Dom Frei Vital Wilderink, O Carm, In Memoriam (*30/111931 +11/06/ 2014)

 

Apesar das muitas variações que a mentalidade das diversas épocas teceu em torno do simbolismo do Escapulário, este permaneceu intacto quanto ao essencial. O Escapulário é sempre símbolo da proteção da Virgem Maria sobre aquelas almas que, de modo total e permanente, a Ela se consagram.

Precisamos mais a relação entre Maria santíssima e o seu devoto, simbolizada pelo Escapulário, podemos dizer que os Carmelitas sempre consideraram Maria como sua Mãe. Já as constituições de 1357, oferecem-nos um testemunho explicito desta tradição do Carmelo. (5) Entre as respostas que o frade há de dar às perguntas acerca da origem e do caráter da Ordem, encontramos uma, segundo a qual a Virgem Maria foi ao Carmelo para visitar seus filhos. Certamente, tudo isto não passará de lenda. Porém, haverá testemunho mais vivo desta consciência dos Carmelitas de serem filhos de Maria? Mesmo o P. Matias de S. João, apesar das suas tendências regalistas, não pôde deixar de dizer que o Escapulário “nos eleva à qualidade não apenas de servo e de doméstico da Virgem santa, mas também aquela de seu irmão e de seu filho adotivo.” (6) E, finalmente, o nosso tempo ouve ainda ressoar a exclamação de S. Teresa de Lisieux, como que confirmando a tradição mariana do Carmelo.

A nossa consagração total à Virgem Mãe como filhos seus, simbolizada pelo Escapulário, é certamente a forma ideal da piedade mariana. Não é, pois, sem razão que Pio XII concede à devoção do Escapulário uma certa primazia. Isto justifica-se mais ainda porque a devoção do Escapulário tem o dom de intensificar e facilitar a nossa vida mariana. Não falamos agora do simbolismo do Escapulário, como fruto específico da mentalidade medieval. Antes somos de opinião que, como tal, ele terá pouco valor prático para o homem moderno, principalmente no Novo Mundo, cuja história desconhece o regime feudal. A espontaneidade é uma das qualidade indispensáveis ao símbolo. Ora, o simbolismo do Escapulário é de tal plasticidade, que deixa largo espaço para as preferências do ambiente e do indivíduo.

Devemos lembrar-nos que o Escapulário, como hábito carmelitano, é uma veste. A índole mariana desta veste provém do caráter mariano da Ordem do Carmo. Tal índole consolidou-se pela tradição multissecular da Ordem, segundo a qual a própria Virgem Maria entregou o Escapulário ao sexto prior geral, como sinal de predileção. Não é, pois, de admirar que o Escapulário já bem depressa, veio a ser chamado “hábito mariano” ou “ veste de Maria.” E cremos que o Escapulário, considerado sob este aspecto, conserva viva uma profunda significação, também para o mundo moderno.

Poderíamos comprar o Escapulário com um uniforme, que indica a função e a dignidade da pessoa que a veste. Poderíamos, ainda, pensar no papel fundamental da veste que é o de proteger o homem contra a concupiscência e as inclemência do clima. Facilmente pode-se relacionar estas condições com a proteção que a Virgem Maria exerce sobre aqueles que trazem o seu  hábito.

A força simbolizante do Escapulário, como veste mariana, pode atingir maiores profundezas. Como nenhuma outra, a verte está intimamente ligada a toda a personalidade do homem. A sagrada Escritura oferece-nos disto muitos exemplos. Na profecia de Isaias ouvimos cantar a Igreja, a Esposa de Cristo: “Rejubilo-me no Senhor...porque me revestiu do hábito da salvação”. (8) E quando S. Paulo quer exortar aos fiéis de levar uma vida realmente cristã, ele exclama repetidas vezes: “Revesti-vos do homem novo”.  (9) Não será difícil transferir estas comparações para o simbolismo do Escapulário. Quando nos revestimos da veste de Maria, queremos simbolizar com este gesto a nossa consagração à Mãe de Deus, que é também nossa Mãe. Esta entrega total atingirá o mais íntimo do nosso ser. Toda a nossa vida encontrará a sua inspiração em Maria e será assim profundamente Cristã. Sendo o Escapulário símbolo de uma vida mariana, compreende-se melhor o motivo do seu uso constante e ininterrupto.

No nosso mundo atual, que apresenta um aspecto assaz triste, presenciamos uma renovação da piedade mariana. Feliz presságio! O nascimento de Maria marcou o início da nossa salvação. Deus quis que a figura da Virgem se destacasse na história da salvação do mundo e de cada um de nós em particular. Cumpre-nos a nós tomar consciência viva desta verdade e, por conseguinte, introduzir Maria na nossa vida pessoal. Seja o, Escapulário o símbolo da realização deste intento!

*Dom Frei Vital Wilderink, O Carm- Eremita Carmelita- foi vítima de um acidente de automóvel quando retornava para o Eremitério, “Fonte de Elias”, no alto do Rio das Pedras, nas montanhas de Lídice, distrito do município de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro. O acidente ocorreu no dia 11 de junho de 2014. O sepultamento foi na cidade de Itaguaí/RJ, no dia 12, na Catedral de São Francisco Xavier, Diocese esta onde ele foi o primeiro Bispo.

Dom Helder Câmara

 

É claro, que  o  povo  sabe  que  Nossa Senhora do Carmo é uma só. É aquela criatura  que, continuando criatura, teve o privilégio de ser convidada pelo Pai celeste para ser a mãe do seu Filho Divino, quando este se encarnou em seu seio puríssimo. E ela se tornou Mãe de Deus.

Então, toda essa variedade de inovações-Aparecida, Lurdes, Fátima, Auxiliadora... – são apenas títulos que atribuímos a Nossa Senhora. Mas ela é uma só. Entretanto, cada um tem gosto especial de chamá-la com a invocação que lhe fala mais alto: NOSSA SENHORA DO CARMO! Como este nome me é querido!

No dia de hoje, como seria bom lembrar à nossa gente, sobretudo numa hora de sofrimento como esta, porque o Brasil vive um tempo difícil para todos, é claro, que principalmente, a gente sofrida que ainda padece mais.

Eu estremeço quando ouço falar em apertar o cinto! Porque não é o cinto dos grandes que se aperta. Aperta? Pois sim! Aperta é o da nossa gente humilde, que ainda padece mais.

Eu estremeço, quando me lembro – e não me canso de lembrar – que naquele casamento em Cana, tu te preocupaste até, porque iria faltar vinho e os noivos iriam ficar encabulados! Pois bem, Mãe querida, hoje está faltando tudo! Eu nem preciso dizer que o leite para as crianças e pessoas idosas está ficando impossível.

Eu preciso dizer-te, Mãe querida, que no “País do Café”, o café está ficando impossível para os pobres? E o café não era luxo!

E o pão? Como está ficando proibitivo, Deus do céu!. Ah! Mãe querida, como seria bom que houvesse menos egoísmo! Sim, a raiz, afinal, de tudo isso é o velho egoísmo.

Mãe, há quem diga que é impossível que a humanidade chegue ao ano dois mil com sete bilhões de criaturas que povoam o mundo. Por isso, estão querendo liquidar um bilhão. E alguns chegam a dizer, cinicamente: “O ideal mesmo seria acabar com um bilhão”.

Mãe querida, ajuda-nos a entender que a verdadeira explosão, muito maior do que a explosão demográfica é a explosão do egoísmo!...

Novena de Nossa Senhora do Carmo 2019-Direto do Eremitério Fonte do Profeta Elias, no Alto do Rio das Pedras, Lídice, distrito de Rio Claro/RJ- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Frei Donizetti Barbosa, O. Carm, do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.  Gravação no mês de Julho-2019.

Novena de Nossa Senhora do Carmo 2019-Direto do Eremitério Fonte do Profeta Elias, no Alto do Rio das Pedras, Lídice, distrito de Rio Claro/RJ- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Frei Donizetti Barbosa, O. Carm, do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.  Gravação no mês de Julho-2019.

Novena de Nossa Senhora do Carmo 2019-Direto do Eremitério Fonte do Profeta Elias, no Alto do Rio das Pedras, Lídice, distrito de Rio Claro/RJ- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Frei Donizetti Barbosa, O. Carm, do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro.  Gravação no mês de Julho-2019.

Novena de Nossa Senhora do Carmo 2019-Direto do Eremitério Fonte do Profeta Elias, no Alto do Rio das Pedras, Lídice, distrito de Rio Claro/RJ- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm e Frei Donizetti Barbosa, O. Carm, do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. Gravação no mês de Julho-2019.

Frei Donizetti Barbosa, O. Carm, no Eremitério Fonte do Profeta Elias, em Lídice, distrito do Rio Claro/RJ. www.instagram.com/freipetornio

O seu Tião, amigo de Dom Frei Vital Wilderink, O. Carm, Im Memoriam (*30/11/1931 +11/06/ 2014), relembra o dia da sua morte. Câmera e reportagem: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Alto do Rio das Pedras, Lídice, distrito de Rio Claro, Rio de Janeiro.

Imagens do Thiago, Pai; Fernanda, mãe; Mariana- 25 dias de nascimento- e Júlia, 4 anos! O Carmelo está crescendo em São João del Rei-MG. Câmera: Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. 30 de junho-2019.

Frei Jorge Van Kampen, Carmelita. In Memoriam. (*17/04/1932 + 08/08/2013)

                                 

Pertencer à Igreja é uma grande graça. Santa Teresa de Jesus repetia, muitas vezes, no seu leito da morte: “Graças a Deus pertenci até o fim à Igreja, sou filha da Igreja”. Depois de ter trabalhado tanto para Deus e pelo bem do próximo, ela considerava este o único título da salvação, ao lado do título de ser filha de Deus. São Cipriano nos diz: “Não pode ter Deus como Pai, quem não tem a Igreja como mãe”. Não é verdadeiro católico, quem não sente a alegria de ser filho de Deus.

A festa de São Pedro e de São Paulo deve despertar em nós o sentimento de adesão à Igreja. Colocamos em primeiro lugar São Pedro, mas, como disse o Papa João XXIII: “O Papa é o sucessor de Pedro e de Paulo”. São os dois, que com as suas fadigas e o seu sangue plantaram no solo da terra a Igreja Católica.

Hoje é também o dia do Papa, sucessor de Pedro. Renovemos a nossa adesão à Igreja.

 

Introdução às Leituras.

A Igreja é atuante e se fundamenta na oração e união. Por isso, o verdadeiro apóstolo anuncia a Palavra de Deus com coragem, porque confia em Deus com coragem. Neste dia do Papa nos recordamos, que somos o novo Povo de Deus.

 

Reflexão.

Jesus constituiu Pedro como fundamento da Igreja, com estas palavras: “Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja”. É uma homenagem ao primeiro dos apóstolos, mas ao mesmo tempo é para nós um toque de atenção. Cada cristão deve ser uma pedra firme e segura, da qual Jesus pode servir-se para continuar a sua Igreja na face da terra. Evidentemente a pedra viva, a pedra angular, por Excelência, é Cristo. Mas junto com Ele colocou o seu representante o Papa. Logo depois, segue todos os fiéis, desde os bispos até o último batizado.

São Pedro, na sua primeira carta (2,5), nos lembra que somos pedras vivas, colocadas sobre Cristo para formar uma casa espiritual, um sacerdócio santo.

Assim, pois, também você, quem quer seja, é chamado para sustentar a Igreja. Não são só os grandes blocos de granito, mas até os mais humildes ladrilhos contribuem para a beleza de um edifício. Assim é a Igreja: todos são importantes na Igreja. Numa pessoa sincera não pode faltar este profundo sentido apostólico, que o faz responsável pela boa marcha da Igreja.

Se você quiser ser verdadeiro filho da Igreja, não pode ser indiferente às necessidades da Igreja, e aos sofrimentos da Igreja. Hoje a Igreja sofre por causa da falta da justiça, de amor fraterno e falta de bem-estar no povo. Deixemos de lado os nossos pequenos interesses pessoais e trabalhemos e oremos para que todos tenham a vida em abundância.

 

Resposta à Palavra de Deus.

O Papa João XXIII disse uma vez: “O Papa não é somente o sucessor de Pedro, mas também de Paulo. Como sucessor de Pedro, ele é o pastor do rebanho de Cristo. Como sucessor de Paulo, ele é missionário para todos os povos. Somos convocados para compartilhar desta missão. Sejamos dignos filhos da Igreja para dar conta da nossa missão apostólica.

Festa de N. Sra. do Carmo em Mogi. (1950)

            Dia 7 de julho. Comemorou-se o dia da entrega do Sto. Escapulário e festa de N. Sra. do Carmo com um brilho extraordinário, jamais visto nesta cidade. O Revmo. P. Prior Frei Henrique Tolsma (5.49)  teve a feliz idéia de celebrar todas as solenidades fora da igreja num palanque, em frente da Igreja  da V.O.T. As fachadas e torres das duas igrejas foram iluminadas como também parte do Largo. As rezas da Novena afluiu muito povo, apesar do frio que reinava, as vezes da noite.

Pregou durante a Novena o Revmo. P. Gallicho (Irmão terceiro) que empolgou o povo com sua belíssima oratória. No dia 7 foi trazida em procissão a imagem de N. Sra. do Carmo, que desde o mês de maio estava visitando as casas na Vila Industrial e Vila Santista, da casa do Prior da Ordem Sr. Pedro Fernandes de Souza.

O povo recebeu a Nossa Senhora com salvas de palmas, cantando o hino do Sto. Escapulário; ato continuo seguiu-se o início da Novena. Após a reza era levada a imagem para a nossa igreja. Na véspera da festa, sábado, 15 de julho, deram sua entrada na cidade, precedido por Frei Marcelo Juurlink (5.53), acompanhado da banda de música e 15 motociclistas, os cavaleiros, provindos a cavalo dos bairros, desfilando perante a imagem de N. Sra. Chegou neste momento sua Excia. Revma. D. Luiz Gonzaga Peluso, Bispo de Lorena, que deu a bênção a todos os presentes. Atendeu-se às confissões até  11 horas   da noite. (Annaes do Convento do Carmo de Mogi, pág. 40)

*CRÔNICA DA PROVÍNCIA CARMELITANA FLUMINENSE, POR FREI CARMELO COX.

 

O CARMELO E MARIA: Breve Apostólico de Sua Santíssima o Papa Pio XII.

            Aos Diletos Filhos Kiliano Lynch, Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, e Silvério de Santa Teresa Prepósito Geral dos Irmãos Descalços da Bem-aventura Virgem Maria do Monte Carmelo.

Papa Pio XII.

Diletos Filhos,

            Saudação e Bênção Apostólica.

            Certamente ninguém ignora quanto o amor para com a Santíssima Virgem, Mãe de Deus, contribui para afervorar a fé católica e corrigir os costumes, principalmente sob aquelas formas de devoção, pelas quais, de modo especial, os espíritos se sentem animados a se ilustrar com doutrina celeste e os ânimos inflamados a cultivar a vida cristã. Entre estas formas em primeiro lugar deve-se citar a devoção do Santo Escapulário dos Carmelitas, a qual, acomodada na sua própria simplicidade à índole de todas as pessoas, goza de uma divulgação extraordinária entre os fiéis, tendo produzido abundantes frutos de salvação.

Por isso, com grande alegria soubemos que os religiosos Carmelitas, Calçados e Descalços, deliberaram dispender o máximo de seus esforços na celebração de solenidades em honra da Santíssima Virgem Maria, pelo transcurso do sétimo século da instituição deste Escapulário da Mãe de Deus do Carmelo. Sendo constante o nosso amor para com a augusta Mãe de Deus, e tendo sido admitido na Confraria do mesmo Escapulário quando menino, de mui boa vontade recomendamos esta piedosa iniciativa e sobre ela auguramos grande abundância de bênçãos divinas. É que não se trata de coisa de somenos importância, mas de conseguir a vida eterna por meio da tradicional promessa da Virgem Maria: a saber, trata-se do mais importante de todos os negócios e do modo de o conseguir seguramente.

Na verdade, o Santo Escapulário é como que o hábito mariano, sinal e penhor da proteção da Mãe de Deus; não pensem, porém, aqueles que vestem este hábito, que entregues à indolência e negligência espirituais, hão de conseguir a salvação eterna, pois o Apóstolo averte: Com temor e tremor, empenhai-vos na obra da vossa salvação (Fl II, 12). Todos os Carmelitas, pois, seja nos claustros das Ordens Primeira e Segunda, seja na Ordem Terceira Regular ou Secular, seja nas Confrarias, todos os Carmelitas que pertencem por especial vínculo de amor a uma só família da Mãe de Deus, encontrem no memorial da própria Virgem um espelho de humildade e castidade; na simples forma da veste encontrem um compêndio de modéstia e simplicidade; sobretudo nesta mesma veste, que dia e noite trazem, encontrem um símbolo eloqüente das preces com que imploram o divino auxílio; encontrem, finalmente, (nela) aquela consagração ao Sacratíssimo Coração da Virgem Imaculada, à qual consagração recentemente recomendamos com ardor.

E certamente a Mãe piedosíssima, conforme aquela tradição chamada de Privilégio Sabatino, não deixará de interceder junto de Deus por seus filhos, quando no Purgatório estiverem a expiar seus pecados, a fim de que alcancem quanto antes a pátria eterna.

Entrementes, como augúrio do auxílio e da proteção celeste, e como penhor de nossa particular afeição, com profundo amor no Senhor, vos concedemos a vós, Diletos Filhos, e a toda a Ordem dos Carmelitas, a Bênção Apostólica.

            Dado em Roma junto a São Pedro, aos 11 de fevereiro, data da Aparição da Virgem Maria Imaculada, no ano de 1950, no décimo primeiro ano de nosso pontificado. (Pius Papa XII.   (Livro 1941-1965, Capítulos Gerais, Provinciais e Atas, pág. 12

*Tríduo e Festa de Santo Elias no Carmo da Lapa/RJ. De 17-20*

7 (Domingo). Abertura do Novenário em Juiz de Fora- MG.

 

8 (Segunda-feira), Igreja do Carmo da Lapa/RJ.

 

10 e 11 (Quarta e quinta-feira). Ordem Terceira do Carmo de Sapopemba-Grande São Paulo.

 

12 e 13 (Sexta e sábado) Ordem Terceira do Carmo de São José dos Campos/SP.

 

14, 15 e 16 (Domingo, segunda e terça-feira). Ordem Terceira do Carmo de Passa Quatro-MG.

Neste último fim de semana nos dias 21, 22 e 23 de junho de 2019, aconteceu o retiro anual dos irmãos da Ordem Terceira do Carmo de Jacareí, o retiro aconteceu na casa de retiro Recanto do Sagrado Coração, na Rodovia Enrique Eroles Km 80.

O retiro foi conduzido sob a espiritualidade carmelitana de oração, silêncio e contemplação. Neste modelo de retiro, os próprios irmãos fazem uma introdução de alguma leitura da sagrada escritura a ser meditada e todos permanecem ou na capela ou em sua própria cela ou na natureza contemplando aquela leitura sob os passos da Lectio Divina até o momento da próxima introdução.

O silêncio só é rompido para a realização das introduções à Lectio Divina e nas orações comunitárias. O contato com Deus é profundo e a transformação duradoura. Uma das introduções foi feita por nosso irmão Rodolfo Soreth de São José dos Campos e o restante das introduções foram feitas por irmãos do próprio sodalício.

Ao término do retiro o padre José Henrique do Carmo presidiu a liturgia eucarística em ação de graças pelo êxito das atividades do fim de semana. Fonte: https://otcarmo.org

Veja a 2ª vinheta da entrevista com os Frei; Tadeu Passos Camargo, O. Carm, Paulo Gullarte, O. Carm e Carlos Mesters, O. Carm, sobre os 300 Anos da Província Carmelitana de Santo Elias. A entrevista foi concedida a Frei Petrônio de Miranda, O. Carm, Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 24 de junho-2019.

No vídeo, homilia do Frei Evaldo Xavier Gomes, O. Carm- Superior Provincial- na Missa dos Votos Solenes dos Freis; Juliano Luiz da Silva, O. Carm e William Pereira Barbosa, O. Carm, da Província Carmelitana de Santo Elias, residentes em Roma. A Missa aconteceu na Basílica de San Martino ai Monti, em Roma no dia 15 de junho-2019.  Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 21 de junho-2019. 

Frei John Welch, O. Carm

Whitefriars Hall , Washington

O propósito da oração é conformar-se com a vontade Deus, escreveu Teresa de Ávila. A pessoa orante está cada vez mais em união com Deus e esta união se expressa no fato de a pessoa desejar mais e mais aquilo que Deus deseja.  Nós não nos fazemos mais fortes através da ascética, lutando para submeter nossa vontade à vontade de Deus.  Não, o amor de Deus nos convida à transformação de nosso desejo para que nós desejemos o que Deus deseja; queremos o que Deus quer, disse João, “Assim, o que tu queres que peça, peço, e o que não queres, não quero, inclusive  nem posso, nem me passa pelo pensamento querer.”

A divinização é a participação gradativa  no conhecimento e no amor de Deus.  O peregrino fica tão transformado que todo o seu modo de viver se converte em expressão da vontade de Deus.  Se podemos interpretar o que Jesus disse, que a vontade de Deus é o bem-estar  da humanidade, então a pessoa orante vive mais do que esse bem-estar. Em outras  palavras, a pessoa  transformada e divinizada vive de tal forma que coopera com o Reino de Deus presente e vindouro.

Estas pessoas são difíceis de se identificar. O Mestre Eickhart nos previne que uma pessoa que vive a partir do seu centro, vive na vontade de Deus.  Diz que enquanto outros jejuam, eles comem; enquanto outros  estão em vigília, eles dormem; enquanto outros oram eles estão em silêncio.  Pois, qual é o propósito da vigília, da oração, do jejum senão o viver do  centro da alma que é Deus? É claro que ele está exagerando ao expressar sua compreensão,  já que nosso peregrinar nunca acaba deste lado da morte. O que ele quer expressar é a absoluta humanização da pessoa transformada.

Teresa nos disse que estas pessoas não estão continuamente conscientes de sua vida espiritual.  A interioridade se converte cada vez menos num ponto de enfoque. Nem Deus lhes preocupa, porque o modo como vivem expressa sua relação com Deus. A meta nunca foi chegar a ser um contemplativo, ou um santo, ou ter uma vida espiritual. A meta sempre foi querer o que Deus quer numa consonância de desejo.

Na conclusão da Regra Carmelitana, Alberto, Patriarca de Jerusalém e o legislador escrevem: “É isto que, com brevidade, lhes escrevemos determinando a forma de conduta, segundo a qual vocês deverão viver.  Se alguém fizer mais do que o prescrito, o Senhor mesmo lhe retribuirá quando voltar.” Kees Waaijman do Instituto Tito Brandsma de Nimega vê nesta afirmação  uma clara alusão à passagem do Bom Samaritano.  O Carmelita assume o papel do hospedeiro. Seus planos e a ordem de sua casa se vêm alterados quando um forasteiro traz um homem machucado para que cuide dele. O forasteiro pede ao hospedeiro que cuide daquele homem machucado e se gastar algo mais, isto é , se fizer mais, o forasteiro na volta o pagará.

O forasteiro, Cristo, pede ao Carmelita que cuide de sua gente durante sua ausência. Ainda que o hóspede não seja esperado e a ordem da casa fique alterada, o hospedeiro obedientemente se ocupa do homem ferido, talvez sem envolver-se emocional ou pessoalmente, e com pouca satisfação. Kees conclui que toda entrega autêntica é essencialmente obscura.  A presença que se encontra no profundo do coração do Carmelita é uma noite que guia, uma chama que cura, uma ausência reveladora.

Os frades não tem necessidade de desculpar-se por não ser autênticos carmelitas. Nossa espiritualidade não é de um ascetismo  heróico, mas do amor de Deus que conquista  e toca cada coração e o faz adoecer, de outro modo não estaríamos aqui.

Assumindo  que no cume do Monte Carmelo nos sentimos em casa, quer dizer, nos braços de Deus, e ao mesmo tempo sempre necessitamos de sua misericórdia, nosso ministério é fazer acessível a tradição do Carmelo para ajudar a nossos irmãos e irmãs a ver e ouvir a presença de Deus em suas vidas.

Para manter viva esta chama nos outros, pareceria  correto que primeiro nós a tivéssemos acolhido em nossas vidas. Se escutarmos nossos corações, conheceremos os corações das pessoas com as quais trabalhamos e assim as serviremos melhor. Tiremos a poeira de qualquer vocação carmelita  e ali  encontraremos uma brasa esperando tornar-se  uma chama, uma chama que deseja a totalidade, a paz, a segurança, o gozo, a unidade e que  encontra sua melhor expressão  no serviço aos irmãos  e irmãs.  Para isso viemos.  Para isso estamos aqui.

 

Resumo     

“Entrar no Carmelo” não é simplesmente entrar em um edifício, unir-se a uma comunidade, e assumir um ministério, seja este contemplativo ou apostólico.  Pode ser isso certamente, porém, “entrar ao Carmelo” é também entrar em um drama que se realiza no profundo de cada vida humana. O drama do encontro de espírito humano com o espírito de Deus é essencialmente inefável.

Os carmelitas são exploradores do lugar secreto onde Deus habita, esse lugar do espírito humano onde o Mistério se dirige ao espírito. O Carmelo honra essa primeira e privilegiada relação entre criatura e Criador. Os místicos carmelitas tem usado as imagens dos desposórios  e, com frequência, a história de amor do Cântico dos Cânticos  para captar a intimidade do encontro.  A paisagem dos Cânticos começa a dar forma à “terra do Carmelo”

O propósito da oração é a conformidade com a vontade de Deus, nos disse Teresa de Ávila. Nesta relação os desejos do peregrino são transformados de tal maneira que cada vez mais o cristão expressa em sua vida aqueles desejos que estão conformes com os desejos de Deus. Se dissermos que a meta do amor de Deus é o bem-estar da humanidade, então o cristão transformado vive de uma maneira  que naturalmente coopera com o Reino de Deus.

 

Perguntas para reflexão  

1-Quem são as pessoas verdadeiramente santas na minha experiência?  Como são?

2-Entendo a vida espiritual como um crescimento heroico, ou como um despertar  para um amor que brota do centro do meu ser?

3-Estou disposto a confiar, de um modo prático, que o amor de Deus é gratuito, impossível de ser conquistado? Existem maneira  sutis em que tento assegurar meu valor?

4-Descanse, tudo já foi feito”, disse um teólogo da graça. O que pode significar esta frase?

No vídeo, mensagens dos Freis; Paulo Gullarte, O, Carm, do Carmo do Itaim-Bibi/SP; Carlos Mesters, O. Carm, do Carmo de Unaí-MG e Fernando Millán Romeral, O. Carm, Prior Geral, Roma, por ocasião dos Votos Solenes do Frei Juliano Luiz da Silva, O. Carm e Frei William Pereira Barbosa, O. Carm- Da Província Carmelitana de Santo Elias- residentes em Roma. Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 21 de junho-2019.