PF apreende R$ 2,7 milhões que podiam ser usados em crimes eleitorais
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A maior apreensão ocorreu em Tocantins, onde, no último dia 2, policiais encontraram R$ 1,2 milhão em um táxi
Mais de R$ 2,7 milhões em dinheiro, bens e substâncias entorpecentes foram apreendidos em posse de pessoas suspeitas de estarem praticando crime eleitoral. O montante foi apreendido entre o início do mês, quando começou a funcionar o Centro Integrado de Comando e Controle das Eleições Gerais, e a manhã de ontem (23).
Segundo o coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, delegado Thiago Hauptmann Borelli, só em dinheiro foram apreendidos mais de R$ 1,5 milhão. A maior apreensão ocorreu em Tocantins, onde, no último dia 2, policiais militares encontraram R$ 1,2 milhão em um táxi abordado próximo à capital, Palmas. Outros R$ 500 mil foram apreendidos em Araguaína, também em Tocantins.
“Ainda não é possível determinar que este dinheiro seria usado para custear campanhas eleitorais ilegalmente, mas há esta suspeita. Pode ser lavagem de dinheiro. São casos recentes que ainda estão sendo apurados”, declarou o delegado Borelli, informando que, desde o início de outubro, foram instaurados mais de 2 mil inquéritos policiais para investigar suspeitas de crimes eleitorais. As denúncias mais frequentes dizem respeito à possível compra de votos; falsidade ideológica e boca de urna.
Coordenado pela Polícia Federal (PF), o centro integrado funciona em Brasília e congrega os esforços de 14 órgãos públicos federais que atuam para coibir infrações eleitorais e assegurar o equilíbrio nas eleições. Entre eles estão o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Secretaria Nacional de Segurança Pública, o Ministério da Defesa, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e outros. A forma de atuação é semelhante à adotada durante os grandes eventos ocorridos no Brasil entre os anos de 2013 a 2016, integrando diversas instituições públicas a fim de reduzir o tempo de resposta em casos que exijam agilidade na reação.
Reativação
Desativado após a conclusão do primeiro turno da eleição geral, realizada no último dia 7, o centro integrado coordenado pela PF voltou a operar hoje e funcionará até o próximo dia 28, quando acontece o segundo turno.
Durante a manhã, visitaram o local o Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ogg Fernandes. A jornalistas, Jungmann disse que a retomada das atividades do centro contribuirá para que a PF execute o papel de polícia judiciária eleitoral, agindo com maior rapidez para investigar e coibir inclusive a propagação da mentiras e boatos na internet.
“Não existe anonimato nas redes sociais”, disse o ministro ao se referir sobre as chamadas fake news, uma das ameaças que têm preocupado autoridades e especialistas no processo eleitoral. “Muitas vezes, a pessoa que está nas redes tem um sentimento de impunidade, achando que não será localizado. Quero lembrar que a PF tem tecnologia, equipamento e recursos humanos para, se necessário, localizar qualquer internauta, no Brasil e no exterior”, acrescentou Jungmann, lembrando que há penas para punir várias situações que possam ser criadas por meio digital com o propósito de prejudicar o bom andamento das eleições.
“Quem cria uma notícia falsa para provocar desassossego, intranquilidade, comoção ou atacar os poderes e autoridades da República comete um crime. Se solicitada pela Justiça Eleitoral, a Polícia Federal vai investigar e chegar aos responsáveis”, afirmou o ministro, voltando a destacar a apreensão de valores como um indício da capacidade investigativa da Polícia Federal e revelando esperar um segundo turno tranquilo.
“Em termos de ordem pública, a tranquilidade do pleito foi inquestionável. Em um eleitorado de 147 milhões de pessoas, tivemos menos de 3 mil ocorrências. Isso é um sintoma da tranquilidade, da maturidade elogiável do povo brasileiro”, concluiu Jungmann. Fonte: https://tribunahoje.com
Bolsonaro, sobre os bispos brasileiros: “eles são a parte podre da Igreja católica”
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As redes sociais e os grupos de WhatsApp viralizaram nas últimas horas um vídeo em que o candidato a presidente da República do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, insultava a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), dizendo que “são a parte podre da Igreja católica”. A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicada por Religión Digital, 16-10-2018. A tradução é de André Langer.
Bolsonaro demonstrou ao longo de sua carreira política sua inimizade com a Igreja católica, sobretudo com aquela parte mais comprometida com as causas sociais e osdireitos dos mais pobres. Ele está ciente de que dificilmente a CNBB vai emitir um posicionamento explícito contra ele, algo que muitos católicos estão pedindo com cada vez mais insistência, e se aproveita para insultar, uma postura que tem sido repetida ao longo de seus anos, como quando na tribuna do Congresso Nacional disse que o cardeal Paulo Evaristo Arns, um dos grandes lutadores contra a ditadura militar, era alguém “sem honestidade e um aproveitador”.
Suas palavras, pronunciadas no que parece ser um encontro com grupos simpatizantes, são consequência do apoio da Igreja católica aos povos indígenas, uma de suas grandes obsessões. No vídeo, o candidato defende a exploração dos recursos da Amazônia por multinacionais estrangeiras, o que, sem dúvida, significa uma catástrofe ambiental de dimensões imprevisíveis. Ele afirma que “a região norte do país tem um atrativo muito grande por este tipo de indústria, patrocinada por países cultos. Porque nós temos a área mais rica do mundo, não só em biodiversidade como em riquezas minerais”.
Um dos grandes parapeitos, que impedem a invasão da Amazônia por parte de predadores ambientais, são as terras indígenas, reconhecidas pelas leis brasileiras. Nesse sentido, dá entender que a demarcação das terras indígenas é um escândalo, pois prejudica um dos seus grandes aliados, que são os proprietários de terra. Em uma afirmação que pode ser qualificada como ridícula o candidato chega a afirmar que existe o perigo de que esses territórios indígenas se tornem em países independentes dentro do Brasil, o que é outro exemplo de falta de conhecimento. O candidato afirma que “se depender de mim, essa política unilateral de demarcar terras indígenas por parte do Executivo deixará de existir, porque a reserva que eu puder reduzir, eu farei”.
Este tipo de declarações apenas aumenta o clima de confronto e dá margem para seus seguidores se fortaleçam nos seus ataques, mesmo contra a própria Igreja católica. Nos últimos dias, apareceram símbolos nazistas nas paredes de alguns templos e a própria sede da CNBB foi local de concentração dos partidários do candidato para insultar aqueles que definiam como bispos comunistas.
Fruto deste clima pelo qual o Brasil passa, neste dia 15 de outubro, as Pastorais Sociais da CNBB, entre as quais está o CIMI, um dos alvos dos ataques de Bolsonaro, emitiram uma nota em defesa da democracia e dos valores constitucionais, na qual condenam que “um movimento antidemocrático fere estes valores supremos assegurados pela Constituição e apela ao ódio e à violência, colocando o povo contra o povo”, com atitudes discriminatórias que “atacam a democracia pelo desprezo dos seus valores republicanos”.
A nota afirma que “o Brasil é um país de desigualdades sociais profundas em que os ricos estão cada vez mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres”, uma situação que pode se agravar com o horizonte político que se vislumbra e um possível governo a serviço “do sistema financeiro e da política neoliberal que atacam direitos sociais, ambientais e o patrimônio do país”, pois “nosso Brasil pode ter diferenças, porém sem ódio”, uma atitude que a cada dia aumenta mais. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Ministros do STF acham declaração de filho de Bolsonaro extremamente grave
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Avaliação geral no tribunal é a de que discurso de Eduardo Bolsonaro, de que 'basta um soldado e um cabo para fechar o STF', não pode ficar sem resposta; Celso de Mello classifica afirmação como 'inconsequente e golpista'
BRASÍLIA — Três ministros do Supremo consideraram extremamente grave a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro. Um deles lembrou que, para fechar o Supremo Tribunal Federal, “o que nem a ditadura tentou”, será preciso “antes disso revogar a Constituição”. Eles preferiram falar sem serem citados porque a decisão tomada é a de que o STF fale por uma única voz - do presidente Dias Toffoli, que estava em um congresso em Veneza, ou do decano Celso de Mello.
Dias Toffoli ainda não se pronunciou, mais de 24 horas depois de o vídeo do deputado irromper nas redes sociais. O presidente da Corte " não quis botar mais lenha na fogueira", disse um assessor direto ao colunista do GLOBO Lauro Jardim.
Outros dois ministros também preferiram fingir que o vídeo não teve maior gravidade: Marco Aurélio Mello, numa declaração mais moderada que a costumeira, e Rosa Weber, que também baixou a bola das declarações do filho de Jair Bolsonaro, escreve o colunista. A exceção foi o decano Celso de Mello, que classificou a afirmação como "inconsequente e golpista" em nota enviada por escrito ao jornal "Folha de S. Paulo". O ministro ressaltou na mensagem que a votação recorde do deputado - o mais votado da História do país - não legitima "investidas contra a ordem político-jurídica".
"Essa declaração, além de inconsequente e golpista, mostra bem o tipo (irresponsável) de parlamentar cuja atuação no Congresso Nacional, mantida essa inaceitável visão autoritária, só comprometerá a integridade da ordem democrática e o respeito indeclinável que se deve ter pela supremacia da Constituição da República!!!! Votações expressivas do eleitorado não legitimam investidas contra a ordem político-jurídica fundada no texto da Constituição! Sem que se respeitem a Constituição e as leis da República, a liberdade e os direitos básicos do cidadão restarão atingidos em sua essência pela opressão do arbítrio daqueles que insistem em transgredir os signos que consagram, em nosso sistema político, os princípios inerentes ao Estado democrático de Direitos", destacou o decano Celso de Mello.
Um dos ministros que não se identificar avaliou ao GLOBO a manifestação de Eduardo Bolsonaro como "uma mistura de autoritarismo com despreparo".
— É uma declaração despropositada, sequer a matéria envolve o Supremo, a matéria é de competência do TSE. É uma mistura de autoritarismo com despreparo. Já é o segundo pronunciamento de gente das hostes dele nesse sentido em poucos dias — disse um dos ministros.
Ele se referia ao general Eliéser Girão, eleito deputado pelo PSL do Rio Grande do Norte, que propôs a prisão de ministros do Supremo que soltassem condenados por corrupção. Fonte: https://oglobo.globo.com
Gays, negros e indígenas já sentem nas ruas o medo de um governo Bolsonaro
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Episódios de intimidação aumentam ansiedade entre grupos que se sentem vulneráveis por discursos feitos no passado, e hoje negados, pelo candidato.
Debate sobre estratégias de proteção cresce para “resistir em tempos sombrios”, diz ativista
Há uma semana, W.D. 34 anos, parou de andar de mãos dadas com o marido nas ruas de Porto Alegre. Ambos, que sempre se sentiram cômodos com sua homossexualidade, tomaram a decisão depois do resultado do primeiro turno das eleições, no dia 7 de outubro, que deu grande vantagem ao candidato de extrema direita Jair Bolsonaro, com 46% dos votos. “Vimos que a nossa atitude em público teria que mudar, não poderíamos mais trocar carinho na rua porque sentimos uma reação muito agressiva à nossa simples existência”, conta W. D., gerente de uma empresa do ramo imobiliário. O medo é um sentimento latente entre o coletivo LGBT, negros, indígenas e outras minorias atacadas por Bolsonaro, que lidera a corrida eleitoral para o Planalto e que tem um longo histórico de declarações racistas, misóginas e homofóbicas. Sua chegada à presidência é percebida como a legitimação de comportamentos que ultrapassam o limite do aceitável. Em campanha, o candidato já negou diversas vezes que seja homofóbico ou racista. Porém, suas falas contundentes em vídeos passados não escondem o desprezo que já empregou pelo que lhe parece diferente.
Giulianna Nonato, de 26 anos, sempre teve medo de sair na rua, mesmo antes de identificar-se como travesti. “Antes de me apresentar com um corpo feminino, era uma bicha, então minha vida sempre foi marcada por bullying e violência”, conta em São Paulo. Nas últimas semanas, depois dos vários casos de agressão e assassinatos motivados por questões políticas no Brasil, o medo da jovem aumentou. Em 10 dias, pelo menos duas pessoas foram assassinadas e outras 70 sofreram agressões por conta de seus posicionamentos políticos, de acordo com levantamento do Open Knowledge Brasil e Agência Pública. Os dados mostram que em seis dos casos as vítimas foram apoiadores de Bolsonaro; as demais foram agredidas por pessoas afins a ele.
“Parece que há mais ultraconservadores saindo do armário do que gays. Eu já tirei todos os símbolos LGBT que podem me prejudicar”, diz G. G., de 16 anos. Bolsonaro afirmou que as agressões são “excessos” e “casos isolados” e lamentou os episódios de violência, ao mesmo tempo em que denunciou um “movimento orquestrado” de falsas denúncias para prejudicar sua campanha. “Os candidatos não podem ser responsabilizados por tudo que seus apoiadores fazem. No entanto, no mínimo, têm a obrigação de garantir que seus discursos não incitem a violência. E quando ameaças e atos de violência ocorrem, devem condená-los de maneira categórica”, defende Maria Laura Canineu, diretora para o Brasil da ONG Human Rights Watch. Bolsonaro de fato chegou a fazer uma fala mais direta. “Dispensamos voto e qualquer aproximação de quem pratica violência contra eleitores que não votam em mim”, escreveu no twitter no último dia 10. Mas na sequência da mensagem, relativizou algumas acusações ao supor que parte das queixas eram calúnias. “A este tipo de gente peço que vote nulo ou na oposição por coerência, e que as autoridades tomem as medidas cabíveis, assim como contra caluniadores que tentam nos prejudicar.”
Mais do que as agressões físicas durante o período eleitoral, Nonato teme a “violência institucional” de um possível Governo conservador, que pode modificar ou anular direitos sociais garantidos por lei, como o Protocolo Transexualizador, que assegura atendimento no SUS aos cidadãos trans, incluindo o terapias hormonais e cirurgias. “Atualmente, já enfrentamos uma escassez de hormônios e temos que esperar meses na fila para uma simples consulta médica… isso pode piorar”, lamenta a jovem.
Para a ativista Melina Kurin, bissexual de 33 anos casada com uma mulher trans, a situação é de “pânico” na comunidade LGBT. Ela traz de volta à memória um passado no Brasil de repúdio à vida dos trans nos tempos da ditadura. Naquela época, a Operação Tarântula contava com forças policiais que prendiam, torturavam e matavam travestis e transexuais. Por agora, há um temor de que esses ecos voltem a soar no país. “As pessoas que já te olhavam com ódio agora te olham como se você fosse a personificação do mal que Bolsonaro pretende combater. Ele se apresenta como o salvador da pátria, então seus inimigos se convertem em inimigos do povo”, comenta sua mulher, a socióloga Leona Wolf, de 36 anos, que compara a situação no Brasil com a campanha de Donald Trumpem 2016, quando aumentaram as agressões racistas e xenófobas nos EUA. “Sei que não vamos ter aqui campos de concentração para homossexuais, como na Chechênia, mas tenho, sim, receio de que cheguemos a uma situação como a Rússia de Putin", acrescenta.
Susane Souza, de 45 anos, e Camilla Silva, de 22, ambas mulheres negras da periferia, têm sofrido crises de ansiedade nos últimos dias. “Tenho medo de ser assassinada”, resume Silva, enquanto Souza teme por seu filho adolescente: “Não quero que um filho meu seja apontado na rua, agredido simplesmente pela cor da sua pele”.
Esse medo ao ódio que têm marcado as eleições não se restringe às grandes cidades. Nas aldeias indígenas, líderes políticos e religiosos expressam sua preocupação ante um possível retrocesso nas leis ambientais que protegem seus territórios. “Nosso principal temor é que ele [Bolsonaro] libere a mineração em nossas reservas naturais”, explica Cristine Takuá, de 38 anos, coordenadora de uma comunidade guarani no interior de São Paulo.
Para a ativista indígena Célia Xakriabá, de 29 anos, um dos grandes perigos de um Executivo de Bolsonaro seria a liberação do acesso às armas de fogo no campo. “Isso promoveria o genocídio dos povos nativos. Vamos sofrer um dos maiores impactos desde 1500. A proposta de armamento no campo já é muito problemática, por exemplo para a etnia Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, onde os latifundiários matam até os nossos bebês”, lamenta. Ela mesma, que sempre sai nas ruas com um vistoso cocar e pinturas corporais típicas de sua tribo, tem sido alvo de ameaças. “Duas pessoas já gritaram para mim que, se eu continuar saindo vestida desse jeito, vão mandar me matar".
Apesar do medo, ambas coincidem na importância de resistir aos “tempos sombrios” e contam que as diferentes etnias indígenas do país estão organizando-se para pensar em estratégias de proteção e apoio, inclusive com os povos nativos de países vizinhos. “Ainda temos esperança. Resistimos há 518 anos, e continuaremos fazendo isso", afirma Takuá.
Giulianna Nonato tem a mesma postura. "Vamos defender tudo que já conquistamos. Acredito muito na força dos movimentos sociais", diz. Ela conta geralmente conversa com outras travestis e transexuais que sofreram os anos mais duros do regime militar e que elas lhe aconselham a não deixar-se paralisar pelo medo. O psicanalista Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo, defende que isso é o que se deve fazer.
Dunker comenta que o Brasil sempre foi violento —lidera o ranking de homicídios por arma de fogo e é o país onde mais pessoas LGBT são assassinadas no mundo— e que o que ocorre agora é uma “sensação de medo intensificada no subconsciente coletivo”. “Em momentos de tanta tensão política, é comum que nos lembremos dos maus exemplos históricos, como a ditadura, mas precisamos saber que não é a mesma coisa", diz. “As pessoas nas favelas enfrentam, infelizmente, uma violência diária e continuam vivendo. É hora de aprender desses mais vulneráveis estratégias de sobrevivência emocional, para não se render".
Temor nas universidades
O medo de agressões não é exclusivo de populações vulneráveis e tem repercutido mesmo entre quem sempre se sentiu protegido e confortável. É o caso do professor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Luciano Volcan Agostini. Homem, branco, internacionalmente premiado e com estabilidade garantida por concurso público, ele se arrepiou ao receber um email anônimo com ameaças à sua carreira docente: “Estou envolvido diretamente na campanha de Jair Bolsonaro e lhe informo que o mesmo está ciente do ativismo político-comunista que a UFPEL está fazendo, assim como outras. Saiba que a teta vai secar e o governo não irá mais financiar pesquisas inúteis”, dizia a missiva.
Agostini, que é pesquisador, foi pró-reitor da universidade e participou da equipe que definiu o Padrão Brasileiro de TV Digital, se surpreendeu. “Não faço campanha partidária dentro da UFPEL e, muito menos, dentro da sala de aula. Minha militância política tem acontecido mais nas redes sociais e, mesmo assim, não tenho perfil público”. Ele admite que se sente intimidado, especialmente pelo anonimato da mensagem, que utilizou um email falso. “Isso quer dizer que pode ser qualquer pessoa ao meu redor que está me ameaçando”, observa ele, que já denunciou o caso à Polícia Federal. “O clima é de profunda preocupação e medo na academia. O cerceamento do livre pensamento está brotando e tomando uma forma cada vez mais assustadora”, conclui.
Também profissional de uma instituição de ensino pública, a bibliotecária P.P. não é militante partidária e diz que seus “ideais são principalmente pautados pela minha espiritualidade”. Mesmo assim, mudou o comportamento recentemente por temer represálias políticas até em atitudes corriqueiras profissionais.
Ela decidiu tirar um livro do teórico Karl Marx do expositor onde a biblioteca mostra os itens recém adquiridos para os frequentadores. “Foi para proteger a instituição, não me senti confortável, pensei que poderia vir alguém do MBL tentando achar alguma coisa… fiquei em dúvida pois (colocar os lançamentos no expositor) é uma coisa tão sem intenção, tão rotineira, mas pensei que até convencer, dar explicação e provar que não somos doutrinadores… não sei. Tirei e guardei na estante, junto com outros livros”, relata.
Ela também tem controlado as postagens que a biblioteca faz para divulgar sua coleção. Temáticas que ganharam relevância nos últimos anos e que demandam literatura para pesquisa, como os movimentos LGBT, feminista e negro estão sendo diluídos propositalmente para evitar “falsas interpretações, para não inventarem o que não é”, assegura.
O nível de ansiedade chegou ao ponto máximo depois que livros com a temática de direitos humanos foram rasgados na biblioteca da Universidade de Brasília (UnB). Foi a deixa para P.P. avisar a colegas que se o clima piorasse, ela estava disposta a levar parte do acervo que toma conta para sua casa, como medida de proteção. “Antes a gente falava em censura num tom de brincadeira, agora a gente não ri mais”. Fonte: https://brasil.elpais.com
Por abuso de poder, Bolsonaro pode ter candidatura impugnada
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Especialistas avaliam que, se confirmada a compra de distribuição de mensagens, chapa do candidato do PSL pode se tornar inelegível
Especialistas ouvidos pela Reuters avaliam que, confirmadas as informações reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo, a campanha de Jair Bolsonaro pode ser acusada de abuso de poder econômico, abuso do uso de meios de comunicação e omissão de doações de campanha, o que poderia levar à impugnação da chapa, mesmo que Bolsonaro não soubesse da ação de empresários a seu favor.
"Se confirmada, a prática pode configurar abuso de poder econômico, levando à inelegibilidade nessa própria eleição. A jurisprudência diz que, mesmo que não tenha sido ele ou a campanha, a candidatura pode responder pelo ilícito", disse Daniel Falcão, coordenador do curso de pós-graduação em Direito Eleitoral do Instituto Brasiliense de Direito Público.
O advogado especialista em legislação eleitoral Francisco Emerencianoacrescenta que o caso pode ainda configurar omissão de despesas, o popular caixa 2, além do abuso de poder econômico, se as acusações forem verdadeiras.
"Em se configurando isso, no mínimo, se houver o conhecimento prévio da campanha --e não tem como o beneficiário não ficar sabendo em valores como esse-- eu poderia ter um questionamento de que houve omissão de despesa de campanha", disse Emerenciano.
Segundo reportagem publicada nesta quinta pela Folha, empresários têm bancado a compra de distribuição de mensagens contra o PT por WhatsApp, em uma prática que se chama pacote de disparos em massa de mensagens, e estariam preparando uma ação para a próxima semana, antes do segundo turno.
O jornal relata que cada pacote de disparos em massa custaria cerca de 12 milhões de reais, para o envio de centenas de milhões de mensagens. Ao menos quatro empresas podem ter usado essa prática, segundo a reportagem.
Quatro especialistas ouvidos pela Reuters concordam que, em tese, mesmo a campanha alegando que não tem relação com a decisão de empresários que agiram em prol de Bolsonaro, o candidato poderá ser responsabilizado por crime eleitoral, já que o resultado da eleição pode ser alterado por ações em seu benefício.
"A responsabilização é objetiva. Não está sendo avaliado a conduta pessoal de Bolsonaro. A responsabilidade do abuso de poder é objetiva, não importa se a campanha agiu com culpa (sem intenção) ou dolo (propositalmente). Vai ser avaliado se conduta teve ou não influência na campanha", diz Guilherme Salles Gonçalves, especialista em Direito Eleitoral e membro fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político.
Os advogados explicam que a suposta ação de empresários a favor do candidato do PSL infringe diversos pontos da lei eleitoral. Se a ação foi feita pelas empresas, configura doação ilegal, já que uma decisão do Supremo Tribunal Federal proibiu empresas de doarem a partidos, campanhas ou candidatos a qualquer tempo, não apenas em período eleitoral.
Se tiverem sido feitas em nome dos empresários, as doações não apenas tem limites que podem ter sido ultrapassados, como teriam sido feitas por meio do pagamento de serviço de terceiros, o que também é proibido.
A ação ainda infringe outra norma, a de que o impulsionamento de propagandas em mídias sociais só pode ser feito pelo candidato, a campanha ou a coligação e deve ser identificado como propaganda. Apoiadores ou eleitores são proibidos de agir em benefício de seu candidato.
"É um caso clássico de caixa 2 duplamente qualificado. Primeiro é um caso de gasto a favor da candidatura vindo fora do orçamento da campanha. Depois, é feito por fonte vedada. A decisão do Supremo Tribunal Federal proibiu doação de empresa a partidos e candidatos em qualquer momento, sobretudo em campanha eleitoral", explicou Guilherme Salles Gonçalves. "A punição não tem gradação. Ou caça ou não pune."
No início da tarde, sem mencionar a reportagem da Folha, Bolsonaro afirmou no Twitter que "apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita". Fonte: www.terra.com.br
Bolsonaro visita a PF para agradecer a proteção e assina carta de compromisso na Arquidiocese do Rio
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Bolsonaro visita a PF para agradecer a proteção e assina carta de compromisso na Arquidiocese do Rio
Candidato do PSL à Presidência disse que a participação em debate depende de avaliação médica e de estratégia política e que está 'com a mão na faixa'.
Por Cristina Boeckel, G1 — Rio de Janeiro
O candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, visitou nesta quarta-feira (17) a Superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro para agradecer a proteção policial durante a campanha eleitoral.
Cada candidato a presidente da República tem direito a uma equipe de segurança de 21 policiais federais especializados em dar proteção a autoridades.
Após o encontro, em entrevista à imprensa, afirmou que sua participação em debates depende de avaliação médica e de estratégia política.
"É lógico, política é estratégia. O Lula não compareceu ao debate no final, até o último da rede Globo, não sei se foi 2006, se não me engano, ele não compareceu. Entra tudo no meio, eu decido em equipe", disse Bolsonaro sobre a possibilidade de ir a debates.
O candidato ainda se recupera de facada que levou durante campanha na rua em Minhas Gerais. "Agora, eu vou debater com um cara que é um poste, um pau mandado do Lula? Tenha a santa paciência. A equipe médica que decide amanhã se estou em condições ou não", afirmou.
Bolsonaro disse, ainda, que está com a "mão na faixa", e que seu adversário, Fernando haddad (PT), não vai conseguir tirar dele "18 milhões de votos" até o dia 28 de outubro, data do segundo turno das eleições presidenciais.
"Nós estamos com uma mão na faixa. É verdade. Pode até não chegar lá. Mas estamos com a mão na faixa. Ele não vai tirar 18 milhões de votos de agora até a dois domingos", afirmou a jornalistas na saída do encontro com a PF.
Mais cedo, Bolsonaro se encontrou com o cardeal Dom Orani Tempesta, na sede da
Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Após o encontro, Bolsonaro disse que assinou um compromisso em defesa da família e da liberdade das religiões, contra o aborto e contra a legalização das drogas.
"Assinamos um compromisso em defesa da família, em defesa da inocência da criança na sala de aula, em defesa da liberdade das religiões. Contrário ao aborto, contrário a legalização das drogas. Ou seja, o compromisso que está no coração de todo brasileiro de bem", disse.
Visitas em casa
À tarde, Bolsonaro recebeu a visita de parlamentares e aliados em sua casa, na Barra da Tijuca. Entre os visitantes, estavam senadores do Chile que, segundo o coordenador da campanha de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, foram ao local para manifestar apoio ao candidato do PSL.
Segundo Lorenzoni, os senadores chilenos demonstraram interesse pela construção de um acordo de comércio bilateral entre os países.
Além deles, visitaram Bolsonaro o senador Magno Malta (PR-ES), o recém-eleito senador Major Olímpio (PSL) e o recém-eleito governador do Paraná Ratinho Júnior (PSD). Fonte: https://g1.globo.com
TSE dá 48h para Facebook e YouTube tirarem do ar vídeos que associam Haddad a 'kit gay'
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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que o Facebook e o YouTube deverão retirar do ar seis vídeos em que se afirma que o livro “Aparelho Sexual e Cia”, da escritora francesa Hélène Bruller, foi adotado pelo Governo Federal enquanto o candidato Fernando Haddad (PT) ocupou o cargo de ministro da Educação.
O livro nunca foi indicado nas listas oficiais de material didático do Governo Federal, no entanto, partidários do candidato Jair Bolsonaro acusam Haddad nas redes sociais de ser o 'pai do kit gay'.
"A notícia é sabidamente inverídica, uma vez que o livro jamais chegou a ser adotado pelo Ministério da Educação (MEC)", afirmou o ministro do TSE, Carlos Horbach, na decisão. O ministro destacou que é fato notório que o projeto Escola sem Homofobia não foi colocado em prática pelo MEC, do que se conclui que não houve a distribuição do material didático a ele relacionado.
A representação foi feita pela Coligação O Povo Feliz de Novo, de Fernando Haddad, contra a Coligação Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos, de Jair Messias Bolsonaro. Fonte: https://brasil.elpais.com
Não houve “vazamento de áudio” de Haddad e Manuela em trama contra o exército.
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É enganoso um vídeo que circula na internet como se fosse um vazamento de áudio em que o candidato à presidência Fernando Haddad (PT) e sua vice Manuela D’Ávila (PCdoB) apareceriam armando contra o Exército. Na verdade, o trecho presente na gravação é da sabatina UOL, Folha e SBT com o candidato, realizada no dia 17 de setembro de 2018. Manuela não estava presente durante a gravação. A voz feminina que se ouve é da repórter Débora Bargamasco, do SBT.
O trecho divulgado no Youtube sob o título de “Vaza áudio: Haddad e Manuela tramando contra Exército e Bolsonaro” começa com uma fala de Haddad em resposta a uma pergunta da repórter sobre um conteúdo presente no plano de governo do candidato. “Ainda sobre forças armadas, no seu programa de governo diz assim: a constituição será aplicada de maneira imediata e firme contra quem ameaça a democracia com atos e/ou declarações. O que significa isso? Por exemplo, o sujeito que for lá se manifestar e levantar uma bandeira escrito ‘intervenção militar já’, ‘volta da ditadura’, ele vai ser punido? Qual que é a ideia?”, perguntou a repórter.
Em seguida, Haddad questionou: “o cidadão?” Depois da afirmativa da jornalista, ele respondeu que não. Logo, ela completou a pergunta: “Então o que é que vocês estão dizendo aqui contra quem ameaça a democracia com atos ou declarações? O que é uma declaração? É falar? É fazer uma declaração (por escrito)?”. A partir de então, aos 49:24 do vídeo da sabatina, Haddad começa a resposta que viria a ser reproduzida no vídeo enganoso. “Quem tá debaixo de uma hierarquia. Tô falando dessas pessoas. Debaixo de uma hierarquia, vai ter que defender a democracia [...]”.
A discussão segue até os 50:48 do vídeo, quando o repórter Fernando Canzian, da Folha de S. Paulo muda de assunto. O vídeo divulgado como “vazamento” também termina neste instante.
Bergamasco fez as perguntas depois que o repórter Diogo Pinheiro, do UOL, levantou o assunto sobre militares durante três perguntas. Aos 46:58 do vídeo, ele questionou qual o papel teria o Exército no combate a violência no possível governo do candidato. Haddad respondeu que gostaria de “um braço da polícia civil para atuar em relação a organizações criminosas”. Para ele, a formação do Exército tem outra finalidade, que seria “entrar numa guerra e proteger o território nacional”.
Em seguida, o repórter perguntou se o presidenciável pretende ter militares no ministério, que respondeu “não necessariamente”, mas que também não tem “tabu contra a presença”. A última pergunta do repórter foi “qual a sua opinião sobre comentários como os do comandante do exército de que o próximo presidente pode ter sua legitimidade questionada?”. Haddad respondeu que ele entende que “o comandante em chefe das Forças Armadas é o presidente da República” e que declarações como essas acontecem porque, de acordo com a sua visão, hoje não há uma “autoridade constituída, legitimada pelo voto”.
No Youtube, o conteúdo enganoso já foi visualizado mais de 1 milhão de vezes e tem 35 mil votos positivos, contra 10 mil negativos. O Comprova recebeu o vídeo também por WhatsApp. No Facebook, o vídeo foi visualizado mais de 800 mil vezes e teve 33 mil shares. Fonte: https://projetocomprova.com.br
Notícia de que Bolsonaro mudará imagem da padroeira do Brasil é falsa
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É falsa a publicação compartilhada no Whatsapp e no Facebook afirmando que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) vai mudar a imagem de Nossa Senhora Aparecida e tirar a santa do posto de padroeira do Brasil em troca do apoio do pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, no segundo turno da eleição ao Palácio do Planalto.
Bolsonaro não apoiou projeto de lei que propunha a alteração do termo “padroeira do Brasil” atribuído a Nossa Senhora Aparecida. Além disso, a assessoria de imprensa da igreja e o filho do candidato, Eduardo Bolsonaro, desmentiram a informação. Também não existem elementos que confirmem suposto acordo entre o presidenciável e o pastor evangélico.
Para fazer a verificação, o Comprova pesquisou informações no site da Câmara dos Deputados e entrou em contato com as assessorias de imprensa de Jair Bolsonaro e Edir Macedo.
Há duas versões do boato sendo compartilhadas no Facebook e WhatsApp nos últimos dias. Uma delas usa uma montagem da página da Folha de S. Paulo. A falsa notícia, que teria sido publicada no dia 11 de outubro, afirma que “encontro de Bolsonaro com bispo Edir Macedo gera polêmica, ao sugerir a troca da imagem da padroeira do Brasil” e sugere que a alteração seria motivada pelo “tom de pele” escuro da santa. A Folha negou que a matéria tenha sido publicada no site e confirmou que era uma montagem.
A segunda versão diz que Bolsonaro e seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), assinaram o projeto de lei 2623, de 2007, que sugeria a alteração do termo “padroeira do Brasil” para “padroeira dos brasileiros católicos apostólicos romanos”. O PL, de autoria do deputado Victorio Galli, que à época era do MDB e hoje é do PSL, foi arquivado em 2008 na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. A matéria não poderá ser desarquivada no próximo ano porque o seu autor não foi reeleito. O Comprova não encontrou assinatura do Bolsonaro no projeto.
Ao Comprova, a assessoria do Bolsonaro afirmou que “não responde fake (news)”. Eduardo Bolsonaro, no entanto, publicou um vídeo no seu Facebook, que foi compartilhado na página do presidenciável, desmentindo a informação. “O projeto é de 2007 e foi apreciado em 2008, nessa época eu sequer era deputado, a minha eleição foi em 2014. Além disso, não existe assinatura do Jair Bolsonaro apoiando esse projeto em lugar nenhum. Esse projeto foi sepultado na comissão da educação por unanimidade. Não há o que falar, é uma invenção”, diz.
O texto do boato também afirma que o suposto apoio de Bolsonaro ao projeto foi uma “moeda de troca” para ele conseguir apoio de Edir Macedo, que também teria pedido a implantação do “ensino evangélico a todas as crianças, a partir da creche, em janeiro de 2020”. A informação não tem nenhuma fonte que a confirme, e o bispo a negou, através de nota divulgada no site da Igreja Universal. “Nem o bispo Edir Macedo, nem a Igreja Universal do Reino de Deus tem qualquer relação com esse projeto de lei”, diz o texto.
“Já sobre a fake news do ensino religioso nas escolas públicas, a Universal defendeu exatamente o contrário em audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF): a Igreja apoia o ensino religioso não confessional, que deve ser facultativo, com professores qualificados para tal. ‘O ensino deve ser sobre religião, e não da religião’, afirmou o representante da Universal durante a audiência”, conclui a nota.
A montagem do site da Folha chegou ao WhatsApp do Comprova. Já o segundo boato foi compartilhado no Facebook do empresário e escritor Alberto Carlos Almeida e teve 515 compartilhamentos. Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br
Candidatos têm de ajudar a conter onda de violência
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Bolsonaro e Haddad dão declarações de apaziguamento, mas precisam continuar atentos
A campanha eleitoral já produziu uma sucessão de episódios violentos como o atentado a candidato presidencial, assassinato, agressões, ameaças e tentativas de intimidação à imprensa em geral, e a jornalistas em particular.
Em todas as regiões são listados, diariamente, casos de violência de gênero, ideológica, racial e religiosa com raízes no ambiente de polarização político-eleitoral.
O fenômeno não é inédito, apenas possui maior visibilidade devido a um ativismo extremado que se reflete nas redes sociais.
O núcleo de estudos FGV-DAPP mapeou mais de seis milhões de postagens durante a campanha eleitoral e contabilizou, entre outras, 1,8 milhão de manifestações de discriminação aos nordestinos; 1,4 milhão de apoio ao nazifascismo; 1 milhão contra mulheres; 1 milhão contra minorias LGBT e outro milhão contra evangélicos, comunistas e negros.
Nesse ambiente de polarização, têm-se tragédias como a facada em Bolsonaro, candidato do PSL, em Minas Gerais, e o assassinato de um mestre de capoeira, na Bahia
Casos de agressões a profissionais da comunicação, segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), já somam 137 na temporada eleitoral. Foram 75 ataques por meios digitais, tendo como alvo 64 profissionais, e outros 62 casos físicos, com 60 vítimas.
São fatos sintomáticos de algo muito grave — o embrião de um processo de radicalização social. E isso não é bom para nenhum dos competidores políticos, muito menos para o ambiente que se pretende democrático numa eleição.
Os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), igualmente, têm o dever de repudiar atos dessa natureza e, principalmente, de demonstrar firmeza, de forma absolutamente inequívoca, para conter os seus radicais partidários nas ruas, nas redes, nos palanques, onde for.
Diante do assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê, petista, esfaqueado na madrugada de segunda-feira, em Salvador, numa discussão política com o bolsonarista Paulo Sérgio Ferreira de Santana, Bolsonaro primeiro titubeou, mas terminou repudiando o assassinato. Haddad já fez declarações também contra a violência.
Agem de forma correta, porque a omissão equivale a dar um sinal verde a quem será governado de que essas manifestações são legítimas. Nunca são.
É preciso ter consciência de que o preço a pagar será muito alto: o descontrole social decorrente da violência disseminada é extremamente arriscado, corrosivo, para qualquer governo. Eleição não é unção. A legitimidade do poder político só acontece quando o eleito consegue se impor como líder em um ambiente pacificado e democrático. Não deve interessar a ninguém seguir um caminho diferente. Fonte: https://oglobo.globo.com
Universal defende Edir Macedo, rebate Haddad e o acusa de incitar "guerra"
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A Igreja Universal divulgou na noite desta sexta-feira (12) uma nota de repúdio contra o que chamou de declarações "caluniosas" e "preconceituosas" do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) contra o bispo Edir Macedo.
Na manhã desta sexta, ao criticar o candidato Jair Bolsonaro (PSL), Haddad afirmou que o deputado federal é resultado do "fundamentalismo charlatão" de Edir Macedo, líder da Igreja Universal.
"Ele é o casamento do neoliberalismo desalmado, representado pelo Paulo Guedes, que corta direitos trabalhistas e sociais, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo", disse Haddad, que indicou ainda que Guedes e Macedo, dois dos principais apoiadores de seu adversário, têm "fome de dinheiro".
"Quando o Bispo Edir Macedo apoiou o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-presidente Lula, o apoio era muito bem-vindo. Agora, quando o líder espiritual da Universal declara que seu candidato é Jair Bolsonaro, o Bispo Macedo deve ser ofendido de forma leviana?", diz a nota da Universal.
No documento, a Igreja ainda afirma que, atacando uma das maiores lideranças evangélicas do país, Haddad tenta "incitar uma guerra religiosa".
"Charlatão é o candidato que mente para o povo para ser eleito. Fome de dinheiro tem o partido político que assalta estatais e os cofres públicos para sustentar uma estrutura que a Justiça definiu como 'organização criminosa'", continua o texto.
Ainda por meio da nota, a Universal promete levar as declarações de Haddad à Justiça. "O candidato responderá na Justiça pelo ódio religioso que tenta espalhar e por suas calúnias. De resto, o povo saberá dar resposta a ele".
Nota Pública da CNBB sobre a visita do candidato à presidência Fernando Haddad
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Na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Steiner, recebeu, na sede da entidade, em Brasília (DF), o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. Em Nota Pública, emitida após a reunião, o secretário-geral explicita os temas e assuntos abordados com o candidato. No documento, dom Leonardo reafirma que a CNBB é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira e que é comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos pela entidade.
Na reunião, o candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. O secretário-geral, por sua parte, abordou com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil, como por exemplo, a não legalização do aborto, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção, entre outros. Dom Leonardo também apresentou ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, a mobilização pela superação da violência.
NOTA PÚBLICA
Sobre a visita do candidato Fernando Haddad
Recebi, na manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o candidato à presidência da República, Fernando Haddad. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira. É comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos, sem a presença da imprensa.
O candidato não veio pedir apoio e a CNBB não tem partido e nem candidato. O candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. Da minha parte, abordei com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil: a não legalização do aborto, a proteção do meio ambiente, atenção especial à questão indígena e quilombola, a defesa da democracia e o combate rigoroso à corrupção. Também lembrei ao candidato o trabalho realizado pela CNBB durante a Campanha da Fraternidade deste ano que tratou, de forma profunda, da mobilização pela superação da violência.
Brasília-DF, 11 de outubro de 2018
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: http://www.cnbb.org.br
Por que votamos em Hitler
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Por que a Alemanha, o país com um dos melhores sistemas de educação pública e a maior concentração de doutores do mundo na época, sucumbiu a um charlatão fascista?
Ao longo da década de 1920, Adolf Hitler era pouco mais do que um ex-militar bizarro de baixo escalão, que poucas pessoas levavam a sério. Ele era conhecido principalmente por seus discursos contra minorias, políticos de esquerda, pacifistas, feministas, gays, elites progressistas, imigrantes, a mídia e a Liga das Nações, precursora das Nações Unidas. Em 1932, porém, 37% dos eleitores alemães votaram no partido de Hitler, a nova força política dominante no país. Em janeiro de 1933, ele tornou-se chefe de governo. Por que tantos alemães instruídos votaram em um patético bufão que levou o país ao abismo?
Em primeiro lugar, os alemães tinham perdido a fé no sistema político da época. A jovem democracia não trouxera os benefícios que muitos esperavam. Muitos sentiam raiva das elites tradicionais, cujas políticas tinham causado a pior crise econômica na história do país. Buscava-se um novo rosto. Um anti-político promoveria mudanças de verdade. Muitos dos eleitores de Hitler ficaram incomodados com seu radicalismo, mas os partidos estabelecidos não pareciam oferecer boas alternativas.
Em segundo lugar, Hitler sabia como usar a mídia para seus propósitos. Contrastando o discurso burocrático da maioria dos outros políticos, Hitler usava um linguajar simples, espalhava fake news, e os jornais adoravam sugerir que muito do que ele dizia era absurdo. Hitler era politicamente incorreto de propósito, o que o tornava mais autêntico aos olhos dos eleitores. Cada discurso era um espetáculo. Diferentemente dos outros políticos, ele foi recebido com aplausos de pé onde quer que fosse, empolgando as multidões. Como escreveu em seu livro "Minha Luta":
Toda propaganda deve ser apresentada em uma forma popular (...), não estar acima das cabeças dos menos intelectuais daqueles a quem é dirigida. (...) A arte da propaganda consiste precisamente em poder despertar a imaginação do público através de um apelo aos seus sentimentos.
Em terceiro lugar, muitos alemães sentiram que seu país sofria com uma crise moral, e Hitler prometeu uma restauração. Pessoas religiosas, sobretudo, ficaram horrorizadas com a arte moderna e os costumes culturais progressistas que surgiram por volta de 1920, época em que as mulheres se tornavam cada vez mais independentes, e a comunidade LGBT em Berlim começava a ganhar visibilidade. Os conservadores sonhavam com restabelecer a antiga ordem. Os conselheiros de Hitler eram todos homens heterossexuais brancos. As mulheres, ele argumentou, deveriam se limitar a administrar a casa e ter filhos. Homens inseguros podiam, de vez em quando, quebrar vitrines de lojas, cujos donos eram judeus, para reafirmarem sua masculinidade.
Em quarto lugar, apesar de Hitler fazer declarações ultrajantes – como a de que judeus e gays deveriam ser mortos -, muitos pensavam que ele só queria chocar as pessoas. Muitos alemães que tinham amigos gays ou judeus votaram em Hitler, confiantes de que ele nunca implementaria suas promessas. Simplista, inexperiente e muitas vezes tão esdrúxulo, que até mesmo seus concorrentes riam dele, Hitler poderia ser controlado por conselheiros mais experientes, ou ele logo deixaria a política. Afinal, ele precisava de partidos tradicionais para governar.
Em quinto, Hitler ofereceu soluções simplistas que, à primeira vista, faziam sentido para todos. O problema do crime, argumentava, poderia ser resolvido aplicando a pena de morte com mais frequência e aumentando as sentenças de prisão. Problemas econômicos, segundo ele, eram causados por atores externos e conspiradores comunistas. Os judeus - que representavam menos de 1% da população total - eram o bode expiatório favorito. Os alemães "verdadeiros" não deviam se culpar por nada. Tudo foi embalado em slogans fáceis de lembrar: "Alemanha acima de tudo", "Renascimento da Alemanha", "Um povo, uma nação, um líder."
Em sexto lugar, as elites logo aderiram a Hitler porque ele prometeu -- e implementou -- um atraente regime clientelista, cleptocrata, que beneficiava grupos de interesses especiais. Os industriais ganharam contratos suculentos, que os fizeram ignorar as tendências fascistas de Hitler.
Em sétimo, mesmo antes da eleição de 1932, falar contra Hitler tornou-se cada vez mais perigoso. Jovens agressivos, que apoiavam Hitler, ameaçavam os oponentes, limitando-se inicialmente ao abuso verbal, mas logo passando para a violência física. Muitos alemães que não apoiavam o regime preferiam ficar calados para evitar problemas com os nazistas.
Doze anos depois, com seis milhões de judeus exterminados e mais de 50 milhões de pessoas mortas na Segunda Guerra Mundial, muitos alemães que votaram em Hitler disseram a si mesmos que não tinham ideia de que ele traria tanta miséria ao mundo. “Se soubesse que ele mataria pessoas ou invadiria outros países, eu nunca teria votado nele ”, contou-me um amigo da minha família. “Mas como você pode dizer isso, considerando que Hitler falou publicamente de enforcar criminosos judeus durante a campanha?”, perguntei. “Eu achava que ele era pouco mais que um palhaço, um trapaceiro”, minha avó, cujo irmão morreu na guerra, responderia.
De fato, uma análise mais objetiva mostra que, justamente quando era mais necessário defender a democracia, os alemães caíram na tentação fácil de um demagogo patético que fornecia uma falsa sensação de segurança e muito poucas propostas concretas de como lidar com os problemas da Alemanha em 1932. Diferentemente do que se ouve hoje em dia, Hitler não era um gênio. Não passava de um charlatão oportunista que identificou e explorou uma profunda insegurança na sociedade alemã.
Hitler não chegou ao poder porque todos os alemães eram nazistas ou anti-semitas, mas porque muitas pessoas razoáveis fizeram vista grossa. O mal se estabeleceu na vida cotidiana porque as pessoas eram incapazes ou sem vontade de reconhecê-lo ou denunciá-lo, disseminando-se entre os alemães porque o povo estava disposto a minimizá-lo. Antes de muitos perceberem o que a maquinaria fascista do partido governista estava fazendo, ele já não podia mais ser contido. Era tarde demais. Fonte: https://brasil.elpais.com
CANDIDATO NA FILA: Rodrigo Cunha
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Em MT, Exército é recebido a flechadas em aldeia e índio é preso com 70 títulos de eleitor
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A Fundação Nacional do Índio (Funai) precisou ser acionada para que os homens do Exército conseguissem entrar na aldeia.
Em Mato Grosso, índios de uma aldeia localizada em Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, receberam homens do Exército com flechadas neste domingo (7). Eles levavam as urnas eletrônicas para o local, que possui 70 eleitores.
Conforme o juiz auxiliar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Lídio Modesto da Silva, a Fundação Nacional do Índio (Funai) precisou ser acionada para que os homens do Exército conseguissem entrar na aldeia.
“Registramos uma situação um pouco mais grave na região de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá, em uma comunidade indígena, em que os homens da força de segurança do Exército foram recebidos com flechas. Tivemos que acionar a Funai, para que intercedesse e em 30 minutos nós conseguimos. Lá são apenas 70 eleitores, acredito que rapidamente vamos terminar o trabalho”, disse o magistrado.
Outro caso foi registrado em Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá, onde um índio da etnia Caiapó, foi preso por estar com 70 títulos de eleitor, de todos os membros da aldeia dele. Ele alegou à polícia que votaria em nome de todos.
As informações foram repassadas pelo juiz do TRE no primeiro boletim da Justiça Eleitoral emitido neste domingo (7).
Fonte: https://g1.globo.com
SE MATAR OS LADRÕES, VAMOS VOTAR EM QUEM?
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ- Direto de Lagoa da Canoa/AL, sua terra natal- fala sobre a importância da inclusão social da juventude e a força do voto. Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL.
Com regra de diversidade, partidos voltam a usar candidatas-laranja
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Assim como em eleições anteriores, partidos inscrevem mulheres apenas para alcançar a meta de 30%
Uma cidadã não viu problema em se candidatar por um partido qualquer. Talvez tenha recebido um convite aleatório, sem nem saber bem o motivo ou suas chances reais de ser eleita. Não fez grandes campanhas por falta de verba. A única ajuda partidária foi um uns santinhos com seu rosto, cargo e número, ao lado da propaganda de um candidato a senador.
Nas últimas eleições, não faltam histórias de candidatas-laranja como essa, narrada pela promotora de Justiça Vera Lúcia Taberti. Existem vários outros tipos de casos, como a de uma postulante que nem tinha conhecimento de disputar um cargo, ou que não recebeu um centavo do partido – e nem sabia possuir esse direito.
Ou seja, concorrentes que aparecem apenas para fechar a cota. Desde 2009, quando o Tribunal Superior Eleitoral exigiu 30% de diversidade de gêneros nas candidaturas, os partidos correm atrás da meta. E a busca sempre é para cumprir o mínimo exigido de mulheres nas campanhas. Neste ano, as candidaturas femininas ficaram no limite, com 30,7%.
E dessa vez a cobrança é ainda maior: não basta inscrever mulheres, as regras exigem também que 30% do Fundo Especial de Financiamento de Campanha sejam destinadas às candidaturas femininas. As duas tentativas visam aumentar a participação das mulheres na política, que ocupam só 10% dos cargos políticos no Brasil. Só que os partidos criam artimanhas para burlar as regras. Uma das formas é registrar qualquer candidata - saiba ela ou não. Outro jeitinho é invisibilizar as candidaturas, dando pouco ou quase nenhum dinheiro a elas.
Afinal, nem todas recebem parte da fatia do fundo de financiamento – e seguem apenas como um número para cumprir a meta. E sobra ainda a pergunta: quem garante que uma candidata-laranja não receba essa verba e apenas repasse para outro candidato?
As Procuradorias Regionais Eleitorais correm atrás de casos como esses. De acordo com elas, um dos primeiros indícios é o gasto zero de verba na campanha. Não há como ganhar eleitores sem um mínimo de investimento. De duas a uma: ou faltou apoio do partido ou a candidata só existia no papel.
Uma candidata a deputada estadual pelo Espírito Santo pelo PRB, por exemplo, passou a reclamar da falta de apoio do partido em sua página pessoal – alegando que a verba nunca havia chegado a sua conta, como o partido declarara no TSE.
Criou página oficial de sua candidatura na metade de setembro e, depois da bronca virtual, conseguiu espaço no horário eleitoral do partido. Em 2014, a tal candidata também concorreu às eleições. E não teve nenhum voto – nem mesmo o dela. Segundo publicação em seu Facebook, ela desistiu naquele ano por não ter apoio do partido. E prometeu que dessa vez seguiria adiante.
Ela entra em dois critérios que apontam uma candidatura "laranja": não ter recebido nenhum voto e ter um valor irrisório investido na campanha. Mas não parece ser o caso – um exemplo caso para ilustrar a dificuldade em desmascarar essas fraudes. “Essa é a questão. Há indícios de candidatas laranjas, mas nem sempre se confirmam. Algumas não têm nenhum voto simplesmente porque não receberam dinheiro para investir na campanha”, explica o pesquisador Henrique Xavier, da USP, que fez um levantamento das possíveis candidatas-laranja, em parceria com as revistas AzMina e a rede #MeRepresenta.
Ele cruzou os dados do TSE desde as eleições de 2010, quando a regra de cotas passou a entrar em vigor. Avaliou candidatas e candidatos que não receberam nenhum voto nos pleitos anteriores, ou tiveram de um a cinco votos, ou pouco acima desse valor. Como era esperado, as candidaturas femininas cresceram nesse tempo.
Só que, junto com elas, também cresceu o número de candidatas mulheres com pouquíssimos votos. Enquanto o número de voto zero em homens seguiu o mesmo, numa média de 1% dos candidatos, o delas aumentou: passou de 3% em 2008 para 16% em 2012 – e 10% em 2016. Segundo dados do TSE, neste último ano, de cada 10 candidatos que não receberam votos, nove eram mulheres.
Em 2018, Xavier encontrou 36 possíveis candidatas laranjas que "disputaram" eleições anteriores. Nenhuma delas recebeu votos em suas candidaturas anteriores (entre 2010 e 2016) – só uma é exceção, teve apenas um eleitor. O estado com maior representantes é São Paulo.
Outro indício que pode ajudar a revelar a veracidade ou não dessas candidaturas é a presença nas redes sociais. Uma das candidatas listadas por Xavier tenta o cargo de deputada estadual pelo Mato Grosso. E até recebeu uma bolada do partido: mais de 60 mil reais. Não há, no entanto, qualquer sinal da candidata no mundo virtual – seja nas redes sociais ou em sites de busca. E que tipo de candidata (ou candidato), com intenções reais de ser eleito, se esconderia das redes sociais em época de eleição?
Fonte: www.cartacapital.com.br
Após ameaça na TV, Bolsonaro diz agora que não há “nada para fazer” se perder
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Em Brasília, carreata reuniu cerca de 25.000 veículos, segundo a Polícia Militar. Em São Paulo, ato se espalhou por quatro quarteirões e foi desmobilizado por forte
"Vamos ganhar essas eleições no primeiro turno. A diferença será tão grande que será impossível qualquer possibilidade de fraude", disse o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) em vídeo exibido durante as manifestações em seu apoio que povoaram a avenida Paulista ao longo de quatro quarteirões, entre a Alameda Peixoto Gomide e a Alameda Joaquim Eugênio de Lima, em São Paulo, o maior das dezenas de atos favoráveis ao candidato a presidente neste domingo. A mensagem de Bolsonaro, exibida em um telão posicionado ao lado de um dos quatro caminhões de som, modula um pouco o discurso do capitão reformado do Exército. Bolsonaro vinha dizendo em entrevistas que não aceita outro resultado que não sua eleição. Mais tarde, apareceria uma declaração ainda mais explícita de que estava recuando em sua ameaça, que foi feita em dois canais da TV aberta, Band e TV Globo. "Sei que não tenho nada para fazer (em caso de derrota). O que quis dizer é que não iria, por exemplo, ligar para o Fernando Haddad depois e cumprimentá-lo por uma vitória", disse agora Bolsonaro ao jornal O Globo.
A entrevista de Bolsonaro –com avanços e desmentidos à maneira que Donald Trump costuma fazer para atrair holofotes– e a sinalização de que ele está de novo à frente da campanha, após a temporada hospitalar se recuperando de um atentado a faca, acontecem um dia depois do protesto #EleNão. Promovida por mulheres, a mobilização reuniu centenas de milhares de pessoas em cidades espalhadas por todos os Estados brasileiros no sábado. Na mesma gravação exibida na Paulista, o candidato à Presidência menciona as expressões "PT não, PT nunca mais", numa referência aos motes "ele não, ele nunca" dos opositores.
Os atos a favor de Bolsonaro organizados em diversas cidades no sábado em no domingo serviram para responder aos protestos convocados contra sua candidatura e apoiados por alguns de seus adversários, como Marina Silva (Rede), o tucano Geraldo Alckmin (que usou a hashtag da campanha na TV), Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) — a representante de Ciro no ato organizado no Largo da Batata, em São Paulo, foi sua vice, a senador Kátia Abreu (PDT) enquanto a vice na chapa petista, Manuela D'Ávila, foi à marcha em Porto Alegre. Enquanto os críticos de Bolsonaro usavam preto, roxo (também a cor do movimento feminista) e vermelho, seus apoiadores voltaram a colorir a avenida Paulista de amarelo anos depois das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff. Em 2016, o capitão reformado do Exército ainda parecia longe de se transformar em um candidato viável à Presidência da República. Neste domingo, os organizadores do evento chegaram a calcular em 1,8 milhão a quantidade de manifestantes. A julgar pelas maiores manifestações pelo impeachment de Dilma, que reuniram na avenida 500.000 pessoas segundo o Datafolha, ocupando a av. Paulista completa, o número não parece realista. Para efeito de comparação, o tramo final da manifestação #Elenão, no sábado, na av. Paulista, foi maior, se espalhando do Masp à av. da Consolação.
Mas isso não quer dizer que a mobilização não tenha sido significativa. Os quatro quarteirões ocupados pela manifestação não estavam completamente preenchidos, mas a concentração em torno dos quatro carros de som era grande, a ponto de dificultar a locomoção. Da mesma forma, em Brasília, os apoiadores do deputado do PSL fizeram sentir sua presença nas ruas. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, 25.000 veículos passaram pela Esplanada dos Ministérios entre 8h40 da manhã e 13h45, período em que ocorreram as carreatas a favor de sua candidatura. De dentro dos seus veículos ou a pé, os apoiadores de Bolsonaro gritavam palavras de ordem como “eu vim de graça”, “fora PT” e “mito”. Muitos simulavam armas com as mãos, um dos gestos mais característicos do militar reformado do Exército. De acordo com o último Ibope, Bolsonaro tem 41% das intenções de voto no Distrito Federal, bem à frente do segundo colocado, o petista Fernando Haddad (14%).
Os atos a favor de Bolsonaro também foram significativos no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, este último ontem, mas, para além das capitais, se espalharam por várias cidades de médio porte como atestam vários vídeos distribuídos por meio das redes sociais. O mais expressivo, como de costume, foi o organizado em São Paulo, mas a mobilização, convocada para as 15h, acabou antes do que se esperava, por conta de uma forte chuva — por volta das 17h, alguns deputados ainda discursavam, mas para um público reduzido.
Os manifestantes se reuniram desde cedo na região, já que a avenida Paulista fecha aos domingos para os carros. Muitos dos apoiadores usavam camisas da seleção brasileira ou com a frase "Meu partido é o Brasil", com a qual Bolsonaro estava quando levou uma facada no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). De cima dos carros de som, candidatos a deputado federal criticavam não apenas o PT, mas partidos como MDB e PSDB. Outros pediam votos aos eleitores de João Amoêdo (Novo), Álvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), para que a eleição se encerre no primeiro turno.
"Já tomamos purpurinada, ovada, cusparada e até facada. Quem são os intolerantes? Por que, quando artista fala que vai votar em outro candidato, é democracia, e quando a gente fala que vai votar em Jair Boolsonaro, a gente quer ditadura?", questionou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) do alto de um dos carros de som. Em outro momento, o deputado que concorre à reeleição disse que “as mulheres de direita são mais bonitas que as da esquerda". "Elas não mostram os peitos nas ruas e nem defecam nas ruas. As mulheres de direita têm mais higiene”, completou. Só foram registrados alguns momentos de tensão depois que a forte chuva que caiu na Paulista concentrou os manifestantes no vão livre do MASP. A rápida intervenção da Polícia evitou que os desentendimentos entre apoiadores e opositores de Bolsonaro tivesse consequências de relevo. Fonte: https://brasil.elpais.com
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