Terça-feira, 1º de junho-2019. 9ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 12,13-17)
13Enviaram-lhe alguns fariseus e herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra. 14Aproximaram-se dele e disseram-lhe: Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permitido que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo? 15Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário. 16Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: De quem é esta imagem e a inscrição? De César, responderam-lhe. 17Jesus então lhes replicou. Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
3) Reflexão - Mc 12,13-17
No evangelho de hoje continua o confronto entre Jesus e as autoridades. Os sacerdotes, anciãos e escribas tinham sido criticados e denunciados por Jesus na parábola da vinha (Mc 12,1-12). Agora, os mesmos pedem aos fariseus e herodianos para armar uma cilada contra Jesus, a fim de poder apanhá-lo e condená-lo. Estes perguntam a Jesus sobre o imposto a ser pago aos romanos. Era um assunto polêmico que dividia a opinião pública. Os adversários de Jesus querem a todo custo acusá-lo e, assim, diminuir a sua influência junto do povo. Grupos, que antes eram inimigos entre si, agora se unem para combater Jesus que pisava no calo de todos eles. Isto acontece também hoje. Muitas vezes, pessoas ou grupos, inimigos entre si, se unem para defender seus privilégios contra aqueles que os incomodam com o anúncio da verdade e da justiça.
Marcos 12,13-14. A pergunta dos fariseus e herodianos.
Fariseus e herodianos eram as lideranças locais nos povoados da Galileia. Bem antes, eles já tinham decidido matar Jesus (Mc 3,6). Agora, a mando dos Sacerdotes e Anciãos, eles querem saber de Jesus se ele é a favor ou contra o pagamento do imposto aos romanos, a César. Pergunta esperta, cheia de malícia! Sob a aparência de fidelidade à lei de Deus, buscam motivos para poder acusá-lo. Se Jesus dissesse: “Deve pagar!”, poderiam acusá-lo junto ao povo como amigo dos romanos. Se ele dissesse: “Não deve pagar!”, poderiam acusá-lo junto às autoridades romanas como subversivo. Parecia uma sinuca sem saída!
Marcos 12, 15-17: A resposta de Jesus.
Jesus percebe a hipocrisia. Na sua resposta, ele não perde tempo em discussões inúteis, e vai direto ao centro da questão. Em vez de responder e de discutir o assunto do tributo a César, ele pede que lhe mostrem a moeda, e pergunta: "De quem é esta imagem e inscrição?" Eles respondem: "De César!" Resposta de Jesus: "Então, dêem a César o que é de César, mas a Deus o que é de Deus!”. Na prática, eles já reconheciam a autoridade de César. Já estavam dando a César o que era de César, pois usavam as moedas dele para comprar e vender e até para pagar o imposto ao Templo! O que interessa a Jesus é que “dêem a Deus o que é de Deus!”, isto é, que devolvam a Deus o povo, por eles desviado, pois com os seus ensinamentos bloqueavam a entrada do Reino para o povo (Mt 23,13). Outros explicam esta frase de Jesus de outra maneira: “Dêem a Deus o que é de Deus!”, isto é, pratiquem a justiça e a honestidade conforme o exige a Lei de Deus, pois pela hipocrisia vocês estão negando a Deus o que lhe é devido. Os discípulos e as discípulas devem tomar consciência! Pois era o fermento destes fariseus e herodianos que estava cegando os olhos deles! (Mc 8,15).
Impostos, tributos, taxas e dízimos
No tempo de Jesus, o povo da Palestina pagava muitos impostos, taxas, tributos e dízimos, tanto aos romanos como ao Templo. O império romano invadiu a Palestina no ano 63 aC e passou a exigir muitos impostos e tributos. Pelos cálculos feitos, metade ou mais do orçamento familiar era para os impostos, tributos, taxas e dízimos. Os impostos exigidos pelos romanos eram de dois tipos: direto e indireto:
- O imposto Direto era sobre as propriedades e sobre as pessoas. Imposto sobre as propriedades (tributum soli): os fiscais do governo verificavam o tamanho da propriedade, da produção e do número de escravos e fixavam a quantia a ser paga. Periodicamente, havia nova fiscalização através dos censos. Imposto sobre as pessoas (tributum capitis): era para as classes pobres sem terra. Incluía tanto homens como mulheres entre 12 e 65 anos. Era sobre a força do trabalho: 20% da renda de cada pessoa era para o imposto.
- O imposto Indireto era sobre transações variadas. Coroa de ouro: Originalmente, era um presente ao imperador, mas tornou-se um imposto obrigatório. Era cobrado em ocasiões especiais como festas e visitas do imperador. Imposto sobre o sal: o sal era o monopólio do imperador. Só era tributado o sal para uso comercial. Por exemplo, o sal usado pelos pescadores para comercializar o peixe. Daqui vem a nossa palavra “salário”. Imposto na compra e venda: Em cada transação comercial pagava-se 1%. A cobrança era feita pelos fiscais na feira. Na compra de um escravo exigiam-se 4%. Em cada contrato comercial registrado, exigiam-se 2%. Imposto para exercer a profissão: Para tudo se precisava de licença. Por exemplo, um sapateiro na cidade de Palmira pagava um denário por mês. Um denário era o equivalente ao salário de um dia. Até as prostitutas tinham que pagar. Imposto sobre o uso de coisas de utilidade pública: O imperador Vespasiano introduziu o imposto para se poder usar as privadas públicas em Roma. Ele dizia “Dinheiro não fede!”
- Outras Taxas e obrigações: Pedágio ou alfândega; Trabalho forçado; Despesa especial para o exército (dar hospedagem aos soldados; fornecer pagar comida para o sustento das tropas); Imposto para o Templo e o Culto.
4) Para um confronto pessoal
- Você conhece algum caso de grupos ou de pessoas que eram inimigos entre si, mas que se juntaram para perseguir a pessoa honesta que os incomodava e denunciava? Isto já aconteceu alguma vez com você?
- Qual é hoje o sentido da frase: “Dai a César o que é do César, e a Deus o que é de Deus”?
5) Oração final
Cumulai-vos desde a manhã com as vossas misericórdias, para exultarmos alegres em toda a nossa vida. Manifestai vossa obra aos vossos servidores, e a vossa glória aos seus filhos (Sl 89, 14.16)
Índia: 204 padres, 212 freiras e 3 bispos mortos de covid-19.
- Detalhes
Covid-19: Igreja na Índia recorda sacrifício de padres e irmãs contagiados no exercício da missão
“Eles morreram no exercício de seu serviço pastoral e de sua missão. Sua contribuição para a Igreja e sua missão serão lembradas para sempre”, diz sacerdote em Orissa.“Agradecemos a Deus pelo dom destas pessoas e, seguindo o seu exemplo, prometemos continuar a dedicar a nossa vida a Deus, à Igreja e ao povo de Deus, no amor e no serviço, especialmente durante o tempo da pandemia”.
Vatican News
Nesta terça-feira, 1° de junho, as mortes por Covid-19 na Índia eram de quase 332 mil e o número de contágios ultrapassava a cifra de 28 milhões. Entre as vítimas fatais do vírus, também sacerdotes e religiosas que não obstante os riscos, não pouparam esforços em levar assistência aos sofredores e enfermos.
Até 30 de maio, 204 sacerdotes, 212 religiosas e 3 bispos morreram, segundo informou à Agência Fides o padre Suresh Mathew, frade capuchinho e jornalista indiano, diretor da revista inglesa Indian Currents, que assumiu a triste missão de monitorar a situação em nível nacional e fazer a lista dos sacerdotes, religiosos, religiosas e bispos que morreram devido à Covid -19.
“A maior parte dos sacerdotes e freiras falecidos estavam nas áreas rurais para realizar o trabalho pastoral e não tinham acesso a serviços de saúde no tempo necessário”, explicou Pe. Mathew à Agência Fides.
A Índia tem cerca de 30.000 sacerdotes, entre diocesanos e religiosos. As freiras, por outro lado, são cerca de 103.000. Entre os religiosos falecidos - pertencentes a diversas Congregações masculinas e femininas – estão 36 jesuítas, comprometidos no serviço da promoção humana com os pobres, os indígenas, os tribais, os sem casta. As Missionárias da Caridade, em seu serviço ao próximo e aos abandonados e moribundos, perderam 14 religiosas.
Contágios no exercício do ministério
Muitos morreram enquanto estavam ativamente envolvidos no exercício de seu ministério: "As freiras – conta o padre Mathew - foram infectadas durante o serviço em hospitais. Alguns sacerdotes realizavam ritos fúnebres ou quiseram garantir os Sacramentos e a assistência espiritual aos doentes. E, uma vez infectados, muitos de nossos padres que trabalham em recantos remotos do país não tinham acesso a cuidados hospitalares adequados”.
O frade capuchinho observa que se “talvez estivessem em cidades com melhor infraestrutura de saúde, não teriam perdido a vida”, acrescentando que eles “trabalhavam entre os pobres, os indígenas, os esquecidos que não tiveram acesso ou não podiam pagar por um atendimento especializado em hospitais. Eles ficaram ao seu lado na dificuldade, na escassez e na miséria”.
“Eram pessoas que, conscientemente, não quiseram ficar voltadas para si mesmas nem isolar-se, mas quiseram continuar a fazer o seu trabalho, a doar-se, a testemunhar o rosto misericordioso e compassivo de Deus que se inclina sobre os sofredores, mesmo colocando em risco a própria vida", conclui.
Dor também pela perda de leigos e jovens missionários e pessoas de outras religiões
“Estamos todos tristes pela morte de tantas freiras, irmãos e sacerdotes e missionários. Sentimos muita dor porque muitos deles eram nossos conhecidos”, confirma à Fides pe. Anand Mathew, membro da Indian Missionary Society, uma Congregação que perdeu três padres. “Ao mesmo tempo, reconhecemos e recordamos a morte de muitos leigos cristãos e de muitos jovens missionários, bem como o sacrifício de pessoas de várias religiões, durante a segunda onda de Covid”, afirma pe. Ananad, que também é assistente social e especialista em comunicação.
O arcebispo John Barwa, à frente da comunidade da Arquidiocese de Cuttack-Bhubaneswar, em Orissa, no leste da Índia, informa à Fides que sua diocese perdeu dois sacerdotes por causa da Covid: “Os padres foram pioneiros nas regiões mais remotas e comprometidos com o Reino de Deus. A perda de missionários tão zelosos é uma grande perda para a Igreja, para a sociedade e para o país”, comenta.
Na fidelidade ao ministério até o fim, o exemplo a ser seguido
"A Índia está passando por uma segunda onda de Covid sem precedentes, enquanto se constata uma lacuna crescente entre o fornecimento e a necessidade de vacinas, falta de leitos hospitalares, remédios e oxigênio. Há uma grande preocupação para todos. Além disso, perder nestes dias tantos sacerdotes e religiosas é ainda mais doloroso", diz por sua vez a assistente social de Orissa Kailash Chandra Dandapat, que conheceu alguns sacerdotes mortos de Covid-19 - como o padre Bijaya Kumar Nayak - incansáveis animadores das comunidades, prestando assistência e consolo até o fim.
“Eles morreram no exercício de seu serviço pastoral e de sua missão. Sua contribuição para a Igreja e sua missão serão lembradas para sempre”, nota o padre Dibyasingh Parichha, sacerdote e advogado em Orissa. “Agradecemos a Deus pelo dom destas pessoas e, seguindo o seu exemplo, prometemos continuar a dedicar a nossa vida a Deus, à Igreja e ao povo de Deus, no amor e no serviço, especialmente durante o tempo da pandemia”.
Com Agência Fides
Fonte: https://www.vaticannews.va
CORPUS CHRISTI E AÇÕES SOCIAIS
- Detalhes
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Na data de 3 de junho deste ano, 2021, mesmo em plena presença desoladora e letal da pandemia do coronavírus, celebramos a Solenidade do Santíssimo Corpo, Sangue e Divindade de Jesus Cristo. Corpus Christi é Festa da Eucaristia, da presença do Cristo Ressuscitado e do Sacramento do Amor de Deus pelo seu povo. É a fonte da vida da comunidade cristã e da família de Deus.
Essa Solenidade revela o sentido rico da espiritualidade da Aliança, expressão de unidade que acontece entre o ser divino e o ser humano, em sinal visível e concreto, presente na hóstia consagrada. Jesus Cristo continua entre as pessoas, em forma de Sacramento Eucarístico, sinal-presença de esperança para todos aqueles que O reconhecem como libertador e Salvador da humanidade.
No Novo Testamento acontece a Nova Aliança de Deus, não mais como sinal e nem como acontecimento, mas como Sacramento para edificar a vida das pessoas, porque Cristo continua unido ao povo, a quem doou a vida no seu corpo e sangue. É da Eucaristia que nasce e vive a Igreja, no sangue e na água que jorram de seu corpo, concretizados na água do batismo e na força do sangue derramado.
Então, a Igreja, que vive da força da Eucaristia, exerce uma missão no mundo para construir o Reino de Deus. Além do aspecto da evangelização, da construção da comunidade cristã e da paz, ela realiza ações sociais para ajudar as pessoas mais necessitadas. É a prática da caridade fraterna, diminuindo o sofrimento das pessoas à margem das condições mínimas para sua sobrevivência.
Esse gesto solidário foi ampliado neste tempo de pandemia. O sofrimento do povo aumentou em diversos aspectos. O maior deles é a fome e a impossibilidade de conseguir os alimentos básicos para preservar a vida. Com isto os gestos solidários foram assumidos por pessoas e instituições. Sem dar nenhuma publicidade, mas todas as paróquias no Brasil fizeram alguma campanha solidária de alimentos.
É na força da Eucaristia que melhor conseguimos enxergar o irmão sofredor. A solidariedade de Jesus Cristo com os pobres foi um testemunho modelar para todos os seus seguidores. Ele mostrou que a vida cristã não pode ficar no patamar de um mundo fechado, egoísta e sem partilha. Viver a Eucaristia é colocar a mão na massa para construir uma sociedade onde a vida tem sua dignidade. Fonte: https://www.cnbb.org.br
SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI
- Detalhes
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A fé da Igreja na presença do Senhor ressuscitado no mistério da Eucaristia remonta à origem das primeiras comunidades cristãs. O Evangelho de Marcos nos dá, nesta liturgia, um dos relatos da instituição da Eucaristia. A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo foi instituída há mais de oito séculos, numa época em que se comungava pouco, pois muitas comunidades estavam tendo dúvidas acerca da presença real do Senhor na Eucaristia. Jesus, nessa ceia, compromete-se radicalmente, suas palavras durante a ceia levam ao cumprimento pleno do que anunciam. O sacramento da Eucaristia é alimento de nossa doação e serviço aos irmãos? A Eucaristia é vital para nossa vida de fé?
O gesto levado à plena realização por Jesus é também chamado de ação de graças. Por conseguinte, a Eucaristia é muito mais que um banquete, constitui precisamente o memorial da Páscoa de Jesus; não é apenas uma recordação ou lembrança, mas para nós, cristãos, tem o sentido de participação no mistério da sua paixão, morte e ressurreição e de comunhão profunda com ele. Comungar o corpo e sangue do Senhor é comungar de sua missão de servir e doar a vida. Ele mesmo garantiu: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue terá a vida eterna” (Jo 6,54); isto é, participamos de sua vida quando entramos na mesma dinâmica e espírito de sua proposta de salvação.
A primeira leitura(Ex 24,2-8) descreve a conclusão da aliança entre Deus e o povo no Sinai. Moisés transmite as palavras e os decretos do Senhor ao povo, o qual assume o compromisso de observar todo o conteúdo dessa aliança. Para confirmá-la, Moisés asperge o povo com o sangue dos sacrifícios. Em toda celebração Eucarística, renova-se a mais sublime e permanente aliança de Deus com o povo.
Na segunda leitura(Hb 9,11-15) já não os sangue dos animais, mas o sangue de Cristo, oferecido uma única vez, vem selar a aliança de Deus com a humanidade. Cristo ressuscitado é o novo e incomparável sumo sacerdote e mediador entre Deus e nós. Seu sangue derramado nos purifica de todo pecado.
No Evangelho(Mc 14,12-16.22-26) Jesus celebra junto com os discípulos, sua última ceia, antes de ser julgado e condenado. Com este ato, ele dá novo sentido aos gestos rituais e oferece o pão e o vinho, tornando-se a vítima e realizando o sacrifício da aliança. Os comensais da Eucaristia alimentam-se do Corpo e Sangue de Cristo, que se oferece como alimento para a vida nova e definitiva.
O Papa Francisco, resume bem, o sentido da Solenidade hodierna: “Na nossa cidade faminta de amor e solicitude, que sofre de degradação e abandono, perante tantos idosos sozinhos, famílias em dificuldade, jovens que dificilmente conseguem ganhar o pão e alimentar os seus sonhos, o Senhor diz-te: «Dá-lhes tu de comer». E tu podes retorquir: «Tenho pouco, não sou capaz». Não é verdade! O teu pouco é tanto aos olhos de Jesus, se não o guardares para ti mas o colocares em jogo. E não estás sozinho: tens a Eucaristia, o Pão do caminho, o Pão de Jesus. Também nesta tarde, seremos alimentados pelo seu Corpo entregue. Se o recebermos com o coração, este Pão irradiará em nós a força do amor: sentir-nos-emos abençoados e amados, e teremos vontade de abençoar e amar, a começar daqui, da nossa cidade, das estradas que vamos percorrer nesta tarde. O Senhor passa pelas nossas estradas para dizer-bem de nós e para nos dar coragem. A nós, pede-nos também para sermos bênção e dom” (https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-06/homilia-integral-papa-solenidade-corpus-christi.html, último acesso em 24-05-2021).
A procissão com o Santíssimo Sacramento é a expressão pública da nossa fé. Cristo deseja percorrer as ruas de nossas cidades e estender, sobre a população e as famílias, as bênçãos e a proteção divina. Por isso, comungando o Corpo de Cristo que se doa, somos levados a questionar a nossa capacidade de doação em favor dos outros; em vez de nos isolarmos em nós mesmos, o convite é para que entremos em comunhão também com os nossos irmãos e irmãos. Eucaristia é pão partilhado para saciar a fome da humanidade! Fonte: https://www.cnbb.org.br
DEVOÇÃO E ESPIRITUALIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO
- Detalhes
Dom Manoel Ferreira dos Santos Junior
Bispo de Registro (SP)
Caros (as) irmãos(as), filhos(as) diocesanos (as);
Estamos no mês de junho, mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Na bíblia, quando se fala em coração, está se falando da pessoa toda. Nós também utilizamos a expressão, quando queremos falar de uma pessoa boa, que fulano tem um bom coração.
A primeira carta de S. João nos ensina que: “Nós conhecemos e acreditamos no amor de Deus por nós. Deus é amor, e quem permanece no amor, vive em Deus e Deus nele” (1 Jo. 4, 16). Celebrar o Sagrado Coração é estar envolvido por este amor de Deus. No coração de Jesus, encontramos o amor sem limites de Deus por nós.
A partir do amor, podemos entender a devoção e espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus. No Sagrado Coração de Jesus, nós encontramos e fazemos a experiência do “exagero” do amor de Deus por nós. Ele para nos salvar, envia seu filho Jesus, que foi capaz de deixar rasgar (abrir, transpassar) seu coração para que conhecêssemos a profundidade do amor do Pai. No coração transpassado, conhecemos Jesus por dentro. E pelas frestas do Coração de Jesus, conhecemos o coração do Pai. Diante desta imensidão de amor, o meu amor e a minha doação não são nada, a não ser, resposta ao amor extremado de Deus por mim e por nós. O Papa Francisco fala que Jesus é o rosto misericordioso do Pai. Nós podemos parafraseá-lo e dizer que Jesus é o Coração misericordioso do Pai (Lc. 15).
Estamos na escola do amor: Diz Erich Fromm, “O amor não é apenas um sentimento ou algo voltado a uma pessoa; o amor é uma orientação de caráter, que determina a relação de alguém para com o mundo como um todo, e não para com um objeto de amor. Se alguém ama apenas uma pessoa, e é indiferente ao resto de seus semelhantes, seu amor não é amor, mas uma troca de afeto, ou um egoísmo ampliado”.
Como é profunda a espiritualidade do Coração de Jesus! São Paulo diz com todas as letras: “Cristo me amou e se entregou por mim” (Gl. 2,21). Esta deve ser a minha experiência pessoal. O Sagrado Coração de Jesus é uma síntese acabada de toda uma vida de serviço e dom. Ter devoção ao Coração de Jesus não é só olhar para o seu coração transpassado, mas olhar para a sua vida de intenso amor e entrega pela humanidade, sobretudo pelos que são menos amados.
Os Papas sempre falaram sobre o Coração de Jesus: O Papa Pio XI, dizia que “A espiritualidade do Coração de Jesus é a síntese de toda religião Cristã e o caminho de uma vida mais santa e perfeita”.
O Papa São João Paulo II dizia: “A nova Evangelização, à luz do Sagrado Coração de Jesus, deve conscientizar o mundo de que o Cristianismo é a religião da misericórdia, da esperança e do amor”.
O Papa Bento XVI ressaltou: É tarefa sempre atual para os cristãos continuar aprofundando sua relação com o Coração de Jesus para reavivar a fé no amor salvífico de Deus. Para o Pontífice, “o lado transpassado do Redentor é a fonte para alcançar o conhecimento verdadeiro de Jesus Cristo e compreender o que significa conhecer em Jesus Cristo o amor de Deus, experimentá-lo tendo o olhar fixo nele, até viver completamente da experiência de seu amor, para poder testemunhá-lo aos demais”.
O Papa Francisco ao falar sobre o Sagrado Coração de Jesus, diz que: o Senhor dá a graça, a alegria de celebrar, no coração do Seu Filho, as grandes obras do Seu amor. Pode-se dizer que a festa do Sagrado Coração é a festa do amor de Deus em Jesus, do amor d’Ele pelo ser humano. Há dois traços do amor, diz o Papa. Primeiro: o amor está mais em dar que em receber. Segundo: o amor está mais nas obras que nas palavras.
Outro sinal particular do amor de Deus é que Ele está sempre nos precedendo e nos espera sempre. Seu amor sempre acontece por primeiro. Nosso amor é sempre resposta ao amor de Deus.
Padre Chevalier, fundador dos Missionários do Sagrado Coração dizia que: “A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é a essência do Cristianismo e resume todas as outras devoções. O Coração de Jesus é o amor de Deus, o próprio Deus encarnado. Deus é amor”.
Padre Chevalier vê no coração de Jesus transpassado, donde brota sangue e água, a fonte de todas as graças e o remédio para todos os males do mundo. Dizia ele: O mundo seria melhor e mudaria muita coisa em nossa vida, se a pessoa humana cresse verdadeiramente, no amor de Deus.
1-Como será o nosso crer no amor de Deus? De coração ou da boca para fora?
2-Por que o processo de nossa conversão ao Coração de Jesus é tão lento?
Jesus Manso e humilde de coração – fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
Textos bíblicos: Mt, 11, 28-30
Servi ao Senhor com alegria!
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Festa da Visitação de Nossa Senhora - 31 de maio. Evangelho do dia- Lectio Divina, com Frei Carlos Mesters, O. Carm
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, que inspirastes à Virgem maria sua visita a Isabel, levando no seio o vosso Filho, fazei-nos dóceis ao Espírito Santo, para cantar com ela o vosso louvor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1, 39-56)
39Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? 44Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio.45Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! 46E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor,47meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, 48porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, 49porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. 50Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem. 51Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos. 52Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes. 53Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos. 54Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, 55conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre.
56Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.
3) Reflexão Luca 1,39-56
Hoje, festa da visitação de Nossa Senhora, o evangelho fala da visita de Maria à sua prima Isabel. Quando Lucas fala de Maria, ele pensa nas comunidades do seu tempo que viviam espalhadas pelas cidades do império romano e lhes oferece em Maria o modelo de como devem relacionar-se com a Palavra de Deus. Certa vez, ao ouvir Jesus falar de Deus, uma mulher do povo exclamou: "Feliz o seio que te carregou, e os seios que te amamentaram". Elogiou a mãe de Jesus. Imediatamente, Jesus respondeu: "Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lc 11,27-28). Maria é o modelo da comunidade fiel que sabe ouvir e praticar a Palavra de Deus. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, ele ensina como as comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em serviço aos irmãos e às irmãs.
O episódio da visita de Maria a Isabel mostra ainda um outro aspecto bem próprio de Lucas. Todas as palavras e atitudes, sobretudo o cântico de Maria, formam uma grande celebração de louvor. Parece a descrição de uma solene liturgia. Assim, Lucas evoca o ambiente litúrgico e celebrativo, em que Jesus foi formado e em que as comunidades devem viver a sua fé.
Lucas 1,39-40: Maria sai para visitar Isabel
Lucas acentua a prontidão de Maria em atender às exigências da Palavra de Deus. O anjo lhe falou da gravidez de Isabel e, imediatamente, Maria se levanta para verificar o que o anjo lhe tinha anunciado, e sai de casa para ir ajudar a uma pessoa necessitada. De Nazaré até as montanhas de Judá são mais de 100 quilômetros! Não havia ônibus nem trem.
Lucas 1,41-44: Saudação de Isabel
Isabel representa o Antigo Testamento que termina. Maria, o Novo que começa. O Antigo Testamento acolhe o Novo com gratidão e confiança, reconhecendo nele o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar toda a expectativa do povo. No encontro das duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito que faz a criança estremecer de alegria no seio de Isabel. A Boa Nova de Deus revela a sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa se visitando para se ajudar. Visita, alegria, gravidez, criança, ajuda mútua, casa, família: é nisto que Lucas quer que as comunidades (e nós todos) percebamos e descubramos a presença do Reino. As palavras de Isabel, até hoje, fazem parte do salmo mais conhecido e mais rezado da América Latina, que é a Ave Maria.
Lucas 1,45: O elogio que Isabel fez a Maria
"Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor vai acontecer". É o recado de Lucas às Comunidades: crer na Palavra de Deus, pois ela tem força para realizar aquilo que ela nos diz. É Palavra criadora. Gera vida nova no seio de uma virgem, no seio do povo pobre e abandonado que a acolhe com fé.
Lucas 1,46-56: O cântico de Maria
Muito provavelmente, este cântico já era conhecido e cantado nas Comunidades. Ele ensina como se deve rezar e cantar. Lucas 1,46-50: Maria começa proclamando a mudança que aconteceu na sua própria vida sob o olhar amoroso de Deus, cheio de misericórdia. Por isso, ela canta feliz: "Exulto de alegria em Deus, meu Salvador". Lucas 1,51-53: Em seguida, canta a fidelidade de Deus para com seu povo e proclama a mudança que o braço de Javé estava realizando a favor dos pobres e famintos. A expressão "braço de Deus" lembra a libertação do Êxodo. É esta força salvadora de Deus que faz acontecer a mudança: dispersa os orgulhosos (1,51), destrona os poderosos e eleva os humildes (1,52), manda os ricos embora sem nada e aos famintos enche de bens (1,53). Lucas 1,54-55: No fim, ela lembra que tudo isto é expressão da misericórdia de Deus para com o seu povo e expressão da sua fidelidade às promessas feitas à Abraão. A Boa Nova veio não como recompensa pela observância da Lei, mas como expressão da bondade e da fidelidade de Deus às promessas. É o que Paulo ensinava nas cartas aos Gálatas e aos Romanos.
O segundo livro de Samuel conta a história da Arca da Aliança. Davi quis colocá-la em sua casa, mas ficou com medo e disse. "Como virá a Arca de Javé para ficar na minha casa?" (2 Sam 6,9) Davi mandou que a Arca fosse para a casa de Obed-Edom. "E a Arca de Javé ficou três meses na casa de Obed-Edom, e Javé abençoou a Obed-Edom e a toda a sua família" (2 Sam 6,11). Maria, grávida de Jesus, é como a Arca da Aliança que, no Antigo Testamento, visitava as casas das pessoas trazendo benefícios. Ela vai para a casa de Isabel e fica lá três meses. E enquanto está na casa de Isabel, ela e toda a sua família é abençoada por Deus. A comunidade deve ser como a Nova Arca da Aliança. Visitando a casa das pessoas, deve trazer benefícios e graça de Deus para o povo.
4) Para um confronto pessoal
1) O que nos impede de descobrir e de viver a alegria da presença de Deus em nossa vida?
2) Onde e como a alegria da presença de Deus está acontecendo hoje na minha vida e na vida da comunidade?
5) Oração final
Minha alma, bendize o Senhor e tudo o que há em mim, o seu santo nome! Minha alma, bendize o Senhor, e não esqueças nenhum de seus benefícios. (Sl 102, 1-2)
Quarta-feira, 26 de maio-2019. 8ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
- Detalhes
1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10, 32-45)
32Estavam a caminho de Jerusalém e Jesus ia adiante deles. Estavam perturbados e o seguiam com medo. E tomando novamente a si os Doze, começou a predizer-lhes as coisas que lhe haviam de acontecer: 33"Eis que subimos a Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; condená-lo-ão à morte e entregá-lo-ão aos gentios. 34Escarnecerão dele, cuspirão nele, açoitá-lo-ão, e hão de matá-lo; mas ao terceiro dia ele ressurgirá. 35Aproximaram-se de; Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-lhe: "Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos." 36"Que quereis que vos faça?" 37"Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda." 38"Não sabeis o que pedis, retorquiu Jesus. Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?" 39"Podemos", asseguraram eles. Jesus prosseguiu: "Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado. 40Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado." 41Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. 42Jesus chamou-os e deu-lhes esta lição: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. 43Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; 44e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos. 45Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos."
3) Reflexão Mc 10,32-45
O evangelho de hoje traz o terceiro anúncio da paixão e, novamente, como nas vezes anteriores, mostra a incoerência dos discípulos (cf. Mc 8,31-33 e Mc 9,30-37). Enquanto Jesus insistia no serviço e na doação entregando sua vida, eles continuavam discutindo os primeiros lugares no Reino, um à direita e outro à esquerda do trono. Ao que tudo indica, os discípulos continuavam cegos! Sinal de que a ideologia dominante da época tinha penetrado profundamente na mentalidade deles. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, eles ainda não tinham renovado sua maneira de ver as coisas. Olhavam para Jesus com o olhar antigo. Queriam uma retribuição pelo fato de seguir a Jesus.
Marcos 10,32-34: O terceiro anúncio da paixão
Eles estão a caminho de Jerusalém. Jesus vai na frente. Ele tem pressa. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaías já o tinha anunciado (Is 50,4-6; 53,1-10). Sua morte não é fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas é conseqüência do compromisso assumido com a missão que recebeu do Pai junto aos excluídos do seu tempo. Por isso, Jesus alerta os discípulos sobre a tortura e a morte que ele vai enfrentar lá em Jerusalém. Pois o discípulo deve seguir o mestre, mesmo que for para sofrer com ele. Os discípulos estavam espantados, e aqueles que iam atrás estavam com medo. Não entendem o que está acontecendo. O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias.
Marcos 10,35-37: O pedido pelo primeiro lugar
Os discípulos não só não entendem, mas continuam com suas ambições pessoais. Tiago e João pedem um lugar na glória do Reino, um à direita e outro à esquerda de Jesus. Querem passar na frente de Pedro! Não entenderam a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com os próprios interesses. Isto reflete a briga e as tensões que existiam nas comunidades, no tempo de Marcos, e que existem até hoje nas nossas comunidades. No evangelho de Mateus é a mãe de Tiago e João que faz o pedido pelos filhos (Mt 20,20). Provavelmente, diante da situação difícil de pobreza e desemprego crescente daquela época, a mãe intercede pelos filhos e tenta garantir um emprego para eles na vinda do Reino de que Jesus falava tanto.
Marcos 10,38-40: A resposta de Jesus
Jesus reage com firmeza: “Vocês não sabem o que estão pedindo!” E pergunta se eles são capazes de beber o cálice que ele, Jesus, vai beber, e se estão dispostos a receber o batismo que ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez do lugar de honra, aceitam entregar a vida até à morte. Os dois respondem: “Podemos!” Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram sozinho na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de honra no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que ele, Jesus, tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.
Marcos 10,41-44: Entre vocês não seja assim
Neste final da sua instrução sobre a Cruz, Jesus fala, novamente, sobre o exercício do poder (Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder no império romano não prestavam conta ao povo. Agiam conforme bem entendiam (Mc 6,17-29). O império romano controlava o mundo e o mantinha submisso pela força das armas e, assim, através de tributos, taxas e impostos, conseguia concentrar a riqueza dos povos na mão de poucos lá em Roma. A sociedade era caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tem outra proposta. Ele diz: “Entre vocês não deve ser assim! Quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos!” Ele traz ensinamentos contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade deve apresentar uma alternativa para a convivência humana.
Marcos 10,45: O resumo da vida de Jesus
Jesus define a sua missão e a sua vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar sua vida como resgate em favor de muitos”. Jesus é o Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu de sua mãe que disse ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo. Nesta frase em que ele define sua vida, transparecem os três títulos mais antigos, usados pelos primeiros cristãos para expressar e comunicar aos outros o que Jesus significava para eles: Filho do Homem, Servo de Javé, Resgatador dos excluídos (libertador, salvador). Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos.
4) Para um confronto pessoal
1-Tiago e João pediram o primeiro lugar no Reino. Hoje, muita gente reza a Deus pedindo dinheiro, promoção, cura, êxito. E eu, o que busco na minha relação com Deus e o que peço a Ele na oração?
2-Humanizar a vida, Servir aos irmãos e irmãs, Acolher os excluídos. É o programa de Jesus, é o nosso programa. Como estou realizando?
5) Oração final
O Senhor manifestou sua salvação, aos olhos dos povos revelou sua justiça. Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade à casa de Israel (Sl 97, 2-3)
Terça-feira, 25 de maio-2019. 8ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Fazei, ó Deus, que os acontecimentos deste mundo decorram na paz que desejais, e a vossa Igreja vos possa servir, alegre e tranquila. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 10,28-31)
Naquele tempo, 28Começou Pedro a dizer a Jesus: "Eis que deixamos tudo e te seguimos." 29Respondeu-lhe Jesus. "Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho 30que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna. 31Muitos dos primeiros serão os últimos, e dos últimos serão os primeiros."
3) Reflexão Mc 10,28-31
No evangelho de ontem, Jesus falava da conversão que deve ocorrer no relacionamento dos discípulos com os bens materiais: desapegar-se das coisas, vender tudo, dar para os pobres e seguir Jesus. Ou seja, como Jesus, devem viver na total gratuidade, entregando sua vida na mão de Deus e servindo aos irmãos e irmãs (Mc 10,17-27). No evangelho de hoje Jesus explica melhor como deve ser esta vida de gratuidade e de serviço dos que abandonam tudo por causa dele, Jesus, e do Evangelho (Mc 10,28-31).
Marcos 10,28-31: Cem vezes mais desde agora, mas com perseguições
Pedro observa: "Eis que nós deixamos tudo e te seguimos". É como se dissesse: “Fizemos o que o senhor pediu ao jovem rico. Deixamos tudo e te seguimos. Explica para nós como deve ser esta nossa vida?” Pedro quer que Jesus explicite um pouco mais o novo modo de viver no serviço e na gratuidade. A resposta de Jesus é bonita, profunda e simbólica: "Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mãe, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna”. O tipo de vida que resulta da entrega de tudo é a amostra do Reino que Jesus quer realizar: (1) Alarga a família e cria comunidade, pois aumenta cem vezes o número de irmãos e irmãs. (2) Provoca a partilha dos bens, pois todos terão cem vezes mais casas e campos. A providência divina se encarna e passa pela organização fraterna, onde tudo é de todos e já não haverá mais necessitados. Eles realizam a lei de Deus que pede “entre vocês não pode haver pobres” (Dt 15,4-11). Foi o que fizeram os primeiros cristãos (At 2,42-45). É a vivência perfeita do serviço e da gratuidade. (3) Não devem esperar nenhuma vantagem em troca, nem segurança, nem promoção de nada. Pelo contrário, nesta vida terão tudo isto, mas com perseguições. Pois os que, neste nosso mundo organizado a partir do egoísmo e dos interesses de grupos e pessoas, vivem a partir do amor gratuito e da entrega de si, estes, como Jesus, serão crucificados. (4) Serão perseguidos neste mundo, mas, no mundo futuro terão a vida eterna de que falava o jovem rico.
Jesus e a opção pelos pobres
Um duplo cativeiro marcava a situação do povo na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por causa disso, o clã, a família, a comunidade, estava sendo desintegrada e uma grande parte do povo vivia excluída, marginalizada, sem lugar, nem na religião, nem na sociedade. Por isso, havia vários movimentos que, como Jesus, procuravam uma nova maneira de viver e conviver em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, porém, havia algo novo que a diferenciava dos outros grupos. Era a atitude frente aos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Muitos dos fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), cheio de pecado (Jo 9,34). Jesus e a sua comunidade, ao contrário, viviam misturados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos (Mc 2,16; 1,41; Lc 7,37). Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26; Lc 21,1-4). Proclama-os felizes, porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20; Mt 5,3). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4, 18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada para si, nem mesmo uma pedra para reclinar a cabeça (Lc 9,58). E a quem quer segui-lo para conviver com ele, manda escolher: ou Deus, ou o dinheiro! (Mt 6,24). Manda fazer opção pelos pobres! (Mc 10,21) A pobreza, que caracterizava a vida de Jesus e dos discípulos, caracterizava também a missão. Ao contrário dos outros missionários (Mt 23,15), os discípulos e as discípulas de Jesus não podiam levar nada, nem ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sacola, nem sandálias (Mt 10,9-10). Deviam confiar é na hospitalidade (Lc 9,4; 10,5-6). E caso fossem acolhidos pelo povo, deviam trabalhar como todo mundo e viver do que receberiam em troca (Lc 10,7-8). Além disso, deviam tratar dos doentes e necessitados (Lc 10,9; Mt 10,8). Então podiam dizer ao povo: “O Reino chegou!” (Lc 10,9).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você, na sua vida, realiza a proposta de Pedro: “Deixamos tudo e te seguimos”?
2) Partilha, gratuidade, serviço, acolhida aos excluídos são sinais do Reino. Como as vivo hoje?
5) Oração final
Todos os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao Senhor, terra inteira gritai e exultai cantando hinos. (Sl 97, 3-4)
Pentecostes: o Espírito Santo atua na Igreja e no mundo
- Detalhes
Foto: Novenário da Festa do Divino Espírito Santo em Angra dos Reis/RJ.
O Espírito Santo desceu em Pentecostes tornando viva a vida da Igreja em Jesus Cristo, em unidade com o Pai. Vivamos os seus dons a serviço da Igreja e da missão de tornar filhos e filhas de Deus a todas as pessoas. O Espírito Santo nos ilumine nesta caminhada de fé, de esperança e de caridade!
Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA
Estamos no tempo favorável para meditar as maravilhas do Senhor, a sua ressurreição e ascensão, e, logo mais, a ação do Espírito Santo. Esta semana antecede o grande acontecimento, Pentecostes, a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos. Ele veio para renovar a face da terra, levar os discípulos a serem missionários de Jesus Cristo e de sua Igreja, em unidade com o Pai. Vivenciamos os seus dons e as suas graças na família, na comunidade e na sociedade, tendo presente os padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos. Eles falaram sobre o Espírito Santo, a sua ação e missão no mundo e na igreja.
O Espírito Santo como pessoa divina.
Tertuliano, padre do norte africano, dos séculos segundo e terceiro, foi o primeiro autor na antiguidade cristã a usar o termo persona (pessoa) em relação à Trindade e ao Espírito Santo ao se referir à criação do ser humano. Quando Deus disse “façamos” (cfr. Gn 1,26), por ocasião da criação do homem, o padre africano interpretou que o termo expressava a Unidade na Trindade Santa. Não era apenas uma só pessoa que estava falando, mas as três pessoas que estavam juntas num único Deus para a criação do ser humano, homem e mulher, sendo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Deus disse assim porque Ele tinha ao seu lado o Filho, como segunda pessoa, e o Espírito Santo, como terceira pessoa. O Espírito Santo vem do Pai através do Filho e é um com o Pai e com o Filho, em relação com a unidade da substância[1]. O Espírito Santo torna as pessoas, os cristãos, irmãos e irmãs. Quanto mais a bom direito os cristãos se sentem irmãos aqueles que reconhecem Deus como único pai e se chamam irmãos por causa do espírito de santidade[2].
A unidade humana com o Espírito Santo.
Orígenes de Alexandria, padre dos séculos segundo e terceiro, afirmou que não se pode participar do Pai e do Filho sem o Espírito Santo. O Espírito Santo faz as pessoas participarem de sua santidade. Ele afirmou que não se pode falar do Filho de Deus de maneira mais evidente e mais divina e dele dar conhecimento aos seres humanos a não ser por meio de sua Escritura, inspirada pelo Espírito Santo. O Espírito Santo age sobre aqueles e aquelas que são orientados para o bem e percorre o caminho de Cristo (cfr. 1 Cor 4,17), isto é, fazem o bem (cfr. Ef 2,10) e são em Deus (cfr. 1 Jo 4,13)[3].
O temor de Deus pelo Espírito Santo.
Santo Irineu de Lyon, bispo dos séculos segundo e terceiro, afirmou que o temor de Deus e a fé na vinda de seu Filho vêm por obra do Espírito de Deus, que põe vida no coração humano, tornando as pessoas puras, viventes para Deus, porque possuem o Espírito do Pai que purifica o ser humano e eleva à vida de Deus. A fraqueza do ser humano é superada pela força do Espírito, graças à comunhão com Ele. Desta forma, os mártires não testemunharam segundo a fraqueza da carne, mas sim conforme a prontidão do Espírito. A fraqueza da carne desaparece pelo poder do Espírito, constituindo o ser humano como um ser vivente para Deus pela sua participação no Espírito[4].
O Espírito é extraordinário em seus dons.
Segundo São Cirilo de Jerusalém, bispo do século quarto, o Espírito Santo é algo grandioso, onipotente, extraordinário nos seus dons. O Espírito Santo na medida e no modo idôneo para cada um age eficazmente, pois Ele conhece a natureza de cada um de nós, discernindo os pensamentos e a consciência, tudo quanto pronunciamos ou tememos com a mente. O bispo de Jerusalém tinha presente as dimensões do império romano com todos os povos, reconhecendo os ministros e a presença de Deus em todos eles. Constatamos que o grande protetor e distribuidor de graças dando a todos a misericórdia e o amor vem do Espírito Santo, o qual ilumina todas as coisas e também aqueles que têm olhos para vê-Lo. Ele é superior aos anjos e arcanjos, as potestades, aos tronos, as dominações, sendo Ele senhor e santificador[5].
A iluminação por obra do Espírito Santo.
São Cirilo de Jerusalém enfatizou ainda o cumprimento do bem e da salvação como ação do Espírito Santo. Antes de Sua chegada, surgem emanações de luz e de ciência, advertindo a pessoa para a sua vinda. Ele vem com a alma de um verdadeiro protetor, porque traz a salvação e ilumina a mente do fiel. O Espírito Santo instrui o ser humano para que possa distinguir perfeitamente aquilo que em determinado momento não conseguiria perceber. Realmente, precioso e bom é o Espírito Santo! Pois, somos batizados no Pai, Filho e Espírito Santo (cfr. Mt 28,19)[6].
A libertação por obra do Espírito Santo.
Para São Basílio, o grande, bispo de Cesaréia do século quarto, afirmou que uma alma que deseja libertar-se às coisas terrenas, verá na razão da criação puríssima, o Espírito Santo, donde são o Pai e o Filho, o Espírito Santo, o qual é da mesma natureza e substância, e possui também: a bondade, a justiça, a santidade, a vida. Ele é o doador dos dons como a santificação, a bondade e a justiça. Assim é o Espírito Santo na divina substância, não considerado uma pluralidade, mas visto na Trindade, na unidade.
O Espírito Santo é um com o Pai e o Filho.
Ainda em São Basílio, afirma-se a unidade do Espírito Santo com as outras duas pessoas divinas. Como o Pai é um e o Filho é um, assim também o Espírito Santo é um. Não se pode colocar junto aquele que santifica com aqueles que são santificados. O Espírito enche os anjos, os arcanjos, santifica as potestades, vivifica tudo. Ele se distribui na inteira criação, mas a cada um, se dá de um modo, não resultando diminuído. O Espírito Santo dá a todos a sua graça, permanecendo indiviso. Ilumina todos ao conhecimento de Deus, entusiasma os profetas, torna sábios os legisladores, consagra os sacerdotes, consolida os reis, torna perfeitos os justos, distribui o dom da santificação, ressuscita os mortos, liberta os prisioneiros, faz filhos os estrangeiros[7].
A obra da purificação pelo Espírito Santo.
São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, dos séculos quarto e quinto, realçou que em virtude do Espírito Santo, nós obtemos o perdão dos nossos pecados por sua obra, somos purificados de todas as impurezas: através de sua mediação, tornamo-nos pessoas boas e angelicais pela graça que dele provem. A presença do Espírito Santo transforma nossos corações e vida[8].
As aparições do Espírito Santo à realidade humana.
Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos quarto e quinto, disse que nas aparições do Espírito Santo, não foi assumida a criatura do mesmo modo que o Verbo assumiu a carne e a forma humana no seio da Virgem Maria. O Espírito Santo não santificou a pomba nem o vento e nem os uniu a si e à sua pessoa, porque a sua natureza não é mutável, mas é imutável e eterna. Essas figuras apareceram quando foi oportuno, como um gesto de serviço da criatura para com o seu Criador, obedecendo a um sinal de quem permanece imutável em si mesmo, com a finalidade de mostrá-lo ao mundo. Nessas realidades existentes, esteve oculta uma ação significativa, a ação do Espírito Santo, de modo que a figura material desses elementos surgiu com uma finalidade representativa e passageira, para impressionar os sentidos humanos pelo poder do Espírito Santo que está em comunhão com as outras duas pessoas divinas: o Pai e o Filho[9].
O Espírito Santo desceu em Pentecostes tornando viva a vida da Igreja em Jesus Cristo, em unidade com o Pai. Vivamos os seus dons a serviço da Igreja e da missão de tornar filhos e filhas de Deus a todas as pessoas. O Espírito Santo nos ilumine nesta caminhada de fé, de esperança e de caridade!
[1] Cfr. Contro Prassea, 12,3. CCL 2, 1173. In: Spirito di Dio, Introduzione, traduzione e note a cura di Mauro Todde, Edizioni Paoline, Milano, 1987, pg. 13, n. 6. e-cristianismo.com.br/.../tertuliano-contra-praxeas.html?start=2
[2]Cfr. Tertulliano, Apologetico, XXXIX, 9, a cura di A. Resta Barrile,. Oscar Mondadori, Bologna, 2005, pg. 139.
[3] Cfr. Origines, Tratado sobre os Princípios, 1,3,1-8. Paulus, SP, 2012, pgs. 84-94.
[4] Cfr. Cfr. Ireneu de Lião, V, 9,2, Paulus, São Paulo, 1995, pgs. 538-539.
[5]Cfr. Cirillo di Gerusalemme, Catechesi battesimali, 16, 22-23. In: La teologia dei padri, v. 3. Città Nuova Editrice, Roma, 1982, pgs. 306-307.
[6]Cfr. Cirillo di Gerusalemme, Catechesi battesimali, 16,19-21. In: Idem, pgs. 308-309.
[7]Cfr. Basilio il Grande, Omelia sulla fede, 3. In: Idem, pg. 307.
[8]Cfr. Giovanni Crisostomo, Omelia sulla santa Pentecoste, 1. In: Idem, pg. 317.
[9] Cfr. Santo Agostinho, A Trindade, Livro II, 11-12. Paulus, SP, 1995, pgs, 81-84. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 21 de maio-2019. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, pela glorificação do Cristo e pela iluminação do Espírito Santo, abristes para nós as portas da vida eterna. Fazei que, participando de tão grandes bens, nos tornemos mais dedicados a vosso serviço e cresçamos constantemente na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 21,15-19)
15Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 16Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros. 17Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. 18Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres. 19Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me!
3) Reflexão - Jo 21,15-19
Estamos nos últimos dias antes de Pentecostes. Durante a quaresma, a seleção dos evangelhos diários segue a tradição antiga da Igreja. Entre Páscoa e Pentecostes, a preferência é para o evangelho de João. Assim, nestes últimos dois dias antes de Pentecostes, os evangelhos diários trazem os últimos versículos do Evangelho de João. Na próxima segunda feira, quando retomamos o Tempo Comum, retomamos o evangelho de Marcos. Nas semanas do Tempo Comum, a liturgia diária faz leitura contínua do evangelho de Marcos (da 1ª até à 9ª semana comum), de Mateus (da 10º até 21ª semana comum) e de Lucas (da 22ª até 34ª semana comum).
Os evangelhos de hoje e de amanhã trazem o último encontro de Jesus com os discípulos. Foi um reencontro celebrativo, marcado pela ternura e pelo carinho. No fim, Jesus chama Pedro e pergunta três vezes: "Você me ama?" Só depois de ter recebido, por três vezes, a mesma resposta afirmativa, é que Jesus dá a Pedro a missão de tomar conta das ovelhas. Para podermos trabalhar na comunidade Jesus não pergunta se sabemos muita coisa. O que ele pede é que tenhamos muito amor!
João 21,15-17: O amor no centro da missão
Depois de uma noite de pescaria no lago sem pegar nenhum peixe, chegando na praia, os discípulos descobrem que Jesus já tinha preparado uma refeição com pão e peixe assado nas brasas. Todos juntos fizeram uma ceia de confraternização, em cujo centro estava o próprio Senhor Jesus, preparando a Ceia. Terminada a refeição, Jesus chama Pedro e pergunta três vezes: "Você me ama?" Três vezes, porque foi por três vezes que Pedro negou Jesus (Jo 18,17.25-27). Depois de três respostas afirmativas, também Pedro se torna "Discípulo Amado" e recebe a ordem de tomar conta das ovelhas. Jesus não perguntou se Pedro tinha estudado exegese, teologia, moral ou direito canônico. Só perguntou: "Você me ama?" O amor em primeiro lugar. Para as comunidades do Discípulo Amado a força que as sustenta e mantém unidas não é a doutrina, mas sim o amor.
João 21,18-19: A previsão da morte
Jesus diz a Pedro: Eu garanto a você: quando você era mais moço, você colocava o cinto e ia para onde queria. Quando você ficar mais velho, estenderá as suas mãos, e outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir. Ao longo da vida, Pedro e todos nós vamos amadurecendo. A prática do amor irá tomando conta da vida e a pessoa já não será mais dono da própria vida. O serviço de amor aos irmãos e às irmãs tomará conta de tudo e nos conduzirá. Um outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir. Este é o sentido do seguimento. E o evangelista comenta: “Jesus falou isso aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus”. E Jesus acrescentou: "Siga-me."
O amor em João – Pedro, você me ama? - O Discípulo Amado
A palavra amor é umas das palavras mais usadas por nós, hoje em dia. Por isso mesmo, é uma palavra muito desgastada. Mas era com esta palavra que as comunidades do Discípulo Amado manifestavam a sua identidade e o seu projeto. Amar é antes de tudo uma experiência profunda de relacionamento entre pessoas onde existe uma mistura de sentimentos e valores como alegria, tristeza, sofrimento, crescimento, renúncia, entrega, realização, doação, compromisso, vida, morte etc. Este conjunto todo na Bíblia é resumido por uma única palavra na língua hebraica. Esta palavra é hesed. É uma palavra de difícil tradução para a nossa língua. Nas nossas Bíblias geralmente é traduzida por caridade, misericórdia, fidelidade ou amor. As comunidades do Discípulo Amado procuravam viver esta prática do amor em toda a sua radicalidade. Jesus a revelou em seus encontros com as pessoas com sentimentos de amizade e de ternura, como, por exemplo, no seu relacionamento com a família de Marta em Betânia: “Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro”. Ele chora diante do túmulo de Lázaro (Jo 11,5.33-36). Jesus encarou sempre sua missão como uma manifestação de amor: “tendo amado os seus, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Neste amor Jesus manifesta sua profunda identidade com o Pai (Jo 15,9). Para as comunidades não havia outro mandamento a não ser este: “agir como Jesus agia” (1Jo 2,6). Isto implica em “amar os irmãos”(1Jo 2,7-11; 3,11-24; 2Jo 4-6). Sendo um mandamento tão central na vida da comunidade, os escritos joaninos definem assim o amor: “Nisto conhecemos o Amor: que ele deu a sua vida por nós. Nos também devemos dar as nossas vidas por nossos irmãos e irmãs”. Por isso não devemos “amar só por palavras, mas por ações e verdade”.(1Jo 3,16-17). Quem vive o amor e o manifesta em suas palavras e atitudes torna-se também Discípula Amada, Discípulo Amado.
4) Para confronto pessoal
1-Olhe para dentro de você e diga qual o motivo mais profundo que leva você a trabalhar na comunidade? É o amor ou é a preocupação com as ideias?
2-A partir das relações que temos entre nós, com Deus e com a natureza, que tipo de comunidade estamos construído?
5) Oração final
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que existe em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios (Sl 102, 1-2).
Arquidiocese de Niterói/RJ: Morre Padre Júlio Cesar Trindade Veríssimo de covid-19
- Detalhes
Faleceu, aos 44 anos, Padre Júlio Cesar Trindade Veríssimo, Administrador Paroquial da Paróquia Imaculada Conceição, Centro, Iguaba Grande. O sacerdote encontrava-se internado com covid desde do dia 4 de maio, no CHN (Complexo Hospitalar de Niterói). Segundo a assessoria do hospital, “Padre Júlio veio a óbito, hoje às 04h55.” O hospital enviou ainda os sentimentos à Arquidiocese de Niterói, pela perda do sacerdote.
Padre Júlio Cesar Trindade Veríssimo nasceu no dia 22 de fevereiro de 1977, em Cacequi, Estado do Rio Grande do Sul. Em 10 de outubro de 2015, foi ordenado sacerdote de nossa Arquidiocese. Desde 2019, estava atuando na Paróquia Imaculada Conceição, no centro de Iguaba.
Dom José Francisco, Arcebispo Metropolitano de Niterói, enviou a seguinte nota de Falecimento:
Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá (Jo 11,25)
Com os mesmos sentimentos de Nosso Senhor, diante da dor mais profunda que pode o ser humano experimentar, comunicamos o falecimento de nosso filho e irmão presbítero o Pe. Júlio Cesar Trindade.
Em atenção a este momento, estamos aguardando as informações acerca da Missa e Sepultamento.
Que a oração nos una e nos fortaleça neste momento, com o abraço Fraterno
+ José Francisco
Na certeza de que Deus o receberá em seu Reino, expressamos nossa gratidão a seu serviço ministerial, com a frase de São João da Cruz: “No entardecer da vida seremos julgados pelo Amor”. Deus seja louvado! Estamos certos de que todo o amor devotado a Cristo, à Igreja e ao Povo de Deus lhe concederá, como recompensa, o repouso nos braços do Pai. Fonte: https://web.facebook.com/arqnit
SAQUAREMA/RJ: Morre Padre de Covid-19
- Detalhes
Faleceu, aos 41 anos, Rodrigo Marques Gomes, Administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em Saquarema. O sacerdote encontrava-se internado com covid, no Hospital das Clínicas da Região dos Lagos, onde veio a óbito.
Rodrigo Marques Gomes nasceu no dia 23 de abril de 1980, no Rio de Janeiro. Em 27 de agosto de 2016, foi ordenado sacerdote em nossa Arquidiocese. Desde 2018, estava atuando na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, Saquarema, Vicariato Lagos.
Dom José Francisco, Arcebispo Metropolitano de Niterói, enviou a seguinte nota ao clero:
“O Senhor é o nosso refúgio e nossa força; mostrou-se
nosso amparo nas tribulações” Sl 45,2
Com extremo pesar e dor na alma, nossa Arquidiocese de Niterói, nosso clero, recebe agora há pouco a notícia do falecimento do Pe. Rodrigo Marques Gomes.
Que as palavras do salmista neste dia, já consumido pelo sofrimento, possam nos dar a esperança e o amparo em nosso Deus.
Com bênçãos e em unidade
+ José Francisco
Na certeza de que Deus o receberá em seu Reino, expressamos nossa gratidão a seu serviço ministerial, com a frase de São João da Cruz: “No entardecer da vida seremos julgados pelo Amor”. Deus seja louvado! Estamos certos de que todo o amor devotado a Cristo, à Igreja e ao Povo de Deus lhe concederá, como recompensa, o repouso nos braços do Pai. Fonte: https://web.facebook.com/arqnit
AO VIVO- DIRETO DE ANGRA DOS REIS/RJ: Quinta-feira da Adoração, Caridade e Confissão.
- Detalhes
Quinta-feira da Adoração, Caridade e Confissão. Das 9h às 16h 30min. 19h, Santa Missa na Igreja Matriz- Novena do Divino Espírito Santo.
DEVOÇÃO E CARIDADE: #Tempodecuidar: A nossa campanha em favor dos pobres continua em Angra dos Reis/RJ.
Contatos para doação- Whatsapp (Doação de Cestas Básicas)
Frei Petrônio de Miranda. (21) 98291-7139.
Conceição Fonseca: (24) 97404-1826
Quinta-feira, 20 de maio-2019. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Nós vos pedimos, ó Deus, que o vosso Espírito nos transforme com a força dos seus dons, dando-nos um coração capaz de agradar-vos e de aceitar a vossa vontade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17,20-26)
20Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. 21Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. 22Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: 23eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim. 24Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo. 25Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste. 26Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.
3) Reflexão - Jo 17,20-26
O Evangelho de hoje traz a terceira e última parte da Oração Sacerdotal, na qual Jesus olha para o futuro e manifesta o seu grande desejo pela unidade entre nós, seus discípulos, e pela permanência de todos no amor que unifica, pois sem amor e sem unidade não merecemos credibilidade.
João 17,20-23: Para que o mundo creia que tu me enviaste
Jesus alarga o horizonte e reza ao Pai: Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste. Aqui transparece a grande preocupação de Jesus pela união que deve existir nas comunidades. Unidade não significa uniformidade, mas sim permanecer no amor, apesar de todas as tensões e conflitos. Amor que unifica a ponto de criar entre todos uma profunda unidade, como aquela que existe entre Jesus e o Pai. A unidade no amor revelada na Trindade é o modelo para as comunidades. Por isso, é através do amor entre as pessoas que as comunidades revelam ao mundo a mensagem mais profunda de Jesus. Como o povo dizia dos primeiros cristãos: “Veja como eles se amam!” É trágica a atual divisão entre as três religiões nascidas a partir de Abraão: judeus, cristãos e muçulmanos. Mais trágica ainda é a divisão entre nós cristãos que dizemos crer em Jesus. Divididos não merecemos credibilidade. O ecumenismo está no centro da última prece de Jesus ao Pai. É o seu Testamento. Ser cristão e não ser ecumênico é um contra-senso. Contradiz a última vontade de Jesus.
João 17,24-26: Que o amor com que me amaste esteja neles
Jesus não quer ficar só. Ele diz: Pai, aqueles que tu me deste, eu quero que eles estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória que tu me deste, pois me amaste antes da criação do mundo. A felicidade de Jesus é que todos nós estejamos com ele. Ele quer que os discípulos e as discípulas tenham a mesma experiência que ele mesmo teve do Pai. Quer que conheçam o Pai como ele o conheceu. Na Bíblia, a palavra conhecer não se reduz a um conhecimento teórico racional, mas implica experimentar a presença de Deus na convivência amorosa com as pessoas na comunidade.
Que sejam um como nós! (Unidade e Trindade no evangelho de João)
O evangelho de João nos ajuda muito na compreensão do mistério da Trindade, a comunhão entre as três pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito. Dos quatro evangelhos, João é o que mais acentua a profunda unidade entre o Pai e o Filho. Vemos pelo texto do evangelho (Jo 17,6-8) que a missão do Filho é a suprema manifestação do amor do Pai. É esta unidade entre Pai e Filho que faz Jesus proclamar: Eu e o Pai somos um (Jo 10,30). Entre ele e o Pai existe uma unidade tão intensa que quem vê o rosto de um vê também o do outro. É cumprindo esta missão de unidade recebida do Pai, que Jesus revela o Espírito. O Espírito da Verdade vem de junto do Pai (Jo 15,26). A pedido do Filho (Jo 14,16), o Pai o envia a cada um de nós para que permaneça conosco, nos animando e nos fortalecendo. O Espírito também nos vem do Filho (Jo 16,7-8). Assim, o Espírito da Verdade, que caminha conosco, é a comunicação da profunda unidade que existe entre o Pai e o Filho (Jo 15,26-27). O Espírito não pode comunicar outra verdade que não seja a Verdade do Filho. Tudo o que se relaciona com o mistério do Filho, o Espírito nos faz conhecer (Jo 16,13-14). Esta experiência da unidade em Deus foi muito forte nas comunidades do Discípulo Amado. O amor que une as pessoas divinas Pai e Filho e Espírito nos permite experimentar Deus através da união com as pessoas numa comunidade de amor. Assim também era a proposta da comunidade, onde o amor deveria ser o sinal da presença de Deus no meio da comunidade (Jo 13,34-35). E este amor constrói a unidade dentro da comunidade (Jo 17,21). Eles olhavam para a unidade em Deus para poder entender a unidade entre eles.
4) Para confronto pessoal
1) Dizia o bispo Dom Pedro Casaldáliga: “A Trindade ainda é a melhor comunidade”. Na comunidade da qual você faz parte, você percebe algum reflexo humano da Trindade Divina?
2) Ecumenismo. Sou ecumênico?
5) Oração final
Vós me ensinareis o caminho da vida, há abundância de alegria junto de vós, e delícias eternas à vossa direita (Sl 15, 11).
Quarta-feira, 19 de maio-2021. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus misericordioso, concedei que a vossa Igreja, reunida no Espírito Santo, se consagre ao vosso serviço num só coração e numa só alma. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17, 11b-19)
11Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós. 12Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. 14Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 15Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. 16Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 17Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. 19Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.
3) Reflexão - Jo 17,11b-19
Estamos na novena de Pentecostes, aguardando a vinda do Espírito Santo. Jesus diz que o dom do Espírito Santo só é dado a quem o pede na oração (Lc 11,13). No cenáculo, durante nove dias, desde a ascensão até pentecostes, os apóstolos perseveraram na oração junto com Maria a mãe de Jesus (At 1,14). Por isso conseguiram em abundância o dom do Espírito Santo (At 2,4). O evangelho de hoje continua colocando diante de nós a Oração Sacerdotal de Jesus. É um texto bem bem apropriado para nos preparar nestes dias para a vinda do Espírito Santo em nossas vidas.
João 17, 11b-12: Guarda-os em teu nome!
Jesus transforma a sua preocupação em prece: "Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós!" Tudo que Jesus fez em toda a sua vida, ele o fez em Nome de Deus. Jesus é a manifestação do Nome de Deus. O Nome de Deus é Javé, JHWH. No tempo de Jesus, este Nome era pronunciado como Adonai, Kyrios, Senhor. No sermão de Pentecostes, Pedro disse que Jesus, pela sua ressurreição, foi constituído Senhor : “Portanto, que todo o povo de Israel fique bem ciente que a esse mesmo Jesus, que vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Messias”.(At 2,36). E Paulo diz que isto foi feito “para que todos proclamem, para glória de Deus Pai: Jesus Cristo é o Senhor!” (Fl 2,11). É o “Nome que está acima de todo nome” (Fl 2,9), JHWH ou Javé, o Nome de Deus, recebeu um rosto concreto em Jesus de Nazaré! É em torno a este Nome que deve ser construída a unidade: Guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que sejam um como nós. Jesus quer a unidade das comunidades, para que possam resistir frente ao mundo que as odeia e persegue. Povo unido ao redor do Nome de Jesus jamais será vencido!
João 17,13-16: Que tenham a plenitude da minha alegria
Jesus está se despedindo. Vai partir em breve. Os discípulos e as discípulas continuam no mundo, vão ser perseguidos, terão aflições. Por isso estão tristes. Jesus quer que tenham alegria plena. Eles vão ter que continuar no mundo sem fazer parte do mundo. Isto significa, bem concretamente, viver no sistema do império, seja ele romano ou neo-liberal, sem se deixar contaminar por ele. Como Jesus e com Jesus devem viver na contra-mão do mundo.
João 17,17-19: Como tu me enviaste, eu os envio ao mundo
Jesus pede que sejam consagrados na verdade. Isto é, que sejam capazes de dedicar toda a sua vida para testemunhar suas convicções a respeito de Jesus e de Deus como Pai. Jesus se santificou na medida em que, durante a sua vida, revelava o Pai. Ele pede que os discípulos e as discípulas entrem no mesmo processo de santificação. A missão deles é a mesma de Jesus. Eles se santificam na mesma medida em que, vivendo o amor, revelam Jesus e o Pai. Santificar-se significa tornar-se humano como Jesus foi humano. Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”. Por isso devem viver na contra-mão do mundo, pois o sistema do mundo desumaniza a vida humana e a torna contrária às intenções do Criador.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus viveu no mundo, mas não era do mundo. Viveu na contra-mão do sistema e, por isso, foi perseguido e morto. E eu? Será que vivo na contra-mão do sistema de hoje, ou adapto minha fé ao sistema?
2) Preparação para Pentecostes. Invocar o dom do Espírito Santo, o Espírito que animou a Jesus. Nesta novena de preparação a Pentecostes convém tirar um tempo para pedir o dom do Espírito de Jesus.
5) Oração final
Bendigo o Senhor porque me deu conselho, porque mesmo de noite o coração me exorta. Ponho sempre o Senhor diante dos olhos, pois ele está à minha direita; não vacilarei (Sl 15,7-8).
Terça-feira, 18 de maio-2019. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, fazei que o Espírito Santo, vindo habitar em nossos corações, nos torne um templo da sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 17,1-11a)
1Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti; 2e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste. 3Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste. 4Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer. 5Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado. 6Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e deste-mos e guardaram a tua palavra. 7Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti. 8Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste. 9Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado. 11Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo; eu, porém, vou para junto de ti.
3) Reflexão - Jo 17,1-11a
Nos evangelhos de hoje, de amanhã e de depois de amanhã, vamos meditar as palavras que Jesus dirigiu ao Pai no momento da despedida. João conservou estas palavras e as colocou como pronunciadas por Jesus durante o último encontro de Jesus com seus discípulos. É o Testamento de Jesus em forma de prece, também chamada Oração Sacerdotal (Jo 17,1-26).
O capítulo 17 do evangelho de João é o final de uma longa reflexão de Jesus, iniciada no capítulo 15, sobre a sua missão no mundo. As comunidades conservaram estas reflexões para poderem entender melhor o momento difícil que elas mesmas estavam atravessando: tribulação, abandono, dúvidas, perseguição. A longa reflexão termina com a oração de Jesus pelas comunidades. Nela transparecem os sentimentos e as preocupações que, conforme o evangelista, estavam em Jesus no momento de ele sair deste mundo para o Pai. É com estes sentimentos e com esta preocupação que Jesus está agora diante do Pai, intercedendo por nós. Por isso, a Oração Sacerdotal é também o Testamento de Jesus. Muita gente, no momento de se despedir para sempre, deixa alguma mensagem. Todo mundo guarda palavras importantes do pai e da mãe, sobretudo quando são dos últimos momentos da vida. Preservar estas palavras é como preservar as pessoas. É uma forma de saudade.
O capítulo 17 é um texto diferente. É mais de amizade do que de raciocínio. Para captar bem todo o seu sentido, não basta a reflexão da cabeça, da razão. Este texto deve ser meditado e acolhido também no coração. É um texto não tanto para ser discutido mas sim para ser meditado e ruminado. Por isso, você não se preocupe se não entender logo tudo. O texto exige toda uma vida para meditá-lo e aprofundá-lo. Um texto assim, a gente deve ler, meditar, pensar, ler de novo, repetir, ruminar, como se faz com um doce gostoso na boca. Vai virando e virando, até se gastar todo. Por isso, feche os olhos, faça silêncio dentro de você e escute Jesus falando para você, transmitindo no Testamento sua maior preocupação, sua última vontade. Procure descobrir qual o ponto em que Jesus insiste mais e que ele considera o mais importante.
João 17,1-3: Chegou a hora!
“Pai, chegou a hora!" É a hora longamente esperada (Jo 2,4; 7,30; 8,20; 12,23.27; 13,1; 16,32). É o momento da glorificação que se fará através da paixão, morte e ressurreição. Chegando ao fim da sua missão, Jesus olha para trás e faz uma revisão. Nesta prece, ele vai expressar o sentimento mais íntimo do seu coração e a descoberta mais profunda da sua alma: a presença do Pai em sua vida.
João 17,4-8: Pai, reconheceram que vim de Ti!
Revendo sua vida, Jesus se vê a si mesmo como a manifestação do Pai para os amigos e as amigas que o Pai lhe deu. Jesus não viveu para si. Viveu, para que todos pudessem ter um lampejo da bondade e do amor que estão encerrados no Nome de Deus que é Abba, Pai.
João 17,9-11a: Tudo que é meu é teu, tudo que é teu é meu!
No momento de deixar o mundo, Jesus expõe ao Pai a sua preocupação e reza pelos amigos e amigas que ele deixa para trás. Eles continuam no mundo, mas não são do mundo. São de Jesus, são de Deus, são sinais de Deus e de Jesus neste mundo. Jesus está preocupado com as pessoas que ficam, e reza por elas.
4) Para confronto pessoal
1) Quais as palavras de pessoas queridas que você guarda com carinho e que orientam a sua vida? Caso você fosse embora, qual a mensagem que você deixaria para sua família e para a comunidade?
2) Qual a frase do Testamento de Jesus que mais me tocou? Por que?
5) Oração final
Bendito seja o Senhor todos os dias; Deus, nossa salvação, leva nossos fardos: nosso Deus é um Deus que salva, da morte nos livra o Senhor Deus (Sl 67, 20-21).
Semana de Oração da unidade cristã- 2021
- Detalhes
SEMANA DE ORAÇÃO PELA UNIDADE CRISTÃ 2021 ACONTECE NO BRASIL DE 16 A 23 DE MAIO, ENTRE AS SOLENIDADES DA ASCENÇÃO DO SENHOR E PENTECOSTES
A Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) é um dos maiores eventos que propõem o diálogo entre as Igrejas Cristãs. Realizada todos os anos pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), em parceria com as igrejas membro, o momento é uma oportunidade de aprofundar os laços entre as Igrejas e outras instituições e pessoas que acreditam e se empenham na construção da cultura do encontro, da acolhida, do diálogo e da fraternidade.
Aqui no Brasil, e no hemisfério sul, ela acontece entre as Solenidades da Ascenção do Senhor e Pentecostes. Nesse ano será realizada de 16 a 23 de maio, com o tema: “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. João 15,5-9). Todas as Igrejas Cristãs e pessoas de boa vontade são convidadas a participar.
O subsecretário-adjunto de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da entidade, padre Marcus Barbosa Guimarães recorda que que o Concílio Ecumênico Vaticano II declarou “estar consciente de que este santo propósito de reconciliar todos os cristãos na unidade de uma só e única Igreja de Cristo ultrapassa as forças e os dotes humanos” (UR 24).
“Rezando pela unidade, reconhecemos que ela é um dom do Espírito Santo e não algo que possamos alcançar somente pelos nossos próprios esforços”, disse.
Ano após ano comunidades cristãs das mais diferentes tradições têm aderido às celebrações propostas pela SOUC, o que reflete uma compreensão cada vez maior da mensagem de Cristo, que disse: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (João 17:21)
Live A Formação para o Ecumenismo e o Diálogo Católico-Pentecostal
No contexto da Semana de Oração pela Unidade Cristã será realizada uma live na sexta-feira, dia 21 maio, às 17h, com o tema “A Formação para o Ecumenismo e o Diálogo Católico-Pentecostal”. O facilitador será o padre Marcial Maçaneiro. Ele é professor da PUC/PR e membro da Comissão Internacional de Diálogo Católico-Pentecostal.
O subsecretário-adjunto de Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, padre Marcus Barbosa, mediará a conversa. Os documentos “O Bispo e a Unidade dos Cristãos – Vademecum Ecumênico” e o documento da Comissão Internacional de Diálogo Católico-Pentecostal “Não extingais o Espírito” (1Ts 5,19) – Os Carismas na Vida e na Missão da Igreja” serão aprofundados no encontro virtual que será transmitido pelas redes sociais do Conic.
Subsídios para celebrar a SOUC
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), do qual a Igreja Católica é membro pela representação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançou os subsídios da Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC), edição 2021.
Em 2021, diferentemente dos anos anteriores, esses materiais ficarão disponíveis de modo gratuito, e todos podem baixar livremente, compartilhá-los, imprimi-los, etc. O cartaz da Semana de Oração também ficará disponível em alta resolução para download.
Oração oficial
Amado e misericordioso Deus pai e mãe,
Tu nos chamas para vivermos a unidade e a reconciliação.
Por isso estamos reunidas (os) para celebrar, orar, e Te louvar.
Nesta semana de oração, queremos ser tocadas (os) por Teu Amor e ao permanecer Nele, nos reconciliamos conosco e com nossas irmãs e irmãos.
Em Cristo, Teu Amado Filho, desejamos produzir bons frutos para vivermos em comunhão, restabelecendo relações de amizade, partilha e solidariedade e, assim, nos reconhecermos como irmãs e irmãos neste mundo tão dividido.
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Segunda-feira, 17 de maio-2019. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Nós vos pedimos, ó Deus, que venha a nós a força do Espírito Santo, para que realizemos fielmente a vossa vontade e a manifestemos por uma vida santa. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 16, 29-33)
29Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas claramente e a tua linguagem já não é figurada e obscura. 30Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém te pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus. 31Jesus replicou-lhes: Credes agora!... 32Eis que vem a hora, e ela já veio, em que sereis espalhados, cada um para o seu lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o Pai está comigo. 33Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.
3) Reflexão - Jo 16,29-33
O contexto do evangelho de hoje continua sendo o ambiente da Última Ceia, ambiente de confraternização e de despedida, de tristeza e de expectativa, no qual se reflete a situação das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Para poder entender bem os evangelhos, não podemos nunca esquecer que eles não relatam as palavras de Jesus como se fossem gravadas num CD para transmiti-las literalmente. Os Evangelhos são escritos pastorais que procuram encarnar e atualizar as palavras de Jesus nas novas situações em que se encontravam as comunidades na segunda metade do primeiro século na Galileia (Mateus), na Grécia (Lucas), na Itália (Marcos) e na Ásia Menor (João). No evangelho de João, as palavras e as perguntas dos discípulos não são só dos discípulos, mas nelas transparecem também as perguntas e os problemas das comunidades. São espelhos, nos quais as comunidades, tanto as daquele tempo como as de hoje, se reconhecem com suas tristezas e angústias, com suas alegrias e esperanças. Elas encontram luz e força nas respostas de Jesus.
João 16,29-30: Agora estás falando claramente
Jesus tinha dito aos discípulos: O próprio Pai ama vocês, porque vocês me amaram e acreditaram que eu saí de junto de Deus. Eu saí de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai (Jo 16,27-28). Ouvindo esta afirmação de Jesus, os discípulos respondem: Agora estás falando claramente e sem comparações. Agora sabemos que tu sabes todas as coisas, e que é inútil alguém te fazer perguntas. Agora sim, acreditamos que saíste de junto de Deus". Os discípulos acham que entenderam tudo. Sim, realmente, eles captaram uma luz verdadeira para clarear seus problemas. Mas era uma luz ainda muito pequena. Captaram a semente, mas por ora não conhecem a árvore. A luz ou a semente era a intuição básica da fé de que Jesus é para nós a revelação de Deus como Pai: Agora sim, acreditamos que saíste de junto de Deus. Mas isto era apenas o começo, a semente. Jesus, ele mesmo, era e continua sendo a grande parábola ou revelação de Deus para nós. Nele Deus chega até nós e se revela. Mas Deus não cabe em nossos esquemas. Ultrapassa tudo, desarruma nossos esquemas e traz surpresas inesperadas que, por vezes, são muito dolorosas.
João 16,31-32: Vocês me deixam só, mas não estou só. O Pai está comigo
Jesus pergunta: "Agora vocês acreditam? Ele conhece seus discípulos. Sabe que falta muito para a compreensão total do mistério de Deus e da Boa Nova de Deus. Sabe que, apesar da boa vontade e apesar da luz que acabaram de receber naquele momento, eles ainda deviam enfrentar a surpresa inesperada e dolorosa da Paixão e Morte de Jesus. A pequena luz que captaram não bastava para vencer a escuridão da crise: Vem a hora, e já chegou, em que vocês se espalharão, cada um para o seu lado, e me deixarão sozinho. Mas eu não estou sozinho, pois o Pai está comigo. Esta é a fonte da certeza de Jesus e, através de Jesus, esta é e será a fonte da certeza de todos nós: O Pai está comigo! Quando Moisés foi enviado para a missão de libertar o povo da opressão do Egito, ele recebeu esta certeza: “Vai! Estou com você!” (Ex 3,12). A certeza da presença libertadora de Deus está expressa no nome que Deus assumiu na hora de iniciar o Êxodo e de libertar o seu povo: JHWH, Deus conosco: Este é o meu nome para sempre (Ex 3,15). Nome que ocorre mais de seis mil vezes só no Antigo Testamento.
João 16,33: Coragem! Venci o mundo!
E vem agora a última frase de Jesus que antecipa a vitória e que será fonte de paz e de resistência tanto para os discípulos e discípulas daquele tempo como para todos nós, até hoje: Eu disse essas coisas, para que vocês tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo. “Com seu sacrifício por amor, Jesus vence o mundo e o Satanás. Seus discípulos são chamados a participar da luta e da vitória. Sentir o ânimo que ele infunde já é ganhar uma batalha” (L.A.Schokel).
4) Para confronto pessoal
1) Uma pequena luz ajudou os discípulos a dar um passo, mas não iluminou o caminho todo. Você já teve uma experiência assim na sua vida?
2) Coragem! Eu venci o mundo! Esta frase de Jesus já te ajudou alguma vez em sua vida?
5) Oração final
Protege-me, ó Deus: em ti me refúgio. Eu digo ao Senhor: “És tu o meu Senhor, fora de ti não tenho bem algum”. O Senhor é a minha parte da herança e meu cálice: Nas tuas mãos está a minha vida (Sl 15).
*Domingo 16 de maio: Solenidade da Ascensão - Ano B
- Detalhes
Tempo Pascal
Ano B - Sétimo Domingo - Solenidade da Ascensão
A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. Sugere também que Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
No Evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, ajuda-os a vencer a desilusão e o comodismo e envia-os em missão, como testemunhas do projeto de salvação de Deus. De junto do Pai, Jesus continuará a acompanhar os discípulos e, através deles, a oferecer aos homens a vida nova e definitiva.
EVANGELHO – (Mc 16,15-20): Atualização.
Jesus foi ao encontro do Pai, depois de uma vida gasta ao serviço do "Reino"; deixou aos seus discípulos a missão de anunciar o "Reino" e de torná-lo uma proposta capaz de renovar e de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de Jesus significa, antes de mais, tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do "Reino" na vida dos homens. Estou consciente de que a Igreja - a comunidade dos discípulos de Jesus, a que eu pertenço também - é hoje a presença libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens? Como é que eu procuro testemunhar o "Reino" na minha vida de todos os dias - em casa, no trabalho ou na escola, na paróquia, na comunidade religiosa?
A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas não podem ser obstáculos para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Tenho consciência de que a missão que foi confiada aos discípulos é uma missão universal? Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens - sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou económicas - a anunciar-lhes a libertação, a salvação, a vida definitiva? Tenho consciência de que sou responsável pela vida, pela felicidade e pela liberdade de todos os meus irmãos - mesmo que eles habitem no outro lado do mundo?
Tornar-se discípulo é, em primeiro lugar, aprender os ensinamentos de Jesus - a partir das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida oferecida por amor. É claro que o mundo do século XXI apresenta, todos os dias, desafios novos; mas os discípulos, formados na escola de Jesus, são convidados a ler os desafios que hoje o mundo coloca, à luz dos ensinamentos de Jesus. Preocupo-me em conhecer bem os ensinamentos de Jesus e em aplicá-los à vida de todos os dias?
No dia em que fui batizado, comprometi-me com Jesus e vinculei-me com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?
É um tremendo desafio testemunhar, hoje, no mundo os valores do "Reino" (esses valores que, muitas vezes, estão em contradição com aquilo que o mundo defende e que o mundo considera serem as prioridades da vida). Com frequência, os discípulos de Jesus são objeto da irrisão e do escárnio dos homens, porque insistem em testemunhar que a felicidade está no amor e no dom da vida; com frequência, os discípulos de Jesus são apresentados como vítimas de uma máquina de escravidão, que produz escravos, alienados, vítimas do obscurantismo, porque insistem em testemunhar que a vida plena está no perdão, no serviço, na entrega da vida. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: "Eu estarei convosco até ao fim dos tempos". Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Sexta-feira – Festa do Apóstolo São Matias (14 de maio de 2008). Lectio Divina com Frei Carlos Mesters, O. Carm
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, que associastes são Matias ao colégio apostólico, concedei, por sua intercessão, que, fruindo da alegria do vosso amor, mereçamos ser cotados entre os eleitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 15, 9-17)
Naquele tempo disse Jesus: 9Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor. 11Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. 13Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. 14Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. 15Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.17O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.
3) Reflexão Jo 15,9-17
Hoje é a festa do apóstolo Matias. O Evangelho João 15,9-17 já foi meditado no dia 24 de abril. Vamos retomar alguns pontos que já foram vistos naquele dia.
João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da perfeita alegria.
Jesus permanece no amor do Pai observando os mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com que ele observou os mandamentos do Pai: “Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. É nesta união de amor do Pai e de Jesus que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”.
João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!"
João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu mando", a saber, a prática do amor até à doação total de si! Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida dos discípulos e das discípulas. Eles diz: "Não chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês!" Jesus já não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da vida em comunidade: chegarmos a uma total transparência, a ponto de não haver mais segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante alguns anos. Eles "eram um só coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46).
João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galileia. A última recomendação: "Isto vos mando: amai-vos uns aos outros!"
4) Para um confronto pessoal
1) Amar o próximo como Jesus nos amou. Este é o ideal de cada cristão. Como isto está sendo vivido por mim?
2) Tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês. Este é o ideal da comunidade: chegar a uma total transparência. Como isto está sendo vivido na minha comunidade?
5) Oração final
Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre.
Pág. 177 de 665