HOJE, DIA 27: Bênção Urbi et Orbi - Uma Praça cheia das nossas preces.
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Nesta sexta-feira dia 27 de março o Papa Francisco rezará na Praça de S. Pedro. No vazio do espaço, o tempo da oração dará fé e esperança aos corações. Para resistir ao coronavírus.
Rui Saraiva
A pandemia do coronavírus continua a matar milhares de pessoas em todo o mundo. Atenção especial para Itália e Espanha, países que vivem horas muito difíceis. Nos países lusófonos destaque para Angola que decretou nesta quarta-feira dia 25 março o estado de emergência a ser cumprido a partir de 27 de março.
Bênção Urbi et Orbi a 27 de março
Precisamente na sexta-feira, 27 de março, o Santo Padre vai presidir a um momento de oração na Praça de S. Pedro. Uma “praça vazia” disse o Papa, mas que estará cheia das nossas preces. O anúncio foi feito pelo Santo Padre no Angelus do IV Domingo da Quaresma:
“Na próxima sexta-feira, 27 de março, às 18h presidirei um momento de oração no adro da Basílica de S. Pedro, com a Praça vazia Convido todos, desde já, a participar espiritualmente através dos meios de comunicação.”
Será um momento preenchido pela Palavra de Deus e a Adoração Eucarística. O Papa dará a Benção Urbi et Orbi:
“Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual no términus darei a Bênção Urbi et Orbi a qual será acompanhada da possibilidade de receber a indulgência plenária.”
A Oração do Papa a Nossa Senhora pedindo o fim da pandemia.
Ó Maria, Tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança. Nós nos entregamos a Ti, Saúde dos Enfermos, que na Cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a Tua fé.
Tu, Salvação do povo romano, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galiléia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação. Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser.
Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e tomou sobre si nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição. Amém.
Sob a Tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus. Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada.
Oração do Papa (Pedindo a comunhão espiritual).
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira 26. O Papa reza a fim de que vençamos o medo neste tempo difícil
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Na Missa na Casa Santa Marta, esta quinta-feira (26/03), Francisco dirigiu seu pensamento aos anciãos sozinhos, aos trabalhadores precários e aos que realizam uma função social e podem ser acometidos pelo coronavírus. Na homilia, convidou a descobrir quais são os nossos ídolos, os ídolos do coração, muitas vezes escondidos. A idolatria nos faz todos perder os dons do Senhor
VATICAN NEWS
Na Missa ao vivo em streaming esta quinta-feira (26/03) da Capela da Casa Santa Marta, Francisco rezou a fim de que o Senhor nos ajude a vencer o medo neste tempo caracterizado pela pandemia do Covid-19. Estas, as suas palavras, introduzindo a celebração eucarística:
Nestes dias de tanto sofrimento, há tanto medo. O medo dos anciãos, que se encontram sozinhos, nas casas de repouso ou no hospital ou na casa deles e não sabem o que pode acontecer. O medo dos trabalhadores sem trabalho fixo que pensam como prover o alimento a seus filhos e veem a fome chegar. O medo de tantos agentes sociais que neste momento ajudam a sociedade a seguir adiante e podem pegar a doença. Também o medo – os medos – de cada um de nós: cada um sabe qual é o próprio. Rezemos ao Senhor a fim de que nos ajude a ter confiança e a tolerar e vencer os medos.
Na homilia, comentando a primeira leitura, extraída do livro do Êxodo (Ex 32,7-14), que conta o episódio do bezerro de ouro, Francisco falou dos ídolos do coração, ídolos por nós escondidos muitas vezes de modo astucioso, ressaltando que a idolatria nos faz perder tudo, nos faz perder os próprios dons do Senhor. A idolatria nos leva a uma religiosidade errônea. Em seguida, o Papa pediu para se fazer um exame de consciência para descobrir nossos ídolos escondidos. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Leitura encontra-se a cena do amotinamento do povo. Moisés subiu ao Monte para receber a Lei: Deus a deu a ele, em pedra, escrita com seu dedo. Mas o povo se entediou e se comprimiu em torno a Aarão e disse: “Mas, este Moisés, faz tempo que não sabemos onde está, para onde foi e nós estamos sem guia. Faça-nos um deus que nos ajude a seguir adiante”. E Aarão, que depois será sacerdote de Deus, mas ali foi sacerdote da estupidez, dos ídolos, disse: “Sim, deem-me todo o ouro e a prata que têm”, e eles deram tudo e fizeram aquele bezerro de ouro.
No Salmo ouvimos o lamento de Deus: “Construíram um bezerro no Horeb e adoraram uma estátua de metal; eles trocaram o seu Deus, que é sua glória, pela imagem de um boi que come feno”. E ai, neste momento, quando começa a Leitura: “O Senhor disse a Moisés: 'Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido,
inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: 'Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!'” Uma verdadeira apostasia! Do Deus vivo à idolatria. Não teve paciência para esperar que Moisés retornasse: queriam novidades, queriam algo, espetáculo litúrgico, alguma coisa...
Gostaria de acenar algumas coisas sobre isso: Em primeiro lugar, aquela saudade idolátrica: neste caso, pensava nos ídolos do Egito, mas a saudade de voltar aos ídolos, voltar ao pior, não saber esperar o Deus vivo. Essa saudade é uma doença, também nossa. Inicia-se a caminhar com o entusiasmo de ser livres, mas depois começam as lamentações: “Mas sim, este é um momento duro, o deserto, tenho sede, quero água, quero carne... mas no Egito comíamos as cebolas, as coisas boas e aqui não se tem...” Sempre, a idolatria é seletiva: leva você a pensar nas coisas boas que lhe dá, mas não o deixa enxergar as coisas ruins. Neste caso, eles pensavam como era quando estavam à mesa, com essas refeições tão boas das quais gostavam tanto, mas esqueciam que aquela mesa era a mesa da escravidão.
A idolatria é seletiva.
Depois, outra coisa: a idolatria faz você perder tudo. Aarão, para fazer o bezerro, pede ouro: “Deem-me ouro e prata”: mas era o ouro e a prata que o Senhor tinha dado a eles, quando lhes disse: “Peçam ouro emprestado aos egípcios”, e depois foram embora com o ouro. É um dom do Senhor e com o dom do Senhor fazem o ídolo. E isso é muito feio. Mas esse mecanismo acontece também conosco: quando temos atitudes que nos levam à idolatria, somos apegados a coisas que nos distanciam de Deus, porque nós fazemos outro deus e o fazemos com os dons que o Senhor nos deu. Com a inteligência, com a vontade, com o amor, com o coração... são os próprios dons do Senhor que nós usamos para fazer a idolatria.
Sim, alguém de vocês pode me dizer: “Mas eu não tenho ídolos em casa. Tenho o Crucifixo, a imagem de Nossa Senhora, que não são ídolos...” – Não, não: no seu coração. E a pergunta que hoje devemos fazer é: qual é o ídolo que você tem no seu coração, no meu coração. Aquela saída escondida onde me sinto bem, que me distancia do Deus vivo. E nós temos também um atitude, com a idolatria, muito astuto: sabemos esconder os ídolos, como fez Raquel quando fugiu de seu pai e os escondeu na sela do camelo e entre as roupas. Também nós, entre as nossas roupas do coração, escondemos muitos ídolos.
A pergunta que gostaria de fazer hoje é: qual é o meu ídolo? Aquele meu ídolo do mundanismo... e a idolatria chega também à piedade, porque eles queriam o bezerro de ouro não para fazer um circo: não. Para fazer adoração. “Prostraram-se diante dele”. A idolatria leva você a uma religiosidade errônea, aliás: muitas vezes o mundanismo, que é uma idolatria, faz você mudar a celebração de um sacramento numa festa mundana. Um exemplo: não sei, penso, pensemos, não sei, uma celebração de casamento. Você não sabe se é um sacramento onde realmente os recém-casados dão tudo e se amam diante de Deus e prometem ser fiéis diante de Deus e recebem a graça de Deus, ou se é uma exposição de modelos, como um e o outro estão vestidos e o outro... o mundanismo. É uma idolatria. Isso é um exemplo. Porque a idolatria não cessa: segue sempre adiante.
Hoje a pergunta que eu gostaria de fazer a todos nós, a todos: quais são os meus ídolos? Cada um tem os seus. Quais são os meus ídolos. Onde os escondo. E que o Senhor não nos encontre, no final da vida, e diga de cada um de nós: “Você se corrompeu. Você se distanciou do caminho que eu tinha indicado. Você se prostrou diante de um ídolo”.
Peçamos ao Senhor a graça de conhecer nossos ídolos. E se não podemos expulsá-los, ao menos os coloquemos de lado... Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Santo Padre:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antiga antífona mariana Ave Regina Caelorom (“Ave Rainha dos Céus”). Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 25. O Papa reza o Pai-Nosso implorando misericórdia pela humanidade provada
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Ao meio-dia, os cristãos do mundo se uniram a Francisco para rezar a oração por excelência. O Papa implora misericórdia para que termine este tempo de provação.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco rezou a oração do Pai-Nosso, da Biblioteca Apostólica, no Vaticano, ao meio-dia, hora local, desta quarta-feira (25/03), Solenidade da Anunciação do Senhor.
Entre o medo e a ansiedade do mundo ameaçado pela pandemia de coronavírus, ressoa o Pai-Nosso, a oração que Jesus nos ensinou, fonte perene de esperança e fonte de unidade ente os cristãos. A voz do Papa Francisco, que invoca o Senhor para acabar com a pandemia, contém a oração de um povo ferido, mas unido em oração e com o olhar voltado para o Pai.
O Pontífice, que no final da Audiência Geral desta quarta-feira, renovou o apelo a todos os cristãos a fim de invocar o Deus Onipotente, tinha convidado no Angelus do último domingo, todos os líderes de Igrejas e comunidades cristãs a se unirem a esta oração. Uma oração comovente em que a voz comunitária do “nós”, e não a voz individual do “eu”, se eleva ao céu.
Antes da oração do Pai-Nosso, Francisco proferiu as seguintes palavras:
Queridos irmãos e irmãs,
hoje, marcamos um encontro, todos os cristãos do mundo, a fim de rezar juntos o Pai-Nosso, a oração que Jesus nos ensinou.
Como filhos confiantes, nos voltamos para o Pai. Fazemos isso todos os dias, várias vezes ao dia, mas agora queremos implorar misericórdia pela humanidade provada duramente pela pandemia de coronavírus. E fazemos isso juntos, cristãos de todas as Igrejas e comunidades, de todas as idades, línguas e nações.
Rezemos pelos doentes e suas famílias, pelos profissionais de saúde e aqueles que os ajudam, pelas autoridades, pelos policiais e voluntários, e pelos ministros de nossas comunidades.
Hoje, muitos de nós celebram a Encarnação do Verbo no ventre da Virgem Maria, quando em seu “Eis-me aqui”, humilde e total, refletiu-se o “Eis-me aqui” do Filho de Deus. Nós também nos entregamos com total confiança às mãos de Deus e num só coração e numa só alma rezemos:
“Pai-Nosso que estais nos céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 24: Papa Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus
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Na Missa da manhã desta terça-feira (24/03) na Casa Santa Marta o Papa agradeceu aos médicos, aos enfermeiros e aos sacerdotes comprometidos na assistência aos doentes de Covid-19: um exemplo de heroísmo. Na homilia, chamou a atenção para o pecado da preguiça
VATICAN NEWS
Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira (24/03), o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo Covid-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia. A seguir, as palavras do Santo
Padre no início da celebração:
Recebi a notícia de que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.
Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:
A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio... Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado... porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto... mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto... Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.
A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas...”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.
Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.
Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida... Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”... É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.
E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali... Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.
Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.
Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 23. Homilia do Papa. “Rezar por aqueles que têm dificuldades econômicas devido ao coronavírus”.
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Na Missa na Casa Santa Marta, esta segunda-feira (23/03), Francisco lançou seu olhar para a crise econômica que a pandemia do coronavírus está provocando e dirigiu seu pensamento às famílias que têm problemas com a impossibilidade de trabalhar. Na homilia, o Papa convidou a intensificar a oração neste período, e a rezar com fé, perseverança e coragem
VATICAN NEWS
Na Missa ao vivo em streaming da Capela da Casa Santa Marta, esta segunda-feira (23/03), as primeiras palavras de Francisco foram palavras de confiança. São as palavras da Antífona de entrada: “Confio em vós, ó Deus! Alegro-me e exulto em vosso amor, pois olhastes, Senhor, minha miséria” (Sl 30,7-8). Em seguida, pediu por aqueles que estão sofrendo com a crise econômica causada pela pandemia do coronavírus que paralisou muitas atividades de trabalho.
“Rezemos hoje pelas pessoas que por causa da pandemia estão começando a ter problemas econômicos, porque não podem trabalhar e tudo isso recai sobre a família. Rezemos pelas pessoas que têm esse problema.”
Na homilia, comentando o Evangelho de João (Jo 4,43-54) sobre a cura do filho do funcionário do rei, Francisco convidou a rezar com fé, perseverança e coragem, sobretudo neste período. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Este pai pede a saúde para o filho. O Senhor repreende todos um pouco, também ele: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais”. O funcionário, ao invés de se calar e ficar quieto, insiste e lhe diz: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” E Jesus lhe responde: “Podes ir, teu filho está vivo”.
Três coisas são necessárias para se fazer uma verdadeira oração. A primeira é a fé: se não tiverdes fé... E muitas vezes, a oração é somente oral, da boca... mas não vem da fé do coração, ou uma fé fraca... Pensemos em outro pai, o do filho endemoninhado, quando Jesus responde: “Tudo é possível àquele que crê”; o pai como disse claramente “creio, mas aumenta a minha fé”. A fé na oração. Rezar com fé, quer quando rezamos fora, quer quando vimos aqui e o Senhor está ali: mas tenho fé ou é um costume? Estejamos atentos na oração: não cair no costume sem a consciência de que o Senhor está presente, que estou falando com o Senhor e que Ele é capaz de resolver o problema. A primeira condição para uma verdadeira oração é a fé.
A segunda condição que o próprio Jesus nos ensina é a perseverança. Alguns pedem mas a graça não vem: não têm essa perseverança, porque no fundo não precisam dela, ou não têm fé. E Jesus mesmo nos ensina a parábola daquele senhor que vai até o vizinho pedir pão à meia-noite: a perseverança de bater à porta... Ou a viúva, com o juiz iníquo: e insiste e insiste e insiste: é a perseverança. Fé e perseverança caminham juntas, porque se você tem fé você tem certeza de que o Senhor lhe dará aquilo que pede. E se o Senhor faz você esperar, bater, bater, no final o Senhor concede a graça.
Mas o Senhor não faz isso para tornar-se interessante ou porque diga “melhor que espere”: não. Ele o faz para o nosso bem, para que levemos a coisa a sério. Levar a oração a sério, não como os papagaios: blá blá blá e nada mais... O próprio Jesus nos repreende: “Não sede como pagãos que creem na eficácia da oração e nas palavras, muitas palavras”. Não. É a perseverança, ali. É a fé.
E a terceira coisa que Deus quer na oração é a coragem. Alguém pode pensar: é preciso coragem para rezar e para se colocar diante do Senhor? É preciso. A coragem de ficar ali pedindo e seguindo adiante, aliás, quase – quase, não quero dizer uma heresia –, mas quase como ameaçando o Senhor. A coragem de Moisés diante de Deus quando queria destruir o povo e fazê-lo líder de outro povo. Diz: “Não. Eu com o povo”. Coragem. A coragem de Abraão, quando negocia salvação de Sodoma: “E se fossem 30, e se fossem 25, e se fossem 20...”: ali, a coragem. Essa virtude da coragem, é muito necessária. Não somente para as ações apostólicas, mas também para a oração.
Fé, perseverança e coragem. Nestes dias em que é necessário rezar, rezar mais, pensemos se nós rezamos assim: com fé que o Senhor pode intervir, com perseverança e com coragem. O Senhor não decepciona: não decepciona. Faz-nos esperar, toma o seu tempo, mas não decepciona. Fé, perseverança e coragem.
Por fim, o Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa convida todos os cristãos a rezar juntos o Pai-Nosso na quarta-feira
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O Papa convida todos os cristãos a rezar juntos o Pai-Nosso na quarta-feira
Francisco convida os Chefes das Igrejas e os líderes de todas as Comunidades cristãs, junto a todos os cristãos das várias confissões, a invocar o Altíssimo, Deus Todo-Poderoso, recitando simultaneamente a oração que Jesus Nosso Senhor nos ensinou. “Queremos responder à pandemia do vírus com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura”, afirma o Papa, que também na sexta-feira presidirá um momento de oração no patamar da Basílica Vaticana
Raimundo de Lima, Silvonei José - Cidade do Vaticano
Nestes dias de provação, enquanto a humanidade treme pela ameaça da pandemia, gostaria de propor a todos os cristãos unir suas vozes rumo ao Céu: disse o Pontífice na saudação após a oração mariana do Angelus, este domingo (22/03), recitada na Biblioteca do Palácio Apostólico - como tem feito excepcionalmente neste período, em tempos de coronavírus, sem fiéis na Praça São Pedro –, fazendo em seguida um forte convite para a próxima quarta-feira, 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor:
“Convido todos os Chefes das Igrejas e os líderes de todas as Comunidades cristãs, junto a todos os cristãos das várias confissões, a invocar o Altíssimo, Deus Todo-Poderoso, recitando simultaneamente a oração que Jesus Nosso Senhor nos ensinou. Portanto, convido todos a recitar o Pai-Nosso ao meio-dia da próxima quarta-feira, 25 de março. No dia em quem muitos cristãos recordam o anúncio da Encarnação do Verbo à Virgem Maria, que o Senhor possa ouvir a oração unânime de todos os seus discípulos que se preparam para celebrar a vitória de Cristo Ressuscitado.”
Na sexta-feira (27/03), o Papa preside um momento de oração
Em seguida, o Papa Francisco afirmou que com essa mesma intenção, na próxima sexta-feira, 27 de março, às 18h locais (14h no horário de Brasília), presidirá um momento de oração no patamar da Basílica de São Pedro, convidando todos, desde já, a participar espiritualmente através dos meios de comunicação.
Bênção Urbi et Orbi e Indulgência plenária
“Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual ao término darei a Bênção Urbi et Orbi (à cidade do Roma e ao mundo), à qual será acompanhada a possibilidade de receber a Indulgência plenária”, acrescentou, fazendo ainda uma premente exortação:
“Queremos responder à pandemia do vírus com a universalidade da oração, da compaixão, da ternura. Permaneçamos unidos. Façamos com que as pessoas mais sozinhas e em maiores provações sintam a nossa proximidade.”
Proximidade a todos
Central, então o chamado para permanecermos unidos:
A nossa proximidade aos médicos, aos profissionais da saúde, enfermeiros e enfermeiras, voluntários... A nossa proximidade às autoridades que devem tomar medidas duras, mas para o nosso bem. Nossa proximidade aos policiais, aos soldados, que nas ruas procuram manter sempre a ordem, que se realizem as coisas que o governo pede para o bem de todos nós. Proximidade a todos.
Em conclusão, o Papa exorta a ler hoje, tranquilamente e lentamente, o capítulo 9 do Evangelho de João, como ele mesmo o fará: "Fará bem a todos nós". Estes fortes gestos propostos por Francisco para a próxima semana, neste tempo particular de provação para toda a humanidade, contêm a exortação a enfrentar as adversidades unidos na oração e no amor, ainda que na distância física, como ele mesmo está fazendo também no cotidiano com a missa matinal da Casa Santa Marta, que há duas semanas vem sendo transmitida ao vivo.
A pandemia já infectou mais de 300 mil pessoas e matou 13 mil
Entretanto, em todo o mundo, a pandemia continua a se alastrar com mais de 300 mil infectados e mais de 13 mil mortos. Os Estados Unidos são o terceiro país em número de contágios com o coronavírus depois da China e Itália. E neste sábado, apenas na Itália, registrou-se um novo número recorde de mortes num só dia: 793, num total de 4.825. Esta é a crise mais difícil desde o pós-guerra, disse ontem o primeiro-ministro Conte anunciando novas medidas: a partir desta segunda-feira até 3 de abril fecharão também as atividades de produção não dispensáveis para bens e serviços essenciais.
O pensamento à Croácia
Na conclusão da oração mariana do Angelus o Papa dirigiu ainda o seu pensamento ao povo da Croácia. “Eu exprimo a minha proximidade à população da Croácia atingida por um terramoto nesta manhã. Que o Senhor lhes dê a força e a solidariedade para enfrentar esta calamidade".
Um terremoto de magnitude 5.3 graus atingiu Zagreb, esta manhã. Muitos edifícios foram danificados, as ruas do centro estão cheias de escombros e há carros destruídos pelos escombros dos edifícios.
Depois o Papa Francisco assomou à janela do Palácio Apostólico que dá para a Praça São Pedro, completamente vazia, por causa das restrições decididas para contrastar a difusão do coronavírus, e deu a sua benção. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sábado 21-Homilia de Francisco. O Papa na Missa reza pelas famílias trancadas em casa com as crianças
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Este sábado (21/03) na Missa matutina, Francisco dirigiu novamente sua oração às famílias, obrigadas neste período a permanecer em casa por causa da emergência coronavírus. Na homilia exortou a rezar com humildade, sem a presunção de sentir-se justos
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O Papa presidiu também este sábado (21/03) a Missa matutina transmitida em streaming da Casa Santa Marta, como está fazendo neste período de emergência em decorrência da pandemia de coronavírus. Introduzindo a celebração eucarística dirigiu seu pensamento às famílias.
Hoje gostaria de recordar as famílias que não podem sair de casa. Talvez o único horizonte que tenham é o balcão. E ali dentro, a família, com as crianças, os jovens, os pais: para que saibam encontrar o modo de comunicar bem, de construir relações de amor na família, e saibam vencer as angústias deste tempo juntos, em família. Peçamos a paz das famílias hoje, nesta crise, e pela criatividade.
Comentando as leituras do dia, extraídas do Livro do profeta Oseias (Os 6,1-6) e do Evangelho em que Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14), Francisco exortou a voltar à oração, uma oração humilde, sem a presunção de quem se considera mais justo do que os outros.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta Palavra do Senhor que ouvimos ontem: “Volta. Volta para casa”. Também no mesmo livro do profeta Oseias encontramos a resposta: “Vinde, voltemos para o Senhor”. É… a resposta, quando toca o coração, aquele “volta para casa”, “voltemos ao Senhor”. “Ele nos feriu e há de tratar-nos. ”Ele nos machucou e há de curar-nos. Apressemo-nos a conhecer o Senhor: a sua vinda é certa como a aurora”. A confiança no Senhor é segura: “Virá até nós como as primeiras chuvas, como as chuvas tardias que regam o solo”. E com essa esperança o povo começa o caminho para retornar ao Senhor. E uma das maneiras, dos modos de encontrar o Senhor é a oração. Rezemos ao Senhor, voltemos a Ele.
No Evangelho Jesus nos ensina como rezar. Há dois homens, um é um presuntuoso que vai rezar, mas para dizer que ele é bom, como se dissesse a Deus: “Olhe, sou tão bom: se precisar de alguma coisa, me diga, eu resolvo o Seu problema”. Assim se dirige a Deus: presunção. Talvez ele fizesse todas as coisas que a Lei determina, ele diz isso: “Eu jejuo duas vezes por semana, dou dízimo de toda a minha renda… sou bom”. Isso nos recorda também outros dois homens. Recorda-nos o filho mais velho da parábola do filho pródigo, quando vai até o pai e diz: “Mas, eu que sou tão bom não tenho festa, e este, que é um desgraçado, Tu lhe fazes festa…”: presuntuoso. O outro, que ouvimos estes dias, é a história daquele homem rico, um sem-nome, mas era rico, incapaz de ter um nome, mas era rico… não lhe importava nada da miséria dos outros. São esses que têm segurança em si mesmos ou no dinheiro ou no poder…
Depois tem o outro, o publicano. Que não se coloca diante do altar, não: permanece à distância. “Tendo se detido à distância, não ousava nem mesmo elevar os olhos para o céu. Batia a mão no peito dizendo: “Deus, tende piedade de mim pecador”. Também este nos leva à recordação do filho pródigo: deu-se conta dos pecados cometidos, das coisas feias que tinha feito; também ele batia no peito: “Voltarei até meu pai e (lhe direi): pai, pequei”. A humilhação. Recorda-nos aquele outro, o mendicante, Lázaro, na porta do rico, que vivia a sua miséria diante da presunção daquele senhor. (Temos) sempre essa correspondência de pessoas no Evangelho.
Neste caso, o Senhor nos ensina como rezar, como aproximar-nos, como devemos aproximar-nos do Senhor: com humildade. Há uma bonita imagem no hino litúrgico da festa de São João Batista. Diz que o povo se aproximava do Jordão para receber o batismo, “com a alma e os pés desnudos”: rezar com a alma despida, sem maquiagem, sem travestir-se das próprias virtudes. Ele, lemos isso no início da Missa, perdoa todos os pecados, mas é preciso que eu lhe mostre os pecados, com a minha nudez. Rezar assim, nus, com o coração despido, sem cobrir, sem confiar nem mesmo naquilo que aprendi sobre o modo de rezar… Rezar, tu e eu, face a face, a alma nua. Isso é aquilo que o Senhor nos ensina. Ao invés, quando formos até o Senhor um pouco por demais seguros de nós mesmos, cairemos na presunção deste ou do filho mais velho ou do rico ao qual nada faltava. Teremos a nossa segurança em outro lugar. “Eu vou até o Senhor para… mas quero ir, para ser educado… e Lhe falo num tu a tu, praticamente…”: esse não é o caminho. O caminho é abaixar-se. O abaixamento. O caminho é a realidade. E o único homem aí, nesta parábola, que tinha entendido a realidade, era o publicano: “Tu és Deus e eu sou pecador”. Essa é a realidade. Mas digo que sou pecador, não com a boca: com coração. Sentir-se pecador.
Não esqueçamos isso que o Senhor nos ensina: justificar a si mesmo é soberba, é orgulho, é exaltar a si próprio. É travestir-se daquilo que não sou. E as misérias permanecem dentro. O fariseu justificava a si mesmo. Confessar os próprios pecados, sem justificá-los, sem dizer: “Mas, não, fiz isso, mas não era minha culpa…”. A alma despida. A alma despida.
O Senhor nos ensina a entender isso, essa atitude para começar a oração. Quando começamos a oração com nossas justificações, com nossas seguranças, não vai ser oração: será falar com o espelho. Ao invés, quando começo a oração com a verdadeira realidade – “sou pecador, sou pecador” – é um bom passo avante para deixar-se olhar pelo Senhor. Que Jesus nos ensine isto, a nós.
Também este sábado, Francisco concluiu a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós! Fonte: https://www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA 20. Papa reza pelos médicos e agentes de saúde que estão dando a própria vida
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Na Missa da manhã desta sexta-feira, o Papa dirigiu sua oração aos profissionais e agentes de saúde que está dando o máximo de si para ajudar pacientes com coronavírus, em particular em Bérgamo, Treviglio, Bréscia e Cremona. Também rezou pelas autoridades. Na homilia, Francisco convidou a redescobrir Deus como um Pai bom e explica como confessar-se na ausência de um padre
Vatican News
O Papa celebrou a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta sexta-feira, 20, recordando o grande trabalho que os médicos e agentes de saúde estão fazendo, especialmente nas áreas mais atingidas pelo Covid-19.
Ontem recebi uma mensagem de um sacerdote bergamasco, pedindo para rezar pelos médicos de Bérgamo, Treviglio, Bréscia, Cremona, que estão trabalhando no limite de suas forças; eles estão dando suas próprias vidas para ajudar os doentes, para salvar a vida dos outros. E também peçamos pelas autoridades; não é fácil para eles gerir esse momento, e muitas vezes sofrem com incompreensões. Médicos, funcionários de hospitais, voluntários da saúde ou as autoridades, neste momento são colunas que nos ajudam a seguir em frente e nos defendem nesta crise. Rezemos por eles.
Ao comentar a primeira leitura, extraída do Livro do Profeta Oséias (Os 14: 2-10), Francisco nos exorta a nos dirigirmos a Deus não como se fosse a um juiz, mas como um Pai bom, que ama e perdoa sempre. Neste sentido, recordando o que diz o Catecismo, explica como é possível confessar, quando não a situação não permite encontrar um sacerdote.
Segue o texto da homilia na íntegra, segundo nossa transcrição:
Quando leio ou ouço essa passagem do Profeta Oséias que ouvimos na Primeira Leitura [que diz]: " Volta, Israel, para o Senhor, teu Deus", quando a ouço, lembro-me de uma canção que há 75 anos Carlo Buti cantava e que nas famílias italianas em Buenos Aires as pessoas ouviam com grande prazer: “Volte para o teu pai. Ele ainda cantará para ti a canção de ninar." Volta: mas é o teu pai que te diz para voltar. Deus é o teu pai; não é o juiz, é o teu pai: "Volta para casa, escuta venha".
E essa recordação - eu era menino - me leva imediatamente ao pai do capítulo 15 de Lucas, aquele pai que diz: "Estava ainda longe, quando seu pai o viu", aquele filho que tinha ido embora com todo o dinheiro e o desperdiçou. Mas, se o vê de longe, é porque esperava por ele. Subia ao terraço - quantas vezes por dia! – por dias e dias, meses, anos, quem sabe, esperando o filho. O vê de longe. Volta para o teu pai, volta para o teu pai. Ele te espera. É a ternura de Deus que nos fala, especialmente na Quaresma. É o momento de entrar em nós mesmos e recordar o Pai, ou voltar para ele.
"Não, pai, tenho vergonha de voltar porque ... Você sabe pai, fiz muitas coisas, eu aprontei muito ...". O que o Senhor diz? “Volta, eu te curarei da tua infidelidade, te amarei profundamente, porque minha ira se afastou. Eu serei como orvalho; florescerás como um lírio e lançarás raízes como uma árvore do Líbano”. Volta para teu pai que te espera. O Deus da ternura nos curará; nos curará das tantas, tantas feridas na vida e das tantas coisas ruins que aprontamos. Cada um tem as suas!
Mas pensar isso: retornar a Deus é retornar ao abraço, ao abraço de pai. E pensar naquela outra promessa que Isaías faz: "Se vossos pecados forem escarlates, se tornarão brancos como a neve". Ele é capaz de nos transformar, Ele é capaz de mudar o coração, mas precisamos dar o primeiro passo: voltar. Não é ir para Deus, não: é voltar para casa.
E a Quaresma sempre tem por objetivo essa conversão do coração que, no costume cristão, ganha forma no Sacramento da Confissão. É o momento para - eu não sei se [para] “acertar as contas”, não gosto disso - deixar Deus nos embranquecer, Deus nos purificar, Deus nos abraçar.
Sei que muitos de vocês, na Páscoa, vão se confessar para se encontrarem com Deus. Mas muitos me diriam hoje: “Mas padre, onde posso encontrar um sacerdote, um confessor, por que não podemos sair de casa? E eu quero fazer as pazes com o Senhor, eu quero que ele me abrace, que meu pai me abrace ... Como posso fazer se não encontro sacerdotes?". Faz o que o diz Catecismo. É muito claro: se não encontras um sacerdote para confessar, fale com Deus, Ele é teu pai, e diga a Ele a verdade: "Senhor, aprontei isso, isso, isso ... Perdoa-me", e peça perdão a Ele de todo coração, com o Ato de Contrição e prometa a Ele: "Depois vou me confessar, mas me perdoe agora". E imediatamente voltarás à graça de Deus. Tu mesmo podes aproximar-te - como nos ensina o Catecismo – ao perdão de Deus, se não tem à mão um sacerdote. Mas pensem: é o momento! E este é o momento correto, o momento oportuno. Um Ato de Contrição bem feito, e assim nossa alma se tornará branca como a neve.
Seria belo se hoje ecoasse em nossos ouvidos esta frase: "Volta para o teu pai, volta para o teu pai". Ele te espera e fará festa para ti. Também hoje, Francisco encerrou a celebração com a Adoração e Bênção Eucarística, convidando a fazer a comunhão espiritual:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no vosso e na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa recorda como receber o perdão sem o sacerdote
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Pessoas em fim de vida sem capelães, famílias fechadas em casa e impossibilitadas de ir a um sacerdote: na homilia na Casa Santa Marta, Francisco cita o Catecismo e a “contrição” que perdoa os pecados na expectativa da confissão.
VATICAN NEWS
A salus animarum, a salvação das almas é a lei suprema da Igreja, o critério interpretativo fundamental para determinar o que é justo. É por isso que a Igreja sempre procura, de todos os modos, oferecer a possibilidade de se reconciliar com Deus a todos aqueles que o desejam, que estão em busca, esperando ou que, de alguma forma, se dão conta de sua condição e sentem a necessidade de serem acolhidos, amados e perdoados. Nestes tempos de emergência devido à pandemia, com pessoas gravemente doentes e isoladas nas unidades de terapia intensiva, bem como para as famílias que são solicitadas a permanecerem em casa para evitar a difusão do contágio, é útil lembrar a todos a riqueza da tradição. Foi o que fez o Papa Francisco durante a homilia da missa na Santa Marta na sexta-feira, 20 de março.
“Eu sei que muitos de vocês se confessam para a Páscoa a fim de se reconciliar com Deus”, disse o Papa. “Mas muitos me dirão hoje: “Mas, padre, onde posso encontrar um sacerdote, um confessor? Não se pode sair de casa! E eu quero fazer as pazes com o Senhor, quero que Ele me abrace, que o meu pai me abrace. O que posso fazer se não encontro um sacerdote?” Você faz o que diz o Catecismo”.
“É muito claro: se você não encontra um sacerdote para se confessar”, explicou o Papa, “fale com Deus, ele é seu Pai. Diga-lhe a verdade: “Senhor, eu fiz isso e aquilo. Perdoa-me”. “Peça-lhe perdão de todo o coração, com o Ato de Contrição e promete-lhe: “Depois, eu vou me confessar, mas perdoa-me agora”. E logo você retornará à graça de Deus. Você mesmo pode se aproximar, como o Catecismo nos ensina, do perdão de Deus sem ter um sacerdote. Pensem nisso: este é o momento! E este é o momento certo, o momento oportuno. Um Ato de Contrição bem feito e a nossa alma se tornará branca como a neve”.
O Papa Francisco se refere aos números 1451 e 1452 do Catecismo da Igreja Católica, promulgado por São João Paulo II e redigido sob a orientação de Joseph Ratzinger, naquela época prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O Catecismo, citando o Concílio de Trento, ensina que entre os atos do penitente, a “contrição” ocupa o primeiro lugar. Ela é «uma dor da alma e uma reprovação do pecado cometido, com o propósito de não mais pecar no futuro».
«Quando procedente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, a contrição é dita «perfeita» (contrição de caridade)», afirma o Catecismo. «Uma tal contrição perdoa as faltas veniais: obtém igualmente o perdão dos pecados mortais, se incluir o propósito firme de recorrer, logo que possível, à confissão sacramental». Portanto, na expectativa de ser absolvido por um sacerdote assim que as circunstâncias permitirem, é possível ser perdoado imediatamente com esse ato. Isso já tinha sido afirmado também pelo Concílio de Trento, no capítulo 4 da Dotrina de sacramento Penitência, onde se afirma que a contrição acompanhada pela intenção de se confessar «reconcilia o homem com Deus, mesmo antes que esse sacramento seja realmente recebido». Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: “Pedi ao Senhor: com a tua mão detenha a epidemia”
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"Neste momento a consolação deve ser o empenho de todos". Entrevista do Papa Francisco ao jornal italiano “Repubblica”. O Pontífice pede também para ficarmos "próximos dos que perderam seus familiares”
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“Pedi ao Senhor para deter a epidemia: Senhor, detenha-a com a tua mão. Rezei por isso”. Assim respondeu Francisco ao ser entrevistado pelo vaticanista Paolo Rodari do jornal italiano Repubblica. O jornalista perguntara ao Papa a quem era dedicada a oração no domingo à tarde, durante sua visita às igrejas romanas de Santa Maria Maior e São Marcelo al Corso.
Ao propor como viver estes dias difíceis o Papa disse: “Devemos reencontrar a concretude das pequenas coisas, das pequenas atenções para com os que estão perto de nós, familiares, amigos. Entender que o nosso tesouro encontra-se nas pequenas coisas. Há gestos mínimos, que às vezes se perdem no anonimato da cotidianidade, gestos de ternura, de afeto, de compaixão que todavia são decisivos, importantes. Por exemplo, um prato de comida, uma carícia, um abraço, um telefonema… são gestos familiares de atenção aos detalhes do dia a dia que fazem com que a vida tenha um sentido e que exista comunhão e comunicação entre nós”.
Gestos concretos em família
“Às vezes – acrescentou Francisco – entre nós existe apenas uma comunicação virtual. Ao invés, nesta situação, devemos descobrir uma nova proximidade. Uma relação concreta feita de atenção e paciência. Muitas vezes as famílias fazem as refeições juntas em casa em um grande silêncio, porque os pais olham televisão e os filhos ficam no celular. Parecem um grupo de monges isolados um do outro. Aqui não há comunicação; ao passo que escutar o que outro fala é importante para que se compreendam as necessidades, dificuldades, desejos. Há uma linguagem feita de gestos concretos que deve ser salvaguardada. Na minha opinião a dor destes dias deve-se à falta desta concretude, destes gestos nas famílias”.
Exemplos de concretude
O Papa deu uma particular atenção aos trabalhadores da área da saúde, aos voluntários e aos familiares das vítimas: “Agradeço os que se dedicam aos outros deste modo. São um exemplo desta concretude. E peço que todos estejam próximos dos que perderam seus familiares, tentando dar-lhes força em todos os modos possíveis. Neste momento a consolação deve ser o empenho de todos”. Francisco disse que ficou impressionado, a este propósito por um artigo publicado recentemente pelo jornalista Fabio Fazio, em particular quando afirma que “os nossos comportamentos influenciam sempre a vida dos outros”, citando o exemplo dos que, não pagando impostos, fazem com que falte serviços de saúde.
Esperança e amor
Por fim, Francisco convida todos à esperança, também aos que não creem: “Todos são filhos de Deus e são cuidados por Ele. Mesmo os que ainda não encontraram Deus, quem não tem o dom da fé, pode encontrar o caminho na esperança, nas coisas boas em que acredita: pode encontrar a força no amor pelos próprios filhos, pela família, pelos irmãos. Alguém pode dizer: “Não posso rezar porque não creio”. Mas ao mesmo tempo, pode-se crer no amor das pessoas que tem ao seu redor e ali encontrar esperança”.
Te Deum com o Papa: com Deus, fazer novas todas as coisas
“Deus habita em meio ao seu Povo, caminha com ele e vive a sua vida. A sua fidelidade é concreta, é proximidade à existência cotidiana dos seus filhos. Ou melhor, quando Deus quer fazer novas todas as coisas por meio do seu Filho, não começa do templo, mas do ventre de uma mulher pequena e pobre do seu Povo.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 16, Homilia do Papa. “Deus ajude as famílias a reencontrar verdadeiros afetos neste tempo difícil”.
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Na Missa na Casa Santa Marta, esta segunda-feira (16/03), Francisco continua rezando pelos doentes e dirige um novo pensamento às famílias nesta situação caracterizada pela doença do coronavírus. Na homilia ressalta a necessidade de acolher a simplicidade de Deus para não cair na soberba
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O Papa Francisco celebra a missa via streaming da Casa Santa Marta também esta semana para manifestar a sua proximidade aos fiéis que não podem participar da Eucaristia devido à emergência coronavírus. Na manhã desta segunda-feira (16/03), introduzindo a celebração, continuou rezando pelos doentes e as famílias.
“Continuemos rezando pelos doentes. Penso nas famílias, fechadas em casa, as crianças que não vão à escola, os pais que talvez não possam sair; alguns estarão em quarentena. Que o Senhor os ajude a descobrir novos modos, novas expressões de amor, de convivência nesta nova situação. É uma ocasião bela para reencontrar os verdadeiros afetos com uma criatividade na família. Rezemos pela família, para que as relações na família neste momento floresçam sempre para o bem.”
Na homilia, Francisco comentou as leituras do dia, extraídas do segundo Livro dos Reis (2 Re 5, 1-15) e do Evangelho de Lucas (Lc 4, 24-30). A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Em ambos os textos que hoje a Liturgia nos leva a meditar, há uma atitude que chama a atenção, uma atitude humana, mas não de bom espírito: a indignação. Este povo de Nazaré começou a ouvir Jesus, gostava de como Ele falava, mas depois alguém disse: “Mas este aí estudou em qual universidade? Este é o filho de Maria e José, este é o carpinteiro! O que vem nos dizer?” E o povo se indignou. Entram nesta indignação. E essa indignação os leva à violência. E aquele Jesus que admiravam no início da pregação é lançado fora da cidade, para jogá-lo do alto do monte. Também Naamã, que era um homem bom, inclusive aberto à fé, mas quando o profeta lhe manda banhar-se no Jordão, se indigna. Mas como é possível? “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infectado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo? E, voltando-se, retirou-se encolerizado”. Com indignação.
Também em Nazaré há pessoas boas; mas o que há por trás destas boas pessoas que as leva a essa atitude de indignação? E em Nazaré pior: a violência. Quer as pessoas da Sinagoga de Nazaré, quer Naamã pensavam que Deus se manifestasse somente no extraordinário, nas coisas fora do comum; que Deus não podia agir nas coisas comuns da vida, na simplicidade. Indignavam-se do simples. Eles se indignavam, desprezavam as coisas simples. E o nosso Deus nos faz entender que ele age sempre na simplicidade: na simplicidade, na casa de Nazaré, na simplicidade do trabalho de todos os dias, na simplicidade da oração... As coisas simples. Ao invés, o espírito mundano nos leva à vaidade, às aparências e ambas acabam na violência: Naamã era muito educado, mas bate a porta diante do profeta e vai embora. A violência, um gesto de violência. O povo da sinagoga começa a esquentar-se, a esquentar-se, e toma a decisão de assassinar Jesus, mas inconscientemente, e o expulsam para jogá-lo do monte abaixo. A indignação é uma tentação feia que leva à violência.
Dias atrás, me mostraram num celular, um vídeo da porta de um prédio em quarentena. Havia uma pessoa, um senhor jovem, que queria sair. E o guarda lhe disse que não podia. E ele reagiu com socos, com uma indignação, com um desprezo. “Mas quem é você, ‘negro’, para impedir que eu saia?” A indignação é a atitude dos soberbos, mas dos soberbos pobres, dos soberbos com uma pobreza de espírito feia, dos soberbos que vivem somente com a ilusão de ser mais do que aquilo que são. É uma estratificação espiritual, o povo que se indigna: aliás, muitas vezes essa gente precisa indignar-se, indignar-se para se sentir pessoa.
Isso pode acontecer também conosco: “o escândalo farisaico”, chamam-no os teólogos, escandalizar-me de coisas que são a simplicidade de Deus, a simplicidade dos pobres, a simplicidade dos cristãos como, para dizer: “Mas isso não é Deus. Não, não. O nosso deus é mais culto, é mais sábio, é mais importante. Deus não pode agir nesta simplicidade”. E sempre a indignação leva-o à violência; quer à violência física, quer à violência das fofocas, que mata como a violência física.
Pensemos nessas duas passagens: a indignação do povo na sinagoga de Nazaré e a indignação de Naamã, porque não entendiam a simplicidade do nosso Deus. Fonte: https://www.vaticannews.va
Domingo 15. “Quem encontra Jesus vivo sente a necessidade de contar aos outros”, disse o Papa no Angelus
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Também neste Domingo, o Angelus foi rezado da Biblioteca do Palácio Apostólico. O Papa começou sua alocução agradecendo a todos os sacerdotes com zelo apostólico que entenderam bem as exigências que esta pandemia acarreta, recordando que o arcebispo de Milão naquele momento concluía no Policlínico uma Celebração Eucarística para os doentes, os médicos, os enfermeiros e os voluntários.
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
“Quem quer que encontre Jesus vivo sente a necessidade de contar aos outros, para que todos confessem que Jesus ‘é verdadeiramente o Salvador do mundo’, e quem tem sede de salvação, pode obtê-la gratuitamente de Jesus”, e “o Espírito Santo se tornará nele ou nela uma fonte de vida plena e eterna.”
Agradecimento aos sacerdotes
O Papa Francisco inspirou sua alocução que precedeu a oração do Angelus neste III Domingo da Quaresma, na passagem de João que narra o de Jesus com a samaritana. Mas antes da reflexão, ele iniciou agradecendo a todos os sacerdotes com zelo apostólico, que entenderam bem as exigências que esta pandemia acarreta, recordando o arcebispo de Milão [Dom Mario Delpini] que naquele momento concluía no Policlínico, uma Celebração Eucarística para os doentes, os médicos, os enfermeiros, os voluntários:
“O senhor arcebispo está próximo de seu povo e também próximo a Deus na oração. Me vem em mente a fotografia da semana passada, na cúpula da catedral, rezando a Nossa Senhora. Gostaria também de agradecer a todos os sacerdotes, à criatividade dos sacerdotes. Chegam tantas notícias da Lombardia sobre essa criatividade, é verdade, a Lombardia foi muito atingida. Sacerdotes que pensam mil maneiras de estar próximos do povo, para que o povo não se sinta abandonado”.
Deus, fonte de água viva
Também neste domingo, o Papa rezou o Angelus da Biblioteca do Palácio Apostólico. A Praça São Pedro continua fechada, assim os fiéis puderam acompanhar somente pelos meios de comunicação.
A passagem do Evangelho deste domingo – começou explicando Francisco - apresenta o encontro de Jesus com uma mulher samaritana. Ele está a caminho com seus discípulos e fazem uma parada junto a um poço, em Samaria. Os samaritanos eram considerados heréticos pelos judeus, e muito desprezados, como cidadãos de segunda classe. Jesus está cansado, tem sede. Chega uma mulher para tirar água e ele pede: "Dá-me de beber." Assim, rompendo toda barreira, começa um diálogo em que revela a essa mulher o mistério da água viva, isto é, do Espírito Santo, dom de Deus:
No centro deste diálogo está a água. Por um lado, a água como elemento essencial para viver, que sacia a sede do corpo e sustenta a vida. Por outro, a água como símbolo da graça divina, que dá a vida eterna. Na tradição bíblica, Deus é a fonte da água viva - assim se fala nos salmos, nos profetas: afastar-se de Deus, fonte de água viva, e de sua lei, comporta a pior seca. É a experiência do povo de Israel no deserto.
Cristo junto com o povo de Deus que caminha
E no longo caminho para a liberdade, sedento – “o povo protesta contra Moisés e contra Deus porque não há água”, recordou o Papa. Então, por desejo de Deus, Moisés faz brotar água de uma rocha, como sinal da Providência de Deus que acompanha seu povo e lhe dá a vida:
E o apóstolo Paulo interpreta essa rocha como um símbolo de Cristo, dirá assim: "E a rocha é Cristo". É a misteriosa figura de sua presença no meio do povo de Deus que caminha. Cristo, de fato, é o Templo do qual, segundo a visão dos profetas, jorra o Espírito Santo, isto é, a água viva que purifica e dá vida. Quem têm sede de salvação pode obtê-la gratuitamente de Jesus, e o Espírito Santo se tornará nele ou nela uma fonte de vida plena e eterna.
Chamados a testemunhar a vida e a esperança que há em nós
A promessa da água viva que Jesus fez à mulher samaritana tornou-se realidade em sua Páscoa: "do lado transpassado, saiu sangue e água". Cristo, o Cordeiro imolado e ressuscitado, é a fonte da qual brota o Espírito Santo, que perdoa pecados e se regenera para uma nova vida:
Este dom também é a fonte do testemunho. Como a samaritana, quem quer que encontre Jesus vivo sente a necessidade de contar aos outros, para que todos confessem que Jesus "é verdadeiramente o Salvador do mundo", como disseram depois os conterrâneos dessa mulher. Também nós, nascidos para uma vida nova mediante o Batismo, somos chamados a testemunhar a vida e a esperança que há em nós. Se nossa busca e nossa sede encontram plena satisfação em Cristo, mostraremos que a salvação não está nas "coisas" deste mundo, que no final produzem seca, mas naquele que nos amou e sempre nos ama: Jesus, nosso Salvador, na água viva que Ele nos oferece.
Ao concluir, o Papa pediu a Maria Santíssima a nos ajudar “a cultivar o desejo de Cristo, a fonte de água viva, o único que pode saciar a sede de vida e de amor que carregamos no coração”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira 13. Homilia do Papa Francisco”. “Pastores próximos do povo, nem sempre medidas drásticas são boas”.
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Na missa na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, esta sexta-feira (13/03), Francisco rezou pelos doentes, mas também pelos pastores a fim de que tomem medidas que não deixem o povo de Deus sozinho e o acompanhem com o conforto da Palavra de Deus, dos sacramentos e da oração
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Na quinta missa via streaming da Capela da Casa Santa Marta no Vaticano, esta sexta-feira (13/03), no dia da sua eleição à Cátedra de Pedro, Francisco convidou mais uma vez a rezar pelos doentes de coronavírus, mas em particular rezou pelos pastores.
Nestes dias nos unimos aos doentes, às famílias, que sofrem esta pandemia. E gostaria também de rezar hoje pelos pastores que devem acompanhar o povo de Deus nesta crise: que o Senhor lhes dê a força e também a capacidade de escolher os meios melhores para ajudar. Nem sempre as medidas drásticas são boas, por isso rezemos: para que o Espírito Santo dê aos pastores a capacidade e o discernimento pastoral a fim de que providenciem medidas que não deixem sozinho o santo povo fiel de Deus. Que o povo de Deus se sinta acompanhado pelos pastores e pelo conforto da Palavra de Deus, dos sacramentos e da oração.
Obviamente, o Papa não se refere às medidas adotadas pelo governo italiano para contrastar os contágios evitando aglomeração de pessoas, mas se dirige aos pastores a fim de que considerem as exigências dos fiéis que precisam ser acompanhados espiritualmente num momento tão dramático.
Na homilia, comentando as leituras do dia, e em particular a parábola dos vinhateiros homicidas, falou da infidelidade à aliança por parte de quem se apropria do dom de Deus que é riqueza, abertura e bênção, e o aprisiona numa doutrina (Mt 21, 33-43.45). A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Ambas as leituras são uma profecia da Paixão do Senhor. José vendido como escravo por 20 ciclos de prata, entregue aos pagãos. E a parábola de Jesus, que claramente fala simbolicamente do assassinato do Filho. Esta história de “um homem que possuía um terreno, plantou nele uma vinha – o cuidado com o qual a fizera –, cercou-a com uma sebe, abriu nela um lugar para a prensa e construiu uma torre – tinha feito isso muito bem. Depois, a arrendou a vinhateiros e partiu para longe”.
Este é o povo de Deus. O Senhor escolheu aquele povo, há uma eleição daquele povo. É o povo da eleição. Também há uma promessa: “Ide avante. Vós sois o meu povo”, uma promessa feita a Abraão. E também há uma aliança feita com o povo no Sinai. O povo deve sempre guardar a eleição na memória, que é um povo eleito, a promessa para olhar para frente com esperança e a aliança para viver a fidelidade a cada dia. Mas nessa parábola se dá que quando chegou o tempo para colher o frutos esse povo tinha se esquecido que eles não eram os proprietários: “Os lavradores pegaram os servos, bateram num deles, mataram o outro, lapidaram outro. Depois mandou outros servos, mais numerosos, mas o trataram do mesmo modo”. Certamente Jesus mostra aí – está falando aos doutores da lei – como os doutores da lei trataram os profetas. “Por último mandou-lhes o próprio filho”, pensando que respeitariam o filho. “Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre eles: ‘Este é o herdeiro. Vamos, matemo-lo e apoderemos-nos da sua herança!”
Roubaram a herança, que era outra. Uma história de infidelidade, de infidelidade à eleição, de infidelidade à promessa, de infidelidade à aliança, que é um dom. A eleição, a promessa e a aliança são um dom de Deus. Infidelidade ao dom de Deus. Não entender que era um dom e tomá-lo como propriedade. Esse povo se apropriou do dom e tirou esse dom para transformá-lo em “minha “ propriedade. E o dom que é riqueza, é abertura, é bênção, foi trancafiado, aprisionado numa doutrina de leis, muitas. Foi ideologizado. E assim o dom perdeu a sua natureza de dom, acabou numa ideologia. Sobretudo numa ideologia moralista repleta de preceitos, inclusive ridícula porque passa à casuística para cada coisa. Apropriaram-se do dom.
Este é o grande pecado. É o pecado de esquecer que Deus se fez dom Ele mesmo para nós, que Deus nos doou isso como dom e, esquecendo isso, tornar-se proprietários. E a promessa já não é promessa, a eleição já não é eleição: “A aliança deve ser interpretada segundo o meu parecer, ideologizado”. Aí, nessa atitude, eu vejo talvez o início, no Evangelho, do clericalismo, que é uma perversão, que renega sempre a eleição gratuita de Deus, a aliança gratuita de Deus, a promessa de Deus. Esquece a gratuidade da revelação, esquece que Deus se manifestou como dom, se fez dom para nós e nós devemos dá-lo, mostrá-lo aos outros como dom, não como nossa posse.
O clericalismo não é uma coisa somente destes dias, a rigidez não é uma coisa destes dias, já havia no tempo de Jesus. E depois Jesus seguirá adiante na explicação das parábolas - esse é o capítulo 21 –, seguirá adiante até chegar ao capítulo 23 com a condenação, onde se vê a ira de Deus contra aqueles que tomam o dom para si como propriedade e reduzem a sua riqueza aos caprichos ideológicos da mente deles. Peçamos ao Senhor a graça de receber o dom como dom e transmiti-lo como dom, não como propriedade, não de um modo sectário, de modo rígido, de modo “clericalista”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: rezar pelas autoridades e não ser indiferente
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Na missa matutina, Francisco convidou a rezar pelas pessoas que têm a responsabilidade de tomar decisões diante da pandemia de coronavírus. Comentando o Evangelho, falou que a indiferença não pode deixar que nos esqueçamos de quem vive na dificuldade.
VATICAN NEWS
O Papa Francisco continua a nos acompanhar neste momento difícil com a missa na capela da Casa Santa Marta dedicada ao Espírito Santo. É a quarta celebração eucarística via streaming. Esta manhã, na sua introdução, convidou a rezar em especial pelas autoridades.
Continuamos a rezar juntos, neste momento de pandemia, pelos doentes, pelos familiares, pelos pais com as crianças em casa… mas, sobretudo, eu gostaria de pedir a vocês que rezem pelas autoridades: eles devem decidir e muitas vezes decidir medidas que não agradam o povo. Mas é pelo nosso bem. E muitas vezes, a autoridade se sente sozinha. Rezemos pelos nossos governantes que devem tomar a decisão sobre esses medidas: que se sintam acompanhados pela oração do povo.
Comentando o Evangelho do dia do rico opulente e do pobre Lázaro (Lc 16,19-31), o Papa exortou a não ser indiferente ao drama daqueles que, sobretudo as crianças, sofrem a fome ou fogem das guerras e encontram diante de si somente muros. Eis o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta narração de Jesus é muito clara; pode parecer uma narração para crianças: é muito simples. Jesus quer nos indicar com isso não só uma história, mas a possibilidade de que toda a humanidade viva assim, que todos nós vivamos assim. Dois homens, um satisfeito, que sabia se vestir bem, talvez buscasse os grandes estilistas da época para se vestir; usava roupas de púrpura e linho finíssimo. E depois vivia bem, pois todos os dias oferecia esplêndidos banquetes. Ele era feliz assim. Não tinha preocupações, tomava precauções, talvez alguma pílula contra o colesterol para os banquetes, mas assim a vida ia bem. Estava tranquilo.
À sua porta havia um pobre: se chamava Lázaro. Ele sabia que o pobre estava ali: ele o sabia. Mas lhe parecia natural: “Eu vivo bem e ele… mas assim é a vida, que se vire”. No máximo, talvez – o Evangelho não diz – às vezes dava alguma coisa, algumas migalhas. E assim a vida dessas duas pessoas passou. Ambos passaram pela Lei de todos nós: morrer. Morreu o rico e morreu Lázaro. O Evangelho diz que Lázaro foi levado ao Céu, ao lado de Abraão… Do rico diz somente: foi enterrado. Ponto. E acaba.
Há duas coisas que impressionam: o fato de que o rico soubesse que havia este pobre e que soubesse o seu nome, Lázaro. Mas não importava, lhe parecia natural. O rico talvez fizesse também os seus negócios que, no final, iam contra os pobres. Conhecia bem claramente, era informado sobre esta realidade. E a segunda coisa que me impressiona muito é a palavra “grande abismo” que Abraão diz ao rico. “Entre nós há um grande abismo, não podemos comunicar; não podemos passar de uma parte a outra”. É o mesmo abismo que na vida havia entre o rico e Lázaro: o abismo não começou lá, o abismo começou aqui.
Pensei no qual seria o drama deste homem: o drama de ser muito, muito informado, mas com o coração fechado. As informações deste homem rico não chegavam ao coração, não sabia se comover, não podia se comover diante do drama dos outros. Nem mesmo chamar um dos jovens que serviam o banquete e dizer “leve isto, aquilo a ele…”. O drama da informação que não chega ao coração. Isso acontece também a nós. Todos nós o sabemos, porque vimos no telejornal, vimos nos jornais quantas crianças sofrem a fome hoje no mundo; quantas crianças não têm os remédios necessários; quantas crianças não podem ir à escola. Continentes com este drama: nós o sabemos. Pobrezinhos….e continuamos. Esta informação não chega ao coração e muitos de nós, muitos grupos de homens e mulheres vivem este distanciamento entre aquilo que pensam, aquilo que sabem e aquilo que ouvem: o coração está separado da mente. São indiferentes. Assim como o rico era indiferente à dor do Lázaro. Há um abismo da indiferença.
Em Lampedusa, quando fui pela primeira vez, me veio esta palavra: a globalização da indiferença. Talvez nós hoje aqui em Roma estamos preocupados porque “parece que as lojas estão fechadas, eu tenho que comprar isto, e parece que não posso passear todos os dias, e parece que…”: preocupados com as minhas coisas. E esquecemos das crianças famintas, esquecemos daquela pobre gente que nos confins dos países buscam a liberdade, aqueles migrantes forçados que fogem da fome e da guerra e encontram somente um muro, um muro feito de ferro, um muro de arame farpado, mas um muro que não os deixa passar. Sabemos que isto existe, mas não chega ao coração… Nós vivemos na indiferença: a indiferença é este drama de estar bem informado, mas não sentir a realidade dos outros. Este é o abismo: o abismo da indiferença.
Depois há outra coisa que impressiona. Aqui sabemos o nome do pobre. A gente sabe. Lázaro. Também o rico sabia, porque quando estava nos ínferos pede a Abraão que envie Lázaro. Ali o reconheceu: “Manda-me ele”. Mas não sabemos o nome do rico. O Evangelho não diz como se chamava este senhor. Não tinha nome. Tinha perdido o nome: havia somente os adjetivos da sua vida. Rico, poderoso… muitos adjetivos. Isso é o que o egoísmo provoca em nós: faz perder a nossa identidade real, o nosso nome, e somente nos leva a avaliar os adjetivos. A mundanidade nos ajuda nisto. Caímos na cultura dos adjetivos, onde o seu valor é aquilo que possui, aquilo que pode… Mas não “qual o seu nome?”: perdeu o nome. A indiferença leva a isto. Perder o nome. Somos somente os ricos, somos isto, somos aquilo. Somos os adjetivos.
Peçamos hoje ao Senhor a graça de não cair na indiferença, a graça de que todas as informações das dores humanas que temos cheguem ao coração e nos movam a fazer algo pelos outros. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco: sacerdotes, levem a Eucaristia aos doentes de coronavírus
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Nesta terça-feira (10), o Pontífice presidiu a segunda missa ao vivo, via streaming, direto da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano. Além do novo encorajamento aos agentes sanitários que lutam contra o Covid-19 e das orações aos infectados, o Papa exortou os padres a levarem a hóstia a quem precisa permanecer em casa.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
As imagens da missa celebrada na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, que diariamente estão levando o encorajamento do Papa via streaming para o mundo, iniciaram nesta terça-feira (10) com um lento zoom da câmera sobre o crucifixo que se sobrepõe ao altar. Em seguida, aparece a figura de Francisco que sai da Sacristia.
Começa num silêncio total do local a cerimônia presidida pelo Pontífice. Um silêncio que o próprio Papa quebra logo ao recordar, como na missa desta segunda-feira (9), que a celebração é oferecida a quem sofre por causa do coronavírus, para quem cuida deles:
“Rezemos ao Senhor também pelos nossos sacerdotes para que tenham a coragem de sair e ir ao encontro dos doentes, levando a força da Palavra de Deus e a Eucaristia, e de acompanhar os profissionais de saúde, os voluntários, nesse trabalho que estão fazendo.”
A vaidade é venenosa e nunca cura
A homilia é inspirada no Evangelho, no qual os escribas e fariseus da época faziam exibição hipócrita da sua superioridade diante das pessoas, chamando-se de mestres, mas recusando de se comportar com coerência. A seguir, o texto da homilia, com uma transcrição do Vatican News, quando o Papa iniciou comentando:
“Ontem a Palavra de Deus nos ensinava a reconhecer os nossos pecados e a confessá-los, mas não somente com a mente, também com o coração, com um espírito de vergonha; a vergonha como uma postura mais nobre diante de Deus pelos nossos pecados. E, hoje, o Senhor chama todos, pecadores, a dialogar com Ele, porque o pecado nos fecha em nós mesmos, nos faz nos escondermos ou esconde a nossa verdade, dentro.
É isso que aconteceu com Adão, com Eva: depois do pecado, se esconderam porque tinham vergonha; estavam nus. E o pecador, quando sente a vergonha, depois tem a tentação de se esconder. E o Senhor chama: ‘Vamos, venham, vamos discutir’, diz o Senhor, ‘vamos falar do teu pecado, da tua situação. Não tenham medo. Não...’. E continua: ‘Mesmo se os pecados de vocês fossem como a cor de escarlate, vão se tornar brancos como a neve. Se fossem vermelhos como a púrpura, vão se tornar como lã’. ‘Venham, porque eu sou capaz de mudar tudo’, diz o Senhor, ‘não tenham medo de vir falar, sejam corajosos mesmo com as misérias de vocês’.
Me faz lembrar aquele santo, que tão penitente, rezava muito. E procurava sempre dar ao Senhor tudo aquilo que o Senhor lhe pedia. Mas o Senhor não estava feliz. E, um dia, ele estava um pouco irritado com o Senhor, porque tinha um certo temperamento, aquele santo. E disse ao Senhor: ‘Mas, Senhor, eu não te entendo. Eu te dou tudo, tudo, e tu sempre está tão insatisfeito, como se faltasse alguma coisa. O que falta?’. [E o Senhor responde]: ‘Me dê os teus pecados: é isso que falta’.
Ter a coragem de ir falar com o Senhor com as nossas misérias: ‘Vamos, venham! Vamos discutir! Não tenham medo. Mesmo se os pecados de vocês fossem como escarlate, vão se tornar brancos como a neve. Se fossem vermelhos como a púrpura, vão se tornar como lã’.
Esse é o convite do Senhor. Mas sempre há um engano: ao invés de ir falar com o Senhor, fingir de não ser pecadores. É aquilo que o Senhor repreende aos doutores da lei. Essas pessoas fazem as obras ‘para serem admiradas pelas pessoas: ampliam os seus filactérios e alongam as franjas; estão satisfeitos pelos lugares de honra nos banquetes, dos primeiros lugares nas sinagogas, das saudações nas praças, como também de serem chamados Rabbi das pessoas’.
A aparência, a vaidade. Encobertar a verdade do nosso coração com a vaidade. A vaidade nunca cura! A vaidade nunca cura. Além disso, é venenosa, continua trazendo a doença do coração, trazendo aquela dureza de coração que te diz: ‘Não, não vá ao Senhor, não vá. Você fica.’
A vaidade é apenas o lugar para se fechar ao chamado do Senhor. Em vez disso, o convite do Senhor é aquele de um pai, de um irmão: ‘Venham! Vamos conversar, falar. Ao final, Eu sou capaz de mudar a tua vida do vermelho ao branco’.
“Que essa Palavra do Senhor nos encoraje; que a nossa oração seja uma oração real. Da nossa realidade, dos nossos pecados, das nossas misérias. Fale com o Senhor. Ele sabe, Ele sabe o que somos. Sabemos disso, mas a vaidade nos convida sempre a encobertar. Que o Senhor nos ajude.” Fonte: https://www.vaticannews.va
Missa ao vivo da Santa Marta: o Papa a oferece aos doentes de coronavírus
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Na manhã desta segunda-feira (09/03), o Papa Francisco celebrou a missa na Capela da Casa Santa Marta, transmitida ao vivo hoje e nos próximos dias, para manifestar sua proximidade cotidiana aos que estão envolvidos na epidemia de coronavírus.
Vatican News
Unidos ao Papa num momento difícil para estar mais unidos a Cristo, mais unidos entre nós. No Angelus deste domingo, um Angelus especial rezado da Biblioteca Apostólica, Francisco convidou “os fiéis a viverem este momento difícil com a força da fé, a certeza da esperança e o fervor da caridade”, buscando “um sentido evangélico neste momento de provação e dor”. Na missa celebrada nesta segunda-feira na Capela da Casa Santa Marta, o Papa se fez próximo aos que estão sofrendo:
Nestes dias, oferecerei a missa para os doentes dessa epidemia de coronavírus, para os médicos, enfermeiros, voluntários que ajudam muito, familiares, para os idosos que estão em casas de repouso e para os presos. Rezemos juntos esta semana, esta oração forte ao Senhor: “Salva-me, Senhor, e dá-me misericórdia. Os meus pés estão no caminho certo. Na assembleia bendirei ao Senhor.
Na homilia, Francisco comentou a Primeira Leitura extraída do Livro do Profeta Daniel, recordando a necessidade de se reconhecer pecador. Segue a homilia, segundo a nossa transcrição.
A Primeira Leitura do Profeta Daniel é uma confissão dos pecados. O povo se reconhece pecador. “Senhor, você foi fiel a nós, mas pecamos, agimos como maus e ímpios. Fomos rebeldes, nos distanciamos dos seus mandamentos e de suas leis. Não obedecemos aos seus servos, os Profetas, que em seu nome falaram aos nossos reis, aos nossos príncipes, aos nossos antepassados e a todo o povo do país.”
Há uma confissão dos pecados, um reconhecimento de que pecamos. Quando nos preparamos para receber o Sacramento da Reconciliação, devemos fazer um “exame de consciência” e ver o que eu fiz diante de Deus: pequei. Reconhecer o pecado. Reconhecer o pecado não pode ser apenas fazer uma lista dos pecados intelectuais, dizer: “eu pequei”. Depois eu digo ao padre e o padre me perdoa. Não é necessário, não é justo fazer isso. Isso seria como fazer uma lista das coisas que eu devo fazer ou que eu devo ter ou que fiz mal, mas que permanece na cabeça. Uma confissão verdadeira dos pecados deve permanecer no coração. Confessar-se não é apenas dizer ao sacerdote essa lista: “Fiz isso e aquilo”, e depois vou embora. Estou perdoado. Não, não é justo. É preciso dar um passo, um passo a mais, que é a confissão de nossas misérias, mas com o coração, ou seja, que aquela lista que eu fiz de coisas ruins desça ao coração. Assim faz Daniel, o Profeta. “A ti, Senhor, convém a justiça; e a nós, ter vergonha”.
Quando reconheço que pequei, que não rezei direito e sinto isso no coração, me vem esse sentimento de vergonha: “Envergonho-me de ter feito isso. Peço-lhe perdão com vergonha”. A vergonha pelos nossos pecados é uma graça, devemos pedi-la: “Senhor, que eu tenha vergonha”. Uma pessoa que perdeu a vergonha, perde a autoridade moral, perde o respeito pelos outros. Um desavergonhado. O mesmo acontece com Deus: resta-nos ter vergonha. A ti convém a justiça; a nós, a vergonha. A vergonha no rosto, como hoje. “Senhor, continua Daniel, resta-nos ter vergonha no rosto: a nossos reis e príncipes, e a nossos antepassados, pois que pecamos contra ti”. Ao Senhor nosso Deus, antes tinha dito convém a justiça, agora diz: cabe a misericórdia.
Quando nós temos não apenas a recordação, a memória dos pecados que fizemos, mas também o sentimento de vergonha, isso toca o coração de Deus que responde com misericórdia. O caminho para ir ao encontro da misericórdia de Deus é envergonhar-se das coisas ruins, das coisas más que fizemos. Assim, quando vou confessar-me vou dizer não somente a lista de pecados, mas os sentimentos de confusão, de vergonha por ter feito isso a um Deus tão bom, tão misericordioso e justo.
Peçamos hoje a graça da vergonha: de ter vergonha dos nossos pecados. Que o Senhor conceda a todos nós essa graça. Fonte: https://www.vaticannews.va
A proximidade do Papa: missa na Santa Marta ao vivo todos os dias
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O Santo Padre determinou que as missas por ele celebradas em caráter privado na Casa Santa Marta nos próximos dias sejam transmitidas ao vivo, através do player do Vatican News, e distribuídas pelo Vatican Media.
Vatican News
O Papa Francisco quer manifestar a sua proximidade às pessoas doentes, em quarentena e que não podem se locomover. Por isso, a partir de segunda-feira (09/03), a missa matutina das 7h (3h no horário de Brasília) celebrada pelo Pontífice na capela da Casa Santa Marta será transmitida ao vivo, em streaming.
“Em relação ao risco de difusão do Covid-19 – disse o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni –, o Santo Padre determinou que as missas por ele celebradas em caráter privado na Casa Santa Marta nos próximos dias sejam transmitidas ao vivo, através do player do Vatican News, e distribuídas pelo Vatican Media aos meios conectados, para permitir a quem desejar de acompanhar as celebrações em união de oração com o Bispo de Roma.”
Não haverá a presença de fiéis nas missas.
A celebração eucarística cotidiana às 7h na capela da residência de Francisco representa uma das novidades do seu pontificado. O Papa já recebeu milhares de fiéis, sempre em pequenos grupos. As breves homilias pronunciadas sem um texto escrito são sintetizadas pela Rádio Vaticano/Vatican News e pelo l’Osservatore Romano e se tornaram um ponto de referência para muitos fiéis em todo o mundo.
Museus Vaticanos fechados
Além das modificações na realização do Angelus e na Audiência Geral da quarta-feira, a Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou o fechamento dos Museus Vaticanos e outros museus ligados a basílicas pontifícias até o dia 3 de abril.
No Vaticano, até o momento foi confirmado um caso positivo do novo coronavírus. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira 7. “Não há humildade sem humilhações” Papa Francisco na audiência Geral.
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Ao comentar o Evangelho de hoje, o Papa Francisco exorta os cristãos a seguirem pelo caminho indicado por Jesus e João, o da humilhação. Aos pastores, recomenda a não caírem na mundanidade, cedendo à tentação do carreirismo.
Giada Aquilino - Cidade do Vaticano
Não ter "medo das humilhações", peçamos ao Senhor que nos envie "algumas" para "nos tornar humildes", a fim de "melhor imitar" Jesus. Esta é a recomendação do Papa Francisco na Missa da manhã (07/02) celebrada na Casa Santa Marta.
O caminho de Jesus
Refletindo sobre o Evangelho de Marcos, o Pontífice explica como João Batista foi enviado por Deus para "indicar o caminho", "o caminho" de Jesus. O "último dos profetas", recorda de fato o Papa, teve a graça poder dizer: "Este é o Messias".
O trabalho de João Batista não foi tanto o de pregar que Jesus viria e preparar o povo, mas o de dar testemunho de Jesus Cristo e dá-lo com a própria vida. E dar testemunho do caminho escolhido por Deus para nossa salvação: o caminho da humilhação. Paulo expressa isso de forma tão clara em sua Carta aos Filipenses: "Jesus aniquilou a si mesmo até a morte, morte de Cruz". E essa morte de Cruz, esse caminho de aniquilação, de humilhação, é também o nosso caminho, o caminho que Deus mostra aos cristãos para seguir em frente.
O fim mais humilhante
Quer João como Jesus - enfatiza Francisco - tiveram a "tentação da soberba, do orgulho": Jesus "no deserto com o diabo, depois de jejuar"; João diante dos doutores da lei que perguntavam se era ele o Messias: ele poderia ter respondido que era "seu ministro", mas "se humilhou".
Ambos, continua o Papa, "tiveram a autoridade diante do povo", sua pregação tinha autoridade. E ambos conheceram "momentos de rebaixamento", uma espécie de "depressão humana e espiritual", como a define o Pontífice: Jesus no Jardim das Oliveiras e João na prisão, tentado pelo "verme da dúvida" se Jesus era realmente o Messias.
Os dois – destaca ainda - "acabaram da maneira mais humilhante": Jesus com a morte na Cruz, "a morte dos criminosos mais baixos, terrível fisicamente e também moralmente", "nu diante do povo" e de "sua mãe". João Batista "decapitado na prisão por um guarda" por ordem de um rei "debilitado pelos vícios", "corrompido pelo capricho de uma bailarina e pelo ódio de uma adúltera", com referência a Herodíades e sua filha:
O profeta, o grande profeta, o maior homem nascido de uma mulher - como Jesus o qualifica - e o Filho de Deus escolheram o caminho da humilhação. É o caminho que nos mostram e que nó, cristãos devemos seguir. De fato, nas Vem-aventuranças, é enfatizado que o caminho é o da humildade.
Caminho mundano
Não se pode ser "humildes sem humilhações", destaca o Papa. Seu convite então aos cristãos é para tirar lições da "mensagem" da Palavra de Deus de hoje:
Quando procuramos nos mostrar, na Igreja, na comunidade, para ter um cargo ou outra coisa, esse é o caminho do mundo, é um caminho mundano, não é o caminho de Jesus. E também aos pastores pode acontecer essa tentação de galgadores: "Isso é uma injustiça, isso é uma humilhação, não posso tolerar isso". Mas se um pastor não segue por esse caminho, não é discípulo de Jesus: é um galgador com uma batina. Não há humildade sem humilhação. https://www.vaticannews.va
Quarta-feira 5. “Ser pobre em espírito é ser livre para amar” Papa Francisco na audiência Geral.
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A catequese do Papa Francisco foi dedicada à primeira bem-aventurança proclamada por Jesus: bem-aventurados os pobres em espírito.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
A Sala Paulo VI acolheu esta quarta-feira (05/02) milhares de fiéis e peregrinos que vieram ao Vaticano para a Audiência Geral.
Na semana passada, o Papa Francisco anunciou um novo ciclo de catequeses dedicado às bem-aventuranças e hoje comentou a primeira das oito proclamadas por Jesus: bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. (Mt 5,3).
O Pontífice começou explicando o significado de “pobres”: aqui não se trata simplesmente de uma pobreza material, mas de ser pobres em espírito. O espírito, segundo a Bíblia, é o sopro da vida que Deus comunicou a Adão, é a nossa dimensão mais íntima, a dimensão espiritual, a que nos torna pessoas humanas, o núcleo profundo do nosso ser. Portanto, os “pobres em espírito” são aqueles que são e se sentem pobres, mendicantes, no íntimo de seu ser.
“Quantas vezes ouvimos o contrário! É preciso ser alguém, ser alguém… é disto que nasce a solidão e a infelicidade: se devo ser 'alguém', estou competindo com os outros e vivo na preocupação obsessiva pelo meu ego. Se não aceito ser pobre, sinto ódio por tudo aquilo que recorda a minha fragilidade."
Digerir os próprios limites
Diante de si, cada um sabe que, por mais que faça, permanece sempre radicalmente incompleto e vulnerável. Não tem truque que cubra essa vulnerabilidade. Cada um de nós é vulnerável dentro. Mas como se vive mal rejeitando os próprios limites! Vive-se mal, não se digere o limite. Está ali. As pessoas orgulhosas não pedem ajuda porque querem se mostrar autossuficientes. Quantos precisam de ajuda, mas o orgulho lhes impede de pedir ajuda. E quanto é difícil admitir um erro e pedir perdão!
Francisco recordou que quando dá um conselho aos recém-casado sobre como levar avante o matrimônio, diz três palavras mágicas: com licença, obrigado, desculpa. "Palavras que vêm da pobreza." "Os casais me dizem que a terceira é a mais difícil, porque quem é orgulhoso não consegue perdir desculpa, tem sempre razão. Não é pobre."
Cansaço de pedir perdão
Ao invés, o Senhor jamais se cansa de perdoar; somos nós que nos cansamos de pedir perdão. "O cansaço de pedir perdão é uma doença ruim."
Pedir perdão, acrescentou o Papa, humilha a nossa imagem hipócrita, mas Jesus nos recorda que ser pobres é uma ocasião de graça e nos mostra o caminho para sair desta angústia de se mostrar perfeito. Nos foi dado o direito de ser pobres em espírito, porque este é o caminho do Reino de Deus.
Mas se deve reiterar algo fundamental: não devemos nos transformar para nos tornar pobres em espírito, porque já o somos! Precisamos de tudo. Somos todos pobres em espírito, mendicantes. É a condição humana.
Os reinos deste mundo caem
O Reino de Deus é dos pobres em espírito, mas há também os reinos deste mundo, feitos de pessoas com posses e comodidades. Mas são reinos que acabam. O poder dos homens, inclusive os maiores impérios, passam e desaparecem. "Mas vemos na televisão, nos jornais, governantes fortes, poderosos, mas caíram. Ontem eram, hoje não são mais. As riquezas deste mundo vão embora, também o dinheiro. O sudário não tinha bolsos. Nunca vi atrás de um cortejo fúnebre um caminhão de mudanças."
Reina realmente quem sabe amar o verdadeiro bem mais que a si mesmo. Este é o poder de Deus. Cristo se mostrou poderoso porque soube fazer o que os reis da terra não fazem: dar a vida pelos homens.
“Este é o poder verdadeiro: poder da fraternidade, da caridade, do amor, da humildade. Isso fez Cristo. Nisto está a verdadeira liberdade. Quem tem os poderes da humildade, do serviço, da fraternidade, é livre.”
O Papa então concluiu:
"Há uma pobreza que devemos aceitar, a do nosso ser, e uma pobreza que, ao invés, devemos buscar, aquela concreta, das coisas deste mundo, para ser livres e poder amar. Sempre buscar a liberdade do coração, aquela que tem raízes na pobreza de nós mesmos." Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco pede que bispos ensinem os fiéis a discernir nas eleições, na política.
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Às vezes, as escolhas políticas que as pessoas têm a fazer podem parecer uma escolha entre apoiar uma “cobra” ou apoiar um “dragão”, mas o Papa Francisco disse a um grupo de bispos americanos que o trabalho deles é dar um passo atrás na política partidária e ajudar os fiéis a discernir com base em valores, disse o Cardeal Daniel N. DiNardo, da Arquidiocese de Galveston-Houston. A reportagem é publicada por Catholic News Service, 20-01-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Em um encontro com os bispos de Texas, Oklahoma e Arkansas em 20 de janeiro, o papa mencionou como, em uma eleição, “parecemos estar na situação do tipo em que temos que votar em uma cobra ou em um dragão”, disse DiNardo.
O conselho do papa aos bispos foi: “Ensinem as pessoas a discernir com vocês dando um passo atrás na política partidária” e focando nos valores em questão, disse DiNardo ao Catholic News Service.
Os 26 bispos da região, incluindo auxiliares e eméritos, passaram duas horas e meia conversando com o Papa Francisco em inglês e espanhol. O pontífice respondia em italiano para que o seu auxiliar traduzisse as respostas em inglês.
Os tópicos foram amplos e incluíram a crise de abuso sexual clerical, migração, os desafios de uma cultura permeada pelas mídias e a formação das consciências dos cristãos, especialmente em uma época de divisões políticas profundas.
Dom Daniel E. Flores, da Diocese de Brownsville, no Texas, uma das quatro dioceses texanas na fronteira com o México, disse que todos estes assuntos eram importantes, mas que o mais importante foi ouvir o papa e ser ouvido por ele.
Citando “toda uma série de questões” que discutiram com o Papa Francisco, Dom Edward J. Burns, da Diocese de Dallas, disse: “Estou realmente ansioso para me sentar, digerir, refletir e rezar a partir desse diálogo que tivemos nesta manhã com o sucessor de São Pedro”.
“Foi animador. Foi emocionante”, afirmou.
O Papa Francisco está atento e sabe dos desafios pastorais postos pelos meios de comunicação modernos e pela presença generalizada deles na vida de muitas pessoas, disse Flores, usuário assíduo do Twitter. Mas o papa “demonstra uma calmaria na forma como abordamos isso”, principalmente ao permanecermos verdadeiros à identidade como pastores, proclamando o Evangelho e incentivando as pessoas para que ajam em conformidade.
Flores disse que todos os bispos percebem que devem aprender “como ser um pastor em um mundo midiático, mantendo o foco na justiça, na caridade, no Evangelho”.
As visitas ad limina são “bastante importantes para aprofundarmos o nosso senso de comunhão” pessoal com o Papa, o sucessor de Pedro, disse o religioso. “Não se trata apenas do ofício; tem a ver com um afeto pelo nosso pai espiritual, algo que precisamos cultivar, porque faz parte do dom que é a comunhão da Igreja”.
“A narrativa” segundo a qual o Papa Francisco e muitos dos bispos americanos “possuem ideias divergentes”, segundo Flores, é “exagerada”. Às vezes, esta impressão pode surgir quando um bispo reage a uma notícia ou a uma reportagem nos meios de comunicação em torno de algo que o papa disse. “É nossa responsabilidade ouvi-lo em suas próprias palavras e resistir à tentação que, por vezes, atinge todo o espectro da Igreja a fim de chegar a uma conclusão por causa de alguma frase que fora citada aqui ou ali”.
Mesmo no mundo de ritmo acelerado das mídias sociais, “podemos nos dar o luxo de sermos criteriosos e atenciosos”, explicou o religioso americano. “Faz parte da nossa responsabilidade intelectual”.
O Cardeal DiNardo disse que o papa e os bispos reconhecem o valor e a importância dos meios de comunicação. No entanto, continuou ele, algumas pessoas nas mídias sociais “podem representar um número pequeno de pessoas, mas fazem um barulho enorme. Tentamos superar isso”, tanto no que dizem do papa quanto no que dizem da Igreja e dos bispos.
Flores ficou surpreso pela maneira como Francisco sabia a respeito da vida e do testemunho do Beato Stanley Rother, religioso natural de Oklahoma martirizado na Guatemala em 1981. Após seu nome aparecer em uma lista de morte, Rother voltou para Oklahoma, mas se recusou a permanecer aí.
“Foi comovente ouvir o Santo Padre, o sucessor de Pedro, recontar para nós uma história que tão bem conhecemos”, disse o bispo. Isto mostra a consciência do papa para com “este espírito missionário e o quanto ele está vivo nos Estados Unidos”.
“Ele falou da importância dos pastores que acompanham o seu povo”, acrescentou Flores. “Achei muito encorajador, porque eles são os heróis desconhecidos que acompanham o seu povo, dia após dia”.
O Papa Francisco também incentivou os bispos a serem pastores, em sentido literal, passando um tempo com os fiéis “não só nas confirmações e nos grandes eventos”, disse ele. O papa falou: “O povo tem um faro profundo para a realidade da Igreja, e aí é onde estão os bispos, aí está a Igreja”.
Ainda segundo Flores, as palavras do papa foram “profundamente pastorais, profundamente teológicas e eclesiais”, bem como, obviamente, foram palavras de uma espiritualidade profunda.
Sobre migração, Flores falou que o papa tinha claramente conhecimento a respeito do assunto e mostrou-se feliz pelas décadas de trabalho que a Igreja Católica nos EUA tem feito para acolher migrantes e refugiados, e incentivou aquilo que os bispos vêm fazendo atualmente, em particular quando reafirmam a “dignidade do imigrante e o justo tratamento” destas pessoas.
DiNardo disse que a conversa com o papa tocou também no fato de que “algumas pessoas acham questões desse tipo não têm a ver com o magistério da Igreja, que é política”.
O Papa Francisco, segundo o cardeal americano, incentivou os bispos a passarem um tempo refletindo a respeito e compartilhando com o povo a diferença entre “política como ideologia e ensino social católico, que destaca a pessoa humana e salienta o quanto somos chamados a dar o nosso melhor”.
“Precisamos ser a voz dos imigrantes” que não têm voz, “pressionados como são de muitos e diferentes lados”, disse o cardeal.
A questão da política migratória é complicada, mas os cristãos devem ficar do lado “dos pobres e dos necessitados. Os imigrantes, a certa altura o papa mencionou, “eles representam para nós o rosto de Cristo sofredor. O Jesus sofredor”.
Burns esteve entre os bispos texanos que manifestaram oposição ao anúncio do governador Greg Abbott de que o estado não iria mais reassentar refugiados.
A Igreja como mãe cuida do povo necessitado, disse ele. “E embora cada país tenha o direito de proteger as suas fronteiras, toda pessoa tem o direito a uma vida melhor”.
O que realmente precisamos, disse ele, é uma reforma imigratória. “Está demorando muito!”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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