Papa: a Unção dos Enfermos não é só para quem está "prestes a morrer"
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Francisco, no vídeo de intenção de oração para julho, pede que rezemos "para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e aos que lhes são mais próximos a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança". O Papa ainda insiste que "não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer", explicando que é "um dos 'sacramentos da cura', que cura o espírito".
Andressa Collet - Vatican News
“Este mês tenhamos na nossa oração o cuidado pastoral dos enfermos.”
Assim inicia Francisco a mensagem em vídeo de julho com a intenção de oração que o Pontífice confia à Igreja Católica através da Rede Mundial de Oração do Papa. O Pontífice se detém a explicar mais precisamente sobre a Unção dos Enfermos, um sacramento administrado pelo sacerdote que proporciona consolo aos que sofrem alguma doença e aos seus mais próximos. Os sacramentos da Igreja são dons, são as formas de Jesus se fazer presente para abençoar, animar e acompanhar. O Papa faz um alerta:
"A Unção dos Enfermos não é um sacramento apenas para aqueles que estão prestes a morrer. Não. É importante deixar isto claro. Quando o sacerdote se aproxima de uma pessoa para lhe dar a Unção dos Enfermos, não está necessariamente a ajudá-la a despedir-se da vida. Pensar assim é desistir de toda a esperança. É dar por adquirido que depois do padre vem o coveiro."
Um sacramento com dimensão comunitária
O convite do Papa Francisco à oração de toda a Igreja é uma forma de tornar visível que a Unção dos Enfermos é um sacramento de natureza comunitária e relacional. Em Audiência Geral de fevereiro de 2014, dedicada à Unção dos Enfermos, o Pontífice recordou que "no momento da dor e da doença não estamos sós: o sacerdote e quantos estão presentes durante a Unção dos Enfermos representam toda a comunidade cristã que, como um único corpo se estreita em volta de quem sofre e dos familiares, alimentando neles a fé e a esperança, e apoiando-os com a oração e com o calor fraterno".
A proximidade de Jesus
Esse sacramento assegura a proximidade de Jesus à dor de quem está doente ou já idoso, o alívio do sofrimento e o perdão dos seus pecados, mas não é sinônimo de uma morte iminente. A Unção dos Enfermos é, frequentemente, um sacramento esquecido ou menos reconhecido, continuou o Papa. No entanto, "é o próprio Jesus que chega para aliviar o doente, para lhe dar força, para lhe dar esperança, para o ajudar; também para lhe perdoar os pecados". E, no vídeo para o mês de julho, Francisco acrescenta:
"Lembremos que a Unção dos Enfermos é um dos 'sacramentos da cura', da 'cura', que cura o espírito. E quando uma pessoa está muito doente, é aconselhável dar-lhe a Unção dos Enfermos. E quando uma pessoa já é idosa, é apropriado que receba a Unção dos Enfermos."
As imagens que acompanham as palavras de Francisco no vídeo – gravadas por profissionais da Arquidiocese de Los Angeles em duas dioceses dos Estados Unidos: Allentown (Pensilvânia) e Los Angeles (Califórnia) – põem em destaque precisamente os diferentes contextos em que o sacramento pode ser administrado. São retratadas duas histórias aparentemente diferentes em idade e situação clínica, mas unidas pela graça da Unção dos Enfermos e pelo grande afeto daqueles que se reúnem em volta de quem recebe o sacramento.
“Rezemos para que o sacramento da Unção dos Enfermos dê às pessoas que o recebem e aos que lhes são mais próximos a força do Senhor e se torne cada vez mais para todos um sinal visível de compaixão e esperança.”
A Unção dos Enfermos à luz dos Evangelhos
O Padre Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, salienta que, embora já haja muitas pessoas que redescobriram a profundidade da Unção dos Enfermos, esse sacramento ainda é visto, frequentemente, como uma forma de preparar os doentes para a morte: "é isso que o Papa Francisco diz, quando recorda que, quando alguém está gravemente doente, queremos sempre adiar o sacramento da Unção dos Enfermos, pois persiste a ideia de que o coveiro chega depois do sacerdote (Audiência Geral de 26 de fevereiro de 2014). Por isso, o Pontífice deseja que este mês possamos redescobrir toda a profundidade e o verdadeiro sentido deste sacramento, não apenas como preparação para a morte, mas como um sacramento que consola os doentes em alturas de enfermidade grave, bem como os que lhe são queridos, e dá força a quem os cuida".
"A pessoa doente não está sozinha", conclui então o Pe. Fornso: "com os sacerdotes e as pessoas presentes, é toda a comunidade cristã que a apoia com as suas orações, alimentando a fé e a esperança, e assegurando-lhe, bem como à família, que não estão sós no sofrimento. Todos conhecemos pessoas doentes, rezamos por elas e, se entendemos que padecem de uma doença grave, bem como os idosos cujas forças declinam, não tenhamos dúvidas em propor-lhes que vivam esse sacramento de consolação e esperança". Fonte: https://www.vaticannews.va
Rebelião há 200 anos no Nordeste impulsionou debate sobre República e fez oposição a dom Pedro
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Confederação do Equador, deflagrada a partir de Pernambuco, foi sufocada pelo imperador
Ilustração da morte de Frei Caneca
RECIFE
O autoritarismo do Império brasileiro levou um grupo de revoltosos a proclamar uma República em 2 de julho de 1824, durante o reinado de dom Pedro 1º, em uma parte do Brasil. O episódio foi a Confederação do Equador, que questionava os superpoderes e intervenções do imperador. A República proclamada envolvia as províncias de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
O nome Confederação do Equador se deu por causa da proximidade das províncias com a Linha do Equador. O movimento aconteceu sete anos depois da Revolução Pernambucana de 1817, na qual foi inspirado, segundo historiadores, e dois anos depois da Independência do Brasil.
A declaração de Independência trouxe autonomia para o Brasil, mas não deixou a monarquia para trás. Por isso, a Confederação do Equador trouxe a ideia de República, que se efetivou apenas 75 anos depois, mas que já havia sido implantada em partes da América do Sul.
"Falar de República naquele momento era quase que uma blasfêmia, era quase que atentar os desígnios divinos, porque a ideia de monarquia de antigo regime, monarquia de direitos divinos, ainda estava muito viva", afirma o professor de história George Cabral, da Universidade Federal de Pernambuco.
Em 1824, dom Pedro desfez a Assembleia Constituinte que estava em andamento, composta por deputados eleitos nas províncias, e promulgou uma nova Constituição do Brasil que incluía um Poder Moderador chefiado por ele.
Naquela época, o imperador não falava em mudar a escravidão e tinha mantido a concentração de terras com os ricos.
A dissolução da Constituinte foi um dos motivos para a explosão da tensão em Pernambuco.
Os líderes da Confederação do Equador também questionaram a troca, em 1823, do presidente da província local, uma espécie de governador. Manoel de Carvalho Paes de Andrade foi eleito pelo voto popular —predominantemente homens ricos votavam—, mas foi retirado do cargo pelo imperador, que colocou na função o antigo incumbente, Francisco Paes Barreto.
A medida foi com base em uma lei de 1823 que determinou a indicação dos presidentes de províncias pelo imperador, em vez de serem escolhidos pelas próprias províncias.
Os ideias liberais eram o norte dos revoltosos, liderados por nomes como Paes de Andrade —articulador político—, Frei Caneca —tido como a voz intelectual do movimento— e Cipriano Barata, um médico baiano que foi morar em Pernambuco após retornar de um período em Portugal. Ele não voltou para a Bahia em razão das tensões políticas no estado, que só aderiu à Independência do país um ano depois. Já Frei Caneca era filho de um homem que fabricava canecas e serviu à Igreja Católica no Convento do Carmo, no Recife.
Os objetivos da Confederação do Equador eram garantir uma ordem constitucional, de preferência com o regime republicano federativo, ou seja, com as autonomias das províncias. Assim, o movimento pretendia se diferenciar do imperador, que era centralizador e tinha amplos poderes com a instituição do Poder Moderador, uma espécie de árbitro das divergências entre poderes.
Outra intenção era instituir o federalismo no país, a fim de garantir maiores autonomias às províncias. "Isso era um problema, porque o imperador não se sentia bem com essa história das províncias estarem com muita independência. Não é uma independência [no modelo] separação, é uma independência no tipo de um autogoverno. Porque o que ele queria na realidade era um governo dele, unitário", diz Flávio Cabral, professor de história da Universidade Católica de Pernambuco e especializado na Confederação do Equador.
"Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte estariam unidos, mas formando um todo. Porém, num Estado não centralizado, como foi aquele que ficou visível após a Independência, e sim num Estado descentralizado", acrescenta Cabral.
Uma discussão central na Confederação do Equador também era o fim da escravidão. Entre os participantes, havia muitos homens negros livres e muitos mestiços livres.
"E a Confederação do Equador foi até um passo adiante, se a gente comparar com a Revolução de 1817. Porque um dos principais, um dos primeiros atos do governo, foi a proibição do tráfico negreiro. Então, a gente pode dizer que a Confederação até avançou em relação à Revolução Pernambucana nesse sentido", diz George.
As elites pernambucanas aderiram ao Império para preservar seus lucros e mão de obra advinda da escravidão.
A Confederação do Equador tem muitas semelhanças com a Revolução Pernambucana de 1817, movimento separatista e republicano ainda no período colonial. Diversos participantes da mobilização de 1824 tinham participado dos atos de sete anos antes.
Alguns participantes de 1817 foram presos, como Frei Caneca, que ficou quatro anos detido e foi solto apenas após a Revolução Liberal do Porto de 1820, quando dom João 6º decretou a soltura de todos os presos políticos, o que contemplou o futuro líder da Confederação do Equador.
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará eram ligados a Pernambuco social e economicamente, com a produção açucareira e do algodão. Por isso, tinham confluências com o estado mentor do movimento, além de ligações religiosas, com o mesmo bispado na Igreja Católica.
A repressão foi forte. Dom Pedro determinou o fechamento do Porto do Recife, sufocando o abastecimento da província ainda em abril de 1824, antes da eclosão da Confederação do Equador. O fechamento continuou durante todo o movimento, que acabou em novembro.
Como punição, Pedro 1º determinou a retirada da Comarca de São Francisco, atualmente no oeste da Bahia, do território pernambucano. Sete anos antes, o território de Pernambuco já tinha sido reduzido com a retirada de Alagoas, após a Revolução Pernambucana de 1817.
No campo militar, Pernambuco não tinha preparo para enfrentar a tropa do Império. As tropas imperiais ficaram na divisa com Alagoas, impedindo a comunicação com outras localidades. Depois, a tomada do Recife se deu por mar e por terra.
Acuado pelas tropas, Frei Caneca foi rumo ao Ceará, na esperança de organizar e encontrar uma resistência, o que não aconteceu. Foi preso e condenado à morte. Os aliados do Império se recusaram a enforcá-lo. A morte foi por fuzilamento. Já Cipriano foi preso em 1825.
A difusão de informações do movimento era feita nos jornais Thyphis Pernambucano, de Frei Caneca, e Sentinela pela Liberdade, de Cipriano Barata. Como parte expressiva da população não sabia ler, Frei Caneca, por exemplo, costumava ler as publicações em praça pública para disseminar as suas ideias.
"Os jornais eram comprados por quem tinha dinheiro. A partir do momento que eles ouviam as discussões, as pessoas, mulheres, pobres ou ricas, escravizados de ambos os sexos, estavam nas esquinas comentando daquilo que está se passando no Rio de Janeiro e em outras partes do mundo", diz Flávio Cabral.
A constituição de um país republicano a partir de Pernambuco não deu certo, mas a Confederação do Equador ajudou a disseminar os ideais de República e liberdade. Duzentos anos depois, os debates sobre superposição dos poderes e sobre autoritarismos ainda estão em vigor no Brasil.
Em Pernambuco, o governo estadual prepara uma série de atividades, a partir da terça-feira (2), para celebrar o bicentenário da Confederação do Equador, incluindo o lançamento de livros especiais e acervos de publicações do período da eclosão do movimento. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Igreja Universal volta a investir alto em horários na TV e vai gastar R$ 1 bilhão em 2024
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Edir Macedo retoma parceria com Rede 21, aumenta tempo na TV Gazeta e reajusta valores com Record e RedeTV!
Bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Record - Folhapress
ARACAJU
Desde 2019 diminuindo cifras em televisão aberta, a Igreja Universal do Reino de Deus decidiu seguir caminho contrário em 2024 e voltou a investir pesado na TV. A maior congregação pentecostal do Brasil vai voltar a gastar um valor acima de R$ 1 bilhão por locações de horários.
O grosso deste investimento, claro, é na Record, emissora que tem Edir Macedo como dono. Somente com a venda das madrugadas para telecultos e programas especiais, a IURD tem a previsão de desembolsar R$ 910 milhões até dezembro, segundo o F5 apurou.
O valor pode ser ainda maior porque ele não contabiliza a produção de novelas bíblicas. Desde 2022, para diminuir custos próprios da Record, a Igreja Universal produz atrações como "Reis" e a recém-estreada "A Rainha da Pérsia", exibidas em horário nobre.
O que fez o valor se elevar para 2024 foi a retomada de uma parceria que estava suspensa desde dezembro de 2022. A Igreja Universal voltou a ocupar 22 horas da programação da Rede 21, canal do Grupo Bandeirantes de Comunicação, dono da Band.
O retorno aconteceu após um acordo oriundo de uma disputa judicial que se arrastava há dois anos. A estimativa de gastos até o fim do ano da Igreja Universal com esse contrato é de R$ 300 milhões anuais.
Para retomar com a Rede 21, a Band se comprometeu a fazer investimento em melhorias de transmissão de sinal para todo o Brasil para crescer sua cobertura nacional para até 70% do território brasileiro. Essa era a principal queixa da IURD quando rescindiu com o acordo antigo.
Outros dois contratos também tiveram reajustes e puxaram para cima os gastos da Igreja Universal. A TV Gazeta de São Paulo aumentou sua faixa de vendas para a IURD desde o ano passado, e com o reajuste previsto em contrato, vai receber em 2024 cerca de R$ 300 milhões. Ao todo, a IURD ocupa 13 horas da programação da Gazeta.
O mesmo vale para a RedeTV!, que desde o início de junho, negociou mais uma hora de sua programação matinal para a IURD, que agora ocupa três horas diárias. Os gastos anuais com a RedeTV! serão em torno de R$ 350 milhões.
Por fim, a Universal também tem um contrato com a CNT, onde ocupa 22 horas da programação, assim como na Rede 21. O valor é menor em relação aos outros, com repasse de cerca de R$ 100 milhões anuais.
Desde 2019, a IURD vinha tentando não pagar tanto para estar na TV aberta. O objetivo era fortalecer sua presença no digital para alcançar novos fiéis, assim como diversas outras igrejas estão fazendo. No entanto, o retorno foi abaixo do esperado, segundo apurou o F5.
Em 2023, a Igreja Universal do Reino de Deus decidiu recalcular a rota e retomou negócios com TVs abertas. Somente na Record, houve crescimento de repasse em mais de R$ 100 milhões. Além dos programas exibidos em rede, há pagamentos para afiliadas da emissora em todo o Brasil.
O F5 procurou a Universal e alguns de seus representantes para falarem sobre o assunto, mas a igreja disse que não comenta detalhes contratuais com as TVs. Fonte: https://f5.folha.uol.com.br
Grupo de 460 bispos e padres reprova 'o PL dos estupradores' em manifesto que será enviado ao papa
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Em documento, religiosos afirmam que 'ser contra o aborto não pode ser confundido com o anseio em ver a mulher que o pratica atrás das grades'
Mulheres protestam contra o projeto de lei da câmara dos deputados que altera as regras para o aborto legal em caso de estupro -
Mônica Bergamo
Um grupo de 460 bispos e padres que participam de um coletivo formado para apoiar o pontificado do papa Francisco no Brasil fez um duro manifesto contra o PL Antiaborto por Estupro. A proposta equipara a interrupção da gravidez acima de 22 semanas ao crime de homicídio, inclusive para mulheres que foram estupradas.
SONORO NÃO
No documento, os religiosos afirmam que "em consonância com os sentimentos da maioria do povo brasileiro, especialmente das nossas irmãs mulheres, reprovamos, repugnamos e nos opomos veementemente ao projeto de lei 1904/2024 que ora tramita no Congresso Nacional e que ficou popularmente conhecido como PL dos Estupradores".
O ÓBVIO
"Obviamente, não somos a favor do aborto!", seguem os religiosos. "Somos sim contra a substituição de políticas públicas por leis punitivas às vítimas de estupro e abuso, imputando-lhes um crime seguido de pena maior do que o dos estupradores."
PENA MAIOR
A proposta do deputado evangélico Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) prevê pena de até 20 anos para a mulher que engravidar e que interromper a gravidez. Já um estuprador pode ser detido por até no máximo dez anos, de acordo com o Código Penal.
RACHA
A iniciativa explicita as divergências na Igreja Católica brasileira sobre o tema: a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) apoia o projeto. Os religiosos vão enviar o documento à própria entidade e também ao papa Francisco.
VINGANÇA CRUEL
Nele, padres e bispos afirmam ainda que "ser contra o aborto não pode ser confundido com o anseio em ver a mulher que o pratica atrás das grades. Esta 'vingança social' acarreta a grave consequência de penalizar as mulheres pobres que não podem sequer usar o sistema público de saúde".
Pontuam também que "a criminalização das mulheres não diminui o número de abortos. Impede apenas que seja feito de maneira segura".
VINGANÇA 2
"Criminalizar a mulher vítima de estupro e abuso é violentá-la novamente", afirmam.
LEVIANDADE
Os religiosos dizem ainda que fazem deles as palavras do bispo dom Angélico Sândalo Bernardino, que em entrevista à coluna afirmou que "simplesmente punir a mulher sem discutir com profundidade uma situação tão complexa é uma leviandade. É uma precipitação legalista. É querer resolver pela lei um problema muito mais amplo e vasto".
LEVIANDADE 2
Citam também as manifestações do pastor da Igreja Batista da Água Branca, Ed René Kivitz, para quem o projeto trata a violência contra a mulher com "displicência, leviandade, crueldade e irresponsabilidade". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
ORAÇÃO CONTEMPLATIVA OU VIDA CONTEMPLATIVA?
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Capítulo à Comunidade de Scourmont, Bélgica de D. Armand Veilleux OCSO 14/04/1999
Há vários séculos, distinguem-se entre as diversas formas de vida religiosa, a vida ativa, a contemplativa e a mista. Ora, há muito que os mestres da espiritualidade monástica fazem notar que não é possível fazer entrar à força a vida monástica num tal esquema. Seria de fato perigoso - e mesmo hipócrita- considerar que uma forma de vida monástica é mais contemplativa do que outra pelo simples fato de que ela não comporta atividade apostólica.
A vida monástica é contemplativa? A questão foi colocada muito explicitamente durante o Concílio Vaticano II, no momento em que se preparava o documento conciliar sobre a vida religiosa. Com freqüência compreendeu-se mal aqueles que colocavam então esta questão. Seu objetivo não era o de colocar em questão que a vida monástica tem - e deve ter - uma dimensão e mesmo uma orientação contemplativa, mas de recusar de defini-la como tal pelo simples fato de não ter ação pastoral.
Dom Jean Leclercq escreveu nesta época em Collectanea Cisterciensia (27 [1965] pp. 108-120) um artigo precisamente com este título: "A vida monástica é uma vida contemplativa?" ("La vie monastique est-elle une vie contemplative?") Sua resposta é: Sim, evidentemente que é. Mas acrescenta imediatamente que, segundo toda a tradição monástica, chamar alguém de contemplativo não significa que pratique a contemplação num ou noutro sentido que a palavra tomou nas diversas escolas de espiritualidade desde o século XVI. Significa mais que ele pratica a oração contínua, ou ainda, que ele organiza toda a sua vida de tal modo que possa manter de modo tão constante quanto possível uma consciência amante da presença de Deus.
Para manter esta oração contínua, o monge utiliza um certo número de meios. Um deles, o mais importante de todos na tradição beneditina é o Ofício Divino; outro é a lectio divina. Esta, com efeito, segundo a tradição monástica, do Oriente e do Ocidente, é autêntica oração contemplativa e não simplesmente uma preparação à oração. Outros meios são, sobretudo, os momentos de silêncio, os momentos de maior atenção à presença de Deus, ou ainda as repetições de orações breves, a oração de Jesus, o rosário. Estes são alguns dos muitos métodos para manter uma atitude contemplativa durante todo o dia, durante todas as ocupações, aí se incluindo o trabalho.
Um ensinamento constante da tradição monástica pelos séculos é este: é-se contemplativo durante todos os aspectos de sua vida ou não se o é em absoluto. Devo claramente ser contemplativo na minha meia hora ou hora de oração silenciosa, como devo sê-lo durante o Ofício Divino e durante o trabalho, qualquer que seja o tipo de trabalho. Se não faço esforços para conservar uma comunhão contemplativa com Deus durante meu trabalho, me iludo pensando que seria transformado subitamente em contemplativo entrando na Igreja ou me ajoelhando para minha meia hora de oração.
Um outro ensinamento que consta da tradição é que a oração contemplativa por excelência, e o contexto ideal para toda a experiência mística é a liturgia. Os mais belos ensinamentos místicos de São Bernardo e de nossos Padres cistercienses se acham em seus sermões preparados para serem usados na Liturgia, ou, em todo caso, sobre os textos bíblicos lidos durante a liturgia.
Isto é sobretudo verdadeiro para a grande tradição mística, mesmo fora do monaquismo. O mais importante dos autores místicos, aquele que recolheu todo o ensinamento dos Padres antes dele e que influenciou todos os místicos dos séculos seguintes foi certamente Dionísio, o Aeropagita, ou o Pseudo-Dionísio. Ora, todo seu ensinamento místico se acha num comentário sobre a Divina Liturgia e sobre a vida sacramental da Igreja em particular.
Dom Jean Leclercq publicou em 1963 (de quem mencionei o artigo anteriormente) um estudo sobre os nomes da oração contemplativa (Jean Leclercq, Otia monastica. Études sur le vocabulaire de la contemplation au Moyen Âge. Roma [Studia Anselmiana, 48], 1963). Mostrou que a mais importante e a mais constante de todas as expressões achadas na tradição para descrever a oração contemplativa é "memoria Dei" (lembrança de Deus). Não se acha, por exemplo, a palavra "contemplatio" na Regra de São Bento; mas a "memoria Dei" é o primeiro grau de humildade, e se encontra em toda a Regra.
Freqüentemente se diz que o ensinamento de Bento sobre a oração é árido e limitado. Sem dúvida isto se deve a querer ler a Regra com um espírito muito diferente daquele com o qual ela foi escrita. Hoje se é muito atento às experiências de oração que fazemos: ao que se passa em nós enquanto rezamos ou tentamos rezar. Bento faz parte de uma longa tradição de mestres monásticos, para quem a qualidade da vida cotidiana, em todos seus aspectos, é mais importante do que a "performance" no curso dos "momentos de oração". A convicção subjacente é que a oração é alguma coisa que "vem" bem naturalmente àquele que se esforça por viver os ensinamentos do Evangelho na vida cotidiana. Bento facilmente faria sua a palavra que Cassiano atribui a Santo Antão: "A oração não é perfeita enquanto o monge estiver consciente ou de si mesmo ou do conteúdo de sua oração."
Da mesma forma, São Bernardo utiliza pouco a palavra "contemplação" mas "lembrança de Deus" está no coração de seu ensinamento. Escreve, por exemplo: "A lembrança de Deus é o caminho para a presença de Deus. Quem quer que guarde os mandamentos presentes no espírito, a fim de observá-los, será recompensado a seu tempo pela percepção de sua presença." (Sent 1.11; SBO 6b.8-17-21) (Ver artigo de Michael Casey sobre "Mindfulness of God in the Monastic Tradition", Cistercian Studies 17 [1982], pp. 111-126).
Bernardo, como Bento, está consciente do fato que, no mosteiro, os monges realizam a dimensão contemplativa de sua vida de modos diferentes, segundo sua vocação e segundo os papéis que são chamados a desempenhar na comunidade. Fala de duas categorias de monges: os claustrales e os officiales ou obedientiales, que chama também de obedientes. Os claustrales são aqueles que não têm nenhuma responsabilidade administrativa, os obedientiales são os que são chamados a suprir diversos serviços na comunidade. Cada um é chamado a ser contemplativo de um modo que lhe é próprio. Cada um deve praticar a memoria Dei, e isto não quer dizer que ele deva pensar continuamente em Deus de modo ativo, mas que deve espontaneamente fazer referência a Deus em tudo o que pensa, faz e acontece.
Bernardo volta mais de uma vez em seus escritos à tensão vivida por todos aqueles que, na comunidade, têm importantes responsabilidades administrativas, quer seja de ordem material, quer espiritual. Em primeiro lugar faz uma advertência contra o perigo de aspirar a tais responsabilidades, mas ensina tamém que para um monge que recebeu tais encargos, isto pode ser para ele a ocasião de um despojamento radical que o faz renunciar a seu próprio lazer e assumir uma grande parte do peso de preocupação da comunidade, de modo que seus irmãos possam gozar da solidão e da paz. Esta foi, sem dúvida, a vocação de Gérard, o irmão de Bernardo e celeireiro de Claraval, a quem Bernardo paga um tal tributo no seu Sermão 26 sobre o Cântico dos Cânticos.
Todos aqueles que têm muito a fazer a serviço da comunidade devem se esforçar para conservar suficiente tempo para a oração, a leitura e a meditação. Mas isto não é suficiente e nem mesmo é o essencial. O essencial é que toda nossa atividade seja enraizada numa oração contemplativa, realizada num clima e num espírito de oração, e nos leve sem cesssar a ela.
©Abadia de Scouurmont, 1999 – Traduziu: Cecília Fridman, Rio Negro, PR, Brasil para o mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo
OLHAR CARMELITANO... OTC de Limeira e Campinas/SP: Votos Perpétuos e investidura do Hábito Carmelita.
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Com a presença do Sodalício de Campinas- familiares e amigos- além do assistente espiritual, o Pe. Aires, aconteceu neste domingo 2 de junho-2024 na Igreja da Confraria da Boa Morte, em Limeira, São Paulo, a Santa Missa com o Ritual de Votos Perpétuos dos irmãos (as) do Sodalício da Ordem Terceira do Carmo daquela cidade. Também fez os votos uma irmã da OTC de Campinas. Na mesma cerimônia, todos receberam o hábito carmelita que a partir daquela data passa a fazer parte da vestimenta oficial.
SOS RIO GRANDE DO SUL...
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REZEMOS, AJUDEMOS! "A situação realmente é caótica. Temos várias vilas, bairros completamente debaixo d'água. A cidade de Eldorado do Sul praticamente toda debaixo d água. Em Canoas nós tivemos essa noite que evacuar mais de cinquenta mil pessoas. O Exército, a Defesa Civil, o pessoal das nossas comunidades, gente de fora do Estado, enfim, é muita gente colaborando. Ainda existe muita gente em cima de telhado de casas, até mesmo árvores, esperando por socorro. Parece que o Guaíba parou de subir agora. No entanto, ele vai permanecer por vários dias com nível alto. Vários bairros da cidade de Porto Alegre também estão debaixo d'água. O nosso centro administrativo também foi tomado pela água. Enfim, várias igrejas... é realmente uma situação jamais vista não só aqui na nossa região, mas em todo o Estado." Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e Presidente da CNBB. Fonte: vaticannews
A ‘Festa do Hábito’ ou de Nossa Senhora do Carmo?
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Desde o início, a Ordem celebrava as festa marianas comuns na Igreja, com grande fervor, destacando-se particularmente as festas da Anunciação, Assunção, Natividade e Purificação. Corno festa própria, a Ordem celebrava solenemente a Imaculada Conceição desde o final do ano 1306 (em Avinhão os cardeais da cúria papal participavam desta festa patronal na igreja dos Carmelitas).
Antes de 1386, na Inglaterra, o Carmelita Nicolau de Lynn fixa em seu calendário uma festa a 17 de julho com o título: ‘Comemoração solene de Santa Maria’. Este é considerado por ele como o ‘Dia da Ordem’, no qual deseja agradecer à Virgem por dois fatos essenciais que permitiram sobrevivência da Ordem (a sua aprovação, a partir da decisão do II Concílio de Lião e a vitória da causa em Cambridge, a respeito do título mariano da Ordem). Pouco a pouco esta festa foi sendo assumida pelos conventos e províncias, vindo a tornar-se a maior festa própria da Ordem, a sua festa patronal, com a qual se quer expressar à Virgem gratidão por todos os benefícios concedidos à Ordem. Em 1588 o Papa Sixto V a reconhece como festa litúrgica. Sucessivos decretos a estende a várias regiões, até quando, desta espontânea difusão se torna festa no calendário da Igreja universal, em 24/09/1726, sob Bento XIII. O fato da troca da data de 17 para 16 de julho supõe-se ter sido em razão de ser o dia 17, dedicado solenemente na Europa a Santo Aleixo. Os Carmelitas decidiram antecipar a sua festa, marcando-a para o dia de julho.
Em meados do séc. XVI-XVII as Confrarias do Carmo se multiplicavam na Europa. Já desde o ano 1609 estas Confrarias passaram a celebrar a festa do dia 16 com o nome de ‘Festa do Hábito’, e assim a festa foi caracterizada pelo Escapulário, considerado compêndio dos dons de Maria à Ordem e a seus devotos.
Cfr: A. Forcadell, Commemoratio sollemnis Beatae Virginis Mariae de Monte Carmelo, Roma, Curias oc-ocn, ;Bibliotheca sacri 5capçaris, 2), 1951. E do mesmo autor: La fiesta de) Carmen; historia y liturgia, [Onda, Centro espiritualidade carmelitana, 19861. (Do Livro; Como Pedras Vivas)
Lendas Carmelitas: Um quadro curioso
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O curioso quadro que aqui reproduzimos e que se encontra no Museu de Francoforte (Alemanha), é parte de um grande 'retábulo’ da igreja dos Carmelitas da mesma cidade. Foi feito no fim do séc. XV, graças ao patrocínio dos comerciantes dos Países Baixos. O quadro oferece-nos uma das mais graciosas lendas carmelitanas.
Narra que a família de Jesus morava em Nazaré, e costumava visitar, de quando em quando, os Carmelitas, piedosos eremitas, que viviam no Monte Carmelo. Estes conheciam a excelsa dignidade de Maria Santíssima, através da visão do seu fundador, o Profeta Elias, que a viu prefigurada na nuvenzinha benfazeja, que trouxe chuvas copiosas à terra de Israel, após três anos de seca. Em sua honra haviam edificado um templo. Por ocasião das mencionadas visitas iam ao encontro das sagradas pessoas, conduzindo-as em procissão à capela, a fim de lhes prestarem as homenagens da sua profunda veneração. Santa Ana, Maria Santíssima e o Divino Infante tomavam lugar no próprio altar. Acendia-se em sua honra um candelabro de três braços. Os outros membros da família deviam assentar-se ao lado do altar, não tomando parte nas homenagens de velas, incenso e orações.
Torna-se desnecessário observar que tudo isso é apenas uma lenda. O quadro foi feito num tempo, em que cada Ordem Religiosa pretendia ser a mais antiga possível. Nesta luta os Carmelitas faziam remontar a sua origem - já defendida desde o séc. XIII-XIV - ao Antigo Testamento, considerando o Profeta Elias, de modelo que era, como Fundador da Ordem. Desta forma, podiam afirmar igualmente a sua presença no Carmelo durante a vida de Nossa Senhora e, consequentemente, recordar as visitas que Ela fazia aos antigos eremitas.
Sendo assim, o quadro é um curioso testemunho desta lenda, que porém tem no seu núcleo uma grande verdade - a profunda devoção dos Carmelitas para com Nossa Senhora e a sua venerável mãe Santa Ana.
Amold Bostio (+1499) no seu Speculum Historiale imagina, lembrando esta lenda, a saudação e oração com as quais estes Carmelitas exprimiam seu próprio amor a Maria. Todo o texto expressa o conteúdo mariano de pertença da Ordem a Maria, Senhora do Lugar e Patrona do Carmelo:
Oh, Mãe bem-aventurada! nós temos esperado tanto, a Ti, que instituíste a nossa Ordem, a tens organizado e guiado com perfeição! Ajoelhados a teus pés, ó toda santa, Mãe primeira da Família Carmelitana, todos nós que estamos nesta montanha, saciamos a sede de nosso coração nas tuas fontes! Nós, com sinceridade, nós reconhecemos guiados por tua mão, ajudados por teu socorro, iluminados por tua luz!
Transforma-nos em Ti e nossa vida na Tua. Então, ó Senhora Nossa, fica entre nós.
Oh, Maria! nós buscamos um refúgio em teu seio. É preciso que a Mãe permaneça com seus filhos, a Mestra com seus discípulos, a Priora com seus monges». (Do Livro- Como Pedras Vivas)
A nossa matriz católica
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A contribuição do catolicismo para a sociedade relaciona-se diretamente com sua visão do tempo, do mundo e das pessoas
Por Nicolau da Rocha Cavalcanti
Conhecemos – muito se fala deles – os males que teriam sido causados pelo catolicismo em nossa sociedade: a interferência da religião na política, o moralismo (uma percepção de prevalência do dever sobre a liberdade), o clericalismo (que contribui para o não exercício da cidadania, à espera de que outros o façam) e assim por diante. Aqui, quero falar – pois temos mais dificuldade de ver – dos benefícios da religião católica na cultura nacional.
O tema é amplíssimo e, naturalmente, disputado. Há quem considere que o catolicismo só provocou males em nossa história. Entendo, entretanto, que há muitas evidências em sentido contrário, a começar pelo tópico central das preocupações contemporâneas: o clima. A religião católica sempre cultivou um olhar de longo prazo. Nunca aderiu à tese, defendida por outras igrejas, de que o apocalipse é iminente. Se o mundo irá acabar em breve, o cuidado com o futuro perde sentido.
Mas a causa ambiental não é corroída apenas pela pregação do apocalipse iminente. A rigor, o materialismo, em suas diversas variantes, também não oferece razões consistentes para zelar hoje pela situação do planeta daqui a cem anos. O cuidado com o outro, especialmente com os que ainda não nasceram, demanda mais do que simples instinto de sobrevivência. Isso revela que, muitas vezes, mesmo quem se considera ateu adota atitudes cujo significado expressa uma transcendência imaterial; por exemplo, a solidariedade com as futuras gerações.
A contribuição do catolicismo para a sociedade relaciona-se diretamente com sua visão – indiferente às modas de cada época – do tempo, do mundo e das pessoas.
Na religião católica, o tempo não é dinheiro. Os dias não são essencialmente uma ocasião para ficar rico. O tempo é visto como um dom. Seu uso demanda responsabilidade. Ensina-se no catolicismo que, no final da vida de cada pessoa, Deus lhe pedirá contas a respeito de como aproveitou seu tempo. A liberdade importa.
Na visão do tempo como um dom, há um efeito muito bonito, bastante perceptível na história brasileira: o tempo não é item pessoal. O bom uso do tempo nunca é algo estritamente egoísta. É serviço, é preocupação com os demais. Pensemos, por exemplo, na cidade de São Paulo. Sua fundação não foi decorrência de objetivos comerciais, mas está ligada à criação de uma escola, ao zelo de religiosos com as futuras gerações. O mesmo se pode dizer de muitas instituições beneficentes católicas que, ao cuidarem especialmente de crianças, idosos e doentes, configuram nossa cultura.
O fato de haver tantas pessoas dispostas a dedicar a vida aos outros – a quem é frequentemente desvalorizado e desprezado pela sociedade – não é fruto do acaso, mas deriva, de forma muito concreta, de um sentido da vida forjado nas palavras de Jesus: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de Mim, encontra-la-á” (Mt 16,25).
Há muita gente que serve generosamente aos outros e ao meio ambiente por motivos não religiosos. E isso é um enorme bem social. Mas não sejamos ingênuos: qual é o porcentual no Brasil de instituições sociais, educativas e de saúde sem fins lucrativos cuja fundação e manutenção não estão relacionadas a um motivo religioso?
Na visão católica, o mundo foi criado por Deus, que, para tanto, pode ter se servido da evolução das espécies, do Big Bang, etc. O catolicismo não faz uma leitura literal, fundamentalista, da Bíblia. Mas a crença na criação por amor do mundo tem um efeito muito concreto: a vida ganha uma notável suavidade. Não é um mundo hostil. Não é a lógica de um contra todos. Há uma dimensão de fraternidade. É a antítese da visão dura e fria da vida.
No olhar sobre o outro talvez resida um dos grandes diferenciais da proposta cristã. A ideia de que todos somos filhos de Deus é disruptiva. Não há uma relação de medo, mas de filiação. Deus vê em cada ser humano um filho. O catolicismo ensina que, se houvesse apenas uma única pessoa na terra, Jesus também teria entregado sua vida na cruz – e é essa realidade que se recorda na Sexta-feira Santa.
Tudo isso tem profundas consequências sociais. Por exemplo, a convicção sobre o valor inegociável do ser humano contribuiu para que criássemos, como sociedade, o Sistema Único de Saúde (SUS). Vários países mais desenvolvidos, com culturas mais individualistas, não tiveram essa ousadia.
Não há nenhuma idealização, seja do País, seja dos católicos. Toleramos, enquanto sociedade, graves problemas humanos e sociais, que ferem radicalmente os princípios cristãos. De toda forma, o catolicismo não nos deu apenas o carnaval. Ele forneceu perspectivas que nos ajudam a ver o mundo e o ser humano de forma menos rasteira e menos imediatista, em sua complexidade, em sua transcendência, em sua beleza.
P.S.: Além de ferir as liberdades cívicas, a crescente instrumentalização da religião para fins políticos é anticatólica. Viola a autonomia das realidades temporais, cuja defesa inaugural foi feita por Jesus: “A César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,21). Fonte: https://www.estadao.com.br
Ordem Terceira do Carmo... Mais dois Sodalícios.
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Nós; Delegado Provincial para Ordem Terceira, Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Comissão Provincial, recebemos com alegria a notícia da aprovação da nossa Cúria Geral de mais dois Sodalícios; Manaus/AM e Sorocaba/SP. Agora somos em 41 Sodalícios da Venerável Ordem Terceira do Carmo. Lembrando que, na Ordem do Carmo em todo o mundo, somos a Província com mais grupos da OTC.
A cada dia a missão junto aos leigos e leigas carmelitas é um desafio constante. Obrigado aos confrades de todas as paróquias e conventos nesta missão de acolhimento, apoio e vivência carmelitana. www.olharjornalistico.com.br
(Melhores informações sobre a Ordem Terceira do Carmo ou como fazer parte. Favor entrar em contato através do E-mail: Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.)
A indiferença e a picada do mosquito
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Delegar ao povo responsabilidade pelo combate à dengue é covardia
Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)
Não é preciso ser especialista em saúde para saber que condições sanitárias inadequadas aumentam riscos de proliferação de doenças. A lista de enfermidades que se propagam em ambientes onde não há esgoto sanitário e água tratada inclui, claro, a dengue.
Até as crianças e os tolos sabem que larvas dos mosquitos que transmitem a dengue (da espécie Aedes aegypti e, em menor proporção, o Aedes albopictus) eclodem em água parada. Em 2024, a doença já bateu recorde e infectou mais de 1 milhão de brasileiros, causou mais de 250 mortes e levou pelo menos oito unidades da federação a declarar emergência em saúde pública. O cenário é grave.
Porém, por mais assustadora que seja essa explosão de casos de um mal que chegou a ser erradicado do país, a situação não é obra do acaso. Tampouco deveria ser recebida com surpresa por governantes e gestores das áreas de saúde e infraestrutura. Afinal, um quarto dos brasileiros vive sem saneamento básico (Censo do IBGE), o que contribui muito para o acúmulo inadequado de água.
Importante destacar que pretos e pardos são 69% dos que não têm esgoto e 72% dos que vivem sem abastecimento de água adequado. Como a conexão entre moradia digna e saúde é inegável, daria para inferir quem está mais sujeito a contrair a infecção. Mas não é necessário deduzir quando existem dados oficiais do Ministério da Saúde apontando mulheres pretas e pardas como grupo populacional com maior registro de casos prováveis de dengue.
O Brasil se comprometeu a universalizar os serviços de esgoto e água tratada até 2033 por meio do marco legal do saneamento básico. Contudo está distante de atingir a meta. E um mosquito vem fazendo o país pagar com vidas o preço da indiferença.
Não deixar água acumulada no quintal ou no pratinho das plantas é uma prevenção importante que todos devem tomar. Contudo delegar ao povo responsabilidade pelo combate à dengue é, além de incorreto e injusto, covardia. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Regra da Ordem Terceira do Carmo
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Ordem Terceira do Carmo e outros textos- Ritos, etc...
Regra da Ordem Terceira do Carmo
HISTÓRIA DA ORDEM DO CARMO
A Ordem de Nossa Senhora do Carmo, cujo título jurídico é: “Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”, nasceu de um grupo de Eremitas latinos que viviam no Monte Carmelo desde os fins do século XII, procurando viver uma vida santa de seguimento radical dos preceitos evangélicos de Jesus Cristo, na meditação constante da Palavra de Deus. Este era o propósito de vida que esse grupo de Eremitas estabeleceu para a sua vida espiritual. No princípio, eles sentiram necessidade de imprimir uma estrutura que lhes assegurasse a sua existência na Igreja Católica e por essa razão, recorreram a Santo Alberto Avogrado, Patriarca, que governou o patriarcado de Jerusalém de 1206 a 1214, e pediram-lhe um documento que os orientasse a viver de acordo com o estilo de vida que eles á praticavam no Monte Carmelo.
Santo Alberto, homem de cultura e de grande experiência no campo jurídico, deu aos Eremitas Carmelitas, não um Estatuto ou Regra, mas simplesmente uma “Forma de Vida”, no estilo de uma carta, estabelecendo normas que atendessem plenamente o propósito daqueles Monges Eremitas e tais normas foram elaboradas com base nas Sagradas Escrituras, mais particularmente nas cartas de São Paulo apóstolo. Essa “Forma de Vida” foi elaborada no início do século XIII, em data desconhecida. Faltava, entretanto, uma aprovação oficial da igreja; houve várias aprovações de diversos Papas, mas a aprovação definitiva só aconteceu a 07 de outubro de 1247 pelo Papa Inocêncio IV; esta aprovação deu à Ordem do Carmo o caráter de Regra dos “Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”. Da Palestina, a Ordem do Carmo expandiu-se, primeiro, pela Europa, onde se consolidou a existência da Ordem na Igreja Universal.
Interessante observar: a Ordem de Nossa Senhora do Carmo, não teve um fundador, como as demais ordens religiosas, mas desde o seu início, no Monte Carmelo e na Europa, distinguiu-se como uma Ordem profundamente mariana e como teve a sua origem no Monte Carmelo, tão celebrado nas Sagradas Escrituras e como sendo o “habitat” dos santos Profetas Elias e Eliseu, a Ordem do Carmo passou a venerar Maria Santíssima e o Profeta Elias, como os Inspiradores da Ordem do Carmo, cujas vidas são propostas como os modelos mais perfeitos de santidade para todos os Carmelitas.
A Ordem do Carmo, criou raízes profundas na Europa despertando muitas pessoas, homens e mulheres a seguirem o seu estilo de vida e a se imbuírem do seu carisma e de sua espiritualidade: vida de oração intensa, de contemplação e de atividades apostólicas! A Ordem do Carmo estabilizou-se na Europa, enriquecida de um governo Geral em Roma, que administrava diversas Províncias existentes no continente europeu. Em 1451, numa assembleia, o Carmelita João Soreth foi eleito Superior Geral; homem culto nas ciências sagradas, dotado de grandes virtudes e qualidades administrativas, teve a feliz idéia de criar uma estrutura jurídica para atender às exigências e necessidades daquelas pessoas que já viviam espiritualmente ligadas à Ordem do Carmo.
João Soreth, posteriormente venerado como Beato, fundou, primeiro, em 1452, a Ordem Carmelita das Monjas de Clausura, para as mulheres que, vivendo em mosteiros, emitiam só votos dos Conselhos Evangélicos: pobreza, obediência e castidade, votos que lhes permitiram viver de maneira exemplar e intensa o carisma e a espiritualidade Carmelitana, a exemplo dos religiosos Eremitas do Carmelo. Estas monjas de clausura receberam como normas de vida a própria Regra dos religiosos Carmelitas, elaborada por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém. Para a Ordem Terceira do Carmo como se tratasse de um movimento de leigos, o Beato João Soreth elaborou, três anos mais tarde, em 1455, uma outra Regra específica para os Terceiros Carmelitas, embora incluísse nessa Regra alguns elementos da Regra de Santo Alberto, atendendo assim as exigências e necessidades daqueles leigos, homens e mulheres, solteiros, casados ou viúvos, afiliando-os à Ordem do Carmo.
Há que se notar ainda que, além dos religiosos, das monjas e dos Terceiros Carmelitas surgiram, através dos séculos, outros Institutos Religiosos Carmelitas de irmãos ou irmãs de vida apostólica, que se dedicavam às mais variadas formas de atividade apostólica na Igreja e que estão afiliados à Ordem do Carmo, empenhados em viver a sua vida cristã e apostólica imbuídos do carisma e da espiritualidade Carmelitana. E ainda, recentemente estão surgindo outros grupos de pessoas, jovens e adultos, que, embora não tenham uma estrutura jurídica, mas procuram viver o mesmo carisma e a mesma espiritualidade da Ordem do Carmo, e assim todos nós constituímos uma grande família que é a Família Carmelitana.
Temos que considerar ainda que, além de todos estes grupos, acima mencionados, nessas mesmas categorias, há também os grupos que chamamos de Carmelitas Teresianos ou Descalços, que pertencem à Ordem do Carmo, fundada por Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz, no fim do século XVI. Com estes grupos de Carmelitas, a Família Carmelitana tornou-se ainda muito mais numerosa, marcando a presença do Carmelo nos cinco continentes.
Toda a Ordem do Carmo, tem um lugar bem destacado no contexto de Igreja e com a sua Escola de Espiritualidade tem gerado um significativo número de santos e de grandes místicos que constituem a “Glória e o Esplendor do Carmelo”. A história da Ordem do Carmo é fascinante e maravilhosa e para auxiliar os estudiosos da História da Ordem do Carmo, recomenda-se a esses estudiosos os artigos que foram escritos na publicação do Calendário da Família Carmelitana de 2004. Ali está o resumo da história e da origem e evolução da Ordem do Carmo através dos oito séculos de sua gloriosa existência.
Esse resumo histórico, se ainda apresentar uma oportunidade, será publicado juntamente com a Regra dos Eremitas do Monte Carmelo, que teve por base a “Fórmula de Vida” de Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém (1206-1214).
O que foi escrito nestas páginas servirá de preâmbulo ao objetivo principal desta publicação que é: a nova Regra da Ordem Terceira do Carmo.
Apresento este trabalho, a título de colaboração e de subsídio de formação a todos os membros da Família Carmelitana eu lhes ofereço com a devida autorização de nosso Pe. Provincial Frei Geraldo d’Abadia Maciel Ord.Carm., atual responsável pela assistência espiritual dos Sodalícios da OTC e de todo o Laicato Carmelita!
Coloco este trabalho nas mãos da Virgem Santíssima, que é a Irmã, Mãe e a Rainha do Carmo e fico aguardando a sua bênção fraterna e materna na divulgação deste trabalho dedicado a todos os membros da Família Carmelitana.
Frei Nuno Alves Corrêa Ord.Carm.
Rio de Janeiro, 1° de maio de 2005.
Memória de São José Operário
DECRETOS DE APROVAÇÃO E PROMULGAÇÃO
Congregatio Pro Institutis Vitae Consecratae et Societatibus Vitae Apostolicae
Prot. n. C. 52 - 1/2003
DECRETO DE APROVAÇÃO
O Prior Geral da Ordem do Carmo, com o prévio consenso de seu Conselho, apresentou à Sé Apostólica o texto da Regra da Ordem Terceira do Carmo, ou, da Ordem Carmelita Secular da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, solicitando sua aprovação. A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, após examinar atentamente o supracitado texto, com o presente Decreto o aprova e confirma, segundo o original redigido em língua italiana, que se conserva em seu arquivo, observando tudo que por direito se deve observar. Que os membros da Ordem Carmelita Secular, com Maria, Rainha do Carmelo, caminhem pelas sendas da história, atentos às autênticas necessidades humanas, sempre prontos a partilhar com o Senhor o sacrifício da cruz e a experimentar com Ele a paz de uma nova vida. Não obstante qualquer disposição em contrário.
Vaticano, 11 de abril de 2003.
Eduardo Card. Martínez Somalo, Prefeito
+ Piergiorgio Silvano, CP, Secretário.
Decreto de promulgação
Cúria Geral
Prot. 115/2003
Roma, 16 de julho de 2003
Solene Comemoração de Nossa Senhora do Carmo
Aos meus caros Irmãos e Irmãs Carmelitas,
O texto da Regra da Ordem Terceira, que tenho o prazer de apresentar, tem uma longa história. Atribuiu-se ao Beato João Soreth a redação do primeiro texto, em 1455. Foi a ele que o Papa Nicolau V endereçou a famosa bula “Cum Nulla”, em 1452, aprovando oficialmente o ingresso de Leigos na Ordem, vivendo nossa espiritualidade em seu próprio estado de vida.
Após o Concílio Vaticano II, a Regra da Ordem Terceira sofreu um processo de atualização, que durou mais de trinta anos e contou com a contribuição de muitos Leigos Carmelitas. O Conselho Geral, após o Capítulo Geral de 1995, nomeou uma comissão internacional encarregada de definir as etapas finais desse processo. Durante ano de 2001, um novo texto foi apresentado numa reunião internacional de Leigos Carmelitas, realizada em Roma e as contribuições dos participantes foram incorporadas num esboço final. O novo Conselho Geral, eleito no Capítulo Geral de 2001, redigiu um documento definitivo, para ser submetido à aprovação da Santa Sé, a qual foi concedida no dia 11 de abril de 2003.
Um processo longo, mas necessário, sobretudo porque agora vejo como fruto desse trabalho árduo, um documento rico, muito útil para os Leigos Carmelitas, que procuram viver no seguimento de Jesus Cristo. Na minha carta “Na terra do Carmelo”, escrita por ocasião das celebrações dos 550 anos de promulgação da bula “Cum Nulla”, escrevi: “A Regra de Santo Alberto é o documento carismático que fundamenta a vida dos Carmelitas em suas diversas modalidades. Nela estão presentes os elementos do carisma Carmelita de forma embrionária. Com o tempo, esses e a tradição Carmelita, foram reelaborados e enriquecidos por inumeráveis experiências de vida, de forma especial a dos nossos santos. Cada pessoa, chamada a viver no estilo de vida do Carmelo, influencia em certa medida a tradição e transmite-a para os demais. Pelas Constituições os religiosos Carmelitas, fazem com que a Regra de Santo Alberto seja sempre aplicável aos nossos dias. Do mesmo modo, a Ordem Terceira tem a sua própria Regra que permite uma harmonia do ideal Carmelita com a realidade de todos os que se empenham em vivê-la na realidade dos nossos dias”.
Isto posto, com este decreto promulgo a Regra da Ordem Terceira do Carmo, conhecida como Ordem Secular Carmelita da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo entrando em vigor no dia 08 de dezembro de 2003.
O período entre a promulgação e a entrada em vigor (vacatio legis), destina-se a possibilitar o estudo da Regra e permitir que os estatutos locais sejam adaptados às novas normas, antes que se tomem obrigatórias. A fim de alcançar o maior número de pessoas possível e em curto prazo, a promulgação do texto e a sua publicação, serão feitas via internet. A língua original da Regra da Ordem Terceira é o italiano, que será o texto apto a dirimir quaisquer dúvidas de interpretação. A Cúria Geral será responsável pela tradução do texto para as outras duas língua oficiais da Ordem, ou seja inglês e espanhol, e também para o português e o francês. Tais traduções estarão acessíveis pela internet o mais cedo possível, de forma a possibilitar que um maior número de Leigos Carmelitas conheçam a Regra da Ordem Terceira como fonte de inspiração para a sua vida no Carmo.
Tanto a data da promulgação (16 de julho), quanto a da entrada em vigor (08 de dezembro), foram escolhidas para demonstrar o lugar de Nossa Senhora na vida Carmelita. Maria é Mãe e Irmã de todos os Carmelitas, sejam os consagrados na vida religiosa sejam os que vivem a própria vocação de leigos. Ele ensina-nos, a todos, como avaliar os acontecimentos da vida e como discernir as obras de Deus no nosso mundo, de forma que sejamos capazes de glorificar a Deus, junto com Maria. Possa Nossa Senhora do Carmo nos guiar no nosso desejo de seguir fielmente o seu Filho.
Joseph Chalmers, Ord.Carm.
Prior General
BEATO JOÃO SORETH
João Soreth, nasceu em Caen, na Normandia, França, em 1394; ingressou no Convento Carmelita de Caen, estudou Teologia na Universidade de Paris e recebeu o Ministério Sacerdotal em 1417. Em 1440 foi eleito Superior Provincial da França e, em 1451 foi eleito Superior Geral da Ordem do Carmo.
Religioso muito culto e dotado de muitas virtudes, como Reformador do Carmelo reconduziu a Ordem do Carmo a seu antigo esplendor conquistando seus religiosos a uma observância mais rigorosa da Regra de Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém.
O Papa Nicolau V (1447-1455), concedeu à Ordem do Carmo a Bula intitulada “Cum Nulla Fidelium” que permitiu ao Beato João Soreth fundar a Ordem Carmelita das Monjas de Clausura, a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e as Confrarias do Escapulário do Carmo. A data da outorga dessa Bula “Cum Nulla” foi no dia 07 de outubro de 1452.
O Beato João Soreth incorporou as Monjas de Clausura na Regra de Santo Alberto. Para a Ordem Terceira do Carmo Soreth elaborou, em 1455, uma Regra própria, baseada em elementos da Regra de Santo Alberto, adaptados ao movimento laical dos Terceiros Carmelitas. Essa primeira Regra dos Terceiros continha apenas 15 artigos. Essa Regra dos Terceiros, através dos séculos, passou por muitas reformas entre as quais se destacou a Regra de 1948 que vigorou até 1977
Neste ínterim, de 1962 a 1965, realizou-se o Concílio Vaticano 11, cujos documentos determinaram a todas as Ordens Terceiras uma revisão adaptada aos documentos do Vaticano II, e dessa revisão resultou a Regra da OTC de 1977 que deveria ser observada a título de experiência até 1987, mas esta experiência prolongou-se até a Assembleia Geral da Ordem do Carmo no ano de 1995. Nessa Assembleia o Governo Geral da Ordem nomeou uma comissão internacional para proceder à revisão da Regra de 1977 e, desta revisão, que durou anos de estudo cuidadoso da comissão internacional, resultou a nova Regra da Ordem Terceira do Carmo que, formalmente foi aprovada pela Santa Sé no dia 11 de abril de 2003 e promulgada pelo Governo Geral da Ordem do Carmo sob o Protocolo 115/2003 assinado em Roma no dia 16 de julho de 2003 pelo Pe. Geral José Chalmers O. Carm.. Esta nova Regra da Ordem Terceira do Carmo entrou em vigor no dia 08 de dezembro de 2003.
João Soreth faleceu a 25 de julho de 1471; com fama de santidade, governou a Ordem do Carmo durante 20 anos e foi beatificado pelo Papa hoje Beato, Pio IX em 1866. A sua iconografia o representa segurando na mão direita uma âmbula de hóstias consagradas, alusão a um fato histórico de sua vida: as tropas de Carlos, o temerário duque de Borgonha e conde de Flandres, invadiram uma igreja em Liege - Bélgica, o povo enraivecido, profanou o sacrário, as hóstias consagradas foram espalhadas pelo piso da igreja em chamas, e o Beato João Soreth, com o risco da própria vida, juntou as hóstias, colocou-as na âmbula e levou-a à sua igreja conventual. E representado ainda calcando com o pé direito algumas setas, alusão ao suposto martírio; pela tradição, ele teria morrido em consequência de um envenenamento.
Na mão esquerda Soreth segura um bastão símbolo de seu cargo de Superior Geral e na mesma mão, ele segura um cartaz, referência à Bula “Cum Nulla” e ao lado do pé esquerdo, no chão, há um chapéu cardinalício e sua mitra episcopal, alusão ao fato: o Papa Calixto III ter-lhe-ia oferecido uma rica diocese, que ele, muito humildemente, rejeitou.
BULA CUM NULLA
“Nicolau, Bispo, Servo de Deus, em perpétua memória.
Visto que nenhum grupo de fiéis, sob qualquer forma de religião, pode organizar-se, sem autorização do Sumo Pontífice, e para que os grupos de religiosas, virgens, viúvas, beguinas, manteladas ou outras formas particulares que vivem sob o título e proteção da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, ou que no futuro assim queiram viver, não pareçam bem sem a aprovação da autoridade apostólica.
Nós, pelas presentes letras, decretamos que para a recepção, modo de viver, admissão e proteção das supracitadas, a Ordem, o Mestre Geral da mesma e os Priores Provinciais gozem e usem dos mesmos e idênticos privilégios concedidos à Ordem dos Pregadores e à Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, de modo que as sobreditas virgens, viúvas, beatas e manteladas, vivam em continência e honestamente, guardem o jejum e façam todas as demais coisas, como soem fazer, de acordo com seu regulamento e estatutos.
Que ninguém, por isto, ouse infringir ou contradizer esta nossa constituição. Se, contudo, alguém cogitasse contrariá-la, saiba que incorreria na ira de Deus onipotente e de seus santos apóstolos Pedro e Paulo.
Dado em Roma, em São Pedro no ano de 1452 da Encarnação de Nosso Senhor, no dia 07 de outubro, sexto ano de nosso Pontificado”.
PREÂMBULO DA REGRA
“Muitas vezes e de diversos modos” o Senhor inspirou, por meio da experiência de vida dos religiosos formas de espiritualidade laicais, ricas e atraentes. O Carmelo é, há séculos, uma via privilegiada e segura para o caminho de santidade de grande número de leigos. A Regra de Santo Alberto é como uma fonte da qual jorra a torrente do carisma. Os valores que exprime foram sempre traduzidos em novas formas e adaptados aos leigos a através dos tempos e lugares, a fim de que fossem capazes de encarnar concretamente o carisma do Carmelo e viver a sua espiritualidade segundo a própria condição de vida.
PARTE I
ESPIRITUALIDADE E CARISMA
Vocação à santidade
1 - Deus quis fazer-se conhecer e revelou-se, envolvendo a humanidade em um diálogo feito de amor e de misericórdia. Fez-nos conhecer o seu desejo de comunhão, chamando homens e mulheres a participarem de sua vida. Este projeto se realiza, por meio do Espírito Santo, em Cristo, Palavra definitiva e suprema do Pai, além da qual Deus nada mais tem a revelar. Em Jesus Cristo, Filho de Maria, Deus invisível fala aos homens como seus amigos e conversa com eles para os admitir à comunhão consigo e tomá-los irmãos uns dos outros, em vista da unidade de todo o gênero humano no seu Reino. Pelo sacramento do Batismo os seres humanos são introduzidos na vida divina, tomando-se no Espírito Santo, filhos adotivos do Pai e irmãos de Cristo, aptos a fazerem parte da imensa assembleia fraterna da Igreja, povo de Deus, “sacramento, sinal e instrumento de íntima união com Deus e unidade de todo o gênero humano”.
2 - Assim sendo, todos os fiéis, sem distinção de estado ou grau são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade: esta santidade promove também na sociedade um teor de vida mais humano. Os conselhos que Jesus propõe no Evangelho aos seus discípulos, favorecem de forma especial um caminho de santidade e a transformação do mundo segundo o espírito das Bem-aventuranças. São vividos de diversos modos em formas estáveis de vida, suscitadas pelo Espírito Santo e reguladas pela Igreja.
3 - No corpo místico de Cristo, que é a Igreja, o único mesmo Espírito suscitou em muitas ocasiões uma imensa variedade de dons e carismas, como os das várias famílias religiosas, que oferecem aos seus membros as vantagens de maior estabilidade no modo de viver uma doutrina consolidada pela experiência e vivência de pessoas santas; para atingirem a perfeição evangélica, em comunhão fraterna, no serviço de Cristo e numa liberdade fortalecida pela obediência.
4 - Alguns leigos, por um chamamento e vocação especial, participam do carisma das família religiosas, patrimônio comum do Povo de Deus que se torna também para eles uma fonte de energia e uma escola de vida. Essa adesão dos leigos a um carisma específico é encorajada e aprovada pela própria Igreja, que os convida a esforçarem-se para assimilar fielmente as características particulares da espiritualidade de tais famílias.
A Ordem Terceira do Carmo Secular
5 - A Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo surgiu nos fins do século XII e início do século XIII, a partir de um grupo de homens que, atraídos pelo fascínio evangélico dos Lugares Santos “lá se consagraram Aquele que ali havia derramado o seu sangue em uma vida de penitência e de oração. Estabeleceram-se no Monte Carmelo, junto á Fonte de Elias e receberam, a seu pedido, uma Norma de Vida, de Alberto, Patriarca de Jerusalém (1206-1214) que os constituiu em uma única comunidade de eremitas, reunidos ao redor de um oratório dedicado a Maria. Após as aprovações de Honório III (1226) e Gregório IX (1229), Inocêncio IV (1247) completou seu caminho de fundação e, com algumas alterações dessa Norma de Vida, inseriu-os entre as nascentes Ordens de Fraternidade Apostólica (mendicantes) chamando-os a unir à vida contemplativa a solicitude pela salvação do próximo.
6 - Uma vez estabelecidos na Europa, os frades acolheram leigos, junto aos próprios conventos, os quais, de certo modo, foram considerados Carmelitas. Eram chamados “oblatos” ou “donatos”, visto que doavam os próprios bens aos conventos, passando a depender dos mesmos para o seu sustento. Como na sua maioria eram mulheres, havia necessidade de casas próprias. Também eram chamadas “manteladas” pois traziam um hábito semelhante ao dos frades.
7 - Com o tempo estes leigos organizaram-se em grupos homogêneos, com obrigações análogas às dos frades. A primeira aprovação jurídico-eclesiástica foi por meio da bula pontifícia “Cum Nulla“, de autoria do Papa Nicolau V, de 7 de outubro de 1452. Esta bula lançou as bases da Ordem Segunda e Terceira, com várias etapas de desenvolvimento. A bula autoriza os superiores da Ordem a dirigir vários grupos de mulheres e a explicitar o seu gênero de vida. A concessão contida na bula “Cum Nulla”, foi posteriormente explicitada por outra bula, a “Dum atenta” de Sisto IV, de 28 de novembro de 1476. Estes dois documentos pontifícios são a base da hodierna estrutura da Família Carmelitana.
8 - A bula “Cum Nulla” reconheceu a existência de grupos distintos, com votos solenes ou simples. Paulatinamente algumas dessas mulheres, que podiam também viver sozinhas e fora do convento, identificaram-se como o terceiro grupo da Família Carmelita, razão pela qual começaram a ser chamadas “terceiras” Em 1476, o Papa Sisto IV autorizou a Ordem do Carmo a organizar os seus vários grupos de leigos, como as Ordens Terceiras das demais Ordens Mendicantes.
9 - Simultaneamente surgiam confrarias que solicitavam o gozo dos privilégios do Escapulário. O Prior Geral Teodoro Straccio (1636-1642) desejando resolver a situação, criou uma Ordem Terceira de “continentes” na qual os confrades e irmãs emitiam votos de obediência e de castidade segundo o próprio estado, enquanto os demais seculares ingressavam nas confrarias do Escapulário.
10 - Já nos séculos XIX e XX procurou-se favorecer o aspecto “secular” dos terceiros. Esta dimensão atingiu o ápice na Regra aprovada após o Concílio Vaticano II. Hoje, portanto, os seculares são chamados, na especificidade de sua vocação, a iluminar e a dar o justo valor a todas as realidades temporais, de forma que sejam vividas segundo os valores proclamados por Cristo e em louvor do Criador, do Redentor e Santificador num mundo que parece viver e agir como se Deus não existisse. Espera-se que os leigos Carmelitas sejam colaboradores da nova evangelização que permeia toda a Igreja; por isso procurem superar em si mesmos a separação entre Evangelho e vida. Em sua rica atividade quotidiana, na família, no trabalho e na sociedade, procurem restaurar a unidade de uma vida que encontre no Evangelho inspiração e força para ser vivida em plenitude.
Vínculos com o Carmelo
11- Os membros da Ordem Terceira reconhecem o Prior Geral como pai espiritual, chefe e vínculo de unidade; recebem da Ordem, orientação e estímulo, destinados a promover, fomentar a concretização dos fins da própria Ordem Terceira do Carmo. Contudo se concede aos próprios leigos uma ampla autonomia de iniciativa e de condução da vida das respectivas fraternidades, segundo os próprios estatutos. São eles mesmos que elegem os seus dirigentes, assistidos espiritualmente e ajudados pela disponibilidade paternal de um sacerdote, Carmelita ou não, ou ainda de um frade ou de uma religiosa Carmelita.
12 - O vínculo fundamental do terceiro com o Carmelo é a profissão. Este empenho traduz-se em uma forma de promessa ou, em alguns casos, conforme um antigo costume, com a emissão dos votos de obediência e de castidade, segundo as obrigações do próprio estado. Deste modo, o terceiro consagra-se mais profundamente a Deus, de modo que possa oferecer-lhe um culto mais intenso. Mediante a profissão o terceiro, na verdade visa intensificar as promessas batismais de amar a Deus sobre todas as coisas e de renunciar a Satanás e às suas seduções. A originalidade desta profissão está nos meios escolhidos para atingir a plena conformidade com Cristo. O Carmelita sabe que comparece diante do Senhor de mãos vazias, mas põe todo seu amor esperanças em Cristo Jesus, que se toma pessoalmente a sua santidade, a sua justiça, o seu amor, a sua coroa. O cerne da mensagem de Jesus - amar Deus com todo o coração e ao próximo como a si mesmo - exige do terceiro uma afirmação constante do primado de Deus, a recusa categórica de servir a dois senhores e a opção prioritária de amar o próximo, combatendo toda a forma de egoísmo de fechamento em si mesmo.
13 – Os valores dos conselhos evangélicos, comuns a todos os cristãos, tomam-se para o terceiro um programa de vida que atinge as esferas do poder, da sexualidade e dos bens materiais. São um auxílio mais forte para não servir falsos ídolos; e conseguir a liberdade de amar Deus e o próximo acima de todo egoísmo. A santidade consiste exatamente neste duplo preceito.
14 - Pela profissão o terceiro assume o compromisso de viver o Evangelho radicalmente, segundo o próprio estado de vida. Ao terceiro é dada a liberdade de emitir a profissão sem os votos, apenas com o propósito de professar a presente Regra, ou também com os votos. Os terceiros que fazem os votos são chamados à obediência aos superiores da Ordem e ao seu assistente espiritual em tudo aquilo que lhes é determinado pela Regra para sua própria vida espiritual. Com o voto de castidade comprometem-se a viver esta virtude de acordo com as obrigações do próprio estado.
15- Os terceiros reconhecem nos Carmelitas consagrados na vida religiosa uma válida direção espiritual. São acompanhados pelos religiosos em seu caminho rumo a uma vida contemplativa e ativa num mundo sempre mais complexo e exigente, mas que ao mesmo tempo procura avidamente os valores espirituais. Por essa razão os leigos devem ser acompanhados para viverem o carisma do Carmelo em espírito e verdade, abertos à ação do Espírito Santo, e tendendo a uma plena participação e comunhão no carisma e na espiritualidade do Carmelo, tendo em vista uma nova leitura carismática da sua laicidade e uma plena corresponsabilidade no dever de evangelizar e no exercício dos ministérios específicos da vida Carmelita. Deste modo, os Terceiros Carmelitas Seculares tornam-se efetivamente e de pleno direito membros da Família Carmelita.
16 - Os Carmelitas consagrados na vida religiosa reconhecem as vantagens espirituais e o enriquecimento que para a Família Carmelita trazem os fiéis leigos, que, inspirados pelo Espírito Santo, e respondendo a um especial chamado de Deus, livre e espontaneamente se comprometem a viver o Evangelho segundo o espírito do Carmelo. Na verdade, a sua participação pode contribuir, como nos ensinam experiências do passado, com fecundos aprofundamentos de alguns aspectos do carisma, reinterpretando-os e impulsionando a novos dinamismos apostólicos também por meio da “preciosa contribuição da sua secularidade e do seu serviço específico.
Chamado específico do Carmelita Secular
17- A vida espiritual - ou vida segundo o Espírito - começa com a iniciativa do Pai, que, mediante o Filho e no Espírito Santo dá a cada homem e a cada mulher sua vida e santidade, chamando cada um a viver uma misteriosa relação de comunhão com as pessoas da Santíssima Trindade. Deus vem a procura de cada pessoa, atraindo-a para si através do seu Filho o Espírito faz com que dirija sua atenção para Ele, escute a sua voz, acolha a sua Palavra, se abra à sua ação transformadora. A procura de Deus por parte de um Carmelita Secular e sua obediência ao senhorio de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma resposta, impulsionada pelo Espírito, à sua voz no diálogo fraterno que ele estabelece com cada um pelo Verbo que se fez carne. O caminho de um terceiro começa com o ato de fé que o faz acolher Jesus e o evento pascal, como o sentido da sua vida e o faz deixar-se conduzir por Ele, colocando-o no centro de sua própria vida. Assim enraizados no amor misericordioso de Deus, os Leigos Carmelitas se propõem a subir o Monte Carmelo, cujo cume é Cristo Jesus.
18 - A subida do Monte por parte de um leigo, em primeiro lugar, implica em seguir a Cristo com todo o seu ser e servi- Lo “fielmente com coração puro e total dedicação”. O espírito de Cristo deveria entranhar sua pessoa a ponto de poder repetir com São Paulo, “não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”, de forma que todo seu agir ocorra “sob sua palavra”
19 - Jesus deve tomar-se progressivamente a Pessoa mais importante da sua existência. Isto significa uma relação pessoal, calorosa, afetuosa, constante com Jesus. Tal relação é nutrida pela Eucaristia, vida litúrgica, Sagrada Escritura e pelas várias formas de oração, induzindo o terceiro a reconhecer Jesus no próximo e nos eventos quotidianos, levando-o a testemunhal pelas estradas do mundo a marca indelével de sua presença.
20-O chamamento do Pai para o seguimento de Cristo por obra vivificante do Espírito Santo, se realiza na plena pertença à Igreja. O terceiro recebe o chamado à santidade pelo sacramento do Batismo que incorpora os seres humanos no Corpo Místico de Cristo. A sua maior dignidade consiste exatamente no gozo da própria vida divina e do amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito. Deste modo em companhia dos demais, segundo a vocação e os dons de cada um, pode contribuir para a grandiosa obra de edificação do único Corpo de Cristo.
21 - A natureza humana, débil e limitada, por causa de suas misérias, deixa-se conduzir pela vontade divina e abraça uma vida de conversão sempre mais profunda envolvendo o ser humano por toda a vida e em todas as dimensões, a conversão implica um radical e novo direcionamento a uma progressiva transformação. Guiados pelo Espírito os terceiros buscam a superação dos obstáculos que encontram nos seus caminhos e evitam tudo aquilo que possa desviá-los da estrada rumo ao cume. Além disso, reconhecendo possíveis limitações e resistências, empenham-se em seguir, sem vacilar e sem desvios, por um caminho gradual rumo aos ideais escolhidos.
22 - A “Subida do Monte” implica a experiência do deserto, no qual “a chama viva do amor” de Deus realiza uma transformação que faz com que o Carmelita Secular se desapegue de tudo, até mesmo da imagem que fez de Deu, purificando-a. Revestindo-se de Cristo, começa a resplandecer como imagem viva de Cristo, nele transformado em nova criatura.
23 - Esta transformação gradual toma o terceiro mais capaz de discernir os sinais dos tempos e a presença de Deus na história, reforçando em si mesmo o sentido de fraternidade e conduzindo a um empenho sério e decisivo em favor da transformação do mundo.
Participação na missão de Jesus
24 - Pelo Batismo os leigos Carmelitas tornam-se participantes da missão de Jesus Cristo, dando-lhe continuidade na Igreja, tomando-se assim como que “uma humanidade de acréscimo”, que se transforma em “louvor da sua glória”. Aos seculares é reconhecida “uma participação própria e absolutamente necessária nesta missão.
25 - Em virtude do sacerdócio batismal e dos carismas recebidos, os Seculares Carmelitas são chamados à edificação da comunidade eclesial participando “consciente, ativa e fecundamente”, na vida litúrgica da comunidade e empenhando-se para que a celebração se prolongue na vida concreta. Significa dizer que os frutos de seu encontro com Deus se manifestam em todas as suas atividades, orações e iniciativas apostólicas, no repouso espiritual e corporal e até mesmo nas próprias privações da vida, quando suportadas com paciência e - como nos ensinam os santos Carmelitas - acolhidas de coração aberto.
26 - Com a participação no múnus profético de Cristo e da Igreja o terceiro empenha-se, nas diversas profissões e atividades seculares, por assimilar o Evangelho na fé, anunciando-o por meio de suas obras. O seu empenho chega ao ponto de denunciar o mal com coragem é sem vacilar. Além disso, é chamado a participar seja no sentido da fé sobrenatural da Igreja, que não pode errar em matéria de fé, seja na graça da Palavra.
27 - Pela sua pertença a Cristo, Senhor e Rei do universo, o terceiro participa de seu múnus real pelo qual é chamado ao serviço do Reino de Deus e a sua expansão na história. A realeza de Cristo implica, antes de tudo, um combate espiritual a vencer em nós mesmos a tirania do pecado. Mediante a doação de nós mesmos, empenhamo-nos em servir, na justiça e na caridade, ao próprio Jesus presente em todos os irmãos e irmãs, e sobretudo nos pequeninos e marginalizados. Isto significa dar à criação todo o seu valor originário. Ao conduzir as criaturas ao verdadeiro bem da humanidade com uma atividade fruto da vida de graça, o terceiro participa no exercício do poder com o qual Jesus Ressuscitado atrai a si todas as coisas.
Caráter de secularidade
28 - “Todos os Carmelitas estão no mundo, em certo sentido, mas a vocação dos leigos é a de transformar o mundo secular. Portanto, os terceiros como leigos comprometidos, se caracterizam pela secularidade, sendo chamados a tratar corretamente das coisas do mundo e a ordena-las segundo á vontade de Deus. Vivem no século em meio ao povo, dedicados à ocupações e ofícios do mundo, nas condições ordinárias e peculiaridades da família e da sociedade. São, portanto, convidados por Deus a contribuir para a santificação do mundo, empenhando-se no seu trabalho com o espírito do Evangelho; e animados pela espiritualidade Carmelita como guia. Sua vocação é iluminar e ordenar as atividades do mundo, de modo que se realizem segundo Cristo e assim sejam o louvor da glória do Criador.
29 - Não deve haver conflito entre o bem temporal e a realização do Reino de Deus, visto que tanto a ordem natural quanto a ordem espiritual derivam de Deus. Todavia existe o risco de se fazer um mau uso dos bens temporais. Por essa razão devem perseguir o ideal de endereçar as descobertas da ciência e da tecnologia para o aperfeiçoamento material e espiritual da vida humana.
Participação no carisma da Ordem
30- A Ordem do Carmo está presente na Igreja com os frades e com as monjas de vida claustral, as de vida ativa e os seculares, que participam de forma diversa e gradual do carisma e da espiritualidade próprios da Ordem Também os leigos, de fato, podem fazer parte do mesmo chamado à santidade e da idêntica missão do Carmelo A Ordem, reconhecendo a sua vocação, acolhe-os, e organiza-os nas formas e modalidades próprias do seu estado de vida, comunica-lhes as riquezas da própria espiritualidade e tradição, tornando-os ainda participantes dos benefícios espirituais e boas obras realizadas por todos os membros da Família Carmelitana. Para os leigos a forma mais completa e orgânica de incorporação na Ordem do Carmo é a profissão na Ordem Terceira do Carmo, pela qual participam do carisma Carmelita, segundo o seu modo específico e próprio de leigos. O Carmelo favorece o ingresso de casais, famílias e jovens que desejam conhecer e viver a espiritualidade Carmelita, ainda que sob novas formas, erigindo a Ordem Terceira do Carmo como forma estável e aprovada de agregação, que pode receber um novo influxo vital do confronto com estas novas formas de iniciativa. O carisma Carmelita vivido desde há séculos em diversas culturas e tradições, oferece um caminho seguro para se chegar à santidade compreendida como padrão da vida cristã ordinária.
31 - Seguindo pelo caminho aberto pelo Concilio Vaticano II, o Carmelo explicitou o próprio carisma de forma sintética, expressa nos documentos recentes nos seguintes termos: “viver no obséquio de Jesus Cristo com postura contemplativa que plasma a nossa vida de oração, de fraternidade e de serviço. Reconhecemos na Virgem Maria e no Profeta Elias os modelos inspiradores e paradigmáticos desta experiência de fé, guias seguros na travessia dos árduos caminhos, que levam “ao cume do monte, Nosso Senhor Jesus Cristo”.
A dimensão contemplativa da existência
32 - Também os leigos Carmelitas são chamados a viver na presença do Deus vivo e verdadeiro, que em Cristo habitou no meio de nós, e a procurar toda a possibilidade e ocasião de alcançar a intimidade divina, deixando-se guiar pela ação do Espírito Santo, os leigos Carmelitas aceitam ser transformados na mente e no coração, no olhar e nos gestos. Todo o seu ser e sua existência se abrem ao reconhecimento da ação imediata e plena de misericórdia de Deus na vida de cada um. Descobrem-se irmãos e irmãs, chamados a repartir o caminho comum em direção à plena santidade e a levar a todos o anúncio de que somos filhos do único Pai, irmãos de Jesus. Deixam-se entusiasmar pelas grandes obras que Deus executa e por meio das quais Ele solicita seu compromisso e eficaz contributo.
33 - “No Carmelo se recorda aos homens, cheios de tantas preocupações, que a prioridade absoluta deve ser dada à procura “do Reino de Deus e da sua justiça”. Por essa razão, na família, no ambiente de trabalho e na vida profissional, nas responsabilidades sociais e eclesiais, nas ações de cada dia, no relacionamento com o próximo, os leigos Carmelitas procuram as pegadas ocultas de Deus. Reconhecendo-as, fazem com que germine a semente da salvação segundo o espírito das bem-aventuranças, com humilde e constante exercício das virtudes da probidade, espírito de justiça, sinceridade, cortesia, fortaleza de ânimo, sem as quais não pode haver uma verdadeira vida humana e cristã.
Maria e Elias: presença, inspiração e guia.
34 - Como Maria, primeira entre os humildes e pobres do Senhor, os leigos Carmelitas veem-se chamados a glorificar as maravilhas realizadas pelo Senhor na sua vida, com Ela, imagem e flor primogênita da Igreja, aprendem a confrontar episódios frequentemente tormentosos da vida quotidiana com a Palavra de Deus. Aprendem com Ela a acolher a Palavra com disponibilidade e adesão plena. Maria, em quem a Palavra se faz carne e vida, inspira-lhes a fidelidade à missão, à ação animada pela caridade e pelo espírito de serviço e à efetiva cooperação na realização da obra de salvação. Junto a Maria caminham pelas estradas da história, atentos às autênticas necessidades humanas sempre prontos a co-dividir com o Senhor o sacrifício da cruz e experimentar com ele a paz de uma vida nova. Maria é membro singular e eminente da Igreja, participou de forma especial e crescente da única mediação entre Deus e os homens, manifestada em Cristo Jesus, da qual a Igreja e hoje portadora e mediadora na história. Os leigos Carmelitas deixam-se acompanhar por Maria na aceitação gradual da responsabilidade de cooperar na ação de salvação e de comunicação da graça específica da Igreja. No Carmelo, esta obra tradicionalmente tem sido vivida como o amor maternal da Virgem Maria para com os seus filhos. Os Carmelitas, sentindo-se chamados por uma tão grande e tenra mãe, não poderiam deixar de amá-la. Assim o ideal Carmelita é o de “perder-se em Deus no calor materno da Santa Virgem”.
35 - Os leigos Carmelitas partilham, além disso, da paixão do profeta Elias pelo Senhor e pela defesa de seus direitos, prontos a defender até mesmo os direitos do homem injustamente violados. Com o profeta aprendem a abandonar tudo, para se refugiarem no deserto e serem purificados, tornando-se prontos para o encontro com o Senhor e para acolher sua Palavra. Sentem-se impulsionados, como o Profeta, a promover a verdadeira religião contra os falsos ídolos. Com Elias os leigos Carmelitas aprendem a acolher a presença do Senhor, quase impõe ao homem com força e doçura. Ele que é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Fortificados por essa experiência transformadora e vivificante, os leigos Carmelitas são capazes de retornar a enfrentar as realidades do mundo, seguros de que Deus tem em suas mãos o destino de cada um e da história.
Vida de oração
36 - Os leigos Carmelitas seguem uma intensa vida de oração, centrada no diálogo pessoal, com o Senhor, verdadeiro amigo da humanidade. Como diz Sta. Teresa de Jesus: “A oração nada mais é do que uma relação íntima de amizade...com Aquele que nos ama”. A oração pessoal e comunitária, litúrgica e informal constituiu o tecido da relação pessoal com Deus-Trindade, que anima inteiramente a existência do leigo Carmelita. Na oração “o essencial não consiste tanto no muito pensar, mas antes no muito amar”; e então, mais do que um exercício, trata-se de uma postura, que implica o reconhecimento da mão de Deus, a disponibilidade de acolher o amor gratuito como dom, não só habitual mas atual , implica uma consciência sempre mais profunda da ação de Deus que permeia toda a existência humana, como testemunha Santa Teresa do Menino Jesus. “A oração é vida e não um oásis no deserto da vida”, dizia o B. Tito Brandsma. João Paulo II confirma dizendo que, no Carmelo “a oração se toma vida e a vida floresce em oração”.
37 - A vida sacramental centrada na Eucaristia constituiu a fonte da vida espiritual. O leigos Carmelitas são chamados a uma intensa frequência aos sacramentos: segundo as possibilidades, aproximem-se diariamente do sacrifício do altar e do banquete da vida, no qual a Igreja encontra a sua inteira riqueza, “ou seja o próprio Cristo, nossa Páscoa e Pão vivo” recebam regularmente o perdão dos pecados e a graça para continuar o caminho; se casados, vivam com intensidade e novidade cristã a própria vocação à santidade matrimonial.
38 - A Liturgia das Horas constitui o apelo diário à graça que brota da Eucaristia e alimenta o autêntico encontro com Deus. Os leigos Carmelitas podem, segundo as suas condições, celebrar pelo menos Laudes, Vésperas e Completas. Lugares e circunstâncias concretas poderão indicar outras eventuais formas de oração litúrgica. Inspirados por Maria, os leigos Carmelitas desejam tomar atual a obra salvífica de Jesus no espaço e no tempo, também através da celebração dos mistérios divinos. Maria convida-nos a celebrar a liturgia com disposições e posturas iguais às suas: pôr em prática a Palavra de Deus e meditá-la com amor, louvar a Deus com entusiasmo e agradecer-lhe com alegria, servir a Ele e aos irmãos com generosidade ao ponto de dar a própria vida por eles, orar ao Senhor com fé e perseverança, esperar vigilantes a Sua vinda.
39-. A vida espiritual não se esgota apenas na liturgia. Muito embora chamado à oração comunitária, o cristão deve sempre entrar em seu quarto para rezar ao Pai em segredo; aliás, segundo o ensinamento de Cristo reforçado pelo Apóstolo, deve orar incessantemente. Os leigos Carmelitas, segundo a permanente tradição do Carmelo cultivam em grau máximo a oração em suas várias formas. Devem conceder uma especial atenção à escuta orante e obediente da Palavra de Deus: a “Lectio divina” envolve e transforma toda a existência do homem de fé. Também tiveram sempre um grande espaço na tradição Carmelita, a oração mental, o exercício da presença de Deus, a oração aspirativa, a oração silenciosa e outras eventuais práticas devocionais.
40 - Os leigos Carmelitas trazem com grande veneração o Santo Escapulário, símbolo da caridade maternal de Maria, que, tomando a iniciativa, guarda os irmãos e irmãs Carmelitas no coração e desperta neles o desejo de imitar as suas virtudes: caridade universal, amor à oração, humildade, pureza, modéstia. Quem usa o Escapulário é chamado a revestir-se interiormente de Cristo, para manifestar em sua vida a presença salvífica em favor da Igreja e da humanidade. O Escapulário, além de recordar a proteção que Maria nos concede ao longo de toda a existência, e também no trânsito definitivo até a plenitude na glória, recorda-nos que a devoção Mariana, mais do que um conjunto de práticas piedosas, é um verdadeiro “hábito, ou seja, uma orientação permanente da própria conduta cristã”.
41 - Reunidos por Maria, como os discípulos no Cenáculo, os leigos Carmelitas encontram-se também para louvar a Deus nos mistérios da vida do Senhor e da própria Virgem Maria: a prática piedosa do Santo Rosário, pode tornar-se uma fonte inexaurível de verdadeira espiritualidade para alimento da vida quotidiana.
Fraternidade
42 - Os leigos Carmelitas, sustentados pela graça e guiados pelo Espírito, que os encoraja a viver com firmeza a vida cristã, seguindo as longas veredas do Carmelo, reconhecendo como irmãos e irmãs de quem quer que seja chamado a compartilhar o mesmo carisma. “O leigo Carmelita pode formar comunidade de diversos modos: na própria família, que é a Igreja doméstica; na paróquia onde é chamado a adorar Deus junto com os irmãos e a participar da vida comunitária; na própria comunidade terciária Carmelita, na qual encontra sustento para a caminhada espiritual; no ambiente de trabalho e no próprio meio onde vive”.
43 - A vida associativa dos leigos Carmelitas deve destacar- se pela simplicidade e autenticidade; cada comunidade deve ser um lar de fraternidade, onde cada um se sente em sua própria casa, acolhido, conhecido, valorizado, encorajado na caminhada, e quando necessário, corrigido com atenção e caridade. Os leigos Carmelitas empenhem-se, portanto, em colaborar com os demais membros da Família Carmelita e com toda a Igreja, a fim de que esta realize a própria vocação missionária nas mais diversas situações e condições.
44 - A fraternidade se reflete também em sinais externos. Cada leigo Carmelita é como uma centelha de amor fraterno lançada em direção ao jardim da vida: deve ser capaz de incendiar quem quer que se aproxime. A vida familiar, o ambiente de trabalho ou profissional, os meios eclesiais frequentados por leigos Carmelitas, devem receber deles o calor que nasce de um coração contemplativo, capaz de reconhecer em cada um os traços da semelhança com o rosto de Deus. A comunidade de leigos Carmelitas toma-se, deste modo, um centro de vida autenticamente humana, porque autenticamente cristã. Da experiência de se reconhecerem como irmãos e irmãs, nasce a exigência de envolver outros na fascinante aventura humano-divina da construção do Reino de Deus.
45 - Em um mundo cada vez menor, mais vizinho, mais unido por vínculos diversos e complexos, os leigos Carmelitas devem sempre testemunhar a sempre autêntica universalidade, sabendo valorizar as riquezas e as potencialidades de cada um reconhecendo-se parte de uma família internacional e favorecendo todas as ocasiões possíveis de encontro e intercâmbio frutífero entre os membros da Ordem.
Serviço
46 - A finalidade da Igreja é difundir o Reino de Cristo sobre a terra, para tornar todos os homens participantes da salvação operada pela Redenção. “Como todos os Carmelitas, o leigo Carmelita é chamado a realizar algum tipo de serviço parte integrante do carisma dado à Ordem por Deus”. Santa Teresinha do Menino Jesus descobriu essa dimensão de sua vida Carmelitana quando, lendo a Sagrada Escritura, se descobriu como “o Amor no coração da Igreja”: para muitos terceiros esta é sua contribuição fundamental para a edificação do Reino. Sendo próprio dos leigos viver no mundo e em meio aos assuntos seculares, é ai mesmo que são chamados por Deus a desenvolver a missão da Igreja e a ser fermento cristão para as atividades temporais, nas quais estão profundamente envolvidos. Os fiéis leigos não podem de fato abdicar da participação na “política”, ou seja, nas múltiplas e diversas atividades, econômicas, sociais, legislativas, administrativas e culturais, destinadas a promover orgânica e institucionalmente o bem comum
47 - Santa Maria Madalena de Pazzi nos recorda que não se pode licitamente saciar a própria sede da contemplação de Cristo sem esforçar-se par apagar a sede do próprio Jesus, desejoso de almas a serem redimidas com a oração e o apostolado harmonicamente unidos entre si. Os leigos Carmelitas, prontos a testemunhar a própria fé por meio de suas boas obras, recebem a força de atrair os homens à fé em Deus, tomando-se assim “louvor da glória de Deus”. Em tempos de desorientação e radicais mudanças, podem constituir um ponto de referência seguro para muitos. Também o profeta Elias, personagem de um mundo em crise, no qual o povo era impelido a abandonar o verdadeiro Deus, convicto de ser autossuficientes, era sustentado pela certeza de que Deus é mais forte do que qualquer crise ou qualquer perigo. Por esta razão os leigos Carmelitas, em um mundo cada vez mais inseguro ante as questões fundamentais e em tempos que propõem novos problemas de fé, morais e sociais, esforçam-se para criar ocasiões oportunas para o anúncio de Jesus Cristo, proclamando a mensagem sempre nova do Senhor da vida e da história, único e seguro ponto de referência de toda a existência e da vida de cada ser humano.
48 - A experiência do deserto, paradigmática na saga do Profeta, toma-se passagem obrigatória para os Carmelitas seculares convocados para serem purificados no deserto da vida, para encontrarem o Senhor em sua plenitude. Do mesmo modo, percorrem a insubstituível via do deserto da mortificação interior, para entrarem na escuta do Senhor, que lhes fala ao coração através de novas e inquietantes manifestações da vida do mundo, mas também por meio de sinais muitas vezes de difícil interpretação ou por meio daquela voz silenciosa e quase imperceptível do Espírito. Eles retornam entusiasmados dessa experiência e descobrem-se como incansáveis animadores do meio no qual são chamados a atuar. Animados por este encontro são capazes de anunciá-lo como única resposta a tentações sempre possíveis da negação de Deus ou de orgulhosa autossuficiência. Sustentados pelo Espírito, os terceiros não se deixam desencorajar pelos insucessos aparentes, pela indiferença, pela falta de acolhimento ou pelos sucessos dos que vivem em desacordo com o Evangelho.
49 - Os terceiros reconhecem e mostram com a vida que as atividades temporais e o próprio trabalho material são participações na obra sempre criadora e transformadora do Pai, verdadeira oferta de serviço aos irmãos e autêntica promoção humana. Testemunhas num mundo que não assimila plenamente ou, rejeita integralmente a união íntima e vital com Deus na sua realidade quotidiana, conhecem ou compartilham com simpatia as suas esperanças e as suas aspirações mais íntimas, porque, chamados a ser “sal da terra” e “luz do mundo”, anunciam ao povo a ciência da salvação.
PARTE II
ESTATUTOS GERAIS
I –ESTRUTURA
Características Gerais
50 - A Ordem Terceira do Carmo (OTC), ou seja a Ordem Carmelita Secular (OCS) é urna associação pública de fiéis, de caráter internacional, erigida por privilégio apostólico, com o escopo de buscar a perfeição cristã e dedicar-se ao apostolado, oferecendo a própria oração e os próprios sacrifícios por intenção da Igreja, participando no meio do mundo do carisma da Ordem do Carmo, com o propósito de viver segundo o Evangelho, no espírito da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, sob a mais alta direção da própria Ordem.
51- A Ordem Terceira do Carmo é enriquecida pelos fiéis, que sob inspiração do Espírito Santo, em resposta a um particular chamado de Deus, livre e deliberadamente, prometem viver segundo as normas do Evangelho no espírito do Carmelo. A Ordem Terceira do Carmo, assim como outras formas de associação do Laicato Carmelita, tem o seu lugar na estrutura e no espírito de toda a Família Carmelitana. A Ordem empenha-se em auxiliá-los a atingir o escopo almejado: sanear e desenvolver a sociedade humana com o fermento do Evangelho.
52 - A Ordem Terceira do Carmo ou Ordem Carmelita Secular, junto a outros grupos ou comunidades que se inspiram na Regra do Carmo, na sua tradição e valores expressos na espiritualidade do Carmelo, constitui na Igreja a Família Carmelita.
53 - Ao Prior Geral da Ordem do Carmo, pai espiritual, chefe e sinal de unidade de toda a Família Carmelita, cabe assegurar eficazmente também o bem espiritual da Ordem Terceira, promovendo seu incremento e sua vitalidade por meio de um Delegado para o Laicato Carmelita.
Vida fraterna
54 - A Ordem Terceira do Carmo se divide em comunidades, comumente chamadas Fraternidades ou Sodalícios, os quais são dirigidos pelos seus próprios membros segundo as normas contidas nesta Regra e nos Estatutos de cada Sodalício, sob a mais alta direção do Superior da Ordem ou dos seus delegados.
55 - Alguns membros da Ordem Terceira do Carmo, segundo uma antiga tradição, são chamados a viver em comunidades de vida reguladas pelos estatutos particulares.
56 - As comunidades são erigidas canonicamente pelo Prior Geral da Ordem com o consenso de seu Conselho, com o prévio consentimento do Prior Provincial e do Bispo diocesano; para a ereção de uma casa da Ordem vale também para a ereção de um Sodalício da Ordem Terceira, junto à mesma casa ou à Igreja anexa.
Assistência Espiritual
57 - Para permitir uma participação sempre maior dos terceiros na Ordem e na Igreja, o Conselho Geral e, de forma especial, os Priores Provinciais, pessoalmente ou por meio de seus delegados, segundo as disposições dos Estatutos de cada Província, são responsáveis pela assistência espiritual da Ordem Terceira. De modo especial ajudem com solicitude os Sodalícios estabelecidos no território da sua competência, a fim de que sejam permeados de uma autêntica vida Carmelitana e cuidem para que, na realização de suas atividades os membros da Ordem Terceira sejam sempre fiéis aos princípios e orientações da Ordem. Cuidem também para que cada comunidade colabore com as atividades de apostolado existentes na diocese, na qual está estabelecida, atuando sobretudo, sob a direção do Ordinário do Lugar, junto com outras associações de fiéis de escopo semelhante, existentes no território da mesma diocese.
58 - Os assistentes espirituais locais são geralmente sacerdotes da Ordem. Quando não é possível fornecer ao Sodalício um assistente espiritual que seja sacerdote, essa assistência pode ser confiada a um religioso ou a uma religiosa da Ordem do Carmo. A assistência espiritual pode ser confiada também a sacerdotes, que não pertençam à Ordem, preferencialmente membros da Ordem Terceira, que sejam capazes de desenvolver tal tarefa de acordo com a espiritualidade Carmelita. Os assistentes espirituais são nomeados por um tempo determinado de 5 anos, renováveis, pelo Prior Geral ou pelo Prior Provincial, após ouvirem os oficiais maiores do respectivo Sodalício. Tratando-se de um sacerdote não Carmelita é necessário o beneplácito do respectivo Ordinário.
Governo
59 - O órgão supremo de governo é a Assembleia Geral da Associação ou Sodalício, composta por todos os seus membros. Os respectivos Estatutos definem as competências e o funcionamento da Assembleia Geral.
60- Cada comunidade ou fraternidade é dirigida por um Conselho. Integram o Conselho o assistente Espiritual, o Moderador (ou responsável) e dois ou mais Conselheiros (não mais que quatro), segundo o número de membros que componham o Sodalício e de acordo com as disposições do respectivo Estatuto. O responsável pela formação também é integrante do Conselho.
61 - Cabe ao Conselho, especialmente ao seu Moderador, com o auxílio do Assistente Espiritual, defender os interesses do Sodalício, a fim de que seus membros possam responder de forma mais eficaz à sua vocação de terceiros empenhados na construção do Reino de Cristo, em sua própria vida e na sociedade, segundo a espiritualidade e o carisma do Carmelo ao qual foram chamados pelo Espírito, que distribui os dons segundo sua vontade. Tal tarefa deve ser desempenhada com espírito evangélico de serviço, evitando quaisquer formas de poder despótico.
Eleição dos Oficiais
62 - Os membros do Conselho, exceto o Assistente Espiritual, são eleitos pela Assembleia Geral do Sodalício, por um período de três anos. O moderador, uma vez eleito, deve ser confirmado pelo Prior Geral ou pelo Prior Provincial.
63 - As eleições dos membros do Conselho são presididas pelo Assistente Espiritual e realizam-se segundo as disposições dos respectivos Estatutos, respeitadas as normas do direito comum da Igreja.
64 - Cabe ao Conselho nomear por sua vez o Secretário, o Tesoureiro e outros eventuais oficiais, de acordo com as necessidades e dimensão do Sodalício. Os estatutos locais determinem as funções dos vários oficiais maiores, suas tarefas e atribuições; se previstas nos Estatutos, o Secretário e o Tesoureiro podem integrar o Conselho.
65 - Em circunstâncias especiais, justificadas por causa grave, a autoridade eclesiástica, ou seja, o Prior Geral ou o Prior Provincial, podem designar um comissário, que em seu nome dirija temporariamente o Sodalício.
66 - O Moderador pode ser destituído, por justa causa, por quem o confirmou, devendo ser previamente ouvido, seja o próprio Moderador, sejam oficiais maiores do Sodalício, de acordo com os Estatutos. Por causa grave, também o Assistente Espiritual pode ser removido de seu oficio, nos termos dos cânons 192-195, por quem o nomeou, observadas as mesmas condições.
Administração dos bens
67- Seja a Ordem Terceira do Carmo enquanto tal, sejam os diversos Sodalícios canonicamente constituídos, com o decreto de ereção adquirem personalidade jurídica conforme o Direito Canônico e recebem, de acordo com a sua finalidade, a missão para a execução dos fins a que se propõem alcançar em nome da Igreja.
68 - A Ordem Terceira do Carmo, bem como os diversos Sodalícios, como pessoas jurídicas públicas são sujeitos capazes de adquirir, possuir, administrar e alienar bens temporais nos termos do Direito Canônico, todos os seus bens são bens eclesiásticos e são regidos pelas disposições do direito comum da Igreja, assim como pelos respectivos Estatutos, que em sintonia com o citado direito determinam a maneira de administrar os bens.
69 - Os Estatutos dos respectivos Sodalícios determinam o responsável pela administração dos bens, o qual pode realizar todos os atos de administração ordinária. Para a realização de atos de administração ordinária é necessário:
- a) Autorização do Prior Geral da Ordem do Carmo com o consenso de seu Conselho.
- b) Licença da Santa Sé para atos cujo valor excede a soma fixada pela própria Santa Sé ou que envolvam objetos de alto valor artístico ou histórico, ou quando se trata de “ex-voto” doado a Igreja.
70 - O patrimônio tanto da Ordem Terceira quanto dos diversos Sodalícios, é constituído por todos os bens móveis e imóveis em seu poder, e das doações de membros e benfeitores, as receitas por atividades desenvolvidas, ofertas, doações, heranças, legados e aquisições a qualquer título.
Extinção e Supressão
71 - Um Sodalício pode ser supresso, por causa grave, pelo Prior Geral com o consentimento de seu conselho, ouvidos previamente o Prior Provincial e os oficiais da respectiva comunidade. Os Estatutos locais estabeleçam o procedimento de uma eventual extinção, caso contrário valem as normas do direito comum. Sempre se deve consultar previamente a autoridade competente da Ordem do Carmo.
72 - No caso da supressão ou de extinção de uma comunidade da Ordem Terceira do Carmo, os bens e os direitos patrimoniais da comunidade supressa ou extinta, como também os seus encargos, passam para a pessoa jurídica imediatamente superior, ou na falta desta, para a Província da Ordem em cujo âmbito tal comunidade se encontra; se por outro lado, o Sodalício se encontra fora do território de uma Província da Ordem, os bens e os direitos patrimoniais passam para própria Ordem.
Direito próprio e sua interpretação
73 - Os Sodalícios da Ordem Terceira são regidos pela presente Regra aprovada pela Santa Sé; contudo é aconselhável que haja Estatutos em âmbitos nacional, provincial, ou local, formulados segundo a realidade local. Contudo, devem ser submetidos à aprovação da autoridade competente da Ordem, ou seja do Prior Geral ou do Prior Provincial, como consenso dos respectivos Conselhos, segundo o disposto nos Estatutos.
74 - É louvável, para a mútua colaboração e unidade entre as diversas comunidades, a instituição de Conselhos nos diversos âmbitos: regional, nacional e internacional. Devem ser regidos por Estatutos próprios aprovados pela autoridade competente.
75 - A autoridade competente para a interpretação autêntica da presente Regra é a Santa Sé. O Prior Geral da Ordem, com o consenso de seu conselho, pode dar interpretação prática, sempre que necessário.
II-Admissão e Formação
Admissão
76 - Podem ser admitidos na Ordem Terceira do Carmo todas a pessoas que preencham os seguintes requisitos: professar a fé católica viver em comunhão com a Igreja, ter boa conduta moral, aceitar a presente Regra e desejar viver e agir de acordo com a espiritualidade do Carmelo. Os clérigos diocesanos podem ser membros efetivos da Ordem Terceira do Carmo e participar a pleno título, ainda que carentes do caráter laical, na medida em que tal caráter é incompatível com o estado clerical.
77 - Os candidatos são admitidos, na Ordem Terceira e incorporados num Sodalício pelo respectivo Assistente ou pelo Prior Provincial, do qual depende, ou pelo Prior Geral ou seu Delegado com o consenso dos respectivos conselhos, salvo o disposto no n. 82.
78 - Os que vivem distantes de um Sodalício e estão impedidos de participar de suas atividades, por razões especiais podem ingressar na Ordem Terceira ainda que não sejam membros de um Sodalício específico, desde que, observadas as normas relativas à admissão e à profissão, vivam segundo a presente Regra da Ordem Terceira do Carmo e sob a direção de seus superiores ou do próprio confessor. Todavia, se recomenda um contato frequente com o assistente espiritual da comunidade mais próxima. Os respectivos Estatutos prevejam as modalidades de sua formação, quer inicial quer permanente.
79 - Os candidatos à Ordem Terceira do Carmo devem ser católicos praticantes, ter ao menos dezoito anos de idade, se os Estatutos não dispõem de forma diversa, e devem também apresentar uma carta de recomendação do próprio pároco ou de outro sacerdote idôneo que os conheça; nada impede que os Terceiros Carmelitas sejam membros de outra associação se os Estatutos locais não dispõem de forma diversa.
FORMAÇÃO
80 - Após o devido período de discernimento, previsto nos Estatutos, os candidatos serão admitidos à fase de formação espiritual conforme previsto nos mesmos Estatutos.
81 - A formação inicial deve ser de, pelo menos, um ano, durante o qual os candidatos estudam e vivem a Regra da Ordem Terceira do Carmo, conhecem a espiritualidade e a história carmelita, bem como as grandes figuras da Ordem, sob a orientação do responsável pela formação, o qual, junto com todo o Conselho, tem a responsabilidade de assegurar uma adequada instrução, recorrendo para isso aos meios necessários e às pessoas mais capazes.
82 - Ao término do período de formação inicial, o Conselho pode convidar aqueles que se sentem de forma especial chamados pelo Espírito Santo, a ligar-se mais estreitamente a Deus por meio de vínculos com votos ou com promessas, que, no espírito batismal, os solicitarão de forma mais eficaz à prática plena do Evangelho, segundo as orientações da presente Regra. Para admissão aos votos ou promessas segue-se o disposto no nº 77.
PROFISSÃO
83 - A profissão far-se-á segundo o ritual próprio da Ordem Terceira.
- a) A primeira profissão será por um período de três anos, durante os quais os irmãos e/ou irmãs vivem plenamente a vida de comunidade, continuando o processo de formação, aprofundando os diversos aspectos da vida Carmelita.
- b) Ao término do período de três anos, feito o devido discernimento e sendo aprovado pelo Conselho do Sodalício, o irmão poderá emitir sua profissão definitiva ou perpétua.
- c) Recomenda-se que em cada ano, por ocasião da comemoração solene da Santíssima Virgem do Carmo, nossa Mãe e Irmã, os membros da Ordem Terceira, pessoalmente ou comunitariamente, renovem sua profissão.
84 - O ingresso visível na Ordem Terceira pode se dar com a entrega do hábito tradicional, ou do Escapulário. Os Estatutos locais devem dispor sobre o seu uso.
85 - Cada Sodalício deverá manter um livro de registro dos seus membros, anotando o nome, data da profissão e outros julgados convenientes.
86 - Os membros dos Sodalícios da Ordem Terceira do Carmo candidatos às sagradas ordens, quando previsto nos respectivos Estatutos, podem ser incardinados na Ordem do Carmo, com a ordenação diaconal, após serem definitivamente incorporados em uma comunidade da própria Ordem Terceira do Carmo; daquele momento em diante passam a depender do Prior Geral como seu ordinário, salvo naquilo que diz respeito aos deveres provenientes da condição de membro de uma comunidade da Ordem Terceira. Neste caso as relações entre o clérigo terceiro e a Ordem do Carmo deverão ser definidas pelos Estatutos da sua comunidade e aceites pelo Superior Geral por meio de um instrumento adequado.
87 - Cada comunidade estabeleça um programa de formação permanente.
Apostolado
88 - Os membros da Ordem Terceira do Carmo são chamados ao apostolado em sua várias modalidades: desde a oração ao empenho corresponsável nas diversas atividades eclesiais, até à oferta do próprio sofrimento em união com Cristo.
89 - Os Estatutos locais estabeleçam as formas de atividade apostólica. Estas podem concretizar-se nas mais diferentes modalidades, que a vida moderna oferece e solicita. Por meio da ação comum os Terceiros Carmelitas tendem a alcançar uma vida sempre mais perfeita. Alguns podem empenhar-se na difusão da mensagem cristã, outros na realização de obras apostólicas, de evangelização, de piedade e de caridade, sempre com o escopo de animar a ordem temporal mediante o espírito cristão. Também o trabalho ou a atividade profissional, exercidos, seja individualmente, seja em grupo ou comunidade, podem ser um modo de realizar a vocação para o apostolado.
Direitos e obrigações
90 - Todos os membros da Ordem Terceira do Carmo têm os mesmos direitos e obrigações, em conformidade com os Estatutos provinciais e locais.
91 - Os Terceiros Carmelitas devem reunir-se periodicamente, segundo a periodicidade e formas estabelecidas nos Estatutos, a fim de que formem juntos uma comunidade em meio à qual a palavra de Cristo habita de forma abundante; exortem-se mutuamente principalmente no que se refere à correta assimilação do carisma próprio da Ordem, à qual pertencem ,para que sejam membros vivos da Igreja, participando das aspirações, iniciativas e atividades de toda a Família Carmelita, de forma que esta possa em seu todo exercitar no Corpo de Cristo a missão que o Senhor constantemente lhes confia.
92 - Os Sodalícios devem estabelecer em seus Estatutos o modo mais adequado de assistir espiritualmente os irmãos e irmãs idosos ou enfermos.
93 - Para isso, espontaneamente se inspirem na espiritualidade e nos ensinamentos dos grandes santos, que Deus suscitou no Carmelo.
94 - Cada um pode deixar livremente a Ordem Terceira do Carmo por meio de pedido escrito endereçado ao Conselho do Sodalício, o qual pode aceitá-lo. Os membros podem também ser expulsos por justa causa, ou seja pelas razões estabelecidas no direito comum ou por reiterada e injustificada infração dos próprios deveres. A decisão cabe ao Conselho segundo o disposto nos Estatutos, após ter ouvido e advertido o interessado. Resta-lhe sempre o direito de recorrer à autoridade eclesiástica competente, ou seja ao Prior Geral ou ao Prior Provincial.
EPÍLOGO
Os membros da Ordem Terceira do Carmo se empenhem em encarnar em suas próprias vidas a vocação Carmelitana exposta nesta Regra. Empreendam a única e efêmera viajem da vida terrena como uma colônia de cidadãos, cuja pátria é o céu, procurando compreender com o auxílio dos santos, todas as dimensões da caridade de Cristo que supera toda a ciência; ansiosos, por meio de fervorosas aspirações e vivo desejo, por alcançar a terra que o Senhor, na sua partida, prometeu preparar para nós. Enraizados e fundamentados na caridade, sempre vigilantes e trazendo nas mãos as lâmpadas acesas, conscientes de que “ao entardecer serão julgados sobre o amor”, multipliquem os próprios talentos, para que na hora da morte, mereçam ouvir do Senhor o convite para entrarem na sua glória.
4 – Requerimentos, Ritos e modos de reuniões
* Requerimento de entrada
PROVÍNCIA CARMELITANA DE SANTO ELIAS
SODALÍCIO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO DE:____________________________________________________________
REQUERIMENTO SOLICITANDO INGRESSO
EU______________________________________________, DESEJANDO SERIAMANTE FILIAR-ME À ORDEM DO CARMO COMO IRMÃO(Ã) TERCEIRO(A) A FIM DE VIVER MAIS INTENSAMENTE A VIDA EVANGÉLICA POR CRISTO E PELA IGREJA, A EXEMPLO DE MARIA, SEGUNDO O ESPÍRITO E O CARISMA DESTA ORDEM DE NOSSA SENHORA DO CARMO, SOLICITO A MINHA ADMISSÃO COMO CANDIDATO(A) AO POSTULANTADO, COMPROMETENDO-ME A ACEITAR HUMILDEMENTE AS ORIENTAÇÕES DECORRENTES DESTA FILIAÇÃO, DURANTE TODO O PERÍODO DE PREPARAÇÃO, COMPREENDIDO ENTRE O POSTULANTADO ATÉ O ÚLTIMO ANO DA PROFISSÃO PROVISÓRIA.
_____________________________, ________/_______/_____________
_____________________________
ASSINATURA
* Rito de Admissão ao Postulantado
Presentes: Padre, Prior da OTC e o Formador
Celebrante: Com a admissão ao Postulantado, inicia-se o período de experiência, de um ano, em que tanto o candidato como o sodalício, examinam a fidelidade aos compromissos assumidos.
Ficam ao lado do Celebrante – o Prior(a) e o Formador(a) que procede a chamada dos candidatos.
Celebrante: A nossa proteção está no nome do Senhor.
Todos: Que fez o céu e a terra
Celebrante: O Senhor esteja convosco
Todos: Ele está no meio de nós.
Celebrante: Oremos
Deus eterno e todo poderoso, pedimos que abençoeis e santifiqueis esta (fita – bentinho), para recordar a Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Concedei a todos os que usarem esta (fita-bentinho), venerar a Senhora do Carmo, e seguir Jesus no serviço fraterno e por seus merecimentos e intercessão alcancem no presente a vossa glória e no futuro a glória eterna. Amém.
(Asperge a fita ou o bentinho e também aos que receberão).
Impondo a fita ou a medalha diz: Recebe, irmão(ã), este bentinho (fita etc.) e usa-o com respeito e devoção, imitando as virtudes de Maria Santíssima, de quem este escapulário é sinal e testemunho. Em nome do Pai ...
OU: Recebei esta fita e medalha (ou bentinho) que vos tornam admitidos ao Postulantado da Ordem do Carmo, no Sodalício de ......
Canto: a escolher
Enquanto canta os neo-postuantes retornam aos seus lugares.
* Rito de Admissão ao Noviciado
Com a admissão ao noviciado, o então Postulante, inicia seu segundo ano de formação e experiência na Ordem Terceira do Carmo.
(Cada Sodalício expressa este momento com algum símbolo e que pode ser até a entrega de parte das vestes, o Prior(a) e o Formador(a) devem acompanhar o Celebrante neste ato).
O Formador faz a chamada dos Postulantes para que se apresentem ao Noviciado.
Celebrante: Irmãos e irmãs, o que pedis à Ordem do Carmo
Postulantes: Pedimos a graça de poder perseverar na formação evangélica e da espiritualidade carmelita, no noviciado do Sodalício da Ordem Terceira do Carmo de ...........
Celebrante: (ao Prior) – Estes irmãos e irmãs estão aptos para ingressarem no Noviciado?
Prior: Sim, estes irmãos e irmãs seguiram atentamente a formação e estão aptos a ingressarem no noviciado.
Celebrante (benze as vestes ou o símbolo a ser entregue, se for o caso).
Elevemos a nossa súplica a Deus, para que abençoe os bons propósitos formulados por estes irmãos e irmãs, agora noviços e noviças da Ordem Terceira do Carmo. Que Deus os ajude na caminhada.
Todos: Amém!
Canto: apropriado
* Rito da Profissão Provisória
RITO DE PROFISSÃO E EMISSÃO DOS VOTOS PROVISORIOS NA ORDEM TERCEIRA DO CARMO.
TOMARÃO LUGAR JUNTO AO ASSISTENTE ESPIRITUAL: PRIOR(A) DO SODALÍCIO E O FORMADOR(A).
Celebrante: Convida a assembleia para cantar ou rezar invocando o Espírito Santo.
CHAMADA: O Formador(a) chama cada candidato pelo nome completo e o candidato(a) se apresenta dizendo: Eis-me aqui.
Os que farão as Profissões permanecem de pé diante do Assistente Espiritual, que pode ficar sentado ou em pé.
DIÁLOGO PRELIMINAR
Celebrante. Irmãos(ãs), o que pedis à Ordem do Carmo?
Candidato(s): Pedimos que nos seja concedido – assumir publicamente o compromisso – de viver e testemunhar o Evangelho – na Família Carmelitana – segundo a Regra aprovada pela Sé Apostólica.
Celebrante: Poderá(ão) observar a Regra da nossa Ordem Terceira do Carmo?
Candidato: Confiando na misericórdia de Deus e fortalecido pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, esforçar-me-ei para observá-la.
Celebrante: Dirigindo-se ao Prior(a): Este Sodalício da Ordem Terceira do Carmo de (nome da cidade), acolhe este pedido?
Prior(a): Sim, o Sodalício seguiu atentamente a preparação espiritual deste(s) nosso(s) irmãos e irmãs e alegra-se com o esforço conjunto de viver o Evangelho no espírito da Ordem do Carmo.
TODOS: GRAÇAS A DEUS
HOMILIA: O celebrante esclarece a natureza e finalidade do compromisso que o(s) candidato(s) irá(ão) assumir. A seguir uma pausa para meditação pessoal; depois, o(s) candidato(s), ajoelhado(s), proclama(m) a fórmula da profissão perpétua.
CANDIDATO: EU...................., ANIMADO E DE VIVA FÉ, FAÇO A MINHA PROFISSÃO PROVISÁRIA POR TRÊS ANOS E PROMETO OBSERVAR OS VOTOS DE POBREZA, OBEDIÊNCIA E CASTIDADE SEGUNDO MEU ESTADO DE VIDA, A DEUS E A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO E AO REVERENDÍSSIMO PADRE GERAL DA ORDEM DO CARMO, FREI .........................., E AOS SEUS SUCESSORES, SEGUNDO A REGRA DA ORDEM TERCEIRA QUE PROMETO OBSERVAR FIELMENTE, ATÉ A MORTE. E COM ESTA PROFISSÃO PROVISÓRIA, PASSO A FAZER PARTE DA FAMÍLIA CARMELITANA, PARA VIVER A SERVIÇO DE DEUS E DA IGREJA, COM A GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO E O AUXÍLIO DE NOSSA MÃE E IRMÃ, MARIA SANTÍSSIMA
(NESTE MOMENTO O CELEBRANTE BENZE AS VESTES E AS INSÍGNEAS DO SODALÍCIO, E AJUDADO PELO FORMADOR, IMPÕE AS INSÍGNEAS E REVESTE O NEO PROFESSO)
Celebrante: Deus, que te admitiu entre nós, faça com que perseveres. Por Cristo nosso Senhor.
Celebrante: Eu ....................., pela autoridade que exerço e que me foi concedida, aceito este vosso compromisso em nome da Igreja e te recebo na Ordem do Carmo e vos concedo participação de todos os bens espirituais da Família Carmelitana. Em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo.
Prior(a): Sede bem-vindo(s) em nosso meio, irmão(s) e irmã(s) caríssimo(s); estamos certos de que vós e nós, nos ajudaremos mutuamente neste nosso empenho para o nosso bem e o bem de toda a Igreja.
CANTO: FLOR DO CARMELO
(ENTREGA DA REGRA E ESTATUTOS DO SODALÍCIO)
Celebrante: Recebei o livro da Regra de Vida da Ordem Terceira do Carmo, para que vos guie no caminho da observância do Evangelho.
NEO-PROFESSO: Amém!
ORAÇÃO SOBRE O NEO PROFESSO
Celebrante: (DE MÃOS ESTENDIDAS SOBRE O NEO PROFESSO)
Protegei, Senhor este(s) vosso(s) filho (a), que desprezando as vaidades do mundo se consagrou(entregaram) a Vós na Família Carmelitana. A este(s) vosso(s) filho(a), desejoso(a-s) de vos servir com abnegação, não lhe(s) negueis acumulá-lo(s) dos tesouros do reino dos céus. Protegei-o(s) com o sinal da cruz, revesti-o(s) do santo hábito interior da nossa religião. De tal modo que seja(m) firme(s) na fé, alegre(s) na esperança e ardente(s) na caridade fraterna! Perdoai-lhe(s) todo o pecado, dai-lhe(s) força em seu(s) coração(ões) nos perigos e afastai-lhe(s) todas as ocasiões de pecado, para que, fugindo de toda má inclinação, receba(m), juntamente com os vossos eleitos, a vida eterna, para a qual, por vossa bondade e graça, foi(foram) chamado(s). Por Cristo Nosso Senhor!
TODOS: ASSIM SEJA!
Celebrante: Cumprimenta o(s) neo professo(s) e pede aplausos. Se for durante a missa, continua no ofertório.
*Rito da Profissão Perpétua:
RITO DE PROFISSÃO E EMISSÃO DOS VOTOS PERPÉTUOS NA ORDEM TERCEIRA DO CARMO
TOMARÃO LUGAR JUNTO AO ASSISTENTE ESPIRITUAL: PRIOR(A) DO SODALÍCIO E O FORMADOR(A).
Celebrante: Convida a assembleia para cantar ou rezar invocando o Espírito Santo.
CHAMADA: O Formador(a) chama cada candidato pelo nome completo e o candidato(a) se apresenta dizendo: Eis-me aqui.
Os que farão as Profissões permanecem de pé diante do Assistente Espiritual, que pode ficar sentado ou em pé.
DIÁLOGO PRELIMINAR
Celebrante. Irmãos(ãs), o que pedis à Ordem do Carmo?
Candidato(s): Pedimos que nos seja concedido – assumir publicamente o compromisso – de viver e testemunhar o Evangelho – na Família Carmelitana – segundo a Regra aprovada pela Sé Apostólica.
Celebrante: Poderá(ão) observar a Regra da nossa Ordem Terceira do Carmo?
Candidato: Confiando na misericórdia de Deus e fortalecido pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, esforçar-me-ei para observá-la.
Celebrante: Dirigindo-se ao Prior(a): Este Sodalício da Ordem Terceira do Carmo de João Monlevade, acolhe este pedido?
Prior(a): Sim, o Sodalício seguiu atentamente a preparação espiritual deste(s) nosso(s) irmãos e irmãs e alegra-se com o esforço conjunto de viver o Evangelho no espírito da Ordem do Carmo.
TODOS: GRAÇAS A DEUS
HOMILIA: O celebrante esclarece a natureza e finalidade do compromisso que o(s) candidato(s) irá(ão) assumir. A seguir uma pausa para meditação pessoal; depois, o(s) candidato(s), ajoelhado(s), proclama(m) a fórmula da profissão perpétua.
CANDIDATO: EU ..............................................................., ANIMADO(A) E DE VIVA FÉ, FAÇO A MINHA PROFISSÃO PERPÉTUA E PROMETO OBSERVAR OS VOTOS DE POBREZA, OBEDIÊNCIA E CASTIDADE SEGUNDO MEU ESTADO DE VIDA, A DEUS E A BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO E AO REVERENDÍSSIMO PADRE GERAL DA ORDEM DO CARMO, FREI ........................, E AOS SEUS SUCESSORES, SEGUNDO A REGRA DA ORDEM TERCEIRA QUE PROMETO OBSERVAR FIELMENTE, ATÉ A MORTE. E COM ESTA PROFISSÃO PERPÉTUA, PASSO A FAZER PARTE DA FAMÍLIA CARMELITANA, PARA VIVER A SERVIÇO DE DEUS E DA IGREJA, COM A GRAÇA DO ESPÍRITO SANTO E O AUXÍLIO DE NOSSA MÃE E IRMÃ, MARIA SANTÍSSIMA.
(NESTE MOMENTO O CELEBRANTE BENZE AS VESTES E AS INSÍGNEAS DO SODALÍCIO, E AJUDADO PELO FORMADOR, IMPÕE AS INSÍGNEAS E REVESTE O NEO PROFESSO)
Celebrante: Deus, que te admitiu entre nós, faça com que perseveres. Por Cristo nosso Senhor.
Celebrante: Eu ........, pela autoridade que exerço e que me foi concedida, aceito este vosso compromisso em nome da Igreja e te recebo na Ordem do Carmo e vos concedo participação de todos os bens espirituais da Família Carmelitana. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Prior(a): Sede bem-vindo(s) em nosso meio, irmão(s) e irmã(s) caríssimo(s); estamos certos de que vós e nós, nos ajudaremos mutuamente neste nosso empenho para o nosso bem e o bem de toda a Igreja.
CANTO: FLOR DO CARMELO
ENTREGA DA REGRA E ESTATUTOS DO SODALÍCIO
Celebrante: Recebei o livro da Regra de Vida da Ordem Terceira do Carmo, para que vos guie no caminho da observância do Evangelho.
NEO-PROFESSO: Amém!
ORAÇÃO SOBRE O NEO PROFESSO
Celebrante: (DE MÃOS ESTENDIDAS SOBRE O NEO PROFESSO)
Protegei, Senhor este(s) vosso(s) filho (a), que desprezando as vaidades do mundo se consagrou(entregaram) a Vós na Família Carmelitana. A este(s) vosso(s) filho(a), desejoso(a-s) de vos servir com abnegação, não lhe(s) negueis acumulá-lo(s) dos tesouros do reino dos céus. Protegei-o(s) com o sinal da cruz, revesti-o(s) do santo hábito interior da nossa religião. De tal modo que seja(m) firme(s) na fé, alegre(s) na esperança e ardente(s) na caridade fraterna! Perdoai-lhe(s) todo o pecado, dai-lhe(s) força em seu(s) coração(ões) nos perigos e afastai-lhe(s) todas as ocasiões de pecado, para que, fugindo de toda má inclinação, receba(m), juntamente com os vossos eleitos, a vida eterna, para a qual, por vossa bondade e graça, foi(foram) chamado(s). Por Cristo Nosso Senhor!
TODOS: ASSIM SEJA!
Celebrante: Cumprimenta o(s) neo professo(s) e pede aplausos. Se for durante a missa, continua no ofertório.
* Rito de Renovação de Profissão:
Celebrante: Caríssimos irmãos, invoquemos o nosso Pai do Céu, para que se digne abençoar os propósitos destes vossos filhos e filhas que pretendem renovar o seu compromisso evangélico na Ordem Terceira do Carmo.
Canto: (apropriado para ocasião)
Celebrante: Olhai, Senhor, com benevolência estes vossos filhos e filhas, que chamastes à Ordem Terceira do Carmo e concedei-lhes perseverar na caminhada que empreenderam, seguindo o exemplo dos nossos santos.
IRMÃOS E IRMÃS
Ó Deus nosso Pai, recordamos com gratidão o dia em que, por inspiração do Espírito Santo, nos chamastes a esta Família Carmelitana para sermos fermento de vida evangélica no mundo. Conscientes da graça deste vosso chamado, renovamos hoje com grande alegria, o nosso compromisso de amor e consagração na Ordem do Carmo, colocando-nos em disponibilidade para o vosso serviço na Igreja e à serviço dos nossos irmãos. Dignai-vos aceitar esta nossa oferenda, por intercessão de Maria Santíssima e de todos os santos carmelitas. Socorrei-nos na nossa fraqueza com a abundância de vossas graças. Isto vos pedimos por Cristo Senhor Nosso. Amém!
Canto: FLOR DO CARMELO
(Esta renovação poderá ser feita uma vez por ano, em ocasião da Festa de Nossa Senhora do Carmo ou alguma outra solenidade do Sodalício, pelos irmãos e irmãs que já emitiram a Profissão Perpétua. Sendo feita dentro da missa, que se faça após a homilia em que o celebrante recorde aos irmãos terceiros a importância do ato).
*Rito de Benção e Imposição do Escapulário
FÓRMULA DE IMPOSIÇÃO DO ESCAPULÁRIO(BENTINHO) DO CARMO – PARA QUEM NÃO PERTENCE À ORDEM TERCEIRA DO CARMO.
Sacerdote: Senhor, ouvi a minha oração
Todos: E o meu clamor chegue até Vós
Sacerdote: O Senhor esteja convosco
Todos: E com o teu Espírito
Oremos: Senhor Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, abençoai e santificai estes (escapulários ou bentinhos) que, por vosso amor e por amor a vossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria do Monte Carmelo, este(s) vosso(s) filho(s) e filha(s) levará (ão ) consigo, para que, pela intercessão de Maria seja(m) protegido(s) contra todo o mal e persevere(m) na vossa graça até a morte! Vós que viveis e reinais por todo sempre.
Todos: Amém!
(Sacerdote benze os escapulários com água benta)
Sacerdote: Recebe este escapulário bendito, suplicando à Santíssima Virgem Maria para que, pelos seus méritos, o use com piedade e o(a) defenda de todo perigo e o(a) conduza à vida eterna!
Todos: Amém!
*Rito das Exéquias
RITO CARMELITA PARA CELEBRAÇÃO DE EXÉQUIAS
- ACOLHIDA
Comentarista:
Irmãos e irmãs, sejam todos (as) bem-vindos (vindas) a esta celebração que fazemos por nosso(a) irmão(ã) carmelita N., que terminou sua caminhada na terra. Estamos aqui porque acreditamos na Palavra de Jesus que disse: “Aquele que acredita em Mim, mesmo que esteja morto, viverá”.
Deus não nos fez para a morte, mas para a vida; Deus não nos fez para as trevas, mas para a luz; Deus não nos fez para o aniquilamento, mas para a ressurreição.
Nós carmelitas, cremos com muita fé, na promessa de nossa Mãe e Irmã Nossa Senhora do Carmo, quando apresenta o Escapulário a São Simão Stock: 'Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno'".
CANTO DE ENTRADA APROPRIADO
D:Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
A graça e a paz da parte de Deus nosso pai e dos Senhor Jesus Cristo estejam convosco.
R: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
D: Irmãos e irmãs, ao longo de nossa vida, nós nos encontramos e convivemos em muitas ocasiões e situações na vida. Hoje nos encontramos pela última vez junto com nosso(a) irmão(ã) N.. e nos reunimos para celebrar sua vida. Para quem crê, a morte é apenas uma passagem para a vida definitiva. A ressurreição de Cristo nos trouxe a esperança e a certeza de que também nós ressuscitaremos para a vida eterna.
Canto: JESUS CRISTO É SENHOR...
D: Oremos (pausa) Ó Deus, glória dos fiéis e vida dos justos, que nos redimistes pela Páscoa do vosso Filho, concedei a vosso (a) servo (a) N. que, tendo professado sua fé no mistério da ressurreição, participe, agora, da plenitude da vida na glória do céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
R: Amém.
- LITURGIA DA PALAVRA
1ª LEITURA (PODE SER OMITIDA)
Leitura da segunda carta de são Paulo aos Coríntios (2Cor 5, 1.6-10)
SALMO RESPONSORIAL : 22 OU Sl 130 (129), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8
ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
D: PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO ( Jo 11, 21-27 ou Jo 12, 23-26)
BREVE REFLEXÃO
PRECES
D: Irmãos e irmãs, rezemos confiantes ao Senhor, que, por sua ressurreição, nos garante a vida em plenitude e digamos: Senhor, vós sois a ressurreição e a vida!
R: Senhor, vós sois a ressurreição e a vida!
COM: Cristo, Filho do Deus vivo, que ressuscitastes vosso amigo Lázaro, ressuscitai para a vida da vossa glória nosso (a) irmão (ã) N.
R: Senhor, vós sois a ressurreição e a vida!
COM: Cristo, consolador dos aflitos, que, restituindo a vida à filha de Jairo, enxugastes as lágrimas de seus parentes, consolai hoje os que choram a morte de nosso (a) irmão (ã) N.
R: Senhor, vós sois a ressurreição e a vida!
COM: Cristo, vós que ressuscitastes da morte ao terceiro dia, concedei aos nossos falecidos a vida eterna.
R: Senhor, vós sois a ressurreição e a vida!
COM: Cristo, que prometestes preparar para nós um lugar na casa do Pai, concedei a morada do céu aos fieis que vos serviram na terra.
R: Senhor, vós sois a ressurreição e a vida!
D: Inclinai, Senhor, vosso ouvido às preces que brotam de nosso coração, ao implorarmos vossa misericórdia para com vosso (a) filho (a). Acolhei-o (a) com ternura no convívio de todos os Santos. Por Cristo nosso Senhor.
R: Amém.
- ENCOMENDAÇÃO
D: Com fé e confiança recomendamos este(esta) nosso(a) irmão(ã) N... ao Pai de misericórdia, acompnhando-o(a) com nossas preces. Ele(ela) que recebeu no batismo a adoção dos filhos de Deus, seja agora convidado a participar ns céus, do convívio dos santos, e torne-se herdeiro(a) das promessas eternas. Rezemos também por nós que hoje choramos, para que um dia, como nosso(a) irmão(ã), possamos ir ao encontro de Cristo, quando ele, nossa vida, aparecer na glória.
D: Rezemos por N..., para que o Senhor o(a) receba na luz e na paz..
T: Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno
D: Para que seja recebido na companhia de Nª Sª do Carmo e dos anjos
T: Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno
D: Para que receba o perdão de seus pecados
T: Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno
CANTO APROPRIADO OU UM REFRÃO
ASPERGINDO:
D: Nas vossas mãos, Pai de misericórdia, entregamos a alma do(a) nosso(a) irmão(ã) N..., na forme esperança de que ele(ela) ressurgirá com Cristo no último dia, como todos os que no Cristo adormeceram. Escutai na vossa misericórdia as nossas preces: abri para ele(ela) as portas do paraíso, e anos que ficamos concedei que nos consolemos uns aos outros com as palavras de fé, até o dia em que nos encontraremos todos no Cristo e assim estaremos sempre convosco. Por Cristo, nosso Senhor
R: Amém.
D: Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno (3 vezes aspergindo)
T: E a luz perpétua o(a) ilumine
PAI NOSSO – AVE MARIA
CANTO: FLOR DO CARMELO
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DO CARMO
Santíssima Virgem Maria, Esplendor e Glória do Carmelo, olhai com especial ternura os que se revestem do vosso santo escapulário. Cobri-me com o manto da vossa maternal proteção. Fortalecei minha fraqueza com o vosso poder. Iluminai a escuridão do meu espírito com a vossa sabedoria. Aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Adornai minha alma com muitas graças e virtudes.
Assisti-me na vida, consolai-me na morte com a vossa presença e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso(a) filho(a) dedicado(a), para que eu possa louvar-vos em toda a eternidade. Amém.
- DESPEDIDA E PEDIDO DE BÊNÇÃO
D: Que o Senhor nos abençoe e nos guarde. Que ele nos mostre a sua face e tenha piedade de nós. Que o Senhor volte para nós o seu olhar e nos dê a paz.
Que o Senhor nos abençoe. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
T: Amém.
Canto: Hino do Escapulário ou outro canto carmelita.
****
Oração de Despedida (a critério do celebrante e da OTC)
D: Com fé e esperança na vida eterna, recomendamos ao Pai de misericórdia este (a) nosso (a) irmão (ã) N..., que morreu na paz de Cristo.
Momento de Silêncio
D: Ó Pai de misericórdia, em vossas mãos entregamos este (a) nosso (a) irmãos (ã)N... na firme esperança de que ele ressuscitará no último dia com todos os que no Cristo adormeceram. Abri para ele (a) as portas do paraíso; e a nós, que aqui ficamos, consolai-nos com a certeza de que um dia nos encontraremos todos em vossa casa. Por Cristo, nosso Senhor.
R: Amém.
(Pode aspergir o corpo com água benta e incensa-lo)
D: Santos de Deus, vinde em seu auxilio; Anjos do Senhor, recebei na glória eterna este (a) servidor (a) N...
Cristo, nosso Senhor, te chamou, Ele te acolha no paraíso para o descanso eterno.
R: Amém.
D: Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno.
R: E brilhe para ele (a) a vossa luz.
D: Descanse em Paz.
R: Amém
Canto Final
Com Minha Mãe estarei,
na Santa glória um dia,
junto à virgem Maria,
no céu triunfarei.
No Céu, no céu,
com minha mãe estarei 2x
SEPULTAMENTO
Pode-se entoar um canto antes de o caixão ser colocado na sepultura
D: A nossa proteção está no nome do Senhor.
R: Que fez o céu e a terra.
D: Daí-lhe, Senhor, o repouso eterno.
R: E brilhe para ele (a) a vossa luz.
D: Irmãos e irmãs, para o Apóstolo Paulo, o túmulo é como uma sementeira: coloca-se nele um corpo corruptível e ressuscita um corpo glorioso. Oremos pedindo que Deus abençoe esta sepultura.
Momento de silêncio.
D: Senhor Jesus Cristo, permanecendo três dias no sepulcro, santificastes os túmulos dos que creem em vós, para lhes aumentar a esperança da ressurreição. Concedei, misericordioso, que o corpo deste (a) vosso (a) filho (a) descanse em paz neste sepulcro, até que vós, que sois a ressurreição e a vida, o (a) ressusciteis, para que possa contemplar, no esplendor de vossa glória, a luz eterna no céu. Vós que sois Deus, com o Pai, na unidade do Espírito Santo.
R: Amém.
D: Cristo, que ressuscitou como primogênito dentre os mortos, transformará o corpo deste (a) nossa (a) irmão (ã) à imagem de seu corpo glorioso. O Senhor o (a0 receba na sua paz e lhe conceda a ressurreição no último dia.
Enquanto se coloca o copo na sepultura, canta-se um salmo ou um hino.
D: Confiantes na bondade de Deus que é Pai e solidários com os familiares de N. rezemos a oração que o Senhor nos ensinou: Pai Nosso...
RITOS FINAIS
Aspergindo com água benta o túmulo e o caixão, quem preside diz:
D: Na água e no Espírito fostes batizado (a). O Senhor complete em ti a obra que Ele mesmo começou no teu batismo.
Oremos (pausa) Ó Pai de bondade, vossos dias não conhecem fim e vossa misericórdia não tem limites. Lembrando a brevidade de nossa vida e a incerteza da hora da morte, nós vos pedimos que nosso Espírito Santo nos conduza neste mundo, na santidade e na justiça. E, depois de vos servirmos na terra, possamos chegar ao vosso Reino no céu. Por Cristo nosso Senhor.
R: Amém.
D: Que N. e todas as pessoas falecidas, pela misericórdia de Deus, descansem em paz.
R: Amém.
Pode-se entoar um cântico a Nossa Senhora ou outro apropriado
* Instalação do Sodalício:
RITO DE INSTALAÇÃO DE UM SODALÍCIO
Na data estabelecida para a instalação, convocados os candidatos para se reunirem na Igreja, o sacerdote, devidamente paramentado, procederá a cerimônia religiosa conforme o roteiro:
Celebrante: Invoca a Santíssima Trindade
Todos: Amém!
Celebrante: O senhor esteja convosco
Todos: Ele está no meio de nós
(Segue-se uma pequena exortação sobre a importância do Ato)
Celebrante: Iniciamos com piedade e esperança este Sodalício, para que, aqueles que se inscreveram na Ordem Terceira do Carmo, nela encontrem a paz, a graça, e as alegrias espirituais. Invoquemos a bênção de Deus e a assistência maternal de Maria Santíssima.
OREMOS: Acolhei, Senhor as nossas orações e dignai-vos abençoar estes vossos filhos e filhas que, em vosso nome, admitimos à participação de todos os benefícios espirituais no Sodalício da Ordem Terceira de (nome da cidade), dedicado de modo especial a Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, e concedei que, por vossos dons, possam perseverar devotamente na Igreja, para que cresçam em virtudes e consigam assim a vida eterna. Por Cristo Nosso Senhor.
Todos: Amém.
Leitura de At 2, 42-47
Recitação ou canto do Salmo 63
ORAÇÃO DA COMUNIDADE
Celebrante: Irmãos caríssimos, elevemos a oração da nossa comunidade a Deus Pai, para que nos conceda a graça de viver como seus filhos devotos, na prática da caridade fraterna, empenhando a nossa vida na vida do Sodalício da Ordem Terceira do Carmo.
Leitor – Pelo Papa......, pelo nosso Bispo ......, pelo Superior da Ordem do Carmo ......., para que o Senhor lhes infunda com abundância os dons de suas graças para que possam dirigir-nos no caminho da justiça e santidade, rezemos ao Senhor.
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Pela expansão do Reino do Senhor e que todos os povos se congreguem na sua Igreja, rezemos ao Senhor.
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Para que nós, irmãos terceiros do Carmo, fiéis a nossa vocação de seguidores de Jesus Cristo e tomando como modelos a vida do profeta Elias e de nossa Mãe e Irmã Maria Santíssima, sejamos luz e fermento no mundo em que vivemos, rezemos ao Senhor.
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Para que nosso testemunho de vida evangélica edifique os nossos irmãos e os leve a abraçar o mesmo ideal de vida de oração e íntima união com Deus, rezemos ao Senhor.
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Para que este Sodalício ora instalado, seja sinal da graça de Deus e possa ser exemplo de fidelidade ao carisma carmelita e aos superiores da Ordem do Carmo, e viva em unidade com os demais Sodalícios, rezemos ao Senhor.
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Leitor: Pelas vocações religiosas: masculinas, femininas e leigas, floresçam no mundo inteiro e sejam presença de Deus no mundo, rezemos ao Senhor.
Todos: Senhor, escutai a nossa prece.
Celebrante: Oremos
Acolhei, Senhor, as nossas súplicas por intercessão de nossa Mãe Maria Santíssima e dos santos carmelitas nossos protetores e amparai esta nossa família, fazendo-a crescer em virtude e santidade, para que possamos dar ao mundo de hoje o testemunho de irmãos e irmãs orantes, fraternos e apostólicos. Por Cristo Senhor Nosso.
Todos: Amém.
TERMINADA A CERIMÔNIA, REDIGE-SE A ATA DE INSTALAÇÃO DO SODALÍCIO QUE SERÁ ASSINADA PELO REPRESENTANTE DA PROVÍNCIA (QUE PRESIDE A CELEBRAÇÃO), PELO DIRETOR ESPIRITUAL E DEMAIS MEMBROS DO SODALÍCIO.
CASO A INSTALAÇÃO SEJA DENTRO DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA, FAÇAM-SE AS DEVIDAS ADAPTAÇÕES.
* Reunião do Conselho
Abertura:
Prior (a): “Inspirai, Senhor, as nossas ações e acompanhai- as como o vosso auxilio para que toda a nossa atividade se inicie por Vós e em Vós encontre o seu cumprimento. Por Cristo Nosso Senhor!”
Todos: Amém
(Segue –se uma breve leitura da Sagrada Escritura e reflexão)
Leitura e aprovação da Ata anterior
Exposição e desenvolvimento da pauta com liberdade e respeito às opiniões dos demais membros do Conselho.
Encerramento:
“ Ó Deus, fonte de todo o bem, princípio do nosso ser e agir, fazei que reconheçamos os benefícios da vossa paternidade e Vos amemos com toda a força do nosso coração. Por Jesus Cristo Nosso Senhor!
Todos: Amém
* Reunião Geral:
Oração Inicial
Prior (a) ou Ass. Espiritual: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!
Todos: Amém!
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e o amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Todos: Em o teu Espirito!
Prior (a) ou Ass. Espiritual: Senhor, atendendo o vosso chamado, aqui nos reunimos pelo poder de vossa Palavra. Concedei-nos, ó Pai, que sintamos no nosso meio a presença de Cristo, vosso Filho e de Maria Nossa Mãe, pois é em vosso nome que nos reunimos. Dai-nos a abundância dos vossos Dons de misericórdia e de paz, para conhecer aquilo que é do vosso agrado; e agindo com o Espirito de verdade e amor, esforcemo-nos para viver e atuar em perfeita união e concórdia. Por Cristo Nosso Senhor!
Todos: Amém!
(Segue-se uma breve leitura da Sagrada Escritura e Reflexão)
(Assuntos, objetos da reunião, ou formação)
Encerramento:
(Rezar ou Cantar a Salve Rainha)
* Assembleia Eletiva:
Oração Inicial
Ass. Espiritual: Ó Deus, que com o Dom do vosso Espírito, iluminastes a mente dos Apóstolos e continuais a espalhar com generosidade os seus carismas até os confins da terra, operai também hoje nesta comunidade de irmãos as maravilhas do vosso amor, para que possam desempenhar fielmente as funções que lhes são confiadas. Por Cristo Nosso Senhor!
Todos: Amém!
(Segue-se a votação e a apuração dos votos)
Oração de Encerramento
Ó Senhor, nós vos agradecemos a assistência que nos foi dispensada tão generosamente. Confirmai, nós Vos pedimos, com a força de nossa graça, aqueles que, aceitando a nossa indicação, colocamos à frente do nosso Sodalício!
Todos: Amém!
* Cerimônia de posse do Prior e o seu Conselho
5 - Vestes
* Hábito tradicional:
A Regra da Ordem Terceira no capitulo 84 diz que “O ingresso visível na Ordem Terceira pode se dar com a entrega do hábito tradicional, ou do Escapulário. Os Estatutos locais devem dispor sobre o seu uso.”
Compõe o Habito Tradicional: a túnica marrom, escapulário marrom, o cinto, a capa, Véu
* Outras expressões simbólicos:
Escapulário ou bentinho, uniformes, camisetas, fitas ou medalhas
6- Criação de um Sodalício – Como erigir
* Documentos necessários
1º) Requerimento do Pároco ao Bispo Diocesano
(Modelo de Formulário)
Exmo. Senhor
Dom................................................................................................................................................................................................................
- Bispo Diocesano de..................................................................................................................................................................................
Revmo. Senhor
Eu, abaixo assinado Padre......................................................................................................a fim de promover com maior intensidade a vida cristã entro os fiéis, venho pelo presente oficio solicitar digne-se Vossa Excia. Rvma. Conceder a licença de criar na Paróquia de ....................................................................................................na cidade de .............................................................................................., O SODALÍCIO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO, sob a jurisdição da Província Carmelitana de Santo Elias dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Nestes termos p/ deferimento
--------------------------------------------------
Pe.
---------------------------------------------------------------------------/----------/----------------
(cidade) (data)
2º) Requerimento ao Padre Geral da Ordem do Carmo
(Modelo de Requerimento)
Revmo. Padre.................................................................................................................................................................................................
- Superior Geral dos Padres Carmelitas
Revmo. Padre
Eu, abaixo assinado, Pe........................................................................................................................................................pároco da igreja de........................................................................................................................................................................................................Cidade de ..........................................................................., Diocese de....................................................................................................................
Estado de..........................................................................., Brasil, venho pelo presente ofício solicitar digne-se Vossa Revma, erigir na referida Paróquia o SODALÍCIO DA ORDEM TERCEIRA DO CARMO, sob a jurisdição dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, da Província Carmelitana de Santo Elias. Para tanto, junto a este ofício a devida licença do Senhor Bispo Diocesano Dom.................................................................................................................................................. Diocese de ...........................................
........................................................................................, Brasil.
Nestes termos p/ deferimento
--------------------------------------------------
Pe.
---------------------------------------------------------------------------/----------/----------------
(cidade) (data)
OS 7 PASSOS DE JESUS: SEXTA FEIRA DO TRIUNFO (fevereiro-2024)
- Detalhes
Frei Victor Kruger, O. Carm.
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm
“Desde meados do Sec. XVII, os carmelitas introduziram na Colônia a devoção da Via Crucis ou 7 Passos, em que se representava o drama da Paixão através de quadros ou Estações. Essa devoção passou a ser representada inicialmente através de uma Procissão que se realizava na SEXTA-FEIRA anterior à Semana Santa, designada também como SEXTA FEIRA do TRIUNFO.
No Sec. XIX Thomas Ewbank ainda pôde assistir a essa Procissão promovida pelos carmelitas e que iniciava com o Quadro representando a Oração de Cristo no Horto das Oliveiras. Em São Paulo, ao que consta, a primeira Procissão desta Via Crucis foi realizada em 1681.”
7 PASSOS DE JESUS: ACOMPANHANDO OS 7 PASSOS DE JESUS, RUMO À RESSURREIÇÃO.
1- ACOLHIDA / ABERTURA DA CELEBRAÇÃO.
(Cel- Celebrante. T- Todos. C- Comentarista).
COMENTARIO INICIAL:
Hoje celebramos de modo especial, o sofrimento, a incompreensão, a prisão, a tortura e a morte de Jesus. Ele foi vítima das pessoas que se sentiam ameaçadas em seus privilégios pelas palavras e pelo modo de agir de Jesus
Todos: Então se armaram contra Ele e o maltrataram até a morte e morte de cruz.
Comentarista: A cruz de Jesus mostra o mal que existe no mundo. Mostra toda a violência da mentira, da injustiça e da exploração contra a vida.
Todos: E essa violência se manifesta ainda hoje na cruz pesada do nosso povo.
Comentarista: Eis o que significa a cruz de Jesus Cristo: Jesus não morreu para exaltar o sofrimento. Ele aceitou a cruz para ser fiel à sua missão e para não trair a verdade que viveu e pregou.
CAMINHANDO E ACOMPANHANDO JESUS ATRAVÉS DOS
ÚLTIMOS 7 PASSOS TRIUNFANDO SOBRE A MORTE.
CANTANDO:
Eles queriam um grande rei que fosse forte dominador e por isso não creram nele e mataram o Salvador. ( bis )
1º- NO PRIMEIRO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS NO HORTO DAS OLIVEIRAS.
O SENHOR DA AGONIA
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Comentarista: O quê se passa no íntimo de Jesus? Uma luta dramática em que entra em confronto a companhia e a solidão, o medo e a serenidade, a coragem de continuar o Projeto de Deus até o fim e a vontade de desistir e fugir. A oração é a fonte que reanima nosso projeto de vida, segundo a vontade de Deus.
LEITOR-1. (MARCOS 14, 32 – 42)
32 Eles chegaram a um lugar chamado Getsêmani. Então Jesus disse aos discípulos: «Sentem-se aqui, enquanto eu vou rezar.» 33 Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar com medo e angústia. 34 Então disse a eles: «Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem.» 35 Jesus foi um pouco mais adiante, prostrou-se por terra e pedia que, se fosse possível, aquela hora se afastasse dele. 36 Ele rezava: «Abba! Pai! Tudo é possível para ti! Afasta de mim este cálice! Contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.»
37 Depois Jesus voltou, encontrou os três discípulos dormindo, e disse a Pedro: «Simão, você está dormindo? Você não pôde vigiar nem sequer uma hora? 38 Vigiem e rezem, para não cair na tentação! Porque o espírito está pronto para resistir, mas a carne é fraca.»
39 Jesus se afastou de novo e rezou, repetindo as mesmas palavras. 40 Voltou novamente, e encontrou os discípulos dormindo, porque seus olhos estavam pesados de sono. E eles não sabiam o que dizer a Jesus. 41 Então Jesus voltou pela terceira vez, e disse: «Agora vocês podem dormir e descansar. Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do Homem vai ser entregue ao poder dos pecadores. 42 Levantem-se! Vamos! Aquele que vai me trair já está chegando.»
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Na vossa agonia experimentastes o mais intenso sofrimento e, diante da provação acolhestes sem reservas a vontade do Pai.
Concedei a nós vossos servos a graça de aceitar tudo, de suportar tudo, de confiar tudo, fazendo de nossa vida um ato contínuo de acolhida da vontade do Pai. Amém!
CANTANDO: (Do CD- Tempo do Carmelo, de Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No Monte das Oliveiras Ele sente a aflição, está em silêncio e desolação. Meu Pai afasta de mim essa dor, mas não seja feita a minha vontade mas/ Do Senhor (bis)
2º- NO SEGUNDO PASSO CONTEMPLAMOS A PRISÃO DE JESUS.
Cel. Nós vos adoramos ...
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Comentarista: Um dos discípulos se alia ao poder repressivo das autoridades e trai Jesus com um gesto de amizade. Todos fogem e Jesus fica sozinho e preso. Aquele que realiza o projeto de Deus e atrai o povo é considerado pelos poderosos como bandido perigoso.
LEITOR-2 (MARCOS 14, 43 – 46 . 53)
43 Logo mais, enquanto Jesus ainda falava, chegou Judas, um dos Doze, com uma multidão armada de espadas e paus. Iam da parte dos chefes dos sacerdotes, dos doutores da Lei e dos anciãos do povo. 44 O traidor tinha combinado com eles um sinal, dizendo: «Jesus é aquele que eu beijar. Prendam, e levem bem guardado.» 45 Judas logo se aproximou de Jesus, dizendo: «Mestre!» E o beijou. 46 Então eles lançaram as mãos sobre Jesus, e o prenderam.
53 Então eles levaram Jesus à casa do sumo sacerdote. E se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os anciãos e os doutores da Lei.
REFLEXÃO.
Cel. Senhor Jesus! Vós viestes não para condenar, mas para salvar, não para aprisionar, mas para libertar. Infundi em nós a vossa serenidade, a fim de que possamos enfrentar as grandes lutas de nossa vida, sem ódio e sem violência. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-Judas Iscariotes traiu meu Salvador, ô quanto sofrimento ó quanta dor. No coração de Pedro a noite chegou, nega o Filho de Deus/ O Salvador. (bis)
3º- NO TERCEIRO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS ATADO À COLUNA E FLAGELADO.
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
L 1- O OLHAR DO PROFETA ISAIAS:
Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. (Is 53, 4-5) A flagelação de Jesus é ao mesmo tempo, uma covardia do sistema injusto de Pilatos e também já anuncia um julgamento premeditado.
LEITOR-3. (JOÃO 18, 19 – 28).
19 Então o sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito dos seus discípulos e do seu ensinamento. 20 E Jesus respondeu: «Eu falei às claras para o mundo. Eu sempre ensinei nas sinagogas e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Não falei nada escondido. 21 Por que você me interroga? Pergunte aos que ouviram o que eu lhes falei. Eles sabem o que eu disse.»
22 Quando Jesus falou isso, um dos guardas que estavam aí deu uma bofetada em Jesus e disse: «É assim que respondes ao sumo sacerdote?» 23 Jesus respondeu: «Se falei mal, mostre o que há de mal. Mas se falei bem, por que você bate em mim?» 24 Então Anás mandou Jesus amarrado para o sumo sacerdote Caifás.
25 Simão Pedro ainda estava lá fora se esquentando. Perguntaram a ele: «Você também não é um dos discípulos dele?» Pedro negou: «Eu não.» 26 Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha decepado a orelha, disse: «Por acaso eu não vi você no jardim com ele?» 27 Pedro negou de novo. E, na mesma hora, o galo cantou.
* 28 De Caifás levaram Jesus para o palácio do governador. Era de manhã. Mas eles não entraram no palácio, pois não queriam ficar impuros, para poderem comer a ceia pascal.
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Inspirai em cada um de nós a consciência de nossa fragilidade. Fazei-nos dignos do carinho e da confiança que depositastes em nós quando decidimos trilhar o caminho do Evangelho. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1- Ele foi julgado e condenado com desamor, e logo Pilatos Barrabás soltou. Cuspiam
Nele e diziam salve o Rei dos Judeus, batiam em sua cabeça/ Ô quanto dor. (bis)
4º- NO QUARTO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS ESCARNECIDO E COROADO DE ESPINHOS
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Comentarista: Revestido com todos os sinais de poder: manto de púrpura, coroa, cetro e adoração, Jesus é motivo de zombaria.
LEITOR-4. (JOÃO 19, 2 – 3)
2 Jesus já tinha se reunido aí muitas vezes com seus discípulos. Por isso, Judas, que estava traindo Jesus, também conhecia o lugar.
3 Judas arrumou uma tropa e alguns guardas dos chefes dos sacerdotes e fariseus e chegou ao jardim com lanternas, tochas e armas.
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Zombado por todos como caricatura de rei; no entanto, quando retoma suas próprias vestes se revela como verdadeiro rei, aquele que entrega sua vida para salvar seu povo. Que Tu sejas para nós: caminho, verdade e vida para nos tornar imensamente felizes. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No caminho do calvário as santas mulheres encontrou, no caminho do calvário Verônica aflita/ As lágrimas enxugou. (bis)
5º NO QUINTO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS APRESENTADO AO POVO POR PILATOS. EIS O HOMEM!
Cel. Nos vos adoramos...
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Comentarista: O dilema de Pilatos é o mesmo do homem de hoje, dependente do sistema capitalista injusto e violento. Ou arrisca sua posição de poder, ou sacrifica o inocente.
LEITOR-5. (JOÃO 19, 4-7)
4 Então Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, saiu e perguntou a eles: «Quem é que vocês estão procurando?» 5 Eles responderam: «Jesus de Nazaré.» Jesus disse: «Sou eu.»
Judas, que estava traindo Jesus, também estava com eles. 6 Quando Jesus disse: «Sou eu», eles recuaram e caíram no chão. 7 Então Jesus perguntou de novo: «Quem é que vocês estão procurando?» Eles responderam: «Jesus de Nazaré.»
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Que Tu sejas para nós a força que nos sustenta na tentação, a mão que nos reergue no momento da queda e o bálsamo que alivia nossas chagas, afim de que perseveremos até o fim. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-Para o calvário a cruz Ele carregou, Simão Cirineu logo o ajudou. Para o calvário a cruz Ele carregou, a sua santa Mãe/ O consolou. (bis)
6º NO SEXTO PASSO CONTEMPLAMOS JESUS CARREGANDO A CRUZ ÀS COSTAS: O SENHOR DOS PASSOS.
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Comentarista: A cruz é o trono de onde Jesus exerce sua realeza. Ele não esta só, mas é a motivação daqueles que o seguem, aqueles que dão a vida como Ele “ para que todos tenham vida“.
LEITOR-6. (JOÃO 19, 16 -18)
4 Então Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, saiu e perguntou a eles: «Quem é que vocês estão procurando?» 5 Eles responderam: «Jesus de Nazaré.» Jesus disse: «Sou eu.»
Judas, que estava traindo Jesus, também estava com eles. 6 Quando Jesus disse: «Sou eu», eles recuaram e caíram no chão. 7 Então Jesus perguntou de novo: «Quem é que vocês estão procurando?» Eles responderam: «Jesus de Nazaré.»
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Nós te contemplamos carregando a cruz e Te reconhecemos como nosso Deus. Aceitando a cruz, Jesus nosso Salvador aponta para a vida nova, para um mundo mais humano e para a libertação dos males que oprimem homens e mulheres. Amém!
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No suplício da cruz Dimas suplicou, e o perdão dos pecados ele ganhou. Pobre Filho de Deus homem da dor, os pecados de Dimas/ Ele deletou. (bis)
7º NO SÉTIMO PASSO CONTEMPLAMOS A CRUCIFIXÃO E MORTE DE JESUS.
Cel. Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos!
Todos: Porque pela vossa Santa cruz remiste o mundo!
Comentarista: Jesus está completamente só. Seu corpo está reduzido a uma fraqueza extrema. Contudo, até o fim Ele permanece fiel e consciente de sua entrega.
LEITOR-07. (JOÃO 19, 28 - 30)
28 De Caifás levaram Jesus para o palácio do governador. Era de manhã. Mas eles não entraram no palácio, pois não queriam ficar impuros, para poderem comer a ceia pascal.
29 Então Pilatos saiu para fora e conversou com eles: «Que acusação vocês apresentam contra esse homem?» 30 Eles responderam: «Se ele não fosse malfeitor, não o teríamos trazido até aqui.»
REFLEXÃO
Cel. Senhor Jesus! Tu não Te apegaste a tua condição divina, mas como homem te esvaziaste por inteiro, assumindo a condição de servo, humilhando-se até a morte e morte de cruz. Ensina-nos a dizer diante de cada angustia de nossa vida: “ Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito”.
CANTANDO:
Eis a cruz ó madeiro sagrado, eis a cruz ó altar consumado, eis a cruz, eis a cruz, de Jesus.
1-No alto da cruz Ele gritou, meu Deus, meu Deus por que/ Me abandonou. O que fizeram com o meu Senhor, fazem todos os dias, ô/ Quanta horror. (bis)
CONCLUSÃO
REFLEXÃO
Cel. Celebrando os últimos 7 Passos de Jesus rumo à Ressurreição sentimos quanto e fraco é ainda nosso amor, apesar de entendermos um pouco melhor o sofrimento dos outros. Acreditamos que não há morte sem Ressurreição; essa é a razão de nossa fé!
Todos. A VIDA TRIUNFA SOBRE A MORTE!
L8. LENDO 1 Cor 15, 1 – 8
1 Irmãos, lembro a vocês o Evangelho que lhes anunciei, que vocês receberam e no qual permanecem firmes. 2 É pelo Evangelho que vocês serão salvos, contanto que o guardem do modo como eu lhes anunciei; do contrário, vocês terão acreditado em vão.
Cristo morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras; 4 ele foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; 5 apareceu a Pedro e depois aos Doze. 6 Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez; a maioria deles ainda vive, e alguns já morreram.7 Depois apareceu a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos.
* 12 Se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? 13 Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou; 14 e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a fé que vocês têm.
15 Se os mortos não ressuscitam, então somos testemunhas falsas de Deus, pois estamos testemunhando contra Deus, ao dizermos que Deus ressuscitou a Cristo. 16 Pois, se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou. 17 E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é ilusória e vocês ainda estão nos seus pecados.
Cel. Introdução ao... Pai nosso que estais ...
CANTO FINAL
Ressurreição (1 Coríntios 15)
(Do CD- Tempo do Carmelo, de Frei Petrônio de Miranda, O. Carm)
1-Se não acreditamos na ressurreição, se ficamos na noite da- escuridão/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
2-Se Ele foi condenado e a cruz venceu, se no Monte Calvário Ele- padeceu/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
3-Se na cruz foi o fim quando Ele gritou, se o saldado com a lança- o derrotou / É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
4-Se a sombra da morte o dominou, se botaram na tumba e não- mais voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
5-Se a morte venceu e o fim chegou, se no terceiro dia Ele- não voltou/ É vã, a nossa fé, é vã a nossa fé. (bis)
Direito à defesa sim, ao esquecimento não
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Está criada para Jair Bolsonaro a obrigação de fornecer explicações amplas e cabais à Nação. Não há como esquecer os eventos que o envolvem direta ou indiretamente
Por Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
O ex-presidente Jair Bolsonaro teria dito: “Me esqueçam, já tem outro governando o País”. Imitou o também ex-mandatário João Figueiredo, quando, 40 anos atrás, pediu que o esquecessem. Ambos apelaram para o esquecimento, não desejavam ser lembrados. Talvez soubessem que boas lembranças deles não se teria. Não importam as razões desse desejo. Elas são pessoais, absolutamente subjetivas.
No entanto, há uma diferença marcante entre os dois que nos impede de esquecer o último deles a deixar o comando do Brasil: ele tentou, segundo fortíssimos indícios, destruir a democracia. O outro passou para a História como responsável pela chamada abertura democrática. Ambos com a mesma origem, mas Figueiredo, talvez premido por circunstâncias impositivas, tomou o caminho da legalidade institucional.
Os fatos já em parte revelados exigem uma apuração meticulosa e abrangente para determinar as responsabilidades criminais dos envolvidos. São eventos que não podem ser olvidados, assim como os seus protagonistas não podem ficar à margem da lei, esquecidos.
Nós, advogados criminais, sabemos que no início das investigações, quando ainda não se conhece por completo o quadro probatório, para certos casos a estratégia é simplesmente o acusado negar a autoria ou se manter em silêncio. Pode usar evasivas, alegar uma amnésia temporária, seletiva. Essa tática se justifica sob o aspecto jurídico, pois o suspeito não conhece os fatos colhidos ou a colher contra si, não podendo, pois, contestá-los ou até afirmá-los. Há um preceito universal que reza não estar ninguém obrigado a fazer prova contra si. Essa é a base do direito outorgado ao acusado de ficar em silêncio ou de só depor com pleno conhecimento dos elementos probatórios existentes.
No entanto, é diversa a situação do ex-presidente. Ao analisar as circunstâncias amplamente divulgadas de uma articulação engendrada no ambiente íntimo do Planalto, que se estendeu para outras plagas, verifica-se que foram armazenadas informações suficientes para formar um painel indiciário e, mesmo, probatório suficiente para um juízo de certeza quanto à ocorrência dos eventos.
Esta articulação, pelo que foi revelado, atingiu as altas esferas governamentais, incluindo gabinetes militares, mas não sensibilizou os quartéis.
Assim sendo, em relação a alguns fatos comprovados, não há como o investigado mor, a quem as armações golpistas beneficiariam, limitar-se a afirmar estar sendo vítima de perseguição e que as imputações são invencionices. Há evidências de que ao menos ele tinha plena ciência das manobras pré-golpistas. Caso ele não esclareça alguns dados concretos, especialmente aqueles registrados em mensagens e em vídeos, crescerão as suspeitas de sua conivência com a tentativa de ruptura institucional.
Está, pois, criada para Jair Bolsonaro a obrigação de fornecer explicações amplas e cabais à Nação. Não há como esquecer os eventos que o envolvem direta ou indiretamente.
O seu dever para com o povo tem origem nos pleitos eleitorais que disputou, pois com eles criou um vínculo que não pode ser rompido pelo silêncio com os seus eleitores e mesmo com a parcela que não o apoiou, afinal ele foi o presidente da República. O País exige uma posição clara, esclarecedora e verdadeira. Não falar ou apenas negar constitui um deboche, podendo até parecer reconhecimento de culpa. Caso a queira admitir, que o faça explicitamente. Caso continue a negar, que justifique as evidências e esclareça as dúvidas.
Não pode continuar a se dizer vítima de uma implacável perseguição. Este seu posicionamento está criando uma grave consequência. Poderá aumentar o clima de discórdia implantado por ele mesmo no seio da sociedade. Embora muitos de seus decepcionados correligionários viram o mito se desfazer, tantos outros não. Estes ainda creem no Messias e aderem à sua ladainha persecutória. Nesse ponto reside o mal, pois estes seus seguidores, tomados pela intolerância raivosa e até pelo ódio, fazem uma irracional defesa do grande guia, pois entendem estar ele a caminho do calvário.
Este segmento acometido pela cegueira não só verbaliza a sua ira feroz, como já a transmitiu por ações concretas, como se viu em 8 de janeiro do ano passado, em alguns episódios isolados e que poderão se repetir com intensidade em face da crença de que o mártir está sendo sacrificado.
Talvez não seja uma utopia, um devaneio piegas e pueril esperar que, em face da gravidade de sua situação pessoal, mude de discurso e de atitude e sinalize para a concórdia nacional, acalme os seus furiosos e reconheça os seus erros.
De qualquer forma, independentemente de sua atitude, a ele deve ser garantido o pleno exercício do sagrado direito de defesa. Mas não deve ser atendido o seu desejo ao esquecimento, pois isso equivaleria a esquecer os desassossegos, as intranquilidades e reais padecimentos impostos ao povo e à Nação. Equivaleria a que se renunciasse à justiça que deve ser realizada e deve prevalecer.
*ADVOGADO Fonte: https://www.estadao.com.br
Papa: Quaresma ajuda a entrar no deserto interior, em contato com a verdade
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Os "animais selvagens" que temos no coração, ou seja, as paixões desordenadas de vários tipos, podem levar ao risco de sermos dilacerados interiormente; enquanto os anjos recordam as boas inspirações divinas que "acalmam o coração, infundem o sabor de Cristo, o sabor do Céu".
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Ir ao deserto para perceber a presença dos "animais selvagens" e anjos em nosso coração, e com o silêncio e a oração captar os pensamentos e sentimentos inspirados por Deus.
Em síntese, esse foi o convite do Papa aos milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro em um dia ensolarado e temperatura amena, para o Angelus neste I Domingo da Quaresma.
"Animais selvagens e anjos", companhias de Jesus no deserto e também nossas
O Evangelho de Marcos - que inspirou a reflexão de Francisco - narra que Jesus «ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás», e também nós - observou o Papa - "somos convidados na Quaresma a “entrar no deserto”, isto é, no silêncio, no mundo interior, na escuta do coração, em contato com a verdade"
A leitura narra que "animais selvagens e anjos" eram a companhia de Jesus no deserto. Mas, em um sentido simbólico - explicou o Papa - "são também a nossa companhia: quando entramos no deserto interior, de fato, podemos encontrar ali animais selvagens e anjos."
E explica então, o sentido desses "animais selvagens":
Na vida espiritual podemos pensar neles como as paixões desordenadas que dividem o nosso coração, tentando possuir o coração. Elas nos sugestionam, parecem sedutoras, mas, se não estivermos atentos, levam ao risco de nos dilacerar.
Os "animais" alojados em nossa alma
E Francisco diz ainda que podemos dar nomes a esses “animais” da alma:
Os vários vícios, a ganância de riqueza, que aprisiona no cálculo e na insatisfação, a vaidade do prazer, que condena à inquietação e à solidão, e ainda também a avidez pela fama, que gera insegurança e uma necessidade contínua de confirmação e protagonismo. É interessante: não se esquecer dessas coisas que podemos encontrar dentro de nós: ganância, vaidade e avidez. São como animais “selvagens” e como tais devem ser domesticados e combatidos: caso contrário, devorarão a nossa liberdade. E a Quaresma nos ajuda a entrar no deserto interior para corrigir essas coisas.
O "serviço" em oposição à "posse"
Mas junto com Jesus no deserto, além dos "animais selvagens", estavam também os anjos, "mensageiros de Deus, que nos ajudam, nos fazem bem". E segundo o Evangelho, sua característica "é o serviço":
Exatamente o contrário da posse, típica das paixões. Serviço em oposição à posse. Os espíritos angélicos, em vez disso, recordam os pensamentos e bons sentimentos sugeridos pelo Espírito Santo. Enquanto as tentações nos dilaceram, as boas inspirações divinas unificam-nos e fazem-nos entrar em harmonia: acalmam o coração, infundem o sabor de Cristo, infundem “o sabor do Céu”. E para captar a inspiração de Deus e entender bem, é preciso entrar no silêncio e oração. E a Quaresma é tempo para fazer isso. Sigamos em frente.
Retirar-se ao deserto e ouvir Deus que fala no coração
Assim, ao darmos os primeiros passos no caminho quaresmal, o Papa propõe que nos façamos duas perguntas:
Primeiro: quais são as paixões desordenadas, os “animais selvagens” que se agitam no meu coração? Segundo: para permitir que a voz de Deus fale ao meu coração e o guarde no bem, penso retirar-me um pouco para o “deserto”, ou procuro dedicar durante o dia algum espaço para repensar isso?
Ao concluir, o Papa pediu "que a Virgem Santa, que guardou a Palavra e não se deixou tocar pelas tentações do Maligno, nos ajude no tempo da Quaresma." Fonte: https://www.vaticannews.va
Pela 1ª vez, histórica Catedral de St. Patrick, em NY, realiza funeral de mulher trans
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Homenagem a Cecilia Gentili ocorre em espaço cuja história é marcada por embates entre LGBT+ e a Igreja Católica
Pessoas em luto carregam o caixão da ativista trans Cecilia Gentili após o funeral, em Nova York - Sarah Blesener - 15.fev.24/The New York Times
Liam Stack
NOVA YORK | THE NEW YORK TIMES
Os bancos da Catedral de Saint Patrick estavam lotados na última quinta-feira (15) para um evento sem precedentes: o funeral de Cecilia Gentili, uma ativista e atriz transgênero, ex-profissional do sexo e autodeclarada ateia. A homenagem foi tanto uma celebração de sua vida quanto um teatro político.
Mais de mil pessoas, centenas das quais eram trans, chegaram com roupas ousadas —minissaias brilhantes e tops de alcinha, meias-arrastão, estolas de pele suntuosas, pelo menos uma, inclusive, feita de notas de US$ 100. Cartões de missa e uma foto perto do altar mostravam Gentili cercada pelas palavras espanholas para "travesti", "prostituta", "abençoada" e "mãe" acima do texto do Salmo 25.
O fato de a Catedral de St. Patrick receber o funeral de uma ativista trans conhecida por sua defesa em prol de profissionais do sexo, pessoas transgênero e pessoas vivendo com HIV, pode surpreender alguns.
Há pouco mais de uma geração, durante o auge da crise da Aids, a catedral foi um ponto de conflito entre ativistas gays e a Igreja Católica, cuja oposição à homossexualidade e ao uso de preservativos enfureceu a comunidade. A imponente construção neogótica tornou-se palco de protestos que chamaram a atenção da mídia nos quais ativistas se acorrentavam aos bancos e se deitavam nos corredores.
A igreja suavizou seu tom sobre essas questões nos últimos anos, e o cardeal atual de Nova York, Timothy Dolan, disse que a igreja deveria ser mais acolhedora com as pessoas gays.
Joseph Zwilling, porta-voz da Arquidiocese Católica Romana de Nova York, não respondeu a perguntas sobre se a igreja estava ciente do histórico de Gentili quando concordou em receber seu funeral.
Na quarta-feira (14), Zwilling disse que "se um pedido de funeral de um católico chega, a catedral faz o possível para acomodar".
A cidade de Nova York abriga aproximadamente uma dúzia de paróquias católicas amigáveis aos gays, mas a Catedral de Saint Patrick, sede da arquidiocese, não é uma delas.
Ceyenne Doroshow, que organizou o funeral, disse que os amigos de Gentili —que morreu em 6 de fevereiro aos 52 anos— queriam que o velório fosse na Catedral de Saint Patrick porque "é um ícone, assim como ela". Mas Doroshow acrescentou que não mencionou que Gentili era trans ao planejar com a igreja.
"Eu meio que mantive isso em segredo."
A morte de Gentili ocorreu em um momento politicamente tenso para pessoas trans, à medida que estados em todo o país restringem seu acesso aos cuidados de saúde e serviços públicos.
Grupos religiosos têm desempenhado um papel ativo nesses esforços, mas ao mesmo tempo o papa Francisco deu passos em direção à inclusão, dizendo em 2023 que pessoas trans podem ser batizadas, servir como padrinhos e ser testemunhas em casamentos na igreja.
Zwilling disse que não sabia se Gentili havia frequentado missas na catedral, ou se outras pessoas trans haviam tido seus funerais lá. Mas ele disse que "um funeral é uma das obras de misericórdia corporais", uma parte do ensinamento católico que a igreja descreveu como "um modelo de como devemos tratar todos os outros, como se fossem Cristo disfarçado".
As observações do padre não abordaram os detalhes da vida de Gentili. Quando o serviço começou, o padre Edward Dougherty disse que era a maior multidão que ele havia visto desde o domingo de Páscoa. Esse comentário provocou a primeira de várias rodadas de aplausos.
Em determinado momento, um amigo de Gentili subiu ao púlpito para rezar pelo acesso aos cuidados de saúde que afirmam sua identidade de gênero. Em outro momento, uma pessoa ofuscou um padre que cantava "Ave Maria", mudando a letra para "Ave Cecilia". Em seguida, ela dançou pelos corredores, lenços vermelhos girando ao seu redor.
Várias pessoas que compareceram a uma missa na catedral horas depois disseram que estavam satisfeitas pela igreja neogótica ter sediado o funeral de Gentili.
Carlos Nunez, 43, que mora em Manhattan e trabalha em atendimento ao cliente, disse que achou o funeral apropriado. "Por que não?", questionou ele. "Todo mundo tem o direito de ir à igreja. Todo mundo é filho de Deus."
Michael Minogue, 67, disse que reconsiderou algumas de suas próprias opiniões depois que um amigo morreu de Aids na década de 1980. Ele disse que achou benevolente por parte da igreja e das pessoas em luto que Gentili tenha tido seu funeral na catedral. "Isso significa um pouco mais de tolerância de ambos os lados."
Gentili era ateia, mas sua peça de uma mulher só, "Red Ink", explorava seus encontros com o divino em lugares inesperados.
Em uma entrevista em 2023, ela disse que "nunca teve oportunidades de experimentar uma fé que a acolhesse plenamente" como pessoa trans, mas recentemente começou a frequentar cultos em várias igrejas novamente.
O reverendo James Martin, um conhecido escritor jesuíta que defende uma abordagem mais inclusiva da igreja, disse que era "maravilhoso" a Catedral de Saint Patrick ter concordado em realizar o funeral de Gentili. "É um lembrete poderoso, durante a Quaresma, de que as pessoas LGBTQ+ são tão parte da igreja quanto qualquer outra pessoa", disse ele. "Eu me pergunto se isso teria acontecido há uma geração."
Na época, a crise da Aids em Nova York mergulhou as relações conturbadas da igreja com a comunidade gay e trans da cidade em um novo patamar.
No final dos anos 1980, o cardeal John O'Connor, líder da arquidiocese, proibiu um grupo católico gay de se reunir em sua igreja e disse que a Aids era transmitida por "aberrações sexuais ou abuso de drogas". Ele também afirmou que o conselho de usar preservativos para interromper a propagação da doença era baseado em mentiras.
Em 1989, mais de 4.000 pessoas protestaram do lado de fora da Catedral de Saint Patrick, e os manifestantes entoaram cânticos e se acorrentaram aos bancos dentro da igreja. A polícia prendeu 111 pessoas durante o protesto, que se tornou um marco na história da comunidade gay da cidade.
Os organizadores do funeral de Gentili disseram que esperavam que ele fosse lembrado como um momento igualmente importante para a comunidade.
E, enquanto os carregadores levavam o caixão de Gentili de volta pelo corredor no final do culto, os cânticos ecoaram novamente pela nave da Catedral de Saint Patrick. "Cecília! Cecília! Cecília!". Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
LEIA A MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024 “FRATERNIDADE E AMIZADE SOCIAL”
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O Papa Francisco enviou a já tradicional mensagem por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade. O pontífice manifestou o desejo de que a CF, “uma vez mais”, auxilie as pessoas e comunidades do Brasil “no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, superando toda divisão, indiferença, ódio e violência”. O texto enviado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por ocasião da abertura da campanha foi divulgado hoje, 14 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas.
Em sua mensagem, Francisco une-se ao episcopado brasileiro em ação de graças pelos 60 anos da campanha celebrada em âmbito nacional e destaca do tema o convite a, como irmãos e irmãs, “construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas”.
A CF 2024 tem como tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23, 8). Seu objetivo geral é despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos.
Confira a mensagem do Papa para a CF 2024 na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs do Brasil,
Ao iniciarmos, com jejum, penitência e oração, a caminhada quaresmal, uno-me aos meus irmãos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil num hino de ação de graças ao Altíssimo pelos 60 anos da Campanha da Fraternidade, um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno, amor a Deus e amor ao próximo, especialmente àquele mais fragilizado e necessitado de atenção. Este percurso é proposto cada ano à Igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação.
Neste ano, com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (cf. Mt 23, 8), os bispos do Brasil convidam todo o povo brasileiro a trilhar, durante a Quaresma, um caminho de conversão baseado na Carta Encíclica Fratelli Tutti, que assinei em Assis, no dia 3 de outubro de 2020, véspera da memória litúrgica de São Francisco.
Como irmãos e irmãs, somos convidados a construir uma verdadeira fraternidade universal que favoreça a nossa vida em sociedade e a nossa sobrevivência sobre a Terra, nossa Casa Comum, sem jamais perdermos de vista o Céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas.
Infelizmente, ainda vemos no mundo muitas sombras, sinais do fechamento em si mesmo. Por isso, lembro da necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses (cf. FT 97), de estender o nosso amor a “todo ser vivo” (FT 59), vencendo fronteiras e superando “as barreiras da geografia e do espaço” (FT 1).
Desejo que a Igreja no Brasil obtenha bons frutos nesse caminho quaresmal e faço votos que a Campanha da Fraternidade, uma vez mais, auxilie às pessoas e comunidades dessa querida nação no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, superando toda divisão, indiferença, ódio e violência.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, e como penhor de abundantes graças celestes, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial àqueles que se empenham pela fraternidade universal, a Bênção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 25 de janeiro de 2024, festa litúrgica da conversão de São Paulo Apóstolo.
Franciscus
Fonte: https://www.cnbb.org.br
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024: INTRODUÇÃO GERAL (PARTE 1)
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Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo Auxiliar de Belém (PA)
O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é “Fraternidade e Amizade social” e tem como lema “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). O seu objetivo geral é contribuir para nos despertar sobre o valor e a beleza da Fraternidade humana, promovendo e fortalecendo a experiência da Amizade Social. Esse objetivo nos desafia a superar a cultura da indiferença para com os outros, que nos torna como que portadores do mal da cegueira, da insensibilidade nos proporcionando uma atitude de descaso diante das necessidades alheias.
O tema da Amizade social nos convida a refletir sobre as causas dos conflitos, a hostilidade na relações humanas e a agressividade interpessoal. Onde não há a experiência da amizade, pode haver não somente a indiferença, mas também a violência. São dois graves males.
O tema da CF 2024 nos convida a promover abertos vínculos de amizade, capazes de estimular a comunhão, a reconciliação entre as pessoas e o espírito fraterno favorecendo a promoção do bem comum. Dessa forma a amizade autêntica não é um bem privado e fechado entre duas pessoas ou mais, mais tem uma responsabilidade social. A experiência da amizade aberta estimula a construção de pontes entre pessoas e grupos. É dessa forma que fomentamos o desafio do diálogo que promove a cultura do encontro.
Palavras chaves da CF 2024
O texto base da CF deste ano nos apresenta uma lista de palavras chaves que nos ajuda didaticamente a melhor compreender os horizontes, o conteúdo e a sensibilidade do tema Amizade Social. Falamos muito de amizade genericamente, mas associada ao adjetivo “social” não é comum. Portanto, o tema da CF deste ano nos estimula a pensar a necessidade da abertura da experiência da amizade, que se opõe à experiência daquela fechada, intimista, defensiva, com barreira, indiferente à sua dimensão social.
O tema da CF 2024 nos fala de acolhida, compaixão, comunidade, diálogo, convivência, empatia… A autêntica experiência de Amizade tem a sua fonte no Amor e este, por sua natureza, é sempre aberto, sensível, compassivo, empático, benfazejo. A fonte da amizade não é egoísta, mesquinha, fechada, seletiva.
O tema da CF 2024 nos convida a pensar e nos treinar na importância da proximidade, da acolhida incondicional, do intercâmbio de dons, pois todos somos portadores de riquezas. Isso só é possível se a experiência da amizade for aberta. Quando dois amigos ou um grupo se fecha na amizade, se empobrece e, dessa forma, não contribui para o bem comum porque esqueceu da sua dimensão social. A família é o primeiro grupo natural de experiência de amizade chamada a abrir-se às necessidades dos outros. Por isso, em geral, aprendemos a ser solidário no seio familiar, pois a sociedade é uma rede de famílias.
O tema da CF 2024 nos desafia a estimular o desenvolvimento integral que é consequência da consciência ativa da corresponsabilidade para com a promoção da paz e da justiça. O desenvolvimento integral implica também o esforço em vista da dilatação do coração, ou seja, da dimensão socioafetiva. Quem não desenvolveu sua dimensão socioafetiva, lamentavelmente, terá sempre dificuldade de relacionamento com os outros e de abertura sem fronteira, sendo capaz de pensar na “família humana”, na “fraternidade universal”, na “civilização do amor e da paz”.
Fenômenos a serem rejeitados
A partir da contemplação do vasto horizonte positivo do tema da CF 2024, podemos imaginar, por outro lado também, um universo de males a serem rejeitados e combatidos porque promovem o adoecimento da sociedade. Um dos primeiros males é a cegueira; esse mal nos proporciona a indiferença às realidades que estão a nossa frente e ao nosso lado. Segundo o sociólogo Zigmunt Baumam, em sua obra a Cegueira moral, “a negligência moral está crescendo em alcance e intensidade, a demanda por analgésicos aumenta cada vez mais, e o consumo de tranquilizantes morais se transforma em vício. Por conseguinte, uma insensibilidade moral induzida e manipulada se torna uma compulsão ou uma “segunda natureza”: uma condição permanente e quase universal – e as dores são despidas de seu papel salutar de prevenir, alertar e mobilizar. Com as dores morais aliviadas antes de se tornarem verdadeiramente perturbadoras e preocupantes, a teia de vínculos humanos tecida com os fios da moral torna-se cada vez mais débil e frágil, vindo a descosturar-se.” (BAUMAN, Zigmunt… Cegueira moral, 2014, p. 181). Uma sociedade que padece do mal do “anestesiamento socioafetivo” jaz na insensibilidade; isso significa a ausência da semente da necessidade dos outros.
No mundo da “cegueira moral” a experiência das amizades é fechada, intimista, isolada, segura (defensiva), internamente prazerosa, mas insensível à dor dos outros. Essa experiência de amizade é intolerante a qualquer forma de incômodo. A abertura à experiência do incômodo é uma natural consequência da sociabilidade.
Um grupo que vive a experiência da amizade sem a dimensão social e senso de bem comum, facilmente cai em atitudes extremistas rejeitando todos aqueles que não tem afinidade com seus interesses. Dessa forma estimulam a rejeição, o preconceito, a segregação, a injúria étnica, cultural e ou religiosa, promovendo a inimizade e os conflitos. Assim nascem as guerras entre povos, alicerçadas na intolerância religiosa, no nacionalismo que alimenta a xenofobia.
A origem do tema “amizade social”
O tema da Campanha da Fraternidade de 2024 é inspirado na Carta Encíclica Fratelli Tutti: sobre a fraternidade e a amizade social – do Papa Francisco – publicada no ano 2020. Num mundo marcado por múltiplas formas de violências, grupos fechados e tendências extremistas (ideológicas, políticas, religiosas), somos chamados a promover a experiência da Amizade aberta que ultrapassa barreiras e promove o diálogo, a solidariedade, a comunhão, a compaixão, a justiça, a paz e a harmonia entre as pessoas.
Nessa encíclica (Fratelli Tutti= todos irmãos) o Papa lança para a humanidade um sonho: “entrego esta encíclica social como humilde contribuição para a reflexão, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras” (FT,6). François Lyotard (1924-1998), sociólogo francês, nos anos 70 em sua obra “O pós-moderno” já alertava o mundo sobre surgimento de uma nova sensibilidade marcada pelo fenômeno do desaparecimento dos grandes sonhos batizando essa nova era de pós-modernidade (cf. LYOTARD, 1998. p. 26). Ele se referia às grandes correntes filosóficas (iluminismo, positivismo, comunismo etc). No campo das relações humanas a sensibilidade pós-moderna faz pouco caso com o conteúdo e a dinâmicas das relações interpessoais. O que mais se deseja não é a promoção de senhos mais é o «haurir satisfação» (cf. BAUMAN, Ética pós-moderna…,115-127). O intimismo interpessoal leva as pessoas a se fecharem no mundo do prazer e a não pensar em outras dimensões. É a “amizade” que gera escravidão.
O Papa Francisco, persiste em seu sonho dizendo: “Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade… Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente; precisamos duma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos. Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos” (FT,8).
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
O que o tema “amizade social” me provoca?
Por que a experiência da “amizade social” exige desenvolvimento humano?
Qual é o grande sonho do Papa Francisco presente no número 8 da Fratelli Tutti e por que é tão importante? Fonte: https://www.cnbb.org.br
Papa Francisco diz não temer cisma entre católicos após bênção a casais LGBTQIA+
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Evangelho é para santificar a todos, não para separar quais pecadores podem ou não podem estar na igreja, diz pontífice
SÃO PAULO
A autorização da bênção a casais do mesmo sexo, aprovada pelo papa Francisco em meados de dezembro, continua reverberando no Vaticano. Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o pontífice disse não temer um cisma na Igreja Católica após a decisão provocar ira entre setores conservadores.
Francisco, 87, minimizou as críticas e disse que a possibilidade de um cisma é ventilada somente por pequenos grupos ideológicos. "Devemos deixá-los à vontade e seguir em frente... e olhar para o futuro", disse o papa, sem especificar a quais grupos se referia, na entrevista publicada nesta segunda-feira (29).
A autorização concedida pela igreja vem provocando fraturas na comunidade católica e motivando debates, com bispos em alguns países se recusando a permitir que seus sacerdotes implementem a bênção a casais LGBTQIA+. A resistência é maior em países da África, onde a atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo pode levar à prisão ou até mesmo à pena de morte em algumas regiões.
Francisco disse estar confiante de que até os críticos mais ferrenhos acabem entendendo os propósitos da medida. Em seguida, emendou que os católicos no continente africano são "um caso à parte". "Para eles, a homossexualidade é algo 'ruim' do ponto de vista cultural. Eles não a toleram", afirmou. "Mas, em geral, confio que gradualmente todos chegarão a um acordo com o espírito da declaração."
A declaração em questão, conhecida por seu título em latim Fiducia Supplicans (confiança suplicante), foi divulgada em 18 de dezembro. Desde então, o Vaticano tem se esforçado para enfatizar que as bênçãos não representam "absolvição" de atos homossexuais —que a igreja considera pecados— e que não devem ser vistas como algo equivalente ao sacramento do matrimônio, exclusivo para casais heterossexuais.
Mas mesmo um esclarecimento divulgado no começo do mês pelo escritório doutrinário do Vaticano não foi suficiente para arrefecer as críticas feitas pelos bispos na África. Líderes da igreja no continente emitiram uma carta dizendo que a decisão havia causado "inquietação na mente de muitos" e que não poderia ser aplicada devido ao contexto cultural na região.
Desde que foi eleito pelos cardeais há dez anos, Francisco tem tentado tornar a doutrina católica mais acolhedora para pessoas que se sentem excluídas, como membros da comunidade LGBTQIA+, mas sem mudar nenhuma parte do ensinamento da igreja sobre questões morais.
"[Os críticos] me perguntam como é possível [a bênção a casais do mesmo sexo]. Eu respondo: o Evangelho é para santificar a todos. É claro, desde que haja boa vontade. [...] Somos todos pecadores: então por que fazer uma lista de pecadores que podem entrar na igreja e outra lista de pecadores que não podem estar na igreja? Isso não é o Evangelho", disse o papa ao La Stampa.
A declaração que autoriza a bênção foi emitida pelo departamento doutrinário do Vaticano e aprovada pelo papa. Embora a abertura de Francisco à prática tenha sido bem recebida por muitos, conservadores disseram que isso poderia abalar os fundamentos da fé e até levar a um cisma na igreja.
A África não foi a única a receber mal a nova orientação doutrinária. Houve resistência também na América Latina e nos Estados Unidos. Em dezembro, após as primeiras críticas, o papa já havia alertado contra o que chamou de posições ideológicas inflexíveis e que, segundo ele, podem impedir a Igreja Católica de enxergar a realidade e avançar.
Questionado sobre a sua saúde, o papa disse que sente dores, mas que está melhor e se sente bem. A saúde de Francisco vem se deteriorando nos últimos anos, forçando-o a viajar em uma cadeira de rodas e fomentando especulações sobre uma possível renúncia sua à liderança da Igreja Católica. Em 2021, ele foi submetido a uma cirurgia no cólon e, no ano passado, foi hospitalizado duas vezes, numa delas para uma operação no abdômen.
Em relação à guerra entre Israel e Hamas, o papa manifestou temor de um agravamento no conflito e disse que a "verdadeira paz" não se materializará até que uma solução de dois Estados seja implementada.
Francisco, que é argentino, ainda confirmou que está programado um encontro com o presidente de seu país natal, Javier Milei. A expectativa sobre uma visita do líder da Igreja Católica à Argentina é ampla, e já foram feitos inúmeros apelos. Durante a campanha, Milei fez uma série de ataques verbais ao papa e chegou a chamá-lo de "representante do mal na Terra", mas suavizou o tom à medida que se aproximavam as eleições que o elegeram. O encontro deve ocorrer em fevereiro no Vaticano, segundo o que Francisco disse na entrevista, por ocasião da canonização de Mama Antula, considerada a mãe espiritual da Argentina. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
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