiva do Cordeiro. Ela desce do céu enfeitada para o seu noivo. Ela é bonita e superou todas as limitações das idades. Chegou ao destino da sua viagem e acolhe a todos nós. (Apc 21,1-7; 21,24-27; 22,3-5)
Oração: Canto da vitória sobre o Império neoliberal (Apc 18,1 a 19,8).
12- Jesus, o novo Adão, imagem de todos nós
Jesus morreu muito jovem. Tinha apenas 33 anos. Ressuscitado, ele não morre mais e sustenta a fé todos nós, velhos e jovens, homens e mulheres de todas as idades. Dele falamos pouco neste álbum, porque ele está em todos e em todas, ele é a raiz, o tronco, os ramos, o fruto. “Eu sou a videira, vocês são os ramos”. Falando dos outros falamos dele, de Jesus, o filho de Maria, o novo Adão. Os três títulos mais antigos de Jesus estão nesta frase do evangelho de Marcos: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar sua vida em resgate para muito“ (Mc 10,45). Filho do Homem, Servo de Deus e Libertador dos irmãos. Filho do Homem indica a humanidade e a atitude humanizadora de Jesus. Servo indica a sua abnegação total a serviço dos outros, realizando assim a profecia de Isaías. Libertador ou Goêl, indica a sua atitude de acolher os excluídos. Goêl significa parente próximo, irmão mais velho, advogado, defensor, consolador,
Em Jesus, o amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão. Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor. Foi um crescendo contínuo. A manifestação plena foi quando na Cruz ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” Por mais que quisessem, a desumanidade do sistema não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário o deixaram totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário com aqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”
Oração: Pai nosso (Mt 6,9-13).
Festa da Sagrada Família
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Dom Antonio Carlos Rossi Keller
Bispo de Frederico Westphalen (RS)
A Festa da Sagrada Família, celebrada no primeiro domingo após o Natal, nos convida a refletir sobre a importância da família na vida cristã. Este momento especial nos lembra que a família é um espaço sagrado onde a fé é vivida e transmitida. Em 2025, o Ano Santo terá como tema “Peregrinos de Esperança”, ressaltando a necessidade de vivermos a esperança em nossas famílias e comunidades, especialmente em tempos desafiadores. Este tema nos inspira a buscar a presença de Deus em nossas famílias, promovendo um ambiente de autêntico amor e compreensão, como testemunho de esperança para o mundo.
A celebração da Sagrada Família nos lembra que Jesus, Maria e José são modelos de amor, respeito e unidade familiar. Essa festa nos convida a valorizar a vida familiar como um espaço de crescimento espiritual e humano, onde a fé é vivida e transmitida. A Sagrada Família nos ensina que, apesar das dificuldades e desafios, a união e o amor são fundamentais para a construção de lares que refletem a luz de Cristo.
A 1a Leitura (Eclesiástico 3, 3-7. 14–17) destaca a importância da honra e do respeito aos pais, enfatizando que a obediência e o cuidado com a família são fundamentais para a vida em comunidade. O texto nos lembra que “quem honra seu pai terá alegria em seus filhos” (Eclesiástico 3, 6), ressaltando a promessa de bênçãos para aqueles que cuidam de seus pais. Essa passagem é um lembrete do valor da família na tradição judaico-cristã, onde o amor e o respeito são pilares essenciais para a convivência harmoniosa, através do cumprimento do 4o Mandamento da Lei de Deus.
O Salmo 128 celebra a felicidade da vida familiar e a bênção que vem de Deus. Ele destaca que aqueles que temem ao Senhor e seguem seus caminhos experimentarão a paz e a prosperidade em suas casas. A afirmação de que “feliz é todo aquele que teme ao Senhor” (Salmo 128, 1) reforça a ideia de que a fé é a base de uma família feliz, onde o amor e o respeito são cultivados diariamente.
Na 2a Leitura (Colossenses 3, 12-21) São Paulo exorta os cristãos a viverem em harmonia, praticando a compaixão, a bondade e a paciência. Ele também fala sobre o papel de cada membro da família, incentivando a submissão mútua e o amor, o que é essencial para a construção de um lar cristão. A exortação de Paulo para que “as mulheres sejam submissas a seus maridos” (Colossenses 3, 18) e que “os maridos amem suas mulheres” (Colossenses 3, 19) reflete a necessidade de um amor que se expressa em respeito e cuidado mútuo, promovendo um ambiente familiar saudável e acolhedor.
No relato do Evangelho (Lucas 2, 41-52), vemos Jesus, aos doze anos, no templo, demonstrando sua sabedoria e compreensão das coisas de Deus. A passagem nos ensina sobre a importância da educação religiosa e do diálogo familiar, além de mostrar que a busca por Deus deve ser uma prioridade na vida da família. A resposta de Jesus a Maria e José, “Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?” (Lucas 2, 49), nos convida a refletir sobre como a fé deve ser central em nossas vidas e na educação de nossos filhos.
Para viver o Ano Santo de 2025, as famílias podem:
Participar de peregrinações locais: buscar fortalecer a fé em comunidade, visitando, seja em família, seja em Comunidade, as Igrejas Jubilares da Diocese, participando das celebrações litúrgicas.
Realizar momentos de oração em família: dedicar tempo para refletir sobre a esperança em suas vidas, rezando juntos e compartilhando intenções.
Envolver-se em ações de caridade: auxiliar os necessitados e promover a solidariedade, ensinando aos filhos a importância do serviço ao próximo, levando a esperança cristã a quem muitas vezes está desesperançado.
Criar tradições familiares que celebrem a fé: Como a leitura da Bíblia em conjunto, a oração do terço em família, a participação em celebrações litúrgicas, fortalecendo os laços familiares através da espiritualidade.
A Festa da Sagrada Família e o Ano Santo de 2025 nos convidam a refletir sobre a importância da família como um espaço de esperança e fé. Ao seguirmos o exemplo de Jesus, Maria e José, podemos construir lares que sejam verdadeiros santuários de amor e esperança, contribuindo para um mundo mais justo e solidário. Que a Sagrada Família interceda por todas as famílias, para que vivam na paz e na união.
Sagrada Família: Jesus, Maria e José, cuidai de nossas famílias. Fonte: https://www.cnbb.org.br
MEDITAR NA LEI DO SENHOR E VIGIAR EM ORAÇÃO- Retiro da Ordem Terceira do Carmo
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Província Carmelitana Fluminense
Venerável Ordem Terceira do Carmo
Sodalício de Saquarema, Rio de Janeiro
Retiro. 30 de novembro-2024
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Paulo Daher
MEDITAR NA LEI DO SENHOR E VIGIAR EM ORAÇÃO
Frei Bruno Secondin O. Carm. Adaptação para Ordem Terceira, por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
Eis o grande tema carmelita: até as pessoas menos instruídas sabem que o ideal carmelitano é o da vida de oração. E em torno deste ponto focal deveriam convergir todas as outras coisas: o trabalho, a convivência familiar e as nossas opções- sejam amorosas, sociais, políticas ou religiosas- a formação espiritual, o sentido da maturidade humana e psicológica, a direção espiritual, o apostolado.
Uma tradição de conflitos e de hipocrisias: Se é grande a glória para o Carmelo neste campo – e disto ninguém duvida – é preciso também reconhecer que as hipocrisias não faltam. E também são abundantes as manipulações. A primeira hipocrisia é a de uma vida real que na verdade não parece dar esta importância à oração e à meditação assídua da Palavra, da qual nasce o vigiar nas orações.
Uma releitura das intenções originais do carisma nos ajuda a superar razões de polêmica e a reencontrar um sentido novo para esta característica do Carmelo. Na releitura nova da Regra os capítulos 10-17 formam um bloco único, e representam o modelo de Jerusalém. E, por consequência devem ser interpretados numa unidade dinâmica. Se assim fizermos, veremos bem como a Palavra ouvida e meditada na solidão floresce em oração vigilante e em louvor sálmico, mas também em partilha dos bens e dos sentimentos do coração. E tudo encontra o seu vértice na celebração eucarística, que é plenitude do que a Palavra anuncia e promete, e fermento para que a vida se transforme em koinonia e seja transfigurada na sobriedade e na solidariedade em nome da Palavra (R 17).
A oração como vigilância: Não pode ser interpretada como um tempo noturno roubado ao sono para rezar. Mas antes como uma gramática do desejo: acende-se no coração a certeza de uma presença e de um projeto, cujos contornos se procuram na práxis (louvor, partilha, páscoa diária, reconciliação, luta espiritual, ascese flexível, etc.) Mas também se propõe fazer de toda a existência uma espera vigilante, um estar de sentinela, apaixonados e implorantes. Não é, portanto, a quantidade ou o método que faz do Carmelo uma comunidade orante. Mas este coração que vibra e espera, perscruta e implora, purifica-se e põe em prática a Palavra.
Orar como Igreja e em nome da Igreja: este é na realidade o verdadeiro sentido da vocação carmelita à oração. Uma oração não de horários e de tamanho, mas de coração que ama e que implora, de paixão pelo Reino que trabalhosamente se faz luz na história. Orar como Igreja é principalmente deixar-se amar e convocar. falar ao coração e salvar por meio da Palavra e da mesa eucarística, da solidão e da corresponsabilidade, do trabalho e do silêncio, da fidelidade à sabedoria dos séculos e da abertura ao novo que vai chegando. Se relermos os nossos grandes mestres sob esta perspectiva, encontraremos muitas confirmações, mas também um convite a mudar de esquema.
Uma oração teologal e não só orações: olhando-se bem para a Regra, mas ainda para a nossa história e a nossa espiritualidade, descobrimos que a oração nunca se desprende da história, antes está entrelaçada dentro da história, impregnada de história. Reconhecemos que Deus está fazendo crescer os seus desígnios dentro da história: rezamos desde dentro da nossa experiência de Filhos, e Cristo primogênito reza conosco e em nós. Verdadeiramente rezamos antes de tudo com esta consciência, nele reconhecendo misericórdia, perdão, ternura, fidelidade. A síntese é a oração do Pai Nosso, que justamente vale tanto quanto o breviário inteiro.
Uma oração eclesial: enquanto fruto do Espírito, que anima a Igreja, conhece os seus gemidos e aspirações, e os eleva em nosso favor até onde está o Pai (Rm 8,26). Trata-se certamente de uma experiência pessoal autêntica, que nasce do coração e da interioridade, mas não se fecha sobre si mesma, exprime ao mesmo tempo a comunhão dos irmãos, dos filhos de Deus, do edifício espiritual que vai crescendo sob a guia do Espírito. Não percamos de vista a função central da capela dedicada a Maria: a oração, que nasce na interioridade de cada um, tende por sua natureza a se manifestar em expressões compartilhadas por todos, como expressão coral de uma família, de uma comunidade.
Uma oração que é via para crescimento em humanidade: retenhamos que hoje é muito importante colocar a nossa atenção sobre o dinamismo do crescimento na autoconsciência cristã através da oração e o orar. Para que todos nos demos conta de que aqui justamente está uma das grandes dificuldades da nossa oração: que ela se torne não só um problema de quantidade e de tempo, de fórmulas e de gestos, mas sobretudo de crescimento dinâmico, de maturidade global. A Regra propõe-nos uma experiência unificada e unificante com o mistério da salvação, que se realiza no tempo e caminha para a plenitude do Reino escatológico. O escopo final é uma existência transfigurada, em que tudo vem à luz em síntese: Se, pelo contrário, a nossa preocupação é a de ensinar as descrições metodológica e psicológicas dos nossos mestres, nós nunca formaremos orantes de coração vigilante.
A palavra é uma lâmpada para os nossos passos [cf. Sl 118 (119) 105]. Queremos completar esta nossa exposição mais uma vez com um texto bíblico, que talvez raramente tenhamos lido. São alguns versículos do Sirácide 35,9-18. Limito-me a algumas anotações para ajudar na interpretação.
A hipocrisia do culto sem justiça: não se pode separar o culto a Deus do modo de viver, seguindo uma moral dupla. Deus não se deixa enganar pelas aparências quando se oferece os frutos de ações perversas. Não basta rezar pessoalmente com intensidade, é preciso saber distinguir a desonestidade em tantas situações e não concordar com a hipocrisia.
O semblante alegre , com ânimo bem disposto: não há verdadeiro diálogo com Deus se não existe amor e alegria ao fazê-lo, desejo de encontrá-lo. No constrangimento e no medo não floresce verdadeira oração. Mas a alegria nasce também da resposta de Deus, gratuita e generosa. “Bela é a misericórdia no tempo da aflição: é como nuvens que trazem a chuva no tempo da seca (Sr 35,24)”.
Deus ouve a prece do oprimido: A Escritura toda no-lo testemunha. Deus conhece e escuta a súplica e o desabafo. Quer dizer que é lícito desabafar-se e gritar; mas também que aquele que ama a Deus deve aguçar os próprios ouvidos e abrir o próprio coração para escutar como Deus e a reagir como Ele, “restabelecendo a equidade”.
Rezar com o corpo: Notemos a ênfase corpórea deste modo de orar. Reforça o sentido da luta, da fadiga, da solidão; é também expressão de uma fé tenaz e confiante. É o corpo todo e a vida que se fazem oração; não é apenas um dizer orações de qualquer maneira.
Caminho de crescimento: Seja para quem implora e desafia as nuvens para se fazer escutar , seja para a história da humanidade, a oração do humilde torna-se graça que abala as injustiças e faz realizar a justiça e a misericórdia. Bartolomeu de las Casas foi justamente lendo este texto que se converteu de clérigo conquistador em profeta dos oprimidos.
Para meditar e orar
1-Nós, Sodalício da Ordem Terceira do Carmo de Saquarema, estamos convencidos de que devemos repensar o sentido da nossa vocação para a oração?
2- Segundo Frei Tito Brandsma- Santo Carmelita, “A oração é vida, não um oásis no deserto da vida”. Como tornar-se Igreja orante e não só fazer orações?
3- Impossível ser um homem e uma mulher de oração da Ordem Terceira do Carmo e fechar os olhos para a pobreza, as Guerras e as diversas injustiças sociais do Brasil e do mundo. Como crescer em humanidade e solidariedade rezando?
O Silêncio no Carmelo
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
A simplicidade falou, o amor foi escutar, era a brisa do Carmelo, com o Profeta a contemplar.
1- Zelo zelatus sum, pro Domino Deo exercituum/ Eu me consumo de zelo, dia e de noite, pelo Senhor (bia)
2- No barulho da grande cidade, na agitação do metrô/ Quem caminha sem o silêncio, jamais encontra, o meu Senhor. (bis)
3-Tem gente que grita aqui, fala alto em todo lugar/ Esse não é o carmelita, aqui o silêncio veio habitar. (bis)
4-Deus não está surdo, não adianta jamais gritar/ Ele ouve a nossa prece, atende o clamor, do pobre a chorar. (bis)
5-No rádio e na tv, no jornal ou no celular/São palavras e mais palavras, e o vazio, sempre a reinar. (bis)
6- Com Teresa e Teresinha, eu quero silenciar/ Com Madalena de Pazzi, buscando essa paz, eu vou me encontrar. (bis)
O novo ano litúrgico: um caminho de fé e esperança
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Com o início do Tempo do Advento, a Igreja celebra o início de um novo Ano Litúrgico, um ciclo espiritual que nos convida a mergulhar novamente no mistério de Cristo. Este tempo, estruturado em diversas épocas e celebrações, é um itinerário de fé que guia os cristãos na vivência dos mistérios da encarnação, paixão, morte e ressurreição de Jesus.
O Ano Litúrgico não é apenas uma organização cronológica, mas uma proposta espiritual que orienta os fiéis a caminharem com Cristo, renovando a fé, fortalecendo a esperança e intensificando a caridade. Vamos refletir sobre a riqueza desse novo tempo e como ele pode transformar nossa vida espiritual.
O Ciclo Litúrgico: Estrutura e Significado
O Ano Litúrgico é dividido em três grandes ciclos: o Ciclo do Natal, o Ciclo da Páscoa e o Tempo Comum. Cada ciclo nos convida a contemplar diferentes aspectos da vida de Cristo e a aprofundar nossa relação com Ele.
1.Tempo do Advento e Natal:
O Advento marca o início do Ano Litúrgico, com suas quatro semanas de preparação para a celebração do nascimento de Jesus. É um tempo de espera e esperança, de vigilância e conversão. O Natal, por sua vez, celebra o mistério da encarnação, quando Deus se fez homem e habitou entre nós (Jo 1,14).
2.Tempo da Quaresma e Páscoa:
Após o Tempo Comum inicial, a Quaresma é um período de preparação para o ponto culminante do Ano Litúrgico: a Páscoa. Este tempo nos convida à penitência, oração e caridade, conduzindo-nos à celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo, o coração da nossa fé.
3.Tempo Comum:
O Tempo Comum é dividido em duas partes e ocupa a maior parte do Ano Litúrgico. É o tempo de aprofundar o seguimento de Jesus no cotidiano, refletindo sobre sua vida, suas palavras e seus ensinamentos, especialmente por meio dos Evangelhos dominicais.
O Evangelista do Ano C
No Ano Litúrgico C, que se inicia, somos conduzidos pelo Evangelho de São Lucas. Este evangelista destaca a misericórdia de Deus, a universalidade da salvação e a alegria de viver o Evangelho. Lucas nos apresenta um Jesus compassivo, que acolhe os marginalizados, exalta os humildes e revela o amor infinito de Deus por toda a humanidade.
Um Caminho de Conversão e Esperança
Cada Ano Litúrgico é um convite à conversão. Ele nos recorda que a nossa vida é uma peregrinação rumo à casa do Pai, onde Cristo nos espera. A repetição dos ciclos litúrgicos não é uma simples rotina, mas uma oportunidade de aprofundar nossa fé e caminhar com mais firmeza no discipulado.
Além disso, o Ano Litúrgico nos insere na comunhão com toda a Igreja, que celebra os mesmos mistérios em todos os cantos do mundo. Por meio da liturgia, somos chamados a viver a unidade do Corpo de Cristo e a testemunhar a fé em nosso dia a dia.
Como Viver Bem o Novo Ano Litúrgico
Para aproveitar ao máximo a riqueza espiritual do Ano Litúrgico, algumas atitudes podem ser cultivadas:
- Participação ativa na liturgia: A Missa dominical é o centro da vida cristã. Participar com atenção e devoção nos conecta profundamente com o mistério de Cristo.
- Leitura e meditação das Escrituras: Os textos litúrgicos são uma fonte rica de espiritualidade. Reservar tempo para meditar sobre as leituras dominicais ajuda a vivê-las mais intensamente.
- Compromisso com a oração e a caridade: O Ano Litúrgico nos chama a intensificar nossa vida de oração e a praticar o amor ao próximo, seguindo o exemplo de Cristo.
Conclusão
O início de um novo Ano Litúrgico é uma oportunidade para renovarmos nosso compromisso de viver como discípulos de Jesus. Cada tempo e celebração nos oferece um caminho de encontro com o Senhor, permitindo que sua graça transforme nossas vidas.
Que este novo ano seja, para cada um de nós, um tempo de crescimento na fé, de perseverança na esperança e na vivência concreta da caridade. Que, ao longo deste ciclo, possamos dizer com alegria: “Fica conosco, Senhor” (Lc 24,29), e caminhar com Ele rumo à plenitude do Reino de Deus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Desafios no combate ao discurso de ódio online
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Tanto usuários quanto provedores têm a ganhar com um sistema claro e eficiente de resolução e moderação de conflitos na internet e de reparação civil
Por Rony Vainzof e Fernando Lottenberg
O Marco Civil da Internet (MCI), de 2014, seguiu tendência das últimas décadas, isentando as redes sociais de responsabilidade pelo conteúdo gerado por terceiros, exceto em casos de pornografia não autorizada, violação de direitos autorais e descumprimento de ordens judiciais para remoção de conteúdo.
Porém, mais de dez anos após a vigência do MCI, o aumento do discurso de ódio e da desinformação online, somado ao papel central das redes sociais na comunicação pública, revela a necessidade de maior responsabilidade dessas plataformas na moderação de conteúdo, por mais difícil que seja a tarefa.
Atualmente, tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) dois casos paradigmáticos com repercussão geral envolvendo o tema. Um no sentido de o provedor de internet fiscalizar o conteúdo publicado e retirá-lo do ar quando considerado ofensivo, sem intervenção do Judiciário, e o outro discutindo a necessidade de ordem judicial de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil de provedor, por danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.
Fato é que as redes sociais desempenham papel crucial nesse debate, pois é nelas que ocorrem muitos dos incidentes envolvendo discurso de ódio. Essas plataformas são frequentemente obrigadas a decidir se mantêm ou não conteúdos e perfis acusados de propagar ódio. Além disso, elas vêm desenvolvendo diretrizes internas para orientar a remoção de conteúdos e punir perfis com base nos seus próprios termos de uso.
Existem basicamente duas camadas para a moderação de conteúdo online nas redes sociais: filtragem prévia e tratamento do conteúdo após denúncia. Para ambas as situações, em que pese as redes sociais não dependerem de ordem judicial para realizarem a moderação, ao menos no recorte antissemitismo, os números do discurso de ódio são alarmantes: desde o ataque do Hamas contra Israel, em 7/10/2023, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) constatou mais de 96 mil menções antissemitas nas redes sociais no Brasil, com o alcance potencial de mais de 93 milhões de visualizações.
Antes do Marco Civil, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) adotava postura rigorosa, no sentido de coibir a divulgação de conteúdos depreciativos e aviltantes de forma célere. Uma vez notificada de que determinado conteúdo era ilícito, a rede social deveria retirá-lo do ar no prazo de 24 horas, sob pena de responder solidariamente com o autor direto do dano, em virtude de omissão (Recurso Especial n.º 1.323.754, de 19/2/2012).
São diversas as normas e decisões internacionais impondo às plataformas a necessidade de adotarem o devido processo informacional na moderação de conteúdo, tais como: o Digital Millennium Copyright Act (EUA), o Direito ao Esquecimento (União Europeia), a NetzDG (Alemanha) e o Digital Services Act (União Europeia).
Não se trata de tornar ilegais discursos anteriormente lícitos, mas da obrigação de estabelecer regime de responsabilidade e conformidade para o gerenciamento de conteúdo nocivo, nos seguintes termos:
- Crimes tipificados criminalmente, como racismo, terrorismo, instigação a suicídio, violência contra mulher, ilícitos contra crianças e adolescentes, devem ser tratados e removidos em até 24 horas pelas plataformas que moderam conteúdos;
- No caso de subjetividade do conteúdo apontado como ilícito (“ilegalidade não óbvia” da lista de crimes), as plataformas devem adotar medidas para avaliar o caso com maior profundidade e ter mais prazo até tomarem uma decisão;
- Em casos de extrema complexidade, terem prazo ainda maior e utilizarem consultores e entidades externas para ajudarem na avaliação;
- Devem também adotar medidas para limitação de alcance do conteúdo; vedação de utilização de contas inautênticas para práticas nocivas; avisos sobre a sensibilidade de determinados conteúdos; desestímulo financeiro, impedindo a monetização, suspendendo ou cancelando contas que servem para atividades ilícitas, entre outras medidas.
Essas ações devem ser transparentes, com as plataformas divulgando periodicamente os dados e critérios utilizados na moderação de conteúdo. A transparência é essencial, tanto para o combate ao discurso de ódio quanto para a preservação da liberdade de expressão. A informação transparente ao cidadão sobre quais são os critérios decisórios é uma garantia contra o arbítrio e a seletividade e um instrumento poderoso para a fiscalização da coerência na moderação de conteúdo.
O STF tem uma excelente oportunidade de regular a responsabilização das redes sociais de acordo com as suas atividades (Artigo 3.º, inciso VI, do MCI), gerando o combate mais efetivo ao discurso de ódio e com maior segurança jurídica aos provedores de aplicações, ao delimitar quais conteúdos estariam abarcados na inconstitucionalidade do artigo 19 do MCI, além de determinar maior transparência.
Regulação não é inimiga dos direitos. Tanto usuários quanto provedores têm a ganhar com um sistema claro e eficiente de resolução e moderação de conflitos online e de reparação civil. Fonte: https://www.estadao.com.br
*SÃO, RESPECTIVAMENTE, ADVOGADO, SECRETÁRIO DA CONIB; E COMISSÁRIO DA OEA PARA O MONITORAMENTO E COMBATE AO ANTISSEMITISMO
Francisco: confiar no Evangelho para não viver com a angústia da morte
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No Angelus, o Papa recorda que, nas tribulações, nas crises, nos fracassos, é preciso olhar para a vida e para a história sem medo de perder o que acaba, mas com alegria pelo que permanece. A dor causada por guerras, violência, desastres naturais, pode nos ensinar a não nos apegarmos às coisas do mundo que inevitavelmente são destinadas a desaparecer. Tudo morre, mas “não perderemos nada do que construímos e amamos”.
Antonella Palermo - Vatican News
Na reflexão do Angelus deste domingo, 17 de novembro, o Papa Francisco se detém sobre o que passa e o que permanece. Todas as realidades deste mundo estão destinadas a passar, o que permanecerá será o amor do qual teremos sido capazes.
Não se apegar ao que passa
Francisco comenta as leituras do dia, convidando-nos a superar o apego às coisas terrenas: crises e fracassos, ou a dor causada por guerras, violência, desastres naturais, que não podem e não devem nos mergulhar na desolação. A sensação de que tudo está chegando ao fim é apenas uma sensação, parece dizer o Papa, “sentimos que até as coisas mais belas passam”.
As crises e os fracassos, no entanto, embora dolorosos, são importantes, pois nos ensinam a dar a tudo o devido peso, a não prender o coração às realidades deste mundo, porque elas passarão: estão destinadas a passar.
Tudo morre, não o que construímos e amamos
O convite do Papa é para viver de acordo com a promessa de eternidade e ressurreição do Evangelho. É isso que torna possível “não viver mais sob a angústia da morte”.
Tudo morre e nós também morreremos um dia, mas não perderemos nada do que construímos e amamos, porque a morte será o início de uma nova vida. Irmãos e irmãs, mesmo nas tribulações, nas crises, nos fracassos, o Evangelho nos convida a olhar a vida e a história sem medo de perder o que acaba, mas com alegria pelo que permanece: não nos esqueçamos que Deus prepara para nós um futuro de vida e alegria. Fonte: https://www.vaticannews.va
Apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, morre em acidente de moto
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Religioso tinha 52 anos e criou igreja conhecida por atrair famosos
O apóstolo Rina, fundador da igreja Bola de Neve, que morreu neste domingo (17) - @ap_rinaoficial no Instagram/Instagram
São Paulo
Rinaldo Luiz de Seixas Pereira, o apóstolo Rina, fundador da Bola de Neve Church, morreu neste domingo (17) num acidente de moto em Campinas (SP). Ele tinha 52 anos.
A informação foi confirmada à Folha por Eduardo Tuma, presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e presbítero na igreja.
Segundo a assessoria da Bola de Neve, Rina passeava de moto pelo interior do estado quando sofreu o acidente, que lhe provocou múltiplas fraturas. Ele voltava de um culto e estava com o grupo Pregadores do Asfalto, o motoclube de sua igreja. Deixa quatro filhos.
Formado em propaganda e marketing, o líder evangélico fundou na virada do século a igreja que tem como marca uma prancha de surfe no púlpito. Dizia que assim a batizou por estar fundando um movimento que começaria como uma bola de neve até virar uma avalanche.
Filho de evangélicos, ele contava que sua fé cresceu após uma hepatite que o fez sofrer dores fortes e "constatar a existência real do inferno".
Ele estava afastado da liderança da igreja nos últimos meses, após ser acusado pela esposa, a também pastora Denise Seixas, de violência doméstica. Rina era investigado em inquérito policial sob suspeita de "ameaça, difamação, injúria, lesão corporal, falsidade ideológica e violência psicológica contra a mulher".
Nas redes sociais, ainda se declarava casado com Denise. Ela chegou a conseguir uma medida protetiva de urgência contra o marido, que teve uma arma apreendida pela Justiça após a denúncia.
Antes de criar a Bola de Neve, ele frequentou a Igreja Batista e liderou o Ministério de Evangelismo da Renascer em Cristo. Apóstolo da Renascer, Estevam Hernandes define Rina como "um filho na fé, um servo de Deus que produziu grandes frutos e deixa um grande legado de vida".
A Bola de Neve é popular sobretudo entre crentes jovens. Tem bateria de Carnaval (a Batucada Abençoada), Ministério de Lutas (como jiu-jitsu) e um dresscode que pouco lembra o visual conservador associado a igrejas mais tradicionais. As primeiras reuniões, ainda nos anos 1990, aconteciam numa loja que vendia artigos de surfe, daí adotar uma prancha como púlpito. Rina gostava de surfar.
"Falávamos de Deus, mas também surfávamos", Rina uma vez disse sobre a origem da sua igreja. "Não éramos uns ETs. Pensamos em algo que começasse pequeno e depois poderia crescer. E Bola de Neve se encaixou, traz um pouco da essência do que é a igreja. É irreverente e não associa logo à religião, a coisa formal. Nosso público já tem muita formalidade em suas vidas e quer ir para a igreja do jeito que ele é, sem precisar representar nada."
A igreja chegou a atrair celebridades convertidas como o surfista Gabriel Medina, a modelo Sasha Meneghel e seu marido, o cantor gospel João Figueiredo, e Rodolfo Abrantes, ex-vocalista da banda Raimundos.
Em vídeo postado na internet, Rodolfo afirmou em maio que sofreu abusos emocionais quando era membro de uma Bola de Neve em Balneário Camboriú (SC), uma relação que chamou de "abusiva e opressora". Desligou-se dela há 13 anos.
"Fico muito triste com tudo que está acontecendo pois, mais uma vez, homens, em nome de Jesus, o representam mal", afirmou após vir à tona a acusação de violência doméstica contra Rina.
O pastor Silas Malafaia vê "calúnias sérias e difamações vergonhosas" contra Rina, a quem tinha como "um grande amigo" que "liderava uma igreja moderna, mas sem abrir mão dos fundamentos do Evangelho".
Em 2021, Rina deu uma entrevista à Folha para defender que templos religiosos continuassem abertos em meio à pandemia da Covid-19, a despeito do isolamento recomendado para brecar o avanço do vírus. Falou então em "saúde espiritual em tempos de desesperança".
No ano seguinte, fez campanha pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL). "A adesão à candidatura, entre líderes cristãos, foi espontânea e natural", disse ao jornal. Achava bom ter "um candidato realmente de direita" na disputa, que acabou vencida por Lula (PT). Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Ordem Terceira do Carmo: Regional Sul de Minas Gerais
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Investigado no inquérito da trama golpista, padre disse à PF que foi ao Planalto prestar 'apoio espiritual' a Bolsonaro
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Religioso negou que tenha participado de qualquer reunião com conotação política
O padre José Eduardo de Oliveira e Silva — Foto: Reprodução
— Brasília
Investigado no inquérito sobre a suposta trama golpista, o padre José Eduardo de Oliveira Silva afirmou à Polícia Federal que se encontrou com o ex-presidente Jair Bolsonaro no fim de 2022 para prestar "apoio espiritual" a ele. O religioso negou ter participado de qualquer reunião no Palácio do Planalto com conotação política ou que tenha sido discutida a minuta golpista. A oitiva ocorreu nesta quinta-feira.
O padre foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis que mirou as pessoas investigadas por planejarem uma tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, assim, manter Bolsonaro no poder. Em nota, a defesa de Silva afirmou que a menção dele no inquérito é um "equívoco".
"Reiterou-se e ficou claro que o padre nunca participou de qualquer reunião nem colaborou na redação de qualquer documento que visasse favorecer uma ruptura institucional no país", diz o texto assinado pelo advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal.
O religioso já havia prestado atendimento espiritual a Bolsonaro, quando ele levou uma facada no abdômen durante a campanha eleitoral de 2018. No fim de 2022, após a derrota eleitoral para Lula, o ex-presidente estava sofrendo de uma erisipela aguda - o que o teria leva a ser chamado de novo ao Planalto.
Nesse mesmo período, a PF aponta que o ex-presidente passou a se reunir com seus auxiliares nos Palácios do Planalto e Alvorada para discutir alternativas para ele se manter como presidente e impedir a transmissão do cargo a Lula. Entre as propostas, segundo as investigações, estavam a decretação do estado de sítio, prisão de autoridades e realização de novas eleições.
Em sua delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, citou a presença de um padre em algumas dessas reuniões.
Além do padre, a PF ouviu nesta semana o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin); quatro coronéis, um general e um engenheiro. Os depoimentos fazem parte da reta final do inquérito sobre a suposta trama golpista, que deve ser concluído com o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ramagem afirmou à PF não se recordar de discussões sobre um plano de golpe. E a maioria dos militares recorreu ao direito de ficar em silêncio.
A defesa do religioso se queixou de que a PF "vasculhou conversas do sacerdote com fiéis" que são protegidas pelo "sigilo sacerdotal". "É um precedente imenso em nosso país que não pode ser ignorado. Não bastasse tanto, além da garantia constitucional de liberdade religiosa, são diversos os artigos legais que garantem ao sacerdote e ao fiel manter o total sigilo da conversa havida entre eles", afirmou o advogado. Fonte: https://oglobo.globo.com
Francisco: somos peregrinos, caminhar nos aproxima de Deus e da vida dos outros
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Publicamos o texto integral do prefácio de Francisco ao livro “A fé é uma viagem”, antologia das meditações do Pontífice para viajantes e peregrinos publicada pela Livraria Editora Vaticana em vista do Jubileu.
Papa Francisco
Quando eu era padre em Buenos Aires, e mantive esse hábito mesmo como bispo em minha cidade de origem, amava ir a pé aos vários bairros para visitar os confrades sacerdotes, visitar uma comunidade religiosa ou conversar com amigos. Caminhar faz bem: nos coloca em relação com o que está acontecendo ao nosso redor, nos faz descobrir sons, cheiros, ruídos da realidade que nos circunda, enfim, nos aproxima da vida dos outros.
Caminhar é não ficar parado: crer significa ter dentro de si uma inquietação que nos leva a um “mais”, a mais um passo a frente, a uma altura a alcançar hoje, sabendo que amanhã o caminho nos levará mais longe - ou mais em profundidade, na nossa relação com Deus, que é exatamente como a relação com a pessoa amada da nossa vida, ou entre amigos: nunca terminado, nunca dado como certo, nunca satisfeito, sempre em busca, ainda não satisfatório. É impossível dizer com Deus: “Está feito, está tudo bem, basta”.
Por esta razão, o Jubileu de 2025, junto com a dimensão essencial da esperança, deve levar-nos a uma consciência cada vez maior de que a fé é uma peregrinação e que nós, nesta terra, somos peregrinos. Não turistas ou andarilhos: não nos movemos ao acaso, existencialmente falando. Somos peregrinos. O peregrino vive o seu caminho sob a bandeira de três palavras-chave: risco, esforço e meta.
O risco. Hoje em dia, achamos difícil entender o que significava para os cristãos do passado fazer uma peregrinação, acostumados como estamos com a rapidez e a comodidade de nossas viagens de avião ou trem. No entanto, sair para a estrada mil anos atrás significava correr o risco de nunca mais voltar para casa por causa dos muitos perigos que se poderia encontrar nas várias rotas. A fé de quem decidia partir era mais forte do que qualquer medo: os peregrinos de antigamente nos ensinam essa confiança no Deus que os chamou para colocar-se a caminho em direção ao túmulo dos Apóstolos, à Terra Santa ou a um santuário. Nós também pedimos ao Senhor para ter uma pequena porção dessa fé, para aceitar o risco de nos abandonarmos à sua vontade, sabendo que ela é a de um bom Pai que deseja dar a seus filhos somente o que lhes convém.
Esforço. Caminhar, na verdade, significa esforço. Isso é bem conhecido pelos muitos peregrinos que hoje voltaram a frequentar as antigas rotas de peregrinação: penso na rota de Santiago de Compostela, na Via Francigena e nos vários Caminhos que surgiram na Itália, que lembram alguns dos santos ou testemunhas mais conhecidas (São Francisco, Santo Tomás, mas também pe. Tonino Bello) graças a uma sinergia positiva entre instituições públicas e organismos religiosos. Caminhar envolve o esforço de acordar cedo, preparar uma mochila com o essencial, comer algo frugal. E depois os pés que doem, a sede que se torna pungente, especialmente nos dias ensolarados de verão. Mas esse esforço é recompensado pelos muitos dons que o caminhante encontra ao longo do caminho: a beleza da criação, a doçura da arte, a hospitalidade das pessoas. Quem faz uma peregrinação a pé - e muitos podem testemunhar isso - recebe muito mais do que o esforço realizado: estabelece belos vínculos com as pessoas que encontra ao longo do caminho, vive momentos de autêntico silêncio e de fecunda interioridade que a vida frenética de nosso tempo muitas vezes torna impossível, compreende o valor do essencial em vez do brilho de ter tudo o que é supérfluo, mas faltar o necessário.
A meta. Caminhar como peregrinos significa que temos um ponto de chegada, que o nosso movimento tem uma direção, um objetivo. Caminhar é ter uma meta, não estar à mercê do acaso: quem caminha tem uma direção, não gira em círculos, sabe para onde ir, não perde tempo vagueando de um lado para o outro. Por isso recordei várias vezes quão semelhantes são o ato de caminhar e o de ser fiel: quem tem Deus no coração recebeu o dom de uma estrela polar para a qual seguir - o amor que recebemos de Deus é a razão do amor que temos para oferecer às outras pessoas.
Deus é a nossa meta: mas não podemos alcançá-lo como chegamos a um santuário ou a uma basílica. E de fato, como bem sabe quem já fez peregrinações a pé, chegar finalmente à meta almejada - penso na Catedral de Chartres, que há muito é alvo de um renascimento em termos de peregrinações graças à iniciativa, que remonta a um século atrás, do poeta Charles Péguy – não significa sentir-se satisfeito: ou melhor, se externamente se sabe bem que chegou, internamente existe a consciência de que o caminho não acabou. Porque Deus é exatamente assim: uma meta que nos empurra mais longe, uma meta que nos chama continuamente a prosseguir, porque é sempre maior do que a ideia que temos dele. O próprio Deus nos explicou isso através do profeta Isaías: «Tanto quanto o céu está acima da terra, assim os meus caminhos estão acima dos caminhos de vocês, e os meus projetos estão acima dos seus projetos» (Is 55,9). Com Deus nunca podemos dizer que alcançamos, a Deus nunca chegamos: estamos sempre em movimento, permanecemos sempre em busca dele. Este caminhar rumo a Deus oferece-nos a certeza inebriante de que Ele nos espera para nos doar a sua consolação e a sua graça. Fonte: https://www.vaticannews.va
Cidade do Vaticano, 2 de outubro de 2024
Pobres viraram à direita porque religião os acolhe na humilhação, diz Jessé Souza
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Sociólogo lança livro que analisa guinada conservadora das classes mais baixas e diz que esquerda ignora a vida moral
Jessé Souza, autor de livros como 'A Elite do Atraso' e 'Classe Média no Espelho' - Marcus Steinmeyer/UOL/Folhapress
Lisboa "O Pobre de Direita", novo livro do sociólogo Jessé Souza, foi escrito antes das eleições municipais, mas é uma leitura útil para entender um fenômeno que se verificou nas urnas: a virada à direita do eleitor brasileiro, que se situa majoritariamente nas classes C, D e E da pirâmide social.
"Comecei a pesquisar o assunto porque as duas explicações que existiam não me satisfazem", disse Souza à Folha em Lisboa, onde esteve para lançar seu livro. "A primeira é a do minion, do gado, que é o estereótipo do senso comum. A segunda resposta, mais acadêmica, é a de que o pobre tem uma cabeça conservadora por causa da religião, como se fosse uma coisa intrínseca a ele. A pergunta que ninguém fez é: por que a pessoa escolhe justamente aquela religião entre tantas possíveis?"
A hipótese de Souza, ancorada em dezenas de entrevistas que ocupam metade do livro, é que existe entre os brasileiros das classes populares uma necessidade de reconhecimento e autoestima.
"Trata-se de alguém que é humilhado cotidianamente, tanto que a depressão e o alcoolismo são doenças recorrentes entre as classes populares. A religião evangélica traz isso para o pobre, ele deixa de ser humilhado e passa a ser ouvido."
Para Souza, esse é um fator de escolha de candidatos pouco explorado pelos cientistas políticos. "Existe uma moralidade, uma ética social compartilhada, não necessariamente articulada e consciente —aliás, quase nunca é articulada e consciente— que comanda o pensamento das pessoas."
A ideia de que "as pessoas têm como razão última de sua ação social a dimensão moral", como Souza escreve no livro, é retirada da obra do pensador alemão Georg Friedrich Hegel, principal referência filosófica do estudo.
Em sua pesquisa, Souza foi a campo em busca de brasileiros que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. As entrevistas excluíram os ricos e a classe média —contingente que, em suas estimativas, soma 20% da população.
"Não peguei ninguém da classe média —a não ser da classe média descendente, que é muito importante, esse pessoal todo vota no Bolsonaro— porque são muito poucos, não elegem ninguém. Quem ganha a eleição são os outros 80%. São esses que você precisa explicar."
Para isso, Souza recorre a um recorte regional e racial, baseado num mergulho em dados do censo. "A situação do negro pobre é muito pior que a do branco pobre. É como se o branco pobre estivesse com água até o pescoço, e o negro estivesse com o rosto todo dentro da água. É aí que a igreja evangélica pega, puxa pelos cabelos e diz, ‘respira, irmão’", afirma.
"O negro no Brasil sabe que tem uma polícia que vai persegui-lo, que ele pode ser morto a troco de nada à noite. É uma situação muito pior que a do branco pobre."
Grande parte desses eleitores votava na esquerda no passado e agora vota na direita. O que mudou? "Quando existia a Teologia da Libertação, houve um encontro no PT entre a organização de massas trabalhadoras —de modo autônomo pela primeira vez no país—, mas ao mesmo tempo com uma linguagem que chegava ao pobre através da Igreja Católica."
"A concepção liberal da sociedade é parecida com a concepção marxista no sentido de que se preocupam principalmente com questões materiais", afirma o sociólogo. "Não veem que a vida moral, a vida simbólica, pode ser o dado mais importante."
Para Souza, há outras formas de atingir esses eleitores sem recorrer à religiosidade. "Getúlio Vargas, por exemplo, tinha uma mensagem política de valorização da dignidade do povo. O problema não é apenas que a esquerda atual não sabe fazer isso. Minha impressão é que nem estão tentando."
"O que acho importante é perceber o que poucos percebem, a carência simbólica, ou seja, a necessidade moral de superar uma situação de humilhação que é intragável para qualquer ser humano", diz o sociólogo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
TERESA, JOÃO E A ESPIRITUALIDADE CARMELITANA
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Na vida e nos escritos de Teresa e de João, vemos que a vida espiritual não está dissociada da vida real. A espiritualidade carmelitana, com suas raízes na Regra e na experiência dos eremitas no Monte Carmelo, deu origem a muitos movimentos nos 800 anos de sua existência. A maioria desses movimentos enfatizou a contemplação e Teresa e João são autoridades renomadas nesta área. Os dois falam da possibilidade de experimentar o divino e do caminho que deve ser seguido rumo à oração.
Teresa e João faziam parte de um amplo movimento, mais forte na Espanha, que enfatizava a chamada “oração intelectual”. Sabemos que surgiram todos os tipos de problemas com este movimento e que isso incluiu a Inquisição. Ocasionalmente, Teresa e João eram denunciados a este órgão por seus inimigos mas nada sério veio das acusações, embora os dois tivessem que ser cautelosos. Apesar dos perigos, Teresa e João não podiam ignorar o chamado. Eles estavam respondendo com seus corações Àquele que os amava. A definição de Teresa de oração intelectual era muito simples e, ao mesmo tempo, muito profunda: “não é nada mais do que uma partilha íntima entre amigos; significa dedicar freqüentemente um tempo para estar a sós com Ele, aquele que sabemos que nos ama” (Vida 8,5). João escreve: “Aquele que foge da oração, foge de tudo que é bom” (Outras Máximas, 11).
Através da história da Ordem, é inquestionável que a contemplação sempre foi compreendida como o coração do carisma carmelitano. O Institutio Primorum Monachorum, que por centenas de anos foi o documento de formação para todos os jovens carmelitanos, diz: “O objetivo desta vida é duplo: Uma parte adquirimos através de nossos próprios esforços e pelo exercício das virtudes, com a ajuda da graça divina. Significa oferecer a Deus um coração que é sagrado e puro da verdadeira mancha do pecado. Alcançamos este objetivo quando somos perfeitos e ‘no Carit’, isto é, escondidos naquela caridade que o Homem Sábio cita, ‘O amor cobre ofensas’ (Pr 10,12). ... O outro objetivo da vida nos é dado como dom gratuito de Deus; ou seja, não apenas após a morte mas nesta vida mortal, para saborear algo no coração e experimentar na mente o poder da presença divina e a doçura da glória celestial” (Livro 1, cap. 3).
Santa Teresa e São João da Cruz foram bem formados na tradição carmelitana e lembraram a Ordem de sua inspiração inicial, como o fizeram todas as outras reformas através da história da Ordem. Ocasionalmente a Contemplação foi definida de diferentes maneiras e essas formas de compreendê-la estiveram mais ou menos em contato com a realidade das vidas dos verdadeiros carmelitanos. Na atual apresentação do carisma carmelitano, a Ordem diz o seguinte: “Os carmelitas buscam viver sua obediência a Jesus Cristo pelo compromisso de buscar a face do Deus vivo (a dimensão contemplativa da vida), pela fraternidade e pelo serviço no meio do povo” (Const. 14). Outro artigo da Constituição diz: “A tradição da Ordem sempre interpretou a Regra e o carisma fundador como expressões da dimensão contemplativa da vida e os grandes mestres espirituais da Família Carmelitana sempre retornaram a esta vocação contemplativa” (Const. 17). O mesmo artigo das Constituições assim descreve a contemplação: “uma experiência transformadora do irresistível amor de Deus. Esse amor nos esvazia de nossos modos humanos limitados e imperfeitos de pensar, amar e comportar-se, transformando-os em modos divinos” (Const. 17).
A Ratio esclarece o papel da contemplação no carisma da Ordem: A dimensão contemplativa não é meramente aquela dos elementos de nosso carisma (oração, fraternidade e serviço): é o elemento dinâmico que os unifica.
Na oração nos abrimos para Deus, que, por sua ação, nos transforma gradualmente através de todos os grandes e pequenos eventos de nossas vidas. Esse processo de transformação permite que participemos e experimentemos relacionamentos fraternos autênticos; nos coloca prontos para servir, capazes de compaixão e de solidariedade, e nos dá a capacidade de colocar diante do Pai as aspirações, as angústias, as esperanças e as súplicas do povo.
A fraternidade é o campo de provas da autenticidade da transformação que está acontecendo dentro de nós (Ratio 23). A Ratio continua: Através dessa transformação gradual e contínua em Cristo, que se realiza em nós pelo Espírito, Deus nos leva para si mesmo numa jornada interior que nos tira das margens dispersivas da vida para o âmago interior de nosso ser, onde ele vive e nos une a si mesmo.
O processo interior que leva ao desenvolvimento da dimensão contemplativa nos ajuda a adquirir uma atitude de abertura à presença de Deus na vida, nos ensina a ver o mundo com os olhos de Deus e nos inspira a buscar, reconhecer, amar e servir a Deus naqueles que estão ao nosso redor (Ratio 24).
Algumas pessoas vêem dificuldades entre o modo como as Constituições e a Ratio compreendem o carisma. Eu, pessoalmente, não vejo. O deserto foi usado muitas vezes como eufemismo para a jornada da contemplação (cf. Living Flame B, 3,38).
Papa: Maria nos precede no caminho rumo à união definitiva com o Senhor
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Nesta quinta-feira, 15 de agosto, dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, celebrada no Brasil no próximo domingo (18/08), o Papa Francisco refletiu durante a oração mariana do Angelus sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Segundo o Pontífice, essa é "uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir desse momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino".
Thulio Fonseca - Vatican News
“Hoje celebramos a Solenidade da Assunção da Virgem Maria e contemplamos a jovem de Nazaré que, assim que recebeu o anúncio do Anjo, partiu em visita à sua prima Isabel.”
Como destacou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus nesta quinta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, uma festa litúrgica que, no Brasil, será comemorada no próximo domingo, 18/08.
Maria está sempre a caminho
Ao refletir sobre o Evangelho da liturgia proposto para esta Solenidade (Lc 1,39-56), o Pontífice destacou a expressão “partiu”. Segundo Francisco, isso significa que Maria não considerou um privilégio a notícia que recebeu do Anjo, mas, ao contrário, saiu de casa e se pôs a caminho com a pressa de quem deseja anunciar essa alegria aos outros e com a preocupação de se colocar ao serviço de sua prima.
“Essa primeira viagem, na realidade, é uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir desse momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino. E, ao final, sua peregrinação terrena se encerra com a Assunção ao Céu, onde, junto a seu Filho, goza para sempre da alegria da vida eterna.”
“Irmãos e irmãs, não devemos imaginar Maria como uma ‘estátua imóvel de cera’; nela podemos ver uma ‘irmã... com as sandálias gastas... e com tanto cansaço nas veias’, pelo fato de ter caminhado seguindo o Senhor e ao encontro dos irmãos, concluindo então a sua viagem na glória do Céu. Assim, a Virgem Santa é aquela que nos precede no caminho, lembrando a todos nós que também a nossa vida é uma viagem contínua rumo ao horizonte do encontro definitivo."
"Rezemos à Nossa Senhora para que nos ajude a seguir nesta jornada rumo ao encontro com o Senhor", concluiu o Papa Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va
Congresso da Ordem Terceira do Carmo: Frei Carlos Mesters-01
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No vídeo, Palestra de Frei Carlos Mesters, O. Carm, no Congresso da Ordem Terceira do Carmo realizado nos dias 2-3 de agosto-2019. Rio de Janeiro, 6 de agosto-2024.
Semana Nacional da Família reúne a Igreja no Brasil durante o Mês Vocacional
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Os fiéis de todo o Brasil têm um compromisso marcado entre os dias 11 e 17 de agosto. É a Semana Nacional da Família, celebrada há mais de 30 anos e uma oportunidade de as pessoas se aproximarem e rezarem juntas, em família e em comunidade. Durante esses dias, no contexto do Mês Vocacional, a Igreja celebra a importância da vocação familiar e do serviço de evangelização às famílias.
O tema escolhido pela Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para este ano é “Família e Amizade”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade 2024, que abordou “Fraternidade e amizade social”. Os temas propostos para aprofundamento estão no subsídio Hora da Família, distribuído para grupos de todo o país celebrarem em casa, nas comunidades e paróquias.
“Acreditamos que é na família que construímos os melhores amigos e também onde aprendemos os valores básicos da vivência social. Desejo que todas as famílias possam fazer uma experiência profunda de amizade, especialmente com aqueles que estão mais próximos, para poder viver também uma profunda e intensa amizade com Deus”, disse o bispo eleito de Ponta Grossa (PR) e presidente da Comissão Vida e Família, dom Bruno Elizeu Versari.
A Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF), responsável por animar a celebração da Semana Nacional da Família em todo o Brasil, deseja favorecer a oportunidade de as famílias vivenciarem momentos de oração, de confraternização e de visitas aos que estão afastados. “O importante é despertar junto com os filhos, junto com a família e em famílias a importância da amizade”, motiva dom Bruno Versari, convidando à participação nas atividades realizadas em cada paróquia do país. “Que possam fazer um momento de alegria e de convivência aí na sua comunidade!”, finalizou.
A Semana Nacional da Família
Em agosto, a Igreja no Brasil celebra o Mês das Vocações, e a cada semana são refletidos os diversos chamados de Deus para o serviço na Igreja e na sociedade. Na segunda semana do mês, a partir do Dia dos Pais, é celebrada a Semana Nacional da Família, como momento de destacar e valorizar a vocação matrimonial.
Nesse sentido, desde 1992, várias dioceses promovem atividades que em mais de três décadas foram tomando corpo pelo país e hoje contam com celebrações, encontros, palestras e momentos festivos. Tais eventos extrapolaram o âmbito da Igreja em algumas cidades do Brasil, com ações em escolas, associações, casas legislativas e outros locais – que inclusive a tem como data oficial no calendário municipal.
Materiais de apoio e divulgação
Para a celebração da Semana Nacional da Família, é oferecido o subsídio Hora da Família, com roteiros para o Dia dos Pais e para os encontros de cada dia da Semana. O material também contém os encontros para a Semana Nacional da Vida, que será vivenciada em outubro. O Hora da Família pode ser adquirido na loja virtual da Pastoral Familiar: lojacnpf.org.br
Além do subsídio impresso, a CNPF oferece um kit de material gráfico da Semana Nacional da Família 2024 para ser utilizado pelos comunicadores e agentes da Pastoral Familiar na divulgação. Acesse aqui.
Saiba mais sobre a Semana Nacional da Família no Portal Vida e Família: www.vidaefamilia.org.br Fonte: https://www.cnbb.org.br
Bispos venezuelanos pedem verificação do processo eleitoral
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Em um comunicado divulgado por ocasião dos acontecimentos nas eleições presidenciais, a Conferência Episcopal Venezuelana apela à verificação do processo eleitoral “no qual participem ativa e plenamente todos os atores políticos envolvidos”.
Vatican News
Protestos nos setores populares de Caracas e outras regiões da Venezuela depois das eleições realizadas no último domingo em que a oposição, organizações internacionais e governos manifestaram as suas dúvidas em relação aos resultados divulgados pelo órgão eleitoral, que deram a vitória a Nicolás Maduro.
Ouça e compartilhe
Os líderes da oposição venezuelana contestam o resultado, assegurando que, de posse de 73,25 % das atas, o candidato Edmundo González Urrutia venceu em todos os Estados, com 6.275.182, contra os 2.759.256 obtidos por Maduro.
Diante deste quadro, os bispos venezuelanos publicaram um comunicado onde destacam “a participação massiva, ativa e cívica de todos os venezuelanos no processo eleitoral", o que ratifica "a nossa vocação democrática.”
“Como pastores do Povo de Deus, acompanhamos de perto o desdobramento dos últimos acontecimentos e queremos expressar a todos a nossa proximidade e disponibilidade para prestar acompanhamento pastoral neste momento de preocupação”, afirma o comunicado dos prelados.
E unem-se ao pedido de uma verificação do processo eleitoral: “Unimos as nossas vozes às de todos aqueles dentro e fora da Venezuela que exigem um processo de verificação dos registos de contagem de votos, no qual todos os eleitores participem activa e plenamente.
Ao menos 12 manifestantes* morreram e mais de 700 foram presos durante os protestos em todo o país, que rechaçam a proclamação de Nicolás Maduro como presidente do país.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), com sede em Washington, convocou uma reunião extraordinária para tratar dos resultados das eleições na Venezuela, questionadas pela oposição venezuelana e por vários países da região.
Neste meio tempo, o Governo da Venezuela exigiu que Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai retirassem “imediatamente” os seus representantes em território venezuelano, por terem manifestado a sua preocupação com o desenvolvimento das eleições presidenciais.
Jesuítas
O Centro Gumilla, que é o Centro de Investigação e Ação Social da Companhia de Jesus na Venezuela, por meio de um comunicado rejeitou o incitamento à “violência e a perseguições políticas", exortando a percorrer "caminhos de paz, o que exige respeito pela Constituição por parte de todos os cidadãos, organizações, Forças Armadas e poderes públicos.”
“O Conselho Nacional Eleitoral, com transparência, deve garantir aos Partidos Políticos, e a todo o país, o acesso a 100% dos registros eleitorais, por Estados, municípios e mesas, para verificar e validar se os resultados eleitorais correspondem ao que foi proclamado. Enquanto isto não for esclarecido, não é justo reconhecer aquele que foi proclamado vencedor”, afirma o comunicado do Centro Gumilla dirigido à opinião pública.
Também é lançado um apelo à comunidade internacional para que continue a mediação “para que o processo eleitoral esteja de acordo com a Constituição, que sejam esclarecidas as dúvidas razoáveis sobre os resultados e a verdade prevaleça, mediante auditorias independentes”.
União Europeia: sem verificação, votação não reflete vontade popular
O alto representante da União Europeia Josep Borrell felicitou "o povo venezuelano pela sua determinação em exercer o direito de voto de forma pacífica e massiva", reconhecendo "o empenho da oposição no processo eleitoral, apesar das condições desiguais. A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada", reiterou.
Outrossim, como os resultados eleitorais não puderam ser verificados, "não podem ser considerados representativos da vontade do povo venezuelano até que todos os registos oficiais das assembleias de voto sejam publicados e verificados."
Neste sentido, a UE apelou ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela para agir com a máxima transparência no processo de apuração dos resultados, incluindo o acesso às atas de votação de todas as mesas de voto e a publicação dos resultados eleitorais. O apelo também às autoridades para que garantam a investigação completa de quaisquer reclamações ou reclamações pós-eleitorais.
Relatórios fidedignos de observadores nacionais e internacionais indicam que as eleições foram marcadas por numerosos fracassos e irregularidades.
Diante deste quadro, a União Europeia lamenta que nenhuma das principais recomendações da Missão de Observação Eleitoral da UE de 2021 tenha sido implementada. Os obstáculos à participação dos candidatos da oposição, as deficiências no registo eleitoral e o acesso desequilibrado aos meios de comunicação contribuíram para a criação de condições eleitorais desiguais.
A UE - ademais - manifesta a sua preocupação com as detenções arbitrárias e a intimidação de membros da oposição e da sociedade civil ao longo do processo eleitoral e apela à libertação imediata de todos os presos políticos, e assegura que continuará a dedicar todos os seus esforços políticos e diplomáticos para apoiar o diálogo e uma solução pacífica e negociada para a crise política.
A UE reitera o seu apoio aos esforços regionais e internacionais para facilitar o diálogo e restaurar a legitimidade democrática das instituições venezuelanas. Fonte: https://www.vaticannews.va
*Atualização às 6h30 de 31 de julho
Tito Brandsma (Em Inglês)
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Interpretação: Ledjane Motta/ Rio de Janeiro.
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
1-The church to Carmel give thanks. A school of holiness and prayer. The church to Carmel praises: Fraternity, prophetism and mission
Tito Brandsma, Carmelita, journalist, our brother. With holy scapular we go on mission.
2 - We need, on hard times with Elias at the source have a drink. On the basement of the humanity, the truth and peace will always win.
3 – On Carmel our vocation is thinking about Maria. Commune every day to reach to contemplation
4 – The mission of carmelites it’s not do great things but, in the little things, with greatness, always live 5 – The media, after the temples, it’s the first pulpit to teach. It’s the power of the word and the truth against the violence.
6 – Poor woman, I'll pray for you. Even though i don’t know how to pray at least I’ll say " watch over our, sins”
7 – Prayer is not an oasis at the desert of the life, but a sea on our lives. Meditating, on the greatness news, following Jesus to Grow
Tito Brandsma (Em Espanhol)
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Tito Brandsma (Em Espanhol)
Interpretação: Ledjane Motta/ Rio de Janeiro.
Letra e música: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
1-La Iglesia, gracias al Carmelo, escuela de santidad y de oración. La Iglesia alaba el Carmelo: Fraternidad, Profetismo y Misión.
Tito Brandsma, Carmelita, Periodista, nuestro hermano. Con el Santo Escapulario vamos juntos en Misión.
2-Necesitamos, en tiempos difíciles, con Elías, en la fuente para beber. En los sótanos de la humanidad, la verdad y la paz siempre triunfarán.
3- En el Carmelo, si pensamos en María, es nuestra propia vocación. Comunión, todos los días, para llegar a la contemplación.
4-La misión de los carmelitas no es hacer grandes cosas, sino en las cosas pequeñas, con grandeza, vivir siempre.
5- La prensa, después de los templos, es el primer púlpito para enseñar. Es la fuerza de la palabra y de la verdad, contra la violencia de las armas para matar.
6- Pobre mujer, rezaré por ti... Aunque no sepas rezar. Al menos puedes decir: "Ruega por nosotros pecadores... Lo dijo con fe.
7-La oración no es un oasis en el desierto de la vida, sino que es vida, en nuestro vivir. Meditando, en la Buena Noticia, siguiendo a Jesucristo para crecer
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