O auge da Internet das Coisas ameaça a cibersegurança coletiva e confunde o cidadão, preocupado com sua privacidade individual

Realidade e ficção se tocam nas preocupações dos cidadãos com sua privacidade online. Em 2018 reapareceu o golpe da webcam, com o qual hackers tentaram extorquir vários leitores da revista The Register: um e-mail anônimo lhes pedia vários milhares de dólares (em bitcoins) para manter em segredo um vídeo que supostamente haviam gravado de sua própria câmera web enquanto desfrutavam de material pornográfico em seu computador. Como suposta prova da invasão, os golpistas apresentaram a cada usuário uma senha real, que usaram para acessar um fórum que haviam invadido previamente.

Alertados por uma vítima cética, os especialistas em segurança da publicação britânica recomendaram a todos os leitores que ignorassem esse tipo de e-mail: “Não entre em pânico, não pague. É muito improvável que esse vídeo exista. Mude sua senha e considere usar a partir de agora a autenticação de fator duplo e um gerenciador de senhas para manter suas contas seguras”. O incidente revelou internautas acostumados a usar senhas fracas e, ao mesmo tempo, preocupados com um assalto à sua privacidade semelhante ao sofrido pelo protagonista de um capítulo da terceira temporada da série de ficção científica Black Mirror.

A verdade é que tecnicamente isso é possível. Também durante o verão passado, pesquisadores da empresa de cibersegurança ESET divulgaram a descoberta do InvisiMole, um novo e poderoso malware que está em circulação desde 2013 e faz exatamente isso: se disfarça como um arquivo do sistema Windows e, entre outras coisas, assume o controle da webcam e do microfone do usuário para observar suas atividades e coletar informações pessoais e documentos. Zuzana Hromcová, analista da ESET, explica que esse programa tinha permanecido sob o radar dos antivírus porque “utiliza várias técnicas para evitar sua detecção e porque só foi usado contra um pequeno número de vítimas altamente selecionadas na Rússia e na Ucrânia”.

InvisiMole é uma ferramenta de ciberespionagem como as que o FBI usa há anos, conforme admitiu Marcus Thomas, ex-diretor adjunto da Divisão de Operações Tecnológicas da agência federal norte-americana. Também em 2013, um estudo da Universidade Johns Hopkins mostrou que é possível infectar um computador e gravar com sua webcam sem acender a luz que alerta o usuário, e os pesquisadores detalharam em seu artigo como fazê-lo em uma variedade de computadores Apple.

Se Mark Zuckerberg fizer isso...

Ser espionado pela própria webcam é uma possibilidade que vai além de golpes online e séries de televisão, e do rumor global provocado pela foto em que se vê o próprio Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, com a câmera do seu notebook coberta por um esparadrapo.

Cobrir as webcams é uma prática cada vez mais difundida, tanto em computadores para uso pessoal quanto no trabalho. E também há suspeitas generalizadas em relação aos alto-falantes inteligentes —como aqueles que a Amazon e a Apple estão lançando— especialmente depois que foi revelado na conferência global de hackers DEF COM, em agosto, um truque para transformar um alto-falante Amazon Echo em um microfone espião. No último ano, os alto-falantes inteligentes se tornaram o dispositivo mais popular da chamada Internet das Coisas, uma categoria tecnológica destinada a crescer 300% nos próximos anos.

Assim, a mais recente campanha de conscientização do projeto REIsearch da Comissão Europeia afirma que até 2025 o número de objetos conectados terá crescido até atingir 75.000 milhões, incluindo uma grande variedade de dispositivos pessoais como carros, marca-passos ou brinquedos; também eletrodomésticos, lâmpadas ou plugues; e sensores e maquinaria de infraestruturas públicas como hospitais, centrais elétricas ou redes de transporte.

Objetos inteligentes, o grande objetivo dos ‘hackers’

Para os hackers, todos esses objetos conectados são muito mais interessantes do que nossas webcams, segundo o prestigioso analista de cibersegurança Mikko Hypponen: “As pessoas podem pensar: Por que alguém iria querer piratear minha geladeira, o micro-ondas ou a cafeteira inteligente? A motivação geralmente não é manipular o dispositivo e espionar-nos com ele, mas obter acesso à nossa rede e senhas. O elo mais fraco das nossas redes não são nossos computadores ou telefones celulares, são nossos objetos conectados”, explicou Hypponen em uma conferência em Dublin na semana passada. “Se um dispositivo é descrito como ‘inteligente’, isso significa que ele é vulnerável”, lembra o especialista em todas as suas intervenções.

Essa ameaça já se tornou realidade quando, há dois anos, o ataque Miraiderrubou os servidores de Amazon, Spotify, Twitter e Netflix, além da página do The New York Times. Estes e outros 150.000 sites ficaram inacessíveis durante horas, porque houve muitas visitas ao mesmo tempo. No entanto, por trás dessas visitas não havia pessoas, mas objetos conectados à Internet (televisores, geladeiras, câmeras de segurança) que tinham sido infectados e seguiam as ordens de um malware, que os recrutou para formar um exército ou rede de robôs conectados à Internet (botnet). Foi o primeiro ciberataque em massa protagonizado pela Internet das Coisas.

O último relatório da Europol sobre o crime organizado na Internet destaca o receio de que o próximo grande ataque desse tipo possa causar uma paralisia global da Internet. E também aponta como grande preocupação a persistente ameaça dos ransomware, programas maliciosos que pedem um resgate para desbloquear o sistema de computadores que infectaram. Um deles, o Wannacry, impediu em 2017 que milhares e milhares de pessoas acessassem serviços básicos como eletricidade (na Espanha) e saúde (no Reino Unido).

Como se proteger?

Em casos como este, a Internet das Coisas foi vítima do ataque, e não o transmissor. E isso põe em questão o uso de dispositivos de saúde “inteligentes” que, pelo fato de estarem conectados à Rede, podem ser tomados como reféns em um ataque como o Wannacry e, assim, colocar em risco a vida de pacientes que dependem de seu funcionamento.

Nesse contexto, a Califórnia acaba de aprovar a primeira lei sobre a segurança de objetos inteligentes, que impõe a todos os fabricantes novas medidas de segurança (e não apenas de privacidade) a partir de 1º de janeiro de 2020.

Enquanto isso, os especialistas pedem aos usuários que sejam exigentes com a segurança dos dispositivos conectados que instalam em suas casas, que mantenham atualizado o software de todos os seus computadores, que usem gerenciadores de senha e que reforcem a segurança de suas redes domésticas. Quatro conselhos para lidar com essas ameaças em grande escala à cibersegurança coletiva... e também muito mais úteis do que um esparadrapo na webcam, se o objetivo é proteger a privacidade individual de intrusões muito pouco frequentes —fora do mundo da espionagem e de pessoas como Zuckerberg, cujos segredos valem muitos milhões de dólares. Para o internauta comum, o risco de cobrir a webcam é ter uma falsa sensação de segurança e permanecer alheio às novas ameaças da era da Internet das Coisas. Fonte: https://brasil.elpais.com

Gabriel Pitta tem uma relação bem próxima com doces e salgadinhos. Desde a infância, ele ajudava a mãe em um pequeno negócio de encomendas para festas em Salvador, na Bahia, onde nasceu e foi criado. Agora, ele se prepara para estrear nas passarelas da São Paulo Fashion Week

Gabriel divide a rotina entre trabalho e cuidados com o corpo: corre cinco vezes por semana, cuida da pele e é rigoroso com a alimentação."Tenho uma genética boa e sempre pratiquei muitos esportes, como corrida e natação", disse o modelo, em entrevista à Universa, para explicar a relação entre os quitutes e a boa forma. 

Aos 17 anos, ele fará sua estreia na edição N46 da semana de moda nos desfiles da Cotton Project, na quinta-feira (25), e de João Pimenta, na sexta-feira (26), mas já participou de editoriais de moda em publicações como "Vogue", "GQ" e "Marie Claire".  "Espero que eu possa ser visto pelas pessoas importantes do mercado, mas, só de estar lá, estou realizando um baita sonho." 

A carreira de modelo começou em 2016, quando o baiano tinha 15 anos e conquistou o primeiro lugar do concurso Beleza Black, focado em modelos negros, na capital baiana.

"Fui muito incentivado por uma prima. Participei, acabei vencendo, gostei muito de fazer aquilo e, então, decidi que queria trabalhar como modelo", lembra.

Por dois anos, ele conciliou a carreira de modelo na capital baiana com o trabalho ao lado da mãe, fazendo entregas de doces e salgados e até servindo em algumas festas. Até que, em setembro, foi contratado pela agência Way Model e se mudou para São Paulo.

Um mês depois de deixar a terra natal, ele mantém a relação com a mãe à distância, mas garante que carrega consigo muito do que aprendeu com ela: "Levo para a vida: honestidade, humildade e respeito ao próximo. Sigo o que ela me dizia: 'faça sempre o certo que, um dia, tudo vai dar certo'". Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br

Segundo testemunhas, vítima foi esfaqueada após discussão em frente a um bar no centro da cidade. "Com Bolsonaro, a caça aos 'veados' vai ser legalizada", teria dito um dos agressores

Uma travesti identificada, até o momento, como Priscila foi morta a facadas no Largo do Arouche, centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira, 16. Segundo uma testemunha que preferiu não se identificar, ela ouviu do apartamento os gritos de socorro. “É bem comum discussão aqui nessa região. Sempre tem um vidro quebrando, garrafa. Não é a primeira vez que acontece. O problema é que dessa vez estava bem alto. Eu abri a janela e consegui ver que tinha umas quatro ou cinco pessoas discutindo na frente do bar”, disse. “Estavam gritando, chamando de prostituta, vagabunda, agressões verbais que não lembro. E ouvi, sim, o nome de Bolsonaro nessa hora, de ‘Bolsonaro presidente’, essas coisas”, relata.

Com medo, decidiu fechar a janela. De acordo com as informações de investigadores do caso, os golpes de faca foram feitos ainda na porta do bar. Na sequência, uma outra testemunha que estava próxima ao Hotel San Raphael, no Largo do Arouche, conta que a vítima foi cambaleando para a frente do local, se apoiou em uma porta de vidro e acabou caindo perto do tapete do estabelecimento.

“No meio da briga, ouvi ‘com Bolsonaro presidente, a caça aos 'veados' vai ser legalizada'”, afirma uma testemunha que também pediu para não se identificar.

A travesti foi socorrida e levada até a Santa Casa de Misericórdia, também no centro da capital paulista, mas morreu no caminho. No momento da chegada da Polícia Militar ao local, não havia documento de identificação da vítima. O corpo foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) e, de acordo com as investigações, até o início da noite desta terça-feira não havia sido reconhecido. A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou, em nota, que um inquérito foi aberto no 3º Distrito Policial, nos Campos Elíseos, e que “diligências estão nas ruas procurando testemunhas e imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação da autoria do crime”. A Ponte entrou em contato com o hotel e, por telefone, um atendente informou que a Polícia Civil já está com imagens de câmeras que possam ajudar a elucidar o caso. Fonte: https://brasil.elpais.com

O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ- Filho da Comunidade Capim, Lagoa da Canoa/AL- registra imagens da sua família na Mata D`Água e Canafístula do Cipriano em Girau do Ponciano-AL. Comunidade Capim. Lagoa da Canoa-AL. 14 de outubro-2018.

OLHAR DO DIA: Uma visita à nossa amiga, Tainá Veiga, Prefeita de Lagoa da Canoa-AL e Genival Sampaio, Secretário de Esportes. 

O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ- Filho da Comunidade Capim, Lagoa da Canoa/AL- registra imagens da Comunidade Sitio Pintada nesta quarta-feira. Comunidade Capim, Lagoa da Canoa-AL. 3 de outubro-2018.

A atuação mais firme da Prefeitura de Belo Horizonte na retirada de moradores de rua gera polêmica. Além da dificuldade de convencer as pessoas, o trabalho ganha resistência de algumas instituições, como pastorais. A situação faz o prefeito Alexandre Kalil levantar o tom. "A pastoral tem que cuidar de pedofilia de padre", disparou em entrevista exclusiva ao repórter Júnior Moreira, da Rádio Itatiaia. 

"Esse trabalho envolve a Secretaria de Política Social, de Política Urbana, Saúde e Segurança. Nós temos que diferenciar humanidade com transformar Belo Horizonte em um hotel cinco estrelas para morador de rua. Isso nós não vamos fazer, definitivamente. Fizemos uma retirada de barracos... quer dizer, nós não estamos jogando ninguém, maltratando ninguém, mas só ordem de prisão tinham três nessa desocupação que foi feita. Foram presos",disse Kalil.

O último levantamento da PBH aponta que, pelo menos, 4.500 pessoas moram nas ruas da capital. "A pastoral tem que cuidar de pedofilia de padre e largar quem sabe trabalhar, que é a política urbana, que é professora de faculdade... então esse negócio de pastoral da terra, pastoral do não sei o que ... eles não estão com essa bola toda. Não têm que se meter nisso. Eu, como prefeito Alexandre Kalil, não reconheço nenhum tipo de movimento que não tenha autoridade legal. Eu não me meto com pedofilia de padre e eles têm que deixar o prefeito e a Prefeitura trabalhar em paz". Fonte: http://itatiaia.sili.com.br

Mãe, cristã, advogada, “filha” da ditadura e envolvida em projetos sociais, Talita Menezes foi às ruas com o filho Rafael, de 15 em uma manifestação política. Na testa, eles traziam os dizeres: “mãe de viado” e “viado”, respectivamente. Uma foto dos dois viralizou e foi alvo de comentários odiosos ao mesmo tempo de elogios de pessoas comovidas pelo gesto. Aqui ela conta sua trajetória e como se uniu à luta do filho para apoiar sua sexualidade e lutar contra o preconceito.

Sou advogada civilista, atuo há 22 anos, principalmente na área de direito de família. Eu sou uma pessoa que acredita muito nas famílias. Creio que, mesmo com a dissolução de um casamento, a família persiste. Desde 2004, sou professora universitária. Atualmente, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.  Rafael nasceu em 2002 e Felipe nasceu em 2006, e essa atividade de ser mãe se misturava com a atividade de ser educadora.

Eu venho de uma família relativamente pobre. Com essa coisa da ditadura, minha mãe estava prestes a terminar o ensino médio e acabou saindo antes com medo e tal, era muito jovem. Então ela não tem o ensino médio completo. O meu pai só teve o ensino médio. Eu sou uma das poucas pessoas da minha família que conseguiram ter uma faculdade. A minha mãe lutou muito para criar a gente e sempre me criou no sentido de: olha, mulher tem que ser guerreira. Eu sempre fui muito frágil, meu apelido quando era criança era Talita Chorona. Eu continuo sendo Talita Chorona, mas aí eu vou à luta, faço o que tenho que fazer.

Quando o Rafael falou, no sábado, para a amiga dele colocar escrito “viado” na testa dele, a minha primeira reação foi: “Rafael, não, filho, para que você vai colocar isso aí?”. Ele disse: “Mãe, nós estamos indo para uma manifestação.” E aí ele tem todo o discurso. Eu perguntei: “E por que não 'gay', em vez de 'viado'?”. E ele: “Porque é de 'viado' que me xingam, é de 'viado' que me chamam. Eu estou me apropriando disso. Quando eu coloco na minha testa 'viado', eu tiro o poder deles. Eu estou tirando a palavra da boca dessas pessoas.” E aí eu não tenho argumento, né? Porque eu não vou ensinar o meu filho a ser covarde, a não se manifestar. Eu não sei se importa, mas eu tenho um histórico familiar. Meu pai foi preso em 1973 e solto em 1979.

Eu sou filha da ditadura. Os meus pais se casaram dentro da igreja e eu, com um aninho, estou nas fotos, dentro de uma capela de um presídio. Aprendi a nadar no presídio, ele foi preso com o Nelsinho Rodrigues (filho do dramaturgo Nelson Rodrigues), eu me lembro de algumas pessoas, e ele acabou se convertendo dentro da cadeia, acabou virando evangélico, pastor e foi correr o mundo como missionário. Mas a gente traz no sangue esse ímpeto de resistir.

O meu filho, como todo adolescente, tem aquela vontade de se colocar. Ele sempre foi assim, desde pequeno que faz questão de dizer que é gay. E eu e o meu marido, como pais preocupados, queríamos sempre preservá-lo, poupá-lo, porque pensávamos o seguinte: é uma criança, como é que os adultos vão receber essa notícia? Porque o problema nem seria propriamente as outras crianças, os outros jovens, mas os pais, com medo dos seus filhos se relacionarem com um menino gay. A gente ficava temeroso de que ele ficasse falando para as pessoas, mas não adiantava nada, porque ele chegava e falava.

Ele foi de uma escola, antes dos 10 anos, em que teve muitos problemas por causa disso, porque ele era chamado de 'viadinho' e outras palavras, e foi muito difícil. E nós trocamos de escola num momento decisivo, em que ele estava indo para o sexto ano, e ele chegou no colégio novo e falou: “Olha só, eu queria dizer pra vocês que eu sou gay (risos).” E eu: “Rafael, poxa vida, por que você não esperou um pouco para contar?”. No início foi um burburinho só, depois todo mundo se acostumou e, com o tempo, [ficou] normal. Um professor ou outro tentava dizer para ele qual era o melhor comportamento, depois dele maior eu soube de professor que falava para ele “andar direito”, então a escola não foi exatamente o melhor lugar do mundo para ele naquela época. Ele sempre teve essa postura de falar, nunca teve vergonha das outras pessoas.

Quando ele me contou que era gay aos 10 anos de idade, ele chorava muito. A gente estava deitado na cama, ele chorava e disse: “Tenho uma coisa para te contar.” Eu fiquei preocupadíssima, né? E ele: “Mãe, eu sou gay.” E eu falei: “Tá, mas por que você está chorando tanto, é por causa disso?”. Naquela hora, minha preocupação era tirar o sofrimento dele, ele sofria! E aí eu falei: “Filho, olha só, você não é gay, você é criança e, como criança, não deve se preocupar neste momento em definir essas questões, pelo contrário, permita-se ser livre, se conhecer, conhecer pessoas.” Então, eu acho que, quando ele recebeu essa acolhida, ele se sentiu muito fortalecido. Da minha parte, sempre foi muito bem aceito, [mas] sempre tive medo da reação das pessoas. Já tive gente me perguntando: “Mas você queria ter um filho gay?”. Eu falei: “Olha só, eu não me importo que ele seja gay, mas no mundo em que a gente vive, nenhuma mãe quer. Mas não é porque tenha problemas com o fato de que o filho é gay, não quer porque não quer que ele sofra. Quero saber qual é a mãe do mundo que não quer que o filho passe a vida inteira só de felicidade. É surreal, é anormal, isso nunca vai acontecer (risos), mas eu não conheço nenhuma mãe que fale: “Sabe, eu estou louca para que o meu filho passe por bastante pedreira, porque ele vai evoluir.” Não é assim (risos), a gente quer os melhores caminhos, mais fáceis, sucessos, felicidades, e é óbvio que, quando um filho fala que é gay, você pensa: “Caramba, as pessoas vão ser duras com ele, cruéis.” E essa foi a minha preocupação. O meu marido da mesma forma, ele sempre teve muito receio do que os outros poderiam fazer com ele.

Eu sou muito de me colocar, então não tem como ensinar meu filho a ficar calado. No sábado era um momento para se manifestar. Ele não estava pedindo pra ficar andando na rua com “viado” escrito na testa. Ele estava se colocando oportunamente num instante adequado, que era o de manifestação. Tanto que ele comentou comigo: “Ô, mãe, esse movimento poderia ser o das minorias, né, e não das mulheres.” E eu disse: “Mas filho, as mulheres puxaram e os outros estão [se] agregando.” Tanto que tinha a questão racial, LGBT... E aí ele botou 'viado'.

Coincidentemente, mas eu não acredito em coincidências, essa amiga dele estava com outro rapaz cuja mãe é de um grupo chamado Mães Pela Diversidade. Aí pensei: “Não vou deixar ele sozinho.” Eu não queria que ele botasse [a inscrição “viado” na testa], porque eu queria poupar ele. Mas, já que ele botou, não ia deixar ele sozinho se expondo. Então eu falei com a amiga dele: “Está bom, escreve aí 'mãe de viado'. Porque, já que ele é o viado, a mãe do viado está aqui. Se alguém vier se engraçar, eu estou aqui.” Então não foi uma coisa elaborada e as pessoas começaram a pedir para tirar foto.

Honestamente, não esperava essa repercussão toda. Eu não tenho Twitter, não tenho Instagram, só Facebook, e olhe lá, porque eu mal dou conta de administrar isso. Eu mesma quase não posto. E aí hoje [segunda-feira] uma aluna minha me escreveu d me falou que acordou no domingo, abriu o Twitter e a nossa foto estava lá com 50 mil likes. Eu nem tenho ideia do que seja isso. Só que aí muitos alunos do meu marido começaram a mandar mensagens dizendo que estavam muito aborrecidos por causa das coisas ruins que estavam sendo associadas à foto.

Comecei a ver que muita gente estava usando-a para falar coisas horríveis. Entrei em algumas postagens e denunciei. Já acumulamos material e vamos a uma delegacia especializada.O meu marido tem muitos alunos que são mais conservadores que ficaram indignados com as coisas que falavam da gente. E aí você vê como acontece quando as pessoas humanizam a relação. Porque é muito fácil você falar mal da mãe do viado e do viado. Agora e se você conhece e sabe que a “mãe do viado” é a Talita, que é a professora, que é advogada, que faz trabalho social, que é uma pessoa do bem, que é uma pessoa que tem família, e o Rafael, que é um menino talentoso, que é artista, que canta maravilhosamente bem e a pessoas são apaixonadas por ele, que é um menino educado?

Nós somos uma família que tem uma preocupação de passar para os nossos filhos ensinamentos éticos, valores que são cristãos, mas que também estão em outras crenças, porque a lei do amor é a que prevalece. É isso que a gente ensina dentro de casa. E essa foto representa isso. Olha, eu chorei na manifestação de sábado com os meninos me abraçando. Eu acho que nem eu tinha noção de que existia isso, eu fico emocionada de lembrar. Os garotos não me conheciam, mas viam escrito na minha testa “mãe de viado” e vinham de bracos abertos, me abraçavam, eu abraçava eles, e aí falavam: “Muito obrigado por você estar fazendo isso. Minha mãe nunca faria isso, ela não gosta de falar sobre isso, ela não me aceita.” Eu pensei: “Nossa, ele está me abraçando, mas ele quer ser abracado pela mãe dele.”

Fomos para a Parada Gay domingo. O meu marido e o caçula também foram, para mostrar que a família está do lado. A gente viu mensagens do tipo: “O pai deve estar chorando no banheiro essa hora”, “Não tem pai”, porque houve em algum momento no cenário um comentário por aí dizendo que famílias sem pai são desestruturadas. E ele fez questão de mostrar: “Não, eu estou aqui, eu estou do lado. Tem pai, sim, pai que ama e é orgulhoso.” Fiquei surpresa. Não imagina que a postagem dele fosse repercutir tanto.

Queremos falar sobre amor, solidariedade, aceitação, sobre a necessidade das famílias começarem a observar que o acolhimento é remédio. Porque aquela mãe que pensa assim: “Poxa, meu filho é gay, todo mundo vai cair em cima dele, vai constrangê-lo, vai humilhá-lo.” O mundo vai ser cruel, mas a família pode estar do lado. Dói menos quando a gente recebe a paulada junto. Eu prefiro apanhar junto dele do que deixar ele apanhar sozinho. Então eu acho que é isso: pai e mãe acolhem, não importa.

Não existe explicação. Por que alguém é gay? Tem um monte de tese. Não tem explicação. Tudo faz parte do se conhecer. No processo de autoconhecimento, alguns se percebem interessados por pessoas do mesmo sexo, por pessoas do outro sexo, por pessoas de ambos os sexos... E, à medida que se percebe assim, por que a pessoa tem que negar isso, abafar, “não, eu não posso”? Você é. Nós, pais, o que a gente precisa é acolher. E foi o que eu fiz com o Rafael, desde pequeno. Eu nunca fiquei incentivando ele, dizendo: “Ah, então seja mesmo.” Eu sempre achei que ele como criança tinha que esperar, dar um tempo, não ter tanta pressa para definir. Mas é do temperamento dele, ele sempre foi muito precoce e, à medida que ele se viu gay, para mim nem tinha outra alternativa. Enquanto mãe, a única coisa que eu tenho a fazer é acolher e estar do lado dele. E orientar. Porque eu realmente acho que é criança, é adolescente, tem que ter cuidado mesmo.

No nosso cotidiano, nossa vida, nossa família, entre nossos amigos a gente sempre fez questão de mostrar que apoiava [o filho]. E vou te falar que, se tem uma coisa que me comoveu, e eu lamento muito, foi ver que tantos jovens não têm esse apoio, eu lamento por tantas famílias que não conseguem olhar para aquele filho, para aquela filha e simplesmente dizer: “Eu amo.” O resto a gente aprende a lidar. O resto vamos trabalhar, vamos discutir, depois a gente vê como vai lidar com o resto. Mas para filho, para filha é só amor. Se os nossos não encontrarem na gente esse refúgio, vão encontrar em quem? Foi o que mais mexeu comigo e, apesar de todos os ataques que a gente sofreu, pelo menos eu falei assim: nossa, a gente está fazendo um bem para muita gente.

A minha mãe e o meu pai se separaram depois que ele saiu da cadeia, porque ele se converteu lá dentro, virou evangélico, e quando saiu foi percorrer o mundo, foi ser missionário. Estudei em colégio católico praticamente a vida toda, então eu trouxe essa religiosidade pra minha vida, mas há um tempo que ela não é institucionalizada na vida da gente. Nós somos cristãos e eu acredito muito no bem, pratico o bem. Anos atrás, eu estava voltando à noite da faculdade, havia muitas crianças naquela região ali da Leopoldina, tinha uma chorando e eu falei para o meu marido: “Olha só, não consigo fingir mais que não estou vendo.” A gente começou a ter iniciativas de fazer um trabalho com instituições. Junto a outros voluntários, fizemos trabalhos em abrigos de crianças e adolescentes.

Acho que o que eu quero para o meu filho é o que toda mãe deseja: que ele seja bem-sucedido, que ele seja feliz, que ele encontre o espaço dele no mundo. Para os meus dois filhos, é isso que eu quero. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com

Hoje estive no Noviciado Carmelita- Convento do Carmo de São Cristóvão-SE. Obrigado aos confrades pela recepção e alegria carmelitana.

Número de mortos, porém, pode subir, pois há dezenas de desaparecidos e mais de 500 feridos, muitos deles em estado grave.

O presidente de Indonésia, Joko Widodo, iniciou neste domingo (30) uma visita às áreas mais afetadas da ilha de Célebes, devastada pela série de terremotos e tsunami de sexta-feira (28). O número de mortos dobrou em relação ao último boletim oficial e foi a 832 vítimas fatais. Porém, esse número pode subir, pois dezenas de pessoas seguem desaparecidas e mais de 500 estão feridos, muitos deles em estado grave.

Widodo chegou ao aeroporto de Palu, capital da província de Célebes, algumas horas depois que o complexo, fechado na sexta, reabriu para voos comerciais.

“Quero ver eu mesmo e assegurar-me de que a resposta ao impacto do terremoto e do tsunami em Célebes Central chega a todos nossos irmãos. Peço a todo o país que reze por eles”, escreveu o presidente no twitter.

A catástrofe começou na sexta, com um terremoto de magnitude 6,1 seguido por outro, mais potente, de magnitude 7,5, e de tsunami.

As autoridades atualizaram neste domingo os números da tragédia: são 832 mortos, 540 feridos, 29 desaparecidos, 16.732 desabrigados ou deslocados e 350 mil afetados pelo terremoto ou pelo tsunami.

Apesar da reabertura do aeroporto de Palu, a organização AirNav Indonesia afirmou em comunicado que os voos comerciais serão limitados e que receberão prioridade nas operações de emergência e na ajuda humanitária.

A Força Aérea indonésia tem preparados para enviar para Palu 12 aviões Hércules, quatro Boeing 737, cinco aviões CN 295, dois aviões CN 235 e vários helicópteros para que cumpram tarefas de salvamento, assistência humanitária, evacuação e logística.

O chefe da Força Aérea, Yuyu Sutisna, afirmou para a imprensa local que também serão enviados cem integrantes de unidades especiais.

O Ministério de Saúde está organizando a chegada de pessoal e material médico a Palu e as outras zonas afetadas, como a cidade de Donggala, a outra mais castigada com 277 mil habitantes.

Apesar da reabertura do aeroporto de Palu, a organização AirNav Indonesia afirmou em comunicado que os voos comerciais serão limitados e que receberão prioridade nas operações de emergência e na ajuda humanitária.

A Força Aérea indonésia tem preparados para enviar para Palu 12 aviões Hércules, quatro Boeing 737, cinco aviões CN 295, dois aviões CN 235 e vários helicópteros para que cumpram tarefas de salvamento, assistência humanitária, evacuação e logística.

O chefe da Força Aérea, Yuyu Sutisna, afirmou para a imprensa local que também serão enviados cem integrantes de unidades especiais.

O Ministério de Saúde está organizando a chegada de pessoal e material médico a Palu e as outras zonas afetadas, como a cidade de Donggala, a outra mais castigada com 277 mil habitantes. Fonte: https://g1.globo.com

540 pessoas ficaram feridas e 29 estão desaparecidas. O número de mortos não é definitivo e pode subir.

O número de mortos deixados pela série de terremotos e pelo tsunami que atingiram a ilha indonésia de Sulawesi subiu para 420 em balanço divulgado pelas autoridades neste sábado (29). O número de vítimas pode subir.

Segundo o diretor da Agência Nacional de Mitigação de Desastres (BNPB), Willem Rampangilei, há cerca de 10 mil refugiados, espalhados em 50 pontos na cidade de Palu. "Estamos tendo dificuldade em instalar equipamentos pesados para encontrar vítimas sob os escombros de prédios porque muitas das estradas que levam à cidade de Palu estão danificadas", disse.

Outro porta-voz da agência, Sutopo Purwo Nugroho, afirmou ainda que dados provisórios indicam que 540 pessoas ficaram feridas e 29 estão desaparecidas.

"O governo local declarará o estado de emergência", disse o porta-voz, em Jacarta. Ele frisou também que o mais urgente agora também é restabelecer os serviços de energia elétrica e telecomunicação na área.

"Quando a ameaça surgiu, as pessoas ainda estavam fazendo suas atividades na praia e não correram imediatamente, e se tornaram vítimas. Muitos corpos foram encontrados na costa, devido ao tsunami", relatou o porta-voz. Para escapar das ondas, algumas pessoas subiram em árvores de seis metros.

Tremores

Na sexta-feira (28), uma série de terremotos abalou a ilha indonésia de Sulawesi. Um deles, de magnitude 7,5, levou à formação de um tsunami com ondas até 2 metros.

A BNPB confirmou a formação do tsunami depois que vários vídeos foram divulgados nas redes sociais.

Milhares de casas desmoronaram, além de hospitais, hotéis e comércios. Houve corte de energia. A cidade costeira de Palu foi a mais afetada, seguida de Donggala.

Técnicos de telecomunicações e transporte aéreo chegaram neste sábado ao aeroporto nacional de Palu, que permanece fechado para voos comerciais.

A principal cidade que dá acesso a Palu está bloqueada por um deslizamento de terra.

Resgates

Fortes tremores secundários continuam a ser sentidos na ilha. Os resgates continuam, mas estão prejudicados pelo corte de energia. Aviões militares decolaram de Jacarta neste sábado levando alimentos e medicamentos para a região de Palu.

Tragédia em Lombok

Uma série de terremotos em julho e agosto matou quase 500 pessoas e deixou cerca de 1,5 mil feridos na ilha turística de Lombok, a centenas de quilômetros a sudoeste de Sulawesi. Milhares de habitantes ficaram desalojados.

Anel de Fogo do Pacífico

A Indonésia está em uma das regiões mais propensas a tremores e atividade vulcânica do mundo: o Círculo de Fogo do Pacífico. Cerca de 7 mil tremores atingem essa área por ano, em sua maioria de magnitude moderada.

A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.

Em 2004, um tremor de magnitude 9,1, perto da costa noroeste da ilha de Sumatra, gerou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico. Fonte: https://g1.globo.com

Cimi lança relatório que registra aumento de casos de violência contra povos indígenas no Brasil em 2017

 “A nossa vida está ligada aquele território. Se sairmos de lá vamos para a cidade fazer o que? É deste território que tiramos o sustento de nossa comunidade”. Este foi um dos trechos da fala do líder indígena Laércio Akroá-Gamela, do povo Gamela de Viana (MA) presente à Coletiva de Imprensa, realizada na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil na tarde deste 27 de setembro, pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) para lançamento do relatório “Violência contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados 2017”.

O relatório, publicado anualmente pelo Cimi, constatou um aumento no número de casos em 14 dos 19 tipos de violência sistematizados. Em três tipos de violência forma registrados a mesma quantidade de caso que 2016. As informações sistematizadas evidenciam que continua dramática a quantidade de registros de suicídio (128 casos), assassinato (110 casos), mortalidade na infância (702 casos) e das violações relacionadas à terra tradicional e à proteção delas.

O massacre contra o povo Akroá-Gamella, em 30 de abril de 2017, que resultou no ferimento de 22 Gamellas, com tiros e facões, mereceu destaque no relatório que registrou, ano passado, 110 casos de assassinatos de indígenas. Segundo o relatório, os três estados que tiveram o maior número de assassinatos registrados foram Roraima (33), Amazonas (28) e Mato Grosso do Sul (17). A apropriação de terras indígenas é o principal vetor de violência contra os povos indígenas, aponta o relatório.

O presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Roque Paloschi, fez referência aos 30 anos da Constituição de 88 onde foram consagrados os direitos indígenas que na avaliação dele sendo sistematicamente negados. No governo Michel Temer, na avaliação do coordenador do Cimi do Regional Sul, Roberto Liebgott, há em curso uma anti-política indígena. “Todas as ações de fiscalização e proteção nas áreas indígenas foram desmontadas. Assim, como toda política de assistência social aos indígenas. Em 2017, também não houve nenhuma demarcação”, denunciou. O parecer 001, de 2007, da Advocacia Geral da União (AGU), segundo ele, inviabiliza qualquer processo de demarcação de terras indígenas no Brasil.

Uma outra publicação lançada pelo Cimi na coletiva de imprensa foi “Congresso Anti-Indígena – Os parlamentares que mais atuam contra os direitos indígenas no Congresso Nacional”. A publicação acompanha a atuação de 50 parlamentares, sendo 10 senadores e 40 deputados federais que atuam contra os direitos dos povos indígenas. A publicação também demonstra quem são os doadores de campanha por trás destes parlamentares além de fazer uma radiografia de 33 propostas anti-indígenas que circulam no Congresso Nacional.

O relatório pode ser acessado na íntegra aqui: https://cimi.org.br

Fonte: http://www.cnbb.org.br

Mesmo na delegacia, americano continuou com falas preconceituosas contra policiais; em nota, MAR diz que 'racistas não passarão'

RIO — Um caso de racismo cometido por um estrangeiro revoltou funcionários do Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio. De acordo com relatos de testemunhas e de uma das vítimas, o turista procurou a recepção por volta das 10h desta quarta-feira, querendo informações. Contudo, ao ser recebido por funcionários negros, se negou a conversar.

— Em inglês, eu perguntei se precisava de ajuda. Ele movimentou o corpo, ignorando a minha presença. Virou de costas para mim e falou: “Não quero negros” — contou o estudante Elian Almeida, que trabalha como educador no museu e foi uma das vítimas. — Eu fiquei chocado, perguntei novamente, e ele repetiu: “Não, negros”. Então eu disse que ia chamar a polícia e ele saiu do museu.

Almeida correu até uma base da Guarda Municipal, que fica em frente ao museu, que recomendou ao jovem procurar uma equipe de policiais do Centro Presente, também baseada na região. Feito isso, o jovem retornou ao museu acompanhado de um policial, e conseguiu localizar o estrangeiro nos arredores. Os envolvidos foram encaminhados para a 4ª DP, onde o caso foi registrado.

Rafael Martins, que trabalha na monitoria do museu e testemunhou o crime, contou que antes de se negar a conversar com Almeida, o turista já havia se negado a ser atendido por uma outra funcionária, Sanny Lopes, que faz a monitoria das artes externas do MAR.

— A minha reação foi de indignação total, mas não consegui fazer nada. O Elian correu para chamar a autoridade mais próxima, e a reação da Sanny foi chorar — relatou Martins, sobre o episódio.

A funcionária, que trabalha há apenas um mês no museu, está em seu primeiro emprego e nunca imaginou que poderia passar por uma situação como essa.

— Hoje, no século XXI, passar por isso é algo que me machuca mas que, ao mesmo tempo, me dá força para seguir e ver o que eu tenho que fazer. O meu choro foi de muita raiva, mas me motiva a continuar. A gente não vai parar aqui não — disse Sanny.

Advogada do Museu de Arte do Rio, Amanda Antunes informou que os funcionários agredidos e a direção do MAR devem se reunir ainda hoje para discutir que medidas jurídicas vão tomar sobre o caso.

— O museu apoia a igualdade racial e de gênero, sempre levantamos essa bandeira. Foi um caso atípico mas a gente não quer deixar isso impune e a gente apoia os nossos funcionários. As vítimas devem conversar com a diretoria para que isso realmente não morra aqui.

Turista ainda se negou a falar com policiais negros

Mesmo na delegacia, na frente dos policiais, o turista continuou com suas falas racistas. Fábio Lisboa, policial militar há 4 anos, contou que o estrangeiro estava sem documentos e continuou dizendo que não queria ser abordado por pessoas negras.

— Quando a gente foi levá-lo para a cela, um colega que é pardo, com a pele mais clara, fez a revista. Quando fui falar com ele, ele repetiu: “no black people” — disse o policial. — Eu nunca passei por uma situação como essa.

'Racistas não passarão', diz museu

Por estar sem documento, o turista foi identificado apenas como Anthony, natural dos Estados Unidos, e aparenta ter cerca de 35 anos. Ele estaria hospedado no Hotel Barão de Tefé, localizado em frente ao Cais do Valongo, na Gamboa, sendo o principal porto de entrada de africanos escravizados nas Américas e um dos pontos do Circuito Histórico da Celebração da Herança Africana na Zona Portuária.

O consulado americano já foi informado sobre o caso e Anthony pode ser enquadrado em injúria racial.

Em nota, o MAR descreveu a dinâmica do crime e disse que outras medidas legais estão sendo estudadas pelo departamento jurídico do Instituto Odeon, responsável pela administração do local. Por fim, o comunicado reitera o repúdio à atitude do turista e diz: "Racistas não passarão." Fonte: https://oglobo.globo.com

Bruna Marquezine e Mariana Goldfarb já lidaram com a situação


A internet, o mesmo tribunal que julgou a magreza de Bruna Marquezine, “quebrou” ao ouvir o depoimento sincero da atriz sobre beleza, saúde e, acima de tudo, autoaceitação. Criticada em relação ao corpo, ela rompeu o silêncio e disse em vídeo que já teve depressão e distúrbios alimentares, num discurso empoderador que repercutiu por todo lado. Com mais de 31 milhões de seguidores no Instagram, Bruna não é exceção. Recentemente, durante férias com a família na Costa Rica, o jogador de futebol americano Tom Brady foi parar no “banco dos réus” por não exibir um tanquinho na praia. “Espera. Esse é o corpo de Brady, que se parece com o meu. Não esperava que meu super-herói fosse como eu”, bradou um detrator no Twitter. A apresentadora e modelo Mariana Goldfarb também mobiliza a web sempre que posta uma foto em que suas sobrancelhas estão em evidência.

— Cheguei a ficar doente com as críticas sobre minha aparência — conta Mariana. — Sentia fome e não conseguia comer uma folha de alface sequer por não me achar magra o suficiente. O julgamento nas redes sociais me gerou uma ansiedade enorme, acabei me sabotando e isso foi triste. Um dia, parei diante do espelho e me dei três tapas na cara para acordar para a vida. Depois desse episódio, passei a usar os meios digitais para ajudar outras pessoas. A perfeição é um saco e não existe. O importante é o caráter e a generosidade, não se sua sobrancelha direita tem cinco fios a mais.

Os juízes da internet não estão dispostos a bater o martelo apenas para famosos; qualquer um que esteja na rede está sujeito a receber uma sentença. Dono do blog de viagens “Esse mundo é nosso”, o jornalista Adolfo Nomelini evitou durante muito tempo colocar o rosto na frente da câmera por medo de comentários negativos. A insegurança, segundo ele, vinha dos óculos de lentes grossas que usa desde os 3 anos (hoje, ele tem 30) por causa da hipermetropia.

— Aos poucos, comecei a interagir com meus seguidores na ferramenta Stories do Instagram, e ninguém falava nada de anormal. Até que, numa segunda-feira, recebi a seguinte mensagem: “Mano, por favor, não apareça nos vídeos, susto da p***”. Eu, que estava me sentindo forte, desabei. Fiquei com vontade de chorar, me esconder. Minha autoestima estava no chão — relembra Adolfo.

Mais calmo, o jornalista resolveu responder publicamente a colocação do detrator, informando que continuaria a compartilhar seus vídeos:

— O que me deixa aborrecido é pensar que esse cara gastou dez segundos para fazer isso, sem cogitar as consequências. Esses dez segundos poderiam ter mudado minha vida para sempre. E, de certa forma, mudou, porque nunca irei esquecer. Mas a internet é justamente isso: um lugar para democratizar a aparência e as opiniões.

Para o psicanalista Mario Louzã, as críticas caminham ao lado da exposição excessiva da era digital:

— Falta uma conscientização, muita gente se acha anônima na rede, acreditando que o mundo virtual é uma grande brincadeira. Mas não dá para enxergar o cenário dessa maneira, quando já tivemos casos com finais terríveis.

— Os usuários acham que perfis falsos ou nomes fantasias as protegem de serem descobertas. Isso é um equívoco. As redes sociais são um espaço de liberdade, mas também de controle, podemos ser identificados pelo endereço de IP utilizado. Os tribunais nacionais estão repletos de decisões em que a pessoa disse algo ofensivo acreditando que não daria em nada. Além de ações de natureza criminal (calúnia, injúria e difamação), o mais comum são as indenizatórias (de natureza civil) por danos materiais e morais. Vale conhecer os termos de uso e utilizar essas regras a seu favor. Denunciar o que for conteúdo proibido. Para as redes sociais se tornarem um espaço cada vez melhor para se comunicar, é preciso lutar e não apenas desistir.

No âmbito comportamental, Fabro Steibel, diretor executivo do ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade), considera uma tendência do ser humano analisar a própria conduta observando a do outro.

— Na rede social, estamos protegidos para fazer esse tipo de julgamento moral, que talvez não fosse feito presencialmente. O distanciamento da tela favorece o juízo — opina Steibel, destacando que esses comentários geralmente parte de quem nutre sentimentos extremos. — Ou amam ou odeiam demais, podem reparar.

Para o diretor, o tribunal da internet beira o linchamento, já que a resolução do caso é precipitada:

— É também um local de monitoramento de boas práticas, o que é considerado por muitos como “mimimi”. É importante deixar claro que a politização é saudável, pois só problematizamos algo se queremos mudança. Então, quando falamos da “magreza” de Bruna Marquezine, estamos debatendo diversas questões, como a anorexia e outros distúrbios alimentares.

Ajuda médica

Doutor em Ciência da Informação, Carlos Nepomuceno avisa que estamos no meio de uma revolução civilizatória e que este tribunal tido como cruel é um sintoma dessa transformação, relativamente nova.

— Em uma década, deixamos de ser apenas consumidores de informação e viramos mídia. No entanto, nem todos tiveram formação para ocupar a posição. É como se tivessem entregado um carro na mão de quem não tirou carteira. Aí é gente avançando sinal, batendo no colega, subindo na calçada. Estamos nos autoeducando e, lentamente, evoluindo. Milhões de pessoas não tinham voz e agora podem falar, é possível imaginar no que isso daria. Mas garanto que é um caminho sem volta — comenta Nepomuceno.

O psicólogo Alexandre Trzan Ávila concluiu que o maior problema é a falta de abertura para o diálogo:

— A intolerância é um prato cheio para a pancadaria. Algumas pessoas mais sensíveis não conseguem lidar com essa agressividade. Há 20 anos, as mídias sociais não seriam dessa maneira. Hoje, existe uma defesa da moral exacerbada e menos senso crítico. Um post, por mais absurdo que seja, é tomado como verdade absoluta.

Ávila diz que é necessário procurar ajuda médica ao perceber a ausência de capacidade para suportar a carga:

— Para quem é alvo de críticas e não consegue parar de sofrer com isso. Um psicólogo pode ser interessante. Um conselho amigo ou um abraço provavelmente não irão reverter o quadro, um profissional pode auxiliar de um jeito mais eficaz, já que está ali para ultrapassar a barreira de “certo ou errado”.

Após ataques virtuais, a empresária e influenciadora digital Shantal Verdelho, grávida de 23 semanas, tomou uma decisão radical:

— Fui criticada por mulheres ao relatar as dificuldades do começo da gestação. Não precisei de um analista, mas parei de ler as mensagens. É aquela máxima: o que os olhos não veem, o coração não sente.

Carlos Affonso Souza ressalta que as redes sociais são mais uma etapa na constantes modificações que experimentamos na maneira de nos comunicar:

— O que muitas vezes não percebemos é que o meio molda a forma pela qual nos expressamos. Fonte: https://oglobo.globo.com