Papa diz que compartilhar bens 'não é comunismo, mas cristianismo' em missa com presos e refugiados
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Missa do 'Domingo da Misericórdia' foi realizada fora do Vaticano. Profissionais da saúde também estiveram presentes.
Papa Francisco afirma que compartilhar "não é comunismo, mas cristianismo puro" em missa neste 11 de abril. — Foto: Vaticano News
O papa Francisco fez uma saída incomum do Vaticano neste domingo (11) para celebrar a missa do 'Domingo da Misericórdia' com presos, refugiados e profissionais da saúde.
Durante a celebração, o pontífice lembrou que os primeiros cristãos não tinham o conceito de propriedade privada e compartilhavam tudo. "Isso não é comunismo, mas puro cristianismo", afirmou.
Francisco também destacou a importância para os cristãos da misericórdia e de servir os demais.
"Não podemos permanecer indiferentes. Não podemos viver uma meia fé, que recebe, mas não dá (...). Tendo recebido misericórdia, vamos nos tornar misericordiosos", pediu o papa.
A missa foi realizada em uma igreja próxima à Praça de São Pedro. Entre o público, com cerca de 80 pessoas por causa das medidas de prevenção ao coronavírus, havia presos de dois presídios de Roma e de um centro de detenção de jovens, assim como refugiados da Síria, Nigéria e Egito e profissionais da saúde de um hospital próximo.
O papa, que tem 84 anos e foi vacinado contra o coronavírus antes de sua viagem ao Iraque no início de março, não usou máscara durante a missa, segundo a agência de notícias France Presse. Fonte: https://g1.globo.com
O Papa: não vivamos uma fé pela metade, tornemo-nos misericordiosos
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"Com efeito, se o amor acaba em nós mesmos, a fé evapora-se num intimismo estéril. Sem os outros, torna-se desencarnada. Sem as obras de misericórdia, morre. Deixemo-nos ressuscitar pela paz, o perdão e as chagas de Jesus misericordioso", disse Francisco em sua homilia.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística neste II Domingo de Páscoa (11/04), Domingo da Divina Misericórdia, na Igreja de Santo Espírito, em Sassia, Santuário da Divina Misericórdia, localizado nas proximidades do Vaticano, seguindo as normas contra a Covid-19.
"Jesus ressuscitado aparece aos discípulos várias vezes; com paciência, conforta os seus corações desanimados. E assim, depois da sua ressurreição, realiza a «ressurreição dos discípulos»; e, solevados por Jesus, mudam de vida. Antes, inúmeras palavras e tantos exemplos do Senhor não conseguiram transformá-los; mas agora, na Páscoa, algo de novo se verifica; e verifica-se sob o signo da misericórdia: Jesus os levanta com a misericórdia; eles, obtendo misericórdia, tornam-se misericordiosos", disse Francisco em sua homilia.
Segundo o Papa, os discípulos obtêm a misericórdia mediante três dons: Jesus oferece-lhes a paz, depois o Espírito e, por fim, as chagas.
A paz do coração
Em primeiro lugar, dá-lhes a paz. "Os discípulos estavam angustiados. Fecharam-se em casa assustados, com medo de serem presos e acabarem como o Mestre. Mas não estavam fechados só em casa; estavam fechados também nos seus remorsos: tinham abandonado e renegado Jesus; sentiam-se uns incapazes, inúteis, falhos. Chega Jesus e repete duas vezes: «A paz esteja com vocês!»", disse o Papa, acrescentando:
Não traz uma paz que, de fora, elimina os problemas, mas uma paz que infunde confiança dentro. Não uma paz exterior, mas a paz do coração. Aqueles discípulos desanimados recuperam a paz consigo mesmos. A paz de Jesus suscita a missão. Não é tranquilidade, nem comodidade; é sair de si mesmo. A paz de Jesus liberta dos fechamentos que paralisam, quebra as correntes que mantêm o coração prisioneiro. E os discípulos sentem-se cumulados de misericórdia: sentem que Deus não os condena, nem humilha, mas acredita neles.
O perdão no Espírito Santo
Em segundo lugar, Jesus usa de misericórdia com os discípulos oferecendo-lhes o Espírito Santo. Dá a eles a remissão dos pecados. "Temos sempre diante de nós o nosso pecado. Sozinhos, não podemos cancelá-lo. Só Deus o elimina; só Ele, com a sua misericórdia, nos faz sair das nossas misérias mais profundas. Como aqueles discípulos, precisamos de nos deixar perdoar. O perdão no Espírito Santo é o dom pascal para ressuscitar interiormente", disse ainda o Papa.
Peçamos a graça de o acolher, de abraçar o Sacramento do perdão; e de compreender que, no centro da Confissão, não estamos nós com os nossos pecados, mas Deus com a sua misericórdia. Não nos confessamos para nos deprimir, mas para fazer-nos levantar. Todos precisamos disso. Caímos com frequência e a mão do Pai está pronta a pôr-nos de pé e fazer-nos caminhar. Esta mão segura e confiável é a Confissão. É o Sacramento que nos levanta, não nos deixando caídos, chorando no chão de nossas quedas. É o Sacramento da ressurreição, é pura misericórdia. E quem recebe as Confissões deve fazer sentir a doçura da misericórdia.
As chagas derramam misericórdia sobre as nossas misérias
Depois da paz que reabilita e do perdão que levanta, eis o terceiro dom com que Jesus usa de misericórdia com os discípulos: apresenta-lhes as chagas.
As chagas são canais abertos entre Ele e nós, que derramam misericórdia sobre as nossas misérias. São os caminhos que Deus nos patenteou para entrarmos na sua ternura e tocar com a mão quem é Ele. E deixamos de duvidar da sua misericórdia. Adorando, beijando as suas chagas, descobrimos que cada uma das nossas fraquezas é acolhida na sua ternura. Tudo nasce da graça de obter misericórdia. Se, pelo contrário, nos apoiamos nas nossas capacidades, na eficiência das nossas estruturas e dos nossos projetos, não iremos longe. Só se acolhermos o amor de Deus é que poderemos dar algo de novo ao mundo.
Tornemo-nos misericordiosos
Tendo obtido misericórdia, os discípulos se tornaram misericordiosos. Como conseguiram mudar assim? "Viram no outro a mesma misericórdia que transformou a sua vida. Descobriram que tinham em comum a missão, o perdão e o Corpo de Jesus: a partilha dos bens terrenos aparecia-lhes como uma consequência natural. Os seus medos dissolveram-se ao tocar as chagas do Senhor, agora não têm medo de curar as chagas dos necessitados, porque ali veem Jesus, porque ali está Jesus", disse o Papa.
"Não vivamos uma fé pela metade, que recebe mas não doa, que acolhe o dom mas não se faz dom. Obtivemos misericórdia, tornemo-nos misericordiosos. Com efeito, se o amor acaba em nós mesmos, a fé evapora-se num intimismo estéril. Sem os outros, torna-se desencarnada. Sem as obras de misericórdia, morre. Deixemo-nos ressuscitar pela paz, o perdão e as chagas de Jesus misericordioso. E peçamos a graça de nos tornar testemunhas de misericórdia. Só assim será viva a fé; e a vida unificada. Só assim anunciaremos o Evangelho de Deus, que é Evangelho de misericórdia", concluiu Francisco.
Sentir-se misericordiado para ser misericordioso
Ao final da missa, o Papa Francisco rezou a oração do Regina Coeli e agradeceu "a todos aqueles que colaboraram para prepará-la e transmiti-la ao vivo". Saudou também todos aqueles que participaram da celebração através dos meios de comunicação. A seguir, acrescentou:
Saúdo de modo especial a todos vocês que estão presentes aqui na Igreja de Santo Espírito em Sassia, Santuário da Divina Misericórdia: fiéis habituais, enfermeiros, detentos, pessoas com deficiência, refugiados e migrantes, Irmãs Hospitaleiras da Divina Misericórdia, e voluntários da Defesa Civil. Vocês representam algumas realidades nas quais a misericórdia se torna concreta, torna-se proximidade, serviço, atenção às pessoas em dificuldade. Desejo que vocês se sintam sempre misericordiados para, por sua vez, serem misericordiosos. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: neste Calvário de morte, Jesus sofre nos seus discípulos
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"Já imersos na atmosfera espiritual da Semana Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo, viveremos os dias centrais do Ano" litúrgico, celebrando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor", disse Francisco no início de sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"O Tríduo Pascal" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.
"Já imersos na atmosfera espiritual da Semana Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo, viveremos os dias centrais do Ano" litúrgico, celebrando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Vivemos este mistério todas as vezes que celebramos a Eucaristia. Quando vamos à missa, vamos não apenas para rezar, mas para renovar este mistério. É como se fôssemos ao Calvário para renovar o mistério pascal", disse o Pontífice no início de sua catequese.
Testamento do seu amor na Eucaristia
A seguir, o Papa recordou que "na noite de Quinta-feira Santa, ao entrarmos no Tríduo pascal, reviveremos na Missa in Coena Domini o que aconteceu na Última Ceia. É a noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um memorial, como a sua presença perene. É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos uns aos outros, tornando-nos servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. É um gesto que antecipa a cruenta oblação na cruz".
Recordar todos descartados deste mundo
"A Sexta-feira Santa é um dia de penitência, jejum e oração", recordou o Papa. "Através dos textos da Sagrada Escritura e das orações litúrgicas, estaremos como que reunidos no Calvário para celebrar a Paixão e a Morte Redentora de Jesus Cristo. Teremos na mente e no coração o sofrimento dos doentes, dos pobres, dos descartados deste mundo; recordaremos os “cordeiros imolados”, vítimas inocentes de guerras, ditaduras, violência diária, abortos. Levaremos diante da imagem do Deus crucificado, em oração, os muitos, demasiados crucificados de hoje, que só d'Ele podem receber o conforto e o significado do seu sofrimento. Hoje, existem muitos! Não se esqueçam dos crucificados de hoje que são a imagem do crucificado, Jesus. Neles está Jesus", disse ainda Francisco, acrescentando:
Desde que Jesus tomou sobre si as chagas da humanidade e da própria morte, o amor de Deus irrigou estes nossos desertos, iluminou estas nossas trevas. Porque o mundo está nas trevas! Recordemos todas as guerras em andamento neste momento. De todas as crianças que morrem de fome, das crianças que não têm escola, de povos inteiros destruídos pela guerra, pelo terrorismo, de muitas pessoas que para se sentirem melhor precisam da droga, da indústria da droga que mata. É uma calamidade! É um deserto! Existem pequenas ilhas do povo de Deus, tanto cristão quanto de qualquer outra fé, que guardam no coração o desejo de serem melhores. Mas, vejamos a realidade: neste Calvário de morte, é Jesus que sofre nos seus discípulos.
Pagos para não reconhecerem a ressurreição de Cristo
A seguir, o Papa recordou que "o Sábado Santo é o dia do silêncio: há um grande silêncio em toda a Terra; um silêncio, vivido no pranto e na perplexidade dos primeiros discípulos, perturbados com a morte ignominiosa de Jesus. Enquanto o Verbo está em silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que tinham esperança n'Ele são postos à prova, sentem-se órfãos, talvez até órfãos de Deus. Este sábado é inclusive o dia de Maria: também ela o vive em lágrimas, mas o seu coração está cheio de fé, cheio de esperança, cheio de amor".
"Na escuridão do Sábado santo, irromperão a alegria e a luz com os ritos da Vigília pascal e o canto jubiloso do Aleluia", frisou o Papa. "Será um encontro de fé com o Cristo ressuscitado, e a alegria pascal continuará ao longo dos cinquenta dias que se seguirão. Aquele que foi crucificado, ressuscitou! O Ressuscitado nos dá a certeza de que o bem triunfa sempre sobre o mal, que a vida vence sempre a morte. O Ressuscitado é a confirmação de que Jesus tem razão em tudo: em prometer-nos vida para além da morte e perdão para além dos pecados. Os discípulos duvidaram, não acreditaram. A primeira a crer e a ver foi Maria Madalena, ela foi a apóstola da ressurreição. Ela foi contar que Jesus a tinha visto, que a tinha chamado pelo nome. E então, todos os discípulos viram." A seguir, o Papa disse:
Mas, eu gostaria de me deter nisto: os guardas, os soldados, que estavam no sepulcro para não deixar que os discípulos viessem e levassem o corpo, o viram: eles o viram vivo e ressuscitado. Os inimigos o viram, mas fingiram que não o tinham visto. Por que? Porque foram pagos. Eis o mistério, eis o verdadeiro mistério do que Jesus disse uma vez: “Há dois senhores no mundo, dois, não mais que dois: Deus e o dinheiro. Quem serve ao dinheiro é contra Deus”. Aqui foi o dinheiro que mudou a realidade. Eles viram a maravilha da ressurreição, mas foram pagos para ficar em silêncio.
Francisco convidou a pensar "nas muitas vezes que homens e mulheres cristãos foram pagos para não reconhecerem na prática a ressurreição de Cristo e não fazem o que Cristo nos pediu para fazer, como cristãos".
A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não desilude
O Papa concluiu sua catequese com as seguintes palavras:
Estimados irmãos e irmãs, também este ano viveremos as celebrações da Páscoa no contexto da pandemia. Em tantas situações de sofrimento, especialmente quando quem as padece são indivíduos, famílias e povos já provados pela pobreza, calamidade ou conflito, a Cruz de Cristo é como um farol que aponta o porto para os navios ainda a flutuar num mar tempestuoso. A Cruz de Cristo é o sinal de esperança que não desilude; e nos diz que nem uma lágrima, nem sequer um gemido, são perdidos no desígnio de salvação de Deus. Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de servir, de reconhecer esse Senhor e de não nos deixar pagar para esquecê-lo. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa no Domingo de Ramos: Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento
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“No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados”, disse o Papa Francisco este Domingo de Ramos, início da Semana Santa, na missa celebrada esta manhã (28/03) na Basílica de São Pedro
Raimundo de Lima – Vatican News
O Papa Francisco presidiu na manhã deste domingo (28/03), na Basílica de São Pedro, a missa do Domingo de Ramos, início da Semana Santa, em que celebraremos os mistérios da Paixão, morte e Ressurreição de Cristo.
Com uma presença limitada de fiéis no respeito às medidas sanitárias previstas devido às exigências que a crise pandêmica da Covid-19 impõe, a celebração teve início com a tradicional bênção dos ramos, que recorda a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém.
O rito foi feito aos pés do Altar da Confissão da Basílica Vaticana: os fiéis tinham em mãos os ramos de oliveira. Depois de abençoar os ramos e ser lido um breve texto do Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, o Papa dirigiu-se ao altar da Cátedra, prosseguindo a missa.
Olhar para a cruz
“Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro”, disse o Pontífice em sua homilia, destacando, entre outros, a necessidade de se passar da admiração à surpresa.
Todos os anos, disse, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: “passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa”, exortou.
“Jesus começa logo por nos surpreender. O seu povo acolhe-O solenemente, mas Ele entra em Jerusalém num jumentinho”, continuou Francisco. Pela Páscoa, o seu povo espera o poderoso libertador, mas Jesus vem cumprir a Páscoa com o seu sacrifício. O seu povo espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz, observou.
“Que se passou com aquele povo que, em poucos dias, passou dos ‘hossanas’ a Jesus ao grito ‘crucifica-O’? Aquelas pessoas seguiam mais uma imagem de Messias do que o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele.”
Diferença entre surpresa e admiração
A surpresa é diferente da admiração, destacou. A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade, frisou o Papa, acrescentando:
“Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história... Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.”
E qual é o aspecto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende? – perguntou Francisco, respondendo: “o fato de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Triunfa acolhendo a dor e a morte, que nós, súcubos à admiração e ao sucesso, evitaríamos”.
Isto surpreende, observou o Papa, “ver o Onipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz; ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo; ver o Deus do universo despojado de tudo; vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória; vê-Lo, a Ele bondade em pessoa, ser insultado e vexado”.
Não estamos sozinhos: Deus está conosco em cada ferida
O Pontífice disse que Jesus sofreu toda esta humilhação para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar.
“Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento. Prova os nossos piores estados de ânimo: o falimento, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma. O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos.”
Agora sabemos que não estamos sozinhos, frisou o Santo Padre. “Deus está conosco em cada ferida, em cada susto: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra. Deus vence, mas a palma da vitória passa pelo madeiro da cruz. Por isso, os ramos e a cruz estão juntos”, explicou.
Se a fé perde o assombro, torna-se surda
Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se cinzenta, disse o Pontífice. “Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender cada dia pelo seu amor espantoso, que nos perdoa e faz recomeçar?”
Se a fé perde o assombro, torna-se surda: já não sente a maravilha da graça, deixa de sentir o gosto do Pão da vida e da Palavra, fica sem perceber a beleza dos irmãos e o dom da criação. Nesta Semana Santa, ergamos o olhar para a cruz a fim de recebermos a graça do assombro, exortou o Papa.
Francisco observou que o Espírito Santo é Aquele que nos dá a graça do assombro, convidando-nos a recomeçar do espanto, a olhar para o Crucificado.
Jesus está nos últimos, nos rejeitados
“No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus, porque Ele está nos últimos, nos rejeitados.”
O Evangelho de hoje, imediatamente depois da morte de Jesus, mostra-nos o ícone mais belo da surpresa. É a cena do centurião, que, “ao vê-Lo expirar daquela maneira, disse: ‘Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!’”, frisou o Santo Padre, concluindo com uma exortação:
“Hoje, Deus ainda surpreende a nossa mente e o nosso coração. Deixemos que nos impregne este assombro, olhemos para o Crucificado e digamos também nós: ‘Vós sois verdadeiramente Filho de Deus. Vós sois o meu Deus’.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Francisco: Maria estava e está presente durante os dias da pandemia
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"Maria está sempre ali, com a sua ternura maternal. As orações a Ela dirigidas não são vãs. Mulher do “sim”, que aceitou prontamente o convite do Anjo, responde também às nossas súplicas, ouve as nossas vozes, até aquelas que permanecem fechadas no coração, que não têm a força para sair mas que Deus conhece melhor do que nós", disse o Papa em sua catequese.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"Rezar em comunhão com Maria" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (24/03), véspera da Solenidade da Anunciação.
"Sabemos que a via mestra da oração cristã é a humanidade de Jesus. Com efeito, a confiança típica da oração cristã não teria sentido se o Verbo não tivesse se encarnado, doando-nos no Espírito a sua relação filial com o Pai. Ouvimos, na Escritura, o encontro dos discípulos, as mulheres piedosas e Maria, rezando, depois da Ascensão de Jesus, a primeira comunidade cristã que esperava o dom de Jesus, a promessa de Jesus", disse o Pontífice, acrescentando:
Cristo é o Mediador, Cristo é a ponte que atravessamos para nos dirigirmos ao Pai. É o único redentor, não existem co-redentores com Cristo, é único. É o mediador por excelência. É o mediador. Cada oração que elevamos a Deus é por Cristo, com Cristo e em Cristo, e realiza-se graças à sua intercessão. O Espírito Santo alarga a mediação de Cristo a todos os tempos e lugares: não há outro nome no qual podemos ser salvos. Jesus Cristo, único mediador entre Deus e os homens.
Maria indica o caminho
"Da mediação única de Cristo adquirem significado e valor as outras referências que o cristão encontra para a sua oração e devoção, em primeiro lugar à Virgem Maria, a mãe de Jesus", disse ainda o Papa. "Ela ocupa um lugar privilegiado na vida e, portanto, também na oração do cristão, porque é a Mãe de Jesus. As Igrejas do Oriente representaram-na frequentemente como a Odigitria, aquela que “indica o caminho”, ou seja, o Filho Jesus Cristo".
A seguir, o Papa se lembrou de uma "pintura antiga da Odigitria na Catedral de Bari, simples. Nossa Senhora que mostra Jesus nu. Depois, colocaram nele uma roupa para cobrir a nudez, mas a verdade é que Jesus, nu, ele mesmo homem que nasceu de Maria, é o mediador e ela mostra o mediador. É a Odigitria". "Na iconografia cristã a sua presença está em toda parte, às vezes até com grande destaque, mas sempre em relação ao Filho e em função d'Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus. Maria está totalmente voltada para Ele a ponto de que podemos dizer que é ela mais discípula do que mãe. A indicação nas Bodas de Caná. Ela sempre mostra Cristo. É a primeira discípula", sublinhou.
Segundo Francisco, "este é o papel que Maria desempenhou ao longo de toda a sua vida terrena e que conserva para sempre: ser a humilde serva do Senhor. Numa certa altura, nos Evangelhos, Ela parece quase desaparecer; mas volta nos momentos cruciais, como em Caná, quando o Filho, graças à sua intervenção solícita, fez o primeiro “sinal”, e depois no Gólgota, aos pés da Cruz".
Jesus nos confiou Maria como mãe
"Jesus estendeu a maternidade de Maria a toda a Igreja quando lhe confiou o discípulo amado, pouco antes de morrer na cruz. A partir daquele momento, fomos todos colocados debaixo do seu manto, como vemos em certos afrescos ou quadros medievais." Segundo o Papa, Jesus nos confiou Maria "como mãe, não como deusa, não como co-redentora, mas como mãe".
É verdade que a piedade cristã sempre dá a Maria títulos bonitos, como faz um filho com a mãe. Quantas coisas bonitas diz um filho a uma mãe que ele quer bem! As coisas bonitas que a Igreja, os santos dizem a Maria não tiram a unicidade redentora de Cristo. Ele é o único redentor. São expressões de amor de um filho a uma mãe. Às vezes exageradas, mas o amor, nós sabemos, sempre nos faz fazer coisas exageradas.
Maria está presente nos dias da pandemia
Como dizem os Evangelhos, Maria é a “cheia de graça”, a ”bendita entre as mulheres”. Depois, à oração da Ave-Maria foi acrescentado o título “Theotokos”, “Mãe de Deus”. "Maria está sempre presente à cabeceira dos seus filhos que deixam este mundo. Se alguém se encontra sozinho e abandonado, Ela está ali perto, tal como estava próxima do seu Filho quando todos o tinham abandonado", disse ainda o Papa, acrescentando:
Maria estava e está presente durante os dias da pandemia, perto das pessoas que infelizmente concluíram o seu caminho terreno numa condição de isolamento, sem o conforto da proximidade dos seus entes queridos. Maria está sempre ali, com a sua ternura maternal. As orações a Ela dirigidas não são vãs. Mulher do “sim”, que aceitou prontamente o convite do Anjo, responde também às nossas súplicas, ouve as nossas vozes, até aquelas que permanecem fechadas no coração, que não têm a força para sair mas que Deus conhece melhor do que nós. Como e mais do que todas as mães bondosas, Maria nos defende nos perigos, preocupa-se conosco, até quando estamos ocupados com os nossos afazeres e perdemos o sentido do caminho, colocando em perigo não só a nossa saúde, mas a nossa salvação. Maria está ali e reza por nós, reza por quem não reza. Porque Ela é a nossa Mãe! Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa Francisco: quem quiser ver Jesus, olhe para a cruz
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No Angelus deste domingo o Papa recordou "a grande responsabilidade de nós cristãos e de nossas comunidades". Nós também", frisou o Pontífice, "devemos responder com o testemunho de uma vida que se doa no serviço". "Enquanto a semente morre, é o momento em que a vida brota".
Silvonei José – Vatican News
"Ainda hoje muitas pessoas, muitas vezes sem dizer isso, de forma implícita, gostariam de "ver Jesus", encontrá-lo, conhecê-lo. Disso compreendemos a grande responsabilidade de nós cristãos e de nossas comunidades. Também nós devemos responder com o testemunho de uma vida que se doa no serviço. Uma vida que toma sobre si o estilo de Deus: proximidade, compaixão, ternura e se doa no serviço. Trata-se de plantar sementes de amor, não com palavras que voam para longe, mas com exemplos concretos, simples e corajosos": foi o que disse o Papa Francisco durante o Angelus deste domingo recitado na Biblioteca do Palácio Apostólico do Vaticano.
"Não com condenações teóricas, mas com gestos de amor". Então o Senhor, com sua graça, nos faz dar frutos, mesmo quando o terreno é árido por causa de incompreensões, dificuldades ou perseguições ou pretensões de moralismos clericais: este é um terreno árido. Precisamente, então na provação e na solidão, enquanto a semente morre, é o momento – enfatiza o Papa - no qual a vida brota, para produzir frutos maduros em seu próprio tempo.
É neste entrelaçamento de morte e vida – continuou o Papa - que podemos experimentar a alegria e a verdadeira fecundidade do amor que sempre se doa no estilo de Deus.
Para todo homem que quer procurar, Jesus "é a semente escondida pronta para morrer a fim de dar muitos frutos": o Papa Francisco ilustra com estas palavras o Evangelho em que São João relata um episódio ocorrido nos últimos dias da vida de Jesus, pouco antes de Sua Paixão. Enquanto se encontra em Jerusalém para a festa da Páscoa, alguns gregos expressam o desejo de vê-lo. Eles se aproximam do apóstolo Felipe e lhe dizem: "Queremos ver Jesus".
A cruz expressa o amor
No pedido daqueles gregos", diz o Pontífice, "podemos discernir o pedido que tantos homens e mulheres, de todos os lugares e de todas as épocas, dirigem à Igreja". Jesus responde ao pedido dos gregos com estas palavras: "Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado". [...] Se o grão de trigo cai na terra e não morre, permanece sozinho; mas se morre, dá muito fruto". Para conhecer e compreender Cristo, explica Francisco, deve-se olhar "o grão de trigo que morre na terra", deve-se olhar para a cruz.
Faz-nos pensar no sinal da cruz, - continuou o Papa - que ao longo dos séculos se tornou o emblema por excelência dos cristãos. Aqueles que querem "ver Jesus" hoje, talvez vindo de países e culturas onde o cristianismo é pouco conhecido, o que eles veem antes de tudo? Qual é o sinal mais comum que eles encontram? O crucifixo. Nas igrejas, nos lares dos cristãos, até mesmo usado em seu próprio corpo. O importante é que o sinal seja coerente com o Evangelho: a cruz não pode deixar de expressar o amor, o serviço, o dom de si sem reservas: só assim é verdadeiramente a "árvore da vida", da vida superabundante.
Que a Virgem Maria – concluiu Francisco - nos ajude a seguir Jesus, a caminhar fortes e felizes no caminho do serviço, para que o amor de Cristo possa brilhar em todas as nossas atitudes e se torne cada vez mais o estilo de nossa vida diária". Fonte: https://www.vaticannews.va
Francisco: São José, Santo da porta ao lado e guardião das vocações
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Intitulada «São José: o sonho da vocação», a mensagem do Papa Francisco para 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações recorda que o Pai adotivo de Jesus é uma "figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós», escreve o Papa, citando um trecho da introdução da Carta Apostólica Patris corde.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Foi divulgada, nesta sexta-feira (19/03), a mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações que será celebrado em 25 de abril próximo, IV Domingo de Páscoa.
Intitulada «São José: o sonho da vocação», a mensagem recorda que o Pai putativo de Jesus é uma "figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós», escreve o Papa, citando um trecho da introdução da Carta Apostólica Patris corde.
"São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias", ressalta o Papa no texto.
“O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida.”
"São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo da porta ao lado; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho", sublinha Francisco.
O amor dá sentido à vida
"A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um", sublinha o Papa. "A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efêmeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se perguntássemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se doa, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, São José tem muito a nos dizer, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom."
De acordo com Francisco "assim acontece na vocação: o chamado divino impele sempre a sair, a doar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Que ele ajude a todos, sobretudo os jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude!"
Viver para servir
A segunda palavra, serviço, marca o itinerário de São José e da vocação. Segundo os Evangelhos, "ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O serviço, expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas tornou-se regra da vida diária. Em resumo, adaptou-se às várias circunstâncias com a atitude de quem não desanima se a vida não lhe corre como queria: com a disponibilidade de quem vive para servir".
"Por isso gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações. Com efeito, da própria disponibilidade em servir, deriva o seu cuidado em guardar. «Levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe»: refere o Evangelho, indicando a sua disponibilidade e dedicação à família. Este cuidado atento e solícito é o sinal duma vocação realizada. É o testemunho duma vida tocada pelo amor de Deus", ressalta o Papa.
A fidelidade é o segredo da alegria
O terceiro aspecto que atravessa a vida de São José e a vocação cristã, cadenciando o seu dia a dia é a fidelidade. "Como se alimenta esta fidelidade? À luz da fidelidade de Deus", frisa o Pontífice. "Esta fidelidade é o segredo da alegria. Como diz um hino litúrgico, na casa de Nazaré reinava «uma alegria cristalina». Era a alegria diária e transparente da simplicidade, a alegria que sente quem guarda o que conta: a proximidade fiel a Deus e ao próximo."
"Como seria belo se a mesma atmosfera simples e radiante, sóbria e esperançosa, permeasse os nossos seminários, os nossos institutos religiosos, as nossas residências paroquiais!", sublinha Francisco, desejando esta alegria a todos os que fizeram "de Deus o sonho da vida, para O servir nos irmãos e irmãs que lhes foram confiados, através duma fidelidade que em si mesma já é testemunho, numa época marcada por escolhas passageiras e emoções que desaparecem sem gerar a alegria". "Que São José, guardião das vocações, os acompanhe com coração de pai", conclui o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: o Espírito Santo é a memória de Deus em nós
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"Muitas vezes acontece que não rezamos, ou não temos vontade de rezar, ou não sabemos ou rezamos como papagaios, com a boca, mas o coração distante. Este é momento de dizer ao Espírito Santo: Vem, vem Espírito Santo, aquece o meu coração", disse Francisco na Audiência Geral.
Vatican News
O Papa Francisco concluiu as catequeses sobre o tema da oração na Audiência Geral desta quarta-feira (17/03), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, intitulada "A oração e a Trindade".
O primeiro dom de cada existência cristã é o Espírito Santo. Não é um dos muitos dons, mas o Dom fundamental. O Espírito é o dom que Jesus prometeu nos enviar. Sem o Espírito, não há relação com Cristo e com o Pai. Porque o Espírito abre o nosso coração à presença de Deus e atrai-o para aquele “vórtice” de amor que é o coração do próprio Deus. Não somos apenas hóspedes e peregrinos no caminho sobre esta terra, somos também hóspedes e peregrinos no mistério da Trindade. Somos como Abraão, que um dia, acolhendo três caminhantes na sua tenda, encontrou Deus.
"Se realmente podemos invocar Deus chamando-o “Abbá-Pai”, é porque o Espírito Santo habita em nós; é Ele que nos transforma profundamente e nos faz experimentar a alegria comovente de sermos amados por Deus como verdadeiros filhos. Todo trabalho espiritual dentro de nós em relação a Deus é obra do Espírito Santo. Ele trabalha em nós para levar adiante a nossa vida cristã em direção ao Pai com Jesus", disse ainda o Papa. A seguir, acrescentou:
Esta é a obra do Espírito em nós. Ele “recorda-nos” Jesus e torna-o presente a nós, podemos dizer que é a nossa memória trinitária, a memória de Deus em nós, e o torna presente a Jesus, para que não seja reduzido a um personagem do passado, ou seja, o Espírito traz no presente Jesus em nossa consciência. Se Cristo estivesse apenas distante no tempo, estaríamos sozinhos e desorientados no mundo. Sim, recordaremos Jesus, distante, mas é o Espírito que o traz hoje, agora, neste momento em meu coração. No Espírito tudo é vivificado: está aberta aos cristãos de todos os tempos e lugares está aberta a possibilidade de encontrar Cristo. É aberta a possibilidade de encontrar Cristo. Não recordá-lo como um personagem histórico. Não. Ele atrai Cristo em nossos corações. É o Espírito que nos faz encontrar Cristo. Ele não está distante, está conosco: ele ainda educa os seus discípulos transformando os seus corações, como fez com Pedro, com Paulo, com Maria de Magdala, com todos os apóstolos.
Segundo o Papa, esta "é a experiência que tantos orantes viveram: homens e mulheres que o Espírito Santo formou segundo a “medida” de Cristo, na misericórdia, no serviço, na oração, na catequese. É uma graça poder encontrar pessoas assim: percebe-se que nelas pulsa uma vida diferente, o seu olhar vê “além”. Não pensemos apenas em monges e eremitas; também os encontramos entre pessoas comuns, pessoas que teceram uma longa história de diálogo com Deus, em momentos de luta interior, que purifica a fé. Estas humildes testemunhas procuraram Deus no Evangelho, na Eucaristia recebida e adorada, no rosto do irmão em dificuldade, e conservam a sua presença como um fogo secreto".
Francisco disse ainda que "a primeira tarefa dos cristãos é precisamente manter vivo este fogo, que Jesus trouxe à terra. E qual é este fogo? O Amor de Deus, o Espírito Santo. Sem o fogo do Espírito, as profecias extinguem-se, a tristeza suplanta a alegria, o hábito substitui o amor, o serviço transforma-se em escravidão. Vem-me à mente a imagem da lâmpada acesa ao lado do tabernáculo onde se conserva a Eucaristia. Até quando a igreja está vazia e a cai noite, quando a igreja está fechada, aquela lâmpada permanece acesa, continua a arder: ninguém a vê, mas arde perante o Senhor. Assim é o Espírito Santo em nosso coração, sempre presente como aquela lâmpada".
Muitas vezes acontece que não rezamos, ou não temos vontade de rezar, ou não sabemos ou rezamos como papagaios, com a boca, mas o coração distante. Este é momento de dizer ao Espírito Santo: Vem, vem Espírito Santo, aquece o meu coração. Vem e ensina-me a rezar, ensina-me a olhar o pai, a olhar o filho. Ensina-me o caminho da fé. Ensina-me como amar, sobretudo ensina-me a ter um comportamento de esperança. Invocar o Espírito continuamente para que esteja presente em nossa vida. Portanto, é o Espírito que escreve a história da Igreja e do mundo. Nós somos páginas abertas, disponíveis para receber a sua caligrafia. E em cada um de nós o Espírito compõe obras originais, porque nunca há um cristão que seja completamente idêntico a outro. No campo infinito da santidade, o único Deus, Trindade de Amor, faz florescer a variedade das testemunhas: todas iguais em dignidade, mas também únicas na beleza que o Espírito quis conferir a cada um daqueles a quem a misericórdia de Deus tornou seus filhos.
"Não nos esqueçamos: o Espírito está presente em nós, invoquemos o Espírito. Ele é o presente que deus nos deu. Espírito Santo não sei qual é o seu rosto, mas sei que você é a minha força, a minha luz, vem Espírito Santo", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: Dia de São José inicia o Ano da Família "Amoris Laetitia"
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”Convido a um renovado e criativo impulso pastoral para colocar a família no centro das atenções da Igreja e da sociedade”. É convite do papa Francisco depois do Angelus ao recordar o início do Ano da Família "Amoris Laetitia" nesta sexta-feira dia 14
Jane Nogara - Vatican News
Neste domingo (14), após o Angelus, o Papa recordou a todos do "Ano da Família Amoris Laetitia":
“Na próxima sexta-feira, 19 de março, solenidade de São José, será aberto o Ano da Família Amoris Laetitia: um ano especial para crescer no amor familiar. Convido a um renovado e criativo impulso pastoral para colocar a família no centro das atenções da Igreja e da sociedade. Rezo para que cada família possa sentir em sua própria casa a presença viva da Sagrada Família de Nazaré, para que ela possa preencher nossas pequenas comunidades domésticas com amor sincero e generoso, uma fonte de alegria mesmo em provações e dificuldades”
O Ano da “Família Amoris laetitia” começa justamente no aniversário de 5 anos da Exortação Apostólica do Papa Francisco, ou seja, em 19 de março de 2021. Neste período serão promovidas várias iniciativas além de oferecer subsídios pastorais para se “reencantar pela mensagem do Papa” destinada às famílias. O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida será o promotor dos eventos durante esse período. Fonte: Fonte: https://www.vaticannews.va
A Mosul que testemunhou a oração do Papa pelas vítimas da guerra
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A cidade iraquiana de Mosul testemunhou neste domingo a oração do Santo Padre pelas vítimas da guerra. A cidade esteve sob domínio do Estado Islâmico por longos anos. Estima-se que cerca de meio milhão de pessoas, das quais mais de 120.000 cristãos, fugiram de Mosul, que em 2004 tinha 1.846.500 habitantes.
Vatican News
Após a breve acolhida no aeroporto de Erbil, o Papa Francisco deslocou-se em helicóptero para Mosul, para a oração em sufrágio pelas vítimas da guerra. Na pista de aterrissagem, o Santo Padre foi acolhido pelo Arcebispo de Mosul e Aqra dos Caldeus, Dom Najeeb Moussa Michaeel, O.P, pelo governador de Mosul e por duas crianças, que lhe ofereceram flores. Então, seguiu para Hosh al-Bieaa - a praça das 4 igrejas - siro-católica, armênio-ortodoxa, siro-ortodoxa e caldeia, destruídas entre 2004 e 2017 por ataques terroristas e pela guerra – para a cerimônia com a oração pelas vítimas da guerra.
A cidade de Mosul
A cidade de Mosul tem721.096 e é a capital administrativa do Governatorato de Nínive (Ninewah). Localiza-se 465 km a noroeste de Bagdá, na margem ocidental do Rio Tigre, de frente para os resquícios arqueológicos da antiga cidade assíria de Nínive, que remonta a 6.000 a.C.
Por 2500 anos, Mosul representou a identidade plural do Iraque, graças à coexistência, dentro das muralhas da Cidade Velha, de vários grupos étnicos, linguísticos e religiosos. Fundada no século 7 a.C., como parte do Império Assírio, Mosul foi importante centro comercial no período abássida, devido à sua posição estratégica, e alcançou o auge de sua influência no século 12 d.C., sob a dinastia de Zangid, cujo poder e cuja influência são hoje testemunhados por alguns prédios simbólicos, entre as quais a Grande Mesquita Al-Nouri e o famoso minarete inclinado de al-Hadba, com 44 metros de altura, chamado de "corcunda".
Foi então que em Mosul se estabeleceram as escolas de processamento de metais e pintura, que no século XIII deram lugar a uma florescente indústria artesanal, que continuaram por séculos. Durante os reinados das dinastias Mongol e Turca, bem como no primeiro período otomano, Mosul foi ulteriormente melhorada com a construção de numerosas mesquitas e madrassas, sobretudo em sua parte meridional.
A "cidade dos profetas", assim chamada devido à presença dos túmulos de cinco profetas muçulmanos, também conhecidos como Um Al-Rabi'ain, “a mãe das duas primaveras”, manteve ao longo do tempo sua arquitetura medieval e seu núcleo original, com edifícios islâmicos, cristãos, otomanos e uma mistura extraordinária de etnias e religiões, até ser ocupada por três anos do autoproclamado Estado Islâmico, entre junho de 2014 e julho de 2017.
Estima-se que cerca de meio milhão de pessoas, das quais mais de 120.000 cristãos, fugiram de Mosul, que em 2004 tinha 1.846.500 habitantes. A cidade passou por uma devastação sistemática, o que resultou na destruição de, entre outras coisas, de numerosas igrejas, do mausoléu de ‛Awn ad-dīn, de Nabī Yūnis (o mausoléu do profeta Jonas) e de uma seção da muralha da antiga cidade de Nínive, bem como de raros manuscritos e mais de 100.000 livros mantidos na Biblioteca, de achados arqueológicos e inúmeras estátuas presentes nas coleções do Museu de Nínive.
Em junho de 2017, o autoproclamado Estado Islâmico, cercado por forças governamentais, e com o controle somente da cidade velha, destruiu a mesquita de Mūr ad-dīn, lugar símbolo do Califado, que, no entanto, foi reconquistado poucos dias depois pelo exército iraquiano, juntamente com uma parte da área medieval da cidade. Em julho 2017, após nove meses de luta, Mosul foi libertada.
Hoje, graças também a cooperação internacional, está se trabalhando para a reconstrução da cidade para permitir o regresso dos refugiados. Em novembro passado, finalmente reabriu ao público o Museu Arqueológico, que abriga o que restou do patrimônio da antiga Nínive, fortemente empobrecido por saques e pela destruição pelo Isis.
Nos últimos meses, a Unesco também deu início às obras de restauração da Mesquita Al-Nuri e duas igrejas na parte antiga da cidade: a igreja dominicana de al-Saa'a, "Nossa Senhora da Hora", cuja torre do sino, com o relógio, presente da Imperatriz Eugenia, esposa de Napoleão III, representa um dos símbolos da cidade; e a catedral sírio-católica de al-Tahera. A reconstrução dos antigos prédios históricos de Mosul fazem parte de um programa da organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura, denominado “despertar o espírito de Mosul”, financiado pelos Emirados Árabes Unidos.
Arquieparquia de Mosul dos Caldeus
A Arquieparquia de Mosul dos Caldeus, (rest. Século XVIII como Eparquia particular da Igreja patriarcal de Babilônia dos Caldeus; ereta Eparquia sufragânea da Babilônia dos Caldeus em 24 de outubro de 1960; Arquieparquia em 14 fevereiro de 1967) tem 5.000 católicos; 7 paróquias; 1 igreja; 13 sacerdotes diocesanos (2 ordenados no ano passado); 3 seminaristas nos cursos filosófico e teológico; 1 membro de instituto religioso masculino; 6 membros dos institutos religiosos femininos; 5 institutos educacionais; 7 instituições de beneficência; 31 batismos no ano passado.
O Arquieparca de Mosul dos Caldeus é DomNajeeb Michaeel, O.P., nascido em Zakho, Eparquia de Amadiyah e Zaku, 9 de setembro de 1955; ordenado sacerdote em 16 de maio 1987; eleito em 23 de agosto de 2018; consagrado em 18 de janeiro de 2019.
Arquieparquia de Mosul dos Sírios
Arquieparquia de Mosul dos Sírios, (1790) tem 4.500 católicos; 13 paróquias; 2 igrejas; 22 sacerdotes diocesanos; 26 sacerdotes diocesanos regulares; 6 seminaristas nos cursos filosófico e teológico; 27 membros de institutos religiosos masculinos; 3 membros de institutos religiosos femininos; 2 institutos educacionais; 5 instituições de beneficência; 318 batismos desde 2016.
O arquieparca de Mosul dos Sírios é Dom Yohanna Petros Moshe, nascido em Qaraqosh, Archieparquia de Mosul dos Sírios, em 23 de novembro de 1943; ordenado sacerdote em 9 de junho de 1968; eleito em 26 de junho de 2010; consagrado em 16 de abril. Fonte: https://www.vaticannews.va
Apelo do Papa às autoridades: Calem-se as armas! Iraquianos querem viver e rezar em paz
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Um forte apelo marcou o primeiro pronunciamento do Papa no Iraque: “Venho como penitente que pede perdão ao Céu e aos irmãos por tanta destruição e crueldade. Venho como peregrino de paz, em nome de Cristo, Príncipe da Paz. Quanto rezamos ao longo destes anos pela paz no Iraque! São João Paulo II não poupou iniciativas, e sobretudo ofereceu súplicas e sofrimentos por isso. E Deus escuta; escuta sempre! Cabe a nós ouvi-Lo. Calem-se as armas! Limite-se a sua difusão, aqui e em toda a parte!”
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O primeiro discurso do Papa Francisco em terras iraquianas foi no Palácio Presidencial, em Bagdá, e dirigido às autoridades, à sociedade civil e ao Corpo Diplomático.
Depois da cerimônia oficial de boas-vindas e da visita de cortesia ao presidente da República, Barham Ahmed Salih Qassim, o Pontífice expressou publicamente a sua gratidão por poder realizar esta Visita Apostólica, “longamente esperada e desejada” – visita esta que hoje se realiza enquanto o mundo está tentando “sair da crise pandêmica da Covid-19”.
Nas últimas décadas, afirmou, o Iraque sofreu os infortúnios das guerras, o flagelo do terrorismo e conflitos sectários muitas vezes baseados no fundamentalismo. De modo especial, o Pontífice citou os yazidis, “vítimas inocentes duma barbárie insensata e desumana”.
“Tudo isto trouxe morte, destruição, ruínas ainda visíveis… E não só em nível material! Os danos são ainda mais profundos, quando se pensa nas feridas dos corações de tantas pessoas e comunidades que precisarão de anos para se curar.”
A vez da harmonia
Hoje, acrescentou, o “Iraque é chamado a mostrar a todos, especialmente no Oriente Médio, que as diferenças, em vez de gerar conflitos, devem cooperar harmoniosamente na vida civil.”
O Santo Padre ressaltou os apelos da Santa Sé às autoridades competentes no Iraque, como noutros lugares, “para que concedam a todas as comunidades religiosas respeito, direitos e proteção”.
O reconhecimento da fraternidade universal é o elo capaz de permitir a superação dos conflitos, aliada à solidariedade que leva a praticar gestos concretos de cuidado e serviço.
“Penso naqueles que perderam familiares e entes queridos, casa e bens primários por causa da violência, da perseguição e do terrorismo; mas penso também em todas as pessoas que lutam diariamente à procura de segurança e dos meios necessários para sobreviver, enquanto aumentam desemprego e pobreza.”
Neste contexto, aumenta a responsabilidade de políticos e diplomáticos para contrastar o flagelo da corrupção, os abusos de poder e a ilegalidade.
“Mas não basta”, afirma o Santo Padre: é preciso edificar a justiça, aumentar a honestidade, a transparência e reforçar as instituições.
Calem-se as armas!
O Papa fez então um fervoroso apelo pelo fim da violência:
“Venho como penitente que pede perdão ao Céu e aos irmãos por tanta destruição e crueldade. Venho como peregrino de paz, em nome de Cristo, Príncipe da Paz. Quanto rezamos ao longo destes anos pela paz no Iraque! São João Paulo II não poupou iniciativas, e sobretudo ofereceu súplicas e sofrimentos por isso. E Deus escuta; escuta sempre! Cabe a nós ouvi-Lo. Calem-se as armas! Limite-se a sua difusão, aqui e em toda a parte!”
Cessem os interesses de parte, os interesses externos que se desinteressam da população local. Dê-se voz aos construtores, aos artífices da paz; aos humildes, aos pobres, ao povo simples que quer viver, trabalhar, rezar em paz!
Chega de violências, extremismos, fações, intolerâncias, disse ainda Francisco, pedindo que se dê espaço e voz aos artífices da paz, ao povo simples que quer viver, trabalhar, rezar em paz!
O Pontífice citou ainda o papel decisivo da comunidade internacional não só no Iraque, mas na vizinha Síria, que está prestes a completar 10 anos de conflito.
“Espero que as nações não retirem a mão amiga e construtora estendida ao povo iraquiano, mas continuem a operar em espírito de responsabilidade comum com as Autoridades locais, sem impor interesses políticos ou ideológicos.”
A religião, por sua vez, concluiu o Papa, deve estar ao serviço da paz e da fraternidade. “O nome de Deus não pode ser usado para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão”, afirmou Francisco, garantindo a plena colaboração da Igreja Católica para a causa da paz. Fonte: https://www.vaticannews.va
Acolhida calorosa ao Papa Francisco na chegada ao Iraque
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O Papa chegou ao Iraque pouco antes do meio-dia desta sexta-feira, recebendo uma calorosa acolhida no Aeroporto Internacional de Bagdá.
Jackson Erpen - Vatican News
"Obrigado pelo seu testemunho. Que os muitos, demasiados mártires que vocês conheceram nos ajudem a perseverar na humilde força do amor. Gostaria de lhes trazer o carinho afetuoso de toda a Igreja, que está próxima de vocês e ao mortificado Oriente Médio e os encoraja a seguir em frente”, disse o Papa Francisco na mensagem aos iraquianos divulgada no dia anterior a sua viagem.
E como mensageiro de paz, o Papa Francisco chegou ao Iraque no final da manhã desta sexta-feira, 5 de março. O voo AZ 4000 da Alitália aterrissou no Aeroporto Internacional de Bagdá pouco antes das 12 horas, horário local.
O chefe do protocolo no Iraque subiu as escadas dianteiras do avião para saudar o Papa, antes de descer e ser recebido na pista pelo primeiro ministro Mustafa Abdellatif Mshatat, conhecido como Al-Kadhimi, e pelo Sr. Rahman Farhan Abdullah Al-Ameri, embaixador extraordinário e plenipotenciário do Iraque junto à Santa Sé, além de outras autoridades civis e religiosas. Duas crianças em vestes tradicionais ofereceram flores amarelas ao Papa, que durante todo o tempo usou máscara protetora. Na acolhida oficial não foram proferidos discursos.
Após a apresentação das delegações e a passagem pela Guarda de Honra, o primeiro ministro e o Pontífice dirigiram-se à Sala VIP do aeroporto, mas logo ao entrar no saguão do aeroporto, Francisco foi acolhido calorosamente por jovens vestindo vestes tradicionais, que cantavam músicas típicas em árabe, dançavam e acenavam bandeiras do Iraque e do Vaticano. Seguiu o encontro privado entre o Pontífice e o primeiro-ministro, com o auxílio de intérpretes.
Francisco ofereceu a Al-Kadhimi um Trítico, uma medalha de prata alusiva à viagem e uma edição especial da "Fratelli tutti". Do aeroporto, o Papa segue para o Palácio Presidencial.
Durante o voo Papa recebe Prêmio de Jornalismo Maria Grazia Cutuli
Durante o voo, os jornalistas conferiram ao Papa Francisco o Prêmio de Jornalismo Maria Grazia Cutuli, intitulado à jornalista italiana morta há 20 anos no Afeganistão. Os jornalistas ficaram muito tocando pela última Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, quando disse “a crise editorial corre o risco de levar a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem «gastar a sola dos sapatos», sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações. Mas, se não nos abrimos ao encontro, permanecemos espectadores externos, apesar das inovações tecnológicas com a capacidade que têm de nos apresentar uma realidade engrandecida onde nos parece estar imersos. Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de contrário não teriam lugar.” E o Papa dá o exemplo disso, como atesta essa viagem. Francisco que, como um "enviado especial", “gasta a sola” de seus sapatos pretos, sendo um exemplo para todos os jornalistas para fazer com seriedade este trabalho.
Primeiro dia do Papa no Iraque
O primeiro compromisso oficial do Papa Francisco em terras iraquianas será a Cerimônia de boas-vindas no Palácio Presidencial, com a visita de cortesia ao presidente da República, Barham Ahmed Salih Qassim. Segue o encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, no grande salão do Palácio Presidencial.
Após a saudação do presidente e o discurso do Santo Padre, Francisco dirige-se para a Catedral de Sayidat al-Nejat (Nossa Senhora da Salvação), distante 8,4 km, para o encontro com os bispos, sacerdotes, religiosos/as, seminaristas e catequistas.
Ao final, Francisco se desloca para a Nunciatura Apostólica de Bagdá, distante 3,3 km, onde passará a noite.
A capital, Bagdá
A capital da República do Iraque, foi fundada em 762 pelo califa abásside al-Mansur, no local onde o curso do rio Tigre se aproxima ao Eufrates, em uma das áreas culturais mais antigas da humanidade, a Mesopotâmia.
A posição favorável para o comércio e a administração do território permitiu que a cidade crescesse e prosperasse até se tornar um dos centros culturais mais importante do mundo. Do esplendor alcançado pelos abássidas, ainda temos ecos nas histórias de "As Mil e Uma Noites", em grande parte ambientadas na cidade, que pelos maravilhosos palácios e jardins era conhecida como a "cidade da paz".
Foi ali que ele nasceu, como biblioteca privada do califa abássida Harun al Rashid (Harune Arraxide), a Bayt al-Haikma, a "Casa da Sabedoria", ampliada mais tarde por seu filho e sucessor al Ma'mun, um dos lugares de estudo mais conhecidos da história. Partindo de uma biblioteca privada, este lugar expandiu-se cada vez mais, tornando-se público e dando a oportunidade aos estudiosos de consultar mais de meio milhão de livros.
A Bayt al Hikmah representou no mundo o mais importante centro de conhecimento por vários séculos. No entanto, não sobreviveu às devastações sofridas pela capital abássida: incêndios, guerras civis e, por fim, a invasão devastadora dos mongóis liderados pelo sobrinho de Genghis Khan, Hülegü. Com o fim do Califado, no século XIII, teve início a decadência de Bagdá.
Saqueada pelos mongóis em 1258, destruída por Timer em 1400, passou a fazer parte do Império Otomano em 1638, até o século XX, sendo ocupada posteriormente pelos britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1932, com a independência, voltou a ser um importante centro cultural no mundo árabe, e na década de 1970, graças ao petróleo, conheceu um período de prosperidade, que terminou definitivamente após o conflito com o Irã, as Guerras do Golfo, a queda do ditador Saddam Hussein e ocupação militar em 2003.
Bagdá, cujo nome parece derivar do antigo persa "Bagh" e "Dad", ou "presente de Deus", pela forma perfeitamente circular do seu núcleo original, sempre foi definida como "Cidade Redonda". Ali, dentro de três círculos de muros concêntricos, Al-Mansur construiu seu palácio, o opulento Golden Gate Palace, com uma cúpula verde mais de 40 m de altura, e a adjacente Grande Mesquita.
Na cidade atual, abundam os monumentos construídos por ordem de Saddam Hussein, para celebrar sua figura e suas vitórias. Entre os principais, o Arco de Mãos da Vitória, o Monumento ao Soldado Desconhecido, e o monumento Al-Shaheed, que comemoram a Guerra Irã-Iraque.
Hussein também mandou construir algumas mesquitas, entre as quais a mesquita Umm al-Mahare, ou "Mãe de todas as batalhas", na periferia, cujos minaretes têm a forma de fuzis Kalashkinov e mísseis Scud; a mesquita kazimayn, localizada a noroeste de Bagdá, típico exemplo de arte islâmica, onde são conservados os túmulos dos Imames venerados por muçulmanos xiitas. E no bairro de Bab al-Sheik, a mesquita al-Qadiriya, que já foi uma escola Alcorão.
Marcos de referência da capital, separados pelo rio Tigre, são o Santuário Khadhimiya e a Mesquita Abu Hanifa, em Adhamiya, uma das mais importantes mesquitas sunitas na capital; o Palácio de Saddam Hussein, construído por sua vontade em 1988 em uma colina no alto da cidade; o Museu Nacional iraquiano - fundado em 1926 pela arqueóloga e viajante britânica Gertrude Bell, conhecida como a "Rainha de Bagdá" - o qual, em 2003, após a invasão estadunidense, foi saqueado de suas preciosas antiguidades, que datam de mais de 5.000 anos; o zoológico construído em 1971, que em 2003 foi completamente devastado, mas agora acessível novamente; os bairros característicos de Karrada e Al Mansour; e o mercado histórico de Shorja, o maior souk ao ar livre da cidade, que remonta à era abássida. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa na audiência geral: Jesus diz-nos com a sua vida até que ponto Deus é Pai
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"Jesus diz-nos com a sua vida até que ponto Deus é Pai", disse o Papa em sua reflexão na catequese da audiência geral desta quarta-feira (03/03) dedicada à oração e à Trindade: “É difícil para nós imaginar de longe o amor com que a Santíssima Trindade está repleta, e que abismo de benevolência recíproca existe entre Pai, Filho e Espírito Santo. Os ícones orientais deixam-nos intuir algo deste mistério que é a origem e alegria de todo o universo”, frisou Francisco
Raimundo de Lima - Vatican News
“No nosso caminho de catequeses sobre a oração, hoje e na próxima semana queremos ver como, graças a Jesus Cristo, a oração nos abre à Trindade, ao imenso mar de Deus-Amor.” Com essas palavras, o Papa Francisco introduziu sua catequese na audiência geral desta quarta-feira (03/03), na Biblioteca do Palácio, no Vaticano, dando continuidade a suas reflexões sobre a oração, discorrendo sobre a oração e a Trindade.
Foi Jesus que nos abriu o Céu e nos projetou para uma relação com Deus. É isto que o apóstolo João afirma na conclusão do prólogo do seu Evangelho: “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer” (1, 18), destacou o Pontífice. "Jesus nos revelou a identidade, esta identidade de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo."
Senhor, ensina-nos a rezar
Francisco observou que realmente não sabíamos como se pudesse rezar: que palavras, que sentimentos e que linguagem eram apropriados para Deus.
“Naquele pedido dirigido pelos discípulos ao Mestre, que temos recordado frequentemente no decurso destas catequeses, há toda a hesitação do homem, as suas repetidas tentativas, muitas vezes infrutíferas, de se dirigir ao Criador: ‘Senhor, ensina-nos a rezar’ (Lc 11, 1)”.
O Papa observou que nem todas as orações são iguais e que nem todas são convenientes:
“A própria Bíblia atesta o mau resultado de muitas orações, que são rejeitadas. Talvez por vezes Deus não esteja satisfeito com as nossas orações e nós nem sequer nos apercebemos disso. Deus olha para as mãos daqueles que rezam: para as purificar não é necessário lavá-las, quando muito é preciso abster-se de ações malignas.”
A este ponto de sua catequese, o Santo Padre evidenciou que São Francisco rezava de forma radical: “nenhum homem é digno de te nomear”, lembrou, citando o “Cântico do Irmão Sol” do pobrezinho de Assis.
A pobreza da nossa oração
O Papa acrescentou que “talvez o reconhecimento mais tocante da pobreza da nossa oração tenha vindo dos lábios do centurião romano que um dia implorou Jesus que curasse o seu servo doente (cf. Mt 8, 5-13).
Sentia-se totalmente inadequado – observou Francisco: “não era judeu, era um oficial do odiado exército de ocupação. Mas a sua preocupação com o seu servo o faz ousar, e ele diz: ‘Senhor... eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e o meu servo será curado’ (v. 8)”.
É a frase que também repetimos em todas as liturgias eucarísticas, disse o Pontífice, evidenciando que dialogar com Deus é uma graça: “não somos dignos dela, não temos o direito de a reivindicar, “manquejamos” com cada palavra e pensamento... Mas Jesus é uma porta que se abre”.
Porque deveria o homem ser amado por Deus ? – perguntou o Santo Padre, acrescentando que não há razões óbvias, não há proporção. A este ponto de sua catequese, fez uma observação pertinente:
“Em grande parte das mitologias não se contempla o caso de um deus que se preocupa com os assuntos humanos; pelo contrário, eles são irritantes e aborrecidos, completamente insignificantes.”
Até para Aristóteles, prosseguiu o Papa, Deus só pode pensar em si mesmo. No máximo, somos nós, humanos, que procuramos conquistar a divindade e ser agradáveis aos seus olhos. “Disto brota o dever de ‘religião’, com o corolário de sacrifícios e devoções a oferecer continuamente para ter como aliado um Deus mudo e indiferente.”
Dialogar com Deus é uma graça
“Não há diálogo. Foi somente Jesus, foi somente a revelação de Deus a Moisés antes de Jesus, quando Deus se apresentou; foi somente a Bíblia a abrir-nos o caminho do diálogo com Deus para nós. Lembramos: ‘Qual povo tem seus deuses próximos de si como tu tens a Mim próximo de ti?’ Esta proximidade de Deus que nos abre ao diálogo com Ele.”
Francisco ressaltou que um Deus que ama o homem, nunca teríamos acreditado nisto, se não tivéssemos conhecido Jesus. “É o escândalo que encontramos esculpido na parábola do pai misericordioso, ou na do pastor que vai em busca da ovelha perdida (cf. Lc 15). Histórias como estas não poderiam ter sido concebidas, nem sequer compreendidas, se não tivéssemos encontrado Jesus”, observou ainda.
Dito isso, Francisco propôs alguns questionamentos: “Que tipo de Deus está disposto a morrer pelas pessoas? Que tipo de Deus ama sempre e pacientemente, sem pretender por sua vez ser amado? Que Deus aceita a tremenda falta de gratidão de um filho que pede antecipadamente a sua herança e sai de casa a esbanjar tudo? (cf. Lc 15, 12-13)”.
Proximidade, compaixão e ternura: o estilo de Deus
Assim, Jesus diz-nos com a sua vida até que ponto Deus é Pai, frisou o Papa. “A paternidade que é proximidade, compaixão e ternura. Não esqueçamos estas três palavras que são o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. É a maneira de expressar a Sua paternidade conosco”, acrescentou, concluindo sua reflexão nesta catequese dedicada à oração e à Trindade:
“É difícil para nós imaginar de longe o amor com que a Santíssima Trindade está repleta, e que abismo de benevolência recíproca existe entre Pai, Filho e Espírito Santo. Os ícones orientais deixam-nos intuir algo deste mistério que é a origem e alegria de todo o universo.”
Acima de tudo, tínhamos dificuldade em acreditar que este amor divino se dilatasse, chegando até ao humano: somos o termo de um amor que não encontra igual na terra, disse o Papa, citando o Catecismo, que explica: “A santa humanidade de Jesus é, pois, o caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a orar a Deus nosso Pai” (n. 2664).
“É a graça da nossa fé. Verdadeiramente não podíamos esperar uma vocação mais excelsa: a humanidade de Jesus pôs à nossa disposição a própria vida da Trindade”, disse por fim o Santo Padre. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa no Angelus: devemos ter cuidado com a preguiça espiritual
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Mariangela Jaguraba - Vatican News
Na oração mariana do Angelus, deste II Domingo da Quaresma (28/02), o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho do dia, no qual Jesus transfigurou-se diante de três dos seus discípulos.
“Pouco antes, Jesus tinha anunciado que, em Jerusalém, iria sofrer muito, seria rejeitado e condenado à morte. Podemos imaginar o que deve ter acontecido então no coração de seus amigos, daqueles amigos íntimos, os seus discípulos: a imagem de um Messias forte e triunfante é colocada em crise, seus sonhos são partidos e a angústia aumenta ao pensar que o Mestre em que acreditaram seria morto como o pior dos malfeitores. Naquele momento, com aquela angústia da alma, Jesus chama Pedro, Tiago e João e os leva consigo para a montanha”, ressaltou o Pontífice.
Subir ao monte é aproximar-se um pouco de Deus
O Evangelho diz: “Ele os levou sobre uma alta montanha”.
Na Bíblia, a montanha sempre tem um significado especial: é o lugar elevado, onde o céu e a terra se tocam, onde Moisés e os profetas tiveram a experiência extraordinária de encontrar Deus. Subir ao monte é aproximar-se um pouco de Deus. Jesus sobe para o alto junto com os três discípulos e eles se detêm no topo da montanha. Aqui, Ele se transfigura diante deles. O seu rosto radiante e as suas vestes resplandecentes, que antecipam a imagem como Ressuscitado, oferecem àqueles homens assustados a luz, a luz da esperança, a luz para atravessar as trevas: a morte não será o fim de tudo, porque se abrirá para a glória da Ressurreição. Jesus anuncia a sua morte, os leva ao monte e mostra para eles o que acontecerá depois da ressurreição.
Ir além dos nossos esquemas e critérios deste mundo
Como exclamou o apóstolo Pedro, é bom ficarmos com o Senhor no monte, viver esta «antecipação» da luz no coração da Quaresma. É um convite para nos lembrar, especialmente quando passamos por uma prova difícil, e muitos de vocês sabem o que significa atravessar uma prova difícil, recordar que o “Senhor Ressuscitou e não permite que as trevas tenham a última palavra”, disse ainda o Papa, acrescentando:
Às vezes acontece que passamos por momentos de escuridão na nossa vida pessoal, familiar ou social, e tememos que não haja uma saída. Sentimo-nos assustados diante de grandes enigmas como a doença, a dor inocente ou o mistério da morte. No mesmo caminho de fé, muitas vezes tropeçamos quando encontramos o escândalo da cruz e as exigências do Evangelho, que nos pede para dedicar a vida ao serviço e perdê-la no amor, em vez de preservá-la para nós mesmos e defendê-la. Precisamos, então, de outro olhar, uma luz que ilumine em profundidade o mistério da vida e nos ajude a ir além dos nossos esquemas e além dos critérios deste mundo. Também nós somos chamados a subir a montanha, a contemplar a beleza do Ressuscitado que acende vislumbres de luz em cada fragmento da nossa vida e nos ajuda a interpretar a história a partir da vitória pascal.
Cuidado com a preguiça espiritual
“Mas tenhamos cuidado”, pois as palavras “de Pedro ‘é bom para nós ficarmos aqui’ não devem se tornar uma preguiça espiritual”, advertiu Francisco. “Não podemos permanecer na montanha e desfrutar sozinhos a beatitude deste encontro. O próprio Jesus nos leva de volta ao vale, entre os nossos irmãos e irmãs e na vida quotidiana”, frisou o Papa.
Devemos ter cuidado com a preguiça espiritual: nós estamos bem, com as nossas orações e liturgias, e isto é suficiente para nós. Não! Subir a montanha não é esquecer a realidade. Rezar nunca é fugir das fadigas da vida. A luz da fé não é para uma bela emoção espiritual. Não! Esta não é a mensagem de Jesus. Somos chamados a experimentar o encontro com Cristo para que, iluminados pela sua luz, possamos levá-la e fazê-la brilhar em todos os lugares. Acender pequenas luzes nos corações das pessoas; ser pequenas lâmpadas do Evangelho que levam um pouco de amor e esperança: esta é a missão do cristão.
O Papa concluiu, pedindo a Maria Santíssima “que nos ajude a acolher com admiração a luz de Cristo, a guardá-la e a partilhá-la”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa no Angelus: como Jesus, ter a coragem de "transgredir" por amor
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Ao comentar a cura do leproso, Francisco convidou os fiéis a "transgredirem" com o Evangelho: violar os nossos egoísmos para se "contaminar" com a dor e o sofrimento do outro.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
Com os fiéis na Praça São Pedro pelo segundo domingo consecutivo, o Papa Francisco rezou o Angelus num domingo de sol e muito frio em Roma.
Antes da oração mariana, o Pontífice comentou o Evangelho deste VI Domingo do Tempo Comum, que narra a cura de Jesus a um leproso. Neste episódio contido em Marcos, Francisco identificou duas “transgressões”: o leproso que se aproxima de Jesus e Jesus que, movido por compaixão, o toca para curá-lo.
A primeira transgressão é a do leproso: naquele tempo, eram considerados impuros e eram excluídos da vida social, não podiam por exemplo entrar na sinagoga. A doença era considerada um castigo divino, mas, em Jesus, ele pode ver outra face de Deus: não o Deus que castiga, mas o Pai da compaixão e do amor, que nos liberta do pecado e jamais nos exclui da sua misericórdia. “A atitude de Jesus o atrai, o leva a sair de si mesmo e a confiar a Ele a sua história dolorosa”, comentou Francisco.
Um aplauso aos confessores misericordiosos
“Permitam-me aqui um pensamento a muitos bons sacerdotes confessores que têm esta atitude: atrair as pessoas que se sentem aniquiladas pelos seus pecados com ternura a compaixão... Confessores que não estão com o chicote nas mãos, mas recebem, ouvem e dizem que Deus é bom, que Deus perdoa sempre, que jamais se cansa de perdoar.”
Ao dizer estas palavras, o Pontífice pediu um aplauso - também ele aplaudindo - a todos os confessores misericordiosos.
A segunda transgressão é a de Jesus: enquanto a Lei proibia de tocar os leprosos, Ele se comove, estende a mão e o toca para curá-lo. Não se limita às palavras, mas o toca. Tocar com amor significa estabelecer uma relação, entrar em comunhão, envolver-se na vida do outro a ponto de compartilhar inclusive as suas feridas. Com este gesto, Jesus mostra que Deus não é indiferente, não mantém a “distância de segurança”; pelo contrário, se aproxima com compaixão e toca a nossa vida para curá-la.
“É o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. A transgressão de Deus: é um grande transgressor neste sentido.”
Hoje, lamentou o Papa, muitas pessoas ainda sofrem com esta doença e outras que vêm acompanhadas de preconceitos sociais e até mesmo religiosos. Mas ninguém está imune de experimentar feridas, falências, sofrimentos, egoísmos que nos fecham a Deus e aos outros.
Deus se "contamina" com nossa humanidade ferida
Diante de tudo isso, destaca Francisco, Jesus anuncia que Deus não é uma ideia ou uma doutrina abstrata, mas Aquele que se “contamina” com a nossa humanidade ferida e não tem medo de entrar em contato com as nossas chagas.
“Mas padre, o que está dizendo? Que Deus se contamina? Não o digo eu, mas São Paulo: fez-se pecado. Ele que não é pecador, que não pode pecar, fez-se pecado. Veja como Deus se contaminou para se aproximar de nós, para ter compaixão e para fazer compreender a sua ternura. Proximidade, compaixão e ternura”
Costumes sociais, reputação e egoísmos nos levam muitas vezes a disfarçar a nossa dor e impedir de nos envolver nos sofrimentos alheios.
Ao invés, Francisco convidou os fiéis a pedirem ao Senhor a graça de viver essas duas “transgressões” do Evangelho.
“Aquela do leproso, para que tenhamos a coragem de sair do nosso isolamento e, ao invés de permanecer ali com pena de nós mesmos ou chorando nossas falências, ir até Jesus assim como somos. E depois a transgressão de Jesus: um amor que leva a ir além das convenções, que faz superar os preconceitos e o medo de nos envolver na vida do outro. Aprendamos a ser transgressores como estes dois: como o leproso e como Jesus." Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa na : cuidar de quem sofre por causa da Covid-19
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O Pontífice convida a renovar a nossa fé, “neste tempo de conversão”, a obter “a «água viva» da esperança” e receber “com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo”.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Foi divulgada, nesta sexta-feira (12/02), a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano sobre o tema “Vamos subir a Jerusalém. Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade”.
O Pontífice convida a renovar a nossa fé, “neste tempo de conversão”, a obter “a «água viva» da esperança” e receber “com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo”. Francisco recorda que “na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo”.
Quem jejua faz-se pobre com os pobres
“O jejum, a oração e a esmola, tal como são apresentados por Jesus na sua pregação, são as condições para a nossa conversão e sua expressão”, ressalta o Papa na mensagem.
De acordo com Francisco, o “jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações, verdadeiras ou falsas, e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade»: o Filho de Deus Salvador”.
Dizer palavras de incentivo
"No contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua cuidando de sua Criação, não obstante nós a maltratamos com frequência."
O Pontífice convida no tempo da Quaresma, a estarmos “mais atentos em «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam». Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença».”
“No recolhimento e oração silenciosa, a esperança nos é dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar e encontrar, no segredo, o Pai da ternura”, ressalta o Papa.
Tempo para crer, esperar e amar
“A caridade se alegra ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado. A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão. «A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos».”
Segundo Francisco, “viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, ofereçamos, junto com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho. «Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade»”.
“Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”, conclui o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2021
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«Vamos subir a Jerusalém...» (Mt 20, 18).
Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade.
Queridos irmãos e irmãs!
Jesus, ao anunciar aos discípulos a sua paixão, morte e ressurreição como cumprimento da vontade do Pai, desvenda-lhes o sentido profundo da sua missão e convida-os a associarem-se à mesma pela salvação do mundo.
Ao percorrer o caminho quaresmal que nos conduz às celebrações pascais, recordamos Aquele que «Se rebaixou a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Flp 2, 8). Neste tempo de conversão, renovamos a nossa fé, obtemos a «água viva» da esperança e recebemos com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo. Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo.
O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa.
1-A fé chama-nos a acolher a Verdade e a tornar-nos suas testemunhas diante de Deus e de todos os nossos irmãos e irmãs
Neste tempo de Quaresma, acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja. Esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso. Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida.
O jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. O jejum, assim entendido e praticado, ajuda a amar a Deus e ao próximo, pois, como ensina São Tomás de Aquino, o amor é um movimento que centra a minha atenção no outro, considerando-o como um só comigo mesmo [cf. Enc. Fratelli tutti (= FT), 93].
A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23). Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade» (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador.
2-A esperança como «água viva», que nos permite continuar o nosso caminho
A samaritana, a quem Jesus pedira de beber junto do poço, não entende quando Ele lhe diz que poderia oferecer-lhe uma «água viva» (cf. Jo 4, 10-12); e, naturalmente, a primeira coisa que lhe vem ao pensamento é a água material, ao passo que Jesus pensava no Espírito Santo, que Ele dará em abundância no Mistério Pascal e que infunde em nós a esperança que não desilude. Já quando preanuncia a sua paixão e morte, Jesus abre à esperança dizendo que «ressuscitará ao terceiro dia» (Mt 20, 19). Jesus fala-nos do futuro aberto de par em par pela misericórdia do Pai. Esperar com Ele e graças a Ele significa acreditar que, a última palavra na história, não a têm os nossos erros, as nossas violências e injustiças, nem o pecado que crucifica o Amor; significa obter do seu Coração aberto o perdão do Pai.
No contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência (cf. Enc. Laudato si’, 32-33.43-44). É ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20). Recebendo o perdão no Sacramento que está no centro do nosso processo de conversão, tornamo-nos, por nossa vez, propagadores do perdão: tendo-o recebido nós próprios, podemos oferecê-lo através da capacidade de viver um diálogo solícito e adotando um comportamento que conforta quem está ferido. O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade.
Na Quaresma, estejamos mais atentos a «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam» (FT, 223). Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença» (FT, 224).
No recolhimento e oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura.
Viver uma Quaresma com esperança significa sentir que, em Jesus Cristo, somos testemunhas do tempo novo em que Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21, 1-6), «sempre dispostos a dar a razão da [nossa] esperança a todo aquele que [no-la] peça» (1 Ped 3, 15): a razão é Cristo, que dá a sua vida na cruz e Deus ressuscita ao terceiro dia.
3-A caridade, vivida seguindo as pegadas de Cristo na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança
A caridade alegra-se ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado... A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão.
«A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos» (FT, 183).
A caridade é dom, que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão. O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade. Aconteceu assim com a farinha e o azeite da viúva de Sarepta, que oferece ao profeta Elias o bocado de pão que tinha (cf. 1 Rs 17, 7-16), e com os pães que Jesus abençoa, parte e dá aos discípulos para que os distribuam à multidão (cf. Mc 6, 30-44). O mesmo sucede com a nossa esmola, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade.
Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – «não temas, porque Eu te resgatei» (Is 43, 1) –, ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho.
«Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade» (FT, 187).
Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai.
Que Maria, Mãe do Salvador, fiel aos pés da cruz e no coração da Igreja, nos ampare com a sua solícita presença, e a bênção do Ressuscitado nos acompanhe no caminho rumo à luz pascal.
Roma, em São João de Latrão, na Memória de São Martinho de Tours, 11 de novembro de 2020.
Francisco
Fonte: http://www.vatican.va
O Papa: a oração nos ajuda a amar os outros, não obstante seus erros e pecados
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“Rezar na vida cotidiana” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira. "A oração cristã infunde no coração humano uma esperança invencível: qualquer que seja a experiência que toque o nosso caminho, o amor de Deus pode transformá-la em bem", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
“Na catequese anterior, vimos que a oração cristã está “ancorada” na Liturgia. Hoje evidenciaremos como da Liturgia ela regressa sempre à vida quotidiana: nas ruas, nos escritórios, nos meios de transporte. Nela o diálogo com Deus continua: quem reza é como o apaixonado, que traz sempre no coração a pessoa amada, onde quer que esteja.” Foi o que disse o Papa Francisco no início de sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira (10/02), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, sobre o tema “Rezar na vida cotidiana”.
Segundo o Pontífice, “tudo é assumido neste diálogo com Deus: cada alegria torna-se um motivo de louvor, cada provação é ocasião para um pedido de ajuda. A oração é sempre viva, como o fogo das brasas, até quando os lábios não falam. Cada pensamento, embora aparentemente “profano”, pode ser permeado de oração. Até na inteligência humana há um aspecto orante; com efeito, ela é uma janela aberta para o mistério: ilumina os poucos passos que se nos apresentam e depois se abre para toda a realidade, que a precede e a supera”. A seguir, acrescentou:
Este mistério não tem rosto perturbador nem angustiante: o conhecimento de Cristo nos faz confiar que onde o nosso olhar e os olhos da nossa mente não podem ver, não há o nada, mas uma graça infinita. A oração cristã infunde no coração humano uma esperança invencível: qualquer que seja a experiência que toque o nosso caminho, o amor de Deus pode transformá-la em bem.
A oração é sempre positiva
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, «aprendemos a orar em certos momentos, escutando a Palavra do Senhor e participando no seu mistério pascal. Mas a cada momento, nos acontecimentos de cada dia, o seu Espírito nos é oferecido para fazer brotar a oração. O tempo está nas mãos do Pai; é no presente que nós o encontramos; não ontem nem amanhã, mas hoje». “Eu encontro Deus hoje. Sempre existe o hoje do encontro”, disse ainda o Papa.
Não há outro dia maravilhoso do que o hoje que vivemos. As pessoas que vivem pensando sempre no futuro, será melhor, mas não vivem o hoje, são pessoas que vivem na fantasia, não sabem viver o concreto do real. O hoje é real. O hoje é concreto. A oração se realiza hoje. Jesus vem ao nosso encontro hoje, o hoje que estamos vivendo. É a oração que o transforma em graça, ou melhor, que nos transforma: apazigua a raiva, sustenta o amor, multiplica a alegria, infunde a força de perdoar. Às vezes parece-nos que já não somos nós que vivemos, mas que a graça vive e age em nós através da oração.
“É a graça que espera. Não se esqueçam: viver o hoje. Quando você estiver com raiva, insatisfeito, pare e diga: ‘Senhor, onde você está? Para aonde estou caminhando?’ O Senhor está ali e lhe dará a palavra justa, o conselho para ir adiante, sem este sulco amargo do negativo”, disse ainda Francisco. “A oração é sempre positiva, faz ir adiante. Cada dia que começa, se for acolhido na oração, é acompanhado de coragem, para que os problemas a enfrentar já não sejam obstáculos à nossa felicidade, mas apelos de Deus, ocasiões para o nosso encontro com Ele.”
A oração realiza milagres
“Rezemos sempre por tudo e por todos. Rezemos pelos nossos entes queridos, mas também por aqueles que não conhecemos; rezemos até pelos nossos inimigos, como a Escritura muitas vezes nos convida a fazer”, sublinhou o Papa.
A oração dispõe a um amor superabundante. Rezemos especialmente pelos infelizes, por quantos choram na solidão e perdem a esperança de que ainda haja um amor que pulse por eles. A oração realiza milagres; e então os pobres intuem, pela graça de Deus, que até na sua situação precária, a oração do cristão tornou presente a compaixão de Jesus: pois Ele olhou com grande ternura para as multidões cansadas e perdidas como ovelhas sem pastor. O Senhor é o Senhor da compaixão, da proximidade, da ternura. O estilo do Senhor é compaixão, proximidade e ternura.
É necessário amar cada pessoa
Segundo o Pontífice, “a oração nos ajuda a amar os outros, não obstante seus erros e pecados. A pessoa é sempre mais importante do que as suas ações, e Jesus não julgou o mundo, mas o salvou”.
A vida daquelas pessoas que sempre julgam os outros é ruim, que sempre condenam, julgam. É uma vida ruim, infeliz, pois Jesus veio para nos salvar. Abra o seu coração! Perdoa, justifica os outros, entenda. Fique próximo aos outros, tenha compaixão, ternura, como Jesus. É necessário amar cada pessoa, lembrando na oração que somos todos pecadores e ao mesmo tempo amados por Deus um por um. Amando assim este mundo, amando-o com ternura, descobriremos que cada dia e cada situação traz dentro de si um fragmento do mistério de Deus.
Francisco concluiu sua catequese, dizendo que “somos seres frágeis, mas sabemos rezar: esta é a nossa maior dignidade, é a nossa fortaleza. Coragem! Rezar em cada momento, em cada situação, porque o Senhor está próximo de nós. Quando uma oração está em sintonia com o coração de Jesus, obtém milagres”. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa no Angelus: cuidar dos que sofrem é parte da missão da Igreja
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Evidenciando nossa condição humana, tão elevada em dignidade e, ao mesmo tempo, tão frágil, o Papa frisou no Angelus que Jesus responde a essa condição não com uma explicação, mas com uma presença amorosa que se curva, toma pela mão e levanta. Como já manifestado em outras ocasiões, Francisco lembrou que a única vez em que é lícito olhar as pessoas de cima para baixo é quando nos curvamos para ajudá-las a levantar-se
Raimundo de Lima - Vatican News
“Para a Igreja, cuidar dos doentes de todo tipo não é uma ‘atividade opcional’, algo acessório; não, é parte integrante de sua missão, como era da missão de Jesus: levar a ternura de Deus à humanidade sofredora.”
Foi o que disse o Papa no Angelus ao meio-dia deste V Domingo do Tempo Comum, em que o Santo Padre voltou a conduzir a oração mariana da janela do Palácio Apostólico, recitando-a com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.
Comentando o Evangelho do dia (cf. Mc 1,29-39) que apresenta a cura, da parte de Jesus, da sogra de Pedro e depois de muitos outros doentes e sofredores que vão até Ele, Francisco observou que a cura da sogra de Pedro é a primeira de natureza física narrada por Marcos.
A predileção de Jesus pelas pessoas que sofrem
A mulher estava na cama com febre; a atitude e o gesto de Jesus para com ela são emblemáticos: "Aproximando-se, Ele a tomou pela mão e a fez levantar-se", observa o Evangelista. Há tanta doçura neste ato simples, que parece quase natural: "A febre a deixou e ela se pôs a servi-los", continuou o Papa. O poder de cura de Jesus não encontra nenhuma resistência; e a pessoa curada retoma sua vida normal, pensando imediatamente nos outros e não em si mesma - e isso é significativo, é um sinal de verdadeira "saúde"!
Aquele dia era um sábado. O povo da aldeia espera pelo pôr-do-sol e depois, acabada a obrigação do repouso, sai e traz a Jesus todos os doentes e os possuídos. E Ele os cura, mas proíbe os demônios de revelar que Ele é o Cristo.
Desde o início, observou o Santo Padre, Jesus mostra sua predileção pelas pessoas que sofrem no corpo e no espírito: é a predileção do Pai, que Ele encarna e manifesta com obras e palavras. Seus discípulos foram testemunhas oculares disso.
Levar a ternura de Deus à humanidade sofredora
Mas Jesus não queria que eles fossem meros espectadores de sua missão: envolveu-os, enviou-os, deu-lhes também o poder de curar os doentes e expulsar os demônios. E isto tem continuado sem interrupção na vida da Igreja até hoje, ressaltou.
O Pontífice acrescentou que para a Igreja, cuidar dos doentes de todo tipo não é uma "atividade opcional", algo acessório; não, é parte integrante de sua missão, como era da missão de Jesus: levar a ternura de Deus à humanidade sofredora. Francisco frisou que seremos lembrados disso dentro de poucos dias, em 11 de fevereiro, Dia Mundial do Enfermo.
A realidade que estamos vivendo em todo o mundo por causa da pandemia torna esta mensagem particularmente atual, disse o Papa. A voz de Jó, que ressoa na Liturgia de hoje, torna-se mais uma vez intérprete de nossa condição humana, tão elevada em dignidade e, ao mesmo tempo, tão frágil. Diante desta realidade, a pergunta "por quê?" sempre surge em nossos corações.
Curvar-se para ajudar os outros a se levantar
A esta pergunta Jesus, o Verbo Encarnado, responde não com uma explicação, mas com uma presença amorosa que se curva, toma pela mão e levanta, como fez com a sogra de Pedro.
Como já manifestado em outras ocasiões, o Papa lembrou que a única vez em que é lícito de olhar as pessoas de cima para baixo é quando nos curvamos para ajudá-las a levantar-se.
Francisco concluiu a alocução que precedeu a oração mariana pedindo “que a Santíssima Virgem nos ajude a permitir que sejamos curados por Jesus - precisamos disso sempre, todos - para que, por nossa vez, possamos ser testemunhas da ternura regeneradora de Deus”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Francisco: a liturgia é presença, é um encontro com Cristo
- Detalhes
"Cristo faz-se presente no Espírito Santo através dos sinais sacramentais: disto, para nós cristãos, deriva a necessidade de participar nos mistérios divinos. Um cristianismo sem liturgia é um cristianismo sem Cristo, totalmente sem Cristo”, disse o Papa na Audiência Geral.
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“Rezar na liturgia” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (03/02), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.
O Pontífice recordou que “na história da Igreja verificou-se repetidamente a tentação de praticar um cristianismo intimista, que não reconhece a importância espiritual dos ritos litúrgicos públicos. Muitas vezes, esta tendência reivindicou a presumível maior pureza de uma religiosidade que não dependesse de cerimônias externas, consideradas um fardo inútil ou prejudicial. O foco da crítica não era uma forma ritual particular, nem uma forma particular de celebração, mas a própria liturgia. Era a crítica contra a forma litúrgica de rezar”.
A oração dos cristãos passa por mediações concretas
Francisco disse que “na Igreja é possível encontrar certas formas de espiritualidade que não conseguiram integrar adequadamente o momento litúrgico. Muitos fiéis, embora participassem assiduamente nos ritos, especialmente na Missa dominical, hauriam alimento para a sua fé e a sua vida espiritual sobretudo de outras fontes, de tipo devocional. Nas últimas décadas, houve muito progresso. A Constituição Sacrosanctum concilium, do Concílio Vaticano II, representa o centro deste longo trajeto”. E acrescentou:
Reafirma de maneira completa e orgânica a importância da liturgia divina para a vida dos cristãos, que nela encontram a mediação objetiva exigida pelo fato de Jesus Cristo não ser uma ideia nem um sentimento, mas uma Pessoa viva, e o seu Mistério um acontecimento histórico. A oração dos cristãos passa por mediações concretas: a Sagrada Escritura, os Sacramentos, os ritos litúrgicos. Na vida cristã não prescindimos da esfera corpórea e material, porque em Jesus Cristo ela se tornou o caminho da salvação. Podemos dizer que agora devemos rezar com o corpo. O corpo entra na oração.
“Não existe espiritualidade cristã que não esteja enraizada na celebração dos mistérios sagrados. A liturgia, em si, não é apenas oração espontânea, mas algo cada vez mais original: é um ato que fundamenta toda a experiência cristã e, por conseguinte, também a oração. É acontecimento, é evento, é presença, é um encontro com Cristo.”
"Cristo faz-se presente no Espírito Santo através dos sinais sacramentais: disto, para nós cristãos, deriva a necessidade de participar nos mistérios divinos. Um cristianismo sem liturgia é um cristianismo sem Cristo, totalmente sem Cristo”, disse ainda o Papa.
A missa não pode ser somente “ouvida”
“Cada vez que celebramos um Batismo, ou consagramos o pão e o vinho na Eucaristia, ou ungimos o corpo de um enfermo com o Óleo sagrado, Cristo está ali! Ele está presente como quando curava os membros fracos de um doente ou quando, na Última Ceia, entregou o seu testamento para a salvação do mundo. A oração do cristão faz sua a presença sacramental de Jesus. O que nos é exterior torna-se parte de nós: a liturgia expressa isto também no gesto muito natural de comer.” A seguir, Francisco disse:
A Missa não pode ser somente “ouvida”, não é uma expressão correta. A missa não pode ser apenas ouvida, como se fôssemos apenas espectadores de algo que escorre sem nos envolver. A Missa é sempre celebrada, e não apenas pelo sacerdote que a preside, mas por todos os cristãos que a vivem. O centro é Cristo! Todos nós, na diversidade dos dons e ministérios, nos unimos na sua ação, porque ele é o Protagonista da liturgia.
“Quando os primeiros cristãos começaram a viver o seu culto, fizeram-no atualizando os gestos e a palavras de Jesus, com a luz e a força do Espírito Santo, para que a sua vida, alcançada por esta graça, se tornasse sacrifício espiritual oferecido a Deus. Esta abordagem foi uma verdadeira “revolução”. A vida é chamada a tornar-se culto a Deus, mas isto não pode acontecer sem a oração, especialmente a oração litúrgica. Que este pensamento nos ajude a todos. Quando vamos à missa aos domingos, vou para rezar em comunidade, rezar com Cristo que está presente. Quando vamos a uma celebração do Batismo, Cristo está ali presente que batiza. "Mas, Padre, está é uma ideia, um modo de dizer": isto não é um modo de dizer. Cristo está presente e na liturgia você reza com Cristo que está junto de você", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
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