Por que a Floresta Amazônica pode se tornar foco de crise entre Bolsonaro e a Igreja Católica
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Reunião de bispos dos países da região amazônica com o papa Francisco discutirá a atuação da Igreja Católica na área
No último domingo (25), o papa Francisco falou sobre os incêndios na Amazônia, antes de rezar o Angelus com os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano. "Estamos todos preocupados com os grandes incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Oremos para que, com o empenho de todos, sejam controlados o quanto antes. Aquele pulmão de florestas é vital para o nosso planeta", disse o chefe máximo da Igreja Católica.
O discurso do papa tocou em um assunto que é motivo de preocupações a 8.901 quilômetros dali, no Palácio do Planalto, em Brasília. A repercussão internacional das queimadas ao longo da semana passada reavivou no governo de Jair Bolsonaro (PSL) a preocupação com possíveis críticas ao governo brasileiro no Sínodo da Amazônia.
Trata-se de uma reunião de bispos dos países da região amazônica com o papa Francisco para discutir a atuação da Igreja Católica na área.
O encontro acontece de 6 a 27 de outubro, em Roma. Participarão do encontro 102 bispos de nove países, sendo 57 brasileiros. Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa (departamento ultramarino da França) também enviarão representantes.
Um revés no Sínodo contribuiria para aumentar o desgaste internacional do país. Nos últimos dias, a atuação do governo brasileiro na área ambiental foi criticada por líderes estrangeiros. A crise na Amazônia foi debatida no último fim de semana na reunião do G7, fórum que reúne algumas das maiores economias do mundo.
No começo desta semana, o Itamaraty decidiu suspender as férias de todos os embaixadores brasileiros na Europa e em países que integram o G7. Trata-se de um esforço para responder à crise de imagem provocada pelas queimadas, segundo a agência de notícias Reuters.
Na semana passada, o governo brasileiro despachou para a Itália o novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, o diplomata de carreira Henrique da Silveira Sardinha Pinto - o nome dele foi aprovado pelo plenário do Senado em meados de junho. O diplomata foi instruído a tratar da questão do Sínodo com representantes do Vaticano.
Que a Igreja se atenha aos 'limites'
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, falou sobre o tema ao jornal O Estado de S. Paulo, no começo desta semana. Segundo Heleno, o governo espera que o encontro se limite a questões religiosas - sem fazer críticas a governos específicos ou a políticas públicas dos países da região.
"A nossa expectativa é de que não haja problema para o governo e nem nenhum desentendimento com a Igreja", disse Augusto Heleno ao jornal O Estado de S. Paulo. "Nós temos promovido ótimas reuniões com o Sínodo, não só aqui, mas em Roma, e está se encaminhando para se ter uma atividade dentro do que foi previsto, que não vai exceder os limites do que a Igreja se propôs a fazer. É o que nós esperamos."
O Brasil é o país com a maior população católica do mundo - e embora a porcentagem de evangélicos tenha crescido nos últimos anos, os católicos ainda são maioria. No Censo de 2010, 64,4% dos brasileiros disseram seguir a Igreja Católica. Críticas vindas da Santa Sé costumam repercutir politicamente no Brasil. Além disso, o próprio presidente Jair Bolsonaro se declara católico.
Apesar da expectativa de Heleno, o documento preparatório para o Sínodo aborda pontos incômodos para o governo. Chamado oficialmente de "Instrumentum Laboris", o texto de 146 pontos menciona os termos "governo" e "governos" dez vezes. Foi elaborado com consultas às comunidades da região - inclusive com o auxílio de uma organização ligada à Igreja, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Segundo o documento preparatório, as comunidades amazônicas consideram como principais ameaças a seu modo de vida a chegada de madeireiras (legais e ilegais); o assassinato de seus líderes, a caça e a pesca predatórias, a contaminação gerada pelo garimpo e os grandes projetos de infraestrutura - rodovias, ferrovias, portos, entre outros pontos.
"Segundo as comunidades participantes nesta escuta sinodal, a ameaça à vida deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade atual, de maneira especial de empresas extrativistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais (dos próprios indígenas)", diz o ponto 14 do texto, que foi divulgado em meados deste ano.
Henrique da Silveira Sardinha Pinto, o diplomata que representará o Brasil junto à Santa Sé, falou sobre o assunto em sua sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, no fim de maio.
"O Itamaraty, sim, tem se interessado pelo assunto, tem feito contatos em alto nível na Santa Sé para manifestar a nossa preocupação, o nosso interesse pelo resultado do trabalho que vai ser levado a efeito em Roma. Aguardamos, portanto, com interesse esse resultado", disse ele aos senadores, na ocasião.
"A percepção é a de que nós consideramos que se trata de um evento importante, que chama a atenção do governo, sobretudo, na fase preparatória, na fase mais de base da preparação dos documentos havia conceitos e ideias que preocuparam o governo brasileiro. Isso foi certa forma já expresso por algumas de nossas autoridades", afirmou ele.
Segundo Paulo Fernando Carneiro de Andrade, professor do departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio, o sínodo é uma instituição bastante antiga da Igreja. É uma reunião realizada pelo papa com seus bispos de determinada região ou tema, para definir uma estratégia para a Igreja num determinado assunto. É um encontro mais restrito que um concílio - que abrange bispos do mundo todo.
"O papa Francisco tem reforçado a necessidade de termos uma igreja mais sinodal, isto é, com mais participação dos bispos na orientação da igreja", diz ele, que concluiu o doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.
A palavra "sínodo" vem de dois termos gregos: "syn", que significa "junto" e "hodos" - "estrada", ou "caminho". Desde que assumiu o comando da Igreja, em março de 2013, Francisco já realizou dois sínodos: um dedicado à família (2015), e outro aos jovens (2018).
De acordo com Andrade, a realização de um sínodo sobre a Amazônia é coerente com os temas dos quais Francisco tratou em sua carta encíclica Laudato Si' ("Louvado Sejas", em italiano). O subtítulo do texto é "Sobre o cuidado da casa comum". No texto, o papa critica uma busca irresponsável do desenvolvimento econômico e o consumismo exagerado - e faz um apelo contra a degradação ambiental e pela luta contra a mudança climática.
"Normalmente, o sínodo segue esta estrutura: ele parte de um documento de trabalho, o 'Instrumentum Laboris', e é concluído com uma série de recomendações, que dizem respeito à atuação da Igreja. O papa pode responder com uma carta apostólica, por exemplo", diz Andrade. Sugestões feitas durante sínodos resultaram em medidas importantes nos papados de Paulo 6º (1963-1978), hoje canonizado, e de João Paulo 2º (1978-2005), acrescenta ele.
Reorganização da Igreja na Amazônia
Além de questões sociais mais amplas, o sínodo sobre a Amazônia também tratará de questões organizativas da Igreja. Um dos pontos mais polêmicos é a possibilidade de ordenar como padres homens mais velhos, especialmente indígenas - mesmo que sejam casados - em regiões remotas. O celibato, isto é, a abstenção de relações sexuais, é exigida dos sacerdotes católicos.
Segundo Paulo Suess - teólogo e padre de origem alemã que foi secretário-geral do Cimi – O Sínodo está focado em questões da organização da Igreja na Amazônia. O protestantismo têm crescido na região, diz ele, e por isso é preciso que os católicos reforcem sua presença entre as comunidades locais.
"Precisamos de uma descentralização urgente, e não é a tecnologia que vai resolver isso. É a multiplicação dos ministérios (pessoas com funções dentro da religião). Se colocamos muitos obstáculos para o acesso aos ministérios, o resultado é que teremos poucos ministros. Isso abre caminho para grupos protestantes que, às vezes, agem sem qualquer respeito pela cultura dos povos", diz ele, que é hoje assessor teológico do Cimi.
O cientista social Luis Ventura é um dos coordenadores do Cimi na região Norte do país - E participou do processo de audiências para o Sínodo. Segundo ele, a consulta às populações amazônicas se estendeu de meados de 2018 até março de 2019. Ao todo, mais de 200 encontros foram realizados em vários países amazônicos.
Segundo ele, o governo federal se reuniu com os responsáveis pela organização do Sínodo em várias ocasiões. "Nunca teve nenhuma negativa (a conversar com as autoridades)". "O sínodo não é convocado para atacar nenhum governo. Foi convocado em 2017. Mas quando a Igreja pensa na sua forma de organização e de presença (na Amazônia), não faz isso de forma distante da realidade. Ela olha para a realidade e para os desafios que estão postos", diz Ventura.
Igreja começou a se afastar de militares nos anos 1970
Embora defenda valores tradicionais em temas como casamento, sexualidade e família, a Igreja Católica, no Brasil, se distanciou há muito tempo de visões consideradas "de direita" em temas como reforma agrária e povos indígenas.
Na tese de doutorado "Amazônia: pensamento e presença militar", a cientista política Adriana Aparecido Marques, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que os militares começaram a se estranhar com a Igreja Católica após a criação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 1972.
Até então, segundo a professora, militares e religiosos trabalhavam em conjunto para "integrar" indígenas à sociedade brasileira, fazendo com que abandonassem sua cultura e incorporassem a língua portuguesa e a fé cristã.
As Forças Armadas consideravam o Catolicismo uma religião "nacional" ao passo que desconfiavam de igrejas evangélicas, vistas como agentes de nações estrangeiras.
Os militares contavam com os missionários católicos para impedir que indígenas na Amazônia deixassem o território brasileiro rumo a países vizinhos, onde missões protestantes vinham oferecendo assistência médica e educacional às comunidades nativas.
A criação do Cimi bagunçou essa lógica. A organização surgiu com o pretexto de preservar a cultura indígena, e não mais catequizar. Padres e missionários católicos passaram a apoiar indígenas em seus pleitos para a demarcação de terras e a expulsão de invasores.
Dois dos principais expoentes do movimento são os bispos eméritos Erwin Krautler, da prelazia do Xingu (PA), e Pedro Casaldáliga, da prelazia de São Félix (MT).
Hoje o órgão diz atuar junto a mais de 180 povos indígenas brasileiros, respeitando o protagonismo dos grupos e "dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade democrática, justa, solidária, pluriétnica e pluricultural".
A nova postura incomodou militares, que sempre se opuseram à existência do que consideram "enclaves étnicos" dentro do Brasil, temendo a criação de Estados autônomos em áreas indígenas.
O advento do Cimi também gerou atritos entre a igreja e representantes políticos de grandes fazendeiros - animosidade que persiste até hoje.
Teologia da Libertação
Outro fator que afastou a Igreja Católica de parte da direita brasileira foi a difusão da Teologia da Libertação, movimento católico que interpreta a fé cristã à luz de problemas sociais como a pobreza e a desigualdade.
A partir dos anos 1970, o movimento participou da disseminação no Brasil das Comunidades Eclesiais de Base. Esses grupos influenciaram o surgimento de movimentos sociais e partidos políticos que se opunham à ditadura militar, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Partido dos Trabalhadores (PT).
A Teologia da Libertação perdeu espaço na Igreja Católica no papado de João Paulo 2º (1978-2005). Em 2017, o papa Francisco disse que o movimento "teve aspectos positivos e desvios".
Segundo o pontífice, os teólogos da libertação erraram ao abordar a realidade de forma marxista, abraçando conceitos como a luta de classes. Fonte: https://epocanegocios.globo.com
Sacerdote nigeriano assassinado ao mediar conflito
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Sacerdote nigeriano assassinado ao mediar conflito
No dia 29 de agosto, padre David Tanko foi parado por homens armados a caminho do povoado de Takum, onde participaria de um encontro para mediar um acordo de paz destinado a por fim ao conflito que opõe as populações Tiv e Jukun.
Cidade do Vaticano
Segundo fontes locais, os criminosos, talvez pertencentes a uma milícia Tiv, depois de terem assassinado o padre Tanko, atearam fogo ao seu corpo e no automóvel.
Firme a condenação do bispo local de Jalingo, Dom Charles Michael Hammawa, que disse esperar que "os autores sejam levados à justiça", ao mesmo tempo que alerta contra qualquer tipo de represália, "o que apenas agravaria a situação".
O funeral do sacerdote - relata a agência Fides - será realizado no dia 2 de setembro, com o sepultamento no dia seguinte, no cemitério diocesano de Jalingo.
Estado de Taraba é palco de uma série de ataques armados
No Estado de Taraba, houve uma série de ataques armados, o mais recente dos quais ocorrido na área de Wukari. Duas pessoas foram mortas enquanto um policial ficou ferido no ataque. Além disso, na Donga Local Government Area (LGA), um estudante da ECWA Seminary School foi morto nas primeiras horas do dia 28 de agosto.
O conflito entre os Tiv e os Jukuns
O conflito entre os Tiv e os Jukuns remonta a 1953 (para outros 1959 ou 1977), entre tréguas e ressurgimentos de focos de violências. Segundo alguns estudos históricos, as duas populações viveram em harmonia até o advento da colonização britânica, quando as autoridades coloniais favoreceram os Jukuns em detrimento dos Tiv, plantando a semente da discórdia que brotou e frutificou até os dias atuais.
O conflito ressurgiu violentamente em 1º de abril
O conflito irrompeu com violência em 1º de abril deste ano, em consequência de uma disputa entre um Tiv e um Jukun no povoado de Kente, área de Wukari, logo degenerado em uma série de ataques às aldeias das duas populações, com mortes e saques. A violência também se espalhou para o Estado vizinho de Benue.
Em julho, os governadores dos dois Estados envolvidos, Benue e Taraba, lançaram um apelo à pacificação, enquanto o Dr. Isaiah Jirapye, presidente da seção local da Associação Cristã da Nigéria (CAN), pediu às partes envolvidas no conflito para dialogarem, afirmando "ter feito os contatos necessários para um diálogo imediato para garantir o fim das hostilidades". (Agência Fides). Fonte: https://www.vaticannews.va
22º Domingo do Tempo Comum: Os Primeiros lugares (Domingo, 1º de setembro-2019)
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“Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 14, 11)
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa
No mês de setembro, dedicado à Bíblia, a Igreja nos convida a dar uma atenção especial à PALAVRA DE DEUS. As leituras bíblicas de hoje nos propõem o caminho da HUMILDADE e da GRATUIDADE...
PRIMEIRA LEITURA (Eclo 3,19-21.30-31)
A 1a Leitura fala da virtude da HUMILDADE, para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz.
SER HUMILDE significa assumir com simplicidade o nosso lugar, sem humilhar os outros com a nossa superioridade. Significa pôr os próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e com amor. Aí está o segredo do êxito e da felicidade.
SEGUNDA LEITURA (Hb 12,18-19.22-24a)
A 2ª Leitura afirma que a vida cristã exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais a humildade, a simplicidade, o amor...
EVANGELHO (Lc 14, 1.7-14)
O Evangelho nos apresenta um episódio freqüente na vida de Jesus: Ele é convidado a um banquete na casa de um fariseu... e aceita... Mas fica profundamente impressionado com duas coisas, que observa: a corrida pelos primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas. E conta duas pequenas PARÁBOLAS:
A 1ª é para os convidados que escolhiam os primeiros lugares: Aquele que ocupou o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor. E Jesus conclui: "Quem se exalta será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado".
A 2ª é para quem convidara: "Quando deres uma refeição, não convides os que poderão te retribuir... Pelo contrário, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos... Terás uma recompensa na ressurreição dos justos..."
Resumindo: Jesus propõe duas atitudes:
Na escolha dos lugares: HUMILDADE... Na escolha dos convidados: GRATUIDADE: Amor sem interesses...
O que Jesus observaria hoje?
Na Sociedade, há ainda hoje pessoas correndo atrás dos primeiros lugares?
Escolhendo o trabalho que lhes dê mais lucro...
Procurando lugares que deem destaque, status e importância;
Preferindo ocupações onde possam ter poder sobre os demais;
Ou ficando decepcionadas, quando ninguém lhes dá o "devido lugar?"
Na Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares?
A Igreja deve ser a comunidade onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado. Mas de fato, é assim?
Ou assistimos às vezes uma corrida desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade de servir…Buscam títulos, honras, homenagens, lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.
Na catequese, que Lucas nos propõe hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se baseiam em "critérios comerciais", mas sim no amor gratuito e desinteressado. Só assim todos, inclusive os que não têm poder, nem dinheiro para retribuir,
terão aí lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.
Como é bonito numa Comunidade, onde há humildade... solidariedade... sintonia entre as diversas lideranças, Pastorais e Movimentos... Não gastaríamos então tantas energias em pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição...
Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares?
E essa corrida é um desejo sincero de serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos? Para garantir os primeiros lugares, podemos fazer uso de qualquer meio?
Quem são os NOSSOS convidados?
Na sociedade de hoje, costuma-se convidar quem garanta lucro... recompensa... poder... fama... posição social... elogios... Jesus nos convida a uma atitude de GRATUIDADE...
Quando prestei um favor a gente simples, sempre gostei de ouvir de uma expressão: "Deus lhe pague!" Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande FIADOR...
Nesse mês de eetembro, você já tem um tempo determinado para dar uma atenção especial à BÍBLIA? "A Bíblia dá suporte à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. A Igreja exorta por isso à frequente leitura, porque a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo". (CCIC 24)
Sábado, 31 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 25,14-30)
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola aos discípulos: 14Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. 15A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. 16Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois. 18Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. 19Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas. 20O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: - Senhor, disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei. 21Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 22O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: - Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei. 23Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 24Veio, por fim, o que recebeu só um talento: - Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. 26Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. 27Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. 28Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. 29Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. 30E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
3) Reflexão- Mateus 25,14-30
O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos. Esta parábola está situada entre duas outras parábolas: a parábola das Dez Virgens (Mt 25,1-13) e a parábola do Juízo Final (Mt 25,31-46). As três parábolas esclarecem e orientam as pessoas sobre a chegada do Reino. A parábola das Dez Virgens insiste na vigilância: o Reino pode chegar a qualquer momento. A parábola do Juízo Final diz que para tomar posse do Reino se deve acolher os pequenos. A parábola dos Talentos orienta sobre como fazer para que o Reino possa crescer. Ela fala sobre os dons ou carismas que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
Uma chave para compreender a parábola. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a ideia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava. Para ajudar a estas pessoas, Mateus conta a parábola dos talentos.
Mateus 25,14-15: A porta de entrada na história da parábola
Jesus conta a história de um homem que, antes de viajar, distribuiu seus bens aos empregados, dando-lhes cinco, dois ou um talento, conforme a capacidade de cada um. Um talento corresponde a 34 quilos de ouro, o que não é pouco! No fundo, cada um recebeu igual, pois recebeu “de acordo com a sua capacidade”. Quem tem copo grande, recebe o copo cheio. Quem tem copo pequeno, recebe o copo cheio. Em seguida, o patrão viajou para o estrangeiro e lá ficou por muito tempo. A história tem um certo suspense. Você não sabe com que finalidade o proprietário entregou o seu dinheiro aos empregados, nem sabe como vai ser o fim.
Mateus 25,16-18: O jeito de agir de cada empregado
Os dois primeiros trabalham e fazem duplicar os talentos. Mas o que recebeu um enterrou o dinheiro no chão para guardar bem e não perder. Trata-se dos bens do Reino que são entregues às pessoas e às comunidades de acordo com a sua capacidade. Todos e todas recebemos algum bem do Reino nem todos respondemos da mesma maneira!
Mateus 25,19-23: Prestação de conta do primeiro e do segundo empregado, e a resposta do Senhor
Depois de muito tempo, o proprietário voltou. Os dois primeiros dizem a mesma coisa: “O senhor me deu cinco/dois. Aqui estão outros cinco/dois que eu ganhei!” E o senhor dá a mesma resposta: “Muito bem, servo bom e fiel. Sobre pouco foste fiel, sobre muito te colocarei. Vem alegrar-te com teu senhor!”
Mateus 25,24-25: Prestação de conta do terceiro empregado
O terceiro empregado chega e diz: “Senhor, eu sabia que és um homem severo que colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim, amedrontado, fui enterrar teu talento no chão. Aqui tens o que é teu!” Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, a severidade do legislador não vai poder castigá-lo. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma e na sua observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida.
Mateus 25,26-27: Resposta do Senhor ao terceiro empregado
A resposta do senhor é irônica. Ele diz: “Empregado mau e preguiçoso! Você sabia que eu colho onde não plantei, e que recolho onde não semeei. Então você devia ter depositado meu dinheiro no banco, para que, na volta, eu recebesse com juros o que me pertence!” O terceiro empregado não foi coerente com a imagem severa que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus severo daquele jeito, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ou seja, ele sai condenado não por Deus, mas pela ideia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Nem seria possível ele ser coerente com aquela imagem de Deus, pois o medo desumaniza e paralisa a vida.
Mateus 25,28-30: A palavra final do Senhor que esclarece a parábola
O senhor manda tirar o talento e dar àquele que tem dez, “pois a todo aquele que tem será dado, mas daquele que não tem até o que tem lhe será tirado”. Aqui está a chave que esclarece tudo. Na realidade, os talentos, o “dinheiro do patrão”, os bens do Reino, são o amor, o serviço, a partilha. É tudo aquilo que faz crescer a comunidade e revela a presença de Deus. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. Mas a pessoa que não pensa em si e se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais. “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la”
A moeda diferente do Reino
Não há diferença entre os que recebem mais e os que recebem menos. Todos têm o seu dom de acordo com a sua capacidade. O que importa é que este dom seja colocado a serviço do Reino e faça crescer os bens do Reino que são amor, fraternidade, partilha. A chave principal da parábola não consiste em fazer render e produzir os talentos, mas sim em relacionar-se com Deus de maneira correta. Os dois primeiros não perguntam nada, não procuram o próprio bem-estar, não guardam para si, não se fecham, não calculam. Com a maior naturalidade, quase sem se dar conta e sem procurar mérito, começam a trabalhar, para que o dom dado por Deus renda para Deus e para o Reino. O terceiro tem medo e, por isso, não faz nada. De acordo com as normas da antiga lei ele estava correto. Manteve-se dentro das exigências. Não perdeu nada e não ganhou nada. Por isso, perdeu até o que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
4) Para um confronto pessoal
1) Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons? Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
2) Como entender a frase: "A todo aquele que tem, será dado mais, e terá em abundância. Mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado"?
5) Oração final
Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos. (Sl 32, 20-21)
Hoje é celebrado o Martírio de São João Batista, decapitado por anunciar a Verdade
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“Na verdade, vos digo, dentre os nascidos de mulher, nenhum foi maior que João Batista”. Assim se referiu Jesus Cristo ao seu primo, o qual morreu decapitado por anunciar a Verdade, fato que é recordado neste dia 29 de agosto, quando a Igreja Católica celebra o Martírio de São João Batista.
Em sua audiência geral de 29 de agosto de 2012, o Papa Bento XVI destacou que João Batista é o único santo na Igreja – além do próprio Jesus Cristo e da Virgem Maria – do qual se celebra tanto o nascimento (24 de junho), como a sua morte, ocorrida através do martírio.
Mas esta memória “remonta à dedicação de uma cripta de Sebaste, em Samaria onde, já em meados do século IV, se venerava a sua cabeça. Depois, o culto se estendeu a Jerusalém, às Igrejas do Oriente e a Roma, com o título de Degolação de São João Batista”, explicou.
O Papa Ratzinger acrescentou que “no Martirológio romano faz-se referência a uma segunda descoberta da preciosa relíquia, transportada naquela ocasião para a igreja de São Silvestre no Campo de Marte, em Roma. Estas breves referências históricas ajudam-nos a compreender como é antiga e profunda a veneração de São João Batista”.
Sobre São João Batista há narrações nos Evangelhos, em particular de Lucas, que fala de seu nascimento, vida no deserto, pregação, e de Marcos, que menciona sua morte.
Pelo Evangelho e pela tradição é possível reconstruir a vida do Precursor. Negou categoricamente ser o Messias esperado, afirmando a superioridade de Jesus, o qual assinalou aos seus seguidores por ocasião do batismo nas margens do Rio Jordão como o Cordeiro de Deus, aquele de quem não era digno de desatar as sandálias.
Sua figura parece ir se desfazendo à medida que vai surgindo “o mais forte”, Jesus. Todavia, “o maior dentre os profetas” não cessou de fazer ouvir a sua voz onde fosse necessária para consertar os sinuosos caminhos do mal.
João Batista reprovou publicamente o comportamento pecaminoso de Herodes Antipas e da cunhada Herodíades, com quem tinha uma relação adúltera. Mas, a suscetibilidade de ambos lhe custou a prisão em Maqueronte, na margem oriental do mar Morto.
O relato da morte de São João Batista está no Evangelho de São Marcos, capítulo 6, versículos 17 a 29, no qual narra o banquete oferecido por Herodes pelo seu aniversário, onde a filha de Herodíades dançou.
Herodes gostou tanto da dança que prometeu a jovem que cumpriria qualquer pedido que ela fizesse. Ela, então, por sugestão de sua mãe, pediu a cabeça de João Batista, que lhe foi entregue em um prato.
Para o Papa emérito, “celebrar o martírio de São João Batista recorda-nos, também a nós cristãos deste nosso tempo, que não se pode comprometer o amor a Cristo, à sua Palavra e à Verdade. A Verdade é a Verdade, não há comprometimentos”.
O Papa Francisco, ao falar sobre a vida de São João Batista em fevereiro de 2015, recordou os “mártires dos nossos dias, aqueles homens, mulheres e crianças que são perseguidos, odiados, expulsos das casas, torturados, massacrados”. O Pontífice sublinhou que esses mártires “terminam sua vida sob a autoridade corrupta de pessoas que odeiam Jesus Cristo”. Fonte: https://www.acidigital.com
Quinta-feira, 29 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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- Martírio de São João Batista -
1) Oração
Ó Deus, quisestes que São João Batista fosse o precursor do nascimento e da morte do vosso Filho; como ele tombou na luta pela justiça e a verdade, fazei-nos também lutar corajosamente para testemunhar a vossa palavra. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6,17-29)
17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado.18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão.19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia.21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galileia.22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino.24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista.25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista.26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar.27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere,28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe.29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro.
3) Reflexão
Hoje comemoramos o martírio de São João Batista. O evangelho traz a descrição de como João Batista foi morto sem processo, durante um banquete, vítima da corrupção e da prepotência de Herodes e sua corte.
Marcos 6,17-20. A causa da prisão e do assassinato de João.
Herodes era um empregado do império romano. Quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era César, o imperador de Roma. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império e a ele mesmo. A preocupação de Herodes era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Ele gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. A denúncia de João Batista contra a moral depravada de Herodes (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que os poderosos do reino se reuniam e no qual se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso, ele foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
Nas entrelinhas, o evangelho de hoje traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo!
* Herodes construiu uma nova capital, chamada Tiberíades. Sefforis, a antiga capital, tinha sido destruída pelos romanos em represália contra um levante popular. Isto aconteceu quando Jesus tinha em torno de sete anos de idade. Tiberíades, a nova capital, foi inaugurada treze anos mais tarde, quando Jesus tinha seus 20 anos. Era chamada assim para agradar a Tibério, o imperador de Roma. Tiberíades era um quisto estranho na Galileia. Era lá que viviam o rei, “os magnatas, os generais e os grandes da Galileia” (Mc 6,21). Era lá que moravam os donos das terras, os soldados, a polícia, os juízes muitas vezes insensíveis (Lc 18,1-4). Para lá eram levados os impostos e o produto do povo. Era lá que Herodes fazia suas orgias de morte (Mc 6,21-29). Não consta nos evangelhos que Jesus tenha entrado nessa cidade.
Ao longo daqueles 43 anos do governo de Herodes, criou-se toda uma classe de funcionários fieis ao projeto do rei: escribas, comerciantes, donos de terras, fiscais do mercado, publicanos ou coletores de impostos, militares, policiais, juízes, promotores, chefes locais. A maior parte deste pessoal morava na capital, gozando dos privilégios que Herodes oferecia, por exemplo, isenção de impostos. Outra parte vivia nas aldeias. Em cada aldeia ou cidade havia um grupo de pessoas que apoiavam o governo. Vários escribas e fariseus estavam ligados ao sistema e à política do governo. Nos evangelhos, os fariseus aparecem junto com os herodianos (Mc 3,6; 8,15; 12,13), o que reflete a aliança que existia entre o poder religioso e poder civil. A vida do povo nas aldeias da Galileia era muito controlada, tanto pelo governo como pela religião. Era necessário ter muita coragem para começar algo novo, como fizeram João e Jesus! Era o mesmo que atrair sobre si a raiva dos privilegiados, tanto do poder religioso como do poder civil, tanto em nível local como estadual.
4) Para um confronto pessoal
1-Conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E aqui entre nós, na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo? Dê um exemplo.
2-Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis tanto da sociedade como da Igreja.
5) Oração final
É em vós, Senhor, que procuro meu refúgio; que minha esperança não seja para sempre confundida. Por vossa justiça, livrai-me, libertai-me; inclinai para mim vossos ouvidos e salvai-me. (Sl 70, 1-2)
OLHAR DO DIA: Agostinho
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No Olhar do dia desta quarta-feira 28 de agosto-2019, vamos conhecer um pouco o Santo do Dia-Santo Agostinho? Vamos que vamos!
Quarta-feira, 28 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 27-32)
27Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. 29Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Vós, pois, completai a medida de vossos pais!
3) Reflexão
Estes dois últimos Ais, que Jesus pronunciou contra os doutores da lei e os fariseus do seu tempo, retomam e reforçam o mesmo tema dos dois Ais do evangelho de ontem. Jesus critica a falta de coerência entre a palavra e a prática, entre o interior e o exterior.
Mateus 23,27-28: O sétimo Ai contra os que se parecem sepulcros caiados
“Vocês: por fora, parecem justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça”. A imagem de “sepulcros caiados” fala por si e não precisa de comentário. Jesus condena os que mantêm uma aparência fictícia de pessoa correta, mas cujo interior é a negação total daquilo que querem fazer aparecer para fora.
Mateus 23,29-32: O oitavo Ai contra os que enfeitam os sepulcros dos profetas, mas não os imitam
Os doutores e fariseus diziam: “Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas”. E Jesus conclui: pessoas que falam assim “confessam que são filhos daqueles que mataram os profetas”, pois eles dizem “nossos pais”. E Jesus termina dizendo: “Pois bem: acabem de encher a medida dos pais de vocês!” De fato, naquela altura dos acontecimentos, eles já tinham decidido matar Jesus. Assim acabavam de encher a medida dos pais.
4) Para um confronto pessoal
1) São mais dois Ais, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?
2) Qual a imagem de mim mesmo que eu procuro apresentar aos outros? Ela corresponde ao que sou de fato diante de Deus?
5) Oração final
Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos. Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar. (Sl 127, 1-2)
Canonização de dom Hélder Câmara avança no Vaticano 20 anos após a sua morte
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Voz ativa contra a ditadura militar do Brasil, religioso brasileiro caminha para se tornar santo da Igreja Católica; fase local do processo reuniu 54 depoimentos
Edison Veiga
BLED (ESLOVÊNIA)
O processo de reconhecimento como santo do religioso brasileiro dom Hélder Pessoa Câmara (1909-1999) entrará em nova etapa na semana que vem. Trata-se da abertura da fase romana das investigações. A morte do cearense com forte atuação em Pernambuco completa 20 anos nesta terça (27).
“O próximo passo será o papa reconhecer, em nome da Igreja, que dom Hélder praticou em grau heroico as virtudes cristãs. Aí ele será declarado venerável”, disse à Folha Jociel Gomes, frade franciscano responsável por realizar o pedido junto ao Vaticano.
O processo de canonização de dom Hélder foi aberto oficialmente em fevereiro de 2015, nove meses depois de a Arquidiocese de Olinda e Recife solicitar a questão à cúpula da Igreja. Desde então, frei Jociel e sua equipe vasculharam sua biografia e ouviram pessoas que conviveram com o religioso.
O resultado, enviado ao Vaticano em dezembro, foi um dossiê de 197 páginas, com depoimentos de 54 pessoas. Uma vez considerado venerável, relatos de milagres passam a ser compilados. Os casos selecionados são analisados por um junta de especialistas do Vaticano.
Para se tornar beato, é preciso ter um primeiro milagre reconhecido pela Igreja. A canonização, ou seja, o status de santo, só vem após esse segundo milagre. Neste ano, a freira baiana Irmã Dulce teve a sua canonização anunciada pelo Vaticano e será a primeira mulher nascida no Brasil e a se tornar santa. A cerimônia será em outubro.
RELIGIOSO E POLÍTICA
Décimo primeiro filho de um jornalista e de uma professora primária, dom Hélder entrou para a vida religiosa em 1923, aos 14 anos, no Seminário da Prainha, instituição católica de sua cidade natal, Fortaleza.
Foi ordenado padre aos 22 anos. Ainda jovem, envolveu-se com causas sociais. Coordenou os chamados círculos operários cristãos e liderou a Juventude Operária Católica. Dedicou-se a atividades de lazer e alfabetização de jovens sem acesso à formação.
Também fundou, em 1933, a Sindicalização Operária Feminina, organismo que lutava por direitos de empregadas domésticas e lavadeiras.
Convidado pelo escritor e político Plínio Salgado (1895-1975), ingressou no grupo conservador e nacionalista Ação Integralista Brasileira. Foi considerado o maior propagandista do tema no Ceará.
Contudo se desiludiu rapidamente com o movimento, considerado de extrema-direita. Ao fim da década de 1930 se autodefinia como humanista integral e democrata cristão.
Dom Hélder teve papel importante durante a Segunda Guerra Mundial. Fundou a Comissão Católica Nacional de Imigração e trabalhou para acolher refugiados que chegavam ao país.
Tornou-se bispo aos 43 anos, em 1952. No mesmo ano, conseguiu a aprovação do Vaticano para criar a Conferência Nacional do Bispos do Brasil, a CNBB.
A partir de então passou a se dedicar a causas como a Cruzada São Sebastião, que resultou em conjuntos habitacionais para moradores de favelas, e o Banco da Providência, para atender aos sem renda.
Participou ativamente das quatro sessões do Concílio Ecumênico Vaticano 2º, nos anos 1960, e foi um dos proponentes do Pacto das Catacumbas, em que 42 sacerdotes de todo o mundo se comprometeram a assumir atitudes com o objetivo de reduzir a pobreza global.
O documento é considerado o embrião da Teologia da Libertação, corrente cristã que determina assumir “a opção preferencial pelos pobres”.
DITADURA MILITAR
Dom Hélder tornou-se arcebispo de Olinda e Recife em 1964. Foi um período de forte envolvimento com causas sociais, e ele se tornou um contraponto à ditadura militar. Incentivou e fortaleceu as comunidades eclesiais de base e foi alçado ao posto de resistência ao regime. Passou a ser visto como líder na defesa dos direitos humanos. Foi acusado de comunista, chamado de “arcebispo vermelho” e perseguido pelos militares, sobretudo depois do Ato Institucional nº 5.
Sua atuação leva a inferir que a eventual canonização, em um período como o atual, possa ser utilizada de forma política. Dom Hélder foi um dos interlocutores da família de Fernando Santa Cruz, militante de esquerda desaparecido durante o período da ditadura e alvo de recente ataque do presidente Jair Bolsonaro.
Frei Jociel descarta o uso político. “Dom Hélder foi um homem altamente coerente com a doutrina social da Igreja, um homem profundamente evangélico no sentido de que colocou em prática a opção preferencial pelos pobres e a busca da justiça e da paz”, afirma.
Em uma de suas frases famosas, dom Hélder disse: “Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo; quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista”.
“O discurso fajuto atual que diz que aquele que busca uma sociedade melhor é comunista é completamente anacrônico”, diz frei Marcelo Toyansk Guimarães, da Comissão Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos do Brasil. “Dom Hélder nos ilumina como aquele que defende os direitos humanos, o direito à vida, o direito dos pobres em um momento difícil.”
Para o religioso brasileiro Reginaldo Roberto Luiz, padre que trabalha com processos de canonização no Vaticano, o envolvimento político de dom Hélder deve exigir um maior detalhamento nos pareceres da canonização.
“Trata-se de uma figura muito controversa da política. Isso precisará ser esclarecido durante o processo”, diz. “[A canonização] vai demorar porque certamente será um processo muito detalhado para explicar e esclarecer, minuciosamente, a sua biografia.”
À reportagem da Folha ele comparou o caso com o do arcebispo de San Salvador (El Salvador) Óscar Romero (1917-1980), canonizado em 2018. Há semelhanças: Romero também lutou contra a ditadura em seu país e era adepto da Teologia da Libertação.
“Mas ele foi mártir —o que é uma ‘vantagem’ em processos de canonização”, ressalta Roberto Luiz. Romero foi assassinado por um atirador de elite do exército salvadorenho enquanto celebrava uma missa.
Dom Hélder realizou diversas viagens ao exterior para denunciar os abusos da ditadura brasileira. Isso lhe rendeu títulos honoris causa de universidades de 32 universidades estrangeiras. Também foi indicado quatro vezes ao Nobel da Paz. Em 2017, foi declarado Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos, em lei federal.
“Dom Hélder dedicou toda a sua vida à defesa da vida e da dignidade dos mais pobres. Convocou toda a sociedade para uma ação não violenta em favor da justiça e da paz”, diz Marcelo Barros, 74, monge beneditino e biógrafo de dom Hélder Câmara.
MAIS SOBRE DOM HELDER
Quem foi Dom Hélder Câmara? - Religioso cearense, arcebispo emérito de Olinda e Recife, foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e conhecido defensor dos direitos humanos durante a ditadura militar.
Pedia uma Igreja mais ao lado dos pobres e pregava pela não-violência. Foi indicado quatro vezes ao Nobel da Paz. Morreu há 20 anos, em 27 de agosto de 1999 —tinha 90 anos.
Por que foi pedida a canonização? - De acordo com o postulado da causa, pelo reconhecimento de que Dom Hélder foi um ativo defensor dos direitos humanos e importante na luta pela dignidade dos mais pobres, “em consonância com os ensinamentos do Evangelho”.
Em que estágio está o processo? - O processo de canonização foi solicitado em maio de 2014, pela arquidiocese de Olinda e Recife. O Vaticano autorizou a abertura em fevereiro de 2015. A etapa diocesana foi concluída em dezembro do ano passado —o dossiê, de 197 páginas, reuniu depoimentos de 54 pessoas que conviveram com ele.
No próximo dia 5 de setembro será aberta a fase romana do processo. Então a Igreja nomeia um relator e determina que duas comissões preparem dois trabalhos: um minucioso perfil biográfico e uma defesa argumentativa de suas virtudes. A partir de então, é dado um parecer.
Se aprovado, o papa declara que ele é um venerável. Então é preciso a comprovação de um milagre para que seja beatificado. E um outro, para que seja canonizado —tornado santo.
A equipe brasileira disponibiliza o e-mail Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. a quem quiser colaborar com relatos que possam ajudar no processo.
Frases famosas de dom Hélder
"Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me d e comunista.”
"Quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes.”
"A melhor maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar.”
"Olhei o mais que pude os rostos dos pobres, gastos pela fome, esmagados pelas humilhações, e neles descobri teu rosto, Cristo Ressuscitado!”
"Ótimo que a tua mão ajude o voo... Mas que ela jamais se atreva a tomar o lugar das asas..." Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Terça-feira, 27 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 23,23-26)
23Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. 24Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo. 25Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais cheios de roubo e de intemperança. 26Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz outros dois Ais ou pragas que Jesus falou contra os líderes religiosos da sua época. Os dois Ais de hoje denunciam a falta de coerência entre palavra e atitude, entre o exterior e o interior. Repetimos hoje o que afirmamos ontem. Ao meditar estas palavras tão duras de Jesus, devo pensar não só nos doutores e fariseus da época de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que está errado em nós mesmos.
Mateus 23,23-24: O quinto Ai contra os que insistem na observância e esquecem a misericórdia
“Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade”. Este quinto Ai de Jesus contra os líderes religiosos daquela época pode ser repetido contra muitos líderes religiosos dos séculos seguintes, até hoje. Muitas vezes, em nome de Deus, insistimos em detalhes e esquecemos a misericórdia. Por exemplo, o jansenismo tornou árida a vivência da fé, insistindo em observâncias e penitências que desviaram o povo do caminho do amor. A irmã carmelita Teresa de Lisieux foi criada nesse ambiente jansenista que marcava a França no fim do século XIX. Foi a partir de uma dolorosa experiência pessoal, que ela soube recuperar a gratuidade do amor de Deus como a força que deve animar por dentro a observância das normas. Pois, sem a experiência do amor, as observâncias fazem de Deus um ídolo.
Mateus 23,25-26: O sexto Ai contra os que limpam as coisas por fora e sujam por dentro
“Vocês limpam o copo e o prato por fora, mas por dentro vocês estão cheios de desejos de roubo e cobiça”. No Sermão da Montanha, Jesus critica os que observam a letra da lei e transgridem o espírito da lei. Ele diz: "Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: 'Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: 'imbecil', se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de 'idiota', merece o fogo do inferno. Vocês ouviram o que foi dito: 'Não cometa adultério'. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5,21-22.27-28). Não basta observar a letra da lei. Não basta não matar, não roubar, não cometer adultério, não jurar, para ser fiel ao que Deus pede de nós. Só observa plenamente a lei de Deus aquele que, para além da letra, vai até raiz e arranca de dentro de si “os desejos de roubo e de cobiça” que possam levar ao assassinato, ao roubo, ao adultério. É na prática do amor que se realiza a plenitude da lei.
4) Para um confronto pessoal
1-São mais dois Ais ou duas pragas, mais dois motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das dois cabe em mim?
2-Observância e gratuidade: qual das duas prevalece em mim?
5) Oração final
Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. Proclamai às nações a sua glória, a todos os povos as suas maravilhas. (Sl 95, 2-3)
Segunda-feira, 26 de agosto-2019. 21ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 23, 13-22)
13Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar. 14[Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor.] 15Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos. 16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: Se alguém jura pelo templo, isto não é nada; mas se jura pelo tesouro do templo, é obrigado pelo seu juramento. 17Insensatos, cegos! Qual é o maior: o ouro ou o templo que santifica o ouro? 18E dizeis ainda: Se alguém jura pelo altar, não é nada; mas se jura pela oferta que está sobre ele, é obrigado. 19Cegos! Qual é o maior: a oferta ou o altar que santifica a oferta? 20Aquele que jura pelo altar, jura ao mesmo tempo por tudo o que está sobre ele. 21Aquele que jura pelo templo, jura ao mesmo tempo por aquele que nele habita. 22E aquele que jura pelo céu, jura ao mesmo tempo pelo trono de Deus, e por aquele que nele está sentado.
3) Reflexão Mateus 23,13-22
Nestes próximos três dias vamos meditar o discurso que Jesus pronunciou criticando os doutores da lei e os fariseus, chamando-os de hipócritas. No evangelho de hoje (Mt 23,13-22), Jesus pronuncia contra eles quatro Ais ou pragas. No de amanhã, mais duas pragas (Mt 23,23-26), e no evangelho de depois de amanhã, outras duas pragas (Mt 23,27-32). Ao todo oito Ais ou pragas contra os líderes religiosos da época. São palavras muito duras. Ao meditá-las, devo pensar não só nos doutores e fariseus do tempo de Jesus, mas também e sobretudo no hipócrita que existe em mim, em nós, na nossa família, na comunidade, na nossa igreja, na sociedade de hoje. Vamos olhar no espelho do texto para descobrir o que existe de errado em nós mesmos.
Mateus 23,13: O primeiro Ai contra os que fecham a porta do Reino
“Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam”. Fecham o Reino como? Apresentando Deus apenas como juiz severo, deixando pouco espaço para a misericórdia. Impondo em nome de Deus leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino.
Mateus 23,14: O segundo Ai contra os que usam a religião para se enriquecer
“Vocês exploram as viúvas, e roubam suas casas e, para disfarçar, fazem longas orações! Por isso, vocês vão receber uma condenação mais severa”. Jesus permite aos discípulos viver do evangelho, pois diz que o operário digno do seu salário (Lc 10,7; cf. 1Cor 9,13-14), mas usar a oração e a religião como meio para enriquecer-se, isto é hipocrisia e não revela a Boa Nova de Deus. Transforma a religião num mercado. Jesus expulsou os comerciantes do Templo (Mc 11,15-19) citando os profetas Isaías e Jeremias: “Minha casa é casa de oração para todos os povos e vocês a transformaram num covil de ladrões” (Mc 11,17; cf Is 56,7; Jr 7,11)). Quando o mago Simão quis comprar o dom do Espírito Santo, Pedro o amaldiçoou (At 8,18-24). Simão recebeu a “condenação mais severa” de que Jesus fala no evangelho de hoje.
Mateus 23,15: O terceiro Ai contra os que fazem proselitismo
Vocês percorrem o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguem, o tornam merecedor do inferno duas vezes mais do que vocês”. Há pessoas que se fazem missionários e anunciam o evangelho não para irradiar a Boa Nova do amor de Deus, mas para atrair as pessoas para o seu grupo ou sua igreja. Certa vez, João proibiu uma pessoa de usar o nome de Jesus porque ela não fazia parte do grupo dele. Jesus respondeu: “Não proíba, pois quem não é contra, é a favor” (Mc 9,39). O documento da Assembléia Plenária dos bispos da América Latina, realizada no mês de maio de 2008, em Aparecida, Brasil, tem como título: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida!” Ou seja, o objetivo da missão não é para que os povos se tornem católicos, nem para fazer proselitismo, mas sim para que os povos tenham vida, e vida em abundância.
Mateus 23,16-22: O quarto Ai contra os que vivem fazendo juramento
“Vocês dizem: 'Se alguém jura pelo Templo, não fica obrigado, mas se alguém jura pelo ouro do Templo, fica obrigado'”. Jesus faz um longo raciocínio para mostrar a incoerência de tantos juramentos que o povo fazia ou que a religião oficial mandava fazer: juramentos pelo ouro do templo ou pela oferenda que está no altar. O ensinamento de Jesus, dado no Sermão da Montanha, é o melhor comentário da mensagem do evangelho de hoje: “Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Diga apenas 'sim', quando é 'sim'; e 'não', quando é 'não'. O que você disser além disso, vem do Maligno." (Mt 5,34-37)
4) Para um confronto pessoal
1) São quatro Ais ou quatro pragas, quatro motivos para receber uma crítica severa da parte de Jesus. Qual das quatro críticas cabe em mim?
2) Nossa Igreja hoje merece estes Ais da parte de Jesus?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira.Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sl 95, 1-2)
21º Domingo do Tempo Comum - Ano C
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Tema
A liturgia deste domingo propõe-nos o tema da "salvação". Diz-nos que o acesso ao "Reino" - à vida plena, à felicidade total ("salvação") - é um dom que Deus oferece a todos os homens e mulheres, sem excepção; mas, para lá chegar, é preciso renunciar a uma vida baseada nesses valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes, auto-suficientes, e seguir Jesus no seu caminho de amor, de entrega, de dom da vida.
Na primeira leitura, um profeta não identificado propõe-nos a visão da comunidade escatológica: será uma comunidade universal, à qual terão acesso todos os povos da terra, sem excepção. Os próprios pagãos serão chamados a testemunhar a Boa Nova de Deus e serão convidados para o serviço de Deus, sem qualquer discriminação baseada na raça, na etnia ou na origem.
No Evangelho, Jesus - confrontado com uma pergunta acerca do número dos que se salvam - sugere que o banquete do "Reino" é para todos; no entanto, não há entradas garantidas, nem bilhetes reservados: é preciso fazer uma opção pela "porta estreita" e aceitar seguir Jesus no dom da vida e no amor total aos irmãos.
LEITURA I - Is 66,18-21: Atualização
Não é novidade nenhuma dizer que "ao novo Povo de Deus, todos os homens são chamados" (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium 13). No Povo de Deus não é decisivo nem a raça, nem o sexo, nem a posição social, nem a preparação intelectual, mas sim a adesão a Jesus e o compromisso com o projeto de salvação que o Pai oferece, em Jesus. As nossas comunidades são, não só em teoria mas também na prática, espaços de igualdade e de fraternidade? Há algum tipo de discriminação na minha comunidade cristã, nomeadamente em relação a pessoas que se entende levarem vidas desregradas e moralmente fracassadas? Se há, que sentido é que isso faz?
ATUALIZAÇÃO DO EVANGELHO (Lc 13,22-30)
Em primeiro lugar, é preciso ter a consciência de que o "Reino" não está condicionado a qualquer lógica de sangue, de etnia, de classe, de ideologia política, de estatuto econômico: é uma realidade que Deus oferece gratuitamente a todos; basta que se acolha essa oferta de salvação, se adira a Jesus e se aceite entrar pela "porta estreita". Tenho consciência de que a comunidade de Jesus é a comunidade onde todos cabem e onde ninguém é excluído e marginalizado?
"Entrar pela porta estreita" significa, na lógica de Jesus, fazer-se pequeno, simples, humilde, servidor, capaz de amar os outros até ao extremo e de fazer da vida um dom. Por outras palavras: significa seguir Jesus no seu exemplo de amor e de entrega. Quando Tiago e João pretenderam reivindicar lugares privilegiados no "Reino", Jesus apressou-Se a dizer-lhes que era necessário primeiro partilhar o destino de Jesus e fazer da vida um dom ("beber o cálice") e um serviço ("o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida"). Jesus é, portanto, o modelo de todos os que querem "entrar pela porta estreita". É o seu exemplo que é proposto a todos os discípulos.
Já constatámos todos que esta "porta estreita" não é, hoje, muito popular. A este propósito, os homens de hoje têm perspectivas bem diferentes de Jesus... A felicidade, a vida plena encontra-se, para muitos dos nossos contemporâneos, no poder, no êxito, na exposição social, nos cinco minutos de fama que a televisão proporciona, no dinheiro (afinal, o novo deus que move o mundo, que manipula as consciências e que define quem tem ou não êxito, quem é ou não feliz). Como nos situamos face a isto? As nossas opções vão mais vezes na linha da "porta larga" do mundo, ou da "porta estreita" de Jesus?
É preciso ter consciência de que o acesso ao "Reino" não é, nunca, uma conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece cada dia e que, cada dia, nós aceitamos ou rejeitamos. Ninguém tem automaticamente garantido, por decreto, o acesso ao "Reino", de forma que possa, a partir de uma certa altura, ter comportamentos pouco consentâneos com os valores do "Reino". O acesso à salvação é algo a que se responde - positiva ou negativamente - todos os dias e que nunca é um dado totalmente seguro e adquirido.
Para nós, assumidamente cristãos, onde está a salvação? Jesus dizia que, no banquete do "Reino", muitos apareceriam a dizer: "comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças"; mas receberiam como resposta: "não sei de onde sois; afastai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade". Este aviso toca de forma especial aqueles que conheceram bem Jesus, que se sentaram com Ele à mesa (da Eucaristia), que escutaram as suas palavras, que fizeram parte do conselho pastoral da paróquia, que foram fiéis guardiães das chaves da igreja ou dos cheques da conta bancária paroquial, que até, se calhar, se sentaram em tronos episcopais ou papais... mas que nunca se preocuparam em entrar pela "porta estreita" do serviço, da simplicidade, do amor, do dom da vida. Esses - Jesus é perfeitamente claro e objetivo - não terão lugar no "Reino".
*Leia a reflexão na íntegra. Clique ao lado no link- Evangelho do dia
21º Domingo do Tempo Comum - Ano C - A salvação começa neste mundo
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*Rita de Cácia Ló.
"Hoje vivemos também um momento de incertezas e conflitos. A pergunta que todos devemos fazer é: Que resposta nossa religião nos leva a dar? Vamos nos fechar em ritos e devoções ou vamos assumir um compromisso na prática? Quais nossas atitudes diante de problemas concretos: esperamos uma solução espiritual ou nossa fé nos leva a agir?
"O evangelho de hoje nos ajuda a aprofundar este questionamento. Durante sua atividade missionária e catequética, Jesus encontrou alguém que lhe fez a seguinte pergunta: “São poucos os que se salvam”? Para responder isso, é necessário, antes, refletir sobre o que significa “salvação”.
Evangelho: Lucas 13,22-30
O evangelho de hoje nos ajuda a aprofundar este questionamento. Durante sua atividade missionária e catequética, Jesus encontrou alguém que lhe fez a seguinte pergunta: “São poucos os que se salvam”?
Para responder isso, é necessário, antes, refletir sobre o que significa “salvação”. No evangelho de Lucas, salvação não é simplesmente ir para o céu depois de morto. A salvação começa já aqui neste mundo, quando vivemos a paz, a vida, a esperança. Tudo o que queremos viver lá no reino do céu, somos convidados a fazer acontecer já aqui neste mundo. Podemos dizer que emprego, salário justo, moradia, saúde e educação são sinais de que a salvação começou a acontecer entre nós. Quando essas coisas não acontecem, é porque a salvação está longe. O perigo, então, é cada um querer se salvar sozinho.
Por isso, Jesus, ao invés de dar uma resposta pronta ou de falar de quantidades, ele dá uma resposta que faz pensar. Ele usa imagens conhecidas: porta estreita, comer e beber, dono da casa. O dono da casa é Deus; comer e beber são ações ligadas à religião judaica nos tempos de Jesus; a porta estreita é a atitude de quem não tem uma religião acomodada.
Jesus começa sua resposta exatamente alertando contra a tentação de cada um garantir sua própria vantagem. É o que ele afirma quando diz “Fazei todo esforço para entrar pela porta estreita”. Jesus sabe que a maioria das pessoas prefere a porta larga, isto é, o que é mais cômodo, prático e lucrativo.
A porta estreita é a porta do compromisso com o próximo e com a sociedade. Sem isso, é impossível estar verdadeiramente comprometido com Deus. Por isso, Jesus alerta contra o engano de pensar que é possível amar diretamente a Deus sem a necessidade de amar ao próximo. Jesus fala de gente que “comeu e bebeu na presença de Deus”, mas que Deus rejeita dizendo “Não sei quem vocês são”. Mais ainda, Jesus diz que as pessoas que têm uma religião fechada em si mesma e preocupada com ritos e devoções, mas que não se abrem para o próximo, são “praticantes da injustiça”.
Hoje celebramos o “dia do catequista”. Os catequistas têm uma grande missão na Igreja: educar de forma continuada e sempre mais profunda aqueles que se sentem atraídos pela proposta de Jesus. Como o profeta anônimo da primeira leitura, os catequistas têm a importante tarefa de indicar o caminho de Deus para crianças, jovens e adultos que vivem as inquietações da vida cotidiana. É deles que o profeta fala quando escreve que muitos irão para ilhas distantes e países desconhecidos para anunciar a glória de Deus? Onde é esta ilha distante? Onde é este país desconhecido? É a nossa paróquia. E quem são esses que vão até lá, com entusiasmo, anunciando a glória de Deus? Os nossos catequistas!
Mas os catequistas são também continuadores do anúncio que Jesus fez. Como Jesus, os catequistas são chamados a questionar os que buscam uma religião de comodismo e com respostas simples e imediatas; a fidelidade à missão pode levar os catequistas a incomodar cristãos que desejam uma religião interessada somente em milagres. Por isso, muitas vezes os catequistas sofrem oposição e recusa. Para muitos homens e muitas mulheres, o compromisso com a catequese é a porta estreita de que Jesus fala.
Que neste dia dos catequistas, rezemos para que os catequistas de nossas paróquias não se cansem nem desanimem, e que tenhamos atitudes positivas de encorajamento e gratidão. Que nossas paróquias e comunidades sejam reconhecidas e agradecidas a tantos cristãos leigos e leigas que dedicam parte de seu tempo e de suas energias para a catequese.
A todos e todas catequistas, que Deus abençoe e recompense todo o tempo e a dedicação ao anúncio do Reino de Deus. Coragem, catequistas... Vamos em frente com a força de Jesus ressuscitado!
*Leiga, graduada em Teologia pela Faculdade Teológica Sul Americana (2006) e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (2006). Atualmente é professora de estudos bíblicos na Escola de Teologia e Espiritualidade Franciscana – ESTEF, de Porto Alegre/RS. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
“Levante a voz pela Amazônia”, pede CNBB em nota.
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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu nota sobre a situação em que classifica de “absurdos incêndios” e outras criminosas depredações em curso na Amazônia. Estas atitudes, segundo o documento, requerem posicionamentos adequados. “É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas”, diz a nota.
No documento, a CNBB ressalta que Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro próximo, no cumprimento de sua tarefa missionária e da evangelização, é sinal de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a vida, a partir do respeito ao meio ambiente.
Confira, abaixo, a íntegra o documento:
Nota da CNBB
O povo brasileiro, seus representantes e servidores têm a maior responsabilidade na defesa e preservação de toda a região amazônica. O Brasil possui significativa extensão desse precioso território, com o rico tesouro de sua fauna, flora e recursos hidrominerais. Os absurdos incêndios e outras criminosas depredações requerem, agora, posicionamentos adequados e providências urgentes. O meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral, em sintonia com o ensinamento do Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Laudato Si’, sobre o cuidado com a casa comum.
“Levante a voz pela Amazônia” é um movimento, agora, indispensável, em contraposição aos entendimentos e escolhas equivocados. A gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos, se levante a voz.
É hora de falar, escolher e agir com equilíbrio e responsabilidade, para que todos assumam a nobre missão de proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os indígenas, de quem somos irmãos. Sem assumir esse compromisso, todos sofrerão com perdas irreparáveis.
O Sínodo dos bispos sobre a Amazônia, em outubro próximo, em sintonia amorosa e profética com a convocação do Papa Francisco, no cumprimento da tarefa missionária e da evangelização, é sinal de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a vida, a partir do respeito ao meio ambiente.
“Levante a voz” para esclarecer, indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e equivocada intervenção humana, em que predominam a “cultura do descarte” e a mentalidade extrativista. A Amazônia é uma região de rica biodiversidade, multiétnica, multicultural e multirreligiosa, espelho de toda a humanidade que, em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, Estados e da Igreja.
É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas. “Levante a voz” na voz profética do Papa Francisco ao pedir, a todos os que ocupam posições de responsabilidade no campo econômico, político e social: “Sejamos guardiões da criação”.
Vamos construir juntos uma nova ordem social e política, à luz dos valores do Evangelho de Jesus, para o bem da humanidade, da Panamazônia, da sociedade brasileira, particularmente dos pobres desta terra. É indispensável para promovermos e preservarmos a vida na Amazônia e em todos os outros lugares do Brasil. Em diálogos e entendimentos lúcidos, que se “levante a voz”!
Brasília-DF, 23 de agosto de 2019
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler, OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
1º Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima – RR
2º Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo Auxiliar de S. Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: http://www.cnbb.org.br
Escapulário de Nossa Senhora do Carmo: Uma reflexão pastoral e espiritual
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Edimar Fernando Moreira
O escapulário de Nossa Senhora do Carmo é uma das principais formas de devoção mariana da Igreja Católica. Essa devoção está diretamente ligada à Ordem Carmelitana. Tal família religiosa surgiu no final do século XII, durante o tempo das cruzadas. Eremitas, vindos principalmente da Europa, se reuniram no Monte Carmelo, na Palestina, junto à fonte do profeta Elias, e, lá estabeleceram morada. Depois de alguns anos, pediram ao patriarca de Jerusalém que lhes dessem uma regra de vida sob a qual todos deveriam continuar vivendo. Lá, construíram estabeleceram uma capela dedicada à Nossa Senhora, no centro de onde ficavam as celas, onde morava cada eremita. Principalmente por conta das invasões bárbaras à Terra Santa, eles retornaram, por volta 1238, à Europa.
Quando os carmelitas chegaram à Europa, tiveram muitas dificuldades para serem reconhecidos como uma Ordem religiosa. Corriam o risco de se extinguirem. Segundo alguns relatos, surgidos principalmente a partir do século XV, São Simão Stock, que seria o geral da Ordem, no ano de 1251 teria feito uma oração a Nossa Senhora pedindo sua proteção sobre os Carmelitas. Ele, segundo essas tradições, teve uma visão dela lhe entregando o escapulário e prometendo sua proteção à todos que estivessem usando o escapulário. Historicamente, a figura de São Simão Stock, bem como o relato de sua visão e sobre o conteúdo da promessa são questões bastante imprecisas e controversas. É um relato sobre o qual pouco se sabe, mas muito se falou e escreveu. Mas, o que vem a ser o escapulário? Por que as os Carmelitas o usavam?
O escapulário é uma um longo pedaço de tecido marrom, com um buraco no qual passa a cabeça, da largura dos ombros, que cobre a parte da frente e das costas da pessoa, até os pés. Os religiosos o colocam sobre a túnica. Antigamente, ele era utilizado como um avental. Por questões de praticidade, difundiu-se entre os leigos, devotos de Nossa Senhora do Carmo, a prática de usar uma versão menor do escapulário, na qual geralmente carrega, além de um pedaço de tecido, as estampas de Nossa Senhora do Carmo, de um lado, e do Sagrado Coração de Jesus do outro. Essa devoção, mesmo que tenha uma origem questionável, ainda pode, a partir de reflexões mais condizentes com nosso tempo, estar em íntima relação com o espirito cristão. Buscaremos, agora, uma proposta para uma reflexão contemporânea para o uso do escapulário a partir de três dimensões.
O escapulário, entendido como hábito, é sinal de consagração por meio da agregação à Família Carmelitana. Naquele tempo, no século XII, esse símbolo, mostrava tanto a pertença quanto a proteção por parte do dono daquele feudo ou fazenda. Assim, quem usava o escapulário de Nossa Senhora do Carmo pertencia ao grupo dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, como é o nosso nome “completo”. Hoje, a Ordem reconhece que todos os que usam o escapulário são carmelitas. Por isso, há uma tradição que geralmente quem faz a imposição do escapulário é um ou uma carmelita ou alguém devidamente autorizado. A pessoa é acolhida nesta família, e dela deve participar de acordo com seu carisma próprio. Somos chamados a ser uma presença orante, fraterna e profética no meio do povo. Desse modo, como cristãos que vivem um carisma específico, devemos viver como Maria, toda para Deus.
O escapulário é sinal de entrega total a Deus. A espiritualidade carmelitana chama isso de “viver em obséquio de Jesus Cristo” (Regra do Carmo, n. 2). Para isso, nós devemos “estar dia e noite meditando na Lei do Senhor” (Regra do Carmo, n. 10). O escapulário toma nossa frente e nossas costas. Isso significa que cada um que usa o escapulário deve também, como Maria, estar todo para Deus. Maria foi obediente e se ofereceu “todinha” a Deus (cf. Lc 1, 26). Nós também, como carmelitas, devemos fazer o mesmo. Essa entrega ao Pai, por sua vez, nos leva ao próximo.
Como já vimos, o escapulário é, antes de qualquer coisa, um avental. Usamos avental para o trabalho! Antigamente, o usavam aqueles que estavam a serviço no campo, na horta, nos afazeres da casa. Nossa Senhora nos ensina que devemos estar sempre a serviço. Nas bodas de Canã, ela, mesmo sendo apenas convidada para a festa, estava na cozinha, atenta às realidades das pessoas que podem levá-las a ter sua dignidade humana violada. O carmelita é convidado a estar na cozinha do mundo! Sabemos que o melhor caminho é estar atentos a fazer o que “Ele” nos disser, servindo ao Senhor, principalmente nos mais necessitados (cf. Jo 2, 1-12). Por isso, quem veste esse avental deve estar sempre em atitude de serviço (cf. Jo 13, 1-20).
Por isso, vemos que o escapulário de Nossa Senhora do Carmo nos compromete a seguir os passos de Maria de Nazaré em atitude de obediência a Deus e no serviço a Cristo na busca de uma vivência fraterna entre os irmãos. Vestir o escapulário, portanto, não é um privilégio, mas um convite a missão. Vivendo em obséquio de Jesus Cristo e meditando dia e noite na Lei do Senhor, o carmelita segue, junto com Maria, os passos de Jesus de Nazaré. Ele nos convida a trabalhar, guiados pelo Espírito Santo, na construção do Reino de Deus. Confiantes na proteção de Nossa Senhora e com o coração todo voltado para Deus, nos colocamos com nossa irmã como discípulos-missionários na construção de um reino de Amor e Justiça. Esse caminho não é fácil! É por ele, porém, que nosso bentinho se aproxima da nossa missão assumida no Batismo e torna um sinal visível de uma devoção verdadeira e profética.
Para saber mais
CATHECHESIS AND RITUAL. The Scapular of Our Lady of Mount Carmel. Washington: 2000.
FRAGOSO, José. Escapulário do Carmo: a força do fraco. São Paulo: Edições Paulinas, 1988.
MESTERS, Carlos. Venha beber desta fonte. Belo Horizonte: O Lutador, 2000.
22 de agosto- Nossa Senhora Rainha: Conheça esta devoção.
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Origens
A festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha é conhecida também festa do “Reinado de Maria”. Ela foi instituída no ano 1954 pelo Papa Pio XII. Aconteceu quando ele coroou Nossa Senhora na Basílica de Santa Maria Maior, que fica em Roma, Itália. No dia 11 de Outubro de 1954, Pio XII promulgou também a Encíclica Ad Caeli Reginam (A Rainha do Céu). A carta é um tratado sobre a realeza e a dignidade de Maria.
A data
A princípio, a data da festa foi estabelecida para o dia 31 de Maio, mês de Maria. Agora, porém, a celebração acontece na oitava da Assunção, isto é, oito dias após a festa da Assunção de Nossa Senhora. Assim, fica manifesta a íntima ligação entre a Assunção de Maria e sua coroação no céu.
Fundamentação
O Papa Pio XII deixa claro na Encíclica Ad Caeli Reginam, que "os Teólogos da Igreja, extraindo sua doutrina" consultaram os escritos e sermões de vários Santos, bem como testemunhos da Tradição antiga. Em todos esses casos, lê-se na Encíclica, os santos e a Tradição "referem-se à Santíssima Mãe Virgem Rainha de todas as coisas criadas, Rainha do mundo, Senhora do universo".
O reinado de Maria depende do Reinado de Cristo
A celebração do Reinado de Nossa Senhora tem sua origem na festa de Cristo Rei do Universo, ou, festa do “Reinado de Cristo”. Como Jesus Cristo é Rei, sua mãe terrena, pura e imaculada, também é Rainha. Não se trata de um reino deste mundo, mas de um reinado eterno, universal, segundo a vontade de Deus.
Vaticano II
O livro Lumen Gentium (Luz dos Povos), do Concílio Vaticano II, no Capítulo 59, diz: "A Virgem Imaculada (…) foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada por Deus como rainha, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte".
Os Papas e o Reinado de Maria
Papa Paulo VI
O beato Papa Paulo VI, em sua Exortação Apostólica intitulada Marialis Cultus (Culto a Maria), escreveu: “... na Virgem Maria tudo é referido a Cristo e tudo depende Dele: em vistas a Ele, Deus Pai a escolheu desde toda a eternidade como Mãe toda Santa e a adornou com dons do Espírito Santo que não foram concedidos a nenhum outro”. Por isso, ela é Rainha do céu e da terra.
Papa Bento XVI
Na festa de Nossa Senhora Rainha de 2012, o Papa emérito Bento XVI disse: “... esta realeza da Mãe de Deus se faz concreta no amor e no serviço a seus filhos, em seu constante velar pelas pessoas e suas necessidades.” O reinado de Nossa Senhora aparece concretamente para nós que vivemos neste mundo, através do amor e do serviço de proteção e intercessão que ela presta a nós, que ainda caminhamos neste mundo.
São Luis de Monfort
São Luis Maria Grignon de Monfort, autor do Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria, escreveu no número 38: "Maria é a rainha do Céu e da terra, por graça, como Cristo é Rei por natureza e por conquista".
Oração a Nossa Senhora Rainha
“Ó, Maria sem pecado concebida! A mais Preciosa Menina, Rainha das Maravilhas. Ajuda-me neste dia a ser sempre teu verdadeiro filho, para chegar um dia ao Deus da Vida. És Rainha do Céu e da Terra, gloriosa e digna Rainha do Universo a quem podemos invocar de dia e de noite, não só com o doce nome de Mãe, mas também com o de Rainha, como te saúdam no Céu com alegria e amor todos os Anjos e Santos. Nossa Senhora Rainha, Celeste Aurora, enviai a Luz Divina do Universo para me ajudar a resolver estes problemas (descrever resumidamente os problemas) Amém.”
Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai. Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
Quinta-feira, 22 de agosto-2019. 20ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Festa de Nossa Senhora Rainha - 22 de agosto
1) Oração
Ó Deus, que fizestes a Mãe do vosso Filho nossa Mãe e Rainha, dai-nos, por sua intercessão, alcançar o reino do céus e a glória prometida aos vossos filhos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 1,26-38)
Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,27a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.28Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.29Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.30O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.31Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.32Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó,33e o seu reino não terá fim.34Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?35Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.36Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,37porque a Deus nenhuma coisa é impossível.38Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.
3) Reflexão
Hoje é a festa de Maria Rainha. O texto que meditamos no evangelho descreve a visita do anjo a Maria (Lc 1,26-38). A Palavra de Deus chega a Maria não através de um texto bíblico, mas através de uma experiência profunda de Deus, manifestada na visita do anjo. No AT, muitas vezes, o Anjo de Deus é o próprio Deus. Foi graças à ruminação da Palavra escrita de Deus na Bíblia, que Maria foi capaz de perceber a Palavra viva de Deus na visita do Anjo. Assim também acontece com a visita de Deus em nossas vidas. As visitas de Deus são frequentes. Mas por falta de ruminação da Palavra escrita de Deus na Bíblia, não percebemos a visita de Deus em nossas vidas. A visita de Deus é tão presente e tão contínua que, muitas vezes, já nem a percebemos e, por isso, perdemos uma grande oportunidade de viver na paz e na alegria.
Lucas 1,26-27: A Palavra faz a sua entrada na vida.
Lucas apresenta as pessoas e os lugares: uma virgem chamada Maria, prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi. Nazaré, uma cidadezinha na Galileia. Galileia era periferia. O centro era Judeia e Jerusalém. O anjo Gabriel é o enviado de Deus para esta moça virgem que morava na periferia. O nome Gabriel significa Deus é forte. O nome Maria significa amada de Javé ou Javé é o meu Senhor. A história da visita de Deus a Maria começa com a expressão “No sexto mês”. Trata-se do "sexto mês" da gravidez de Isabel, parenta de Maria, uma senhora já de idade, precisando de ajuda. A necessidade concreta de Isabel é o pano de fundo de todo este episódio. Encontra-se no começo (Lc 1,26) e no fim (Lc 1,36.39).
Lucas 1,28-29: A reação de Maria.
Foi no Templo que o anjo apareceu a Zacarias. A Maria ele aparece na casa dela. A Palavra de Deus atinge Maria no ambiente da vida de cada dia. O anjo diz: “Alegra-te! Cheia de graça! O Senhor está contigo!” Palavras semelhantes já tinham sido ditas a Moisés (Ex 3,12), a Jeremias (Jr 1,8), a Gedeão (Jz 6,12), a Rute (Rt 2,4) e a muitos outros. Elas abrem o horizonte para a missão que estas pessoas do Antigo Testamento deviam realizar a serviço do povo de Deus. Intrigada com a saudação, Maria procura saber o significado. Ela é realista, usa a cabeça. Quer entender. Não aceita qualquer aparição ou inspiração.
Lucas 1,30-33: A explicação do anjo.
“Não tenha medo, Maria!” Esta é sempre a primeira saudação de Deus ao ser humano: não ter medo! Em seguida, o anjo recorda as grandes promessas do passado que vão ser realizadas através do filho que vai nascer de Maria. Este filho deve receber o nome de Jesus. Ele será chamado Filho do Altíssimo e nele se realizará, finalmente, o Reino de Deus prometido a Davi, que todos estavam esperando ansiosamente. Esta é a explicação que o anjo dá a Maria para ela não ficar assustada.
Lucas 1,34: Nova pergunta de Maria
Maria tem consciência da missão importante que está recebendo, mas ela permanece realista. Não se deixa embalar pela grandeza da oferta e olha a sua condição: “Como é que vai ser isto, se eu não conheço homem algum?” Ela analisa a oferta a partir dos critérios que nós, seres humanos, temos à nossa disposição. Pois, humanamente falando, não era possível que aquela oferta da Palavra de Deus se realizasse naquele momento.
Lucas 1,35-37: Nova explicação do anjo
O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus”. O Espírito Santo, presente na Palavra de Deus desde o dia da Criação (Gênesis 1,2), consegue realizar coisas que parecem impossíveis. Por isso, o Santo que vai nascer de Maria será chamado Filho de Deus. Quando hoje a Palavra de Deus é acolhida pelos pobres sem estudo, algo novo acontece pela força do Espírito Santo! Algo tão novo e tão surpreendente como um filho nascer de uma virgem ou como um filho nascer de Isabel, uma senhora já de idade, da qual todo mundo dizia que ela não podia ter nenêm! E o anjo acrescenta: “E olhe, Maria! Isabel, tua prima, já está no sexto mês!”
Lucas 1,38: A entrega de Maria.
A resposta do anjo clareou tudo para Maria. Ela se entrega ao que Deus estava pedindo: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra”. Maria usa para si o título de Serva, empregada do Senhor. O título vem de Isaías, que apresenta a missão do povo não como um privilégio, mas sim como um serviço aos outros povos (Is 42,1-9; 49,3-6). Mais tarde, Jesus, o filho que estava sendo gerado naquele momento, definirá sua missão: “Não vim para ser servido, mas para servir!” (Mt 20,28). Aprendeu da Mãe!
Lucas 1,39: A forma que Maria encontra para servir
A Palavra de Deus chegou e fez com que Maria saísse de si para servir aos outros. Ela deixa o lugar onde estava e vai para a Judeia, a mais de quatro dias de viagem, para ajudar sua prima Isabel. Maria começa a servir e cumprir sua missão a favor do povo de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1-Como você percebe a visita de Deus em sua vida? Você já foi visitada ou visitado? Você já foi uma visita de Deus na vida dos outros, sobretudo dos pobres? Como este texto nos ajuda a descobrir as visitas de Deus em nossa vida?
2-A Palavra de Deus se encarnou em Maria. Como a Palavra de Deus está tomando carne na minha vida pessoal e na vida da comunidade?
5) Oração final
Que louvem o Senhor por sua bondade e por suas maravilhas em favor dos homens. Pois saciou quem tinha sede, e cumulou de bens os que tinham fome. (Sl 106, 8-9)
Quarta-feira, 21 de agosto-2019. 20ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, que preparastes para quem vos ama bens que nossos olhos não podem ver; acendei em nossos corações a chama da caridade para que, amando-vos em tudo e acima de tudo, corramos ao encontro das vossas promessas que superam todo desejo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Mateus 20,1-16a)
1Com efeito, o Reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para sua vinha. 2Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para sua vinha. 3Cerca da terceira hora, saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. 4Disse-lhes ele: - Ide também vós para minha vinha e vos darei o justo salário. 5Eles foram. À sexta hora saiu de novo e igualmente pela nona hora, e fez o mesmo. 6Finalmente, pela undécima hora, encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: - Por que estais todo o dia sem fazer nada?7Eles responderam: - É porque ninguém nos contratou. Disse-lhes ele, então: - Ide vós também para minha vinha. 8Ao cair da tarde, o senhor da vinha disse a seu feitor: - Chama os operários e paga-lhes, começando pelos últimos até os primeiros. 9Vieram aqueles da undécima hora e receberam cada qual um denário. 10Chegando por sua vez os primeiros, julgavam que haviam de receber mais. Mas só receberam cada qual um denário. 11Ao receberem, murmuravam contra o pai de família, dizendo: 12Os últimos só trabalharam uma hora... e deste-lhes tanto como a nós, que suportamos o peso do dia e do calor. 13O senhor, porém, observou a um deles: - Meu amigo, não te faço injustiça. Não contrataste comigo um denário? 14Toma o que é teu e vai-te. Eu quero dar a este último tanto quanto a ti. 15Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Porventura vês com maus olhos que eu seja bom? 16Assim, pois, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.
3) Reflexão Mateus 20,1-16
O evangelho de hoje traz uma parábola que só é relatada por Mateus. Ela não existe nos outros três evangelhos. Como em todas as parábolas, Jesus conta uma história feita de elementos do dia-a-dia da vida do povo. Ele retrata a situação social do seu tempo, na qual os ouvintes se reconhecem. Mas ao mesmo tempo, na história desta parábola, acontecem coisas que nunca acontecem na realidade da vida do povo. É que, ao falar do patrão, Jesus pensa em Deus, seu Pai. Por isso, na história da parábola, o patrão faz coisas surpreendentes que não acontecem no dia-a-dia da vida dos ouvintes. É nesta atitude estranha do patrão, que deve ser procurada a chave para a compreensão do mensagem da parábola.
Mateus 20,1-7: As cinco vezes que o patrão sai em busca de operários
"O Reino do Céu é como um patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha” Assim começa a história que fala por si e nem precisaria de muito comentário. No que segue, o patrão sai mais quatro vezes chamando operários para trabalhar na sua vinha. Jesus alude ao terrível desemprego daquela época. Alguns detalhes da história: (1) O próprio patrão sai pessoalmente cinco vezes para contratar operários. (2) Na hora de contratar os operários, é só com o primeiro grupo que ele acerta o salário: um denário por dia. Com os da nona hora ele diz: Eu lhes pagarei o que for justo. Com os outros ele não acertou nada. Apenas os contratou para trabalhar na vinha. (3) No fim do dia, na hora de acertar as contas com os operários, o patrão manda que o administrador faça o serviço.
Mateus 20,8-10: A estranha maneira de acertar as contas no fim do dia
Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros. Aqui, na hora de acertar as contas, acontece algo estranho que não acontece na vida comum. Parece a inversão das coisas. O pagamento começa com os que foram contratados por último e que trabalharam apenas uma única hora. O pagamento é o mesmo para todos: um denário, como tinha sido combinado com os que foram contratados no começo do dia. No fim, chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata. Por que o patrão faz isso? Você faria assim? É aqui neste gesto surpreendente do patrão que está escondida a chave da mensagem desta parábola.
Mateus 20,11-12: A reação normal dos operários diante da estranha atitude do patrão
Os últimos a receber o salário eram os que foram contratados por primeiro. Estes, assim diz a história, ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão e disseram: “Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor do dia inteiro!” É a reação normal do bom senso. Creio que todos nós teríamos a mesma reação e diríamos a mesma coisa ao patrão. Ou não?
Mateus 20,13-16: A explicação surpreendente do Patrão que fornece a chave da parábola
A resposta do patrão é esta: “Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? Tome o que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?” Estas palavras trazem a chave que explica a atitude do patrão e aponta a mensagem que Jesus quer comunicar: (1) O patrão não foi injusto, pois ele agiu de acordo com o que tinha sido combinado com o primeiro grupo de operários: um denário por dia. (2) É decisão soberano do patrão de dar aos últimos o mesmo que tinha sido combinado com os da primeira hora. Estes não têm direito de reclamar. (3) Atuando dentro da justiça, o patrão tem o direito de fazer o bem que ele quer com as coisas que lhe pertencem. O operário da parte dele tem este mesmo direito. (4) A pergunta final toca no ponto central: Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?' Deus é diferente mesmo! Ele não cabe nos nossos pensamentos (Is 55,8-9).
O pano de fundo da parábola é a conjuntura daquela época, tanto de Jesus como de Mateus. Os operários da primeira hora são o povo judeu, chamado por Deus para trabalhar em sua vinha. Eles sustentaram o peso do dia, desde Abraão e Moisés, bem mais de mil anos. Agora, na undécima hora, Jesus chama os pagãos para ir trabalhar na sua vinha e eles chegam a ter a preferência do coração de Deus. “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
4) Para um confronto pessoal
1) Os da undécima hora chegam, levam vantagem e recebem prioridade na fila diante da entrada do Reino de Deus. Quando você espera duas horas numa fila e chega alguém que, sem mais, se coloca na frente de você, você aceitaria? Dá para comparar as duas situações?
2) A ação de Deus ultrapassa nossos cálculos e nosso jeito humano de atuar. Ele surpreende e às vezes incomoda. Isto já aconteceu alguma vez na sua vida? Qual a lição que tirou?
5) Oração final
A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias. (Sl 22, 6)
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