Depressão no altar: quando padres precisam de ajuda.
- Detalhes
André BernardoDo Rio de Janeiro para a BBC Brasil
No último dia 16 de novembro, o padre Rosalino Santos, de 34 anos, publicou no Facebook uma foto de quando era garoto. O pároco da igreja de São Bartolomeu, em Corumbá (MS), parecia triste. Escreveu frases soltas na legenda, como "Dei o meu melhor" e "Me ilumine, Senhor". O que parecia ser um desabafo se tornou um bilhete de despedida. Dois dias depois, o corpo do sacerdote foi encontrado, enforcado, dentro de casa.
O suicídio do padre Rosalino não foi um caso isolado. Oito dias antes, o padre Ligivaldo dos Santos, da paróquia Senhor da Paz, em Salvador (BA), já tinha colocado ponto final em sua história. Aos 37 anos, atirou-se de um viaduto.
Doze dias depois, outro caso. Pela terceira vez em menos de 15 dias, um sacerdote encerrava a própria vida. Renildo Andrade Maia, de 31 anos, era pároco da igreja de Jesus Operário, em Contagem (MG).
"A vida religiosa não dá superpoderes aos padres. Pelo contrário. Eles são tão falíveis quanto qualquer um de nós", diz o psicólogo Ênio Pinto, autor do livro Os Padres em Psicoterapia (editora Ideias e Letras).
"Em muitos casos, a fé pode não ser forte o suficiente para superar momentos difíceis", afirma Pinto, que atua há 17 anos no Instituto Terapêutico Acolher, em São Paulo (SP), voltado ao atendimento psicoterápico de padres, freiras e leigos em serviço à Igreja. Desde a fundação, em 2000, o instituto estima ter atendido cerca de 3,7 mil pacientes, com média de permanência de seis meses a um ano.
Estresse ocupacional
O eventual comportamento suicida de sacerdotes intriga clérigos e terapeutas. Para especialistas consultados pela reportagem, há vários possíveis fatores: excesso de trabalho, falta de lazer, perda da motivação.
"O grau de exigência da Igreja é muito grande. Espera-se que o padre seja, no mínimo, modelo de virtude e santidade", afirma o psicólogo William Pereira, autor do livro Sofrimento Psíquico dos Presbíteros (editora Vozes).
Espera-se que o padre seja, no mínimo, modelo de virtude e santidade', diz psicólogo autor de livro sobre sofrimento de sacerdotes
"Qualquer deslize, por menor que seja, vira alvo de crítica e julgamento. Por medo, culpa ou vergonha, muitos preferem se matar a pedir ajuda", diz.
Pesquisa de 2008 da Isma Brasil, organização de pesquisa e tratamento do estresse, apontou que a vida sacerdotal é uma das profissões mais estressantes. Naquele ano, 448 entre 1,6 mil padres e freiras entrevistados (28%) se sentiam "emocionalmente exaustos". O percentual de clérigos nessa situação era superior ao de policiais (26%), executivos (20%) e motoristas de ônibus (15%).
A psicóloga Ana Maria Rossi, que coordenou o estudo, afirma que padres diocesanos, que trabalham em paróquias, estão mais propensos a sofrer de estresse do que monges e frades que vivem reclusos.
"Um dos fatores mais estressantes da vida religiosa é a falta de privacidade. Não interessa se estão tristes, cansados ou doentes, padres têm que estar à disposição dos fieis 24 horas por dia, sete dias por semana."
Problemas terrenos
Em 8 de janeiro de 2008, o padre José Chitumba ingressou na fazenda Santa Rosa, em Garanhuns (PE), uma das unidades do projeto Fazenda da Esperança, de recuperação de dependentes químicos em mais de 15 países. "Quando caí em depressão virei alcoólatra, pensei em suicídio, perdi o ânimo para rezar. Passei oito meses sem celebrar missa. Achei que aquela noite não teria fim", recorda Chitumba, de 62 anos, hoje pároco da Igreja de Santo Antônio, em Chiador (MG).
A vida sacerdotal é mais atribulada do que se costuma imaginar. Inclui celebração de batizados e casamentos, visita a doentes, sessões de confissão, aulas em universidades, presença em pastorais.
Dados de 2010 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ajudam a entender essa demanda: havia no Brasil naquele ano 22 mil padres para 123 milhões de católicos, uma média de um padre para cada 5,6 mil fiéis.
No Brasil há, em média, um padre para cada 5,5 mil fieis católicos; 'Sobra trabalho e falta tempo', diz diretor de casa de repouso para religiosos. "Sobra trabalho e falta tempo. Se não tomar cuidado, o sacerdote negligencia sua espiritualidade e trabalha no piloto automático", adverte o padre Adalto Chitolina, um dos diretores do centro Âncora, casa de repouso em Pinhais (PR) que atende padres e freiras com diagnóstico de estresse, ansiedade ou depressão.
"Ao longo de 2016, nossa taxa de ocupação foi de 100%. Em alguns meses, tivemos lista de espera", afirma.
O padre Edson Barbosa, da paróquia Nossa Senhora das Graças, em Andradina (SP), foi um dos religiosos atendidos no centro paranaense. Há dois anos, dormia pouco, comia mal, andava irritado. Mas o alarme soou quando começou a beber além da conta. Em julho de 2015, pediu dispensa de suas atividades paroquiais e passou três meses no centro Âncora, entre consultas médicas, palestras de nutrição e exercícios físicos.
"Não sei o que teria acontecido comigo se não tivesse dado essa parada. Demorei a perceber que não era super-herói", afirma. Sóbrio há um ano e nove meses, o padre, de 36 anos, trocou o álcool por caminhadas e trajetos diários de bicicleta.
Preocupação na cúpula
Reitor do seminário São José de Niterói, o padre Douglas Fontes diz estar atento à saúde mental dos colegas. Em pregações, costuma alertar os futuros sacerdotes para a necessidade de cuidarem mais de si mesmos.
"Jamais amaremos ao próximo se antes não amarmos a nós mesmos. E amar a si mesmo significa levar uma vida mais saudável. Tristes, cansados ou doentes não cumpriremos a missão que Deus nos confiou."
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da comissão da CNBB que se ocupa da vida dos padres, diz que sacerdotes devem pedir ajuda ao bispo de sua diocese em caso de tensão psicológica ou esgotamento físicos. "Os padres não estão sozinhos. Fazemos parte de uma família. E nesta família cabe ao bispo desempenhar o papel de pai e, como tal, zelar pelas necessidades dos filhos", afirma.
Outros locais do mundo também registram casos de padres com problemas psicológicos.
Uma pesquisa da Universidade de Salamanca, na Espanha, ouviu 881 sacerdotes de três países (México, Costa Rica e Porto Rico) e identificou incidência alta de transtornos relacionados à atividade.
"Três em cada cinco experimentavam graus médios ou avançados de burnout, a síndrome do esgotamento profissional", registrou a autora da pesquisa, Helena de Mézerville, no livro O Desgaste na Vida Sacerdotal (editora Paulus).
Na Itália, o burnout é conhecido por alguns sacerdotes como a "síndrome do bom samaritano desiludido". Naturalmente, sacerdotes católicos não são os únicos sob risco.
"A natureza do trabalho é a mesma. Logo, estamos sujeitos aos mesmos riscos", avalia o rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP). O sheik Ahmad Mazloum, do Centro Islâmico de Foz do Iguaçu (PR), faz coro. "É preciso satisfazer, de maneira lícita e correta, as necessidades básicas do espírito, mente e corpo. Caso contrário, estaremos sempre em perigoso .
Fonte: http://www.bbc.com
(Com colaboração do correspondente do Olhar Jornalístico em São Paulo, Frei Jerry, O. Carm).
CACHOEIRA: A Casa dos Carmelitas.
- Detalhes
1º DE MAIO: AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL: MENSAGEM DA CNBB
- Detalhes
“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.
O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.
Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).
Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.
Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
Aparecida, 27 de abril de 2017.
Dom Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB |
Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ Arcebispo São Salvador da Bahia Vice-Presidente da CNBB |
Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB Fonte: CNBB |
GREVE GERAL: Arcebispo Carmelita de Aracaju, Dom João José Costa, conclama o povo a protestar.
- Detalhes
“Não se curvem ao querer de quem não tem coragem de ouvir o povo”.
Participando da 55ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida-SP, o Arcebispo de Aracaju, Dom João José Costa, acompanha com especial atenção o delicado momento político, social e econômico do Brasil. Em nota dirigida a toda Arquidiocese e aos membros da Cáritas Brasileira, organismo do qual é presidente, o prelado apela para que o povo não se deixe abater, conclamando no sentido de que “enfrentemos este momento com muita firmeza, serenidade e esperança”.
Veja a nota, na íntegra:
AOS IRMÃOS E IRMÃS DA ARQUIDIOCESE DE ARACAJU E DA CÁRITAS BRASILEIRA
Diante de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, participando da 55ª Assembleia Geral da CNBB, estou acompanhando com atenção o desenrolar dos acontecimentos em Brasília e em todo o país.
O momento político, social e econômico que o Brasil atravessa é muito delicado e carecedor do discernimento de todos nós. A corrupção deve ser combatida com o rigor que as leis estabelecem, seja ela praticada por quem quer que seja. Corruptos e corruptores vivem nas trevas, vivem sob a sombra do mal. A impunidade e a injustiça não devem mais ser toleradas. A violência deve ser contida. E a exploração do homem pelo homem não tem amparo no Evangelho de Jesus Cristo.
As mudanças nas leis trabalhistas e na previdência social, como estão sendo anunciadas e, no caso das primeiras, já sendo votadas no Congresso Nacional, ferem direitos consagrados na Constituição de 1988, que está sendo desconstruída de forma absurda, para atender aos interesses do grande capital, nacional e internacional, que suga o suor e o sangue das classes trabalhadoras, sob a alegação de que é preciso fazer ajustes fiscais. Que se façam os ajustes necessários, mas sem decepar direitos tão duramente conquistados e mantidos até agora.
Como membros do Corpo Místico de Cristo (1 Cor 12,12), fazendo uso da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, tão diligentemente constituída ao longo de mais de um século por inúmeros e abençoados Pontífices, nós devemos repudiar toda ação que prejudique o povo brasileiro.
Seguidores que nós somos do Verbo Encarnado, não temos o direito de nos calar, quando ameaças diversas pairam sobre a sociedade. Neste momento, calar equivale a mentir. E a verdade deve ser proclamada. Jesus veio para que todos tenham vida em plenitude (Jo 10,10). A plenitude da vida dos brasileiros não deve ser molestada por nenhum governo, por nenhum grupo político que esteja ou possa estar no poder.
Conclamamos a todos os irmãos e irmãs, para que, sob a inspiração do Santo Espírito, não se curvem ao querer de quem não tem coragem de ouvir o povo. Devemos perguntar aos nossos representantes no Congresso Nacional como eles estão fazendo uso dos votos que receberam. A favor do povo ou contra o povo?
Neste momento, cada irmão e cada irmã devem compreender o que fazer, para mostrar a sua indignação e seu descontentamento contra tudo que agride a vida, a liberdade, a segurança jurídica e a felicidade do povo brasileiro.
Dizer NÃO a tudo que contraria a plenitude da vida é um dever cristão. Exercitemos, pois, o nosso dever, para que os nossos direitos não sejam dilapidados. Que o povo não se deixe abater. Que o Brasil vença este momento tão difícil.
Dirigindo a nossa prece a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, nas comemorações dos 300 anos do encontro de sua imagem, pedimos a ela, nossa Mãe querida, que nos cubra de bênçãos, e, por intermédio de seu Filho Jesus Cristo, interceda ao Pai por nós, para que possamos vencer todas as dificuldades que atravessamos e enfrentemos este momento com muita firmeza, serenidade e esperança.
Aparecida (SP), 27 de abril de 2017.
Dom João José Costa
Arcebispo Metropolitano de Aracaju
Presidente da Cáritas Brasileira
GREVE GERAL: Mais de 40 líderes religiosos apoiam a Greve
- Detalhes
Líderes se manifestaram em missas, cultos e notas. Há representantes em todos os estados brasileiros.
Confira abaixo os líderes religiosos que declararam apoio à greve geral:
Dom Reginaldo Andrietta – Jales-SP
Dom Odelir José Magri – Chapecó-SC
Dom Antônio Carlos – Caicó-RN
Dom Farei Rubival – Grajaú-MA
Dom Fernando -Olinda-Recife
Dom Manoel João Francisco – Cornélio Procópio-PR
Dom Gilberto Pastana- Crato-CE
Dom Anuar Battisti – Maringá-PR
Dom Manoel Delson – Arqui. da Paraíba-PB
Dom Edmar – Paranavaí-PR
Dom Francisco Biasin – Barra do Piraí-Volta Redonda-RJ
Dom Paulo Mendes Peixoto – Uberaba-MG
Dom Adriano Ciocca Vasino – São Félix do Araguaia-MT
Dom José Eudes Campos do Nascimento – Leopoldina-MG
Dom José Maria, Bispo da Diocese de Abaetetuba – PA.
Dom António Carlos, de Caicó – RN
Dom Vital Corbellini – Bispo de Marabá – PA
Dom Carlos Alberto, Diocese de Juazeiro – BA
Dom Flávio Giovrnali de Santarém – PA
Dom Celso Antônio – Apucarana-PR
Dom Aloísio, da diocese de Teófilo Otoni – MG
Dom Walmor Oliveira de Azevedo-Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte-MG
Dom João Justino de Medeiros Silva-
Arcebispo Coadjutor eleito de Montes Claros, transferido de Bispo Auxiliar de Belo Horizonte-MG
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães-Bispo Auxiliar de Belo Horizonte-MG
Dom Edson José Oriolo dos Santos-
Bispo Auxiliar de Belo Horizonte -MG
Dom Otacílio Ferreira de Lacerda-
Bispo Auxiliar de Belo Horizonte -MG
Mons. Geovane Luís da Silva- Bispo Auxiliar eleito de Belo Horizonte-MG
Mons. Vicente de Paula Ferreira -Bispo Auxiliar eleito de Belo Horizonte-MG
Dom Guilherme Porto – Bispo Diocesano de Sete Lagoas -MG
Dom José Aristeu Vieira – Bispo Diocesano de Luz – MG
Dom José Carlos de Souza Campos –
Bispo Diocesano de Divinópolis – MG
Dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro –
Bispo Diocesano de Oliveira – MG
Arcebispo Dom Luiz Mancilha Vilela- ES
Dom Mario Antonio da Silva, Bispo de Roraima – RR
Dom Sergio Castriani – Arcebispo de Manaus – AM
Dom Jaime Vieira Rocha – Arcebispo de Natal – RN
Dom Zanoni Demettino Castro – Arcebispo de Feira de Santana – BA
Dom Jacinto Brito – Arquidiocese de Teresina – PI
Dom Roque Paloschi, bispo de Porto Velho – RO
Dom Philip Dickmans – Bispo de Miracema – TO
Dom Egídio Bisol – Bispo de Afogados da Ingazeira – PE
Dom Paulo Francisco Machado – Bispo de Uberlândia – MG
A IGREJA CONTRA A REFORMA.
- Detalhes
ALAGOAS: Parte do teto de igreja desaba minutos antes da celebração de missa em Arapiraca
- Detalhes
Na tarde desta quarta-feira (26) parte do teto da Igreja Nossa Senhora do Bom Conselho, localizada no Centro de Arapiraca, desabou. O incidente ocorreu minutos antes do início da missa das 16 horas, que diariamente é assistida por dezenas de fiéis.
Por determinação superior a cerimônia foi cancelada. Há suspeitas que desabamento de parte da estrutura de PVC do teto do templo teria sido motivado por infiltrações, uma vez que várias telhas do prédio estão quebradas ou apresentam rachaduras. No momento do desabamento não havia fiéis no interior da igreja.
História
A Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho foi a primeira igreja de Arapiraca, construída em 1864 por Manoel André, fundador do município. Foi neste local que a cidade foi fundada.
No chão da igreja, também conhecida como Santuário do Santíssimo Sacramento, foram sepultados os primeiros habitantes de Arapiraca, até o ano de 1905. Lá também está sepultada dona Isabel da Rocha Pires, sogra de Manoel André, que faleceu em 1873. Fonte: http://minutoarapiraca.cadaminuto.com.br
Arquidiocese de Maceió convoca fiéis para greve geral
- Detalhes
Após a recomendação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Arquidiocese de Maceió também vai apoiar a greve geral dos trabalhadores que está marcada para essa sexta-feira (28), em todo Brasil. Nesta quarta-feira (26), os bispos estarão reunidos em assembleia geral, da qual Dom Antônio participa, em Aparecida e o assunto será discutido entre eles.
De acordo com a assessoria da comunicação da Arquidiocese de Maceió, durante a Missa da Misericórdia, realizada no último domingo (23), no bairro do Vergel, o arcebispo convocou os fiéis para que eles fossem ao protesto que terá a participação de movimentos e de algumas categorias que aderiram à paralisação.
“Ele pediu para que os fiéis fossem a manifestação para lutar por um país melhor e reivindicar os direitos”, disse a assessoria.
O secretário geral da Conferência, dom Leonardo Steiner, concedeu uma entrevista em Brasília e ressaltou que “é fundamental que se escute a população em suas manifestações coletivas. “Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados”.
A greve geral é contra as reformas da Previdência e trabalhistas. Em Alagoas, bancários, rodoviários, professores, estudantes, policiais civis, entre outras categorias já confirmaram a paralisação na sexta-feira que tem como ponto de concentração a praça da Centenário, no bairro do Farol e de lá, a caminhada segue até a Praça dos Martírios, no Centro. Fonte: http://www.cadaminuto.com.br
GREVE GERAL NO DIA 28: Arcebispo de Olinda e Recife.
- Detalhes
Arcebispo de Olinda e Recife convoca para greve geral contra as reformas.
"A classe trabalhadora não pode permitir que os direitos arduamente conquistados por intensa participação democrática sejam retirados".
Por meio de sua conta pessoal na rede social Facebook, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, convidou todas as pessoas a participarem da greve geral marcada para a próxima sexta-feira contra as reformas trabalhista e da Previdência e "erguerem a voz em seu nome, em nome das gerações futuras e dos milhões de desempregados". O vídeo foi postado por volta das 6h20 desta terça-feira na página que conta com 19.737 seguidores.
Iniciando sua fala com um trecho da Bíblia ("Eis que clama o salário dos trabalhadores que ceifam os vossos campos e seus gritos chegam aos ouvidos do Senhor, Tiago 5,4), o religioso convida os "homens e mulheres de boa vontade para a grande manifestação contra as reformas.
"Em nosso entendimento, as propostas de reforma, iniciativa do poder Executivo em trâmite no Congresso vão contra os direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e pela CLT - Consolidação das Leis do Trabalho. A classe trabalhadora não pode permitir que os direitos arduamente conquistados por intensa participação democrática sejam retirados. Qualquer ameaça a esses direitos merece imediato repúdio. Não podeos concordar com propostas de reformas que atingem apenas os trabalhadores assalariados do Brasil, que pagam seus impostos, enquanto outras categorias privilegiadas com altos salários não serão afetadas com as reformas trabalhistas e da Previdência que são apresentadas". Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br
Ratzinger e os “ratzingerianos”
- Detalhes
Nos dias em que se multiplicaram, com justiça, os parabéns dirigidos ao Papa Emérito Bento XVI, que completou 90 anos no dia 16 de abril passado, eu multipliquei, quase de reflexo, a leitura de alguns dos seus escritos. Eu não diria a verdade se escondesse a admiração pela profundidade de pensamento e de intuição própria de Joseph Ratzinger. Em relação a ele, eu sempre alimentei uma sincera estima, e não apenas porque eu tive a possibilidade de conhecê-lo como pontífice antes que como teólogo. O comentário é de Antonio Ballarò, publicada no sítio Settimana News, 20-03-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No entanto, nos dias anteriores, e não por pouco, à recorrência do aniversário do papa alemão, reapareceram algumas leituras alternativas do passado eclesial mais recente; algumas também implicitamente capazes de criar tensões. Mas o fato é que algumas “saídas de efeito” são contraproducentes: servem, no máximo, para se contorcerem contra si mesmas. E eu acho que, justamente aqui, entrecruzam-se, indiretamente, duas leituras concretas.
Um papa “frágil”
A primeira é a de um “papado frágil”. Bento XVI foi o pontífice que mais do que outros – penso até no seu antecessor – soube manifestar força na fraqueza (cf. 2Co 12, 10). A sua “docilidade” se estendeu até a consciência de ter chegado ao limite, àquela cognitio certa que lhe confirmava que não podia mais levar adiante o “peso” do ministério petrino (cf. Bento XVI, “Último Testamento”, Ed. Planeta).
Foi uma decisão sofrida. Mas foi, acima de tudo, a escolha com a qual, embora deixando arregalados os olhos do mundo, todo o pontificado se “resumia” e se “reunificava”.
O papa do encontro entre fé e razão, do abraço inabalável ao Deus vivo e verdadeiro, da forte tentativa de recuperação da barca de Pedro permaneceu sempre, essencialmente, humilde. Nunca procurou os holofotes: foram estes que o encontraram sem deixá-lo mais, incidindo, e não por pouco, na sua vida. E, embora se possa discordar de algumas das suas escolhas que, como prefeito e como pontífice, ele fez, em caso algum se pode chegar a uma maquinação procurada, que já se revelou como expressão de uma insensibilidade radical em relação ao bem da comunidade eclesial.
Um papa “desmarcado”
A segunda é a de um “papado desmarcado”. Nesse sentido tinha se exposto Massimo Faggioli, professor da Villanova University, por ocasião do lançamento do último livro-entrevista do Papa Bento. Ele escreveu então na Commonweal: “As declarações de Bento sobre algumas questões parecem tentativas de um reposicionamento de si mesmo”. E isso para evitar “indevidas apropriações” da sua pessoa, para tentar “gerir” com serenidade os últimos anos de vida, para não deixar de olhar para a Igreja como para uma “casa”; embora de modo novo e inédito.
A atividade acadêmica e pastoral do “papa teólogo” frequentemente correu o risco de uma “recondução não desejada” a esta ou aquela corrente. Com a mentira de que, inevitavelmente, as posições das quais ele se fazia promotor tornavam-se objeto de instrumentalizações e de exageros.
Entende-se que o homem Ratzinger usou constantemente os “filtros” de uma teologia e de uma ação de governo que manifestavam um senso de boa-fé, por um lado, e de grande afeição pela Igreja, por outro. São, portanto, duas razões suficientes para “justificar” o distanciamento. Um fato inevitável para ele, que, com toda a probabilidade, tornou-se evidente ainda antes da oficialidade da renúncia. E que agora leva os seus amigos mais fiéis a definirem a serenidade e a regularidade do seu rosto.
Bento foi o protagonista de um papado que requer, sumamente, uma consideração em si mesmo. Além disso, ele olhou com atenção e preocupação para o tempo que o viu a serviço da Igreja. Certamente, ele se mostrou consciente e experiente. Isso aconteceu a tal ponto de ele dar à luz algo nunca visto na era moderna: um solene ato de renúncia seguido por um sábio silêncio, que, justamente a seu modo, indica serenidade, proteção, confiança no futuro. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
MENSAGEM ÀS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE E PARTICIPANTES DAS PASTORAIS SOCIAIS SOBRE O MOMENTO POLÍTICO ATUAL
- Detalhes
“Mata o próximo quem lhe tira os meios necessários à vida, e derrama sangue quem priva o trabalhador de seu salário” (Eclo 34,22)
Estamos assistindo a um desmonte dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras conquistados com muito suor e sangue nestes últimos anos e estabelecidos na Constituição de 1988:
“Capítulo II – Dos Direitos Sociais Art.6º.: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº.90, de 2015).
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já se pronunciou, em 27 de outubro de 2016, contra a Proposta de Emenda à Constituição, agora aprovada, que limita as despesas primárias do Estado relacionadas à educação, saúde, infraestrutura, segurança e funcionalismo, criando um teto para estas despesas aplicado nos próximos vinte anos. A CNBB afirmava que esta medida era “injusta e seletiva”, “supervalorizava o mercado em detrimento do Estado” e “afrontava a Constituição Cidadã de 1988”.
Neste momento, está em discussão no parlamento projeto de Reforma da Previdência. Em relação a esta medida, a CNBB também se posicionou, afirmando que “a opção inclusiva que preserva direitos não é considerada na PEC. Faz-se necessário auditar a dívida pública, taxar rendimentos das instituições financeiras, rever a desoneração de exportação de commodities, identificar e cobrar os devedores da Previdência” (Nota da CNBB sobre a PEC 287/16 – Reforma da Previdência, 23 de março de 2017).
A tramitação deste projeto de reforma da previdência social está sendo feita de forma atropelada, sem nenhuma consulta à população, assim como aconteceu com a Lei da Terceirização e o mesmo caminho se prevê para a Reforma Trabalhista, destruindo- se todo o arcabouço legal e social das relações trabalhistas e dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras consagrados pelo CLT. O foco do projeto de reforma é fiscal e economicista, privilegiando o capital especulativo e irá aprofundar ainda mais as desigualdades já insuportáveis da sociedade brasileira.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirma: “Convocamos os cristãos e pessoas de boa vontade, particularmente nossas comunidades, a se mobilizarem ao redor da atual Reforma da Previdência, a fim de buscar o melhor para o nosso povo, principalmente os mais fragilizados” (Nota da CNBB sobre a PEC 287/16– Reforma da Previdência, 23 de março de 2017).
E, em nota conjunta, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, a Ordem dos Advogados do Brasil-OAB e o Conselho Federal de Economia-COFECON afirmam que “nenhuma reforma que afete direitos básicos da população pode ser formulada, sem a devida discussão com o conjunto da sociedade e suas organizações. A Reforma da Previdência não pode ser aprovada apressadamente, nem pode colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem econômica acima das necessidades da população. Os valores ético-sociais e solidários são imprescindíveis na busca de solução para a Previdência” (CNBB,OAB,COFECON, Por uma Previdência Social e Ética, 19 de abril de 2017). E a nota conjunta termina convocando “seus membros e as organizações da sociedade civil ao amplo debate sobre a Reforma da Previdência e sobre quaisquer outras que visem alterar direitos conquistados, como a Reforma Trabalhista. Uma sociedade justa e fraterna se fortalece, a partir do cumprimento do dever cívico de cada cidadão, em busca do aperfeiçoamento das instituições democráticas”.
Também as Centrais Sindicais, que representam a imensa maioria dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, estão apontando 3 motivos para a GREVE GERAL programada para o dia 28 de abril de 2017:
- O Governo quer que a gente morra de trabalhar sem se aposentar.
- A Reforma Trabalhista acaba com os direitos históricos.
- A Terceirização precariza o trabalho.
Como membros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e membros das Pastorais Sociais, assumindo a proposta de Jesus de Nazaré que veio para que “todos e todas tenham vida e vida em abundância” (cf. Jo 10,10), somos interpelados a não permitir o retrocesso nos direitos da classe trabalhadora do Brasil, prejudicando de forma mais intensa os trabalhadores rurais, as mulheres que convivem com a dupla jornada de trabalho e a população que necessita de assistência especial como os indígenas, quilombolas, pescadores.
Uma das formas de defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, indicada pelo Ensinamento Social da Igreja, é a greve como legítimo instrumento de luta em prol da justiça:
“Ao agirem em prol dos justos direitos dos seus membros, os sindicatos lançam mão também do método da “greve”, ou seja, da suspensão do trabalho, como de uma espécie de “ultimatum” dirigido aos órgãos competentes e, sobretudo, aos dadores de trabalho. É um modo de proceder que a doutrina social católica reconhece como legítimo” (Papa São João Paulo II, Laborem Exercens – Sobre o trabalho humano, nº. 20).
Como cristãos e cristãs, seguidores e seguidoras de Jesus de Nazaré, o carpinteiro da Galileia, e cidadãos e cidadãs conscientes e críticos, assumindo a opção pelos pobres,
somos convidados a lutar pela defesa da vida de todas as pessoas e, especialmente, daquelas mais vulneráveis e que serão as mais atingidas pelas reformas que o atual governo ilegítimo está propondo.
Digamos NÃO ÀS REFORMAS E SAIAMOS ÀS RUAS PARA DEFENDER O DIREITO A UMA VIDA DIGNA EXPRESSO NA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL DE 1988.
Comunidades Eclesiais de Base e Pastoral Operária de Campinas.
Campinas, 20 de abril de 2017
Pág. 295 de 664