Papa aos sacerdotes: sejam verdadeiros ícones de Jesus
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Amor, oferta e humildade - esses são os três aspectos essenciais da vocação sacerdotal que Francisco destaca ao receber em audiência as comunidades dos Colégios Pio Brasileiro, Pio Latino-Americano e Mexicano, nesta quinta-feira (04/04), no Vaticano.
Thulio Fonseca - Vatican News
Na manhã desta quinta-feira, 4 de abril, o Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, no Vaticano, os sacerdotes dos Colégios Pio Brasileiro, Pio Latino-Americano e Mexicano. Grande parte dos padres são estudantes, enviados por suas dioceses ou institutos religiosos, para cursos, mestrados e doutorados nas universidades pontifícias de Roma. Ocasião ainda mais significativa para os cem membros do Colégio Pio Brasileiro, que nesta semana celebrou seus 90 anos de fundação.
O Pontífice, ao iniciar a audiência, optou por entregar o discurso preparado aos presentes. No texto, o Papa compartilha sua reflexão sobre um tema central na vida dos sacerdotes, o Amor, destacando-o como o elemento primordial da vocação. Francisco enfatiza que todo chamado tem suas raízes no amor divino, no qual Deus, em sua infinita bondade, escolhe seus filhos para um propósito específico, o serviço ao próximo:
"Como todo homem, Deus nos chamou para sermos seus filhos e, entre eles, confiou-nos uma tarefa específica que nos aproxima mais dele: doar-nos pelos outros. São eles a nossa razão de ser, o objetivo de nosso amor, pois neles realizamos esse serviço que o Senhor nos pede."
Antes de tudo, a oração
Francisco prossegue instruindo os sacerdotes sobre a essência do serviço sacerdotal e ressalta a importância da oração como um meio essencial para permanecer em união com Deus e com aqueles a quem foram chamados a servir:
"Todo homem, toda mulher, toda criança se apresenta aos meus olhos como membro daquele corpo místico cuja cabeça é Cristo. Agir in persona Christi é ser um verdadeiro ícone de Jesus, é fazer de mim 'Verônica' de cada rosto, de cada lágrima. Como? Enxugando-as com minhas vestes sacerdotais. Em primeiro lugar, com a oração, apresentando cada situação concreta à presença de Deus: 'Senhor, aquele que tu amas está sofrendo' (cf. Jo 11,3)."
Oferta oblativa e eucarística
Ao abordar a necessidade de uma entrega total ao serviço de Deus e do próximo, o Papa sublinha no texto a renúncia de si mesmo como uma parte do chamado sacerdotal, que se realiza através da oferta oblativa e eucarística:
"Quando Jesus nos diz: 'Podeis beber o cálice que eu vou beber?' (Mt 20,22), Ele não busca uma mera disponibilidade teórica para o martírio, mas uma aceitação radical do fato de que estamos aqui para fazer a vontade dele e renunciar à nossa própria. Nossos estudos, nosso trabalho e nosso descanso, cada decisão, tanto vital quanto cotidiana, tudo está em função desse serviço."
A importância da humildade
A humildade também está presente na mensagem de Francisco como uma virtude fundamental para os sacerdotes: "não subestime o poder da intercessão daqueles que Deus colocou em seu caminho: seus formadores, seus colegas sacerdotes, as pessoas próximas a você. Em poucas palavras, confiem nas orações de todos os membros do povo fiel de Deus."
Na conclusão do texto, o Papa, além de encorajar os sacerdotes em sua missão, pede orações e concede sua bênção:
"Não se esqueçam de rezar por seus Pastores e por mim. Que Jesus vos abençoe e que Nossa Senhora de Guadalupe, Imperatriz da América, vos guarde. Muito obrigado."
"Um pedacinho do Brasil em Roma"
O Colégio Pio Brasileiro está comemorando o 90º aniversário de sua fundação com diversas iniciativas. Na tarde de quarta-feira, 03 de abril, foi celebrada a Santa Missa na capela do Colégio pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
O Colégio, que ao longo dos anos acolheu milhares de seminaristas, sacerdotes e bispos provenientes das dioceses do Brasil, tem sua origem no Natal de 1927, quando os bispos enviaram ao clero e aos fiéis do Brasil uma Carta Pastoral Coletiva, apresentando as razões que justificavam a construção de um colégio próprio, em Roma, e, ao mesmo tempo, lançavam uma Campanha Nacional para recolhimento de fundos, a fim de realizar o ambicioso projeto.
Em 1929, foi lançada a primeira pedra, iniciando-se a construção do edifício. Cinco anos mais tarde, a 03 de abril de 1934, celebrou-se sua inauguração. A turma fundadora, formada por 34 padres e seminaristas, saiu do Pio Latino. Como no Colégio anterior, também aqui a direção coube aos jesuítas. São João Paulo II, durante uma visita ao Colégio Pio Brasileiro, o definiu como “um pedacinho do Brasil em Roma”.
Em 2014, um importante acontecimento marcou a vida do Pontifício Colégio Pio Brasileiro: a transferência, em 30 de setembro, da direção do Colégio, até aquele momento sob a responsabilidade da Companhia de Jesus, para uma equipe de presbíteros diocesanos, escolhidos pela CNBB. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: "fazer ao nosso redor mais casa e menos mercado, espalhar a fraternidade”
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Francisco reza a Oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro e recorda a advertência de Jesus: "não façam da casa de meu Pai um mercado".
Silvonei José – Vatican News
"O convite para o nosso caminho de Quaresma é fazer com que em nós e ao nosso redor haja mais casa e menos mercado. Antes de tudo, em direção a Deus. Rezando muito, como filhos que batem incansavelmente e com confiança à porta do Pai, e não como vendedores avaros e desconfiados. E depois, espalhando a fraternidade. Há necessidade". Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste Terceiro Domingo da Quaresma, na Praça São Pedro.
O Evangelho de hoje – disse o Santo Padre na alocução que precedeu o Angelus - nos mostra uma cena dura: Jesus que expulsa os vendilhões do templo. Ele afasta os vendedores, derruba os bancos dos cambistas e admoesta a todos dizendo: "Não façam da casa de meu Pai um mercado". O Papa se detém exatamente no contraste entre casa e mercado: são, de fato, duas maneiras diferentes de se apresentar diante do Senhor.
"No templo, entendido como um mercado, para estar de bem com Deus, bastava comprar um cordeiro, pagá-lo e consumi-lo nas brasas do altar". Comprar, pagar, consumir, e depois cada um para casa sua, frisou o Papa.
No templo, porém, entendido como casa, acontece o contrário: a pessoa vai ao encontro do Senhor, une-se a Ele e aos irmãos, para compartilhar alegrias e tristezas.
Ainda mais: "no mercado, joga-se com o preço, em casa não se calcula; no mercado, busca-se o próprio interesse, em casa, dá-se gratuitamente". E Francisco sublinha:
“Jesus é duro hoje porque não aceita que o templo-mercado substitua o templo-casa, que o relacionamento com Deus seja distante e comercial em vez de próximo e confiante, que os bancos de vendas tomem o lugar da mesa da família, os preços o lugar dos abraços e as moedas o lugar das carícias. Pois, dessa forma, cria-se uma barreira entre Deus e o homem e entre irmão e irmão, ao passo que Cristo veio para trazer comunhão, misericórdia e proximidade”.
Então, vamos nos perguntar, continuou Francisco: antes de tudo, como é minha oração? É um preço a pagar ou é um momento de entrega confiante, em que não olho para o relógio? E como são meus relacionamentos com os outros? Sei como dar sem esperar pela reciprocidade? Sei dar o primeiro passo para quebrar os muros do silêncio e os vazios das distâncias?
E conclui pedindo que Maria nos ajude a "fazer casa" com Deus, entre nós e ao nosso redor. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: "lepra da alma", uma doença que nos torna insensíveis ao amor
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Francisco presidiu a missa de canonização da primeira santa argentina, Mama Antula, com milhares de fiéis vindos de seu país e também o presidente Milei. Na homilia, convidou a redescobrir "a alegria de nos doar aos outros, sem medo nem preconceito, livres de formas de religiosidade anestesiante e desinteressada da carne do irmão".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco presidiu a missa de canonização de Maria Antónia de San José de Paz e Figueroa, mais conhecida como Mama Antula, na Basílica de São Pedro, na manhã deste domingo, 11 de fevereiro, Dia Mundial do Enfermo.
A primeira Leitura e o Evangelho deste domingo "falam da lepra, uma doença que causa a progressiva destruição física da pessoa e que muitas vezes, infelizmente, ainda está hoje associada em certos lugares com atitudes de marginalização". "Lepra e marginalização são dois males de que Jesus quer libertar o homem que encontra no Evangelho", disse Francisco em sua homilia.
"Aquele leproso é obrigado a viver fora da cidade. Fragilizado pela doença, em vez de receber ajuda dos seus concidadãos, é abandonado a si mesmo, acabando duplamente ferido pelo afastamento e a rejeição", sublinhou o Pontífice. As pessoas mantinham distância dele, pois tinham medo de serem contagiadas e ficarem como ele. Mantinham distância também por preconceito, pois pensavam que fosse "um castigo de Deus por alguma falta que ele cometeu, e também por uma falsa religiosidade, porque pensavam que tocar um morto tornava a pessoa impura, e os leprosos eram pessoas cuja carne lhe «morria no corpo». Trata-se de uma religiosidade distorcida, que levanta barreiras e mina a piedade", disse ainda o Papa.
«Lepras da alma»
"Medo, preconceito e falsa religiosidade: aqui estão três causas de uma grande injustiça, três «lepras da alma» que fazem sofrer uma pessoa frágil, descartando-a como qualquer desperdício", disse ainda o Papa, acrescentando que "não se trata de coisas só do passado".
“Quantas pessoas sofredoras encontramos nos passeios das nossas cidades! E quantos medos, preconceitos e incoerências, mesmo entre quem acredita e se professa cristão. Esses medos continuam ferindo essas pessoas ainda mais! Também no nosso tempo há tanta marginalização, há barreiras a serem derrubadas, «lepras» a serem curadas.”
"Mas como?", perguntou Francisco, indicando como resposta dois gestos que faz Jesus: tocar e curar.
Jesus sente compaixão daquele homem, para, estende a mão e o toca.
O Senhor poderia evitar de tocar naquela pessoa; bastava «curá-la à distância». "Mas Cristo não pensa assim; o seu caminho é o do amor, que o faz aproximar de quem sofre, entrar em contato, tocar as suas feridas. A proximidade de Deus. Jesus está próximo, Deus está próximo. O nosso Deus, queridos irmãos e irmãs, não se manteve distante no céu, mas em Jesus fez-se homem para tocar a nossa pobreza. E perante a «lepra» mais grave, que é o pecado, não hesitou em morrer na cruz, fora das muralhas da cidade, rejeitado como um pecador, como um leproso, para tocar a fundo a nossa realidade humana. Um santo escreveu: «Ele se tornou leproso por nós»", sublinhou Francisco.
O Papa convidou a tomar cuidado com a «lepra da alma».
“Uma doença que nos torna insensíveis ao amor, à compaixão, que nos destrói com as «gangrenas» do egoísmo, preconceito, indiferença e intolerância.”
"Tenhamos cuidado", advertiu ele, "também porque, como acontece na fase inicial da doença com as primeiras manchas de lepra que aparecem na pele, se não se tomar medidas imediatas, a infeção cresce e torna-se devastadora".
Deixar-se tocar por Jesus na oração e na adoração
"Diante desse risco, da possibilidade dessa doença em nossa alma, qual é a cura?", perguntou o Pontífice. A resposta se encontra no segundo gesto de Jesus: curar. "De fato, aquele seu «tocar» não indica apenas proximidade, mas é o início da cura. A proximidade é o estilo de Deus: Deus é sempre próximo, compassivo e terno. Proximidade, compaixão e ternura. Este é o estilo de Deus. Estamos abertos a isso? Pois é deixando-nos tocar por Jesus que nos curamos intimamente, no coração. Se nos deixarmos tocar por Ele na oração, na adoração, se Lhe permitirmos agir em nós através da sua Palavra e dos Sacramentos, o seu contato muda-nos realmente, cura-nos do pecado, liberta-nos de fechamentos, transforma-nos para além daquilo que podemos fazer sozinhos, com os nossos esforços", disse ainda o Papa.
“As nossas partes feridas, as do coração e da alma, as doenças da alma devem ser levadas a Jesus. É isto que faz a oração; não uma oração abstrata, feita apenas de repetição de fórmulas, mas uma oração sincera e viva, que depõe aos pés de Cristo as misérias, as fragilidades, as falsidades, e os medos.”
"Eu deixo Jesus tocar as minhas «lepras», para que me cure?", perguntou o Papa. "Ao «toque» de Jesus", respondeu Francisco, "retorna a beleza que possuímos, a beleza que somos; a beleza de ser amados por Cristo, redescobrimos a alegria de nos doar aos outros, sem medos e sem preconceitos, livres de formas de religiosidade anestesiante e desinteressada da carne do irmão; retoma força em nós a capacidade de amar, para além de todo e qualquer cálculo e conveniência". Vive-se a cada dia a "caridade sem alarde: na família, no trabalho, na paróquia e na escola; na rua, no escritório e no mercado; a caridade que não busca publicidade nem precisa de aplausos, porque ao amor basta o amor".
"Proximidade e discrição", é o que Jesus nos pede, e "se nos deixarmos tocar por Ele, também nós, com a força do seu Espírito, poderemos tornar-nos testemunhas do amor que salva", como nos ensinou Santa Maria Antónia de San José, conhecida como «Mamã Antula».
“Ela foi uma viajante do Espírito. Percorreu milhares de quilômetros a pé, por desertos e estradas perigosas, para levar Deus. Hoje, ela é um modelo de fervor e audácia apostólica para nós. Quando os jesuítas foram expulsos, o Espírito acendeu nela uma chama missionária baseada na confiança na providência e na perseverança.”
Ela invocou a intercessão de São José e, para não cansá-lo muito, também a de São Caetano Thiène. Por essa razão, introduziu a devoção a este último, e sua primeira imagem chegou a Buenos Aires no século XVIII. Graças a Mama Antula, esse santo, intercessor da Divina Providência, entrou nas casas, nos bairros, nos meios de transporte, nas lojas, nas fábricas e nos corações, para oferecer uma vida digna por meio do trabalho, da justiça, do pão de cada dia, na mesa dos pobres. Peçamos hoje a Maria Antónia, Santa Maria Antónia de Paz de San José, para que ela nos ajude muito.
"Que o Senhor abençoe a todos nós", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: nas tentações, é preciso invocar Jesus. Jamais dialogar com o diabo!
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Ao comentar o Evangelho deste IV Domingo do Tempo Comum, Francisco alertou para as insídias de hoje do maligno, como as dependências, o consumismo e a idolatria do poder.
Vatican News
Para os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa comentou o Evangelho deste IV Domingo do Tempo Comum, que narra Jesus enquanto liberta uma pessoa possuída por um “espírito mau”.
Assim faz o diabo, explicou Francisco: quer possuir para “nos aprisionar a alma”. E nós devemos estar atentos às “amarras” que nos sufocam a liberdade, porque o diabo sempre nos tira a capacidade de escolher livremente. O Pontífice então nomeia algumas correntes que podem prender o coração, como as dependências, os modismos e a idolatria do poder, "corrente muito ruim". Todas essas insídias nos tornam escravos, sempre insatisfeitos, levam ao consumismo e ao hedonismo, que mercantilizam as pessoas e comprometem as relações, gerando inclusive conflitos armados.
Jesus veio para nos libertar de todas essas amarras, com um detalhe: jamais dialoga com o diabo!
“Jesus liberta do poder do mal, mas - estejamos atentos -, expulsa o diabo, mas não dialoga com ele. Jamais Jesus dialogou com o diabo. E quando foi tentado no deserto, as respostas de Jesus eram palavras da Bíblia, nunca o diálogo. Irmãos e irmãs, com o diabo não se dialoga! Cuidado: com o diabo não se dialoga, porque se você começar a dialogar, ele vence. Sempre. Cuidado.”
Invocar Jesus!
E quando nos sentirmos tentados e oprimidos, indicou o Papa, é preciso invocar Jesus, invocá-Lo ali, onde sentimos que as correntes do mal e do medo apertam mais forte.
Também hoje, afirmou, o Senhor deseja repetir ao maligno: “Saia, deixe em paz aquele coração, não dividir o mundo, as famílias, as nossas comunidades; deixe-as viver serenas, para que ali floresçam os frutos do meu Espírito, não os seus, assim diz Jesus. Para que entre eles reinem o amor, a alegria, a mansidão, e no lugar de violências e gritos de ódio, haja liberdade e paz, respeito e cuidado para todos".
Francisco então propõe algumas perguntas aos fiéis: eu quero realmente me libertar daquelas amarras que me apertam o coração? E depois, sei dizer “não” às tentações do mal, antes que se insinuem na alma? Por fim, invoco Jesus, Lhe permito agir em mim, para curar-me por dentro?
"Que a Virgem Santa nos proteja do mal", foi a invocação final. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: a avareza é uma doença do coração. Sejamos generosos
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Durante a Audiência Geral desta quarta-feira, o tema da catequese do Papa foi dedicado ao vício da avareza. “Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos absoluta certeza de uma coisa: eles não caberão no caixão, nós não poderemos levar os bens conosco”, destacou Francisco.
Ao dar continuidade no ciclo de catequeses sobre os vícios e as virtudes, o Papa, refletiu, na manhã desta quarta-feira (24/01), sobre a avareza, ou seja, “aquela forma de apego ao dinheiro que impede o homem de ser generoso”.
Francisco enfatizou, logo no início da Audiência Geral, que este não é um pecado que diz respeito apenas às pessoas que possuem grandes patrimônios, “mas sim um vício transversal, que muitas vezes nada tem a ver com o saldo da conta corrente”, e completou:
“A avareza é uma doença do coração, não da carteira.”
Apego às pequenas coisas
O Pontífice ilustrou a sua meditação com algumas análises que os padres do deserto fizeram sobre este mal: “Eles evidenciaram como a avareza poderia também se apoderar dos monges que, depois de terem renunciado a enormes heranças, na solidão da sua cela se apegaram a objetos de pouco valor: não os emprestavam, não os partilhavam, e muito menos estavam dispostos a distribuí-los, era um apego a pequenas coisas”.
Uma espécie de regressão à imagem da criança que segura o brinquedo e repete: “É meu! É meu!”, continuou o Papa, “esse tipo de apego nos tira a liberdade, e aí reside uma relação doentia com a realidade, que pode levar a formas de acumulação compulsiva ou patológica”.
Refletir sobre a morte, a cura para este vício
“Para curar esta doença”, recordou o Santo Padre, “os monges propuseram um método drástico, mas muito eficaz: a meditação da morte”. Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos absoluta certeza de uma coisa: "eles não caberão no caixão, nós não poderemos levar os bens conosco".
Segundo Francisco, é sobre este aspecto que se revela a insensatez desse vício:
“O vínculo de posse que construímos com as coisas é apenas aparente, porque não somos os donos do mundo: esta terra que amamos não é na verdade nossa, e nela caminhamos como estrangeiros e peregrinos”.
A riqueza não é um pecado, mas uma responsabilidade
O Papa então destacou que estas simples considerações fazem-nos compreender a loucura da avareza, mas também a sua razão mais oculta: “é uma tentativa de exorcizar o medo da morte: procura certezas que na realidade desmoronam no momento em que as apreendemos”.
Ao recordar a pregação de Jesus no Sermão da Montanha, quando o Senhor pede para não ajuntarmos tesouros na terra, mas sim tesouros no céu, (cf Mt 6,19-20), o Pontífice ressaltou:
“Podemos ser senhores dos bens que possuímos, mas muitas vezes acontece o contrário: em última análise, são eles os nossos donos.”
“Alguns homens ricos já não são livres, já nem têm tempo para descansar, têm de olhar por cima dos ombros porque a acumulação de bens também exige os seus cuidados. Sentem-se sempre ansiosos porque um legado se constrói com muito suor, mas pode desaparecer num instante. Esquecem-se da pregação evangélica, que não afirma que a riqueza em si é um pecado, mas é certamente uma responsabilidade”.
“Deus não é pobre, é o Senhor de tudo”, continuou o Pontífice, mas, como escreveu São Paulo: “Sendo rico, se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer por sua pobreza” (2 Cor 8,9), e completou: "Isto é o que o avarento não entende. Podia ter sido uma fonte de bênção para muitos, mas em vez disso acabou no beco sem saída da infelicidade".
Sejamos generosos
Por fim, o Papa, ao evidenciar que uma pessoa imersa no vício da avareza tem uma vida triste, contou uma história:
“Lembro-me do caso de um senhor que conheci em outra diocese, era um homem muito rico, casado, e tinha uma mãe doente. Os irmãos se revezavam para cuidar da mãe, e ela costumava tomar um pote iogurte pela manhã. Aquele senhor lhe dava metade pela manhã, e para economizar, guardava metade do iogurte para lhe dar à tarde. Isso é avareza, isso é apego às posses. Então, esse senhor morreu, e os comentários das pessoas que foram ao velório eram: 'Olhem, esse homem não tem nada com ele, deixou tudo para trás'. E então, de forma um pouco irônica, diziam: 'Não puderam nem fechar o caixão porque ele queria levar tudo com ele', e isso fazia os outros rirem. Esse é um exemplo claro da avareza”.
Francisco, na conclusão de sua reflexão, exortou os fiéis:
“No fim da vida teremos que entregar nosso corpo e nossa alma ao Senhor, e teremos que deixar tudo. Sejamos cuidadosos e generosos: generosos com todos e generosos com aqueles que mais precisam de nós.” Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: a Palavra de Deus suscita a missão, faz-nos mensageiros e testemunhas
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Voltemos às nascentes para oferecer ao mundo aquela água viva que ele não encontra; e, enquanto a sociedade e as redes sociais acentuam a violência das palavras, concentremo-nos na mansidão da Palavra que salva: foi o convite do Papa este V Domingo da Palavra do Senhor, na Missa presidida na Basílica de São Pedro. Dois fiéis leigos receberam o ministério de Leitor e nove o de Catequista, representando o povo de Deus e oriundos do Brasil, Bolívia, Coreia, Chade, Alemanha e Antilhas
Raimundo de Lima – Vatican News
Que o Domingo da Palavra de Deus nos ajude a regressar com alegria às nascentes da fé, que brota da escuta de Jesus, Verbo do Deus vivo. Que, por entre as palavras que se dizem e leem continuamente sobre a Igreja, nos ajude a redescobrir a Palavra de vida que ressoa na Igreja! Caso contrário, acabamos por falar mais de nós que d’Ele; e, no centro, permanecem os nossos pensamentos e os nossos problemas em vez de Cristo com a sua Palavra.
Foi o que disse o Papa este domingo, 21 de janeiro, V Domingo da Palavra do Senhor, na Missa presidida pela manhã na Basílica de São Pedro. Dois fiéis leigos receberam o ministério de Leitor e nove o de Catequista, representando o povo de Deus e oriundos do Brasil, Bolívia, Coreia, Chade, Alemanha e Antilhas. O Domingo da Palavra de Deus deste ano tem como lema "Permanecei na minha Palavra" (Jo 8, 31).
Refletindo sobre a Palavra de Deus na liturgia deste III Domingo do Tempo Comum, Francisco ressaltou que grande é a força da Palavra do Senhor, dela irradia a força do Espírito Santo.
A Igreja é chamada por Cristo, atraída por Ele
A Palavra atrai a Deus e envia aos outros: tal é o seu dinamismo. Não nos deixa fechados em nós mesmos, mas alarga o coração, faz inverter o rumo, altera os nossos hábitos, abre novos cenários, desvenda inesperados horizontes.
A Palavra de Deus, continuou o Santo Padre, pretende operar isto em cada um de nós. Tal como aconteceu com os primeiros discípulos que, acolhendo as palavras de Jesus, deixam as redes e embarcam numa maravilhosa aventura, assim também nas margens da nossa vida, ao pé dos barcos de familiares e das redes do trabalho, a Palavra suscita o chamado de Jesus. Chama para, com Ele, nos fazermos ao largo ao encontro dos outros.
Sim, a Palavra suscita a missão, faz-nos mensageiros e testemunhas de Deus num mundo cheio de palavras, mas sedento daquela Palavra com maiúscula que muitas vezes ignora. A Igreja vive deste dinamismo: é chamada por Cristo, atraída por Ele, e é enviada ao mundo para dar testemunho d’Ele.
A escuta da Palavra e a adoração do Senhor
Não podemos prescindir da Palavra de Deus, da sua força suave que – como num diálogo – toca o coração, imprime-se na alma, renova-a com a paz de Jesus, que nos desinquieta em prol dos outros. Se olharmos para os amigos de Deus, frisou o Pontífice, para as testemunhas do Evangelho na história, vemos que, para todos, foi decisiva a Palavra.
Pensemos no primeiro monge, Santo Antão, que, tocado durante a Missa por um trecho do Evangelho, deixou tudo por amor do Senhor; pensemos em Santo Agostinho, que deu uma reviravolta na vida quando uma palavra divina lhe curou o coração; pensemos em Santa Teresinha do Menino Jesus, que descobriu a sua vocação lendo as Cartas de São Paulo. E penso no Santo cujo nome adotei, Francisco de Assis, que, em oração, lê no Evangelho que Jesus envia os discípulos a pregar e exclama: «Isto eu quero, isto peço, isto anseio fazer de todo o coração!». Vidas transformadas pela Palavra de vida, observou o Papa.
Mas por que não acontece o mesmo a muitos de nós? - Perguntou Francisco. Decerto porque, como nos mostram estas testemunhas, é preciso não ser «surdo» à Palavra. Este é o nosso risco: arrastados por mil palavras, passa-nos por cima também a Palavra de Deus: ouvimo-la, mas não a escutamos; escutamo-la, mas não a guardamos; guardamo-la, mas não nos deixamos provocar à mudança de vida. Sobretudo lemo-la, mas não a rezamos; ora «a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem». Não esqueçamos as duas dimensões fundamentais da oração cristã: a escuta da Palavra e a adoração do Senhor, exortou Francisco.
Deixemo-nos conquistar pela beleza da Palavra de Deus
Concluindo sua reflexão, o Santo Padre apresentou algumas interrogações aos presentes, propondo-as também a nós para a nossa reflexão pessoal.
“Que lugar reservo para a Palavra de Deus na casa onde moro? Lá haverá livros, jornais, televisões, telefones, mas… onde está a Bíblia? No meu quarto, tenho ao alcance da mão o Evangelho? Leio-o cada dia para encontrar nele o rumo da vida? Carrego na bolsa um pequeno exemplar do Evangelho para lê-lo? Muitas vezes dei de conselho que se trouxesse sempre conosco o Evangelho: no bolso, na carteira, no celular. Se Cristo me é mais querido do que qualquer outra realidade, como posso deixá-Lo em casa e não trazer comigo a sua Palavra? E a última pergunta: Já li, na íntegra, pelo menos um dos quatro Evangelhos? O Evangelho é o livro da vida, é simples e breve, mas muitos crentes nunca leram um do começo ao fim.”
Deus – diz a Escritura – é «o próprio autor da beleza»: deixemo-nos conquistar pela beleza que a Palavra de Deus traz à vida, exortou por fim o Santo Padre. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa sobre os casais irregulares: "o Senhor abençoa todos, todos, todos"
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Francisco entrevistado por Fabio Fazio no programa "Che tempo che fa" do canal de televisão italiano Nove fala sobre o recente documento "Fiducia supplicans": "as pessoas devem entrar em diálogo com a bênção e ver o caminho que o Senhor propõe". Sobre a guerra atual: "tenho medo da escalada bélica". Retorna ao tema da renúncia: "no momento, não está no centro de meus pensamentos". E anuncia uma viagem à Polinésia em agosto e à Argentina até o final do ano.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Bênçãos para todos, também aos casais "irregulares", imitando Deus que é "bom" e não "castigador" e "abençoa todos, todos, todos"; o "medo" de uma escalada bélica e da capacidade de "autodestruição" da humanidade; a confirmação de que não tem intenção de renunciar e o anúncio de duas viagens: à Polinésia, em agosto, e à sua terra natal, a Argentina, no final do ano. Esses são alguns dos temas tratados pelo Papa em sua entrevista ao jornalista Fabio Fazio para o programa italiano Che tempo che fa, transmitido na noite deste domingo, 14 de janeiro, no canal Nove. Em 2021, Francisco já havia concedido uma entrevista ao mesmo popular programa (na época transmitido pela RAI); neste domingo, uma nova entrevista com duração de menos de uma hora para refletir sobre assuntos relacionados à atualidade, aos desafios do mundo, à Igreja e ao pontificado.
Bênçãos para "todos, todos, todos"
O Papa respondeu a uma pergunta sobre o documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, Fiducia Supplicans, que abre a possibilidade de abençoar casais em situações "irregulares" com relação à moral católica, incluindo casais do mesmo sexo. Um documento que registrou várias reações, até mesmo contrastantes. Francisco reconheceu que "às vezes as decisões não são aceitas", mas muitas vezes "é porque não se conhece"; depois reafirmou aquele princípio de "todos, todos, todos" já expresso durante a JMJ de Lisboa: "O Senhor abençoa todos, todos, todos que vêm. O Senhor abençoa todos aqueles que podem ser batizados, ou seja, cada pessoa. Mas depois as pessoas devem entrar em diálogo com a bênção do Senhor e ver qual é o caminho que o Senhor lhes propõe. Mas devemos pegá-las pela mão e ajudá-las a seguir esse caminho, não as condenar desde o início".
Os confessores perdoem tudo
Esse é "o trabalho pastoral da Igreja" e é um trabalho "muito importante" para os confessores, a quem Francisco reitera o convite para "perdoar tudo" e tratar as pessoas "com muita bondade". Ele mesmo, revela, em 54 anos de sacerdócio, negou o perdão apenas uma vez "por causa da hipocrisia da pessoa": "Eu sempre perdoei tudo, mas também digo com a consciência de que aquela pessoa talvez tenha uma recaída, mas o Senhor nos perdoa, ajudar a não recair, ou a recair menos, mas perdoar sempre". O Senhor "não se escandaliza com nossos pecados, porque Ele é Pai e nos acompanha", observou o Papa Francisco, confidenciando que gosta de esperar que o inferno esteja vazio.
O risco das guerras
Mais uma vez, como nesses 100 dias de conflito no Oriente Médio e nesses quase dois anos de agressão à Ucrânia, o Papa estigmatiza o horror da guerra: "É verdade que é arriscado fazer a paz, mas é mais arriscado fazer a guerra". "Por trás das guerras", insiste, "há o comércio de armas. Um economista me disse que, neste momento, os investimentos que rendem mais juros, mais dinheiro, são as fábricas de armas. Investir para matar".
O medo da escalada bélica
Assim, o Bispo de Roma confidencia um medo pessoal seu: "Essa escalation bélica me dá medo, porque, com esse levar avante passos bélicos no mundo, nos perguntamos como acabaremos. Com armas atômicas agora, que destroem tudo. Como acabaremos. Como a Arca de Noé? Isso me dá medo. A capacidade de autodestruição que a humanidade tem hoje".
Muita crueldade para com os migrantes
Na entrevista, também foi dado espaço ao tema muito caro a ele, o dos migrantes, com a lembrança de seu abraço a Pato, o jovem camaronês que perdeu a esposa e a filha de 6 anos no ano passado por causa da fome, do calor e da sede no deserto entre a Tunísia e a Líbia. Francisco o recebeu em novembro na Casa Santa Marta. "Há muita crueldade no tratamento desses migrantes desde o momento em que deixam suas casas até chegarem aqui na Europa", disse, lembrando a situação dramática de tantas pessoas nos lagers líbios e a tragédia de fevereiro de 2022 em Cutro, na costa da Calábria. "É verdade que todos têm o direito de permanecer em sua própria casa e de migrar", disse o Papa, mas "por favor, não fechem as portas". O que é necessário é uma política migratória "bem pensada" que ajude a "controlar o problema dos migrantes" e "remover todas essas máfias que exploram os migrantes".
Reformas
Mudando o foco para a Igreja, o Pontífice fala de reformas. A primeira a ser implementada é "uma reforma dos corações", depois ele passa para as estruturas que "devem ser preservadas, mudadas, reformadas de acordo com a finalidade". Mas a primeira coisa a ser feita é "mudar o coração" e limpá-lo da maldade e da inveja, "um vício amarelo que arruína todos os relacionamentos".
Não à renúncia, sim às viagens à Polinésia e à Argentina
Por fim, há uma pergunta sobre sua possível renúncia ao pontificado: "não é um pensamento, nem uma preocupação, nem mesmo um desejo. É uma possibilidade, aberta a todos os Papas, mas, no momento, não está no centro de meus pensamentos e das minhas inquietações, de meus sentimentos". Confirmando essas palavras, Francisco anunciou as duas viagens antecipadas como hipóteses em entrevistas anteriores: Polinésia e Argentina. À Argentina - onde foi oficialmente convidado com uma carta do novo presidente Javier Milei - o Pontífice poderia viajar no final do ano: "as pessoas estão sofrendo muito lá. É um momento difícil para o país. A possibilidade de uma viagem no segundo semestre do ano está sendo planejada, porque agora há uma mudança de governo, há coisas novas... Em agosto devo fazer a viagem à Polinésia, que é bem longe, e depois faríamos a viagem à Argentina, se for possível. Eu quero ir lá. Dez anos está bem, muito bem, posso ir". Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa, Angelus: o Senhor não quer “followers”, não a uma fé feita de hábitos
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O Papa Francisco rezou o Angelus deste II Domingo do Tempo Comum na Praça São Pedro, comentando o Evangelho do dia que fala do encontro de Jesus com os primeiros discípulos.
Silvonei José – Vatican News
''O Senhor não quer fazer prosélitos, não quer 'followers' superficiais, mas pessoas que se questionem e se deixem-se interpelar pela sua Palavra”. Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste II Domingo do Tempo Comum na Praça São Pedro, comentando o Evangelho do dia que fala do encontro de Jesus com os primeiros discípulos.
"Esta cena – sublinhou Francisco – convida-nos a recordar do nosso primeiro encontro com Jesus – cada um teve o primeiro encontro com Jesus -, a renovar a alegria de segui-Lo e a perguntarmo-nos: o que significa ser discípulos do Senhor? Segundo o Evangelho de hoje podemos tomar três palavras: procurar Jesus, morar com Jesus, anunciar Jesus", disse o Papa.
“Para sermos discípulos de Jesus é preciso antes de tudo procurá-lo, ter um coração aberto, em busca, não saciado ou satisfeito. Nós somos seus discípulos na medida em que o frequentamos, ouvimos a sua Palavra, dialogamos com Ele na oração, O adoramos, O amamos e o servimos nos irmãos. Em suma, a fé não é uma teoria, é um encontro, é ir e ver onde o Senhor mora e morar com Ele''.
Procurar, morar e, finalmente, anunciar. Esse primeiro encontro com Jesus foi uma experiência tão forte que os dois discípulos se recordaram para sempre da hora: "eram cerca de quatro horas da tarde". E seus corações estavam tão cheios de alegria que imediatamente sentiram a necessidade de comunicar o dom que haviam recebido. De fato, um dos dois, André, apressa-se em compartilhá-lo com seu irmão Pedro.
Irmãos e irmãs, também nós hoje recordemos do nosso primeiro encontro com o Senhor. “Cada um de nós teve o primeiro encontro, seja dentro da família, seja fora dela... Quando encontrei o Senhor? Quando o Senhor tocou meu coração? E nos perguntemos: ainda somos discípulos apaixonados, procuramos o Senhor ou nos acomodamos em uma fé feita de hábitos? Moramos com Ele na oração, sabemos ficar em silêncio com Ele? E, enfim, sentimos a necessidade de compartilhar, de anunciar esta beleza do encontro com o Senhor?
E Francisco concluiu: “Que Maria Santíssima, a primeira discípula de Jesus, nos conceda o desejo de procurá-Lo, de estar com Ele e de anunciá-Lo”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: a gula é a "loucura do ventre". O caminho é a sobriedade
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Na Audiência Geral desta quarta-feira (10/01), Francisco continuou o ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes, alertando especificamente contra o pecado da gula. "A relação que temos com a alimentação é a manifestação de algo interior: diz-me como comes e eu te direi que alma tens”, destacou o Pontífice.
Thulio Fonseca - Vatican News
Ao dar continuidade no percurso de catequeses sobre vícios e virtudes, o Papa Francisco, nesta quarta-feira, 10 de janeiro, concentrou sua reflexão no vício da gula.
O Santo Padre introduziu a meditação fazendo referência aos textos dos evangelhos: “observemos Jesus e o seu primeiro milagre nas bodas de Caná, Ele revela a sua simpatia pelas alegrias humanas, se preocupa para que a festa termine bem e dá aos noivos uma grande quantidade de um vinho muito bom, diferente de João Batista, sublinhou o Papa, “lembrado pela sua ascese, enquanto ele comia o que encontrava no deserto, Jesus é o Messias que vemos muitas vezes à mesa”.
“O comportamento de Jesus causa escândalo”, completou Francisco, “porque Ele não só é benevolente para com os pecadores, mas até mesmo come com eles; e este gesto demonstrava o seu desejo de comunhão e proximidade com todos”.
“Jesus quer que sejamos alegres na sua companhia; mas quer também que participemos de seus sofrimentos, que são também os sofrimentos dos pequenos e dos pobres. Jesus é universal.”
É preciso cultivar uma boa relação com a alimentação
Ao recordar que o Cristianismo não contempla a distinção entre alimentos puros e impuros, o Papa falou sobre a atenção que devemos ter com a alimentação, que não deve estar voltada apenas para a comida em si, mas para a nossa relação com ela:
“Quando uma pessoa tem um relacionamento desordenado com a comida, come apressadamente, como com vontade de se saciar, mas nunca se sacia: é escrava da comida.”
As doenças relacionadas à gula
Esta relação serena que Jesus estabeleceu em relação à alimentação deve ser redescoberta e valorizada, notou Francisco, especialmente nas sociedades do chamado bem-estar, onde se manifestam muitos desequilíbrios e patologias:
“Comemos demasiado, ou demasiado pouco. Muitas vezes comemos sozinhos. Os distúrbios alimentares estão a espalhar-se: anorexia, bulimia, obesidade... E a medicina e a psicologia tentam resolver a má relação com a comida, que é a raiz de muitas doenças”.
O Santo Padre recordou que essas são doenças, muitas vezes dolorosas, que estão principalmente ligadas aos tormentos da psique e da alma, e sublinhou:
“Como Jesus ensinava, não são os alimentos em si que fazem mal, mas a relação que temos com eles.”
Um pecado social
Francisco recordou que a relação que temos com a alimentação é a manifestação de algo interior e revela “a empatia de quem sabe repartir a comida com o necessitado, ou o egoísmo de quem guarda tudo para si”, e completou: “Diz-me como comes e eu te direi que alma tens”.
Ao abordar o vício da gula do ponto de vista social, o Pontífice observou que este pecado “está matando o planeta” e compromete “o futuro de todos”.
“Nós nos apoderamos de tudo, para nos tornarmos donos de tudo, enquanto tudo foi entregue para nossa custódia, não para a exploração.”
Francisco recordou que os Padre da Igreja chamavam a gula de "gastrimargia", um termo que pode ser traduzido como "loucura do ventre", e exortou a todos sobre um mal que atinge a sociedade atual:
“Eis então o grande pecado, a fúria do ventre: renunciamos ao nome de homens, para assumir outro, o de ‘consumidores’. Nem mesmo percebemos que alguém começou a nos chamar assim.”
Vigilância e sobriedade
No fim de sua reflexão o Papa enfatizou que fomos feitos para ser homens e mulheres “eucarísticos”, capazes de agradecer, discretos no uso da terra, porém nos transformamos em predadores, "atualmente estamos nos dando conta de que essa forma de gula tem causado muitos danos ao mundo".
Peçamos ao Senhor que nos ajude no caminho da sobriedade para que todas as formas de gula não tomem conta de nossas vidas, concluiu Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: capacidade de estupor, segredo para seguir bem em família
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"Saber-se maravilhar antes de tudo com Deus", mas também com o próprio cônjuge, com os filhos, com a sabedoria dos avós e com a própria história. No último Angelus de 2023, o Papa recordou o que a Sagrada Família, "especialista em sofrimentos", tem a dizer às famílias.
Jackson Erpen - Cidade do vaticano
A família de Nazaré era "especialista em sofrimentos", e justo por isso, tem muito a nos dizer. Seguindo o seu modelo, devemos pedir a Virgem Maria a capacidade de "maravilhar-nos a cada dia com o bem e a saber ensinar aos outros a beleza do estupor", disse o Papa em sua alocução, antes de rezar o Angelus na Festa da Sagrada Família.
Peregrinos e turistas de várias partes do mundo lotam as ruas de Roma nestes dias. O tempo instável não impediu que milhares deles - 20 mil segundo a Gendarmaria - fossem à Praça São Pedro para o tradicional encontro dominical com Francisco, o último de 2023. E precisamente dirigindo-se a eles, recordou que o Evangelho de Lucas (Lc 2,22-40) apresenta a Sagrada Família de Jesus, Maria e José no templo de Jerusalém para a apresentação do Menino ao Senhor.
"Vemos que a Sagrada Família chega ao templo e leva como presente a oferta mais humilde e simples entre aquelas previstas, o testemunho da sua pobreza. São Pobres", disse Francisco, recordando que Maria recebeu uma profecia: “Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”:
Chegam na pobreza e saem com uma carga de sofrimento. Isto suscita surpresa: mas como, a Família de Jesus, a única família na história que pode vangloriar-se da presença de Deus em carne e osso, em vez de ser rica é pobre! Em vez de ser facilitada, parece obstada! Em vez de estar privada do cansaço, está imersa em grandes dores!
E o que essa situação diz às nossas famílias? -, pergunta o Santo Padre. "Uma coisa muito bonita", responde, para então explicar:
Deus, que muitas vezes imaginamos estar além dos problemas, veio habitar a nossa vida com seus problemas. Ele nos salvou assim, vivendo em meio a nós, não veio já adulto, mas muito pequeno; viveu em família, filho de uma mãe e de um pai; lá passou a maior parte de seu tempo, crescendo, aprendendo, em uma vida feita de cotidianidade, escondimento e silêncio. E não evitou as dificuldades, antes pelo contrário, ao escolher uma família, uma família “especialista em sofrimento”, diz às nossas famílias:
“Se vocês se encontrarem em dificuldades, sei bem o que vocês sentem, eu já vivi isso: eu, minha mãe e meu pai vivemos isso para dizer também à sua família: vocês não estão sozinhos!”
José e Maria "estavam admirados com o que diziam a respeito dele”, e esta "capacidade de admirar-se" foi destacada pelo Papa, que disse ser "um segredo para seguir em frente bem em família", que não devemos nos habituar à banalidade das coisas, "mas deixar-se antes de tudo maravilhar por Deus, que nos acompanha.
Esta mesma admiração também é bela quando acontece na família, quando um dos cônjuges pega o outro pela mão, olha em seus olhos por alguns instantes, com ternura:
“A admiração te leva à ternura, sempre. É bela a ternura no casamento.”
Mas não só entre o casal, maravilhar-se também com o milagre da vida, dos filhos, encontrando tempo para brincar com eles e ouvi-los:
Eu pergunto a vocês, pais e mães: vocês encontram tempo para brincar com seus filhos? Para levá-los para passear? Ontem falei com uma pessoa ao telefone e perguntei-lhe: “Onde você está?” – “Eh, estou na praça, trouxe meus filhos para passear”. Esta é uma bela paternidade e maternidade.
E depois, maravilhar-se também com a sabedoria dos avós:
Tantas vezes tiramos os avós fora da vida. Não: os avós são fontes de sabedoria. Aprendamos a nos maravilhar com a sabedoria dos nossos avós, com a sua história.
E por fim, maravilhar-nos com a nossa própria história de amor:
Cada um de nós tem a sua e o Senhor nos fez caminhar com amor: maravilhar-se com isto. E também, a nossa vida certamente tem aspectos negativos, mas maravilhar-se também com a bondade de Deus em caminhar conosco, mesmo que sejamos tão inexperientes.
Que Maria, Rainha da família - disse ao concluir - nos ajude a maravilhar-nos: "Peçamos hoje a graça do estupor. Que Nossa Senhora nos ajude a maravilhar-nos cada dia com o bem e a saber ensinar aos outros a beleza do estupor. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: Natal, inaudita ternura de Deus que salva o mundo encarnando-se
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"Como os pastores que deixaram os seus rebanhos, deixa o recinto das tuas melancolias e abraça a ternura do Deus Menino. Sem máscaras nem couraças, confia-Lhe os teus cansaços, e Ele cuidará de ti: Ele, que se fez carne, espera, não as tuas performances de sucesso, mas o teu coração aberto e confiado", disse Francisco em sua homilia da missa da noite de Natal.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco presidiu a missa da noite de Natal, neste domingo (24/12), na Basílica de São Pedro.
Francisco iniciou sua homilia, enfatizado as seguintes palavras do Evangelista Lucas: «O recenseamento de toda a terra». "Este é o contexto em que nasce Jesus e no qual se detém o Evangelho. Podia limitar-se a uma rápida alusão, mas ao contrário fala dele com grande esmero. Assim, faz surgir um grande contraste: enquanto o imperador conta os habitantes do mundo, Deus entra nele quase às escondidas; enquanto quem manda procura colocar-se entre os grandes da história, o Rei da história escolhe o caminho da pequenez. Nenhum dos poderosos se dá conta d’Ele; apenas alguns pastores, colocados à margem da vida social", disse o Papa.
"Nesta noite, irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: Em que Deus acreditamos? No Deus da encarnação ou no da performance? Sim, porque há o risco de viver o Natal tendo na cabeça uma ideia pagã de Deus, como se fosse um patrão poderoso que está no céu; um deus que se alia com o poder, o sucesso mundano e a idolatria do consumismo", sublinhou Francisco.
Fixemos o Menino, olhemos para a sua manjedoura
O Pontífice convidou a olhar para o «Deus vivo e verdadeiro». "Ele que está para além de todo o cálculo humano, no entanto, deixa-se recensear pelos nossos registos; Ele que revoluciona a história, habitando nela; Ele que nos respeita até ao ponto de nos permitir rejeitá-Lo; Ele que apaga o pecado assumindo a responsabilidade pelo mesmo, que não tira a dor, mas a transforma, que não nos tira os problemas da vida, mas dá às nossas vidas uma esperança maior do que os problemas. Deseja tanto abraçar as nossas existências que, sendo infinito, por nós se fez finito; grande, se fez pequeno; sendo justo, habita as nossas injustiças", disse ainda o Papa, acrescentando:
Aqui está a maravilha do Natal: não uma mistura de sentimentos adocicados e confortos mundanos, mas a inaudita ternura de Deus que salva o mundo encarnando-se. Fixemos o Menino, olhemos para a sua manjedoura, para o presépio, que os anjos chamam «o sinal»: realmente constitui o sinal revelador do rosto de Deus, que é compaixão e misericórdia, onipotente sempre e só no amor.
Carne, uma palavra que evoca a nossa fragilidade
O Pontífice convidou a nos deixamos "surpreender por Ele ter-se feito carne. Carne! Uma palavra que evoca a nossa fragilidade e que o Evangelho utiliza para nos dizer como Deus entrou profundamente na nossa condição humana".
"Irmão, irmã, para Deus, que mudou a história durante o recenseamento, tu não és um número, mas um rosto; o teu nome está escrito no seu coração", sublinhou o Papa.
Como os pastores que deixaram os seus rebanhos, deixa o recinto das tuas melancolias e abraça a ternura do Deus Menino. Sem máscaras nem couraças, confia-Lhe os teus cansaços, e Ele cuidará de ti: Ele, que se fez carne, espera, não as tuas performances de sucesso, mas o teu coração aberto e confiado. E n’Ele descobrirás quem és: um filho amado de Deus, uma filha amada de Deus. Agora podes acreditar nisto, porque, nesta noite, o Senhor nasceu para iluminar a tua vida, e os olhos d’Ele cintilam de amor por ti.
A adoração é a forma de acolher a encarnação
"Sim, Cristo não olha para os números, mas para os rostos. Contudo quem é que olha para Ele, por entre as inúmeras coisas e as corridas loucas de um mundo sempre agitado e indiferente? Em Belém, enquanto muitas pessoas, preocupadas com o recenseamento, iam e vinham, enchiam as hospedarias e pousadas falando de tudo e de nada, houve alguns que estiveram junto de Jesus: Maria e José, os pastores e depois os magos. Aprendamos com eles. Ei-los com o olhar fixo em Jesus, com o coração voltado para Ele; não falam, mas adoram."
A adoração é a forma de acolher a encarnação, porque é no silêncio que Jesus, Palavra do Pai, Se faz carne nas nossas vidas. Façamos nós também como se fez em Belém, que significa «casa do pão»: permaneçamos diante d’Ele, Pão da vida. Redescubramos a adoração, porque adorar não é perder tempo, mas permitir a Deus que habite o nosso tempo; é fazer florescer em nós a semente da encarnação, é colaborar na obra do Senhor, que, como o fermento, muda o mundo; é interceder, reparar, consentir a Deus que endireite a história.
O Papa concluiu sua homilia, dizendo que "nesta noite, o amor muda a história. Fazei, Senhor, que acreditemos no poder do vosso amor, tão diverso do poder do mundo. Fazei que, à semelhança de Maria, José, os pastores e os magos, nos estreitemos ao vosso redor para Vos adorar. Feitos por Vós mais semelhantes a Vós, poderemos testemunhar ao mundo a beleza do vosso rosto". Fonte: https://www.vaticannews.va
Um coração de pastor que nunca fecha a porta
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A Declaração que abre a possibilidade de simples bênçãos para casais irregulares, a atitude de Jesus e o Magistério de Francisco.
ANDREA TORNIELLI
"Nemo venit nisi tractus", ninguém se aproxima de Jesus se não for atraído, escreveu Santo Agostinho parafraseando as palavras do Nazareno: "Ninguém vem a mim se meu Pai não o atrai". Na origem da atração por Jesus - aquela atração de que falava Bento XVI, lembrando o modo como a fé se difunde - está sempre a ação da graça. Deus sempre nos precede, nos chama, nos atrai, nos faz dar um passo em direção a Ele ou, pelo menos, acende em nós o desejo de dar esse passo, mesmo que ainda pareçamos não ter forças e nos sintamos paralisados.
O coração de um pastor não pode ficar indiferente às pessoas que se aproximam dele pedindo humildemente para serem abençoadas, seja qual for sua condição, sua história, sua trajetória de vida. O coração do pastor não apaga o brilho ardente daqueles que sentem sua própria incompletude, sabendo que precisam de misericórdia e ajuda do Alto. O coração do pastor vislumbra nesse pedido de bênção uma brecha no muro, uma pequena fenda pela qual a graça já poderia estar agindo. Assim, sua primeira preocupação não é fechar a pequena fenda, mas acolher e implorar bênçãos e misericórdia para que as pessoas à sua frente possam começar a entender o plano de Deus para suas vidas.
Essa consciência básica transparece na "Fiducia supplicans", a Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre o significado das bênçãos, que abre a possibilidade de abençoar casais irregulares, até mesmo casais do mesmo sexo, esclarecendo claramente que a bênção, nesse caso, não significa aprovar suas escolhas de vida, e também reiterando a necessidade de evitar qualquer ritualização ou outros elementos que possam, mesmo que remotamente, imitar um casamento. É um documento que aprofunda a doutrina sobre as bênçãos, distinguindo entre aquelas que são rituais e litúrgicas e aquelas que são espontâneas, que se caracterizam mais como atos de devoção ligados à piedade popular. É um texto que concretiza, dez anos depois, as palavras escritas pelo Papa Francisco na "Evangelii gaudium": "A Igreja não é uma alfândega, é a casa paterna onde há lugar para cada pessoa com sua própria vida fadigosa".
A origem da Declaração é evangélica. Em quase todas as páginas do Evangelho, Jesus quebra as tradições e prescrições religiosas, conformismos e as convenções sociais. E ele faz gestos que escandalizam os bem-pensantes, os autodenominados "puros", aqueles que se fazem escudo de normas e regras para afastar, rejeitar, fechar portas. Quase em todas as páginas do Evangelho, vemos os doutores da lei tentando colocar o Mestre em xeque com perguntas tendenciosas, apenas para murmurar indignados diante de sua liberdade transbordante de misericórdia: "Ele acolhe os pecadores e come com eles!"
Jesus estava pronto para correr até a casa do centurião de Cafarnaum para curar seu amado servo, sem a preocupação de se contaminar ao entrar na casa de um pagão. Ele permitiu que a pecadora lhe lavasse os pés diante dos olhares de julgamento e desprezo dos convidados, incapazes de entender por que Ele não a rejeitou. Ele observou e chamou o publicano Zaqueu enquanto ele se agarrava aos galhos do sicômoro, sem esperar que ele se convertesse e mudasse de vida antes de receber aquele olhar misericordioso.
Ele não condenou a adúltera que estava sujeita a ser apedrejada de acordo com a lei, mas desarmou as mãos de seus carrascos recordando-lhes que eles também - como todo mundo - eram pecadores. Ele disse que tinha vindo para os doentes e não para os saudáveis, e se comparou à figura singular de um pastor disposto a deixar 99 ovelhas sem vigilância para ir em busca daquela que havia se perdido. Ele tocou o leproso, curando-o de sua doença e do estigma de ser um pária "intocável". Esses "rejeitados" encontraram seu olhar e se sentiram amados, destinatários de um abraço de misericórdia dado a eles sem nenhuma condição prévia. Ao se descobrirem amados e perdoados, eles perceberam o que eram: pobres pecadores como todo mundo, necessitados de conversão, mendicantes de tudo.
O Papa Francisco disse aos novos cardeais em fevereiro de 2015: “Para Jesus, o que conta acima de tudo é alcançar e salvar os distantes, curar as feridas dos doentes, reintegrar todos na família de Deus. E isso escandaliza alguns! E Jesus não tem medo desse tipo de escândalo! Ele não pensa em pessoas fechadas que se escandalizam até mesmo com uma cura, que se escandalizam com qualquer abertura, com qualquer passo que não se encaixe em seus esquemas mentais e espirituais, com qualquer carícia ou ternura que não corresponda aos seus hábitos de pensamento e à sua pureza ritualística".
A "perene doutrina católica sobre o matrimônio", ressalta a Declaração, não muda: somente no contexto do casamento entre um homem e uma mulher é que "as relações sexuais encontram seu significado natural, adequado e plenamente humano". Portanto, é preciso evitar reconhecer como matrimônio "aquilo que não é". Mas, em uma perspectiva pastoral e missionária, agora não é hora de fechar a porta para um casal "irregular" que venha pedir uma simples bênção, talvez em uma visita a um santuário ou durante uma peregrinação. O estudioso judeu Claude Montefiore identificou o diferencial do cristianismo exatamente nisso: 'Enquanto outras religiões descrevem o homem buscando Deus, o cristianismo proclama um Deus que busca o homem.... Jesus ensinou que Deus não espera pelo arrependimento do pecador, ele vai à sua procura para chamá-lo para si". A porta aberta de uma oração e uma pequena bênção podem ser um começo, uma oportunidade, uma ajuda. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: em Gaza mortos civis inermes, “é o terrorismo, é a guerra”
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Após os disparos do exército israelense contra a Paróquia da Sagrada Família na cidade de Gaza, Francisco volta para rezar pela paz nesta terra martirizada e pronuncia os nomes das vítimas surpreendidas pelo ataque fatal ocorrido "onde há não terroristas, mas famílias, crianças, pessoas doentes e com deficiência, freiras. Uma mãe e sua filha foram mortas".
Samar, filha de Naheda, alvejada por atirador de elite israelense, na Paróquia em Gaza
Antonella Palermo - Cidade do Vaticano
“Alguém diz: “É o terrorismo, é a guerra”. Sim, é a guerra, é o terrorismo. É por isso que as Escrituras afirmam que “Deus faz cessar as guerras... ele partiu os arcos e quebrou as lanças” (ver Sl 46,9). Rezemos ao Senhor pela paz"
Em Gaza, israelenses atacam a paróquia da Sagrada Família. Duas mulheres foram mortas
Depois da oração do Angelus na Praça de São Pedro, o Papa Francisco lança mais uma vez um apelo pelo que está acontecendo na Terra Santa, um dia apó o ataque israelense contra a Paróquia latina da Sagrada Família na cidade de Gaza, que causou a morte de duas mulheres , mãe e filha: Naheda e Samar.
A dor pela morte de civis
O Pontífice acompanha com apreensão a trágica evolução do conflito no Médio Oriente:
“Continuo a receber notícias muito graves e dolorosas de Gaza”, afirma.
Civis inermes são alvo de bombardeios e disparos. E isto aconteceu até mesmo dentro do complexo paroquial da Sagrada Família, onde não há terroristas, mas famílias, crianças, pessoas doentes e com deficiência, freiras. Uma mãe e sua filha, Sra. Nahida Khalil Anton e sua filha Samar Kamal Anton, foram mortas e outras pessoas feridas por atiradores de elite, enquanto iam ao banheiro... Foi danificada a casa das Irmãs de Madre Teresa, atingido seu gerador . Alguém diz: “É o terrorismo, é a guerra”. Sim, é a guerra, é o terrorismo. É por isso que as Escrituras afirmam que “Deus faz cessar as guerras... ele partiu os arcos e quebrou as lanças”. Rezemos ao Senhor pela paz.
OMS: o Hospital Al-Shifa, um banho de sangue
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou ter participado de uma missão conjunta das Nações Unidas para levar suprimentos médicos e avaliar a situação no Hospital Al-Shifa, em Gaza. A equipe entregou medicamentos e material cirúrgico, equipamento de cirurgia ortopédica, materiais e remédios para anestesia ao hospital, que “atualmente está minimamente funcional”, disse a OMS, citada pelo jornal Haaretz.
O pronto-socorro do Hospital al-Shifa, o maior do norte de Gaza, é “um banho de sangue” e a instalação “precisa de reanimação”, alertou a Organização Mundial da Saúde. A OMS, citada pelo Guardian, afirmou que “dezenas de milhares de pessoas deslocadas estão utilizando o prédio e os terrenos do hospital para se abrigarem” e que há “uma grave escassez” de água potável e alimentos. As salas de cirurgia não estão funcionando devido à falta de combustível, oxigênio e outros suprimentos, disse a organização, falando de “centenas de feridos”.
Blackout continua em Gaza
O apagão das comunicações telefônicas e dos serviços de Internet em Gaza continua naquele que, até agora, é o período mais prolongado desde o início da guerra. As duas principais companhoas da Faixa, Paltel e Jawall, anunciaram o fim dos serviços “devido à agressão israelense” ao enclave palestino na tarde da última quinta-feira e a interrupção está em vigor desde então.
Fontes EUA – citadas pelos meios de comunicação estadunidense e relatadas pela ANSA – sublinharam a “extrema necessidade” de restabelecimento do serviço, também à luz da tentativa de Israel, acrescentaram, de reduzir as vítimas civis. Fonte: www.vaticannews.va
Papa pede tratado internacional para regulamentar inteligência artificial
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Pontífice defende que países alcancem um acordo para regular o desenvolvimento e uso do recurso
CIDADE DO VATICANO | AFP
O papa Francisco exortou a comunidade internacional, nesta quinta-feira (14), a adotar um tratado vinculante para regular o uso da inteligência artificial (IA) e insistiu na importância da ética ante os "graves riscos" ligados às novas tecnologias.
Em uma mensagem divulgada pelo Vaticano por ocasião da 57ª Jornada Mundial da Paz, que acontecerá em 1º de janeiro por iniciativa da Igreja Católica, o pontífice pede a adoção de "um tratado internacional vinculante que regule o desenvolvimento e o uso da IA em suas diversas formas".
Nesse sentido, Jorge Bergolgio, que no domingo completará 87 anos, convida à reflexão sobre o "sentido do limite" e afirma que o ser humano "corre o risco [...], na busca da liberdade absoluta, de cair na espiral da uma ditadura tecnológica".
A IA, que "será cada vez mais importante", pode ser usada para "campanhas de desinformação", "interferência nos processos eleitorais" e "influenciar as decisões dos indivíduos", escreve o papa nesta mensagem de seis páginas publicada pelo Vaticano em vários idiomas. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
O sumo pontífice celebra as "conquistas extraordinárias da ciência e da tecnologia", ao mesmo tempo em que avalia que elas "estão colocando nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais representam um risco para a sobrevivência humana e um perigo para a casa comum".
"Os notáveis progressos das novas tecnologias de informação [...] apresentam, portanto, oportunidades animadoras e graves riscos, com sérias implicações para a busca da justiça e da harmonia entre os povos", insiste. Fonte: www1.folha.uol.com.br
O Papa à Imaculada: trazemos sob o vosso olhar tantas mães que estão sofrendo
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Francisco realizou o tradicional ato de devoção à Virgem diante do monumento dedicado a Nossa Sra. na Praça de Espanha. O Papa confiou à intercessão de Maria os povos oprimidos pela injustiça, pela pobreza, pela guerra e rezou pelos povos da Ucrânia, da Palestina e de Israel, "mergulhados novamente na espiral da violência". Primeiro, a parada na Basílica de Santa Maria Maior, onde o Pontífice prestou homenagem à Salus Populi Romani com a "Rosa de Ouro", um gesto que não era feito há 400 anos
Thulio Fonseca/Raimundo de Lima - Vatican News
O Papa deixou o Vaticano na tarde desta sexta-feira (08/12). Primeiro, Francisco foi à Basílica de Santa Maria Maior para um momento de veneração diante do ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, ocasião em que realizou um ato histórico: ofereceu a "Rosa de Ouro" ao ícone da Virgem Maria, um gesto acompanhado em oração pelos fiéis, peregrinos, religiosos e religiosas presentes. Diante da imagem, o Pontífice rezou em silêncio e, em seguida, se dirigiu até a Praça de Espanha, para o ato de veneração à Imaculada Conceição.
A Praça de Espanha estava repleta de fiéis romanos e turistas. O Papa foi recebido pelas autoridades municipais, entre elas o prefeito Roberto Gualtieri, e por seu vigário para a Diocese de Roma, cardeal Angelo Di Donatis. Em sua oração, feita aos pés do monumento dedicado a Nossa Senhora após ser depositado um cesto de rosas brancas, o Papa se dirigiu à Virgem dizendo: "Nós nos dirigimos a vós com nossos corações divididos entre a esperança e a angústia".
Pelos povos oprimidos pela guerra
Francisco pediu a Maria pelos povos oprimidos pela guerra, pela injustiça e pela pobreza:
Mãe, voltai vossos olhos de misericórdia para todos os povos oprimidos pela injustiça e pela pobreza, provados pela guerra; olhai para o atormentado povo ucraniano, para o povo palestino e para o povo israelense, mergulhados novamente na espiral da violência.
Pelas mães que sofrem por seus filhos
O Santo Padre pediu pelas mães que, por diferentes motivos, em tantas partes do mundo, sofrem por seus filhos:
Mãe Santíssima, trazemos aqui, sob vosso olhar tantas mães que, como vos ocorreu, estão sofrendo. Mães que choram seus filhos mortos pela guerra e pelo terrorismo. As mães que os veem partir para viagens de desesperada esperança. E também as mães que tentam libertá-los das amarras do vício, e aquelas que os assistem em uma doença longa e difícil.
Pelas mulheres vítimas da violência
O olhar do Santo Padre voltou-se também para a situação de violência de que muitas mulheres são vítimas, confiando-as a Maria, como mulher:
Hoje, Maria, precisamos de vós como mulher para confiar-vos todas as mulheres que sofreram violência e aquelas que ainda são vítimas dela, nesta cidade, na Itália e em todas as partes do mundo. Vós as conheceis uma a uma, conheceis seus rostos. Enxugai, vos pedimos, suas lágrimas e as de seus entes queridos. E ajudai-nos a trilhar um caminho de educação e purificação, reconhecendo e combatendo a violência que se esconde em nossos corações e em nossas mentes e pedindo a Deus que nos livre dela.
Conversão do coração
Francisco concluiu sua oração pedindo a nossa Mãe Santíssima que nos mostre o caminho da conversão do coração:
“Mostrai-nos novamente, ó Mãe, o caminho da conversão, pois não há paz sem perdão e não há perdão sem arrependimento. O mundo muda se os corações mudarem; e cada um deve dizer: começando pelo meu. Mas somente Deus pode mudar o coração humano com sua graça: a graça na qual vós, Maria, estais imersa desde o primeiro momento.”
Antes de deixar a Praça de Espanha, o Santo Padre deteve-se ainda por alguns instantes a saudar alguns fiéis, peregrinos e turistas presentes, agentes das forças da ordem, voltando em seguida para o Vaticano. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa no Angelus: no Advento, encontrar nos necessitados, Jesus que vem
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É bom nos perguntarmos hoje como podemos preparar um coração acolhedor para o Senhor. Podemos fazer isso nos aproximando de seu Perdão, de sua Palavra, de sua Mesa, encontrando espaço para a oração, acolhendo-o naqueles que precisam. Cultivemos sua espera sem nos distrairmos com tantas coisas inúteis e sem reclamar o tempo todo, mas mantendo nosso coração alerta, ou seja, ansioso por Ele, desperto e pronto, impaciente para encontrá-Lo: disse o Papa no Angelus deste domingo, início do Advento
Raimundo de Lima – Vatican News
Eis um belo programa para o Advento: encontrar Jesus que vem em cada irmão e irmã que precisa de nós e compartilhar com eles o que pudermos: escuta, tempo, ajuda concreta. Foi a exortação do Papa no Angelus deste domingo, 3 de dezembro, início do Advento, tempo de preparação para o Natal que se aproxima.
Como no domingo anterior, a oração mariana foi rezada da Casa Santa Marta, para não expor o Santo Padre a mudanças bruscas de temperatura, vez que que está se recuperando de uma inflamação pulmonar que o acometeu há mais de uma semana. O texto foi lido por monsenhor Paolo Braida, chefe de escritório na Secretaria de Estado.
Advento, tempo de espera vigilante
Na alocução que precedeu a oração mariana, Francisco destacou que no breve Evangelho que a liturgia nos propõe neste I Domingo do Advento Jesus nos dirige três vezes uma exortação simples e direta. Vigiai. Portanto, o tema é vigilância.
Como devemos entendê-la? – perguntou o Pontífice, acrescentando: às vezes, pensamos nessa virtude como uma atitude motivada pelo medo de um castigo iminente, como se um meteorito estivesse prestes a cair do céu e ameaçasse, se não o evitássemos a tempo, nos esmagar. Mas esse certamente não é o significado da vigilância cristã!
Jesus ilustra isso com uma parábola, falando de um senhor que está voltando e de seus servos que o estão esperando. Na Bíblia, o servo é a "pessoa de confiança" do patrão, com quem muitas vezes há uma relação de cooperação e afeto. Pensemos, por exemplo, que Moisés é definido servo de Deus e que também Maria diz de si mesma: "Eis aqui a serva do Senhor".
Receber Jesus especialmente nos mais necessitados
Portanto, observou, a vigilância dos servos não é de medo, mas de anseio, esperando encontrar seu senhor que vem. Eles se mantêm prontos para seu retorno porque lhe querem bem, porque têm em mente que, quando ele chegar, encontrará uma casa acolhedora e organizada.
“É com essa expectativa cheia de afeto que também queremos nos preparar para receber Jesus: no Natal, que celebraremos daqui a algumas semanas; no fim dos tempos, quando voltará em glória; todos os dias, quando Ele vier ao nosso encontro na Eucaristia, em sua Palavra, em nossos irmãos e irmãs, especialmente os mais necessitados.”
De modo especial durante essas semanas, exortou Francisco, preparemos cuidadosamente a casa do coração, para que ela seja organizada e hospitaleira. A vigilância, de fato, significa manter o coração preparado. É a atitude do vigia que, durante a noite, não se deixa tentar pelo cansaço, não adormece, mas permanece acordado na expectativa da luz que se aproxima.
Cristo é a nossa luz
O Senhor é a nossa luz e é bom preparar o coração para recebê-lo com a oração e hospedá-lo com a caridade, os dois preparativos que, por assim dizer, o deixam confortável. A esse respeito, diz-se que São Martinho de Tours, um homem de oração, depois de dar metade de seu manto a um pobre, sonhou com Jesus vestido exatamente com aquela parte do manto que ele havia dado.
“Queridos, é bom nos perguntarmos hoje como podemos preparar um coração acolhedor para o Senhor. Podemos fazer isso nos aproximando de seu Perdão, de sua Palavra, de sua Mesa, encontrando espaço para a oração, acolhendo-o naqueles que precisam.”
Cultivemos sua espera sem nos distrairmos com tantas coisas inúteis e sem reclamar o tempo todo, mas mantendo nosso coração alerta, ou seja, ansioso por Ele, desperto e pronto, impaciente para encontrá-Lo. Que a Virgem Maria, mulher da espera, nos ajude a receber seu Filho que vem, concluiu. Fonte: https://www.vaticannews.va
Angelus, Papa: amar Jesus significa servi-lo nos pequeninos e nos pobres
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O Papa Francisco convida a não se voltar para o outro lado diante dos pobres, dos doentes, dos presos, dos mais fracos. A reflexão que precedeu o Angelus deste domingo foi lida por monsenhor Braida, na Capela da Casa Santa Marta.
Silvonei José – Vatican News
"Hoje não posso assomar à janela porque tenho esse problema de inflamação nos pulmões". Foi o que disse o Papa Francisco, em conexão vídeo da Capela da Casa Santa Marta, para a recitação do Angelus neste domingo, explicando que monsenhor Braida "lerá a reflexão, que a conhece bem porque é ele quem a faz, e sempre a faz muito bem. Muito obrigado por sua presença". Monsenhor Paolo Braida é chefe de escritório da Secretaria de Estado.
"De acordo com os critérios do mundo, - destaca o texto lido por mons. Braida - os amigos do rei devem ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros governantes, talvez aparecer como uma estrela nas primeiras páginas dos jornais ou nas mídias sociais, e a eles ele deveria dizer: "Obrigado, porque vocês me tornaram rico e famoso, invejado e temido". Isso de acordo com os critérios do mundo.
"No entanto, de acordo com os critérios de Jesus, os amigos são outros: são aqueles que o serviram nas pessoas mais frágeis", afirma o Papa, comentando o Evangelho da Solenidade de Cristo Rei, que "nos fala do juízo final e nos diz que será sobre a caridade".
"O Filho do Homem", explicou Francisco, "é um Rei completamente diferente, que chama os pobres de 'irmãos', que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos". "Ele é um Rei que é sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão – continuou - todas realidades que, infelizmente, são sempre muito atuais".
"Pessoas famintas, sem-teto, muitas vezes vestidas como podem, enchem nossas ruas: nós as encontramos todos os dias. E também com relação à enfermidade e à prisão, todos nós sabemos o que significa estar doente, cometer erros e arcar com as consequências".
O Papa enfatizou no texto lido que "o Evangelho de hoje nos diz que somos 'benditos' se respondemos a essas pobrezas com amor, com serviço: não olhando para o outro lado, mas dando de comer e beber, vestindo, hospedando, visitando, em uma palavra, estando perto dos necessitados".
E isso porque "Jesus, nosso Rei que se define Filho do Homem, tem suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e homens mais frágeis". "E o estilo com o qual os seus amigos são chamados a se distinguirem, aqueles que têm Jesus como Senhor, é o seu próprio estilo", acrescentou: compaixão, misericórdia, ternura".
"Então, irmãos e irmãs, perguntemos a nós mesmos", insistiu o Pontífice - acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos no poder do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais real do homem e é uma exigência indispensável para o cristão? E, enfim, uma pergunta particular: sou um amigo do Rei, ou seja, sinto-me envolvido em primeira pessoa nas necessidades dos sofredores que encontro em meu caminho? O convite final do Papa foi, portanto, "amar Jesus nosso Rei nos seus irmãos mais pequeninos”. Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES
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MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O VII DIA MUNDIAL DOS POBRES
XXXIII Domingo do Tempo Comum
19 de novembro de 2023
«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)
- O Dia Mundial dos Pobres, sinal fecundo da misericórdia do Pai, vem pela sétima vez alentar o caminho das nossas comunidades. Trata-se duma ocorrência que se está a radicar progressivamente na pastoral da Igreja, fazendo-a descobrir cada vez mais o conteúdo central do Evangelho. Empenhamo-nos todos os dias no acolhimento dos pobres, mas não basta; a pobreza permeia as nossas cidades como um rio que engrossa sempre mais até extravasar; e parece submergir-nos, pois o grito dos irmãos e irmãs que pedem ajuda, apoio e solidariedade ergue-se cada vez mais forte. Por isso, no domingo que antecede a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, reunimo-nos ao redor da sua Mesa para voltar a receber d’Ele o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir os pobres.
«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria, permitir-nos-á penetrar melhor no conteúdo que o autor sagrado deseja transmitir. Abre-se diante de nós uma cena de vida familiar: um pai, Tobite, despede-se do filho, Tobias, que está prestes a iniciar uma longa viagem. O velho Tobite teme não voltar a ver o filho e, por isso, deixa-lhe o seu «testamento espiritual». Foi deportado para Nínive e agora está cego; é, por conseguinte, duplamente pobre, mas sempre viveu com a certeza que o próprio nome exprime: «O Senhor foi o meu bem». Este homem que sempre confiou no Senhor, deseja, como um bom pai, deixar ao filho não tanto bens materiais, mas sobretudo o testemunho do caminho que há de seguir na vida. Por isso diz-lhe: «Lembra-te sempre, filho, do Senhor, nosso Deus, em todos os teus dias, evita o pecado e observa os seus mandamentos. Pratica a justiça em todos os dias da tua vida e não andes pelos caminhos da injustiça» (Tb 4, 5).
- Como salta à vista, a recordação, que o velho Tobite pede ao filho para guardar, não se reduz simplesmente a um ato da memória nem a uma oração dirigida a Deus. Faz referência a gestos concretos, que consistem em praticar boas obras e viver com justiça. E a exortação torna-se ainda mais específica: «Dá esmolas, conforme as tuas posses. Nunca afastes de algum pobre o teu olhar, e nunca se afastará de ti o olhar de Deus» (Tb 4, 7).
Muito surpreendem as palavras deste velho sábio. Não esqueçamos, de facto, que Tobite perdeu a vista precisamente depois de ter praticado um ato de misericórdia. Como ele próprio conta, desde a juventude que se dedicou a obras de caridade, «dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive (…), fornecendo pão aos esfomeados e vestindo os nus e, se encontrava morto alguém da minha linhagem, atirado para junto dos muros de Nínive, dava-lhe sepultura» (Tb 1, 3.17).
Por causa deste seu testemunho de caridade, viu-se privado de todos os seus bens pelo rei, ficando na pobreza completa. Mas, o Senhor precisava ainda dele! Foi-lhe devolvido o seu lugar de administrador e ele não teve medo de continuar o seu estilo de vida. Ouçamos a sua história, que hoje nos fala também a nós: «Pela festa do Pentecostes, que é a nossa festa das Semanas, mandei preparar um bom almoço e reclinei-me para comer. Mas, ao ver a mesa coberta com tantas comidas finas, disse a Tobias: “Filho, vai procurar, entre os nossos irmãos cativos em Nínive, um pobre que seja de coração fiel, e trá-lo para que participe da nossa refeição. Eu espero por ti, meu filho”» (Tb 2, 1-2). Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação de Tobite fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço dominical, depois de ter partilhado a Mesa Eucarística. A Eucaristia celebrada tornar-se-ia realmente critério de comunhão. Aliás, se ao redor do altar do Senhor temos consciência de sermos todos irmãos e irmãs, quanto mais visível se tornaria esta fraternidade, compartilhando a refeição festiva com quem carece do necessário!
Tobias fez como o pai lhe dissera, mas voltou com a notícia de que um pobre fora morto e deixado no meio da praça. Sem hesitar, o velho Tobite levantou-se da mesa e foi enterrar aquele homem. Voltando cansado para casa, adormeceu no pátio; caíram-lhe nos olhos excrementos de pássaros, e ficou cego (cf. Tb 2, 1-10). Ironia do destino! Pratica um gesto de caridade e sucede-lhe uma desgraça... Apetece-nos pensar assim, mas a fé ensina-nos a ir mais a fundo. A cegueira de Tobite tornar-se-á a sua força para reconhecer ainda melhor tantas formas de pobreza ao seu redor. E, mais tarde, o Senhor providenciará a devolver ao velho pai a vista e a alegria de rever o filho Tobias. Quando chegou este momento, «Tobite lançou-se-lhe ao pescoço e, chorando, disse: “Vejo-te, filho, tu que és a luz dos meus olhos!” E continuou: “Bendito seja Deus e bendito o seu grande nome! Benditos os seus santos anjos! Que seu nome esteja sobre nós e benditos sejam todos os seus anjos, pelos séculos sem fim! Ele puniu-me, mas eis que volto a ver Tobias, o meu filho”» (Tb 11, 13-14).
- Podemos questionar-nos: Donde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio dum povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante dum exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa... Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.
Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência... Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.
- Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.
- Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas «vizinhos de casa» que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.
- No 60º aniversário da Encíclica Pacem in terris, é urgente retomar as palavras do Santo Papa João XXIIIquando escrevia: «O ser humano tem direito à existência, à integridade física, aos recursos correspondentes a um digno padrão de vida: tais são especialmente a nutrição, o vestuário, a moradia, o repouso, a assistência sanitária, os serviços sociais indispensáveis. Segue-se daí, que a pessoa tem também o direito de ser amparada em caso de doença, de invalidez, de viuvez, de velhice, de desemprego forçado, e em qualquer outro caso de privação dos meios de sustento por circunstâncias independentes da sua vontade» (n. 11).
Quanto trabalho temos ainda pela frente para tornar realidade estas palavras, inclusive através dum sério e eficaz empenho político e legislativo! Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo «do alto». E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização.
- Mais uma vez, infelizmente, temos de constatar novas formas de pobreza que se vêm juntar às outras descritas já anteriormente. Penso de modo particular nas populações que vivem em cenários de guerra, especialmente nas crianças privadas dum presente sereno e dum futuro digno. Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo.
Não posso esquecer as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior. Os salários esgotam-se rapidamente, forçando a privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa. Se, numa família, se tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana.
Além disso, como não assinalar a desordem ética que marca o mundo do trabalho? O tratamento desumano reservado a muitos trabalhadores e trabalhadoras; a remuneração não equivalente ao trabalho realizado; o flagelo da precariedade; as demasiadas vítimas de incidentes, devidos muitas vezes à mentalidade que privilegia o lucro imediato em detrimento da segurança... Voltam à mente as palavras de São João Paulo II: «O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem. (...) O homem está destinado e é chamado ao trabalho, contudo antes de mais nada o trabalho é “para o homem”, e não o homem “para o trabalho”» (Enc. Laborem exercens, 6).
- Este elenco, já em si mesmo dramático, dá conta apenas de modo parcial das situações de pobreza que fazem parte da nossa vida diária. Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se «inacabados» e «falidos». Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa.
É fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.
O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã.
- Que a nossa solicitude pelos pobres seja sempre marcada pelo realismo evangélico. A partilha deve corresponder às necessidades concretas do outro, e não ao meu supérfluo de que me quero libertar. Também aqui é preciso discernimento, sob a guia do Espírito Santo, para distinguir as verdadeiras exigências dos irmãos do que constitui as nossas aspirações. Aquilo de que seguramente têm urgente necessidade é da nossa humanidade, do nosso coração aberto ao amor. Não esqueçamos: «Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 198). A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).
- Este ano completam-se 150 anos do nascimento de Santa Teresa do Menino Jesus. Numa página da sua História de uma alma, deixou escrito: «Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não deve ficar encerrada no fundo do coração: “Ninguém, disse Jesus, acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão em casa”. Creio que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão na casa, sem excetuar ninguém» (Manuscrito C, 12rº: História de uma alma, Avessadas 2005, 255-256).
Nesta casa que é o mundo, todos têm direito de ser iluminados pela caridade, ninguém pode ser privado dela. Possa a tenacidade do amor de Santa Teresinha inspirar os nossos corações neste Dia Mundial, ajudar-nos a «nunca afastar de algum pobre o olhar» e a mantê-lo sempre fixo no rosto humano e divino do Senhor Jesus Cristo.
Roma – São João de Latrão, na Memória de Santo António, Patrono dos pobres, 13 de junho de 2023.
FRANCISCO
Fonte: https://www.vatican.va
O Papa: muitas guerras e sofrimentos, que Deus traga a paz justa
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Após a catequese da Audiência Geral, Francisco renovou a exortação a rezar pelos povos que sofrem com os vários conflitos, lembrando em particular a martirizada Ucrânia e entre israelenses e palestinos. Diante da dor sofrida pelas crianças, pelos idosos, pelos doentes e pelos jovens, ele fez um novo apelo: "A guerra é sempre uma derrota: não nos esqueçamos".
Antonella Palermo – Vatican News
O Papa Francisco pediu, mais uma vez, na Audiência Geral desta quarta-feira (08/11), para rezar pelos povos que sofrem com a guerra.
Não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia e pensemos nos povos palestino e israelense. Que o Senhor nos conduza a uma paz justa. Há muito sofrimento.
A guerra é sempre uma derrota
Em sua saudação aos peregrinos de língua italiana presentes na Praça São Pedro para a Audiência Geral, o Pontífice invocou insistentemente a paz:
As crianças sofrem, os doentes sofrem, os idosos sofrem e muitos jovens morrem. Não nos esqueçamos de que a guerra é sempre uma derrota.
Olhando ao conflito no Oriente Médio, o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários afirma que cerca de 15 mil pessoas fugiram da Cidade de Gaza na última terça-feira (07/11), em relação às 5 mil da última segunda-feira e 2 mil no domingo. Um número que é considerado um "aumento acentuado". Enquanto isso, o Exército israelense matou, durante a noite, em um ataque aéreo direcionado, Mohsen Abu Zina, chefe da produção de armas do Hamas, especialista no desenvolvimento de armas estratégicas e foguetes. Na frente de guerra na Ucrânia, os ministros das Relações Exteriores do G7 se declararam "unidos" em sua determinação de continuar fornecendo "forte apoio" ao país invadido pela Rússia.
Livrar a terra do mal
Em sua bênção aos fiéis de língua árabe, o Papa também invocou proteção "contra todo o mal" e pediu ao Senhor Jesus, em particular, um dom:
A coragem de agir com todos aqueles que trabalham na terra para libertá-la do mal e restaurá-la à sua bondade original.
Secularização, não reclamar, mas testemunhar com fraternidade
Após a catequese, dedicada à figura de Madeleine Delbrêl, Francisco saudou outros grupos de peregrinos dentre os quais os peregrinos de língua francesa, em particular os membros da União Nacional das Associações Familiares Católicas. Em seguida, fez um convite:
Diante de nosso mundo secularizado, não nos queixemos, mas vejamos nele um chamado para provar nossa fé e um convite a comunicar a alegria do Evangelho a todos aqueles que têm sede de Deus. Peçamos ao Senhor a graça de testemunhar nossa fé diariamente por meio da fraternidade e da amizade vivida com cada um.
Convidando os fiéis a se tornarem “pedras vivas a serviço do Senhor”, o Papa recordou a celebração, na quinta-feira, 9 de novembro, da festa litúrgica da Dedicação da Basílica de São João de Latrão: um aniversário, especificou o Bispo de Roma, que deveria provocar este ardor.
Polônia, aniversário da independência: agradecer a Deus
Por fim, o Sucessor de Pedro mencionou, na sua saudação aos peregrinos poloneses, o iminente aniversário da reconquista da independência da Polônia, que se celebra em 11 de novembro. “Este aniversário os encoraja a ser gratos a Deus”, afirmou o Papa, que exortou: “Transmitam sua história às novas gerações”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Domingo 29- 30º Domingo do Tempo Comum: Amar a Deus e ao próximo.
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Papa: do amor a Deus aprendemos a servir o próximo, como Madre Teresa de Calcultá
"Tudo começa com Ele. Você não pode amar seriamente os outros se você não tiver essa raiz, que é o amor de Deus, o amor de Jesus", afirmou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (29). E convidou a seguir a santa dos pobres, que "refletiu como uma gota o amor de Deus", uma gota "que pode mudar muitas coisas", insistiu Francisco.
Andressa Collet - Vatican News
Neste domingo (29), o Papa Francisco enalteceu o Evangelho do dia (Mt 22,34-40) sobre o maior dos mandamentos tanto na homilia da missa de conclusão do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, quanto na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus. Aos fiéis na Praça São Pedro, o Pontífice afirmou que o amor a Deus e ao próximo são "inseparáveis um do outro" e refletiu sobre dois aspectos dessa realidade.
O primeiro sobre o fato de que, o amor ao Senhor vindo em primeiro lugar, acaba nos lembrando "que Deus sempre nos precede, nos antecipa com sua infinita ternura (cf. Jo 4,19)". Assim como acontece quando "a criança aprende a amar no colo da mãe e do pai, e nós o fazemos nos braços de Deus", recordou Francisco. Do amor a Deus aprendemos a nos doar ao próximo:
“E tudo começa com Ele. Você não pode amar seriamente os outros se você não tiver essa raiz, que é o amor de Deus, o amor de Jesus.”
O exemplo de Santa Teresa de Calcutá
E assim, continuou o Papa, chegamos a um segundo aspecto que decorre do mandamento do amor, o amor ao próximo: "significa que, ao amarmos nossos irmãos, refletimos, como espelhos, o amor do Pai. Refletir o amor de Deus, esse é o ponto; amar Ele, a quem não vemos, por meio do irmão que vemos (cf. 1 Jo 4:20)". Foi quando Francisco citou Santa Teresa de Calcutá sobre a resposta dada a um jornalista quando perguntou se tinha a ilusão de mudar o mundo com a sua obra e ela respondeu: "nunca pensei que pudesse mudar o mundo! Só tentei ser uma gota de água limpa na qual o amor de Deus pudesse brilhar".
"Foi assim que ela, tão pequena, foi capaz de fazer tanto bem: refletindo como uma gota o amor de Deus. E se às vezes, olhando para ela e para outros santos, chegamos a pensar que eles são heróis inimitáveis, pensemos nessa pequena gota - o amor é uma gota que pode mudar muitas coisas. E como se faz isso? Dando o primeiro passo, sempre. Às vezes não é fácil dar o primeiro passo, esquecer as coisas, dar o primeiro passo - vamos fazer isso. Esta é a gota: dar o primeiro passo."
O Papa Francisco, ao finalizar a reflexão sobre o amor de Deus, invocou Nossa Senhora para ajudar a viver no cotidiano esse grande mandamento, convidando os peregrinos na Praça São Pedro a um momento de pausa e reflexão, ao se questionar:
“Sou grato ao Senhor, que me ama por primeiro? Eu sinto o amor de Deus e sou grato a Ele? E procuro refletir Seu amor? Eu me esforço a amar os irmãos, a dar esse segundo passo?” Fonte: https://www.vaticannews.va
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