FREI EVALDO: Feliz 2018
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FREI EVALDO: Mensagem de Natal
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FREI RAIMUNDO: Mensagem de Natal
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SR. FLÁVIO: Mensagem de Natal
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O Sr. Flávio, da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo de Salvador-BA, deixa a sua mensagem de Natal. 24 de dezembro-2017.
PRIOR OSVALDO: Mensagem de Natal
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O Sr. Osvaldo, Prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo de Salvador-BA, deixa a sua mensagem de Natal. 24 de dezembro-2017.
*OLHAR CARMELITANO: Visita de Maria Santíssima á sua prima Isabel
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Beato Frei Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista e Mártir da 2ª Guerra Mundial.
Nexo admirável entre a anunciação a Maria e a divulgação do estado de Isabel, que pediu auxilio de Maria. Mal se havia encarnado no seio purissímo da Virgem, Jesus a impele a uma obra de caridade. "Maria abiit in montanam cum festinatione" (Maria dirigiu-se ás pressas até as montanhas). Não recua diante das dificuldades da viagem. Não a retém sua novel e altíssima dignidade. Pelo contrário: "Quem dentre vós quiser ser o maior, seja o menor, o servo de todos".
Saudação entre Isabel e Maria. A resposta de Maria é o “Magnificat”, cântico incomparável, inesquecível. Palavra por palavra é de sentido belíssimo. E Maria servia, ajudava Isabel. Nasce, então, o Precursor do Messias. O "Benedictus" de Zacarias... Maria Santíssima carrega em seus braços o pequeno João e dedica-lhe os primeiros cuidados. Regressa depois a Nazaré...
Lições contidas no episódio
1- Pela nossa caridade devemos mostrar que Deus habita realmente em nós.
2 - O mistério da inabitação divina em nós deve impelir-nos a atos positivos de caridade.
3 - Jamais considerar-nos superiores ou elevados demais para obra de caridade, qualquer que seja ela.
4 - Não deixar transparecer, nessas obras, que estamos prestando um favor ao fazer isto ou aquilo. Acabaria por esvaziar nossa obra de sua maior beleza e merecimento.
5 - Alegrar-nos por podermos, com as nossas obras de caridade, preparar o caminho do Senhor ou prestar serviços aqueles que prepararam esse caminho. Gostar de urna obra oculta e indireta e alegrar-nos com as boas ações dos outros...
Colóquio com Santa Isabel
Que alegria para ela a visita de Maria, a Mãe do Senhor, para confirmar-lhe a fé, ajudá-la nas suas dificuldades. Participar da sua alegria e considerar a sua escolha.
Em companhia de Cristo, Maria Santíssima visita-nos também. Possamos receber a sua visita com humildade e sincera alegria, como Santa Isabel. "Uilde hoc mihi ut veniat Mater domini mei ad me?" (Donde me vem essa honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?).
Corno terá cuidado de João, o Precursor, depois de ter visto o exemplo de Maria! Como terá sido agradecida a Maria Santíssima! Que ela nos alcance os mesmos sentimentos...
Colóquio com Maria Santíssima
Agradecer-lhe o exemplo dado. Admirá-la em sua generosidade e disposição para servir. Pedir-lhe que visite também a nós, para auxiliarnos, principalmente em nossas obras de apostolado, quando for a nossa vez de sermos precursores de Jesus". Sua intercessão é penhor seguro da graça divina. Repetir o “Magnificat” e fazer nossos os sentimentos al expressos. Rezar sempre com especial atenção este cântico e meditá-lo. A igreja o prescreve diariamente na Liturgia das Horas. Conhecemo-lo de cor, mas como o ternos rezado displicentemente!
Excitar em nós sincera alegria pela nossa eleição, mesmo em meio a trabalhos que talvez nos decepcionem, oferecendo-nos pouco consolo humano. Então, mais do nunca: "Magnificat"!
Maria foi visitar sua prima para executar os mais simples serviços caseiros e, no entanto, os fez com o mais alegre espírito de sacrifício. Que ela nos alcance as mesmas disposições, quando tivermos de fazer algo que pouco entusiasmo desperta em nós...
Resoluções
Lembrar-nos sempre que a divina inabitação em nós deve levar-nos a atos de caridade, para manifestar que Deus vive realmente em nós e que nós vivemos dele.
Lembrar-nos de Maria Mãe e exemplo. Não nos considerarmos importantes demais para prestarmos pequenos obséquios. Alegrar-nos pelo fato de que Deus nos encarregou de uma obra, que irradia amor. Considera-lo corno privilégio, penhor de bênção, eleição honrosa...
Dois pensamentos para reter o assunto meditado
1 - Maria depois de se ter tornado Mãe de Deus, vai visitar Santa Izabel.
2 - As obras de caridade devem manifestar que Deus vive em nós.
*DO LIVRO; MINHA CELA- ESCRITOS DE UM MÁRTIR. BEATO FREI TITO BRANDSMA, O. CARM.
(Tradução: frei Bento Caspers, O. Carm. e Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm).
ORDEM TERCEIRA DO CARMO: Convite
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"Para vir a possuir tudo ..."
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São João da Cruz, Carmelita.
"Para vir a gostar de tudo,
você não quer gostar de nada.
Para vir a possuir tudo,
não quer possuir nada em nada.
Para vir a ser tudo,
não quer ser algo em nada.
Para conhecer tudo,
Não quer saber nada em nada.
Para chegar ao que você não gosta,
Você deve ir para onde não gosta.
Para chegar ao que você não conhece,
Você deve ir onde você não sabe.
Para chegar ao que você não tem,
Você tem que ir onde você não tem.
Para chegar ao que você não é,
Você deve ir para onde não está.
Quando você percebe algo,
Você deixa de se jogar no todo.
Por vir totalmente ao todo
Você deve negar-se completamente em tudo.
E quando você chegar,
Você deve tê-lo sem querer nada.
Porque, se você quiser ter algo em tudo,
você não tem seu tesouro puro em Deus ".
SAN JUAN DE LA CRUZ: Noche Oscura
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14 DE DEZEMBRO: SÃO JOÃO DA CRUZ, PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA
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*Dom Frei Francisco de Sales Alencar Batista, O. Carm. Bispo de Cajazeiras-PB.
Ant. Vinde, Subamos ao Monte do Senhor, ao Monte, que Deus escolheu para sua morada, e onde só habita a honra e a glória de Deus!
Cântico I Tb 13,8-11.13-14ab.15-16ab
Ação de Graças pela libertação do povo
Mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, a brilhar com a glória de Deus. (Ap 21,10-11)
_8 Dai graças ao senhor, vós todos, seus eleitos! *
Celebrai dias de festa e rendei-lhe homenagem!
_9 Jerusalém, Cidade Santa, o Senhor te castigou *
Por teu mau procedimento, pelo mal que praticaste.___
VIGÍLIAS
_10 Dá louvor ao teu Senhor com as tuas obras, *
para que ele novamente arme em ti a sua tenda,
_ Reúna em ti os deportados, alegrando-os sem fim! *
Ame em ti todo infeliz, pelos séculos sem fim!
=11 Resplenderás qual luz brilhante até os extremos desta
terra; † virão a ti nações de longe, dos lugares mais distantes,*
invocando o santo Nome, trazendo dons ao rei do Céu.
_ Em ti se alegrarão as gerações das gerações *
e o nome da Eleita durará por todo o sempre:
_13 Então te alegrarás pelos filhos dos teus justos, *
todos unidos, bendizendo ao Senhor, o Rei eterno.
_14 Haverão de ser ditosos todos quantos que te amam, *
encontrando em tua paz sua grande alegria.
=15 Ó minh’ alma, vem, bendize ao Senhor, o grande
Rei, † 16 pois será reconstruída sua casa em Sião, *
que para sempre há de ficar pelos séculos sem fim!
Cântico II Is 2,2-3
Todas as nações virão para a caso do Senhor
Os reis da terra levarão a sua glória e a honra à Cidade Santa de Jerusalém (Ap 21,24).
_2 Eis que vai acontecer no fim dos tempos, *
que o Monte, onde está a casa do Senhor,
_ será erguido muito acima dos outros montes *
e elevado bem mais alto que as colinas; ___
_ para ele acorrerão todas as gentes, *
3 muitos povos chegarão ai, dizendo:
- “Vinde, subamos à Montanha do Senhor, *
vamos à casa do senhor Deus de Israel, ___
_ para que ele nos ensine seus caminhos *
e trilhemos todos nós suas veredas,
_ pois de Sião a sua Lei há de sair: *
Jerusalém espalhará sua Palavra.
Cântico III Jr 7,2-7
Corrigi vossa conduta e vos farei habitar neste lugar
Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só depois volta para apresentar a tua oferta. (Mt 5,24).
_2 Escutai a palavra do Senhor, *
todos vós de Judá, que aqui entrais
_ por estas portas, a fim de adorar *
ao senhor e prostrar-vos diante dele.
=3 Assim fala o Senhor, Deus do Universo: †
“Corrigi vossa vida e conduta, *
e aqui vos farei sempre morar!
=4 Não confieis em palavras mentirosas, †
repetindo: “É o Templo do senhor! *
É o Templo, é o Templo do Senhor!”
_5 Se, porém, corrigirdes vossa vida *
e emendardes o vosso proceder,
_ se entre vós praticardes a justiça, *
se o estrangeiro, igualmente, respeitardes,
_6 não oprimirdes o órfão e a viúva *
nem disserdes calúnia contra o próximo
= nem o sangue inocente derramardes †
nem correrdes atrás de falsos deuses, *
para vossa desgraça e perdição,
=7 neste lugar vos farei sempre morar, †
na terra, que dei a vossos pais *
desde sempre e por toda a eternidade!”
VIGÍLIAS
Ant. Vinde, Subamos ao Monte do Senhor, ao Monte, que Deus escolheu para sua morada, e onde só habita a honra e a glória de Deus!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João ( Jo 12,35-36a.44b-50)
Eu, a Luz, vim ao mundo
Naquele tempo, 35Jesus respondeu: “Por pouco tempo a luz está no meio de vós. Caminhai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos envolvam. Quem caminha ns trevas não sabe para onde vai. 36Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz, para que vos torneis filhos da luz”. 44Então em alta voz disse Jesus: “Quem crê em mim, não é em mim que ele crê, mas naquele que me enviou. 45Quem me vê, vê aquele que me enviou. 46Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. 47Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia. 49Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar. 50E eu sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto o que eu digo, eu o digo conforme o Pai me falou”. Palavra da Salvação!
Hino Te Deum
Oração
Senhor, Nosso Deus, que inspirastes a São João da Cruz extraordinário amor à Cruz e perfeita abnegação de si mesmo, concedei que, imitando o seu exemplo, cheguemos á contemplação eterna da vossa glória. Por N.S.J.C.
Bendigamos ao Senhor!
*LITURGIA DAS HORAS- DO PRÓPRIO DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA E SEMPRE VIRGEM MARIA
*Atualidade de São João da Cruz para a mística e para os místicos: Alguns pontos.
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Frei Bruno Secondin, O. Carm.
Por muito tempo se considerou São João como um dos mestres no âmbito da Mística graças aos seus textos, às suas introspecções teológicas, à descrição que faz dos elementos distintivos da experiência do divino autêntica, imediata, sublime. E assim ele permanece até hoje, ao menos para aqueles que compreendem a mística como um tema, que se deve desenvolver com argumentação lógica e clareza de passagens e "conteúdos" experienciais. Com efeito, quando os "tratadistas" da espiritualidade entram no capítulo final da mística e dos seus fautores, São João está entre os autores fundamentais, que servem de sustento.
Podemos até dizer que alguns temas não podem ser explicados sem a direção plena de João da Cruz. Limito-me a dar um elenco daquilo que todos afirmam como importante. A sua linguagem sobre as purificações ativas e passivas dos sentidos e do espírito por meio das "noites", a sua ênfase sobre a função da afetividade no processo de transformação e união com Deus, o caminho da fé mais como experiência radical do que como adesão a idéias e dogmas, a riqueza do seu léxico simbólico e parabólico e a sua capacidade de criar uma "sugestão" inspiradora, a relativização e mesmo desconfiança diante da multiforme fenomenologia corpórea ou mental dos estados místicos, o sentido da transcendência e, portanto, da incapacidade de se exprimir nos confrontos do encontro com Deus.
Apresentemos agora alguns exemplos para demonstrar a sua possível atualidade no campo da mística e nos problemas que lhe dizem respeito.
Um exemplo: a imagem de um "Deus mudo", seja no sentido que a linguagem com que Deus se exprime é essencial e total ao mesmo tempo (cfr. a famosa expressão de 2S 22,7), seja no sentido da vida de fé, que deve passar pela prova do "silêncio de Deus", que chega até às fímbrias do ateísmo, da perda de sentido da vida, da tribulação interior sem luz nem esperança. Em um contexto de experiência religiosa contaminada por muitas "mensagens" e "visões", com propostas de experiências místicas, onde a "cruz" e o "vazio" são como que expulsos a priori, São João recorda que a autenticidade do encontro com Deus é comprovada pelo que é essencial no seu divino comunicar-se, pela ausência de palavras humanas adequadas para transmitir os conteúdos da experiência e pela presença da obscuridade dolorosa e da purificação profunda.
Exemplo, que ainda é inspirador para os dias de hoje, é o seu "procurar ajuda" nas Escrituras e na Igreja para poder "explicar-se" com palavras: refiro-me ao famoso prólogo da Subida (prólogo nº 2). Não é tanto o cuidado de ortodoxia ou de coerência com a fé católica que está em jogo, mas muito mais uma outra verdade, quer dizer: a palavra bíblica é o lugar de origem, decisivo, no qual o Absoluto se expressa, se fez "Palavra" no tempo. O místico, portanto, não pode estar senão em conformidade com esta linguagem originária, em profunda analogia com ela e por ela intimamente condicionado: e por este caminho será autêntico. E além disto deve estar em comunhão com a grande tradição viva da Palavra, que é a vida da Igreja: assim a sua singularidade se derrama na universalidade, enquanto assume os seus horizontes e oferece a própria contribuição como membro de um organismo vivo.
Um exemplo ainda: o seu escrever doxologicamente. Escreve não em função de alguma publicação ou para testemunhar as próprias convicções teóricas ou para expor à luz as experiências próprias. Antes escreve como complementar exercício de mistagogia e direção espiritual muito específica, pressionado por exigências de fazer entender melhor aquilo que a linguagem da poesia permite intuir, mas não é capaz de explicar. Temos de recuperar esta convicção, que nos parece às vezes não positiva: João da Cruz é parcial nos seus temas e nos seus tratados, é ocasional, é incompleto. Isto porque decidiu acompanhar de maneira eficaz o desenvolvimento de situações concretas, os estados particulares desta ou daquela alma. O seu escrever é confissão mais do que teoria abstrata e, por isso, a linguagem é muitas vezes entretecida de paradoxos, parábolas, interrupções, oximoros, suspensões.
A ligação entre poeta e escritor não é vista, antes de tudo, em termos de forma literária, mas de processos experienciais. A anchura y copia (amplitude e abundância) da experiência encontram forma principalmente numa expressão simbólica e poética, e depois, às vezes, numa explicação e numa linguagem discursivo-escolástica. Compreender de veras a São João, ou melhor, transformar-se de leitores em discípulos seus, significa repercorrer em marcha atrás o itinerário genético, isto é, da prosa para a poesia, até o momento da experiência da comunhão com Deus. Trata-se de passar da posição lógica, ascética, moral para a posição estética, simbólico-poética e para a "mística" como experiência do mistério de Deus. Muito perigoso seria reduzir São João da Cruz a um manual de modo de usar; ele faz, ao contrário, solicitações para o face a face com Deus, sem redes nem anteparos, para a vertigem do encontro e para as tribulações da participação da vida divina. Quanto a isto oferece um bom contributo o método citado da leitura dinâmica estrutural.
Como último exemplo quero acenar ao relacionamento entre São João da Cruz e Santa Teresa: as histórias e historietas todos conhecemos. Gostaria de chamar a atenção para um ponto chave diferente: Teresa de Jesus era da opinião de que muitas dificuldades na vida espiritual provêm da falta de conhecimento doutrinal por parte do diretor e, por isso mesmo, antepunha o diretor sábio ao diretor santo. João da Cruz, pelo contrário, estava convencido de que os acontecimentos lamentáveis nascem da falta de experiência autêntica. Quanto a esta visão dos fatos, cada um provavelmente partia da sua situação pessoal: João tinha feito ótimos estudos e conhecia, portanto, os riscos de uma ciência, que incha; Teresa era quase autodidata e padecia de um estranho fascínio pelos teólogos.
Um e outra, parece-me, tinham uma palavra de atualidade e de verdade. A devoção sem um mínimo de solidez doutrinal e teológica sofre o risco de estabelecer-se sobre veredas secundárias: e nisto Teresa tinha razão. Mas também a ciência abundante, sem o sustento de um coração cheio de amor e sem uma prática coerente e generosa, corre o risco de não ser atingida pela verdadeira moção transformadora do Espírito. Por isto João da Cruz é abraçado não somente como "teólogo", que doutrina, mas como testemunha de uma verdade: no coração da "doutrina" não pode estar senão o processo de transformação sempre aberto a novos horizontes. E assim a sua função de mestre não é tanto a de oferecer contribuições teológicas bem tematizadas, mas a de demonstrar que a teologia verdadeira é aquela que percorre veredas desconhecidas, que escuta o Deus Mudo, e que não tem senão palavras poéticas, parabólicas e simbólicas para anunciá-Lo, mas não profana a sua comunicação com uma enxurrada de palavras humanas.
Paradoxalmente a grandeza de São João da Cruz não consiste no desdobrar-se em detalhes, mas no ter sabido esconder o mistério conhecido, no ter reconhecido e testemunhado o risco da palavra que obscurece e profana, o risco da explicação que empobrece e torna esvanecida a realidade íntima. Os seus ensinamentos sobre mística aprendem-se quando não fazemos da sua herança uma espécie de enchirídion de teologia espiritual, mas antes de tudo uma contestação da nossa necessidade de deixar tudo claro, de explicar, de classificar.
*A MÍSTICA NO SÉCULO XX: TEORIAS E EXPERIÊNCIAS : A presença de São João da Cruz
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