Missionária leiga assassinada em Port-au-Prince, no Haiti
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A missionária leiga, Isabel Sola Matas, espanhola de 51 anos, membro da Congregação das Religiosas de Jesus Maria, foi assassinada hoje em pleno dia na capital do Haiti, Port-au-Prince, enquanto viajava a bordo do carro da Congregação. Uma outra mulher que viajava com ela ficou ferida.
Ela estava desde há vários anos no Haiti, onde se ocupava sobretudo de recolha de fundos para financiar projetos a favor dos mais necessitados. Trabalhava também como enfermeira e tinha contribuído para a criação de uma fábrica de próteses para as pessoas a que tinham sido amputadas pernas na sequência do terramoto de 2010.
Não se conhecem as causas, nem o autor do homicídio, mas pensa-se que se tenha tratado de rapina.
Fonte: http://pt.radiovaticana.va
Papa diz que Brasil atravessa 'momento triste'
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O papa Francisco disse neste sábado (3) que o Brasil atravessa um "momento triste" e afirmou que provavelmente não visitará o país em 2017, como tinha sido cogitado sobre o roteiro de sua próxima viagem pela América Latina.
O comentário sobre a situação política brasileira ocorreu durante a inauguração de uma estátua de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país, nos Jardins Vaticanos, em Roma.
"Estou contente que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja nos jardins. Em 2013, eu tinha prometido voltar ao Brasil. Não sei se será possível, mas, pelo menos, agora terei [a santa] mais perto de mim", disse o Papa.
Em seguida, ele convidou as pessoas a rezarem "para que Nossa Senhora Aparecida siga protegendo todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste".
No último 2 de agosto, a Ansa divulgou que o papa havia escrito uma carta de apoio à ex-presidente Dilma Rousseff, que foi destituída do seu cargo na última quarta (31), condenada no processo de impeachment por crimes de responsabilidade fiscal, as chamadas "pedalas fiscais".
Em declaração à Ansa, Dilma confirmou que recebera a carta de Francisco, mas se negou a dar mais detalhes sobre o conteúdo da conversa.
"Digo apenas que não foi uma carta oficial", afirmou a petista. "Não foi uma carta do papa em sua condição de representante do Vaticano. Não tem importância [o conteúdo]. Não é uma carta para ser divulgada", disse.
Em maio, Francisco recebeu no Vaticano a atriz Letícia Sabatella, que lhe entregou um documento contra o impeachment de Dilma redigido pelo advogado Marcello Lavenére.
Dilma e o papa se reuniram em 2013, quando ele visitou o Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em sua primeira viagem internacional. Em fevereiro do ano seguinte, a petista esteve em Roma para a cerimônia que oficializou dom Orani Tempesta como cardeal.
Nascido na província de Buenos Aires, na Argentina, Jorge Mario Bergoglio tem ligação próxima a movimentos sociais na América Latina. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Francisco abençoa a estátua de Nossa Senhora Aparecida
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Cidade do Vaticano – O Papa Francisco abençoou, na manhã deste sábado (03/9), nos Jardins Vaticanos, um monumento em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.
Nas suas breves palavras expressas de forma espontâneas, o Papa disse o seguinte:
“Estou muito feliz de que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja aqui nos Jardins. Em 2013, havia prometido de regressar, no próximo ano, a Aparecida. Não sei se será possível. Mas, pelo menos, estou mais próximo dela aqui. Convido-vos a rezar para que ela continue a proteger todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento difícil. Que ela proteja os pobres, os descartados, os idosos abandonados, os meninos de rua. Que ela salve o seu povo, com a justiça social e o amor de seu Filho, Jesus Cristo”.
Francisco concluiu exortando a rezar a Nossa Senhora Aparecida, com amor, por todo o povo brasileiro. Ela, recordou o Papa, foi encontrada por pobres trabalhadores; que hoje ela seja encontrada, de modo especial, por todos aqueles que precisam de trabalho, de educação e por aqueles que estão privados da dignidade.
Por fim, o Santo Padre convidou os presentes a rezar a Ave Maria. Depois, pediu que cantassem um canto dedicado a Nossa Senhora Aparecida.
O Papa se despediu dos presentes, - entre os quais se encontravam autoridades civis e religiosas do Brasil -, com destaque para Dom Raimundo Damasceno Assis, - concedendo a todos a sua Bênção Apostólica. Fonte: http://pt.radiovaticana.va
23º DOMINGO DO TEMPO COMUM: Atualização. ( Lc 14, 25-33).
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Para refletir e partilhar, considerar as seguintes questões:
- Jesus não é um demagogo que faz promessas fáceis e cuja preocupação é juntar adeptos ou atrair multidões a qualquer preço. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro com uma proposta de salvação, de vida plena; no entanto, essa proposta implica uma adesão séria, exigente, radical, sem “paninhos quentes” ou “meias tintas”. O caminho que Jesus propõe não é um caminho de “massas”, mas um caminho de “discípulos”: implica uma adesão incondicional ao “Reino”, à sua dinâmica, à sua lógica; e isso não é para todos, mas apenas para os discípulos que fazem séria e conscientemente essa opção. Como é que eu me situo face a isto? O projeto de Jesus é, para mim, uma opção radical, que eu abracei com convicção e a tempo inteiro ou um projeto em que eu vou estando, sem grande esforço ou compromisso, por inércia, por comodismo, por tradição?
- A forma exigente como Jesus põe a questão da adesão ao “Reino” e à sua dinâmica faz-nos pensar na nossa pastoral – vocacionada para ser uma pastoral de massas – e na tentação que sentem os agentes da pastoral no sentido de facilitar as coisas, de não serem exigentes… Às vezes, interessa mais que as estatísticas da paróquia apresentem um grande número de batizados, de casamentos, de crismas, de comunhões, do que propor, com exigência, a radicalidade do Evangelho e dos valores de Jesus… O caminho cristão é um caminho de facilidade, onde cabe tudo, ou é um caminho verdadeiramente exigente, onde só cabem aqueles que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência?
- Às vezes, as pessoas procuram a comunidade cristã por tradição, por influências do meio social ou familiar, porque “a cerimónia religiosa fica bonita nas fotografias”… Sem recusarmos nada, devemos, contudo, fazê-las perceber que a opção pelo batismo ou pelo casamento religioso é uma opção séria e exigente, que só faz sentido no quadro de um compromisso com o “Reino” e com a proposta de Jesus.
- Dentro do quadro de exigências que Jesus apresenta aos discípulos, sobressai a exigência de preferir Jesus à própria família. Isso não significa, evidentemente, que devamos rejeitar os laços que nos unem àqueles que amamos… No entanto, significa que os laços afetivos, por mais sagrados que sejam, não devem afastar-nos dos valores do “Reino”. As pessoas têm mais importância para mim do que o “Reino”? Já me aconteceu renunciar aos valores do “Reino” por causa de alguém?
- Outra exigência que Jesus faz aos discípulos é a renúncia à própria vida e o tomar a cruz do amor, do serviço, do dom da vida. O que é mais importante para mim: os meus interesses, os meus valores egoístas, ou o serviço dos irmãos e o dom da vida?
- Uma terceira exigência de Jesus pede aos candidatos a discípulos a renúncia aos bens. Os bens, a procura da riqueza são, para mim, uma prioridade fundamental? O que é mais importante: a partilha, a solidariedade, a fraternidade, o amor aos outros, ou o ter mais, o juntar mais? Fonte: http://www.dehonianos.pt
Veneza multa homem em R$ 36,4 mil por urinar em igreja
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A polícia de Estado da Itália multou um homem de 65 anos em 10 mil euros (R$ 36,4 mil) por ter urinado em uma das paredes da igreja de San Geremia (São Jeremias), no bairro de Cannaregio, em Veneza.
O episódio ocorreu na última quinta-feira (1º), por volta das 13h (horário local), quando o senhor, sem se preocupar com os vários turistas que passavam pela região, baixou as calças e usou o templo para se aliviar.
A cena foi filmada pelos celulares de alguns moradores de Veneza, onde a tensão por causa de turistas mal educados está cada vez mais alta. Enquanto o homem --um professor universitário aposentado e residente em Catanzaro, na Calábria-- urinava, os venezianos gritavam "vergonha!".
No mês passado, um marroquino com distúrbios mentais havia invadido a mesma igreja e quebrado o crucifixo do altar ao derrubá-lo no chão. Fonte: http://noticias.uol.com.br
Papa nomeia jornalista americano como novo porta-voz.
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Greg Burke, de 56 anos, vai substituir Federico Lombardi. Paloma García Ovejero, será vice-diretora da Sala de Imprensa do Vaticano.
O Papa Francisco nomeou como seu novo porta-voz o jornalista americano Greg Burke. Já a espanhola Paloma García Ovejero, correspondente da rádio COPE na Itália e no Vaticano, assumirá o cargo de vice-diretora da Sala de Imprensa do Vaticano.
Burke, de 56 anos, que já exercia como vice-diretor desde fevereiro, substitui o jesuíta Federico Lombardi, que foi porta-voz do Vaticano por dez anos.
O jornalista americano, membro do movimento conservador Opus Dei, trabalhou como correspondente em Roma da revista National Catholic Reporter e da revista Time antes de ser correspondente do canal americano Fox News. Tanto Burke como García Ovejero, de 40 anos, são especialistas em estratégias de comunicação e têm experiência em informações do Vaticano.
As mudanças na direção da Sala de Imprensa fazem parte da reforma dos meios de comunicação que Francisco anunciou no ano passado, com a criação da Secretária de Comunicação, na qual foram fundidos o Escritório de Imprensa e o serviço de internet.
Há tempos se sabia que Lombardi, que completa 74 anos mês que vem, desejava se aposentar. O jesuíta, respeitado pelos jornalistas vaticanistas, deixa o cargo depois de dez anos de intenso trabalho, marcado pelos escândalos que envolveram pontificado de Bento XVI.
Pela segunda vez em sua história, a assessoria de imprensa será dirigida por um membro da Opus Dei, depois do espanhol Joaquín Navarro-Valls, poderoso diretor da comunicação de João Paulo II. Fonte: http://g1.globo.com
Papa nomeia a si mesmo como comissário para as migrações
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O Papa Francisco em pessoa se torna comissário extraordinário para o fenômeno migratório. Com o vento da reforma que está soprando sobre o Vaticano, mais um gesto assinado por Bergoglio foi servido na manhã dessa quarta-feira, quando, de surpresa, chegou a notícia de que o papa instituiu um novo dicastério vaticano, "para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral", que, sob a liderança do cardeal ganêsPeter Turkson, vai cuidar de justiça, paz, saúde, caridade e, precisamente, migrantes. A reportagem é de Fabio Marchese Ragona, publicada no jornal Il Giornale, 01-09-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A estrutura que, a partir do próximo 1º de janeiro vai englobar quatro dicastérios já existentes (contribuindo, assim, para uma notável revisão de gastos para os cofres daSanta Sé e para uma redução de bispos e cardeais envolvidos na Cúria, como pedido várias vezes pelo papa) prevê algumas seções, uma das quais é dedicada às migrações (em lugar do Pontifício Conselho para os Migrantes e os Itinerantes, que será dirigido até ao fim do ano pelo cardeal Antonio Maria Vegliò).
Lendo o estatuto do novo dicastério, lê-se que a seção que vai lidar com refugiados e migrantes "está posta ad tempus sob a orientação do Sumo Pontífice que a exerce nos modos que considerar oportunos". Na prática, o papa assumiu o ínterim para os migrantes e os refugiados para gerir pessoalmente todos os delicados arquivos sobre o tema em questão, considerado a emergência atual e atenção de Francisco àqueles que chegam de outras terras em busca de um futuro.
Uma escolha revolucionária para os tempos recentes, uma decisão tomada diretamente pelo pontífice e que é hoje uma grande novidade, considerando-se que isso não acontecia desde os tempos da reforma da Cúria Romana de 1967, desejada pelo Papa Paulo VI, quando o papa mantinha também a orientação como prefeito do Santo Ofício (que mais tarde se tornou Congregação para a Doutrina da Fé) e da chamada "fábrica dos bispos".
Na época, o "papa-prefeito" era acompanhado por um cardeal "pró-prefeito" e, também nesse caso, Francisco não estará sozinho nesse delicado cargo: ao lado dele, haverá dois vices responsáveis de seção que agirão com base nas suas indicações diretas, à espera de que o pontífice, depois de iniciar da melhor forma possível a máquina organizativa, designe um novo responsável.
Por enquanto, porém, Bergoglio, com a escolha de gerir pessoalmente esse departamento, quis também enviar uma mensagem clara sobre os seus futuros programas de governo, chamando a atenção mais uma vez para o drama migratório, um dos pontos-chave do seu pontificado desde os primeiros dias.
Se ele tinha inaugurado as suas viagens na Itália em 2013 com a etapa em Lampedusa, um de seus últimos atos foi o de acolher, às custas do Vaticano, junto à Comunidade de Santo Egídio, dois grupos de refugiados provenientes dos centros de acolhida daIlha de Lesbos e tinha almoçado com eles na residência de Santa Marta no último dia 11 de agosto.
Com o novo dicastério, hoje, Francisco vai dar ainda mais atenção aos necessitados, doentes e excluídos, e, como diz o estatuto, "seguirá com a devida atenção às questões pertinentes às necessidades daqueles que são forçados a abandonar a sua terra natal e dela são privados". Fonte: http://ihu.unisinos.br
SANTO ELIAS EM ITU: Convite.
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O som do silêncio que não sabemos mais ouvir
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No dia 23 de julho de 2016, as páginas de cultura do jornal La Repubblica anteciparam o primeiro capítulo do novo livro do jornalista Paolo Rodari, que acaba de ser lançado:La custode del silenzio (Einaudi). Em seu blog, Note a Margine, 25-08-2016, o autor comenta: "Há três anos, eu fiz uma investigação para o jornal sobre os eremitas da cidade. Conheci Antonella Lumini, eremita em um antigo apartamento de Florença. Depois da investigação, propus-lhe que ela contasse a sua história em um livro". Publicamos aqui o primeiro capítulo. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Nesta manhã, essa palavra arcana despontou várias vezes na minha mente, enquanto eu partia de trem de Roma para Florença. Sim, eu decidi: hoje, vou entrar na pustinia. E, embora eu me sinta pronto, embora Antonella tenha me explicado, estou um pouco ansioso.
O que o silêncio vai me dizer?
Já faz mais de um ano desde a primeira vez que estive na casa dela, e não sei explicar por que somente depois de tanto tempo eu me decidi lhe pedir para poder atravessar a porta da pustinia. "O silêncio fala. Somos nós que não sabemos ouvir", ela me repetiu várias vezes, fazendo-me intuir que cada um tem o seu momento, a hora X em que aceita se pôr à escuta.
Antonella mora em um antigo edifício no centro de Florença. Perto da entrada, está a cozinha, um ambiente bastante espaçoso com uma grande capa de pedra em cima do fogão, antigamente alimentado a lenha, provavelmente. Tivemos as nossas conversas aqui, sentados à mesa de mármore branco, na frente de uma xícara de chá preparada com ervas sempre diferentes.
Lembro-me da primeira vez que vim encontrá-la.
– Então, é assim a casa de uma eremita? – perguntei-lhe à queima-roupa.
Ela sorriu e, depois de tomar um fôlego, respondeu: "Sinceramente, eu não sei. Eu não gosto muito de me definir assim. Não gosto dos rótulos. Parecem feitos de propósito para homologar as pessoas, como se tudo tivesse que se encaixar em cânones preestabelecidos. Eu sou uma mulher que, em um certo ponto da vida, descobri o silêncio. Foi um chamado irresistível. Aconteceu há mais de 30 anos. Veja, o problema não é encontrar uma conotação, mas sim se despir, se despojar de toda identificação. Atravessar o vazio. Eu sou uma simples batizada, no máximo, uma guardiã do silêncio."
Ainda hoje nos sentamos na frente de uma xícara quente que, pouco a pouco, dissolve as palavras. O tempo passa rápido, sem que eu me dê conta.
-Sim, ficou tarde – diz-me Antonella. – Queremos ir à pustinia? Da cozinha, tomamos um amplo corredor com janelas. Subimos alguns degraus e entramos em uma salinha quadrada, iluminada por uma claraboia encaixada entre as vigas.
Encostado à parede da esquerda, em cima de uma esteira, há um colchão. À direita, uma cadeira e uma pequena caixa-banco de madeira. No meio, um tapete e um banquinho. Debaixo da claraboia, apoiado em uma pequena mesa, uma vela diante de uma cruz de madeira, pendurada na parede um pouco mais acima.
Antonella se ajeita no banquinho com os joelhos tocando o chão.
– Coloque-se onde você quiser – diz-me. – Há quem se sente no chão, ou em uma almofada, ou na cadeira, ou no colchão.
Eu escolho a cadeira. É um pouco incômoda, ou talvez seja eu que não consiga encontrar a posição correta.
Ela acende o luminar, depois se levanta. Sai, esqueceu alguma coisa. Depois de poucos instantes, volta com uma pequena campainha tibetana entre as mãos. Coloca-se na frente do banquinho.
– Ela tem um som muito vibrante – explica-me. – Eu a uso para marcar os tempos. Três toques leves antes de iniciar, outros três no fim, para indicar que o tempo do silêncio terminou.
Ela tira os sapatos e toma de novo o seu lugar.
– Fique à vontade, Paolo. Não fique rígido. É importante que o corpo esteja cômodo. Estamos aqui para viver um momento de abandono.
–Abandono? Devemos nos abandonar a quem, a quê?
– Ao Espírito Santo criador que nos permeia, ao seu abraço que nos contém. É como um útero materno que nos acolhe. Aqui, você deve trazer tudo o que você é. Os seus pesos, os seus sofrimentos, a sua vida, as alegrias, as dores. As relações que você tem, as pessoas que ama. A sua parte consciente, mas também a inconsciente. A luz do Espírito tudo vê, penetra, regenera. Até mesmo as feridas profundas, aquelas que escondemos até de nós mesmos. Se quiser, pode nomear alguém ou falar sobre certas situações de modo explícito ou somente evocá-las no coração, onde permanecem guardadas, porque o coração é o lugar da memória. Você pode não dizer nada, ficar aqui, nesta presença amorosa.
Para ser sincero, eu esperava receber indicações precisas sobre como sentar, sobre como respirar. Mas não. Isso me deixou um pouco ansioso. Talvez Antonella percebeu e retomou o seu discurso para me tranquilizar.
– Alguns têm dificuldade para se expressar e aprendem a se ouvir interiormente. Alguns logo sentem a necessidade de falar. Alguns, no início, não conseguem dizer nada; depois, pouco a pouco, se abrem. As reações são diferentes. O importante é perceber que o silêncio é habitado pelo Espírito Santo, que envolve, escava, redesperta a nossa centelha interior.
Eu escuto com atenção. No começo, não sabia o que dizer. Tenho feridas, mas eu as sinto confusas.
Antonella está sempre de joelhos. Lentamente, inicia o canto de invocação ao Espírito Santo; ela me convida a repeti-lo com ela, mas não me sinto à vontade.
Ela fecha os olhos, a cabeça um pouco inclinada para um lado.
– Ruah Elohim, Ruah Elohim...
"Espírito de Deus", em hebraico. Ela repete aquelas palavras várias vezes. Vibram na sala como um mantra e, vibrando, penetram no corpo e na alma. A voz passa de tons graves para tons mais agudos, tocando aquilo que encontra fechado, abrindo, dilatando. Depois, torna-se cristalina como o som de uma corda bem esticada que se espalha por longos instantes. Parece que está chamando alguém ou algo que mora longe.
O canto desaparece, morre lentamente.
Permaneço imóvel, mas estou contraído, não consigo me abandonar. Não estou acostumado a momentos de silêncio tão longos e intensos. Gostaria de sair, respirar ar puro.
Pouco a pouco, eu me aquieto. Percebo a minha respiração, o coração que bate. Depois de pouco tempo, aflora uma imagem distante. Ela remonta, do profundo, o meu rosto de criança. Entrevejo nos olhos inocentes o sonho que, desde pequeno, eu trago no coração. Ele ainda está vivo, e eu compreendo que nunca fiz seriamente as contas com ele.
É estranho que ele se reapresenta justamente aqui. Na pustinia, ele abre espaço com força. A imagem sou eu, é o rosto mais secreto de mim mesmo.
Antonella reabre os olhos, levanta a cabeça.
Um forte necessidade de falar me leva a contar o meu sonho. Consigo dar-lhe voz, nomeá-lo, libertando-o um pouco da névoa que o envolvia, mas são apenas poucas palavras. Não sei decifrar bem as emoções, as sensações, não acrescento nada mais.
Antonella me olha e sussurra: "É preciso confiar nas intuições que brotam do silêncio. O Espírito fala no coração quando as vozes exteriores se aquietam".
Permanecemos em silêncio ainda por alguns minutos. Depois, ela me entrega o Evangelho e me convida a abri-lo. "Agora, se você quiser, pode ler o trecho que lhe cair debaixo dos olhos. O silêncio fala através das Escrituras. Vejamos o que ela tem a lhe dizer".
Eu folheio algumas páginas até que o meu olhar se detém no Evangelho de Marcos, capítulo 13, versículos 28 e 29.
"Aprendam, portanto, a parábola da figueira: quando seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está perto. Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que ele está perto, já está às portas."
Logo eu penso que o verão está perto. Que o meu sonho está ganhando corpo. Não é mais uma imagem evanescente, eu o nomeei, encontrou um lugar na minha consciência. Está amadurecendo em mim o anseio conservado na alma.
Recolhemo-nos novamente. Uma doce esperança abre espaço dentro de mim, eu começo a acreditar com confiança que o meu sonho logo se tornará realidade. Eu teria outras coisas para fazer emergir.
Eu as sinto se moverem, se agitarem. Como se esses longos minutos de silêncio tivessem feito uma tampa saltar. Eu percebo uma massa escura que gostaria de sair para se dar a conhecer, mas eu me aplaco; por hoje, pode ser suficiente.
Não penso em mais nada. Sinto a paz dentro de mim.
Fonte: www.ihu.unisinos.br
*UMA PRESENÇA AMOROSA: Um Estudo da Herança Mariana na Ordem do Carmo. (1ª Parte)
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Frei Christopher O’Donnell, O. Carm.
A Mariologia Carmelitana- Uma palavra de admoestação
Nos estudos carmelitanos devemos sempre nos preocupar com o que é afirmado precisamente sobre a palavra “Carmelita”. Já que a Ordem não tem um fundador, de certo modo sempre existiu um problema de identidade. Em tais circunstâncias é natural que os carmelitas busquem enfatizar o que é deles. Contudo, o erro seria afirmar que aquilo que é autenticamente carmelitano não deveria ser também partilhado por outras famílias religiosas...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
*SANTO ELIAS: Apontamentos espirituais de Dom Frei Vital Wilderink, Im Memoriam.
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Frei Martinho Cortez, O. Carm
(De uma meditação de Dom Vital Wilderink sobre 1 RS 19, 1-21, em dia de recolhimento, Capítulo Geral de 1995)
"É VIVO O DEUS EM CUJA PRESENÇA EXISTO" (1RS)
"ARDO-ME DE ZELO PELAS COISAS DO DEUS SENHOR DE TUDO" (1RS)
I-Acima, duas frases que descrevem o ser e o fazer do profeta Elias: homem de contemplação e de ação; e de ação porque de contemplação.
Os carmelitas vêem nele seu PAI E FUNDADOR, assegurando-se uma identidade necessária. Não ter pai é problema; reclamavam os samaritanos com Jesus, reclamam os meninos de rua hoje. Quem não tem pai é gente sem origem, sem originalidade, sem garantia, sem alguém que por ele (ela) responda...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
DE LIMEIRA PARA ITU: A Missão continua.
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A MISSÃO CONTINUA! Neste dia 31, o Frei Petrônio de Miranda, Delegado Provincial para a Ordem Terceira do Carmo, celebrou a Missa de despedida de Santo Elias Peregrino na Catedral de Limeira/SP e Envio Missionário para a cidade de Itu. (De 01-05). Veja nas próximas horas os vídeos aqui no olhar
A Ordem Terceira do Carmo Secular: Elias e Maria.
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Maria e Elias: presença, inspiração e guia.
34 - Como Maria, primeira entre os humildes e pobres do Senhor, os leigos Carmelitas veem-se chamados a glorificar as maravilhas realizadas pelo Senhor na sua vida, com Ela, imagem e flor primogênita da Igreja, aprendem a confrontar episódios frequentemente tormentosos da vida quotidiana com a Palavra de Deus. Aprendem com Ela a acolher a Palavra com disponibilidade e adesão plena. Maria, em quem a Palavra se faz carne e vida, inspira-lhes a fidelidade à missão, à ação animada pela caridade e pelo espírito de serviço e à efetiva cooperação na realização da obra de salvação. Junto a Maria caminham pelas estradas da história, atentos às autênticas necessidades humanas sempre prontos a co-dividir com o Senhor o sacrifício da cruz e experimentar com ele a paz de uma vida nova. Maria é membro singular e eminente da Igreja, participou de forma especial e crescente da única mediação entre Deus e os homens, manifestada em Cristo Jesus, da qual a Igreja e hoje portadora e mediadora na história. Os leigos Carmelitas deixam-se acompanhar por Maria na aceitação gradual da responsabilidade de cooperar na ação de salvação e de comunicação da graça específica da Igreja. No Carmelo, esta obra tradicionalmente tem sido vivida como o amor maternal da Virgem Maria para com os seus filhos. Os Carmelitas, sentindo-se chamados por uma tão grande e tenra mãe, não poderiam deixar de amá-la. Assim o ideal Carmelita é o de “perder-se em Deus no calor materno da Santa Virgem”.
35 - Os leigos Carmelitas partilham, além disso, da paixão do profeta Elias pelo Senhor e pela defesa de seus direitos, prontos a defender até mesmo os direitos do homem injustamente violados. Com o profeta aprendem a abandonar tudo, para se refugiarem no deserto e serem purificados, tornando-se prontos para o encontro com o Senhor e para acolher sua Palavra. Sentem-se impulsionados, como o Profeta, a promover a verdadeira religião contra os falsos ídolos. Com Elias os leigos Carmelitas aprendem a acolher a presença do Senhor, quase impõe ao homem com força e doçura. Ele que é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Fortificados por essa experiência transformadora e vivificante, os leigos Carmelitas são capazes de retornar a enfrentar as realidades do mundo, seguros de que Deus tem em suas mãos o destino de cada um e da história. (Fonte: Regra da Ordem Terceira do Carmo)
A Ordem Terceira do Carmo Secular: Um olhar sobre a Regra.
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5 - A Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo surgiu nos fins do século XII e início do século XIII, a partir de um grupo de homens que, atraídos pelo fascínio evangélico dos Lugares Santos “lá se consagraram Aquele que ali havia derramado o seu sangue em uma vida de penitência e de oração. Estabeleceram-se no Monte Carmelo, junto á Fonte de Elias e receberam, a seu pedido, uma Norma de Vida, de Alberto, Patriarca de Jerusalém (1206-1214) que os constituiu em uma única comunidade de eremitas, reunidos ao redor de um oratório dedicado a Maria. Após as aprovações de Honório III (1226) e Gregório IX (1229), Inocêncio IV (1247) completou seu caminho de fundação e, com algumas alterações dessa Norma de Vida, inseriu-os entre as nascentes Ordens de Fraternidade Apostólica (mendicantes) chamando-os a unir à vida contemplativa a solicitude pela salvação do próximo.
6 - Uma vez estabelecidos na Europa, os frades acolheram leigos, junto aos próprios conventos, os quais, de certo modo, foram considerados Carmelitas. Eram chamados “oblatos” ou “donatos”, visto que doavam os próprios bens aos conventos, passando a depender dos mesmos para o seu sustento. Como na sua maioria eram mulheres, havia necessidade de casas próprias. Também eram chamadas “manteladas” pois traziam um hábito semelhante ao dos frades.
7 - Com o tempo estes leigos organizaram-se em grupos homogêneos, com obrigações análogas às dos frades. A primeira aprovação jurídico-eclesiástica foi por meio da bula pontifícia “Cum Nulla“, de autoria do Papa Nicolau V, de 7 de outubro de 1452. Esta bula lançou as bases da Ordem Segunda e Terceira, com várias etapas de desenvolvimento. A bula autoriza os superiores da Ordem a dirigir vários grupos de mulheres e a explicitar o seu gênero de vida. A concessão contida na bula “Cum Nulla”, foi posteriormente explicitada por outra bula, a “Dum atenta” de Sisto IV, de 28 de novembro de 1476. Estes dois documentos pontifícios são a base da hodierna estrutura da Família Carmelitana.
8 - A bula “Cum Nulla” reconheceu a existência de grupos distintos, com votos solenes ou simples. Paulatinamente algumas dessas mulheres, que podiam também viver sozinhas e fora do convento, identificaram-se como o terceiro grupo da Família Carmelita, razão pela qual começaram a ser chamadas “terceiras” Em 1476, o Papa Sisto IV autorizou a Ordem do Carmo a organizar os seus vários grupos de leigos, como as Ordens Terceiras das demais Ordens Mendicantes.
9 - Simultaneamente surgiam confrarias que solicitavam o gozo dos privilégios do Escapulário. O Prior Geral Teodoro Straccio (1636-1642) desejando resolver a situação, criou uma Ordem Terceira de “continentes” na qual os confrades e irmãs emitiam votos de obediência e de castidade segundo o próprio estado, enquanto os demais seculares ingressavam nas confrarias do Escapulário.
10 - Já nos séculos XIX e XX procurou-se favorecer o aspecto “secular” dos terceiros. Esta dimensão atingiu o ápice na Regra aprovada após o Concílio Vaticano II. Hoje, portanto, os seculares são chamados, na especificidade de sua vocação, a iluminar e a dar o justo valor a todas as realidades temporais, de forma que sejam vividas segundo os valores proclamados por Cristo e em louvor do Criador, do Redentor e Santificador num mundo que parece viver e agir como se Deus não existisse. Espera-se que os leigos Carmelitas sejam colaboradores da nova evangelização que permeia toda a Igreja; por isso procurem superar em si mesmos a separação entre Evangelho e vida. Em sua rica atividade quotidiana, na família, no trabalho e na sociedade, procurem restaurar a unidade de uma vida que encontre no Evangelho inspiração e força para ser vivida em plenitude. (Fonte: Regra da Ordem Terceira do Carmo)
Francisco clama por uma Igreja cheia de “pastores que saibam tratar e não maltratar”
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O Papa Francisco enviou uma longa vídeo-mensagem aos Bispos da Igreja no Continente Americano, que celebra, de 27 a 30 do corrente, em Bogotá, Colômbia, seu Jubileu da Misericórdia. A reportagem foi publicada por Rádio Vaticano, 27-08-2016.
As 22 Conferências Episcopais dos Países da América Latina, além dos Estados Unidos e Canadá, estão reunidas no Congresso da Misericórdia, intitulado "Que um vento impetuoso de santidade acompanhe o Jubileu Extraordinário da Misericórdia em toda a América". O evento é promovido pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) e pelo Conselho Episcopal das Igrejas Latino-americanas (CELAM).
O Papa recorda que “o mundo precisa de pastores que saibam tratar os outros com misericórdia, porque esta atitude pode mudar o coração das pessoas e deve ser o centro propulsor de toda ação pastoral e missionária.
E Francisco se pergunta: “Qual a doutrina segura para os cristãos”? E responde: “É simples: ser tratados com misericórdia”. Citando o apóstolo Paulo, quando diz “Ele usou de misericórdia para comigo”, o Pontífice referiu-se à confiança que Deus tem no homem. Longe de ser uma ideia, um desejo, uma teoria, uma ideologia, a misericórdia é um modo concreto de tocar a fragilidade, de interagir com os outros, de aproximar-se uns dos outros. E acrescentou:
“É uma maneira concreta de aproximar as pessoas, quando se encontram em dificuldade. Trata-se de uma ação que nos leva a tratar bem as pessoas, a entender suas vidas, dar alívio nas suas vidas; uma ação baseada na esperança de mudança, confiança no aprendizado e no progresso, sempre à busca de novas oportunidades. Por isso, o trato com misericórdia desperta sempre a criatividade”.
Citando a parábola do “Filho pródigo”, quando o filho mais velho se escandaliza pela ternura e o abraço do pai ao filho mais novo, o Papa observa que isto acontece porque somos invadidos por uma lógica separatista, que leva a dividir a sociedade em bons e maus, santos e pecadores. E o Papa explicou:
“A misericórdia não é uma teoria que pode ser manuseada: ‘Agora é moda falar de misericórdia no Jubileu; então vamos seguir a moda’. Não. A misericórdia é uma história composta de pecados, que deve ser recordada. Por isso, ‘Deus nos trata com misericórdia”.
Logo, toda a ação da Igreja, em todos os níveis, afirma Francisco, se baseia no saber testemunhar a misericórdia divina. Se na nossa pastoral falta a misericórdia tudo é vão. Na realidade, “somos missionários da misericórdia”. Em um mundo ferido, devemos promover, estimular e empregar a pedagogia da misericórdia. E o Papa concluiu:
“Devemos aprender, com o Mestre, a tratar os outros com misericórdia; ser próximos dos descartados pela sociedade; aprender a dar a mão a quem cai, sem medo dos comentários dos outros; melhorar os caminhos da esperança, que fazem brilhar a misericórdia”. (MT) Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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