Papa aos novos cardeais: colocar-se aos pés dos outros para servir
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No Consistório Ordinário Público para a criação de 14 novos cardeais, o Papa exortou a não cair nos ciúmes, invejas e intrigas, mas a voltar o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta: a missão para com os irmãos.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco presidiu, na tarde desta quinta-feira (28/06/2018), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, o Consistório Ordinário Público para a criação de catorze novos cardeais. O Pontífice iniciou a sua homilia, com a seguinte passagem do Evangelho de Marcos: “Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia na frente deles.”
“O início desta passagem paradigmática de Marcos sempre nos ajuda a ver como o Senhor cuida do seu povo com uma pedagogia incomparável. No caminho para Jerusalém, Jesus não Se esquece de preceder os seus.”
Francisco frisou que “Jerusalém representa a hora das grandes resoluções e decisões. Todos sabemos que, na vida, os momentos importantes e cruciais deixam falar o coração e manifestam as intenções e as tensões que vivem em nós”.
“Tais encruzilhadas da existência nos interpelam e fazem surgir questões e desejos nem sempre transparentes do coração humano; é o que nos mostra, com grande simplicidade e realismo, o texto do Evangelho que acabamos de ouvir.”
Não aos ciúmes, invejas e intrigas
“Em contraponto ao terceiro e mais duro anúncio da Paixão, o Evangelista não teme desvendar alguns segredos do coração dos discípulos: busca dos primeiros lugares, ciúmes, invejas, intrigas, ajustes e acordos; esta lógica não só desgasta e corrói a partir de dentro as relações entre eles, mas os fecha e envolve em discussões inúteis e de pouca importância.”
“Entretanto Jesus não Se detém nisso, mas continua adiante, os precede e diz-lhes vigorosamente: ‘Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo’. Com este comportamento, o Senhor procura centrar de novo o olhar e o coração de seus discípulos, não permitindo que discussões estéreis e autor referenciais tenham espaço na comunidade.
Que adianta ganhar o mundo inteiro, se se fica corroído por dentro? Que adianta ganhar o mundo inteiro, se todos vivem prisioneiros de asfixiantes intrigas que secam e tornam estéril o coração e a missão? Nesta situação – como alguém observou –, poder-se-iam já vislumbrar as intrigas de palácio, mesmo nas cúrias eclesiásticas”, disse ainda o Papa.
A missão
“Não deve ser assim entre vós”: é a resposta do Senhor, que constitui primeiramente um convite e uma aposta para recuperar o que há de melhor nos discípulos e, assim, não se deixarem arruinar e se prender por lógicas mundanas que afastam o olhar daquilo que é importante. ‘Não deve ser assim entre vós’: é a voz do Senhor que salva a comunidade de se fixar demasiado em si mesma, em vez de dirigir o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta, a missão.”
“Deste modo, Jesus nos ensina que a conversão, a transformação do coração e a reforma da Igreja são feitas, e sempre devem ser, em chave missionária, pois pressupõem que se deixe de olhar e cuidar dos interesses próprios para olhar e cuidar dos interesses do Pai.”
“A conversão dos nossos pecados, dos nossos egoísmos não é nem será jamais um fim em si mesma, mas visa principalmente crescer em fidelidade e disponibilidade para abraçar a missão; e isto de tal maneira que na hora da verdade, especialmente nos momentos difíceis dos nossos irmãos, estejamos claramente dispostos e disponíveis para acompanhar e acolher a todos e cada um e não nos transformemos em ótimos repelentes por termos vistas curtas ou, pior ainda, por estarmos pensando e discutindo entre nós quem será o mais importante”, disse ainda o Papa. “ Quando nos esquecemos da missão, quando perdemos de vista o rosto concreto dos irmãos, a nossa vida fecha-se na busca dos próprios interesses e seguranças. ”
E, assim, começam a crescer o ressentimento, a tristeza e a aversão. Pouco a pouco diminui o espaço para os outros, para a comunidade eclesial, para os pobres, para escutar a voz do Senhor. Deste modo perde-se a alegria, e o coração acaba na aridez.”
“'Não deve ser assim entre vós – diz o Senhor – (…) e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos'. É a bem-aventurança e o magnificat que somos chamados a entoar todos os dias. É o convite que o Senhor nos faz, para não esquecermos que a autoridade na Igreja cresce com esta capacidade de promover a dignidade do outro, ungir o outro, para curar as suas feridas e a sua esperança tantas vezes ofendida.
É lembrar que estamos aqui porque fomos enviados para ‘anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; para mandar em liberdade os oprimidos, para proclamar um ano favorável da parte do Senhor’.”
Colocar-se aos pés dos outros para servir a Cristo
Amados irmãos cardeais e novos cardeais! Estando nós na estrada para Jerusalém, o Senhor caminha à nossa frente para nos lembrar mais uma vez que a única autoridade crível é a que nasce do se colocar aos pés dos outros para servir a Cristo. É a que deriva de não esquecer que Jesus, antes de inclinar a cabeça na cruz, não teve medo de Se inclinar diante dos discípulos e lavar os seus pés.
Esta é a mais alta condecoração que podemos obter, a maior promoção que nos pode ser dada: servir Cristo no povo fiel de Deus, no faminto, no esquecido, no recluso, no doente, no toxicodependente, no abandonado, em pessoas concretas com as suas histórias e esperanças, com os seus anseios e decepções, com os seus sofrimentos e feridas. Só assim a autoridade do pastor terá o sabor do Evangelho e não será «como um bronze que soa ou um címbalo que retine» (1 Cor 13, 1). Nenhum de nós deve se sentir ‘superior’ aos outros. Nenhum de nós deve olhar os outros de cima para baixo; só podemos olhar assim uma pessoa, quando a ajudamos a se levantar.
Testamento espiritual de São João XXIII
"Gostaria de recordar convosco uma parte do testamento espiritual de São João XXIII que, já adiantado no caminho, pôde dizer: «Nascido pobre, mas de gente honrada e humilde, sinto-me particularmente feliz por morrer pobre, tendo distribuído, segundo as várias exigências e circunstâncias da minha vida simples e modesta a serviço dos pobres e da Santa Igreja que me alimentou, tudo o que me chegou às mãos – em medida, aliás, muito limitada – durante os anos do meu sacerdócio e do meu episcopado.
Aparências de fartura encobriram, muitas vezes, espinhos ocultos de pobreza aflita que me impediram de dar mais do que eu gostaria. Agradeço a Deus por esta graça da pobreza, de que fiz voto na minha juventude, pobreza de espírito, como Padre do Sagrado Coração, e pobreza real; e por me sustentar para nunca pedir nada, nem lugares, nem dinheiro, nem favores, nunca, nem para mim nem para os meus parentes ou amigos» (29 de junho de 1954).". Fonte: https://www.vaticannews.va
CATEQUESE DO PAPA SOBRE OS MANDAMENTOS: “Os Mandamentos são um caminho de libertação”.
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"Colocar a lei antes da relação com Deus não ajuda o caminho de fé", disse o Papa ao comentar o texto inicial do Decálogo.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano (27/06/2018)
Cerca de 15 mil fiéis enfrentaram o calor do verão romano para participar da Audiência Geral na Praça S. Pedro. A primeira etapa da Audiência foi na Sala Paulo VI, onde os doentes foram acomodados justamente devido ao sol e ali puderam saudar o Pontífice. “O Senhor reserva um lugar especial no seu coração para quem apresenta qualquer tipo de deficiência e assim é para o Sucessor de São Pedro”, disse o Papa.
Já na Praça, Francisco deu continuidade ao ciclo sobre os Mandamentos, falando do texto inicial do Decálogo. Os Dez Mandamentos começam com a seguinte frase: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair do Egito, da casa da servidão” (Ex, 20,2).
Deus salva, depois pede
O Decálogo, explicou o Papa, começa com a generosidade de Deus. “Deus jamais pede sem dar antes. Primeiro salva, depois pede. Assim é o nosso Pai”, afirmou.
“Eu sou o Senhor teu Deus.” Há um possessivo, uma relação. Deus não é um estranho: é o teu Deus. Isso ilumina todo o Decálogo e revela também o segredo do agir cristão, porque é a mesma atitude de Jesus, que diz: “Assim como o Pai me amou, também eu vos amei” (Gv 15,9). Ele não parte de si, mas do Pai.
Quem parte de si mesmo…. Chega a si mesmo!
“Nossas obras podem ser uma falência quando partimos de nós mesmos e não da gratidão. E quem parte de si mesmo…. Chega a si mesmo! É incapaz de progredir, volta para si, é uma atitude egoísta.”
Antes de tudo, prosseguiu Francisco, a vida cristã é a resposta grata a um Pai generoso. Os cristãos que somente seguem “deveres” mostram que não têm uma experiência pessoal daquele Deus que é “nosso”. O fundamento deste dever é o amor de Deus Pai, que antes dá e depois manda. Colocar a lei antes da relação não ajuda o caminho de fé.
Caminho de libertação
“Como um jovem pode desejar ser cristão se o ponto de partida são obrigações, empenhos, coerência e não a libertação?”, questionou o Papa. Ser cristão é um caminho de libertação e os Mandamentos nos libertam do nosso egoísmo. A formação cristã não está baseada na força de vontade, mas no acolhimento da salvação. Primeiro salva no Mar Vermelho, depois liberta no Monte Sinai. A gratidão é um elemento característico do coração visitado pelo Espírito Santo, disse o Papa, propondo um “pequeno exercício em silêncio”.
“Quantas coisas belas Deus fez por mim? Em silêncio, cada um responda. Essa é a libertação de Deus! ”
Clamar para ser socorrido
Todavia, pode acontecer que um cristão dentro de si encontre somente o sentido do dever, uma espiritualidade de servos e não de filhos. Neste caso, é preciso fazer como fez o povo eleito: devem clamar para que sejam socorridos.
A ação libertadora de Deus no início do Decálogo é a resposta a este clamor. Nós não nos salvamos sozinhos, mas de nós pode partir um pedido de ajuda. “Senhor, salve-me, indique-me o caminho, acaricie-me, dê-me um pouco de alegria.” Isso cabe a nós: pedir para sermos libertados.
O Papa então concluiu:
“Deus não nos chamou à vida para permanecer oprimidos, mas para ser livres e viver na gratidão, obedecendo com alegria Àquele que nos deu tanto, infinitamente mais daquilo que jamais poderemos dar a Ele. Isso é belo. Que Deus seja abençoado por tudo aquilo que fez, faz e fará em nós.” Fonte: https://www.vaticannews.va
O PAPA EM GENEBRA, NA SUÍÇA: “Trabalhar para que não haja indiferença perante o irmão”
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Em sua homilia, o Pontífice destacou as palavras: “Pai, pão e perdão.” “Três palavras que encontramos no Evangelho de hoje; três palavras, que nos levam ao coração da fé.”
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou a missa no Palexpo de Genebra, na Suíça, na tarde desta quinta-feira (21/06), no âmbito da peregrinação ecumênica pelos 70 anos do Conselho Mundial de Igrejas. Em sua homilia, o Pontífice destacou as palavras: “Pai, pão e perdão.” “Três palavras que encontramos no Evangelho de hoje; três palavras, que nos levam ao coração da fé.”
Palavra ‘Pai’ é a chave de acesso ao coração de Deus
“Pai: começa assim a oração. Pode-se continuar com palavras diferentes, mas não é possível esquecer a primeira, porque a palavra ‘Pai’ é a chave de acesso ao coração de Deus.
“Com efeito, só dizendo Pai é que rezamos em língua cristã, é que rezamos ‘cristão’: não um Deus genérico, mas Deus que é, antes de tudo, Papai. De fato, Jesus pediu-nos para dizer ‘Pai-nosso que estais nos céus’; não ‘Deus dos céus, que sois Pai’. Primeiramente, antes de ser infinito e eterno, Deus é Pai.”
“D’Ele provém toda a paternidade e maternidade. N’Ele está a origem de todo o bem e da nossa própria vida. “Então ‘Pai-nosso’ é a fórmula da vida, aquela que revela a nossa identidade: somos filhos amados. ”
É a fórmula que resolve o teorema da solidão e o problema da orfandade. É a equação que indica o que se deve fazer: amar a Deus, nosso Pai, e aos outros, nossos irmãos.”
“É a oração do nós, da Igreja; uma oração sem o eu nem o meu, mas toda voltada para o vósde Deus (o vosso nome, o vosso reino, a vossa vontade) e que se conjuga apenas na primeira pessoa do plural. ‘Pai-nosso’: duas palavras que nos oferecem o sinal da vida espiritual”, frisou o Papa.
“Sempre que fazemos o sinal da cruz no princípio do dia e antes de cada atividade importante, sempre que dizemos ‘Pai-nosso’, apropriamo-nos novamente das raízes que nos servem de fundamento.
Precisamos fazer isso em nossas sociedades frequentemente desarraigadas. O ‘Pai-nosso’ revigora as nossas raízes. Quando está o Pai, ninguém fica excluído; o medo e a incerteza não levam a melhor. Prevalece a memória do bem, porque, no coração do Pai, não somos personagens virtuais, mas filhos amados. Ele não nos une em grupos de partilha, mas nos gera juntos como família.
Não nos cansemos de dizer ‘Pai-nosso’: irá nos lembrar que não existe filho algum sem Pai e, por conseguinte, nenhum de nós está sozinho neste mundo; mas irá nos lembrar também que não há Pai sem filhos: nenhum de nós é filho único, cada um deve cuidar dos irmãos na única família humana.”
Segundo Francisco, “ao dizer Pai-nosso, afirmamos que cada ser humano é parte nossa e, diante de inúmeros malefícios que ofendem o rosto do Pai, nós, seus filhos, somos chamados a reagir como irmãos, como bons guardiões da nossa família e a trabalhar para que não haja indiferença perante o irmão, cada irmão: tanto do bebê que ainda não nasceu como do idoso que já não fala, tanto de um nosso conhecido a quem não conseguimos perdoar como do pobre descartado. Isto é o que o Pai nos pede, nos manda: amar-nos com coração de filhos, que são irmãos entre si.”
O pão deve ser acessível a todos
Sobre a segunda palavra, pão, o Pontífice sublinhou que “Jesus diz para pedir a cada dia, ao Pai, o pão. Não é preciso pedir mais: só o pão, isto é, o essencial para viver. O pão é, primeiramente, o alimento suficiente para hoje, para a saúde, para o trabalho de hoje; aquele alimento que, infelizmente, falta a muitos de nossos irmãos e irmãs. Por isso digo: ai daqueles que especulam sobre o pão! O alimento básico para a vida cotidiana dos povos deve ser acessível a todos."
Para Francisco, “pedir o pão de cada dia é dizer também: «Pai, ajuda-me a ter uma vida mais simples. A vida tornou-se tão complicada; apetece-me dizer que hoje, para muitos, a vida de certo modo está ‘drogada’: corre-se de manhã à noite, por entre mil telefonemas e mensagens, incapazes de parar, fixando os rostos, mergulhados numa complexidade que fragiliza e numa velocidade que fomenta a ansiedade”.
“Impõe-se uma opção de vida sóbria, livre de pesos supérfluos. Uma opção contracorrente, como outrora fez São Luís Gonzaga que hoje recordamos.
A opção de renunciar a muitas coisas que enchem a vida, mas esvaziam o coração. Optemos pela simplicidade do pão, para voltar a encontrar a coragem do silêncio e da oração, fermento duma vida verdadeiramente humana. “Optemos pelas pessoas em vez das coisas, para que construam relações, não virtuais, mas pessoais.”
Voltemos a amar a genuína fragrância daquilo que nos rodeia. Em casa, quando eu era criança, se o pão caísse da mesa, nos ensinavam a apanhá-lo imediatamente e a beijá-lo. Apreciar o que temos de simples a cada dia e guardá-lo: não usar e jogar fora, mas apreciar e guardar.
Não esqueçamos também que ‘o Pão de cada dia’ é Jesus. Sem Ele, nada podemos fazer. Ele é o alimento básico para viver bem. Às vezes, porém, reduzimos Jesus a um tempero ; mas, se não for o nosso alimento vital, o centro dos nossos dias, o respiro da vida cotidiana, tudo é vão. Ao suplicar o pão, pedimos ao Pai e dizemos para nós mesmos todos os dias: simplicidade de vida, cuidar daquilo que nos rodeia, Jesus em tudo e antes de tudo.”
O perdão é a cláusula vinculante do Pai-nosso
Sobre o perdão, o Papa ressaltou que “é difícil perdoar”, pois “dentro trazemos sempre um pouco de queixa, de ressentimento e, quando somos provocados por quem já tínhamos perdoado, o rancor volta e com juros.
Mas, como dom, o Senhor pretende o nosso perdão. Impressiona o fato de o único comentário original ao Pai-nosso, o de Jesus, se concentrar numa única frase: ‘Porque, se perdoardes aos outros as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas’.
O perdão é a cláusula vinculante do Pai-nosso. Deus nos liberta o coração de todo o pecado, perdoa tudo, tudo; mas pede uma coisa: que, por nossa vez, não nos cansemos de perdoar.De cada um pretende uma anistia geral das culpas alheias.
“ Seria preciso fazer uma boa radiografia do coração, para ver se, dentro de nós, há bloqueios, obstáculos ao perdão, pedras a remover. ” E então dizer ao Pai: ‘Vede este penedo! Confio-o a vós e peço-vos por esta pessoa, por esta situação; embora sinta dificuldade em perdoar, peço-vos a força de o fazer’.”
Segundo o Papa, “o perdão renova, faz milagres. Pedro experimentou o perdão de Jesus e tornou-se pastor do seu rebanho; Saulo tornou-se Paulo depois do perdão que recebeu de Estêvão; cada um de nós renasce como nova criatura quando, perdoado pelo Pai, ama os irmãos.
O perdão muda o mal em bem
Só então introduzimos uma novidade verdadeira no mundo, porque não há novidade maior do que o perdão, que muda o mal em bem. Vemos isso na história cristã. Como nos fez e continuará fazendo bem o fato de nos perdoarmos uns aos outros, de voltar a descobrir-nos irmãos depois de séculos de controvérsias e lacerações!
O Pai é feliz, quando nos amamos e perdoamos verdadeiramente de coração; e então nos dá o seu Espírito. Peçamos esta graça: de não nos fecharmos com ânimo endurecido, sempre a reivindicar dos outros, mas de dar o primeiro passo, na oração, no encontro fraterno, na caridade concreta. Assim seremos mais parecidos com o Pai, que ama sem esperar recompensa. Ele derramará sobre nós o Espírito de unidade. Fonte: https://www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 20. Catequese do Papa sobre os Mandamentos: “O mundo tem necessidade de cristãos com coração de filhos”.
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"Deus me impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus mandamentos são somente uma lei ou contém uma palavra? Deus é patrão ou Pai? Somos súditos ou filhos? Este combate, dentro e fora de nós, apresenta-se continuamente", disse o Papa Francisco em sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira.
Cidade do Vaticano (Quarta-feira, 20/06/2018)
A forma como vemos Deus – patrão ou Pai – fará com que raciocinemos como filhos ou escravos. E o mundo tem necessidade de cristãos com o coração de filhos. “Dez Palavras” para viver a Aliança”: na Audiência Geral desta quarta-feira – realizada na Praça São Pedro e na Sala Paulo VI - o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Mandamentos, explicando a diferença entre uma “ordem” e uma “palavra”, que é o meio essencial da relação como diálogo.
Ao iniciar sua reflexão, o Santo Padre explicou aos mais de 13 mil presentes na Praça São Pedro, que Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la ao cumprimento, mas “devemos compreender melhor esta perspectiva”.
Na Bíblia, os mandamentos não vivem por si mesmos, mas são “parte de um relacionamento, de uma relação”, a da Aliança entre Deus e seu Povo.
A frase “Deus pronunciou todas estas palavras” no início do capítulo 20 Livro do Êxodo, podem parecer um início como outro qualquer, mas Francisco ressalta que não é dito “estes mandamentos”, mas “estas palavras”.
A tradição hebraica chamará sempre o Decálogo de "as dez Palavras". Mesmo na forma de leis, são objetivamente mandamentos. Mas por que, então, o Autor sagrado usa, precisamente aqui, a expressão "dez palavras" e não "dez mandamentos?
Ordem x Palavra
E que diferença existe entre uma ordem e uma palavra?, pergunta:
“A ordem é uma comunicação que não requer o diálogo. A palavra, pelo contrário, é o meio essencial da relação como diálogo. Deus Pai cria por meio da sua palavra, e o seu Filho é a Palavra feita carne. O amor nutre-se de palavras e assim a educação ou a colaboração. Duas pessoas que não se amam, não conseguem se comunicar. Quando alguém fala ao nosso coração, a nossa solidão acaba. Recebe uma palavra, acontece a comunicação. E os mandamentos são palavras de Deus. Deus se comunica com estas dez Palavras e espera a nossa resposta”.
“ Uma coisa é receber uma ordem, outra bem diferente é perceber que alguém fala conosco, sublinhou. Os mandamentos são um diálogo. ”O Papa refere-se então ao n. 142 da Evangelii gaudium, justamente onde fala que “um diálogo é muito mais do que a comunicação de uma verdade. Realiza-se pelo prazer de falar e pelo bem concreto que se comunica entre eles que se querem bem por meio das palavras.
A tentação
Esta diferença não é algo artificial. E voltando-se ao que aconteceu nos primórdios, recorda que exatamente este é o ponto usado pelo Tentador, o diabo, desde o início, para enganar o homem e a mulher, querendo convencê-los de que Deus os proibiu de comer o fruto da árvore do bem e do mal para mantê-los subjugados:
“O desafio é justamente este: a primeira norma que Deus deu ao homem, é a imposição de um déspota que proíbe e obriga, ou é o cuidado de um pai que está cuidando os seus pequenos e os protege da autodestruição? É uma palavra ou uma ordem?”
“A mais trágica entre as mentiras que a serpente diz a Eva – recorda o Papa – é a sugestão de uma divindade invejosa e possessiva: “Deus não quer que vocês tenham liberdade”. E “os fatos demonstram dramaticamente que a serpente mentiu”.
“ O Tentador fez acreditar que uma palavra de amor era uma ordem ”
Súditos ou filhos?
“E o homem está diante desta encruzilhada: Deus me impõe as coisas ou cuida de mim? Os seus mandamentos são somente uma lei ou contém uma palavra, para cuidar de mim? Deus é patrão ou Pai? O que vocês pensam? Somos súditos ou filhos? (...) Não esqueçam nunca disto. Nunca. Mesmo nas situações mais difíceis, pensem que vocês têm um Pai que nos ama a todos (...). Este combate, dentro e fora de nós, apresenta-se continuamente: mil vezes devemos escolher entre uma mentalidade de escravos e uma mentalidade de filhos. O mandamento é do patrão, a palavra é do Pai”.
O Espírito Santo – disse então o Papa – é um Espírito de filho, é o Espírito de Jesus:
“Um espírito de escravos acolhe a Lei de modo opressivo e pode produzir dois resultados opostos: ou uma vida feita de deveres e de obrigações, ou uma reação violenta de rejeição. Todo o cristianismo é a passagem da letra da Lei ao Espírito, que dá a vida. Jesus é a Palavra do Pai, não é a condenação do Pai. Jesus veio nos salvar com sua palavra, não nos condenar”.
E se vê quando um homem ou uma mulher viveram esta passagem, diz o Papa: “ Percebe-se se um cristão raciocina como filho ou como escravo ”
"E nós mesmos recordamos se os nossos educadores cuidaram de nós como pais e mães, ou se nos impuseram regras. Os mandamentos são o caminho para a liberdade, pois são as palavras do Pai que nos torna livres neste caminho”.
“O mundo não tem necessidade de legalismos, mas de cuidado. Tem necessidade de cristãos com o coração de filhos, tem necessidade de cristãos com o coração de filhos. Não esqueçam isto”. Fonte: www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA, 19. HOMILIA DO PAPA: “O cristão reza pelo seu inimigo e o ama”.
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"A oração mafiosa é: 'Você me paga'. A oração cristã é: 'Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo'. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo", disse o Papa na homilia.
Gabriella Ceraso – Cidade do Vaticano
O perdão, a oração e o amor por que quem nos quer destruir, pelo nosso inimigo. Assim foi a homilia do Papa Francisco na missa celebrada na capela da Casa Santa Marta esta terça-feira (19/06/2018).
Comentando o trecho proposto pela Leitura do dia, extraído do Evangelho de Mateus, o Papa admitiu a dificuldade humana em seguir o modelo do nosso Pai celeste e propôs novamente o desafio do cristão, isto é, de pedir ao Senhor a “graça” de saber “abençoar os nossos inimigos” e nos comprometer a amá-los.
Perdoar para ser perdoados
“Nós sabemos que devemos perdoar os nossos inimigos”, afirmou o Papa, nós dizemos isso todos os dias no Pai-Nosso. Pedimos perdão assim como nós perdoamos: é uma condição…", embora não seja fácil. Assim como “rezar pelos outros”, por aqueles que nos dão problemas, que nos colocam à prova: também isto é difícil, mas o fazemos. Ou pelo menos muitas vezes conseguimos fazê-lo ":
Mas rezar por aqueles que querem me destruir, os inimigos, para que Deus os abençoe: isso é realmente difícil de entender. Pensemos no século passado, os pobres cristãos russos que somente pelo fato de serem cristãos eram enviados para a Sibéria para morrer de frio: e eles deveriam rezar pelo governante carrasco que os enviava ali? Mas como é possível? E muitos o fizeram: rezaram. Pensemos em Auschwitz e em outros campos de concentração: eles deveriam rezar por este ditador que queria a raça pura e matava sem escrúpulo, e rezar para que Deus os abençoasse! E muitos fizeram isso.
Aprender com a lógica de Jesus e dos mártires
É a difícil lógica de Jesus, que no Evangelho está contida na oração e na justificação daqueles que “o mataram” na cruz: “perdoa-os Pai, porque não sabem o que fazem”. Jesus pede perdão para eles, recordou o Papa, assim como fez como Santo Estevão no momento do martírio: Mas quanta distância, uma infinita distância entre nós que muitas vezes não perdoamos pequenas coisas, e isso que nos pede o Senhor e de qual sempre nos deu exemplo: perdoar aqueles que tentam nos destruir. Nas famílias, às vezes, é muito difícil perdoarem-se os cônjuges depois de alguma briga, ou perdoar a sogra também: não é fácil. O filho pedir perdão ao pai é difícil. Mas perdoar os que o estão matando, que querem eliminá-lo … Não somente perdoar: rezar por eles, para que Deus os proteja! E mais: amá-los. Somente a palavra de Jesus pode explicar isso. Eu não consigo ir além.
Pedir a graça de ser perfeito como o Pai
Portanto, destacou Francisco, é a graça de pedir para entender algo deste mistério cristão e ser perfeitos como o Pai, que dá todos os seus bens aos bons e aos maus. O Papa concluiu afirmando que nos fará bem pensar nos nossos inimigos, pois todos nós temos algum:
Hoje, nos fará bem pensar num inimigo – creio que todos nós temos um -, alguém que nos fez mal ou que nos quer fazer mal ou tenta nos prejudicar: pensar nesta pessoa. A oração mafiosa é: “Você me paga”. A oração cristã é: “Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo”. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo. Fonte: https://www.vaticannews.va
SEGUNDA-FEIRA, 18. HOMILIA DO PAPA: “As ditaduras começam com a comunicação caluniosa”
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Na Papa recorda a sedução do escândalo e o poder destrutivo da comunicação caluniosa. Basta pensar na perseguição dos judeus no século passado. Um horror que acontece também hoje.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
Para destruir instituições ou pessoas, se começa a falar mal. A esta “comunicação caluniosa”, o Papa Francisco dedicou a homilia na missa na Casa Santa Marta.
A sua reflexão parte da história de Nabot narrada na Primeira Leitura, no Livro dos Reis. O rei Acab deseja a vinha de Nabot e lhe oferece dinheiro. Aquele terreno, porém, faz parte da herança dos seus pais e, portanto, rejeita a proposta. Então Acab fica aborrecido “como fazem as crianças quando não obtêm o que querem: chora.
A sua esposa cruel, Jezabel, aconselha o rei a acusar Nabot de falsidade, a matá-lo e assim tomar posse de sua vinha. Nabot – notou o Papa – é portanto um “mártir da fidelidade à herança” que tinha recebido de seus pais: uma herança que ia além da vinha, “uma herança do coração”.
Os mártires condenados com as calúnias
Para Francisco, a história de Nabot é paradigmática da história de Jesus, de Santo Estevão e de todos os mártires que foram condenados usando um cenário de calúnias. Mas é também paradigmática do modo de proceder de tantas pessoas de “tantos chefes de Estado ou de governo”. Começa com uma mentira e, “depois de destruir seja uma pessoa, seja uma situação com aquela calúnia”, se julga e se condena.
Como as ditaduras adulteram a comunicação
“Também hoje, em muitos países, se usa este método: destruir a livre comunicação”.
Por exemplo, pensemos: há uma lei da mídia, da comunicação, se cancela aquela lei; se concede todo o aparato da comunicação a uma empresa, a uma sociedade que faz calúnia, diz falsidades, enfraquece a vida democrática. Depois vêm os juízes a julgar essas instituições enfraquecidas, essas pessoas destruídas, condenam e assim vai avante uma ditadura. As ditaduras, todas, começaram assim, adulterando a comunicação, para colocar a comunicação nas mãos de uma pessoa sem escrúpulo, de um governo sem escrúpulo.
A sedução dos escândalos
“Também na vida cotidiana é assim”, destacou o Papa: se quero destruir uma pessoa, “começo com a comunicação: falar mal, caluniar, dizer escândalos”: E comunicar escândalos é um fato que tem uma enorme sedução, uma grande sedução. Seduz-se com os escândalos. As boas notícias não são sedutoras: “Sim, mas que belo o que fez!” E passa… Mas um escândalo: “Mas você viu! Viu isso! Você viu o que aquele lá fez? Esta situação… Mas não pode, não se pode ir avante assim!” E assim a comunicação cresce, e aquela pessoa, aquela instituição, aquele país acaba na ruína. No final, não se julgam as pessoas. Julgam-se as ruínas das pessoas ou das instituições, porque não se podem defender.
A perseguição dos judeus
“A sedução do escândalo na comunicação leva justamente ao ângulo, isto é “destrói” assim como aconteceu a Nabot, que queria somente “ser fiel à herança dos seus antepassados” e não vendê-la. Neste sentido, também é exemplar a história de Santo Estevão, que faz um longo discurso para se defender, mas aqueles que o acusavam preferem lapidá-lo ao invés de ouvir a verdade. “Este é o drama da avidez humana”, afirma o Papa. Tantas pessoas são, de fato, destruídas por uma comunicação malvada:
Muitas pessoas, muitos países destruídos por ditaduras malvadas e caluniosas. Pensemos por exemplo nas ditaduras do século passado. Pensemos na perseguição aos judeus, por exemplo. Uma comunicação caluniosa, contra os judeus; e acabavam em Auschwitz porque não mereciam viver. Oh… é um horror, mas um horror que acontece hoje: nas pequenas sociedades, nas pessoas e em muitos países. O primeiro passo é se apropriar da comunicação, e depois da destruição, o juízo e a morte.
Reler a história de Nabot
O Apóstolo Tiago fala precisamente da "capacidade destrutiva da comunicação malvada". Em conclusão, o Papa exorta a reler a história de Nabot no capítulo 21 do Primeiro Livro dos Reis e a pensar em "tantas pessoas destruídas, em tantos países destruídos, em tantas ditaduras com 'luvas brancas'" que destruíram países. Fonte: www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA 15. HOMILIA DO PAPA: “Explorar as mulheres é pecado contra Deus”.
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Na homilia da Missa na Casa Santa Marta, Francisco fala da exploração das mulheres de hoje, usadas como objetos, e recorda que elas são "o que falta a todos os homens para serem imagem e semelhança de Deus".
Giada Aquilino - Cidade do Vaticano
Uma oração "pelas mulheres descartadas, pelas mulheres usadas, pelas jovens que têm que vender a própria dignidade para ter um emprego". Esta é a exortação do Papa na missa celebrada na manhã desta sexta-feira na Casa Santa Marta, quando refletiu sobre o Evangelho de hoje de Mateus e as palavras de Cristo: "Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério” e "todo aquele que repudiar sua mulher, a expõe ao adultério."
Jesus muda a história
Francisco recorda como as mulheres são "o que falta a todos os homens para serem imagem e semelhança de Deus": Jesus pronuncia palavras fortes, radicais, que "mudam a história", porque até aquele momento a mulher "era de segunda classe", dizendo com um eufemismo, "era escrava", "não gozava sequer de plena liberdade", observa o Papa.
E a doutrina de Jesus sobre a mulher muda a história. Uma coisa é a mulher antes de Jesus, outra coisa é a mulher depois de Jesus. Jesus dignifica a mulher e a coloca no mesmo nível do homem, porque utiliza aquela primeira palavra do Criador, ambos são "imagem e semelhança de Deus ", os dois; não primeiro o homem e depois, um pouquinho mais em baixo, a mulher. Não, os dois. E o homem sem a mulher ao lado - tanto como mãe, como irmã, como esposa, como companheira de trabalho, como amiga- este homem sozinho não é imagem de Deus.
Até hoje, as mulheres são objeto de desejo
Francisco se concentra em particular no "desejar" uma mulher, evocada na passagem do Evangelho. "Nos programas de televisão, nas revistas, nos jornais - diz - mostram as mulheres como objeto de desejo, de uso", como em um "supermercado".
A mulher, talvez para vender uma certa qualidade de "tomates", torna-se um objeto, "humilhada, sem roupas", fazendo com que caia o ensinamento de Jesus que a "dignificou”.
E – acrescenta - não é preciso ir "tão longe": isso acontece também "aqui, onde vivemos", nos "escritórios", nas "empresas", as mulheres "objeto da filosofia usa e joga fora", como material de descarte", em que nem parecem ser "pessoas":
Isto é um pecado contra Deus Criador, rejeitar a mulher, porque sem ela nós homens não podemos ser imagem e semelhança de Deus. Há uma fúria contra a mulher, uma fúria feia. Mesmo sem dizer isso... Mas quantas vezes as jovens precisam se vender para ter um emprego, como objeto usa e joga fora? Quantas vezes? "Sim, padre eu ouvi naquele país ...". Aqui em Roma. Não ir longe.
Olhe ao nosso redor para ver a exploração
O Papa se pergunta o que veríamos se fizéssemos uma "peregrinação noturna" em certos lugares da cidade, onde "muitas mulheres, muitos migrantes, muitos não-migrantes" são explorados "como em um mercado": os homens se aproximam destas mulheres não para dizer “boa-noite”, mas “quanto custa?", recorda Francisco. E para aqueles que lavam "a consciência" chamando-as de "prostitutas", o Pontífice diz: "Você fez dela uma prostituta, como Jesus diz: quem a repudia a expõe ao adultério, porque você não trata bem a mulher, a mulher acaba assim, também explorada, escrava, tantas vezes." Portanto, será bom olhar para essas mulheres e pensar que, diante da nossa liberdade, elas são "escravas desse pensamento de descarte":
Tudo isso acontece aqui, em Roma, acontece em todas as cidades, as mulheres anônimas, as mulheres - podemos dizer - "sem um olhar" porque a vergonha cobre o olhar, as mulheres que não sabem rir e muitas delas que não sabem, não conhecem a alegria de amamentar e de ouvirem ser chamadas de mãe. Mas, mesmo na vida cotidiana, sem ir a esses lugares, esse pensamento feio de rejeitar a mulher, é um objeto de "segunda classe". Devemos refletir melhor. E fazendo isto ou dizendo isto, entrando neste pensamento desprezamos a imagem de Deus, que fez o homem e a mulher juntos à sua imagem e semelhança. Esta passagem do Evangelho nos ajuda a pensar no mercado de mulheres, no mercado, sim, tráfico, exploração, que vemos; também no mercado invisível, que se faz e não se vê. A mulher é pisoteada porque é mulher.
Com ternura, Cristo restitui dignidade
Jesus, lembra o Papa, "teve uma mãe", teve "muitas amigas que o seguiram para ajudá-lo em seu ministério" e para apoiá-lo. E encontrou "tantas mulheres desprezadas, marginalizadas e descartadas", que ele ajudou com tanta "ternura", restituindo a elas dignidade. Fonte: www.vaticannews.va
QUINTA-FEIRA 14. HOMILIA DO PAPA: “O insulto mata o futuro. O caminho é a reconciliação”.
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"O insulto não acaba em si mesmo, mas é uma porta que se abre. É preciso passar da inveja à amizade": palavras do Papa Francisco ao celebrar a missa matutina na capela da Casa Santa Marta.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano (14/06/2018)
O Papa Francisco celebrou a missa na manhã de quinta-feira na capela da Casa Santa Marta. Em sua homilia, comentou o Evangelho de Mateus, que fala do discurso de Jesus sobre a justiça, o insulto e a reconciliação.
“Procura reconciliar-te com teu adversário para que não te entregue ao juiz. O juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão.” O convite de Jesus aos discípulos, afirmou o Papa, é “sabedoria humana: sempre é melhor um acordo ruim do que um bom julgamento”. O Senhor usa um exemplo de todos os dias para explicar o seu ensinamento de amor, mas vai além e comenta o problema dos insultos”.
Jesus cita insultos “antiquados”. Dizer que o irmão é “estúpido” ou “louco” leva à condenação. “O Senhor diz: ‘o insulto não acaba em si mesmo’ – esclarece o Papa - é uma porta que se abra, é começar uma estrada que acabará por matar”. Porque o insulto “é o início do assassinato, é desqualificar o outro, tirar o direito a ser respeitado, é colocá-lo de lado, é matá-lo na sociedade”.
Carnaval de insultos
O Papa então se dirige aos fiéis, “acostumados a respirar o ar dos insultos”. “Dirigir o carro na hora do rush. Ali tem um carnaval de insultos. E as pessoas são criativas para insultar”. E os pequenos insultos que se fazem enquanto dirigimos se tornam, depois, grandes insultos. E o insulto cancela o direito de uma pessoa. ‘Não, não o ouça’. “A lápide. Essa pessoa não tem mais o direito de falar”, sua voz foi cancelada.
O insulto é muito perigoso, explica ainda o Papa, “porque muitas vezes nasce da inveja”. Quando uma pessoa tem uma deficiência, mental ou física, não me ameaça, mas mesmo assim temos vontade de insultá-la.
Mas quando uma pessoa faz algo de que eu não gosto, eu a insulto e a mostro como “deficiente”: deficiente mental, deficiente social, deficiente familiar, sem capacidade de integração … E por isso mata: mata o futuro de uma pessoa, mata o percurso de uma pessoa. É a inveja que abre a porta, porque quando uma pessoa tem algo que me ameaça, a inveja me leva a insultá-la. Quase sempre tem inveja ali.
O caminho é a reconciliação
O Livro da Sabedoria, acrescentou o Papa, “nos diz que a morte entrou no mundo por meio da inveja do diabo”. É a inveja que traz a morte”. Se dizemos “eu não tenho inveja de ninguém“, pensemos bem: “aquela inveja está escondida e se não está escondida é forte, é capaz de nos tornar amarelo, verde, como faz o liquido biliar quando está doente”. Mas Jesus bloqueia este discurso dizendo: “Não, isto não se faz”. Se você vai à missa, vai rezar e percebe que um dos seus irmãos tem algo contra você, reconcilie-se.
Jesus é assim radical. A reconciliação não é uma atitude de boas maneiras, não: é uma atitude radical, é uma atitude que tenta respeitar a dignidade do outro e também a minha. Do insulto à reconciliação, da inveja à amizade. Este é o percurso que Jesus nos indica hoje.
Jamais insultar
O Papa então concluiu dizendo que hoje nos fará bem pensar: “Como eu insulto? Quando eu insulto?”
Quando removo o outro do meu coração com um insulto? E ver se ali há aquela raiz amarga da inveja que me leva a querer destruir o outro para evitar a competição, a concorrência, essas coisas. Isso não é fácil. Mas pensemos: que belo jamais insultar. É belo porque assim deixamos que os outros cresçam. Que o Senhor nos dê esta graça. Fonte: www.vaticannews.va
Papa propõe uma 'sã inquietude' para os jovens
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Nesta quarta-feira (13/06/2018), o Papa Francisco se reuniu com fiéis, turistas e romanos na Praça São Pedro e começou um novo ciclo de catequeses sobre os Mandamentos. "Se os jovens não forem famintos de vida autêntica, para onde irá a humanidade?".
Cidade do Vaticano
Nesta quarta-feira (13/06), o Papa Francisco se reuniu com fiéis, turistas e romanos na Praça São Pedro e começou um novo ciclo de catequeses sobre os Mandamentos.
Praça lotada ouviu a catequese
Cerca de 20 mil pessoas participaram do encontro e ouviram as palavras do Pontífice, resumidas em seguida em várias línguas, inclusive português.
Para introduzir o tema, o Papa começou repassando um trecho do Evangelho de Marcos, lembrando o episódio daquele homem que, foi a Jesus e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Ele queria ter vida infinita. Jesus lhe respondeu citando os mandamentos; abriu um processo pedagógico procurando guiá-lo até àquilo que lhe faltava. Mas o homem respondeu: “Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”.
A busca da vida plena
“ Quantos jovens querem ‘viver’ e se destroem correndo atrás de coisas efêmeras? ”
“Alguns pensam que seja melhor apagar este impulso, pois é perigoso. Gostaria de dizer especialmente aos jovens: ‘Nosso maior inimigo não são os problemas concretos, mesmo sérios ou dramáticos. O maior perigo é o espírito de adaptação ruim, que não é mansidão ou humildade, mas mediocridade ou covardia. A vida do jovem é ir avante, ser inquieto: a inquietude salutar, a capacidade de não se contentar de uma vida sem beleza, sem cores.
“ Se os jovens não forem famintos de vida autêntica, para onde irá a humanidade? ”
Francisco explicou que a passagem da juventude à maturidade se dá quando iniciamos a aceitar nossos limites; quando tomamos consciência daquilo que falta… E nos últimos séculos, a história nos mostra uma verdade que o homem muitas vezes se recusou a enxergar e que causou consequências trágicas: a verdade de seus limites.
A resposta de Jesus
Mas para alcançar ‘aquilo que falta’, deve-se partir da realidade. E Jesus, fitando aquele homem com amor, lhe dá a resposta: “Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”, ou seja, pára de viver de si mesmo, de suas obras e de seus bens, deixar tudo para seguir o Senhor: a perfeição, o pleno cumprimento.
Quem, podendo escolher entre o original e a cópia, opta pela cópia?
"Este é o desafio: encontrar o original. Jesus não oferece substitutos, mas vida verdadeira, amor verdadeiro, plenitude de vida. É preciso perscrutar o ordinário para nos abrirmos ao extraordinário”. Fonte: www.vaticannews.va
TERÇA-FEIRA 12. HOMILIA DO PAPA: “Ser sal e luz é o testemunho diário do cristão”.
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"Não somos protagonistas dos nossos méritos", disse o Papa Francisco na homilia, afirmando que o cristão deve ser sal e luz aos outros.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
Ser sal e luz para os outros, sem se atribuir méritos. Este é o simples testemunho cotidiano ao qual o cristão é chamado: palavras pronunciadas pelo Papa Francisco na homilia da missa celebrada na terça-feira (12/06/2018) na capela da Casa Santa Marta.
O simples testemunho habitual
O maior testemunho do cristão é dar a vida como fez Jesus, isto é, o martírio. Mas há também outro testemunho, de todos os dias, que começa pela manhã quando se acorda, e termina à noite, quando se vai dormir: “o simples testemunho habitual”.
Sal e luz
“Parece pouco”, mas o Senhor “com pouco faz milagres, faz maravilhas”, afirmou Francisco. Portanto, é preciso ter uma atitude de “humildade”, que consiste em tentar ser somente sal e luz:
Sal para os outros, luz para os outros, porque o sal não dá sabor a si mesmo, sempre a serviço. A luz não ilumina si mesma, sempre a serviço. Sal para os outros. Pouco sal que ajuda nas refeições, mas pouco. No supermercado, o sal não é vendido em toneladas, não… Pequenos pacotes; é suficiente. E depois, o sal não se orgulha de si mesmo porque não está a serviço de si mesmo. Está sempre ali para ajudar os outros: ajudar a preservar as coisas, a dar sabor às coisas. Simples testemunho.
Nenhum mérito
Portanto, reiterou o Papa, ser cristão de todos os dias significa ser luz “para as pessoas, para ajudar nas horas de escuridão”:
O Senhor nos diz assim: “Você é sal, você é luz”- “Ah, verdade! Senhor, é assim. Vou atrair tantas pessoas para a igreja e farei…” – “Não, você vai fazer de modo que os outros vejam e glorifiquem o Pai. E não será atribuído a você nenhum mérito. Quando comemos não dizemos: “Ah, bom o sal!”, Não!: “Bom o macarrão, boa a carne, boa …”. Não dizemos: “Que bom o sal”. À noite, quando vamos para casa, não dizemos: “Que boa a luz”, não. Ignoramos a luz, mas vivemos com aquela luz que ilumina. Esta é uma dimensão que faz com que nós cristãos sejamos anônimos na vida.
“Não somos protagonistas dos nossos méritos”, destacou ainda o Papa, reiterando que não é preciso fazer como o fariseu, que agradece ao Senhor pensando ser santo:
E uma bela oração para todos nós, no final do dia, seria se perguntar: “Fui sal hoje? Fui luz hoje?”. Esta é a santidade de todos os dias. Que o Senhor nos ajude a entender isso.
Fonte: www.vaticannews.va
Papa Francisco aceita renúncias de bispos chilenos após escândalo de abuso sexual
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O Papa Francisco aceitou a renúncia de três bispos chilenos após vir à tona o escândalo de abuso sexual envolvendo clérigos do país sul-americano, anunciou o Vaticano na manhã desta segunda-feira.
Segundo um comunicado, Francisco aceitou a renúncia do bispo Juan Barros, de Osorno, que está no centro das denúncias, do bispo Gonzalo Duarte, de Valparaíso, e do bispo Cristian Caro, de Puerto Montt.
Dos três, apenas Barros, de 61 anos, está abaixo da idade de aposentadoria de 75 anos. Ele ficou no centro do escândalo de abuso sexual no Chile, após ser nomeado bispo de Osorno, em 2015. Barros foi acusado pelas vítimas de testemunhar e ignorar os abusos de um padre. O bispo negou as acusações.
Em uma ação sem precedentes, todos os 34 bispos do Chile ofereceram uma renúncia em massa no último mês, depois de uma reunião sobre a crise com o Papa, em que foram abordadas as alegações de encobrimento de abuso sexual no país.
O pontífice prometeu aos católicos chilenos afetados pelos abusos sexuais do clero que "nunca mais" a Igreja vai ignorá-los ou acobertar os abusos em seu país.
O escândalo gira em torno do padre Fernando Karadima, que foi considerado culpado em uma investigação do Vaticano em 2011 por abusar de meninos em Santiago nos anos 1970 e 1980. Agora com 87 anos e vivendo em uma casa de repouso no Chile, ele sempre negou qualquer irregularidade.
O mais experiente investigador de abuso sexual do Vaticano, o arcebispo Charles Scicluna, visitou o Chile no início deste ano para investigar o escândalo. Ele foi enviado de volta ao Chile para reunir mais informações. Fonte: https://extra.globo.com
SEGUNDA-FEIRA 11. HOMILIA DO PAPA: “Que os evangelizadores não sejam carreiristas”.
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Na homilia da Missa celebrada na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco refletiu sobre as três dimensões da evangelização: anúncio, serviço e gratuidade.
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
A evangelização tem três dimensões fundamentais: o anúncio, o serviço e a gratuidade. Foi o que sublinhou o Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na manhã desta segunda-feira, 11, na capela da Casa Santa Marta.
Escolhas que não transformam o coração
Inspirando-se nas leituras do dia, o Pontífice esclarece que o Espírito Santo é o “protagonista” do anúncio, que não apresenta uma simples “pregação” ou a “transmissão” de algumas ideias, mas é um movimento dinâmico capaz de “transformar os corações”, graças à ação do Espírito.
“Vimos planos pastorais bem feitos, perfeitos – precisa Francisco – mas que não eram instrumento de evangelização”, simplesmente porque eram finalizados em si mesmos, “incapazes de transformar os corações”:
"Não é uma atitude empresarial que Jesus nos manda ter, com uma atitude empresarial, não. É com o Espírito Santo. Isso é coragem. A verdadeira coragem da evangelização não é uma teimosia humana, assim... Não. É o Espírito Santo que nos dá coragem e leva você em frente".
Na Igreja é preciso servir
A segunda dimensão da evangelização destacada pelo Papa, é a do serviço, oferecido também “nas pequenas coisas”.
Equivocada, de fato, é a presunção de querer ser servido depois de ter feito carreira, na Igreja ou na sociedade: “o subir na Igreja – acrescenta – é um sinal que não se sabe o que é a evangelização”: “aquele que manda, deve ser como aquele que serve”:
“Nós podemos anunciar coisas boas, mas sem serviço não é anúncio, parece, mas não é. Porque o Espírito não somente leva você me frente para proclamar as verdades do Senhor e a vida do Senhor, mas leva você também aos irmãos, irmãs, para servi-los. Também nas coisas pequenas. É feio quando nos deparamos com evangelizadores que se fazem servir e vivem para serem servidos. É feio. São como príncipes da evangelização”.
Gratuidade da evangelização
Por fim, a gratuidade, porque ninguém pode redimir-se pelos próprios méritos. “Gratuitamente recebestes – nos recorda o Senhor - gratuitamente deveis dar”:
“Todos nós fomos salvos gratuitamente por Jesus Cristo e portanto devemos dar gratuitamente. Os agentes pastorais da evangelização devem aprender isto, a vida deles deve ser gratuita, a serviço, ao anúncio, conduzidos pelo Espírito. A própria pobreza os impele a abrirem-se ao Espírito”. Fonte: www.vaticannews.va
DOMINGO 10: MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO: "Acusar alguém por inveja é veneno mortal"
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Diante da Praça São Pedro completamente tomada por fiéis, romanos e turistas, o Papa Francisco fez a sua reflexão deste domingo (10/06/2018) comentando o Evangelho de Marcos, que narra os dois tipos de incompreensão que Jesus enfrentou: a dos escribas e a dos seus próprios familiares.
Cidade do Vaticano
“Pode acontecer que a forte inveja pela bondade ou pelas boas ações de alguém leve uma pessoa a acusar falsamente outra. Este é o verdadeiro veneno mortal: a malícia premeditada que destrói a boa fama do outro”. Diante da Praça São Pedro completamente tomada por fiéis, romanos e turistas, o Papa Francisco fez a sua reflexão deste domingo (10/06) comentando o Evangelho de Marcos. Como explicou, a liturgia do dia apresenta dois tipos de incompreensão que Jesus enfrentou: a dos escribas e a de seus próprios familiares, uma “advertência para todos nós”.
A tentação de falar mal do outro
“Deus nos liberte desta terrível tentação... e se examinando nossa consciência, percebermos que esta semente maligna esta germinando dentro de nós, corramos a confessá-lo no sacramento da Penitência, antes que cresça e produza efeitos ruins. Isso é incurável”. Francisco recordou que os escribas eram homens instruídos na lei e nas Sagradas Escrituras e encarregados de explicá-las ao povo. Alguns deles foram enviados à Galileia, onde a fama de Jesus começava a se alastrar, “para desacreditá-lo, serem fofoqueiros e destruí-lo”.
Jesus reage com palavras forte
“Estes escribas chegaram com uma acusação terrível. Diziam que Jesus estava possuído por Belzebu e que expulsava os demônios pelo príncipe dos demônios. Isto queria dizer mais ou menos ‘este homem é um endiabrado’. De fato, Jesus curava muitos doentes... mas queriam fazer crer que Ele o fazia com o Espírito de Satanás”.
Jesus não tolerou isso e reagiu com palavras fortes, pois os escribas, talvez sem se dar conta, estavam caindo no pecado mais grave: negar e blasfemar o Amor de Deus que existe e atua em Jesus. “O pecado contra o Espírito Santo é o único pecado imperdoável, porque parte do fechamento do coração à misericórdia de Deus que age em Jesus ”
Acrescentando espontaneamente, o Papa exortou:
“Fiquem atentos, vocês, porque este comportamento destrói famílias, amizades, comunidades e até mesmo a sociedade”.
Uma família unida pelo respeito ao Senhor
Em seguida, Francisco evidenciou outra incompreensão sofrida por Jesus: a de seus familiares, “que estavam preocupados porque a sua nova vida de itinerante lhes parecia uma loucura e ele não tinha nem tempo para comer”. Quando o procuram para levá-lo de volta a Nazaré, Jesus olha para as pessoas que estavam à sua volta e afirma: “Eis minha mãe e meus irmãos!".
“Aquele que faz a vontade de Deus é irmão, irmã e mãe para mim ”.
“Jesus formou uma nova família, não mais baseada em relações naturais, mas na fé Nele, em seu amor que nos acolhe e nos une, no Espírito Santo. Todos aqueles que acolhem a palavra de Jesus são filhos de Deus e irmãos entre si”, destacou Francisco, segundo quem “aquela resposta de Jesus não foi uma falta de respeito por sua mãe e seus parentes; ao contrário. Para Maria, foi o maior reconhecimento, porque precisamente ela é a perfeita discípula que obedeceu totalmente à vontade de Deus”. Fonte: www.vaticannews.va
SEXTA-FEIRA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, 8 DE JUNHO: HOMILIA DO PAPA: “Hoje é a festa do amor de Deus”.
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O Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta e dedicou a sua homilia ao amor de Deus.
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano (8/6/2018)
No dia em que a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Papa Francisco iniciou a sua homilia na Casa Santa Marta afirmando que se poderia dizer que hoje é a festa do amor de Deus. “Não somos nós que amamos Deus, mas é Ele que “nos amou por primeiro, Ele é o primeiro a amar”, disse o Papa. Uma verdade que os profetas explicavam com o símbolo da flor de amêndoa, o primeiro a florescer na primavera. “Deus é assim: sempre por primeiro. Ele nos espera por primeiro, nos ama por primeiro, nos ajuda por primeiro”.
Mas não é fácil entender o amor de Deus. De fato, Paulo, na segunda Leitura do dia, fala de ‘impenetráveis riquezas de Cristo’, de um mistério escondido.
É um amor que não se pode entender. Um amor de Cristo que supera todo conhecimento. Supera tudo. Tão grande é o amor de Deus. E um poeta dizia que era como “o mar, sem margens, sem fundo …”: mas um mar sem limites. E este é o amor que nós devemos entender, o amor que nós recebemos.
Na história da salvação, o Senhor nos revelou o seu amor, “foi um grande pedagogo”, disse o Papa e, relendo as palavras do profeta Oséias, explica que não o revelou através da potência: “Não. Vamos ouvir: ‘Eu ensinei meu povo a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, eu cuidava dele’. Tomar nos braços, próximo: como um pai”.
Deus, como manifesta o amor? Com as grandes coisas? Não: se rebaixa, se rebaixa, se rebaixa com esses gestos de ternura, de bondade. Faz-se pequeno. Aproxima-Se. E com esta proximidade, com este rebaixamento, Ele nos faz entender a grandeza do amor. O grande deve ser entendido por meio do pequeno.
Por último, Deus envia o seu Filho, mas “o envia em carne” e o Filho “humilhou a si mesmo” até a morte. Este é o mistério do amor de Deus: a grandeza maior expressa na menor das pequenezas. Para Francisco, assim se pode entender também o percurso cristão.
Quando Jesus nos quer ensinar como deve ser a atitude cristã, nos diz poucas coisas, nos faz ver aquele famoso protocolo sobre o qual todos nós seremos julgados (Mateus 25). E o que diz? Não diz: “Eu creio que Deus seja assim. Entendi o amor de Deus”. Não, não… Eu fiz o amor de Deus em pequenas coisas. Dei de comer ao faminto, dei de beber ao sedento, visitei o doente, o detento. As obras de misericórdia são justamente a estrada do amor que Jesus nos ensina em continuidade com este amor de Deus, grande! Com este amor sem limites, que se aniquilou, se humilhou em Jesus Cristo; e nós devemos expressá-lo assim.
Portanto, concluiu o Papa, não são necessários grandes discursos sobre o amor, mas homens e mulheres “que saibam fazer essas pequenas coisas por Jesus, para o Pai”. As obras de misericórdia “são a continuidade deste amor, que se rebaixa, chega a nós e nós o levamos avante”. Fonte: www.vaticannews.va
Papa aos padres: o celibato é um desafio. Cuidado com o que se olha na internet
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Depois de 50 dias exatos desde o seu pronunciamento, a Santa Sé divulgou na tarde dessa terça-feira, 5, o texto completo do diálogo do Papa Francisco com cerca de 2.000 estudantes dos Colégios superiores eclesiásticos romanos durante uma audiência ocorrida no dia 16 de março passado, na Sala Paulo VI. A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada em Vatican Insider, 05-06-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Um discurso muito longo, todo de improviso, no qual o pontífice, em meio a piadas e metáforas, fornece sugestões úteis para a formação e para viver a vocação e o sacerdócio. O texto não havia sido publicado naquele dia pela Sala de Imprensa vaticana por vontade do próprio pontífice (à tarde, no entanto, havia sido publicado um relato conciso no L’Osservatore Romano e uma nota do Vatican News que relatava alguns conteúdos a mais do encontro).
Em um contexto evidentemente descontraído e confidencial, Francisco respondeu amplamente às perguntas de cinco seminaristas, diáconos e sacerdotes: um francês, um sudanês, um mexicano, um ítalo-americano e um filipino.
Discípulos missionários a caminho
Ao primeiro, chamado Louis, que perguntava sobre como “perseverar no caminho do discipulado”, Francisco explicou, acima de tudo, que “o discípulo missionário não pode caminhar sozinho”.
“O missionário está a caminho. Se você é padre, não pode ser um padre ‘quieto’, um padre de sacristia, de escritório paroquial, um padre que escreveu na porta: ‘Aberto apenas segundas, quartas e sextas-feiras de tal a tal hora’ e ‘Confissões em tal dia, de tal a tal hora’: ‘Pequem antes, porque depois não se confessa’... Não se pode. Você está a caminho”, explica Francisco.
E, nesse caminho, há surpresas para descobrir através da “escuta”. A escuta “do Senhor”, naturalmente, mas também “das necessidades da humanidade, dos problemas”. Escuta que, portanto, se torna “oração” para não correr o risco de se tornar “surdos” às palavras de Deus. E, se a Palavra está “desligada” para você, isso significa que “você desligou o zelo, você mudou um pouco de registro e só aprendeu a escutar outras coisas”.
Caminho e escuta, mas também “fraternidade”. “‘Mas isso é fácil!’. Não é fácil – diz o Papa Francisco –. agora é fácil, porque vocês estão todos reunidos, todos em um colégio com tantos sacerdotes a seu serviço e em sua ajuda. Mas quando você estiver em uma paróquia, quando você estiver em uma universidade fazendo escola, isso não será fácil, porque a comodidade, o mundanismo levarão você a não estar a caminho. Porque estar a caminho cansa”.
Atenção, porém, porque, depois, “a vida começa a encolher” e se torna “como aqueles surdos que não escutam certas coisas, mas escutam as outras”. “Surdo por escolha”, afirma Bergoglio. Se você não estiver vigilante, acabará assim. Por isso, é importante viver a “fraternidade”: com os amigos, com os padres mais próximos e com o próprio pai espiritual. Que não deve ser necessariamente um presbítero, porque a direção espiritual é “um carisma leigo”.
O papa aconselha até a se deixar “acompanhar” por dois guias diferentes: um como confessor, outro como pai espiritual. O importante é que tenham “o carisma para acompanhá-lo” e "a capacidade de escutar”.
O acompanhamento é fundamental, de fato, quando começam a se soltar os “demônios da vida”. O “demônio meridiano”, o famoso “cuarentazo” como o chamam na Argentina, o diabo da “meia-idade”, que se apresenta em meio a “tantas outras dificuldades, todas nascidas do pecado original e da tentação”.
Por falar em diabo, o Papa Francisco traz uma anedota pessoal: “No outro dia, aproximou-se um padre que tinha lido algo que eu tinha escrito sobre a vida espiritual, não me lembro o quê, e me disse: ‘Tenha cuidado, porque o senhor nomeou o diabo naquela vez, e ele vai se vingar! É melhor não nomear o diabo, fingir que ele não existe’. Não, o diabo existe! E o diabo – como diz Pedro – faz a ronda, como ‘leo rugens’”.
Discernimento e senso de humor
Respondendo, depois, a Nebil, proveniente da África, que abordou o tema do discernimento, o bispo de Roma tira uma pedra do sapato: “As más línguas dizem que, ‘agora, o discernimento está na moda: este papa veio aqui com essa história... O que isso tem a ver?’ Mas o discernimento está no Evangelho!’”.
Toda a história da Igreja “é uma história de discernimento”. “Saber entender, na vida: isto está certo, isto não está certo; isto vem de Deus, isto vem de mim, isto vem do diabo. Isso é elementar, é elementar: é uma linguagem fundamental para a vida de cada cristão, ainda mais de um sacerdote”.
E para que o discernimento seja “justo e verdadeiro”, são necessárias duas condições. Primeira: a oração; depois o confronto, talvez com “uma testemunha próxima, que não fala, mas escuta e depois dá orientações”. Uma pessoa que “não resolve [o problema] para você, mas lhe diz: ‘Olhe isto... Esta não parece ser uma boa inspiração por este motivo. Esta sim...’”.
Isso ajuda muito. Jorge Mario Bergoglio experimentou isso por conta própria: “Descobri o desejo do discernimento quando estudava filosofia. Tinha feito dois anos de noviciado... sem discernimento”, diz entre as risadas dos presentes. Depois, lembrou o seu professor de metafísica, “um jesuíta muito bom, padre Fiorito”, que “era um ‘fã’ da espiritualidade inaciana e um especialista, não apenas teórico, mas também prático, no discernimento”, e que o ajudou tanto na nomeação como provincial, quanto para “outro cargo”.
“O discernimento é importante”, continua o papa. Na vida sacerdotal, quando não há discernimento, “há rigidez e casuística”. E tudo se torna “fechado”, o Espírito Santo “não trabalha”, e se apaga qualquer “emoção espiritual”. Isto é, entra-se na “prisão da casuística” e “na rigidez”. O contrário não é fazer tudo o que se quiser, especifica o papa, mas sim usar “outra linguagem”, deixar-se envolver “de uma maneira diferente”. “Não deixe aos livros que digam uma coisa ou outra”, em síntese.
“Tantos, tantos padres, tantos padres – e eu isso digo com bom espírito, com ternura e com amor – tantos padres vivem bem, na graça de Deus, mas como se o Espírito não existisse. Sim, eles sabem que existe um Espírito Santo, mas ele não entra na vida”, observa Francisco, acrescentando também que “a bondade está sempre na bondade interior unida ao diálogo com o Espírito”.
E, quando ele está, o Espírito Santo também traz “o senso de humor”. “Para entender se uma pessoa chegou a uma grande maturidade espiritual, perguntemo-nos: ‘Ela tem senso de humor?’. É a atitude humana mais próxima da graça”, reitera Francisco.
“É aquele ‘relativismo’ bom, o relativismo da alegria.” Por isso, aos jovens também, muitas vezes “narcisistas”, que se olham no espelho, se penteiam...”, às vezes faria bem se olharem no espelho e rirem de si mesmos. “Riam de vocês mesmos. Isso vai lhes fazer bem.”
Desenvolvimento da personalidade e sociabilidade
Na mesma linha, o papa dialoga com o mexicano Jorge Moreno falando daqueles sacerdotes “bons”, mas que “têm uma falta de desenvolvimento da personalidade, uma falta de educação”. “Você encontra um sacerdote assim, por exemplo um sacerdote triste, mas que humanamente é incapaz de chorar; ou que é incapaz – este critério me foi dado uma vez por um sacerdote, quando eu era estudante – para brincar com as crianças... Este é um critério de maturidade, de integridade”, observa o papa.
Quando se encontra um padre “incapaz de se alegrar, até mesmo de passar tempo com outros sacerdotes amigos”, falta alguma coisa aí, afirma, “falta a formação humana”, falta “a parte humana”. E “tantos sacerdotes sofrem porque não são capazes de expressar aquilo que trazem dentro de si: foram bloqueados, cortaram da sua personalidade coisas muito boas, capacidades grandes, e não cresceram nisso”.
Por outro lado, é importante salvaguardar “a capacidade social, a sociabilidade, a capacidade de respeitar os outros, até mesmo aqueles que pensam de outro modo, a capacidade de se alegrar com os amigos, de fazer um bom jogo de futebol... Dessas coisas sobre as quais [alguém pensa]: ‘Não, mas um sacerdote não pode...’. Tantas capacidades humanas que não se desenvolvem...”.
Infelizmente, observa Francisco, “em alguns lugares, em alguns tempos, a capacidade humana de se inserir socialmente não foi ajudada na formação”. Alguns presbíteros foram “educados mal”: “Você deve se comportar assim, rigidamente”, e assim por diante.
“Isso faz mal à capacidade humana da espontaneidade.” É verdade que ela “pode levar a algo ruim, mas este é um perigo que você deve discernir e se defender dele. Mas uma pessoa normal – digo normal, humana – que vai visitar um doente e o escuta, e pega em sua mão, em silêncio: isso é humano”.
Humano também é “ser pais”, não padrastos. Humano é saber “acariciar bem”. “Sintam bem isto”, diz Bergoglio: “Se vocês não sabem acariciar bem como pais e como irmãos, é possível que o diabo leve vocês a pagarem para acariciar. Estejam atentos”.
A partir daí, mais uma vez, a recomendação a não se tornarem “funcionários do sagrado”, “empregados de Deus” que são “bons, fazem o seu trabalho”, mas “não sabem dar vida”. “Quantos dentre nós são solteirões!”, exclama Francisco, “que, quando você os ouve pregar ou os ouve falar, tem vontade de perguntar: ‘Mas, me diga, o que você tomou no café da manhã hoje? Café com leite ou vinagre?’”.
Diocesanidade
Respondendo ao diácono Luigi, o papa aborda ainda o tema da “diocesanidade” entendida como a relação com o bispo, que nem sempre pode ser fácil, mas que é basilar, porque, quando ela está ausente, “falta a relação com o pai”.
“Cada um de vocês deve se perguntar: como é a minha relação com o bispo? ‘Mas ele é mau, é neurótico...’ Como é a minha relação com o meu pai, que é mau e neurótico? O que você aconselharia a um rapaz que vem e lhe diz que seu pai está na prisão, por exemplo? Ou que o pai bate na mãe – o bispo que bate na Igreja. Vocês dariam um conselho: ‘Reze pelo seu pai, aproxime-se do seu pai’, mas nunca diriam: ‘Apague o seu pai da sua vida’”, explica Francisco.
Há também uma advertência sobre a “fofoca”, que “é a lepra do presbítero” e é algo muito diferente do falar com lealdade e franqueza. “Você se permite dizer tudo o que lhe vem à mente” no corpo presbiteral “ou aprendeu a ter censuras para não causar uma má impressão?”, pergunta o pontífice.
Quando “fala alguém que você não gosta, você o julga imediatamente ou tenta escutar bem e entender o que ele disse?”. Ou, talvez, depois do encontro, você sai com dois ou três amigos dizendo: “Mas veja o que aquele estúpido disse, o que aquele e aquele outro disseram...”.
Atenção, portanto, para salvaguardar a própria relação com o pai (o bispo) e com os irmãos (os outros presbíteros). Disso depende também a futura relação com os fiéis.
Fraquezas
Por último, o Papa Francisco fala de “fraquezas”, sexuais e relacionadas com a comunicação virtual. O tema é levantado pela pergunta do Pe. Michael Aguilar, das Filipinas (foi simpática a conversa entre o papa e o sacerdote, que disse: “Eu venho do continente da Ásia, onde Jesus nasceu, onde a Igreja nasceu”, e Francisco, que respondeu: “Eu não entendi bem: Jesus nasceu em Manila?”).
Francisco explica que “a formação permanente nasce um pouco da experiência da própria fraqueza. Não lhe dão um certificado de santidade perpétua quando lhe ordenam: mandam você para lá, para trabalhar, e que Deus lhe ajude e que os corvos não lhe comam”.
Por isso, é preciso estar “conscientes” da própria fraqueza, especialmente nesta cultura contemporânea hipertecnologizada que “entra na alma”. “Como eu entro no meu celular, nas minhas comunicações virtuais? Vocês sabem do que eu estou falando: o que eu procuro olhar, por curiosidade? E vocês sabem disso”, pergunta Bergoglio.
De mãos dadas com os riscos da web, caminha “a atração do poder e das riquezas”. É sempre assim, há “três degraus”, como ensinava Santo Inácio: “O primeiro é a riqueza, o segundo é a vaidade, e o terceiro é a soberba, isto é, o poder”. E o diabo se enfia por um deles.
O papa também fala do “desafio do celibato”. “Estejam preparados porque: ‘Se eu tivesse conhecido esta mulher antes de me ordenar!’ Em espanhol se diz: ‘tarde piaste’, isto é, ‘você percebeu tarde’. Mas vocês são homens normais, vocês têm o desejo de ter uma mulher, para amar. E quando viesse essa possibilidade, como vocês reagiriam? Vocês têm o desejo de gerar filhos? Não só espirituais, mas de outro tipo? Isso é algo que temos na nossa natureza, dada por Deus. E, depois, a comodidade no próprio ministério: ‘Mas, se for um pouco mais cômodo, não faça com tanto esforço...’”.
Todas essas coisas, agora no tempo dos estudos, “são fáceis de resolver, mas, depois, na vida, vocês estarão sozinhos, e essas coisas existirão. Algumas são más, outras boas; mas existirão”, adverte o papa. Por isso, ele convida a uma sólida “formação permanente” baseada em “quatro pilares”: espiritual, intelectual, apostólico e comunitário. Essa formação é necessária não só “para resolver as tentações, mas também para estar um pouco na atualidade, no desenvolvimento da pastoral, da teologia, da vida da Igreja”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
QUINTA-FEIRA, 7: HOMILIA DO PAPA: “Os cristãos “sem memória” perdem o sal da vida”.
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"Memória" foi a palavra-chave na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta. Francisco pediu que os fiéis façam memória dos encontros com Cristo, dos antepassados e da lei do amor.
Alessandro Di Bussolo – Cidade do Vaticano
A memória cristã é o sal da vida, voltar para ir para frente: devemos recordar e contemplar os primeiros momentos nos quais encontramos Jesus. Palavras do Papa Francisco na missa celebrada na manhã de quinta-feira (07/06/2018) na capela da Casa Santa Marta. A sua homilia foi inspirada na exortação de São Paulo a Timóteo, na Primeira Leitura: “Lembra-te de Jesus Cristo”.
Sal da vida
Trata-se de voltar com a memória para encontrar Cristo, explicou o Papa, “para encontrar forças e poder caminhar para frente. A memória cristã é sempre um encontro com Jesus Cristo”.
A memória cristã é como o sal da vida. Sem memória não podemos ir para frente. Quando encontramos cristãos “desmemorados”, logo vemos que perderam o sabor da vida cristã e acabaram como pessoas que cumprem os mandamentos, mas sem a mística, sem encontrar Jesus Cristo. E Jesus Cristo devemos encontrá-lo na vida.
Encontros, antepassados e lei
Francisco acrescentou que são três as situações em que podemos encontrar Jesus Cristo: "nos primeiros momentos, nos nossos antepassados e na lei”. A Carta aos Hebreus nos indica como fazer:
“Evoquem na memória aqueles primeiros tempos, depois da conversão, em que eram tão fervorosos …" “Cada um de nós tem momentos de encontro com Jesus”. Na nossa vida, prosseguiu o Papa, houve “um, dois, três momentos em que Jesus se aproximou, se manifestou. Não esqueçam esses momentos: devemos ir para trás e retomá-los porque são momentos de inspiração, onde nós encontramos Jesus Cristo”.
Cada um de nós tem momentos assim: quando encontrou Jesus Cristo, quando mudou de vida, quando o Senhor lhe fez ver a própria vocação, quando o Senhor o visitou num momento difícil… Nós no coração temos esses momentos. Busquemo-los. Contemplemos esses momentos. Memória daqueles momentos nos quais eu encontrei Jesus Cristo. Memória daqueles momentos nos quais Jesus Cristo encontrou a mim. São a fonte do caminho cristão, a fonte que me dará as forças.
“Eu recordo esses momentos?", perguntou Francisco. "Momentos de encontro com Jesus quando a minha vida mudou, quando me prometeu algo?” "Se nós não lembramos, vamos procurá-los. Cada um de nós tem os seus."
Não recebemos a fé por correio
O segundo encontro com Jesus, disse ainda o Papa, acontece através da memória dos antepassados, que a Carta aos Hebreus chama “os seus chefes, que lhes ensinaram a fé”. Também Paulo, sempre na segunda carta a Timóteo, o exorta assim: “Lembre-se de sua mãe e de sua avó que lhe transmitiram a fé”. “Não recebemos a fé por correio”, afirmou o Papa, mas “homens e mulheres nos transmitiram a fé” e diz a Carta aos Hebreus: “Olhem para eles que são uma multidão de testemunhas e se fortaleçam neles, eles que sofreram o martírio”.
Sempre quando a água da vida se torna um pouco turva, destacou Francisco, “é importante ir à fonte e encontrar nela a força para ir avante. Podemos nos perguntar: eu evoco os meus antepassados? Eu sou um homem, uma mulher com raízes? Ou me tornei desarraigado? Somente vivo no presente? Se é assim, é preciso imediatamente pedir a graça de voltar às raízes”, àquelas pessoas que nos transmitiram a fé.
A lei do coração
Por fim, a lei, que Jesus nos faz recordar no Evangelho de Marcos. O primeiro mandamento é: “Escutai, Israel, o Senhor nosso Deus”.
A memória da lei. A lei é um gesto de amor que o Senhor fez conosco porque nos indicou o caminho, nos disse: por esta estrada não vai errar. Evocar na memória a lei. Não a lei fria, que parece simplesmente jurídica. Não. A lei do amor, a lei que o Senhor inseriu no nosso coração.
“Eu sou fiel à lei, lembro da lei, respeito a lei?", questionaou ainda o Papa. Algumas vezes, nós cristãos, inclusive consagrados, temos dificuldade de dizer de cor os mandamentos: ‘Sim, sim, eu lembro, mas depois a um certo ponto erro, não lembro”.
Memória e esperança
Lembrar-se de Jesus Cristo, concluiu o Papa, significa ter “o olhar fixo no Senhor” nos momentos da minha vida nos quais eu O encontrei, momentos de provação, nos meus antepassados e na lei. E a memória “não é somente um ir para trás”. É ir para trás para ir para frente. Memória e esperança vão juntas. São complementares, se completam. “Lembre-se de Jesus Cristo, o Senhor que veio, pagou por mim e que virá. O Senhor da memória, o Senhor da esperança”.
O convite final do Papa é que cada um de nós hoje pegue um minuto para se perguntar como está a memória dos momentos nos quais encontrei o Senhor, a memória dos meus antepassados e a memória da lei. Depois, como vai a minha esperança, naquilo que espero. “Que o Senhor nos ajude neste trabalho de memória e de esperança.” Fonte: www.vaticannews.va
Audiência Geral do Papa- Catequeses sobre o Sacramento da Crisma- “A paz é para ser doada. A fofoca não é obra do Espírito Santo”
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O Papa Francisco voltou a falar da destruição causada pela fofoca na Audiência Geral desta quarta-feira, na Praça São Pedro.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
A paz que recebemos do Espírito é para dar aos outros, não devemos destruí-la com as fofocas! Na Audiência Geral desta quarta-feira (06/06) o Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Sacramento da Crisma, falando dos efeitos que o dom do Espírito Santo faz amadurecer na vida dos crismados.
O Pontífice reforçou que o Espírito Santo é um dom e as graças que recebemos devemos dar aos outros, e não para armazená-las. “As graças são recebidas para dar aos demais. Isso faz o cristão.”
A Igreja somos nós
O Espírito nos descentraliza do nosso “eu” para nos abrir ao “nós” da comunidade cristã, como também ao bem da sociedade em que vivemos.
“Algumas pessoas pensam que a Igreja tem dono: o papa, os bispos, os sacerdotes e os operários, que são os demais. Não! A Igreja somos todos nós e todos temos a responsabilidade de santificar uns aos outros, cuidar dos outros. A Igreja somos nós. Cada um tem o seu trabalho, mas a Igreja somos todos nós.”
Assim, a Confirmação une mais fortemente como membro vivo ao corpo místico da Igreja, vinculando à Igreja universal e fortalecendo o compromisso com a vida da Igreja particular, em união com o Bispo. Este, enquanto sucessor dos Apóstolos, é o ministro originário deste sacramento.
Na conclusão do rito da Crisma, explicou ainda o Papa, o Bispo diz a cada crismando: “A paz esteja contigo”, recordando a saudação de Cristo aos discípulos.
A fofoca não é obra do Espírito
Improvisando, o Papa pediu que pensemos na nossa própria comunidade paroquial. O Bispo dá a paz ao crismando e depois a damos entre nós. “Isso significa paz”, disse o Papa. O problema é o que acontece depois ao sairmos da Igreja.
“Começam as fofocas e as fofocas são guerras. Isso não está bem. Se recebemos o sinal da paz do Espírito Santo, devemos ser homens e mulheres de paz e não destruir a paz do Espírito. Pobre do Espírito Santo com o trabalho que ele tem conosco, com o hábito de fofocar. Pensem bem, a fofoca não é obra do Espírito Santo, não é obra de unidade da Igreja. A fofoca destrói aquilo que Deus faz. Por favor, vamos parar de fofocar!”
Semente que deve ser cultivada
Outra característica da Crisma é que este sacramento se recebe uma só vez, mas o seu dinamismo espiritual perdura ao longo do tempo. Além do mais, ninguém recebe a Confirmação somente para si mesmo, mas para cooperar para o crescimento espiritual dos outros.
Aquilo que recebemos de Deus como dom deve ser de fato doado para que seja fecundo e não, ao invés, sepultado por temores egoístas. “Quando temos a semente em mãos não é para colocá-la no armário, é para semear. Toda a vida deve ser semente para que dê fruto. ”
O Papa então concluiu:
“Exorto os crismandos a não ‘enjaular’ o Espírito Santo, a não opor resistência ao Vento que sopra para impulsioná-los em liberdade, a não sufocar o fogo ardente da caridade, que leva a viver a vida por Deus e pelos irmãos. Que o Espírito Santo conceda a todos nós a coragem apostólica de comunicar o Evangelho com as obras e as palavras aos que se encontram no nosso caminho. Mas as palavras boas, aquelas que edificam, não as palavras de fofocas. Por favor, quando saírem da Igreja, pensem que a paz recebida é para dar aos outros e não para destruí-la com a fofoca. Não se esqueçam.”
Rezar pelos sacerdotes
Ao final da catequese, o Papa recordou que na próxima sexta-feira celebra-se a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Francisco então convidou a rezar durante todo o mês de junho ao Coração de Jesus e a apoiar com a proximidade e o afeto os sacerdotes, para que sejam imagem daquele Coração repleto de amor misericordioso. Fonte: www.vaticannews.va
Papa: as redes sociais são um espaço de encontro e solidariedade
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“Peçamos juntos para que as redes sociais não anulem a própria personalidade, mas que favoreçam a solidariedade e o respeito pelo outro na sua diferença”. Esta é a intenção de oração do Santo Padre para o mês de junho: “A Internet é um dom de Deus e também uma grande responsabilidade”, acrescentou.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco, em O Vídeo do Papa de junho, afirma que as redes sociais são uma oportunidade de encontro e solidariedade, mas adverte que devem ser usadas respeitando a dignidade dos outros. Ele também enfatiza a importância de construir uma cidadania na rede como um lugar rico em humanidade.
“Peçamos juntos para que as redes sociais não anulem a própria personalidade, mas que favoreçam a solidariedade e o respeito pelo outro na sua diferença”, diz o Papa. “A Internet é um dom de Deus e também uma grande responsabilidade”, acrescentou.
No mundo, atualmente existem 3.196 bilhões de usuários ativos nas redes sociais, que representam 42% da população mundial. Entre as regiões onde tem uma maior concentração, destacam-se América do Norte, com 70% de usuários ativos em relação à população; o norte de Europa, com 66%; a Ásia Oriental, com 64%; e a América do Sul, com 63%.
“Aproveitemos as possibilidades de encontro e de solidariedade que as redes sociais oferecem”, pediu Francisco. “Vamos construir uma verdadeira cidadania na rede e que a rede digital não seja um lugar de alienação”, acrescentou.
“Convivemos com as redes sociais quase sem percebermos, mas, muitas vezes, ao invés de servir como um instrumento de verdadeira comunicação e comunhão, tornam-se um meio de discórdia e desinformação”, comenta o Pe. Frédéric Fornos, SJ, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa e do Movimento Eucarístico Juvenil. “Façamos das redes sociais um lugar de humanização, de abertura ao outro, à sua cultura, à sua tradição religiosa e espiritual, à sua diferença; lugar de diálogo a serviço de uma cidadania responsável”, acrescentou.
Fonte: www.vaticannews.va
Comunhão nos matrimônios interconfessionais: o Papa pede aprofundamentos
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Comunhão nos matrimônios interconfessionais: o Papa pede aprofundamentos
Uma carta da Congregação para a Doutrina da Fé esclarece o pensamento do Papa Francisco sobre o tema dos matrimônios interconfessionais, levantado pelo episcopado alemão: são necessários mais estudos para aprofundar um tema ecumênico que se refere a toda a Igreja.
Cidade do Vaticano
Uma questão sobre a qual os bispos são convidados a esperar uma normativa que seja comum a toda a Igreja. É a essência da carta do prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, enviada em nome do Papa, ao presidente da Conferência Episcopal da Alemanha sobre o delicado tema da admissão à Eucaristia nos matrimônios interconfessionais, ou seja, quando um dos cônjuges é católico e outro protestante. No texto, sublinha-se a necessidade de avaliar com atenção as consequências que cada decisão no mérito da questão possa comportar aos equilíbrios alcançados no diálogo ecumênico.
A posição dos bispos alemães
O tema dos matrimônios interconfessionais – possibilidade reconhecida pelo Direito Canônico em determinadas condições – tinha sido contemplado em fevereiro passado pelos bispos alemães em um subsídio pastoral intitulado “Caminhar com Cristo – nas pegadas da unidade. Matrimônios mistos e participação comum na Eucaristia”. O documento, votado por dois terços da assembleia, abria a possibilidade ao cônjuge protestante de receber a Comunhão durante a Missa católica depois de um aprofundado diálogo com o pároco.
Decide o bispo
Aos sete bispos que em sede plenária não expressaram parecer favorável – e que escreveram uma carta com suas perplexidades ao Papa Francisco – o próprio Pontífice concedeu em 3 de maio o poder de levar o parecer comum para ser analisado pela cúpula da Congregação da Doutrina da Fé e pelos Dicastérios para a Unidade dos Cristãos e para os Textos Legislativos. Portanto, depois da carta do prefeito da Doutrina da Fé e na espera de ulteriores aprofundamentos que serão dedicados ao tema, o bispo diocesano permanece com a possibilidade de avaliar os casos assinalados e estabelecer as medidas necessárias. Fonte: https://www.vaticannews.va
QUARTA-FEIRA, 30: AUDIÊNCIA COM O PAPA FRANCISCO: A Crisma é a marca indelével que nos une a Cristo.
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O Pontífice deu sequência à catequese sobre a Crisma, recordando que o Espírito é um dom a ser protegido, deixando-se plasmar, como cera, pela sua caridade ardente para refletir Jesus Cristo no mundo de hoje.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
Milhares de fiéis e peregrinos participaram na manhã de quarta-feira (30/05/2018) da Audiência Geral na Praça S. Pedro.
O Papa prosseguiu sua série de catequeses sobre a Crisma, falando desta vez do selo do Espírito.
Espírito Santo, criador da unidade
Antes de receber a unção espiritual que confirma e reforça a graça do Batismo, explicou Francisco, o crismando é chamado a renovar as promessas que um dia foram feitas em seu nome pelos respectivos pais e padrinhos. Agora, é o próprio fiel a professar a fé da Igreja, pronto a responder «creio» às perguntas que lhe faz o Bispo, em particular que está disposto a crer «no Espírito Santo.
“O único Espírito distribui os múltiplos dons que enriquecem a única Igreja: é Autor da diversidade, mas ao mesmo tempo o Criador da unidade”, recordou o Papa.
Óleo do crisma
O sacramento da Confirmação ou Crisma realiza-se com a imposição das mãos do Bispo sobre os crismandos, enquanto suplica ao Pai do Céu que infunda neles o Espírito Paráclito. A este gesto bíblico, para melhor expressar a efusão do Espírito, logo se acrescentou a unção do óleo perfumado, chamado crisma, que é usado ainda hoje seja no Oriente, seja no Ocidente.
O óleo, acrescentou Francisco, é substância terapêutica e cosmética, que entra nos tecidos do corpo, cura as feridas e perfuma os membros. Depois da imposição das mãos, a fronte de cada um é ungida seguida destas palavras: «Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, o dom de Deus». “O Espírito Santo é o dom invisível recebido, e a Crisma é a marca visível.”
Marca indelével
Assim, ao receber na fronte o sinal da cruz com o óleo perfumado do crisma, o crismando recebe uma marca espiritual indelével, o «caráter», que o configura mais perfeitamente a Cristo e lhe dá a graça de espargir entre os homens o bom perfume de Cristo.
“O Espírito é um dom imerecido”, concluiu Francisco, a ser acolhido com gratidão, fazendo espaço à sua criatividade inesgotável.
“É um dom a ser protegido com cuidado e respeitado com docilidade, deixando-se plasmar, como cera, pela sua caridade ardente, para refletir Jesus Cristo no mundo de hoje. ”
Fonte: www.vaticannews.va
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