Papa a consagrados: encontrar na doação a fonte da nossa identidade
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“O sacerdote é o mais pobre dos homens, se Jesus não o enriquece com a sua pobreza; é o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho. Não há ninguém menor que um sacerdote deixado meramente às suas forças”: disse o Papa no encontro em Maputo com bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
Reavivemos nosso chamado vocacional, e que o nosso sim comprometido proclame as grandezas do Senhor e alegre o espírito do nosso povo em Deus nosso Salvador. E encha de esperança, paz e reconciliação o vosso país, nosso querido Moçambique. Foi o que disse o Papa Francisco no aguardado encontro com os bispos, sacerdotes, religiosos, consagrados, seminaristas, catequistas e animadores pastorais, na tarde desta quinta-feira (05/09) na Catedral da Imaculada Conceição, em Maputo, capital do país do sudeste da África, primeira etapa desta sua 31ª Viagem Apostólica Internacional.
Testemunhos: desafios, sofrimentos e esperança viva
O discurso do Santo Padre foi precedido, além da saudação de boas-vindas ao ilustre visitante feito pelo presidente da Comissão para o Clero e a Vida Consagrada, Dom Hilário da Cruz Massinga, do testemunho de um sacerdote, de uma religiosa e de um catequista, testemunhos marcados pelos sérios desafios, sofrimentos, mas também pela viva esperança.
Na reflexão do Pontífice, um convite a renovar a resposta ao chamado vocacional, a renovar a fé e a esperança:
“Encontramo-nos nesta catedral, dedicada à Imaculada Conceição da Virgem Maria, para compartilhar como família aquilo que nos acontece; como família, que nasceu naquele sim que Maria deu ao anjo. Ela, nem por um momento olhou para trás. Quem narra estes acontecimentos do início do mistério da Encarnação é o evangelista Lucas. No seu modo de o fazer, talvez possamos descobrir resposta para as perguntas que fizestes hoje, e encontrar também o estímulo necessário para responder com a mesma generosidade e solicitude de Maria.”
Contrastar a crise de identidade sacerdotal
Perguntáveis que fazer com a crise de identidade sacerdotal, como lutar contra ela? A propósito, o que vou dizer relativamente aos sacerdotes é algo que todos (bispos, catequistas, consagrados, seminaristas) somos chamados a cultivar e fomentar, ressaltou Francisco.
“Perante a crise de identidade sacerdotal – disse o Papa –, talvez tenhamos que sair dos lugares importantes e solenes; temos de voltar aos lugares onde fomos chamados, onde era evidente que a iniciativa e o poder eram de Deus. Às vezes sem querer, sem culpa moral, habituamo-nos a identificar a nossa atividade quotidiana de sacerdotes com certos ritos, com reuniões e colóquios, onde o lugar que ocupamos na reunião, na mesa ou na sala é de hierarquia.”
Se Jesus não o enriquece, sacerdote é o mais pobre de todos
“Creio não exagerar se dissermos que o sacerdote é uma pessoa muito pequena: a grandeza incomensurável do dom que nos é dado para o ministério relega-nos entre os menores dos homens”, ressaltou o Pontífice, acrescentando:
“O sacerdote é o mais pobre dos homens, se Jesus não o enriquece com a sua pobreza; é o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho. Não há ninguém menor que um sacerdote deixado meramente às suas forças.”
Voltar a Nazaré para nos renovarmos como pastores
Tendo precedentemente aludido ao Anúncio do Anjo feito a Zacarias em Jerusalém e a Maria em Nazaré, apresentado pelo evangelista São Lucas, Francisco enfatizou que voltar a Nazaré pode ser o caminho para enfrentar a crise de identidade, para nos renovarmos como pastores-discípulos-missionários.
“Vós próprios faláveis de certo exagero na preocupação de gerar recursos para o bem-estar pessoal, por ‘caminhos tortuosos’ que muitas vezes acabam por privilegiar atividades com uma retribuição garantida e criam resistências a dedicar a vida ao pastoreio diário”, ressaltou.
Doação na proximidade ao povo fiel de Deus
“Não podemos correr atrás daquilo que redunda em benefícios pessoais; os nossos cansaços devem estar mais relacionados com ‘a nossa capacidade de compaixão: são compromissos nos quais o nosso coração estremece e se comove’.”
“Para nós, sacerdotes – acrescentou o Santo Padre–, as histórias do nosso povo não são um noticiário: conhecemos a nossa gente, podemos adivinhar o que se passa no seu coração.” “E, assim, a nossa vida sacerdotal se vai doando no serviço, na proximidade ao povo fiel de Deus…, etc., o que sempre, sempre cansa.”
Fugir do "mundanismo espiritual" ditado pelo consumismo
Francisco observou que renovar o chamado “passa, muitas vezes, por verificar se os nossos cansaços e preocupações têm a ver com um certo ‘mundanismo espiritual’ ditado ‘pelo fascínio de mil e uma propostas de consumo a que não conseguimos renunciar para caminhar, livres, pelas sendas que nos conduzem ao amor dos nossos irmãos, ao rebanho do Senhor, às ovelhas que aguardam pela voz dos seus pastores’”.
“Renovar o chamado passa por optar, dizer sim e cansar-nos com aquilo que é fecundo aos olhos de Deus, que torna presente, encarna o seu Filho Jesus. Oxalá encontremos, neste saudável cansaço, a fonte da nossa identidade e felicidade!”
Um olhar aos jovens: reconhecer a própria vocação
Por fim, o Pontífice dirigiu-se também ao jovens que se interrogam ou que já se sentem chamados para a vida consagrada:
“Tu que ainda te interrogas ou tu que já estás a caminho duma consagração definitiva dar-te-ás conta de que ‘a ansiedade e a velocidade de tantos estímulos que nos bombardeiam fazem com que não haja lugar para aquele silêncio interior onde se percebe o olhar de Jesus e se ouve seu chamado’”.
“Procura, antes, aqueles espaços de calma e silêncio que te permitam refletir, rezar, ver melhor o mundo ao teu redor e então sim, juntamente com Jesus, poderás reconhecer qual é a tua vocação nesta terra.”
Francisco concluiu destacando que a Igreja em Moçambique é convidada a ser a Igreja da Visitação: “não pode ser parte do problema das competências, menosprezos e divisões de uns contra os outros, mas porta de solução, espaço onde sejam possíveis o respeito, o intercâmbio e o diálogo”. Fonte: https://www.vaticannews.va
31ª VIAGEM DO PAPA. Papa aos jovens de Moçambique: continuem sendo testemunho de paz e reconciliação ao país
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Numa festa inter-religiosa e culturalmente rica da juventude, o Papa Francisco pronunciou o segundo discurso do dia em Maputo, em Moçambique, nesta quinta-feira (5). Os jovens foram a expressão da paz e da reconciliação do país, através de cantos, apresentações artísticas e tradições religiosas, sempre encorajados pelo Pontífice que incentivou a não se resignar diante das provações e ter cautela com a ansiedade que pode criar barreiras para realizar os sonhos.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco, no seu segundo discurso oficial em Maputo nesta quinta-feira (5), encontrou os jovens no Pavilhão do Clube de Desportos do Maxaquene, conhecido como Maxaca - uma sociedade com tradição no futebol, tanto que já ganhou cinco títulos nacionais. Do esporte, porém, hoje o espaço acolheu mais de 4 mil jovens cristãos, muçulmanos e hinduístas para um grande encontro inter-religioso com o Pontífice.
Durante cerca de uma hora intensa com a juventude de Moçambique, o Papa conseguiu conhecer um pouco da realidade local das diferentes confissões religiosas que se apresentaram, através da arte do canto e de coreografias especiais, demonstrando diferentes temas e motivos de preocupação dos jovens do país. Um hino comum às denominações religiosas também foi interpretado na ocasião que precedeu o discurso do Pontífice.
Jovens: vocês são importantes e precisam saber disso!
“ O que há de mais importante para um pastor do que encontrar-se com os seus jovens? Vocês são importantes! Precisam saber disso, precisam acreditar nisso: vocês são importantes! Mas com humildade porque não são apenas o futuro de Moçambique ou da Igreja e da humanidade; vocês são o presente de Moçambique! Com tudo o que são e fazem, já estão contribuindo para ele com o melhor que hoje podem dar. ”
O Papa iniciou o discurso enaltecendo a expressão tão autêntica da alegria que caracteriza o povo de Moçambique. É uma “alegria que reconcilia e se torna o melhor antídoto capaz de desmentir todos aqueles que querem dividir, fragmentar ou contrapor. Como faz falta, em algumas regiões do mundo, a alegria de viver de vocês!”, sublinhou Francisco.
A presença das diferentes confissões religiosas no local também foi elogiada pelo Pontífice, demonstrando a união familiar através do “desafio da paz”, da esperança e da reconciliação. Com essa experiência, disse ele, é possível perceber que “todos somos necessários: com as nossas diferenças, mas necessários”.
“ Vocês, jovens, caminham com dois pés como os adultos, mas, ao contrário dos adultos que os mantêm paralelos, vocês colocam um atrás do outro, pronto a arrancar, a partir. Vocês têm tanta força, são capazes de olhar com tanta esperança! São uma promessa de vida, que traz em si um certo grau de tenacidade (cf. Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 139), que não devem perder nem deixar que lhe roubem. ”
As inimigas da esperança: resignação e ansiedade
O Papa, então, procurou responder a duas perguntas feitas pelos jovens, em questões interligadas, sobre como realizar os sonhos da juventude e como contribuir para solucionar os problemas que afligem o país. A indicação do Pontífice veio do próprio caminho de riqueza cultural apresentado pelos jovens, através da arte, uma expressão “de parte dos sonhos e realidades”, sempre regada de esperança, mas também de ilusões. Além disso, o Papa voltou a insistir com os jovens para não deixar que “roubem a sua alegria”, para não deixar de cantar e se expressar conforme as tradições de casa.
Francisco também alertou para ter cautela com “duas atitudes que matam os sonhos e a esperança: a resignação e a ansiedade”. “São grandes inimigas da vida, porque normalmente nos impelem por um caminho fácil, mas de derrota; e a porta que pedem para passar é muito cara… O pedágio que pedem para passar é muito caro! É muito caro. Paga-se com a própria felicidade e até com a própria vida. Resignação e ansiedade: duas atitudes que roubam a esperança. Quantas promessas de felicidade vazias que acabam por mutilar vidas! Certamente conhecem amigos, conhecidos – ou pode mesmo ter acontecido com vocês – que, em momentos difíceis, dolorosos, quando parece que tudo cai em cima de vocês, ficam prostrados na resignação. É preciso estar muito atento, porque essa atitude «faz com que encaminhe pela estrada errada. Quando tudo parece estar parado e estagnante, quando os problemas pessoais nos preocupam, as dificuldades sociais não encontram as devidas respostas, não é bom dar-se por vencido» (Ibid., 141).”
A inspiração do esporte: Eusébio da Silva e Maria Mutola
E para dar um exemplo de inspiração em pleno tempo do futebol, o Papa recordou o jogador Eusébio da Silva, o “pantera negra”, que começou a carreira no clube de Maputo. O atleta não se resignou diante de graves dificuldades econômicas da família e da morte prematura do pai. O futebol o ajudou a perseverar, disse Francisco, “chegando a marcar 77 gols para o Maxaquene!”
O Pontífice então fez a analogia do jogo em equipe para falar da importância de se empenhar pelo país com a tática da união e independentemente daquilo que diferencia as pessoas. “Como é importante não esquecer que «a inimizade social destrói. E uma família se destrói pela inimizade. Um país se destrói pela inimizade. O mundo se destrói pela inimizade. E a inimizade maior é a guerra porque são incapazes de sentar e falar, de sentar e falar. Sejam capazes de criar a amizade social!"
O Papa lembrou, então, o provérbio africano conhecido e citado mundialmente para “sonhar junto”, que diz: «Se quiser chegar depressa, caminha sozinho; se quiser chegar longe, vai acompanhado». Mas sem que a ansiedade seja inimiga dos sonhos da juventude por um país melhor, alertou o Papa, porque eles são conquistados com “esperança, paciência e determinação, renunciando às pressas”.
O outro exemplo do esporte citado pelo Papa veio do testemunho de Maria Mutola, que aprendeu a perseverar, apesar de perder a medalha de ouro nos três primeiros Jogos Olímpicos que disputou. O tão sonhado título dourado veio na quarta tentativa, quando a atleta dos 800 metros alcançou venceu nas Olimpíadas de Sidney. “A ansiedade não a deixou absorta em si mesma”, ao conseguir nove títulos mundiais”, comentou Francisco.
A importância dos idosos e da Casa Comum
O Papa ainda aconselhou a não esquecer do apoio dos idosos, que podem ajudar a realizar sonhos sem que “o primeiro vento da dificuldade” venha a impedir. Escutar as pessoas mais experientes, valorizando as tradições e fazendo a própria síntese, como aconteceu com a música, o ritmo tradicional de Moçambique: da marrabenta nasceu o pandza, com toque moderno.
O comprometimento com o cuidado da Casa Comum também foi lembrado pelo Papa, num país que tamanha beleza natural, mas que também já sofreu com o embate de dois ciclones. O desafio de proteger o meio ambiente é um forma de permanecer unidos para ser “artesãos da mudança tão necessária”.
O poder da mão estendida e da amizade ao país
Dessa forma explicativa, Francisco procurou encorajar os jovens a encontrar novos caminhos de paz, liberdade, entusiasmo e criatividade, e “com o gosto da solidariedade”, para responder às provações e problemas vividos no país. “Grande é o poder da mão estendida e da amizade”, acrescentou o Papa, para que “a solidariedade cresça entre vocês e se torne na melhor arma para transformar a história. A solidariedade é a melhor arma para transformar a história”. E Francisco finalizou o discurso lembrando os jovens que não esqueçam o quanto Jesus os ama: “ É o amor do Senhor que se entende mais de levantamentos que de quedas, mais de reconciliação que de proibições, mais de dar nova oportunidade que de condenar, mais de futuro que de passado» (Ibid., 116). Eu sei que vocês acreditam nesse amor que torna possível a reconciliação” Fonte: https://www.vaticannews.va
Convite de Francisco no voo para a África: rezar pela tragédia nas Bahamas
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Em viagem rumo a Maputo, o Papa conclui a tradicional saudação aos jornalistas presentes no voo pedindo que rezem pelas vítimas do furacão que atingiu gravemente as Bahamas. Pouco anos, os votos de “frutos” para esta visita à África
Alessandro de Carolis - voo Roma-Maputo
Uma parte do coração está lá, próximo da última “periferia”, o povo do Caribe atingido pela catástrofe provocada pelo “Dorian Hurricane”. Antes de concluir a saudação cordial aos jornalistas a bordo do avião que o leva a Moçambique, o Papa pegou novamente o microfone para convidar a uma oração pessoal todos aqueles que estão partilhando com ele a longa viagem rumo ao sul do continente africano.
Francisco foi informado sobre as devastações deixadas pelo furacão sobretudo nas Bahamas – notícias e imagens falam de milhares de sem-teto e de mortos ao longo das estradas marcadas pela destruição da tempestade. “São pobres pessoas que, de um dia para o outro, perdem a casa, perdem tudo, inclusive a vida”, disse o Santo Padre. Eis as suas palavras: “Eu gostaria de convidar vocês, cada um em seu coração, a fazer uma oração pelas vítimas do furacão nas Bahamas: são pobres pessoas que repentinamente, de um dia para o outro, perdem a casa, perdem tudo, inclusive a vida. Cada um em seu coração faça uma oração por estes irmãos e irmãs que estão sofrendo (por causa) deste furacão nas Bahamas. Obrigado.”
A devastação do furacão Dorian
A passagem do “Dorian” na América-Central evoca por analogia o rastro de mortes e destruição deixados por “Idai” e “Kenneth” entre março e abril passados em Moçambique, primeira etapa da semana que o Papa transcorrerá no continente africano, incluindo a visita a Madagascar e algumas horas nas Ilhas Maurício.
“Esperamos que esta viagem um pouco longa dê frutos”, dissera Francisco no início da saudação aos jornalistas, precedido das palavras do novo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, em sua primeira viagem nessa nova função.
Francisco e a saudação aos jornalistas
O Papa mostrou grande familiaridade com as novidades relacionadas ao grupo dos jornalistas a bordo. Disse querer conceder uma “homenagem” e, por conseguinte, um “espaço especial” à jornalista da EFE (Agência de imprensa espanhola, que celebra 80 anos de fundação), que, portanto, terá a oportunidade, durante a coletiva de imprensa no voo de retorno da África, de dirigir perguntas suplementares a Francisco.
O Santo Padre quis destacar a ausência nesta viagem de Valentina Alazraki, jornalista de “Televisa”, decana dos vaticanistas na Sala de Imprensa, que nesta ocasião faria sua 153º viagem apostólica.
O Pontífice definiu como uma preciosidade o último livro da jornalista mexicana sobre as mulheres maltratadas (Grécia e as outras”, escrito com Luigi Ginami), que – afirmou – faz entender “a dor e a exploração das mulheres nos dias de hoje”.
Com a ausência de Alazraki, o Papa concluiu com um sorriso passando o timão a Phil Pullella, o co-decano a bordo, da agência Reuters, narrador de dezenas de viagens papais. Fonte: https://www.vaticannews.va
22º Domingo do Tempo Comum: Papa no Angelus: Jesus convida à generosidade desinteressada
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"A retribuição humana, de fato, geralmente distorce os relacionamentos, os torna comerciais, introduzindo o interesse pessoal em uma relação que deveria ser generosa e gratuita. Em vez disso, Jesus convida à generosidade desinteressada, para abrir-nos o caminho em direção a uma alegria muito maior, a alegria de ser partícipes do próprio amor de Deus que nos espera, todos nós, no banquete celeste."
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco, que começou o Angelus desculpando-se pelo atraso - explicando ter ficado 25 minutos preso no elevador do Palácio Apostólico - destacou em sua alocução a generosidade desinteressada e a humildade indicanda por Jesus.
Sua reflexão foi inspirada no Evangelho de São Lucas que narra a presença de Jesus em um banquete na casa de um chefe dos fariseu. “Jesus olha e observa como os convidados correm, se apressam para conseguir os primeiros lugares”.
Afirmar superioridade sobre os outros
“É um comportamento bastante difundido, também em nossos dias – observou o Papa - e não somente quando somos convidados para um almoço: habitualmente busca-se o primeiro lugar para afirmar uma suposta superioridade sobre os outros.”
Comportamento prejudicial à comunidade
Mas essa corrida pela busca dos primeiros lugares faz mal à comunidade – afirma Francisco - quer civil como eclesial, porque destrói a fraternidade: “odos conhecemos estas pessoas: galgadores, que sempre se agarram para subir, subir. Fazem mal à fraternidade, prejudicam a fraternidade".
Diante dessa cena, Jesus conta duas breves parábolas. O Papa recorda então a primeira, dirigida a uma pessoa convidada para um banquete, e é advertida para não ocupar o primeiro lugar, sob o risco de ser convidada pelo dono da festa a cedê-lo para outra pessoa e ocupar o último lugar, o que seria uma vergonha.
Escolher o último lugar
“Em vez disso – recordou o Santo Padre - Jesus nos ensina a ter a atitude oposta, a sentar-se no último lugar: “Portanto, não devemos buscar por iniciativa própria a atenção e a consideração de outros, mas sim deixar que sejam os outros a dá-la”: “Jesus nos mostra sempre o caminho da humildade – devemos aprender o caminho da humildade! - porque é o mais autêntico, o que também permite ter relações autênticas. A verdadeira humildade, não a humildade fingida, aquela que no Piemonte se chama a “mugna quacia”, não, aquela não. A verdadeira humildade.”
A generosidade humilde é cristã
Já na segunda parábola – continuou Francisco - Jesus se dirige ao dono da festa, sugerindo que na escolha dos convidados, chame os “pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir"”: “Também aqui, Jesus vai completamente contracorrente, manifestando como sempre a lógica de Deus Pai. E também acrescenta a chave para interpretar esse seu discurso. E qual é a chave? Uma promessa: se fizeres assim, “receberás a recompensa na ressurreição dos justos". Isso significa que aquele que assim se comportar, terá a recompensa divina, muito superior à retribuição humana que se espera: eu te faço esse favor esperando que tu me faça outro. Não, isso não é cristão. A generosidade humilde é cristã”.
Jesus convida à generosidade desinteressada
O Papa observa que a retribuição humana, “geralmente distorce os relacionamentos, os torna comerciais, introduzindo o interesse pessoal em uma relação que deveria ser generosa e gratuita”.
Jesus, por sua vez, “convida à generosidade desinteressada, para abrir-nos o caminho em direção a uma alegria muito maior, a alegria de ser partícipes do próprio amor de Deus que nos espera, todos nós, no banquete celeste”.
Ao concluir, Francisco pediu a Virgem Maria que “nos ajude a reconhecer-nos como somos, isto é, pequenos; e a nos alegrarmos em dar, sem esperar recompensa”. https://www.vaticannews.va
NESTE DOMINGO: Antes do Angelus, Papa fica preso 25 minutos no elevador
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Atraso no início do Angelus causou apreensão. Foi o próprio Papa Francisco a explicar a causa do atraso: 25 minutos preso no elevador do Palácio Apostólico. Foi "salvo" pelos bombeiros do Vaticano.
Giada Aquilino e Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Os olhares estavam todos voltados para a janela do Apartamento Pontifício, aguardando a abertura das cortinas que indicam a chegada do Papa Francisco, que antes de rezar o Angeluscom os fiéis reunidos na Praça São Pedro, propõe uma reflexão sobre o Evangelho do domingo.
Como costuma ser pontual, o passar dos minutos sem a presença do Pontífice começou a provocar certa apreensão entre os peregrinos e turistas, mas também por quem acompanhava a transmissão pelos meios de comunicação. O mistério foi desvendado pelo próprio Francisco, em suas primeiras palavras:
"Antes de tudo, tenho que me desculpar pelo atraso, mas houve um incidente: fiquei preso no elevador por 25 minutos! Houve uma queda de tensão e o elevador parou. Graças a Deus vieram os bombeiros - agradeço muito a eles! - e depois de 25 minutos de trabalho, conseguiram fazê-lo funcionar. Uma aplauso aos bombeiros!"
O Corpo de Bombeiros no Vaticano
Um Corpo de Bombeiros da Igreja já existia no tempo dos Estados Pontifícios, sempre bem equipado e dotado de equipamentos de combate a incêndio, como evidenciado por gravuras e aquarelas que remontam ao ano 1820.
No início do século XX, um serviço da Guarda Contra Incêndios operava nos Sacros Palácios Apostólicos. Em 1941, sob o Pontificado de Pio XII, foi criado o Núcleo dos Bombeiros quando – em plena Segunda Guerra Mundial - a situação bélica sugeria constituir uma realidade operacional bem organizada, treinada e equipada com meios eficazes de intervenção de emergência na Cidade do Vaticano e em áreas extraterritoriais.
A Caserna do Núcleo passou a ter sua sede em locais especialmente preparados para este fim nos Palácios Vaticanos, com entrada pelo Pátio do Belvedere, onde está até hoje.
Reorganização
Em 2002, com a Lei sobre o Governo do Estado, foi instituída a Direção de Serviços de Segurança e Proteção Civil, à qual passou a ser submetido o Corpo da Gendarmaria e o Corpo de Bombeiros. A partir de então, teve início uma verdadeira reorganização do Corpo, que foi dotado de pessoal altamente qualificado. A caserna também passou por uma reestruturação radical.
As intervenções
Os “Vigili del Fuoco” além das tarefas específicas de intervenções para combater incêndios, são responsáveis por atividades de ações de emergência e preventivas, para proteger pessoas e bens, inclusive histórico-artísticos.
Ademais, fazem o controle de equipamentos anti- incêndio localizados na Cidade do Vaticano e em algumas áreas extraterritoriais.
Eles também realizam tarefas de proteção civil em colaboração com seus colegas da Gendarmaria: uma equipe interveio nos locais atingidos pelo terremoto na Itália central em 2016.
Atualmente, a equipe é composta por 30 policiais, chefiados por um oficial coordenador. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa Francisco também vai à missa
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Francisco participou de uma Celebração Eucarística no Vaticano como um fiel a mais. A informação é de Religión Digital, 22-08-2019.
A imagem diz tudo: o papa Francisco, sentado na oitava fila, assistindo à missa como mais um paroquiano, que ontem foi em memória do seu predecessor Pio X, em uma das capelas de São Pedro.
Em uma cerimônia que assistiram uma vintena de fiéis, Francisco participou da Eucaristia, mas não no altar, mas sim como um comum fiel. Escutou as leituras, tomou a comunhão e recebeu a benção do celebrante, antes de voltar a seus compromissos como Pontífice. Uma demonstração a mais de que esse pontificado é único. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Cardeais atacam sínodo e miram o Papa Francisco
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Religiosos alemães dizem que evento sobre Amazônia seria uma ‘desculpa’ para tratar de política, abolição do celibato e sacerdócio feminino
José Maria Mayrink, O Estado de S. Paulo
O prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé (1912-1917), Gerhald Muller, de 71 anos, e seu colega Walter Brundemuller, de 90 anos - um dos signatários da carta Dubia, que pede esclarecimentos sobre a exortação apostólica Amoris Laetitia, na qual se discutem situações como a comunhão dos divorciados -, disseram que o documento sobre o Sínodo contém heresia, estupidez e apostasia.
No livro recém-publicado Römische Begegnungen (Encontros em Roma, em livre tradução), Muller acusa o papa Francisco de trabalhar pela dissolução da Igreja. No texto, há amplas críticas a aproximações com “política” e “intrigas”, além de falas sobre uma secularização da Igreja ao modelo protestante. São amplas as queixas, por exemplo, à celebração dos 500 anos da Reforma (em 2017), que teve em seu final a presença do pontífice.
Marxismo
Em relação ao encontro de outubro, Muller concentra suas objeções aos conceitos de cosmovisão (com acenos a mitos e rituais evocando a “mãe natureza”), ecoteologia, cultura indígena e ministério sacerdotal, com a possibilidade de ordenar padres casados, presente no instrumento de trabalho. “A cosmovisão dos povos indígenas é uma concepção materialista semelhante ao marxismo e não é compatível com a doutrina cristã”, afirmou o cardeal, em entrevista em 17 de julho. Àqueles que por acaso veem nele um defensor do eurocentrismo, Muller afirma que por 15 anos visitou o Peru, em viagens regulares de ao menos três meses. Nessas, manteve contatos constantes com Gustavo Gutierrez, principal teórico da Teologia da Libertação.
O ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé adverte que a tarefa dos cristãos não é preservar a natureza como ela é, mas ter a responsabilidade pelo progresso da humanidade, na educação e na justiça social, pela paz. Os homens, incluindo os índios da Amazônia, são assim chamados a colaborar com a vontade salvífica de Deus.
“É impossível esconder o fato de que esse sínodo é particularmente adequado para implementar dois dos projetos mais ambiciosos e que nunca foram implementados até agora: a abolição do celibato e a introdução de um sacerdócio feminino, a começar por mulheres diaconisas”, afirmou o cardeal Brundemuller.
O Sínodo da Amazônia terá cerca de 250 participantes, dos quais 61 brasileiros, sem contar os convidados do papa. Estarão presentes os bispos titulares dos nove Estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Amazonas, Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Os países estrangeiros cortados pela floresta são Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Dom Cláudio
O cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, d. Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal Especial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e nomeado pelo papa relator-geral do sínodo, não comentou ao Estado as críticas dos cardeais alemães ao Instrumento de Trabalho. Mas seu pensamento está em uma entrevista concedida ao padre Antonio Spadaro, diretor da Civiltà Cattolica, e publicada agora no semanário alemão Stimmen der Zeit.
Para Hummes, o foco da próxima reunião está em criar “uma Igreja indígena para as populações indígenas” e “inculturada”. Ele ainda destaca que o evento responde a um desejo do papa Francisco, sobre o qual conversavam - e “rezavam” - desde 2015.
Francisco diz que ordenação de casados não será tema central
“Absolutamente, não.” Em uma clara resposta a setores da Igreja que levantam dúvidas sobre o sínodo, o papa afirmou esta semana que a possibilidade de ordenar “viri probati” - normalmente idosos, ligados a comunidades amazônicas e de virtude comprovada - não será tema central do encontro. “É simplesmente um ponto do Instrumentum Laboris. O foco são os ministros da evangelização e as diferentes formas de atuação”, disse em entrevista publicada anteontem pelo jornal italiano La Stampa.
Mais diretamente, o pontífice afirmou que essa reunião é filha direta de sua encíclica verde, Laudato Si, na qual expõe o planeta como uma casa comum. “Quem não a leu não entenderá o sínodo”, diz Francisco. O papa defendeu a Amazônia como parte importante a ser preservada, a exemplo dos oceanos. Sua perda, segundo ele, poderia levar à redução da biodiversidade e ao surgimento de doenças mortíferas.
Na entrevista, o chefe da Igreja Católica não fugiu das discussões políticas na região, destacando por exemplo que os governos locais devem responder diretamente sobre “as minas ao ar livre” que envenenam os rios, por exemplo. “A ameaça à vida dessas populações e desse território envolve interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade”, afirmou.
No texto divulgado na Alemanha, na semana passada, o cardeal d. Cláudio Hummes também afirmou que é necessário confrontar “resistências” existentes “tanto na Igreja quanto fora dela”. Para ele, “ interesses econômicos e o paradigma tecnocrático se opõem a qualquer tentativa de mudança e estão prontos a se impor pela força”. Ele fala ainda de crimes ambientais que ficaram impunes e destaca a necessidade de o encontro tratar de direitos humanos.
Medalha
Uma medalha cunhada especificamente para o sínodo foi apresentada anteontem, na qual aparece uma imagem do trabalho missionário da Igreja na Amazônia via rito do batismo e da eucaristia.
Em seu texto oficial, o Vaticano alega que “o enfoque missionário na Amazônia exige mais do que nunca um magistério eclesial exercido na escuta do Espírito Santo, que seja capaz de assegurar tanto a unidade como a diversidade e, portanto, uma cultura de encontro em harmonia multiforme”. Fonte: https://brasil.estadao.com.br
Uma carta aos irmãos sacerdotes para encorajá-los e apoiá-los
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O agradecimento do Papa Francisco ao serviço diário dos sacerdotes que em todas as partes do mundo acompanham o Povo de Deus
Andrea Tornielli – Cidade do Vaticano
O drama dos abusos, o grito assustado das vítimas de pessoas que jamais teriam imaginado, pesa como chumbo na vida de todos os sacerdotes. Há padres que são vistos com desprezo, com suspeita, por culpas que não têm, mas que permanecem como feridas abertas para todo o corpo eclesial.
Com a carta aos sacerdotes por ocasião dos cento e sessenta anos da morte do santo cura d’Ars, modelo de padre que viveu ao serviço do povo de Deus, Papa Francisco – que não deixou de enfrentar o dever da denúncia e da repreensão, quando necessário – responde agradecendo o exército silencioso dos sacerdotes que não traíram nem a fé nem a confiança. Nesta carta, assinada na Basílica de São João de Latrão, sede do Bispo de Roma, que parece evidenciar que a escreveu como pastor e Bispo de Roma, o Papa manifesta proximidade, apoio, conforto a todos os sacerdotes do mundo.
Aos padres que todos os dias, muitas vezes com dificuldades, desafiando desilusões e incompreensões, deixam as portas das igrejas abertas e celebram os sacramentos. Aos padres que vencendo a tristeza e a habitualidade, continuam a apostar n’Ele acolhendo os que precisam de uma palavra, de conforto, de acompanhamento. Aos padres que diariamente visitam seu povo, doando-se sem reservas, chorando com os que choram, alegrando-se com os que estão felizes. Aos padres que vivem na “trincheira”, que muitas vezes arriscam a própria vida para estar perto do seu povo. Aos padres que devem percorrer dias e dias de canoa para chegar a vilarejos e aldeias remotas para visitar as ovelhas isoladas do seu rebanho.
Há uma grandiosidade que se fala pouco na vida ordinária da Igreja. Uma grandiosidade capaz de fazer a história mesmo se jamais conquistará as páginas dos manuais ou as luzes da ribalta. É a grandiosidade do serviço no escondimento, de quem se doa sem protagonismos, confiando apenas na graça de Deus. É a grandiosidade da vida presenteada aos outros pelos padres “pecadores perdoados”, como o Papa define também a si mesmo, que tendo experimentado e continuando a experimentar a misericórdia, deixam a Deus a iniciativa e o seguem no serviço à sua comunidade.
Precisava de uma palavra de encorajamento, de estima de proximidade. Precisava de um agradecimento como o que o Papa escreveu na sua carta. Porque a dor causada no corpo eclesial pela infidelidade de poucos – como ocorreu com a terrível tragédia dos abusos – não corresse o risco de fazer esquecer a fidelidade de muitos, vivida apesar das fadigas e dos limites humanos. Por isso o Papa Francisco quis agradecer aos padres que ainda hoje oferecem a própria existência a Deus servindo-o com o seu povo, e renova o “sim” inicial da própria vocação recordando do chamado recebido. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa aos sacerdotes: "dou graças a Deus por todos vocês"
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Papa Francisco enviou uma carta por ocasião dos cento e sessenta anos da morte do Cura d’Ars: apoio, proximidade e encorajamento a todos os padres que apesar das fadigas e desilusões celebram todos os dias os sacramentos e acompanham o Povo de Deus
Sergio Centofanti – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco escreveu uma carta aos sacerdotes, recordando os cento e sessenta anos da morte do Cura d’Ars, padroeiro dos párocos. Uma carta que exprime encorajamento e proximidade aos “irmãos presbíteros, que sem fazer alarde”, deixam tudo para se empenhar na vida diária das suas comunidades; aos sacerdotes que trabalham na “trincheira”; também a todos aqueles que diariamente enfrentam desafios sem pensar em si mesmos, “para que o povo de Deus seja cuidado e acompanhado”.
“Dirijo-me a cada um de vocês – escreve o Papa – que, em muitas ocasiões, de modo inobservado e sacrificado, no cansaço ou na fadiga, na doença ou na desolação, assumem a missão como um serviço a Deus e ao seu povo e, mesmo com todas as dificuldades do caminho, escrevem as páginas mais belas da vida sacerdotal”.
Dor
A carta do Papa tem início com um olhar ao escândalo dos abusos: “Nos últimos tempos pudemos ouvir mais claramente o clamor, muitas vezes silencioso e silenciado, de irmãos nossos, vítimas de abusos de poder, de consciência e sexuais por parte dos ministros ordenados”. Mas, explica Francisco, mesmo sem “negar ou ignorar o dano causado”, seria “injusto não reconhecer que tantos sacerdotes que de maneira constante e íntegra, oferecem tudo o que são e que têm pelo bem dos outros”. Os padres “que fazem da sua vida uma obra de misericórdia em regiões ou situações muitas vezes inóspitas, remotas ou abandonadas, arriscando sua própria vida”.
O Papa agradece todos “pela coragem e constante exemplo” e escreve que os “tempos da purificação eclesial que estamos vivendo, nos tornarão mais alegres e simples e em um futuro não muito distante, serão muito fecundos”.
Convida então a não desencorajar, porque “o Senhor está purificando a sua Esposa e a todos nos está convertendo a Ele. Permite-nos experimentar a prova para que comprendamos que, sem Ele, somos pó”.
Gratidão
A segunda palavra-chave é “gratidão”. Francisco recorda que a “vocação, mais do que uma escolha nossa, é resposta de um chamado gratuito do Senhor”. O Papa exorta a “retornar aos momentos luminosos” em que experimentamos o chamado do Senhor para consagrar toda a nossa vida ao seu serviço, voltar “ao sim” crescido no seio de uma “comunidade cristã”.
Em momentos de dificuldade, de fragilidade, de fraqueza, “quando a pior de todas as tentações é a de ficar a ruminar a desolação”, é crucial – explica o Pontífice – “não perder a memória cheia de gratidão da passagem do Senhor na nossa vida” que “nos convidou a apostar n’Ele e pelo seu povo”.
A gratidão “é sempre uma arma poderosa”. Só se formos capazes de contemplar e agradecer por todos os gestos de amor, generosidade, solidariedade e confiança, bem como de perdão, paciência, suportação e compaixão com que fomos tratados, é que deixaremos o Espírito obsequiar-nos com aquele ar puro capaz de renovar (e não remendar) a nossa vida e missão”.
Francisco agradece os irmãos sacerdotes “pela fidelidade aos compromissos assumidos”. É “muito significativo” - observa – que em uma sociedade e em uma cultura que transformou o “gasoso” em valor, a existência de pessoas que apostem na felicidade de doar a vida.
Agradece pela celebração diária da Eucaristia e pelo ministério do sacramento da Reconciliação, vivido “sem rigorismos, nem laxismos”, ocupando-se das pessoas e “acompanhando-as no caminho da conversão”.
Agradece pelo anúncio do Evangelho “feito a todos com ardor”: “Obrigado por todas as vezes que, deixando-se comover por dentro, vocês acolheram os que caíram, curaram suas feridas… Nada é mais urgente do que isso: proximidade, vizinhança, ficar próximo da carne do irmão que sofre”.
O coração do pastor – afirma Francisco – é aquele que “aprendeu o gosto espiritual de se sentir um só com o seu povo, que não esquece que saiu dele… com estilo de vida austero e simples, sem aceitar privilégios que não têm sabor de Evangelho”. Mas o Papa agradece e convida a agradecer também “pela santidade do Povo fiel de Deus”, manifestada “nos pais que criam seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham para levar o pão para casa, nos doentes, nas religiosas idosas que continuam a sorrir”.
Coragem
A terceira palavra é “coragem”. O Papa quer encorajar os sacerdotes: “A missão à qual fomos chamados não significa que devemos ser imunes ao sofrimento, à dor e até mesmo à incompreensão, ao contrário, pede-nos para os enfrentar e assumir a fim de deixar que o Senhor os transforme e nos configure mais a Ele”.
Um bom teste para saber como se encontra o coração do pastor – escreve Francisco – “é perguntar-se como enfrentamos a dor”. De fato, às vezes pode acontecer, de se comportar como o levita ou o sacerdote da parábola do Bom Samaritano, que ignora o homem caído no chão, outras vezes aproxima-se da dor intelectualizando, e refugiando-se em frases comuns (“a vida é assim, não se pode fazer nada”) terminando por dar espaço ao fatalismo. “Ou então aproxima-se com um olhar de preferência seletiva gerando apenas isolamento e exclusão”.
O Papa adverte também o que Bernanos definiu como o “elixir mais precioso do demônio”, isto é, “a tristeza adocicada que os padres do Oriente chamavam acédia. A tristeza que paralisa a coragem de continuar no trabalho, na oração”, que “torna estéril todas as tentativas de transformação e conversão, propagando ressentimento e aversão”.
Francisco convida a pedir “ao Espírito Santo que venha despertar-nos”, para “dar uma sacudida na nossa sonolência”, para desafiar a habitualidade e “nos deixarmos mover pelo que acontece ao nosso redor e pelo clamor da Palavra viva do Ressuscitado”.
“Ao longo da nossa vida, pudemos contemplar que com Jesus Cristo renasce sem cessar a alegria”. Uma alegria, afirma o Pontífice, que “não nasce de esforços voluntariosos ou intelectualistas, mas da confiança de saber que continuam eficazes as palavras de Jesus a Pedro”.
Na oração – explica o Papa – “experimentamos aquela nossa bendita precariedade que nos lembra que somos discípulos carecidos do auxilio do Senhor e nos liberta da tendência prometeuca dos que confiam unicamente em suas próprias forças”.
A oração do pastor “nutre-se e encarna-se no coração do Povo de Deus. Traz as marcas da alegria e das feridas do seu povo”. Uma confiança que preserva-nos a todos de procurar ou querer respostas fáceis, rápidas ou pré-fabricadas, permitindo ao Senhor ser Ele (e não as nossas receitas e prioridades) a mostrar-nos um caminho de esperança”. Portanto “reconheçamos a nossa fragilidade, sim, mas deixemos que Jesus a transforme e nos projete sempre de novo para a missão”.
Para manter o coração animado, o Papa observa que não devem ser negligenciadas duas ligações constitutivas da nossa identidade. A primeira com Jesus. É o convite a não esquecer “o acompanhamento espiritual, tendo um irmão com quem falar, confrontar-se, debater e discernir o próprio caminho”.
A segunda ligação é com o povo. “Não se isolem do seu povo e dos presbíteros ou das comunidades. E muito menos não em grupos fechados ou elitistas… um ministro corajoso é um ministro sempre em saída”. O Papa pede aos sacerdotes para “estar perto dos que sofrem, de estar sem vergonha perto das misérias humanas e, porque não, vivê-las como próprias para as tornar Eucaristia”. Para serem “artesãos de relação e comunhão, abertos e confiantes e esperançosos da novidade que o Reino de Deus quer suscitar hoje”.
Louvor
A última palavra proposta na carta é “louvor”. É impossível falar de gratidão e encorajamento sem contemplar Maria que “nos ensina o louvor capaz de abrir o olhar para o futuro e devolver a esperança ao presente”. Porque “olhar Maria é voltar a crer na força revolucionária da ternura e do afeto”.
Por isso – conclui o Papa – “se alguma vez nos sentirmos tentados a isolar-nos e fechar-nos em nós mesmos e nos nossos projetos, protegendo-nos dos caminhos sempre poeirentos da história, ou se o lamento, a queixa, a crítica ou a ironias tomam conta das nossas ações sem vontade de lutar, esperar e amar … olhemos a Maria para que purifique os nossos olhos de todos os “ciscos” que nos possa impedir de estarmos atentos e despertos para contemplar e celebrar a Cristo que vive no meio do seu Povo”.
“Irmãos – são as palavras no final da carta – digo mais uma vez, não cesso de dar a graças a Deus por todos vocês… deixemos que seja a gratidão a suscitar o louvor e que nos encoraje mais uma vez na missão de ungir os nossos irmãos na esperança. A ser homens que testemunhem com a sua vida a compaixão e a misericórdia que só Jesus nos pode dar”. Fonte: www.vaticannews.va
Agosto não será um mês 'vazio' no Vaticano.
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Estejam preparados para as manchetes que o papa-que-não-sai-de-férias produzirá nestes “dias de cão” do verão romano. A reportagem é de Robert Mickens, publicada por La Croix International, 26-07-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Antigamente, a Festa de São Pedro e São Paulo, no dia 29 de junho, significava o fim do ano de trabalho e o começo de um tempo de inatividade no Vaticano.
O papa e sua equipe na Cúria Romana começavam a sair da cidade para tirar suas férias de verão. João Paulo II e Bento XVI costumavam passar vários dias nos Alpesno início de julho, antes de se retirarem para a vila papal de Castel Gandolfo durante o resto do verão.
Os escritórios vaticanos ficavam escassamente povoados, e os assuntos e projetos mais importantes ficavam em suspenso. A burocracia central da Igreja era basicamente colocada no piloto automático, e só uma grande emergência poderia despertá-la do seu sono (o que aconteceu de vez em quando).
Mas tudo isso mudou em junho de 2013 com a chegada do Papa Francisco. Sendo um jesuíta da Argentina, onde é inverno durante o verão romano, ele era bem conhecido (e frequentemente criticado) por nunca tirar férias.
“Bem, sim, me disseram isso!”, admitiu Francisco um ano depois, quando jornalistas que o acompanhavam de volta para Roma em uma visita em agosto de 2014 à Coreia do Sul insistiram para saber se era saudável para ele não fazer uma pausa.
"Eu tirei férias, agora, em casa, como costumo fazer, porque... uma vez eu li um livro interessante, o título era: ‘Alegre-se por ser neurótico’!” A referência era a um livro originalmente publicado em 1936 pelo psiquiatra estadunidense Louis E. Bisch (+1963).
“Eu também tenho algumas neuroses”, brincou o papa. “Mas é preciso tratar bem delas, das neuroses. Servir-lhes o mate todos os dias”, disse ele.
“Uma dessas neuroses é que eu sou um pouco apegado ao habitat. A última vez que eu tirei férias fora de Buenos Aires, com a comunidade jesuíta, foi em 1975”, explicou o papa.
“Eu sempre tiro férias – de verdade! – mas, no habitat: mudo de ritmo. Durmo mais, leio as coisas de que eu gosto, ouço música, rezo mais... E isso me relaxa. Em julho e parte de agosto, eu fiz isso, e foi bom”, disse Francisco.
E, assim, a defesa descansou.
Mas não o Papa Francisco. Nem mesmo nos Dias de Cão do Verão – que tradicionalmente se estendem do início de julho até meados de agosto.
“Viagens de negócios”, em vez de viagens de férias, longe de Roma
Isso ficou claro no primeiro ano do seu pontificado, quando, em vez de partir para os Alpes em julho, como seus antecessores, Francisco decidiu ir para a ilha italiana de Lampedusa, refúgio e porto de entrada europeu para migrantes e requerentes de asilo náufragos.
Essa visita no dia 8 de julho de 2013 foi para destacar a situação de todos os refugiados e imigrantes. E agora, seis anos depois, uma das características mais marcantes do pontificado é que Francisco se tornou uma voz profética e um defensor global dessas “pessoas em movimento”.
O papa, agora com 82 anos, também viajou durante agosto nos últimos anos. Sua visita de 13 a 18 de agosto à Coreia do Sul em 2014 foi a primeira. Dois anos depois, no dia 4 de agosto, ele foi à cidade natal do seu padroeiro, São Francisco, para celebrar o VIII Centenário do Perdão de Assis.
E, no ano passado, o papa passou o último fim de semana de agosto em Dublin, para o Encontro Mundial das Famílias. Essa viagem terminou com uma nota dramática, quando o ex-núncio papal nos Estados Unidos, o arcebispo Carlo Maria Viganò, lançou um violento ataque contra Francisco, acusando-o de conspiração, de mentiras e de outras formas de corrupção. Viganò exigiu até a renúncia do papa.
Reformas não param em agosto
Francisco não deve fazer nenhuma “viagem de negócios” neste mês de agosto. Ele permanecerá no Vaticano e retomará suas audiências gerais de quarta-feira, as quais – como parte das suas “férias em casa” – foram suspensas durante todo o mês de julho.
Espera-se que ele estude os esboços finais da constituição apostólica – e as sugestões que bispos e teólogos de todo o mundo recentemente fizeram – para uma grande revisão e reforma da Cúria Romana.
Mesmo que esse documento esteja sendo revisado para uma publicação final, que provavelmente não ocorrerá até o fim deste ano, é possível esperar que o papa continuará anunciando reformas e nomeações concretas.
Ele fez isso em quase todos os meses de agosto desde a sua eleição. No ano passado, Francisco reescreveu a seção 2.267 do Catecismo da Igreja Católica para codificar a imoralidade da pena de morte.
“Por isso a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que ‘a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa’, e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo”, afirma a nova cláusula.
Ele também publicou a sua “Carta ao Povo de Deus” em agosto passado, na qual identifica o clericalismo como um dos principais fatores da crise dos abusos sexuais entre padres.
Em meados de agosto de 2016, o papa fundiu oficialmente vários dicastérios vaticanos e criou o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, nomeando como seu prefeito um bispo irlandês-americano – agora cardeal –, Kevin Farrel. Além disso, Francisc ofinalizou a fusão de vários outros escritórios e anunciou a criação do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral.
O mês de agosto de 2016 também foi o momento em que o papa formou uma comissão internacional de estudos sobre as mulheres diaconas, que abriu uma discussão mundial sobre uma questão que ainda não foi resolvida.
Nomeações sob o sol de agosto
Antigamente (ou seja, na era pré-Francisco), o Vaticano às vezes esperava até agosto – quando a maioria dos meios de comunicação de férias não prestava muita atenção – para fazer certas ações ou nomeações pessoais que pudessem ser controversas.
Algumas pessoas ainda se lembram do dia 17 de agosto de 2009. Foi quando Bento XVI enviou uma das autoridades mais importantes do Vaticano (o seu vice-“ministro das Relações Exteriores”) para o distante posto diplomático da Venezuela. O movimento provocou uma desordem interna no governo de Bento XVI, e, conforme alguns argumentam, foi quando o pontificado começou a sair dos trilhos.
A autoridade que foi enviada à Venezuela naquela época é agora cardeal e atual secretário de Estado do papa. Seu nome é Pietro Parolin. Francisco o nomeou para o seu cargo atual em 31 de agosto de 2013.
O Papa Francisco fez outra nomeação importante em agosto de 2013, quando escolheu um padre polonês de 49 anos do dicastério das cerimônias litúrgicas papais para ser esmoleiro (chefe) do dicastério da caridade do papa. Esse homem, Konrad Krajewski, tornou-se cardeal cinco anos mais tarde, para a surpresa de quase todos no Vaticano.
Ao longo dos anos, Francisco fez várias outras nomeações importantes – especialmente de bispos em lugares-chave em todo o mundo – durante o mês normalmente calmo de agosto. Ele criou alguns desses homens cardeais.
O que esperar de agosto
Nas últimas semanas, o papa fez importantes nomeações para o departamento de comunicação do Vaticano.
Ele escolheu Matteo Bruni, um leigo italiano nascido na Inglaterra, para ser diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé no dia 18 de julho. Uma semana depois, ele escolheu Cristiane Murray, uma leiga brasileira que trabalhava na Rádio Vaticano desde 1995, como vice de Bruni.
Mais mudanças estão sendo planejadas para o Dicastério para a Comunicação, incluindo o estabelecimento de uma espécie de “agência de notícias” vaticana. Não está claro quando essa reforma será anunciada, mas ela pode ocorrer já no próximo mês.
O papa também precisa nomear um prefeito para a Secretaria para a Economia, um posto que está vago desde fevereiro passado, quando o cardeal George Pell completou seu mandato de cinco anos no comando. Mas o cargo está vago, de fato, há dois anos, depois que o cardeal retornou para a sua Austrália natal no fim de junho de 2017, para ser julgado (e condenado) por abuso sexual.
Há fortes sugestões de que o Papa Francisco nomeará em breve o sucessor de Pell e vários outras autoridades importantes para o diversificado setor financeiro do Vaticano. Isso também pode ocorrer naquele que parece ser outro mês tórrido de agosto.
Então, como dizem os ingleses, “keep calm and carry on” [mantenha a calma e siga em frente]. Porque é exatamente isso que o papa vai fazer. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Papa no Angelus: com o “Pai Nosso”, Jesus nos faz entrar na paternidade de Deus.
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Uma maneira de rezar diferente para a época, a ponto de suscitar nos discípulos o desejo de serem “partícipes desses momentos de união com Deus, para saborear plenamente sua doçura”. Esse “diálogo entre pessoas que se amam”, é a “novidade da oração cristã”. “Um diálogo de Filho ao Pai, um diálogo entre filhos e Pai. Esta é a oração cristã”.
Antes de rezar o Angelus com os fiéis provenientes de diversas partes do mundo reunidos na Praça São Pedro, neste XVII Domingo do Tempo Comum, o Papa Francisco refletiu sobre a passagem de São Lucas que narra as circunstâncias em que Jesus ensina o “Pai-nosso” aos seus discípulos, destacando também que Jesus nos encoraja a sermos insistentes na oração.
Atraídos pela “qualidade” da oração de Jesus
Os discípulos – explica o Papa – sabiam rezar segundo as fórmulas da tradição judaica da época, “mas também desejam poder viver a mesma “qualidade” da oração de Jesus”.
“Podem constatar que a oração é uma dimensão essencial na vida de seu Mestre. Na verdade cada sua ação importante é caracterizada por prolongados momentos de oração”.
Ademais, os discípulos percebem que a oração de Jesus, revela “uma ligação íntima com o Pai, tanto que desejam ser partícipes desses momentos de união com Deus, para saborear plenamente sua doçura”.
Aproveitando que estavam em um lugar isolado, esperam Jesus concluir sua oração e, tomados por esta curiosidade, pedem a Ele que lhes ensine a rezar.
Fazer a experiência da paternidade de Deus na oração
Em resposta, “Jesus não dá uma definição abstrata da oração, nem ensina uma técnica eficaz para rezar e “obter” alguma coisa”, mas convida seus seguidores a fazerem a experiência de oração, colocando-os diretamente em comunicação com o Pai, despertando neles um anseio por um relacionamento pessoal com Deus, com o Pai”:
“Aqui está a novidade da oração cristã! Ela é o diálogo entre pessoas que se amam, um diálogo baseado na confiança, apoiado pela escuta e aberto ao compromisso solidário”
Neste sentido, dá a eles a oração do “Pai Nosso”, “talvez o dom mais precioso que nos foi deixado pelo divino Mestre em sua missão terrena.”
Depois de nos ter revelado o seu mistério de Filho e irmão, com aquela oração Jesus nos faz mergulhar na paternidade de Deus, “e isto quero sublinhar”, disse Francisco:
“Quando Jesus nos ensina o Pai Nosso, nos faz entrar na paternidade de Deus e nos indica o modo para entrar em um diálogo orante e direto com Ele, através do caminho da confiança filial. É um diálogo entre o pai e o seu filho, o filho com o pai ”
“O que pedimos no “Pai Nosso” já está realizado em nós no Filho Unigênito: a santificação do Nome, o advento do Reino, o dom do pão, do perdão e da libertação do mal. Enquanto pedimos, abrimos a mão para receber. Receber os dons que o Pai nos mostrou no filho. A oração que o Senhor nos ensinou é a síntese de toda oração, e nós a dirigimos ao Pai sempre em comunhão com os irmãos.”
Às vezes – observou Francisco – “acontece que na oração existem distrações, mas tantas vezes sentimos como que o desejo de nos deter na primeira palavra: “Pai”, e sentir esta paternidade no coração”.
Atrair o olhar do pai: fazer como quando éramos crianças
Depois de falar da intimidade com Deus na oração revelada por Jesus, o Papa Francisco sublinhou outro aspecto que a oração cristã deve ter: ser perseverante. Para ilustrar, cita a parábola do amigo inoportuno e recorda o que Jesus diz: “É preciso insistir na oração”. E retoma um exemplo já referido em outras ocasiões, das crianças quando se dirigem ao pai:
“E me vem em mente o que fazem as crianças com três, três anos e meio, que começam a perguntar as coisas que não entendem. Na minha terra é chamada de “a idade dos porquês”, acredito que aqui seja o mesmo. As crianças começam a olhar para o pai e dizer: “Pai, por que? Pai, por que?” Pedem explicações. Mas estejamos atentos: quando o pai começa a explicar o porquê, elas vem com outra pergunta sem escutar toda a explicação. O que acontece? Acontece que as crianças se sentem inseguras a respeito de muitas coisas que começam a entender pela metade. E somente querem atrair sobre si o olhar do pai, e por isso: ‘Por que, por que, por que?’”
“ Nós, no Pai Nosso, se nos detivermos na primeira palavra, faremos o mesmo de quando éramos crianças, atrair sobre nós o olhar do pai. Digamos: “Pai, Pai”, e também dizer: “Por que?” E Ele olhará para nós. ”
“Peçamos a Maria, mulher orante, que nos ajude a rezar o Pai Nosso, unidos a Jesus para viver o Evangelho, guiados pelo Espírito Santo”, foi o pedido do Santo Padre ao concluir sua alocução, antes de rezar o Angelus com os presentes. Fonte: www.vaticannews.va
DOMINGO 14: Angelus: a compaixão é a chave da vida cristã
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Comentando a parábola do Bom Samaritano, o Papa Francisco recordou o elo indissolúvel que existe entre o amor a Deus e o amor concreto e generoso pelos irmãos.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco dedicou a alocução que antecede a oração do Angelus à parábola do Bom Samaritano, proposta pela liturgia deste XV Domingo do Tempo Comum.
Para Francisco, esta parábola se tornou paradigmática da vida cristã: "Tornou-se o modelo de como um cristão deve agir", convidando os fiéis a lerem o "tesouro" contido no Evangelho de Lucas.
Quem é o próximo?
Neste episódio, Jesus é interrogado por um doutor da lei sobre o que é necessário para herdar a vida eterna.
Jesus o convida a encontrar a resposta nas Escrituras: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, e ao teu próximo como a ti mesmo!”. Havia, porém, diferentes interpretações sobre quem seria o “próximo”. Então Jesus responde com esta parábola.
O protagonista é um samaritano, grupo na época desprezado pelos judeus. Portanto, não é casual a escolha de um deles como personagem positivo da parábola. Ao longo de uma estrada, o samaritano encontra um homem roubado e agredido por assaltantes. Antes dele, por aquela estrada, haviam passado um sacerdote e um levita, isto é, pessoas que se dedicavam ao culto de Deus. Mas não pararam. O único que lhe presta socorro é justamente o samaritano, "justamente que não tinha fé!".
“ Também nós pensamos em tantas pessoas que conhecemos, talvez agnósticas, que fazem o bem. Jesus escolhe como modelo alguém que não era homem de fé. e Este homem, amando o irmão como a si mesmo, demonstra que ama a Deus com todo o coração e com todas as forças - o Deus que não conhecia! - e expressa ao mesmo tempo verdadeira religiosidade e plena humanidade. ”
Lógica invertida
Depois de contar a parábola, Jesus se dirige novamente ao doutor da lei e lhe diz: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”. Deste modo, explicou Francisco, Jesus inverte a pergunta do seu interlocutor e também a lógica de todos nós.
“Ele nos faz entender que não somos nós, com base nos nossos critérios, que definimos que é o próximo e quem não é, mas é a pessoa em situação de necessidade que deve poder reconhecer quem é o seu próximo, isto é, quem usou de misericórdia para com ele", prosseguiu o Papa, que acrescentou:
“ Ser capazes de sentir compaixão: esta é a chave. Esta é a nossa chave. Se diante de uma pessoa necessitada, você não sente compaixão, o seu coração não se comove, significa que algo não funciona. Fique atento, estejamos atentos. Não nos deixamos levar pela insensibilidade egoística. A capacidade de compaixão se tornou a medida do cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus. ”
O Pontífice fez o exemplo dos moradores de rua e de como nos comportamos diante de alguém caído no chão. "Pergunte-se se o seu coração não se endureceu, se não se tornou gelo." Esta conclusão, prosseguiu, indica que a misericórdia diante de uma vida humana na situação de necessidade é a verdadeira face do amor.
“Que a Virgem Maria nos ajude a compreender e, sobretudo, a viver sempre mais o elo indissolúvel que existe entre o amor a Deus, nosso Pai, e o amor concreto e generoso pelos nossos irmãos. e nos dê a graça de ter e crescer na compaixão.” Fonte: www.vaticannews.va
Audiência do Papa ao presidente russo Putin: cerca de uma hora de conversa
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Cidade do Vaticano
Durou cerca de uma hora a audiência do Papa Francisco ao presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, recebido hoje no Vaticano com uma comitiva. A conversa privada teve lugar na Sala da Biblioteca, após a chegada do chefe do Kremlin, pouco depois das 14h00 (hora de Roma), ao Palácio Apostólico, precedido pelo Ministro do Exterior russo, Serghei Lavrov.
Em um comunicado, a Sala de Imprensa da Santa Sé informa que durante as cordiais conversações, ambas as partes expressaram a sua satisfação pelo desenvolvimento das relações bilaterais, que foram ainda mais reforçadas com a assinatura hoje de um protocolo de entendimento relativo à colaboração entre o Hospital "Bambino Gesù" e os Hospitais Infantis da Federação Russa. Foram também abordadas algumas questões importantes para a vida da Igreja Católica na Rússia.
Durante o colóquio foi discutida a questão ecológica, como também algumas questões internacionais, com particular referência à Síria, Ucrânia e Venezuela.
A troca de presentes
Na conclusão do encontro a saudação à delegação russa e a troca de presentes. O Pontífice ilustrou ao Chefe de Estado uma medalha do fim da Primeira Guerra Mundial. Depois entregou uma cópia da Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro passado, assinada hoje para Putin, depois as exortações apostólicas Gaudete et Exultate sobre o chamado à santidade no mundo contemporâneo e Christus Vivit aos jovens e a todo o Povo de Deus, enfim, um exemplar do Documento de Abu Dhabi sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência comum. O Presidente Putin doou ao Papa um ícone, um livro e a cópia de um filme.
Terceira audiência do Papa a Putin
Em seguida, o encontro com o cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin e o arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados. A audiência de hoje foi a terceira do Papa Francisco ao Presidente da Federação Russa, depois dos encontros de 2013 e 2015.
A vaticanista Valentina Alazraki fala tudo sobre a entrevista com o papa Francisco
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Ela é uma veterana correspondente do Vaticano, que começou trabalhando como uma jornalista nos anos 1970, cobriu cinco pontificados e tomou parte em 154 visitas papais. Valentina Alazraki, a correspondente do Vaticano para o Noticieros Televisa, do México, também entrevistou o papa Francisco duas vezes, a mais recente no último mês.
Expôs uma explosiva entrevista na qual o papa fala abertamente sobre muitos assuntos: do caso Viganò as acusações de heresia contra ele. Katholiek Nieuwsblad falou com Alazraki sobre sua entrevista e sua relação com o papa Francisco. A entrevista é de Marta Petrosillo, publicada por Katholiek Nieuwsblad, 26-06-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Como fez a mais recente entrevista?
Todo Natal eu escrevo uma carta para o Papa pela ocasião do seu aniversário (que é em 17 de dezembro). Eu uso essa oportunidade para falar sobre minhas dúvidas e questões que surgem no meu trabalho diário. Em 2017, escrevi para ele que havia alguns tópicos que eu gostaria de discutir com ele. Em sua resposta, ele me disse que já havia prometido fazer várias entrevistas por ocasião de seu quinto aniversário como papa. Então, com alguma ironia, eu disse que poderia entrevistá-lo para o sexto aniversário. Então, em fevereiro, durante a Cúpula de Abusos, logo antes do meu discurso, o papa me disse que poderíamos fazer a entrevista.
Você já enviou cartas antes de ele se tornar pontífice? Você o conhecia antes desse tempo?
Absolutamente não. Eu não o conhecia, mas durante sua primeira viagem ao Brasil em 2013 fui apresentada ao papa pelo [então chefe da assessoria] padre Federico Lombardi como correspondente veterana do Vaticano, já que eu era a única jornalista ativa quando João Paulo II fez sua primeira viagem.
Desde aquele dia e especialmente depois da primeira entrevista que tive com ele durante o segundo ano de seu pontificado, criamos uma espécie de vínculo, também pelo fato de eu participar de todas as viagens papais e de falarmos em espanhol. Ele é sempre muito legal comigo. Durante uma das viagens fiz 60 anos e ele me trouxe um bolo. Ele fez o mesmo durante o meu 150º vôo no avião papal.
A atmosfera durante a entrevista aparentou ser tranquila, apesar de algumas questões espinhosas, como uma sobre o caso Viganò.
De fato, embora eu tenha total liberdade para pergunta-lo todas as questões que eu quiser. Eu acredito que a atmosfera foi tão tranquila devido a nossa boa relação. Algumas vezes o Papa até ri alto.
Ele até lhe chama de “minha filha”.
Verdade, ele me chama de hija. Eu fiquei muito surpresa. Eu pensei que ele estava usando uma forma coloquial, não sei. Mas ele era afetuoso.
O que você pensa que foram os tópicos mais importantes da entrevista?
As questões mais delicadas eram certamente aquelas relacionadas à Igreja e aos escândalos de abuso sexual. Algumas questões estavam relacionadas à consternação entre certos católicos que se sentem de algum modo afastados, em comparação a outras pessoas que estão mais distantes da Igreja. Alguns estão confusos porque a espontaneidade do Papa o expõe ao perigo de ser mal interpretado. Mas é um risco que ele está preparado a enfrentar. Ele prefere assim, em vez de perder a liberdade de conhecer pessoas.
Durante a entrevista, quis dar a ele a oportunidade de explicar um pouco de seu comportamento que fez com que alguns crentes católicos duvidassem dele. Eu queria resolver essas dúvidas. O Papa me explicou que nada havia mudado na doutrina.
Você segue o Vaticano desde os tempos do papa Paulo VI. Como o trabalho de correspondente do Vaticano mudou ao passar dos anos?
Quando eu cheguei não existia internet, computador ou celulares. Hoje parece mesmo outro mundo. Eu acompanhei Paulo VI como uma mera interna. Minha relação com a comunicação do Vaticano realmente decolou durante os dois conclaves de 1978.
Eu vi como a comunicação foi transformada por João Paulo II. A partir do momento em que ele apareceu na varanda, percebemos que ele era um papa absolutamente bom para as mídias.
Em um nível informativo, ele mudou tudo porque não era apenas um líder religioso, mas também político e diplomático. Ele era um homem que estava mudando o mundo e nós que estávamos com ele realmente tivemos a impressão de ser testemunhas da história sendo feita. As informações sobre a Santa Sé não terminavam mais em alguma coluna nas páginas internas dos jornais, mas na primeira página. Eu comecei meu trabalho nesta nova era.
Mas acredito que no tempo presente, das mídias sociais, muito mais responsabilidade e senso ético é necessário. Antes havia muito mais tempo para aprofundar as notícias e confirmá-las. Hoje tudo corre tão rápido que existe o risco de compartilhar notícias que você não teve tempo de verificar corretamente.
E sobre os papas Bento e Francisco?
Infelizmente, o papa Bento XVI foi vítima de muitos preconceitos criados pela mídia contra ele. Fazia-se manchetes apenas quando havia um problema, apenas de forma negativa. Declarações polêmicas sobre preservativos, ou após o incidente de Regensburg. E depois o escândalo de abuso sexual que explodiu durante o seu pontificado. Aqueles foram anos muito desagradáveis do meu ponto de vista.
Com Francisco, voltamos a um papa de primeira página, especialmente nos primeiros anos, a mídia sempre relata sobre ele de uma forma positiva. Mesmo assim, como você nota na entrevista, a lua de mel com a mídia parece estar acabando.
Sim, mesmo que ele pensasse que eu queria dizer que sua lua de mel com a mídiatinha acabado, e não o contrário, como era a minha pergunta real. De fato, ele disse que considera a mídia útil porque também o faz refletir, ou faz com que ele perceba que cometeu erros, como aconteceu por exemplo durante sua viagem ao Chile.
Você foi convidada para falar na cúpula dos abusos, no Vaticano, em fevereiro. Como você se preparou para essa importante tarefa?
Devo confessar que perdi um pouco de sono por causa disso. Eu sabia o que queria dizer, mas não é todo dia que você tem a chance de se dirigir ao papa e aos presidentes de todas as conferências episcopais! Eu me preparei completamente. Eu acho que minha intenção era falar como mãe. As vítimas de alguma forma se sentiram representadas, porque eu estava falando sobre focar nas vítimas. O que eu nunca tinha imaginado... eu estava realmente com medo da reação deles.
Também tentei explicar que a mídia não é inimiga da Igreja. Nós podemos ser aliados. Os inimigos são os abusadores.
Como palestrante e como jornalista, está satisfeita com os passos dados após a cúpula?
Os documentos são importantes, e as orientações são indispensáveis, mas acredito que, acima de tudo, precisamos de uma mudança de mentalidade. A mentalidade de manter tudo sob as cobertas deve ser superada. Há também uma necessidade de maior conscientização. Temos visto muitos bispos que no primeiro dia da cúpula declararam que não havia tais problemas em suas dioceses. Então eles perceberam que o problema está em todo lugar e pertence a todos. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
28 de junho-Sagrado Coração de Jesus- Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.
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"Faz um grande bem aos sacerdotes sentir que dentro de sua fraqueza humana há aqueles que os acompanham com a oração, com o reconhecimento pelo seu serviço e com o encorajamento para não desistirem nas provações e dificuldades", diz o card. Beniamo Stella na entrevista ao L'Osservatore Romano. Que este Dia, seja "uma ocasião de oração para que o Sagrado Coração de Jesus, fonte e refúgio de toda existência sacerdotal, acompanhe os passos dos sacerdotes com o poder da graça divina."
Nicola Gori – Cidade do Vaticano
Todos os anos, na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebra-se o Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, ligado à figura do padre Mario Venturini, que dedicou sua vida e apostolado à santificação do clero e fundou, em 1926, a Congregação Jesus Sacerdote. Sobre isto falou ao L’Osservatore Romano o cardeal Beniamino Stella, prefeito da Congregação para o Clero:
Eminência, para o Dia Mundial de Oração para a Santificação dos Sacerdotes, a Congregação para o Clero pensou em propor às Dioceses um tempo de reflexão sobre as homilias das Missas Crismais do Papa Francisco, recentemente publicadas. Qual é o significado dessa escolha?
O Dia Mundial da Santificação Sacerdotal representa uma importante ocasião para o aprofundamento, a oração, mas também para a partilha fraterna entre os sacerdotes. Este ano, durante a Santa Missa Crismal celebrada em São Pedro, em 18 de abril passado, o Papa Francisco quis presentear os sacerdotes com um livreto intitulado ‘La nostra fatica è preziosa per Gesù’, que reúne as sete homilias dirigidas aos sacerdotes durante as Missas Crismais celebradas desde o início do Pontificado. Trata-se de mensagens particularmente intensas, que o Santo Padre quis dirigir aos sacerdotes com afeto e ternura, como faz um pai com seus filhos e que se voltam aos trabalhos apostólicos dos sacerdotes, indicando a eles um horizonte espiritual e pastoral para a missão. Relendo-as hoje, pode-se perceber como deste magistério dedicado aos padres, emerge um verdadeiro perfil sacerdotal, que é possível ser encontrado já na homilia da primeira Missa Crismal presidida pelo Papa Francisco, em 28 de março de 2013: o sacerdote celebra carregando nos ombros o povo a ele confiado e levando seus nomes gravados em seu coração.
É uma bela imagem que retrata o padre como pastor do povo de Deus: o que é exigido dos sacerdotes hoje para viver de acordo com esse perfil?
O Papa Francisco insistiu muitas vezes no específico do chamado sacerdotal, que confere ao sacerdote o compromisso de ser um pastor à imagem de Cristo; em particular, nas homilias das Missas Crismais, acentuou que o pastor é ungido pelo Espírito para ungir, por sua vez, a vida daqueles que lhe foram confiados, com a alegria do Evangelho e a consolação do amor de Deus. Em sua recente homilia da Missa de Crisma deste ano, comentando o Evangelho de Lucas, o Papa Francisco destacou os quatro grupos para os quais era destinada, de modo preferencial, unção do Senhor, isto é, os pobres, os prisioneiros, os cegos e os oprimidos; assim como Jesus mostrava sua proximidade e assumia a situação deles - disse o Santo Padre - assim também nós "não devemos esquecer que os nossos modelos evangélicos são este «povo», esta multidão com estes rostos concretos, que a unção do Senhor levanta e vivifica. São aqueles que completam e tornam real a unção do Espírito em nós, que fomos ungidos para ungir." Trata-se de uma unção que requer a oferta da própria vida, isto é - retomando as palavras do Papa - "Ungimos, distribuindo-nos a nós mesmos, distribuindo a nossa vocação e o nosso coração". Neste sentido, com a sobriedade e a humildade de suas vidas, então - e tomo uma das intenções do Apostolado de Oração este mês - eles são chamados a comprometerem-se em uma ativa solidariedade para com os mais pobres, tornando-se assim um sinal vivo. da presença de Cristo, que oferece a vida por seu povo.
Quando um sacerdote vive assim, a bússola de seu coração aponta para esses dois amores: Deus e o povo. Ele não é apegado a si mesmo nem às coisas deste mundo, mas, pelo contrário, por meio da pobreza, da castidade e obediência, no fundo expressa essa liberdade interior que o faz ser para os outros, sem vincular nada ou ninguém a si mesmo. Fiquei tocado, a esse respeito, com a homilia que o Papa Francisco pronunciou no sábado, 15 de junho, nas exéquias do núncio na Argentina, Dom Léon Kalenga Badikebele. O Papa falou da "despedida do pastor", isto é, do saudável desapego, daquele "que está acostumado a não se apegar aos bens deste mundo, a não se apegar à mundanidade", daquele que se despede para confiar a outros a continuidade do caminho, "como se dissesse": "«Vigiai sobre vós mesmos e sobre todo o rebanho». Vigiai, lutai; sois adultos, deixo-vos sozinhos, ide em frente." Assim, a vida do sacerdote é um sopro de liberdade, no qual se entrega a Deus e a cada dia são dados passos de despedida antes do encontro final com o Senhor. Certamente, trata-se de uma missão nem sempre fácil, quer pela complexidade dos contextos sociais e culturais atuais, como pelo fato de exigir uma maturidade psico-afetiva estável, uma forte capacidade interior ao enfrentar as fadigas e as dificuldades, um traço relacional de serenidade e autenticidade e, naturalmente, uma sólida espiritualidade arraigada no relacionamento pessoal com Jesus e sua palavra.
Esta base humana e espiritual inicial também é recomendada na "Ratio fundamentalis" e pertence sobretudo à fase inicial da formação. Depois, ao longo do caminho, surgem às vezes numerosas dificuldades. Quais são os obstáculos mais importantes para o padre hoje?
Eu diria, antes de tudo, que precisamente pensando nas contrariedades e impedimentos que surgem no caminho da vida sacerdotal, o dicastério quis propor as homilias das Missas Crismais, que se caracterizam como mensagens pertencentes à realidade e àquilo que os sacerdotes experimentam no ministério e no mais profundo de seus corações. A esse propósito, me permitiria dizer: lemos e meditamos sobre o que o Papa diz e escreve e não aquilo que a mídia às vezes deixa transparecer, muitas vezes destacando aspectos secundários ou extraindo do contexto alguma frase que pode servir para criar algum efeito de scoop. Se nos aproximarmos com um ouvido atento às palavras do Papa, perceberemos uma intensa e sofrida atenção do pastor em relação aos trabalhos dos sacerdotes e o amor com que ele deseja acompanhá-los. Por exemplo, para o cansaço do padre, o Papa Francisco dedicou palavras verdadeiramente preciosas, que restauram os corações dos sacerdotes os quais encontram, sobretudo hoje, dificuldades de vários tipos. De fato, eles vivem o cansaço pelas atividades apostólicas, mas também aquele que o Santo Padre definiu como "o cansaço da esperança", que pesa o coração e o faz se tornar – para usar uma imagem bíblica - como uma cisterna rachada. Os obstáculos são tantos; em certos contextos, o avanço do secularismo torna irrelevantes a fé e a pregação do Evangelho; em outros, as comunidades cristãs sofrem a violência da perseguição; as transformações sociais e culturais dos últimos anos redimensionaram o peso, por assim dizer, social da Igreja e, se isso a priva da pretensão da hegemonia e a restitui à simplicidade do Evangelho, é igualmente verdade que torna mais difícil sua missão e requer contínuas atualizações de pensamento, de linguagens, e de presença no mundo. A estes âmbitos, digamos em sua maioria sociológicos, somam-se aqueles da vida pessoal e espiritual do sacerdote: as crises que ele atravessa nas mudanças de idade, as incompreensões, os desânimo, às vezes as dificuldades do relacionamento com o bispo e com os confrades, a aridez na vida de oração. Trata-se de aspectos que podem enfraquecer o vigor do caminho, sobre os quais vale se deter juntos, fazendo-os se tornarem não apenas temas de discussão, mas também espaços de partilha dentro dos presbitérios diocesanos.
Com relação aos esforços dos sacerdotes, o Papa Francisco, falando recentemente na assembleia de bispos italianos, disse que "os padres se sentem constantemente sob ataque midiático" ou "são condenados por causa de alguns erros e crimes de alguns de seus colegas"...
Naturalmente, a constelação de fatos que se referem às misérias de alguns padres, retomadas e às vezes enfatizadas pela mídia, só pode criar confusão nos fiéis e na opinião pública. Todavia, o risco é que hoje seja absolutizado o dado negativo e rapidamente generalizado, associando a figura e a própria palavra "padre" a um perfil ambíguo ou até mesmo obscuro. Na realidade, porém, na Igreja, a grande maioria dos sacerdotes trabalha oferecendo generosamente a própria vida, empregando as melhores energias para o anúncio do Evangelho e para o cuidado do povo de Deus, e gastando-se ao lado de pessoas em dificuldades, aos jovens e aos idosos, os doentes, os pobres. Fiquei muito tocado com a mensagem em vídeo que o Papa Francisco quis fazer há alguns dias, para lançar uma oração - neste mês de junho - pelos sacerdotes, afirmando: «Muitos se arriscam até o fim, oferecendo-se com humildade e alegria. São sacerdotes próximos, dispostos a trabalhar duro por todos. Demos graças pelo seu exemplo e seu testemunho». São padres que trabalham diariamente no silêncio, às vezes na incompreensão ou chamados a enfrentar a solidão e com a aparente infrutuosidade de seu ministério. Como recomendou o Papa Francisco, estes sacerdotes tem necessidade de proximidade, de escuta, de acompanhamento, antes de tudo por parte do bispo, mas – gostaria de dizer - no geral por parte de seu próprio presbitério, das comunidades cristãs e das famílias.
Como a comunidade cristã pode acompanhar e apoiar o caminho dos sacerdotes?
Há tantas sugestões e diversos conselhos e caminhos a serem seguidos para enfrentar os erros e os escândalos; todavia, gostaria de dizer que o primeiro antídoto deveria ser aquele de fazer com que nossos padres se sentissem amados, de viver com afeto e discrição as suas solidões, de não julgá-los de forma implacável, de não fazer com que se sintam sob pressão, exigindo que sejam quase como "máquinas" distribuidoras serviços sagrados e, sobretudo, querer a eles com um bem sincero. A eles devemos mostrar gratidão e apoio, e a primeira maneira de fazer isso, provavelmente, é amá-los com simplicidade e ternura. A este respeito, justamente nestes dias, inaugurando uma importante estrutura terapêutica no Hospital Francesco Miulli de Acquaviva delle Fonti, na Puglia, na presença de autoridades e de uma bela comunidade de leigos representativos, quis recordar - como faço muitas vezes - da importância do amor pelos sacerdotes, do apoio espiritual e moral em seu ministério e da necessidade de entender suas fragilidades e de perdoá-los por aqueles momentos de escuridão e desânimo. Posso assegurar que faz tão bem aos sacerdotes ouvir, por exemplo, uma palavra de louvor pelas suas homilias ou pelo bom êxito de alguma celebração em particular, como as Primeiras Comunhões, ou ainda, pelo sucesso que precisamente nesta época de verão pode ter a atividade com os jovens, como o Grest. Faz um grande bem aos sacerdotes sentir que dentro de sua fraqueza humana há aqueles que os acompanham com a oração, com o reconhecimento pelo seu serviço e com o encorajamento para não desistirem nas provações e dificuldades. Que este Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, seja portanto uma ocasião de oração para que o Sagrado Coração de Jesus, fonte e refúgio de toda existência sacerdotal, acompanhe os passos dos sacerdotes com o poder da graça divina. (L'Osservatore Romano). Fonte: www.vaticannews.va
Bento XVI: o Papa é um só, Francisco
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Bento XVI: o Papa é um só, Francisco
O Papa emérito recorda, em uma entrevista, que a história da Igreja sempre foi marcada por lutas internas e cismas: mas a unidade deve sempre prevalecer
Cidade do Vaticano
“A unidade da Igreja está sempre em perigo, há séculos. Foi assim em toda a sua história. Guerras, conflitos internos, ameaças de cismas. Mas sempre prevaleceu a consciência de que a Igreja é e deve ficar unida. A sua unidade sempre foi mais forte do que as lutas e as guerras internas”. Esta é a certeza de Bento XVI que recorda a todos: “O Papa é um só, Francisco”.
A sua preocupação pela unidade da Igreja é ainda mais forte nos tempos atuais, nos quais os cristãos mostram-se muitas vezes divididos em público e confrontam-se também em exaltadas discussões, muitas vezes usando de modo absolutamente impróprio o nome de Ratzinger. As palavras de Bento foram concedidas ao jornal Corriere della Sera, que anuncia a próxima publicação de um diálogo com o Papa emérito.
Unidade nas diversidades
São palavras que recordam o grande compromisso em reforçar a comunhão eclesial que caracterizou todo o pontificado de Bento XVI, até o último dia do seu ministério petrino: “Permaneçamos unidos, queridos Irmãos – disse no seu último discurso aos cardeais em 28 de fevereiro de 2013 – “nesta unidade profunda”, onde as diversidades – expressão da Igreja universal – concorram sempre para a harmonia superior e concorde” e assim servimos a Igreja e a humanidade inteira”. E prometeu a sua oração para a eleição do seu sucessor: “Que o Senhor vos mostre o que Ele quer. E entre vós, entre o Colégio Cardinalício, está também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha reverência e obediência incondicionadas”. Fonte: www.vaticannews.va
A tristeza do Papa pelo pai e a filha que morreram no Rio Grande
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A foto acima foi feia por uma jornalista na fronteira entre México e Estados Unidos. Mostra os corpos de um pai e sua filha que procuravam abrigo nos Estados Unidos e, em vez disso, morreram no Rio Grande. Ali, nas margens do rio, em 2016, o Papa Francisco gritou: “Nunca mais morte e exploração!”
Benedetta Capelli/Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano
Tristeza imensa e dor profunda. Assim disse o Papa Francisco, segundo o diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, depois de ver a imagem do pai e sua filha mortos afogados no Rio Grande, enquanto tentavam atravessar a fronteira entre México e Estados Unidos.
Gisotti explicou aos jornalistas que “o Papa está profundamente entristecido com a morte deles, reza por eles e por todos os migrantes que perderam suas vidas tentando fugir da guerra e da pobreza”.
Angie Valeria como Aylan
A calça de Angie Valeria são da mesma cor da camisa de Aylan. Não é só o vermelho que liga essas pequenas vidas ceifadas. Por trás deles está o desejo dos pais de oferecer um futuro diferente, há um drama da imigração que perdura há anos e que o Papa Francisco não para de denunciar, buscando sempre acender uma luz sobre as fadigas e o desespero de homens e mulheres que fogem em busca de uma vida melhor. Em 2 de setembro de 2015, a imagem de Aylan Kurdi, menino morto afogado que foi encontrado na praia turca de Bodrum, causou emoção e indignação. Hoje, os mesmos sentimentos são para Angie Valeria, de 2 anos, que morreu com o seu pai, Oscar.
Em fuga de El Salvador
Oscar Alberto Martínez, segundo a reconstrução da jornalista Julia Le Duc que tirou a foto publicada no jornal mexicano “La Jornada”, aguardava asilo há dois anos. Tinha feito o pedido às autoridades estadunidenses.
No domingo, ele partiu junto com a menina e sua esposa Tania Vanessa Ávalos. Queria atravessar o rio e entrar em Brownsville, no Texas. Oscar e Angie Valeria conseguem chegar à margem, mas Vanessa fica para trás. Então, ele volta para pegá-la depois de deixar a menina do outro lado do Rio, mas a criança se jogou na água para seguir seu pai. A correnteza os envolveu, levando embora seus sonhos, esperanças e planos futuros diante dos olhos de uma mãe que, do outro lado, viu tudo e permaneceu com o coração despedaçado.
Uma viagem muito arriscada
Os corpos serão repatriados nos próximos dias, enquanto o Ministério das Relações Exteriores de El Salvador convidou a não se arriscar numa viagem tão difícil. Outras 4 pessoas foram encontradas mortas perto do Rio Grande. Trata-se de uma mulher jovem, duas crianças e um recém-nascido. As autoridades afirmam que as vítimas provavelmente morreram de desidratação e exposição ao calor excessivo.
Uma crise formada de rostos, histórias, nomes e famílias
Em fevereiro de 2016, o Papa Francisco celebrou uma missa em Ciudad Juarez, na fronteira entre México e Estados Unidos, com os fiéis de ambos os lados do muro que os divide.
Naquela dia, o Pontífice, em sua homilia, lembrou que não se pode negar “a crise humanitária que nos últimos anos significou a migração de milhares de pessoas, seja de trem, de carro ou mesmo a pé, atravessando centenas de quilômetros por montanhas, desertos e estradas rudes”.
“Essa tragédia humana que a migração forçada representa é um fenômeno global nos dias de hoje. Essa crise, que pode ser medida em números, queremos que seja medida com nomes, histórias e famílias. São irmãos e irmãs que partem, movidos pela pobreza e violência, pelo narcotráfico e pelo crime organizado.”
Francisco pediu para rezar a fim de pedir a Deus “o dom da conversão, o dom das lágrimas”. “Nunca mais morte e exploração! Há sempre tempo para mudar, há sempre uma saída e há sempre uma oportunidade, há sempre tempo para implorar a misericórdia do Pai”, concluiu. Fonte: www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA 26. Audiência Geral do Papa: “Não há lugar para o egoísmo na alma do cristão”.
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A primeira comunidade cristã foi o tema da catequese do Pontífice. O Papa Francisco fará uma pausa nas Audiências Gerais no mês de julho. O próximo encontro está marcado para 7 de agosto.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco se reuniu com cerca de 15 mil fiéis e peregrinos na Praça São Pedro para a Audiência Geral desta quarta-feira (26/06) – a última antes da pausa de verão. De fato, o Pontífice retomará seu encontro semanal no dia 7 de agosto.
Sob um forte sol - os doentes foram acomodados na Sala Paulo VI-, o Papa deu continuidade ao seu ciclo sobre os Atos dos Apóstolos e hoje comentou a vida da primeira comunidade cristã de Jerusalém.
O extraordinário se faz ordinário
Esta primeira comunidade nasceu no dia de Pentecostes com a efusão do Espírito Santo e é considerada o paradigma de toda a comunidade. Cerca de três mil pessoas ingressaram naquela fraternidade, que é o “habitat” dos fiéis e o fermento eclesial da obra de evangelização. “O extraordinário se faz ordinário e a cotidianidade se torna o espaço da manifestação de Cristo vivo”, explicou o Papa.
A narração de Lucas permite observar dentro dos muros da “domus” onde os primeiros cristãos se recolhem como família de Deus, espaço da “koinonia”, isto é, da comunhão de amor entre irmãos e irmãs em Cristo.
Eles vivem de uma maneira bem clara: “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e nas orações” (2, 42).
Eis os traços do bom cristão: ouvir assiduamente o ensinamento apostólico, praticar uma alta qualidade de relações interpessoais, fazer memória do Senhor através da Eucaristia e dialogar com Deus na oração.
Divisões não têm vez
Diferentemente da sociedade humana, onde se tende a fazer os próprios interesses, inclusive em detrimento dos outros, a comunidade dos fiéis baniu o individualismo para favorecer a compartilha e a solidariedade. Autorreferencialidade, antagonismos e divisões não têm vez.
“Não há lugar para o egoísmo na alma do cristão. Se o seu coração é egoísta, você não é cristão. Você é um mundano que pensa no próprio lucro. A proximidade e a unidade são o estilo dos redimidos. ”
Francisco recordou a importância de se colocar no lugar do outro, de se preocupar, não para fofocar, mas para ajudar, dar esmola, visitar os doentes e quem necessita de consolação.
E nessa estrada de comunhão e partilha com os necessitados, os primeiros cristãos eram capazes de seguir uma autêntica vida litúrgica.
O Papa então concluiu: “Peçamos ao Espírito Santo para que faça de nossas comunidades locais nas quais acolher e praticar a vida nova, as obras de solidariedade e de comunhão, locais em que as liturgias sejam encontro com Deus, que se torna comunhão com os irmãos e irmãs, locais que sejam portas abertas sobre a Jerusalém celeste.” Fonte: /www.vaticannews.va
CORPUS CHRISTI EM ROMA: Homilia integral do Papa Francisco
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Casal Bertone, Santa Maria Consoladora - Roma, 23 de junho de 2019
HOMILIA DO SANTO PADRE
Eucaristia na Solenidade do SS.mo Corpo e Sangue de Cristo
(Casale Bertone (Santa Maria Consolatrice) - Roma, 23 de junho de 2019)
Hoje, a Palavra de Deus ajuda-nos a descobrir dois verbos simples e essenciais para a vida de cada dia: dizer e dar.
Dizer. Na primeira leitura, Melquisedec diz: «Abençoado seja Abrão pelo Deus Altíssimo, e bendito seja o Deus Altíssimo» (Gn 14, 19-20). O dizer de Melquisedec é bendizer. Abençoa Abrão, em quem serão abençoadas todas as famílias da terra (Gn 12, 3; Gal 3, 8). Tudo parte da bênção: as palavras de bem geram uma história de bem. O mesmo acontece no Evangelho: antes de multiplicar os pães, Jesus abençoa-os: «tomou os cinco pães, ergueu os olhos ao Céu, pronunciou sobre eles a bênção, partiu-os e foi-os dando aos discípulos» (Lc 9, 16). De cinco pães, a bênção faz alimento para uma multidão: faz brotar uma cascata de bem.
Por que faz bem abençoar? Porque é transformar a palavra em dom. Quando se abençoa, não se está a fazer uma coisa para si mesmo, mas para os outros. Abençoar não é dizer palavras bonitas, nem usar palavras de circunstância; mas é dizer bem, dizer com amor. Assim fez Melquisedec: espontaneamente diz bem de Abrão, sem que este tenha dito ou feito algo por ele. Assim fez Jesus, mostrando o significado da bênção com a distribuição gratuita dos pães. Quantas vezes fomos abençoados, também nós, na igreja ou nas nossas casas! Quantas vezes recebemos palavras que nos fizeram bem, ou um sinal da cruz na fronte! Fomos abençoados no dia do Batismo e, no final de cada Missa, somos abençoados. A Eucaristia é uma escola de bênção. Deus diz bem de nós, seus filhos amados, encorajando-nos assim a continuar. E nós bendizemos a Deus nas nossas assembleias (cf. Sal 68, 27), reencontrando o gosto do louvor, que liberta e cura o coração. Vimos à Missa com a certeza de ser abençoados pelo Senhor, e saímos para, por nossa vez, abençoarmos, para sermos canais de bem no mundo.
É importante que nós, Pastores, nos lembremos de abençoar o povo de Deus. Queridos sacerdotes, não tenhais medo de abençoar! O Senhor quer dizer bem do seu povo; fica feliz em fazer-nos sentir o seu carinho por nós. E só depois de abençoados é que podemos abençoar os outros com a mesma unção de amor. Entretanto, é triste ver hoje quão facilmente se amaldiçoa, despreza, insulta. Assaltados por demasiado frenesi, não nos contemos, desafogando a raiva sobre tudo e todos. Muitas vezes, infelizmente, é quem grita mais e mais forte, é quem está mais irritado que parece ter razão e obter consensos. Não nos deixemos contagiar pela arrogância, não nos deixemos invadir pela amargura, nós que comemos o Pão que em si contém toda a doçura. O povo de Deus ama o louvor, não vive de lamentações; está feito para a bênção, não para a lamentação. Diante da Eucaristia, de Jesus que Se fez Pão, deste Pão humilde que contém a totalidade da Igreja, aprendamos a bendizer o que temos, a louvar a Deus, a abençoar e não a amaldiçoar o nosso passado, a dar boas palavras aos outros.
O segundo verbo é dar. Ao «dizer», segue-se o «dar», como no caso de Abrão que, abençoado por Melquisedec, «deu-lhe o dízimo de tudo» (Gn 14, 20); como no caso de Jesus que, depois de pronunciar a bênção, dava o pão para ser distribuído, desvendando assim o seu significado mais belo: o pão não é apenas produto de consumo, mas recurso de partilha. De facto, na narração da multiplicação dos pães, surpreendentemente nunca se fala de multiplicar. Na verdade, os verbos usados são «partir, dar, distribuir» (cf. Lc 9, 16). Em suma, não se destaca a multiplicação, mas a partilha. É importante: Jesus não realiza uma magia, não transforma os cinco pães em cinco mil, para depois dizer: «Agora distribuí-os». Não. Jesus reza, abençoa aqueles cinco pães e começa a parti-los, confiando no Pai. E não se esgotam mais aqueles cinco pães… Isto não é magia, mas confiança em Deus e na sua providência.
No mundo, procura-se sempre aumentar os lucros, aumentar o volume de negócios... Sim, mas com que finalidade? É o dar ou o ter? O partilhar ou o acumular? A «economia» do Evangelho multiplica partilhando, alimenta distribuindo; não satisfaz a voracidade de poucos, mas dá vida ao mundo (cf. Jo 6, 33). O verbo de Jesus não é ter, mas dar.
E a solicitação que Ele faz aos discípulos é categórica: «Dai-lhes vós de comer» (Lc 9,13). Tentemos imaginar os raciocínios que terão feito os discípulos: «Não temos pão para nós, e devemos pensar nos outros? Por que devemos dar-lhes de comer, se eles vieram para escutar o nosso Mestre? Se não trouxeram comida, voltem para casa, ou então deem-nos dinheiro e nós compraremos». Não é que sejam errados estes raciocínios, mas não são os de Jesus, que não ouve razões: dai-lhes vós mesmos de comer. Aquilo que temos só produz fruto se o dermos (isto é o que nos quer dizer Jesus!); e não importa se é pouco ou muito. O Senhor faz grandes coisas com o nosso pouquinho, como no caso dos cinco pães. Ele não realiza prodígios com ações espetaculares, mas com coisas humildes, partindo com as mãos, dando, distribuindo, partilhando. A omnipotência de Deus é humilde, feita apenas de amor; e o amor faz grandes coisas com as coisas pequenas. Assim no-lo ensina a Eucaristia: n’Ela, está Deus encerrado num bocado de pão. Simples e essencial, pão partido e partilhado, a Eucaristia que recebemos transmite-nos a mentalidade de Deus. E leva a darmo-nos, a nós mesmos, aos outros. É antídoto contra afirmações como «lamento, mas não me diz respeito», «não tenho tempo, não posso, não é da minha conta».
Na nossa cidade faminta de amor e solicitude, que sofre de degradação e abandono, perante tantos idosos sozinhos, famílias em dificuldade, jovens que dificilmente conseguem ganhar o pão e alimentar os seus sonhos, o Senhor diz-te: «Dá-lhes tu de comer». E tu podes retorquir: «Tenho pouco, não sou capaz». Não é verdade! O teu pouco é tanto aos olhos de Jesus, se não o guardares para ti mas o colocares em jogo. E não estás sozinho: tens a Eucaristia, o Pão do caminho, o Pão de Jesus. Também nesta tarde, seremos alimentados pelo seu Corpo entregue. Se o recebermos com o coração, este Pão irradiará em nós a força do amor: sentir-nos-emos abençoados e amados, e teremos vontade de abençoar e amar, a começar daqui, da nossa cidade, das estradas que vamos percorrer nesta tarde. O Senhor passa pelas nossas estradas para dizer-bem de nós e para nos dar coragem. A nós, pede-nos também para sermos bênção e dom. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: "Primeiro trabalho de um bispo é rezar"
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Refletindo sobre a responsabilidade eclesial a que é chamado um bispo, o Papa disse que o Episcopado "é o nome de um serviço, não de uma honra, porque ao bispo compete mais servir do que dominar".
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
O Papa presidiu sábado (22/06) à tarde, na Basílica Vaticana, a Missa de consagração episcopal de Dom Alberto Ricardo Lorenzelli Rossi, nomeado no último dia 22 de maio Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Santiago do Chile.
Francisco pronunciou a homilia ritual, com alguns acréscimos espontâneos. Em particular, refletindo sobre a responsabilidade eclesial a que é chamado um bispo, o Papa disse que o Episcopado "é o nome de um serviço, não de uma honra, porque ao bispo compete mais servir do que dominar".
“ O bispo é um servidor, pastor, pai, irmão, jamais um mercenário ”
Em seguida, convidou Dom Lorenzelli a "não esquecer que o primeiro trabalho do bispo é a oração: assim disse São Pedro no dia em que criou os diáconos: "A nós a oração e o anúncio da Palavra".
Disponibilidade
Outra recomendação é a proximidade ao povo de Deus, as pessoas para quem foi eleito: “Que quando te procurem, te encontrem logo, diretamente e sem burocracias. Seja próximo também dos pobres e indefesos”.
Quem é o novo bispo
O salesiano Lorenzelli nasceu na Argentina em uma família de imigrantes italianos e vive na Itália há mais de 40 anos. Até a nomeação era o diretor da Comunidade Salesiana no Vaticano e Capelão da Direção dos Serviços de Segurança e Defesa Civil do Estado da Cidade do Vaticano. Fonte: /www.vaticannews.va
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