21º VIAGEM MISSIONÁRIA-PASTORAL DO PAPA: Só o perdão cura as feridas da violência
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Yangun (RV) – “O caminho da vingança não é o caminho de Jesus”: num país ferido por conflitos internos, o Papa falou do perdão e da compaixão na missa desta quarta-feira (29/11), que marcou o tão aguardado encontro de Francisco com a comunidade católica de Mianmar. Cerca de 150 mil fiéis participaram da celebração no complexo esportivo de Kyaikkasan Ground, a poucos quilômetros do Arcebispado de Yangun, para a primeira e única missa pública no país.
Caravanas de inúmeras partes do país compareceram cedo ao local e, mesmo após horas de espera, saudaram calorosamente Francisco do papamóvel, antes do início da cerimônia. Em sua homilia, comentando as leituras do dia, o Pontífice recordou que Jesus não nos ensinou a sua sabedoria com longos discursos ou por meio de grandes demonstrações de poder político ou terreno, mas com a oferta da sua vida na cruz. O Senhor crucificado é a nossa bússola segura.
E da cruz vem também a cura, acrescentou o Papa. “Sei que muitos em Mianmar carregam as feridas da violência, quer visíveis quer invisíveis. A tentação é responder a estas lesões com uma sabedoria mundana que, como a do rei na primeira leitura, está profundamente deturpada. Pensamos que a cura possa vir do rancor e da vingança. Mas o caminho da vingança não é o caminho de Jesus.”
O caminho de Jesus é radicalmente diferente, afirmou Francisco, pois quando o ódio e a rejeição conduziram Cristo à paixão e à morte, Ele respondeu com o perdão e a compaixão. O Pontífice falou do empenho da Igreja em Myanmar, que faz o que pode para levar o “bálsamo salutar da misericórdia de Deus” aos outros, especialmente aos mais necessitados.
“Há sinais claros de que, mesmo com meios muito limitados, numerosas comunidades proclamam o Evangelho a outras minorias tribais, sem nunca forçar ou constringir, mas sempre convidando e acolhendo. No meio de tanta pobreza e inúmeras dificuldades, muitos de vocês prestam assistência prática e solidariedade aos pobres e aos doentes”, destacou o Papa.
Ressaltando a missão caritativa “sem distinções de religião ou de origem étnica” da Caritas local e das Pontifícias Obras Missionárias, Francisco encorajou os católicos a continuarem a partilhar com os demais “a inestimável sabedoria” de Deus, que brota do coração de Jesus.
A mensagem de perdão e misericórdia de Cristo, disse ainda Francisco, obedece a uma lógica que nem todos querem compreender e que encontra obstáculos. E concluiu usando mais uma de suas metáforas: “Contudo, o seu amor é definitivamente inabalável. É como um GPS espiritual que nos guia infalivelmente rumo à vida íntima de Deus e ao coração do nosso próximo. Deus abençoe a Igreja em Mianmar! Abençoe esta terra com a sua paz!”
Após a celebração, o Papa regressou ao Arcebispado. Depois do almoço, Francisco tem oficialmente mais dois eventos: o encontro com o Conselho Supremo Budista e com os Bispos de Mianmar. Fonte: http://br.radiovaticana.va
EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA: Quarta-feira da 34ª Semana do Tempo Comum
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*Frei Carlos Mesters, O. Carm
(Ano Litúrgico- A. Quarta-feira, 29)
Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas,
para que, aproveitando melhor as vossas graças,
obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (Lucas 21, 12-19)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 13Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. 14Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, 15porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 16Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 17Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 18Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 19É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação. - Palavra da salvação.
Reflexão Lucas 21,12-19
No evangelho de hoje, que é a continuação do discurso iniciado ontem, Jesus enumera mais um sinal para ajudar as comunidades a se situar dentro dos fatos e não perder a fé em Deus nem a coragem de resistir contra as investidas do império romano. Repetimos os primeiros cinco sinais do evangelho de ontem:
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11).
Até aqui foi o evangelho de ontem. Agora, no evangelho de hoje, mais um sinal:
6º sinal: a perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19)
Lucas 21,12. O sexto sinal da perseguição.
Várias vezes, durante os poucos anos que passou entre nós, Jesus tinha avisado aos discípulos que eles iam ser perseguidos. Aqui, no último discurso, ele repete o mesmo aviso e faz saber que a perseguição deve ser levado em conta no discernimento dos sinais dos tempos: "Antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome”. E destes acontecimentos, aparentemente tão negativos Jesus tinha dito: “Não fiquem apavorados. Primeiro essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." (Lc 21,9). E o evangelho de Marcos acrescenta que todos estes sinais são "apenas o começo das dores de parto!" (Mc 13,8) Ora, dores de parto, mesmo sendo muito dolorosas para a mãe, não são sinal de morte, mas sim de vida! Não são motivo de medo, mas sim de esperança! Esta maneira de ler os fatos trazia tranquilidade para as comunidades perseguidas. Assim, lendo ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus no ano 33, os leitores de Lucas dos anos oitenta podiam concluir: "Todas estas coisas já estão acontecendo conforme o plano previsto e anunciado por Jesus! Por tanto, a história não escapou da mão de Deus! Deus está conosco!"
Lucas 21,13-15: A missão dos cristãos em época de perseguição
A perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser motivo de desânimo ou de desespero, mas deve ser vista como uma oportunidade, oferecida por Deus, para as comunidades realizarem a missão de testemunhar com coragem a Boa Nova de Deus. Jesus diz: “Isso acontecerá para que vocês deem testemunho. Portanto, tirem da cabeça a ideia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês”. Por meio desta afirmação Jesus anima os cristãos perseguidos que viviam angustiados. Ele faz saber que, mesmo perseguidos, eles tinham uma missão a cumprir, a saber: testemunhar a Boa Nova de Deus e, assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria o povo a repetir o que diziam os magos do Egito diante dos sinais e da coragem de Moisés e Aarão: “Aqui há o dedo de Deus!” (Ex 8,15). Conclusão: se as comunidades não devem preocupar-se, se tudo está nas mãos de Deus, se tudo já era previsto por Deus, se tudo não passa de dor de parto, então não há motivo para ficarmos preocupados.
Lucas 21,16-17: Perseguição até dentro da própria família
“E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome”. A perseguição não vinha só de fora, da parte do império, mas também de dentro, da parte da própria família. Numa mesma família, uns aceitavam a Boa Nova, outros não. O anúncio da Boa Nova provocava divisões no interior das famílias. Havia até pessoas que, baseando-se na Lei de Deus, chegavam a denunciar e matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores de Jesus (Dt 13,7-12).
Lucas 21,18-19: A fonte da esperança e da resistência
“Mas não perderão um só fio de cabelo. É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!" Esta observação final de Jesus lembra a outra palavra que Jesus tinha dito: “nenhum cabelo vai cair da cabeça de vocês!” (Lc 21,18). Esta comparação era um apelo forte a não perder a fé e a continuar firme na comunidade. E confirma o que Jesus já tinha dito em outra ocasião: “Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9,24).
Para um confronto pessoal
1) Como você costuma ler as etapas da história da sua vida e do seu país?
2) Olhando a história da humanidade dos últimos 50 anos, a esperança aumentou em você, ou diminuiu?
Oração final
O Senhor manifestou sua salvação,
aos olhos dos povos revelou sua justiça.
Lembrou-se do seu amor
e da sua fidelidade à casa de Israel. (Sl 97, 2-3)
*Nasceu numa cidadezinha ao sul da Holanda. Cresceu na acolhedora e cálida sombra de uma família biblicamente perfeita: sete irmãos. Na infância, viveu os anos sombrios da Segunda Guerra Mundial. Mas, pela localização geográfica, sua cidade ficou à sombra dos acontecimentos e não sofreu grandes transtornos. Jacobus Gerardus Hubertus Mesters nasceu na Holanda, no dia 20 de outubro de 1931. Foi este o nome que recebeu na pia batismal. Vinte anos mais tarde, ao receber o hábito da Ordem Carrnelita, já no Brasil, foi rebatizado de Carlos: frei Carlos Mesters.
Aos 17 anos, o jovem Jacobus Mesters escolheu o Brasil como campo de sua futura atividade missionária. No dia 6 de janeiro de 1949, festa dos Santos Reis, ele e seu amigo Vital Wilderink tomaram o navio rumo ao Brasil. Foram duas semanas entre o céu e o mar. No dia 20 de janeiro, o navio lançou âncoras no porto do Rio de Janeiro. Era a festa do padroeiro da cidade, São Sebastião.
No convento da Rua Martiniano de Carvalho, São Paulo, completou o curso de "Humanidades" e, em janeiro de 1951, com o hábito de carmelita, recebeu o sonoro nome de frei Carlos.
Muito sabiamente, os carmelitas enviavam seus futuros missionários em plena juventude
Terminado o noviciado, fez a profissão religiosa no dia 22 de janeiro de 1952. Cursou a Filosofia em São Paulo e foi fazer a Teologia em Roma, no Colégio Internacional Santo Alberto, em 1954. Foi consagrado presbítero no dia 7 de julho de 1957.
Formou-se em Teologia no Angelicum, a respeitada Faculdade Teológica dos dominicanos, em 1958. Em ciências bíblicas, formou-se primeiro, no Institutum Biblicum dirigido pelos jesuítas em Roma e, depois, na Escola Bíblica de Jerusalém, dos dominicanos.
Em 1962, voltou a Roma para defender tese junto à Pontifícia Comissão Bíblica. Em 1963, de volta ao Brasil, foi nomeado professor no Curso Teológico dos Carmelitas, em São Paulo.
Seu desempenho como professor não passou despercebido: em 1967, foi convocado para dar aulas no Colégio Internacional Santo Alberto, em Roma. Em 1968, deu por encerrada sua colaboração em Roma e voltou, sendo transferido para Belo Horizonte (MG), Foi chamado para lecionar no Instituto Central de Teologia e Filosofia da Universidade Católica, que vivia uma fase de grande efervescência.
Frei Carlos e o CEBI
A semente dessa planta foi lançada, em Angra dos Reis, no final de 1978, através dois cursos de caráter nacional. Em 1979 foi semeada regionalmente no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sul. Para frei Carlos, seu único mérito é de ter sido o semeador no terreno fértil e já preparado das comunidades populares.
Em 1988, quando o Estadão publicou, com estardalhaço, um longo artigo feito de ataques contra Carlos Mesters e o CEBI, foi grande a repercussão. Repórteres de jornais e revistas iam ao CEBI ou telefonavam, à cata de informações e queriam marcar entrevistas com frei Carlos. Na falta de notícia, publicavam especulações sobre supostos processos em andamento no Vaticano. Frei Carlos se esquivou da imprensa, mas preparou uma resposta contundente a todas as acusações para distribuir aos amigos e interessados. Fonte: http://mesters80anos.blogspot.com.br
Papa Francisco envia saudação ao Ano do Laicato no Brasil
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O Papa Francisco enviou à Igreja do Brasil, dia 15 de novembro, por meio do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, uma saudação por ocasião da abertura do Ano Nacional do Laicato, no domingo (26/11).
Nesse momento particular da história do Brasil, o documento afirma que é preciso que os cristãos assumam sua responsabilidade de ser o fermento de uma sociedade renovada, onde a corrupção e a desigualdade dêem lugar à justiça e solidariedade.
O documento foi lido na lançamento do Ano do Laicato na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na abertura da última reunião ordinária do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) de 2017, na manhã desta terça-feira, 28/11. Fonte: http://cnbb.net.br
FRANCISCO- O PAPA MISSIONÁRIO: Paz é unidade nas diferenças
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Depois de presidir a celebração da missa na sede do Arcebispado, a terça-feira do Papa Francisco em Rangum começou com um evento extra-oficial: o Pontífice recebeu 17 líderes das diferentes religiões presentes em Mianmar.
Tratou-se de um reunião inserida sucessivamente à programação para ressaltar o valor que o País atribui ao diálogo inter-religioso – uma das finalidades desta 21ª viagem apostólica seja em Mianmar, seja em Bangladesh.
No total, foram 40 minutos de encontro, no qual estavam presentes líderes budistas, hinduístas, muçulmanos, judeus, batistas e anglicanos.
Depois do almoço, o Papa regressa ao aeroporto de Rangum rumo à capital, Nay Pyi Taw, para a cerimónia oficial de boas-vindas e o encontro com as autoridades. Nesta ocasião, Francisco pronuncia o seu primeiro discurso em terras birmanesas.
Em Nay Pyi Taw, o Pontífice se reúne também com “A Senhora”, como é conhecida a histórica ativista Aung San Suu Kyi, hoje Conselheira de Estado e a figura mais emblemática deste momento de transição da política birmanesa.
No final da tarde, o Papa volta a Rangum.
Imprensa
A imprensa local, seja os jornais em inglês, seja em birmanês, dedicaram a primeira página à chegada do Pontífice, ressaltando a multidão em festa pelas ruas de Rangum.
“Milhares de pessoas lotam as avenidas para receber o Papa”, “multidão colorida acolhe o Santo Padre” foram algumas manchetes.
Os jornalistas prontamente noticiaram a visita inesperada ao Pontífice do Chefe das Forças Armadas, Min Aung Hlaing, e as palavras dirigidas a Francisco de que “não existe opressão ou discriminação religiosa em Mianmar”.
A capital
A cidade foi construída e planificada para ser a sede do governo, e é assim oficialmente desde 2006. Nay Pyi Taw também é conhecida pela desproporção entre a densidade populacional e o seu tamanho, suas avenidas largas e longas. Pelas ruas, se alternam momentos de vida ordinária com o absoluto silêncio e a ausência total de movimento.
Com a capital, cresce também a Igreja Católica. Na cidade, existem somente duas paróquias. A reportagem do Programa Brasileiro visitou uma delas: a de São Miguel Arcanjo. Dois sacerdotes conduzem esta paróquia frequentada apenas por 30 famílias. Enquanto a igreja está em construção, as missas são celebradas só aos domingos num templo improvisado e a única atividade é a catequese para as crianças. Fonte: http://pt.radiovaticana.va
EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA: Terça-feira da 34ª Semana do Tempo Comum
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*Frei Carlos Mesters, O. Carm
(Ano Litúrgico- A. Terça-feira, 28)
Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas,
para que, aproveitando melhor as vossas graças,
obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (Lucas 21, 5-11)
Naquele tempo, 5Como lhe chamassem a atenção para a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos, Jesus disse: 6Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído. 7Então o interrogaram: Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá para saber-se que isso se vai cumprir? 8Jesus respondeu: Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles. 9Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim. 10Disse-lhes também: Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. 11Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu. - Palavra da salvação.
Reflexão Lucas 21, 5-11
No evangelho de hoje começa o último discurso de Jesus, chamado Discurso Apocalíptico. É um longo discurso, que será o assunto dos evangelhos dos próximos dias até o fim desta última semana do ano eclesiástico. Para nós do Século XXI, a linguagem apocalíptica é estranha e confusa. Mas para o povo pobre e perseguido das comunidades cristãs daquele tempo era a fala que todos entendiam e cujo objetivo principal era animar a fé e a esperança dos pobres e oprimidos. A linguagem apocalíptica é fruto da teimosia da fé destes pobres que, apesar das perseguições e contra todas as aparências em contrário, continuavam a crer que Deus estava com eles e que Ele continuava sendo o Senhor da história.
Lucas 21,5-7: Introdução ao Discurso Apocalíptico.
Nos dias anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus tinha rompido com o Templo (Lc 19,45-48), com os sacerdotes e os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc 20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no fim, como vimos no evangelho de ontem, terminou elogiando a viúva que deu em esmola tudo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ouvindo como “algumas pessoas comentavam sobre o Templo, enfeitado com pedras bonitas e com coisas dadas em promessa”, Jesus responde anunciando a destruição total do Templo: "Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído." Ouvindo este comentário de Jesus, os discípulos perguntam: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?" Eles querem mais informação. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta pergunta dos discípulos sobre o quando e o como da destruição do Templo. O evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou este discurso. Ele diz que Jesus tinha saído da cidade e estava sentado no Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Lá do alto do Monte ele tinha uma visão majestosa sobre o Templo. Marcos informa ainda que havia só quatro discípulos para escutar o último discurso. No início da sua pregação, três anos antes, lá na Galiléia, as multidões iam atrás de Jesus para escutar suas palavras. Agora, no último discurso, há apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3). Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!
Lucas 21,8: Objetivo do discurso: "Não se deixem enganar!"
Os discípulos tinham perguntado: "Mestre, quando vai acontecer isso? Qual será o sinal de que essas coisas estarão para acontecer?” Jesus começa a sua resposta com uma advertência: "Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu!' E ainda: 'O tempo já chegou'. Não sigam essa gente”. Em época de mudanças e de confusão sempre aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação enganando os outros. Isto acontece hoje e estava acontecendo nos anos 80, época em que Lucas escreve o seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles anos, diante da destruição de Jerusalém do ano 70 e diante da perseguição dos cristãos pelo império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse chegando. Havia até gente que dizia: “Deus já não controla mais os fatos! Estamos perdidos!” Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos é sempre a mesma: ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos para não serem enganadas pelas conversas do povo sobre o fim do mundo: "Cuidado para que vocês não sejam enganados!". Em seguida, vem o discurso que oferece sinais para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar neles a esperança.
Lucas 21,9-11: Sinais para ajudar a ler os fatos.
Depois desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. Primeiro, essas coisas devem acontecer, mas não será logo o fim." E Jesus continuou: "Uma nação lutará contra outra, um reino contra outro reino. Haverá grandes terremotos, fome e pestes em vários lugares. Vão acontecer coisas pavorosas e grandes sinais vindos do céu.". Para entender bem estas palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores de Lucas viviam e escutavam no ano 85. Ora, nos cinquenta anos entre o ano 33 e o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já tinham acontecido e eram do conhecimento de todos. Por exemplo, em várias partes do mundo havia guerras, apareciam falsos messias, surgiam doenças e pestes e, na Ásia Menor, os terremotos eram frequentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do projeto de Deus em andamento na história do Povo de Deus, desde a época de Jesus até o fim dos tempos:
1º sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
2º sinal: guerra e revoluções (Lc 21,9);
3º sinal: nação lutará contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
4º sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
5º sinal: fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11);
Até aqui vai o evangelho de hoje. O evangelho de amanhã traz mais um sinal: a perseguição das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de depois de amanhã traz mais dois sinais: a destruição de Jerusalém e o início da desintegração da criação. Assim, por meio destes sinais do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos oitenta, época em que Lucas escreve o seu evangelho, podiam calcular a que altura se encontrava a execução do plano de Deus, e descobrir que a história não tinha escapado da mão de Deus. Tudo estava conforme tinha sido previsto e anunciado por Jesus no Discurso Apocalíptico.
Para um confronto pessoal
1- Qual o sentimento que você teve durante a leitura deste evangelho de hoje? De medo ou de paz?
2- Você acha que o fim do mundo está próximo? O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo? O que, hoje, anima o povo a resistir e ter esperança?
Oração final
Alegrem-se diante do SENHOR,
pois ele vem, ele vem julgar a terra.
Julgará o mundo com justiça
e com sua fidelidade todas as nações. (Sl 95, 13-14)
Padres criticam ‘inércia pastoral’ e querem igreja engajada em lutas sociais
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Inquietos com o comportamento de uma igreja reduzida ao clericalismo e de olhos fechados para a realidade social na Diocese de São Miguel Paulista, zona leste da cidade de São Paulo, seis padres iniciaram, em 2010, um movimento para sacudir os colegas de batina. Nascia assim o coletivo Igreja – Povo de Deus – em Movimento. O objetivo é reavivar o compromisso das paróquias da região, como em Itaquera, São Mateus, Ermelino Matarazzo e Guaianases, com o engajamento nos movimentos por transformação social, inserindo em suas rotinas religiosas a luta por educação, moradia e trabalho. A reportagem é de Luciano Velleda, publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 24-11-2017.
O movimento ganhou mais força a partir de 2013, com a eleição do papa Francisco e sua postura progressista diante do conservadorismo da Igreja Católica. “O coletivo continua sendo a chave para saídas possíveis diante da longa noite que atravessamos. Nesta caminhada, portanto, com lampião aceso, dizemos que outra Igreja é urgente e necessária para construir o compromisso com os mais pobres”, afirma a cartilha de formação Por Uma Igreja em Saída e para o Povo, que será lançada neste sábado (25), às 8h, no Centro Social Marista Itaquera.
Os padres Ticão Marchioni, Dimas Carvalho, Devair Poletto, Cyzo Lima, Émerson Andrade e Paulo Bezerra são os homens à frente da Igreja – Povo de Deus – em Movimento (IPDM), que retoma na zona leste de São Paulo a tradição iniciada nos anos de 1980 com a Teologia da Libertação e as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
“Quase submersos em uma crise planetária econômico-socioambiental, cultural e religiosa, o IPDM, no entanto, provoca a inércia pastoral, a indiferença social, o cinismo e a ditadura político-econômica midiática, e o descaso pela casa comum, para enfrentar a crise não como limite, mas como profecia de transformação”, explica outro trecho da cartilha, afirmando que a provocação maior, todavia, deve ser feita na retomada do trabalho de base, nas comunidades, paróquias e coletivos para que priorizem “o estudo e as reflexões sobre as questões candentes da conjuntura da Igreja e da sociedade”.
Segundo Eduardo Brasileiro, professor de sociologia e coordenador pastor da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera, a expressão “igreja em saída” quer justamente incentivar a postura de uma igreja que saí das paredes seguras do templo e encara as lutas sociais da atualidade. “É um desafio colocar a igreja em movimento, é uma dificuldade sair desse modelo voltado para dentro e conseguir ir para a rua. Com a eleição do papa Francisco se ganhou mais força para dizer que a igreja deve estar perto dos pobres, lutando contra a desigualdade social”, afirmou.
Política e religião
A cartilha de formação Por Uma Igreja em Saída e para o Povo inclui artigo da urbanista Ermínia Maricato, professora aposentada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), e ex-secretária-executiva do Ministério das Cidades (2003- 2005). Traz ainda um tópico intitulado “Discutindo Tabus”, sobre participação política num contexto de corrupção, e a relação entre espiritualidade e os desafios políticos e econômicos da atualidade.
“Um velho e santo bispo, dom Hélder Câmara, já nos dizia: não fazer política é o melhor jeito de ser dominado pela política dos outros. A política é o único caminho para as mudanças do país. Sem a participação da política, as mudanças não acontecem”, diz o padre Ticão Marchioni. “São milhares as formas de se fazer política para melhorar o nosso país. A mais descreditada atualmente é o político de partido, onde você encontra um lamaçal de corrupção, arrogância, desprezo com a miséria brasileira. Repito: eles estão lá porque nós estamos aqui, calados, tímidos e imóveis. É hora de nos unirmos aos movimentos sociais que lutam por mais direitos aos mais pobres.”
Para padre Ticão, é necessário ocupar os partidos, analisar quais deles buscam a igualdade social, a taxação dos mais ricos, a distribuição de riquezas, a criação de empregos (com direitos) nas periferias, educação e saúde integrais.
“A cartilha tem o objetivo de trabalhar na base, mostrar como os cristãos podem se inserir nas lutas por moradia, educação, mobilidade urbana, entre outras”, diz Eduardo Brasileiro, que espera bom público para o lançamento da publicação, seguido de debate. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Pastor diz que bicicleta 'rouba' virgindade das mulheres
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Um pastor de uma igreja na Argentina está dando o que falar nas redes sociais após começar uma campanha para que mulheres cristãs deixem de andar de bicicleta.
Segundo o pastor Elías Ramírez, da Iglesia Pentecostal Renacimiento, o uso do veículo deveria ser abandonado porque ele seria um "ladrão da virgindade".
A polêmica começou na página que a igreja mantém no Facebook que, entre outras coisas, também faz campanha para que mulheres deixem de usar calça jeans e saias curtas. No post, a bicicleta é descrita como não sendo um veículo bíblico e, por isso, algumas pessoas começaram a ironizar a fala do pastor. "Eu procurei na Bíblia por 'skate' e não está lá. Portanto, deve ser um veículo satânico", disse um internauta. "Eu gostaria de saber em que parte da Bíblia definem como veículo bíblico os carros que os pastores dirigem", comentou outro.
A página conta com mais de mil curtidas e tem postado diversos conteúdos polêmicos desde fevereiro deste ano. No post que quer proibir o uso da bicicleta, o pastor fala ainda que seguirá "denunciando a perversidade e todo ato de malícia que ofende a Deus". Fonte: www.metrojornal.com.br
Papa chega a Mianmar e inicia sua 21ª Viagem Apostólica
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O Papa Francisco chegou pouco antes das 8.00 horas de Roma (13.30 hora local) no Aeroporto Internacional de Rangum, em Mianmar, iniciando, assim, a sua 21ª Viagem apostólica que o levará ao Bangladesh
O Santo Padre foi acolhido por um Ministro-delegado do Presidente, juntamente com todos os Bispos da Conferência Episcopal. Crianças das paróquias da cidade e dos arredores, inclusive da zona rural, ofereceram flores a Francisco.
Nas boas-vindas, não estavam previstos discursos, mas somente o piquete de honra. A cerimônia oficial está marcada para terça-feira (28/11) no Palácio presidencial, em Nay Pyi Taw.
Do aeroporto Francisco se dirigiu diretamente para a sede do Arcebispado, que fica na parte centro-oriental da cidade, que durante décadas foi a capital de Mianmar. Hoje, residem em Yangun cerca de cinco milhões de pessoas.
No trajeto, percorrido em carro fechado, o Pontífice pôde acenar aos moradores reunidos em oito pontos organizados nos 18 quilômetros que separam o aeroporto do centro. O trânsito, que normalmente já é caótico, foi parcialmente desviado. Somente nos últimos dias, as ruas foram enfeitadas com cartazes anunciando a chegada de Francisco. Até então, os outdoors eram visíveis só diante das igrejas da cidade.
No quarteirão do Arcebispado fica também a Catedral de Santa Maria, a mais importante do País. O edifício construído com tijolos marrons remonta ao ano de 1909, em estilo neogótico herdado dos colonizadores britânicos. Na Catedral será celebrado o último encontro do Pontífice com a comunidade católica de Mianmar, que vai marcar também a despedida do País: a Missa com os jovens na quinta-feira (30/11).
Oficialmente, nesta segunda-feira não estão previstos encontros para o Papa, depois de 14 horas de voo.
Fonte: http://pt.radiovaticana.va
A Virgem Maria
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(*) Pe. Luciano Guedes
Catedrais, santuários, capelas, cerimoniais, novenas, procissões, liturgias e hinos! É possível sentir por toda parte e em cada representação de nossa fé católica a beleza, a grandeza e o mistério de Maria, a Virgem e Mãe da Igreja. Na experiência de nossa transitoriedade pelas estradas da vida, desponta um lugar no qual Nossa Senhora traduz nossa alegria, esperança ou dor.
Saúde, livramento, guia, amparo, desterro, milagre, luz, consolo, piedade… Em cada expressão de conforto, lá se revela uma oração que se eleva ao Céu, na confiança de que a Advogada, a Intercessora, a Mãe do Salvador apresente ao seu divino Filho, a gratidão e a prece de tantos filhos e filhas. Celebramos este ano dois grandes jubileus marianos: 300 de Nossa Senhora Aparecida no Brasil e 100 anos de Nossa Senhora de Fátima em Portugal. Quantas Marias irmãs, esposas, amigas nossas, trazem no nome a presença amorosa da Mãe de Deus!
O medievalista Jacques Le Goff afirmou em sua obra que por causa do culto mariano e de sua expansão, a dignidade da mulher foi preservada no processo civilizatório ocidental. Foi a visão beatífica da Virgem, a Nova Eva, explicada pelos místicos, esculpida pelos artistas e decantada na sinfonia de músicos e cantores que possibilitou ao feminino um lugar de reconhecimento e valor, tantas vezes negado pela dureza da história humana, argumenta ele.
Na percepção de Dom Luís Gonzaga Fernandes, Maria é verdadeiramente uma dimensão do catolicismo. Numa de suas falas sobre a Virgem, o grande mestre e pastor nos diz: “Essa Senhora privilegiada, totalmente subordinada e dependente do seu divino Filho, mas, inegavelmente incorporada ao seu mistério, termina dando fisionomia própria à comunidade dos discípulos, a cuja frente esteve já no Pentecostes. Desde os primórdios, ela irradiou no seio da Igreja sua graça e sua ternura. Nossa Igreja é a Igreja de Maria, Nossa Senhora” (Fala em 28.05.2000. Rietveld, João Jorge. A Palavra é filha do silêncio: antologia dos artigos de Dom Luiz Gonzaga Fernandes – 1981-2003: Maxgraf, 2011)
Não somente os literatos e religiosos narraram esta relação afetiva de Maria com o povo. A sensibilidade dos fiéis compreendeu desde séculos, partindo de suas necessidades e aspirações, esta ligação profunda de suas vidas com a Mãe de Jesus Cristo. Em cada devoção, título e cântico, em cada testemunho e graça que ouvimos, encontramos um olhar que se dirige à Virgem Maria como aquela que conhece as aspirações mais densas do coração humano, àquela para quem se confessa segredos indizíveis na serena convicção de ser Ela a boa Mãe que interpreta e responde as muitas aflições de nosso viver. Há em cada gesto de amor e devoção um suspiro do desejo humano por libertação que se projeta no infinito de Deus, ao mesmo instante em que encontra alívio para a peregrinação nesta terra, com a ternura de sua companhia.
Os campinenses também reconheceram a Virgem desde cedo ao dedicarem a sua Vila Nova aos cuidados da Imaculada Conceição. Nos próximos dias, celebraremos mais uma vez sua festa anual que prolonga no tempo nossa fé e tradição. Poderíamos dizer que como nas bodas em Caná da Galileia, narrada por João no Quarto Evangelho, Maria acompanha a celebração das núpcias entre Deus e o seu povo, nos caminhos luminosos ou tristes que marcam toda a experiência humana na terra. Quando dizemos “com minha mãe estarei, na santa glória um dia”, estamos dizendo: Nossa Senhora é a estrela da manhã, é a invicta Judite, é a esperança nossa de triunfar sobre o mal, sobre todas as limitações que nos convidam a abrir-nos para Deus, mirando o Alto onde Ela está.
(*) Pároco da Catedral Diocesana de Campina Grande
Fonte: https://paraibaonline.com.br
EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA: Segunda-feira da 34ª Semana do Tempo Comum
- Detalhes
*Frei Carlos Mesters, O. Carm
(Ano Litúrgico-A. Segunda-feira, 27, dia 27)
Oração
Levantai, ó Deus, o ânimo dos vossos filhos e filhas,
para que, aproveitando melhor as vossas graças,
obtenham de vossa paternal bondade mais poderosos auxílios.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (Lucas 21, 1-4)
Naquele tempo, 1Levantando os olhos, viu Jesus os ricos que deitavam as suas ofertas no cofre do templo. 2Viu também uma viúva pobrezinha deitar duas pequeninas moedas, 3e disse: Em verdade vos digo: esta pobre viúva pôs mais do que os outros. 4Pois todos aqueles lançaram nas ofertas de Deus o que lhes sobra; esta, porém, deu, da sua indigência, tudo o que lhe restava para o sustento. - Palavra da salvação.
Reflexão
No Evangelho de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre que soube partilhar mais que os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. O povo diz: “Pobre não deixa pobre morrer de fome”. Mas às vezes, nem isso é possível. Dona Cícera que veio do interior da Paraíba, Brasil, para morar na periferia da cidade dizia: “No interior, a gente era pobre, mas tinha sempre uma coisinha para dividir com o pobre na porta. Agora que estou aqui na cidade, quando vejo um pobre que vem bater na porta, eu me escondo de vergonha, porque não tenho nada em casa para dividir com ele!” De um lado: gente rica que tem tudo, mas não quer partilhar. Do outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas quer partilhar o pouco que tem.
No início da Igreja, as primeiras comunidades cristãs, na sua maioria, eram de gente pobre (1 Cor 1,26). Aos poucos, foram entrando também pessoas mais ricas, o que trouxe consigo vários problemas. As tensões sociais, que marcavam o império romano, começaram a marcar também a vida das comunidades. Isto se manifestava, por exemplo, quando elas se reuniam para celebrar a ceia (1Cor 11,20-22), ou quando faziam reunião (Tg 2,1-4). Por isso, o ensinamento do gesto da viúva era muito atual, tanto para eles, como para nós hoje.
Lucas 21,1-2: A esmola da viúva.
Jesus estava em frente ao cofre do Templo e observava como todo mundo colocava aí a sua esmola. Os pobres jogavam poucos centavos, os ricos jogavam moedas de grande valor. Os cofres do Templo recebiam muito dinheiro. Todo mundo trazia alguma coisa para a manutenção do culto, para o sustento do clero e para a conservação do prédio. Parte deste dinheiro era usada para ajudar os pobres, pois naquele tempo não havia previdência social. Os pobres viviam entregues à caridade pública. As pessoas mais necessitadas eram os órfãos e as viúvas. Elas dependiam em tudo da caridade dos outros, mas mesmo assim, faziam questão de partilhar com os outros o pouco que possuíam. Assim, uma viúva bem pobre colocou sua esmola no cofre do templo. Dois centavos, apenas!
Lucas 21,3-4: O comentário de Jesus
O que vale mais: os poucos centavos da viúva ou as muitas moedas dos ricos? Para a maioria, as moedas dos ricos eram muito mais úteis para fazer caridade, do que os poucos centavos da viúva. Os discípulos, por exemplo, pensavam que o problema do povo só poderia ser resolvido com muito dinheiro. Por ocasião da multiplicação dos pães, eles tinham dado a sugestão de comprar pão para dar de comer ao povo (Lc 9,13; Mc 6,37). Filipe chegou a dizer: “Duzentos denários não bastam para dar um pouco para cada um!” (Jo 6,7). De fato, para quem pensa assim, os dois centavos da viúva não servem para nada. Mas Jesus diz: “Esta viúva depositou mais do que todos os outros”. Jesus tem critérios diferentes. Chamando a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ele ensina a eles e a nós onde devemos procurar a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e na partilha. E um critério muito importante é este: “Todos os outros depositaram do que estava sobrando para eles. Mas a viúva, na sua pobreza, depositou tudo o que possuía para viver”.
Esmola, partilha, riqueza
A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois a lei do Antigo Testamento dizia: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isso, eu te ordeno: abre a mão em favor do teu irmão, do teu humilde e do teu pobre em tua terra”. (Dt 15,11). As esmolas, colocadas no cofre do templo, seja para o culto, seja para os necessitados, órfãos ou viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus (Eclo 35,2; cf. Eclo 17,17; 29,12; 40,24). Dar esmola era uma maneira de reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós somos apenas administradores desses dons. Mas a tendência à acumulação continua muito forte. Cada vez de novo, ela renasce no coração humano. A conversão é sempre necessária. Por isso Jesus dizia ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens, dá para os pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência é repetida nos outros evangelhos: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega nem a traça rói” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). A prática da partilha e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito no dia de Pentecoste era este: “Não havia entre eles necessitado algum. De fato, os que possuíam terrenos ou casas, vendendo-os, traziam o resultado da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35ª; 2,44-45). Estas esmolas colocadas aos pés dos apóstolos não eram acumuladas, mas “distribuía-se, então, a cada um, segundo a sua necessidade” (At 4,35b; 2,45). A entrada de ricos na comunidade cristã possibilitou, por um lado, uma expansão do cristianismo, dando melhores condições para as viagens missionárias. Mas, por outro lado, a tendência à acumulação bloqueava o movimento da solidariedade e da partilha. Tiago ajudava as pessoas a tomarem consciência do caminho equivocado: “Pois bem, agora vós, ricos, chorai por causa das desgraças que estão a sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças.” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos precisam tornar-se alunos daquela viúva pobre, que partilhou com os outros até o necessário para viver (Lc 21,4).
Para um confronto pessoal
1-Quais as dificuldades e alegrias que você já encontrou em sua vida ao praticar a solidariedade e a partilha com os outros?
2-Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que as muitas moedas dos ricos? Qual a mensagem deste texto para nós hoje?
Oração final
Ficai sabendo que o Senhor é Deus;
ele nos fez e nós somos seus,
seu povo e rebanho do seu pasto. (Sl 99, 3)
CRISTO REI
- Detalhes
Jesus, nosso rei, rei diferente dos reis deste mundo
*Frei Carlos Mesters, O. Carm.
"Sim, eu sou rei. Mas o meu reino não é deste mundo" (Jo19,36.37).
"Sim, eu sou rei!" (Jo 18,37). Foi o que Jesus respondeu a Pilatos e esclareceu: "mas não como os reis deste mundo" (Jo 18,36). Jesus é rei, não rei dominador, mas rei servidor, que se faz o menor de todos: "O maior entre vocês seja como o mais novo; e quem governa, seja como aquele que serve" (Lc 22,26; Mt 23,11).
Jesus, o rei, iniciou sua pregação com estas palavras: "Esgotou-se o prazo. O Reino de Deus chegou! Mudem de vida! Acreditem nesta boa notícia!" (Mc 1,15). Anunciou a chegada do Reino. Através da sua maneira de viver e de ensinar, ele revelava o Reino presente na vida: "O Reino de Deus está no meio de vocês" (Lc 17,21).
Por meio das parábolas tirava o véu e apontava o sinais do Reino de Deus nas coisas mais comuns da vida: sal, semente, luz, caminho, festa trabalho, estrelas, sol lua, chuva. Jesus deixou o Reino entrar dentro dele mesmo. Deixou Deus reinar e tomar conta de tudo. "Eu só faço aquilo que o Pai me mostra que é para fazer" (cf. Jo 5,36; 8,28). Jesus era uma amostra do Reino.
Esta maneira tão simples de anunciar o Reino de Deus incomodou os grandes. Por isso, Jesus foi perseguido e condenado. O rei foi desautorizado pelos seus súditos como alguém que não vem de Deus (Jo 9,16), como um samaritano (Jo 8,48), que engana o povo (jo 11,12), como amigo dos pecadores (Lc 7,34), como louco (Mc 3,21; 8,48), como pecador (Jo 9,24), como possesso pelo demônio (Jo 7,20; 10,20), comilão e beberrão (Mt 11,19), que viola o sábado (Jo 5,18; 9,16).
Jesus recebeu o castigo dos criminosos e bandidos. E na cruz colocaram como título INRI: Jesus Nazarenos Rei dos Judeus. E assim morreu: ridicularizado pelos sacerdotes, pelo povo e pelo próprio ladrão ao lado dele. Cristo, nosso Rei. Graças a Deus!
*Do Livro: Gente como nós- Os Santos e as santas da Bíblia para cada dia do ano.
De Frei Carlos Mester e Francisco Orofino. Para comprar via internet clique aqui:
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Festa do Cristo Rei: Um Olhar do Frei Jorge, Carmelita.
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Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)
Jesus pregava que Seu Reino seria um Reino de amor. O amor é algo que menos se pode impor. É um sentimento tão livre, que ninguém o pode conquistar à força. Pode-se impor com violência o poder, ou por obediência, mas ninguém pode mandar, que nos amem. Jesus fez do amor o primeiro mandamento, e foi mais longe. Quis que amássemos todas as pessoas. Como isto é difícil! O esforço exige, às vezes o amor da sua esposa, ou vice-versa, e não se encontra o amor. Nem sempre conquistamos o amor de um irmão ou de um filho. Jesus não contenta com um ano de dedicação. A prática de amor é para sempre, sem nenhum arrependimento. Também Cristo quer ser amado. Um homem que como ele, que foi abandonado em vida pelos seus próprios amigos; que morreu desprezado como criminoso e expirou numa cruz no meio de insultos, não seria muita pretensão de querer ser amado? Milhões de pessoas o amam, com amor sincero, um amor que se traduz em sacrifícios; quantos mártires deram sua vida por ele.
Os fariseus chamam Jesus de sedutor. De fato ele seduz, mas no verdadeiro sentido da palavra.
Liturgia da Palavra de Deus.
Ezequiel insiste muito em reconhecer Deus como Supremo Pastor (Ez. 34, 11-17). Paulo mostra, que a ressurreição de Cristo comprova a nossa ressurreição (1 Cor. 15, 20-28). Cristo veio colocar um ponto final a desordem existente (Mat. 25, 31-46).
Reflexão.
Senhor Deus, outro dia vi um eucalipto muito alto e retinho. Parecia até que queria usar as nuvens como chapéu. Vi também outra árvore baixinha, raquítica e toda retorcida. Pensei comigo: “As pessoas são como árvores. Umas se levantam mais gigantes e outras se arrastam pelo chão como serpentes venenosas”.
Há pessoas que se elevam em nobrezas e dedicação, muito acima do esperado e exigido; e há outras que se rebaixam em covardia e maldade. Aquelas que vivem animados por um ideal bonito, e enxergam o rosto do Senhor na figura do próximo a outros que servem de inspiração para ninguém. Elas podem até cumular bens e tornar-se ricas em poder, mas continuam levianas e sem a preocupação de imprimir profundamente a vida. Para nos chamar a responsabilidade pela pessoa que sofre, houve um santo chamado Basílio, que disse: “O pão que em vossa casa fica como sobra inútil, é o pão daquele que passa fome, ; a camisa que fica guardada só em vosso guarda-roupa, é a camisa daquele que está nu. Vós cometeis tantas injustiças, quantas são as obras de beneficência, que deixais de praticar”. O senhor adivinha, o que eu quero dizer? É isto mesmo: gostaria de ser gente muito boa, como Jesus de Nazaré. Vou deixar-me contaminar por ele. É ele que deve “reinar” reinar sobre mim. Hoje um pouco, amanhã mais. Quero ser gente boa e assim poderei levar alguém comigo no bem. Amém.
Resposta a Palavra de Deus.
Jesus se solidarizou totalmente com os necessitados. Ele não desejou nada para si. Só quer servir através dos irmãos. Ele deixou bem claro que seguir a ele, ultrapassa todos os rótulos e títulos.
CRISTO REI: Mensagem Evangélica.
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FESTA DE CRISTO REI: Missa com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm.
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Missa na Venerável Igreja de Nossa Senhora do Carmo de São João del Rei-MG. Fotos: Ilaildo santana.
O REI DOS SEM REIS
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NESTE DOMINGO EM ROMA: Acolhamos Jesus no hoje da nossa vida. Francisco
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Papa Francisco à janela sobre a Praça de São Pedro, onde já se distinguem ramos da árvore de Natal - AFP
Nas palavras proferidas neste domingo 26 de Novembro antes da oração mariana do Ângelus, o Papa Francisco comentou a liturgia da solenidade de Cristo, Rei do Universo, último domingo do ano litúrgico. Um regalia de guia e de serviço, a de Cristo – disse Francisco – acrescentando que é também uma regalia que no fim dos tempos se afirmará como juízo. Hoje – continuou – temos, portanto, perante nós “um Cristo rei, pastor e juiz que indica os critérios de pertença ao Reino de Deus”.
Ao introduzir-nos, mediante uma página grandiosa, na narração do juízo universal, a liturgia deste domingo mostra que, depois de ter vivido de forma humilde e pobre ao longo da sua existência terrena, Jesus se apresenta agora na glória divina que lhe pertence, circundado de anjos. “A humanidade inteira é convocada perante Ele e Ele exerce a sua autoridade separando uns dos outros, tal como o pastor separa as ovelhas das cabras.”
Os que Ele colocou à sua direita são por Ele convidados a receber a herança do reino preparado para eles desde a criação do mundo, porque diz-lhes Jesus “tinha fome e me destes de comer, tinha sede e me destes de beber, era estrangeiro e me acolhestes, estava nu e me vestistes, estava doente e me visitastes, estava na prisão e me fostes visitar”.
Os justos ficam então surpreendidos, porque não se recordam de ter encontrado Jesus e ainda menos de O ter ajudado. Mas Ele diz-lhes: “Tudo aquilo que fizestes a um só destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”
“Estas palavras não acabam nunca de nos tocar, porque nos revela até que ponto chega o amor de Deus: até ao ponto de se identificar conosco, mas não quando estamos bem, quando somos sãos e felizes, não, mas sim quando estamos na necessidade. E desta forma escondida, Ele se deixa encontrar, nos estende a mão como medicante. Assim Jesus revela o critério decisivo do seu juízo, isto é o amor concreto para com o próximo em dificuldade. E assim se revela o poder do amor, a regalia de Deus: solidariedade para com quem sofre para suscitar por todo o lado atitudes e obras de misericórdia”.
Os outros que não se comportaram solidariamente com os irmãos necessitados foram afastados por Jesus e eles também ficam surpreendidos e perguntam ao Senhor quando é que o viram na necessidade e não o ajudaram, como que a dizer se te tivéssemos visto em necessidade te teríamos certamente ajudado. Mas Jesus responde: “Tudo o que não fizestes a um só destes mais pequenos, não o fizestes a mim.”
“No fim da nossa vida seremos julgados sobre o amor, isto é sobre o nosso empenho concreto de amar e servir Jesus nos nossos irmãos mais pequenos e necessitados.”
O Papa concluiu a sua reflexão dizendo que no fim dos tempos Jesus virá para julgar todas as nações, mas vem a nós todos os dias, de várias formas e nos pede para O acolhermos.
E Francisco invocou Nossa Senhora para que nos ajude a encontrar Jesus e a acolhê-lo na sua Palavra e na Eucaristia, assim como também nos irmãos e irmãs que sofrem pela fome, doenças, opressão, injustiça.
“Possam os nossos corações acolhe-Lo no hoje da nossa vida, a fim de que sejamos por Ele acolhidos na eternidade do seu Reino de luz e de paz”
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Depois da oração mariana do Ângelus, Francisco recordou o triste atentado terrorista de anteontem, sexta-feira numa mesquita do Sinai, em que 305 pessoas (das quais 27 crianças) foram mortas e 128 ficaram feridas:
“Provocou-nos uma grande dor, ontem, a notícia do massacre acontecido numa mesquita no norte do Sinai, no Egito. Continuo a rezar pelas numerosas vítimas, pelos feridos e por toda aquela comunidade, tão duramente atingida. Deus nos livre destas tragédias e sustenha os esforços de todos aqueles que agem a favor da paz, a concórdia e a convivência. As pessoas estavam naquele momento a rezar. Nós também rezemos, em silêncio, por elas”.
Seguiu um bom momento de silêncio, após o qual o Papa chamou a atenção para a beatificação, ontem sábado, em Córdoba, na Argentina, de “Madre Catalina de Maria Rodriguez, fundadora da Congregação das Hermanas Esclavas del Corazón de Jesus, primeiro Instituto religiosos feminino de vida apostólica na Argentina. Catalina viveu no século XIX. Antes era casada, mas depois de ficar viúva consagrou-se a Deus e se dedicou ao cuidado espiritual e material das mulheres mais pobres e vulneráveis.
Louvemos o Senhor por esta “mulher apaixonada do Coração de Jesus e da humanidade”
Ao saudar diversos grupos de peregrinos italianos e de outros países na Praça, o Papa dirigiu uma saudação particular à “comunidade da Ucrânia que recorda hoje a tragédia do Holodomor, a morte de fome provocada pelo regime estalinista com milhões de vítimas. Rezo pela Ucrânia, a fim de que a força da fé possa contribuir a sara as feridas do passado e a promover, hoje, caminhos de paz.”
Não faltou uma palavra de afeto em relação à Associação italiana dos acompanhadores aos Santuários marianos do mundo, após a qual o Papa terminou pedindo orações para a viagem que hoje inicia à Ásia:
“Esta noite início a Viagem apostólica ao Myanmar e ao Bangladesh. Peço-vos que me acompanheis com a oração a fim de que a minha presença seja para aquelas populações, um sinal de proximidade e esperança.” Fonte: http://pt.radiovaticana.va
EVANGELHO DO DIA-LECTIO DIVINA: Sábado da 33ª Semana do Tempo Comum
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*Frei Carlos Mesters, O. Carm
(Ano Litúrgico-A. Sábado, dia 25)
Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (Lucas 20, 27-40)
Naquele tempo, 27Alguns saduceus - que negam a ressurreição - aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: 28Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se alguém morrer e deixar mulher, mas não deixar filhos, case-se com ela o irmão dele, e dê descendência a seu irmão. 29Ora, havia sete irmãos, o primeiro dos quais tomou uma mulher, mas morreu sem filhos. 30Casou-se com ela o segundo, mas também ele morreu sem filhos. 31Casou-se depois com ela o terceiro. E assim sucessivamente todos os sete, que morreram sem deixar filhos. 32Por fim, morreu também a mulher. 33Na ressurreição, de qual deles será a mulher? Porque os sete a tiveram por mulher. 34Jesus respondeu: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, 35mas os que serão julgados dignos do século futuro e da ressurreição dos mortos não terão mulher nem marido. 36Eles jamais poderão morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, porque são ressuscitados. 37Por outra parte, que os mortos hão de ressuscitar é o que Moisés revelou na passagem da sarça ardente (Ex 3,6), chamando ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó . 38Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos; porque todos vivem para ele. 39Alguns dos escribas disseram, então: Mestre, falaste bem. 40E já não se atreviam a fazer-lhe pergunta alguma. - Palavra da salvação.
Reflexão
O evangelho de hoje traz a discussão dos Saduceus com Jesus sobre a fé na ressurreição.
Lucas 20,27: A ideologia dos Saduceus
O evangelho de hoje começa com esta afirmação:“Os saduceus afirmam que não existe ressurreição”. Os saduceus eram uma elite aristocrata de latifundiários e comerciantes. Eram conservadores. Não aceitavam a fé na ressurreição. Naquele tempo, esta fé começava a ser valorizada pelos fariseus e pela piedade popular. Ela animava a resistência do povo contra a dominação tanto dos romanos como dos sacerdotes, dos anciãos e dos próprios saduceus. Para os saduceus, o reino messiânico já estava presente na situação de bem-estar que eles estavam vivendo. Eles seguiam a assim chamada “Teologia da Retribuição” que distorcia a realidade. Segundo esta teologia, Deus retribui com riqueza e bem-estar os que observam a lei de Deus, e castiga com sofrimento e pobreza os que praticam o mal. Assim, se entende por que os saduceus não queriam mudanças. Queriam que a religião permanecesse tal como era, imutável como o próprio Deus. Por isso, para criticar e ridicularizar a fé na ressurreição, contavam casos fictícios para mostrar que a fé na ressurreição levaria a pessoa ao absurdo.
Lucas 20,28-33: O caso fictício da mulher que casou sete vezes
Conforme a lei da época, se o marido morre sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva do falecido. Era para evitar que, caso alguém morresse sem descendência, a propriedade dele passasse para outra família (Dt 25,5-6). Os saduceus inventaram a história de uma mulher que enterrou sete maridos, irmãos um do outro, e ela mesma acabou morrendo sem filho. E eles perguntam a Jesus: “E agora, na ressurreição, de quem a mulher vai ser esposa? Todos os sete se casaram com ela!" Caso inventado para mostrar que a fé na ressurreição cria situações absurdas.
Lucas 20,34-38: A resposta de Jesus que não deixa dúvida
Na resposta de Jesus transparece a irritação de quem não aguenta fingimento. Jesus não aguenta a hipocrisia da elite que manipula e ridiculariza a fé em Deus para legitimar e defender seus próprios interesses. A sua resposta tem duas partes: 1) vocês não entendem nada de ressurreição: "Nesta vida, os homens e as mulheres se casam, mas os que Deus julgar dignos da ressurreição dos mortos e de participar da vida futura, não se casarão mais, porque não podem mais morrer, pois serão como os anjos. E serão filhos de Deus, porque ressuscitaram” (vv. 34-36). Jesus explica que a condição das pessoas depois da morte será totalmente diferente da condição atual. Depois da morte já não haverá mais casamento, mas todas serão como os anjos no céu. Os saduceus imaginavam a vida no céu igual à vida aqui na terra. 2) vocês não entendem nada de Deus: “E que os mortos ressuscitam, já Moisés indica na passagem da sarça, quando chama o Senhor de 'o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó'. Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele." No fim, Jesus conclui: “Nosso Deus não é um Deus de mortos, mas sim de vivos! Vocês estão muito errados!” Os discípulos e as discípulas, que estejam de sobreaviso e aprendam! Quem estiver do lado destes saduceus estará do lado oposto de Deus!
Lucas 20,39-40: A reação dos outros frente à resposta de Jesus
“Alguns doutores da Lei disseram a Jesus: "Foi uma boa resposta, Mestre." E ninguém mais tinha coragem de perguntar coisa nenhuma a Jesus”. Muito provavelmente, estes doutores da lei eram dos fariseus, pois os fariseus acreditavam na ressurreição (cf Atos 23,6).
Para um confronto pessoal
1- Como hoje os grupos de poder imitam os saduceus e armam ciladas para impedir mudanças no mundo e na igreja?
2- Você acredita na ressurreição? Dizendo que crê na ressurreição, você pensa em algo do passado, do presente ou do futuro? Já aconteceu alguma vez uma experiência de ressurreição em sua vida?
Oração final
Tenho certeza que vou contemplar
a bondade do Senhor na terra dos vivos.
Espera no Senhor, sê forte,
firme-se teu coração e espera no Senhor. (Sl 26, 13-14)
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