Angelus: Eucaristia implica união a Cristo e ao próximo
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Em sua alocução dominical, o Papa falou de dois efeitos da celebração eucarística: o efeito místico e o efeito comunitário.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano (14/06/2020)
Após celebrar a missa de Corpus Christi neste domingo, o Papa Francisco rezou da janela de seu escritório a oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Em sua alocução, falou de dois efeitos da celebração eucarística: o efeito místico e o efeito comunitário.
Sem a nossa transformação, missas são ritos vazios
O efeito místico ou espiritual diz respeito à união com Cristo, que no pão e no vinho se oferece para a salvação de todos.
“Jesus está presente no sacramento da Eucaristia para ser o nosso nutrimento, para ser assimilado e se tornar força renovadora." Mas isso requer o nosso consenso, a nossa disponibilidade para nos deixar transformar; do contrário, advetiu o Papa, "as celebrações eucarísticas se reduzem a ritos vazios e formais".
Muitos vão à missa como ato social, disse o Pontífice, mas o mistério é outra coisa: "é Jesus presente, que vem para nos nutrir".
Sincera fraternidade
O segundo efeito é comunitário, isto é, da comunhão recíproca entre os que participam da Eucaristia, a ponto de se tornar um só corpo.
“Não se pode participar da Eucaristia sem se comprometer numa sincera fraternidade recíproca.”
Mas sabendo que as forças humanas não são suficientes, pois entre os discípulos haverá sempre a tentação da rivalidade, o Senhor nos deixou o Sacramento da sua Presença real, concreta e permanente.
Este é o dúplice fruto da Eucaristia: a união com Cristo e a comunhão entre os que se nutrem Dele. Citando a Constituição conciliar Lumen gentium, Francisco recordou que a Igreja faz a Eucaristia, mas é mais fundamental que a Eucaristia faz a Igreja e lhe permite ser a sua missão antes mesmo de realizá-la.
“Este é o mistério da Eucaristia: receber Jesus para que nos transforme interiormente, para que faça a unidade entre nós, não a divisão.”
“Que Nossa Senhora nos ajude a acolher sempre com estupor e gratidão o grande dom que Jesus nos fez deixando-nos o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue”, foi a oração final do Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Domingo de Pentecostes-Homilia do Papa: “O segredo da unidade na Igreja, o segredo do Espírito, é o dom”
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“Peçamos o Espírito Santo, memória de Deus, reavivai em nós a lembrança do dom recebido. Libertai-nos das paralisias do egoísmo e acendei em nós o desejo de servir, de fazer bem. Porque pior do que esta crise, só o drama de a desperdiçar fechando-nos em nós mesmos. Vinde, Espírito Santo! Vós que sois harmonia, tornai-nos construtores de unidade; Vós que sempre Vos doais, dai-nos a coragem de sair de nós mesmos, de nos amar e ajudar, para nos tornarmos uma única família. Amém”
Cidade do Vaticano
“O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?”. Na homilia da Missa na Solenidade de Pentecostes, celebrada no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, com a presença de 50 fiéis, o Papa Francisco falou sobre a unidade como dom do Espírito Santo.
E começou, partindo da Igreja nascente: «Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo – escreve Paulo aos Coríntios –; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; e há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos».
Diversos, unidos pelo Espírito Santo
“Diversidade – o mesmo, diversos – um só”. O Apóstolo – observa o Papa - insiste em juntar duas palavras que parecem opostas. Quer-nos dizer que este um só que junta os diversos é o Espírito Santo. E a Igreja nasceu assim: diversos, unidos pelo Espírito Santo”.
O Papa recordou que entre os apóstolos havia “pessoas simples, habituadas a viver do trabalho das suas mãos, como os pescadores”, mas também Mateus, “certamente dotado de instrução pois fora cobrador de impostos”. Ou seja, há “origens e contextos sociais diversos, nomes hebraicos e nomes gregos, temperamentos pacatos e outros ardorosos, ideias e sensibilidades diferentes. Todos eram diferentes”.
A união vem com a unção
“Jesus - enfatizou Francisco - não os mudara, nem os uniformizara, tornando-os modelos em série. Não! Deixara as suas diversidades; e agora une-os, ungindo-os com o Espírito Santo. A união vem com a unção.”
Em Pentecostes, “os Apóstolos compreendem a força unificadora do Espírito”, pois constatam, que apesar de todos falarem línguas diversas, “formam um só povo: o povo de Deus, plasmado pelo Espírito, que tece a unidade com as nossas diferenças, que dá harmonia porque é harmonia”.
Voltando para a Igreja hoje, o Papa pergunta: «O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?», pois também entre nós “existem diversidades, por exemplo de opinião, preferência, sensibilidade”. Mas a tentação, “é defender sempre de espada desembainhada as nossas ideias, considerando-as boas para todos e pactuando apenas com quem pensa como nós. E esta é uma má tentação que divide”.
Nosso princípio de unidade é o Espírito Santo
Mas esta – ressalta o Papa – “é uma fé à nossa imagem”, em que aquilo que nos une “são as próprias coisas em que acreditamos e os próprios comportamentos que adotamos”. Mas “o nosso princípio de unidade é o Espírito Santo. E a primeira coisa que Ele nos lembra é que somos filhos amados de Deus. Todos iguais nisso, e todos diferentes”:
“O Espírito vem a nós, com todas as nossas diversidades e misérias, para nos dizer que temos um só e mesmo Senhor, Jesus, e um só e mesmo Pai; por isso, somos irmãos e irmãs. Partamos daqui! Olhemos a Igreja como faz o Espírito, não como faz o mundo. O mundo vê-nos de direita e de esquerda, com esta ideologia, com aquela outra; o Espírito vê-nos do Pai e de Jesus. O mundo vê conservadores e progressistas; o Espírito vê filhos de Deus. O olhar do mundo vê estruturas, que se devem tornar mais eficientes; o olhar espiritual vê irmãos e irmãs implorando misericórdia. O Espírito ama-nos e conhece o lugar de cada um no todo: para Ele não somos papelinhos coloridos levados pelo vento, mas ladrilhos insubstituíveis do seu mosaico”
O perigo da "Igreja ninho"
Voltando ao dia de Pentecostes, o Papa observa que a primeira obra da Igreja é “o anúncio”:
“Vemos, porém, que os Apóstolos não preparam uma estratégia; quando estavam fechado ali, no Cenáculo, não faziam uma estratégia, não preparavam um plano pastoral. Teriam podido dividir as pessoas por grupos segundo os vários povos, falar primeiro aos de perto e depois aos que eram de longe, tudo organizado. Teriam podido também temporizar um pouco no anúncio e, entretanto, aprofundar os ensinamentos de Jesus, para evitar riscos... Mas não! O Espírito não quer que a recordação do Mestre seja cultivada em grupos fechados, em cenáculos onde tendemos a «fazer o ninho». E esta é uma séria doença que pode ocorrer na Igreja: a Igreja não comunidade, não família, não mãe, mas ninho. O Espírito abre, relança, impele para além do que já foi dito e feito, Ele impele para mais além dos recintos duma fé tímida e cautelosa”.
O segredo da unidade é o dom
Diferentemente do mundo que precisa de uma “estrutura compacta e uma estratégia calculada”, na Igreja – disse o Santo Padre - é o Espírito que assegura ao arauto a unidade”. Assim, os Apóstolos partem “sem preparação, lançam-se, saem. Anima-os um único desejo: dar o que receberam.”
E isso, leva-nos a compreender que “o segredo da unidade, o segredo do Espírito. O segredo da unidade na Igreja, o segredo do Espírito, é o dom. Porque Ele é dom, vive doando-Se e, assim, nos mantém unidos, fazendo-nos participantes do mesmo dom”:
“É importante acreditar que Deus é dom, que não se comporta tomando, mas dando. E por que é importante? Porque o nosso modo de ser crentes depende de como entendermos Deus. Se tivermos em mente um Deus que toma e que Se impõe, desejaremos também nós tomar e impor-nos: ocupar espaços, reivindicar importância, procurar poder."
“Mas, se tivermos no coração que Deus é dom, muda tudo. Se nos dermos conta de que aquilo que somos é dom d’Ele, dom gratuito e imerecido, então também nós quereremos fazer da vida um dom. E amando humildemente, servindo gratuitamente e com alegria, ofereceremos ao mundo a verdadeira imagem de Deus.”
Os três inimigos do dom
O Espírito, memória viva da Igreja, lembra-nos que nascemos de um dom e crescemos doando-nos; não poupando-nos, mas dando-nos.
O Papa então nos convida a olhar no íntimo de nós mesmos e nos perguntar o que é que impede de nos darmos, indicando três inimigos do dom, “sempre deitados à porta do coração: o narcisismo, a vitimização e o pessimismo”.
O narcisimo
“O narcisismo leva a idolatrar-me a mim mesmo, a comprazer-me apenas com o lucro próprio. O narcisista pensa: «A vida é boa, se eu ganho com ela». E assim chega a dizer: «Por que deveria eu doar-me aos outros?» Nesta pandemia, faz um mal imenso o narcisismo, o debruçar-se apenas sobre as próprias carências, insensível às dos outros, o não admitir as próprias fragilidades e erros.
A vitimização
Mas o segundo inimigo, a vitimização, também é perigoso. A vítima lamenta-se todos os dias do seu próximo: «Ninguém me compreende, ninguém me ajuda, ninguém me quer bem, estão todos contra mim!» E o seu coração fecha-se, enquanto se interroga: «Por que não se doam a mim os outros?» Quantas vezes ouvimos estas lamentações! No drama que vivemos, como é má a vitimização! Como é mau pensar que ninguém nos compreende e sente aquilo que sentimos nós. Isso é a vitimização!
O pessimismo
Por fim, temos o pessimismo. Neste caso, a ladainha diária é: «Nada vai bem, a sociedade, a política, a Igreja...» O pessimista insurge-se contra o mundo, mas fica inerte e pensa: «Assim para que serve doar-se? É inútil». Agora, no grande esforço de recomeçar, como é prejudicial o pessimismo, ver tudo negro, repetir que nada voltará a ser como antes!”
Com este tipo de pensamento – observou Francisco - o que seguramente não volta é a esperança: "Nestes três - o ídolo narcisista do espelho, o deus-espelho; o deus-lamentação: "eu me sinto pessoa nas lamentações"; e o deus-negatividade: "tudo é escuro" - , “encontramo-nos na carestia da esperança e precisamos apreciar o dom da vida, o dom que é cada um de nós. Por isso, necessitamos do Espírito Santo, dom de Deus que nos cura do narcisismo, da vitimização e do pessimismo, nos cura do espelho, das lamentações e do escuro.”
Construtores de unidade
O Pontífice concluiu sua homilia com a oração:
“Irmãos e irmãs, rezemos: Espírito Santo, memória de Deus, reavivai em nós a lembrança do dom recebido. Libertai-nos das paralisias do egoísmo e acendei em nós o desejo de servir, de fazer bem. Porque pior do que esta crise, só o drama de a desperdiçar fechando-nos em nós mesmos. Vinde, Espírito Santo! Vós que sois harmonia, tornai-nos construtores de unidade; Vós que sempre Vos doais, dai-nos a coragem de sair de nós mesmos, de nos amar e ajudar, para nos tornarmos uma única família. Amém”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Francisco: “A Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo"
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“Obrigado por nos recordar que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo”, disse o Papa Francisco ao concluir no meio-dia da sexta-feira, 23 de fevereiro, os Exercícios Espirituais da Quaresma da cúria com um agradecimento ao Pe. José Tolentino Mendonça, encarregado das meditações, nas quais abordou a questão das periferias e da sede de Deus, e colocou preto no branco alguns dos pecados das estruturas eclesiásticas.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 23-02-2018. A tradução é de André Langer.
“Padre, gostaria de agradecer, em nome de todos, por este acompanhamento nestes dias, que hoje se estenderá com o dia de oração e jejum pelo Sudão do Sul, Congo e Síria”, disse Francisco no final da última meditação e da missa de encerramento dos exercícios.
O Papa agradeceu a Tolentino “por nos falar sobre a Igreja, por nos fazer sentir a Igreja, este pequeno rebanho”. E também, enfatizou, por “nos ter advertido a não ‘encolhê-la’ com os nossos mundanismos burocráticos”.
“Obrigado por nos lembrar que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo, que o Espírito também voa e trabalha fora”, enfatizou o Pontífice, ressaltando a necessidade de trabalhar também com os “não-crentes, as pessoas de outras religiões”, pois “o Espírito de Deus é universal, é para todos”. Mesmo para “os centuriões, os ‘Cornelios’, os guardiões da prisão de Pedro”, que “vivem uma busca interior e sabem distinguir quando há algo que chama”.
“Obrigado – acrescentou ele – por essa chamada a nos abrir sem medo, sem rigidez, para sermos suaves no Espírito e não nos mumificar nas nossas estruturas que nos fecham”. “Somos homens, pecadores, todos”, concluiu suas palavras Bergoglio, agradecendo novamente ao poeta português por suas reflexões.
“Obrigado, Padre, por nos ter falado da Igreja, por nos ter feito sentir a Igreja, este pequeno rebanho. E também por nos ter advertido a não ‘encolhê-la’ com os nossos mundanismos burocráticos! Obrigado por nos ter recordado que a Igreja não é uma gaiola para o Espírito Santo, que o Espírito voa também fora e trabalha fora. E com as citações e as coisas que o senhor nos disse, nos fez ver como trabalha nos não crentes, nos ‘pagãos’, nas pessoas de outras confissões religiosas: é universal, é o Espírito de Deus, que é para todos. Também hoje existem os ‘Cornélios’, ‘centuriões’, ‘guardiões da prisão de Pedro’ que vivem uma busca interior ou sabem também distinguir quando há algo que chama. Obrigado por esta chamada a nos abrir sem medo, sem rigidez, para sermos suaves no Espírito e não nos mumificar nas nossas estruturas que nos fecham. Obrigado, padre. E continue a rezar por nós. Como dizia a madre superiora às irmãs: ‘Somos homens!’, pecadores, todos. Obrigado, padre. E que o Senhor o abençoe.” Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Mensagem para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais
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Propomos na íntegra a Mensagem do Papa Francisco para o 54º Dia Mundial das Comunicações Sociais
« “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2). A vida faz-se história »
Desejo dedicar a Mensagem deste ano ao tema da narração, pois, para não nos perdermos, penso que precisamos de respirar a verdade das histórias boas: histórias que edifiquem, e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos. Na confusão das vozes e mensagens que nos rodeiam, temos necessidade duma narração humana, que nos fale de nós mesmos e da beleza que nos habita; uma narração que saiba olhar o mundo e os acontecimentos com ternura, conte a nossa participação num tecido vivo, revele o entrançado dos fios pelos quais estamos ligados uns aos outros.
1- Tecer histórias
O homem é um ente narrador. Desde pequenos, temos fome de histórias, como a temos de alimento. Sejam elas em forma de fábula, romance, filme, canção, ou simples notícia, influenciam a nossa vida, mesmo sem termos consciência disso. Muitas vezes, decidimos aquilo que é justo ou errado com base nos personagens e histórias assimiladas. As narrativas marcam-nos, plasmam as nossas convicções e comportamentos, podem ajudar-nos a compreender e dizer quem somos.
O homem não só é o único ser que precisa de vestuário para cobrir a própria vulnerabilidade (cf. Gn 3, 21), mas também o único que tem necessidade de narrar-se a si mesmo, «revestir-se» de histórias para guardar a própria vida. Não tecemos apenas roupa, mas também histórias: de facto, servimo-nos da capacidade humana de «tecer» quer para os tecidos, quer para os textos. As histórias de todos os tempos têm um «tear» comum: a estrutura prevê «heróis» – mesmo do dia-a-dia – que, para encalçar um sonho, enfrentam situações difíceis, combatem o mal movidos por uma força que os torna corajosos, a força do amor. Mergulhando dentro das histórias, podemos voltar a encontrar razões heroicas para enfrentar os desafios da vida.
O homem é um ente narrador, porque em devir: descobre-se e enriquece-se com as tramas dos seus dias. Mas, desde o início, a nossa narração está ameaçada: na história, serpeja o mal.
2- Nem todas as histórias são boas
«Se comeres, tornar-te-ás como Deus» (cf. Gn 3, 4): esta tentação da serpente introduz, na trama da história, um nó difícil de desfazer. «Se possuíres…, tornar-te-ás…, conseguirás…»: sussurra ainda hoje a quem se utiliza do chamado storytelling para fins instrumentais. Quantas histórias nos narcotizam, convencendo-nos de que, para ser felizes, precisamos continuamente de ter, possuir, consumir. Quase não nos damos conta de quão ávidos nos tornamos de bisbilhotices e intrigas, de quanta violência e falsidade consumimos. Frequentemente, nos «teares» da comunicação, em vez de narrações construtivas, que solidificam os laços sociais e o tecido cultural, produzem-se histórias devastadoras e provocatórias, que corroem e rompem os fios frágeis da convivência. Quando se misturam informações não verificadas, repetem discursos banais e falsamentepersuasivos, percutem com proclamações de ódio, está-se, não a tecer a história humana, mas a despojar o homem da sua dignidade.
Mas, enquanto as histórias utilizadas para proveito próprio ou ao serviço do poder têm vida curta, uma história boa é capaz de transpor os confins do espaço e do tempo: à distância de séculos, permanece atual, porque nutre a vida.
Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o deepfake), precisamos de sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas. Necessitamos de coragem para rejeitar as falsas e depravadas. Precisamos de paciência e discernimento para descobrirmos histórias que nos ajudem a não perder o fio, no meio das inúmeras lacerações de hoje; histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia.
3- A História das histórias
A Sagrada Escritura é uma História de histórias. Quantas vicissitudes, povos, pessoas nos apresenta! Desde o início, mostra-nos um Deus que é simultaneamente criador e narrador: de facto, pronuncia a sua Palavra e as coisas existem (cf. Gn 1). Deus, através deste seu narrar, chama à vida as coisas e, no apogeu, cria o homem e a mulher como seus livres interlocutores, geradores de história juntamente com Ele. Temos um Salmo onde a criatura se conta ao Criador: «Tu modelaste as entranhas do meu ser e teceste-me no seio de minha mãe. Dou-Te graças por me teres feito uma maravilha estupenda (…). Quando os meus ossos estavam a ser formados, e eu, em segredo, me desenvolvia, recamado nas profundezas da terra, nada disso Te era oculto» (Sal 139/138, 13-15). Não nascemos perfeitos, mas necessitamos de ser constantemente «tecidos» e «recamados». A vida foi-nos dada como convite a continuar a tecer a «maravilha estupenda» que somos.
Neste sentido, a Bíblia é a grande história de amor entre Deus e a humanidade. No centro, está Jesus: a sua história leva à perfeição o amor de Deus pelo homem e, ao mesmo tempo, a história de amor do homem por Deus. Assim, o homem será chamado, de geração em geração, a contar e fixar na memória os episódios mais significativos desta História de histórias: os episódios capazes de comunicar o sentido daquilo que aconteceu.
O título desta Mensagem é tirado do livro do Êxodo, narrativa bíblica fundamental que nos faz ver Deus a intervir na história do seu povo. Com efeito, quando os filhos de Israel, escravizados, clamam por Ele, Deus ouve e recorda-Se: «Deus recordou-Se da sua aliança com Abraão, Isaac e Jacob. Deus viu os filhos de Israel e reconheceu-os» (Ex 2, 24-25). Da memória de Deus brota a libertação da opressão, que se verifica através de sinais e prodígios. E aqui o Senhor dá a Moisés o sentido de todos estes sinais: «Para que possas contar e fixar na memória do teu filho e do filho do teu filho (…) os meus sinais que Eu realizei no meio deles. E vós conhecereis que Eu sou o Senhor» (Ex 10, 2). A experiência do Êxodo ensina-nos que o conhecimento de Deus se transmite sobretudo contando, de geração em geração, como Ele continua a tornar-Se presente. O Deus da vida comunica-Se, narrando a vida.
O próprio Jesus falava de Deus, não com discursos abstratos, mas com as parábolas, breves narrativas tiradas da vida de todos os dias. Aqui a vida faz-se história e depois, para o ouvinte, a história faz-se vida: tal narração entra na vida de quem a escuta e transforma-a.
Também os Evangelhos – não por acaso – são narrações. Enquanto nos informam acerca de Jesus, «performam-nos»[1] à imagem de Jesus, configuram-nos a Ele: o Evangelho pede ao leitor que participe da mesma fé para partilhar da mesma vida. O Evangelho de João diz-nos que o Narrador por excelência – o Verbo, a Palavra – fez-Se narração: «O Filho unigénito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem O contou» (1, 18). Usei o termo «contou», porque o original exeghésato tanto se pode traduzir «revelou» como «contou». Deus teceu-Se pessoalmente com a nossa humanidade, dando-nos assim uma nova maneira de tecer as nossas histórias.
4- Uma história que se renova
A história de Cristo não é um património do passado; é a nossa história, sempre atual. Mostra-nos que Deus tomou a peito o homem, a nossa carne, a nossa história, a ponto de Se fazer homem, carne e história. E diz-nos também que não existem histórias humanas insignificantes ou pequenas. Depois que Deus Se fez história, toda a história humana é, de certo modo, história divina. Na história de cada homem, o Pai revê a história do seu Filho descido à terra. Cada história humana tem uma dignidade incancelável. Por isso, a humanidade merece narrações que estejam à sua altura, àquela altura vertiginosa e fascinante a que Jesus a elevou.
Vós «sois uma carta de Cristo – escrevia São Paulo aos Coríntios –, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações» (2 Cor 3, 3). O Espírito Santo, o amor de Deus, escreve em nós. E, escrevendo dentro de nós, fixa em nós o bem, recorda-no-lo. De facto, re-cordar significa levar ao coração, «escrever» no coração. Por obra do Espírito Santo, cada história, mesmo a mais esquecida, mesmo aquela que parece escrita em linhas mais tortas, pode tornar-se inspirada, pode renascer como obra-prima, tornando-se um apêndice de Evangelho. Assim as Confissões de Agostinho, o Relato do Peregrino de Inácio, a História de uma alma de Teresinha do Menino Jesus, os Noivos prometidos (Promessi sposi) de Alexandre Manzoni, os Irmãos Karamazov de Fiódor Dostoevskij… e inumeráveis outras histórias, que têm representado admiravelmente o encontro entre a liberdade de Deus e a do homem. Cada um de nós conhece várias histórias que perfumam de Evangelho: testemunham o Amor que transforma a vida. Estas histórias pedem para ser partilhadas, contadas, feitas viver em todos os tempos, com todas as linguagens, por todos os meios.
5- Uma história que nos renova
Em cada grande história, entra em jogo a nossa história. Ao mesmo tempo que lemos a Escritura, as histórias dos Santos e outros textos que souberam ler a alma do homem e trazer à luz a sua beleza, o Espírito Santo fica livre para escrever no nosso coração, renovando em nós a memória daquilo que somos aos olhos de Deus. Quando fazemos memória do amor que nos criou e salvou, quando metemos amor nas nossas histórias diárias, quando tecemos de misericórdia as tramas dos nossos dias, nesse momento estamos a mudar de página. Já não ficamos atados a lamentos e tristezas, ligados a uma memória doente que nos aprisiona o coração, mas, abrindo-nos aos outros, abrimo-nos à própria visão do Narrador. Nunca é inútil narrar a Deus a nossa história: ainda que permaneça inalterada a crónica dos factos, mudam o sentido e a perspetiva. Narrarmo-nos ao Senhor é entrar no seu olhar de amor compassivo por nós e pelos outros. A Ele podemos narrar as histórias que vivemos, levar as pessoas, confiar situações. Com Ele, podemos recompor o tecido da vida, cosendo as ruturas e os rasgões. Quanto nós, todos, precisamos disso!
Com o olhar do Narrador – o único que tem o ponto de vista final –, aproximamo-nos depois dos protagonistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente connosco da história de hoje. Sim, porque ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança. Mesmo quando narramos o mal, podemos aprender a deixar o espaço à redenção; podemos reconhecer, no meio do mal, também o dinamismo do bem e dar-lhe espaço.
Por isso, não se trata de seguir as lógicas do storytelling, nem de fazer ou fazer-se publicidade, mas de fazer memória daquilo que somos aos olhos de Deus, testemunhar aquilo que o Espírito escreve nos corações, revelar a cada um que a sua história contém maravilhas estupendas. Para o conseguirmos fazer, confiemo-nos a uma Mulher que teceu a humanidade de Deus no seio e – diz o Evangelho – teceu conjuntamente tudo o que Lhe acontecia. De facto, a Virgem Maria tudo guardou, meditando-o no seu coração (cf. Lc 2, 19). Peçamos-Lhe ajuda a Ela, que soube desatar os nós da vida com a força suave do amor:
Ó Maria, mulher e mãe, Vós tecestes no seio a Palavra divina, Vós narrastes com a vossa vida as magníficas obras de Deus. Ouvi as nossas histórias, guardai-as no vosso coração e fazei vossas também as histórias que ninguém quer escutar. Ensinai-nos a reconhecer o fio bom que guia a história. Olhai o cúmulo de nós em que se emaranhou a nossa vida, paralisando a nossa memória. Pelas vossas mãos delicadas, todos os nós podem ser desatados. Mulher do Espírito, Mãe da confiança, inspirai-nos também a nós. Ajudai-nos a construir histórias de paz, histórias de futuro. E indicai-nos o caminho para as percorrermos juntos.
Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2020.
[Franciscus]
[1] Cf. Bento XVI, Carta enc. Spe salvi (30/XI/2007), 2: «A mensagem cristã não era só "informativa", mas "performativa". Significa isto que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera factos e muda a vida».
Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 18. “João Paulo II, homem de oração, proximidade e justiça que é misericórdia”. Papa Francisco
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Francisco celebrou esta segunda-feira (18/05) na Basílica de São Pedro, na Capela onde se encontra o Túmulo do São João Paulo II, no centenário do nascimento do Papa polonês. Na homilia, afirmou que Deus visitou o seu povo enviando o Papa Wojtyla para guiar a Igreja e ressaltou três traços da sua personalidade: a oração, a proximidade às pessoas e um sentido pleno de justiça que jamais se pode separar da misericórdia
Vatican News
No centésimo aniversário do nascimento de São João Paulo II (18 de maio de 1920), o Papa Francisco presidiu a Missa na capela da Basílica de São Pedro onde se encontra o túmulo do Papa Wojtyla. Entre os concelebrantes, o vigário do Papa para a Cidade do Vaticano e arcipreste da Basílica Vaticana, cardeal Angelo Comastri; o esmoleiro apostólico, o cardeal polonês Konrad Krajewski; dom Piero Marini, durante 18 anos mestre das celebrações litúrgicas no Pontificado de João Paulo II; e o arcebispo polonês Jan Romeo Pawłowski, chefe da terceira Seção da Secretaria de Estado que se ocupa dos diplomatas da Santa Sé.
Esta foi a última das Missas da manhã celebradas ao vivo streaming por Francisco desde 9 de março passado, após a suspensão das celebrações com a participação de fiéis por causa da pandemia da Covid-19. Com a retomada na Itália, e em outros países, das celebrações com fiéis, cessa, a partir de amanhã, 19 de maio, a transmissão ao vivo da Missa das 7h locais da Casa Santa Marta. O Papa faz votos de que o povo de Deus possa voltar à familiaridade comunitária com o Senhor nos sacramentos, sempre respeitando – como disse ontem, no Regina Caeli dominical – as prescrições estabelecidas para a saúde de todos. A Basílica de São Pedro saneada sexta-feira passada.
O Papa, recitando a oração da Coleta, rezou “Deus, rico de misericórdia”, que colocastes “o Santo João Paulo II” à frente da vossa Igreja, fazei que, “instruídos pelos seus ensinamentos, abramos confiadamente os nossos corações à graça salvadora de Cristo, único Redentor do homem”.
Na homilia, o Papa recordou que “o Senhor ama o seu povo” e o povo de Israel “quando o Senhor por este amor enviava um profeta, um homem de Deus, dizia: “O Senhor visitou o seu povo, porque o ama”. E o esmo dizia a multidão que seguia Jesus vendo as coisas que fazia: “O Senhor visitou o seu povo”. “E hoje nós aqui podemos dizer: cem anos atrás o Senhor visitou o seu povo, enviou um homem, o preparou para ser bispo e guiar a Igreja”. “O Senhor ama o seu povo, o Senhor visitou o seu povo, enviou um pastor”.
Francisco indicou três traços do bom pastor que se encontram em São João Paulo II: “A oração, a proximidade ao povo, e o amor pela justiça. São João Paulo II era um homem de Deus porque rezava e rezava muito”, apesar do muito trabalho que tinha para guiar a Igreja. “Ele bem sabia que a primeira tarefa de um bispo é rezar” e “ele o sabia, ele o fazia. Modelo de bispo que reza, a primeira tarefa. E nos ensinou que à noite, quando um bispo faz o exame de consciência, deve perguntar-se: quantas horas rezei hoje? Um homem de oração”.
“Segundo traço, um homem de proximidade. Não era um homem separado do povo, aliás, ia encontrar o povo e rodou o mundo inteiro, encontrando o seu povo, buscando o seu povo, fazendo-se próximo. E a proximidade é um dos traços de Deus com o seu povo. Recordamos que o Senhor diz ao povo de Israel: ‘Olha, qual povo teve seus deuses tão próximos como tu comigo?’. Uma proximidade de Deus com o povo que depois se faz estreita em Jesus, se faz forte em Jesus. Um pastor é próximo do povo, do contrário não é pastor, é um hierarca, é um administrador, talvez bom, mas não é pastor. Proximidade ao povo. E São João Paulo II nos deu o exemplo desta proximidade: próximo dos grandes e dos pequenos, dos de perto e dos de longe, sempre próximo, se fazia próximo”.
“Terceiro traço, o amor pela justiça. Mas a justiça plena! Um homem que queria a justiça, a justiça social, a justiça dos povos, a justiça que expulsa as guerras. Mas a justiça plena! Por isso São João Paulo II era o homem da misericórdia porque justiça e misericórdia caminham juntas, não se podem distinguir, estão juntas: justiça é justiça, misericórdia é misericórdia, mas uma sem a outra não está bem. E falando do homem da justiça e da misericórdia, pensemos o muito que São João Paulo II fez para que as pessoas entendessem a misericórdia de Deus. Pensemos como ele levou adiante a devoção a Santa Faustina”, cuja memória litúrgica agora é estendida à Igreja no mundo inteiro. “Ele havia sentido que a justiça de Deus tinha esta face de misericórdia, esta atitude de misericórdia. E este é um dom que nos deixou: a justiça-misericórdia e a misericórdia justa.”
“Peçamos a ele hoje, que nos dê a todos nós, especialmente aos pastores da Igreja, mas a todos, a graça da oração, a graça da proximidade e a graça da justiça-misericórdia, misericórdia-justiça.”
Ao término da Missa, Francisco pediu a Deus que suscite em nós “a chama da caridade que alimentou incessantemente a vida de São João Paulo II” e “o impeliu a gastar-se” pela Igreja.
Entre os cantos durante a Missa, um dos mais conhecidos das Jornadas Mundiais da Juventude, “Jesus Christ you are my life”, entoado durante a vigília da JMJ de Torvergata, em Roma, no ano 2000 com um João Paulo II que de modo comovente movimentava os braços erguidos acompanhando os jovens que cantavam:
Jesus Christ you are my life, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo, você é minha vida.
Você é o caminho, é a verdade,
Você é a nossa vida,
Caminhando com Você
Viveremos em Você para sempre.
Na alegria caminharemos
Trazendo seu Evangelho;
Testemunho de caridade,
Filhos de Deus no mundo.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
“O Senhor ama o seu povo” (Sl 149,4), cantamos, era o refrão do canto entre as leituras e também uma verdade que o povo de Israel repete, gostava de repetir: “O Senhor ama o seu povo” e nos momentos difíceis, sempre “o Senhor ama”; deve-se esperar como este amor se manifestará. Quando o Senhor por este amor enviava um profeta, um homem de Deus, a reação do povo era: “Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16 cf. Lc 1,68 Êx 4,31), porque o ama, “o visitou”. E o mesmo dizia a multidão que seguia Jesus vendo as coisas que Jesus fazia: “Deus visitou o seu povo”. E hoje nós aqui podemos dizer: cem anos atrás o Senhor visitou o seu povo, enviou um homem, o preparou para ser bispo e guiar a Igreja. Recordando São João Paulo II retomemos isto: “O Senhor ama o seu povo”, o Senhor visitou o seu povo, enviou um pastor.
E quais são, digamos, “os traços” de bom pastor que podemos encontrar em São João Paulo II? Muitos! Mas digamos três deles somente. Como dizem que os jesuítas sempre dizem as coisas... três, digamos três: a oração, a proximidade ao povo, e o amor pela justiça. São João Paulo II era um homem de Deus porque rezava e rezava muito. Mas como pode um homem que tem tanto o que fazer, tanto trabalho para guiar a Igreja... ter tanto tempo para oração? Ele bem sabia que a primeira tarefa de um bispo é rezar e isso não foi o Vaticano II que disse, o disse São Pedro, quando com os Doze escolheu os diáconos, disseram: “E a nós bispos, a oração e o anúncio da Palavra” (cf At 6,4).
A primeira tarefa de um bispo é rezar. E ele sabia disso, ele o fazia. Modelo de bispo que reza, a primeira tarefa. E nos ensinou que à noite, quando um bispo faz o exame de consciência, deve perguntar-se: hoje, quantas horas rezei? Um homem de oração.
Segundo traço, um homem de proximidade. Não era um homem separado do povo, aliás, ia encontrar o povo e rodou o mundo inteiro, encontrando o seu povo, buscando o seu povo, fazendo-se próximo. E a proximidade é um dos traços de Deus com o seu povo. Recordemos que o Senhor diz ao povo de Israel: “Olha, qual povo teve deuses tão próximos como eu contigo?” (cf. Dt 4,7). Uma proximidade de Deus com o povo que depois se torna estreita em Jesus, se torna forte em Jesus. Um pastor é próximo do povo, do contrário, se não o é, não é pastor, é um hierarca, é um administrador, talvez bom, mas não é pastor. Proximidade ao povo. E São João Paulo II nos deu o exemplo desta proximidade: próximo dos grandes e dos pequenos, próximo dos de perto e dos de longe, sempre próximo, se fazia próximo.
Terceiro traço, o amor pela justiça. Mas a justiça plena! Um homem que queria a justiça, a justiça social, a justiça dos povos, a justiça que afasta as guerras. Mas a justiça plena! Por isso, São João Paulo II era o homem da misericórdia, porque justiça e misericórdia caminham juntas, não se podem distinguir, estão juntas: justiça é justiça, misericórdia é misericórdia, mas uma sem a outra não está bem. E falando do homem da justiça e da misericórdia, pensemos o muito que São João Paulo II fez para que as pessoas entendessem a misericórdia de Deus. Pensemos como ele levou adiante a devoção a Santa Faustina cuja memória litúrgica, a partir de hoje, será para a Igreja no mundo inteiro. Ele havia sentido que a justiça de Deus tinha esta face de misericórdia, esta atitude de misericórdia. E este é um dom que ele nos deixou: a justiça-misericórdia e a misericórdia justa.
Peçamos a ele hoje, que nos dê a todos nós, especialmente aos pastores da Igreja, mas a todos, a graça da oração, a graça da proximidade e a graça da justiça-misericórdia, misericórdia-justiça. Fonte: https://www.vaticannews.va
DOMINGO 17: Francisco celebra a Missa no centenário do nascimento de São João Paulo II
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O Papa recordou quem alguns países as celebrações litúrgicas com os fiéis foram retomadas; em outros a possibilidade está sendo considerada; na Itália, a partir desta segunda-feira a missa será celebrada com o povo. Francisco recordou ainda que teve início a semana da Laudato si.
Silvonei José – Cidade do Vaticano
Depois de rezar a oração do Regina Coeli o Papa Francisco recordou que nesta segunda-feira comemora-se o centenário do nascimento de São João Paulo II, em Wadowice, Polônia. Recordamo-lo com muito carinho e gratidão disse.
“Amanhã de manhã, às 7 da manhã, celebrarei a Santa Missa, que será transmitida para todo o mundo, no altar onde repousam seus restos mortais. Do Céu ele continua a interceder pelo Povo de Deus e pela paz no mundo”.
Em alguns países as celebrações litúrgicas com os fiéis foram retomadas; em outros a possibilidade está sendo considerada; na Itália, a partir desta segunda-feira a missa será celebrada com o povo. Mas, por favor, - disse o Papa continuemos com as normas, as prescrições que nos dão para proteger assim a saúde de cada um e do povo.
O Santo Padre recordou ainda que no mês de maio, é tradição em muitas paróquias celebrar as Missas da Primeira Comunhão. Claramente, por causa da pandemia, este belo momento de fé e celebração foi adiado. Francisco então enviou um pensamento afetuoso aos meninos e meninas que deveriam ter recebido a Eucaristia pela primeira vez.
“Caríssimos, convido vocês a viverem este tempo de espera como uma oportunidade para se prepararem melhor: rezando, lendo o livro de catecismo para aprofundar o conhecimento de Jesus, crescer na bondade e no serviço aos outros. Bom caminho”.
Francisco recordou ainda que teve início a semana da Laudato si, que terminará no próximo domingo, que comemora o quinto aniversário da publicação da Encíclica.
Nestes tempos de pandemia em que estamos mais conscientes da importância do cuidado da nossa casa comum, faço votos de que toda a nossa reflexão e compromisso comuns ajudem a criar e fortalecer atitudes construtivas para o cuidado da Criação.
Antes de se despedir de todos os fiéis Francisco assomou a janela do apartamento pontifício para abençoar mais uma vez os fiéis de Roma e do mundo inteiro. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira 15. “Cresça o amor nas famílias. Onde há rigidez não se encontra o Espírito de Deus”. Papa Francisco
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Na Missa esta sexta-feira (15/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou pelas famílias, recordando o Dia internacional a elas dedicado pelas Nações Unidas. Na homilia, ressaltou que a fé em Jesus leva à alegria e à liberdade, enquanto a rigidez causa perturbação
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira (15/05) da V Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu o pensamento às famílias:
Hoje é o Dia Mundial das Famílias: rezemos pelas famílias, para que cresça nas famílias o Espírito do Senhor, o espírito de amor, de respeito, de liberdade.
Na homilia, o Papa comentou a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 15,22-31) em que Paulo e Barnabé são enviados aos pagãos convertidos de Antioquia, transtornados e perturbados com os discursos de alguns que não tinham recebido nenhum encargo. Os apóstolos levam consigo uma carta que encoraja e alegra os novos discípulos, explicando-lhes que não são obrigados à circuncisão segundo a Lei mosaica, como pretendiam alguns fariseus que se tinham se tornado cristãos.
“No Livro dos Atos dos Apóstolos – disse o Papa – vemos que na Igreja, no início, havia tempos de paz”, mas “havia também tempos de perseguição” e “tempos de perturbação. E esse é o tema da primeira leitura de hoje: um tempo de perturbação”. Deu-se que os cristãos que provinham do paganismo “tinham acreditado em Jesus Cristo e recebido o batismo, e estavam felizes: tinham recebido o Espírito Santo. Do paganismo ao cristianismo, sem nenhuma etapa intermediária”.
Mas havia cristãos “judaizantes” que “defendiam que não se podia fazer isso. Se alguém era pagão, primeiro devia tornar-se judeu, um bom judeu, e depois tornar-se cristão”. E os cristãos convertidos do paganismo não entendiam isso: “Como é isso, somos cristãos de segunda classe? Não se pode passar do paganismo diretamente ao cristianismo?” Perguntavam-se se a Ressurreição de Cristo tinha ou não levado a lei antiga a uma maior plenitude. Estavam perturbados e havia muitas discussões entre eles.
Os “judaizantes” defendiam suas teses “com argumentos pastorais, argumentos teológicos, alguns inclusive morais” e “isso colocava em discussão a liberdade do Espírito Santo, também a gratuidade da Ressurreição de Cristo e da graça. Eram metódicos. E também rígidos”. Jesus já tinha repreendido esses doutores da Lei por tornar os prosélitos pior do que eles. “Este povo que era ideológico”, mais que dogmático”, tinha “reduzido a Lei, o dogma a uma ideologia”, a “uma religião de prescrições, e com isso tolhiam a liberdade do Espírito. E seus seguidores eram pessoas rígidas”, que não conheciam a alegria do Evangelho. A perfeição do caminho para seguir Jesus era a rigidez. “Esses doutores manipulavam as consciências dos fiéis, ou os faziam tornar-se rígidos ou iam embora”.
O Papa reiterou isso: “A rigidez não é do bom Espírito, porque coloca em questão a gratuidade da Redenção, a gratuidade da Ressurreição de Cristo” e “durante a história da Igreja isso se repetiu. Pensemos nos pelagianos”, “rígidos famosos”. E também em nossos tempos vimos algumas organizações apostólicas que pareciam muito bem organizadas, que trabalhavam bem… mas todos rígidos, todos iguais um ao outro, e depois soubemos da corrupção que havia internamente, inclusive nos fundadores”.
“Onde há rigidez não se encontra o Espírito de Deus, porque o Espírito de Deus é liberdade”. E esse povo tolhia “a liberdade do Espírito de Deus e a gratuidade da Redenção”. Mas “a justificação é gratuita. A morte e a Ressurreição de Cristo é gratuita. Não se paga, não se compra: é um dom”.
“Os apóstolos se reúnem neste concílio e ao término escrevem uma carta que começa assim: ‘Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum fardo’ (além das coisas indispensáveis), e colocam essas obrigações mais morais, de bom senso: não confundir o cristianismo com o paganismo”, e, “por fim, quando esses cristãos que estavam perturbados, reunidos em assembleia, receberam a carta”, se “alegraram pelo encorajamento que infundia. Da perturbação à alegria. O espírito da rigidez sempre leva você à perturbação: ‘Fiz bem isso? Não o fiz bem?’ O escrúpulo”. Ao invés, o espírito da liberdade evangélica leva você à alegria, porque foi propriamente isso que Jesus fez com a sua Ressurreição: trouxe a alegria! A relação com Deus, a relação com Jesus não leva você a dizer: “Eu faço isso e Vós me dais aquilo”, uma “relação comercial: não! É gratuita, como a relação de Jesus com os discípulos é gratuita: ‘Vós sois meus amigos. Não vos chamo servos, chamo-vos amigos. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi’: essa é a gratuidade”.
“Peçamos ao Senhor que nos ajude a discernir os frutos da gratuidade evangélica dos frutos da rigidez não-evangélica, e que nos liberte de toda perturbação daqueles que colocam a fé, a vida da fé sob as prescrições casuísticas, as prescrições que não têm sentido. Refiro-me a essas prescrições que não têm sentido, não aos Mandamentos. Que nos liberte desse espírito de rigidez que lhe tolhe a liberdade”.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
No Livro dos Atos dos Apóstolos vemos que na Igreja, no início, havia tempos de paz, diz isso várias vezes: a Igreja crescia, em paz, e o Espírito do Senhor se difundia; tempos de paz (cf. At 9,31). Havia tempos de perseguição, a começar pela perseguição a Estêvão (cf. At 7,59), depois Paulo perseguidor, convertido, também ele depois perseguido (cf. At 13,50)... Tempos de paz, tempos de perseguições, e havia tempos de perturbação. E esse é o tema da primeira leitura de hoje: um tempo de perturbação. “Ficamos sabendo que alguns dos nossos – escrevem os apóstolos aos cristãos oriundos do paganismo –, ficamos sabendo que alguns dos nossos, aos quais não damos nenhum encargo, vieram perturbar-vos – perturbar-vos – com palavras que transtornaram vosso espírito (At 15,24).
O que tinha acontecido? Esses cristãos que provinham dos pagãos tinham acreditado em Jesus Cristo e recebido o batismo, e estavam felizes: tinham recebido o Espírito Santo. Do paganismo ao cristianismo, sem nenhuma etapa intermediária. Ao invés, esses que se chamavam “os judaizantes” defendiam que não se podia fazer isso. Se alguém era pagão, primeiro devia tornar-se judeu, um bom judeu, e depois tornar-se cristão, para estar na linha da eleição do povo de Deus. E esses cristãos (convertidos do paganismo) não entendiam isso: “Como é isso, somos cristãos de segunda classe? Não se pode passar do paganismo diretamente ao cristianismo? A Ressurreição de Cristo não rompeu a lei antiga e a levou uma plenitude maior ainda? Estavam perturbados e havia muitas discussões entre eles. E aqueles que queriam isso eram pessoas que com argumentos pastorais, argumentos teológicos, alguns inclusive morais, defendiam que não: que se devia fazer a passagem assim! E isso colocava em discussão a liberdade do Espírito Santo, também a gratuidade da Ressurreição de Cristo e da graça. Eram metódicos. E também rígidos. Jesus tinha dito deles, de seus mestres, dos doutores da Lei: “Ai de vós que percorreis céu e mar para fazer um prosélito e quando o encontrais fazei-o pior do que antes. Fazei-o filho da Geena”. Jesus diz mais ou menos assim no capítulo 23 de Mateus (cf. v.15). Este povo que era “ideológico” – mais que “dogmático”, era “ideológico”, – tinha reduzido a Lei, o dogma a uma ideologia e “se deve fazer isso, isso, e isso, e isso”: uma religião de prescrições, e com isso tolhiam a liberdade do Espírito. E as pessoas que o seguiam eram pessoas rígidas, pessoas que não se sentiam confortavelmente, não conheciam a alegria do Evangelho. A perfeição do caminho para seguir Jesus era a rigidez: “É preciso fazer isso, isso, isso, isso...” Essas pessoas, esses doutores “manipulavam” as consciências dos fiéis, ou os faziam tornar-se rígidos... ou iam embora.
Por isso, eu me repito muitas vezes, digo que a rigidez não é do bom Espírito, porque coloca em questão a gratuidade da Redenção, a gratuidade da Ressurreição de Cristo. E isso é uma coisa antiga: durante a história da Igreja isso se repetiu. Pensemos nos pelagianos”, nesses... nesses rígidos, famosos. E também em nossos tempos vimos algumas organizações apostólicas que pareciam muito bem organizadas, que trabalhavam bem… mas todos rígidos, todos iguais um ao outro, e depois soubemos da corrupção que havia internamente, inclusive nos fundadores.
Onde há rigidez não se encontra o Espírito de Deus, porque o Espírito de Deus é liberdade. E esse povo queria dar passos tirando a liberdade do Espírito de Deus e a gratuidade da Redenção: “Para ser justificado, você deve fazer isso, isso, isso, isso...” A justificação é gratuita. A morte e a Ressurreição de Cristo é gratuita. Não se paga, não se compra: é um dom! E estes não queriam fazer isso.
O caminho é bonito: os apóstolos se reúnem neste concílio e ao término escrevem uma carta que começa assim: “De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor nenhum fardo” (At 15,28), e colocam essas obrigações mais morais, de bom senso: não confundir o cristianismo com o paganismo, abster-se das carnes oferecidas aos ídolos, etc. E por fim, esses cristãos que estavam perturbados, reunidos em assembleia recebem a carta e “Sua leitura causou alegria, por causa do estímulo que trazia” (v. 31). Da perturbação à alegria. O espírito da rigidez sempre leva você à perturbação: “Fiz bem isso? Não o fiz bem?” O escrúpulo, isso... O espírito da liberdade evangélica leva você à alegria, porque foi propriamente isso que Jesus fez com a sua Ressurreição: trouxe a alegria! A relação com Deus, a relação com Jesus não é uma relação assim, de “fazer as coisas”: “Eu faço isso e Vós me dais aquilo”. Uma relação assim – o Senhor me perdoe – comercial: não! É gratuita, como a relação de Jesus com os discípulos é gratuita: “Vós sois meus amigos (Jo 15,14). “Não vos chamo servos, chamo-vos amigos (cf. Jo 15). “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi” (v. 16): essa é a gratuidade.
Peçamos ao Senhor que nos ajude a discernir os frutos da gratuidade evangélica dos frutos da rigidez não-evangélica, e que nos liberte de toda perturbação daqueles que colocam a fé, a vida da fé sob as prescrições casuísticas, as prescrições que não têm sentido. Refiro-me a essas prescrições que não têm sentido, não aos Mandamentos. Que nos liberte desse espírito de rigidez que lhe tolhe a liberdade.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira 14. Homilia do Papa: “Rezemos juntos como irmãos pela libertação de todas as pandemias”.
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Na Missa na Casa Marta, no Vaticano, o Papa recordou o Dia Mundial de Oração, esta quinta-feira (14/05), promovido pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana para pedir ao Senhor o fim da pandemia da Covid-19. Na homilia, recordou que existem outras pandemias que causam milhões de mortos, como a pandemia da fome, a pandemia da guerra e das crianças que não têm acesso à instrução, e convidou a pedir a Deus que nos abençoe e tenha piedade de nós
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira, 14 de maio, data em que a Igreja celebra em seu calendário litúrgico a Festa de São Matias Apóstolo. Na introdução, recordou o Dia mundial de oração, jejum e obras de caridade, promovido pelo Alto Comitê da Fraternidade Humana, e encorajou todos a se unirem como irmãos, para pedir a libertação deste mal:
O Alto Comitê para a Fraternidade Humana convocou para hoje um dia de oração, jejum para pedir a Deus misericórdia e piedade neste momento trágico da pandemia. Todos somos irmãos. São Francisco de Assis dizia: “Todos irmãos”. E por isto, homens e mulheres de todas as confissões religiosas hoje nos unimos na oração e na penitência para pedir a graça da cura desta pandemia.
Na homilia, o Papa comentou a primeira leitura, extraída do Livro de Jonas, em que o profeta convida o povo de Nínive a converter-se para não sofrer a destruição da cidade. Nínive se converteu e a cidade foi salva de alguma pandemia, talvez “uma pandemia moral”, observou o Santo Padre. “E hoje – ressaltou – todos nós, irmãos e irmãs de todas as tradições religiosas, rezamos: dia de oração e de jejum, de penitência, convocado pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana. Cada um de nós reza, as comunidades rezam, as confissões religiosas rezam: rezam a Deus, todos irmãos, unidos na fraternidade que nos une neste momento de dor e de tragédia.”
“Nós não esperávamos esta pandemia, veio sem que nós a esperássemos, mas agora está aí. E muitas pessoas morrem. E muitas pessoas morrem sozinhas e muita gente morre sem poder fazer nada. Muitas vezes se pode pensar: ‘Não me diz respeito, graças a Deus me salvei’. Mas pense nos outros! Pense na tragédia e também nas consequências econômicas, nas consequências sobre a educação” e “naquilo que virá depois. E por isso hoje, todos, irmãos e irmãs, de toda e qualquer confissão religiosa, rezemos a Deus”.
“Talvez – observou o Papa – alguém possa dizer: ‘Mas isso é relativismo religioso e não se pode fazer’. Como não se pode fazer, rezar ao Pai de todos? Cada um reza como sabe, como pode”, segundo a própria cultura. “Nós não estamos rezando um contra o outro, esta tradição religiosa contra aquela, não! Estamos todos unidos como seres humanos, como irmãos, rezando a Deus, segundo a própria cultura, segundo a própria tradição, segundo os próprios credos, mas irmãos rezando a Deus, isso é importante: irmãos, fazendo jejum, pedindo perdão a Deus pelos nossos pecados, para que o Senhor tenha misericórdia de nós, para que o Senhor nos perdoe, para que o Senhor detenha esta pandemia. Hoje é um dia de fraternidade, olhando para o único Pai, irmãos e paternidade. Dia de oração.”
Esta pandemia – disse Francisco – “veio como um dilúvio, veio abruptamente. Agora estamos nos acordando um pouco. Mas existem tantas outras pandemias que fazem as pessoas morrer e não nos damos conta disso, olhamos para outro lado. Somos um pouco inconscientes diante das tragédias que se verificam no mundo neste momento”.
O Papa citou uma estatística oficial, que não fala da pandemia do coronavírus, mas de outra pandemia: “Nos primeiros quatro meses deste ano morreram de fome 3 milhões e 700 mil pessoas. Existe a pandemia da fome. Em quatro meses, quase 4 milhões de pessoas. Esta oração de hoje para pedir que o Senhor detenha esta pandemia nos deve levar a pensar nas outras pandemias do mundo. Há muitas pandemias! A pandemia das guerras, da fome e muitas outras. Mas o importante é que, hoje, juntos e graças à coragem que o Alto Comitê para a Fraternidade Humana teve, juntos fomos convidados a rezar cada um segundo a própria tradição e a fazer um dia de penitência de jejum e também de caridade, de ajuda aos outros. Isso é importante. No livro de Jonas ouvimos que o Senhor, quando viu como o povo tinha reagido – tinha se convertido –, o Senhor cessou, desistiu daquilo que Ele queria fazer”.
“Que Deus detenha esta tragédia – foi a oração do Papa Francisco –, que detenha esta pandemia. Que Deus tenha piedade de nós e que cesse também as outras pandemias tão ruins: a da fome, a da guerra, a das crianças sem instrução. E peçamos isso como irmãos, todos juntos. Que Deus nos abençoe a todos e tenha piedade de nós.”
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Leitura ouvimos a história de Jonas, num estilo da época. Como havia “alguma pandemia”, não sabemos, na cidade de Nínive, talvez uma “pandemia moral”, (a cidade) estava para ser destruída (conf. Jn 3,1-10). E Deus manda Jonas pregar: oração e penitência, oração e jejum (conf. vers. 7-8). Diante daquela pandemia, Jonas se assustou e fugiu (conf. Jn 1,1-3). Depois o Senhor o chamou pela segunda vez e ele aceitou ir pregar isso (conf. Jn 3,1-2). E hoje todos nós, irmãos e irmãs de todas as tradições religiosas, rezamos: dia de oração e de jejum, de penitência, convocado pelo Alto Comitê para a Fraternidade Humana. Cada um de nós reza, as comunidades rezam, as confissões religiosas rezam, rezam a Deus: todos irmãos, unidos na fraternidade que nos une neste momento de dor e de tragédia.
Nós não esperávamos esta pandemia, veio sem que nós a esperássemos, mas agora está aí. E muitas pessoas morrem. E muitas pessoas morrem sozinhas e muita gente morre sem poder fazer nada. Muitas vezes se pode pensar: “Não me diz respeito, graças a Deus me salvei”. Mas pense nos outros! Pense na tragédia e também nas consequências econômicas, nas consequências sobre a educação, as consequências... naquilo que virá depois. E por isso hoje, todos, irmãos e irmãs, de toda e qualquer confissão religiosa, rezemos a Deus. Talvez alguém possa dizer: “Isso é relativismo religioso e não se pode fazer”. Como não se pode fazer, rezar ao Pai de todos? Cada um reza como sabe, como pode, como recebeu da própria cultura. Nós não estamos rezando um contra o outro, esta tradição religiosa contra aquela, não! Estamos todos unidos como seres humanos, como irmãos, rezando a Deus, segundo a própria cultura, segundo a própria tradição, segundo os próprios credos, mas irmãos rezando a Deus, isso é importante! Irmãos, fazendo jejum, pedindo perdão a Deus pelos nossos pecados, para que o Senhor tenha misericórdia de nós, para que o Senhor nos perdoe, para que o Senhor detenha esta pandemia. Hoje é um dia de fraternidade, olhando para o único Pai, irmãos e paternidade. Dia de oração.
Nós, no ano passado, aliás, em novembro do ano passado, não sabíamos o que era uma pandemia: veio como um dilúvio, veio abruptamente. Agora estamos nos acordando um pouco. Mas existem tantas outras pandemias que fazem as pessoas morrer e não nos damos conta disso, olhamos para outro lado. Somos um pouco inconscientes diante das tragédias que se verificam no mundo neste momento. Gostaria simplesmente de citar a vocês uma estatística oficial dos primeiros quatro meses deste ano, que não fala da pandemia do coronavírus, fala de outra. Nos primeiros quatro meses deste ano morreram de fome 3 milhões e 700 mil pessoas. Existe a pandemia da fome. Em quatro meses, quase 4 milhões de pessoas. Esta oração de hoje para pedir que o Senhor detenha esta pandemia nos deve levar a pensar nas outras pandemias do mundo. Há muitas pandemias! A pandemia das guerras, da fome e muitas outras. Mas o importante é que, hoje - juntos e graças à coragem que o Alto Comitê para a Fraternidade Humana teve, juntos fomos convidados a rezar cada um segundo a própria tradição e a fazer um dia de penitência de jejum e também de caridade, de ajuda aos outros. Isso é importante. No livro de Jonas ouvimos que o Senhor, quando viu como o povo tinha reagido – que tinha se convertido –, o Senhor cessou, desistiu daquilo que Ele queria fazer.
Que Deus detenha esta tragédia, que detenha esta pandemia. Que Deus tenha piedade de nós e que cesse também as outras pandemias tão ruins: a da fome, a da guerra, a das crianças sem instrução. E peçamos isso como irmãos, todos juntos. Que Deus nos abençoe a todos e tenha piedade de nós.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. No final da Missa, o Papa agradeceu a Tommaso Pallottino, o técnico de som do Dicastério para a Comunicação que o acompanhou nestas transmissões ao vivo e hoje era seu último dia de trabalho antes da aposentadoria: “Que o Senhor – pediu o Santo Padre – o abençoe e o acompanhe na nova etapa da vida”. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira 13. O Papa reza por alunos e professores. A vida cristã é permanecer em Jesus
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Na Missa esta quarta-feira (13/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou ao Senhor a fim de que dê a estudantes e professores a coragem de seguir adiante neste tempo da pandemia. Na homilia, afirmou que a vida cristã é a mística de um “permanecer” recíproco: nós em Jesus e Jesus em nós
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Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (13/05) da V Semana da Páscoa e no dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima. Na introdução, dirigiu seu pensamento a estudantes e professores:
Rezemos hoje pelos estudantes, os jovens que estudam, e os professores que devem encontrar novas modalidades para seguir adiante no ensino: que o Senhor os ajude neste caminho, lhes dê coragem e também sucesso.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 15,1-8) em que Jesus diz a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto, ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda… Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.
“O Senhor – disse o Papa – retorna ao ‘permanecer n’Ele’, e nos diz: ‘A vida cristã é permanecer em mim’. Permanecer. E usa aqui a imagem da videira, como os ramos permanecem na videira. E esse ‘permanecer’ não é um permanecer passivo, um adormentar-se no Senhor: esse talvez fosse um sono beatífico.” Ao invés, “este ‘permanecer’ é um ‘permanecer’ ativo, e também é um ‘permanecer’ recíproco. Por que? Porque Ele diz: ‘Permanecei em mim e eu em vós’. Também Ele permanece em nós, não somente nós n’Ele. É um permanecer recíproco”.
Este “permanecer recíproco” – prosseguiu – “é um mistério”, “um mistério de vida, um mistério belíssimo”. “É verdade, os ramos sem a videira não podem fazer nada porque a seiva não chega, precisam da seiva para crescer e para dar fruto. Mas também a árvore, a videira precisa dos ramos, porque os frutos não crescem na árvore, na videira. É uma necessidade recíproca, é um permanecer recíproco para dar fruto.”
“E esta é a vida cristã: é verdade, a vida cristã é cumprir os mandamentos, isso deve ser feito. A vida cristã é trilhar no caminho das bem-aventuranças, isso deve ser feito. A vida cristã é levar adiante as obras de misericórdia, como o Senhor nos ensina no Evangelho, e isso deve ser feito. Mas tem mais: é esse permanecer recíproco. Nós sem Jesus nada podemos fazer, como os ramos sem a videira. E Ele – o Senhor me permita dizer isso – parece que sem nós nada pode fazer, porque o fruto é dado pelos ramos, não pela árvore, a videira”. Neste “permanecer” recíproco está a fecundidade.
E qual é – pergunta-se o Papa “com um pouco de audácia” – a necessidade que a árvore da videira tem dos ramos? “É ter frutos”. “Qual é a necessidade que Jesus tem de nós? O testemunho. Quando no Evangelho diz que nós somos luz, diz: ‘Sede luz, para que os homens vejam vossas boas obras e glorifiquem o Pai’, ou seja, a necessidade que Jesus tem de nós é do testemunho. Dar testemunho de seu nome, porque a fé, o Evangelho cresce pelo testemunho.”
Jesus “precisa do nosso testemunho” para que “a Igreja cresça. E esse é o mistério recíproco do ‘permanecer’. Ele, o Pai e o Espírito Santo permanecem em nós, e nós permanecemos em Jesus”.
“Pensar e refletir sobre isto nos fará bem: permanecer em Jesus e Jesus permanece em nós. Permanecer em Jesus para ter a seiva, a força, para ter a justificação, a gratuidade, para ter a fecundidade. E Ele permanece em nós para dar-nos a força do fruto, para dar-nos a força do testemunho com o qual a Igreja cresce.”
E a relação entre nós e Jesus “é uma relação de intimidade, uma relação mística, uma relação sem palavras. ‘Mas padre, que sejam os místicos a fazer isso!’ Não: isso é para todos nós. Com pequenos pensamentos: ‘Senhor, eu sei que Vós estais presente: Dai-me a força e eu farei aquilo que vós me direis’. Aquele diálogo de intimidade com o Senhor. O Senhor está presente, o Senhor está presente em nós, o Pai está presente em nós, o Espírito está presente em nós; permanecem em nós. Mas eu devo permanecer n’Eles”.
“Que o Senhor – foi a oração do Papa – nos ajude a entender, a sentir essa mística do ‘permanecer’ sobre o qual Jesus insiste tanto.” “Muitas vezes nós, quando falamos da videira e dos ramos, nos detemos à figura, ao trabalho do agricultor, do Pai, que àquele que produz fruto, o poda; e àquele que não produz fruto, o corta.” “É verdade, faz isso, mas não é tudo, não. Tem mais. Esta é a ajuda: as provações, as dificuldades da vida, também as correções que o Senhor nos faz. Mas não nos detenhamos aí. Entre a videira e os ramos há esse ‘permanecer’ íntimo. Os ramos, nós, precisamos da seiva, e a videira precisa dos frutos, do testemunho.”
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
O Senhor retorna ao ‘permanecer n’Ele’, e nos diz: “A vida cristã é permanecer em mim”. Permanecer (conf. Jo 15,1-8). E usa aqui a imagem da videira, como os ramos permanecem na videira. E esse permanecer não é um permanecer passivo, um adormentar-se no Senhor: esse talvez fosse um “sono beatífico”; mas não é isso. Este permanecer é um permanecer ativo, e também é um permanecer recíproco. Porquê? Porque Ele diz: “Permanecei em mim e eu em vós”. (vers. 4). Também Ele permanece em nós, não somente nós n’Ele. É um permanecer recíproco. Em outro lugar diz: Eu e o Pai “a ele viremos e nele estabeleceremos morada” (Jo 14,23). Este é um mistério, mas um mistério de vida, um mistério belíssimo. Este permanecer recíproco. Também com o exemplo dos ramos: é verdade, os ramos sem a videira não podem fazer nada porque a seiva não chega, precisam da seiva para crescer e para dar fruto. Mas também a árvore, a videira precisa dos ramos, porque os frutos não crescem na árvore, na videira. É uma necessidade recíproca, é um permanecer recíproco para dar fruto.”
E esta é a vida cristã: é verdade, a vida cristã é cumprir os mandamentos (conf. Ex 20,1-11), isso deve ser feito. A vida cristã é trilhar no caminho das bem-aventuranças (conf. Mt 5,1-13), isso deve ser feito. A vida cristã é levar adiante as obras de misericórdia, como o Senhor nos ensina no Evangelho (conf. Mt 5,31-36), e isso deve ser feito. Mas tem mais: é esse permanecer recíproco. Nós, sem Jesus, nada podemos fazer, como os ramos sem a videira. E Ele – o Senhor me permita dizer isso – parece que sem nós nada pode fazer, porque o fruto é dado pelos ramos, não pela árvore, a videira. Nesta comunidade, nesta intimidade de “permanecer fecunda”, o Pai e Jesus permanecem em mim e eu permaneço n’Eles.
Qual é – me vem em mente dizer – a “necessidade” que a árvore da videira tem dos ramos? É ter frutos. Qual é a “necessidade” – digamos assim, com um pouco de audácia –, qual é a “necessidade” que Jesus tem de nós? O testemunho. Quando no Evangelho diz que nós somos luz, diz: “Sede luz, para que os homens ‘vejam vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai’ (Mt 5,16)”, ou seja, a necessidade que Jesus tem de nós é do testemunho. Dar testemunho de seu nome, porque a fé, o Evangelho cresce pelo testemunho.”
Este é um modo misterioso: Jesus glorificado no céu, após ter passado a Paixão, precisa do nosso testemunho para fazer crescer, para anunciar, para que a Igreja cresça. E este é o mistério recíproco do “permanecer”. Ele, o Pai e o Espírito Santo permanecem em nós, e nós permanecemos em Jesus.
Pensar e refletir sobre isto nos fará bem: permanecer em Jesus; e Jesus permanece em nós. Permanecer em Jesus para ter a seiva, a força, para ter a justificação, a gratuidade, para ter a fecundidade. E Ele permanece em nós para dar-nos a força do (dar) fruto (conf. Jo 5,15), para dar-nos a força do testemunho com o qual a Igreja cresce.
E me faço uma pergunta:
Como é a relação entre Jesus que permanece em mim e eu que permaneço n’Ele? É uma relação de intimidade, uma relação mística, uma relação sem palavras. “Mas padre, que sejam os místicos a fazer isso!” Não: isso é para todos nós. Com pequenos pensamentos: “Senhor, eu sei que Vós estais presente: dai-me a força e eu farei aquilo que vós me direis”. Aquele diálogo de intimidade com o Senhor. O Senhor está presente, o Senhor está presente em nós, o Pai está presente em nós, o Espírito está presente em nós; permanecem em nós. Mas eu devo permanecer n’Eles...
Que o Senhor nos ajude a entender, a sentir essa mística do permanecer sobre o qual Jesus insiste tanto. Muitas vezes nós, quando falamos da videira e dos ramos, nos detemos à figura, ao trabalho do agricultor, do Pai, que àquele (os ramos) que produz fruto, o poda; e àquele que não produz fruto, o corta e o lança fora (conf. Jo 15,1-6). É verdade, faz isso, mas não é tudo, não. Tem mais. Esta é a ajuda: as provações, as dificuldades da vida, também as correções que o Senhor nos faz. Mas não nos detenhamos aí. Entre a videira e os ramos há esse ‘permanecer’ íntimo. Os ramos, nós, precisamos da seiva, e a videira precisa dos frutos, do testemunho.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Por fim, na memória litúrgica de Nossa Senhora de Fátima, celebrada este 13 de maio, foram entoadas duas estrofes da Ave-Maria:
"A treze de maio na cova da Íria
No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A três pastorinhos cercada de luz
Visita Maria, mãe de Jesus
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria
A virgem nos manda o terço rezar
Assim diz "meus filhos, vos hei de salvar"
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria".
Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 12. O Papa reza pelos enfermeiros, exemplo de heroísmo. A paz de Jesus nos abre aos outros.
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Na Missa esta terça-feira (12/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa pediu a Deus para abençoar os enfermeiros, que neste tempo da pandemia têm sido exemplo de heroísmo e em alguns casos deram a vida. Na homilia, afirmou que a paz de Jesus é um dom gratuito que abre sempre aos outros e dá a esperança do Paraíso, que é a paz definitiva, enquanto a paz do mundo é egoísta, estéril e provisória
Vatican News
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta terça-feira (12/05) da V Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento aos enfermeiros:
Hoje é o Dia do Enfermeiro. Ontem enviei uma mensagem. Rezemos hoje pelos enfermeiros e enfermeiras, homens, mulheres, rapazes e moças que têm essa profissão, que é mais que uma profissão, é uma vocação, uma dedicação. Que o Senhor os abençoe. Neste tempo da pandemia deram exemplo de heroísmo e alguns deram a vida. Rezemos pelos enfermeiros e enfermeiras.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 14,27-31) em que Jesus diz a seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo”.
“O Senhor, antes de os deixar, saúda os seus e dá o dom da paz, a paz do Senhor”, disse o Papa. “Não se trata da paz universal, aquela paz sem guerras que todos nós gostaríamos que sempre existisse, mas a paz do coração, a paz da alma, a paz que cada um de nós tem dentro de si. E o Senhor a dá, mas – ressalta –, não como a dá o mundo.” Trata-se de pazes diferentes.
“O mundo – observou Francisco – dá a você paz interior”, a paz da sua vida, este viver com o coração em paz, “uma posse sua, como uma coisa que é sua e isola você dos outros” e “é uma aquisição sua: tenho a paz. E você, sem se dar conta, se fecha naquela paz, é uma paz um pouco para você” e o torna tranquilo e mesmo feliz, mas “o adormenta um pouco”, o anestesia e o faz permanecer consigo mesmo”: é “um pouco egoísta”. O mundo dá a paz desse modo. E é “uma paz cara porque você deve mudar continuamente os instrumentos de paz: quando uma coisa o entusiasma, uma coisa lhe dá a paz, depois acaba e você deve encontrar outra… É cara porque é provisória e estéril”.
“Ao invés, a paz que Jesus dá é outra coisa. É uma paz que coloca você em movimento, não o isola, o coloca em movimento, faz você ir ao encontro dos outros, cria comunidade, cria comunicação. A paz do mundo é dispendiosa, a de Jesus é gratuita, é grátis: a paz do Senhor é um dom do Senhor . É fecunda, leva você sempre avante. Um exemplo do Evangelho que me faz pensar como é a paz do mundo é aquele senhor que tinha os celeiros repletos” e pensou construir outros armazéns para depois viver finalmente tranquilo. “Insensato, diz Deus, esta noite tu morrerás”. “É uma paz imanente, que não lhe abre a porta para o além. Ao invés, a paz do Senhor” é “aberta ao Céu, é aberta ao Paraíso. É uma paz fecunda que se abre e leva também outros com você ao Paraíso”.
O Papa convidou a ver dentro de nós qual é a nossa paz: encontramos a paz no bem-estar, na posse e em tantas outras coisas ou encontro a paz como dom do Senhor? “Devo pagar a paz ou a recebo grátis do Senhor? Como é a minha paz? Quando me falta algo, fico furioso? Esta não é a paz do Senhor. Esta é uma das provas. Estou tranquilo na minha paz, me adormento? Não é do Senhor. Estou em paz e quero comunicá-la aos outros e levar algo avante? Essa é a paz do Senhor. Mesmo nos momentos ruins, difíceis, permanece em mim aquela paz? É do Senhor. E a paz do Senhor é fecunda também para mim porque é repleta de esperança, isto é, olha para o Céu.”
O Papa Francisco contou ter recebido ontem uma carta de um bom sacerdote que lhe disse que ele fala pouco do Céu, que deveria falar mais do Céu: “E tem razão, tem razão. Por isso hoje eu quis ressaltar isto: que a paz, esta que nos dá Jesus, é uma paz para agora e para o futuro. É começar a viver o Céu, com a fecundidade do Céu. Não é anestesia. A outra, sim: você se anestesia com as coisas do mundo e quando a dose dessa anestesia acaba, toma outra, depois outra, depois outra… Essa é uma paz definitiva, também fecunda e contagiosa. Não é narcisista, porque sempre olha para o Senhor. A outra olha para si, é um pouco narcisista”.
“Que o Senhor – concluiu o Papa – nos dê esta paz repleta de esperança, que nos torna fecundos, nos torna comunicativos com os outros, que cria comunidade e que sempre olha a paz definitiva do Paraíso.”
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
O Senhor antes de os deixar saúda os seus e dá o dom da paz (conf. Jo 14,27-31), a paz do Senhor: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo” (vers. 27). Não se trata da paz universal, aquela paz sem guerras que todos nós gostaríamos que sempre existisse, mas a paz do coração, a paz da alma, a paz que cada um de nós tem dentro de si. E o Senhor a dá, mas, ressalta: “não como a dá o mundo” (vers. 27). Como o mundo dá a paz e como o Senhor a dá? São pazes diferentes? Sim. O mundo lhe dá a “paz interior”, estamos falando desta paz, a paz da sua vida, este viver com o “coração em paz”. Dá a você a paz interior como uma posse sua, como uma coisa que é sua e o isola dos outros, mantém você em você, é uma aquisição sua: tenho a paz. E você, sem se dar conta, se fecha naquela paz, é uma paz um pouco para você, para alguém, para cada um; é uma paz sozinha, é uma paz que o torna tranquilo, também feliz. E nessa tranquilidade, nessa felicidade o adormenta um pouco, o anestesia e o faz permanecer consigo mesmo numa certa tranquilidade. É um pouco egoísta: a paz para mim, encerrada em mim. O mundo dá a paz desse modo (conf. vers. 27). É uma paz cara porque você deve mudar continuamente os “instrumentos de paz”: quando uma coisa o entusiasma, uma coisa lhe dá a paz, depois acaba e você deve encontrar outra… É cara porque é provisória e estéril.
Ao invés, a paz que Jesus dá é outra coisa. É uma paz que coloca você em movimento: não o isola, o coloca em movimento, faz você ir ao encontro dos outros, cria comunidade, cria comunicação. A paz do mundo é dispendiosa, a de Jesus é gratuita, é grátis; é um dom do Senhor: a paz do Senhor. É fecunda, leva você sempre avante. Um exemplo do Evangelho que me faz pensar como é a paz do mundo é aquele senhor que tinha os celeiros repletos e a colheita daquele ano parecia ser muito abundante e ele pensou: “Terei que construir outros armazéns, outros celeiros para colocar isso e depois estarei tranquilo... é a minha tranquilidade, com isso posso viver tranquilo”. “Insensato, diz Deus, esta noite tu morrerás” (conf. Lc 12,13-21). É uma paz imanente, que não lhe abre a porta para o além. Ao invés, a paz do Senhor é aberta, aonde Ele foi, é aberta ao Céu, é aberta ao Paraíso. É uma paz fecunda que se abre e leva também outros com você ao Paraíso.
Creio que nos ajudará pensar um pouco: qual é a minha paz, onde eu encontro paz? Nas coisas, no bem-estar, nas viagens – mas agora, hoje não se pode viajar –, nas posses, em tantas coisas ou encontro a paz como dom do Senhor? Devo pagar a paz ou a recebo grátis do Senhor? Como é a minha paz? Quando me falta algo, fico furioso? Esta não é a paz do Senhor. Esta é uma das provas. Estou tranquilo na minha paz, “me adormento?” Não é do Senhor. Estou em paz e quero comunicá-la aos outros e levar algo avante? Essa é a paz do Senhor! Mesmo nos momentos ruins, difíceis, permanece em mim aquela paz? É do Senhor. E a paz do Senhor é fecunda também para mim porque é repleta de esperança, isto é, olha para o Céu.
Ontem – desculpem-me se digo essas coisas, mas são coisas da vida que me fazem bem – ontem, recebi uma carta de um sacerdote, um bom sacerdote, bom, e me disse que eu falo pouco do Céu, que deveria falar mais. E tem razão, tem razão. Por isso, hoje eu quis ressaltar isto: que a paz, esta que nos dá Jesus, é uma paz para agora e para o futuro. É começar a viver o Céu, com a fecundidade do Céu. Não é anestesia. A outra, sim: você se anestesia com as coisas do mundo e quando a dose dessa anestesia acaba, toma outra, depois outra, depois outra… Essa é uma paz definitiva, também fecunda e contagiosa. Não é narcisista, porque sempre olha para o Senhor. A outra olha para si, é um pouco narcisista.
Que o Senhor nos dê esta paz repleta de esperança, que nos torna fecundos, nos torna comunicativos com os outros, que cria comunidade e que sempre olha a paz definitiva do Paraíso.
O Papa Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 11. O Papa reza pelos desempregados. O Espírito faz a compreensão da fé crescer
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Na Missa esta segunda-feira (11/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano , o Papa rezou pelos que sofrem porque perderam o emprego neste período e recordou o aniversário da descoberta do corpo de São Timóteo, encontrado na Catedral de Termoli – região italiana de Molise. Na homilia, afirmou que o Espírito Santo nos ajuda a compreender sempre mais aquilo que Jesus nos disse: a doutrina não é estática, mas cresce na mesma direção
Vatican News
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta segunda-feira (11/05) da V Semana da Páscoa. Na introdução, recordou o 75º aniversário da descoberta do corpo de São Timóteo, encontrado na cripta da Catedral de Termoli – região italiana de Molise – durante os trabalhos de restauração em 1945, e dirigiu seu pensamento aos desempregados:
Unamo-nos aos fiéis de Termoli na festa da descoberta do corpo de São Timóteo hoje. Nestes dias, muitas pessoas perderam o emprego, não foram readmitidas, trabalhavam sem contrato. Rezemos por estes nossos irmãos e irmãs que sofrem com a falta de trabalho.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 14,21-26) em que Jesus diz a seus discípulos: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama não guarda a minha palavra. E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. Mas o defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
“É a promessa do Espírito Santo – disse o Papa –, o Espírito Santo que habita conosco e que o Pai e o Filho enviam” para “acompanhar-nos na vida”. É chamado Paráclito, isto é, Aquele que “sustenta, que acompanha para não cair, que lhe mantém firme, que é próximo de você para sustentá-lo. E o Senhor nos prometeu esse sustento, que é Deus como Ele: é o Espírito Santo. O que o Espírito Santo faz em nós? O Senhor o diz: “Ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”. Ensinar e recordar. Este é o ofício do Espírito Santo. Ensina-nos: nos ensina o mistério da fé, nos ensina a entrar no mistério, a entender um pouco mais o mistério, nos ensina a doutrina de Jesus e nos ensina como desenvolver a nossa fé sem errar, porque a doutrina cresce, mas sempre na mesma direção: cresce na compreensão. E o Espírito nos ajuda a crescer na compreensão da fé, compreendê-la mais e caminhar mais para compreender isso que a fé diz. A fé não é uma coisa estática; a doutrina não é uma coisa estática: cresce sempre, mas cresce “na mesa direção. E o Espírito Santo evita que a doutrina erre, evita que permaneça parada ali, sem crescer em nós. Ensinar-nos-á as coisas que Jesus nos ensinou, desenvolverá em nós a compreensão daquilo que Jesus nos ensinou, fará crescer em nós, até alcançar a maturidade, a doutrina do Senhor”.
E outra coisa que o Espírito Santo faz é recordar: “Recordará tudo o que eu vos tenho dito”. “O Espírito Santo é como a memória, nos desperta”, nos mantém sempre despertos “nas coisas do Senhor” e nos faz também recordar a nossa vida, quando encontramos o Senhor ou quando o deixamos.
O Papa recordou uma pessoa que rezava diante do Senhor do assim: “Senhor, eu sou o mesmo que quando criança, quando garoto, tinha esses sonhos. Depois, trilhei por caminhos errados. Agora me chamastes”. Essa – disse – “é a memória do Espírito Santo na própria vida. Leva-o à memória da salvação, à memória daquilo que Jesus ensinou, mas também à memória da própria vida”. Este – prosseguiu – é um modo bonito de rezar ao Senhor: “Sou o mesmo. Caminhei muito, errei bastante, mas sou o mesmo e vós me amais”. É “a memória do caminho da vida”.
“E nessa memória, o Espírito Santo nos guia; nos guia para discernir, para discernir o que devo fazer agora, qual é o caminho certo e qual é o errado, mesmo nas pequenas decisões. Se nós pedirmos a luz ao Espírito Santo, Ele nos ajudará a discernir para tomar as decisões acertadas, as pequenas de todos os dias e as maiores.” O Espírito Santo nos acompanha, nos sustenta no discernimento”, “nos ensinará todas as coisas, isto é, faz a fé crescer, nos introduz no mistério, o Espírito que nos recorda: nos recorda a fé, nos recorda a própria vida e o Espírito que neste ensinamento, nesta recordação, nos ensina a discernir as decisões que devemos tomar”. E os Evangelho dão um nome ao Espírito Santo, além de Paráclito, porque nos sustenta, “outro nome mais bonito: é o Dom de Deus. O Espírito é o Dom de Deus. O Espírito é propriamente o Dom: ‘Não vos deixareis sozinhos, vos enviarei um Paráclito que vos sustentará’ e nos ajudará a seguir adiante, a recordar, a discernir e a crescer. O Dom de Deus é o Espírito Santo”.
“Que o Senhor – foi a oração conclusiva do Santo Padre – nos ajude a custodiar esse Dom que Ele nos deu no Batismo e que todos temos dentro de nós.”
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A passagem do Evangelho de hoje é a despedida de Jesus na Ceia (conf. Jo 14,21-26). O Senhor conclui com estes versículos: “Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. Mas o defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (vers. 25-26). É a promessa do Espírito Santo; o Espírito Santo que habita conosco e que o Pai e o Filho enviam. “O Pai enviará no meu nome”, disse Jesus, para acompanhar-nos na vida. E o chamam Paráclito. Esse é o ofício do Espírito Santo. Em grego, o Paráclito é aquele que sustenta, que acompanha para não cair, que lhe mantém firme, que é próximo de você para sustentá-lo. E o Senhor nos prometeu esse sustento, que é Deus como Ele: é o Espírito Santo. O que o Espírito Santo faz em nós? O Senhor o diz: “Ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito” (vers. 26).
Ensinar e recordar. Este é o ofício do Espírito Santo. Ensina-nos: nos ensina o mistério da fé, nos ensina a entrar no mistério, a entender um pouco mais o mistério, nos ensina a doutrina de Jesus e nos ensina como desenvolver a nossa fé sem errar, porque a doutrina cresce, mas sempre na mesma direção: cresce na compreensão. E o Espírito nos ajuda a crescer na compreensão da fé, compreendê-la mais e caminhar para compreender isso que a fé diz. A fé não é uma coisa estática; a doutrina não é uma coisa estática: cresce. Cresce como as árvores crescem, sempre as mesmas, mas maiores, com fruto, mas sempre o mesmo, na mesma direção. E o Espírito Santo evita que a doutrina erre, evita que permaneça parada ali, sem crescer em nós. Ensinar-nos-á as coisas que Jesus nos ensinou, desenvolverá em nós a compreensão daquilo que Jesus nos ensinou, fará crescer em nós, até alcançar a maturidade, a doutrina do Senhor.
E outra coisa que Jesus diz que o Espírito Santo faz é recordar: “Recordará tudo o que eu vos tenho dito” (vers. 26). O Espírito Santo é como a memória, nos desperta: “Mas você se recorda disso, se recorda daquilo”; nos mantém despertos, sempre despertos nas coisas do Senhor e nos faz também recordar a nossa vida: “Pense naquele momento, pense quando encontrou o Senhor, pense quando deixou o Senhor”.
Uma vez, ouvi dizer que uma pessoa rezava diante do Senhor do assim: “Senhor, eu sou o mesmo que quando criança, quando garoto, tinha esses sonhos. Depois, trilhei por caminhos errados. Agora me chamastes”. Eu sou o mesmo: essa é a memória do Espírito Santo na própria vida. Leva-o à memória da salvação, à memória daquilo que Jesus ensinou, mas também à memória da própria vida. E isso me faz pensar – isso que aquele senhor dizia - num modo bonito de rezar, olhar para o Senhor: “Sou o mesmo. Caminhei muito, errei bastante, mas sou o mesmo e vós me amais”. A memória do caminho da vida”.
E nessa memória, o Espírito Santo nos guia; nos guia para discernir, para discernir o que devo fazer agora, qual é o caminho certo e qual é o errado, mesmo nas pequenas decisões. Se nós pedirmos a luz ao Espírito Santo, Ele nos ajudará a discernir para tomar as verdadeiras decisões, as pequenas de todos os dias e as maiores. É aquele que nos acompanha, nos sustenta no discernimento. Isto é, o Espírito que ensina, nos ensinará todas as coisas, ou seja, faz a fé crescer, nos introduz no mistério, o Espírito que nos recorda. Recorda-nos a fé, nos recorda a própria vida, e é o Espírito que neste ensinamento, nesta recordação, nos ensina a discernir as decisões que devemos tomar. E a isso os Evangelho dão um nome ao Espírito Santo: sim, Paráclito, porque nos sustenta, mas outro nome mais bonito: é o Dom de Deus. O Espírito é o Dom de Deus. O Espírito é propriamente o Dom. Não vos deixareis sozinhos, vos enviarei um Paráclito que vos sustentará e vos ajudará a seguir adiante, a recordar, a discernir e a crescer. O Dom de Deus é o Espírito Santo.
Que o Senhor nos ajude a custodiar esse Dom que Ele nos deu no Batismo e que todos temos dentro de nós.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Meu Jesus, eu creio que estais realmente presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: www.vaticannews.va
Sexta-feira 8. Homilia do Papa Francisco: “Deixemo-nos consolar pelo Deus da proximidade, da verdade e da esperança”.
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Na Missa esta sexta-feira (08/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa recordou o Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho: Deus abençoe aqueles que trabalham nestas instituições, que fazem tanto bem. Na homilia, ressaltou que o Senhor consola sempre na proximidade, na verdade e na esperança
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Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira (08/05) da IV Semana da Páscoa e no dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompeia. Na introdução, recordou o Dia Mundial da Cruz Vermelha:
Hoje, se celebra o Dia Mundial da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Rezemos pelas pessoas que trabalham nestas beneméritas instituições: que o Senhor abençoe o trabalho delas, que fazem tanto bem.
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Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 14, 1-6) em que Jesus diz aos seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim também. Na casa de meu Pai há muitas moradas (…) Quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós”.
Este diálogo de Jesus com os discípulos – recordou Francisco – se realiza durante a Última Ceia: “Jesus está triste e todos estão tristes: Jesus disse que seria traído por um deles”, mas, ao mesmo tempo, começa a consolar os seus: “O Senhor consola os seus discípulos e aqui vemos como é o modo de consolar de Jesus. Nós temos muitos modos de consolar, dos mais autênticos, dos mais próximos aos mais formais, como aqueles telegramas de pêsames: ‘Profundamente consternado por…’ Não consola ninguém, é uma finta, é a consolação de formalidade. Mas como o Senhor consola? É importante saber isso, porque também nós, quando em nossa vida devemos passar momentos de tristeza” – ressaltou o Santo Padre –, devemos aprender a “perceber qual é a verdadeira consolação do Senhor”.
“Nesta passagem do Evangelho – observou – vemos que o Senhor consola sempre na proximidade, com a verdade e na esperança”. São os traços da consolação do Senhor. “Na proximidade, jamais distantes”. O Papa recordou “aquela bela palavra do Senhor: “Estou aqui, convosco”. “Muitas vezes” está presente no silêncio, “mas sabemos que Ele está presente. Ele está presente sempre. Aquela proximidade que é o estilo de Deus, também na Encarnação, fazer-se próximo de nós. O Senhor consola na proximidade. E não usa palavras vazias, aliás: prefere o silêncio. A força da proximidade, da presença. E fala pouco. Mas está próximo”.
Um segundo traço “do modo de consolar de Jesus é a verdade: Jesus é verdadeiro. Não diz coisas formais que são mentiras: ‘Não, fique tranquilo, tudo passará, nada acontecerá, passará, as coisas passam…’. Não. Diz a verdade. Não esconde a verdade. Porque Ele mesmo nessa passagem diz: ‘Eu sou a verdade’. E a verdade é: ‘Eu vou embora’, isto é, ‘Eu morrerei’. Estamos diante da morte. É a verdade. E diz isso simplesmente e também o diz com mansidão, sem ferir: estamos diante da morte. Não esconde a verdade”.
O terceiro traço da consolação de Jesus é a esperança. Diz: “Sim, é um momento difícil. Mas não se perturbe o vosso coração: Tende fé em mim também”, porque “na casa de meu Pai há muitas moradas. Vou preparar um lugar para vós”. Ele por primeiro vai abrir as portas daquela morada para onde nos quer levar: “Voltarei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós”. “O Senhor volta toda vez que alguém de nós está em caminho para ir embora deste mundo. ‘Voltarei e vos levarei’: a esperança. Ele virá e nos tomará pela mão e nos levará. Não diz: ‘Não, vós não sofrereis, não há nada’. Não. Diz a verdade: ‘Estou próximo de vós, está é a verdade: é um momento difícil, de perigo, de morte. Mas não se perturbe o vosso coração, permanecei naquela paz, aquela paz subjacente a toda consolação, porque eu virei e pela mão vos levarei para onde eu estarei’.”
“Não é fácil – afirmou o Papa – deixar-se consolar pelo Senhor. Muitas vezes, nos momentos difíceis, nós nos enraivecemos com o Senhor e não deixamos que Ele venha e nos fale assim, com esta doçura, com esta proximidade, com esta mansidão, com esta verdade e com esta esperança. Peçamos a graça – foi a oração conclusiva de Francisco – de aprender a deixar-nos consolar pelo Senhor. A consolação do Senhor é verdadeira, não engana. Não é anestesia, não. Mas é próxima, é verdadeira e nos abre as portas da esperança.”
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Este diálogo de Jesus com os discípulos se dá à mesa, ainda, na ceia (conf. Jo 14,1-6). Jesus está triste e todos estão tristes: Jesus disse que seria traído por um deles (conf. Jo 13,21) e todos percebem que algo de ruim aconteceria. Jesus começa a consolar os seus: porque um dos ofícios, “dos trabalhos” do Senhor é consolar. O Senhor consola os seus discípulos e aqui vemos como é o modo de consolar de Jesus. Nós temos muitos modos de consolar, dos mais autênticos, dos mais próximos aos mais formais, como aqueles telegramas de pesar: “Profundamente contristado por…” Não consola ninguém, é uma finta, é a consolação de formalidade. Mas como o Senhor consola? É importante saber isso, porque também nós, quando em nossa vida devemos passar momentos de tristeza, aprendemos a perceber qual é a verdadeira consolação do Senhor.
E nessa passagem do Evangelho vemos que o Senhor consola sempre na proximidade, com a verdade e na esperança. São os três traços da consolação do Senhor. Com proximidade, jamais distante: estou eu. Aquela palavra: “Estou eu, aqui, convosco”. E muitas vezes em silêncio. Mas sabemos que Ele está presente. Ele sempre está presente. Aquela proximidade que é o estilo de Deus, também na Encarnação, fazer-se próximo de nós. O Senhor consola na proximidade. E não usa palavras, aliás: prefere o silêncio. A força da proximidade, da presença. E fala pouco. Mas é próximo.
Um segundo traço da proximidade de Jesus, do modo de consolar de Jesus, é a verdade: Jesus é verdadeiro. Não diz coisas formais que são mentiras: “Não, fique tranquilo, tudo passará, nada acontecerá, passará, as coisas passam…” Não. Diz a verdade. Não esconde a verdade. Porque Ele mesmo nesta passagem diz: “Eu sou a verdade” (conf. Jo 14,6). E a verdade é: “Eu vou embora”, isto é: “Eu morrerei” (conf. vers. 2-3). Estamos diante da morte. É a verdade. E diz isso simplesmente e também o diz com mansidão, sem ferir: estamos diante da morte. Não esconde a verdade.
E este é o terceiro traço: Jesus consola na esperança. Sim, é um momento difícil. Mas “Não se perturbe o vosso coração (…) Tende fé em mim também” (vers. 1). Digo-vos uma coisa, assim diz Jesus – “Na casa de meu Pai há muitas moradas. (…) Vou preparar um lugar para vós” (vers. 2). Ele por primeiro vai abrir as portas, as portas daquele lugar através do qual todos passaremos, assim espero: “Voltarei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também vós” (vers. 3). O Senhor volta toda vez que alguém de nós está em caminho para ir embora deste mundo. “Voltarei e vos levarei”: a esperança. Ele virá e nos tomará pela mão e nos levará. Não diz: “Não, vós não sofrereis, não é nada...” Não. Diz a verdade: “Estou próximo de vós, está é a verdade: é um momento difícil, de perigo, de morte. Mas não se perturbe o vosso coração, permanecei naquela paz, aquela paz subjacente a toda consolação, porque eu virei e pela mão vos levarei para onde eu estarei’.”
Uma passagem da homilia do Papa Francisco
Não é fácil deixar-se consolar pelo Senhor. Muitas vezes, nos momentos difíceis, nós nos enraivecemos com o Senhor e não deixamos que Ele venha e nos fale assim, com esta doçura, com esta proximidade, com esta mansidão, com esta verdade e com esta esperança.
Peçamos a graça de aprender a deixar-nos consolar pelo Senhor. A consolação do Senhor é verdadeira, não engana. Não é anestesia, não. Mas é próxima, é verdadeira e nos abre as portas da esperança.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira, 7. O Papa reza pelos artistas: “Sem o belo não se pode compreender o Evangelho”.
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Na Missa esta quinta-feira (07/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa voltou a rezar pelos artistas e pediu a Deus que os abençoe. Na homilia, recordou que ser cristãos é pertencer a um povo escolhido gratuitamente por Deus: sem essa consciência se cai nos dogmatismos, nos moralismos, nos movimentos elitistas
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira (07/05) da IV Semana da Páscoa. Na introdução, novamente dirigiu seu pensamento aos artistas:
Ontem recebi uma carta de um grupo de artistas: agradeciam pela oração que fizemos por eles. Gostaria de pedir ao Senhor que os abençoe porque os artistas nos fazem compreender o que é a beleza, e sem o belo não se pode compreender o Evangelho. Rezemos mais uma vez pelos artistas.
Na homilia, o Papa comentou a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 13,13-25) em que Paulo, tendo chegado a Antioquia da Pisídia, explica na sinagoga a história do povo de Israel, anunciando que Jesus é o Salvador esperado.
Quando Paulo explica a nova doutrina para anunciar Jesus – afirmou o Papa –, fala da história da salvação: “O que há por trás de Jesus? Há uma história. Uma história de graça, uma história de eleição, uma história de promessa”. O Senhor escolheu Abraão e caminhou com o seu povo: “Por isso quando é pedido a Paulo que explique o porquê da fé em Jesus Cristo, não começa de Jesus Cristo: começa da história. O cristianismo é uma doutrina, sim, mas não só. Não só as coisas em que nós cremos”, mas é uma história que traz “esta doutrina que é a promessa de Deus, a aliança de Deus, ser eleitos por Deus. O cristianismo não é somente uma ética”: tem “princípios morais, mas não se é cristãos somente com uma visão ética. É mais que isso. O cristianismo não é uma elite de pessoas escolhidas para a verdade. Esse sentido elitista que depois prossegue na Igreja” quando se diz: “Eu sou daquela instituição, eu pertenço a este movimento que é melhor que o seu”… não é esse “sentido elitista. Não, o cristianismo não é isso: o cristianismo é pertença a um povo, a um povo escolhido por Deus gratuitamente. Se não tivermos esta consciência de pertença a um povo, seremos cristãos ideológicos, com uma doutrina pequenina de afirmações de verdades, com uma ética, com uma moral” ou mesmo considerando-nos “uma elite, nos sentimos parte de um grupo escolhido por Deus – os cristãos –, os outros irão para o inferno ou se se salvam é pela misericórdia de Deus, mas são os descartados”. “Se não temos uma consciência de pertença a um povo não somos verdadeiros cristãos”.
Por isso Paulo – reiterou o Papa – explica Jesus a partir da pertença a um povo: “Muitas vezes, nós caímos nessas parcialidades, sejam dogmáticas, morais ou elitistas. O sentido de elite é aquele (sentido) que nos faz muito mal e perdemos aquele sentido de pertença ao santo povo fiel de Deus, que Deus elegeu em Abraão” e prometeu Jesus, a “grande promessa”, e o fez caminhar com esperança. É ter a “consciência de povo”.
É preciso “transmitir a história da nossa salvação”, a memória de um povo, de ser povo, e “nesta história do povo de Deus, até chegar a Jesus Cristo, houve santos, pecadores e muita gente comum, boa, com as virtudes e os pecados, mas todos. A famosa “multidão” que seguia Jesus, que tinha o faro de pertença a um povo. Alguém que se diz cristão que não tenha esse faro não é um verdadeiro cristão”, porque “se sente justificado sem o povo”.
O desvio “mais perigoso” dos cristãos “hoje e sempre” – disse Francisco – é, sem dúvida, “a falta de memória de pertença a um povo. Quando falta isso vêm os dogmatismos, os moralismos, ‘os eticismos’, os movimentos de elite. Falta o povo. Um povo pecador sempre, os movimentos elitistas. Falta o povo. Um povo pecador, sempre, todos o somos, mas que em geral não erra, que tem o faro de ser povo eleito, que caminha tendo recebido uma promessa e que fez uma aliança que ele talvez não cumpre, mas sabe”.
O Papa Francisco convidou a pedir ao Senhor esta consciência de povo, que Nossa Senhora cantou em seu Magnificat e Zacarias em seu Benedictus: “consciência de povo: nós somos o santo povo fiel de Deus” que “em sua totalidade tem o faro da fé e é infalível neste modo de crer”.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Quando Paulo é convidado a falar na sinagoga de Antioquia para explicar esta nova doutrina, isto é, para explicar Jesus, proclamar Jesus, Paulo começa falando da história da salvação (conf. At 13,13-21). Paulo levantou-se e começou: “O Deus deste povo de Israel escolheu os nossos antepassados e fez deles um grande povo quando moravam como estrangeiros no Egito” (At 13,17)… e (contou) toda a salvação, a história da salvação. Estêvão fez o mesmo antes do martírio (conf. At 7,1-54) e também Paulo, outra vez. O autor da carta aos Hebreus faz o mesmo, quando conta a história de Abraão e “todos os nossos pais” (conf. Hb 11,1-39). Nós cantamos o mesmo hoje: “Cantarei eternamente o amor do Senhor, com a minha boca farei conhecer a tua fidelidade” (Sal 88,2). Cantamos a história de Davi: “Encontrei Davi, meu servo) (vers. 21). O mesmo fazem Mateus (conf. Mt 1,1-14) e Lucas (conf. Lc 3,23-38): quando começam a falar de Jesus, partem da genealogia de Jesus.
O que há por trás de Jesus? Há uma história. Uma história de graça, uma história de eleição, uma história de promessa. O Senhor escolheu Abraão e caminhou com o seu povo. No início da Missa, no canto de entrada, dissemos: “Quando avançavas, Senhor, diante de teu povo e abrias o caminho ao lado do teu povo, próximo do teu povo”. Há uma história de Deus com o seu povo. E por isso quando é pedido a Paulo que explique o porquê da fé em Jesus Cristo, não começa de Jesus Cristo: começa da história. O cristianismo é uma doutrina, sim, mas não só. Não só as coisas em que nós cremos: é uma história que traz esta doutrina que é a promessa de Deus, a aliança de Deus, ser eleitos por Deus. O cristianismo não é somente uma ética. Sim, realmente, tem princípios morais, mas não se é cristãos somente com uma visão ética. É mais que isso. O cristianismo não é uma “elite” de pessoas escolhidas para a verdade. Esse sentido elitista que depois prossegue na Igreja, não? Por exemplo, eu sou daquela instituição, eu pertenço a este movimento que é melhor do que o seu... Que isso, que aquilo... É um sentido elitista. Não, o cristianismo não é isso: o cristianismo é pertença a um povo, a um povo escolhido por Deus gratuitamente. Se não tivermos essa consciência de pertença a um povo seremos “cristãos ideológicos”, com uma doutrina pequenina de afirmações de verdades, com uma ética, com uma moral – está bem – ou com uma elite. Sentimo-nos parte de um grupo escolhido por Deus – os cristãos –, os outros irão para o inferno ou se se salvam é pela misericórdia de Deus, mas são os descartados... E assim sucessivamente. Se não temos uma consciência de pertença a um povo, não somos verdadeiros cristãos.
Por isso Paulo explica Jesus do início, da pertença a um povo. E muitas vezes, muitas vezes, nós caímos nesta parcialidade, sejam dogmáticas, morais ou elitistas, não? E o sentido de elite é aquele (sentido) que nos faz muito mal e perdemos aquele sentido de pertença ao santo povo fiel de Deus, que Deus elegeu em Abraão” e prometeu a “grande promessa”, Jesus, e o fez caminhar com esperança e fez aliança com ele. Consciência de povo.
Impressiona-me sempre aquela (passagem) do Deuteronômio, creio seja o capítulo 26, quando diz: “Uma vez por ano quando fores apresentar as ofertas ao Senhor, as primícias, e quando teu filho te perguntar: ‘Papai, por que fazes isto?’, não deves dizer-lhe: ‘Porque Deus mandou’, não: ‘Nós éramos um povo, nós éramos assim e o Senhor nos libertou...’” (conf. Dt 26,1-11). Contar a história, como Paulo fez aqui. Transmitir a história da salvação, O Senhor no mesmo Deuteronômio aconselha: “Quando entrares na terra que não conquistastes, que eu conquistei, e comerás dos frutos que não plantastes e habitarás as casas que não edificastes, no momento de fazer a oferta” (conf. Dt 26,1), recita – o famoso credo deuteronômico –: “Meu pai era um arameu errante, desceu ao Egito” (Dt 26,5). Esteve ali por 400 anos, depois o Senhor o libertou, conduziu-o adiante. Canta a história, a memória de povo, a memória de um povo, de ser povo.
E nesta história do povo de Deus, até chegar a Jesus, houve santos, pecadores e muitas pessoas comuns, boas, com as virtudes e os pecados, mas todos. A famosa “multidão” que seguia Jesus, que tinha o faro de pertença a um povo. Alguém que se diz cristão que não tem esse faro não é um verdadeiro cristão; é um pouco particular e de certo modo se sente justificado sem o povo. Pertença a um povo, ter memória do povo de Deus. E isso o ensina Paulo, Estêvão, outra vez Paulo, os apóstolos... E o conselho do autor da carta aos Hebreus: “Recordar vossos antepassados” (conf. Hb 11,2), isto é, aqueles que nos precederam neste caminho de salvação.
Se alguém me perguntasse: “A seu ver, qual é o desvio dos cristãos hoje e sempre?
Para o senhor, qual seria o desvio mais perigoso dos cristãos?”, eu diria, sem duvidar: a falta de memória de pertença a um povo. Quando falta isso, vêm os dogmatismos, os moralismos, os ‘eticismos’, os movimentos elitistas. Falta o povo. Um povo pecador, sempre, todos o somos, mas que em geral não erra, que tem o faro de ser povo eleito, que caminha tendo recebido uma promessa e que fez uma aliança que talvez não cumpre, mas sabe.
Pedir ao Senhor esta consciência de povo, que Nossa Senhora cantou belamente em seu Magnificat (conf. Lc 1,46-56), que Zacarias cantou de modo tão belo em seu Benedictus (conf. vers. 67-79), cânticos que rezamos todos os dias, pela manhã e à noite. Consciência de povo: nós somos o santo povo fiel de Deus que, com diz o Concílio Vaticano I, e depois o II, na sua totalidade tem o faro da fé e é infalível neste modo de crer.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira 6. “Deus ajude os agentes da mídia a trabalhar sempre a serviço da verdade”. Papa Francisco.
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Na Missa esta quarta-feira (06/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa dirigiu seu pensamento aos agentes dos meios de comunicação que neste tempo de pandemia trabalham e correm muitos riscos. Na homilia, exortou a deixar-nos iluminar, por Jesus, as trevas que temos dentro de nós, os vícios, o espírito mundano, a soberba, para que sua luz entre e nos salve: “Não tenhamos medo do Senhor, é muito bom, é manso, é próximo de nós. Veio para salvar-nos. Não tenhamos medo da luz de Jesus”
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (06/05) da IV Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento aos profissionais da mídia:
Rezemos hoje pelos homens e mulheres que trabalham nos meios de comunicação. Neste tempo de pandemia, correm muitos riscos e há muito trabalho. Que o Senhor os ajude neste trabalho de transmissão sempre da verdade.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 12,44-50) em que Jesus afirma: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. Quem me vê, vê aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia”.
“Esta passagem do Evangelho de João – afirmou o Papa – nos mostra a intimidade que havia entre Jesus e o Pai. Jesus fazia aquilo que o Pai lhe disse para fazer.” E precisa a sua missão: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”. “Apresenta-se como luz. A Missão de Jesus é iluminar” e Ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo”. O profeta Isaías tinha profetizado esta luz: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz”. É “a promessa da luz que iluminará o povo. E também a missão dos apóstolos é levar a luz”, como Paulo disse ter sido escolhido para iluminar, para levar esta luz” que não é sua, mas de outro. É a missão de Jesus e dos apóstolos: iluminar, porque o mundo se encontra nas trevas.
“O drama da luz de Jesus – ressaltou o Papa Francisco – é que foi rejeitada”, como diz João no início do Evangelho: “Veio aos seus e os seus não a acolheram. Amavam mais as trevas do que a luz”. Acostumar-se com as trevas, viver nas trevas: “Não sabem aceitar a luz, não podem; são escravos das trevas. E esta será a luta de Jesus, contínua: iluminar, trazer a luz que mostra como estão as coisas, como são; mostra a liberdade, mostra a verdade” – com a luz de Jesus.
“Paulo teve essa experiência da passagem das trevas à luz, quando o Senhor o encontrou no caminho de Damasco. Ficou cego”. Com o batismo recobrou a luz: “Teve essa experiência da passagem das trevas, nas quais se encontrava, para a luz. É também a nossa passagem, que sacramentalmente a recebemos no batismo: por isso o batismo se chamava, nos primeiros séculos, ‘a iluminação’, porque lhe dava a luz” e por isso no batismo se dá uma vela acesa aos pais porque o menino, a menina, são iluminados. “Jesus traz a luz”.
Mas “o seu povo – observou o Papa – a rejeitou. Está tão acostumado com as trevas que a luz o encandeia” e “este é o drama do nosso pecado: o pecado nos cega e não podemos tolerar a luz. Temos os olhos doentes”. Jesus diz isso claramente, no Evangelho de Mateus: “Se teu olho estiver doente, todo o teu corpo estará doente”. E “se teu olho vê somente as trevas, quantas trevas existirão dentro de ti?” “A conversão é passar das trevas à luz. Mas quais são as coisas que adoecem os olhos, os olhos da fé” e “os cegam? Os vícios, o espírito mundano, a soberba”.
Essas três coisas – observou o Papa – o impelem a associar-se a outros “para permanecer seguros nas trevas. Nós habitualmente falamos das máfias: é isso. Mas existem máfias espirituais, existem máfias domésticas”: é um “buscar outra pessoa para proteger-se e permanecer nas trevas. Não é fácil viver na luz. A luz nos mostra muitas coisas ruins, dentro de nós, que não queremos ver: os vícios, os pecados... Pensemos em nossos vícios, pensemos em nossa soberba, pensemos em nosso espírito mundano: essas coisas nos cegam, nos distanciam da luz de Jesus”.
Mas se pensarmos nessas coisas – acrescentou Francisco – “não encontraremos um muro, não: encontraremos uma saída”, porque Jesus mesmo diz que Ele é a luz: “Vim ao mundo não para condenar o mundo, mas para salvar o mundo”. Jesus mesmo, a luz, diz: “Tende coragem, deixai-vos iluminar, deixai-vos ver por aquilo que tendes dentro, porque sou eu a conduzir-vos adiante, a salvar-vos. Não vos condeno. Eu vos salvo”. É “o Senhor que nos salva das trevas que temos dentro, das trevas da vida cotidiana, da vida social, da vida política, da vida nacional, internacional... tantas trevas” e “o Senhor nos salva. Mas, antes, pede que as vejamos; ter a coragem de ver as nossas trevas para que a luz do Senhor entre e nos salve. Não tenhamos medo do Senhor – concluiu o Papa –, é muito bom, é manso, é próximo de nós. Veio para salvar-nos. Não tenhamos medo da luz de Jesus”.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta passagem do Evangelho de João (conf. Jo 12,44-50) nos mostra a intimidade que havia entre Jesus e o Pai. Jesus fazia aquilo que o Pai lhe disse para fazer. E por isso diz: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou” (vers. 44). Depois, precisa a sua missão: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (vers. 46). Apresenta-se como luz. A missão de Jesus é iluminar: a luz. Ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12). O profeta Isaías tinha profetizado esta luz: “O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz (Mt 4,16 e conf. Is 9,1). A promessa da luz que iluminará o povo. E, também, a missão dos apóstolos é levar a luz. Paulo disse isso ao rei Agripa: “Fui eleito para iluminar, para levar esta luz – que não é minha, é de outro –, mas para levar a luz” (conf. At 26,18). É a missão de Jesus: trazer a luz. E a missão dos apóstolos é levar a luz de Jesus. Iluminar. Porque o mundo se encontrava nas trevas.
Mas o drama da luz de Jesus é que foi rejeitada. Já no início do Evangelho, João diz isso claramente: “Veio aos seus e os seus não a acolheram. Amavam mais as trevas do que a luz” (conf. Jo 1,9-11). Acostumar-se às trevas, viver nas trevas: não sabem aceitar a luz, não podem; são escravos das trevas. E esta será a luta de Jesus, contínua: iluminar, trazer a luz que mostra como estão as coisas, como são; mostra a liberdade, mostra a verdade, mostra o caminho sobre o qual trilhar, com a luz de Jesus.
Paulo teve esta experiência da passagem das trevas para a luz, quando o Senhor o encontrou no caminho da Damasco. Ficou cego. Cego. A luz do Senhor o cegou. E depois, passados alguns dias, com o batismo, recobrou a luz (conf. At 9,1-19). Ele teve esta experiência da passagem das trevas, nas quais se encontrava, para a luz. É também a nossa passagem, que sacramentalmente recebemos no batismo: por isso o batismo se chamava, nos primeiros séculos, “a iluminação” (conf. São Justino, Apologiae, 1, 61, 12), porque lhe dava a luz, lhe “permitia entrar”. Por isso na cerimônia do batismo damos um vela acesa ao pai e à mãe, porque o menino, a menina é iluminado, é iluminada. Jesus traz a luz.
Mas o povo, as pessoas, o seu povo a rejeitou. Está tão acostumado com as trevas que a luz o encandeia, não sabe caminhar (conf. Jo 1,10-11). E este é o drama do nosso pecado: o pecado nos cega e não podemos tolerar a luz. Temos os olhos doentes. E Jesus diz isso claramente, no Evangelho de Mateus: “Se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são trevas, quando grandes serão as trevas! (conf. Mt 6,22-23) As trevas... e a conversão é passar das trevas para a luz. Mas quais são as coisas que adoecem os olhos, os olhos da fé? Nossos olhos estão doentes: quais são as coisas que “os abatem”, que os cegam? Os vícios, o espírito mundano, a soberba.
Os vícios que “o abatem” e também, estas três coisas – os vícios, a soberba, o espírito mundano – o levam a associar-se com outros para permanecer seguros nas trevas. Nós muitas vezes falamos das máfias: é isso. Mas existem “máfias espirituais”, existem “máfias domésticas”, sempre, buscar outra pessoa para proteger-se e permanecer nas trevas. Não é fácil viver na luz. A luz nos mostra muitas coisas ruins dentro de nós que não queremos ver: os vícios, os pecados... Pensemos em nossos vícios, pensemos em nossa soberba, pensemos em nosso espírito mundano: essas coisas nos cegam, nos distanciam da luz de Jesus. Mas se começarmos a pensar nessas coisas, não encontraremos um muro, não: encontraremos uma saída, porque Jesus mesmo diz que Ele é a luz e: “Vim ao mundo não para condenar o mundo, mas para salvar o mundo” (conf. Jo 12,46-47). Jesus mesmo, a luz, diz: “Tende coragem: deixai-vos iluminar, deixai-vos ver por aquilo que tendes dentro, porque sou eu a conduzir-vos adiante, a salvar-vos. Não vos condeno. Eu vos salvo” (conf. vers. 47). O Senhor nos salva das trevas que nós temos dentro, das trevas da vida cotidiana, da vida social, da vida política, da vida nacional, internacional... há muitas trevas, dentro. E o Senhor nos salva. Mas, antes, nos pede para vê-las; ter a coragem de ver nossas trevas para que a luz do Senhor entre e nos salve.
Não tenhamos medo do Senhor: é muito bom, e manso, é próximo de nós. Veio para salvar-nos. Não tenhamos medo da luz de Jesus.
O Papa convidou a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Francisco terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 4. Homilia do Papa Francisco: “Que haja paz nas famílias e unidade na Igreja”
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Na Missa esta segunda-feira (04/05) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa dirigiu seu pensamento às famílias trancadas em casa por causa da pandemia e rezou para que não haja violência, mas paz, paciência e criatividade. Na homilia, recordou que Jesus quer a unidade na Igreja: devemos vencer a tentação das divisões.
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta segunda-feira (04/05) da IV Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento às famílias:
Rezemos hoje pelas famílias: neste tempo de quarentena, a família, trancada em casa, busca fazer muitas coisas novas, muita criatividade com as crianças, com todos, para seguir adiante. E tem também outra coisa, que às vezes se tem a violência doméstica. Rezemos pelas famílias, para que continuem em paz com criatividade e paciência, nesta quarentena.
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia Livro dos Atos dos Apóstolos (At 11,1-18) em que Pedro, repreendido pelos irmãos ainda atrelados às normas mosaicas por ter comido numa casa de pagãos, conta que o Espírito Santo desceu também sobre eles. Pedro – afirmou o Santo Padre – o fizera porque o Espírito Santo o tinha guiado. Mas na Igreja – observou Francisco – há sempre esse sentir a si mesmos justos e considerar os outros pecadores. Essa é uma doença da Igreja que nasce das ideologias. É um pensar mundano que se faz intérprete da Lei. São ideias que criam divisões, a ponto que a divisão se torna mais importante do que a unidade. O Senhor quer a unidade.
No Evangelho (Jo 10,11-18), Jesus afirma que tem também outras ovelhas não são deste redil e também a elas deve conduzir. Escutarão a sua voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. Diz ser pastor de todos: grandes e pequenos, ricos e pobres, bons e maus. Veio para todos, morreu por todos. Também pelas pessoas que não creem n’Ele ou são de outras religiões: veio para todos. Temos um só Redentor. Todavia, a tentação é dizer eu sou desta ou daquela parte. As diferenças são lícitas, mas na unidade da Igreja. Temos todos um só pastor, Jesus. Que o Senhor nos liberte da psicologia da divisão e nos mostre que somos todos irmãos em Jesus – foi a oração conclusiva do Pontífice.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Quando Pedro subiu a Jerusalém, os fiéis o repreenderam. Repreenderam-no porque tinha entrado na casa de homens não circuncisos e comido com eles, com os pagãos: isso não se podia, era um pecado. A pureza da Lei não permitia isso. Mas Pedro o fizera porque tinha sido o Espírito Santo a levá-lo ali. Sempre há na Igreja – havia muito na Igreja primitiva, porque a coisa não era clara – este espírito de “nós somos os justos, os outros (são) os pecadores”. Este “nós e os outros”, “nós e os outros”, as divisões: “Temos propriamente a posição justa diante de Deus”. Ao invés, há “os outros”, se diz também: São os já “condenados”. E essa é uma doença da Igreja, uma doença que nasce das ideologias ou dos partidos religiosos... Pensar que no tempo de Jesus havia ao menos quatro partidos religiosos: o partido dos fariseus, o partido dos saduceus, o partido dos zelotas e o partido dos essênios, e cada um interpretava “a ideia” que tinha da Lei. E essa ideia é uma escola fora da Lei quando é um modo de pensar, de perceber o mundo que se faz intérprete da Lei. Até Jesus era repreendido porque entrava na casa dos publicanos – que eram pecadores, segundo eles – e comia com eles, com os pecadores, porque a pureza da Lei não permitia isso; e antes da refeição não lavavam as mãos... Mas sempre aquela repreensão que cria divisão: isto que eu gostaria de ressaltar é importante.
Há ideias, posições que criam divisão, a ponto que a divisão é mais importante do que a unidade. A minha ideia é mais importante do que o Espírito Santo que nos guia. Tem um cardeal emérito que mora aqui no Vaticano, um pastor muito bom, e ele dizia a seus fiéis: “A Igreja é como um rio, sabem? Alguns estão mais desta parte, alguns da outra parte, mas o importante é que todos estejam dentro do rio”. Essa é a unidade da Igreja. Ninguém fora, tudo dentro. Depois, com as peculiaridades: isso não divide, não é ideologia, é lícito. Mas por que que a Igreja tem essa amplitude de rio? Porque o Senhor quer assim.
O Senhor, no Evangelho, nos diz: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor”. O Senhor diz: “Tenho ovelhas em todos os lugares e eu sou pastor de todos”. Este “todos” é muito importante. Pensemos na parábola do banquete nupcial, quando os convidados não queriam ir: um porque tinha comprado um campo, outro tinha se casado... cada um deu o seu motivo para não ir. E o proprietário enraiveceu-se e disse: “Ide, pois, às encruzilhadas e trazei todos à festa”. Todos. Grandes e pequenos, ricos e pobres, bons e maus. Todos. Este “todos” é, de certo modo, a visão do Senhor que veio para todos. “Mas morreu também por aquele desgraçado que me tornou a vida impossível?: morreu também por ele. “E por aquele bandido?: morreu por ele. Por todos. E também pelas pessoas que não creem n’Ele ou que são de outras religiões: morreu por todos. Isso não significa que se deve fazer proselitismo: não. Mas Ele morreu por todos, justificou todos.
Aqui em Roma tem uma senhora, uma boa mulher, uma professora, a professora Mara, que quando se encontrava em dificuldade... e havia partidos, dizia: “Cristo morreu por todos: vamos pra frente! Aquela capacidade construtiva. Temos um só Redentor, uma só unidade: Cristo morreu por todos. Ao invés, a tentação... também Paulo a sofreu: “Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou desse, eu sou daquele...” E pensemos em nós, cinquenta anos atrás, no pós-Concílio: as coisas, a divisões que a Igreja sofreu. “Eu sou desta parte, eu penso assim, você assim...” Sim, é lícito assim, mas na unidade da Igreja, sob o Pastor Jesus.
Duas coisas. A repreensão dos apóstolos a Pedro porque tinha entrado na casa dos pagãos e Jesus que diz: “Eu sou o pastor de todos”. Eu sou pastor de todos. E que diz: “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho”. É a oração pela unidade de todos os homens, porque todos os homens e as mulheres... todos temos um único Pastor: Jesus.
O Senhor nos livre desta psicologia da divisão, de dividir, e nos ajude a ver isto de Jesus, esta coisa grande de Jesus, que n’Ele somos todos irmãos e Ele é o Pastor de todos. Que hoje esta palavra “todos, todos!”, nos acompanhe ao longo do dia.
O Papa convidou aqueles que não podem comungar sacramentalmente a fazer a Comunhão espiritual com a seguinte oração:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
O Santo Padre terminou a celebração com adoração e a bênção eucarística. Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 1º de maio. Homilia do Papa na Festa de São José Operário: “A ninguém falte o trabalho, a dignidade do trabalho e a justa retribuição”.
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Na Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, esta sexta-feira, 1º de maio, na memória de São José operário, o Papa rezou por todos os trabalhadores para que sejam justamente retribuídos, possam ter um trabalho digno e gozar da beleza do repouso
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira, 1º de maio, em que a Igreja recorda São José operário. Encontrava-se na capela do Espírito Santo uma imagem de São José artesão, levada para esta ocasião pelas Acli, as Associações cristãs dos trabalhadores italianos. Na introdução, o Papa dirigiu seu pensamento ao mundo do trabalho:
Hoje, que é festa de São José operário, também Dia dos Trabalhadores, rezemos por todos os trabalhadores. Por todos. Para que não falte trabalho a nenhuma pessoa e todos sejam justamente retribuídos e possam gozar da dignidade do trabalho e da beleza do repouso.
Na homilia, o Papa comentou a passagem da leitura do dia do Livro do Gênesis (Gn 1,26-2,3) em que é descrita a criação do homem à imagem e semelhança de Deus. “No sétimo dia, Deus considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera”.
Deus – afirmou Francisco – entrega a sua atividade, seu trabalho, ao homem, para que colabore com Ele. O trabalho humano é a vocação recebida por Deus e torna o homem semelhante a Deus porque com o trabalho o homem é capaz de criar. O trabalho dá a dignidade. Dignidade tão espezinhada na história. Também hoje há muitos escravos, escravos do trabalho para sobreviver: trabalhadores forçados, mal pagos, com a dignidade espezinhada. Tira-se a dignidade das pessoas. Também aqui onde estamos acontece – observou o Papa – com os trabalhadores diaristas com uma retribuição mínima por muitas horas trabalhadas, com a doméstica a quem não se paga o justo e não tem as seguranças sociais e a aposentadoria. Isso acontece aqui: é espezinhar a dignidade humana. Toda injustiça que se faz ao trabalhador é espezinhar a dignidade humana. Hoje, nos unimos a tantas pessoas crentes e não-crentes que celebram este dia do trabalhador por aqueles que lutam para ter justiça no trabalho. O Papa rezou por aqueles bons empresários que não querem demitir as pessoas, que protegem os trabalhadores como se fossem filhos, e rezou a São José para que nos ajude a lutar pela dignidade do trabalho, a fim de que haja trabalho para todos e que seja um trabalho digno.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Deus criou. Um Criador. Criou o mundo, criou o homem e deu uma missão, ao homem: administrar, trabalhar, levar a criação adiante. E a palavra “trabalho” é a que a Bíblia usa para descrever esta atividade de Deus: “Considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera”, e entregou esta atividade ao homem: “Tu deves fazer isto, custodiar aquilo, aquilo outro, deves trabalhar para criar comigo – é como se assim dissesse – este mundo, para que siga adiante”. A tal ponto que o trabalho nada mais é que a continuação do trabalho de Deus: o trabalho humano é a vocação do homem recebida de Deus para a finalidade da criação do universo.
E o trabalho é aquilo que torna o homem semelhante a Deus, porque com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas, inclusive criar uma família para seguir adiante. O homem é um criador e cria com o trabalho. Essa é a vocação. E a Bíblia diz que “Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom”. Isto é, o trabalho tem intrinsecamente uma bondade e cria a harmonia das coisas – beleza, bondade – e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, no seu agir, tudo. O homem é envolvido no trabalhar. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isso dá dignidade ao homem. A dignidade que o faz semelhante a Deus. A dignidade do trabalho.
Uma vez, numa Caritas, um funcionário da Caritas disse a um homem que não tinha trabalho e ia à Caritas buscar alguma coisa para a família: “O senhor pode ao menos levar o pão para casa” – “Mas isso não me basta, não é suficiente”, foi a resposta: “Eu quero ganhar o pão para levá-lo para casa”. Faltava-lhe a dignidade, a dignidade de ser ele a “fazer” o pão, com o seu trabalho, e levá-lo para casa. A dignidade do trabalho, que é tão espezinhada, infelizmente. Na história lemos as brutalidades que faziam com os escravos: levavam-no da África para a América – penso naquela história que diz respeito à minha terra – e nós dizemos “quanta barbárie”... Mas também hoje há muitos escravos, muitos homens e mulheres que não são livres para trabalhar: são obrigados a trabalhar, para sobreviver, nada mais. São escravos: os trabalhos forçados... são trabalhos forçados, injustos, mal pagos e que levam o homem a viver com a dignidade espezinhada. São muitos, muitos no mundo. Alguns meses atrás lemos nos jornais, naquele país da Ásia, como um senhor tinha matado a pauladas um funcionário seu que ganhava menos de meio dólar por dia, por uma coisa que tinha saído mal feita por este. A escravidão de hoje é a nossa “indignidade”, porque tolhe a dignidade ao homem, à mulher, a todos nós. “Não, eu trabalho, tenho minha dignidade”: sim, mas seus irmãos, não. “Sim, padre, é verdade, mas isto, como está tão distante, tenho dificuldade de entender. Mas aqui onde estamos...”: também aqui, entre nós. Aqui, entre nós. Pense nos trabalhadores, os diaristas, que você faz trabalhar por uma retribuição mínima e não oito, mas doze, quatorze horas por dia: isso acontece hoje, aqui. No mundo inteiro, mas também aqui. Pense na doméstica que não tem justa retribuição, que não tem assistência social de segurança, que não tem capacidade de aposentadoria: isso não acontece somente na Ásia. Aqui.
Toda injustiça que se faz a uma pessoa que trabalha é espezinhar a dignidade humana, inclusive a dignidade de quem faz a injustiça: abaixa-se o nível e se acaba naquela tensão de ditador-escravo. Ao invés, a vocação que Deus nos dá é muito bonita: criar, re-criar. Trabalhar. Mas isso pode ser feito quando as condições são justas e se respeita a dignidade da pessoa.
Hoje nos unimos a muitos homens e mulheres, crentes e não-crentes, que comemoram hoje o dia do Trabalhador, o Dia do Trabalho, por aqueles que lutam para ter uma justiça no trabalho, por eles – bons empresários – que levam o trabalho adiante com justiça, mesmo se têm perdas.
Dois meses atrás ouvi por telefone um empresário, aqui, na Itália, que me pedia para rezar por ele porque não queria demitir ninguém e disse assim: “Porque demitir um deles é me demitir”. Essa consciência de muitos bons empresários, que protegem os trabalhadores como se fossem filhos. Rezemos também por eles. E peçamos a São José – com este ícone tão bonito com os instrumentos de trabalho em mãos – que nos ajude a lutar pela dignidade do trabalho, a fim de que haja trabalho para todos e que seja trabalho digno. Não trabalho de escravo. Essa seja a oração hoje.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira, 30. A oração especial do Papa pelas vítimas anônimas da pandemia
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Na Missa esta quinta-feira (30/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou em particular pelos mortos sem nome, sepultados nas valas comuns. Na homilia, recordou que anunciar Jesus não é fazer proselitismo, mas testemunhar a fé com a própria vida e pedir ao Pai que atraia as pessoas ao Filho
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta quinta-feira (30/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento às vítimas do novo coronavírus:
Rezemos hoje pelos defuntos, aqueles que morreram por causa da pandemia; e também de modo especial pelos defuntos – digamos assim – anônimos: vimos as fotografias das valas comuns. Muitos ali…
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 8,26-40) que conta o encontro de Filipe com um etíope eunuco, funcionário de Candace, desejoso de compreender quem era a pessoa descrita pelo profeta Isaías: “Ele foi levado como ovelha ao matadouro”. Depois que Filipe lhe explicou que se tratava de Jesus, o etíope se deixou batizar.
É o Pai – afirmou Francisco recordando o Evangelho de hoje (Jo 6,44-51) – quem atrai ao conhecimento do Filho: sem essa intervenção não se pode conhecer o mistério de Cristo. Foi o que aconteceu com o funcionário etíope, que ao ler o profeta Isaías tinha uma inquietude colocada pelo Pai em seu coração. Isso – observou o Papa – vale também para a missão: nós não convertemos ninguém, é o Pai que atrai. Nós podemos simplesmente dar um testemunho de fé. O Pai atrai através do testemunho de fé. É preciso pedir que o Pai atraia as pessoas a Jesus: são necessários o testemunho e a oração. Esse é o centro do nosso apostolado. Perguntemo-nos: dou testemunho com meu estilo de vida, rezo para que o Pai atraia as pessoas a Jesus? Ir em missão não é fazer proselitismo, é testemunhar. Nós não convertemos ninguém, é Deus que toca o coração das pessoas. Peçamos ao Senhor – foi a oração conclusiva do Papa – a graça de viver nosso trabalho com o testemunho e com a oração para que Ele possa atrair as pessoas a Jesus.
A seguir, a homilia transcrita pelo Vatican News:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai”: Jesus recorda que também os profetas tinham preanunciado isto: “E todos serão instruídos por Deus”. É Deus quem atrai ao conhecimento do Filho. Sem isso, não se pode conhecer Jesus. Sim se pode estudar, inclusive estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez: isso sim. Mas conhecê-Lo interiormente, conhecer o mistério de Cristo é somente para aqueles que foram atraídos pelo Pai para isso.
Foi o que aconteceu a este ministro da economia da rainha da Etiópia. Vê-se que era um homem piedoso e que reservou um tempo, em meio aos muitos negócios que tinha a fazer, para ir adorar Deus. Um fiel. E voltava à pátria lendo o profeta Isaías. O Senhor pegou Filipe, enviou-o àquele lugar e depois lhe disse: “Aproxima-te desse carro”, e ouve o ministro que está lendo Isaías. (Ele) se aproxima e lhe faz uma pergunta: “Compreendes?” – “Como posso, se ninguém mo explica?”, e faz a pergunta: “De quem o profeta está dizendo isso?” Peço-te, suba no carro”, e durante a viagem – não sei quanto tempo, penso que ao menos duas horas – Filipe explicou: explicou Jesus (conf. versículos 26-35).
Aquela inquietude que este senhor tinha na leitura do profeta Isaías era propriamente do Pai, que atraia a Jesus: o tinha preparado, o tinha levado da Etiópia a Jerusalém para adorar Deus e depois, com essa leitura, tinha preparado o coração para revelar Jesus, a ponto que assim que viu a água disse: “Posso ser batizado”. E ele acreditou.
E isso – que ninguém pode conhecer Jesus sem que o Pai o atraia –, isso é válido para o nosso apostolado, para a nossa missão apostólica como cristãos. Penso também nas missões. “O que você vai fazer nas missões?” – “Eu, converter as pessoas” – “Pare, você não vai converter ninguém! Será o Pai a atrair aqueles corações para reconhecer Jesus”. Ir em missão é dar testemunho da própria fé; sem testemunho você não fará nada. Ir em missão – e são bons missionários! – não significa criar grandes estruturas, coisas... e parar por aí. Não: as estruturas devem ser testemunhos. Você pode fazer uma estrutura hospitalar, educacional de grande perfeição, de grande desenvolvimento, mas se uma estrutura é sem testemunho cristão, seu trabalho aí não será um trabalho de testemunha, um trabalho de verdadeira pregação de Jesus: será uma sociedade de beneficência, muito boa – muito boa! – mas nada mais.
Se eu quero ir em missão, e digo isso se eu quero ir em apostolado, devo ir com a disponibilidade que o Pai atraia as pessoas a Jesus, e isso é feito pelo testemunho. Jesus mesmo o disse a Pedro, quando confessa que Ele é o Messias: “Feliz és tu, Simão Pedro, porque quem te revelou isso foi o Pai”. É o Pai que atrai, e atrai com nosso testemunho. “Eu farei muitas obras, aqui, ali, acolá, de educação, disso, daquilo outro...”, mas sem testemunho são coisas boas, mas não são o anúncio do Evangelho, não são lugares que dão a possibilidade que o Pai atraia ao conhecimento de Jesus (conf. Jo 6,44). Trabalho e o testemunho.
“Mas como posso fazer para que o Pai se preocupe em atrair essas pessoas?” A oração. E essa é a oração pelas missões: rezar para que o Pai atraia as pessoas a Jesus. Testemunho e oração caminham juntos. Sem testemunho e oração não se pode fazer pregação apostólica, não se pode fazer anúncio. Você fará uma bonita pregação moral, fará muitas coisas boas, todas boas. Mas o Pai não terá a possibilidade de atrair as pessoas a Jesus. E esse é o centro: esse é o centro do nosso apostolado, que o Pai possa atrair as pessoas a Jesus. Nosso testemunho abre as portas às pessoas e nossa oração abre as portas ao coração do Pai para que atraia as pessoas. Testemunho e oração. E isso não é somente para as missões, é também para nosso trabalho como cristãos. Eu dou testemunho de vida cristã, realmente, com o meu estilo de vida? Eu rezo para que o Pai atraia as pessoas a Jesus?
Essa é a grande regra para nosso apostolado, em todos os lugares, e de modo especial para as missões. Ir em missão não é fazer proselitismo. Uma vez... uma senhora – uma boa pessoa, se via que era de boa vontade – se aproximou com dois jovens, um jovem e uma jovem, e me disse: “Este (jovem), Padre, era protestante e se converteu: eu o converti. E esta (jovem) era...” – não sei, animista, não sei o que me disse, “e eu a converti”. E a senhora era boa: boa. Mas errava. Perdi um pouco a paciência e disse: “Escute-me, a senhora não converteu ninguém: foi Deus quem tocou o coração das pessoas. E não se esqueça: testemunho, sim; proselitismo, não”.
Peçamos ao Senhor a graça de viver nosso trabalho com testemunho e com oração, para que Ele, o Pai, possa atrair as pessoas a Jesus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 29. O Papa reza pela Europa, para que seja unida e fraterna
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Na Missa esta quarta-feira (29/04), o Papa, recordando a memória litúrgica de Santa Catarina de Sena, padroeira da Europa, rezou pela unidade da Europa e da União Europeia, para que todos juntos possamos seguir adiante como irmãos. Na homilia, convidou a pedir ao Senhor a graça da simplicidade e da humildade para confessar os próprios pecados concretos, e assim encontrar o perdão de Deus
VATICAN MEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira, 29 de abril, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de Santa Catarina de Sena, virgem, doutora da Igreja, padroeira da Itália e da Europa. Na introdução, dirigiu seu pensamento à Europa, como fez outras vezes nestes dias caracterizados pela pandemia da Covid-19:
Hoje é Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, padroeira da Europa. Rezemos pela Europa, pela unidade da Europa, pela unidade da União Europeia: para que todos juntos possamos seguir adiante como irmãos.
Na homilia, o Papa comentou a primeira Carta de São João (1,5-2,2) em que o apóstolo afirma que Deus é luz e se dissermos que estamos em comunhão com Ele estamos também em comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. E adverte: se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, mas se reconhecermos nossos pecados, então Deus nos perdoa e nos purifica de toda culpa. O apóstolo – observou Francisco – chama à concretude da vida, à verdade: diz que não podemos caminhar na luz e estar nas trevas. Pior é caminhar no indefinido, porque faz você acreditar que caminha na luz e isso o tranquiliza. O indefinido é muito traidor. O contrário é a concretude de reconhecer os próprios pecados. A verdade é concreta, as mentiras são etéreas: por isso é preciso confessar os pecados não abstratamente, mas de modo concreto. Como diz o Evangelho do dia (Mt 11,25-30) em que Jesus louva ao Pai porque escondeu o Evangelho aos sábios e entendidos e o revelou aos pequeninos. Os pequeninos – ressaltou o Santo Padre – confessam os pecados de modo simples, dizem coisas concretas porque têm a simplicidade que Deus lhes dá. Também nós devemos ser simples e concretos e confessar, com humildade e vergonha, nossos pecados concretos. A concretude nos leva à humildade. E o Senhor nos perdoa: é preciso dar nome aos pecados. Se somos abstratos em confessá-los, somos genéricos, acabamos nas trevas. É importante – afirmou o Papa – ter a liberdade de dizer ao Senhor as coisas como elas são, ter a sabedoria da concretude, porque o diabo quer que nós vivamos na indefinição, nem branco nem preto. O Senhor não gosta dos mornos. A vida espiritual é simples, mas nós a complicamos com nuances. Peçamos ao Senhor – concluiu Francisco – a graça da simplicidade, a transparência, a graça da liberdade de dizer as coisas como elas são e de conhecer bem quem somos diante de Deus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Carta de São João apóstolo há muitos contrastes: entre luz e trevas, entre mentira e verdade, entre pecado e inocência. Mas sempre o apóstolo chama à concretude, à verdade, e nos diz que não podemos estar em comunhão com Jesus e caminhar nas trevas, porque Ele é luz. Ou uma coisa ou outra: o indefinido é pior ainda, porque o indefinido faz você acreditar que caminha na luz, porque você não se encontra nas trevas e isso o tranquiliza. O indefinido é muito traidor. Ou uma coisa ou outra.
O apóstolo continua: “Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós”, porque todos pecamos, todos somos pecadores. E aqui há algo que pode nos enganar: dizer “todos somos pecadores”, como quem diz “bom-dia”, “tenha um bom-dia”, uma coisa habitual, também uma coisa social, e assim não temos uma verdadeira consciência do pecado. Não: eu sou pecador por isto, isto, isto. A concretude. A concretude da verdade: a verdade é sempre concreta; as mentiras são etéreas, são como o ar, você não pode pegá-lo. A verdade é concreta. E você não pode ir confessar seus pecados de modo abstrato: “Sim, eu... sim, uma vez perdi a paciência, outra...”, e coisas abstratas. “Sou pecador”. A concretude: “Eu fiz isto. Eu pensei isto. Eu disse isto”. A concretude é aquilo que me faz sentir-me seriamente pecador e não pecador no ar.
Jesus no Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”. A concretude dos pequeninos. É bonito ouvir os pequeninos quando veem confessar-se: não dizem coisas estranhas, no ar; dizem as coisas concretas; e às vezes demasiadamente concretas porque têm aquela simplicidade que Deus dá aos pequeninos. Lembro-me sempre de uma criança que uma vez veio dizer-me que estava triste porque tinha brigado com a tia... Depois continuou. Eu disse: “Mas o que você fez?” – “Eu estava em casa, queria ir jogar bola – uma criança, hein? – mas a tia, a mãe estava fora, disse: “Não, você não sai: primeiro deve fazer as tarefas”. Palavra vai, palavra vem, e no final acabei xingando-a. Era uma criança de grande cultura geográfica... Disse-me inclusive o nome do lugar para onde tinha mandado a tia! São assim: simples, concretas.
Também nós devemos ser simples, concretos: a concretude leva você à humildade, porque a humildade é concreta. “Somos todos pecadores” é uma coisa abstrata. Não: “eu sou pecador por isto, isto e isto”, e isso me leva à vergonha de olhar para Jesus: “Perdoai-me”. A verdadeira atitude do pecador. “Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós”. É um modo de dizer que não temos pecado, é esta atitude abstrata : “Sim, somos pecadores, sim, uma vez perdi a paciência...” mas tudo no ar. Não me dou conta da realidade dos meus pecados. “Mas, o senhor sabe, todos fazemos essas coisas, sinto muito, sinto muito... me entristece, não quero mais fazer isso, não quero mais dizer isso, não quero mais pensar isso”. É importante que nós, dentro de nós, demos nome aos nossos pecados. A concretude. Porque se mantermos no ar, acabaremos nas trevas. Sejamos como os pequeninos, que dizem aquilo que sentem, aquilo que pensam: ainda não aprenderam a arte de dizer as coisas um pouco camufladas para que sejam entendidas mas não sejam ditas. Essa é uma arte dos adultos, que muitas vezes não nos faz bem.
Ontem recebi uma carta de um garoto de Caravaggio. Chama-se André. E me contava suas coisas: as cartas dos garotos, das crianças, são belíssimas, pela concretude. E me dizia que tinha acompanhado a Missa pela televisão e que devia “reclamar-me” uma coisa: que eu digo “A paz esteja convosco”, “e você não pode dizer isso porque com a pandemia não podemos tocar-nos”. Não vê que vocês fazem assim com a cabeça e não se tocam. Mas a liberdade de dizer as coisas como elas são.
Também nós, com o Senhor, a liberdade de dizer as coisas como elas são: “Senhor, estou no pecado: ajuda-me”. Como Pedro após a primeira pesca milagrosa: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”. Ter essa sabedoria da concretude. Porque o diabo quer que nós vivamos na tepidez, mornos, no indefinido: nem bons nem maus, nem branco nem preto: indefinido. Uma vida que não agrada ao Senhor. O Senhor não gosta dos mornos.
Concretude. Para não ser mentirosos. Se confessarmos nossos pecados, Ele se mostra fiel e justo, para nos perdoar: perdoa-nos quando somos concretos. A vida espiritual é muito simples, muito simples; mas nós a tornamos complicada com essas nuances, e acabamos jamais chegando à meta.
Peçamos ao Senhor a graça da simplicidade e que Ele nos dê essa graça que dá aos simples, às crianças, aos jovens que dizem aquilo que sentem, que não escondem aquilo que sentem. Mesmo se é uma coisa errada, mas o dizem. Mesmo com Ele, dizer as coisas: a transparência. E não viver uma vida que não é uma coisa nem outra. A graça da liberdade para dizer essas coisas e também a graça de conhecer bem quem somos diante de Deus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 28. Homilia do Papa: “O Senhor dê prudência a seu povo diante da pandemia”.
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Na Missa esta terça-feira (28/04) na Casa Santa Marta, non Vaticano, Francisco rezou para que o povo de Deus seja obediente às disposições em vista do fim da quarentena, para que a pandemia não volte. Na homilia, o Papa convidou a não cair no pequeno linchamento diário do mexerico que provoca falsos julgamentos sobre as pessoas
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta terça-feira (28/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, pensou no comportamento do povo de Deus diante do fim da quarentena:
Neste tempo, no qual se começa a ter disposições para sair da quarentena, rezemos ao Senhor para que dê a seu povo, a todos nós, a graça da prudência e da obediência às disposições, para que a pandemia não volte.
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 7,51-8,1a), em que Estêvão fala com coragem ao povo, aos anciãos e aos doutores da lei, que o julgam com falsos testemunhos, arrastam-no para fora da cidade e o apedrejam. Também com Jesus fizeram o mesmo – afirmou o Papa –, buscando convencer o povo de que era um blasfemo. É uma brutalidade partir de falsos testemunhos para “fazer justiça”: notícias falsas, calúnias, que esquentam o povo para “fazer justiça”, é um verdadeiro linchamento. Fizeram assim com Estêvão, usando um povo que foi enganado. Acontece assim com os mártires de hoje, como Asia Bibi, durante tantos anos no prisão, julgada por uma calúnia. Diante da avalanche de notícias falsas que criam opinião, às vezes não se pode fazer nada. Penso no Holocausto, disse o Papa: foi criada uma opinião contra um povo para eliminá-lo. Há ainda o perigo do linchamento diário que busca condenar as pessoas, criar uma má fama, o pequeno linchamento diário do mexerico que cria opiniões para condenar as pessoas. A verdade, ao invés, é clara e transparente, é o testemunho do verdadeiro, daquilo em que se crê. Pensemos em nossa língua: muitas vezes com nossos comentários iniciamos um linchamento desse tipo. Também em nossas instituições cristãs vimos muitos linchamentos diários que nasceram dos mexericos. Rezemos ao Senhor – foi a sua oração conclusiva – para que nos ajude a ser justos em nossos julgamentos, a não começar ou seguir essa condenação maciça que o mexerico provoca.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Leitura destes dias ouvimos o martírio de Estêvão: uma coisa simples, como aconteceu. Os doutores da Lei não toleravam a clareza da doutrina e, como saída, foram pedir a alguém que dissessem que tinham ouvido que Estêvão blasfemava contra Deus, contra a Lei. E depois disso caíram em cima dele e o apedrejaram: simples assim. É uma estrutura de ação que não é a primeira: também com Jesus fizeram o mesmo. O povo que estava ali, buscou convencer de que era um blasfemo e eles gritaram: “Crucifica-o”. É uma brutalidade. Uma brutalidade, partir de falsos testemunhos para se chegar a “fazer justiça”. Este é o esquema. Também na Bíblia há casos desse tipo: fizeram o mesmo com Susana, fizeram o mesmo com Nabot, depois Amã procurou fazer o mesmo com o povo de Deus... Notícias falsas, calúnias que esquentam o povo e pedem a justiça. É um linchamento, um verdadeiro linchamento.
E assim, levam ao juiz, para que o juiz dê forma legal a isso: mas já está julgado, o juiz deve ser muito, muito corajoso para ir contra um julgamento tão popular, feito de propósito, preparado. É o caso de Pilatos: Pilatos viu claramente que Jesus era inocente, mas viu o povo, lavou as mãos. É um modo de fazer jurisprudência. Também hoje vemos isso: também hoje está em andamento, em alguns países, quando se quer fazer um golpe de Estado ou excluir algum político para que não participe das eleições, ou assim, se faz o seguinte: notícias falsas, calúnias, depois cai num juiz daqueles que gostam de criar jurisprudência com este positivismo “da situação” que está na moda, e depois condena. É um linchamento social. E assim foi feito com Estêvão, assim foi feito o julgamento de Estêvão: levaram para julgar alguém que já tinha sido julgado pelo povo enganado.
Isso acontece também com os mártires de hoje: que os juízes não têm a possibilidade de fazer justiça porque já foram julgados. Pensemos em Asia Bibi, por exemplo, que vimos: dez anos na prisão porque foi julgada por uma calúnia e um povo que quer a sua morte. Diante dessa avalanche de notícias falsas que criam opinião, muitas vezes não se pode fazer nada: não se pode fazer nada.
Penso muito, nisso, no Holocausto. O holocausto é um caso desse tipo: foi criada a opinião contra um povo e depois era normal: “Sim, sim: devem morrer, devem morrer”. Um modo de proceder para eliminar as pessoas que incomodam, que atrapalham.
Todos sabemos que isso não é bom, mas o que não sabemos é que existe um pequeno linchamento diário que busca condenar as pessoas, criar um má fama nas pessoas, descartá-las: o pequeno linchamento diário do mexerico que cria uma opinião. Muitas vezes uma pessoa ouve se difamar alguém, e diz: “Mas não, essa pessoa é uma pessoa justa!” – “não, não: se diz que...”, e com aquele “se diz que” se cria uma opinião para acabar com uma pessoa. A verdade é outra: a verdade é o testemunho do verdadeiro, das coisas em que uma pessoa crê; a verdade é clara, é transparente. A verdade não tolera as pressões. Vejamos Estêvão, mártir: primeiro mártir depois de Jesus. Primeiro mártir. Pensemos nos apóstolos: todos deram testemunho. E pensemos em tantos mártires que – também de hoje, São Pedro Chanel – que foi o mexerico ali, a inventar que era contra o rei... se cria uma fama, e se deve matar.
E pensemos em nós, em nossa língua: nós muitas vezes, com nossos comentários, iniciamos um linchamento desse tipo. E em nossas instituições cristãs vimos muitos linchamentos diários que nasceram do mexerico.
Que o Senhor nos ajude a ser justos em nossos juízos, a não começar ou seguir essa condenação maciça que o mexerico provoca. O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 27. O Papa reza pelos artistas: "O Senhor nos dê a graça da criatividade".
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Na Missa esta segunda-feira (27/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa voltou seu pensamento aos artistas e ao caminho da beleza e da criatividade que podem ajudar neste momento difícil caracterizado pela pandemia. Na homilia, convidou a pedir a graça de voltar sempre ao primeiro chamado, quando Jesus nos olhou com amor
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, manhã desta segunda-feira (27/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento aos artistas:
Rezemos hoje pelos artistas, que têm esta capacidade de criatividade muito grande e pelo caminho da beleza nos indicam o caminho a seguir. Que o Senhor nos dê a todos a graça da criatividade neste momento.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 6,22-29) em que Jesus repreende a multidão por buscá-lo, após a multiplicação dos pães e dos peixes, somente porque se saciou, e a exortou a esforçar-se não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem dará. A multidão pergunta o que deve fazer e Jesus responde: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. A multidão que ouvia Jesus sem cansar-se – disse Francisco –, uma vez saciada, pensava em fazê-lo rei: tinha esquecido o primeiro entusiasmo pela Palavra de Jesus. E o Senhor recorda à multidão o primeiro sentimento. Corrige o caminho das pessoas que tinham tomado um caminho mais mundano que evangélico. Assim se dá também conosco quando nos distanciamos do caminho do Evangelho e perdemos a memória do primeiro entusiasmo pela Palavra do Senhor. Jesus nos faz voltar ao primeiro encontro; esta é uma graça diante das tentações de distanciar-nos. A graça de voltar sempre ao primeiro chamado, quando Jesus nos olhou com amor. Cada um de nós tem a experiência do primeiro encontro em que Jesus nos disse: “Segue-me”. Depois, ao longo do caminho, nos distanciamos e perdemos o frescor do primeiro chamado. O Papa convida a rezar para que o Senhor nos dê a graça de voltar ao momento em que fizemos a experiência de encontrar Jesus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
As pessoas que tinham ouvido Jesus durante todo o dia, e depois tiveram esta graça da multiplicação dos pães e viu o poder de Jesus, queriam fazê-lo rei. Antes iam até Jesus para ouvir a palavra e também para pedir a cura dos doentes. Passaram o dia inteiro ouvindo Jesus sem entediar-se, sem cansar-se ou (estar) cansadas, mas estavam ali, felizes. Mas depois quando viram que Jesus lhes dava de comer, algo que elas não esperavam, pensaram: “Esse seria um bom governante para nós e certamente será capaz de libertar-nos do poder dos Romanos e levar o país adiante”. E se entusiasmaram para fazê-lo rei. A intenção delas mudou, porque viram e pensaram: “Bem... porque uma pessoa que faz este milagre, que dá de comer ao povo, pode ser um bom governante”. Mas naquele momento tinham esquecido o entusiasmo que a Palavra de Jesus suscitava em seus corações.
Jesus afastou-se e foi rezar. Aquelas pessoas, se vê, ficaram ali, e no dia seguinte buscavam Jesus, “porque deve estar aqui”, diziam, porque tinham visto que não havia subido na barca com os outros. E havia uma barca ali, que ficou ali... Mas não sabiam que Jesus tinha alcançado os outros caminhando sobre as águas. Desse modo, decidiram ir até a outra parte do mar de Tiberíades procurar Jesus e quando o viram, a primeira palavra que lhe dizem (é): “Rabi, quando chegaste aqui?”, como a dizer: “Não entendemos, isso parece uma coisa estranha”.
E Jesus lhes faz voltar ao primeiro sentimento, ao que elas tinham antes da multiplicação dos pães, quando ouviam a Palavra de Deus: “Em verdade, em verdade, eu vos digo:
estais me procurando não porque vistes sinais – como no início, os sinais da palavra, que as entusiasmavam, os sinais da cura –, não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. Jesus revela a intenção delas e diz: “Mas é assim, mudastes de atitude”. E elas, ao invés de justificar-se: “Não, Senhor, não...”, foram humildes. Jesus continua: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. E elas, concordes, disseram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus? “Que acrediteis no Filho de Deus”. Esse é um caso no qual Jesus corrige a atitude das pessoas, da multidão, porque no meio do caminho se tinha um pouco distanciado do primeiro momento, da primeira consolação espiritual e tinha tomado um caminho que não era justo, uma caminho mais mundano que evangélico.
Isso nos leva a pensar as muitas vezes que nós na vida começamos um caminho no seguimento de Jesus, atrás de Jesus, com os valores do Evangelho, e na metade do caminho nos vem outra ideia, vemos algum sinal e nos distanciamos e nos conformamos com uma coisa mais temporal, mais material, mais mundana, pode ser, e perdemos a memória daquele primeiro entusiasmo que tivemos quando ouvíamos Jesus falar. O Senhor nos faz voltar sempre ao primeiro encontro, ao primeiro momento no qual Ele nos olhou, nos falou e fez nascer dentro de nós a vontade de segui-lo. Essa é uma graça a ser pedida ao Senhor, porque nós na vida sempre teremos esta tentação de distanciar-nos porque vemos outra coisa: “Mas aquilo dará certo, mas aquela ideia é boa...” Distanciamo-nos.
A graça de voltar sempre ao primeiro chamado, ao primeiro momento: não esquecer, não esquecer a minha história, quando Jesus me olhou com amor e me disse: “Esse é o vosso caminho”; quando Jesus através de tantas pessoas me fez entender qual era o caminho do Evangelho e não outros caminhos um pouco mundanos, com outros valores. Voltar ao primeiro encontro.
Sempre impressionou-me que entre as coisas que Jesus disse na manhã da Ressurreição: “Ide aos meus discípulos e dizei a eles que vão à Galileia, ali me encontrarão”, Galileia era o lugar do primeiro encontro. Ali tinham encontrado Jesus. Cada um de nós tem a sua “Galileia dentro (de si), o próprio momento no qual Jesus se aproximou e nos disse: “Segue-me”. Na vida acontece isso que aconteceu a essas pessoas – boas, porque depois lhe dizem: “Que devemos fazer?”, imediatamente obedeceram –, acontece que nos distanciamos e buscamos outros valores, outras hermenêuticas, outras coisas, e perdemos o frescor do primeiro chamado. O autor da Carta aos Hebreus nos chama a isso: “Recordai-vos dos primeiros dias”. A memória, a memória do primeiro encontro, a memória da “minha Galileia”, quando o Senhor me olhou com amor e me disse: “Segue-me”.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!. Fonte: https://www.vaticannews.va
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