OLHAR DO DIA: Deus no fundo
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No olhar do dia nesta segunda 3 de junho de 2019- Direto da Rodovia Presidente Dutra/SP- vamos tentar ver Deus nos fatos e acontecimentos que nos cercam.
Igrejas celebram Semana de Oração pela Unidade Cristã
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Nos dias que antecedem a festa de Pentecostes, é celebrada no hemisfério Sul a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC). De 2 a 9 de junho, é proposto para reflexão o tema inspirado no livro de Deuteronômio: “Procurarás a justiça, nada além da justiça” (Dt 16.11-20).
Promovida mundialmente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas, a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC) convida à celebração da Justiça fundamentada na graça de Deus, de acordo com carta divulgada pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
“Esta justiça nos desafia a olharmos para a complexidade dos problemas da humanidade, a revermos as relações de poder e a compreendermos que os interesses individuais ou de grupos econômicos não podem ser colocados acima dos seres humanos, da integridade da Criação e do bem-estar da humanidade”, lê-se no texto assinado pelos representantes das Igrejas-membro.
Neste ano, o SOUC foi preparada por cristãos da Indonésia. O país de 265 milhões de pessoas tem 10% de cristãos. No Brasil, a preparação ficou por conta do Conic de Minas Gerais. Na carta divulgada pelo Conic, são lembrados os rompimentos das barragens de rejeitos de mineração provocados “pelos interesses econômicos de grupos financeiros que têm na mineração a sua geração de riquezas”. Os representantes das Igrejas afirmam ser impossível não pensar nas pessoas de diferentes tradições de fé e também nas pessoas que não se vinculam a tradições religiosas que perderam amigos, amigas e familiares no rompimento da Barragem do Córrego do Feijão.
“Queremos orar para que a Justiça da graça de Deus subverta a justiça humana que nem sempre assegura a reparação às pessoas afetadas pela ação de grandes corporações. Que das vidas interrompidas, pela destruição ambiental provocada pelo rompimento desta barragem sejam colocados acima das perdas financeiras das empresas mineradoras”, afirmam.
Nas intenções desta semana, as famílias afetadas pela mineração, as pessoas que dependem do rio Doce, do rio Paraopeba e do Rio São Francisco para sobreviverem. “Estes rios sofrem os impactos da exploração mineradora. Que possamos atuar para a recuperação dos rios. Em nossas orações, lembremos dos povos indígenas que também sofrem com esta a destruição e pelas inúmeras famílias camponesas que perderam suas roças”.
Assinaram a carta do Conic: dom Leonardo Ulrich Steiner, bispo auxiliar de Brasília (DF) e ex-secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); pastora Sílvia Beatrice Genz,Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; bispo Naudal Gomes, bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; presbítera Anita Sue Wright Torres, moderadora da igreja Presbiteriana Unida do Brasil; dom Paulo Titus, arcebispo da Igreja Sirian Ortodoxa de Antoquia; e pastor Paulo César Pereira, presidente da Aliança de Batistas do Brasil. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Segunda-feira, 3 de junho-2019. 7ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Nós vos pedimos, ó Deus, que venha a nós a força do Espírito Santo, para que realizemos fielmente a vossa vontade e a manifestemos por uma vida santa.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Jo 16, 29-33)
29Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas claramente e a tua linguagem já não é figurada e obscura. 30Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém te pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus. 31Jesus replicou-lhes: Credes agora!... 32Eis que vem a hora, e ela já veio, em que sereis espalhados, cada um para o seu lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o Pai está comigo. 33Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.
3) Reflexão - Jo 16,29-33
O contexto do evangelho de hoje continua sendo o ambiente da Última Ceia, ambiente de confraternização e de despedida, de tristeza e de expectativa, no qual se reflete a situação das comunidades da Ásia Menor do fim do primeiro século. Para poder entender bem os evangelhos, não podemos nunca esquecer que eles não relatam as palavras de Jesus como se fossem gravadas num CD para transmiti-las literalmente. Os Evangelhos são escritos pastorais que procuram encarnar e atualizar as palavras de Jesus nas novas situações em que se encontravam as comunidades na segunda metade do primeiro século na Galiléia (Mateus), na Grécia (Lucas), na Itália (Marcos) e na Ásia Menor (João). No evangelho de João, as palavras e as perguntas dos discípulos não são só dos discípulos, mas nelas transparecem também as perguntas e os problemas das comunidades. São espelhos, nos quais as comunidades, tanto as daquele tempo como as de hoje, se reconhecem com suas tristezas e angústias, com suas alegrias e esperanças. Elas encontram luz e força nas respostas de Jesus.
João 16,29-30: Agora estás falando claramente
Jesus tinha dito aos discípulos: O próprio Pai ama vocês, porque vocês me amaram e acreditaram que eu saí de junto de Deus. Eu saí de junto do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai (Jo 16,27-28). Ouvindo esta afirmação de Jesus, os discípulos respondem: Agora estás falando claramente e sem comparações. Agora sabemos que tu sabes todas as coisas, e que é inútil alguém te fazer perguntas. Agora sim, acreditamos que saíste de junto de Deus". Os discípulos acham que entenderam tudo. Sim, realmente, eles captaram uma luz verdadeira para clarear seus problemas. Mas era uma luz ainda muito pequena. Captaram a semente, mas por ora não conhecem a árvore. A luz ou a semente era a intuição básica da fé de que Jesus é para nós a revelação de Deus como Pai: Agora sim, acreditamos que saíste de junto de Deus. Mas isto era apenas o começo, a semente. Jesus, ele mesmo, era e continua sendo a grande parábola ou revelação de Deus para nós. Nele Deus chega até nós e se revela. Mas Deus não cabe em nossos esquemas. Ultrapassa tudo, desarruma nossos esquemas e traz surpresas inesperadas que, por vezes, são muito dolorosas.
João 16,31-32: Vocês me deixam só, mas não estou só. O Pai está comigo
Jesus pergunta: "Agora vocês acreditam? Ele conhece seus discípulos. Sabe que falta muito para a compreensão total do mistério de Deus e da Boa Nova de Deus. Sabe que, apesar da boa vontade e apesar da luz que acabaram de receber naquele momento, eles ainda deviam enfrentar a surpresa inesperada e dolorosa da Paixão e Morte de Jesus. A pequena luz que captaram não bastava para vencer a escuridão da crise: Vem a hora, e já chegou, em que vocês se espalharão, cada um para o seu lado, e me deixarão sozinho. Mas eu não estou sozinho, pois o Pai está comigo. Esta é a fonte da certeza de Jesus e, através de Jesus, esta é e será a fonte da certeza de todos nós: O Pai está comigo! Quando Moisés foi enviado para a missão de libertar o povo da opressão do Egito, ele recebeu esta certeza: “Vai! Estou com você!” (Ex 3,12). A certeza da presença libertadora de Deus está expressa no nome que Deus assumiu na hora de iniciar o Êxodo e de libertar o seu povo: JHWH, Deus conosco: Este é o meu nome para sempre (Ex 3,15). Nome que ocorre mais de seis mil vezes só no Antigo Testamento.
João 16,33: Coragem! Venci o mundo!
E vem agora a última frase de Jesus que antecipa a vitória e que será fonte de paz e de resistência tanto para os discípulos e discípulas daquele tempo como para todos nós, até hoje: Eu disse essas coisas, para que vocês tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo. “Com seu sacrifício por amor, Jesus vence o mundo e o Satanás. Seus discípulos são chamados a participar da luta e da vitória. Sentir o ânimo que ele infunde já é ganhar uma batalha” (L.A.Schokel).
4) Para confronto pessoal
1) Uma pequena luz ajudou os discípulos a dar um passo, mas não iluminou o caminho todo. Você já teve uma experiência assim na sua vida?
2) Coragem! Eu venci o mundo! Esta frase de Jesus já te ajudou alguma vez em sua vida?
5) Oração final
Protege-me, ó Deus: em ti me refugio. Eu digo ao Senhor: “És tu o meu Senhor,
fora de ti não tenho bem algum”. O Senhor é a minha parte da herança e meu cálice: Nas tuas mãos está a minha vida (Sl 15).
DOMINGO 2 DE JUNHO: *Solenidade da Ascensão – Ano C. (Lc 24,46-53)
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A Solenidade da Ascensão de Jesus que hoje celebramos sugere que, no final de um caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, em comunhão com Deus. Sugere, também, que Jesus nos deixou o testemunho e que somos agora nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
ATUALIZAÇÃO
A ressurreição/ascensão de Jesus convida-nos a ver a vida com outros olhos – os olhos da esperança. Diz-nos que o sofrimento, a perseguição, o ódio, a morte, não são a última palavra para definir o quadro do nosso caminho; diz-nos que no final de um caminho percorrido na doação, na entrega, no amor vivido até às últimas consequências, está a vida definitiva, a vida de comunhão com Deus. Esta esperança permite-nos enfrentar o medo, os nossos limites humanos, o fanatismo, o egoísmo dos fazedores de pecado e permite-nos olhar com serenidade para esse qualquer coisa de novo que nos espera, para esse futuro de vida plena que é o nosso destino final.
A ascensão de Jesus e, sobretudo, as palavras finais de Jesus, que convocam os discípulos para a missão, sugerem a nossa responsabilidade na construção desse mundo novo onde habita a justiça e a paz; sugerem que a proposta libertadora que Jesus fez a todos os homens está agora nas nossas mãos e que é nossa responsabilidade torná-la realidade; sugerem que nós, os seguidores de Jesus, temos de construir, com o esforço de todos os dias, o novo céu e a nova terra. Sentimos, de fato, esta responsabilidade? Preocupamo-nos em tornar realidade no mundo os gestos libertadores de Cristo? Procuramos construir, no dia a dia, esse mundo novo de justiça, de fraternidade, de liberdade e de paz?
A alegria que brilha nos olhos e nos corações desses discípulos que testemunham a entrada definitiva de Jesus na vida de Deus tem de ser uma realidade que transparece na nossa vida. Os seguidores de Jesus, iluminados pela fé, têm de testemunhar, com a sua alegria, a certeza de que os espera, no final do caminho, a vida em plenitude; e têm de testemunhar, com a sua alegria, a certeza de que o projeto salvador e libertador de Deus está a atuar no mundo, está a transformar os corações e as mentes, está a fazer nascer, dia a dia, o Homem Novo.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link: EVANGELHO DO DIA. Siga-nos também aqui: www.instagram.com/freipetronio
'Não é nossa tarefa fazer avaliação de governos', diz presidente da CNBB
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Dom Walmor comentou que o primeiro encontro com Bolsonaro foi uma visita de aproximação e diálogo
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Ao sair da primeira reunião com o presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira (29/5), o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, comentou que o primeiro encontro com o chefe do Executivo foi uma visita de aproximação e diálogo.
“Essa visita foi uma visita de aproximação e diálogo e não para dar recados”, afirmou Dom Walmor na saída do Palácio do Planalto. O presidente da entidade se recusou a fazer uma avaliação dos primeiros meses do governo Bolsonaro ao ser questionado sobre o tema. “Não é tarefa da CNBB fazer avaliação de desempenho de governos”, se limitou a dizer.
Recentemente, Dom Walmor, eleito presidente da entidade no início deste mês, comentou em entrevista ao Estadão que teme o que pode acontecer caso a flexibilização da posse e porte de armas aconteça “em uma sociedade cheia de polarizações” como o Brasil.
No entanto na saída do encontro com o presidente, Dom Walmor não deixou claro se o decreto nº 9785, que trata da posse e porte de armas de fogo no país, foi abordado na conversa. “Nós tratamos apenas no sentido de nos aproximarmos de colaborarmos e de contribuirmos como igreja”, disse ao ser questionado. Fonte: www.correiobraziliense.com.br
“A conversa com o presidente Bolsonaro foi amigável”, disse dom Walmor
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Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, visitou o Presidente da República, Jair Bolsonaro, na tarde desta quarta-feira, 29 de maio. Na saída do encontro, falando com a equipe da TV Canção Nova, o presidente da CNBB disse: “A conversa com o presidente Bolsonaro foi amigável. Viemos como presidência da CNBB fazer uma visita cordial e de cortesia. Dizer a importância do diálogo e da nossa proximidade, porque como Igreja Católica, a partir dos valores do Evangelho e do tesouro maior que nós temos, a nossa fé, olhamos o Brasil nos seus muitos desafios. Estamos aqui para dialogar, colaborar, com todos os poderes, com todos os segmentos da sociedade, porque a Igreja, quando anuncia o Reino de Deus, ilumina o coração e a mente de todas as pessoas buscando sempre promover a vida em todas as suas etapas”.
O encontro
Segundo a Canção Nova, a reunião foi a portas fechadas, sem autorização para imagens nem áudio da imprensa. O encontro entre as autoridades começou por volta das 14h e durou menos de uma hora, no Palácio do Planalto. Também estavam presentes os dois vice-presidentes, dom Jaime Spengler e dom Mário Antônio e o secretário-geral, dom Joel Portella.
Ao ser abordado pela reportagem, dom Walmor disse também que a visita não foi para ‘dar recados’, mas para caminhar juntos pelo bem da sociedade brasileira. Fonte: http://www.cnbb.org.br
OLHAR DO DIA: 10 Anos no Rio.
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No olhar do dia desta quinta-feira 30 de maio-2019, veja uma exposição dos 10 anos da presença do Cardeal Orani João Tempesta a frente da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Colisão entre caminhão e ônibus de católicos mata 21 no México
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Veículos bateram e pegaram fogo em estrada entre Veracruz e Puebla. Ônibus regressava após viagem à Basílica de Guadalupe, na Cidade do México.
Ao menos 21 pessoas morreram nesta quarta-feira (29) no estado mexicano de Veracruz quando um caminhão colidiu com um ônibus, provocando o incêndio dos dois veículos, informou a Defesa Civil.
Foram retirados 17 corpos do ônibus e duas pessoas da cabine do caminhão. Outras duas pessoas levadas a um hospital não resistiram aos ferimentos, disse a secretária da Defesa Civil de Veracruz, Guadalupe Osorno.
A funcionária informou que a maioria das vítimas no ônibus era formada por fiéis católicos que regressavam ao estado de Chiapas (sul) após uma peregrinação à Basílica de Guadalupe, na Cidade do México.
A arquidiocese de Tuxtla Gutiérrez, capital de Chiapas, manifestou suas condolências e lamentou "profundamente o falecimento de várias pessoas neste acidente". A colisão ocorreu no trecho entre Veracruz e Puebla, na região montanhosa conhecida como Cumbres de Maltrata, onde a presença de neblina é frequente.
A TV mexicana mostrou o ônibus caído e totalmente calcinado pelas chamas. Segundo as equipes de emergência, um dos veículos perdeu os freios e colidiu contra o outro. Fonte: https://g1.globo.com
Os cristãos entre Babel e Jerusalém
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Nos últimos cinquenta anos, a população das cidades cresceu exponencialmente, de modo que hoje a maioria dos homens e mulheres do mundo mora na cidade, nas megalópoles, a tal ponto que se pode afirmar que agora estamos na presença de uma grande cidade global. As populações abandonam inexoravelmente o campo e os espaços rurais para convergirem para essas imensas cidades que são lugares de transformação de identidade, de vida, de visões e de estilos: um verdadeiro laboratório da nova humanização. Este nosso século começou como época das cidades e é difícil prever seus resultados e direções. O comentário é do monge italiano Enzo Bianchi, fundador da Comunidade de Bose, em artigo publicado por Vita Pastorale, 05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A cidade é uma realidade que surgiu para proteger a humanidade e promover processos de humanização na sociabilidade. Isso se opõe ao perigo de um nomadismo que dessitua o homem e não lhe permite cuidar, trabalhar e "reinar" sobre a terra; opõe-se à absolutez do clã que fornece uma identidade aprisionada no espaço da similaridade e do parentesco; se opõe ao isolamento resultante de uma troca rara e do difícil encontro com os outros. A cidade foi e é o lugar por excelência para a construção e manifestação da humanidade, o lugar mais fecundo para a exaltação do ethos, precisamente porque construir uma cidade significa fazer uma obra arquitetônica ética, que molda a relação das pessoas entre si.
Mas, diante do fenômeno "cidade", os cristãos que a habitam e participam como cidadãos de sua construção, que relação conseguem tecer e que postura devem ter? A cidade é uma realidade que há pelo menos três milênios registra o confronto dos crentes no Deus de Abraão com ela e com o que ela representa no mundo. Não é fácil delinear essa relação vivida de forma diferente nas diversas épocas e áreas culturais. Seria possível afirmar que a cidade sempre carrega o sinal de ambiguidade e que o juízo sobre ela oscila entre a condenação da cidade violenta e homicida e a invocação da cidade da paz, uma cidade futura que parece poder resultar apenas como dom do outro.
Os crentes, portanto, são sempre habitantes da cidade, mas vivem dentro dela a condição de peregrinos e viajantes, e mesmo não tendo dívidas com ela, nunca se identificam com a cidade em que habitam. Nesse breve contributo, só poderei fazer alusões a algumas cidades que na Bíblia adquirem um valor emblemático e, consequentemente, podem oferecer uma mensagem eloquente para a nossa atualidade. Deve-se imediatamente constatar que nas primeiras páginas da Bíblia a cidade aparece sob um signo negativo. É Caim, o assassino fratricida, o primeiro construtor de uma cidade, que chama Enoque, como o filho que ele havia gerado (cf. Gen 4:17). Nessa afirmação há uma marca sombria, originada de uma cultura que julgava negativamente o fenômeno da urbanização e o abandono da vida nômade.
A cidade permite uma epifania do mal, da violência, muito mais do que a vida nômade ou rural, por isso é imediatamente assimilada às realidades dos submundos, as periferias infernais, da organização da criminalidade e do vício. Nas cidades nascem as artes, desenvolve-se as atividades artesanais, mas a prostituição também se estabelece mais facilmente (cf. Gen 4, 21-22). Por essa razão, foi possível repetir com tristeza: "Deus fez o primeiro jardim, Caim fez a primeira cidade". Precisamente nessa visão pessimista da cidade, sempre dentro dos primeiros capítulos do Gênesis, para denunciar o pecado social é descrita a construção por parte dos homens da cidade de Babel, "portão de Deus" (cf. Gen 11,1-9). Babel é a cidade que se volta contra Deus, a cidade idólatra que quer ocupar o céu, negar o Deus vivo e celebrar o homem; é a cidade totalitária e autossuficiente, a megalópole que, em vez de subjugar a terra, sobe ao céu; é a cidade da alienação, que cria escravos, oprimidos e nega toda alteridade e diversidade. Essa cidade, que sabemos ter sua mais alta encarnação no império totalitário da Babilônia, assume um valor simbólico na Bíblia: os profetas a condenam, pressagiam "problemas" e advertências, pregam sua destruição.
Os crentes deverão, portanto, sempre se opor a Babel, encarnada no poder totalitário e violento dos babilônios, dos assírios, dos soberanos helenistas e do imperialismo romano ... Para Isaías, Jeremias e os outros profetas, até o Apocalipse de João, a cidade de Babel/Babilônia reúne em si todas as perversões da história e as alienações da humanidade oprimida. Mas diante da Babilônia, eis o anúncio da cidade de justiça e da paz, Jerusalém, a cidade de Deus porque desejada por ele, dotada de uma vocação centrípeta para todos os povos e populações, vocação para a comunhão, para a unidade e fraternidade: é "a cidade de Deus com os homens" (cf. Ap 21, 3). Por quatrocentos anos, Jerusalém foi a cidade do Messias, aquela em que Deus havia colocado sua presença no templo construído por Salomão. Foi depois destruída pelos babilônios em 587 a.C. e depois reconstruída de acordo com a profecia e a vontade do seu Senhor, para ser sinal de uma cidade que desce do alto, cujo arquiteto e construtor é apenas Deus (cf. Hb 11:10). A última parte do livro de Isaías (cf. Is 56-66) contém um hino profético para a nova Jerusalém, a cidade umbigo de toda a terra, lugar de encontro para todos os povos e todas as culturas, na qual reconhecerão a presença do único Senhor, o Vivo, o Deus de Israel.
O Apocalipse de João, fechamento e selo de toda a revelação bíblica, dedica significativamente seus últimos capítulos ao juízo sobre a Babilônia (cf. Ap 17-20) e à vinda gloriosa da Jerusalém celestial (cf. Ap 21-22): uma cidade gloriosa, onde o sol não se põe; onde não há mais morte nem choro ou violência; onde Deus enxuga as lágrimas dos olhos dos seres humanos e vive para sempre com eles, junto com o Cordeiro, vítima na história, mas vivente e reinante nessa cidade santa que acolhe toda a humanidade. Enquanto isso, os crentes vivem predispondo tudo para o advento dessa Jerusalém que desce do céu, ou seja, do reino de Deus, Vivem nas cidades que lhes couberam pela sorte; vivem como estrangeiros e peregrinos (cf. Hb 11,13; 1Pd 2,11), sem serem poupados da solidariedade e da companhia dos homens; vivem dando o testemunho da sua participação na vida da cidade terrena, a pólis, mas sabendo que a sua cidadania está no céu (cf. Fp 3.20).
Todos elementos trazidos à luz pelo esplêndido texto das origens cristãs que é o A Carta a Diogneto. Sim, os cristãos vivem em Babel, mas se opõem à idolatria que a inspira; vivem em Sodoma, mas resistem à tentação de não hospedar, aliás, de devorar e explorar os estrangeiros que chegam às cidades; vivem na Babilônia e em Roma, mas indicam caminhos para uma convivência agradável, boa e pacífica. E fazem isso até pagar um preço alto: aceitam, se necessário, serem expulsos das cidades, serem perseguidos dentro delas. Sua vocação como cristãos, de fato, os impede de desertar, de se isolarem da cidade terrena que é sempre Babilônia e, ao mesmo tempo, Jerusalém. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Crítica ao Papa que vem da esquerda abre uma frente inédita na igreja
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Muito mais que comunhão aos divorciados! O desafio dos inovadores é intervir "onde Cristo permaneceu em silêncio". O caso do prof. Grillo. O comentário é de Matteo Matzuzzi, jornalista, publicado por Il Foglio, 18-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Se nos casos em que Jesus falou podemos encontrar a liberdade de novo, por que não deveríamos fazê-lo onde ele ficou em silêncio?", questionou-se o professor Andrea Grillo, teólogo de vanguarda convencido de que a igreja não esteja atrasada de duzentos anos como dizia o cardeal Carlo Maria Martini, mas pelo menos de quatrocentos a quinhentos anos.
Grillo não aceitou o fechamento de Francisco a respeito das diaconisas, tema que foi avaliado por uma comissão ad hoc e permaneceu suspenso, entre opiniões opostas dos especialistas envolvidos. Ainda é necessário estudar mais, disse o Papa com pouco entusiasmo, conversando numa viagem de avião com os jornalistas. Mas Grillo toca o ponto-chave, que é “estabelecer qual seja o limite do livro do Apocalipse. O silêncio não é um limite intransponível, exceto para aqueles que não têm coragem".
O Papa, pela forma como se move, corre o risco de cair da corda suspensa sobre um rio de águas muito turbulentas. Ele prega a saída da igreja, mas constata que os ritmos da cúria romana não são os que ele esperava. E que as resistências estão em toda parte, à direita e à esquerda.
Com os EUA que parecem cada vez mais um corpo separado, dilacerados entre os saudosistas da guerra cultural e os puristas bergoglianos que querem a revanche, sem esquecer os levantes chineses após o Acordo secreto com os lideres comunistas. Mas é sobre a moral, mais que sobre a política propriamente dita, que se joga a partida. Não é mais suficiente explicar um "não" às "aberturas" protegendo-se por detrás do Verbum domini, isto é, o que Cristo disse. Porque quando Francisco faz isso, acalmando involuntariamente aquelas multidões hiperconservadoras até os limites do sedevacantismo – ou seja, aquelas que viam Bento XVI como um Papa do concílio e isso era suficiente para listá-lo no catálogo dos progressistas – eis que, de outro quadrante, começa a soprar o vento: sim, o que Jesus disse está bem. Mas por que não intervir onde Jesus nada disse? Em suma, preencher o "vazio". Se isso não for feito, demonstra-se pouca coragem.
É um pouco como o destino que coube há meio século atrás a Paulo VI, que se viu pressionado entre aqueles que o criticavam pela pouca coragem para se deixar levar pelo vento do Espírito e aqueles que o acusavam de ter mudado tudo, a missa, a moral, a doutrina, até de ter vendido a tiara. Francisco não tem um concílio para conduzir ao porto, mas os propósitos revolucionários alardeados no início do pontificado (não por ele, mas pela corte que se forma em torno de cada soberano) haviam atraído aqueles que não esperavam por outra coisa.
E a esperada revolução - termo que a Bergoglio não agrada, como ele disse muitas vezes - se transformou em uma maquilagem da cúria já rotulada como um desastre, até mesmo por um liberal de peso como o ex-diretor da revista America, o jesuíta Thomas Reese. A comunhão para os divorciados recasados foi concedida, mas não nas formas que os inovadores mais aguerridos esperavam. Tanto que há quatro anos tenta-se desatar o nó sobre a interpretação de uma nota de rodapé contida na Amoris laetitia, com uma batalha que não mostra sinais de arrefecer de intensidade.
O Papa fechou as portas para a possibilidade de ordenar as mulheres, inclusive reportando-se a Karol Wojtyla - "Sobre a ordenação de mulheres na Igreja católica, a última palavra clara foi dada por São João Paulo II e ela permanece", disse Francisco. Contudo se retornará à carga por ocasião do próximo Sínodo sobre a Amazônia, com os bispos alemães já prontos para apresentar a lista de pedidos e o cardeal Cláudio Hummes, que defende a necessidade de rever a forma do ministério ordenado.
Dizer que, observou o professor Grillo, "o Senhor não quis isso, só porque nada falou a respeito, é uma conclusão totalmente discutível" e certamente "não é pecado interpretar o silêncio não como um não, mas como um sim". E a velha prudência da igreja? "Ser prudente nem sempre significa a mesma coisa", observou o teólogo novamente: "Ao dirigir, a prudência exige que às vezes o freio seja usado, outras vezes o acelerador. Uma prudência identificada apenas como a ‘primazia do freio’ é um clichê da igreja em defesa, que não sai, que se fecha dentro de suas tranquilizadoras paredes." Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
UMA COMUNIDADE CONTEMPLATIVA NO MEIO DO POVO
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Joseph Chalmers
Somos os irmãos da Virgem Maria do Monte Carmelo. Nossa Ordem começou porque os eremitas latinos no Monte Carmelo quiseram reunir-se como uma comunidade de irmãos. Eles já haviam vivido juntos bastante tempo para experimentar a proposta do estilo de vida que eles levaram a Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, para que ele pudesse dar-lhes a aprovação eclesiástica. Quando a “ formula vitae” de Alberto foi formalmente aceita como uma Regra pelo Papa Inocêncio IV em 1247, os eremitas foram inseridos no novo movimento dos mendicantes que era muito forte na Europa daquele tempo. Os eremitas Carmelitas se tornaram frades chamados ao serviço do povo. Uma das características dos mendicantes era que eles viviam no meio do povo e não em grandes mosteiros como os monges.
Apesar do fato de que a Ordem é claramente chamada ao apostolado ativo, a contemplação continua sendo um elemento fundamental de nossa vocação. Nós nos entendemos como comunidades contemplativas a serviço do povo de Deus no meio do qual vivemos. Graças a Deus já passamos dos tempos em que nós buscávamos nossa identidade. Nossa identidade está clara! Agora temos que viver as implicações de nosso carisma na vida de cada dia.
Temos que viver uma vida de obediência a Jesus Cristo e servir-lhe fielmente com um coração puro e reta consciência e fazemos isto através do compromisso de buscar o rosto do Deus vivo (a dimensão contemplativa da vida), em fraternidade, e no serviço (diakonia) no meio do povo (Const, 14). Estes três elementos estão estreitamente ligados entre si pela experiência do deserto que é a experiência da ação purificadora de Deus em nossas vidas. A contemplação determina a qualidade da nossa vida fraterna e do nosso serviço no meio do povo de Deus (Const, 18). A meta da contemplação é a de ser transformados em Deus e assim veremos a realidade com os olhos de Deus e amaremos com o seu coração (Cf. Const, 15).
Uma atitude contemplativa nos permite descobrir a presença de Deus nos outros e apreciar o mistério daqueles com quem partilhamos nossas vidas (Const, 19). Somos chamados a viver em comunidade, para partilhar nossas vidas com os outros, mas sobretudo com nossos irmãos e é isto em si mesmo um testemunho para outros, que Deus está presente em nosso meio e através deste testemunho Deus tocará os corações de muitas pessoas.
Pode-se falar coisas bonitas sobre a comunidade e seu significado teológico, mas todos sabemos que a realidade de uma comunidade religiosa é algo muito diferente. Nossas comunidades refletem a realidade da Igreja e do mundo em que vivemos. Somos pecadores redimidos e tentamos fazer a vontade de Deus. Não somos perfeitos como individuos e por conseguinte ainda não podemos ter comunidades perfeitas.
Há uma sede de se viver em comunidade em nosso mundo e todavia ao mesmo tempo o individualismo está desenfreado. Esta tensão está presente em nossas próprias vidas, porque claramente somos afetados pelo mundo em que vivemos. Somos atraídos pela comunidade, mas ao mesmo tempo somos tentados a colocar nossas próprias necessidades e desejos sobre todas as coisas, a julgar tudo pelo modo como nos afeta. Viver em comunidade não é fácil e ainda que estamos comprometidos a viver em comunidade, é crucial reconhecer a tendência que existe em todos nós de iludir suas demandas e encerrar-nos em nossos próprios egoísmos. Esta é a realidade de pecado em nossas vidas, mas somos redimidos. Claramente a redenção alcançada por Cristo para nós não nos fez santos ainda; estamos a caminho. Cristo nos oferece uma maneira de crescer além de nossas limitações, devemos, porém, aceitar a salvação que ele oferece. A primeira fase é reconhecer que não está tudo bem.
Como está a experiência de vida em nossas comunidades carmelitas? “A multidão dos que creram tinha um só coração e um só alma e nenhum tinha por própria coisa alguma, mas tinham tudo em comum.” (Atos 4,32). Se esta é experiência de vida na comunidade de vocês, vocês são verdadeiramente felizes, mas suponho que esta não é experiência de vocês. Eu diria que o melhor que se pode dizer é que a comunidade é bastante agradável e que vocês chegaram entre si a uma aceitação mútua de uns aos outros. Na pior das hipóteses.. pode ser muito difícil e uma realidade muito diferente da que buscamos e que escapa em cada oportunidade. Por que nossa comunidade não é perfeita? Podemos jogar a culpa no Provincial e seu Conselho ou colocar-nos nesta situação terrível, ou culpar ao irmão X de nossa comunidade, culpamos os nossos irmãos com quem é impossível formar uma verdadeira comunidade apesar de nosso desejo. Poderíamos também tentar culpar a Deus, mas se nos encontramos culpando a todos com a exceção de nós mesmos, temos que pensar que pode existir um outro problema. Pode ser possível também que outros nos achem difíceis e em seus corações estão culpando-nos pela falta de comunidade real.
Nós vivemos juntos, mas temos experiências muito diversas. Entramos na comunidade com nossa própria experiência particular de vida que nos marcou para bem ou para mal. Chegamos na comunidade com nossa própria carga e comumente com expectativas muito diferentes. Podemos usar a mesma palavra, “comunidade”, mas podemos querer dizer coisas muito diferentes. Eu creio que o primeiro passo para melhorar nossa vida de comunidade é aceitar que nós somos diferentes e que buscamos coisas diferentes. Necessitamos aceitar-nos em toda nossa diversidade e tentar ver nesta realidade humana algo da riqueza de Deus. Cada individuo é na verdade um mistério. Precisamos aceitar o fato de que alguns indivíduos estão tão profundamente marcados pelos vaivéns da vida que não podem viver uma vida normal. Quando sua conduta causa danos à vida da comunidade, alguém tem que falar honestamente e os responsáveis devem oferecer a estes indivíduos a possibilidade de encontrar uma ajuda para viver uma vida mais equilibrada. Sei que isto não é fácil, mas o resultado de não desafiar a conduta imprópria é que o indivíduo “difícil” acabará por infernizar a vida da comunidade. Pessoas como estas são uma minoria, mas todos nós precisamos, de vez em quando ser desafiados para ser fiéis à vocação a que fomos chamados. Este desafio pode vir constantemente a nós através da vida diária com os outros. Pregamos o Evangelho, mas a comprovação de nossas palavras estão em nossos feitos. É muito fácil amar a um vizinho se não temos vizinhos. A forma como realmente vivemos em comunidade, nos dirá se realmente somos homens de oração e manifestará a verdade aos demais. A autenticidade de nossa oração será óbvia através de nosso contato diário com nossos irmãos.
Ainda que viver a realidade da comunidade não é tarefa fácil, é a maneira que Deus escolheu para nós. Se a vocação não é algo imposto em nós desde o exterior e sim parte de nossa realidade interior, que descobrimos pouco a pouco, então o desejo ardente da comunidade e a habilidade de vivê-lo está escrito no profundo de nosso ser. Por causa da nossa natureza decaída, temos coisas fora de equilíbrio mas os elementos da vida de comunidade podem ajudar-nos a crescer, se desejamos seguir a Cristo no deserto.
Não há ganho sem dor. Crescer é doloroso, mas a dor nos torna homens maduros. Há um sério perigo na vida religiosa de se permanecer imaturo por toda a vida. Recebemos o que necessitamos da comunidade e tanto faz se trabalhamos ou não. Se somos pessoas difíceis, receberemos tudo para assegurar que permanecemos felizes e para que os outros possam ter alguma paz. Então podemos ser como crianças mimadas. Seguir Cristo leva inevitavelmente à cruz de uma forma ou de outra. Isto não é um castigo, mas é a maneira pela qual Deus nos ajuda a tornar-nos o que Ele sabe que podemos ser. Através de nossa experiência de vida, Deus nos purificará e aparará nossas arestas. Não vamos gostar no momento, mas o resultado final vale a pena. Uma parte desta purificação terá lugar através de nossa vida em comunidade. Queremos permitir a ação de Deus em nossas vidas ou queremos rechaçá-la e seguir a nossa vontade. Esta é a diferença entre trabalhar para Deus e fazer o trabalho de Deus. Trabalhar por Deus significa fazer o que queremos e assumimos que isto também deve ser o que Deus quer. Fazer o trabalho de Deus pode ser muito diferente - ou fazer o que Deus realmente está buscando de nós, requer um discernimento cuidadoso e um escutar silencioso da voz sutil e doce de Deus que nos fala através das pessoas mais inesperadas.
As Constituições assinalam os principais elementos de nossa vida que podem ajudar-nos a crescer como indivíduos e como irmãos (31). O primeiro está “na participação comum na Eucaristia, através da qual nos tornamos um só corpo, e que é fonte e cume da nossa vida e, dessa forma, sacramento da fraternidade.” Celebramos a Eucaristia em comum em nossas comunidades? Isto está prescrito em nossa Regra e era um exigência muito rara para os eremitas. Estou propondo uma Eucaristia comum não porque é parte de nossa Regra e sim porque é a maior ajuda que nós temos para construir a nossas comunidades. Eu estou bem consciente de que se pode alegar todas os tipos de razões pelas quais a Eucaristia comum não é conveniente, mas onde há a vontade, encontra-se uma forma. Às vezes pode-se usar as necessidades do apostolado como uma desculpa para não se participar de atividades comunitárias. Neste caso necessitamos olhar nossas vidas com grande honestidade e perguntar-se: Que estou buscando? Que quero fazer com minha vida e que Deus quer de mim? Como se adapta meu estilo de vida com minha vocação Carmelita?
O segundo elemento mencionado nas Constituições é similar ao primeiro, é a celebração comum da Liturgia das Horas. Pode ser que alguns de nós todavia estamos padecendo da experiência do passado onde em alguns casos, a comunidade reunida dizia muitas orações mas os membros individuais não se entendiam uns com os outros. Podemos utilizar a oração para “massagear” nosso próprio ego em lugar de ser uma abertura para a purificação e para a ação curativa de Deus, mas esse perigo não é uma razão para deixar a oração como indivíduos ou como comunidades. Santa Teresa de Ávila disse que com respeito à oração necessitamos ter uma determinação muito grande para seguir fazendo-a e nunca render-se. Se queremos louvar a Deus juntos como irmãos, a Igreja nos tem dado uma oportunidade preciosa por meio da Liturgia das Horas com a qual nos unimos com a Igreja inteira para oferecer a Deus o sacrifício de louvor. É por conseguinte possível reavivar nossas celebrações litúrgicas para que não se tornem rotineiras.
O elemento seguinte mencionado nas Constituições para a edificação da comunidade é a escuta orante da Palavra. Esta é portanto parte da celebração da Eucaristia e da Liturgia das Horas, mas também se recomenda por meio da Lectio Divina, onde juntos lemos e refletimos a Palavra de Deus, damos nossa resposta a esta Palavra em nossas próprias palavras e em silêncio, onde permitimos à Palavra formar nossos corações e unificarmos. Não podemos ter comunidades orantes se nós não somos indivíduos orantes. Cada um de nós é responsável pela saúde da comunidade. Ser piedoso não significa necessariamente dizer muitas orações, mas permitir que nossa oração nos transforme a nós e ao modo como nós nos relacionamos com os outros.
As Constituições reconhecem que necessitamos discutir preocupações comuns e por isto a reunião comunitária é um elemento importante na vida da comunidade. Se não discutimos coisas que nos envolvem, elas se tornarão problemas que podem destruir a harmonia de qualquer comunidade. Na reunião comunitária tem que se tratar das coisas de cada dia, mas também os aspectos espirituais da vida da comunidade. Certas habilidades básicas são importantes para uma reunião da comunidade. Se vocês sabem que não as têm, ou desconfiam disto, por que um dos outros irmãos não pode organizar a reunião?
Também as Constituições nos animam a partilhar a mesa e recreação em comum. Se nunca estamos juntos, nunca cresceremos em unidade. Se estamos juntos, por certo há um risco de conflito, mas se existe boa vontade para dialogar, estes problemas podem ser superados e podem ser de fato um elo de unidade entre nós. Cada um de nós deve examinar nossa própria consciência. Eu estou pronto a dialogar de verdade com meus irmãos? Tenho sempre razão e os outros nunca? É possível que algumas de suas críticas tenham algo de verdade? Neste caso que faço?
Finalmente as Constituições nos animam a trabalhar juntos e partilhar nossas alegrias, nossas ansiedades e amizades. É importante celebrar as datas ordinárias juntos, como por exemplo: aniversários de nascimento, votos, ordenação, etc. Também é importante estarem ali quando temos problemas. Sempre salvaguardando o direito da comunidade a sua vida privada, é muito bom partilhar os nossos próprios amigos pessoais com a comunidade.
A comunidade religiosa é uma realidade humana e por conseguinte não é perfeita, mas é o ambiente em que somos chamados para responder ao amor gratuito de Deus para conosco. É o lugar privilegiado onde podemos crescer como seres humanos, como cristãos e como religiosos. Aceitemo-nos com todas nossas faltas, esforcemo-nos para amar-nos como Cristo nos amou e a valorizar os demais como irmãos e co-herdeiros do Reino de Deus. De vez em quando, por certo, não manteremos nossos ideais altos, mas essa não é uma razão para deixar estes ideais e conformar-nos com a mediocridade. Cristo prometeu estar conosco e podemos confiar nessa promessa. Se o permitimos, ele amará a nossos irmãos através de nós. Se nossa experiência de comunidade não tem sido boa, por que não tentamos seguir o princípio de nosso irmão, São João da Cruz que disse, “Onde não há amor, coloque amor e encontrará amor?” Se há amor dentro de uma comunidade, todos os obstáculos podem ser superados. A vida comunitária não será perfeita, mas saberemos que somos aceitos pelo que somos, o qual nos dará a confiança para ir ao encontro dos outros e partilhar esse amor com eles. Nossa vida comunitária levará o testemunho da verdade do Evangelho que Cristo rompeu as barreiras que separavam as pessoas entre si e que seu amor pode curar.
Se desejamos correr o risco de amar a nossos irmãos, cumprimos o artigo de nossas Constituições que diz “A fraternidade, segundo o exemplo da comunidade de Jerusalém, é uma encarnação do amor gratuito de Deus e interiorizado através de um processo permanente de esvaziamento do ego centrismo – também possível em comum – para uma centralização autêntica em Deus. Assim, podemos manifestar a natureza carismática e profética da vida consagrada do Carmelo e podemos inserir harmonicamente nela o uso dos carismas pessoais de cada um a serviço da Igreja e do mundo.” (30).
SACRAMENTO DA PENITÊNCIA OU RECONCILIAÇÃO
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“O pecado é, antes de mais, ofensa a Deus, ruptura da comunhão com Ele. Ao mesmo tempo, é um atentado contra a comunhão com a Igreja. É por isso que a conversão traz consigo, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, o que é expresso e realizado liturgicamente pelo sacramento da Penitência e Reconciliação” (Catecismo da Igreja Católica 1440)
Portanto, este sacramento é para pedir desculpas a Deus, receber seu perdão e se reconciliar com a Igreja. No AT a forma de pedir perdão e exprimir arrependimento era através dos sacrifícios pelos pecados
Lv 4 ==> Bezerro => impor as mãos sobre a cabeça do bezerro e depois imolar a bezerro, em seguida queimá-lo e jogar as cinzas em local puro ==> Conforme o caso em vez de bezerro devia ser um bode ou uma cabra.
No NT ==> Jo 20,23 ==> “Aqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados; aqueles aos quais não perdoardes não serão perdoados”
==> 1Jo 1,8-9 ==> “Se confessarmos os nossos pedados, Deus é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e purificar-nos de toda iniquidade”
Portanto Jesus deu o poder de perdoar para os apóstolos.
Instituiu um sacramento para o perdão. Não disse: “ensinai ao povo que devem confessar diretamente com Deus”.
- se os padres pudessem, acabariam com a confissão.
DIFICULDADES QUE APARECEM
O padre pecador como eu
O que o padre pensará de mim?
Segredo da confissão
COMO SE CONFESSAR
1 – Exame de consciência ==> parte objetiva e subjetiva do pecado
- passar um pente fino
- pegar os mandamentos
- ou pecados contra Deus, próximo e si mesmo
- confronto com a Palavra de Deus
- usar o esquema de um livro
2 – Arrependimento
3 – Propósito
- piada do roubo do porco
- graça sacramental
4 – Confissão (Piada: “o senhor ataca e eu me defendo”)
- ir sem medo
- dizer os pecados abertamente (piada do camponês que roubou a corda e não a vaca)
5 - Satisfação
Quando se confessar?
- velho que não se confessava a 60 anos
- 4 vezes por ano: Natal, Páscoa, aniversário e outra vez
MUNDO DO MARKETING: Padre Fábio de Melo reclama de banco, e concorrentes se promovem
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Reclamação no Twitter contra o Bradesco gerou debate acalorado e despertou atenção de outras marcas financeiras. Teve até #VemProNubankPadre
Por Helder Marinho, da Bloomberg
Uma reclamação feita pelo padre e cantor Fábio de Melo pelo Twitter contra o Bradesco gerou um debate com mais de 900 comentários. Os concorrentes aproveitaram para divulgar seus serviços.
O padre fez um post na terça-feira dizendo que seu cartão de crédito estava bloqueado há um mês pelo Bradesco e que recebeu a recomendação de ter paciência. O Bradesco respondeu à reclamação pelo próprio Twitter, pedindo ao padre que entrasse em contato para resolver a situação.
As instituições financeiras concorrentes, entre elas o Santander, Banco do Brasil, Banco Inter, Nubank e Digio, também foram rápidas para entrar na conversa, chegando a usar memes para responder aos comentários e reclamações.
Usuários aproveitaram para fazer piadas, recomendar serviços de alguns bancos e reclamar de outros. Fonte: https://exame.abril.com.br
Quinta-feira, 23 de maio-2019. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, vossa graça nos santificou quando éramos pecadores e nos deu a felicidade, quando infelizes. Vinde em socorro das vossas criaturas e sustentai-nos com vossos dons, para que não falte a força da perseverança àqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,9-11)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 9“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11Eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”.
3) Reflexão - Jo 15,9-11
A reflexão em torno da parábola da videira compreende os versículos 1 a 17. Ontem meditamos os versículos 1 a 8. Hoje meditamos os versículos 9 a 11. Depois de amanhã, o evangelho do dia salta os versículos 12 a 17 e retoma no versículo 18, que já traz outro assunto. Por isso, incluímos hoje um breve comentário dos versículos 12 a 17, pois é nestes versículos que desabrocha a flor e que a parábola da videira mostra toda a sua beleza.,
O evangelho de hoje é de apenas três versículos, que dão continuidade ao evangelho de ontem e trazendo mais luz para aplicar a comparação da videira à vida das comunidades. A comunidade é como uma videira. Ela passa por momentos difíceis. É o momento da poda, momento necessário para que produza mais frutos.
João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da perfeita alegria.
Jesus permanece no amor do Pai observando os mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com que ele observou os mandamentos do Pai: “Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. É nesta união de amor do Pai e de Jesus que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”.
João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!"
João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu mando", a saber, a prática do amor até a doação total de si! Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida dos discípulos e das discípulas. Eles diz: "Não chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês!" Jesus não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da vida em comunidade: chegarmos à total transparência, ao ponto de não haver mais segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante alguns anos. Eles "eram um só coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46).
João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galileia. A última recomendação: "Isto vos mando: amai-vos uns aos outros!"
O Símbolo da Videira na Bíblia.
O povo da Bíblia cultivava videiras e produzia bom vinho. A colheita da uva era uma festa, com cantos e danças. Foi daí que se originou o cântico da vinha, usado pelo profeta Isaías. Ele compara o povo de Israel com uma videira (Is 5,1-7; 27,2-5; Sl 80,9-19). Antes dele, o profeta Oséias já tinha comparado Israel a uma vinha exuberante que quanto mais produzia frutos, mais multiplicava suas idolatrias (Os 10,1). Este tema foi também utilizado por Jeremias, que comparou Israel a uma vinha bastarda (Jr 2,21), da qual seriam arrancados os ramos (Jr 5,10; 6,9). Jeremias usa estes símbolos porque ele mesmo teve uma vinha que foi pisada e devastada pelos invasores (Jr 12,10). Durante o cativeiro da Babilônia, Ezequiel usou o símbolo da videira para denunciar a infidelidade do povo de Israel. Ele contou três parábolas sobre a videira: 1) A videira queimada que já não serve mais para coisa alguma (Ez 15,1-8); 2) A videira falsa plantada e protegida por duas águias, símbolos dos reis da Babilônia e do Egito, inimigos de Israel (Ez 17,1-10). 3) A videira destruída pelo vento oriental, imagem do cativeiro da Babilônia (Ez 19,10-14). A comparação da videira foi usada por Jesus em várias parábolas: os trabalhadores da vinha (Mt 21,1-16); os dois filhos que devem trabalhar na vinha (Mt 21,33-32); os que arrendaram uma vinha, não pagaram ao dono, espancaram seus servos e mataram seu filho (Mt 21,33-45); a figueira estéril plantada na vinha (Lc 13,6-9); a videira e os ramos (Jo 15,1-17).
4) Para confronto pessoa
1-Somos amigos e não empregados. Como vivo isto no meu relacionamento com as pessoas?
2-Amar como Jesus nos amou. Como cresce em mim este ideal do amor?
5) Oração final
Dia após dia anunciai sua salvação, manifestai a sua glória entre as nações, e entre os povos do universo seus prodígios! (Sl 95, 3)
O Sacerdócio hoje: Crises e Esperança
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A noite escura do sacerdócio
A noite escura escreve São João da Cruz, nos leva a períodos de aridez e vazio em que até mesmo a oração torna-se árdua, e a alma é destituída de consolo. Mas a escuridão da noite do sacerdote possibilita um aprofundamento e uma purificação de sua alma. Pois a provação da noite escura revela, em última instância, uma benção, e uma graça. Atualmente percebe-se que muitos sacerdotes passam por sua noite escura. Os sacerdotes nestas últimas décadas, caminharam como homens num nevoeiro, inseguros de sua identidade e de sua missão. Conservadores e reacionários atribuíram a origem da escuridão à pseudoliberdade liberalizante e intoxicante que viram surgir depois do concílio.
Muitos sacerdotes, fazem uma leitura da noite escura como sendo obra do Espírito, que os conduz por vales escuros para levá-los até um ponto de onde possam enxergar novos horizontes. A escuridão é necessária para produzir uma conversão de mente e coração, para gerar uma nova maneira de ver e ouvir. Em meio à noite escura, os sacerdotes se encontram num fogo de transformação e conversão.
Ao passar pelo fogo da purificação, os sacerdotes descobrem uma visão renovada da importância única do sacerdócio e, ao mesmo tempo, da santidade e dignidade de todo o povo de Deus. Eles são líderes do povo de Deus, mas também parceiros na construção do reino de Deus na história. Como membros da comunidade da Igreja, eles colaboram com os ministros pastorais não-ordenados e com os paroquianos que desfrutam os dons do ministério e do serviço. Os sacerdotes precisam saber de duas verdades em particular: a presença constante de Deus guiando o movimento da Igreja na direção de um novo horizonte e uma convicção igualmente inspirada de que jamais podem esconder a verdade do povo de Deus. Relendo João Crisóstomos encontramos muito claro nos seus escritos o quanto Ele chama a atenção dos sacerdotes para serem homens verdadeiros consigo mesmo e com o seu ministério.
Ultimamente acompanhamos uma grande crise que vem assolando o clero de todo o mundo. Os sacerdotes e suas fraquezas foram um rico filão para as páginas de artigos assinados dos jornais e um material propício para cartunistas, satiristas e comediantes. Talvez as piadas com padres pedófilos, mas ainda do que a dolorosa cobertura da mídia, tenham assinalado a extensão em que os sacerdotes caíram em desgraça. Outra queda, porém, estava acontecendo durante a crise dos abusos sexuais de menores pelo clero. E, embora ameaçasse igualmente o bem-estar e a missão da Igreja, não tem nenhuma das características necessárias para garantir a mesma ampla atenção da mídia secular.
A Igreja enfrenta o estresse e a tensão da administração da crise provocada por um número pequeno, porém significativo, de seus sacerdotes, o ofício de ensino da Igreja viu seu poder de iluminar e reconciliar, desafiar e encorajar, diminuído por causa dessas crises.
Se os sacerdotes perderam boa parte do status e do respeito herdados dos presbíteros que vieram antes deles, os bispos perderam boa parte de sua credibilidade. Muitos leigos instruídos perderam a confiança em ensinamentos morais ouvidos como asserções e apoiados basicamente na afirmação da Igreja de que seus ensinamentos eram suficientemente fundamentados pelas fontes bíblicas e teológicas.
Em meio a essas crises voltamos a raiz da vocação do sacerdote para mostrar a sua verdadeira missão, a de anunciar ao mundo o verdadeiro amor que liberta a humanidade de seu egoísmo. E de denunciar as injustiças, que oprimem e exclui, deixando os menores à margem da sociedade.
Ser sacerdote hoje implica em contribuir para a sanidade e a santidade das pessoas e da sociedade; trata-se do exercício de um conhecimento de vida ética, organização social, mobilização libertadora, oferenda dos sacrifícios agradáveis a Deus que são os serviços de amor ao mundo; as práticas de justiça,misericórdia, amor, verdade, paz.
Sacerdotes são mestres, médicos, santos, mártires, referenciais que norteiam o caminho para a liberdade, transmissores de centelha que anima a vida. Não são seres com dons especiais ou classe privilegiada dentre os demais. João Crisóstomo chama atenção para o sacerdócio não se tornar uma classe, uma profissão, ação separada e privilegiada entre as muitas outras. Ele destaca o cuidado que o Sacerdote deve ter com o seu ministério, para não cair num certo profissionalismo, colocando-se como superior, numa vivência cristã. O mesmo sempre chama atenção do Sacerdócio para o exercício de CARISMAS que é graça, dádiva de Deus/vida) em benefício da comunidade, conforme a GRAÇA que é dada a todos, capacitando-os para contribuírem na unidade.
A compreensão que o sacerdote tem de si, se defini com clareza, sempre mais crescente como um serviço ao povo de Deus em nome de Cristo, Pastor. O Sacerdote não limita sua identidade a executar um rito ou uma prática sacramental, ou servir, do ponto de vista religioso, a uma pequena comunidade de fiéis que o procuram, mas redefine seu serviço e seu ministério a partir dos pobres; participando com eles na criação de novas práticas de fraternidade, de justiça, de amor libertador. Vivendo em meio ao processo dos pobres, pode celebrar sua fé e alimentar sua esperança; dar sentido, com o mistério da morte e ressurreição do Salvador, a todos os sofrimentos e perseguições suportadas por causa da justiça.
Continuação da Obra de Cristo
O serviço essencial que o Presbítero é chamado a oferecer a Cristo é continuar a sua obra no mundo. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). Cada Presbítero é, por definição, portador de uma referência essencial à comunidade eclesial. Ele é um discípulo muito especial de Jesus, que o chamou e, pelo sacramento da Ordem, o configurou a Si como Cabeça e Pastor da Igreja. Cristo é o único Pastor, mas quis fazer participar a Seu ministério os Doze e seus Sucessores, mediante os quais também os Presbíteros, ainda que em grau inferior, são feitos participantes deste sacramento, de tal forma que também eles participem, a seu modo próprio, do ministério de Cristo, Cabeça e Pastor. Isso comporta um laço essencial do Presbítero com a comunidade eclesial. Ele não pode omitir-se no que diz respeito a essa responsabilidade, dado que a comunidade sem pastor se desfaz.[1]
O sacerdote deve ser sinal e o modelo para a vida da comunidade, colocando-se inteiramente a serviço dos irmãos e irmãs sobretudo dos mais sofridos. O sacerdote pode até possuir tarefas específicas no seu serviço, mas estas não o colocam acima dos fiéis para mantê-los em sujeição. O sacerdote, não pode monopolizar todos os ministérios sacerdotais. O Concílio nos recorda que os leigos, em virtude do sacerdócio comum dos fiéis, radicado no batismo, estão capacitados a oferecer a Deus uma vida que lhe agrada e sirva de testemunho para os homens.
O sacerdote deve ser aquele pastor que orienta os fiéis assumirem a própria vocação, sendo estes capazes de assumirem os compromissos dentro da sua comunidade, dentro da perspectiva de serviço e doação.
O sacerdote deve levar os fiéis a uma certa prioridade no seu serviço como: cuidar da evangelização dos pobres, a preocupação pelos jovens, o apostolado da familiar, a ajuda aos religiosos e religiosas, a visita aos doentes e moribundos.
O sacerdote é depositário de uma Palavra, de um Pão e de um Espírito que não têm origem nele, mas têm nele um responsável pessoal perante o povo de Deus. Assim, neste sentido o sacerdote é uma pessoa reservada para o serviço do Evangelho. Esta missão especial não justifica absolutamente um poder autoritário e arbitrário; trata-se de uma missão de que deverá o sacerdote prestar contas perante seus superiores e o povo cristão, que lhe é confiado.
O sacerdote é ordenado para exercer os ofícios através dos quais Jesus Cristo constrói seu Corpo; executando a missão que lhe foi confiada é que o presbítero realiza a sua consagração. Pode-se-ia dizer que a ordenação apresenta duas faces: de um lado, reata o sacerdote à missão apostólica, configurando-o ao Cristo-sacerdote; de outro, impõe-lhe de exercer santamente o dom que recebe. A ordenação sacerdotal é participação do sacerdócio de Cristo que habilita o sacerdote a fazer seu e exercer um ministério de santidade.[2]
O sacerdote é chamado a desenvolver o seu ministério como o bom pastor. Bom pastor é quem guia e tem coragem de determinar uma direção clara e confiável a partir da fé. Isso é necessário principalmente hoje, quando muitos estão como ovelhas sem orientação. Cabe ao pastor não reagir com dureza de coração, mas demonstrar compreensão, compaixão e paciência para com aqueles que não o acompanham na caminhada, que ficaram para trás e são francos. Pastor é quem é capaz de dizer a verdade no amor.
O bom pastor é amigo da vida, que deixa jorrarem para os outros as fontes da vida, que os acompanha com seu conselho, consolo e encorajamento no caminho da vida e os ajuda a encontrar a vida verdadeira e a ter vida em plenitude em Jesus Cristo.
Bom pastor é quem não permanece sempre no círculo mais estreito dos que já são fiéis, mas também vai atrás dos que se extraviaram, se perderam, se sentem estranhos ou estão à margem. Eles os tirará dos espinheiros em que se enredaram, ainda que ele próprio se ria ou se arranhe. E, ao tirá-los, vendo que ainda não podem ou não podem mais andar, os tomará em seus ombros fortes e os carregará de volta.
Bom pastor é quem, sem acusar em bloco os abastados, tem um coração para os pobres e pequenos, os fracos, para as crianças, os doentes e incapacitados; em suma, para todos os que, de alguma maneira, são desfavorecidos e ficaram à margem. Ele defenderá seus direitos e sua dignidade, defenderá a justiça e o espaço de vida para todos.
Bom pastor é quem é vigilante, quem alerta seu rebanho para os perigos e os defendem perante a ameaça de perigos internos e externos. Ele não foge de situações difíceis, como, por exemplo, a perseguição; não tenta pôr-se em segurança a si e a seus queridinhos, mas se mantém firme no perigo com o rebanho que lhe foi confiado.
O bom pastor não se apascentará a si mesmo. Ele não busca vantagem própria, não se poupa, mas arrisca sua vida e a sacrifica pelos outros. Por esse motivo, o serviço do pastor não se pode restringir ao tempo do expediente burocrático; ele exige o homem por inteiro, a pessoa toda; em situações extremas, ele também pode exigir que se ponha a vida em risco.[3]
[1] HUMMES, Claúdio.
[2] DANNELS, G. O sacerdote: fé e constatação. São Paulo: Paulinas, 1976. p. 103.
[3] KASPER, Walter. Servidores da alegria. São Paulo: Loyola, 2008. p. 76.
Quarta-feira, 22 de maio-2019. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que amais e restituís a inocência, orientai para vós os nossos corações, para que jamais se afastem da luz da verdade os que tirastes das trevas da descrença. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 15,1-8)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. 2Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda. 3Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei. 4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim.
5Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados. 7Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado. 8Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.
3) Reflexão - Jo 15,1-8
Os Capítulos 15 até 17 do Evangelho de João trazem vários ensinamentos de Jesus que o evangelista juntou e colocou aqui no contexto amigo e fraterno do último encontro de Jesus com seus discípulos:
Jo 15,1-17: Reflexões em torno da parábola da videira
Jo 15,18 a 16,4a: Conselhos sobre a maneira de como comportar-se quando forem perseguidos
Jo 16,4b-15: Promessa sobre a vinda do Espírito Santo
Jo 16,16-33: Reflexões sobre a despedida e o retorno de Jesus
Jo 17,1-26: O Testamento de Jesus em forma de oração
Os Evangelhos de hoje e de amanhã trazem uma parte da reflexão de Jesus em torno da parábola da videira. Para entender bem todo o alcance desta parábola, é importante estudar bem as palavras que Jesus usou. Igualmente importante é você observar de perto uma videira ou uma planta qualquer para ver como ela cresce e como acontece a ligação entre o tronco e os ramos, e como o fruto nasce do tronco e dos ramos.
João 15,1-2: Jesus apresenta a comparação da videira
No Antigo Testamento, a imagem da videira indicava o povo de Israel (Is 5,1-2). O povo era como uma videira que Deus plantou com muito carinho nas encostas das montanhas da Palestina (Sl 80,9-12). Mas a videira não correspondeu ao que Deus esperava. Em vez de uvas boas deu um fruto azedo que não prestava para nada (Is 5,3-4). Jesus é a nova videira, a verdadeira. Numa única frase ele nos entrega toda a comparação. Ele diz: "Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo em mim que não produz fruto, ele o corta. E todo ramo que produz fruto, ele o poda!". A poda é dolorosa, mas é necessária. Ela purifica a videira, para que cresça e produza mais frutos.
João 15,3-6: Jesus explica e aplica a parábola
Os discípulos já são puros. Já foram podados pela palavra que ouviram de Jesus. Até hoje, Deus faz a poda em nós através da sua Palavra que nos chega pela Bíblia e por tantos outros meios. Jesus alarga a parábola e diz: "Eu sou a videira e vocês são os ramos!" Não se trata de duas coisas distintas: de um lado a videira, do outro, os ramos. Não! Videira sem ramos não existe. Nós somos parte de Jesus. Jesus é o todo. Para que um ramo possa produzir fruto, deve estar unido à videira. Só assim consegue receber a seiva. "Sem mim vocês não podem fazer nada!" Ramo que não produz fruto é cortado. Ele seca e é recolhido para ser queimado. Não serve para mais nada, nem para lenha!
João 15,7-8: Permanecer no amor.
Nosso modelo é aquilo que Jesus mesmo viveu no seu relacionamento com o Pai. Ele diz: "Assim como o Pai me amou, também eu amei vocês. Permaneçam no meu amor!" Ele insiste em dizer que devemos permanecer nele e que as palavras dele devem permanecer em nós. E chega a dizer: "Se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, aí podem pedir qualquer coisa e vocês o terão!" Pois o que o Pai mais quer é que nos tornemos discípulos e discípulas de Jesus e, assim, produzamos muito fruto.
4) Para confronto pessoal
1-Quais as podas ou momentos difíceis, que já passei na minha vida e que me ajudaram a crescer? Quais as podas ou momentos difíceis, que passamos na nossa comunidade e nos ajudaram a crescer?
2-O que mantém a planta unida e viva, capaz de dar frutos, é a seiva que a percorre. Qual é a seiva que percorre nossa comunidade a mantém viva, capaz de produzir frutos?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um canto novo, Cantai ao Senhor em toda a terra. Cantai ao Senhor, bendizei o seu nome. (Sl 95, 1)
Padre Ticão cria curso sobre uso medicinal da maconha e causa polêmica
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Padre Ticão cria curso sobre uso medicinal da maconha e causa polêmica
Reportagem publicada na Revista Carta Capital
“Não vou dizer que Deus é maconheiro, eu realmente não sei. Mas com certeza ele é cannabista”, fala sorrindo o padre Ticão, fazendo ecoar as gargalhadas no salão. Na noite de 12 de março, uma terça-feira útil, o salão da paróquia São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, ficou abarrotado. Não era dia de missa. As pessoas ali reunidas foram discutir e aprender mais sobre o uso medicinal da cannabis, substância derivada da maconha e fonte de variadas propriedades terapêuticas.
O grande incentivador do encontro é o próprio padre Ticão, pároco da comunidade, que buscou a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para montar o curso. “A cannabis é fantástica. Serve para tratar várias doenças, e isso está provado no mundo todo. No Brasil só é crime porque os grandes grupos querem ter o monopólio disso. Quando legalizar a maconha, eles já terão todo o know-how”, diz.
Ticão é um adepto da medicina natural, fitoterápica, e promove discussões diversas sobre o tema na periferia de São Paulo. É um defensor incansável do direito à saúde da comunidade. Foi um dos responsáveis pela construção do Hospital Municipal Ermelino Matarazzo, pelo funcionamento de postos de saúde e de outras associações.
“O pedido para o curso veio da própria comunidade. Temos uma associação que cuida de crianças especiais, e eles queriam se informar mais. Aqui na periferia eu falo o tempo todo para as pessoas pesquisarem de tudo, e a internet ajuda muito. Pesquisar é básico”, explica.
Antes de apresentar os palestrantes e após uma chuva de palmas entusiasmadas, o padre passa alguns informes, pré-fixados no grandioso quadro negro do salão paroquial: os horários das reuniões sobre saúde preventiva, das próximas sobre cannabis medicinal e a concentração para a Marcha da Maconha, no dia 1 de junho. “Vamos nos reunir às 14h. É isso mesmo? Isso, às 14h, para sairmos do Masp… que horas mesmo?”, pergunta a um aglomerado de pessoas a sua frente, que em coro responde: “Às 4h20”. “Eles ensaiaram isso o dia todo”, brinca o padre. E avisa que está sendo servido caldo verde na entrada.
Articulado em pouco mais de um mês, o curso começou com 520 inscritos. No primeiro dia de aula, feita pelo neurocientista e pesquisador do Centro Brasileiros de Informações sobre Drogas e Psicotrópicos (Cebrid) Renato Filev, eram centenas. Os ventiladores não davam conta do suadouro provocado pelo caldo verde.
Homens, senhoras, negros, brancos, mulheres de cabelos brancos, outras com dreads nos cabelos. Uma boa parte era da própria zona leste, outra do centro, zona sul, norte, vários de outras cidades, e duas pessoas vindas do Rio de Janeiro especialmente para o seminário.
Margarete*, 39 anos, é coordenadora pedagógica na Prefeitura de São Paulo, fuma maconha e deseja, com as aulas, entender mais sobre as propriedades medicinais da planta. “Estou aqui de curiosa. Sei que muitas famílias lutam para tratar crianças com autismo, epilepsia, e quero entender melhor como isso está rolando no Brasil”, afirma.
Ticão é do tipo que perambula nos piores pesadelos dos conservadores. Muito influente na quebrada, tem em seu altar – ao menos no salão paroquial – uma foto do Papa Francisco, de Paulo Freire, com quem trabalhou diretamente, e um grande pôster de Dom Evaristo Arns, sua principal referência. “Sigo seu legado, que é o do bem comum, público. Em toda minha vida, uma única pessoa me criticou por falar da cannabis, mas eu disse a ela que caso precise para tratar alguma doença, que nos procure. O povo da periferia é fantástico.”
Cannabis (medicinal) para todos
Desde 2014, quando foi lançado o documentário “Ilegal” sobre famílias brasileiras em busca de maconha medicinal, cinco projetos de lei sobre a regulamentação da planta, incluindo seu uso terapêutico, foram propostos – três na Câmara e dois no Senado. Os projetos nunca foram levados a votação.
Movido por uma agenda moral, o Congresso Nacional se omite em alterar as regras, fazendo com que ações judiciais sejam um dos caminhos para o acesso de pacientes aos medicamentos com THC e CBD.
Só em 2015, o Ministério da Saúde foi obrigado a importar canabidiol para cumprir 11 mandados de segurança que beneficiaram 13 pessoas – gastando R$ 462 mil. Além disso, nos últimos três anos foram autorizados pela Anvisa 2.053 pedidos de importação de produtos à base de canabidiol e THC.
O caminho da Justiça, no entanto, só serve para aqueles que podem arcar com os custos de um processo. A importação dos remédios não é mais proibida no país, mas pode custar às famílias cerca de R$ 7 mil, a depender do produto.
Essa é a verdadeira preocupação do padre Ticão: que as famílias de baixa renda também possam tratar seus enfermos, oferecendo a eles maior qualidade de vida. “Eu acredito que precisamos nos organizar em cooperativas, a produzir em comunhão. Os direitos têm de ser para todos, e não podemos esperar que alguém nos sirva. Temos que nos apropriar deles”, afirma.
A ideia do religioso está contemplada no curso. No dia 18 de junho, o advogado Fernando Silva, conhecido como Profeta Verde, um dos organizadores da Marcha da Maconha, falará sobre associativismo canábico.
Para ativistas e pacientes destes medicamentos, a extração caseira de CBD e THC é, de fato, um caminho a se seguir no tratamento de doenças como epilepsia e esclerose múltipla. Já existem famílias e ONGS que obtiveram habeas corpus preventivos para plantar maconha sem que corram o risco de serem presas. O cultivo é ou para um paciente da família ou para fornecer a doentes de baixa renda. A associação Abrace, que cultiva maconha e distribui entre associados, já entrou com uma ação pedindo que a Justiça obrigue a União a reconhecer a legalidade de sua atividade.
Criminalização inibe a pesquisa científica
Estudos sobre o uso medicinal de derivados da cannabis sativa, em especial do canabidiol, comprovam sua efetividade no tratamento de quadros de epilepsia. Elisaldo Carlini, do Cebrid e professor da Unifesp, foi um dos primeiros pesquisadores do mundo a estudar os efeitos da maconha e seus componentes. Ele é um dos parceiros do padre Ticão no curso em Ermelino Matarazzo.
Aos 88 anos, Carlini também é do tipo que deixa os conservadores de cabelo em pé. Em 2018, o cientista organizou em parceria com outros pesquisadores o Simpósio de Maconha e Outros Saberes. Por isso, a promotora de Justiça Rosemary Azevedo Porcello da Silva intimou o cientista a depor, alegando que havia “fortes indícios de apologia ao crime” no evento. O caso teve repercussão, especialmente na comunidade cientifica internacional, onde Carlini goza de respeito.
A ação do canabidiol como anticonvulsivante em casos de epilepsia refratários a outros tratamentos tem sido comprovada por estudos recentes em todo o mundo. No entanto, ainda faltam pesquisas no Brasil que permitam avaliar, a longo prazo, sua eficácia e segurança. Esse déficit se dá não por outro motivo senão a criminalização do cultivo da maconha. O encerramento do curso, no dia 25 de junho, será com ele. Até lá, Ticão, especialistas em cannabis, curiosos e famílias de doentes se encontrarão religiosamente às terças-feiras no salão paroquial.
*O nome foi modificado para preservar a identidade da entrevistada.
Fonte: http://emjornal.com.br
Terça-feira, 21 de maio-2019. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que pela ressurreição do Cristo nos renovais para a vida eterna, dai ao vosso povo constância na fé e na esperança, para que jamais duvide das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,27-31a)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 27“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. 28Ouvistes que eu vos disse: ‘Vou, mas voltarei a vós’. Se me amásseis, ficaríeis alegres porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. 29Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis. 30Já não falarei muito convosco, pois o chefe deste mundo vem. Ele não tem poder sobre mim, 31amas, para que o mundo reconheça que eu amo o Pai, eu procedo conforme o Pai me ordenou”.
3) Reflexão - Jo 14,27-31a
Aqui, em Jo 14,27, começa a despedida de Jesus e no fim do capítulo 14, ele encerra a conversa dizendo: "Levantem! Vamos embora daqui!" (Jo 14,31). Mas, em vez de sair da sala, Jesus continua falando por mais três capítulos: 15, 16 e 17. Se você pular estes três capítulos, você vai encontrar no começo do capítulo 18 a seguinte frase: "Tendo dito isto, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um jardim onde entrou com seus discípulos" (Jo 18,1). Em Jo 18,1, está a continuação de Jo 14,31. O Evangelho de João é como um prédio bonito que foi sendo construído lentamente, pedaço por pedaço, tijolo por tijolo. Aqui e acolá, ficaram sinais destes remanejamentos. De qualquer maneira, todos os textos, todos os tijolos, fazem parte do edifício e são Palavra de Deus para nós.
João 14,27: O dom da Paz.
Jesus comunica a sua paz aos discípulos. A mesma paz será dada depois da ressurreição (Jo 20,19). Esta paz é mais uma expressão da manifestação do Pai, de que Jesus tinha falado antes (Jo 14,21). A paz de Jesus é a fonte da alegria que ele nos comunica (Jo 15,11; 16,20.22.24; 17,13). É uma paz diferente da paz que o mundo dá, diferente da Pax Romana. Naquele fim do primeiro século a Pax Romana era mantida pela força das armas e pela repressão violenta contra os movimentos rebeldes. A Pax Romana garantia a desigualdade institucionalizada entre cidadãos romanos e escravos. Esta não é a paz do Reino de Deus. A Paz que Jesus comunica é o que no AT se chama Shalôm. É a organização completa de toda a vida em torno dos valores da justiça, fraternidade e igualdade.
João 14,28-29: O motivo por que Jesus volta ao Pai.
Jesus volta ao Pai para poder retornar em seguida. Ele dirá a Madalena: “Não me segure, porque ainda não subi para o Pai “ (Jo 20,17). Subindo para o Pai, ele voltará através do Espírito que nos enviará (cf Jo 20,22). Sem o retorno ao Pai ele não poderá estar conosco através do seu Espírito.
João 14,30-31a: Para que o mundo saiba que amo o Pai.
Jesus está encerrando a última conversa com os discípulos. O príncipe deste mundo vai tomar conta do destino de Jesus. Jesus vai ser morto. Na realidade, o Príncipe, o tentador, o diabo, nada pode contra Jesus. Jesus faz em tudo o que lhe ordena o Pai. O mundo vai saber que Jesus ama o Pai. Este é o grande e único testemunho de Jesus que pode levar o mundo a crer nele. No anúncio da Boa Nova não se trata de divulgar uma doutrina, nem de impor um direito canônico, nem de unir todos numa organização. Trata-se, antes de tudo, de viver e de irradiar aquilo que o ser humano mais deseja e tem de mais profundo dentro de si: o amor. Sem isto, a doutrina, o direito, a celebração não passa de peruca em cabeça calva.
* João 14,31b: Levantem e vamos embora daqui.
São as últimas palavras de Jesus, expressão da sua decisão de ser obediente ao Pai e de revelar o seu amor. Na eucaristia, na hora da consagração, em alguns países se diz: “Na véspera da sua paixão, voluntariamente aceita”. Jesus diz em outro lugar: “O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai” (Jo 10,17-18).
4) Para confronto pessoal
1) Jesus disse: “Dou-vos a minha paz”. Como contribuo para a construção da paz na minha família e na minha comunidade?
2) Olhando no espelho da obediência de Jesus ao Pai, em que ponto eu poderia melhorar a minha obediência ao Pai?
5) Oração final
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder! (Sl 144, 10-11)
Segunda-feira, 20 de maio-2019. 5ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Pai, que unis os corações dos fiéis num só desejo, dai ao vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho segundo João (Jo 14,21-26)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 21“Quem acolheu os meus mandamentos e os observa, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”. 22Judas — não o Iscariotes — disse-lhe: “Senhor, como se explica que te manifestarás a nós e não ao mundo?” 23Jesus respondeu-lhe: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. 24Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. 25Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. 26Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
3) Reflexão - Jo 14,21-26
Como dissemos anteriormente, o capítulo 14 do Evangelho de João é um exemplo bonito de como se praticava a catequese nas comunidades da Ásia Menor no fim do primeiro século. Através das perguntas dos discípulos e das respostas de Jesus, os cristãos formavam sua consciência e encontravam uma orientação para os seus problemas. Assim, neste capítulo 14, temos a pergunta de Tomé com a resposta de Jesus (Jo 14,5-7), a pergunta de Filipe com a resposta de Jesus (Jo 14,8-21), e a pergunta de Judas com a resposta de Jesus (Jo 14,22-26). A última frase da resposta de Jesus a Filipe (Jo 14,21) forma o primeiro versículo do evangelho de hoje.
João 14,21: Eu o amarei e me manifestarei a ele.
Este versículo traz o resumo da resposta de Jesus a Filipe. Filipe tinha dito: “Mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (Jo 14,8). Moisés tinha perguntado a Deus: “Mostra-me a tua glória!” (Ex 33,18). Deus respondeu: “Não poderás ver minha face, porque ninguém pode ver-me e continuar vivendo” (Ex 33,20). O Pai não pode ser mostrado. Deus habita uma luz inacessível (1Tim 6,16). “Ninguém jamais viu a Deus” (1Jo 4,12). Mas a presença do Pai pode ser experimentada através da experiência do amor. Diz a primeira carta de São João: “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Jesus diz a Filipe: “Quem aceita os meus mandamentos e a eles obedece, esse é que me ama. E quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Observando o mandamento de Jesus, que é o mandamento do amor ao próximo (Jo 15,17), a pessoa mostra o seu amor por Jesus. E quem ama a Jesus, será amado pelo Pai e pode ter a certeza de que o Pai se manifestará a ele. Na resposta a Judas, Jesus dirá como acontece esta manifestação do Pai na nossa vida.
João 14,22: A pergunta de Judas, pergunta de todos.
A pergunta de Judas: “Por que o senhor se manifesta só a nós e não ao mundo?” Esta pergunta de Judas reflete um problema que é real até hoje. Às vezes, sobe em nós cristãos o pensamento de que somos melhores que os outros e que Deus nos ama mais do que os outros. Será que Deus faz distinção de pessoas?
João 14,23-24: Resposta de Jesus.
A resposta de Jesus é simples e profunda. Ele repete o que acabou de dizer a Filipe. O problema não é se nós cristãos somos mais amados por Deus do que os outros, ou que os outros são desprezados por Deus. Este não é o critério da preferência do Pai. O critério da preferência do Pai é sempre o mesmo: o amor. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras”. Independentemente do fato de a pessoa ser ou não ser cristã, o Pai se manifesta a todos aqueles que observam o mandamento de Jesus que é o amor ao próximo (Jo 15,17). Em que consiste a manifestação do Pai? A resposta a esta pergunta está estampada no coração da humanidade, na experiência humana universal. Observe a vida das pessoas que praticam o amor e que fazem da sua vida uma doação aos outros. Examine a sua própria experiência. Independentemente de religião, classe, raça ou cor, a prática do amor traz uma paz profunda e uma alegria que conseguem conviver com dor e sofrimento. Esta experiência é o reflexo da manifestação do Pai na vida das pessoas. É a realização da promessa: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada
João 14,25-26: A promessa do Espírito Santo.
Jesus termina sua resposta a Judas dizendo: Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com vocês. Jesus comunicou tudo que ouviu do Pai (Jo 15,15). As palavras dele são fonte de vida e devem ser meditadas, aprofundadas e atualizadas constantemente à luz da realidade sempre nova que nos envolve. Para esta meditação constante das suas palavras Jesus nos promete a ajuda do Espírito Santo: “O Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes disse.
4) Para confronto pessoal
1) Jesus disse: Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Como eu experimento esta promessa?
2) Temos a promessa do dom do Espírito para nos ajudar a entender as palavra de Jesus. Eu invoco a luz do Espírito quando vou ler e meditar a Escritura?
5) Oração final
Que a minha boca cante a glória do Senhor e que bendiga todo ser seu nome santo,desde agora, para sempre e pelos séculos. (Sl 144, 21)
A nova faceta de Edir Macedo: dono de time de futebol
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POR LAURO JARDIM
Edir Macedo já possui direta ou indiretamente uma igreja, uma rede de televisão, um banco e um partido. Agora, avança também sobre o esporte.
Fundado em agosto passado em Irecê (BA), o Canaã Esporte Clube é um time vinculado à Igreja Universal. Está na segunda divisão do campeonato baiano e vai disputar a final do Estadual sub-20. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
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