O Papa no Angelus: no Advento, encontrar nos necessitados, Jesus que vem
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É bom nos perguntarmos hoje como podemos preparar um coração acolhedor para o Senhor. Podemos fazer isso nos aproximando de seu Perdão, de sua Palavra, de sua Mesa, encontrando espaço para a oração, acolhendo-o naqueles que precisam. Cultivemos sua espera sem nos distrairmos com tantas coisas inúteis e sem reclamar o tempo todo, mas mantendo nosso coração alerta, ou seja, ansioso por Ele, desperto e pronto, impaciente para encontrá-Lo: disse o Papa no Angelus deste domingo, início do Advento
Raimundo de Lima – Vatican News
Eis um belo programa para o Advento: encontrar Jesus que vem em cada irmão e irmã que precisa de nós e compartilhar com eles o que pudermos: escuta, tempo, ajuda concreta. Foi a exortação do Papa no Angelus deste domingo, 3 de dezembro, início do Advento, tempo de preparação para o Natal que se aproxima.
Como no domingo anterior, a oração mariana foi rezada da Casa Santa Marta, para não expor o Santo Padre a mudanças bruscas de temperatura, vez que que está se recuperando de uma inflamação pulmonar que o acometeu há mais de uma semana. O texto foi lido por monsenhor Paolo Braida, chefe de escritório na Secretaria de Estado.
Advento, tempo de espera vigilante
Na alocução que precedeu a oração mariana, Francisco destacou que no breve Evangelho que a liturgia nos propõe neste I Domingo do Advento Jesus nos dirige três vezes uma exortação simples e direta. Vigiai. Portanto, o tema é vigilância.
Como devemos entendê-la? – perguntou o Pontífice, acrescentando: às vezes, pensamos nessa virtude como uma atitude motivada pelo medo de um castigo iminente, como se um meteorito estivesse prestes a cair do céu e ameaçasse, se não o evitássemos a tempo, nos esmagar. Mas esse certamente não é o significado da vigilância cristã!
Jesus ilustra isso com uma parábola, falando de um senhor que está voltando e de seus servos que o estão esperando. Na Bíblia, o servo é a "pessoa de confiança" do patrão, com quem muitas vezes há uma relação de cooperação e afeto. Pensemos, por exemplo, que Moisés é definido servo de Deus e que também Maria diz de si mesma: "Eis aqui a serva do Senhor".
Receber Jesus especialmente nos mais necessitados
Portanto, observou, a vigilância dos servos não é de medo, mas de anseio, esperando encontrar seu senhor que vem. Eles se mantêm prontos para seu retorno porque lhe querem bem, porque têm em mente que, quando ele chegar, encontrará uma casa acolhedora e organizada.
“É com essa expectativa cheia de afeto que também queremos nos preparar para receber Jesus: no Natal, que celebraremos daqui a algumas semanas; no fim dos tempos, quando voltará em glória; todos os dias, quando Ele vier ao nosso encontro na Eucaristia, em sua Palavra, em nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais necessitados.”
De modo especial durante essas semanas, exortou Francisco, preparemos cuidadosamente a casa do coração, para que ela seja organizada e hospitaleira. A vigilância, de fato, significa manter o coração preparado. É a atitude do vigia que, durante a noite, não se deixa tentar pelo cansaço, não adormece, mas permanece acordado na expectativa da luz que se aproxima.
Cristo é a nossa luz
O Senhor é a nossa luz e é bom preparar o coração para recebê-lo com a oração e hospedá-lo com a caridade, os dois preparativos que, por assim dizer, o deixam confortável. A esse respeito, diz-se que São Martinho de Tours, um homem de oração, depois de dar metade de seu manto a um pobre, sonhou com Jesus vestido exatamente com aquela parte do manto que ele havia dado.
“Queridos, é bom nos perguntarmos hoje como podemos preparar um coração acolhedor para o Senhor. Podemos fazer isso nos aproximando de seu Perdão, de sua Palavra, de sua Mesa, encontrando espaço para a oração, acolhendo-o naqueles que precisam.”
Cultivemos sua espera sem nos distrairmos com tantas coisas inúteis e sem reclamar o tempo todo, mas mantendo nosso coração alerta, ou seja, ansioso por Ele, desperto e pronto, impaciente para encontrá-Lo. Que a Virgem Maria, mulher da espera, nos ajude a receber seu Filho que vem, concluiu. Fonte: https://www.vaticannews.va
Angelus, Papa: amar Jesus significa servi-lo nos pequeninos e nos pobres
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O Papa Francisco convida a não se voltar para o outro lado diante dos pobres, dos doentes, dos presos, dos mais fracos. A reflexão que precedeu o Angelus deste domingo foi lida por monsenhor Braida, na Capela da Casa Santa Marta.
Silvonei José – Vatican News
"Hoje não posso assomar à janela porque tenho esse problema de inflamação nos pulmões". Foi o que disse o Papa Francisco, em conexão vídeo da Capela da Casa Santa Marta, para a recitação do Angelus neste domingo, explicando que monsenhor Braida "lerá a reflexão, que a conhece bem porque é ele quem a faz, e sempre a faz muito bem. Muito obrigado por sua presença". Monsenhor Paolo Braida é chefe de escritório da Secretaria de Estado.
"De acordo com os critérios do mundo, - destaca o texto lido por mons. Braida - os amigos do rei devem ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros governantes, talvez aparecer como uma estrela nas primeiras páginas dos jornais ou nas mídias sociais, e a eles ele deveria dizer: "Obrigado, porque vocês me tornaram rico e famoso, invejado e temido". Isso de acordo com os critérios do mundo.
"No entanto, de acordo com os critérios de Jesus, os amigos são outros: são aqueles que o serviram nas pessoas mais frágeis", afirma o Papa, comentando o Evangelho da Solenidade de Cristo Rei, que "nos fala do juízo final e nos diz que será sobre a caridade".
"O Filho do Homem", explicou Francisco, "é um Rei completamente diferente, que chama os pobres de 'irmãos', que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos". "Ele é um Rei que é sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão – continuou - todas realidades que, infelizmente, são sempre muito atuais".
"Pessoas famintas, sem-teto, muitas vezes vestidas como podem, enchem nossas ruas: nós as encontramos todos os dias. E também com relação à enfermidade e à prisão, todos nós sabemos o que significa estar doente, cometer erros e arcar com as consequências".
O Papa enfatizou no texto lido que "o Evangelho de hoje nos diz que somos 'benditos' se respondemos a essas pobrezas com amor, com serviço: não olhando para o outro lado, mas dando de comer e beber, vestindo, hospedando, visitando, em uma palavra, estando perto dos necessitados".
E isso porque "Jesus, nosso Rei que se define Filho do Homem, tem suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e homens mais frágeis". "E o estilo com o qual os seus amigos são chamados a se distinguirem, aqueles que têm Jesus como Senhor, é o seu próprio estilo", acrescentou: compaixão, misericórdia, ternura".
"Então, irmãos e irmãs, perguntemos a nós mesmos", insistiu o Pontífice - acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos no poder do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais real do homem e é uma exigência indispensável para o cristão? E, enfim, uma pergunta particular: sou um amigo do Rei, ou seja, sinto-me envolvido em primeira pessoa nas necessidades dos sofredores que encontro em meu caminho? O convite final do Papa foi, portanto, "amar Jesus nosso Rei nos seus irmãos mais pequeninos”. Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES
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MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES
XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023
«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)
- O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.
«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem. O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu «testamento espiritual». Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: «O Senhor foi o meu bem». Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: «Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5).
- Como salta à vista, a recordação, que o velho Tobite pede ao filho para guardar, não se reduz simplesmente a um ato da memória nem a uma oração dirigida a Deus. Faz referência a gestos concretos, que consistem em praticar boas obras e viver com justiça. E a exortação torna-se ainda mais específica: «Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus» (Tb 4, 7).
Muito surpreendem as palavras deste velho sábio. Não esqueçamos, de facto, que Tobite perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade, «dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive (…), fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus e, se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura» (Tb 1, 3.17).
Por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa. Mas, o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida. Ouçamos a sua história, que hoje nos fala também a nós: «Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: “Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho”» (Tb 2, 1-2). Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação de Tobite fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço dominical, depois de ter partilhado a Mesa Eucarística. A Eucaristia celebrada tornar-se-ia realmente critério de comunhão. Aliás, se ao redor do altar do Senhor temos consciência de sermos todos irmãos e irmãs, quanto mais visível se tornaria esta fraternidade, compartilhando a refeição festiva com quem carece do necessário!
Tobias fez como o pai lhe dissera, mas voltou com a notícia de que um pobre fora morto e deixado no meio da praça. Sem hesitar, o velho Tobite levantou-se da mesa e foi enterrar aquele homem. Voltando cansado para casa, adormeceu no pátio; caíram-lhe nos olhos excrementos de pássaros, e ficou cego (cf. Tb 2, 1-10). Ironia do destino! Pratica um gesto de caridade e sucede-lhe uma desgraça... Apetece-nos pensar assim, mas a fé ensina-nos a ir mais a fundo. A cegueira de Tobite tornar-se-á a sua força para reconhecer ainda melhor tantas formas de pobreza ao seu redor. E, mais tarde, o Senhor providenciará a devolver ao velho pai a vista e a alegria de rever o filho Tobias. Quando chegou este momento, «Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: “Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!” E continuou: “Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome! Benditos os seus santos anjos! Que seu nome esteja sobre nós e benditos sejam todos os seus anjos, pelos séculos sem fim! Ele puniu-me, mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho”» (Tb 11, 13-14).
- Podemos questionar-nos: Donde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio dum povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante dum exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa... Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.
Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência... Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.
- Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.
- Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas «vizinhos de casa» que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.
- No 60º aniversário da Encíclica Pacem in terris, é urgente retomar as palavras do Santo Papa João XXIIIquando escrevia: «O ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente a nutrição, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí, que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes da sua vontade» (n. 11).
Quanto trabalho temos ainda pela frente para tornar realidade estas palavras, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo! Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo «do alto». E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização.
- Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.
Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.
Além disso, como não assinalar a desordem ética que marca o mundo do trabalho? O tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras; a remuneração não equivalente ao trabalho realizado; o flagelo da precariedade; as demasiadas vítimas de incidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança... Voltam à mente as palavras de São João Paulo II: «O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem. (...) O homem está destinado e é chamado ao trabalho, contudo antes de mais nada o trabalho é “para o homem”, e não o homem “para o trabalho”» (Enc. Laborem exercens, 6).
- Este elenco, já em si mesmo dramático, dá conta apenas de modo parcial das situações de pobreza que fazem parte da nossa vida diária. Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se «inacabados» e «falidos». Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa.
É fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.
O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã.
- Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor. Não esqueçamos: «Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198). A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).
- Este ano completam-se 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus. Numa página da sua História de uma alma, deixou escrito: «Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: “Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa”. Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão na casa, sem excetuar ninguém» (Manuscrito C, 12rº: História de uma alma, Avessadas 2005, 255-256).
Nesta casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela. Possa a tenacidade do amor de Santa Teresinha inspirar os nossos corações neste Dia Mundial, ajudar-nos a «nunca afastar de algum pobre o olhar» e a mantê-lo sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo.
Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2023.
FRANCISCO
Fonte: https://www.vatican.va
O Papa: muitas guerras e sofrimentos, que Deus traga a paz justa
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Após a catequese da Audiência Geral, Francisco renovou a exortação a rezar pelos povos que sofrem com os vários conflitos, lembrando em particular a martirizada Ucrânia e entre israelenses e palestinos. Diante da dor sofrida pelas crianças, pelos idosos, pelos doentes e pelos jovens, ele fez um novo apelo: "A guerra é sempre uma derrota: não nos esqueçamos".
Antonella Palermo – Vatican News
O Papa Francisco pediu, mais uma vez, na Audiência Geral desta quarta-feira (08/11), para rezar pelos povos que sofrem com a guerra.
Não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia e pensemos nos povos palestino e israelense. Que o Senhor nos conduza a uma paz justa. Há muito sofrimento.
A guerra é sempre uma derrota
Em sua saudação aos peregrinos de língua italiana presentes na Praça São Pedro para a Audiência Geral, o Pontífice invocou insistentemente a paz:
As crianças sofrem, os doentes sofrem, os idosos sofrem e muitos jovens morrem. Não nos esqueçamos de que a guerra é sempre uma derrota.
Olhando ao conflito no Oriente Médio, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirma que cerca de 15 mil pessoas fugiram da Cidade de Gaza na última terça-feira (07/11), em relação às 5 mil da última segunda-feira e 2 mil no domingo. Um número que é considerado um "aumento acentuado". Enquanto isso, o Exército israelense matou, durante a noite, em um ataque aéreo direcionado, Mohsen Abu Zina, chefe da produção de armas do Hamas, especialista no desenvolvimento de armas estratégicas e foguetes. Na frente de guerra na Ucrânia, os ministros das Relações Exteriores do G7 se declararam "unidos" em sua determinação de continuar fornecendo "forte apoio" ao país invadido pela Rússia.
Livrar a terra do mal
Em sua bênção aos fiéis de língua árabe, o Papa também invocou proteção "contra todo o mal" e pediu ao Senhor Jesus, em particular, um dom:
A coragem de agir com todos aqueles que trabalham na terra para libertá-la do mal e restaurá-la à sua bondade original.
Secularização, não reclamar, mas testemunhar com fraternidade
Após a catequese, dedicada à figura de Madeleine Delbrêl, Francisco saudou outros grupos de peregrinos dentre os quais os peregrinos de língua francesa, em particular os membros da União Nacional das Associações Familiares Católicas. Em seguida, fez um convite:
Diante de nosso mundo secularizado, não nos queixemos, mas vejamos nele um chamado para provar nossa fé e um convite a comunicar a alegria do Evangelho a todos aqueles que têm sede de Deus. Peçamos ao Senhor a graça de testemunhar nossa fé diariamente por meio da fraternidade e da amizade vivida com cada um.
Convidando os fiéis a se tornarem “pedras vivas a serviço do Senhor”, o Papa recordou a celebração, na quinta-feira, 9 de novembro, da festa litúrgica da Dedicação da Basílica de São João de Latrão: um aniversário, especificou o Bispo de Roma, que deveria provocar este ardor.
Polônia, aniversário da independência: agradecer a Deus
Por fim, o Sucessor de Pedro mencionou, na sua saudação aos peregrinos poloneses, o iminente aniversário da reconquista da independência da Polônia, que se celebra em 11 de novembro. “Este aniversário os encoraja a ser gratos a Deus”, afirmou o Papa, que exortou: “Transmitam sua história às novas gerações”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Domingo 29- 30º Domingo do Tempo Comum: Amar a Deus e ao próximo.
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Papa: do amor a Deus aprendemos a servir o próximo, como Madre Teresa de Calcultá
"Tudo começa com Ele. Você não pode amar seriamente os outros se você não tiver essa raiz, que é o amor de Deus, o amor de Jesus", afirmou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (29). E convidou a seguir a santa dos pobres, que "refletiu como uma gota o amor de Deus", uma gota "que pode mudar muitas coisas", insistiu Francisco.
Andressa Collet - Vatican News
Neste domingo (29), o Papa Francisco enalteceu o Evangelho do dia (Mt 22,34-40) sobre o maior dos mandamentos tanto na homilia da missa de conclusão do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, quanto na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus. Aos fiéis na Praça São Pedro, o Pontífice afirmou que o amor a Deus e ao próximo são "inseparáveis um do outro" e refletiu sobre dois aspectos dessa realidade.
O primeiro sobre o fato de que, o amor ao Senhor vindo em primeiro lugar, acaba nos lembrando "que Deus sempre nos precede, nos antecipa com sua infinita ternura (cf. Jo 4,19)". Assim como acontece quando "a criança aprende a amar no colo da mãe e do pai, e nós o fazemos nos braços de Deus", recordou Francisco. Do amor a Deus aprendemos a nos doar ao próximo:
“E tudo começa com Ele. Você não pode amar seriamente os outros se você não tiver essa raiz, que é o amor de Deus, o amor de Jesus.”
O exemplo de Santa Teresa de Calcutá
E assim, continuou o Papa, chegamos a um segundo aspecto que decorre do mandamento do amor, o amor ao próximo: "significa que, ao amarmos nossos irmãos, refletimos, como espelhos, o amor do Pai. Refletir o amor de Deus, esse é o ponto; amar Ele, a quem não vemos, por meio do irmão que vemos (cf. 1 Jo 4:20)". Foi quando Francisco citou Santa Teresa de Calcutá sobre a resposta dada a um jornalista quando perguntou se tinha a ilusão de mudar o mundo com a sua obra e ela respondeu: "nunca pensei que pudesse mudar o mundo! Só tentei ser uma gota de água limpa na qual o amor de Deus pudesse brilhar".
"Foi assim que ela, tão pequena, foi capaz de fazer tanto bem: refletindo como uma gota o amor de Deus. E se às vezes, olhando para ela e para outros santos, chegamos a pensar que eles são heróis inimitáveis, pensemos nessa pequena gota - o amor é uma gota que pode mudar muitas coisas. E como se faz isso? Dando o primeiro passo, sempre. Às vezes não é fácil dar o primeiro passo, esquecer as coisas, dar o primeiro passo - vamos fazer isso. Esta é a gota: dar o primeiro passo."
O Papa Francisco, ao finalizar a reflexão sobre o amor de Deus, invocou Nossa Senhora para ajudar a viver no cotidiano esse grande mandamento, convidando os peregrinos na Praça São Pedro a um momento de pausa e reflexão, ao se questionar:
“Sou grato ao Senhor, que me ama por primeiro? Eu sinto o amor de Deus e sou grato a Ele? E procuro refletir Seu amor? Eu me esforço a amar os irmãos, a dar esse segundo passo?” Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: com que paciência o povo de Deus suporta os maus-tratos do clericalismo
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Francisco falou no início da Congregação do Sínodo na tarde desta quarta-feira e reiterou a importância das mulheres na Igreja: "Elas sabem esperar, descobrir o caminho, além do limite, com medo e coragem". Em seguida, lamentou o "escândalo" dos padres que experimentam em alfaiatarias batinas de renda. Finalmente, ele lembra a importância do povo de Deus: "quando você quiser saber o que a Igreja diz, leia o magistério, mas para pensar em como a Igreja se dirige ao povo".
Salvatore Cernuzio – Vatican News
A mulher, "reflexo" de uma Igreja que tem um rosto feminino. Os sacerdotes e o "escândalo" das roupas eclesiásticas de alfaiataria e, às vezes, das atitudes "machistas e autoritárias". A Igreja às vezes reduzida a um "supermercado da salvação" com uma lista de preços para os sacramentos. Depois, o clericalismo, que é como um "chicote" e que "arruína" o povo santo de Deus. O povo de Deus, de fato, "santo e pecador", "infalível na crença", com tanta "paciência", deve suportar "maus-tratos e a marginalização do clericalismo institucionalizado".
Estas são algumas das reflexões que o Papa ofereceu na tarde desta quarta-feira aos participantes do Sínodo reunidos na Sala Paulo VI para a 17ª Congregação Geral, durante a qual se seguiram os discursos com as "impressões gerais" sobre o Relatório Síntese que será publicado no sábado, 28 de outubro. Antes, porém, a palavra do Pontífice que, sentado à mesa central, em espanhol, quis chamar a atenção para a "Igreja como povo de Deus". Aquele povo ao qual os membros do Sínodo dirigiram uma Carta nesta quarta, e na qual reiteraram a vontade de ouvir "todos".
A Igreja como o povo fiel de Deus
"Gosto de pensar na Igreja como o povo fiel de Deus, santo e pecador, um povo chamado e convocado com a força das bem-aventuranças e de Mateus 25", começou Francisco.
Jesus, para sua Igreja, não adotou nenhum dos esquemas políticos de seu tempo: nem fariseus, nem saduceus, nem essênios, nem zelotes. Nenhuma "corporação fechada"; ele simplesmente assumiu a tradição de Israel: "Vocês serão o meu povo e eu serei o seu Deus".
Santo e pecador
"Gosto", confessa o Papa, "de pensar na Igreja como um povo simples e humilde que caminha na presença do Senhor. E é "ainda mais belo" falar do povo santo de Deus". "Santo e pecador, todos", mas um povo "fiel".
Digo povo fiel para evitar cair nas muitas abordagens e esquemas ideológicos com os quais a realidade do povo de Deus é "reduzida".
Infalível na crença
Uma das características desse povo é sua "infalibilidade": "Sim, é preciso dizer: é infalível na fé...". "Infallibilitas in credendo", como diz a Lumen Gentium.
Quando você quiser saber o que a Santa Madre Igreja quer dizer, leia o Magistério, mas se quiser pensar como crê a Igreja, dirija-se ao povo.
Esse povo fiel "tem uma alma", diz o Papa Francisco, e "porque podemos falar da alma de um povo, podemos falar de uma hermenêutica, de um modo de ver a realidade, de uma consciência". Uma "consciência da dignidade", como demonstram o batismo dos filhos, o sepultamento dos mortos.
A fé transmitida pelas mães e avós
Desse povo também vêm "os membros da hierarquia", desse povo eles receberam a fé, enfatiza o Papa. Como em tantas outras ocasiões, recorda as mães, as avós: "Tua mãe e tua avó, diz Paulo a Timóteo". "A fé é transmitida em um dialeto feminino. Como a mãe dos Macabeus que falava em dialeto com seus filhos", enfatiza Francisco: "gosto muito de pensar que, no santo povo de Deus, a fé é sempre transmitida em dialeto e, geralmente, em dialeto feminino. Isso não se deve apenas ao fato de que a Igreja é mãe e são precisamente as mulheres que melhor a refletem". Daí um aparte sobre a importância das mulheres na Igreja.
A Igreja é mulher, mas porque são as mulheres que sabem esperar, que sabem descobrir os recursos da Igreja, do povo fiel, que vão além do limite, talvez com medo, mas corajosas, e no claro-escuro de um dia que inicia, aproximam-se de um túmulo com a intuição (ainda não esperançosa) de que pode haver algo vivo. A mulher é um reflexo da Igreja, a Igreja é feminina, é uma esposa e mãe.
A lista de preços dos sacramentos
Portanto, "quando os ministros "excedem em seu serviço e maltratam o povo de Deus, desfiguram o rosto da Igreja, arruínam-na com atitudes machistas e ditatoriais", lamenta o Pontífice. "É doloroso", acrescenta, "encontrar em alguns escritórios paroquiais a 'lista de preços' dos serviços sacramentais como em um supermercado. Ou a Igreja é o povo fiel de Deus em caminho, santo e pecador, ou acaba sendo uma empresa de vários serviços, e quando os agentes pastorais tomam esse segundo caminho, a Igreja se torna o supermercado da salvação e os sacerdotes simples funcionários de uma multinacional".
Clericalismo "chicote" e "flagelo
Esse é o "grande fracasso" ao qual o clericalismo leva. Igual amargura, ou melhor, “dor”, o Papa expressa por aqueles "jovens sacerdotes" que se veem nas lojas de alfaiataria eclesiástica "experimentando batinas e chapéus ou vestidos com rendas". "Chega", diz ele, "isso é realmente um escândalo.
O clericalismo é um chicote, é um flagelo, uma forma de mundanismo que suja e danifica a face da esposa do Senhor, escraviza o santo povo fiel de Deus".
O mundanismo maltrata o povo de Deus
Povo que, no entanto, "continua a avançar com paciência e humildade": "com quanta paciência devem tolerar o desperdício, os maus-tratos, as exclusões por parte do clericalismo institucionalizado", exclama o Papa Francisco. "E com que naturalidade falamos dos 'príncipes da Igreja', ou das promoções episcopais como promoções de carreira! Os horrores do mundo, o mundanismo que maltrata o povo santo e fiel de Deus." Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa no Angelus: Somos do Senhor, não pertencemos a nenhum "César" de turno
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"Não pertencemos a nenhuma realidade terrena, a nenhum 'César' deste mundo. Somos do Senhor e não devemos ser escravos de nenhum poder mundano", disse Francisco no Angelus dominical.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
"Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus": este versículo do Evangelho deste 29º Domingo do Tempo Comum inspirou a reflexão do Papa no Angelus dominical.
Diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, Francisco comentou o episódio extraído de São Mateus, que narra a cilada que alguns fariseus e herodianos armam contra Jesus. Vão até Ele e lhe perguntam: "É lícito ou não pagar imposto a César?".
"É uma farsa", explica o Pontífice. Pois se Jesus legitimar o imposto, coloca-se da parte de um poder político pouco tolerado pelo povo, enquanto se disser para não pagá-lo, pode ser acusado de rebelião contra o império. O Mestre, porém, foge desta trapaça. Pede que lhe mostrem uma moeda, que traz impressa a imagem de César, e lhes diz: "Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" (v. 21).
Essas palavras de Jesus se tornaram de uso comum, prossegue o Papa, mas às vezes foram utilizadas de modo errôneo para falar das relações entre Igreja e Estado. Jesus não quer separar “César” e “Deus”, ou seja, a realidade terrena e daquela espiritual.
"Às vezes, também nós pensamos assim: uma coisa é a fé com as suas práticas e outra coisa é a vida de todos os dias. Não. Esta é uma 'esquizofrenia', como se a fé não tivesse nada a ver com a vida concreta, com os desafios da sociedade, com a justiça social, com a política e assim por diante."
Na realidade, Jesus dá a César e Deus sua devida importância. A César – isto é, à política, às instituições civis, aos processos sociais e econômicos – pertence o cuidado com a ordem terrena e os cidadãos contribuem promovendo o direito, a justiça e pagando honestamente os impostos. Mas a Deus pertence o homem, todo o homem e todo ser humano.
“Isso significa que nós não pertencemos a nenhuma realidade terrena, a nenhum 'César' de turno. Somos do Senhor e não devemos ser escravos de nenhum poder mundano. Sobre a moeda, portanto, há a imagem do imperador, mas Jesus nos recorda que na nossa vida está impressa a imagem de Deus, que nada e ninguém pode obscurecer. A César pertencem as coisas do mundo, mas o homem e o próprio mundo pertencem a Deus: não o esqueçamos!”
Francisco então dirige algumas perguntas aos fiéis: "Sobre a moeda deste mundo está a imagem de César, mas você, que imagem leva dentro de si? De quem você é imagem na sua vida? Nós nos lembramos de pertencer ao Senhor ou nos deixamos plasmar pelas lógicas do mundo e fazemos do trabalho, da política e do dinheiro os nossos ídolos a adorar?"
E concluiu fazendo votos de que a Virgem Santa nos ajude a reconhecer e honrar a nossa dignidade e a de cada ser humano. Fonte: www.vaticannews.va
O Papa: parem as armas, o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução
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Nas palavras de Francisco após o Angelus deste domingo, a sua dor pelo que está ocorrendo em Israel. A sua oração é pelas famílias das vítimas e por aqueles que vivem horas de terror e angústia. “Haja paz em Israel e na Palestina!”, o seu apelo, porque “toda guerra é uma derrota”. Dirigindo o seu pensamento a todos os países em conflito, recorda a “martirizada” Ucrânia “que todos os dias sofre tanto”.
Antonella Palermo, Silvonei José – Vatican News
“A guerra é uma derrota: toda guerra é uma derrota! Rezemos pela paz em Israel e na Palestina!”
Após a oração mariana deste primeiro domingo de outubro, o Papa Francisco expressou a sua apreensão e a dor com que acompanha o que está ocorrendo em Israel onde, afirma, “a violência explodiu ainda mais ferozmente, causando centenas de mortos e feridos”.
"Expresso a minha proximidade às famílias das vítimas, rezo por elas e por todos aqueles que vivem horas de terror e angústia. Por favor, parem com os ataques e as armas! e se compreenda que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, mas apenas à morte e ao sofrimento de muitas pessoas inocentes".
Invoquemos a paz sobre os muitos países marcados por conflitos
Depois do Angelus, o Pontífice recorda também que este mês de outubro é dedicado, além das missões, à oração do Terço. Precisamente a Maria o Papa pede para nos dirigirmos a ela, sem parar:
"Não nos cansemos de invocar, por intercessão de Maria, o dom da paz sobre os numerosos países do mundo marcados por guerras e conflitos; e continuemos a recordar a querida Ucrânia, que todos os dias sofre tanto, tão martirizada".
O apelo do Patriarcado de Jerusalém à comunidade internacional
Numa nota publicada no site do Patriarcado Latino de Jerusalém lemos que a improvisa explosão de violência “é muito preocupante pela sua extensão e intensidade. A operação lançada a partir de Gaza e a reação do exército israelense estão a levar-nos de volta aos piores períodos da nossa história recente. As demasiadas vítimas e demasiadas tragédias que as famílias palestinas e israelenses têm de enfrentar criarão ainda mais ódio e divisão e destruirão cada vez mais qualquer perspectiva de estabilidade”. Daí o apelo à comunidade internacional, aos líderes religiosos da região e do mundo, para “fazerem todos os esforços para ajudar a acalmar a situação, restaurar a calma e trabalhar para garantir os direitos fundamentais das pessoas na região”. Acrescenta-se também que "as declarações unilaterais relativas ao status dos locais religiosos e dos locais de culto fazem vacilar o sentimento religioso e alimentam ainda mais o ódio e o extremismo. É, portanto, importante preservar o Status Quo em todos os Lugares Santos na Terra Santa e em Jerusalém em particular". A nota conclui: “o contínuo derramamento de sangue e as declarações de guerra lembram-nos mais uma vez da necessidade urgente de encontrar uma solução duradoura e abrangente para o conflito palestino-israelense nesta terra, que é chamada a ser uma terra de justiça, paz e reconciliação entre os povos. Pedimos a Deus que inspire os líderes mundiais na sua intervenção para a implementação da paz e da concórdia, para que Jerusalém seja uma casa de oração para todos os povos".
Depois do longo dia de ontem, 7 de Outubro, que encerrou as festividades judaicas de Sucot - quando, às primeiras luzes da madrugada, milhares de foguetes começaram a cair de Gaza sobre Israel, apanhados completamente de surpresa - os lançamentos de mísseis e os ataques terrestres continuam a se verificarem a partir da fronteira sul de Israel. Tel Aviv e Jerusalém foram atingidas. As vítimas israelenses seriam mais de 500, 1.400 os feridos. O Ministério da Saúde de Gaza relata 250 palestinos mortos e 1.700 feridos. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa no Angelus: a "moeda" de Deus é seu amor, incondicional e gratuito
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"A justiça humana diz para “dar a cada um o que merece”, enquanto a justiça de Deus não mede o amor na balança dos nossos rendimentos, dos nossos desempenhos ou dos nossos fracassos: Deus nos ama e basta, ama-nos porque somos filhos, e o faz com amor incondicional e gratuito."
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
A justiça de Deus não mede o amor na balança dos nossos rendimentos, desempenhos ou fracassos, Deus nos ama porque somos filhos e o faz com amor incondicional e gratuito, "para o seu coração nunca é tarde, Ele nos procura e nos espera sempre."
Critérios de Deus
Esse é o cerne da reflexão do Papa Francisco inspirada na narrativa de Mateus (20, 1-16) sobre o proprietário da vinha que paga o mesmo valor aos trabalhadores contratados em diferentes horas do dia, o que é considerado injusto pelos que foram contratados primeiro e trabalharam mais.
Francisco explica ainda no início que “a parábola não deve ser lida por meio de critérios salariais; mas sim, quer mostrar os critérios de Deus, que não faz cálculos dos nossos méritos, mas nos ama como filhos.”
O Senhor nos procura e nos espera sempre
Então chama atenção para duas ações divinas da narrativa. A primeira delas, Deus que sai a qualquer hora para nos chamar, destacando assim que não são apenas os homens que trabalham, mas “sobretudo Deus, que sai sempre, sem se cansar, o dia inteiro":
Deus é assim: não espera os nossos esforços para vir ao nosso encontro, não nos faz um exame para avaliar os nossos méritos antes de nos procurar, não desiste se demoramos em responder-lhe; pelo contrário, Ele mesmo tomou a iniciativa e em Jesus “veio” ao nosso encontro, para nos manifestar o seu amor (...). Para o seu coração nunca é tarde, Ele nos procura e nos espera sempre. Não esqueçamos disso: o Senhor nos procura e nos espera sempre.
A justiça de Deus é superior, vai além
Francisco chega então à segunda ação divina: precisamente porque Deus é tão generoso, ele retribui a todos com a mesma “moeda”, que é o seu amor. E o sentido último da parábola é esse: os trabalhadores de última hora são pagos como os primeiros porque, na realidade, aquela de Deus é uma justiça superior, vai além:
A justiça humana diz para “dar a cada um o que merece”, enquanto a justiça de Deus não mede o amor na balança dos nossos rendimentos, dos nossos desempenhos ou dos nossos fracassos: Deus nos ama e basta, ama-nos porque somos filhos, e o faz com amor incondicional, um amor gratuito.
Superar relação 'mercantil' com Deus
Como já havia feito em tantas outras ocasiões, ao falar sobre a gratuidade, Francisco chama a atenção para o risco de termos uma “relação ‘mercantil’ com Deus, centrando-nos mais na nossa bravura do que na generosidade da sua graça”:
Às vezes, mesmo como Igreja, em vez de sair a cada hora do dia e abrir os braços a todos, podemos sentir-nos os primeiros da classe, julgando os outros distantes, sem pensar que Deus também os ama com o mesmo amor que tem por nós. E mesmo nas nossas relações, que são o tecido da sociedade, a justiça que praticamos por vezes não consegue escapar do esquema do cálculo e limitamo-nos a dar de acordo com o que recebemos, sem ousar fazer algo mais, sem apostar na eficácia do bem feito gratuitamente e do amor oferecido com grandeza de coração.
Agir com os outros como Jesus age comigo
O Papa então propõe que nos perguntemos: Eu cristão, eu cristã, sei ir em direção aos outros? Sou generoso, sou generosa com todos, sei dar aquele “a mais” de compreensão, de perdão, como Jesus fez comigo e faz todos os dias comigo?
Que Nossa Senhora – disse ao concluir - nos ajude a converter-nos à medida de Deus, à de um amor sem medida. Fonte: https://www.vaticannews.va
PAPA FRANCISCO... Um testemunho vindo do Brasil
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...“Antes de vir para cá, tive uma reunião com legisladores brasileiros que trabalham para os pobres, que tentam promover os pobres com assistência e justiça social. E eles não se esquecem dos pobres: eles trabalham para os pobres”, contou Francisco, ao concluir a catequese ao dizer da importância do testemunho que escutou do trabalho que este grupo faz pelos mais necessitados, e fez um convite: “não se esqueçam dos pobres, porque serão eles que abrirão a porta do céu".
Os brasileiros que encontraram com o Papa Francisco vieram ao Vaticano para entregarem ao Papa o prêmio Zilda Arns. A audiência privada durou cerca de trinta minutos e aconteceu na antesala da Sala Paulo VI. O grupo é composto por sete Deputados Federais que fazem parte da Comissão em Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (Cidoso): Aliel Machado Bark, José Dias de Castro Neto, Reimont Luiz Otoni Santa Barbara, Flávia Carreiro Albuquerque Morais, Simone Aparecida Curraladas dos Santos, Leandre dal Ponte e José Haroldo Figueiredo Campo.
O prêmio Zilda Arns é uma forma de reconhecimento às pessoas e instituições que contribuíram ou têm contribuído ativamente na defesa dos direitos das pessoas idosas. O prêmio consiste em um diploma de menção honrosa, concedido anualmente a até cinco homenageados. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão
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No Angelus deste domingo, Francisco falou sobre o perdão. Segundo ele, "fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor".
Mariângela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (17/09), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
O Evangelho deste domingo "nos fala do perdão", disse o Papa, citando a pergunta de Pedro a Jesus: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?»
Perdoar sempre
Sete, na Bíblia, é um número que indica completude e, por isso, Pedro é muito generoso nas suposições de sua pergunta. Mas Jesus vai além e lhe responde: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete». Ele lhe diz, ou seja, que quando se perdoa, não se calcula, que é bom perdoar tudo e sempre!
“Assim como Deus faz conosco, e como é chamado a fazer quem administra o perdão de Deus: perdoar sempre. Digo isso aos sacerdotes, aos confessores: perdoem sempre como Deus perdoa.”
"Jesus ilustra esta realidade através de uma parábola, que sempre tem a ver com números. Um rei, depois de ter sido suplicado, perdoa uma dívida de dez mil talentos a um servo: é um valor exagerado, imenso, que varia de duzentas a quinhentas toneladas de prata! Era uma dívida impossível de saldar, mesmo trabalhando uma vida inteira: mas aquele patrão, que recorda o nosso Pai, a perdoa por pura «compaixão»", disse Francisco, acrescentando:
“Este é o coração de Deus, perdoa sempre porque Deus é compassivo. Não nos esqueçamos de como é a maneira de Deus: Deus é próximo, compassivo e terno, este é o modo de ser de Deus.”
"Depois, porém", prosseguiu o Papa, "este servo, a quem a dívida foi perdoada, não mostra nenhuma misericórdia para com um companheiro que lhe deve 100 denários. Essa também é uma grande quantia, equivalente a cerca de três meses de salário - como se dissesse que o perdão entre nós custa, mas nada comparável à quantia precedente, que o patrão tinha perdoado".
“A mensagem de Jesus é clara: Deus perdoa de forma incalculável, excedendo toda medida. Ele é assim, age por amor e gratuidade. A Deus não se compra, Deus é gratuito, é gratuidade. Não podemos retribuir-lhe, mas quando perdoamos o irmão ou a irmã, o imitamos. Perdoar não é uma boa ação que se pode fazer ou não: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão.”
O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor
Segundo Francisco, "cada um de nós, de fato, é um "perdoado" ou "perdoada": não nos esqueçamos disso, somos perdoados, Deus deu a vida por nós e de modo algum podemos compensar a sua misericórdia, que Ele nunca retira do coração. Entretanto, correspondendo à sua gratuidade, ou seja, perdoando-nos uns aos outros, podemos dar testemunho dele, semeando vida nova ao nosso redor".
“Fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor, é o caminho para desativar a raiva e curar tantas doenças do coração que contaminam a sociedade.”
A seguir, o Pontífice convidou cada um a se perguntar: "Creio ter recebido de Deus o dom de um perdão imenso? Sinto a alegria de saber que Ele está sempre pronto para me perdoar quando eu caio, mesmo quando os outros não o fazem, mesmo quando nem eu mesmo consigo me perdoar? Ele perdoa: creio que Ele perdoa? E depois: sei, por minha vez, perdoar quem me fez mal?"
A esse propósito, Francisco propôs "um pequeno exercício: cada um de nós pense numa pessoa que nos feriu, e peçamos ao Senhor a força para perdoá-la. E vamos perdoá-la por amor ao Senhor. Queridos irmãos e irmãs, isso nos fará bem, nos restituirá a paz no coração".
"Que Maria, Mãe da Misericórdia, nos ajude a acolher a graça de Deus e a perdoar-nos uns aos outros", concluiu. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa no Angelus: como Maria, sirvo ao próximo sem queixas e louvando a Deus?
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Papa no Angelus: como Maria, sirvo ao próximo sem queixas e louvando a Deus?
Neste 15 de agosto, de Solenidade da Assunção da Virgem Maria que, no Brasil, será celebrada no domingo (20), Francisco refletiu sobre "o serviço e o louvor", inspirando-se em Nossa Senhora quando visitou a prima Isabel: "que nossa Mãe, Assunta ao Céu, nos ajude a subir cada dia mais alto por meio do serviço e do louvor", disse o Papa na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus.
Andressa Collet - Vatican News
“Hoje, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, contemplamos sua ascensão em corpo e alma à glória do Céu.”
Neste 15 de agosto, como bem indicou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, festa litúrgica que no Brasil será celebrada no próximo domingo, 20 de agosto. O fato dela ter sido elevada ao céu é motivo de júbilo, alegria e esperança para nós.
O caminho compartilhado por Jesus e Maria
E o Evangelho do dia (Lc 1:39), como comentou o Pontífice, nos motiva a refletir sobre a grandeza do "alegre cântico do Magnificat", proclamado quando Nossa Senhora se colocou como servidora para ajudar sua prima Isabel após "subir" por uma região montanhosa. Um caminho de "serviço ao próximo e louvor a Deus" de Maria, que o evangelista Lucas também narra sobre a vida de Cristo em direção a Jerusalém, "lugar da doação de si mesmo na cruz":
“Jesus e Maria, em suma, percorrem a mesma estrada: duas vidas que sobem em direção do alto, glorificando a Deus e servindo aos irmãos; Jesus como Redentor, o homem que dá a vida por nós, para a nossa justificação; Maria como a serva que sai para servir: duas vidas que vencem a morte e ressuscitam; duas vidas cujos segredos são o serviço e o louvor.”
O serviço ao próximo e o louvor a Deus
O Papa Francisco, então, procurou se deter nesses dois aspectos: do serviço e do louvor. O primeiro o Pontífice descreveu como sendo "o amor que eleva a vida", já que quando nos abaixamos para servir alguém é que acabamos nos elevando. Uma tarefa que "não é fácil" e não o foi nem mesmo para Nossa Senhora, bem lembrou o Papa, porque mesmo grávida chegou a viajar quase 150 Km de Nazaré até a casa de Isabel.
"Ajudar custa, a todos nós! Ajudar custa! Experimentamos sempre isso, na fadiga, na paciência e nas preocupações que o cuidado com os outros acarreta. Pensemos, por exemplo, nos quilômetros que muitas pessoas percorrem todos os dias para ir e voltar do trabalho e realizar tarefas em prol do próximo; pensemos nos sacrifícios de tempo e sono para cuidar de um recém-nascido ou de uma pessoa idosa; e no compromisso de servir àqueles que não têm como retribuir, na Igreja como no voluntariado. Eu admiro o voluntariado. É fadigoso, mas é subir em direção do alto, é ganhar o céu! Isso é serviço de verdade."
"Mas o serviço corre o risco de ser estéril sem o louvor a Deus", afirmou Francisco. Basta observar a atitude de Maria que, mesmo cansada da viagem, louvou ao Senhor com o "cântico de júbilo" proclamando o Magnificat (cf. Lc 1,46-55). Louvor também expresso do ventre de Isabel, recordou o Papa:
"O louvor aumenta a alegria. O louvor é como uma escada: eleva os corações. O louvor eleva o espírito e supera a tentação de se abater. Vocês já viram que as pessoas chatas, aquelas que vivem de fofoca, são incapazes de louvar? Perguntem a si mesmos: eu sou capaz de louvar? Como é bom louvar a Deus todos os dias, e também os outros! Como é bom viver de gratidão e de bênção em vez de lamentações e queixas, levantar o olhar em direção do alto ao invés de ficar de mau humor! As lamentações: tem gente que se lamenta todos os dias. Mas olha que Deus está perto de você, veja que Ele o criou, veja as coisas que Ele lhe deu. Louve, louve! E isso é saúde espiritual."
Assim o Papa nos orientou a discernir sobre o melhor caminho a ser tomado, a exemplo de Maria que se colocou como servidora e, amando a Deus, sabia como louvá-Lo, reconhecendo e proclamando a Sua grandeza. Conseguimos nos inspirar diariamente na Mãe de Jesus?
“Vamos nos perguntar: eu vivo meu trabalho e as ocupações diárias com espírito de serviço ou com egoísmo? Dedico-me a alguém gratuitamente, sem buscar benefícios imediatos? Em suma, faço do serviço o 'trampolim' da minha vida? E pensando no louvor: sei, como Maria, exultar em Deus (cf. Lc 1:47)? Rezo abençoando o Senhor? E, depois de louvá-lo, espalho a sua alegria entre as pessoas que encontro? Cada um procure responder a esses questionamentos. Que nossa Mãe, Assunta ao Céu, nos ajude a subir cada dia mais alto por meio do serviço e do louvor.” Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa aos sacerdotes de Roma: trabalhar com os leigos e tomar cuidado com o clericalismo
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"Obrigado pelo seu ministério, que muitas vezes se realiza no meio de tanto esforço, incompreensão e pouco reconhecimento", escreve o Papa Francisco aos sacerdotes da Diocese de Roma. "A mundanidade espiritual é perigosa porque é um modo de vida que reduz a espiritualidade à aparência. Como idoso, e de coração, digo a vocês que me preocupa quando recaímos nas formas do clericalismo", adverte Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta aos sacerdotes da Diocese de Roma, nesta segunda-feira (07/08). Na missiva, o Pontífice renova o seu agradecimento aos sacerdotes pelo seu testemunho, pelo seu serviço, pelo bem oculto que fazem, pelo perdão e consolo que dão em nome de Deus. "Obrigado pelo seu ministério, que muitas vezes se realiza no meio de tanto esforço, incompreensão e pouco reconhecimento", escreve ainda o Pontífice.
Segundo o Papa, o "ministério sacerdotal não se mede pelos sucessos pastorais". No centro da vida sacerdotal está "o permanecer no Senhor para dar frutos" e não "o frenesi da atividade". "A ternura que nos consola brota da sua misericórdia, da acolhida do "magis" da sua graça, que nos permite ir adiante no trabalho apostólico, suportar os reveses e fracassos, alegrar-nos com simplicidade de coração, ser mansos e pacientes, e recomeçar sempre, estender as mãos aos outros", ressalta.
"Os nossos necessários "momentos de recarga" não ocorrem apenas quando descansamos fisicamente ou espiritualmente, mas também quando nos abrimos ao encontro fraterno entre nós: a fraternidade conforta, oferece espaços de liberdade interior e não nos faz sentir sozinhos diante dos desafios do ministério", sublinha o Papa.
A mundanidade espiritual é perigosa
"Neste nosso tempo, o que nos pede o Senhor, para onde nos orienta o Espírito que nos ungiu e nos enviou como apóstolos do Evangelho?" "Na oração, me vem à mente: que Deus nos pede para ir fundo na luta contra a mundanidade espiritual", ressalta.
De acordo com o Papa, "a mundanidade espiritual é perigosa porque é um modo de vida que reduz a espiritualidade à aparência: nos leva a ser «comerciantes do espírito», homens vestidos de formas sagradas que, na realidade, continuam pensando e agindo segundo as modas do mundo. Isso acontece quando nos deixamos fascinar pelas seduções do efêmero, pela mediocridade e pela rotina, pelas tentações do poder e da influência social, da vanglória e do narcisismo, da intransigência doutrinal e do esteticismo litúrgico, formas e maneiras nas quais a mundanidade «se esconde atrás de aparências de religiosidade e até de amor à Igreja», mas na realidade «consiste em buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal»".
Ainda segundo Francisco, "a mundanidade espiritual é uma tentação "gentil" e por isso ainda mais insidiosa. Na verdade, ela se insinua sabendo se esconder bem atrás das boas aparências, até mesmo dentro de motivações "religiosas". E, mesmo que a reconheçamos e a afastemos de nós, mais cedo ou mais tarde ela volta disfarçada de outro modo".
"Precisamos de vigilância interior, de guardar a mente e o coração, alimentar o fogo purificador do Espírito dentro de nós, porque as tentações mundanas voltam e "batem" de maneira educada. «São os "demônios educados": entram educadamente, sem que eu perceba»", escreve ainda o Papa.
Atenção a não cair no clericalismo
A seguir, Francisco se detém num aspecto desta mundanidade: o clericalismo. "Como idoso, e de coração, digo a vocês que me preocupa quando recaímos nas formas do clericalismo; quando, talvez sem perceber, damos às pessoas a impressão de que somos superiores, privilegiados, colocados «no alto» e, portanto, separados do resto do Povo santo de Deus". "Como me escreveu uma vez um bom sacerdote: "O clericalismo é um sintoma de uma vida sacerdotal e laical tentada a viver na função e não no vínculo real com Deus e com os irmãos". Em suma, denota uma doença que nos faz perder a memória do Batismo recebido, deixando em segundo plano a nossa pertença ao mesmo Povo santo e levando-nos a viver a autoridade nas várias formas de poder, já não percebendo a duplicidade, sem humildade, mas com comportamentos distantes e soberbos", frisa o Papa.
"A preocupação centra-se no "eu": o próprio sustento, as próprias necessidades, o louvor recebido para si e não para a glória de Deus. Isto acontece na vida de quem cai no clericalismo: perde o espírito de louvor porque perdeu o sentido da graça, o estupor pela gratuidade com que Deus o ama, aquela confiante simplicidade de coração que faz estender as mãos ao Senhor", escreve Francisco na carta aos sacerdotes.
A seguir, o Papa indicou "o antídoto quotidiano contra a mundanidade e o clericalismo: olhar para Jesus crucificado, fixar todos os dias o olhar n'Aquele que se esvaziou e se humilhou até à morte por nós".
"Este é o espírito sacerdotal: fazer-nos servos do Povo de Deus e não senhores, lavar os pés dos nossos irmãos e não esmagá-los debaixo dos nossos pés. Portanto, permaneçamos vigilantes em relação ao clericalismo", ressalta o Papa.
Não assumir um "espírito clerical"
A seguir, Francisco recorda que "o clericalismo pode dizer respeito a todos, também aos leigos e aos agentes pastorais". Segundo o Papa, "pode-se assumir um "espírito clerical" no levar adiante ministérios e carismas, vivendo de maneira elitista o próprio chamado, fechando-se no próprio grupo e erguendo muros para fora, desenvolvendo laços possessivos em relação aos papéis na comunidade, cultivando atitudes presunçosas e arrogantes em relação aos outros".
De acordo com o Papa, "os sintomas são a perda do espírito de louvor e da gratuidade alegre, enquanto o diabo se insinua, alimentando lamentos, negatividade e insatisfação crônica com o que está mal, ironia que se torna cinismo. Assim, nos deixamos absorver pelo clima de crítica e raiva que se respira ao redor, ao invés de sermos aqueles que, com simplicidade e mansidão evangélica, com bondade e respeito, ajudam nossos irmãos e irmãs a saírem das areias movediças da intolerância".
"Vamos em frente com entusiasmo e coragem: trabalhemos juntos, entre sacerdotes e com os irmãos e irmãs leigos, iniciando formas e caminhos sinodais, que nos ajudem a despojar-nos de nossas seguranças mundanas e "clericais" para buscar, humildemente, caminhos pastorais inspirados pelo Espírito, para que a consolação do Senhor chegue realmente a todos", conclui a carta do Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
"Não tenham medo!", é a exortação do Papa aos jovens na Missa em Lisboa
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Na Missa de Envio celebrada em Lisboa na Festa da. Transfiguração, o Papa disse aos jovens: Jesus "lê os vossos corações e hoje diz-vos, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: "Não tenham medo." "Não tenha medo". Coragem, não tenham medo."."
Vatican News
Na manhã deste domingo, 6 de agosto, o Papa Francisco presidiu a celebração da Santa Missa para a Jornada Mundial da Juventude no Parque Tejo, em Lisboa. Eis sua homilia (tradução não oficial):
"As palavras do Apóstolo Pedro no Monte da Transfiguração são as mesmas que, depois destes dias intensos, queremos fazer nossas: «Senhor, é bom estarmos aqui!» (Mt 17, 4). Foi bom o que experimentámos com Jesus, o que vivemos juntos e como rezámos. Mas, depois destes dias de graça, perguntamo-nos: Que levamos conosco quando regressarmos ao vale da vida quotidiana?
«Senhor, é bom estarmos aqui!» (Mt 17, 4). Estas palavras, que o Apóstolo Pedro disse a Jesus no Monte da Transfiguração, nós também queremos fazê-las nossas depois destes dias intensos. É lindo o que vivemos com Jesus, o que vivemos juntos e é lindo como rezamos, e com tanta alegria no coração. E então podemos nos perguntar: Que levamos conosco quando regressarmos ao vale da vida quotidiana?
Gostaria de responder a esta pergunta com três verbos, seguindo o Evangelho que ouvimos: o que levamos conosco? Resplandecer, ouvir e não ter medo. O que levamos conosco? Eu respondo com estas três palavras:
Resplandecer, escutar e não ter medo. Primeiro resplandecer. Jesus transfigura-se, o Evangelho que o seu rosto resplandecia como o sol» (Mt 17,2). Ele havia anunciado há pouco sua paixão e morte na cruz, e com isso quebrou a imagem de um Messias poderoso e mundano, e frustra as expectativas dos discípulos. Agora, para ajudá-los a aceitar o desígnio de amor de Deus para cada um de nós, Jesus toma três deles —Pedro, Tiago e João—, os conduz ao alto de uma montanha e se transfigura. E este "banho de luz" os prepara para a noite da paixão.
Amigos, queridos jovens, também hoje nós precisamos de alguma luz, um raio de luz que seja esperança para enfrentar tantas trevas que nos assaltam na vida, tantas derrotas cotidianas para enfrentá-las com a luz da ressurreição de Jesus, porque Ele é a luz que não se apaga, é a luz que brilha também à noite.
“O nosso Deus iluminou os nossos olhos”, diz o sacerdote Esdras (Ed 9,8). Nosso Deus ilumina. Ilumina nossos olhos, ilumina nosso coração, ilumine nossa mente, ilumine nosso desejo de fazer algo na vida, sempre com a luz do Senhor.
Mas gostaria de lhes dizer que não ficamos luminosos quando nos colocamos sob os refletores, isso não nos deslumbra. Não ficamos luminosos quando mostramos uma imagem perfeita, bem cuidada, bem acabada, não, não, mesmo que nos sintamos fortes e bem-sucedidos. Fortes, bem-sucedidos, mas não luminosos. Tornamo-nos luminosos, brilhamos, quando, acolhendo Jesus, aprendemos a amar como Ele. Amar como Jesus, isso nos torna luminosos. Isso nos leva a fazer obras de amor. Não te enganes amiga, amigo, serás luz no dia em que fizer obras de amor. Porém, quando em vez de fazer obras de amor para fora, olhas para ti mesmo, como um egoísta, ali a luz se apaga.
O segundo verbo é escutar. No monte, uma nuvem luminosa cobriu os discípulos e o que, desta nuvem fala o Pai, o que ele diz? Escutai-o (Mt 17,5). Este é o meu Filho amado, escute-o. Está tudo aqui, e tudo o que há para fazer na vida está nesta palavra: escute-o.
Escutar Jesus, todo segredo está aí. Escute o que Jesus te diz. "Eu não sei o que ele me diz." Pegue o Evangelho e leia o que Jesus diz e o que diz em teu coração. Porque Ele tem palavras de vida eterna para nós; Ele revela que Deus é Pai, é amor. Ele nos ensina o caminho do amor, escutar Jesus. Porque lá fora nós de boa vontade trilhamos caminhos que parecem ser de amor, mas no fundo são egoísmos disfarçados de amor. Ter cuidado com os egoísmos disfarçados de amor. Escutá-lo, porque Ele vai te dizer qual é o caminho do amor. Escutá-lo!
Resplandecer é a primeira palavra, sejam luminosos, ouvir, para não errar no caminho, e, no final, a terceira palavra, não ter medo. Não tenham medo. Uma palavra que tanto se repete na Bíblia. Nos Evangelhos, "não tenham medo". Estas foram as últimas palavras que neste momento da transfiguração Jesus disse aos discípulos. Não tenham medo.
A vós, jovens, que viveram esta alegria, estava para dizer "esta glória" - bem, algo de glória é, este encontro convosco. Vós que cultivais sonhos grandes mas às vezes ofuscados pelo medo de não os ver realizados; a vós, que às vezes pensais que não ides conseguir, um pouco de pessimismo nos invade às vezes; a vós, jovens, tentados neste tempo a desanimar, a julgar-vos quem sabe inadequados ou a esconder a vossa dor disfarçando-a com um sorriso; a vós, jovens, que quereis mudar o mundo, e está bem que queirais mudar o mundo e que queirais lutais pela justiça e a paz; a vós, jovens, que investis o melhor da vosso esforço e imaginação ficando porém com a sensação de que não bastam; a vós, jovens, de quem a Igreja e o mundo têm necessidade como a terra da chuva; a vós, jovens, que sois o presente e o futuro… precisamente a vós, jovens, hoje é que Jesus diz: «Não tenhais medo».
Em um pequeno silêncio, cada um repita para si mesmo, em seu coração, estas palavras: "Não tenhais medo".
Queridos jovens, gostaria de olhar cada um de vocês nos olhos e dizer: não tenham medo. Não tenham medo. E mais, digo-lhes uma coisa muito bonita, já não sou eu, é o próprio Jesus que vos olha, neste momento. Ele está nos observando. Ele vos conhece, conhece o coração de cada um de vocês, conhece a vida de cada um de vocês, conhece as alegrias, conhece as tristezas, os sucessos e os fracassos, conhece o seu coração. Ele lê os vossos corações e hoje diz-vos, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: "Não tenham medo." "Não tenha medo". Coragem, não tenham medo." Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: reconhecer as joias preciosas da vida e distingui-las das quinquilharias
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No Angelus deste domingo, Francisco convidou a "não perder tempo e liberdade com coisas triviais, passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa de um encontro com Deus e com os outros! É necessário saber reconhecê-la: discernir para encontrá-la". Jesus "é a pérola preciosa da vida".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Fiéis de várias partes do mundo se reuniram, na Praça São Pedro, neste domingo (30/07), para a oração mariana do Angelus conduzida pelo Papa Francisco.
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice falou sobre o Evangelho, deste domingo, que "conta a parábola de um negociante que procurava pedras preciosas". Segundo Jesus, o negociante «ao encontrar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra». Então, o Papa se deteve "nos gestos deste negociante, que primeiro procura, depois encontra e, por fim, compra".
Cultivar sonhos de bem
"Primeiro passo: procurar. Trata-se de um negociante empreendedor que não fica parado, mas sai de casa e começa a procurar pérolas preciosas. Ele não diz: "Estou satisfeito com as que tenho", mas procura outras mais bonitas", disse o Papa, acrescentando:
Este é um convite a não nos fecharmos na rotina, na mediocridade de quem se contenta, mas a reavivar o desejo, para que o desejo de procurar, ir adiante não se apague, cultivar sonhos de bem, buscar a novidade do Senhor, porque o Senhor não é repetitivo, ele sempre traz novidade, a novidade do Espírito sempre faz novas as realidades da vida. Nós devemos ter sempre a atitude de buscar.
"O segundo gesto do negociante é encontrar. Ele é uma pessoa arguta que "tem olho" e sabe reconhecer uma pérola de grande valor. Isso não é fácil", disse o Papa. Francisco convidou a pensar, "nos fascinantes bazares orientais, onde as barracas, cheias de mercadorias, se amontoam ao longo dos muros das ruas cheias de pessoas; ou em algumas barracas que se veem em muitas cidades, cheias de livros e vários objetos. Às vezes, nesses mercados, se pararmos para olhar bem, podemos descobrir tesouros: coisas preciosas, volumes raros que, misturados com todo o resto, passam despercebidos à primeira vista. Mas o negociante da parábola tem um olho aguçado e sabe encontrar, sabe "discernir" para encontrar a pérola".
Isso é um ensinamento para nós: todos os dias, em casa, na rua, no trabalho, nas férias, temos a oportunidade de ver o bem. É importante ser capaz de encontrar o que importa: treinar-nos para reconhecer as joias preciosas da vida e distingui-las das quinquilharias. Não percamos tempo e liberdade com coisas triviais, passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa de um encontro com Deus e com os outros! É necessário saber reconhecê-la: discernir para encontrá-la.
Jesus é a pérola preciosa da vida
O último gesto do negociante: comprar a pérola. "Percebendo seu imenso valor, ele vende tudo, sacrifica todos os bens para tê-la. Muda radicalmente o inventário do seu depósito; não há mais nada além daquela pérola: é a sua única riqueza, o sentido do seu presente e do seu futuro", disse o Papa, acrescentando:
Isso também é um convite para nós. Mas o que é esta pérola pela qual tudo se pode renunciar, aquela de que nos fala o Senhor? Essa pérola é Ele mesmo. É o Senhor! Procurar o Senhor e achar o Senhor, encontrar o Senhor, viver com o Senhor. A pérola é Jesus: Ele é a pérola preciosa da vida, a ser procurada, encontrada e adquirida. Vale a pena investir tudo Nele porque, quando se encontra Cristo, a vida muda. Quando você encontra Crista a sua vida muda.
A seguir, o Papa retomou "os três gestos do negociante - procurar, encontrar e comprar", e convidou cada um a se fazer as seguintes perguntas:
Procurar: estou, em minha vida, buscando? Sinto-me no lugar, tranquilo, satisfeito ou treino meu desejo de bem? Estou aposentado espiritualmente? Quantos jovens estão aposentados! Segundo gesto, encontrar: pratico o discernimento do que é bom e vem de Deus, sabendo renunciar ao que, ao contrário, me deixa com pouco ou nada? Por fim, comprar: sei como me gastar por Jesus? Ele está em primeiro lugar para mim? Ele é o maior bem da vida? Seria bom dizer a Ele hoje: "Jesus, você é meu maior bem". Que cada um diga em seu coração: "Jesus, você é meu maior bem".
"Que Maria nos ajude a procurar, encontrar e abraçar Jesus com toda a nossa força", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO POR OCASIÃO DO III DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS
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XVI Domingo do Tempo Comum – 23 de julho de 2023
«De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50)
Queridos irmãos e irmãs!
«De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50): assim reza o tema do III Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milénios depois, cadenciam a nossa oração diária: «Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De facto, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência.
Neste ano, regista-se uma proximidade estupenda entre a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude; no tema de ambas, sobressai a «pressa» de Maria (cf. 1, 39) quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior. A amizade duma pessoa idosa ajuda o jovem a não cingir a vida ao presente e a lembrar-se que nem tudo depende das suas capacidades. Por sua vez, aos mais velhos, a presença dum jovem abre à esperança de que não se perderá tudo aquilo que viveram e se vão realizar os seus sonhos. Em resumo, a visita de Maria a Isabel e a consciência de que a misericórdia do Senhor se transmite duma geração à outra mostram que não podemos avançar – nem salvar-nos – sozinhos, e que a intervenção de Deus se manifesta sempre no conjunto, na história dum povo. É precisamente Maria quem no-lo diz no Magnificat, alegrando-Se em Deus, que, fiel à promessa feita a Abraão (cf. 1, 51-55), realizou maravilhas novas e surpreendentes.
Para melhor captar o estilo do agir de Deus, recordemos que o tempo deve ser vivido em plenitude, porque as realidades maiores e os sonhos mais belos não acontecem num instante, mas através dum crescimento e duma maturação: em caminho, em diálogo, no relacionamento. Ora, quem se concentra apenas no imediato, nas próprias vantagens que se hão de conseguir rápida e sofregamente, no «tudo e já», perde de vista o agir de Deus. Diversamente, o seu projeto de amor atravessa o passado, o presente e o futuro, abraça e põe em ligação as gerações. É um projeto que nos ultrapassa a nós mesmos, mas no qual cada um de nós é importante e, sobretudo, é chamado a ir mais além. Para os mais jovens, trata-se de ir mais além do imediato em que nos confina a realidade virtual, que muitas vezes nos desvia da atividade concreta; para os mais velhos, trata-se de não se deterem no debilitar-se das forças nem no lamento pelas ocasiões perdidas. Olhemos para a frente! Deixemo-nos plasmar pela graça de Deus, que, de geração em geração, nos liberta do imobilismo no agir e das lamúrias voltadas para o passado!
No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana. Por isso, quero convidar cada um a pensar naquele encontro; mais ainda, a fechar os olhos e imaginar, como numa foto instantânea, aquele abraço entre a jovem Mãe de Deus e a mãe idosa de São João Batista; representá-lo na mente e visualizá-lo no coração, para o fixar na alma como um luminoso ícone interior.
E convido depois a passar da imaginação à vida concreta, fazendo algo para abraçar os avós e os idosos. Não os deixemos sozinhos; é preciosa a sua presença nas famílias e nas comunidades: dá-nos a noção de partilhar a mesma herança e de fazer parte dum povo em que se preservam as raízes. Sim! São os idosos que nos transmitem a pertença ao santo Povo de Deus. A Igreja e de igual modo a sociedade precisam deles. É que os idosos entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro. Honremo-los, não nos privemos da sua companhia nem os privemos da nossa. Não permitamos que sejam descartados.
O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos pretende ser um pequeno e delicado sinal de esperança para eles e para a Igreja inteira. Por isso renovo o meu convite a todos – dioceses, paróquias, associações, comunidades – para o celebrarem, colocando no centro a alegria transbordante dum renovado encontro entre jovens e idosos. A vós, jovens, que estais a preparar-vos para partir para Lisboa ou que vivereis a Jornada Mundial da Juventude na própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, ide visitar os vossos avós, fazei uma visita a um idoso sozinho. A sua oração proteger-vos-á e levareis no coração a bênção daquele encontro. A vós, idosos, peço para acompanhardes com a oração os jovens que estão prestes a celebrar a JMJ. Aqueles jovens são a resposta de Deus aos vossos pedidos, o fruto daquilo que semeastes, o sinal de que Deus não abandona o seu povo, mas sempre o rejuvenesce com a criatividade do Espírito Santo.
Queridos avós, queridos irmãos e irmãs idosos, chegue até vós a bênção do abraço entre Maria e Isabel, e encha de paz os vossos corações. Com afeto, vos abençoo. E vós, por favor, rezai por mim.
Roma – São João de Latrão, na Festa da Visitação da Virgem Santa Maria, 31 de maio de 2023.
FRANCISCO
Fonte: https://www.vatican.va
Papa: a Eucaristia é mais que um símbolo, é amor a ser compartilhado com os pobres
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"A Eucaristia nos impele a um amor fortemente comprometido com o próximo, porque não podemos realmente entender e viver seu significado se mantivermos nossos corações fechados para nossos irmãos e irmãs, especialmente por aqueles que são pobres, sofredores, exaustos ou perdidos na vida", afirmou Francisco ao receber no Vaticano o comitê organizador da 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos. Evento acontece em julho de 2024, em Indianápolis.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco retomou nesta segunda-feira (19) a agenda de audiências depois da cirurgia no intestino que o deixou internado por dez dias no Hospital Gemelli de Roma. Entre os compromissos da manhã no Vaticano, a audiência com o comitê organizador da 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos. O evento será realizado por quatro dias em julho de 2024, na cidade de Indianápolis, e o Pontífice já agradeceu por toda a preparação, encorajando a continuar com os esforços "para reavivar a fé e o amor pela Santíssima Eucaristia, 'fonte e ápice de toda a vida cristã' (Lumen Gentium, 11)."
O Reavivamento Eucarístico nos EUA
Vários eventos em nível diocesano e paroquial, além de uma peregrinação eucarística com dois meses de duração rumo ao Congresso em Indianápolis, fazem parte de uma iniciativa de três anos dos bispos para reavivar a frequência à missa, aproximando os fiéis da Eucaristia. Esse “Reavivamento Eucarístico” [Eucharistic Revival], como vem sendo chamado, foi estabelecido pela Conferência dos Bispos Católicos do país.
O percurso da peregrinação - que será iniciado no Domingo de Pentecostes (19 de maio de 2024) e vai terminar em 16 de julho, data de abertura do Congresso - terá mais de 10 mil quilômetros e vai cobrir 65 dioceses ao longo de quatro itinerários diferentes. As paróquias serão visitadas por jovens católicos, acompanhados por capelães, e serão sede de celebrações eucarísticas, adoração ao Santíssimo Sacramento, devoções de 40 horas, palestras eucarísticas e testemunhos de peregrinos, por exemplo.
A Eucaristia não é um símbolo
"A Eucaristia, de fato", disse o Papa na audiência, "é a resposta de Deus à fome mais profunda do coração humano, à fome de vida verdadeira: nela, o próprio Cristo está realmente em nosso meio para nos nutrir, consolar e sustentar em nossa jornada". Francisco destacou a importância da Igreja nos Estados Unidos encorajar nesse percurso:
"Infelizmente, hoje em dia, às vezes, entre nossos fiéis, alguns acreditam que a Eucaristia seja mais um símbolo do que a presença real e amorosa do Senhor. É mais que um símbolo, é a presença real e amorosa do Senhor. Espero, portanto, que o Congresso Eucarístico inspire os católicos de todo o país a recuperar o senso de maravilha e encantamento por esse grande dom que o Senhor nos deu e a passar tempo com Ele na celebração da Santa Missa, bem como na oração pessoal e na adoração ao Santíssimo Sacramento."
“Acredito que nós, nestes tempos modernos, perdemos o sentido da adoração, precisamos recuperar o sentido de adorar em silêncio, adorar. É uma oração que perdemos. Poucas pessoas sabem o que é isso e vocês, bispos, devem catequizar os fiéis para a oração de adoração e, com a Eucaristia, se deve fazer assim.”
Promover a vocação ao sacerdócio
O Papa Francisco, afirmou, assim, que o Congresso Eucarístico Nacional marca um momento significativo na vida da Igreja do país, inclusive para inspirar novas vocações:
"Não posso deixar de mencionar a necessidade de promover as vocações ao sacerdócio, porque, como disse São João Paulo II: 'não existe Eucaristia sem Sacerdócio' (Carta aos Sacerdotes para a Quinta-feira Santa de 2004). São necessários sacerdotes para celebrar a Santa Eucaristia. Espero que o Congresso seja uma oportunidade para que os fiéis se comprometam com um zelo cada vez maior para serem discípulos missionários do Senhor Jesus no mundo".
A Eucaristia deve ir além da igreja
Na Eucaristia, continuou o Papa, "encontramos Aquele que se entregou inteiramente a nós, que se sacrificou para nos dar a vida, que nos amou até o fim". Uma inspiração para os missionários, sobretudo, recordou Francisco, diante de dois grupos de pessoas que precisam ser visitadas: "os idosos, que são a sabedoria de um povo, e os doentes, que são a figura do Jesus sofredor".
"Só nos tornamos testemunhas confiáveis da alegria e da beleza transformadora do Evangelho reconhecendo que o amor celebrado no Sacramento nem sempre pode ser guardado para nós, mas exige ser compartilhado com todos. E esse é o sentido do trabalho missionário: você vai, celebra a missa, comunga, faz a adoração... e depois? Depois sai, você sai para evangelizar, Jesus nos 'mostra' assim... A Eucaristia nos impele a um amor fortemente comprometido com o próximo, porque não podemos realmente entender e viver seu significado se mantivermos nossos corações fechados para nossos irmãos e irmãs, especialmente por aqueles que são pobres, sofredores, exaustos ou perdidos na vida." Fonte: https://www.vaticannews.va
11º Domingo do Tempo Comum: O Olhar do Papa Francisco
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Francisco: Deus não está distante, mas é Pai. O agradecimento do Papa
Antes da oração do Angelus deste 11º Domingo do Tempo Comum, o Papa agradeceu as orações e os testemunhos de afeto durante sua permanência no Hospital Gemelli. Comentando o Evangelho dominical, destacou que o coração do anúncio é "o testemunho gratuito, o serviço" e que, estando perto de Deus, "superamos o medo e sentimos a necessidade de anunciar" o seu amor.
Silvonei José – Vatican News
"Desejo expressar minha gratidão por todos aqueles que demonstraram afeto, cuidado e amizade" durante minha hospitalização, "e garantiram o apoio da oração". Foi o que disse o Papa Francisco, que voltou neste 11º Domingo do Tempo Comum a recitar o Angelus na Praça São Pedro, depois de ter sido submetido a uma cirurgia em 7 de junho no Hospital Geral Agostino Gemelli, em Roma. "Essa proximidade para mim tem sido de grande ajuda e conforto", acrescentou olhando pela janela de seu escritório no Palácio Apostólico do Vaticano, "Obrigado de coração".
Deus está perto de nós, ele é Pai, não estamos sozinhos!
Na meditação que precedeu a oração mariana, o Papa recordou a passagem do Evangelho deste Domingo, na qual o evangelista Mateus descreve o mandato de Jesus aos discípulos: ""proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’". E ele enfatiza que o coração da proclamação é "testemunho livre, serviço". Como no início de sua pregação, Jesus proclama que o senhorio do amor de Deus "vem entre nós". E isso, comenta, "não é uma notícia entre as outras, mas a realidade fundamental da vida". De fato, "se o Deus do céu está próximo, não estamos sozinhos na terra e, mesmo nas dificuldades, não perdemos a confiança". Essa é a primeira coisa a ser dita às pessoas":
Deus não está distante, mas é Pai, Ele o conhece e o ama; quer segurar a sua mão, mesmo quando você passa por caminhos íngremes e irregulares, mesmo quando você cai e tem dificuldade para se levantar e retomar o caminho.
Perto Dele, superamos o medo e anunciamos
E muitas vezes, continua Francisco, " nos momentos em que você está mais fraco, pode sentir mais forte a sua presença. Ele conhece o caminho, Ele está com você, Ele é seu Pai!". Assim, o mundo, grande e misterioso, "torna-se familiar e seguro, porque a criança sabe que está protegida. Ela não tem medo e aprende a se abrir: conhece outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não sabia". Enquanto "cresce nela o desejo de se tornar grande e de fazer as coisas que viu o papai fazer". É por isso que Jesus começa aqui...
é por isso que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: estando perto de Deus, superamos o medo, nos abrimos para o amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade e a alegria de anunciar.
Anunciar sua proximidade com gestos de amor e esperança
Se quisermos ser bons apóstolos, prossegue o Pontífice esclarecendo, "devemos ser como crianças: sentar "no colo de Deus" e, de lá, olhar para o mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que somente Ele transforma nossos corações e nos dá aquela alegria e paz que não podemos proporcionar por nós mesmos.
Anunciar que Deus está próximo. Mas como fazer isso? No Evangelho, Jesus recomenda não dizer muitas palavras, mas fazer muitos gestos de amor e esperança em nome do Senhor. Esse é o coração do anúncio: testemunho gratuito, serviço.
Vou lhes dizer uma coisa, acrescentou o Papa: "fico perplexo e muito perplexo, sempre, com os 'faladores' que falam muito e não fazem nada".
Vamos nos fazer algumas perguntas
O Papa Francisco então convida a nos perguntarmos: “nós, que acreditamos no Deus próximo, confiamos Nele? Sabemos olhar para frente com confiança, como uma criança que sabe que está sendo carregada pelo pai? Sabemos como nos sentar no colo do Pai com a oração, com a escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos?”
Enfim, perto d’Ele, sabemos como incutir coragem nos outros, nos aproximar daqueles que sofrem e estão sozinhos, daqueles que estão longe e até mesmo daqueles que são hostis a nós? Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: que Santa Teresinha nos ajude a amar Jesus e superar nosso egoísmo
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Diante das relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus, Francisco anunciou a publicação de uma Carta Apostólica por ocasião dos 150 anos de nascimento da Padroeira das Missões.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
O Papa dedicou sua catequese desta quarta-feira à Santa Teresa do Menino Jesus, que foi enriquecida com a presença na Praça São Pedro de suas relíquias e a de seus santos pais, Luís e Zélia. O Pontífice anunciou que pretende dedicar à santa de Lisieux uma Carta Apostólica por ocasião dos seus 150 anos de nascimento, que se celebram neste ano de 2023.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis, Francisco destacou o título de Padroeira universal das Missões de Santa Teresinha, embora nunca tenha saído em missão. Mas o seu desejo – escreve ela – era ser missionária, e não só durante alguns anos, mas por toda a vida; mais ainda, por toda a eternidade. Ela era uma monja carmelita e sua vida foi marcada pela pequenez e pela fraqueza: ela mesma se autodefinia "um pequeno grão de areia". De saúde frágil, ela morreu com somente 24 anos.
O Pontífice narrou dois episódios que transformaram sua vida: o primeiro em âmbito familiar e, o segundo, com um condenado à morte. A partir de então, "voltou o seu zelo para os outros, para que encontrassem Deus e, em vez de buscar consolações para si mesma, se propôs a "consolar Jesus, fazendo com que as almas o amassem"
A fé nasce por atração
Do Carmelo, acompanhava os missionários por carta, com a oração e oferecendo por eles todos os sacrifícios que a vida lhe pedia. Teresa intercedia pelas missões e as abençoava. Na verdade, disse o Papa, não é missionário apenas quem deixa a sua pátria e vai para longe, aprende línguas novas e nelas anuncia a Boa Nova de Jesus; mas toda a pessoa que, no lugar onde vive, serve como instrumento do amor de Deus e tudo faz para que Jesus passe para os outros.
Dizia ela que "Jesus está doente de amor, e a doença do amor só se cura com o amor". Para a Igreja, concluiu o Papa, mais importante do que a abundância de meios, métodos e estruturas, que às vezes até a distraem do essencial, é ter muitos corações como o de Teresa, corações que atraem ao amor e aproximam de Deus.
“Este é o zelo apostólico que, nos recordemos sempre, nunca funciona por proselitismo - nunca - ou por pressão - nunca-, mas por atração: a fé nasce por atração. Ninguém se torna cristão porque foi forçado por alguém, não, mas porque tocado pelo amor.”
"Peçamos à santa - temos as relíquias aqui - a graça de superar o nosso egoísmo e peçamos a paixão de interceder, de interceder para que esta atração seja maior nas pessoas e para que Jesus seja conhecido e amado", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco revela que o kirchnerismo tentou colocá-lo na prisão: 'Queriam cortar minha cabeça'
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Em conversa com jesuítas na Turquia, Francisco diz que 'todas as ações durante a ditadura' foram questionadas
O Papa Francisco durante discurso em Budapeste, na Hungria, nesta sexta-feira VINCENZO PINTO/AFP
PINTO/AFP
O Papa Francisco revelou que, enquanto ainda era arcebispo de Buenos Aires, o governo da então presidente (e hoje vice) Cristina Kirchner deu "indicações" a três juízes para condená-lo por suas ações durante a ditadura no país (1976-1983). O Pontífice contou a história a 32 jesuítas que visitou na Hungria, onde deu detalhes de um longo depoimento que precisou prestar à Justiça devido ao sequestro em 1976 dos padres Orlando Yorio e Ferenc Jálics, acusados pelos militares de terem ligações com a guerrilha.
— Alguns do governo queriam cortar minha cabeça, e não levantaram tanto essa questão do Jálics [de origem húngara], mas questionaram toda a minha forma de agir durante a ditadura — disse o Pontífice.
O diálogo com os padres aconteceu no dia 29 de abril e foi publicado pelo La Civiltá Cattolica, revista dos jesuítas italianos, que passa pelo crivo do Vaticano antes de ser publicano.
Então arcebispo Jorge Mario Bergoglio, o Pontífice testemunhou em 8 de novembro de 2010 no âmbito do caso Esma, que ainda investiga as ações militares no Escola de Mecânica da Marinha, que foi o maior centro ilegal de detenção e tortura da ditadura argentina. À época, o jornalista Horacio Verbitsky, ligado ao kirchnerismo, acusou Bergoglio de ter "entregado", como superior provincial dos jesuítas, os padres Franz Jalics e Orlando Yorio a seus captores.
Ele respondeu aos juízes que o interrogaram que foi o contrário: ele havia intercedido pelos padres perante o ditador Jorge Rafael Videla e seu vice na junta militar, almirante Eduardo Massera.
— Deram-me a possibilidade de escolher o lugar onde realizar o interrogatório, e escolhi fazê-lo no Episcopado. Durou 4h10. Um dos juízes insistia muito no meu comportamento, e eu sempre respondi com a verdade. Mas, para mim, a única pergunta série e bem fundamentada foi feita pelo advogado que pertencia ao Partido Comunista — disse Francisco à La Civiltá Cattolica. — Graças a essa pergunta, as coisas se esclareceram e, por fim, minha inocência foi comprovada. Mas não se falou quase nada de Jálics, mas de outros casos de pessoas que haviam pedido ajuda.
Segundo o Pontífice, "quando Jálics e Yorio foram presos pelos militares, a situação que se vivia na Argentina era confusa e não estava claro o que deveria ser feito":
— Fiz o que achei que deveria fazer para defendê-los. Foi uma situação muito dolorosa — completou.
Quando Bergoglio foi escolhido Papa em 2013, na Argentina muitos consideravam que ele não havia feito o suficiente pelos detentos desaparecidos, com alguns acusando-o inclusive de cumplicidade. O papel do então arcebispo nos acontecimentos dos anos 1970 fez parte de um amplo estudo que a Igreja Católica fez sobre centenas de milhares de arquivos que estavam no Episcopado em Buenos Aires e no Vaticano.
O resultado do trabalho foi publicado em duas levas — há uma terceira em elaboração — sob o título "A verdade os fará livre". Em uma entrevista ao El País, o relator da investigação, Carlos María Galli, disse que a Igreja deveria "ter feito mais para evitar tanta matança", mas negou que tenha havido cumplicidade. Afirmou também que os ataques contra Bergoglio foram "um pouco armados porque calhavam ao governo da vez", de Cristina Kirchner.
— Quando o consideravam opositor, começaram a atacá-lo. Um dos elementos foi revisitar a história dos dois jesuítas detidos em 1976 (Jálics e Yorio) e dizer que Bergoglio havia os deixado vulneráveis — afirmou. — Bergoglio ajudou a salvar ao menos 30 pessoas.
Bergoglio contou aos jesuítas húngaros que anos mais tarde, quando já era Papa, os juízes o revelaram que haviam sido pressionados pelo governo para condená-lo:
— Voltei a ver aqui, em Roma, como Papa, dois dos juízes, um deles junto a um grupo de argentinos. Não o havia reconhecido, apesar de ter a impressão que já o havia visto. Eu olhei para ele, olhei, e dizia para mim mesmo "eu conheço esse [homem]". Ele me deu um abraço e foi embora.
O Pontífice, contudo, afirmou que voltou a ver o magistrado mais uma vez, quando ele se apresentou. Narrando aos húngaros o ocorrido, o Papa continuou:
— Disse para ele: "mereço ser castigado cem vezes, mas não por esse motivo". Disse que estava em paz com essa história. Sim, mereço ser julgado pelos meus pecados, mas sobre esse ponto quero ser claro. Também veio outro dos três juízes, que me disse claramente que eles haviam recebido indicações do governo para me condenar.
Os padres Ferenc Jalics, que morreu em 2021, e Orlando Yorio, que morreu em 2000, trabalhavam em um bairro popular de Buenos. Rapidamente, narrou o papa, se tornaram alvo dos militares:
— No bairro onde trabalhavam havia uma célula guerrilheira. Mas os jesuítas não tinham nada a ver com eles: eram pastores, não políticos. Ainda assim, foram feitos prisioneiros apesar de serem inocentes. Não encontraram nada para acusá-los, porém precisaram ficar nove meses no cárcere, aguentando ameaças e torturas. Logo foram soltos, mas essas coisas deixam feridas profundas.
O Papa continuou afirmando que Jálics foi vê-lo imediatamente após ser solto, e que conversaram. Francisco afirmou tê-lo aconselhado a ir ver sua mãe nos Estados Unidos e que a "situação era realmente muito incerta e confusa. Depois, disse o Papa "surgiu a lenda de que tinha sido quem os entregou quando foram presos".
Ao fim de sua conversa com os jesuítas húngaros, o religioso argentino recomendou que os interlocutores lessem "A verdade os fará livres":
— Ali poderão encontrar a verdade sobre o caso. Fonte: https://oglobo.globo.com
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