Santa Escolástica- O Santo do Dia.
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O Frei Petrônio de Miranda, O. Carm- Direto do Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ- fala sobre a irmã de São Bento, Santa Escolástica. Nota: O nome de Santa Escolástica, irmã de São Bento, nos leva para o século V, para o primeiro mosteiro feminino ocidental, fundamentado na vida em comum, conceito introduzido na vida dos monges. São Bento foi o primeiro a orientar para servir a Deus não "fugindo do mundo" através da solidão ou da penitência itinerante, como os monges orientais, mas vivendo em comunidade duradoura e organizada, e dividindo rigorosamente o próprio tempo entre a oração, trabalho ou estudo e repouso.
Escolástica e Bento, irmãos gêmeos, nasceram em Nórcia, região central da Itália, em 480. Eram filhos de nobres, o pai Eupróprio ficou viúvo quando eles nasceram, pois a esposa morreu durante o parto. Ainda jovem Escolástica se consagrou a Deus com o voto de castidade, antes mesmo do irmão, que estudava retórica em Roma. Mais tarde, Bento fundou o mosteiro de Monte Cassino criando a Ordem dos monges beneditinos. Escolástica, inspirada por ele, fundou um mosteiro, de irmãs, com um pequeno grupo de jovens consagradas. Estava criada a Ordem das beneditinas, que recebeu este nome em homenagem ao irmão, seu grande incentivador e que elaborou as Regras da comunidade. Fonte: http://www.arquisp.org.br
Tradicionalistas, é tempo de escolher.
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O Papa Francisco ofereceu sua clara interpretação sobre o Concílio Vaticano II em mensagem aos bispos da Itália. O artigo é de Massimo Faggioli, historiador e professor da Villanova University, nos EUA, publicado por La Croix International, 02-02-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Eis o artigo.
O Papa Francisco criticou recentemente os bispos da Itália por ignorarem seu apelo, feito há cinco anos, para um sínodo nacional e ofereceu à Igreja em todo o mundo o que mais próximo já vimos de sua interpretação do Concílio Vaticano II.
Em uma mensagem à pastoral da catequese da Conferência dos Bispos da Itália, em 30 de janeiro, o papa pediu a eles, como já havia feito em 2015, quando reunidos em Florença, para começar um processo de sínodo nacional.
Até então a conferência dos bispos tem basicamente ignorado a diretriz do papa. Mas outros atores importantes da Igreja na Itália não o têm. Muitas revistas católicas, incluindo a jesuíta La Civiltà Cattolica, e um número de teólogos tem mantido viva a ideia de um sínodo.
Seria interessante ver se, mesmo depois da última intervenção de Francisco, os bispos italianos continuarão ignorando o pedido do papa para planejarem um sínodo nacional.
Essa mensagem não foi apenas para os italianos. Foi também um sinal enviado para as igrejas que já iniciaram um processo sinodal nacional (como a Alemanha e Austrália) e outros que estão contemplando um.
Mas nós não vivemos mais em uma Igreja onde as conferências episcopais fazem automaticamente o que o papa pede ou as encoraja de fazer. E não é unicamente a Conferência dos Bispos dos EUA e seu comportamento que está contra Francisco.
“O Concílio é o Magistério da Igreja”
Mas, além da questão dos sínodos nacionais, havia algo ainda mais importante na mensagem do papa: seus comentários sobre o Concílio Vaticano II.
Durante seu pontificado, Francisco nunca havia destacado sua interpretação do Concílio de uma forma tão sistemática.
Embora, algumas vezes, ele tenha constatado suas preocupações sobre as tendências de redução do Vaticano II a questão de negociações com aqueles que se veem como defensores de uma estrita – e autointitulada mais fiel – versão da tradição católica.
“Esse é o Magistério. O Concílio é o Magistério da Igreja”, disse o papa em 30 de janeiro.
“Vocês ou seguem o Concílio e, portanto, estão com a Igreja, ou vocês não seguem o Concílio ou o interpretam de sua própria maneira como desejarem e, assim, não estão com a Igreja”, continuou.
“O Concílio não pode ser negociado... Não. O Concílio é o que é”, insistiu.
Ele então fez comparações com o cisma da Igreja Veterocatólica depois do Vaticano I (1869-1870). (A Igreja Veterocatólica já existia antes do Vaticano I, mas ela recebeu novos membros, de alto escalão, depois da rejeição das declarações conciliares sobre o papado).
“E esse problema que nós estamos vivenciando, de seletividade em respeito ao Concílio, tem sido repetido ao longo da história com outros Concílios. Isso me faz pensar muito sobre um grupo de bispos que depois do Vaticano I saíram da Igreja... continuaram a ‘verdadeira doutrina’ que não era a do Vaticano I”, afirmou o papa.
Francisco falou que esse comportamento era de “nós somos os verdadeiros católicos”. E, evidentemente, para provar que estavam errados, o papa disse: “Hoje eles ordenam mulheres”.
Mais católico que o Vaticano II
À parte desta última fala, a qual foi vista como ecumenicamente insensível, o ponto principal do papa de 84 anos é que existem aqueles que, ainda hoje, se consideram mais católicos do que o Concílio Vaticano II.
“Esse comportamento estrito, de manter a fé sem o magistério da Igreja, leva vocês à ruína”, afirmou.
“Por favor, sem concessões a esses que tentam apresentar uma catequese que não está alinhada ao magistério da Igreja”, alertou o papa aos bispos italianos.
Essa reflexão sobre o Vaticano II foi revelada por inúmeras razões. Isso ajudou a iluminar a diferença entre a forma de Francisco e de seu predecessor, Bento XVI, de falar sobre a interpretação do Vaticano II.
Ambos tiveram a difícil tarefa de tentar orientar uma recepção magisterial do Concílio.
De um lado, eles tiveram que guiar para longe dos ultratradicionalistas que veem o Vaticano II como muito moderno para ser católico. E por outro, eles tiveram que manter distância dos ultraprogressistas que veem o Vaticano II como muito católico para ser moderno.
Bento XVI e seus tradicionalistas
Em teoria, isso é particularmente o que Bento XVI tentou fazer com seu famoso discurso à Cúria Romana, logo antes do Natal em 2005. Essa mensagem pode ser lida como repúdio a uma interpretação do concílio com uma ruptura com as tradições, algo compartilhado, ironicamente, tanto por ultraprogressistas e lefebvrianos.
Na prática, sabemos que a política doutrinal de Bento XVI era mais favorável à interpretação do Vaticano.
Não esqueçamos as calamitosas consequências que se teve sobre a liturgia. (É interessante como os bispos franceses responderam a um inquérito do Vaticano sobre os efeitos do motu proprio Summorum Pontificum, de 2007, que autorizou o uso da liturgia pré-conciliar).
Comparado a Bento, Francisco mostrou uma interpretação diferente do Vaticano II com bases na sua visão de uma Igreja em um mundo multicultural e multirreligioso, enraizado em uma realidade que ele conheceu muito bem como pastor.
Na mensagem de 30 de janeiro, Francisco também revelou sua oposição, não apenas à mentalidade de resistência ao Vaticano II em nome de um falso senso de ortodoxia, mas também para negociar com os tradicionalistas sobre o significado do concílio.
Tais negociações eram uma parte integral da política doutrinal do pontificado de Bento XVI.
Francisco silenciosamente – mas sem errar – desfez essa política quando aboliu a Comissão Ecclesia Dei no início de 2019. João Paulo II havia a criado em 1988 para negociar com a cismática Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) e colocou o cardeal Ratzinger encarregado disso.
Abolição da “Ecclesia Dei” é uma das mais importantes mudanças que Francisco fez para a estrutura da Cúria Roma desde que se tornou papa.
Francisco e o pragmatismo pastoral
Francisco é famoso por não ser um fã da linguagem dos “não-negociáveis” quando se trata de questões morais, mas esse é um termo que ele provavelmente aplicaria ao Concílio Vaticano II – não está em negociação.
É a partir da firme defesa do papa ao concílio que devemos interpretar os passos que ele deu para reestruturar as relações da Igreja Católica com os tradicionalistas da FSSPX, especialmente desde o Jubileu da Misericórdia.
Francisco concedeu a todos os padres da FSSPX as faculdades de celebrar os sacramentos da reconciliação e do matrimônio. Ele fez isso por uma questão de pragmatismo pastoral.
Não se tratava de reconhecer a equivalência entre o Vaticano II e aqueles que se opõem abertamente ou rejeitam seus ensinamentos e fazem proselitismo sobre um falso senso de ortodoxia.
Este é um ponto crítico para a compreensão do pontificado.
Uma leitura cuidadosa dos pronunciamentos de Francisco sobre o Vaticano II o caracteriza como claramente oposto à mentalidade anticonciliar dos tradicionalistas.
Mas - talvez de forma menos evidente - ele também esteja se opondo à cultura teológica a-conciliar de progressistas radicais, para os quais a legitimidade do concílio não reside sobre o que dizem os documentos, mas principalmente nas diferenças com a tradição magisterial anterior..
Em algumas questões, Francisco demonstrou que sua interpretação do Vaticano II pode ir além da letra dos documentos (como sobre o diálogo inter-religioso ou questões de família e casamento).
Mas em outras questões, como ministério sacerdotal, é mais complicado: Francisco parece não querer adotar uma interpretação dinâmica do Vaticano II semelhante à sua interpretação de Nostra Aetate, por exemplo.
A posição centrista do papa jesuíta
Recentemente, Francisco decretou que os ministérios do leitorado e acolitado passariam a ser abertos às mulheres, de forma estável e institucionalizada por meio de mandato específico. Mas nestes últimos quase oito anos, ele disse mais de uma vez que se opõe claramente à ordenação de mulheres.
A interpretação do Vaticano II por Francisco está mais distante do cardeal Raymond Leo Burke (por exemplo), e muito mais próxima do cardeal Walter Kasper. Mas não apenas para o Kasper que se tornou alvo dos conservadores católicos desde 2013, mas também para o Kasper mais “centrista” das décadas de 1980 e 1990.
Em outras palavras, as razões pelas quais Francisco mostrou algumas aberturas para com os tradicionalistas não são muito diferentes de suas razões para mostrar algumas aberturas para com os progressistas católicos. Eles estão enraizados no pragmatismo pastoral. Eles não abraçam uma interpretação teológica particular da tradição.
A contraposição entre a liderança da conferência episcopal dos Estados Unidos e Francisco é uma característica fundamental do pontificado, mas não deve sugerir um liberalismo teológico que nunca fez parte da mentalidade do papa jesuíta.
No entanto, os problemas de Francisco vêm mais do tradicionalismo radical do que do progressismo liberal.
A violência verbal que os tradicionalistas radicais usam para criticar Francisco vem da frustração. Eles sabem que uma reversão dos ensinamentos do Vaticano II e do período pós-conciliar é inimaginável – ou imaginável apenas a um custo enorme do ponto de vista doutrinário e em termos de fidelidade ao Evangelho.
Tradicionalistas, é hora de escolher
O Vaticano II foi fruto de uma ordem teológico-cultural que agora está em crise, e é por isso que a Igreja precisa de um novo comentário global do concílio.
Mas o pontificado de Francisco representa um momento de escolha – muito mais pelos tradicionalistas do que progressistas. As críticas dos dois grupos ao Vaticano II claramente não são iguais ou equivalentes.
Uma maneira de entender a eleição e o pontificado de Francisco é como uma resposta à onda neotradicionalista que foi encorajada pela época de Bento XVI como bispo de Roma.
O que Francisco diz e o que ele representa na interpretação do Vaticano II é mais uma correção do que uma conclusão do curso de Bento XVI.
Esse último pontificado nada fez para moderar a rejeição radical do Vaticano II pelos tradicionalistas cismáticos e realmente deu legitimidade aos tradicionalistas católicos anti-Vaticano II em comunhão com Roma.
O problema é que a divisão em torno das interpretações do Concílio é muito mais grave hoje do que durante os pontificados de João Paulo II e Bento XVI. Desde então, houve um endurecimento de posições, especialmente do lado conservador.
A negação de Francisco das bençãos dadas à agenda dos tradicionalistas até 2013 o faz parecer mais teologicamente progressista do que realmente é.
No que diz respeito à interpretação magisterial do Vaticano II, este pontificado tem mais a ver com desfazer do que com fazer. E isso, por si só, não é pouca coisa. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Quarta-feira, 10 de fevereiro-2021. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 14-23)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: Ouvi-me todos, e entendei. 15Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 16[bom entendedor meia palavra basta.] 17Quando deixou o povo e entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe acerca da parábola. 18Respondeu-lhes: Sois também vós assim ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode tornar impuro, 19porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre e dali segue sua lei natural? Assim ele declarava puros todos os alimentos. E acrescentava: 20Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 21Porque é do interior do coração dos homens que procedem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. 23Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje é a continuação do assunto que meditamos ontem. Jesus ajuda o povo e os discípulos a entender melhor o significado da pureza diante de Deus. Desde séculos, os judeus, para não contrair impureza, observavam muitas normas e costumes relacionados com comida, bebida, roupa, higiene do corpo, lavagem de copos, contato com pessoas de outra religião e raça, etc (Mc 7,3-4) Eles eram proibidos de entrar em contato com os pagãos e de comer com eles. Nos anos 70, época de Marcos, alguns judeus convertidos diziam: “Agora que somos cristãos temos que abandonar estes costumes antigos que nos separam dos pagãos convertidos!” Mas outros achavam que deviam continuar na observância destas leis da pureza (cf Col 2,16.20-22). A atitude de Jesus, descrita no evangelho de hoje, ajudava-os a superar o problema.
Marcos 7,14-16: Jesus abre um novo caminho para o povo se aproximar de Deus
Ele diz para a multidão: “Não há nada no exterior do ser humano que, entrando nele, possa torná-lo impuro!” (Mc 7,15). Jesus inverte as coisas: o impuro não vem de fora para dentro, como ensinavam os doutores da lei, mas sim de dentro para fora. Deste modo, ninguém mais precisa se perguntar se esta ou aquela comida ou a bebida é pura ou impura. Jesus coloca o puro e o impuro num outro nível, no nível do comportamento ético. Ele abre um novo caminho para chegar até Deus e, assim, realiza o desejo mais profundo do povo.
Marcos 7,17-23: Em casa, os discípulos pedem explicação
Os discípulos não entenderam bem o que Jesus queria dizer com aquela afirmação. Quando chegaram em casa pediram uma explicação. Jesus estranhou a pergunta dos discípulos. Pensava que eles tivessem entendido a parábola. Na explicação aos discípulos ele vai até ao fundo da questão da pureza. Declara puros todos os alimentos! Ou seja, nenhum alimento que de fora entra no ser humano pode torná-lo impuro, pois não vai até o coração, mas vai para o estômago e acaba na fossa. Mas o que torna impuro, diz Jesus, é aquilo que de dentro do coração sai para envenenar o relacionamento humano. E ele enumera: prostituição, roubo, assassinato, adultério, ambição, etc. Assim, de muitas maneiras, pela palavra, pelo toque e pela convivência, Jesus foi ajudando as pessoas a ver e obter a pureza de outra maneira. Pela palavra, purificava os leprosos (Mc 1,40-44), expulsava os espírito impuros (Mc 1,26.39; 3,15.22 etc), e vencia a morte que era a fonte de toda a impureza. Pelo toque em Jesus, a mulher excluída como impura ficou curada (Mc 5,25-34). Sem medo de contaminação, Jesus comia junto com as pessoas consideradas impuras (Mc 2,15-17).
As leis da pureza no tempo de Jesus
O povo daquela época tinha uma grande preocupação com a pureza. A lei e as normas da pureza indicavam as condições necessárias para alguém poder comparecer diante de Deus e se sentir bem na presença dele. Não se podia comparecer diante de Deus de qualquer jeito. Pois Deus é Santo. A Lei dizia: “Sede santos, porque eu sou santo!” (Lv 19,2). Quem não era puro não podia chegar perto de Deus para receber dele a bênção prometida a Abraão. A lei do puro e do impuro (Lv 11 a 16) foi escrita depois do cativeiro da Babilônia, cerca de 800 anos depois do Êxodo, mas tinha suas raízes na mentalidade e nos costumes antigos do povo da Bíblia. Uma visão religiosa e mítica do mundo levava o povo a apreciar as coisas, as pessoas e os animais, a partir da categoria da pureza (Gn 7,2; Dt 14,13-21; Nm 12,10-15; Dt 24,8-9).
No contexto da dominação persa, séculos V e IV antes de Cristo, diante da dificuldade para reconstruir o templo de Jerusalém e para a própria sobrevivência do clero, os sacerdotes que estavam no governo do povo da Bíblia ampliaram as leis da pureza e a obrigação de oferecer sacrifícios de purificação pelo pecado. Assim, depois do parto (Lv 12,1-8), da menstruação (Lv 15,19-24) ou da cura de uma hemorragia (Lv 15,25-30), as mulheres tinham que oferecer sacrifícios para recuperar a pureza. Pessoas leprosas (Lv 13) ou que entravam em contato com coisas e animais impuros (Lv 5,1-13) também deviam oferecer sacrifícios. Uma parte destas oferendas ficava para os sacerdotes (Lv 5,13).
No tempo de Jesus, tocar em leproso, comer com publicano, comer sem lavar as mãos, e tantas outras atividades, etc.: tudo isso tornava a pessoa impura, e qualquer contato com esta pessoa contaminava os outros. Por isso, as pessoas “impuras” deviam ser evitadas. O povo vivia acuado, sempre ameaçado pelas tantas coisas impuras que ameaçavam sua vida. Era obrigado a viver desconfiado de tudo e de todos. Agora, de repente, tudo mudou! Através da fé em Jesus, era possível conseguir a pureza e sentir-se bem diante de Deus sem que fosse necessário observar todas aquelas leis e normas da “Tradição dos Antigos”. Foi uma libertação! A Boa Nova anunciada por Jesus tirou o povo da defensiva, do medo, e lhe devolveu a vontade de viver, a alegria de ser filho e filha de Deus, sem medo de ser feliz!
4) Para um confronto pessoal
- Na sua vida há costumes que você considera sagrados e outros que considera não sagrados? Quais? Por que?
- Em nome da Tradição dos Antigos os fariseus esqueciam o Mandamento de Deus. Isto acontece hoje? Onde e quando? Também na minha vida?
5) Oração final
Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provocação. O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva, porque se refugiam nele. (Sl 36)
CONHEÇA O FUNDO NACIONAL DE SOLIDARIEDADE, O FNS, CRIADO COM RECURSOS DAS CAMPANHAS DA FRATERNIDADE.
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Uma importante ferramenta foi instituída pelo episcopado brasileiro, em 1998, durante a sua 36ª Assembleia Geral, com o propósito de promover a sustentação da Ação Social da Igreja Católica no Brasil. Trata-se do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) e o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), que financiam empreendimentos locais e ambientalmente sustentáveis, fomentando o desenvolvimento comunitário com base nas necessidades, práticas e culturas locais.
À época, a Cáritas Brasileira, entidade de promoção e atuação social vinculada à CNBB, teve papel importante na gestão dessas ferramentas. A experiência na administração de fundos de apoio a pequenos projetos, ancorada numa perspectiva pedagógica não assistencial e sustentada por formas de relações de trocas comunitárias solidárias – próprias das culturas locais –, financiadas com recursos da Cooperação Internacional credenciou o organismo da CNBB para assumir os processos de animação, administração e gerência do FNS e do FDS até o ano de 2014. Em 2015, os Fundos de Solidariedade passaram a ser geridos diretamente pela CNBB, através do Conselho Gestor e de seu Departamento Social, com a finalidade de apoiar os projetos sociais da CNBB, em nível nacional.
A composição dos Fundos passa pelo histórico da Campanha da Fraternidade (CF), iniciativa da CNBB, realizada desde 1964. Formado por 60% de toda a arrecadação da Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da CF, realizado em todas as dioceses, paróquias e comunidades durante o Domingo de Ramos, o FDS é gerido pela própria diocese, em vista dos seus projetos sociais. Os outros 40% compõem o FNS, que é administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho Gestor.
Todo ano, o Departamento Social da CNBB publica um edital específico, com critérios, para seleção dos projetos sociais. São priorizados aqueles que estejam em sintonia com os objetivos gerais e específicos da Campanha da Fraternidade vigente no ano. “Desde 2015 temos aprimorado o conteúdo do edital e também as suas formas de garantir a idoneidade das entidades que nos procuram, então passamos a exigir cada vez mais da entidade documentações que vão nos dizer se ela tem condições ou não de ser avaliada em uma determinada reunião do Conselho Gestor que está prevista”, explica o coordenador de projetos e encarregado do Departamento Social, Franklin Ribeiro.
Para selecionar os projetos, fiscalizar e acompanhar a aplicação dos recursos, o FNS conta com um Conselho Gestor, grupo vinculado à presidência da CNBB, que tem como missão decidir sobre a destinação do FNS, supervisionando a sua administração e aplicação.
“Foi algo impactante porque nós vimos que os recursos do Fundo Nacional Solidariedade têm gerado vida, resgatado a autoestima das pessoas, mobilizado as comunidades e resgatado alguns valores, como por exemplo os mutirões e os encontros da comunidade”.
Esse é o relato do secretário-executivo de campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Patriky Samuel, após uma visita de avaliação e monitoramento aos projetos apoiados pelo fundo na diocese de Januária, que fica no norte de Minas Gerais realizada de 10 a 12 de fevereiro de 2020.
O responsável pelo Departamento Social da CNBB, Franklin Ribeiro Queiroz, conta que, em média, são 200 projetos apoiados por ano, num valor em torno de 15 a 20 mil reais cada. “A transformação que eles nos reportam através desse pequeno recurso são coisas que nos surpreendem”, afirma.
Franklin também ressalta a origem do recurso, recordando a “oferta da viúva”, na passagem bíblica de Lucas 21: “Quando esse recurso chega aqui, ele já vem com esta carga de amor que é colocado na doação. É isso que multiplica esse dinheiro e faz esse efeito das entidades tão agradecidas por um recurso que faz uma diferença gigante na vida deles, pouco dinheiro que faz muito”.
A partir de amanhã, 10 de fevereiro, a Assessoria de Comunicação da CNBB vai divulgar a cada dia projetos apoiados com recursos do Fundo Nacional de Solidariedade em todo Brasil.
Transparência na gestão dos recursos
Desde 2018, o FNS disponibiliza um site onde é possível acompanhar e saber como anda a evolução da prestação de contas dos projetos, por meio do Portal da Transparência que pode ser acessado pelo site: www.fns.cnbb.org.br. Nele, há uma relação completa dos projetos aprovados. A CNBB também presta contas ao Ministérios da Cidadania e Justiça, Ministério Público e ao Conselho de Assistência Social (CAS). Fonte: https://www.cnbb.org.br
O QUE OS PAPAS FRANCISCO, BENTO XVI E SÃO JOÃO PAULO II DISSERAM SOBRE A CAMPANHA DA FRATERNIDADE EM MENSAGENS ENVIADAS À IGREJA NO BRASIL
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A Campanha da Fraternidade recebe todos os anos uma mensagem especial do Santo Padre que é lida e divulgada na abertura da Quaresma, incentivando a participação ativa dos fiéis e de toda sociedade. O secretário-executivo de Campanhas da Fraternidade e Evangelização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Patriky Samuel Batista, recuperou a partir dos arquivos do Centro de Documentação da entidade a primeira mensagem e o que disseram os últimos três Pontífices sobre a campanha.
“Alegro-me que, há mais de cinco décadas, a Igreja no Brasil realize, no período quaresmal, a Campanha da Fraternidade, anunciando a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados”. Estas foram as palavras do Papa Francisco em mensagem enviada especialmente para a Campanha da Fraternidade em 2020.
A primeira mensagem foi enviada pelo Papa Paulo VI em 1970 a pedido do presidente da CNBB, cardeal Dom Agnelo Rossi. Neste ano o tema era “Participação” e o lema: “Ser cristão é participar”. Padre Patriky recorda que neste ano, a mensagem fazia uma ligação entre a encíclica Populorum Progressio e a CF ajudando a compreender que a conversão, no horizonte do Evangelho, é reorientação profunda da vida. Por isso a necessidade de “criar uma nova mentalidade em que todos se deem as mãos, o forte ajudando o fraco a crescer, oferecendo-lhe toda a sua competência, entusiasmo e amor desinteressado”.
Na mensagem para a CF de 1979, São João Paulo II falava da necessidade de viver a quaresma com ascese pessoal, mas sem esquecer da importância do doar-se. Em suas próprias palavras: “Dar mostras dessa conversão ao amor de Deus com gestos concretos de amor ao próximo”.
Em 2007, a mensagem do Papa Bento XVI afirmava: “Ao iniciar o itinerário espiritual da Quaresma, a caminho da Páscoa da ressurreição do Senhor, desejo uma vez mais aderir à Campanha da Fraternidade (…) tempo em que cada cristão é convidado a refletir de modo particular sobre as várias situações sociais do povo brasileiro que requerem maior fraternidade”.
Segundo secretário-executivo de Campanhas da CNBB ano após ano os Pontífices exortam os fiéis católicos no Brasil a abraçar a CF como testemunho de comunhão em vista da construção de um mundo novo como bem diz o apóstolo das nações: “Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos, pela renovação da mente, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito” (Rm 12,2).
Em sintonia com a 5ª Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2021, cuja abertura acontece na próxima quarta-feira, 17 de fevereiro, na Quarta-Feira de Cinzas, o padre Patriky recorda as palavras do Papa-emérito Bento XVI sobre a importância da comunhão:
“o caminho rumo à plena comunhão querida por Jesus para os seus discípulos exige, numa docilidade concreta ao que o Espírito diz às Igrejas, coragem, docilidade, firmeza e esperança de alcançar a finalidade. Exige em primeiro lugar a oração insistente e de um só coração, para obter do Bom Pastor o dom da unidade para o seu rebanho. (…) O mundo em que vivemos com frequência está marcado por conflitos, violência e guerras, mas aspira seriamente pela paz, uma paz que é sobretudo um dom de Deus, uma paz pela qual devemos rezar incessantemente. Contudo, a paz é também um dever pelo qual todos os povos se devem comprometer, sobretudo os que professam pertencer a tradições religiosas. (Novo millennio ineunte,55).
Fonte: https://www.cnbb.org.br
PRESIDÊNCIA DA CNBB DIVULGA NOTA SOBRE A CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021
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A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou, nesta terça-feira, 9 de fevereiro, uma nota na qual esclarece pontos referentes à realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, cujo tema é: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor” e o lema: “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido fez uma unidade”, (Ef 2,14a).
O documento reafirma a Campanha da Fraternidade como uma marca e, ao mesmo tempo, uma riqueza da Igreja no Brasil que deve ser cuidada e melhorada sempre mais por meio do diálogo. Iluminado pela Encíclica Ut Unum Sint, de 1999, do Papa São João Paulo II, o texto aponta também ser necessário cuidar da causa ecumênica.
Sobre o texto-base da CFE deste ano, os bispos afirmam que a publicação seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), conselho responsável pela preparação e coordenação da campanha da fraternidade em seu formato ecumênico. “Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado apenas pela comissão da CNBB”, aponta a Nota.
No documento, a presidência da CNBB reafirma que a Igreja Católica tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela. “A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que ‘gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).
A nota informa que os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) seguem rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também a preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. “Os recursos só serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica”, reforça a nota.
A presidência da CNBB afirma, no parágrafo final, que apesar de nem sempre ser fácil cuidar das dificuldades levantadas pela realização de uma Campanha da Fraternidade e da caminhada ecumênica e de muitos outros aspectos da ação evangelizadora da Igreja, nem por isso se deve desanimar e romper a comunhão, o que segundo os bispos é uma das maiores marcas dos cristãos. “Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos”, exorta a presidência da CNBB.
Conheça, abaixo, a íntegra do documento. Aqui a versão em PDF:
NOTA DA PRESIDÊNCIA DA CNBB
Irmãos e irmãs em Cristo Jesus,
“Não apagueis o Espírito, não desprezais as profecias,
mas examinai tudo e guardai o que for bom” (1 Ts 5,21)
- No exercício de nossa missão evangelizadora, deparamo-nos com inúmeros desafios, diante dos quais não podemos esmorecer, mas, ao contrário, buscar forças para responder com tranquilidade e esperança.
- Nosso país vive um tempo entristecedor, com tantas mortes causadas pela covid-19, um processo de vacinação que gostaríamos fosse mais rápido e uma população que se cansou de seguir as medidas de proteção sanitária. Nosso coração de pastores sofre diante de tantas sequelas que surgem a partir da pandemia, em especial o empobrecimento e a fome.
A Campanha da Fraternidade 2021 e suas características
- Em meio a tudo isso e atendendo à solicitação de irmãos bispos, desejamos abordar a Campanha da Fraternidade deste ano. Algumas afirmações têm ocasionado insegurança e mesmo perplexidade.
- Como sabemos, a Campanha da Fraternidade é uma riqueza da Igreja no Brasil, nascida e amadurecida não sem dificuldades e mesmo sofrimentos. A cada Campanha, o aprendizado se fortalece e se mostra continuamente necessário. Assim acontece com cada tema escolhido e assim acontece quando as Campanhas, desde o ano 2000, são feitas em modo ecumênico.
- Para este ano, o tema escolhido foi o diálogo, com o tema, portanto, fraternidade e diálogo: compromisso de amor. Trata-se, como explicado nas formações feitas pelo nosso Setor de Campanhas, do recolhimento dos temas anteriores, em especial desde 2018, que tratou da superação da violência, até 2020, quando apresentou-se a proposta cristã do cuidado.
6. Para 2021, conforme aprovação em nossa Assembleia Geral de 2018, a Campanha foi construída ecumenicamente e, conforme costume desde o ano 2000, sob a responsabilidade do CONIC. Nas primeiras reuniões, discerniu-se pelo tema do diálogo, urgência num tempo de polarizações e fanatismos, cabendo então ao CONIC a construção do texto-base. Isso foi feito conforme está explicado na apresentação do mesmo, com detalhamento da equipe elaboradora, na pág. 9. - Consequentemente, o texto seguiu a estrutura de pensamento e trabalho do CONIC. Foram realizadas várias reuniões, o texto passou por revisão da assessoria teológica do CONIC, uma assessoria com membros das diversas igrejas, chegando, então, ao que hoje temos. Não se trata, portanto, de um texto ao estilo do que ocorreria caso fosse preparado pela comissão da CNBB, pois são duas compreensões distintas, ainda que em torno do mesmo ideal de servir a Jesus Cristo. O texto-base desse ano, por conseguinte, deve ser assim compreendido, como o foi nas Campanhas da Fraternidade levadas a efeito de modo ecumênico.
Algumas questões específicas
- Nos últimos dias, reações têm surgido quanto ao texto. Apresentam argumentos que esquecem da origem do texto, desejando, por exemplo, de uma linguagem predominantemente católica. Trazem ainda preocupações com relação a aspectos específicos, a saber, as questões de gênero, conforme os números 67 e 68 do referido texto.
9. A doutrina católica sobre as questões de gênero afirma que “gênero é a dimensão transcendente da sexualidade humana, compatível com todos os níveis da pessoa humana, entre os quais o corpo, a mente, o espírito, a alma. O gênero é, portanto, maleável sujeito a influências internas e externas à pessoa humana, mas deve obedecer a ordem natural já predisposta pelo corpo” (Pontifício Conselho para a Família, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas., pág. 673).Uma ajuda destacável - Já pronto o texto-base, fomos presenteados com a Fratelli Tutti, que recomendamos vivamente seja também utilizada como subsídio para a Campanha da Fraternidade deste ano. Ela estabelece forte conexão entre o tema de 2020 e o de 2021, cuidado e diálogo, e muito ajudará na reflexão sobre o diálogo e a fraternidade.
Coleta da Solidariedade
Junto com essas preocupações de conteúdo, surgiu ainda a sugestão de que não se faça a oferta da solidariedade no Domingo de Ramos, uma vez que existiria o risco de aplicação dos recursos em causas que não estariam ligadas à doutrina católica.
12. Lembramos que, em 2019, foi distribuída pelo Fundo Nacional de Solidariedade – FNS a quantia de R$3.814.139,81, fruto da generosidade de nossas comunidades, não se incluindo nessa quantia o que foi destinado aos fundos diocesanos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Somente com a ajuda da instituição alemã Adveniat conseguimos atender a 15 projetos.- Sobre isso, recordamos que o FNS segue rigorosa orientação, obedecendo não apenas a legislação civil vigente para o assunto, mas também preocupação quanto à identidade dos projetos atendidos. Desde o início da construção da Campanha da Fraternidade de 2021, temos informado ao CONIC a respeito da dificuldade e até mesmo da impossibilidade de mantermos a estrutura do Fundo de Solidariedade como ocorrido nas Campanhas ecumênicas anteriores. Sobre este ponto, tendo como base a última dessas Campanhas, a de 2016, esta Presidência já manifestou ao CONIC as dificuldades e, por espírito de comunhão e corresponsabilidade, vai conversar sobre o assunto na próxima reunião do CONSEP. A conclusão será informada em seguida.
Desse modo:
- Em consequência, respeitando a autonomia de cada irmão bispo junto aos seus diocesanos e como não poucos irmãos nos têm solicitado indicações para informar ao povo sobre a CF 2021, consideramos importante que sejam destacados os seguintes aspectos:
1) A Campanha da Fraternidade é um valor que não podemos descartar.
2) Alguns temas, conforme seu modo de ser apresentado, tornam-se mais difíceis que outros.
3) A Igreja tem sua doutrina estabelecida a respeito das questões de gênero e se mantém fiel a ela.
4) Os recursos do Fundo Nacional de Solidariedade serão aplicados em situações que não agridam os princípios defendidos pela Igreja Católica.
5) A causa ecumênica se mantém importante. “Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode de forma alguma fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível … O ecumenismo não é apenas uma questão interna das comunidades cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo” (S. João Paulo II, Encíclica Ut Unum Sint, 99)
- Concluímos lembrando a importância da Campanha da Fraternidade na história da evangelização do Brasil. É nossa marca. Cabe-nos cuidar dela, melhorá-la sempre mais por meio do diálogo, assim como nos cabe cuidar da causa ecumênica, um ideal que se nos impõe. Se nem sempre é fácil cuidar de ambos e de muitos outros aspectos de nossa ação evangelizadora, nem por isso devemos desanimar e romper a comunhão, uma de nossas maiores marcas, um tesouro que o Senhor Jesus nos deixou e do qual não podemos abrir mão. Não desanimemos. Não desistamos. Unamo-nos.
Brasília-DF, 09 de fevereiro de 2021
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Ser idoso é um presente de Deus
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Foi apresentado, nesta terça-feira, o documento da Pontifícia Academia para a Vida sobre a condição da “terceira idade” depois da pandemia.
Davide Dionisi/Mariangela Jaguraba – Vatican News
“A velhice: o nosso futuro. A condição dos idosos depois da pandemia.” Este é o título do documento publicado, nesta terça-feira (09/02), com o qual a Pontifícia Academia para a Vida (PAV), de acordo com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, propõe uma reflexão sobre os ensinamentos a serem extraídos da tragédia causada pela difusão da Covid-19, sobre suas consequências para hoje e para o futuro próximo de nossas sociedades.
Repensar o modelo de desenvolvimento
Ensinamentos que evidenciaram uma dupla consciência: “Por um lado, a interdependência entre todos e, por outro, a presença de fortes desigualdades. Estamos todos à mercê da mesma tempestade, mas num certo sentido, também se pode dizer que estamos remando em barcos diferentes: os mais frágeis estão afundando todos os dias. É indispensável repensar o modelo de desenvolvimento de todo o planeta”, afirma o documento, que retoma a reflexão já iniciada com a Nota de 30 de março de 2020 (Pandemia e Fraternidade Universal), prosseguida da Nota de 22 de julho de 2020 (A Humana Communitas na Era da Pandemia). Reflexões desatualizadas sobre o renascimento da vida) e com o documento conjunto com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Vacina para todos. Vinte itens para um mundo mais justo e saudável) de 28 de dezembro de 2020. A intenção é “propor o caminho da Igreja, mestra de humanidade, a um mundo transformado pela Covid-19, a mulheres e homens em busca de sentido e esperança para suas vidas”.
A Covid-19 e os idosos
Durante a primeira onda da pandemia, uma proporção considerável de mortes pela Covid-19 ocorreu nas instituições para idosos, lugares que deveriam proteger a “parte mais frágil da sociedade” e onde a morte atingiu desproporcionalmente mais em relação à casa e ao ambiente familiar. “O que aconteceu durante a Covid-19 impede de descartar a questão com uma busca por bodes expiatórios, por culpados individuais. Por outro lado, é necessário que se levante um coro em defesa dos excelentes resultados daqueles que evitaram o contágio nos asilos. Precisamos de uma nova visão, de um novo paradigma que permita à sociedade cuidar dos idosos”.
Em 2050, dois bilhões de pessoas com mais de 60 anos
O documento da PAV evidencia que “do ponto de vista estatístico e sociológico, homens e mulheres têm geralmente hoje uma expectativa de vida mais longa. Esta grande transformação demográfica representa, de fato, um desafio cultural, antropológico e econômico”. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2050, haverá dois bilhões de pessoas com mais de 60 anos no mundo: uma a cada cinco pessoas será idosa. “Portanto, é essencial tornar nossas cidades lugares inclusivos e acolhedores para os idosos e, em geral, para todas as formas de fragilidade”.
Ser idoso é um presente de Deus
Em nossa sociedade, prevalece muitas vezes a ideia da velhice como uma idade infeliz, sempre entendida apenas como a idade da assistência, da necessidade e das despesas para o tratamento médico. “Ser idoso é um presente de Deus e um enorme recurso, uma conquista a ser salvaguardada com cuidado, mesmo quando a doença se torna incapacitante e surge a necessidade de cuidados integrados e de alta qualidade. É inegável que a pandemia reforçou em todos nós a consciência de que a riqueza dos anos é um tesouro a ser valorizado e protegido”, ressalta o documento.
Um novo modelo para os vulneráveis
Quanto à assistência, a PAV indica um novo modelo especialmente para os mais frágeis inspirado na pessoa “A implementação deste princípio implica uma intervenção articulada em diferentes níveis, que realiza um cuidado contínuo entre a própria casa e alguns serviços externos, sem cesuras traumáticas, não adequadas à fragilidade do envelhecimento”, especifica o documento, observando que “as casas de repouso devem se requalificar num contínuo sócio-sanitário, ou seja, oferecer alguns de seus serviços diretamente nos domicílios dos idosos: hospitalização em casa, cuidando da pessoa individual com respostas de assistenciais moduladas nas necessidades pessoais em baixa ou alta intensidade, onde a assistência social e sanitária integrada e o cuidado domiciliar continuam sendo o pivô de um novo e moderno paradigma”. Em substância, espera-se reinventar uma rede mais ampla de solidariedade “não necessariamente e exclusivamente baseada em vínculos de sangue, mas articulada de acordo com as pertenças, amizades, sentimentos comuns, generosidade recíproca na resposta às necessidades dos outros”.
O encontro entre gerações
Quanto ao confronto com os jovens, o documento evoca um “encontro” que possa levar para o tecido social “aquela nova seiva de humanismo que tornaria a sociedade mais solidaria”. Muitas vezes o Papa Francisco exortou os jovens a ficarem perto de seus avós”, acrescentando que “o homem que envelhece não se aproxima do fim, mas do mistério da eternidade. Para entender isto ele precisa se aproximar de Deus e viver na relação com Ele. Cuidar da espiritualidade dos idosos, de sua necessidade de intimidade com Cristo e de partilha da fé é uma tarefa de caridade na Igreja”. O documento deixa claro que “é somente graças aos idosos que os jovens podem redescobrir suas raízes, e é somente graças aos jovens que os idosos recuperam a capacidade de sonhar”.
A fragilidade como magistério
O testemunho que os idosos podem dar através de sua fragilidade também é precioso. “Ele pode ser lido como um magistério, um ensinamento de vida”, observa a reflexão, esclarecendo que “a velhice também deve ser entendida neste horizonte espiritual: é a idade propícia do abandono a Deus. À medida que o corpo enfraquece, a vitalidade psíquica, a memória e a mente diminuem, a dependência da pessoa humana de Deus parece cada vez mais evidente.”
A mudança cultural
Por fim, um apelo: “Toda a sociedade civil, a Igreja e as diversas tradições religiosas, o mundo da cultura, da escola, do voluntariado, do espetáculo, da economia e das comunicações sociais devem sentir a responsabilidade de sugerir e apoiar medidas novas e incisivas, para que seja possível acompanhar e cuidar dos idosos em contextos familiares, em suas próprias casas e, em todo caso, em ambientes domésticos que mais se assemelham a uma casa do que a um hospital. Esta é uma mudança cultural a ser implementada.”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira, 9 de fevereiro-2021. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 1-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele. 2E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. 3(Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; 4e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.) 5Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras? 6Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (29,13). 8Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens. 9E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto. 11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta, 12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje fala dos costumes religiosos daquele tempo e dos fariseus que ensinavam tais costumes ao povo. Por exemplo, comer sem lavar as mãos ou, como eles diziam, comer com mãos impuras. Muitos destes costumes estavam desligados da vida e tinham perdido o seu sentido. Mesmo assim, estes costumes eram conservados e ensinados, ou por medo, ou por superstição. O Evangelho traz algumas instruções de Jesus a respeito destes costumes.
Marcos 7,1-2: Controle dos fariseus e liberdade dos discípulos.
Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus comiam pão com mãos impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados: 1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital! Significa que tinham vindo para observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos para comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham sentido para a vida. 3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.
Marcos 7,3-4: A Tradição dos Antigos
“A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da pureza era um assunto muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As normas de pureza eram ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na realidade, porém, em vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão, um cativeiro. Para os pobres, era praticamente impossível observar as centenas de normas, costumes e leis. Por isso, eles eram desprezados como gente ignorante e maldita que não conhece a lei (Jo 7,49).
Marcos 7,5: Escribas e fariseus criticam o comportamento dos discípulos de Jesus
Os escribas e fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da pureza.
Marcos 7,6-13 Jesus critica a incoerência dos fariseus
Jesus responde citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (cf. Is 29,13). Insistindo nas normas da pureza, os fariseus esvaziavam os mandamentos da lei de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: a pessoa que oferecer ao Templo os seus bens, não pode usar esses bens para ajudar os pais necessitados. Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e mãe. Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora. Por dentro, o coração delas fica longe de Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome, e vive à beira das calçadas. E a gente quando vê passa adiante, às vezes, para chegar depressa à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua sabedoria, não concordava com tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o Messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.
4) Para um confronto pessoal
- Conhece algum costume religioso de hoje que já não tem muito sentido, mas que continua sendo ensinado?
- Os fariseus eram judeus praticantes mas sua fé estava desligada da vida da vida do povo. Por isso, Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos criticaria? Em que?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus. Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (Sl 8, 2.5a)
Dom Odilo comenta polêmica gerada por texto-base da Campanha da Fraternidade 2021.
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"Neste ano, antes que a Quaresma inicie, nós já estamos com uma polêmica em torno do Texto-Base. Essa polêmica está movida por preconceitos e paixão anti-ecumênica; além de acusações infundadas".
Escrito por Redação A12
A Campanha da Fraternidade é um modo pelo qual a Igreja no Brasil vivencia a Quaresma. Em 2021, a CF é ecumênica e traz um convite para nos educar para o diálogo.
É o momento de refletir, avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual.
Dentro desse contexto e respondendo a várias críticas que circulam na internet sobre a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Scherer fala sobre a iniciativa da Igreja Católica que acontece desde a década de 60.
“É uma Campanha de Evangelização popular. Durante a Quaresma sempre se aborda um aspecto da dimensão social da nossa fé. Nossa fé em Deus, não esqueçamos, tem sempre uma dimensão social, da caridade, da fraternidade. Sem fraternidade, nossa fé em Deus, pode ser vazia”, falou Dom Odilo sobre a Campanha deste ano.
O Cardeal explicou que a Campanha da Fraternidade 'se insere dentro do tema da Quaresma quando todos nós somos chamados a nos convertermos mais e mais ao Evangelho. Convertei-vos e crede no Evangelho (Mc 1, 15)'.
“A Campanha da Fraternidade todos os anos propõe um tema e uma comissão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) prepara os textos. É o Conselho Pastoral da CNBB que aprova o texto. A cada cinco anos a Campanha da Fraternidade é promovida de forma ecumênica. Isso foi pedido, aceito e é uma ideia importante envolvendo outras Igrejas Cristãs na promoção da Campanha da Fraternidade”.
Dom Odilo ainda explicou que a campanha deste ano é promovida de forma ecumênica e o texto base foi preparado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), do qual também faz parte a Igreja Católica no Brasil. “O texto base é importante, pois traz uma reflexão básica sobre o tema, ele ajuda a reflexão da Campanha da Fraternidade ao longo da Quaresma”.
"Neste ano, antes que a Quaresma inicie, nós já estamos com uma polêmica em torno do Texto-Base [da Campanha da Fraternidade]. Essa polêmica está movida por preconceitos e paixão anti-ecumênica; além de acusações infundadas contra a CNBB, é uma polêmica também marcada por polarização ideológica", afirmou.
E continuou dizendo que “o objetivo é, justamente, aproximar as Igrejas, é promover uma iniciativa boa juntos”.
O Cardeal pede ainda que o que tiver que ser criticado, seja feito com serenidade, mas julgar antes mesmo de iniciar a Campanha da Fraternidade não é de caridade em relação à Igreja e falta com a verdade. Fonte: https://www.a12.com
Segunda-feira, 8 de fevereiro-2021. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 53-56)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 53Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. 54Assim que saíram da barca, o povo o reconheceu. 55Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que ele se encontrava. 56Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O texto do Evangelho de hoje é a parte final do conjunto mais amplo de Marcos 6,45-56 que compreende três assuntos diferentes: 1) Jesus sobe sozinho a montanha para rezar (Mc 6,45-46). 2) Em seguida, andando sobre as águas, ele vai ao encontro dos discípulos que lutam contra as ondas do mar (Mc 6,47-52). 3) Agora, no evangelho de hoje, estando já em terra Jesus é procurado pelo povo que a cura das suas enfermidades (Mc 6,53-56).
Marcos 6,53-56. A busca do povo.
“Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”. O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças. “Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados”. O evangelho de Mateus comenta e ilumina este fato citando a figura do Servo de Javé, do qual Isaías diz: “Carregou sobre si as nossas enfermidades” (Is 53,4 e Mt 8,16-17)
Ensinar e curar, curar e ensinar. Desde o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galileia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.
Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto. Esta é a Boa Nova do Reino que atrai!
4) Para um confronto pessoal
- O entusiasmo do povo em busca de Jesus, em busca de um sentido para a vida e uma solução para os seus males. Onde existe isto hoje? Existe em você, existe em mim?
- O que chama a atenção é a atitude carinhosa de Jesus para com os pobres e abandonados. E eu, como me comporto com as pessoas excluídas da sociedade?
5) Oração final
Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! (Sl 103, 24.35c)
Francisco está doente? O que se sabe até agora
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Francisco está com uma forte inflamação no nervo ciático, o que tem comprometido bastante suas atividades (AFP)
É sério o problema de saúde que tem feito Francisco cancelar vários compromissos nos últimos dias?
Mirticeli Medeiros*
Papa Francisco, de 84 anos, que esbanja vivacidade por onde passa, começa a sentir o peso da idade. Ninguém tinha notado isso de uma maneira tão evidente até ele começar a cancelar compromissos por causa de seu estado de saúde.
De repente, uma forte inflamação no nervo ciático – uma ciática, para usar o termo técnico – resolveu se manifestar com toda a força. É um problema antigo, que o acompanha desde quando ele ainda era arcebispo de Buenos Aires. No entanto, parece que, agora, as crises têm maltratado mais o santo padre.
A ciática obrigou o pontífice a ficar de repouso durante as celebrações de fim de ano. Dois cardeais, de última hora, tiveram que celebrar no seu lugar. Em janeiro deste ano, o mesmo problema impediu que ele participasse da Festa da Conversão de São Paulo, no dia 25 de janeiro, evento que reúne, todos os anos, os líderes das principais tradições cristãs.
Recentemente, no dia 29 de janeiro, em reunião com os membros da Rota Romana, um dos Tribunais da Santa Sé, Francisco pediu desculpas aos participantes por pronunciar o seu discurso sentado. "A ciática é um hóspede chato", justificou.
Especulava-se que, por causa da intensidade das dores, só uma cirurgia poderia contornar a situação. Mas o Vaticano negou que Francisco estivesse se preparando para se submeter a uma operação. Em vez disso, de acordo com o vaticanista Antonio Pelayo, um médico de fora, que foi chamado exclusivamente para tratar desse problema, prescreveu que o pontífice, inicialmente, fizesse uma dieta para perder de 7 a 8 quilos. De acordo com o profissional, tal medida será capaz de aliviar a dor.
Desde que assumiu o pontificado, em 2013, Francisco tem cumprido uma agenda repleta de reuniões, audiências e viagens. Ele, literalmente, não para.
Num período em que o fluxo de atividades caiu por causa da pandemia, o corpo do papa começou a emitir alguns sinais. Todos sabem que ele não se rende nem quando está doente. E para completar, ao contrário dos seus antecessores, renuncia às férias de verão do meio do ano. Faz uma pausa no Vaticano mesmo, em agosto, mas acaba não se desligando 100% daquilo que ocorre em seu pequeno Estado.
Nesses anos cobrindo o pontificado de Francisco, só o vi faltar a algum compromisso – que eu lembre, no máximo duas vezes – por causa de uma gripe forte.
As 'doenças pontifícias' ao longo da história
Ao contrário do que ocorre agora, informações camufladas em relação à integridade física do sumo pontífice foi algo recorrente em muitas fases da história da Igreja. As doenças crônicas de alguns papas nem chegaram ao conhecimento do público. E se hoje os historiadores têm acesso a esses dados, foi graças às crônicas de reis, embaixadores e escritores cristãos desconhecidos.
Em alguns casos, a instituição preferiu guardar a informação para si, por medo de que a própria capacidade de governar do pontífice fosse colocada em xeque pelos seus contemporâneos.
Entre os séculos 14 e 16, a fase tenebrosa dos papas renascentistas que, como sabemos, de santos não tinham nada, muitas dessas patologias acabaram sendo maquiadas pela própria Santa Sé. Há um livro que trata exclusivamente do tema, escrito pelo famoso historiador italiano, Agostino Paravicini, intitulado O corpo do papa. Ele elenca, através da sua pesquisa, quem foram os papas mais fragilizados da história.
Palavicini lembra que Alexandre VI, o Bórgia, no século 16, por causa da vida nada convencional que levava, contraiu sífilis. E que Pio IX, ao final de sua vida, teve crises de epilepsia. Até o irrepreensível Pio XII passou parte de seu governo tendo que conviver com uma hérnia gástrica que lhe causava crises constantes. Inocêncio XIII, no século 18, sofria tanto com o cálculo renal, que alguns canonistas cogitaram a possibilidade de ele vir a renunciar.
Com efeito, os papas começaram a ter médico privado nos idos de 1200. Pio III, em 1503, foi o primeiro a ser operado; e Paulo VI, por sua vez, o último. Na história da Igreja, João Paulo II e Francisco já são considerados os papas "mais transparentes" em relação à divulgação de seus boletins médicos.
*Mirticeli Medeiros é jornalista e mestre em História da Igreja pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Desde 2009, cobre o Vaticano para meios de comunicação no Brasil e na Itália e é colunista do Dom Total, onde publica às sextas-feiras. Fonte: https://domtotal.com
Sexta-feira, 5 de fevereiro-2021. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 14-29)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia-se: João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele. 15Uns afirmavam: É Elias! Diziam outros: É um profeta como qualquer outro. 16Ouvindo isto, Herodes repetia: É João, a quem mandei decapitar. Ele ressuscitou! 17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. 18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém. 20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia. 21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galileia. 22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino. 24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista. 25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista. 26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar. 27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere, 28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Marcos 6,14-29
O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia e começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” Além disso, ao fazer um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus, Marcos provoca uma outra pergunta: “Quem é Jesus?” Esta última pergunta vai crescendo ao longo do evangelho até receber a resposta definitiva pela boca do centurião ao pé da Cruz: "De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" (Mc 15,39)
Marcos 6,14-16. Quem é Jesus?
O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus, que tinha a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar a esperança dos pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!
Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João.
Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
4) Para um confronto pessoal
- Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
- 2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
5) Oração final
Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam. (Sl 17, 31)
Hoje não é apenas mais um dia, mas o DIA!
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A PALAVRA DO FREI PETRÔNIO: Hoje não é mais um dia, hoje é o DIA! Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Imagens: Praia das Gordas, Angra dos Reis/RJ. Quinta-feira, 4 de fevereiro-2021. www.instagram.com/freipetronio
Quinta-feira, 4 de fevereiro-2021. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 7-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 7Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. 8Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; 9como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. 10E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. 11Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele. 12Eles partiram e pregaram a penitência. 13Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje descreve a continuidade do que vimos no evangelho de ontem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. Ele foi rejeitado pelo seu povo (Mc 6,1-5). O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. A partir deste momento, como informa o Evangelho de hoje, Jesus começou a andar pelos povoados da Galileia para anunciar a Boa Nova (Mc 6,6) e a enviar os doze em missão. Nos anos 70, época em que Marcos escrevia o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. Em 64, Nero começou a perseguir os cristãos. Em 65, estourou a revolta dos judeus da Palestina contra Roma. Em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Por isso, a descrição do envio dos discípulos, após o conflito em Nazaré, era fonte de luz e de ânimo para os cristãos.
Marcos 6,7. O objetivo da Missão
O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras. 1) Diante do fechamento do povo da sua comunidade, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas (Mc 6,6). 2) Ele alargou a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova chamando outras pessoas para envolve-las na missão. “Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus”. O objetivo da missão é simples e profundo. Os discípulos participam da missão de Jesus. Não podem ir sozinhos, mas devem ir dois a dois, pois duas pessoas representam melhor a comunidade do que uma só e podem ajudar-se mutuamente. Eles recebem poder sobre os espíritos impuros, isto é, devem aliviar o sofrimento do povo e, através da purificação, devem abrir as portas do acesso direto a Deus.
Marcos 6,8-11. As atitudes a serem tomadas na Missão
As recomendações são simples: “recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: "Quando vocês entrarem numa casa, fiquem aí até partirem. Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles". E eles foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo. Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.
Marcos 6,12-13. O resultado da missão.
“Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo”. Anunciar a Boa Nova, provocar conversão ou mudança nas pessoas e aliviar a dor do povo, curando as doenças e expulsando os males.
O envio dos discípulos em Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida. Pois não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus recebem recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que recebem de Jesus e que ainda é a nossa missão:
- a) Deviam ir sem nada.
Não podiam levar nada, nem bolsa, nem dinheiro na cintura, nem bastão, nem pão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.
- b) Deviam comer o que o povo lhes dava.
Não podiam viver separados com sua própria comida mas deviam aceitar a comunhão de mesa (Lc 10,8). Isto significa que, no contato com o povo, não deviam ter medo de perder a pureza tal como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
- c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos.
Deviam conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo mundo e viver do que recebiam em troca, “pois o operário merece o seu salário” (Lc 10,7). Com outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha.
- d) Deviam tratar dos doentes, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mc 6,7.13; Mt 10,8).
Deviam exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam animar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos (defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: “O Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6; Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem conviver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.
4) Para um confronto pessoal
- Você participa da missão como discípulo ou discípula de Jesus?
- Qual o ponto da missão dos apóstolos que tem maior importância para nós hoje? Por que?
5) Oração final
Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo, colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. (Sl 47, 2-3a)
NOVO OU VELHO DIA?...
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NOVO OU VELHO DIA?... Depende de você. Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Imagens: Praia das Gordas em Angra dos Reis/RJ. Quarta-feira, 3 de janeiro-2021. www.instagram.com/freipetronio
Quarta-feira, 3 de fevereiro-2021. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 1-6)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, seguido de seus discípulos. 2Quando chegou o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos o ouviam e, tomados de admiração, diziam: Donde lhe vem isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada, e como se operam por suas mãos tão grandes milagres? 3Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito. 4Mas Jesus disse-lhes: Um profeta só é desprezado na sua pátria, entre os seus parentes e na sua própria casa. 5Não pôde fazer ali milagre algum. Curou apenas alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6Admirava-se ele da desconfiança deles. E ensinando, percorria as aldeias circunvizinhas. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Marcos 6,1-6
O evangelho de hoje fala da visita de Jesus a Nazaré e descreve como o povo de Nazaré se fechou e não quis aceita-lo (Mc 6,1-6). O evangelho de amanhã descreve como Jesus se abriu para o povo da Galileia enviando seus discípulos em missão (Mc 6,7-13).
Marcos 6,1-2ª: Jesus volta para Nazaré
“Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga”. Sempre é bom voltar para a terra da gente e reencontrar as pessoas amigas. Após longa ausência, Jesus também voltou e, como de costume, no dia de sábado, foi na sinagoga participar da reunião da comunidade. Jesus não era coordenador da comunidade, mesmo assim ele tomou a palavra e começou a ensinar. Sinal de que as pessoas podiam participar e expressar sua opinião.
Marcos 6,2b-3: Reação do povo de Nazaré frente a Jesus.
O povo de Cafarnaum tinha aceitado o ensinamento de Jesus (Mc 1,22), mas o povo de Nazaré não gostou das palavras de Jesus e ficou escandalizado. Motivo? Jesus, o moço que eles conheciam desde criança, como é que ele agora ficou tão diferente? Eles não aceitaram o mistério de Deus presente em Jesus, um ser humano comum como eles, conhecido de todos! Para poder falar de Deus ele teria que ser diferente deles! Como se vê, nem tudo foi bem sucedido para Jesus. As pessoas que deveriam ser as primeiras a aceitar a Boa Nova, estas eram as que mais se recusavam a aceitá-la. O conflito não era só com os de fora de casa, mas também e sobretudo com os próprios parentes e o povo de Nazaré. Eles se recusaram a crer em Jesus, porque não conseguiam entender o mistério de Deus que envolvia a pessoa de Jesus: “De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? Ele não é o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?” Não deram conta de crer em Jesus!
Os irmãos e as irmãs de Jesus A expressão “irmãos de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus teve mais irmãos e irmãs e que Maria teve mais filhos! Os católicos dizem que Maria não teve outros filhos. O que pensar disso? Em primeiro lugar, as duas posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição das suas respectivas Igrejas. Por isso, não convém brigar nem discutir esta questão com argumentos só de cabeça. Pois trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com o sentimento de ambos. Argumento só de cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração! Apenas irrita e afasta! Mesmo quando não concordo com a opinião do outro, devo sempre respeitá-la. Em segundo lugar, em vez de brigar em torno de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar algumas outras frases de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”(Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo creia que Tu, Pai, me enviaste”(Jo 17,21). “Quem não é contra nós é a favor”(Mc 10,39.40).
Marcos 6,4-6. Reação de Jesus diante da atitude do povo de Nazaré.
Jesus sabe muito bem que “santo de casa não faz milagre”. Ele diz: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família!” De fato, onde não existe aceitação nem fé, a gente não pode fazer nada. O preconceito o impede. Jesus, mesmo querendo, não pôde fazer nada e ele ficou admirado da falta de fé deles. Por isso, diante da porta fechada da sua própria comunidade, ele “começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados”. A experiência de rejeição levou Jesus a mudar sua prática. Ele se dirige aos outros povoados e, como veremos no evangelho de amanhã, ele envolve os discípulos na missão dando instruções de como devem dar continuidade à missão.
4) Para um confronto pessoal
- Jesus teve problemas com seus parentes e com a sua comunidade. Desde que você começou a viver melhor o evangelho, alguma coisa mudou no seu relacionamento com a sua família e seus parentes?
- Jesus não pôde fazer muitos milagres em Nazaré porque faltou a fé. E hoje, será que ele encontraria fé em nós, em mim?
5) Oração final
Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo. (Sl 31)
Padre quebra pedras que Prefeitura de SP colocou debaixo de viaduto contra população de rua
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Em 'ato simbólico', Júlio Lancellotti denuncia descaso do governo municipal com pessoas em situação de vulnerabilidade
Em 'ato simbólico', Julio Lancellotti denuncia descaso do governo municipal com pessoas em
Paulo Favero, O Estado de S.Paulo
Indignado com a colocação de pedras embaixo de um viaduto feita pela Prefeitura de São Paulo, a fim de afugentar pessoas em situação de vulneralibilidade de permanecerem no local, o padre Julio Lancellotti foi para o local na manhã desta terça-feira, 2, e com uma marreta tentou tirar os pedregulhos à força. "Quis mostrar nossa indignação participando diretamente da ação. Aquilo é um absurdo, uma aberração, é até ato de improbidade administrativa. Fomos para lá e agora a Prefeitura começou a remover, por causa de toda repercussão", disse ao Estadão.
O viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida fica na zona leste de São Paulo, no bairro do Tatuapé. A subprefeitura da Mooca, sob o comando de Guilherme Kopke Brito, promoveu as mudanças no local colocando pedras. "Isso eles dizem que é fato isolado; não é verdade. É política dessa subprefeitura da Mooca. Já tinham feito em outro na avenida Salim Farah Maluf", protesta Lancellotti, se referindo ao viaduto Antonio de Paiva Monteiro.
Com a repercussão negativa após a instalação das pedras, na manhã desta terça-feira a Prefeitura já havia mandado funcionários no local para desfazer o serviço. "Tinha duas escavadeiras, cinco caminhões, três técnicos e mais de 30 funcionários. Eu derrubei algumas pedras com a marreta, mas é muito difícil, pois é concreto", explicou o padre, que tem 72 anos e quis fazer esse "ato simbólico" para chamar atenção para o fato.
Logo que deixou o local, Lancellotti postou em suas redes sociais e em instantes muita gente aprovou a atitude do padre e se prontificou a ir para o local ajudar. Ele revela que tem cobrado diariamente a Secretaria Municipal das Subprefeituras e que, segundo ele, essa política de exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade é algo constante. "Eles fazem mil estratagemas para tirar as pessoas, só maldades. Só não fazem o que precisa realmente ser feito, como aluguel social, por exemplo", desabafa.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo classificou o episódio como um caso isolado. "A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras, informa que a implantação de pedras sob viadutos foi uma decisão isolada, não faz parte da política de zeladoria da gestão municipal, tanto é que foi imediatamente determinada a remoção. A SMSUB instaurou uma sindicância para apurar os fatos, inclusive o valor, e um funcionário já foi exonerado do cargo", disse.
O comunicado ainda explica que "os viadutos Antônio de Paiva Monteiro e Dom Luciano Mendes de Almeida têm o monitoramento diário do SEAS Mooca, que intensifica a ação quando há pessoas em situação de vulnerabilidade no local com atendimentos de orientação à saúde, documentação, obtenção de benefícios dos programas de transferência de renda e encaminhamento para Centros de Acolhida", afirmou, reforçando que o aceite é voluntário.
Explicações
A deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) enviou um ofício ao secretário Municipal de Subprefeituras, Alexandre Modonezi de Andrade, questionando quem é o responsável pela instalação das pedras e se há algum tipo de infração na medida, além de indagar o custo da instalação. Ela também perguntou quando as pedras serão totalmente retiradas.
"As instalações das pedras com objetivo de evitar a presença de pessoas em situação de rua não encontram lastro na Lei nº 17.252, que consolida a Política Municipal para a População em Situação de Rua. Por isso, agradeço pela celeridade da Prefeitura em retirá-las e abrir uma sindicância para apurar o ocorrido", diz o ofício.
População em situação de rua
Na capital paulista, o número de pessoas que vivem nas ruas saltou de 15 mil para 24 mil no período de 2015 a 2019, de acordo com o novo Censo da População em Situação de Rua realizado pela Prefeitura. Lideranças ligadas a essa população questionam a metodologia utilizada e dizem que o número pode ser maior. O aumento de 60% da população de rua está relacionado, segundo o levantamento, com a crise econômica, desemprego, conflitos familiares, questões relacionadas à moradia e o uso abusivo de álcool e drogas. Fonte: https://sao-paulo.estadao.com.br
2 de fevereiro-2021: 25º Dia da Vida Consagrada
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CONGREGAÇÃO PARA A VIDA CONSAGRADA: CARTA A TODOS OS CONSAGRADOS
Congregação para a vida consagrada: carta a todos os consagrados
Do Vaticano, 18 de janeiro de 2021
A todos os homens e mulheres consagrados
Juntamo-nos a vós na véspera de um dia querido a todos nós, consagrados e consagrados, porque é dedicado à nossa maravilhosa vocação que faz brilhar de diversas formas o amor de Deus pelo homem, pela mulher e por todo o universo. No dia 2 de fevereiro, celebraremos o 25º Dia da Vida Consagrada. Na Basílica de São Pedro, às 17h30, o Papa Francisco presidirá a uma celebração eucarística, despojada dos sinais e dos rostos alegres que a iluminaram nos anos anteriores, mas sempre expressão daquela fecunda gratidão que caracteriza a nossa vida.
Com esta carta, queremos aliviar o distanciamento físico que a pandemia nos impôs por tantos meses e expressar nossa proximidade e aqueles que trabalham neste Dicastério a cada um de vocês e a cada comunidade individualmente. Há meses que acompanhamos as notícias que chegam das comunidades das diversas nações: falam de perplexidade, de infecções, de mortes, de dificuldades humanas e econômicas, de institutos que vão diminuindo, de medos ... mas também falam de fidelidade comprovada pelo sofrimento, pela coragem, pelo testemunho sereno mesmo na dor ou na incerteza, pela partilha de toda dor e de toda ferida, do cuidado e da proximidade com os menores, da caridade e do serviço à custa da própria vida (cf. Fratelli Tutti , cap. II).
Não podemos pronunciar todos os vossos nomes, mas sobre cada um de vós pedimos a bênção do Senhor para que passais do "eu" ao "nós", sabendo "que estamos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários, todos chamados a remar juntos ”(Papa Francisco, Momento Extraordinário de Oração, sexta-feira , 27 de março de 2020). Sede os samaritanos destes dias, vencendo a tentação de se retirar e chorar sobre si mesmo, ou de fechar os olhos diante da dor, do sofrimento, da pobreza de tantos homens e mulheres, de tantos povos.
Na Encíclica Irmãos Todos, o Papa Francisco nos convida a atuar juntos, a reavivar em todos "uma aspiração mundial à fraternidade" (n. 8), a sonhar juntos ( n. 9) para que "diante dos diversos modos de vida atuais. eliminando ou ignorando os outros, podemos reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social ... ”( n. 6).
Consagrados e consagrados em institutos religiosos, monásticos, contemplativos, em institutos seculares e em novos institutos, membros do ordo virginum, eremitas, membros de sociedades de vida apostólica, pedimos a todos que coloquem esta Encíclica no centro de sua vida, formação e missão. Doravante não podemos ignorar esta verdade: somos todos irmãos e irmãs, porque oramos, talvez não com muita consciência, no Pai Nosso, porque «Sem uma abertura ao Pai de todos, não pode haver razões sólidas e estável para o apelo à fraternidade ”( n. 272)
Esta Encíclica, escrita num momento histórico que o próprio Papa Francisco definiu «a hora da verdade», é um dom precioso para todas as formas de vida consagrada que, sem esconder as muitas feridas da fraternidade, pode encontrar nela as raízes da profecia.
Estamos enfrentando um novo chamado do Espírito Santo. Como São João Paulo II, à luz da doutrina da Igreja-comunhão, ele exortou as pessoas consagradas a "serem verdadeiramente especialistas na comunhão e a praticar sua espiritualidade" ( Vita consecrata, n. 46), Papa Francisco, inspirado por São Francisco, fundador e inspirador de muitos institutos de vida consagrada, ele alarga o horizonte e nos convida a ser arquitetos da fraternidade universal, custódios da casa comum: da terra e de todas as criaturas (cf. Encíclica Laudato si ') . Irmãos e irmãs de todos, independentemente da fé, cultura e tradição de cada um, porque o futuro não é "monocromático" (FT n. 100) e o mundo é como um poliedro que deixa transparecer a sua beleza, precisamente através das suas diferentes faces.
Trata-se, portanto, de abrir processos para acompanhar, transformar e gerar; desenvolver projetos que promovam a cultura do encontro e do diálogo entre os diferentes povos e gerações; partindo da própria comunidade vocacional para depois chegar a todos os cantos da terra e a todas as criaturas, porque, nunca como neste tempo de pandemia, experimentamos que tudo está conectado, tudo está relacionado, tudo está conectado (cf. Encíclica Laudato si ' ) .
“Sonhamos como uma só humanidade, como viajantes feitos da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos acolhe a todos, cada um com a riqueza da sua fé ou convicções, cada um com a sua voz, todos irmãos!” (FT nº 8). Então, no horizonte deste sonho que se entrega às nossas mãos, à nossa paixão, à nossa perseverança, o próximo dia 2 de fevereiro será também uma bela festa este ano para louvar e agradecer ao Senhor pelo dom da nossa vocação e missão. .!
A Maria, nossa Mãe, Mãe da Igreja, mulher fiel e a São José, seu esposo, neste ano que lhe é dedicado, confiamos a cada uma de vós. Que em vós se fortaleça uma fé viva e amorosa, uma esperança certa e alegre, uma caridade humilde e laboriosa.
Do Pai e do Filho e do Espírito Santo, nosso Deus misericordioso, imploramos a bênção sobre cada um de vocês.
João Braz Card. De Aviz Prefeito
José Rodríguez Carballo, Arcebispo Secretário OFM
Olhar de fé...
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OLHAR DE FÉ... Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Gravação: Praia do Bonfim, Angra dos Reis/RJ. Sábado, 30 de janeiro-2021
Sexta-feira, 29 de janeiro-2021. 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM-B. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 4, 26-34)
Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: "O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece.
28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou".
30E Jesus continuou: "Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'.
33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
É bonito ver como Jesus, cada vez de novo, buscava na vida e nos acontecimentos elementos e imagens que pudessem ajudar o povo a perceber e experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje ele, novamente, conta duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A história da semente que cresce sozinha” e “A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande”.
A história da semente que cresce sozinha. O agricultor que planta conhece o processo: semente, fiozinho verde, folha, espiga, grão. Ele não mete a foice antes do tempo. Sabe esperar. Mas não sabe como a terra, a chuva, o sol e a semente têm esta força de fazer crescer uma planta do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Tem processo, tem etapas e prazos, tem crescimento. Vai acontecendo. Produz fruto no tempo marcado. Mas ninguém sabe explicar a sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só Deus!
A história da pequena semente de mostarda que cresce e se torna grande. A semente de mostarda é pequena, mas ela cresce e, no fim, os passarinhos vêm para fazer seu ninho nos ramos. Assim é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e estende seus ramos para os passarinhos fazerem seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos e discípulas. Foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas cresceu e foi estendendo seus ramos. A parábola deixa uma pergunta no ar que vai ter resposta mais adiante no evangelho: Quem são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos pagãos que vão poder entrar na comunidade e ter parte no Reino.
O motivo que levava Jesus a ensinar por meio de parábolas. Jesus contava muitas parábolas. Tudo tirado da vida do povo! Assim ele ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no quotidiano. Tornava o quotidiano transparente. Pois o extraordinário de Deus se esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os sinais de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus não explica as parábolas. Ele conta as histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão da descoberta. O que você descobriu nestas duas parábolas?
2) Tornar a vida transparente é o objetivo das parábolas. Ao longo dos anos, sua vida ficou mais transparente ou aconteceu o contrário?
5) Oração final
Deus, tem piedade de mim, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o meu pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu pecado. (Sal 50, 3-4)
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