QUARTA-FEIRA, 20: Olhar do dia.
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OLHAR DO DIA: Chegando em São Paulo nesta quarta, 20. (Reunião com a Ordem Terceira do Carmo da Basílica).
MÍDIAS SOCIAIS: Instagram ganha app dedicado a vídeos para combater YouTube
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Rumores que circularam pela imprensa e se intensificaram nas últimas horas foram confirmados na tarde desta quarta-feira, 20. O Instagram está ganhando uma nova plataforma dedicada a vídeos, numa tentativa de bater de frente com o YouTube.
Essa nova plataforma funciona não somente dentro do app do Instagram, mas também com um aplicativo separado chamado IGTV. O novo app, dedicado exclusivamente a vídeos, será lançado para Android e iOS a partir desta semana.
Agora, criadores de conteúdo e "influenciadores" podem postar vídeos de 15 segundos até 60 minutos, em resolução 4K, orientados na vertical e com um player dedicado capaz de exibir o conteúdo em tela cheia no celular. Usuários comuns podem subir vídeos de até 10 minutos. Fonte: https://olhardigital.com.br
O suicídio dos que não viram adultos nesse mundo corroído
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*Eliane Brum
Por que, neste século, mais adolescentes têm respondido ao desespero deletando a própria vida?
Desde que dois alunos do Colégio Bandeirantes, tradicional escola de elite de São Paulo, se mataram no espaço de 15 dias no mês de abril, o suicídio de adolescentes entrou no debate público no Brasil. Psicanalistas e profissionais de saúde mental têm sido chamados à rede privada de ensino para falar sobre o tema. Pais e professores estão em busca de pistas para compreender por que mais jovens tiram a própria vida e como é possível prevenir a tragédia. Casos de adolescentes que se matam já fazem parte da crônica das cidades de todos os tamanhos no país, do Rio Grande do Sul aos estados da Amazônia. No Brasil, entre 2000 a 2015, os suicídios aumentaram 65% dos 10 aos 14 anos e 45% dos 15 aos 19 anos, segundo levantamento do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador do Mapa da Violência no Brasil. Nos últimos dois anos, os números podem indicar uma pequena estabilização, mas só daqui mais um ano será possível afirmar se é uma tendência ou apenas uma oscilação. No mundo, o suicídio já é a segunda causa de morte entre adolescentes, segundo a Organização Mundial da Saúde. Por que mais jovens se suicidam hoje do que ontem?
Essa é a pergunta óbvia de onde costuma partir o debate. Mas a pergunta ainda mais óbvia talvez seja: por que não haveria mais adolescentes interrompendo a própria vida nos dias atuais do que no passado? Na leitura do momento, me parece que o espanto se justificaria se, num mundo distópico, houvesse menos jovens com dificuldade de encontrar sentidos diante do desespero.
A inversão da pergunta não é um jogo retórico. Ela é decisiva. É decisiva também porque devolve a política à pergunta, de onde ela nunca poderia ter saído. E a recoloca no campo do coletivo.
Essa dimensão não apaga a singularidade de cada caso, mas é necessário situar essa singularidade no contexto do seu tempo histórico. Quando adolescentes se matam, eles dizem algo sobre si mesmos, mas também dizem algo sobre a época em que não viverão. É esse o ângulo que me parece importante chamar a atenção, porque em geral ele é apagado. É nas particularidades de cada história que podemos encontrar caminhos para prevenir o ato de desespero, mas é também na conformação do mundo em que a violência autoinfligida ocorre que devemos buscar pistas para compreender o que o suicídio expressa sobre essa época.
Os adolescentes de hoje herdarão um mundo corroído pela mudança climática provocada pelas gerações anteriores, incluindo a de seus pais, onde a água vem se tornando o grande desafio e a paisagem já começa a ser desfigurada. As séries de TV, principal produto cultural e também de entretenimento, expressam o sentimento dessa época: um presente que já é uma distopia e a impossibilidade de imaginar um futuro que não seja apocalíptico. A internet, onde os adolescentes e a maioria dos adultos vive, arrancou a ilusão sobre o que chamamos de humanidade. Ao permitir que cada um se mostrasse sem máscaras, que cada um pudesse “dizer tudo”, abriu-se uma ferida narcísica cujos impactos levaremos muito tempo para dimensionar. Essa ilusão sobre o quê e quem somos nós cumpria um papel importante no pacto civilizatório. Sua perda é parte da explicação da dificuldade de compartilhar o espaço público, hoje interditado por ódios.
Por que, diante desse cenário, mais adolescentes não teriam dificuldade para encontrar saídas? Por que alguém que está vivendo uma fase da vida em que precisa dar conta de um corpo em transformação e assumir a responsabilidade de encontrar seu lugar não estaria desorientado diante do mundo que o espera – ou mesmo sem nenhuma confiança de que vale a pena ser adulto nesse planeta?
O desafio que o suicídio impõe à sociedade é conseguir construir uma resposta que não seja a brutalidade de tirar a própria vida
Se cada caso é um caso, o significado de ser adolescente nessa época determinada não pode ser deletado de qualquer resposta que pretenda ser uma resposta. Aberta, em constante construção, mas uma resposta.
Um adolescente que faz perguntas duras a si mesmo e aos adultos não está apresentando um comportamento desviante. São perguntas inteligentes, são perguntas de quem percebe o mundo que vive, são perguntas de quem se recusa a se alienar. O desafio que o suicídio nos apresenta, como sociedade, é conseguir construir junto com os jovens uma resposta que não seja a brutalidade de tirar a própria vida.
Essa tarefa não é individual, não é um problema apenas do adolescente que não consegue encontrar sentido ou de sua família. Mas uma construção coletiva. Inclui esse adolescente, mas não é só dele. Se há uma possibilidade nesse momento é a de que o desespero de ver adolescentes morrendo fez com que se rompesse o silêncio sobre o suicídio.
A crença de que falar sobre o suicídio aumenta o número de casos estabeleceu um silêncio em torno das mortes que colaborou para que se localizasse o problema e a suposta solução no indivíduo. Colaborou para a ideia sem substância do suicídio como covardia do adolescente e fracasso dos pais. O suicídio, convenientemente, deixou de ser uma questão da sociedade para ser um problema de uma pessoa ou família com um tipo de defeito. Ou foi colocado na conta de uma patologia mental, com vários nomes disponíveis no mercado. É um fato que há casos de suicídio relacionados a doenças mentais, mas não é possível desconectar qualquer doença da época em que ela é produzida.
A questão não é a doença mental, quando ela existe, ou a angústia e o desespero, mas por que o suicídio tem sido a resposta e não outra a acontecimentos como a doença mental, a angústia e o desespero. É no fato de que ao longo das diversas épocas já houve outras respostas possíveis, outras respostas compatíveis com seguir vivendo, que podemos construir reflexões que nos arranquem da repetição que acaba tratando como problema exclusivamente individual o que é também produção social.
Não dá para viver num mundo literalmente corroído e acreditar que o desvio é de quem sofre com ele
Voltar a falar de suicídio é importante, mas é igualmente importante “como” falar sobre suicídio. Se a questão for apenas estabelecer manuais, como se houvesse uma lista de alarmes para identificar aquele que se descola da manada, ou se a saída encontrada for reforçar a causa e a solução no indivíduo, é só mais um reforço para a tragédia da nossa crescente dificuldade de fazer comunidade. Em resumo: não dá para viver num mundo literalmente corroído e subjetivamente corroído e dizer que o desvio é de quem sofre com ele e não encontra outra saída que não seja o suicídio. Ou da família que não pôde ou não soube como impedir que o adolescente tirasse a própria vida.
Se podemos fazer algo com a tragédia que é termos criado um mundo onde um número maior de adolescentes não se tornará adulto, é reaprendermos a viver em comunidade, redescobrirmos como tecer redes de cuidado mútuo. Isso não tira a responsabilidade individual. Ao contrário, a aumenta. Mas coloca a responsabilidade individual onde ela deve estar: fazendo “laço” com os outros. Fazendo junto.
A primeira geração formada nas redes sociais a partir de “likes” and “blocks”
Não se pode esquecer ainda e principalmente que a marca de se tornar adolescente neste século é a marca de tecer sua experiência na internet. A geração atual é a primeira formada a partir de “likes” and “blocks”, carinhas sorridentes e carinhas furiosas. Ao mesmo tempo que experimenta a possibilidade de deletar o quê ou quem perturba, enfrenta a impossibilidade de deletar seus vestígios para sempre.
Estrear na vida e já ser condenado à memória eterna. Ser formado na impaciência dos segundos e na sobreposição dos tempos. Acreditar que um vídeo de mais de dois minutos ou um texto de mais de dois parágrafos são longos demais. Arriscar-se nas redes sem os limites do corpo, podendo ser algo num minuto e outra coisa inteiramente diferente no minuto seguinte. Mas, ao mesmo tempo, sentir os efeitos profundos dos estímulos digitais no corpo. Os dias acelerados que se emendam e a fábrica de ansiedade. A impossibilidade da desconexão. A vida editada e “feliz” de todos, enquanto dentro de você a tristeza é vivida como fracasso num mundo de tantos bem sucedidos de Facebook, sem saber quem ou o quê é real ou “fake”.
Num vídeo postado dias atrás pelo Channel 4 News, Jaron Lanier, filósofo da internet e criador da realidade virtual, sugere que os adolescentes deveriam abandonar as redes sociais por pelo menos algum tempo. “Somos fisgados por um esquema de recompensas e punições, em que as recompensas acontecem quando você é retuitado por outros e as punições quando você é maltratado por outros nas redes”, diz. Essa manipulação, segundo Lanier, não é tão dramática quanto o vício em heroína ou o vício em jogo, mas obedece ao mesmo princípio. “Deixa as pessoas ansiosas e irritadas, e torna especialmente os adolescentes depressivos, o que pode ser muito grave”, afirma. “Há uma grande quantidade de evidências e estudos científicos. O exemplo mais assustador é a correlação entre o aumento do suicídio entre adolescentes e o aumento do uso das redes sociais.”
“Dê a você mesmo seis meses sem redes sociais”
Jaron Lanier dá um conselho aos adolescentes: “Se você é uma pessoa jovem e você só vive nas redes sociais, o primeiro dever com você mesmo é conhecer você mesmo. Você deve experimentar viajar, você deve se desafiar. Você não vai se conhecer sem essa perspectiva. Então, dê a você mesmo pelo menos seis meses sem redes sociais. Eu não posso dizer a você o que é o certo. Você tem que decidir”.
Netflix, cinema e a vida depois da perda
No ano passado, o psicanalista Mário Corso foi convidado para dar uma palestra aos alunos de uma escola pública do interior do Rio Grande do Sul. A diferença é que ele não foi convidado pela direção da escola ou pelos professores ou mesmo pelos pais. A iniciativa foi dos alunos. Eles tinham identificado uma colega com ideias de suicídio e decidiram formar uma rede de cuidado. “Os colegas estão mais próximos e sabem melhor do que ninguém quando algo realmente sério está acontecendo”, diz Corso. “Essa experiência de ajudar a combater o mal-estar na escola, de entender as dificuldades da socialização, seria uma formação extra e muito proveitosa que a escola pode dar aos adolescentes. Existem muitos adolescentes cuidadores. É preciso fazer uma aliança com eles.”
Todo profissional que trabalha com saúde mental é marcado pela perda de pacientes. É algo que se carrega pela vida, mas que em geral é elaborado e vivido no espaço privado. A diferença é que Corso ficou assinalado também na esfera pública. Em 2006, um de seus pacientes, Vinicius Gageiro Marques, de 16 anos, transmitiu a própria morte pela internet e teve ajuda de pessoas de diferentes países para consumá-la. A incitação ao suicídio é um crime previsto no Código Penal do Brasil.
A morte de Yonlu marcou o momento em que as pessoas perceberam que, com a internet, os jovens frequentavam mundos que pais e professores não alcançavam
Mais de um ano depois do suicídio de seu jovem paciente, Corso me deu uma entrevista que se tornou uma referência, pela profundidade e honestidade com que falou do que viveu. A morte do adolescente teve repercussão internacional e marcou um momento em que as pessoas perceberam que, com a internet, os jovens frequentavam mundos que pais e professores não alcançavam. No segundo semestre, será lançado o filme Yonlu, nome com que Vinicius se apresentava nas redes e assinava a sua produção artística, dirigido por Hique Montanari.
Mário Corso é autor de vários livros, inclusive um infantil. Três deles, escritos junto com a também psicanalista Diana Corso, relacionam produção cultural e psicanálise, dos contos de fadas às atuais séries de TV. O mais recente é Adolescência em Cartaz – filmes e psicanálise para entendê-la (Artmed, 2017). Fiz cinco perguntas a ele:
P: Você acha que o sofrimento que provoca o suicídio hoje, na era da internet, é diferente do sofrimento que provocava o suicídio nos adolescentes de gerações anteriores?
R: Creio que o sofrimento dos adolescentes é o mesmo. Uma solidão imensa, uma sensação de inadequação, uma desesperança próxima ao desespero. A ideia que não há lugar no mundo para si, um mundo complexo demais para ser decodificado, aliado ao momento de fragilidade dos laços entre os pares, é um cruzamento perigoso e doloroso. O que mudou foram as possibilidades de comunicação. Para o bem e para o mal. Por exemplo, o bullying antes era restrito a um lugar, ficava na escola. Hoje ele não para, não dá trégua e não dá àquele que sofre o direito de recomeçar. A internet não esquece.
Estar marcado em um colégio, por uma experiência negativa, antes podia ser solucionado trocando de escola. Hoje, você leva contigo aquilo que gostaria de esquecer. Uma pesquisa rápida e tua ficha é entregue. Por um lado, a rede pode até ajudar os mais fóbicos, pois ela permite ensaiar-se em um ambiente onde o corpo não está em jogo, e propicia a pessoas de hábitos diferentes encontrarem sua praia. Por outro, ela também tem seu lado obscuro: permite que portadores de sofrimentos e patologias, que antes eram isoladas, como a anorexia, se apoiem em parceiros, igualmente tomados na loucura, que incentivam seguir dentro da doença e dão a ela um sentido de pertença, de identidade, muitas vezes letal. O mesmo com o suicídio. Antes isolado, o adolescente tinha menos recursos, até, digamos, técnicos, para saber como se matar. Raramente ele iria encontrar pessoas tão ou mais perturbadas para trocar ideias sobre as "vantagens" do suicídio. Na rede, seguem existindo fóruns de proselitismo do suicídio.
P: O que a morte de Yonlu mudou na sua clínica ou no seu modo de entender o suicídio?
R: Não houve mudanças significativas na clínica ou no entendimento das razões do suicídio. A principal mudança foi em mim. Desci mais um degrau da minha personalidade já melancólica. Já tinha perdido pacientes, mas casos graves, adultos vindos de anos de depressões crônicas, dos quais, entre idas e vindas, eu fui apenas mais uma tentativa fracassada. São perdas distintas. Sendo nesse caso alguém tão jovem, talentoso, inteligente, é difícil se apaziguar. Os psicoterapeutas elaboram pouco sobre os efeitos de serem depositários e testemunhas de tanto sofrimento. Mas são cicatrizes incuráveis. Talvez um dia eu consiga entender melhor tudo isso. Ainda lateja.
“Vivemos não por razões, mas por pertencer a uma rede afetiva, por ter uma sociedade que nos dá um lugar”
P: Desde aquela época, mais de uma década atrás, a sua postura era de que era necessário falar sobre o suicídio. Mas só agora, e em grande parte por conta de séries como 13 Reasons Why (“Os 13 porquês”,Netflix), o silenciamento sobre o suicídio entre adolescentes começa a ser rompido. Por que é importante falar e o que você gostaria de dizer?
R: Falar sobre o problema já é um começo. É um assunto tabu, ninguém se sente à vontade para dar a partida. Ninguém sabe bem o que dizer. O que está em jogo é o sentido da vida. E quem sabe dizer por que a vida vale a pena? Não sabemos dizer até porque é uma questão mal colocada. Não existe resposta racional. A resposta é emocional. Vivemos não por razões, mas por pertencer a uma rede afetiva, por ter uma sociedade que nos dá um lugar. Estamos aqui porque alguém um dia quis assim e ficou inscrito em nós essa marca. A vontade de viver é algo que os pais transmitem, ou não, sem dar-se conta. Mas é um território imponderável, nebuloso.
Acredito que estamos no momento de construir algo novo. Creio que a arte já começou. O seriado da Netflix foi um bom começo. Antes de ele ser feito, eu não acreditaria que daria certo. Tomado pelo paradigma de Werther, de que narrar o suicídio emularia outros, eu não faria. (No século 18, após a publicação do livro Os sofrimentos do Jovem Werther, do escritor alemão Goethe, teria havido uma onda de suicídios de jovens na Europa que foi considerada efeito do romance.) A Netflix fez, e a resposta foi oposta: mais gente falando no assunto e pedindo ajuda.
“Se um estúdio de TV inventou uma narrativa que faz falar sem estimular o ato, por que a comunidade de quem trabalha com saúde mental não conseguiria?”
P: O que você, que analisa a produção cultural pelo viés da psicanálise, acha da série?
R: Ela tem uma grande sacada: eles criaram um herói romântico aparentemente típico. Hannah, a personagem, é uma alma sofrida e sensível, que passou por traumas e é incompreendida. O mundo não seria bom o suficiente para ela. Mas, no decorrer da série, ela se comporta de forma tão pouco empática ao sofrimento dos outros, ela é tão autocentrada e egoísta, que ninguém quer ser como ela. Ela exige cuidado e uma delicadeza que ela mesmo não tem com ninguém. Ela é cega à dor alheia. Ou seja, eles viraram o fio. Ninguém vai querer ser a Hannah mesmo que admitamos que ela tem suas razões e seu sofrimento. Ela ajuda a narra a dor e a vontade de ir embora, mas não desperta identificações diretas. Se um estúdio de TV inventou uma narrativa que faz falar sem estimular o ato, por que a comunidade de quem trabalha com saúde mental não conseguiria? Nós temos é que nos botar a pensar. É um tempo de inventar. Creio que é um desafio que temos que nos colocar. É preciso dar uma visibilidade ao problema real que o suicídio é. Não noticiar os casos, mas encontrar uma nova via de ele estar sempre em pauta.
P: Existiria algo na educação dada atualmente às crianças e aos adolescentes que os deixariam mais vulneráveis?
Corso: É algo que se pensa pouco. Nós temos uma conquista civilizatória interessante, que é a infância protegida, reconhecida em suas particularidades. Não devemos mudar isso, mas talvez pensá-la melhor. Nossas crianças crescem numa bolha de proteção que rompe na adolescência. Abruptamente, descobrem a dureza do mundo, a violência, a exigência desmedida – nesse caso, às vezes dos pais. Sentem-se traídos pelo mundo de conto de fadas que receberam. Será que não exageramos, que não haveria um modo de desde mais cedo mostrar o mundo como o mundo realmente é? Existe uma depressão típica do começo da adolescência que diz respeito ao dar-se conta do peso do mal-estar da civilização. Utopias já não colam, vivemos na época das distopias, crenças religiosas tampouco, o jovem sente que está em um mundo absurdo. E precisamos pensar que ele não desenvolveu os anticorpos que nós já temos... Isso chega de modo à vista. Será não poderia ser em suaves prestações? Brinco, mas creio que exageramos na dose do mundo Disney. Em resumo: não os preparamos para o infortúnio, não discursamos sobre as derrotas, as perdas, e elas são a única certeza nessa vida. Ensinamos a ganhar, a dizer que serão vencedores. Ensinamos o fácil e esquecemos o essencial: saber suportar as rudezas de um momento civilizatório complicado.
O presente só é possível se o futuro for possível
No início dessa coluna, eu propus mudar a pergunta. Não “por que mais adolescentes estão se matando hoje” – e, sim, “por que não haveria ainda mais adolescentes morrendo hoje”. Minha interrogação parte da realidade de um planeta corroído e abandonado pelas utopias. A esse cenário se soma a profunda crise da democracia como sistema capaz de melhorar a vida das pessoas. “Terra arrasada” não é mais uma figura de linguagem, mas uma literalidade. Na dificuldade de enxergar um futuro próximo, quase nos assemelhamos aos marinheiros do passado, que acreditavam que o mundo acabava num barranco, de repente.
Sem perspectiva, sonho, imaginação, desejo, a percepção já é de vida interrompida. Tragado pelos dias de um presente acelerado, em que o corpo é atingido por estímulos 24 horas por 7 dias na semana, mas não tem nem espaço nem tempo para elaborar nenhuma experiência porque logo vem outra por cima, a sensação é de afogamento. Sem perspectiva de futuro, o presente é vórtex.
Como podemos construir junto com os adolescentes uma ideia de futuro que não seja uma distopia?
Sugiro então uma terceira interrogação para esse momento: o que podemos fazer junto com os adolescentes, porque não acredito em juventude sem responsabilização, para que volte a valer a pena viver nesse mundo? Ou como podemos construir juntos uma ideia de futuro que não seja uma distopia? A impossibilidade de imaginar um futuro possível tem impactos profundos sobre a vida de todos, muito mais do que a maioria consegue dimensionar no cotidiano. Recuperar a capacidade de imaginar um mundo onde se possa viver é o imperativo que atravessa essa época. Imaginar a partir da realidade brutal – e não negando-a, como a maioria tem feito.
Esse momento de rompimento do silêncio sobre o suicídio é rico de possibilidades. Mas apenas se formos capazes de recolocar a questão no campo da política. É nisso que as escolas deveriam apostar, assim como todos os espaços de compartilhamento. O desafio, tanto na rede pública quanto na privada, é o de fazer comunidade, inclusive e principalmente entre as redes. Não é porque se chama de “comunidade escolar” que é uma comunidade escolar. Comunidade é algo bem mais profundo e demanda esforço contínuo de fazer laços com o fora e com o dentro, reconhecendo as fronteiras para poder ultrapassá-las.
Será uma pena se esse despertar violento, despertar sobre corpos de alunos mortos, seja desperdiçado pela visão estreita de olhar para o acontecimento como se ele fosse desconectado de sua época, individualizado e isolado. Ou colocar questões de saúde mental como se elas pertencessem a um arquivo impermeável, que não se comunicasse com todos os outros. Os sintomas de nosso tempo expressam onde estão os nossos buracos. Os mais sensíveis sentem primeiro.
Criar uma resposta para o suicídio de adolescentes é também criar uma resposta para a nossa vida nesse planeta. É enfrentar o tema da mudança climática e de sua adaptação a ela, é enfrentar a responsabilidade da nossa espécie com todas as outras cuja casa destruímos, é enfrentar a crise da democracia e criar maneiras de fortalecê-la, para que ela volte a significar possibilidade de combater as desigualdades e fortalecer os direitos.
Ser parte da criação do futuro, mesmo na extrema desesperança do presente, é fazer laço com a vida ao fazer laço com os vivos
O mal-estar do nosso tempo, este que tanto afeta aqueles que estão estreando na vida, é alimentado pela nossa impossibilidade de enxergar uma vida possível logo ali na frente. Como os adultos também não enxergam, o desamparo é total. Se um colégio ou qualquer outra instituição quiser de fato enfrentar o suicídio entre adolescentes deve se dedicar também a construir com eles uma ideia de futuro que não seja o apocalipse climático – ou nuclear. Ser parte dessa criação de futuro, mesmo na extrema desesperança do presente, é fazer laço com a vida ao fazer laço com os vivos. O suicídio é também a impossibilidade de fazer parte.
Sem imaginar um futuro possível, não há presente possível. É isso que todos nós precisamos compreender. É isso que os jovens corpos tombados estão também dizendo em seu silenciamento violento. Só se combate a vontade de morrer criando um mundo em que vale a pena viver. Essa é a principal tarefa da escola e de todas as instituições.
Na Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), de 2014, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro disse uma frase provocadora, no melhor sentido: “Os índios entendem de fim de mundo porque já viveram o fim do mundo em 1500”. Retomo essa afirmação para lembrar que os jovens indígenas Guarani-Kaiowá, as novas gerações de um dos povos originários mais massacrados do planeta, se suicidam desde os anos 80. Seu suicídio invisível para os brancos, invisíveis como eles mesmos, tem contado uma narrativa do fim do mundo. É para eles, para esta dor, que deveríamos estar olhando, para este mundo que lá se corrompeu antes pela força do extermínio.
Para os Guarani-Kaiowá, palavra é “palavra que age”. Responder ao suicídio dos adolescentes com vida é romper as barreiras do isolamento e se tornar palavra que age para fazer futuro.
*Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum. Fonte: https://brasil.elpais.com
Por que a gratidão é boa para sua saúde
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Estudos têm demonstrado que ter uma atitude de gratidão vem com uma miríade de benefícios, incluindo uma felicidade duradoura
A gratidão pode ser uma emoção indescritível. Nossa tendência é ir na direção oposta, sentir que as coisas nunca são tão boas quanto deveriam ser ou como queremos que elas sejam, remoer o passado, ter expectativas para as coisas que estão além de nosso alcance.
Quando um objetivo é atingido, não há sempre outro que precisa ser aproveitado? Stevenson escreveu que a bem-aventurança da condição humana era, precisamente, essa busca sem fim de objetivos. Sem um certo grau de gratidão, porém, raramente nos encontraremos em paz e raramente ficaremos em repouso.
Despojados de toda gratidão, as pessoas geralmente ficam de mau humor, frustradas, impacientes e temerosas, em um estado de descontentamento perpétuo. Sem gratidão também estamos cegos para as bênçãos da família, o dom da amizade, as maravilhas da natureza e as muitas coisas deliciosas e belas que nos rodeiam.
É por isso que não é de surpreender que muitos estudos tenham descoberto que a gratidão está entre as emoções mais saudáveis e que existem benefícios mentais e físicos de se ter uma atitude de gratidão na vida. Pesquisas da Northeastern University, por exemplo, descobriram que pessoas com uma maior gratidão diária eram mais pacientes e mais capazes de tomar decisões razoáveis.
Por outro lado, experimentos realizados na Universidade de Zurique mostraram que a gratidão também é um poderoso antídoto contra a depressão e que as pessoas que participam do exercício das “três coisas boas” – que, como o nome sugere, leva as pessoas a adquirirem o hábito diário de escrever três bons momentos ou coisas que aconteceram durante o dia – veem melhorias consideráveis em sua felicidade geral.
E não é apenas um estado passageiro de felicidade; outros estudos mostraram uma correlação entre gratidão e felicidade duradoura. De acordo com um estudo no Journal of Theoretical Social Psychology, a gratidão cotidiana melhora numerosos aspectos do relacionamento amoroso, incluindo sentimentos de conexão e satisfação geral como casal.
Um estudo publicado na revista Personality and Individual Differencesencontrou correlações positivas entre gratidão e autocuidado, entre os níveis de gratidão e a probabilidade de as pessoas praticarem comportamentos de bem-estar como exercícios, alimentação saudável e ir ao médico.
No entanto, esta não é a primeira vez que a humanidade descobriu a importância da gratidão. Em vez de ver esses estudos como avanços em territórios inexplorados, poderíamos entendê-los melhor como a corroboração de ideias que muitos pensadores ocidentais vêm desenvolvendo há séculos.
Inácio de Loyola, teólogo espanhol do século XVI e fundador da Companhia de Jesus, por exemplo, escreveu: “Ingratidão – ou o fracasso em reconhecer as coisas boas, as graças e os presentes recebidos – é uma das coisas mais dignas de repulsa diante do nosso Criador e Senhor”.
E no século passado, o filósofo espanhol José Ortega y Gasset disse: “A ingratidão é o maior defeito do homem. O ingrato esquece a maioria das coisas que tem e não o seu próprio trabalho… Ter consciência de ser um herdeiro é ter uma verdadeira consciência histórica”.
E muitos séculos antes deles, foi Cícero quem escreveu: “A gratidão não é apenas a maior de todas as virtudes, ela é a mãe de todas as outras”. Fonte: https://pt.aleteia.org
'Pessoas de todos os países golpearam o motorista', diz testemunha após atropelamento
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'Pessoas de todos os países golpearam o motorista', diz testemunha após atropelamento
Acidente em Moscou, capital da Rússia, deixou algumas pessoas feridas perto da Casa Mexicana
Uma testemunha que estava no local do incidente neste sábado, em Moscou, contou ao Estado que pessoas de todos os países perseguiram a pé o taxista, depois de o motorista atropelar pessoas numa das ruas do centro da capital russa.
O incidente ocorreu no início da noite. Um vídeo mostra como o taxista, numa rua parada pelo trânsito, desviou de uma fila de carros, subiu numa calçada e atropelou pessoas que passavam por ali. O carro apenas parou ao se chocar contra um poste.
O incidente ocorreu nas proximidades da Casa Mexicana, uma espécie de centro cultural do país latino-americano. Raul, um mexicano que estava no local, relatou o que viu. “Estávamos na Casa Mexicana e, de repente, queríamos sair e nos disseram que não poderíamos por conta de um acidente”, disse. “Vimos pessoas jogadas no chão. Eram mexicanos, russos e de muitos países”, afirmou.
Segundo ele, a pessoa tentou escapar. “As pessoas foram as primeiras que começaram a golpear o rapaz. O tiraram do carro. Foram pessoas de todos os países, que viram o que ele fez”. Fonte: https://esportes.estadao.com.br
OLHAR CINEMA: 'Jurassic World' tem sessões de pré-estreias diárias
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Sequência baseada na série 'Jurassic Park' estreia no próximo dia 21
Os dinossauros estão soltos, mais uma vez. A estreia oficial é apenas na semana que vem, mas já há sessões de pré-estreia diárias em dezenas de cinemas de “Jurassic World: reino ameaçado”.
Dirigido por J.A. Bayona (“O impossível”), o novo capítulo da saga é mais uma vez estrelado por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, que voltam a interpretar Owen e Claire. A história se passa quatro anos depois de “Jurassic World: o mundo dos dinossauros” (2015), quando o parque foi fechado, e os animais vivem soltos na Ilha Nublar. Quando um vulcão adormecido ameaça entrar em erupção, os dois são convocados para ajudar no resgate de algumas espécies e evitar que os dinossauros sejam extintos novamente.
Mas nem tudo é o que parece: eles descobrem que empresas querem usar os animais para fins bélicos. Fonte: https://oglobo.globo.com
Facebook confirma que rastreia até os movimentos do seu mouse
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Empresa de Mark Zuckerberg usa técnicas que permitem acompanhar os movimentos do cursor na tela do seu computador
Em um documento enviado ao Senado dos Estados Unidos, o Facebook responde ponto por ponto às perguntas feitas pelos parlamentares. São 228 páginas em que a empresa expõe a maneira como age em relação aos dados dos seus usuários. Um dos aspectos mais polêmicos é o da coleta de informações.
Aqui a empresa de Mark Zuckerberg lista em vários trechos do documento como reúne dados concretos sobre os dispositivos do usuário e que uso faz dessas informações. No computador, um dos parâmetros mais chamativos que o Facebook monitora são os movimentos do mouse. Tradicionalmente, esse tipo de rastreamento, conhecido como mouse tracking, serve para indicar como os usuários se comportam dentro de uma plataforma de software, reunindo dados que permitam melhorar a interface.
No computador, o Facebook controla os movimentos do cursor do mouse e também se uma janela está aberta em primeiro ou segundo plano. A companhia acrescenta entre parênteses que esse tipo de informação “pode ajudar a distinguir humanos de robôs”. Também observa que toda a informação colhida de um usuário através dos múltiplos dispositivos que ele usa, como computadores, smartphones e TVs conectadas, é cruzada para “ajudar a proporcionar a mesma experiência personalizada onde quer que as pessoas usem o Facebook”.
O documento não esclarece se a rede social se vale dos movimentos do mouse para algo além de distinguir entre humanos e robôs, embora tampouco afirme que o utilize exclusivamente para essa finalidade. No passado, o Facebook foi acusado de testar métodos que usavam o mouse tracking para determinar não só em quais anúncios o usuário clica como também em quais pontos da tela ele se detém, e durante quanto tempo.
A empresa acrescenta que esse tipo de informação “pode ajudar a distinguir os humanos dos robôs” Informações desse tipo são relevantes porque o lugar onde o cursor se detém muitas vezes coincide com o ponto no qual focamos nossa atenção, segundo os especialistas em mouse tracking.
Dados sobre bateria, armazenamento e operadora
No memorando enviado ao Senado dos EUA – e que a revista Business Insider foi o primeiro veículo de comunicação a examinar –, o Facebook também enumera a informação que reúne sobre os atributos do aparelho que usuário utiliza. Isso inclui o sistema operacional, as versões de hardware e software, o nível de bateria e a capacidade de armazenamento disponível. Do mesmo modo, sabe qual navegador e os tipos e nomes dos aplicativos instalados e de arquivos guardados.
A companhia também tem a capacidade de acessar o sinal Bluetooth e de rastrear informação sobre os pontos de acesso wi-fi próximos, as torres de telecomunicações ou outros dispositivos emissores de sinal, como os beacons.
O nome da operadora de telefonia celular de um usuário e o seu provedor de Internet são outros dados que a rede social conhece. Neste item relativo à conexão, o Facebook também detecta “o número de telefone, o endereço IP, a velocidade de conexão e, em alguns casos, informações a respeito dos dispositivos que estão próximos ou em sua mesma rede, com o que podemos fazer coisas como ajudar a enviar um vídeo do celular para a televisão”.
Informações sobre a localização por GPS, assim como acesso à câmera e à galeria de fotos, são outros dos aspectos, já amplamente conhecidos, que a companhia enumera no documento. Mas ela deixa claro, diante de várias perguntas ao longo do texto, que “não usa o microfone do celular dos usuários ou qualquer outro método para extrair áudio” a fim de influenciar os anúncios que são apresentados ou para determinar o que aparece no feed de notícias do usuário. Fonte: https://brasil.elpais.com
O ópio do povo
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POR MERVAL PEREIRA
Apropriando-se de uma máxima do idealizador do comunismo Karl Marx, que dizia que a religião é o ópio do povo, o genial Nelson Rodrigues acusava os esquerdistas modernos de acharem que o futebol, sim, é o ópio do do povo. Bem quisera Vladimir Putin que a frase de Nelson, não a de Marx, fosse verdadeira na Rússia de hoje, quando começa para valer a última etapa do seu projeto de “soft power” em relação à Copa do Mundo de futebol.
Sem grandes expectativas por parte da população, descrente da seleção depois de uma série de derrotas, Putin sabe que o objetivo não pode ser entregar a Taça ao capitão russo Akinfeev, já considerado o pior goleiro da Liga dos Campeões, mas sim entregar ao mundo uma Copa bem organizada e sem problemas de violência, comuns aos torcedores russos, e riscos para a segurança das delegações e de milhares de autoridades e turistas que vão chegando à Rússia.
O fracasso da seleção russa é tamanho que um famoso jornalista de televisão iniciou campanha de autoestima denominada “o bigode da esperança” com base no bigode do técnico Stanislav Cherchesov.
Atribui-se a Putin uma improvável manobra no sorteio das chaves da Copa para que o jogo inicial fosse contra um time inofensivo. Deu Rússia e Arábia Saudita, a única seleção que tem piores resultados que os dos anfitriões. Coincidência ou não, esta será apenas uma das três Copas em que o jogo de abertura não tem um país campeão em campo. Em se tratando de FIFA e de Putin, tudo é possível, no entanto.
Além da Arábia Saudita, a chave dos anfitriões tem ainda o Egito, dois países de maioria muçulmana que se encontram em posições distintas na guerra da Síria em relação à Rússia, que apóia a Bashar Al Assad: enquanto a Arábia Saudita opõe-se ao líder sírio, o Egito tem posição mais cautelosa.
O Egito, no entanto, pode causar danos irreversíveis a Putin na Copa do Mundo. Como uma das duas vagas do grupo deve ficar com o Uruguai, a disputa da segunda ficará provavelmente entre Rússia e Egito, que tem no jogador Salah um diferencial que pode eliminar a seleção anfitriã ainda nas oitavas.
Cercado de símbolos capitalistas, o passado comunista da União Soviética que Putin ajudou a enterrar cisma de estar presente, como em frente ao estádio de Lujiniki, onde uma estátua de Lenin tem que conviver com uma grande propaganda da Coca-Cola. Em tudo semelhante ao filme alemão “Adeus Lenin”, que conta as dificuldades de um filho que tenta mudar a realidade para proteger a mãe, uma comunista radical que sai do coma após um ano, e não suportaria visões chocantes para ela, como a queda do Muro de Berlim e um grande cartaz da Coca-Cola em frente a seu prédio.
Na Rússia de hoje, essa convivência não é evitada, ao contrário, tornou-se mais um atrativo turístico. Foi-se a época em que Yeltsin queria retirar da Praça Vermelha o mausoléu de Lenin, para enterrar literalmente esse passado. Putin, ao contrário, mandou restaurar a múmia e a recolocou novamente onde os turistas possam visitá-la.
A festa de abertura da Copa terá a presença de Ronaldo Fenômeno, na impossibilidade de Pelé comparecer devido a problemas no quadril. Putin, aliás, apostava muito na presença de Pelé, com quem se abraçou na cerimonia de sorteio das chaves da Copa do Mundo. A abertura será a cerimonia mais breve das últimas Copas no estádio de Lujiniki, reformado ao custo de R$ 1,4 bilhão, com acusações de superfaturamento. O mesmo que aconteceu com o nosso Maracanã. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
TEMPO DO CARMELO: Novo CD do Frei Petrônio de Miranda (Lançamento em julho)
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OLHAR DO DIA: CMK ESTÚDIO/RJ. Carlos Maka. Gravação do CD- TEMPO DO CARMELO. Na foto, Thalita Sardinha. Ela interpreta a música- TEMPO DO CARMELO- em Inglês, Italiano e Espanhol. Em breve na sua casa. www.olharjornalistico.com.br
O que acontece quando o poder público escolhe cortar investimento em áreas sociais?
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Thaís Dantas
A vida de nossas crianças e adolescentes está em risco
O que você faria se soubesse que a mortalidade infantil aumentaria? Que mais famílias ficariam desamparadas? E que políticas públicas nas áreas de educação, saúde e proteção social seriam enfraquecidas, prejudicando especialmente crianças e adolescentes brasileiros?
Infelizmente, a projeção é que isso ocorrerá nos próximos anos. E já sabemos o motivo disso – ou ao menos os tomadores de decisão deveriam saber. A causa desses retrocessos acima anunciados, inclusive, foi publicada no Diário Oficial da União e, hoje, está em nossa Constituição. Trata-se da Emenda Constitucional 95 de 2016, que instituiu o Novo Regime Fiscal no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, o chamado teto de gastos públicos.
Embora de extrema relevância, o tema não tem sido tão pautado e ainda é encoberto por dúvidas, a despeito do esforço de diferentes pessoas e instituições em divulgar os prejuízos dessa emenda, muitas delas reunidas na Coalizão “Direitos valem mais, não aos cortes sociais".
A verdade é que precisamos falar sobre isso e ter consciência do quanto seremos afetados, em nosso cotidiano e em nossos direitos. É preciso ter em mente também que, em cenários de crise e escassez, crianças e adolescentes são os mais prejudicados.
Segundo estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, publicado recentemente, a política de austeridade instituída pela Emenda 95 será responsável por um aumento de 8,6% na mortalidade infantil até 2030, pois deixarão de ser evitadas 124 mil internações e vinte mil mortes de crianças de até cinco anos.
Ainda, nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) de 2016 afirmou que, em vinte anos de aplicação da referida emenda na política de assistência social brasileira, haverá menos da metade dos recursos necessários para garantir a manutenção da cobertura nessa área nos padrões atuais, o que afetará diferentes programas estatais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada, por exemplo. Reduzir o acesso ao Bolsa Família, inclusive, vai na contramão do recomendado pelo Banco Mundial o qual defende a necessidade de ampliação dos recursos neste programa a fim de mitigar os impactos da crise econômica brasileira no agravamento da desigualdade social.
A experiência internacional, também, demonstra os prejuízos das políticas de austeridade, especialmente em crianças e adolescentes. Relatório do Unicefapontou que diminuição e corte nos serviços em saúde, educação e nutrição geram ainda maior pressão sobre as famílias vivenciando perda de renda e desemprego, o que aumenta índices de ansiedade e estresse nas crianças, especialmente nas mais pobres. Outra experiência revela-se, também, sintomática: na Grécia, em decorrência da política de austeridade, houve aumento no número de casos de malária, de AIDS e de tuberculose, além de crescimento de 43% na mortalidade infantil entre 2008 e 2010, que vinha sofrendo queda constante desde os anos 1950, bem como um aumento de 21% no número de natimortos entre 2008 e 2011.
É importante pontuar que a emenda 95 é fruto de uma escolha política, que optou por congelar despesas primárias, responsáveis pela oferta de bens e serviços à população, ou seja, pelo investimento social, e manter as despesas financeiras intactas. Se, antes da emenda 95, já tínhamos índices de investimento nas áreas de educação e saúde considerados baixos, a tendência após a medida é piorar. Nesse sentido, vale ressaltar que, embora não haja um corte, a fixação de um teto não permite o crescimento do investimento, que acaba por se desvalorizar, especialmente considerando a inflação e o crescimento populacional. Essa escolha política tem permeado recentemente a ação do poder público: a Medida Provisória 859 de 2018 abriu crédito extraordinário superior a nove bilhões em favor dos Ministérios de Minas e Energia e da Defesa, por meio de cancelamento de gastos em programas como Criança Feliz e Rede Cegonha, bem como cortes nas áreas de assistência social, saúde e saneamento básico - os quais, sabidamente, irão impactar de maneira grave crianças e adolescentes.
Estamos em ano eleitoral e é preciso cobrar de candidatas e candidatos o compromisso com a revogação da emenda 95 e a retomada do investimento social, o qual, em verdade, já está assegurado em nossa Constituição, que garante como direitos sociais a educação, a saúde, a assistência, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, bem como a proteção à maternidade e à infância. É também preciso lembrar: crianças e adolescentes – os mais gravemente afetados por medidas de austeridade – devem, por força do artigo 227 da Constituição, ter seus direitos assegurados com absoluta prioridade, o que significa primeiro lugar em orçamento, políticas e serviços públicos, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Ainda não alcançamos esse patamar de proteção social, especialmente no que diz respeito à infância e adolescência brasileiras. Mas, se queremos reverter esse cenário de violações e desigualdades, é preciso assegurar investimentos que cumpram a norma da prioridade absoluta, respeitando a força de uma Constituição vigente há quase trinta anos e não a relegando ao papel de uma carta vazia de princípios.
*Thaís Dantas é advogada do programa Prioridade Absoluta, do Instituto Alana, e Conselheira do Conselho Nacional de Direitos de Crianças e Adolescentes (Conanda). Fonte: https://brasil.elpais.com
Canudinhos de plástico são banidos no Rio
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Nova lei exige que bares e restaurantes usem os de material biodegradável
RIO - Os canudinhos de plástico vão ser banidos de bares, restaurantes e quiosques do Rio. A Câmara Municipal aprovou nesta quinta-feira, em segunda discussão, o projeto de lei, de autoria do vereador Jairinho (MDB), que obriga estabelecimentos comerciais a usar canudos de papel biodegradável. Os que forem recicláveis, de forma individual, também serão permitidos. A medida agora seguirá para sanção ou veto do prefeito Marcelo Crivella.
Quem descumprir a nova lei será multado em R$ 3 mil, valor que será dobrado em caso de reincidência. Uma petição virtual, criada pela ONG Meu Rio para pressionar os vereadores a votar a favor do projeto, recebeu mais de 4.500 assinaturas. O texto já havia sido aprovado na quarta-feira, em primeira discussão. O único vereador a votar contra foi Leandro Lyra, do Partido NOVO. Fonte: https://oglobo.globo.com
Falha no Facebook divulga postagens privadas de 14 milhões de usuários
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Em um comunicado enviado a imprensa, Erin Egan, diretora de privacidade do Facebook, assumiu a falha. As postagens foram divulgadas publicamente sem nenhum tipo de alerta aos usuário
Um erro na rede social Facebook fez com que 14 milhões de usuários que publicaram textos, fotos e vídeos de modo privado ou apenas para amigos compartilhassem as informações publicamente na rede social. A falha aconteceu durante cinco dias em maio. A empresa disse, por meio de nota, que irá notificar imediatamente as pessoas afetadas.
As postagens foram divulgadas publicamente sem nenhum tipo de alerta aos usuários. A empresa disse que não sabe quantos desses 14 milhões de usuários expuseram dados que não queriam que fossem públicos ou quantos perceberam o erro antes de publicar algo no Facebook. Em 27 de maio, a empresa mudou as configurações das postagens afetadas para privadas -- mas não avisou os usuários do ocorrido.
Em um comunicado enviado a imprensa, Erin Egan, diretora de privacidade do Facebook, assumiu a falha. "Gostaríamos de nos desculpar por esse erro", disse. Após a divulgação da falha, as ações do Facebook fecharam o mercado em baixa de 1,65%, negociadas em US$ 188 -- após o fechamento do mercado, as ações da rede social seguiram apresentando baixa de 0,18%, negociadas em US$ 187.
Pesadelo
A revelação da falha de privacidade torna ainda mais dramática a situação do Facebook, que vem sendo cada vez mais criticado nos últimos meses por seu papel em fenômenos como a disseminação de notícias falsas e tentativas de interferência em eleições. O auge da polêmica aconteceu em março, quando os jornais The New York Times e The Observer, de Londres, revelaram que a consultoria britânica Cambridge Analytica e o pesquisador da Universidade de Cambridge, Aleksandr Kogan, usaram de forma ilícita dados pessoais de mais de 87 milhões de usuários do Facebook.
Desde então, o Facebook tem sofrido forte pressão da mídia, de órgãos reguladores e governos em todo o mundo. O próprio presidente executivo da rede social, Mark Zuckerberg, teve de comparecer ao Congresso Americano e ao Parlamento Europeu para dar explicações sobre como a rede social trata os dados pessoais dos usuários. Na mais recente aparição, no Parlamento Europeu, o executivo foi fortemente criticado por responder de forma genérica a poucas perguntas feitas durante a audiência.
Ainda não está claro se a rede social poderá ser punida por só revelar a falha de segurança agora, uma vez que a nova legislação de proteção de dados pessoais da União Europeia (GDPR, na sigla em inglês) obriga as empresas a comunicar os consumidores imediatamente. Pela lei europeia, a empresa pode estar sujeita a sanções que podem chegar a 4% da receita anual global da companhia, em caso de descumprimento das novas regras, que entraram em vigor em 25 de maio. O Facebook ainda não detalhou a localização dos usuários afetados pela brecha de segurança. Fonte: www.em.com.br
Prefeitura de SP vai multar em R$ 200 quem der comida a pombos
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Lei foi sancionada pelo prefeito Bruno Covas. Quem tiver ninho de pombos em casa deve providenciar redes e outros obstáculos contra as aves.
Uma lei publicada nesta quinta-feira (7) no Diário Oficial de São Paulo proíbe que as pessoas deem comida a pombos na cidade. Quem for flagrado dando comida a pombos poderá ser multado em R$ 200. A lei foi aprovada pela Câmara Municipal no dia 3 de maio e sancionada pelo prefeito Bruno Covas (PSDB).
A lei proíbe ainda a comercialização de ração para pombos nas vias e logradouros públicos. Também fica proibido abrigar as aves. Os proprietários de imóveis com infestação de pombos deverão providenciar redes e outros obstáculos para dificultar o seu pouso e a formação de ninhos. Fonte: https://g1.globo.com
Caminhoneiro: o novo velho protagonista do Brasil
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Identidade, gênero e luta de classes no protesto que parou o país e pode apontar para uma versão brasileira do eleitor de Donald Trump nas eleições. A reportagem é de Eliane Brum, escritora, repórter e documentarista, publicada por El País, 04-06-2018.
O Brasil que parou o Brasil por 11 dias reivindica um lugar que perdeu e um tempo que já não existe. Neste sentido, não poderia estar mais distante dos protagonistas dos protestos de 2013. Se uma parcela significativa estava ali como autônomos, avulsos, os caminhoneiros são unidos por uma identidade muito particular, cujo papel não deve ser reduzido. As rodas dos caminhões já giram em falso há muito. Aqueles que interromperam o abastecimento do país são também homens encurralados num mundo que já não compreendem. As máquinas estacionadas nas rodovias são a potência que restou, mas essa potência já não pertence a esse século.
O homem que trancou as rodovias tem idade média de 44 anos, está acima do peso, é sedentário, tem baixa escolaridade, trabalha mais de 11 horas por dia, tem remuneração mensal média de menos de quatro mil reais e acredita que sua renda está em queda. Quase metade dos caminhoneiros estava endividada. A maioria acreditava que a diminuição da demanda era causada pela crise econômica e, mesmo antes da mudança da política de preços da Petrobras, 46% já apontava o preço do combustível como um dos grandes problemas. Este é o perfil revelado por uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em 2016. É improvável que algo substantivo tenha mudado em dois anos. É provável, porém, que a queda do número de fretes e da renda, assim como as dificuldades, tenham se ampliado com a instabilidade do país. E certamente o aumento do diesel pesou.
A relação entre a paralisação dos caminhoneiros e o apelo por intervenção militar revela conexões simbólicas profundas
É importante compreender quem é esse novo velho protagonista que parou o país em maio de 2018, assim como perceber o quanto há de protagonismo real nesse personagem. Durante boa parte da segunda metade do século 20, com mais ênfase na ditadura civil-militar (1964-1985), o caminhoneirotornou-se um personagem importante da propaganda nacionalista de um Brasil em busca do progresso e do futuro. Ao longo das últimas décadas, esse mesmo personagem testemunhou essa imagem se dissolver e, junto com ela, perdeu não só renda, mas também espaço simbólico.
A propaganda da ditadura era marcada por grandes caminhões desbravando as novas estradas abertas no país, algumas delas míticas como a Transamazônica. Basta folhear as revistas da época para alcançar o que era ser um caminhoneiro no imaginário do país dos anos setenta, a serviço de um governo opressor que manipulava tanto nacionalismo como ufanismo. A relação entre a paralisação pela redução do valor do diesel e o apelo por intervenção militar, a qual uma parte dos caminhoneiros aderiu, revela conexões simbólicas mais profundas, fundamentais para compreender o que foi esse momento.
A questão de gênero marca o movimento que reivindica também a potência perdida
A imagem que se consolidou também como autoimagem era a do caminhoneiro como um desbravador do Brasil. Afinal, era preciso atribuir valor de heroísmo à profissão, para convencer pais de família a enfrentar por semanas estradas terríveis e cheias de perigos na boleia de um caminhão. Não um desbravador qualquer, mas um que avançava conduzindo grandes máquinas e empurrava o país sobre rodas enormes. Ser caminhoneiro era também ser potente. Potente no sentido masculino e arcaico do termo. Essa marca de testosterona, essa marca de gênero do movimento precisa ser levada em conta nas análises. O caminhoneiro esteve, e ainda está, ligado a três valores: ao transporte da riqueza do país, ao espírito de aventura e ao empreendedorismo, representado pela meta de comprar seu próprio caminhão. Cada família de classe média baixa tinha pelo menos um parente caminhoneiro, especialmente nas cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. Apenas como exemplo: Maria, a irmã mais querida de Luiz Inácio Lula da Silva, era esposa e mãe de caminhoneiros bastante orgulhosos da profissão, moradores dos bairros menos nobres de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
No Rio Grande do Sul, um dos polos de caminhoneiros do Brasil, parte deles é descendente de imigrantes europeus. Se transportar as mercadorias da terra não era tão valorizado quanto possuir a terra, o bem mais cobiçado que seus antepassados vieram buscar no Novo Mundo, ser caminhoneiro era, e ainda é, considerado uma profissão digna, “de homem”, e muitas vezes passava de pai para filho, com clãs de caminhoneiros preparando o churrasco de domingo enquanto as mulheres se dividiam entre a maionese de batata e o pudim de leite da sobremesa.
Num estado que mitificou a figura do gaúcho como o errante dos caminhos, de coração valente e alma livre, o caminhoneiro era o mais próximo de um cavaleiro moderno das estradas. Muitos deles eram filhos de pequenos agricultores que perderam a terra durante o processo de mecanização da agricultura ou que não tinham terra suficiente quando os filhos cresciam e constituíam sua própria família. Em vez das raízes plantadas no chão, esses herdeiros da vontade de vencer na vida e de ter um lugar no país carregavam o produto da terra para outros cantos do mundo. Como os antigos tropeiros que os caminhões foram tornando mais e mais obsoletos.
São muitas as místicas criadas em torno do caminhoneiro para, o mais rapidamente possível, atribuir tradição à profissão num país que escolheu a estrada como principal meio de transporte de bens e de pessoas. Pelo Brasil afora há canções e histórias de caminhoneiros. E muitos devem lembrar da série Carga Pesada, da TV Globo. Ao contar as aventuras de uma dupla de caminhoneiros pelo país, Pedro e Bino, interpretados por Antônio Fagundes e Stênio Garcia, a série fez muito sucesso entre 1979 e 1981. Depois, entre 2003 e 2007, foi reeditada. Era a realização na dramaturgia do brasileiro pobre, mas trabalhador, empreendedor e sonhador, lutando contra um Brasilmuitas vezes corrompido e corruptor.
Entre o autônomo e o autômato, a luta de classes é espertamente borrada
O caminhoneiro como “guerreiro das estradas” é um personagem do Brasil. Mas de um Brasil que já não é. E este é o ponto. Nos últimos vários anos, tornou-se cada vez mais difícil manter essa autoimagem. A força dessa simbologia, cevada por tantas décadas, já não era capaz de dar sentido a uma vida que se precarizava de forma acelerada. De empreendedor do asfalto o caminhoneiro passou a ser o trabalhador autônomo, que pouco ou nada tem de “autônomo”, como bem demonstrado em artigo de Vitor Araújo Filgueiras e José Dari Krein.
A palavra, convertida em mais um termo falsificador no Brasil, ganhou um sentido ainda mais perverso após a reforma trabalhista de 2017, que tornou a carne dos trabalhadores mais barata e liberou os desmandos sobre seu corpo. De autônomo a autômato, a luta de classes vai sendo encoberta, tendo como ápice essa paralisação apoiada – ou em parte articulada – por patrões.
Como os trabalhadores de muitas categorias profissionais, o caminhoneiro também foi se descobrindo sem direitos, explorado por uma jornada exaustiva, pressionado a entregar mercadorias em tempo curto demais, estressado pelo tráfego intenso e pelas estradas péssimas, ameaçado por assaltos cada vez mais violentos, com cada vez menos poder para negociar o valor dos fretes, muitas vezes trabalhando para um só transportador, mas sem direitos de empregado porque “autônomo”.
E, para completar, testemunhando a crescente ruína do seu corpo pelo excesso de horas sentado na boleia do caminhão e pela comida gordurosa da beira da estrada. Muito trabalho, pouco dinheiro, nenhum glamour. Também não é um dado qualquer que uma das principais queixas dos caminhoneiros, no campo da saúde, é a espinha que se “quebra” ou é “quebrada”, expressada pelas dores e problemas na coluna vertebral.
Também no lado de fora a propaganda ruía. O caminhoneiro é cada vez mais visto como um irresponsável que provoca acidentes, tanto quanto como um drogado que toma rebites para poder dirigir um número maior de horas e cumprir o horário dos fretes. O combate à prostituição juvenil nas estradas o generalizou também como um explorador sexual que usa as viagens para fazer sexo com meninas. Ao chegar ao fim de uma jornada extenuante, muitas vezes ainda é tratado com preconceito e descaso e recebe menos do que o prometido, sem nenhum poder de barganha em tempos de crise, porque há um outro que aceitará as piores condições para poder garantir algum sustento para a família. Longe de casa por semanas, esse mesmo caminhoneiro nem sempre consegue manter o lugar de chefe de família ao voltar, no contexto de crescente protagonismo das mulheres, hoje mais escolarizadas que os homens.
Em busca da potência perdida, o caminhoneiro confrontou um governo sem potência alguma
É também este o homem que se insurgiu parando o país. E encontrou sua potência perdida ao se confrontar com um governo sem potência alguma, dedicado a gastar suas escassas energias para manter-se no Planalto enquanto concede o que tem e o que não tem a todos que o chantageiam. Michel Temer(MDB) e seu ministério, parte dele suspeita ou já denunciada por corrupção, entregaram tudo e também a cabeça do presidente da Petrobras, que se não renunciasse cairia de qualquer modo. Para piorar, Temer chamou de novo as Forças Armadas para botar ordem na casa que sabe governar sem legitimidade. Não apenas uma parcela da população se infantiliza, como também o presidente.
Parte dos caminhoneiros sequer percebeu que fazia o jogo dos patrões que apoiaram a paralisação. Parte deles mostrou-se incapaz de enxergar que mais uma vez os donos das transportadoras botaram o corpo dos mais frágeis na linha de frente. Enquanto eram estimulados a pintar o corpo para a guerra, os caminhoneiros mais uma vez lutaram pelos interesses de seus opressores, os mesmos que deixaram para os trabalhadores precarizados a conta para pagar também dos dias sem trabalho em nome do protesto. Essa nuance do movimento não é tudo, mas parte importante da complexidade do quadro.
Quem perdeu, mais uma vez, de todos os lados, foi a maioria da população. Mas, mesmo assim, a maioria da população, como a pesquisa do Datafolha mostrou, apoiou a paralisação dos caminhoneiros. Mesmo sendo afetada pelo desabastecimento nos supermercados, nos hospitais, nos postos de gasolina, mesmo sem ônibus para chegar ao trabalho ou às escolas, a maioria dos brasileiros apoiou a paralisação dos caminhoneiros.
Em parte, é possível que a maioria da população acredite que já paga a conta, todas as contas, de qualquer modo. Em parte, é catártico diante da contenção cotidiana numa vida ruim e numa vida que não para de piorar. A vontade reprimida e tão humana de romper com todas as amarras e ter seu dia de foda-se. Ou apoiar o dia de foda-se do outro com quem se sente identificado. Não há nada mais perigoso do que aquele que não tem nada a perder. O Brasil está vivendo um momento em que cada vez mais gente tem cada vez menos a perder. E cada vez menos motivos para conter seu ódio e sua fúria.
Que Brasil os caminhoneiros mobilizaram? Me parece haver vários, incluindo uma parte da esquerda que acreditou ser possível embarcar no movimento, adicionando a ele sentidos que não tinha, como a categoria sindicalizada dos petroleiros. Ou a esquerda que acreditava ser uma traição não apoiar qualquer paralisação. E também uma parte da extrema-direita, esta mais bem sucedida, que buscou instrumentalizar a raiva dos caminhoneiros. Depois recuou, mas certamente foi beneficiada. As forças que agiram nessa paralisação ainda precisam ser expostas com mais clareza.
Me interessa particularmente esse Brasil espontâneo, sem sindicato nem clube, identificado com os caminhoneiros porque também se sente ferrado de todas as maneiras. Esse Brasil que se descobre sem perspectiva de melhorar a renda. Ou, um sentimento mais desestabilizador, sem perspectiva de deter a sua queda. Um Brasil que se sente sem lugar. E que compartilha da enorme nostalgia do que não foi, mas acreditava que pudesse ter sido. Ou que merecia ter sido. Uma nostalgia do passado que nunca houve, este que existiu apenas como possibilidade não realizada. Mas que chegou mais perto de se realizar na primeira década deste século, nos anos de Lula, hoje na cadeia e possivelmente impedido de disputar a próxima eleição.
Pelo conteúdo das manifestações, Lula não é um “herói injustiçado” para a maioria dos caminhoneiros, mas mais um “político corrupto”, o substantivo e o adjetivo hoje quase um sinônimo para uma parcela dos brasileiros. A paralisação dos caminhoneiros prova, de forma contundente, que a democracia já não responde aos anseios de melhora de vida. Mais do que um clamor por intervenção militar, o movimento revelou a profundidade da crise da democracia que se alarga no mundo, mas ganha tons singulares no Brasil.
Não tenho pesquisa para apoiar minha hipótese. Espero que alguém a esteja fazendo. Mas minha percepção através de conversas é de que os caminhoneiros mobilizaram uma grande parcela de brasileiros que se sente impotente – e se sente impotente em mais de um sentido. Como os caminhoneiros, são trabalhadores de corpos precarizados e arruinados, pessoas exauridas, exaustas e com medo.
“Pai, faça alguma coisa antes que eu tenha que mijar sentado”
Chamo atenção, mais uma vez, para as questões de sexo e de gênero. Os caminhoneiros são 99,8% homens, e as imagens dessa paralisação exacerbam testosterona. São raras as referências a homossexuais, transexuais e transgêneros nessa categoria de trabalhadores. As redes sociais e os grupos de WhatsApp mostraram que a maior parte dos protagonistas ativos eram homens supostamente ansiosos para voltar para suas famílias de modelo tradicional, das quais estariam separados pela paralisação. “Sentiram saudades de casa e da família, que rezava e pedia para que voltassem logo e bem”, escreveu em 3 de junho o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, em artigo publicado na Folha de S.Paulo.
Acredito existir algo para se compreender nessa masculinidade ameaçada pelo crescimento do protagonismo das mulheres e das pessoas LGBTs. Ameaçado, por um lado, pela perda da renda e pela precarização do trabalho, e, por outro, pela mudança dos costumes, esse homem “comum” sente-se encurralado num país que piora a cada dia. É quase previsível que uma parte desse sentimento seja canalizada para um pedido de ordem ao Exército, a instituição que representa a testosterona em estado bruto. Tipo: “Pai, faça alguma coisa antes que eu tenha que mijar sentado”.
É menos um anseio pela volta da ditadura – e mais um desejo de viver num mundo cujos códigos possa reconhecer, num momento em que se sente empobrecido, desprestigiado, sem lugar e sem perspectivas, e com as rodas atoladas em areia movediça. Essa parcela de brasileiros, que vai muito além dos caminhoneiros, mas que se sentiu representada por eles, pode criar uma versão brasileira, e por isso particular, do eleitor de Donald Trump nas eleições de 2018. Uma parcela de brasileiros que secretamente se sente impotente, de várias maneiras.
A corrupção é o guarda-chuva que permite a quem o ostenta nem precisar explicar, muito menos precisar entender o que o move de fato
A corrupção, a bandeira mais uma vez desfraldada por apoiadores da paralisação e por parte dos caminhoneiros ao longo dos dias, é um guarda-chuva que protege aquele que gosta de se apresentar como “cidadão de bem” de seus objetivos mais mesquinhos e egoístas. É fácil ser contra a corrupção. Nunca se ouviu alguém dizer que é a favor da corrupção. A corrupção é o guarda-chuva que permite a quem o ostenta não precisar explicar, muito menos precisar entender o que o move de fato, o que sempre é muito confortável.
Ao constatarmos que a maioria dos brasileiros se corrompe um pouco por dia, no que se refere às pequenas infrações, como tirar vantagem de alguma coisa, roubar no peso ou no troco, é possível desconfiar que não é a corrupção que move tanto ódio, mas um profundo descontentamento com a corrosão do cotidiano e o sentimento de impotência. Quando alguém diz que é contra a corrupção, talvez esteja gritando contra o fato de sua vida ser tão difícil e tão aquém de seus melhores esforços, no caso dos mais pobres. Ou, no caso de quem lamenta os privilégios perdidos, contra a crença de que sua vida não está à altura do que considera merecer por posição de classe.
A corrupção, no caso dessa paralisação, foi definitiva apenas no fato de o governo Temer comprometer ainda mais o investimento em saúde e educação, decisão que atinge os mais pobres de forma explícita. E fez isso justamente por temer perder o governo e ser despachado para a cadeia por... corrupção. Não é um dado lógico, uma escolha inescapável, a de cortar justamente em áreas como saúde e educação, ciência e tecnologia; cortar recursos no campo do saneamento básico, da reforma agrária e da regularização fundiária na Amazônia; na esfera do incentivo à agricultura familiar e do desenvolvimento da agricultura orgânica e de baixo carbono; no âmbito da demarcação de terras indígenas, do desenvolvimento sustentável, da oferta de água, da fiscalização ambiental e da prevenção de desastres; nas áreas das políticas públicas sobre drogas e do combate à violência contra a mulher; no setor do trabalho, do emprego e da saúde do trabalhador. Entre outros.
A escolha do que cortar e de como manejar o preço do diesel não é lógica, mas ideológica
A escolha do que cortar e de como manejar o preço do diesel não é lógica, mas ideológica, e está a serviço de um projeto de ocupação e perpetuação de poder. Os caminhoneiros são acusados de terem chantageado o governo, em especial pela parte que toca aos donos de transportadoras, suspeitos de terem promovido um locaute – greve de patrões, portanto ilegal. Mas o governo Temer, cada vez mais fraco e desmoralizado é, ao mesmo tempo, alinhado e chantageado de forma permanente por grupos com maior poder de pressão, como os ruralistas e os donos de planos de saúde.
Em 2013, Lula, Dilma Rousseff e o PT descobriram que perderam as ruas. Em 2018, as direitas que articularam o impeachment de Dilma Rousseff descobriram o que foi dito ao PT anos antes: quem acredita que controla as ruas é um idiota. Suspeito que muita gente que apoiou o impeachment em 2016, incluindo parte da imprensa, hoje esteja bastante arrependida com os rumos que o país tomou. Mas ainda sem grandeza ética para assumir seus erros publicamente. Não é só o PT que precisa fazer autocrítica, obviamente.
A irresponsabilidade de tirar do poder uma presidente ruim, mas eleita, sem base legal para isso, alargou a convicção de que o voto vale pouco no Brasil e que os resultados das eleições, caso sejam insatisfatórios para grupos de poder, podem ser alterados. Os ecos dessa violência contra a democracia se farão sentir por décadas e foram determinantes para essa paralisação que, à certa altura, acreditou poder derrubar o governo.
Se o sentimento de revolta contra a corrosão da vida moveu 2013 e move 2018, talvez seja só isso o que existe em comum. A luta original do Movimento Passe Livre (MPL), detonador das manifestações de junho de 2013, era pela ocupação do espaço público pelas pessoas. O desejo era de retomar a cidade para quem nela vive. Em 2013, caminhando sobre as próprias pernas, uma multidão descobriu uma cidade impossível de alcançar pela janela dos carros e ônibus.
A luta dos caminhoneiros de maio de 2018 é por um Brasil que já não pode ser, embora ainda será por muito tempo. O transporte ferroviário e fluvial é pífio, apesar das dimensões continentais do país e do fato de o Brasil ter o privilégio de alguns dos maiores rios do mundo correrem no seu território. As rodas dos caminhões que hoje giram em falso dizem muito sobre as escolhas do passado e do presente.
A poluição de São Paulo foi reduzida à metade durante a paralisação
A luta de 2013 era para liberar o fluxo, a de 2018 para interromper o fluxo. Não há maior símbolo dessa diferença do que a imagem agressiva dos caminhões num planeta em que é preciso reduzir as emissões de CO2. Isso se nossa espécie quiser continuar vivendo num mundo ruim, mas ainda possível. Uma das constatações mais importantes na paralisação dos caminhoneiros, ainda que pouco mencionada, foi a redução da contaminação de São Paulo: no sétimo dia do movimento, a poluição foi reduzida pela metade. Segundo matéria da Agência Fapesp, a qualidade do ar na capital paulista tornou-se “boa” em todas as estações de medição e para todos os poluentes analisados, algo muito difícil de ser registrado.
A luta de 2013 era a das capitais, a de 2018 é a dos Brasis do interior e dos subúrbios das grandes cidades. A luta de 2013 era pelo futuro, a de 2018 é pelo futuro do passado. Escutar a todos é obrigatório. E votar em outubro se torna cada dia mais importante para a defesa da democracia num país em que ela foi corrompida. Sem a democracia, nem as ruas teriam falado em 2013, nem apoiadores – ou manipuladores – da paralisação dos caminhoneiros poderiam gritar para que o tio da farda bote ordem na casa. Essa democracia imperfeita, falha e seguidamente injusta ainda é o melhor que temos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Morre jovem atacado por tubarão no Grande Recife
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José Ernesto Ferreira da Silva chegou a passar por cirurgia, amputou a perna esquerda e parte de sua genitália, mas não resistiu aos ferimentos.
Pernambuco - O jovem que foi atacado por um tubarão morreu na madrugada desta segunda-feira no Hospital da Restauração (HR), no Derby, na área da capital pernambucana. José Ernesto Ferreira da Silva, de 18 anos, chegou a passar por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Com esse caso, deve subir para 65 o número oficial de ataques e para 25 a quantidade de mortes que integram a lista do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), que registra os casos desde 1992, em Pernambuco. Para o registro, o órgão depende do laudo da morte, que ainda não foi divulgado.
José Ernesto foi atacado no domingo, na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na frente da Igrejinha de Piedade, uma das áreas mais perigosas na orla de acordo com os bombeiros.
Segundo a corporação, o jovem foi orientado pelos guarda-vidas a se aproximar da faixa de areia devido ao risco de ataque. Já foram 12 registros de incidente de tubarão na região. Além disso, há placas com informações de risco na região. Ele foi atacado no momento do alerta.
José Ernesto precisou amputar parte da perna esquerda e da genitália para conter o sangramento. O jovem ainda sofreu duas paradas cardíacas antes de ser submetido à cirurgia, que durou cerca de três horas. Ele seguiu para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. Fonte: https://odia.ig.com.br
Policial alemão atira em homem na Catedral de Berlim
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BERLIM — Um policial alemão atirou em um homem na Catedral de Berlim no domingo, informou a mídia alemã, acrescentando que as circunstâncias do incidente ainda não estão claras. Imagens postadas nas redes sociais mostram policiais armados cercando a área ao redor da catedral e duas ambulâncias estacionadas em sua entrada, uma atração turística na capital alemã.
"Por volta das 16h (local), a polícia interveio em função de uma pessoa que causava problemas, em seguida um policial fez uso de sua arma de serviço", indicou uma porta-voz da polícia à AFP, sem dar maiores detalhes.
A mídia alemã disse que a polícia foi chamada ao Berliner Dom após uma disputa entre duas pessoas no local. Pelo Twitter, a polícia alemã informou que policiais atiraram contra um homem violento, que foi ferido nas pernas. A polícia pediu ainda que as pessoas não espalhem rumores sobre o incidente. Fonte: https://oglobo.globo.com
Odor de passageiro faz avião realizar pouso de emergência: Cheiro estava impregnado
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Um grupo de turistas que viajavam entre os Países Baixos e Grã Canária, na Europa, experimentaram uma experiência incomum depois de embarcar num voo da empresa Transavia. Antes de decolar, alguns passageiros começaram a reclamar do odor dentro da aeronave. O "problema" se intensificou e o mau cheiro se tornou insuportável em pleno voo.
Foi constatado que a situação peculiar foi gerada por um dos passageiros. Para solucionar a questão, os comissários de bordo removeram o responsável pelo odor de seu assento e tentaram isolá-lo dentro de um dos banheiros, afirmou o Daily Mail.
Infelizmente nada funcionou, o cheiro parecia estar impregnado no avião. "Era como se ele não tivesse tomado banho por várias semanas. Vários passageiros ficaram ruins e tiveram que vomitar ", disse um dos turistas ao jornal.
A situação foi tão grave, que o piloto decidiu desviar o avião e fazer um pouso de "emergência". A companhia aérea disse que o aeronave havia sido desviado devido aos problemas médicos de um dos passageiros, no entanto, o porta-voz da reconheceu que o homem "cheirava mal". Fonte: www.metrojornal.com.br
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