'A Igreja criou uma armadilha para Trump' com Papa Leão XIV, diz teólogo
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'A Igreja criou uma armadilha para Trump' com Papa Leão XIV, diz teólogo
Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, as críticas ao governo americano, como fazia Francisco, agora 'virão de um Papa conterrâneo e branco', tornando o 'embate' um assunto interno
Por Amanda Scatolini
Em um conclave que se definiu de forma surpreendentemente rápida para as expectativas, o cardeal Robert Prevost emergiu como novo líder da Igreja Católica, tornando-se Papa Leão XIV, um nome que ecoa e reforça a continuidade do legado de Francisco, seu antecessor. Além de ter se destacado por um discurso pacificador e de visão reformista, o primeiro Pontífice americano, que também é naturalizado peruano, chama a atenção por ser um crítico do conservador governo americano, representando um desafio simbólico ao presidente Donald Trump.
Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, não há dúvidas de que há possibilidade de um diálogo em um primeiro momento. Porém, agora, as críticas ao governo americano, sobretudo em relação a questões como a imigração, "virão de um Papa conterrâneo e branco", lembra o especialista, tornando um possível embate um assunto "interno".
A escolha do novo Papa ocorreu de forma relativamente rápida, surpreendendo todas as expectativas. Quais fatores o senhor apontaria que podem ter contribuído para essa rapidez?
Prevost é muito semelhante a Francisco. No social, no pastoral, no espiritual. O discurso dele foi curto, mas pra quem está acostumado a ler os textos de Francisco, vê que ele tem uma sensibilidade muito parecida, sobretudo em relação ao amor de Deus por nós. E, apesar de ser um reformador na linha de Bergoglio, tem posições mais cautelosas, como Francisco também tinha, em relação a vários temas controversos, como, por exemplo, a questão do sacerdócio feminino.
Então, de certa forma, ele representava uma garantia muito grande de continuidade, sobretudo segura, do trabalho de Francisco. Ele dificilmente vai criar mais "problemas" do que Francisco. Pelo contrário, deve dar continuidade ao trabalho com até menos desafios do que os que Francisco enfrentou.
O fato de ser um cardeal com uma função estratégica dentro da Cúria Romana também pode ter influenciado na decisão. Ele estava à frente do órgão que escolhe e orienta o Papa na escolha dos novos bispos, o que o obrigava a estar o tempo todo em contato com a Igreja no mundo inteiro, e esse pode ter sido um diferencial.
Essa semelhança com Francisco se reflete também na escolha do nome Leão XIV, especialmente em relação às questões sociais...
Sim, Leão XIII é considerado o fundador da doutrina social da Igreja contemporânea. Foi um grande defensor dos pobres e que criticou muito, dentro dos padrões do século XIX, o capitalismo na época. Então, a escolha por Leão XIV o faz se aproximar muito de um perfil social como o de Francisco.
Diferente de Francisco, que optou por vestes papais mais simples logo em sua primeira aparição, Leão XIV apareceu com uma mais tradicional. Que mensagem isso passou, mesmo diante das semelhanças e da promessa de continuidade?
Francisco, desde o início como um grande reformista, teve a necessidade de demonstrar uma posição diferente, de explicitar e visibilizar a sua postura. Prevost já está num contexto que, depois de 12 anos de Francisco, não há uma necessidade premente de adotar sinais claros de uma grande mudança de postura. Além disso, um posicionamento muito explícito poderia dificultar um diálogo com os conservadores agora no início de seu pontificado.
Um dos assuntos mais comentados foram as críticas quanto à forma como ele lidou com casos de abuso sexual na Igreja no passado, embora tenha apresentado as denúncias recebidas ao Vaticano. É uma questão que ainda pode balançar seu pontificado?
É muito difícil um bispo com mais de 60 anos que não seja passível desse tipo de crítica. O problema era como a Igreja enfrentava o problema, não como ele pessoalmente o fazia. Havia uma orientação explícita para "lavar a roupa suja em casa" e resolver os problemas internamente.
O próprio Joseph Ratzinger, antes de se tornar Bento XVI, tentou acabar com essa orientação na época de João Paulo II, mas foi voto vencido entre os cardeais.
E essa acabou sendo uma das grandes questões do pontificado de Bento XVI também.
Exatamente. Enquanto cardeal, Ratzinger foi contra essa postura. E quem depois teve que segurar o rojão foi ele mesmo, que não queria segurar.
Alguns já consideram Leão XIV o segundo Papa latino-americano, apesar de ser nascido nos Estados Unidos. Como essa proximidade pode influenciar sua relação com a América Latina? E o que esperar da relação da Igreja Católica com o governo de Donald Trump, sabendo que Prevost é um crítico de sua agenda?
Eu diria para você que nós temos, sim, o segundo Papa latino-americano. Afinal de contas, ele é naturalizado peruano. E não deixa de ser uma coisa inesperada. A análise que se fazia era que, de modo geral, teríamos dificuldade de ter um segundo Papa sul-americano, pois haveria uma tendência dos cardeais de procurá-lo em outros continentes.
Em relação aos Estados Unidos, provavelmente vai haver uma facilitação do diálogo num primeiro momento. Trump se manifestou falando que estava muito feliz, orgulhoso. Um discurso protocolar e que se esperaria dele. Mas não deixa de ser um sinal de que ele terá de procurar um diálogo favorável com Leão XIV.
Então, de certa forma, a Igreja criou uma armadilha para Trump. Agora, ele não pode mais dizer que as críticas ao seu governo são antiamericanas, terceiro-mundistas, comunistas ou coisa parecida. As críticas agora vêm de um Papa conterrâneo e branco, como ele. É uma situação que facilita, por um lado, o diálogo, mas também fortalece a moral católica ao criticar as posturas de Trump. Agora, a crítica, de certa forma, é interna. Fonte: https://oglobo.globo.com
Leão XIV: "O Senhor me chamou para carregar uma cruz e realizar uma missão"
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Depois de eleito, Leão XIV celebra sua primeira missa com os cardeais. Em sua homilia, citou o Concílio Vaticano II, Santo Inácio de Antioquia e seu predecessor Francisco.
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Após a eleição na tarde de 8 de maio, o Papa Leão XIV voltou esta manhã à Capela Sistina para presidir à Santa Missa com todos os membros do Colégio Cardinalício.
No início de sua homilia, fez em inglês uma saudação aos cardeais, repetindo as palavras do Salmo responsorial: “Cantarei um cântico novo ao Senhor, porque ele fez maravilhas”.
"E, de fato, não apenas comigo, mas com todos nós. Meus irmãos cardeais, ao celebrarmos esta manhã, convido-os a refletir sobre as maravilhas que o Senhor fez, as bênçãos que o Senhor continua a derramar sobre todos nós por meio do Ministério de Pedro. O Senhor me chamou para carregar essa cruz e realizar essa missão, e sei que posso contar com cada um de vocês para caminhar comigo, continuamos como Igreja, como uma comunidade de amigos de Jesus, como fiéis para anunciar a Boa Nova, para anunciar o Evangelho."
Fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja
Em seguida, começou a ler o texto previamente preparado, em que refletiu sobre a frase que Simão Pedro dirige a Jesus, contida no capítulo 16 do Evangelho de Mateus: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'."
Essas palavras de Pedro, afirma o Papa recém-eleito, expressam em síntese o patrimônio que há dois mil anos a Igreja preserva, aprofunda e transmite através da sucessão apostólica. Ou seja, Jesus é o único Salvador e o revelador da face do Pai.
Citando a “Gaudium et spes” do Concílio Vaticano II, Leão XIV recorda que o Filho de Deus se revela a nós através dos olhos confiantes de uma criança, mostrando-nos assim um modelo de humanidade santa que todos podemos imitar.
Este tesouro agora “é confiado também a mim, para que eu seja um fiel administrador a favor de todo o Corpo místico da Igreja, de modo que esta seja sempre mais cidade colocada sobre o monte (cfr Ap 21,10), arca de salvação que navega através das ondas da história, farol que ilumina as noites do mundo. E isso não tanto pela grandiosidade de suas estruturas, mas pela santidade dos seus membros".
Chamados a testemunhar a alegria da fé
Retomando o episódio bíblico narrado em Mateus, Leão XIV reflete ainda sobre a resposta de Jesus a Pedro, quando diz “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?”.
Não se trata de uma questão banal, afirma o Papa, pelo contrário, é de grande atualidade. Pois há duas possíveis interpretações. A primeira é a que identifica Jesus como uma pessoa sem importância alguma, ao máximo um personagem curioso, como fizeram os habitantes de Cesareia de Filipe. Outra possível resposta é a das pessoas comuns, que veem Jesus não como um charlatão, mas uma pessoa reta, com coragem e que diz coisas justas. Mas o consideram somente um homem e, por isso, no momento do perigo, durante a Paixão, O abandonam.
“Também hoje, não são poucos os contextos em que a fé cristã é considerada algo absurdo destinada a pessoas débeis e pouco inteligentes; contextos em que a ela preferem-se outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer.”
Trata-se de ambientes onde não é fácil testemunhar nem anunciar o Evangelho, e onde quem acredita se vê ridicularizado, contrastado, desprezado, ou, quando muito, suportado e digno de pena.
No entanto, precisamente por isso, são lugares onde a missão se torna urgente, porque a falta de fé, muitas vezes, traz consigo dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa, a crise da família e tantas outras feridas das quais a nossa sociedade sofre, e não pouco.
“Ainda hoje, não faltam contextos nos quais Jesus, embora apreciado como homem, é simplesmente reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isto não apenas entre quem não crê, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático.”
Este, portanto, é o mundo que nos está confiado e no qual, como tantas vezes nos ensinou o Papa Francisco, somos chamados a testemunhar a alegria da fé em Jesus Salvador.
Antes de concluir, citou a frase de Santo Inácio de Antioquia ao se encaminhar para o seu martírio: «Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo» (Carta aos Romanos, IV, 1).
Essas palavras, afirmou, recordam um compromisso irrenunciável para quem, na Igreja, exerce um ministério de autoridade: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado gastar-se até ao limite para que a ninguém falte a oportunidade de O conhecer e amar.
“Que Deus me dê esta graça, hoje e sempre, com a ajuda da terna intercessão de Maria, Mãe da Igreja.” Fonte: https://www.vaticannews.va
O desafio de Leão XIV
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O papa herda uma Igreja em transformação em um mundo conturbado. Para ser um pontífice da paz numa era de conflitos, precisará dialogar sem abandonar convicções, reformar sem romper
“Após um papa gordo, um papa magro”, diz o provérbio. Após um papa “do fim do mundo”, um papa da nação mais rica e poderosa do planeta, que liderou uma nova ordem mundial – e agora abala seus fundamentos.
A Igreja que escolheu o americano Robert Prevost para chefiá-la também é diferente da que elegeu o falecido Francisco. Foi o conclave mais global da História. A fé definha no Ocidente, mas cresce no Oriente. Na América Latina, os evangélicos trazem uma visão nova de Cristo, mas também dúvidas e desafios. Conversões florescem na África e Ásia, mas também atritos com ditaduras e o Islã.
O mundo é diferente: conflitos despertam o espectro da guerra mundial; as democracias estão em recessão, as autocracias, em ascensão, o multilateralismo, em descrédito. A economia se desacelera; as populações envelhecem; tecnologias despertam sonhos de empoderamento sobre-humano, mas também o pesadelo da desumanização.
Na Praça São Pedro, em seu primeiro pronunciamento após ser eleito papa, Leão XIV pronunciou dez vezes a palavra “paz”. “Que a paz esteja convosco”, disse, repetindo a saudação do Cristo ressuscitado. “Uma paz desarmada, uma paz desarmadora, humilde e perseverante, que vem de Deus”, e que o papa gostaria que entrasse em nosso “coração”, alcançasse nossas “famílias”, “todas as pessoas, onde quer que estejam”. E disse como cumprirá essa missão: com uma Igreja que “constrói pontes, que dialoga, sempre aberta a receber”, que “caminha”, que busca “sempre a caridade” e “sempre estar próxima, especialmente dos que sofrem”.
Rios de tinta e saliva correrão sobre o perfil do pontífice. Seu pontificado se adaptará ao mundo moderno, ou tentará adaptá-lo? Qual será sua posição ante a causa LGBT, a ordenação de mulheres, a guerra na Ucrânia ou – inevitável – seu conterrâneo Donald Trump?
Perguntas legítimas, desde que não sejam reducionistas. A mídia secular aplica sua régua – conservador versus progressista –, mas os riscos desse achatamento cognitivo são evidentes. Basta olhar para aquele de quem Leão XIV é vicário. Pode-se afirmar que Jesus não era nem reacionário nem revolucionário, mas a pergunta sobre se era conservador ou progressista colapsa tão logo é formulada. Leão XIII, por exemplo, propôs uma doutrina robusta da justiça social, mas criticou o socialismo e o capitalismo; dialogou com a modernidade, mas reavivou a teologia patrística e escolástica. Conservador ou progressista?
A Igreja precisa ser conservadora: ela se vê como depositária de um dom divino. Mas precisa ser progressista, porque esse dom não pode só ser conservado: deve penetrar o mundo, expandir-se sobre ele, transformá-lo. O cristianismo se vê como a síntese de um acontecimento – a encarnação do Deus-homem –, uma promessa – a união de Deus com a humanidade e a criação – e uma missão – a realização dessa promessa pela regeneração pessoal, social e natural.
Prevost tem formação científica, foi missionário, prior agostiniano e próximo a Francisco. Se quer trazer paz a um mundo conturbado, tem formidáveis instrumentos nas mãos. A Igreja Católica é a instituição mais antiga e mais globalizada do planeta – não só seus 1,4 bilhão de fiéis de todas as etnias, classes e culturas, mas as homenagens de líderes religiosos, chefes de Estado e pessoas de todo o mundo no funeral de Francisco são a prova viva.
A Igreja não tem armas nem capital, mas está na melhor posição para dialogar com protestantes e ortodoxos; com judeus e muçulmanos – todos filhos de Abraão e tributários de Moisés. Ela compartilha da fé humanista na dignidade absoluta do ser humano e na fraternidade universal – mas porque crê em um Pai –; compartilha o anseio muçulmano de servir a um Deus absolutamente bom – mas um Deus humano.
Nessa missão, o juízo sobre se Leão XIV – como Francisco e os sucessores de Pedro – será um bom “progressista” ou um bom “conservador” é secundário. O mundo deve julgar se o papa é um bom homem e um bom cristão. O critério foi dado pelo seu mestre: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ou, em outras palavras, amar como Cristo amou. Se Leão XIV for fiel a esse mandamento, será um bom papa – e o mundo terá um pouco mais de paz. Fonte: https://www.estadao.com.br
A vida e história de Papa Leão XIV: Robertum Franciscum Prevost
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Primeiro papa agostiniano, é o segundo pontífice americano depois de Francisco, mas, ao contrário de Bergoglio, o estadunidense Robert Francis Prevost, de 69 anos, é originário do norte do continente. De fato, o novo bispo de Roma nasceu em 14 de setembro de 1955 em Chicago, Illinois, filho de Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola. Ele tem dois irmãos, Louis Martín e John Joseph.
Passou a infância e a adolescência com a família e estudou primeiro no Seminário Menor dos Padres Agostinianos e depois na Villanova University, na Pensilvânia, onde se formou em 1977 em Matemática e estudou Filosofia. Em 1º de setembro do mesmo ano, ingressou no noviciado da Ordem de Santo Agostinho (OSA) em St. Louis, na província de Nossa Senhora do Bom Conselho, em Chicago, e fez sua primeira profissão em 2 de setembro de 1978. Em 29 de agosto de 1981, emitiu seus votos solenes.
Estudou na Catholic Theological Union em Chicago, graduando-se em Teologia. Aos 27 anos, foi enviado por seus superiores a Roma para estudar Direito Canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino (Angelicum). Na Urbe, foi ordenado sacerdote em 19 de junho de 1982, no Colégio Agostiniano de Santa Mônica, por Dom Jean Jadot, pró-presidente do Pontifício Conselho para os Não Cristãos, hoje Dicastério para o Diálogo Inter-religioso.
Prevost obteve a licenciatura em 1984 e, no ano seguinte, enquanto preparava sua tese de doutorado, foi enviado para a missão agostiniana em Chulucanas, Piura, Peru (1985-1986). Em 1987 defendeu sua tese de doutorado sobre "O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho" e foi nomeado Diretor de Vocações e Diretor de Missões da Província Agostiniana "Mãe do Bom Conselho" em Olympia Fields, Illinois (EUA).
No ano seguinte, ingressou na missão de Trujillo, também no Peru, como diretor do projeto de formação comum para os aspirantes agostinianos dos vicariatos de Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Durante onze anos, ocupou os cargos de Prior da comunidade (1988-1992), Diretor de Formação (1988-1998) e formador dos professos (1992-1998) e na Arquidiocese de Trujillo foi Vigário Judicial (1989-1998) e Professor de Direito Canônico, Patrística e Moral no Seminário Maior “São Carlos e São Marcelo”. Ao mesmo tempo, também lhe foi confiado o cuidado pastoral de Nossa Senhora Mãe da Igreja, que mais tarde foi erigida como paróquia com o título de Santa Rita (1988-1999), na periferia pobre da cidade, e foi administrador paroquial de Nossa Senhora de Monserrat de 1992 a 1999.
Em 1999, foi eleito prior provincial da Província Agostiniana “Mãe do Bom Conselho” de Chicago, e dois anos e meio depois, no Capítulo Geral Ordinário da Ordem de Santo Agostinho, seus coirmãos o escolheram como prior geral, confirmando-o em 2007 para um segundo mandato.
Em outubro de 2013, retornou à sua província agostiniana, em Chicago, e foi diretor de formação no convento de Santo Agostinho, primeiro conselheiro e vigário provincial; cargos que ocupou até que o Papa Francisco o nomeou, em 3 de novembro de 2014, administrador apostólico da diocese peruana de Chiclayo, elevando-o à dignidade episcopal como bispo titular de Sufar. Ele entrou na diocese em 7 de novembro, na presença do Núncio Apostólico James Patrick Green, que o ordenou bispo pouco mais de um mês depois, em 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na Catedral de Santa Maria.
O seu lema episcopal é “In Illo uno unum”, palavras que Santo Agostinho pronunciou em um sermão, a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.
Em 26 de setembro de 2015, foi nomeado bispo de Chiclayo pelo pontífice argentino e, em março de 2018, foi eleito segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana, na qual também foi membro do Conselho Econômico e presidente da Comissão de Cultura e Educação.
Em 2019, por decisão de Francisco, foi incluído entre os membros da Congregação para o Clero em 13 de julho de 2019 e, no ano seguinte, entre os membros da Congregação para os Bispos (21 de novembro). Nesse meio tempo, em 15 de abril de 2020, recebe a nomeação pontifícia também como administrador apostólico da diocese peruana de Callao.
Em 30 de janeiro de 2023, o Papa o chamou a Roma como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, promovendo-o a arcebispo. E no Consistório de 30 de setembro do mesmo ano, ele o criou e o tornou cardeal, atribuindo-lhe o diaconato de Santa Mônica. Prevost tomou posse em 28 de janeiro de 2024 e, como chefe do dicastério, participou das últimas viagens apostólicas do Papa Francisco e da primeira e segunda sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, realizadas em Roma de 4 a 29 de outubro de 2023 e de 2 a 27 de outubro de 2024, respectivamente. Uma experiência em assembleias sinodais já adquirida no passado como Prior dos Agostinianos e representante da União dos Superiores Gerais (UGS).
Enquanto isso, em 4 de outubro de 2023, Francisco o incluiu entre os membros dos Dicastérios para a Evangelização, Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares; para a Doutrina da Fé; para as Igrejas Orientais; para o Clero; para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica; para a Cultura e a Educação; para os Textos Legislativos; da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano.
Finalmente, em 6 de fevereiro deste ano, ele foi promovido à ordem dos bispos pelo Pontífice argentino, obtendo o título de Igreja Suburbicária de Albano.
Durante a última hospitalização de seu predecessor no hospital ‘Gemelli’, Prevost presidiu o rosário pela saúde de Francisco em 3 de março na Praça São Pedro. Fonte: https://www.vaticannews.va
Habemus Papam: Leão XIV
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O Conclave elegeu o cardeal Robert Prevost como o 267º Bispo de Roma. O anúncio à multidão foi dado pelo cardeal protodiácono Dominique Mamberti.
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Annuntio vobis gaudium magnum; Habemus Papam! "Anuncio-vos uma grande alegria; temos um Papa!".
Há poucos instantes, da Sacada Central da Basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono Dominique Mamberti pronunciou a tão aguardada fórmula em latim, comunicando a Roma e ao mundo o nome do novo Sucessor de Pedro:
“Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum Robertum Franciscum, Sanctæ Romanæ Ecclesiæ Cardinali Prevost, qui sibi nomen imposuit Leo XIII.
Traduzindo para o português: "O eminentíssimo e reverendíssimo senhor, senhor Robert Francis, cardeal da Santa Igreja Romana PREVOST, que se impôs o nome de Leão XIV". Fonte: https://www.vaticannews.va
Com fumaça preta na manhã desta quinta-feira, cardeais retomam votações à tarde
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Para ser eleito, o novo Papa deve alcançar 2/3 dos votos dos cardeais eleitores.
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Ainda não foi desta vez. Reunidos para duas votações na Capela Sistina na manhã desta quinta-feira, segundo dia do Conclave, os 133 cardeais votantes ainda não chegaram a um consenso em torno do nome do próximo Sucessor de Pedro. A indicar, a fumaça preta que saiu da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina por volta das 11h50, sob o olhar das cerca de 12 mil pessoas presentes na Praça São Pedro e das câmaras e lentes de jornalistas de todo o mundo.
Os 133 cardeais eleitores ainda não escolheram o novo Papa. Para esta quinta-feira (08/05) estão previstas mais quatro votações.
Concluídas as votações da manhã, os cardeais retornam à Casa Santa Marta e às 15h45 novamente o traslado para o Palácio Apostólico, para mais uma rodada de votações na Capela Sistina. Prováveis horários da fumaça: após as 17h30 e por volta das 19h.
Para ser eleito, o novo Papa deve alcançar 2/3 dos votos dos cardeais eleitores. Fonte: https://www.vaticannews.va
A barca de Pedro nas ondas da História
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Concílio arejou a Igreja, a despeito de uma minoria que se opôs e ainda se opõe às suas decisões. Foi como se uma lufada de ar fresco entrasse em seu interior
*Por Isaías Pascoal
A morte do papa Francisco colocou em operação o cerimonial tradicional das exéquias do pontífice morto e da eleição do seu sucessor por uma das mais antigas instituições do mundo atual: a Igreja Católica, com sua jornada histórica de aproximadamente 2 mil anos.
Nesse tempo ela enfrentou desafios inauditos, criou um cânon doutrinário substancioso, construiu uma institucionalidade sólida e um modus operandi que lhe deu identidade com raízes profundas. Foi com esse aparato que ela atravessou inúmeras transformações históricas e estabeleceu relações com povos e culturas dos mais diversos matizes.
Nos séculos 1 e 2, era impossível vislumbrar que o cristianismo se tornaria a religião oficial do Império Romano no século 4, que a Igreja seria a principal referência política, cultural e religiosa da Idade Média europeia, e que, no alvorecer dos tempos modernos, estaria presente nos demais continentes para a maior obra evangelizadora da sua história.
Até então, os desafios que enfrentou, embora gigantescos, se situavam na dimensão religiosa e da fé. Não foi assim nos séculos posteriores ao Iluminismo, quando uma cultura laica, materialista e secularizada ocupou espaços mais amplos na sociedade e impulsionou os papas Pio IX (1846-1878) e Pio X (1903-1914) a se pronunciarem contra o “mal do modernismo”. A encíclica Pascendi (1907), de Pio X, é a mais alta expressão da guerra movida pela Igreja contra o que ela denominava de modernismo. Além dos “ídolos” que ele criava em competição com o sentimento religioso, no final conduzia ao ateísmo, à negação da fé e, portanto, do homo religiosus.
Na nova situação, a Igreja se colocou na defensiva, hostil ao mundo e em conflito contínuo com a modernidade. No pontificado de Pio XII (1939-1958), o seu sentido místico e espiritualista se acentuou, como demonstra expressamente a encíclica Mystici Corporis (1943).
O conclave que escolheu o sucessor de Pio XII, morto em 9 de outubro de 1958, se reuniu entre os dias 25 e 28 de outubro. Somente no quarto dia, na 11.ª votação, é que foi eleito o novo papa: o cardeal Roncalli, patriarca de Veneza, com quase 77 anos, e que adotou o nome de João XXIII. Foi visto como um papa de transição, com curto pontificado, para permitir à Igreja se preparar para algo mais seguro e longevo à frente.
O novo papa, contudo, chocou a Igreja e o mundo ao convocar, em 25 de janeiro de 1959, um novo concílio ecumênico. Papas anteriores haviam pensado na convocação de um concílio, mas desistiram da ideia em razão da dimensão dos esforços para colocá-lo em prática. João XXIII não desistiu e preparou o ambiente e as condições para a sua realização.
Em 11 de outubro de 1962, ele teve início. O papa morreu no ano seguinte, em 3 de junho de 1963, com apenas uma sessão do concílio tendo se realizado.
O seu sucessor, o cardeal Montini, arcebispo de Milão, adotou o nome de Paulo VI e deu continuidade ao concílio, que terminou em 8 de dezembro de 1965, após quatro sessões deliberativas. Desde então, a Igreja vive sob a moldura das decisões tomadas no Vaticano II.
Ela mudou a sua face e a sua relação com o mundo. Foi aggiornata (modernizada) e cumpriu os anseios do papa João XXIII, que deixou bem claro desde o início o seu intento. No seu discurso solene de abertura do concílio, afirmou: “No exercício cotidiano do nosso ministério pastoral, ferem nossos ouvidos sugestões de almas, ardorosas sem dúvida no zelo, mas não dotadas de grande sentido de discrição e moderação. Nos tempos atuais, elas não veem senão prevaricações e ruínas; vão repetindo que a nossa época, em comparação com as passadas, foi piorando; e portam-se como quem nada aprendeu da História, que é também mestra da vida, e como se no tempo dos concílios ecumênicos precedentes tudo fosse triunfo completo da ideia e da vida cristã, e da justa liberdade religiosa. Mas parece-nos que devemos discordar desses profetas da desventura, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo. No presente momento histórico, a Providência está-nos levando para uma nova ordem de relações humanas, que, por obra dos homens e o mais das vezes para além do que eles esperam, se dirigem para o cumprimento de desígnios superiores e inesperados; e tudo, mesmo as adversidades humanas, dispõe para o bem maior da Igreja.”
O concílio arejou a Igreja, a despeito de uma minoria que se opôs e ainda se opõe às suas decisões. Foi como se uma lufada de ar fresco entrasse em seu interior. Documentos como a Lumen Gentium e Gaudium et Spes deram nova roupagem aos conceitos tradicionais do seu “depósito” doutrinário milenar. Deles emerge uma Igreja sorridente, otimista e acolhedora, que está no mundo, com ele, e não contra ele, padecendo as suas dores e lhe oferecendo o lenitivo do seu “tesouro”. Em maior ou menor medida, foi assim que os papas pós-concílio se apresentaram ao mundo, e que Francisco expressou no limite. As ondas estão agitadas, mas a barca precisa continuar a viagem.
*Opinião por Isaías Pascoal. Doutor em Ciências Sociais. Fonte: https://www.estadao.com.br
Conclave: A Espera do novo Papa.
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Confusão em festa de igreja termina com dois mortos e um ferido após idoso atirar contra o próprio cunhado, no Paraná
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Confusão em festa de igreja termina com dois mortos e um ferido após idoso atirar contra o próprio cunhado, no Paraná
Jacir Salvador, de 71 anos, matou o cunhado, João Irineu Chimanski, de 69 anos, e foi baleado por um policial que estava à paisana, almoçando no local.
Confusão em festa da Capela Santa Rita de Cássia — Foto: Eduardo Andrade/RPC
Por Nádia Moccelin, Eduardo Andrade, Millena Sartori, g1 PR e RPC Guarapuava
Uma festa de igreja em Guarapuava, na região central do Paraná, terminou com dois mortos e um terceiro homem ferido após uma confusão registrada por volta do meio-dia de domingo (4).
Segundo a Polícia Militar (PM), um idoso de 71 anos invadiu o salão de festas durante o almoço e atirou contra o próprio cunhado, de 69 anos. Na sequência, um PM que estava à paisana no local abordou o atirador e ordenou que ele colocasse as mãos na cabeça. No entanto, o homem desrespeitou a ordem, sacou um revólver e apontou ao policial e outras pessoas, e foi alvejado pelo PM, diz a corporação.
O caso aconteceu no salão de festas da Capela Santa Rita de Cássia, que fica na localidade conhecida como Lagoa Rica.
A PM informou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas constatou que Chimanski morreu no local. Salvador chegou a ser socorrido com vida, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória na ambulância e não resistiu aos ferimentos.
A corporação também afirma que, enquanto ainda estava no local, foi informada que um homem de 48 anos foi atingido por um tiro. Ele foi socorrido por pessoas que estavam no local e levado ao hospital. A PM não informou quem foi o autor do disparo que atingiu o homem.
A Polícia Civil está investigando o caso. O motivo do ataque de Jacir ao cunhado não foi revelado.
Armas
Depois do tiroteio na festa da igreja, policiais militares receberam informações de que tanto Jacir, quanto João tinham armas de fogo em casa.
Equipes foram até as residências deles ainda na tarde de domingo (4) e afirmam que na de João encontraram sete munições intactas de revólver calibre 32 e um coldre e, na de Jacir apreenderam 11 munições de espingarda calibre 32.
Sepultamentos
João Irineu Chimanski está sendo velado na Capela de Invernadinha, na região de Guairacá. O sepultamento do idoso de 69 anos morto pelo cunhado está agendado para às 9h de terça-feira (6), no Cemitério Saltinho.
Jacir Salvador está sendo velado na Capela Mortuária Pax Cristo Rei de Guarapuava. O sepultamento do idoso de 71 anos está agendado para as 16h desta segunda-feira (5) no Cemitério Municipal Jardim da Paz. Fonte: https://g1.globo.com
Intrigas pré-conclave: Cardeais recebem dossiê secret
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Intrigas pré-conclave: Cardeais recebem dossiê secreto com 20 nomes de papáveis
Encadernado e com boa qualidade de impressão, o documento foi enviado, segundo cardeal, por ‘gente que tem saudade de um tempo que não existe mais’
O cardeal-arcebispo de Brasília, d. Paulo Cezar Costa, rezou missa na Basílica de Bonifácio e Aleixo, em Roma, na véspera do conclave Foto: Marcelo Godoy / Estadão
Dos 135 votantes, 108 foram escolhidos durante o papado de Francisco.
Por Marcelo Godoy e Luisa Laval
ROMA - O tempo das discussões sobre o futuro da Igreja começou no dia 23 com a primeira das congregações entre os cardeais. E com elas também foi aberta a temporada das fofocas, intrigas e tentativas vindas do mundo exterior e de dentro da própria Igreja de influenciar a escolha do novo papa.
Um dossiê, que busca interferir na eleição, foi enviado aos cardeais com uma seleção de nomes - uma lista com 20 possíveis papáveis. “Eu pensei que ia encontrar a minha biografia ali, mas graças a Deus não a encontrei”, contou um dos cardeais ouvidos pelo Estadão.
A lista tinha um claro objetivo, segundo revelou um purpurado: o de querer influenciar, direcionar o voto dos cardeais que entram na Capela Sistina no próximo dia 7 para eleger o futuro pontífice. Buscava mostrar quem eram os cardeais “mais expostos”. Entre os cardeais citados no dossiê estava o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.
Um dos cardeais contou que ficou impressionado com a qualidade da impressão do documento. “Ali tem muito dinheiro. Quem fez fez com gosto. É um totopapa (uma loteria papal)”, afirmou.
O cardeal incluiu a distribuição do dossiê entre “as bobagens” que começaram a circular recentemente sobre o conclave, como a fotografia publicada pelo presidente americano Donald Trump com as vestes papais em suas redes sociais. “É tanta bobagem...”, disse.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, se recusou a comentar anteontem o caso de Trump.
Segundo o cardeal ouvido pelo Estadão, as tentativas de influenciar o processo do conclave não vêm apenas de fora da Igreja. “Vêm de dentro também. Tem influências internas que buscam de alguma forma criar uma atmosfera que não ajuda. Gente com saudade de um tempo que não existe mais. Nós não podemos nunca perder de vista que nós estamos no tempo e, como dizia o compositor e cantor, o tempo não para. E nós também não podemos parar no tempo.”
O incômodo com o assédio, segundo os cardeais, afeta “amplos setores da Igreja”, ou seja, parte tanto de conservadores quanto de progressistas. “Seja num sentido ou no outro. Os que querem ir avante e pedem coragem. O espírito de Deus é que age sobre nós. Se perdemos a dimensão da fé, vamos fazer outra coisa”, resumiu.
Oficialmente, os cardeais evitam abordar esse e outros temas polêmicos em público. Mas em pelo menos um caso o Vaticano se viu forçado a se manifestar. Foi para desmentir que o cardeal Parolin estava doente, como fora divulgado por uma publicação católica conservadora dos Estados Unidos.
Aos jornalistas, Matteo Bruni negou a hipótese de um mal-estar do cardeal Parolin, esclarecendo que nenhum episódio desse tipo ocorreu. Ele também negou a necessidade de intervenção por parte de equipe médica ou de enfermagem.
Parolin é um dos papáveis. Em 2013, quando o então cardeal-arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, despontava como um dos fortes candidatos no conclave após a renúncia de Bento XVI, também circulou entre os cardeais a informação de que Bergoglio estava doente. Aproveitaram o fato de ele ter tido nos anos 1950 uma grave doença pulmonar para tentar influenciar o voto do colégio cardinalício.
Outras polêmicas
As polêmicas da fase pré-conclave envolveram ainda dois cardeais que não vão participar da escolha do novo papa. O primeiro foi o italiano Giovanni Angelo Becciu, que fora afastado por Francisco sob a acusação de malversação de fundos do Vaticano. Ele foi condenado em primeira instância e, após a morte do papa, manifestou seu desejo de ir a Roma, mas acabou desistindo após perceber que seria impedido.
Outro caso rumoroso envolve o cardeal peruano Juan Luis Cipriani, que compareceu às congregações apesar de ser acusado de abusos sexuais e de ter sido proibido por Francisco de usar hábitos ou símbolos cardinalícios.
Oficialmente, os cardeias procuram afirmar a existência de um clima harmônico entre seus pares, mesmo sabendo que muitos vêm de realidades diferentes e com formas particulares para lidar com as angústias dos fiéis e com a crise da Igreja. “É um desafio que estamos enfrentando com alegria”, afirmou o cardeal-arcebispo de Brasília, d. Paulo Cezar Costa, para quem o próximo papa deve ser “um papa dos nossos tempos, que fale ao homem, à mulher, ao ser humano de hoje”.
Dom Paulo afirmou que “ouve falar”, nos bastidores da Igreja Católica, sobre um próximo papa com perfil “conciliador”, assim como Francisco. Já d. Odilo Scherer afirmou neste domingo, após rezar missa na Igreja Sant’Andrea al Quirinale, que os cardeais se conhecem suficientemente para votar. “Não é de agora que eles estão pensando em quem votar. Isso já vem de mais tempo.” O que significa que o espaço para manobras como a do dossiê seria pequeno.
“É muito bonito nesses dias poder colher as diversas manifestações, posições, compreensões distintas, marcadas pela cultura e pela formação de cada um, mas ao mesmo tempo o desejo, a intenção de cooperar para buscar a unidade. E que seja a pessoa certa para o tempo certo”, afirmou o cardeal-arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler.
Os cardeais negam a influência das intrigas, mas elas existem e são tão antigas quanto a instituição que elas procuram influenciar. Fonte: https://www.estadao.com.br
Vai com Deus Chico.
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Vai com Deus Chico!
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo.
Comunidade Carmelitana da Vila Kosmos- Vicente de Carvalho- Rio de Janeiro.
Segunda-feira, 21 de abril- 2025. www.instagram.com/freipetronio
Vai com Deus Chico! Ele esteve do teu lado nas noites escuras e dor, em favor dos Migrantes e das vítimas das Guerras e Ditaduras.
Vai com Deus Chico! Ele estive do teu lado na luta incansável pelo planeta através dos Documentos Laudato Si e Laudate Deum- A nossa casa em Comum.
Vai com Deus Chico! Ele te inspirou na defesa de uma Igreja “hospital de campanha, não um posto alfandegário", onde os pobres- indígenas, quilombolas e famílias em situação de vulnerabilidade- fossem amados e os idosos fossem amparados.
Vai com Deus Chico! Tu nos ensinaste a sermos sacerdotes com os pés no chão e sem “renda da vovó”, mas apaixonados pelo Evangelho em uma Igreja Sinodal e Peregrinos de Esperança.
Vai com Deus Chico! No Documento Gaudete et exsultate, indicastes o caminho da santidade para o povo de Deus, e não apenas para um grupo seleto atrás dos muros Monásticos, Conventuais e Seminarísticos.
Vai com Deus Chico! Apontaste para os jovens os novos areópagos da Evangelização das Mídias Sociais e da Inteligência Artificial.
Vai com Deus Chico! Tu olhaste para o ser humano e não para opções sexuais, porque a Igreja é de todos, DE TODOS! DE TODOS! Papa Francisco, vai com Deus Chico!
Bispa de Washington que peitou Trump fala em honrar quem pensa diferente
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Reverenda Mariann Budde diz à Folha que nacionalismo cristão distorce ensinamentos de Jesus e lança livro no Brasil
A reverenda Mariann Edgar Budde e o presidente Donald Trump, em janeiro - Kevin Lamarque/REUTERS
São Paulo
A reverenda Mariann Edgar Budde começou a escrever "Como Aprendemos a Ser Corajosos", livro que lança nesta segunda-feira (31) no Brasil, quando foi sua vez de absorver essa lição.
Em 2020, ela teve o que define como seu primeiro grande ato de coragem. Donald Trump, no fim do seu primeiro mandato, posou com uma Bíblia em frente à sua igreja. Budde criticou o "uso de símbolos sagrados" com propósitos políticos. Na mesma praça em Washington, a polícia havia desmantelado um protesto contra a morte de George Floyd, homem negro morto por um agente branco semanas antes.
Em 2025, num culto com presença de Trump, recém-empossado para sua segunda rodada como presidente dos Estados Unidos, a reverenda pediu ao convidado "misericórdia das pessoas em nosso país que estão assustadas agora". Fez menções a imigrantes e à comunidade LGBTQIA+.
Trump disse depois que aquele "não foi um bom culto".
Em entrevista à Folha, a bispa episcopal de Washington reconhece o avanço do nacionalismo cristão, "uma distorção da mensagem cristã", e enxerga falhas no campo democrata, visto com suspeita por muitos americanos que se sentiram escanteados pela elite intelectual.
É preciso estender a mão a quem pensa diferente, insiste Budde. "Eu preciso honrar [essas pessoas] e tratá-las com dignidade, mesmo que não concorde com elas. E tentar ver se podemos criar uma sociedade em que possamos ter conversas sem transformar as pessoas que discordam de nós em monstros."
Como a sra. relaciona sua fé com a decisão de confrontar Trump?
Não sei se eu diria que o confrontei. Falei com ele no contexto do sermão, que foi sobre unidade. Não estou certa de que ele absorveu a mensagem. Mas quis trazê-la como uma lembrança de que a misericórdia é algo do qual todos precisamos.
Alguns evangélicos diriam que a compaixão não tem sido muito mainstream em boa parte do cristianismo dos EUA e também do Brasil. Concorda?
Há uma interpretação da cristandade que não tem tanto a ver com os ensinamentos de Jesus. Dizer que é cristão expulsar pessoas que são diferentes ou tratar os que são estrangeiros tão mal é o contrário do que Jesus ensinou.
Não sou uma seguidora perfeita dos ensinamentos de Jesus, mas acho importante ser clara sobre como ele nos encorajou a nos tratarmos de forma digna, com paciência e amizade. Isso não significa que não temos leis e que as pessoas não precisam segui-las. Mas que podemos partir de uma posição um pouco mais gentil do que o que estamos experimentando agora com líderes cristãos mais influentes no governo.
Por que o nacionalismo cristão cresce tanto nos EUA?
O alinhamento de religião e poder político é tão antigo quanto a humanidade. Mas nós estamos testemunhando o crescimento disso por muitas razões. Muitas pessoas têm medo das mudanças que veem na sociedade.
Também acho que é um movimento financiado por mídias sociais que beneficiam certos grupos sociais. É uma distorção da mensagem cristã com um grande apelo para muitos que se consideram cristãos.
O que move esse lobby cristão a que a sra. se refere?
Dinheiro, poder, influência. A capacidade de elaborar leis percebidas como parte de uma agenda social cristã, para proteger certos grupos de pessoas.
Há uma crença forte, que volta à nossa fundação, de que há um plano particular de Deus para os EUA, mas essa sociedade é tipicamente definida como branca, com compreensões muito restritivas sobre o papel das mulheres e a natureza da família. [Essa visão] não fala para o bem de todos e para o tipo de sociedade multicultural que somos. E certamente não mantém os valores do evangelho cristão. Isso não é o que Cristo ensinou.
Como falar com esse EUA que a sra. apresenta?
Quero entender e conversar com as pessoas que têm essa visão. Preciso honrá-las e tratá-las com dignidade, mesmo que não concorde com elas. E tentar ver se podemos criar uma sociedade em que possamos ter conversas sobre essas coisas sem transformar as pessoas que discordam de nós em monstros e, portanto, deslegitimá-las como parte do diálogo.
O que aprendeu até agora com essas conversas?
As pessoas estão apoiando o presidente e sua agenda por muitas razões diferentes. Muitas estão preocupadas com o futuro financeiro, o aumento da imigração e a nossa capacidade de absorver tantos que querem vir para esse país. Há muito medo, e esses movimentos [nacionalistas cristãos] são construídos em cima do medo.
Vê uma forma de recolocar a misericórdia no centro no cristianismo americano?
Claro que sim. Não sei como... Mas, mesmo se eu não fosse bem-sucedida, eu ainda assim tentaria. E não estou dizendo que não há misericórdia entre os nacionalistas cristãos, mas ela é reservada para um grupo específico de pessoas.
No Brasil, fala-se sobre como a esquerda deixou de representar alguns grupos sociais. Isso acontece nos EUA?
Com certeza. Política e socialmente. Há suspeitas profundas em relação às classes educadas, com diplomas universitários e que vivem principalmente na costa leste ou oeste [como Nova York e Califórnia]. Há uma sensação de que muitos americanos se sentiam como se fossem menos valorizados, que seus empregos não eram importantes, que suas visões sobre como educar seus filhos estavam sendo desreguladas.
Esse descontentamento foi construído e encorajado. Temos um pouco de trabalho a fazer para reconstruir o tecido da nossa sociedade.
O que a Bíblia diz sobre imigrantes?
Você pode encontrar quase tudo que quiser na Bíblia. É complicado. Há partes dela muito tribais, nas quais as tribos não interagem com outras, e Deus parece feliz quando as pessoas fazem isso. Essa é uma compreensão mais antiga sobre como Ele se sente sobre as diferenças entre seres humanos.
E há passagens muito claras, como quando Deus diz ao povo de Israel, e Jesus aos seus seguidores, para antes de tudo se lembrarem de que fomos todos estrangeiros uma vez. Então devemos tratar o imigrante com amizade e respeito.
Sobre a comunidade LGBTQIA+, é comum ouvir nas igrejas o discurso sobre "amar o pecador, não o pecado".
A tradição a qual eu pertenço chegou a uma aceitação total de um espectro da sexualidade humana. Homossexuais e transgêneros são expressões saudáveis da vida cristã.
Como a sra., como líder evangélica, navega em tempos tão polarizados?
Com cuidado e com humildade. É importante [...] tratar aqueles que experimentam a fé de uma forma diferente com respeito. É direito deles como filhos de Deus.
Raio-x | Mariann Edgar Budde, 64
Bispa da Diocese Episcopal de Washington desde 2011, é uma das líderes religiosas mais influentes dos EUA. Conhecida por sua defesa da justiça social e dos direitos humanos, criticou publicamente Donald Trump em 2020 por usar a Bíblia como símbolo político. Formada em história pela Universidade de Rochester, obteve mestrado em divindade pela Escola de Teologia da Virgínia. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
Obrigado a Venerável Ordem Terceira do Carmo- Sodalício de Diamantina/MG.
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Queremos de público agradecer aos irmãos e irmãs da OTC do Carmo de Diamantina, na pessoa do seu prior Davi e do articulador da região Marcione, que se colocaram à disposição para colaborar na caminhada da OTC do Serro.
Em reunião ontem, dia 20 de março de 2025 com o Prior, Paulo Júnior e os irmãos e irmãs daquele Sodalício, foi acolhida com alegria a proposta de “1 Ano de Missão” ou, acompanhamento, formação, animação e Espiritualidade Carmelitana naquela cidade. Tal proposta é uma tentativa de reanimar e suscitar novas vocações, uma vez que aquele sodalício passa por sérias dificuldades.
Um ponto positivo do nosso encontro foi – finalmente- a aprovação do Estatuto enquanto marco de organização jurídica, uma vez que o grupo necessita zelar e cuidar do templo, e para tal é necessário uma maior organização e aquisição de recursos.
Proposta concreta:
1-Todos os meses promover uma tarde- ou manhã- de Espiritualidade Carmelitana aberta aos paroquianos e simpatizantes do Carmelo. (Agendar, divulgar e convidar em todas as Missas da Paróquia)
(Formação, Animação, Adoração ao Santíssimo, Oração, Lectio Divina... ). Na medida do possível, convidar os frades de Belo Horizonte para se fazerem presentes.
2- Visitar os irmãos que estão afastados do Sodalício
3- Motivar para o Encontro da Família Carmelitana em Aparecida em agosto próximo.
Que a nossa Mãe, a Virgem do Carmo e nosso Pai e Guia, Santo Elias, nos ajude e não nos deixe esmorecer em nossa caminhada afinal, todos nós estamos CAMINHANDO RUMO AO MONTE CARMELO ENQUANTO PEREGRINOS DE ESPERANÇA. Boa Missão e conte sempre com as nossas orações
Frei Petrônio de Miranda, O. Carm., Delegado Provincial para Ordem Terceira do Carmo e Paulo Daher, Coordenador da Comissão Provincial.
Comunidade Carmelitana de Vicente de Carvalho, Rio de Janeiro. 21 de março-2025.
A renovação católica se desprende do PT, partido que a Igreja ajudou a fundar
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Há um movimento de ressurgimento na religião, mas ao invés de buscar proximidade, o dogma petista está tão desvirtuado de sua origem, que parece cada vez mais impossível esse reencontro
Igreja Católica: em 1989, católicos representavam 83%, hoje, mesmo sem os dados oficiais do Censo, atrasado pelo IBGE, as pesquisas de opinião apontam para uma média de 50% Foto: Werther Santana/Estadão
Por Bruno Soller
Cada vez mais distante do título que ostentou por décadas, o Brasil deixou há muito de ser a grande potência católica do mundo. O País caminha a passos largos para se tornar mais evangélico do que católico e as projeções menos otimistas, mostram que em uma década essa já deve ser a realidade. Essa mudança religiosa é a grande transformação sociológica brasileira no que concerne a sua essência de pensamento. Trazendo a análise para números, os evangélicos eram 9% nas eleições de 1989, enquanto os católicos representavam 83%, hoje, mesmo sem os dados oficiais do Censo, atrasado pelo IBGE, as pesquisas de opinião apontam para uma média de 35% de evangélicos e 50% de católicos.
Essa queda vertiginosa da população católica encontra guarida em diversos argumentos. O principal deles, medido qualitativamente, é a necessidade por respostas mais rápidas e o engessamento da estrutura ritualística da Igreja. As diferentes ramificações do protestantismo, sejam elas as reformistas clássicas ou as pentecostais e neopentecostais, têm cultos mais dinâmicos, cheios de musicalidade e uma interação entre pastor e rebanho mais próxima e menos protocolar. A alta presença dessas igrejas nas mídias são um outro ponto de contato que atrai a conversão de fiéis. Cultos na madrugada acabam por fisgar pessoas que se sentem desoladas por seus problemas cotidianos e enxergam um caminho para sua consolação.
A Teologia da Prosperidade é uma outra e importante razão pela qual muitos acabam por abandonar o catolicismo, que dogmaticamente defende o voto de pobreza, por uma linha de que é possível alcançar o crescimento material e que isso tem fundamento Bíblico para justificar a vontade de Deus para a vida de quem adere. Esse motivo traz uma reflexão para um embate que é o que muda por completo a percepção social dos fiéis. A Santa Sé propõe que a vida aqui é passageira, que o benefício final está após a morte, enquanto as igrejas protestantes, que ramificaram do Calvinismo, mostram que a recompensa já pode ser recebida em vida, em um mundo em que a materialidade tem grande importância e representa a vitória, dentro do sistema capitalista.
O crescimento em outra ponta do progressismo e a afirmação de direitos minoritários têm feito com que as religiões de matrizes africanas tenham dado um salto de presença na sociedade. Encobridas pelo catolicismo, principalmente pelo histórico de sincretismo religioso, muitos fiéis da umbanda, do candomblé, da quimbanda e das demais denominações têm se assumido publicamente como pertencentes a essas vertentes. Por muitos anos, questionados sobre qual a sua religião, praticantes desses dogmas, respondiam que eram católicos, com receio de julgamentos e preconceito. Vale lembrar que durante a Era Vargas, 40 anos após o fim da escravidão, a prática de religiões africanas sofreu uma grande repressão, sendo extraoficialmente proibida no País.
Com o conservadorismo da Igreja Católica, regida por homens brancos e de origem europeia, as ações afirmativas de comunidades negras e LGBTQIA+ têm encontrado cada vez mais guarida nas religiões de matriz africana, que têm entre suas adorações os orixás, com características humanas, tendo mais identidade com os percalços dos fiéis, do que a figura das santidades imaculadas do catolicismo. A culpa que é um dos pilares do catolicismo é uma outra vertente que tem afastado fiéis. Ao iniciar uma missa, o padre exige dos fiéis que peçam perdão pelos seus pecados e confessem suas culpas. Há um protocolo para aceitação, que com as políticas afirmativas do progressismo moderno parecem não mais ornar.
Com essa perda de fiéis, a Igreja Católica tem tido ramificações internas que buscam se renovar. Em um mundo que vive o maior dilema da sua história entre a clássica guerra do antropocentrismo e do teocentrismo, as religiões têm precisado serem mais imperativas e defender pautas do que apenas se apoiar em seu histórico para sobreviverem. Essa talvez seja a explicação para que no mundo do mais radicalizado conhecimento com tantas inovações tecnológicas e científicas, vemos um crescimento vertiginoso do islamismo e dentro do cristianismo uma substituição paulatina do catolicismo pelo protestantismo.
Mesmo com o sucesso midiático de alguns padres como Marcelo Rossi ou Fábio de Melo, a Igreja Católica tem visto uma diminuição considerável de novos batismos e o envelhecimento do seu rebanho. Como experiência social, vale observar a média de idade do público que vai regularmente às missas dominicais, por exemplo. Para conter isso, alguns padres têm buscado as redes sociais para alcançar novos fiéis ou pelo menos preservá-los. Frei Gilson, que tem sido acusado por petistas de ser simpatizante de Jair Bolsonaro, por algumas declarações dadas, é um fenômeno de popularidade em tem conseguido atrair milhões de seguidores na madrugada, às 4 horas da manhã, rezando o Santo Rosário, no que tem sido chamada de Quaresma Digital, em função do período entre carnaval e Páscoa, que é de suma importância para o catolicismo.
Com um discurso mais afirmativo e realçando um certo conservadorismo, que é dogmático da Igreja Católica, mas com a característica da solidariedade, algo que é muito caro aos fiéis dessa religião, Frei Gilson tem sido um instrumento de renovação dessa fé. O período quaresmal e a própria situação crítica de saúde do sumo pontífice, o Papa Francisco, parecem criar uma liga ainda mais propícia para esse movimento de resgate do catolicismo. O Partido dos Trabalhadores, no entanto, que foi formado com apoio de setores relevantes da Igreja, principalmente aqueles que defendiam a Teologia da Libertação, além das Comunidades Eclesiais de Base, com teólogos como Leonardo Boff, D. Pedro Casaldaliga e Frei Beto, por exemplo, não tem conseguido dialogar mais com esse público.
Preso ao assistencialismo e aí se encontrando com o catolicismo envelhecido, muito presente nos bolsões de pobreza do País, principalmente no sertão nordestino, onde há a maior concentração de classe D, do Brasil, onde 48,3% dos habitantes vivem nessa faixa social, o PT tem se afastado do público religioso. Com muita dificuldade de diálogo com os evangélicos, presentes em sua imensa maioria na periferia dos grandes centros urbanos e de ramificação social mais ativa na classe C2, que corresponde a 26,3% de todo o País, o novo embate parece se dar em um terreno em que o PT já teve dominância. A perda dos novos católicos pode ser o solapamento final do partido, que sobrevive muito ainda da figura de seu líder máximo, o presidente Lula.
Enquanto instituição, o PT mesmo com Lula na Presidência da República, foi apenas o nono partido em números de prefeituras nas últimas eleições. Fazendo um comparativo com 2012, ainda sob o efeito dos primeiros governos lulistas, o PT desabou de 625 prefeituras para 252, em 2024. Além disso, o partido não tem qualquer nome, hoje, que tivesse condições ou tamanho para sequer se aproximar da representatividade de Lula. Com o fracasso de Dilma, com Fernando Haddad, que desde que foi derrotado ainda em primeiro turno para prefeito de São Paulo, em sua reeleição, já foi testado em todas as posições e nunca mais emplacou nenhuma vitória, e com governadores de perfil mais técnico, que ainda não têm dimensão nacional, o partido está envelhecendo junto do catolicismo que o ajudou lá atrás. Há um movimento de ressurgimento na religião, mas ao invés de buscar proximidade, o dogma petista está tão desvirtuado de sua origem, que parece cada vez mais impossível esse reencontro. Fonte: https://www.estadao.com.br
Exercícios Espirituais no Vaticano, 10ª Meditação: "Deixar-se transformar"
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O pregador da Casa Pontifícia, Pe. Roberto Pasolini, fez na manhã desta sexta-feira, 14 de março, a décima meditação no âmbito dos Exercícios Espirituais da Quaresma à Cúria Romana sobre o tema "A esperança da vida eterna: Deixar-se transformar". Publicamos a síntese da reflexão.
Vatican News
A vida, com sua beleza e suas dificuldades, nos coloca diante de uma pergunta crucial: qual é o sentido de nossa peregrinação neste mundo quando tudo está destinado a acabar? Sem a esperança na eternidade, o peso da realidade pode nos esmagar ou nos tornar cínicos, levando-nos à resignação. São Paulo propõe que fixemos nosso olhar nas coisas invisíveis, que são eternas.
A humanidade é marcada pelo declínio físico, mas há uma renovação interior que ocorre dia após dia. Tudo o que parece desaparecer tem, na verdade, um destino maior: Deus nos criou para a ressurreição, e isso não é um sonho utópico, mas a lógica natural de uma existência chamada à plenitude.
No mistério da cruz e da ressurreição de Cristo, Deus completou seu desígnio de amor. A aparente derrota do Crucificado é, na verdade, a revelação de um Pai que não desiste de seus filhos. Isso significa que nossa vida não é deixada ao acaso, mas faz parte de um projeto de adoção e redenção que nos torna filhos amados e destinados à eternidade. Tudo o que experimentamos - alegrias, tristezas, conquistas e fracassos - faz parte de uma transformação contínua, semelhante à de uma semente que, ao morrer, gera uma nova vida. Assim, também nós, mesmo atravessando o limite da morte, estamos destinados a uma vida nova e gloriosa.
Essa transformação não é apenas futura, mas já começa agora. Na Eucaristia, de fato, ocorre uma troca misteriosa: oferecemos a Deus nossa vida e recebemos em troca o próprio Cristo, que nos transforma em seu amor. Em cada missa que celebramos, tudo o que somos é assumido na vida de Cristo, que o leva consigo perante o Pai. Não se trata de um rito simbólico, mas de um processo real de transformação de nossa pessoa, que nos torna partícipes da vida eterna já no presente.
Não sabemos exatamente o que vai acontecer no final, mas sabemos que o que seremos já está germinando dentro de nós. Não somos destinados ao nada, mas a um futuro cheio de esperança. Esta certeza muda tudo: nossa vida não é um filme sem sentido, mas uma obra escrita e dirigida por um Diretor extraordinário, que nos convida a fixar o olhar na eternidade e a caminhar em direção a Ele com confiança. É um fato real: Deus gerou filhos, e entre esses filhos estamos também nós. O futuro permanece diante de nós como um desenho de amor apenas parcialmente revelado. Entretanto, o que vemos hoje já é maravilhoso: somos filhos amados, cidadãos do céu, vivendo para Deus e para sempre. Fonte: https://www.vaticannews.va
Apresentação da Campanha da Fraternidade 2025
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Em 2025, o tema escolhido para a Campanha da Fraternidade 2025 é: “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
A Campanha busca promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.
Objetivos Específicos:
1) Reconhecer o caminho percorrido e as ações já iniciadas com a Encíclica Laudato Si’ (LS) e o Sínodo da Amazônia, em vista do seu fortalecimento e continuidade;
2) Denunciar os males que o modo de vida atual impõe ao planeta e que tem gerado uma “complexa crise socioambiental” (LS 135), dado que em nossa Casa Comum “tudo está interligado” (LS 16);
3) Apontar as causas da grave crise climática global, a urgência de alteração profunda nos nossos modos de vida e as “falsas soluções” (LS 54) fomentadas em nome da transição energética;
4) Aprofundar o conhecimento do “Evangelho da Criação” (LS, Cap. II), valorizando a dimensão trinitária da fé cristã e recuperando o horizonte bíblico da aliança universal que envolve todas as criaturas (Gn 8-9);
5) Explicitar a Doutrina Social da Igreja e assumir o compromisso com a conversão integral, para a superação do pecado, em todas as suas manifestações;
6) Vivenciar as propostas do Ano Jubilar em vista de novas relações do ser humano com Deus e suas criaturas, consigo mesmo e com o próximo;
7) Propor a Ecologia Integral como perspectiva de conversão e elemento transversal às dimensões litúrgica, catequética e sociotransformadora do compromisso cristão;
8) Incentivar as pastorais e os movimentos socioambientais, em articulação com outras Igrejas e Religiões, sociedade civil, povos originários e comunidades tradicionais, em vista da justiça socioambiental e da atuação socioeducativa;
9) Promover e apoiar ações efetivas que visem à mudança do modelo econômico que ameaça a vida em nossa Casa Comum;
10) Apoiar os atingidos por catástrofes naturais e as vítimas dos crimes ambientais em sua busca por reparação e justiça;
11) Celebrar os 10 anos da Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, acolhendo a Laudate Deum e avançando com as temáticas socioambientais que já foram abordadas nas Campanhas da Fraternidade. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A ESPIRITUALIDADE DE SANTA TEREZINHA DE MENINO JESUS
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Frei Carlos Mesters, Carmelita
Dia 1 de outubro é a festa de Santa Terezinha. É difícil você encontrar no Brasil um católico que nunca ouviu falar de Santa Terezinha ou uma capela por menor que seja, onde não se encontre uma imagem da Santa. Quem foi essa Terezinha para chegar a ser tão conhecida no Brasil inteiro? Ela era uma jovem francesa do fim do século 19 que aos quinze anos de idade entrou num convento carmelita e, nove anos depois, aos 24 anos de idade, após longos meses de muito sofrimento, morreu de tuberculose no dia 1 de outubro de 1897. Nunca saiu do convento. Quando ela morreu, uma irmã da comunidade dizia não ter encontrado nada de extraordinário na vida dela. Qual é então o segredo dessa santa carmelita para chegar a ser conhecida e amada de tanta gente até hoje? Qual o caminho que ela abriu para nós?
São dois os caminhos de Deus até nós e de nós até Deus. O primeiro é este: Deus, na sua bondade, tomou a iniciativa e, sem mérito algum da nossa parte, chegou até nós, nos acolheu e nos abraçou. É o caminho da gratuidade do amor. O outro caminho é este: Uma vez aceito o amor de Deus, nós devemos dar a nossa resposta e realizar o que o amor pede de nós. É o caminho da observância dos mandamentos. Gratuidade e Observância! Dois caminhos, dois lados da mesma medalha: dom de Deus e esforço nosso; providência divina e eficiência humana; festa e luta; fé e política; sonhar e planejar, graça e lei. Um lado só, sem o outro, tornaria incompleto nosso relacionamento com Deus. No passado, em algumas épocas da história da igreja, insistia-se mais na gratuidade: "Deus nos ama!" E às vezes, o povo caía num ritualismo vazio sem compromisso. Em outras épocas, insistia-se mais na observância: "Temos que cumprir a Lei!" E às vezes, se caía num legalismo exagerado que gerava nas pessoas o medo de Deus.
No fim do século 19 na França, época em que vivia Teresinha, o acento caía na observância, no legalismo, com prejuízo para a vivência da gratuidade do amor. O rigor e o medo marcavam a piedade do povo, mostravam um Deus distante e exigente. Tudo parecia pecado. Era proibido comungar todos os dias. Insistia-se mais nas práticas da penitência, ameaçando o povo com o castigo do inferno. Teresinha nasceu e cresceu neste ambiente burguês e conservador. No mosteiro carmelita, em que acabava de entrar, a espiritualidade era de observância e de rigor. O ideal da santidade eram as práticas de penitência, jejum rigoroso, grandes sacrifícios, longas orações. Não se lia a Bíblia. Na biblioteca do convento só havia um único exemplar da Bíblia. Para uma irmã poder ler a Bíblia precisava da licença da superiora. Então, como Teresinha conseguiu romper com este modo tão rigoroso de viver a vida? Como ela conseguiu vencer o medo de Deus e alcançar essa sabedoria tão grande a ponto de tornar-se doutora da Igreja, mestra de todos nós?
Em Teresinha transparece uma nova imagem de Deus. Ao longo dos poucos anos de sua vida, escondida num convento, ela redescobriu o rosto amado de Deus como nosso Pai, que tinha sido esquecido. O seu jeito de lidar com Deus era diferente. A frase de Terezinha que melhor resume a mensagem da sua vida é esta que ela dirige a Deus no fim da sua vida: "No crepúsculo desta vida aparecerei diante de vós com as mãos vazias!" Ela entrou no convento para tornar-se uma santa. Ela pensava que a santidade devesse ser fruto do seu próprio esforço. Ela ouvia falar dos grandes santos e santas, das duras penitências e das longas orações que eles faziam, das virtudes que praticavam, dos sacrifícios e gestos heróicos. Assim eles acumulavam méritos para poder merecer o céu. Terezinha sentia-se pequena e frágil, cheia de defeitos, incapaz de alcançar esse ideal de santidade, pois ela dormia durante a longa meditação de manhã, não gostava muito do terço, sentia antipatias de certas irmãs, e quando fazia uma penitência maior ficava doente. E pensava: “Eu, do jeito que eu sou nunca vou alcançar a santidade. Sou pequena demais e sem força. Sou uma criança. Como é que faço para ser santa?”.
Ela encontrava uma luz nas coisas pequenas e grandes que tinham acontecido com ela na história da sua vida: a experiência do amor do próprio pai que ela experimentou, sobretudo depois do trauma que viveu com a perda da mãe aos 4 anos de idade; a experiência vivida na noite de Natal em que de repente, sem esforço algum da parte dela mesma, ela conseguiu superar o seu problema afetivo do choro e ter um domínio maior de si mesma. De tudo isto ela foi tirando a seguinte conclusão: Deus conseguiu realizar em mim coisas que eu mesma não era capaz de realizar; se Deus é Pai, como meu pai aqui na terra, ele deve gostar de crianças pequenas e frágeis como eu; a mãe gosta quando a criança dorme tranqüila no colo.
Terezinha soube viver as pequenas e grandes experiências da vida à luz da sua fé em Deus como Pai. Aos poucos, através de muito sofrimento, ela foi descobrindo quem é Deus. Deus, na sua infinita bondade e misericórdia, ele me acolhe e me carrega nos seus braços. Amor não se merece. Amor se recebe de graça! Não adianta a gente querer acumular méritos para poder merecer o amor. No fim da sua vida, Terezinha já não observava a lei de Deus para merecer o céu, mas só e unicamente para agradecer o amor recebido de Deus. Perto da morte, ela se encontra de mãos vazias: "No crepúsculo desta vida aparecerei diante de vós com as mãos vazias!" Terezinha não acumulou nada. Pelo contrário! Esvaziou-se e entregou-se. Foi se doando, sem se preocupar com a sua própria salvação. Não acumulou méritos nem sabedoria. Não quis crescer para o alto. Ela dizia: "É descendo que se sobe! É diminuindo que se cresce!"
Pelo seu testemunho, ela nos revelou um novo rosto de Deus! A sua vida, tão curta e aparentemente tão insignificante, é uma prova viva de que Deus, ele mesmo na sua bondade imensa, é a maior Boa Notícia para nós, seres humanos. Terezinha tem uma mensagem muito atual para nós que vivemos neste sistema neoliberal em que a acumulação é a lei mais forte que governa o mundo. Viver como ela viveu obriga a gente a andar na contramão e cria o espaço para uma nova convivência humana. Tudo isto não eram apenas idéias bonitas. Nem idéias não eram. Eram vivências que aos poucos foram brotando revelando seu conteúdo para a própria Teresinha que mais vivia as coisas do que as sabia.
Como jovem, ela sentia impulsos grandes e desejos enormes de ser santa. Ela se dizia: “Um desejo tão grande, se Deus o coloca em mim, então Ele também deve indicar como realizá-lo. Ela queria ser tudo ao mesmo tempo: santa, doutora, profetisa, sacerdotisa, mártir, e percebia que isto não era possível. Mas por outro lado pensava: se este desejo existe em mim, deve haver um caminho para realizá-lo, pois um desejo assim vem de Deus. Lendo a Bíblia, ela descobriu: “Sem o amor nada sou!” Aí ela concluiu: “No coração de minha mãe a Igreja, eu serei o amor! Aí posso ser tudo ao mesmo tempo: santa, doutora, profetisa, sacerdotisa, mártir, pois sem o amor eles não funcionam”.
Dezoito meses antes da sua morte, a escuridão baixou sobre Terezinha. Era como se Deus não existisse, como se o céu fosse uma ilusão, como se a fé fosse o maior engano da história da humanidade. Como Jesus na cruz, ela rezou muitas vezes: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Mas a sua fé era maior que a escuridão. E ela repetia: “Deus está comigo! Ele não me abandonou. O amor é maior” Assim ela viveu na escuridão total durante a terrível doença da tuberculose, irradiando alegria e paciência, tendo por dentro a crise da escuridão, contra a qual ela resistia agarrando-se à fé, até à a hora da morte. Tudo isto revela uma pessoa muito madura, apesar de ter apenas vinte e poucos anos. Como diz o livro de Sabedoria: "Amadurecida em pouco tempo, ela atingiu a plenitude de uma vida longa!" (Sb 4,13)
Papa a sacerdotes: o amor por Deus e pela Igreja não podem ser pretexto para a autocelebração
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A formadores de seminários da França, Francisco indicou aspectos essenciais para a formação dos candidatos ao sacerdócio, como a missão e a humildade.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O tema da formação dos futuros sacerdotes esteve no centro do discurso do Papa aos reitores dos Seminários Maiores e Propedêuticos da França, recebidos em audiência na manhã deste sábado.
Presentes em Roma para a peregrinação jubilar, Francisco citou uma frase de São Paulo VI, que dizia que o homem contemporâneo ouve de bom grado mais as testemunhas do que os mestres. E se ouve os mestres é porque são testemunhas.
Isso, disse Francisco, vale certamente para os formadores nos seminários, que devem cuidar da qualidade e da autenticidade das relações humanas neste período de amadurecimento dos candidatos ao sacerdócio.
Em seguida, o Pontífice fez uma análise do perfil dos seminaristas de hoje, cuja característica é a diversidade, seja por idade, seja por experiência de vida e de fé. Para Francisco, o importante é que os formadores aceitem essa diversidade sem medo, concentrados no principal objetivo: formar discípulos missionários apaixonados pelo Mestre, pastores com o cheiro das ovelhas, que vivam no meio delas para servi-las e levar-lhes a misericórdia de Deus.
Não se trata de formar clones. Todavia, há regras a serem respeitadas e o Pontífice ofereceu algumas indicações como, por exemplo, a formação de uma “verdadeira liberdade interior”, de modo que o futuro sacerdote saiba raciocinar com a própria cabeça, iluminado pela fé e movido pela caridade, para fazer escolhas às vezes contracorrente, sem alinhar-se a respostas pré-confeccionadas.
Outro aspecto importante apontado por Francisco é o amadurecimento de uma humanidade equilibrada e capaz de relações humanas. Isso inclui imitar as próprias atitudes de Deus, que são a ternura, a proximidade e compaixão, sem temer personalidades muito frágeis ou rígidas ou desordens de caráter afetivo. “O homem perfeito não existe e a Igreja é composta por membros frágeis e por pecadores”, disse o Papa, pedindo paciência e prudência aos formadores. “Não tenham medo das fraquezas e dos limites de deus seminaristas. Não os condenem apressadamente e saibam encorajá-los. É o martírio da paciência.”
Outro aspecto desenvolvido por Francisco é a missão: "O sacerdote é para a missão. Um sacerdote que faça o 'senhor abade' não é para a missão. Isso não pode". Mesmo que ser sacerdote comporte uma realização pessoal, não é para si mesmos que são ordenados, e sim para o Povo de Deus. Isso pressupõe gratuidade, desprendimento de si e humildade.
Não é raro que, durante o percurso, alguns sacerdotes acabem servindo a si mesmos. "Atenção, sobretudo com o dinheiro. Minha vó sempre dizia que o diabo entre pelo bolso. Por favor, a pobreza é algo muito belo. Servir os outros. E cuidado com o carreirismo. Cuidado com a mundanidade, do ciúme e da vaidade."
Deste modo, analisou o Papa, o amor por Deus e pela Igreja nada mais são que um pretexto para a autocelebração. "Quando se encontra algum eclesiástico que parece mais um pavão é feio. Que o amor por Deus e a Igreja não seja um pretexto", exortou o Pontífice, concluindo seu discurso com um agradecimento pela difícil missão que desempenham a serviço da Igreja. Fonte: https://www.vaticannews.va
Ré- encantar-se com a Esperança: Passar os olhos no álbum das fotografias das idosas e dos idosos do Povo de Deus
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
Mensagem de um velho para os jovens
“Ah!, jovens! Se vocês soubessem o que eu vivi!”
Qo 11,7 a 12,8
Qohelet, no fim do seu livro, deixou para os jovens uma mensagem. O amor pela vida o levou a partilhar sua experiência com os mais jovens. Ele o faz não como professor que ensina, mas como irmão mais velho que partilha. Ele descreve as limitações que vem com a idade. Mas na maneira de descrevê-las, você sente uma pessoa que, mesmo limitada pela velhice, soube crescer em direção a Deus dentro destas limitações inevitáveis da vida e graças a elas.
Esta mensagem é a síntese, não só do livro, mas também da experiência que ele ou ela quer partilhar conosco e na qual mostra como a luz da sua descoberta conseguiu iluminar e transformar sua vida. É a mensagem vivida e agradecida dos cabelos brancos que se despedem da vida, para os jovens na flor da idade. Ouçamos:
Doce é a luz, e agradável para os olhos ver o sol.
Se você viver muitos anos, alegre-se em todos eles,
mas lembre-se de que são muitos os dias sombrios.
Tudo quanto sucede é vaidade.
Jovem, alegre-se na sua juventude,
e seja feliz nos dias da sua mocidade.;
Siga os impulsos do seu coração e os desejos dos olhos;
mas saiba que de tudo isso Deus te pedirá contas.
Expulse a melancolia do seu coração
e afaste do seu corpo a dor,
porque juventude e cabelos bonitos são coisas que passam.
Lembre-se do seu Criador nos dias da sua mocidade,
antes que venham os dias maus,
e cheguem os anos dos quais dirá:
“Não sinto mais gosto para nada!”;
antes que se escureçam o sol e a luz, a lua e as estrelas,
e que voltem as nuvens depois da chuva;
no dia em que tremerem os guardas da casa, ,
e se curvarem os homens outrora fortes,
e cessarem os moedores, por já serem poucos,
e se escurecerem seus olhos nas janelas;
e as portas da rua, se fecharem;
e diminuir o ruído do moinho até parece-ser um canto de pássaro
e todas as canções emudecerem;
quando você ficar com medo das alturas,
e levar susto pelo caminho,
quando embranquecer como a amendoeira,
e o gafanhoto lhe for um peso,
e o tempero perder o sabor;
é porque você já está a caminho da sua morada eterna,
e os que choram a sua morte já andam rodeando pela praça;
antes que se rompa o fio de prata,
e o copo de ouro se quebre,
antes que o jarro se quebre na fonte,
e se parta a roldana no poço,
então você voltará à terra, de onde veio,
e o sopro de vida voltará a Deus, que o concedeu,.
Tudo passa, diz o Qohelet, Tudo!
Mensagem de um sábio
para os filhos sobre os velhos pais
Eclo 3,12-16
Meu filho, cuide de seu pai na velhice,
e não o abandone enquanto ele viver.
Mesmo que ele fique caduco,
seja compreensivo e não o despreze,
enquanto você está em pleno vigor,
pois a caridade feita ao pai não será esquecida,
e valerá como reparação
pelos pecados que você tiver cometido.
No dia do perigo,
o Senhor se lembrará de você,
e seus pecados se derreterão
como geada ao sol.
Quem despreza seu pai
é um blasfemador,
e quem irrita sua mãe
será amaldiçoado pelo Senhor.
Idosos, Respeitar pai e mãe, Ser idoso,
Quatorze fotografias de pessoas idosas do Antigo Testamento
1- Adão e Eva, imagem e resumo de todos nós
Adão e Eva somos todos nós, seres humanos, independente de idade ou de raça, de condição social ou de grau de cultura, de gênero ou de religião. Os dois representam a nossa pequenez e a nossa grandeza como seres humanos: tropeçando, caminhamos em direção a Deus. Todos e todas nascidos de Deus e querendo voltar para Deus: “Tu nos fizeste para Ti, e o nosso coração está inquieto até que não descanse em Ti”. O coração nos diz e a Bíblia confirma (Gn 3,22-24) que o paraíso não foi destruído e pode ser alcançado. O velho Adão e a velha Eva que existem em todos nós (Rm 6,6; Col 3,9) devem ser renovados segundo a imagem do novo Adão e da nova Eva (Ef 4,16.22). A tarefa básica da nossa vida é renovar, passar do antigo para o novo testamento. Nascemos velhos e velhas, e vamos morrer novos e novas. Graças a Deus!
Oração: Salmo 8: que valor imenso não deve ter o ser humano!
2-Matusalém, avô de Noé
Matusalém é o mais velho dos velhos. A Bíblia diz que ele chegou à idade abençoada de 969 (novecentos e sessenta e nove) anos (Gn 5,25-27). Como todos os patriarcas e matriarcas de antes do dilúvio, Matusalém gerou filhos e filhas. Um dos seus filhos é Lamec que aos 182 anos de idade gerou Noé (Gn 5,28), cujo nome significa “este nos consolará” (Gn 5,29). Quando Noé completou 500 anos, gerou três filhos: Sem, Cam e Jafé (Gn 5,32). Depois veio o dilúvio (Gn 6,1 a 8,14). Após o dilúvio, Noé viveu mais 350 e morreu com a idade de 950 anos. Foi com o velho Noé, como representante de toda a humanidade, que Deus concluiu a aliança de nunca mais destruir a terra pelas águas (Gn 9,9-11), e colocou o arco-íris como sinal e lembrança desta aliança em favor da vida de todos nós (Gn 9,12-17). Deus fez esta aliança em favor da vida e da conservação do Universdo, quando sentiu o cheiro do sacrifício que o velho Noé estava oferecendo (Gn 8,20-22). A oração dos idosos e das idosas deve ter muito valor diante de Deus.
Oração: Salmo 104(103): cantar e celebrar a beleza e o esplendor da criação de Deus.
3- Sara e Abraão
Os dois já eram bem idosos quando foram chamados por Deus, ou melhor, quando descobriram o chamado de Deus que estava dentro de suas vidas. Abraão, chamado para ser pai de um povo, não conseguia acreditar na promessa de Deus, nem em Sara que era estéril. Inicialmente, só acreditava nos projetos que ele mesmo elaborava e propunha a Deus como alternativa. Como Abraão, também Sara, quando chamada, deu risada (Gn 18,12; 17,17). Risada de incredulidade. Também não foi capaz de crer na promessa, nem em si mesma, nem em Abraão. Era difícil crer, pois ela já era de idade avançada e estéril. Como crer que poderia ser mãe! (Gn 18,9-15). Crer em Deus até que não era tão difícil. Mas crer nos outros, crer em Sara, crer em Abraão: esta era e continua sendo a prova de fogo. Ao longo dos anos, Deus ou a própria vida foi tirando o tapete de debaixo dos pés dos dois. Cada vez de novo, eles eram obrigados a refazer a vida,. Assim, após três ou quatro tentativas frustradas, os dois conseguiram crer e se entregaram (Gn 12,1-3;15,1-6;17,15-22;22,1-18). A entrega valeu a pena, pois as três grandes religiões da humanidade, judaísmo, cristianismo e islamismo, têm a sua origem nesta entrega de Abraão e Sara. Os fundadores destas três religiões, Moisés, Jesus e Maomé, são alunos de um casal de velhos que souberam aprofundar as perdas e ganhos do envelhecimento e firmar-se, cada vez de novo, no rumo da sua vida. Isto faz pensar, ou não?
Oração: Salmo 77(76): A mão de Deus mudou. Ele passou pela minha vida sem deixar rastro.
4- Isaque, vítima da sua velhice, mas fiel
De Isaque se fala pouco na Bíblia. Ele é filho de um grande pai, e pai de um grande filho. Está entre Abraão e Jacó. Isaque teve dois filhos com a esposa Rebeca. Esaú, o mais velho, num momento de muita fome, vendeu por um prato de lentilhas seu direito de primogenitura a Jacó, seu irmão mais novo, (Gn 25,29-34). Quando Isaque ficou velho, seus olhos não enxergavam mais. Querendo dispor todas as coisas antes de morrer, mandou Esaú preparar um prato gostoso, para que ele lhe pudesse dar a benção da primogenitura (Gn 27,1-4). Rebeca, escutou a conversa e, aproveitando-se da cegueira de Isaque, deu um jeito para que Jacó pudesse receber a bênção da primogenitura. Esaú queria que o Pai voltasse atrás, mas Isaque, apesar de sentir-se vítima da sua cegueira, manteve a palavra (Gn 27,6-45). Esaú ficou sem a bênção, pois, uma vez dada, a bênção é irreversível.
Oração: Salmo 38(37): Súplica de um velho cego e enfraquecido que quer ser fiel
5- Moisés e Miriam
Irmão e irmã, ambos filhos de Amram e Joquebed (Ex 6,20). Miriam, a irmã mais velha, é chamada pelo seu próprio talento e pela necessidade do momento. Moça experta, ela soube salvar a vida do irmão Moisés e conseguiu que Joquebed, a mãe de Moisés, fosse paga pela princesa, filha do faraó, para criar o próprio filho (Ex 2,1-10). Assim, graças à esperteza da irmã, Moisés foi salvo das águas, foi criado pela mãe e recebeu sua formação na casa do faraó. Aos quarenta anos de idade, Moisés sentiu o chamado de Deus. Vendo de perto a opressão do seu povo, o sangue foi nele mais forte que a formação recebida na casa do faraó e ele chegou a matar um egípcio. Diante da crítica dos seus próprios companheiros, sentiu medo e fugiu (Ex 2,12-15). Quarenta anos depois, já aos oitenta anos de idade, mais amadurecido, recebe novo chamado para libertar o povo. E, novamente, o medo tomou conta. Moisés arrumou várias desculpas, mas no fim a vocação foi mais forte que a resistência medrosa, e ele acabou aceitando a missão (Ex 3,11.13; 4,1.10.13). A Moisés foram revelados o Nome Javé (Ex 3,7-15) e a compaixão infinita do nosso Deus (Ex 34,1-19). No momento mais crítico da saída do Egito, quando estavam sem saída diante das águas do mar, Moisés rezou a Deus. Deus respondeu: “Por que você está clamando por mim? Mande o povo dar um passo!” (Ex 14,15). O povo deu um passo, o mar se abriu e o povo pôde escapar para a liberdade. Neste momento, Miriam, também já bem idosa, convoca as mulheres para celebrar a vitória depois da travessia do Mar Vermelho (Ex 15,20). O Cântico de Miriam é um dos textos mais antigos da Bíblia. Ao redor dele foi se acrescentando o resto como cera ao redor do pavio (Ex 15,21). A Bíblia informa que Miriam, por castigo de Deus, ficou coberta de lepra por ter tida a coragem de criticar a liderança excessiva de Moisés (Num 12, 1-16). Depois da ressurreição, assim espero, vamos ficar sabendo se Miriam não tinha um pouco de razão em levantar a crítica que lhe mereceu um tão grande castigo.
Oração: Cântico de Miriam e Moisés (Ex 15,1-21): Javé é a minha força e o meu canto
6- O velho Eli, e Ana a mãe de Samuel
Eli era um sacerdote idoso que tinha dois filhos que não prestavam (1Sm 2,12-17; 8,3-5). Eli tomava conta do pequeno santuário de peregrinação em Silo, onde o casal Êlcana e Ana todos os anos faziam sua romaria (1Sm 1,3). Ana não podia ter neném. Era estéril. Num momento de grande tristeza, entrou no santuário e derramava sua alma na presença do Senhor. Fazia sua prece não em voz alta como era o costume, mas apenas suspirando e movendo os lábios (1Sm1,10-11). Eli foi mal educado com ela. Ele disse: “Até quando você vai ficar embriagada? Acabe primeiro com essa bebedeira!”. Mas Ana soube manter sua dignidade e respondeu com muita educação: "Não, meu senhor. Eu sou uma mulher que sofre; não bebi vinho, nem bebida forte. Eu estava apenas me derramando diante de Javé. Não pense que esta sua serva seja vadia. Falei até agora, porque estou muito triste e aflita". (1Sm 1,15-16). Através de Eli ela recebeu o chamado de Deus para ser mãe: "Vá em paz. Que o Deus de Israel conceda o que você lhe pediu". Em ação de graças, por ter recebido a graça de ser mãe, ela fez um cântico bonito, no qual expressa a alegria do reencontro com o ideal da sua vida (1Sm 2,1-10). Foi neste Cântico de Ana que Maria, a mãe de Jesus, se inspirou para fazer o Magnificat. Por isso, a tradição diz que o nome da mãe de Nossa Senhora, a avó de Jesus, era Ana.
Oração: Cântico de Ana (1Sm 2,1-10): A mulher estéril dá à luz sete filhos
7- Samuel, o filho de Ana
Samuel, o filho de Ana, não percebia o chamado de Deus e precisou da ajuda de uma pessoa bem idosa para orientá-lo no discernimento da vocação. O velho Eli orientou o menino e mandou que dissesse: "Fala, Senhor, teu servo escuta!" (1 Sm 3,1-18). Samuel foi o último Juiz. Durante muitos anos guiou o povo e o ajudou na difícil e duvidosa transição política do sistema tribal para o novo sistema da monarquia. Bem idoso, fez uma bonita revisão da sua vida diante de todo o povo (1Samuel 12,1-5).
Oração: Salmo 71(70): um velho de cabelo branco pede para não ser abandonado por Deus na velhice
8- Enoc e Elias, os dois que não morreram
A Bíblia não conta a morte deles. Para o povo, os dois não morreram. Foram levados para o céu. De Henoc se diz: “Henoc viveu 365 anos. Ele andou com Deus e desapareceu, porque Deus o arrebatou” (Gn 5,23-24). Elias foi arrebatado ao céu num carro de fogo e deixou o seu manto para Eliseu (2Rs 2,1-18). De Elias não se sabe o nome da mãe nem do pai. Ele apareceu de repente, proclamando: “Vivo é o Senhor, em cuja presença estou!” (1Rs 17,1). De uma viúva recebe o título de Homem de Deus (1Rs 17,24), que é o título mais bonito para um profeta ou profetisa: Homem de Deus! Mulher de Deus! Elias é o modelo do profeta. Ele é conhecido como o homem sempre disponível para a ação do Espírito (1R 18,12). Após a grandiosa vitória sobre os 450 profetas de Baal no Monte Carmelo (1Rs 18,20-40), Elias teve medo, fugiu, desanimou por completo e quis morrer (1Rs 19,1-4). Teve uma profunda crise de fé, mas reencontrou Deus, para além de todas as imagens e representações, na brisa leve, “voz de calmaria suave” (1Rs 19,5-14). Na opinião do povo, Elias vai voltar para reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais, isto é, para refazer as relações humanas na base e reconstruir a vida em comunidade (Eclo 48,10).
Oração: Salmo 27(26): Os dois lados da fé: luminoso e escuro
9- Ezequias, o rei que não queria aceitar sua velhice
A conjuntura política internacional favorável levou Ezequias (716 a 687 aC) a promover uma reforma profunda nos vários setores da vida da nação: social, político, cultural e de infra-estrutura. Queria evitar que no Reino de Judá no Sul acontecesse o mesmo desastre que, cinco anos antes em 722 aC, tinha destruído por completo o Reino de Israel no Norte (2Rs 18,1-8). Ficando velho e doente, Ezequias não aceitou a velhice nem a doença. Reclamou com Deus. Deus atendeu ao pedido dele. O profeta Isaías funcionou como médico, arrumou um emplastro para a ferida do Rei e conseguiu mais quinze anos de vida ou sobrevida para ele (2Rs 20,1-11). Ezequias foi um grande construtor, um pouco vaidoso e muito centrado em si mesmo e nas coisas da sua grandeza como rei (2Rs 20,12-21).
Oração: Salmo 30(29): oração de Ezequias que teve sua vida prolongada por mais quinze anos
10- Jeremias, seduzido por Deus desde a sua juventude
Na hora de tomar consciência do chamado de Deus em sua vida, Jeremias levou susto, ficou meio gago e se desculpou: "Sou apenas uma criança!". Mas assumiu sua vocação (Jer 1,4-10). Sofreu a vida inteira por causa da vocação assumida (Jr 20,7-18). Deve ter ficado muito velho, pois nasceu em torno de 650 e foi morrer no Egito depois de 580 aC. Como nós nos séculos XX e XXI, Jeremias atravessou toda uma curva da história. Digo como nós, pois quem hoje está com mais de 75 anos, atravessou uma curva da história como nunca houve antes, 1940 até 2008. Jeremias viveu num período que abrange o longo e corrupto governo de Manasses (687 a 642), passando pela reforma fracassada do governo de Josias (640 a 609), pela primeira deportação do povo para o cativeiro da Babilônia em 597 aC e pela total destruição de Jerusalém e a segunda deportação para a Babilônia em 587, até o seu próprio seqüestro para o Egito em torno de 583. No momento mais trágico e mais triste da história, foi ele, Jeremias, que sustentou a esperança do povo. Já bem idoso, abriu a mente do povo para fundamentar sua segurança e sua esperança, não na observância perfeita da Lei, mas sim na gratuidade infinita da presença de Deus que se manifesta na criação para além de tudo aquilo que nós fazemos por Deus (Jr 33,19-26). Ele nos ensina a observar a lei de Deus não para merecer, mas para agradecer. Foi ele com sua vida tão sofrida e tão fiel que inspirou aos discípulos e discípulas de Isaías a figura do Servo de Javé, imagem do povo sofrido, descrita nos quatro cânticos do Servo (Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13 a 53,12).
Oração: 1º e 3º Cântico do Servo de Javé (Is 42,1-9 e 50,4-9): imagem do povo humilde, teimoso na fé
11- Noemi e Rute
Duas mulheres, uma bem idosa, Noemi, e a outra bem jovem, Rute. Noemi é da tribo de Judá e migrou para o estrangeiro junto com o marido e seus dois filhos. Rute, estrangeira de Moab no outro lado do Jordão, casou com um dos filhos da Noemi. Morreram tanto o marido de Noemi como o filho dela, marido da Rute. Ambas viúvas, sem filhos, humanamente sem futuro, serão elas que vão conduzir a história, orientando-se pela reflexão sobre os acontecimentos à luz da Palavra de Deus. É delas que vai nascer o futuro do povo e que surgirá o Messias. A novela tão envolvente das duas é uma crítica viva à política clerical de Esdras e Neemias e da elite de Jerusalém que queriam expulsar as mulheres estrangeiras e isolar o povo no conjunto das nações. Rute, estrangeira, através da sua solidariedade com Noemi, tornou-se a bisavó do futuro rei Davi. É muito bonita a maneira como Rute expressou a sua opção pela pobre e velha Noemi que gerou um novo futuro para o povo de Deus (Rute 1,15-18).
Oração: Opção de Rute por Noemi (Rt 1,15-18): Opção pelos pobres gera o futuro do povo
12- Jó e os amigos de Jó
Jó é o modelo do sábio. O sábio costuma ser apresentado como idoso, cabelo branco, portador de experiência humana acumulada. O livro de Jó é um teatro. O ensino oficial que dizia: “Sofrimento é castigo de Deus”, dava complexo de culpa aos sofredores. O teatro verbaliza a tensão entre o ensino oficial e a consciência rebelde dos sofredores. Jó representa a consciência rebelde dos sofredores. Os três amigos representam a visão tradicional. A cabeça de Jó, formada pela ideologia dominante, dizia: “Você sofre porque é pecador!” Mas o coração, a consciência, lhe dizia: “Deus é injusto comigo! Não pequei!”. Jó critica os três amigos, que identificam Deus com o nível econômico das pessoas: “Vocês usam mentiras para defender a Deus!” (Jó 13,7). “Vocês são capazes de leiloar um órfão e vender seu próprio amigo!” (Jó 7,27). A chave do teatro está na frase final. Jó se dirige a Deus e diz: “Eu te conhecia só de ouvir falar de Ti, mas agora meus olhas te viram. Por isso me retrato e me arrependo sobre pó e cinza” (Jó 42,4-6). A luta não era contra Deus, mas sim contra a imagem de Deus que falsificava a consciência das pessoas e destruía a convivência humana. É a rebeldia profética de um velho sábio.
Oração: Salmo 39(38): Desabafo de Jó, dos Jós da vida
13- O velho Eleazar
Eleazr era um senhor bem idoso com mais de 90 anos. Tinha muita liderança na comunidade, fruto da sua sabedoria acumulada ao longo dos anos. Na época da sangrenta perseguição de Antíoco contra os judeus (167-166 aC), Eleazar foi convidado pelo representante do Rei Antíoco para comer carne de porco e, assim, levar o povo a transgredir a lei e favorecer a política do governo helenista. Eleazar resiste, não aceita a proposta e morre torturado aos noventa anos de idade deixando um exemplo para a juventude (2Macabeus 6,18-31)
Oração: Salmo 49(48): Tudo passa na vida e ninguém pode resgatar a vida da morte
14- A mãe dos sete filhos macabeus
Na mesma perseguição em que foi torturado e morto o velho Eleazar, esta mãe foi presa com seus sete filhos. Mulher forte, teve de presenciar a tortura até à morte de seus sete filhos pelo rei Antíoco. Mas não se deixou intimidar pela dor. Ficou firme e soube animar seus filhos a perseverar na fé dos pais até à morte (2Mac 7,1-42).
Oração: Salmo 34(33): uma mãe de família transmite sua fé para seus filhos e netos
Doze fotografias de pessoas idosas do Novo Testamento
1- Isabel e Zacarias
Zacarias não foi capaz de crer no chamado e ficou mudo (Lc 1,11-22). Isabel era idosa e estéril, mas acreditou no chamado, concebeu e tornou-se capaz de reconhecer a presença de Deus em Maria (Lc 1,23-25.41-45). Isabel era da tribo de Levi, descendente de Aarão. Era Levita (Lc 1,5).
Oração: O Cântico de Zacarias (Lc 1,68-79) e a prece de Isabel: Ave Maria
2- José, esposo de Maria
Os apócrifos dizem que ele era velho e viúvo com uma porção de filhos que seriam os irmãos e as irmãs de Jesus (Mc 6,3). José, chamado a ser o esposo de Maria, era justo (Mt 1,19) e sua justiça já era maior que a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Por isso, graças à justiça de José, Maria não foi apedrejada, e Jesus continuou vivo. Esta justiça maior levou José a romper com as normas do machismo da época. Ele não mandou Maria embora e Jesus pôde nascer (Mt 1,18-25).
Oração: Salmo 119(118),41-56: parece paixão pela lei, mas é paixão pelo Autor da lei
3- Maria, a mãe de Jesus
Uma tradição diz que Maria, depois da morte de Jesus, foi com São João para Éfeso. Ela morreu por lá já bem idosa com mais de 90 anos de idade, e depois foi assunta ao céu. Uma outra tradição diz que ela não morreu, mas que foi levada diretamente ao céu. Na pietà de Miguelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que o próprio filho crucificado, quando já devia ter no mínimo perto dos 50 anos. Perguntado porque tinha esculpido o rosto da Maria tão jovem, Miguelangelo respondeu: “As pessoas apaixonadas por Deus não envelhecem nunca”. Na Bíblia, se fala muito pouco de Maria, e ela mesma fala menos ainda. Ao todo, Bíblia conservou apenas sete palavras de Maria. Só! Nada mais: duas no encontro com o Anjo Gabriel; uma no encontro com Isabel; uma no encontro com Jesus no Templo; duas no encontro no casamento em Caná, e a última palavra é o silêncio ao pé da cruz, mais eloqüente que mil palavras. Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro da casa de Maria e descobrir como ela se relacionava com Deus. Acostumada a ruminar os fatos (Lc 2,19.51), ela percebeu e acolheu a Palavra de Deus, trazida pelo anjo Gabriel, a ponto de encarná-la em seu seio, em sua própria vida (Lc 1,26-38). A chave para entender tudo isso é dada por Lucas nesta frase: “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática." (Lc 11,27-28)
1ª Palavra: "Como pode ser isso se eu não conheço homem algum!"
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!"
3º Palavra: "Eles não tem mais vinho!"
4ª Palavra: "Fazei tudo o que ele vos disser!"
5ª Palavra: "Meu filho porque nos fez isso? Teu pai e eu, aflitos, te procurávamos"
6ª Palavra: "Minha alma louva o Senhor, exulta meu espírito em Deus meu Salvador!"
7ª Palavra: O silêncio ao pé da Cruz, mais eloqüente que mil palavras!
Oração: Cântico de Maria (Lc 1,46-56): A minha engrandece o Senhor
4- O velho Simeão e a profetisa Ana
Estas duas pessoas, ambas bem idosas, aparecem no evangelho de Lucas por ocasião da apresentação de Jesus no Templo (Lc 2,22-38). O olhar dos dois era um olhar de fé, capaz de distinguir o salvador do mundo num menino trazido por um casal pobre de camponeses lá da Galiléia, no meio de muitos outros casais que traziam suas crianças para serem apresentadas a Deus no Templo. Os dois tinham dentro de si uma convicção de fé que lhes dizia que não iriam morrer antes de ver a realização das promessas (Lc 2,26). Este é, aliás, o desejo de todos nós. Cada ser humano traz dentro de si uma promessa de séculos. Simeão fez um cântico bonito de agradecimento (Lc 2,29-32). Ana era uma viúva de 84 anos de idade que também reconheceu o sinal de Deus no menino (Lc 2,38).
Oração: Cântico de Simeão (Lc 2,29-32): Agora posso morrer em paz
5- Os doze homens discípulos
Foram chamados para estar com Jesus, para anunciar a palavra e para combater o poder do mal (Mc 3,13-19). Nas pinturas e figuras eles sempre aparecem como idosos. O único jovem é João. Na realidade eram todos jovens, casados ou solteiros, com em torno de 30 anos de idade. Apesar de jovens, eles eram os “mais velhos” (presbíteros) nas primeiras comunidades. De certo modo eles continuam vivos até hoje, pois nossa fé é apostólica, vem dos apóstolos e tem no testemunho deles o seu fundamento. Vale a pena ver de perto a figura de cada um deles, o seu jeito de ser e de se relacionar com Jesus e com o povo. Eles são um pequeno álbum dentro deste álbum maior dos idosos e idosas. Olhando este pequeno álbum dos doze, a gente se consola e cria coragem, apesar de todos os nossos defeitos. Pedro era pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o seu coração encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Jesus rezou por ele (Lc 22,31). Por isso ficou firme. Ele era pedra de apoio (Mt 16,18) e pedra de tropeço (Mt 16,23). Apoio e tropeço! Os dois, até hoje! Graças a Deus. Depois que ficou velho não era mais livre em fazer o que queria e um outro o conduzia. Tiago e João eram dois irmãos conhecidos como os “filhos de Zebedeu”. Estavam dispostos a sofrer com Jesus (Mc 10,39), mas eram violentos (Lc 9,54). Jesus deu a eles o apelido de filhos do trovão (Mc 3,17). João pensava ter o monopólio de Jesus e não permitia que os outros usassem o nome de Jesus para expulsar demônios. Jesus o corrigiu (Mc 9,38-40). João ficou muito velho. Havia gente que achava que ele não fosse morrer (Jo 21,23). A tradição diz que João era o discípulo a quem Jesus amava e que, no fim da sua vida, já bem velhinho, o sermão dele se resumia a uma única frase: “Amai-vos uns aos outros”.
Oração: Salmo 2 do jeito que foi rezado pelos apóstolos na hora da perseguição (Atos 4,23-32).
6- As sete mulheres discípulas
No grupo que seguia Jesus havia homens e mulheres. Elas seguiam Jesus (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). A expressão seguir Jesus tem aqui o mesmo significado que quando é aplicado aos homens. Elas eram discípulas que seguiam Jesus, desde a Galiléia até Jerusalém. O evangelho de Marcos define a atitude delas com três palavras: Seguir, Servir, Subir até Jerusalém (Mc 15,41). Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam a Jesus como o fizeram com os homens. Mas os nomes de sete destas mulheres estão espalhados pelas páginas dos evangelhos. Um começo da lista está em Lucas 8,1-3: (1) Maria Madalena (Lc 8,2), (2) Joana, mulher de Cuza (Lc 8,3), (3) Suzana (Lc 8,3), (4) Salomé (Mc 15,40), (5) Maria, mãe de Tiago (Mc 15,40), (6) Maria, mulher de Cléofas (Jo 19,25), (7) Maria, a mãe de Jesus (Jo 19,25). Depois da páscoa, foram as mulheres a quem Jesus apareceu por primeiro e que receberam de Jesus a ordenação de anunciar aos outros a Boa Nova da Ressurreição (Jo 20,17; Mt 28,10). A tradição eclesiástica posterior não valorizou este dado com o mesmo peso com que valorizou as aparições aos homens e o seguimento de Jesus por parte dos homens (cf 1Cor 15,4-8).
Oração: Cântico do Amor (1Cor 13,1-13): o amor jamais passará.
7- Nicodemos e José de Arimatéia
Os dois, ambos pessoas importantes da elite da cidade, eram discípulos de Jesus meio às escondidas (Jo 3,2; 19,38). Nicodemos era membro do Sinédrio, o Supremo Tribunal da época. Ele aceitava a mensagem de Jesus, mas não tinha coragem de manifestá-lo publicamente (Jo 3,1). Aos poucos, sua sinceridade levou vantagem sobre o medo e a timidez e criou mais força interior. Teve a coragem de discordar publicamente da opinião dos outros no sinédrio e foi vaiado (Jo 7,50-51). José de Arimatéia era uma pessoa de posse que chegou a arriscar seu status pedindo licença a Pilatos para poder enterrar Jesus, um marginal crucificado, condenado à morte pelo sinédrio e pelo tribunal romano. Os dois, Nicodemos e José de Arimatéia, cuidaram da sepultura de Jesus (Jo 19,39). Ficando mais idosos, os dois foram ficando mais coerentes e mais corajosos.
Oração: Salmo 63(62): a busca de Deus
8- “Eu, Paulo, velho e prisioneiro”
Foi com estas palavras de Paulo se dirige ao seu amigo Filemon para fazer um pedido em favor de Onésimo, o escravo que fugiu da casa de Filemon e que foi acolhido por Paulo e por ele levado a abraçar a fé em Jesus (Flm 1,9). O significava ser “velho” naquele tempo? Alguns acham que Paulo devia ter em torno de 55 anos. Conforme alguns estudiosos apuraram, podemos distinguir quatro períodos na vida de Paulo:
1) do nascimento até 28 anos de idade: o judeu praticante;
2) dos 28 aos 41 anos: o convertido fervoroso;
3) dos 41 aos 53, o missionário ambulante, e
4) dos 53 até à morte, o prisioneiro amadurecido. Ficou preso dois anos em Cesareia e mais dois em Roma.
Oração: Salmo 16(15): Salmo do levita que, como Paulo, consagrou toda a sua vida a Deus
9- Eunice, Lóide e as avós e os avôs das comunidades
Na segunda carta a Timóteo, Paulo conservou os nomes da mãe e da avó de Timóteo, Eunice e Lóide (2Tm 1,5). Foram elas que transmitiram a Timóteo a fé e ensinarem a ele o amor pela Palavra de Deus (2Tm 3,14-15). Isto faz a gente se lembrar das avós e avôs dos doze apóstolos, dos 72 discípulos e discípulas, do povo das primeiras comunidades, tantos e tantas. Todos eles e elas pessoas anônimas. Mas Deus conhece e conserva os nomes. Foram estas pessoas anônimas que transmitiram a fé. Também vale a pena lembrar os homens e as mulheres que foram indicados para coordenar as comunidades e que eram chamados de presbíteros ou presbíteras, os mais velhos ou as mais velhas. Eram elas e eles que ensinavam as crianças a rezar e os jovens a cantar. Foi para eles e elas que Paulo fez aquele sermão tão bonito em Mileto (At 20,17-35). Os cânticos espalhados pelo Novo Testamento eram transmitidos por eles nas comunidades: cântico de Maria, de Zacarias, de Simeão, tantos outros.
Oração: Cântico das Comunidades sobre Jesus (Flp 2,6-11
10- Os Anawim, os pobres de Javé
No tempo de Jesus havia muitos movimentos, muitas maneiras de se viver e transmitir a fé. Cada um achando que a sua maneira de viver era melhor que a dos outros: essênios, zelotes, fariseus, saduceus, discípulos de João Batista. Todos eles esperavam o Messias Glorioso: alguns como Juiz, outros como Rei, Doutor, General ou Sumo Sacerdote. Mas havia a piedade resistente da fé dos pequenos, do povo pobre que incluía jovens e velhos, homens e mulheres, casados e solteiros. Os Anawim. Maria e tantos outros faziam parte deste grupo. Não era um grupo organizado. Era um jeito de ser e de viver sem que eles mesmos saibam como. Eles também esperavam o Messias, mas não um messias glorioso. Eles esperavam o Messias Servo, vivido por Jeremias e pelo povo pobre do cativeiro e anunciado por Isaías. Quando o anjo fez o anúncio a Maria, ela respondeu: “Eis aqui a Serva do Senhor!” Quando Jesus definiu sua missão ele disse: “Não vim para ser servido, mas para servir!” (Mc 10,45). Aprendeu da mãe.
Oração: Salmo 146(145): o salmo das oito bem-aventuranças, fonte de onde Jesus bebeu
11- A Jerusalém Celeste
É a idosa jovem noiva do Cordeiro. Ela desce do céu enfeitada para o seu noivo. Ela é bonita e superou todas as limitações das idades. Chegou ao destino da sua viagem e acolhe a todos nós. (Apc 21,1-7; 21,24-27; 22,3-5)
Oração: Canto da vitória sobre o Império neoliberal (Apc 18,1 a 19,8).
12- Jesus, o novo Adão, imagem de todos nós
Jesus morreu muito jovem. Tinha apenas 33 anos. Ressuscitado, ele não morre mais e sustenta a fé todos nós, velhos e jovens, homens e mulheres de todas as idades. Dele falamos pouco neste álbum, porque ele está em todos e em todas, ele é a raiz, o tronco, os ramos, o fruto. “Eu sou a videira, vocês são os ramos”. Falando dos outros falamos dele, de Jesus, o filho de Maria, o novo Adão. Os três títulos mais antigos de Jesus estão nesta frase do evangelho de Marcos: “O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar sua vida em resgate para muito“ (Mc 10,45). Filho do Homem, Servo de Deus e Libertador dos irmãos. Filho do Homem indica a humanidade e a atitude humanizadora de Jesus. Servo indica a sua abnegação total a serviço dos outros, realizando assim a profecia de Isaías. Libertador ou Goêl, indica a sua atitude de acolher os excluídos. Goêl significa parente próximo, irmão mais velho, advogado, defensor, consolador,
Em Jesus, o amor é o princípio e o fim de tudo. Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão. Jesus imitou o Pai e revelou o seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até à hora de morrer na cruz, era uma expressão deste amor. Foi um crescendo contínuo. A manifestação plena foi quando na Cruz ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e matava. O soldado, empregado do império, prendeu o pulso de Jesus no braço da cruz, colocou um prego e começou a bater. Deu várias pancadas. O sangue espirrava. O corpo de Jesus se contorcia de dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava acontecendo ao redor, continuava batendo como se fosse um prego na parede da casa para pendurar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta prece: “Pai, perdoa! Eles não sabem o que estão fazendo!” Por mais que quisessem, a desumanidade do sistema não conseguiu apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, xingaram, cuspiram no rosto dele, deram soco na cara, fizeram dele um rei palhaço com coroa de espinhos na cabeça, flagelaram, torturaram, fizeram-no andar pelas ruas como um criminoso, teve de ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário o deixaram totalmente nu à vista de todos e de todas. Mas o veneno da desumanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade que brotava de dentro de Jesus. A água que jorrava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminar tudo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve dó do rapaz e rezou por ele e por todos: “Pai perdoa!” E ainda arrumou uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!” Diante do Pai, Jesus se fez solidário com aqueles que o torturavam e maltratavam. Era como o irmão que vem com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vítima dos próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São uns ignorantes. Perdoa. Eles vão melhorar!” Era como se Jesus estivesse com medo que o mínimo de raiva contra o rapaz pudesse apagar nele o restinho de humanidade que ainda sobrava. Este gesto incrível de humanidade foi a maior revelação do amor de Deus. Jesus pôde morrer: “Está tudo consumado!” E inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 19,30). Dizia o Papa Leão Magno: “Jesus foi tão humano, mas tão humano, como só Deus pode ser humano”
Oração: Pai nosso (Mt 6,9-13).
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