32º- Domingo do Tempo Comum: Confiança em Deus: ser generoso com o irmão!
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
No 32º Domingo do Tempo Comum, Ano B, a liturgia nos apresenta uma mensagem profunda de confiança e generosidade, especialmente com as leituras do Primeiro Livro dos Reis (1Rs 17,10-16) e do Evangelho de Marcos (Mc 12,38-44). Em ambas, encontramos mulheres viúvas em situações de vulnerabilidade, mas que, mesmo assim, se mostram generosas, confiando em Deus de forma exemplar.
Na primeira leitura, vemos o profeta Elias encontrar uma viúva em Sarepta, uma mulher que, em meio à seca e à fome, quase não tem o que comer. Quando Elias lhe pede um pouco de pão e água, ela responde: “Pela vida do Senhor, teu Deus, não tenho pão… Eu ia preparar para mim e para meu filho; vamos comer e depois morrer” (1Rs 17,12). Ainda assim, Elias a encoraja, dizendo: “Não tenhas medo. Vai e faz o que disseste. Mas prepara primeiro para mim um pequeno pão e traze-o” (1Rs 17,13).
Ao confiar na palavra do profeta, a viúva de Sarepta entrega tudo o que tem, e Deus recompensa sua fé, multiplicando a farinha e o óleo. Essa história nos ensina sobre a Providência Divina e como Deus abençoa aqueles que confiam Nele. A viúva é um exemplo de generosidade que não calcula, uma fé que entrega e se confia totalmente aos cuidados de Deus.
No Evangelho de Marcos, Jesus observa os ricos depositando grandes somas no tesouro do Templo, e então nota uma pobre viúva que coloca duas pequenas moedas, todo o seu sustento. Ele diz aos discípulos: “Em verdade vos digo, esta viúva pobre colocou mais do que todos os outros que ofereceram moedas ao tesouro. Pois todos deram do que tinham em abundância; ela, porém, na sua pobreza, ofereceu tudo o que possuía, tudo o que tinha para viver” (Mc 12,43-44).
Aqui, Jesus nos ensina sobre a verdadeira generosidade, aquela que vem do coração e não se mede pelo valor material. A viúva dá tudo o que tem, um gesto de total desprendimento e confiança em Deus. Ela representa aqueles que confiam plenamente em Deus, reconhecendo que Ele é a verdadeira fonte de suas vidas.
Estas duas viúvas, uma de Sarepta e outra do Templo, são figuras de fé e humildade que nos ensinam a verdadeira essência da generosidade cristã. A verdadeira caridade não está em dar apenas o que nos sobra, mas em se entregar com todo o coração, como fez Jesus ao dar sua própria vida por nós.
O ato de dar não é um ato isolado, mas uma atitude constante de entrega a Deus e ao próximo. No Evangelho de Mateus, Jesus nos lembra que “onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6,21). Assim, Ele nos desafia a colocar nosso coração em Deus, confiando plenamente Nele e na Sua providência.
Este domingo nos convida a refletir sobre como estamos vivendo nossa generosidade e nossa confiança em Deus. Quando oferecemos algo a Deus, estamos entregando o que é de mais valioso para nós? Ou estamos guardando para nós mesmos, com medo de faltar? Podemos lembrar que a fé em Deus é uma fonte inesgotável de bênçãos, assim como a farinha e o azeite da viúva que nunca faltaram.
São Paulo, na sua Segunda Carta aos Coríntios, nos diz: “Deus ama a quem dá com alegria” (2Cor 9,7). A viúva do Evangelho é um exemplo dessa alegria em doar, mesmo na pobreza.
Que este domingo nos inspire a sermos mais generosos, desprendidos e confiantes em Deus. Assim como as viúvas das leituras, sejamos capazes de colocar tudo o que temos nas mãos de Deus, certos de que Ele cuida de nós. Que nossa vida seja um testemunho vivo da fé, pois Jesus nos chama a entregar o melhor de nós mesmos, sem temor, sabendo que Ele é o nosso sustento.
Hoje celebramos o 8º. Dia Mundial dos Pobres. Em comunhão com o Papa Francisco e toda a Igreja que tem como lema “A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Eclo 21, 5)”. No ano dedicado à oração, em vista do Jubileu Ordinário de 2025, essa “expressão da sabedoria bíblica é ainda mais oportuna” em preparação a data do final do ano, escreve o Pontífice, na “certeza de que a nossa oração chega à presença de Deus; não uma oração qualquer, mas a oração do pobre”, para que se torne “um modo de comunhão”, “partilhando o sofrimento” deles.
Que Maria, mãe dos pobres e dos humildes, nos ajude a sermos generosos e confiantes, entregando-nos plenamente ao Pai, que nunca desampara os seus filhos. Fonte: https://www.cnbb.org.br
A Igreja está mudando
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É importante que ela tenha uma consciência renovada daquilo que é chamada a ser, desde a sua origem
Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, escreve mensalmente na seção Espaço Aberto
No dia 27 de outubro passado, encerrou-se no Vaticano a 16.ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se dedicou ao tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O que estava em questão era a superação da concepção da Igreja como uma instituição clerical, para olhá-la como o conjunto dos batizados, o “povo de Deus” que crê e segue o Evangelho de Jesus Cristo. Nesse povo, todos participam dos mesmos bens espirituais e são chamados a caminhar unidos, na busca da grande meta da existência, que é o encontro derradeiro com Deus. E todos os seus membros participam da missão de anunciar e testemunhar o Evangelho do reino de Deus no mundo.
A assembleia do Sínodo, de fato, retomou e atualizou a reflexão sobre a Igreja, presente na Constituição Dogmática Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II. A preparação e a realização da assembleia sinodal foram marcadas por uma metodologia sinodal, com uma consulta ampla às bases da Igreja, que são as paróquias, dioceses e organizações dos cristãos leigos e consagrados a Deus na vida religiosa. O papa Francisco insistia em dizer que era preciso ouvir e dialogar com todos. Ao processo de escuta, seguiu-se um longo tempo de discernimento nas Conferências Episcopais e nos organismos continentais da Igreja, como o Conselho Episcopal Latino-Americano. Finalmente, tendo por base as muitas contribuições recolhidas, fez-se a reflexão e o discernimento em duas sessões da assembleia sinodal, com a participação de mais de 300 membros, procedentes de todas as partes do mundo católico. Da assembleia sinodal resultou o documento final, publicado logo após ser votado pelos participantes, no dia 26 de outubro. O documento está disponível na internet.
Muitas expectativas foram criadas sobre possíveis mudanças que o Sínodo poderia introduzir na vida da Igreja. Alguns também manifestaram temores sobre eventuais desvios que o Sínodo poderia desencadear. E houve aqueles que tentaram influenciar as pautas sinodais mediante a pressão da opinião pública sobre os participantes da assembleia. É compreensível que isso aconteça, mas as pressões externas, geralmente, têm pouco efeito sobre os trabalhos na sala sinodal. Além disso, o Sínodo é um organismo consultivo da Igreja e não lhe cabe tomar decisões, a não ser que o papa assim disponha, e no limite das competências próprias de um Sínodo. O organismo colegiado apto a tomar decisões vinculantes na Igreja é o Concílio.
Mesmo sem tomar decisões, a assembleia elaborou indicações importantes para uma prática eclesial mais adequada àquilo que a Igreja de Cristo deve ser em vista da realização de sua missão. Embora a sinodalidade da Igreja pareça algo novo, o seu conteúdo é tão antigo quanto a própria Igreja. As qualidades e a dinâmica da “Igreja sinodal” estão presentes nas próprias origens apostólicas da Igreja e, por isso, ela é chamada a se orientar continuamente, ao longo da sua história, por essas características essenciais que fazem parte da natureza da Igreja. Mais do que nunca, no atual momento histórico, essa volta às origens mostra-se necessária para a renovação interna da Igreja. Por isso, o papa Francisco determinou que se ouvissem todos os segmentos do corpo eclesial, para perceber melhor quais são as carências, as necessidades e as urgências da missão da Igreja em todo o mundo.
Não é simples promover mudanças na Igreja e nem tudo nela depende de decretos pontifícios. A Igreja Católica é um organismo, complexo, com enormes diversidades legítimas quanto às suas manifestações culturais e contextos históricos e sociais. Não se trata de meras mudanças organizativas, doutrinais ou funcionais e não se pensa numa uniformização da Igreja. Embora ela tenha em toda parte a mesma profissão de fé, a mesma doutrina, os mesmos preceitos morais, a mesma autoridade referencial, ela está inserida numa incrível variedade de experiências históricas, sensibilidades culturais e religiosas e relações sociais. As mudanças atualmente necessárias dizem respeito, sobretudo, à autocompreensão da Igreja, povo de Deus, à sua mensagem e àquilo que ela significa para o mundo; às suas relações internas e ao envolvimento de todos os seus membros na missão.
O documento da assembleia sinodal indica que essas mudanças serão alcançadas através de um processo de conversão em diversas dimensões. A primeira delas é a conversão a Deus. Como organismo religioso inserido na História, a Igreja precisa ser dócil às inspirações do Espírito de Deus. Além disso, é necessária a conversão das relações internas na Igreja, para que todos, verdadeiramente, participem do seu bem. Por fim, é fundamental a conversão dos processos de envolvimento na missão da Igreja para o seu dinamismo testemunhal e missionário. Fonte: https://www.estadao.com.br
Se a Igreja vai alcançar essas mudanças a médio ou longo prazo, é difícil prever. Mas é importante que ela tenha uma consciência renovada daquilo que é chamada a ser, desde a sua origem. Fonte: https://www.estadao.com.br
*CARDEAL-ARCEBISPO DE SÃO PAULO
Sexta-feira, 08 de novembro-2024. 31º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-8)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. 2Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 3O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 4Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego. 5Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão? 6Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. 7Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. 8E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto. Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?
Lucas 16,1-2: O administrador é ameaçado de despejo
Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo, tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador desonesta. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e encontrar uma saída.
Lucas 16,3-4: O que fazer? Qual a saída?
“Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
Lucas 16,5-7: Execução da solução encontrada
“E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüenta'. Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o receba em sua casa.
Lucas 16,8: O Senhor elogiou o administrador desonesto
E agora vem a conclusão desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).
4) Para um confronto pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o critério que uso na solução dos meus problemas?
5) Oração final
Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor
todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário. (Sl 26, 4)
Quinta-feira, 7 de novembro-2024. 31º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 15, 1-10)
Naquele tempo, 1Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 2Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 3Então lhes propôs a seguinte parábola: 4Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 6e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 8Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 15,1-10
O evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15.11-32). As três parábola são dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.
Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas
Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”.: De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is 50,4). Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: "Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!". No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).
Lucas 15,4: Parábola da ovelha perdida
A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta: "Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do que dez voando!”
Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a parábola da ovelha perdida
Ora, na parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar uma tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."
Lucas 15,8-10: Parábola da moeda perdida
A segunda parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontra a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte". Deus fica alegre conosco. Os anjos ficam alegres conosco. A parábola era para comunicar esperança a quem estava ameaçado de desespero pela religião oficial. Esta mensagem evoca o que Deus nos diz no livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu és precioso aos meus olhos, eu te amo!” (Is 43,4)
4) Para um confronto pessoal
1) Você andaria atrás da ovelha perdida?
2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?
5) Oração final
Procurai o Senhor e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
Quarta-feira, 6 de novembro-2024. 31º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 25-33)
Naquele tempo, 25Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: 26Se alguém vem a mim mas não se desapega de seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. 28Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? 29Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, 30dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar. 31Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. 33Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 14,25-33 (Mt 10,37-38)
O evangelho de hoje fala sobre o discipulado e apresenta as condições para alguém poder ser discípulo ou discípula de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde vai ser preso e morto na Cruz. Este é o contexto em que Lucas coloca as palavras de Jesus sobre o discipulado.
Lucas 14,25: Exemplo de catequese
O evangelho de hoje é um exemplo bonito de como Lucas transforma as palavras de Jesus em catequese para o povo das comunidades. Ele diz: “Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse”. Jesus fala para as grandes multidões, isto é, fala para todos, inclusive para o povo das comunidades do tempo de Lucas e inclusive para nós hoje. No ensinamento que segue, ele coloca as condições para alguém poder ser discípulo de Jesus.
Lucas 14,25-26: Primeira condição: odiar pai e mãe
Alguns diminuem a força da palavra odiar e traduzem “dar preferência a Jesus acima dos pais”. O texto original usa a expressão “odiar os pais”. Em outro lugar Jesus manda amar e honrar os pais (Lc 18,20). Como explicar esta contradição? Será que é uma contradição? No tempo de Jesus a situação social e econômica levava as famílias a se fechar sobre si mesmas e as impedia de cumprir a lei do resgate (goel), isto é, de socorrer os irmãos e as irmãos da comunidade (clã) que estavam ameaçados de perder sua terra ou de cair na escravidão (cf. Dt 15,1-18; Lev 25,23-43). Fechadas sobre si mesmas, as famílias enfraqueciam a vida em comunidade. Jesus quer refazer a vida em comunidade. Por isso pede que se rompa a visão estreita da pequena família que se fecha sobre si mesma e pede para que as famílias se abram e se unam entre si na grande família, na comunidade. Este é o sentido de odiar pai e mãe, mulher filhos, irmãos e irmãs. Jesus mesmo, quando os parentes da sua pequena família queiram leva-lo da volta para Nazaré, não atendeu ao pedido deles. Ignorou ou odiou o pedido deles e alargou a família, dizendo: “Meu irmão, minha irmã, minha mãe é todos aquele que faz a vontade do Pai” (Mc 3,20-21.31-35). Os vínculos familiares não podem impedir a formação da Comunidade. Esta é a primeira condição.
Lucas 14,27: Segunda condição: carregar a cruz
“Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Para entender bem o alcance desta segunda exigência devemos olhar o contexto em que Lucas coloca esta palavra de Jesus. Jesus está indo para Jerusalém onde será crucificado e morto. Seguir Jesus e carregar a cruz atrás dele significa ir com ele até Jerusalém para ser crucificado com ele. Isto evoca a atitude das mulheres que “haviam seguido a Jesus e servido a ele, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,41). Evoca também a frase de Paulo na carta aos Gálatas: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Crucificado para o mundo” (Gl 6,14)
Lucas 14,28-32: Duas parábolas
As duas têm o mesmo objetivo: levar as pessoas a pensar bem antes de tomar uma decisão. Na primeira parábola ele diz: “Se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!” Esta parábola não precisa de explicação. Ela fala por si: que cada um reflita bem sobre a sua maneira de seguir Jesus e se pergunte se calculou bem as condições antes de tomar a decisão de ser discípulo de Jesus.
A segunda parábola: “Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe”. Esta parábola tem o mesmo objetivo que a precedente. Alguns perguntam: “Como é que Jesus foi usar um exemplo de guerra?” A pergunta é pertinente para nós que conhecemos as guerras de hoje. Só a segunda guerra mundial (1939 a 1945) causou a morte de 54 milhões de pessoas! Naquele tempo, porém, as guerras eram como a concorrência comercial entre as empresas de hoje que lutam entre si para ter mais lucro.
Lucas 14,33: Conclusão para o discipulado
A conclusão é uma só: ser cristão, seguir Jesus, é coisa séria. Hoje, para muita gente, ser cristão não é opção pessoal nem decisão de vida, mas um simples fenômeno cultural. Não lhes passa pela cabeça de fazer uma opção. Quem nasce brasileiro é brasileiro. Quem nasce japonês é japonês. Não precisa optar. Já nasce assim e vai morrer assim. Muita gente é cristão porque nasceu assim e morre assim, sem nunca ter tido a idéia de optar e de assumir o que já é por nascimento.
4) Para um confronto pessoal
1) Ser cristão é coisa séria. Devo calcular bem minha maneira de seguir Jesus. Como isto acontece na minha vida?
2) “Odiar os pais”; Comunidade ou família! Como você combina as duas coisas? Consegue unir as duas em harmonia?
5) Oração final
O Senhor é minha luz e minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é quem defende a minha vida; a quem temerei? (Sl 26, 1)
Clero emite Nota de apoio ao Arcebispo Dom José Mário após exposição descontextualizada
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O Arcebispo estava falando sobre o que diz a igreja sobre receber a comunhão direto na boca, e acabou causando descontentamento com algumas pessoas, que pegaram...
Vídeo da Homilia de Dom José Mário Scalon Angonese durante Celebração Eucarística ocorrida no dia 3 de novembro de 2024 na Paróquia Nossa Senhora Consolata na cidade de Cafelândia: Reprodução/Redes Sociais
Por Diego Cavalcante
O Clero da Arquidiocese de Cascavel emitiu uma Nota de apoio ao Arcebispo Metropolitano Dom José Mário Scalon Angonese, após exposição descontextualizada de um trecho de pronunciamento seu durante Celebração Eucarística ocorrida no dia 3 de novembro de 2024 na Paróquia Nossa Senhora Consolata na cidade de Cafelândia.
O Arcebispo estava falando sobre o que diz a igreja sobre receber a comunhão direto na boca, e acabou causando descontentamento com algumas pessoas, que pegaram cortes da Homilia e publicaram na internet expondo opiniões próprias.
Confira a nota na íntegra:
Em espírito de corresponsabilidade eclesial e da comunhão que descreve a feição mais legítima e evangélica da Santa Igreja Católica, nós, os presbíteros que integramos o presbitério da Arquidiocese de Cascavel – PR, manifestamos nosso público e incondicional apoio a nosso Arcebispo Metropolitano Dom José Mário Scalon Angonese.
Fazemo-lo no contexto da exposição descontextualizada de um trecho de pronunciamento seu durante Celebração Eucarística com a administração do Sacramento da Confirmação. Tal celebração ocorreu no dia 3 de novembro de 2024, na Paróquia Nossa Senhora Consolata na cidade de Cafelândia – PR.
O Decreto conciliar Christus Dominus, sobre o múnus episcopal, propugna que os bispos, legítimos sucessores dos Apóstolos, devem explicar a doutrina cristã com métodos apropriados às necessidades dos tempos, esforçando-se por se utilizar dos vários meios dos quais dispomos atualmente (cf. § 13).
O teor do pronunciamento de Dom José Mário expressa lidimamente seu modo catequético e familiar de comunicação. Em momento algum houve desacato ou impiedade para o com o Santíssimo Sacramento do Altar. Dom José Mário fala com a liberdade de quem confia em quem está diante de si.
Também nos escritos dos Profetas do Antigo Testamento, na literatura neotestamentária, bem como nos sermões dos Padres da Igreja encontramos metáforas e imagens contundentes na explicitação de determinados temas e situações concretas da vida cristã.
A presente nota não pretende ser argumentação teológica, nem tampouco apologia de um discurso. Seu objetivo é apregoar a beleza da experiência eclesial vivida na Arquidiocese de Cascavel.
Assim sendo, convictos da nossa missão evangelizadora, apresentamos esta manifestação de apoio, no sentido de reforçar ainda mais os laços da Igreja arquidiocesana e externar incondicionalmente nossa confiança em seu pastor próprio, Dom José Mário Scalon Angonese.
Desejamos, outrossim, reiterar nossa obediência filial ao Sr. Arcebispo, em conformidade com a promessa feita no dia no qual cada um de nós foi ordenado presbítero para o serviço da Santa Igreja. Por fim, defendemos mais uma vez a jurisdição da ética, imprescindível para a saúde das relações humanas na vida em sociedade.
Com efeito, uma pessoa e sua dignidade superam infinitamente qualquer recorte de uma sua alocução interpretada fora de contexto.
Rogamos ao povo católico da Arquidiocese de Cascavel que prossiga em seu venerável e coeso testemunho de unidade eclesial.
Isso se mostra também na oração e no apoio para com seu pastor, pois ele é sinal visível da unidade desta Igreja particular e tem a missão de nos encorajar sempre na fidelidade ao Evangelho de Jesus. Fonte: https://cgn.inf.br
Terça-feira, 5 de novembro-2024. 31º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 15-24)
Naquele tempo, 15A estas palavras, disse a Jesus um dos convidados: Feliz daquele que se sentar à mesa no Reino de Deus! 16Respondeu-lhe Jesus: Um homem deu uma grande ceia e convidou muitas pessoas. 17E à hora da ceia, enviou seu servo para dizer aos convidados: Vinde, tudo já está preparado. 18Mas todos, um a um, começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um terreno e preciso sair para vê-lo; rogo-te me dês por escusado. 19Disse outro: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te me dês por escusado. 20Disse também um outro: Casei-me e por isso não posso ir. 21Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Então, irado, o pai de família disse a seu servo: Sai, sem demora, pelas praças e pelas ruas da cidade e introduz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 22Disse o servo: Senhor, está feito como ordenaste e ainda há lugar. 23O senhor ordenou: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga todos a entrar, para que se encha a minha casa. 24Pois vos digo: nenhum daqueles homens, que foram convidados, provará a minha ceia.
3) Reflexão Lucas 14,15-24
O evangelho de hoje continua a reflexão em torno de assuntos ligados à mesa e à refeição. Jesus conta a parábola do banquete. Muita gente tinha sido convidada, mas a maioria não veio. O dono da festa ficou indignado com a desistência dos convidados e mandou chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os mancos. Mesmo assim sobrava lugar. Então, mandou convidar todo mundo, até que a casa ficasse cheia. Esta parábola era uma luz para comunidades do tempo de Lucas.
Nas comunidades do tempo de Lucas havia cristãos, vindos do judaísmo e cristãos, vindos da gentilidade, chamados de pagãos. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal de partilha e de comunhão (At 2,42; 4,32; 5,12). Mas havia muitas dificuldades, pois os judeus normas de pureza legal que os impediam de comer com os pagãos. Mesmo depois de terem entrado na comunidade cristã, alguns deles mantinham o costume antigo de não sentar à mesma mesa com um pagão. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por ter entrado na casa de Cornélio, um pagão, e ter comido com ele (At 11,3). Em vista desta problemática das comunidades, Lucas conservou uma série de palavras de Jesus a respeito da comunhão de mesa (Lc 14,1-24). A parábola que aqui meditamos é um retrato do que estava acontecendo nas comunidades.
Lucas 14,15: Feliz quem come o pão no Reino de Deus
Jesus tinha acabado de contar duas parábolas: uma, sobre a escolha dos lugares (Lc 14,7-11), e outra, sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Ouvindo estas parábolas, alguém que estava à mesa com Jesus deve ter percebido o alcance do ensinamento de Jesus e disse: "Feliz quem come o pão no Reino de Deus!". Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete, marcado pela fartura, pela gratidão e pela comunhão (Is 25,6; 55,1-2; Sl 22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam o povo esperar, para o futuro, aquilo que não podiam obter no presente. A esperança dos bens messiânicos, comumente experimentadas nos banquetes, era projetada para o final dos tempos.
Lucas 14,16-20: O grande jantar está pronto
Jesus responde com uma parábola. "Um homem estava dando um grande jantar e convidou muita gente". Mas os deveres de cada dia impedem os convidados de aceitar o convite. O primeiro diz: “Comprei um terreno. Preciso vê-lo!” O segundo: “Comprei cinco juntas de bois! Vou experimentá-las!” O terceiro: “Casei. Não posso ir!”. Dentro das normas e costumes da época, aquelas pessoas tinham o direito de recusar o convite (cf. Dt 20,5-7).
Lucas 14,21-22: O convite permanece de pé
O dono da festa fica indignado com a recusa. No fundo, quem está indignado é o próprio Jesus, pois as normas da estrita observância da lei reduziam o espaço para o povo viver a gratuidade de um convite amigo que gerava fraternidade e partilha. Aí, o dono da festa mandou os empregados convidar os pobres, os cegos, os aleijados e os mancos. Os que, normalmente, eram excluídos como impuros, agora são convidados para sentar-se à mesa do banquete.
Lucas 14,23-24: Ainda tem lugar
A sala não ficou cheia. Ainda havia lugar. Então, o dono da casa manda convidar os que andam pelo caminhos e trilhas. São os pagãos. Eles também são convidados para sentar-se à mesa. Assim, no banquete da parábola de Jesus, sentam todos juntos na mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas havia muitos problemas que impediam a realização deste ideal da mesa comum. Por meio da parábola, Lucas mostra que a prática da comunhão de mesa vinha do próprio Jesus.
Depois da destruição de Jerusalém, no ano 70, os fariseus assumiram a liderança nas sinagogas, exigindo o cumprimento rígido das normas que os identificavam como povo judeu. Os judeus que se convertiam ao cristianismo eram vistos como uma ameaça, pois eles derrubavam os muros que separavam Israel dos outros povos. Os fariseus tentavam obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Como não o conseguiam, os expulsavam das sinagogas. Tudo isto provocou uma lenta e progressiva separação entre judeus e cristãos e era fonte de muito sofrimento, sobretudo, para os judeus convertidos (Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas deixa bem claro que estes judeus convertidos não eram infiéis ao seu povo. Pelo contrário! Eles são os convidados que não recusaram o convite. Eles são os verdadeiros continuadores de Israel. Infiéis foram os que recusaram o convite e não quiseram reconhecer em Jesus o Messias (Lc 22,66; At 13,27).
4) Para um confronto pessoal
- Quais as pessoas que normalmente são convidadas e quais as que não são convidadas para as nossas festas?
- Quais os motivos que hoje limitam a participação das pessoas na sociedade e na igreja? E quais os motivos que alguns alegam para se excluir da comunidade? Será que são motivos justos?
5) Oração final
As obras do Senhor são esplendor e beleza; sua justiça dura para sempre. Deixou uma lembrança dos seus prodígios: o Senhor é piedade e ternura. (Sl 110, 3-4)
Papa inclui o arcebispo de Nápoles, dom Domenico Battaglia, aos novos cardeais
- Detalhes
"Padre Mimmo", como é conhecido, se junta à lista de cardeais que receberão o barrete no próximo dia 7 de dezembro. De origem calabresa, está à frente da arquidiocese napolitana desde 2020 e é conhecido por seu engajamento social ao lado dos mais vulneráveis. O cardeal eleito declarou: "O cardinalato é serviço e responsabilidade. Não me chamem de eminência; serei e sempre continuarei a ser padre Mimmo."
Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano
Serão, portanto, 21 os novos cardeais que receberão o barrete vermelho no Consistório de 7 de dezembro. O Papa Francisco adicionou à lista dos futuros cardeais um novo nome: o de dom Domenico Battaglia, arcebispo de Nápoles desde dezembro de 2020.
A notícia foi anunciada na tarde de segunda-feira (04/11), pelo diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni, em uma declaração: "O Papa Francisco anuncia que incluiu entre os nomes dos novos cardeais que serão criados no próximo Consistório de 7 de dezembro Sua Excelência Domenico Battaglia, arcebispo de Nápoles."
"Levo as alegrias e as angústias do sul"
A nomeação surpreendeu toda a arquidiocese e o próprio cardeal eleito, que, ao ser contatado pela mídia vaticana, comentou: "A nomeação com a qual o Papa Francisco me inseriu hoje no Colégio Cardinalício me pegou de surpresa, gerando em mim uma reação dupla. De um lado, sinto o peso dessa responsabilidade com que o Papa me convida a abrir o coração, para ajudá-lo em seu ministério e acolher sua preocupação com a Igreja universal e com o mundo inteiro. De outro lado, sinto uma sincera gratidão ao Papa Francisco, não tanto pela atenção que ele dirige à minha pessoa, mas porque ao me chamar para este serviço, ele olhou para um filho do Sul, bispo de uma Igreja do Sul, deste Sul que é ao mesmo tempo terra de luta e de esperança!"
"Sinto como meu dever, também neste novo encargo - acrescenta Battaglia - levar comigo as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, especialmente dos pobres e de todos os que sofrem no nosso Sul e em todos os 'sul' do mundo, 'sul' existenciais e não apenas geográficos!"
"Serei sempre padre Mimmo"
O futuro cardeal afirma estar seguro de "poder contar com a oração da Igreja de Nápoles e de todos aqueles com quem compartilha o caminho". A si mesmo e a todos, recorda que "tornar-se cardeal não é um privilégio, mas uma responsabilidade, uma responsabilidade que podemos compartilhar na medida em que caminharmos juntos, sentindo-nos servos uns dos outros!". Ele faz questão de acrescentar uma última coisa: "Não me chamem de Eminência, como alguns já fizeram; serei e sempre continuarei a ser padre Mimmo."
A lista dos novos cardeais volta a 21
O número de cardeais eleitos volta, então, ao número original, anunciado ao término do Angelus de 6 de outubro passado, após a renúncia do bispo indonésio de Bogor, dom Paskalis Bruno Syukur, em 22 de outubro, "para crescer na vida sacerdotal". Assim como em Turim, com a escolha do arcebispo Roberto Repole, uma grande diocese italiana volta a ser sede cardinalícia.
Engajado com os mais vulneráveis
Battaglia, ou melhor, "padre Mimmo", é uma figura pastoral de destaque com um histórico de "sacerdote das ruas", especialmente comprometido com jovens e dependentes químicos. O Papa também o incluiu entre os membros das duas sessões do Sínodo sobre a Sinodalidade.
Nascido na Calábria, natural de Satriano, tem 61 anos e, antes da arquidiocese napolitana, foi bispo da Diocese de Cerreto Sannita-Telese-Sant’Agata de’ Goti, na província de Benevento. Estudou filosofia e teologia no Pontifício Seminário Regional "São Pio X" em Catanzaro. Ordenado sacerdote em 6 de fevereiro de 1988, ao longo dos anos foi pároco, reitor, diretor de escritórios diocesanos e cônego. Em 24 de junho de 2016, foi eleito por Papa Francisco para a sede episcopal de Cerreto Sannita-Telese-Sant'Agata de' Goti. A consagração episcopal ocorreu em 3 de setembro e a posse na comunidade beneventana em 2 de outubro de 2016, tendo escolhido como lema episcopal as palavras de Jesus a Bartimeu – o filho cego de Timeu, que estava sentado à beira do caminho a mendigar – "Coragem, levanta-te, ele te chama!" ("Confide, surge, vocat te!").
Atenção aos marginalizados
Dom Battaglia sempre teve um envolvimento especial com os fracos e marginalizados: esteve ao lado dos dependentes químicos de 1992 a 2016, liderando o "Centro Calabrese de Solidariedade", estrutura vinculada às Comunidades Terapêuticas de padre Mario Picchi, da qual foi presidente nacional de 2006 a 2015. De 2000 a 2006, também foi vice-presidente da Fundação Betânia de Catanzaro, uma obra diocesana de assistência e caridade.
Em Nápoles, onde é bem apreciado pelo clero e pelos fiéis locais, o novo arcebispo se apresentou em sua primeira mensagem "como irmão que vai ao encontro dos irmãos" em uma cidade, "tesouro do Sul", onde se luta e se espera frente a várias problemáticas sociais. Questões que ele sempre denunciou, sem nunca deixar de criticar episódios de violência e criminalidade, que observa também com o olhar de pastor, como continuará fazendo como cardeal.
O Colégio Cardinalício
No próximo Consistório, o décimo do Papa Francisco, apenas um dos futuros cardeais não será eleitor (o ex-núncio Acerbi): com a adição de Battaglia, serão 11 europeus, dos quais 5 italianos; 6 do continente americano, dos quais 5 sul-americanos, 3 asiáticos e 1 africano. A partir de 7 de dezembro, o Colégio Cardinalício será composto por 256 membros, dos quais 141 eleitores e 115 não eleitores. Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 4 de novembro-2024. 31º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 12-14)
Naquele tempo, 12Dizia igualmente ao que o tinha convidado: Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 13Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 14Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus
Lucas 14,12: Convite interesseiro
Jesus está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois sentar à mesa com pessoas desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.
Lucas 14,13-14: Convite desinteressado
Jesus diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”. Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres, aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso. Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por que? Porque no convite desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”. Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!
É o Reino acontecendo. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.
4) Para um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
5) Oração final
Senhor, meu coração não se orgulha e meu olhar não é soberbo; não ando atrás de coisas grandes, superiores às minhas forças. Antes, me acalmo e tranqüilizo, como criança desmamada no colo da mãe, como criança desmamada é minha alma. (Sl 130, 1-2)
O Papa em silêncio em recordação dos mortos e em oração diante das crianças não nascidas
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Francisco celebrou a liturgia de 2 de novembro para a comemoração dos mortos no Cemitério Laurentino de Roma. Antes da celebração, ele parou no “Jardim dos Anjos”, uma área dedicada ao sepultamento de crianças que não nasceram, ali rezou em frente às lápides cercadas por brinquedos e estatuetas e cumprimentou um pai que perdeu sua filha. Não houve homilia na missa, mas um momento de meditação e oração.
Salvatore Cernuzio – Vatican News
Uma mãe traça com canetinha a inscrição na lápide de sua filha, que faleceu quando não tinha nem um ano de idade. Outra muda a água das flores colocadas entre brinquedos e pedrinhas desenhadas. Um pai, Stefano, em vez disso, limpa a estrela com o nome de sua bebê Sara, cuja gravidez foi interrompida com onze semanas em julho de 2021. Cenas antinaturais - porque são as de pais que choram a morte de seus filhos, especialmente crianças - dão as boas-vindas à chegada do Papa ao Cemitério Laurentino, em Roma, onde Francisco, pela segunda vez depois de 2018, escolheu para celebrar a Missa para a comemoração dos mortos.
Parada no Jardim dos Anjos
A primeira parada, como há seis anos, foi no “Jardim dos Anjos”, a área de 600 metros quadrados dedicada à sepultura de bebês que não nasceram, devido à interrupção da gravidez ou a outros problemas durante a gestação. Thomas, Matthias, Mary, Joseph, Andrew, Ariana: seus nomes estão esculpidos em pedra ou em uma estela de madeira, gravados ou escritos à mão. Muitos têm a palavra “foetus” (feto) antes do nome; quase toda a primeira fila é ocupada por crianças de 2024. Ao redor, há brinquedos de pelúcia da Disney ou de outros personagens de desenhos animados, balões, cata-ventos e outros objetos, todos desgastados pela lama e pela chuva. Trazem um sorriso de volta a um lugar onde só há lágrimas. O Papa chega por volta das 9h45 de carro, percorrendo o longo corredor onde, de um lado, estão as paredes de túmulos do cemitério municipal, o terceiro maior de Roma; do outro, a praça com uma centena de pessoas reunidas desde as primeiras horas da manhã sob o pequeno palco branco onde Francisco celebra a Missa de 2 de novembro.
Em frente às lápides das crianças
Ao chegar ao “Jardim dos Anjos”, o Pontífice - em cadeira de rodas – observa todas as lápides uma a uma. Para no meio e fica alguns minutos sozinho em oração e silêncio. Que palavras expressar? Ele mesmo disse isso na recente mensagem de vídeo para as intenções de oração do mês de novembro, dedicada às mães e aos pais que passam pelo sofrimento terrível da perda de um filho e de uma filha. “Palavras de conforto às vezes são triviais, sentimentais e desnecessárias. Mesmo que sejam ditas naturalmente com a melhor das intenções, elas podem acabar ampliando a ferida”, disse o Papa no clipe.
O encontro com Stefano
O momento de recolhimento é interrompido pela breve conversa com Stefano, que estava esperando o Papa ao lado do jardim o tempo todo. Ele se ajoelha quando chega e aperta sua mão, conta brevemente sua história e aponta para o túmulo de seu filho. Francisco acena com a cabeça e aperta seu braço, depois pega a carta que o homem lhe entrega. Logo em seguida, o Papa se dirige à área em frente, também dedicada ao sepultamento de crianças que faleceram cedo demais. Alguns parentes estão atrás das barreiras, cumprimentando discretamente, segurando vasos e buquês de flores. O Papa o coloca um grande buquê de rosas brancas sob a placa com a inscrição “Jardim dos Anjos”, cercado por outros brinquedos, estatuetas de gesso de anjos, de fato, um rosto de Cristo, uma almofada de Cinderela.
A saudação ao prefeito Gualtieri
No carro, Francisco se dirige em direção ao palco, iluminado por um sol romano incomum que faz com que esse 2 de novembro pareça um dia quase primaveril. A sombra é dada apenas pela grande parede de tijolos brancos com a inscrição Vita mutatur non tollitur. As pessoas cumprimentam o Papa com gritos suaves de “Viva o Papa” ditados pelo afeto, mas conscientes do lugar e da ocasião. O Papa Francisco cumprimenta brevemente os fiéis, parando especialmente para saudar os doentes em cadeira de rodas, que são colocados na primeira fila. Em sua chegada, ele é recebido pelo prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que aperta sua mão e troca algumas palavras.
Um momento de meditação durante a Missa
A movimentação dos familiares que visitam seus entes queridos falecidos continua por um tempo. Com o início da celebração tudo para. No momento da homilia, o Papa permanece em silêncio, com a cabeça inclinada, em meditação e oração. Recita as orações da liturgia de hoje: “Senhor, nossa existência terrena é apenas um sopro, ensina-nos a contar nossos dias, dá-nos a sabedoria de coração que reconhece no momento da morte não o fim, mas a passagem da vida”. Em seguida, abençoou todos os presentes e elevou a oração de sufrágio e bênção para aqueles que deixaram este mundo, e pediu a Deus conforto para aqueles que estão passando pelo sofrimento da separação. A oração do Descanso Eterno e os aplausos da multidão encerraram a celebração. Antes de entrar no carro para o retorno ao Vaticano, o Papa faz outra rápida parada com os fiéis presentes. Cumprimentou novamente o prefeito Gualtieri e abençoou a barriga de uma jovem grávida, concluindo assim o encontro.
A despedida às “Centelhas de Esperança”
Enquanto isso, na praça, o grupo de mães “Centelhas de Esperança” que compartilham a perda de um filho ou filha muito jovem por diferentes motivos, se agrupavam comovidas. Elas se reuniram após o Jubileu da Misericórdia graças ao reitor da paróquia do cemitério, Jesus Ressuscitado, que - elas contam - “nos deu a esperança da ressurreição e da aceitação, a única coisa de que precisamos, juntamente com o compartilhamento da dor. Vivemos nossa dor juntas”. Há os órfãos, as viúvas, pais como nós, explicam as mulheres, “não há nenhuma palavra que nos identifique”. Elas se apresentam combinando seus nomes com os de seus filhos: Francesca, a organizadora, mãe de Giorgia, que morreu aos 15 anos, Caterina, mãe de Marina, Maria Teresa, de Daniele, Shanti, de Marco, e depois Roberta, que perdeu seu filho Claudio, Roberta, mãe de Chiara, Nazarena, mãe de Chiara, e Angela, de Cinzia. Todas deram ao Papa de presente um lenço branco: “É o nosso abraço caloroso para ele, um abraço simbólico também de nossos filhos”, explicaram, agradecendo ao Pontífice por seu silêncio “sério e respeitoso” durante a Missa e por sua presença no Cemitério Laurentino: “Um testemunho de afeto. Um meio maior de estar perto de nossos filhos”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 1º de novembro-2024. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 1-6)
1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.
Lucas 14,1: O convite em dia de sábado
“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus
“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus
“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
4) Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
O Dia de Finados que estendemos ao infinito
- Detalhes
Seguimos nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente
Por Flávio Tavares
Jornalista, escritor (Prêmio Jabuti 2000 e 2005; Prêmio APCA 2004) e professor aposentado da Universidade de Brasília, Flávio Tavares escreve mensalmente na seção Espaço Aberto
Na véspera do Dia de Finados é imprescindível falar da vida e não da morte. Morrer faz parte da existência. É um fim em si mesmo, definido popularmente pelo velho refrão de que “para morrer, basta estar vivo”. No entanto, estamos acelerando a morte da vida no planeta com o descuido contínuo que faz surgir a crise climática atual. As mudanças climáticas são antigas, não surgiram nas últimas décadas. Talvez tenham até alguns séculos, desde quando na “idade da pedra” se acenderam as primeiras fogueiras. Incrementaram-se e cresceram, porém, com a “Revolução Industrial”, que nos facilitou o viver no dia a dia, mas terminou por nos tirar muito mais do que, agora, nos proporciona em bem-estar.
Só nas últimas décadas, porém, a ciência e os cientistas descobriram as “mudanças climáticas” como um fenômeno provocado por nosso desleixo para com a vida no planeta. Passamos a conhecer o “efeito estufa” como o verdadeiro vilão da vida, sempre à espreita para nos destruir gradativamente. É ele o responsável pela seca na Amazônia (onde, antes, chovia todos os dias) tanto quanto pelas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Ou até pela ventania e temporais que afetaram o abastecimento de energia elétrica em São Paulo. Surge a pergunta: a natureza será má? Ou a maldade está em nós mesmos como conjunto da sociedade ao não responsabilizar os governantes por deixarem de adotar as medidas pelas quais são responsáveis?
Aí está o Acordo de Paris, assinado pelos governos de 195 países, mas que, na prática, deixou de ser um compromisso e se tornou quase um mero documento burocrático. O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo e, por isso, deve apresentar medidas concretas na próxima reunião climática a realizar-se no Azerbaijão. Nada ou muito pouco, porém, se faz aqui com o que se chama de “Contribuição Nacionalmente Determinadas” (ou NDC na sigla em inglês de Nationally Determined Contributions) para alinhar esforços e atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau centígrado em comparação com os níveis pré-industriais, sem que isso afete a economia e o desenvolvimento.
Quais as medidas práticas para deter o efeito estufa e obter emissões zero até a metade deste século? O mundo está chegando à beira do colapso. No entanto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas afirma que “ainda há tempo” de “mudar a rota” e estabilizar o aumento da temperatura em 1,5 grau centígrado, evitando o colapso. Em 2023, o aquecimento variou de 2,1 graus a 2,8 graus centígrados. Seguimos, porém, nos portando como quem guarda a garrafa térmica na geladeira para conservar a água quente…
Tratando ainda de preservação ambiental, surge a água como problema fundamental a resolver. Em São Paulo e cidades menores ao longo do Brasil, seguimos lavando calçadas e automóveis com água tratada, num desperdício que podemos chamar de criminoso. O problema se agiganta com um número que esquecemos: 47,6% da população do Brasil não tem acesso à água tratada nem à coleta de esgoto. E apenas 46% dos esgotos são tratados.
Assim, tudo se degrada, da saúde dos habitantes ao ecossistema aquático. Não é preciso nem sequer buscar exemplos lá fora para demonstrar o quase horror. Junto à maior cidade do Brasil, a Represa Billings (que vai completar cem anos em 2025) é o mais importante reservatório paulistano de água. No entanto, a maioria das moradias junto à represa não tem acesso adequado a esgoto e nem sequer à água tratada. Os detritos e resíduos, a começar pelas fezes, são lançados na própria represa que, por outro lado, irá tratar essa água que vai abastecer os paulistanos. Qual a explicação disso?
Dir-se-á que a desordenada urbanização das áreas junto à represa é responsável por esse duplo problema que, por sua vez, foi provocado pela migração de famílias vindas do Nordeste e de outras regiões do Brasil em busca de trabalho. Ainda que essa migração verdadeiramente tenha ocorrido (e que São Paulo tenha até o apelido de “maior cidade do Nordeste”), só a cegueira e inação dos governantes pode explicar tudo isso.
Há outras situações a mostrar que o horror se estende. A tragédia de Mariana, em Minas Gerais, onde uma barragem da Samarco se rompeu em 2015, matou 19 pessoas e devastou com lama tóxica (que chegou ao Rio Doce) uma área equivalente a 13 mil piscinas olímpicas, só poucos dias atrás teve o que se chamou de “solução”, após nove anos. De fato, essa “solução” é monetária ou indenizatória e não recupera por si só as regiões devastadas nem ressuscita os mortos, obviamente. O valor total das indenizações chega a R$ 170 bilhões, e o acordo se fez dias depois de um tribunal iniciar em Londres o julgamento do mesmo episódio, já que a Samarco (geradora do rompimento) é empresa de capital inglês e australiano, além da brasileira Vale. Fonte: www.estadao.com.br
Por tudo isso, indago agora: não estaremos estendendo ao infinito o Dia de Finados?
* JORNALISTA E ESCRITOR, PRÊMIO JABUTI DE LITERATURA 2000 E 2005, PRÊMIO APCA 2004, É PROFESSOR APOSENTADO DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Quinta-feira, 31 de outubro-2024. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 31-35)
31No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar. 32Disse-lhes ele: Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida. 33É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém. 34Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste! 35Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!
3) Reflexão Lucas 13, 31-35
O evangelho de hoje nos faz sentir o contexto ameaçador e perigoso no qual Jesus vivia e trabalhava. Herodes, o mesmo que tinha matado João Batista, quer matar Jesus.
Lucas 13,31: O aviso dos fariseus a Jesus
“Nesse momento, alguns fariseus se aproximaram, e disseram a Jesus: "Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar". É importante notar que Jesus recebeu o aviso da parte dos fariseus. Algumas vezes, os fariseus estão juntos com o grupo de Herodes querendo matar Jesus (Mc 3,6; 12,13). Mas aqui, eles são solidários com Jesus e querem evitar a morte dele. Naquele tempo, o poder do rei era absoluto. Ele não prestava conta a ninguém da sua maneira de governar. Herodes já tinha matado a João Batista e agora está querendo acabar também com Jesus.
Lucas 13,32-33: A resposta de Jesus
“Jesus disse: "Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho”. A resposta de Jesus é muito clara e corajosa. Ele chama Herodes de raposa. Para anunciar o Reino Jesus não depende da licença das autoridades políticas. Ele até manda um recado informando que vai continuar seu trabalho hoje e amanhã e que só vai embora depois de amanhã, isto é, no terceiro dia. Nesta resposta transparece a liberdade de Jesus frente ao poder que queria impedi-lo da realizar a missão recebida do Pai. Pois quem determina os prazos e a hora é Deus e não Herodes! Ao mesmo tempo, na resposta transparece um certo simbolismo relacionado com a morte e a ressurreição ao terceiro dia em Jerusalém. E para dizer que não vai ser morto na Galiléia, mas sim em Jerusalém, capital do seu povo, e que vai ressuscitar no terceiro dia.
Lucas 13,34-35: Lamento de Jesus sobre Jerusalém
"Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis!” Este lamento de Jesus sobre a capital do seu povo evoca a longa e triste história da resistência das autoridades aos apelos de Deus que chegavam a elas através de tantos profetas e sábios. Em outro lugar Jesus fala dos profetas perseguidos e mortos desde Abel até Zacarias (Lc 11,51). Chegando em Jerusalém pouco antes da sua morte, olhando a cidade do alto do Monte das Oliveiras, Jesus chora sobre ela, porque ela não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 19,44).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus qualifica o poder político como raposa. O poder político do seu país merece esta qualificação?
2) Jesus tentou muitas vezes converter o povo de Jerusalém, mas as autoridades religiosas resistiram. E eu, quanto vezes resisti?
5) Oração final
Procurai o SENHOR e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
Domingo, dia 3- A solenidade de Todos os Santos
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Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Amados irmãos e irmãs, neste dia 03 de novembro, transferido no Brasil por decisão da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – para o domingo, celebramos a Solenidade de Todos os Santos, uma festa de grande alegria e esperança para nós, cristãos. Este dia nos convida a olhar para a multidão de homens e mulheres que, vivendo em diversas épocas e circunstâncias, alcançaram a santidade e agora estão na glória de Deus. Esses santos são nossos modelos e intercessores, e a celebração de hoje nos lembra que todos nós somos chamados à santidade, como nos diz São Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3).
Na primeira leitura, do Livro do Apocalipse, o apóstolo João nos oferece uma visão gloriosa do céu: “Vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas na mão” (Ap 7,9). Esta imagem nos revela que os santos são uma multidão inumerável, vindos de todos os lugares, unidos em torno de Cristo, o Cordeiro de Deus. Eles foram lavados pelo sangue do Cordeiro e agora participam da glória eterna. Eles estão lá porque viveram uma vida de fidelidade a Deus, superando tribulações e provações, como se diz mais adiante: “São aqueles que vieram da grande tribulação e lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14).
Essa visão é uma fonte de grande esperança para nós, pois nos lembra que o caminho para a santidade está aberto a todos. Não importa de onde viemos ou quais foram as nossas dificuldades, todos podemos alcançar a santidade, se seguirmos o caminho de Cristo.
Na segunda leitura, da Primeira Carta de São João, ouvimos uma verdade profunda e transformadora: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” (1Jo 3,1). O apóstolo nos lembra que, como filhos de Deus, estamos destinados à santidade. Somos chamados a viver como verdadeiros filhos de Deus, imitando Cristo e conformando nossas vidas ao Seu ensinamento. João nos exorta a manter nossa esperança firmemente em Deus, porque “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (1Jo 3,2). A santidade consiste em permitir que essa semelhança com Cristo cresça em nós, dia após dia.
Ser santo, portanto, não é algo reservado a um grupo seleto. A santidade é o chamado fundamental de todo cristão. Muitas vezes pensamos nos santos como figuras distantes e inatingíveis, mas hoje somos lembrados de que eles eram homens e mulheres como nós. Eles experimentaram desafios, fraquezas e provações, mas confiaram em Deus e seguiram o caminho do amor, da fé e da justiça. Como nos ensina o Papa Francisco, “todos somos chamados a ser santos vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia” (Gaudete et Exsultate, 14).
No Evangelho de hoje (Mt 5,1-12a), ouvimos as palavras de Jesus sobre as Bem-Aventuranças, que nos mostram o caminho concreto para a santidade. As Bem-Aventuranças são o coração do ensinamento de Cristo e revelam a verdadeira felicidade e o caminho para o Reino dos Céus. Jesus nos ensina que os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os perseguidos por causa da justiça são aqueles que são bem-aventurados, ou seja, verdadeiramente felizes.
Cada uma dessas Bem-Aventuranças é uma característica dos santos. Eles viveram essas palavras de Jesus em suas vidas, e por isso foram transformados à imagem de Cristo. Eles foram pobres de espírito, reconhecendo sua dependência de Deus; foram mansos, buscando a paz em vez da violência; foram misericordiosos, oferecendo perdão em vez de vingança. Os santos foram aqueles que confiaram em Deus em todas as circunstâncias, mesmo diante da perseguição e da injustiça.
Nós também somos chamados a viver as Bem-Aventuranças. Esse é o caminho da santidade. Não se trata de um ideal inalcançável, mas de uma vida vivida na simplicidade do dia a dia, buscando fazer a vontade de Deus em todas as coisas.
Queridos irmãos e irmãs, a Solenidade de Todos os Santos nos lembra de que a santidade é o destino de cada um de nós. Somos chamados a seguir o exemplo dos santos e a viver as Bem-Aventuranças em nossa vida diária. A santidade não é uma vocação para poucos, mas para todos os que amam a Deus e procuram seguir o Seu caminho. Como nos diz São Paulo: “Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele” (Ef 1,4).
Neste dia, peçamos a intercessão de todos os santos, para que possamos perseverar no caminho da fé, da esperança e do amor. Que possamos, um dia, juntar-nos a eles na glória eterna, celebrando a vitória de Cristo, o Cordeiro de Deus. Amém. Fonte: www.cnbb.org.br
Quarta-feira, 23 de outubro-2024. 29ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 39-48)
39Sabei, porém, isto: se o senhor soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria forçar a sua casa. 40Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem. 41Disse-lhe Pedro: Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos? 42O Senhor replicou: Qual é o administrador sábio e fiel que o senhor estabelecerá sobre os seus operários para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo? 43Feliz daquele servo que o senhor achar procedendo assim, quando vier! 44Em verdade vos digo: confiar-lhe-á todos os seus bens. 45Mas, se o tal administrador imaginar consigo: Meu senhor tardará a vir, e começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar e na hora em que ele não pensar, e o despedirá e o mandará ao destino dos infiéis. 47O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. 48Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes. Porque, a quem muito se deu, muito se exigirá. Quanto mais se confiar a alguém, dele mais se há de exigir.
3) Reflexão Lucas 12,39-48
O evangelho de hoje traz novamente uma exortação à vigilância com outras duas parábolas. Ontem, a parábola era de patrão e empregado (Lc 12,36-38). Hoje, a primeira parábola é do dono de casa e do ladrão (Lc 12,39-40) e a outra fala do proprietário e do administrador (Lc 12,41-47).
Lucas 12,39-40: A parábola do dono da casa e do ladrão
“Fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem”. Assim como o dono da casa não sabe a que hora chega o ladrão, assim ninguém sabe a hora da chegada do Filho do Homem. Jesus deixa bem claro: "Quanto a esse dia e essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai!" (Mc 13,32). Hoje, muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Nas ruas das cidades, se vê escrito nas paredes: Jesus voltará! Teve até gente que, angustiada com a proximidade do fim do mundo, chegou a cometer suicídio. Mas o tempo passa e o fim não chega! Muitas vezes, a afirmação “Jesus voltará” é usada para meter medo nas pessoas e obrigá-las a freqüentar uma determinada igreja! De tanto esperar e especular em torno da vinda de Jesus, muita gente já nem percebe mais a presença dele no meio de nós, nas coisas mais comuns da vida, nos fatos do dia-a-dia. Pois o que importa mesmo não é saber a hora do fim deste mundo, mas sim ter um olhar capaz de perceber a vinda de Jesus já presente no meio de nós na pessoa do pobre (cf Mt 25,40) e em tantos outros modos e acontecimentos da vida de cada dia.
Lucas 12,41: A pergunta de Pedro
“Então Pedro disse a Jesus: "Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?" Não se vê bem o porquê desta pergunta de Pedro. Ela evoca um outro episódio, no qual Jesus respondeu a uma pergunta semelhante dizendo: “A vocês é dado conhecer o mistério do Reino de Deus, mas aos outros tudo é dado a conhecer em parábolas” (Mt 13,10-11; Lc 8,9-10).
Lucas 12,42-48ª: A parábola do proprietário e do administrador
Na resposta à pergunta de Pedro Jesus formula uma outra pergunta em forma de parábola: "Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa?” Logo em seguida, o Jesus mesmo, na própria parábola, já dá a resposta: bom administrador é aquele que cumpre sua missão de servidor, nunca usa os bens recebidos em proveito próprio, e está sempre vigilante e atento. Talvez seja uma resposta indireta à pergunta de Pedro, como se dissesse: “Pedro, a parábola é realmente para você! É para você saber administrar bem a missão que Deus lhe deu como coordenador das comunidades. Neste sentido, a resposta vale também para cada um de nós. E aí toma muito sentido a advertência final: “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”.
A chegada do Filho do Homem e o fim deste mundo
A mesma problemática havia nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Muita gente das comunidades dizia que o fim deste mundo estava perto e que Jesus voltaria logo. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus vai voltar logo!” (1 Tes 4,13-18; 2 Tes 2,2). Por isso, havia até pessoas que já não trabalhavam, porque achavam que a vinda fosse coisa de poucos dias ou semanas. Trabalhar para que, se Jesus ia voltar logo? (cf 2Ts 3,11). Paulo responde que não era tão simples como eles imaginavam. E aos que já não trabalhavam avisava: “Quem não quiser trabalhar não tem direito de comer!” Outros ficavam só olhando o céu, aguardando o retorno de Jesus sobre as nuvens (cf At 1,11). Outros reclamavam da demora (2Pd 3,4-9). Em geral, os cristãos viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para encerrar a história injusta deste mundo cá de baixo e inaugurar a nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Achavam que isto aconteceria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente ainda estaria viva quando Jesus fosse aparecer glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). Outros, cansados de esperar, diziam: “Ele não vai voltar nunca! (2 Pd 3,4). Até hoje, a vinda final de Jesus ainda não aconteceu! Como entender esta demora? É que já não percebemos que Jesus já voltou, já está no nosso meio: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. A plenitude ainda não chegou, mas uma amostra ou garantia do Reino já está no meio de nós. Por isso, aguardamos com firme esperança a libertação plena da humanidade e da natureza (Rm 8,22-25). E enquanto esperamos e lutamos, dizemos acertadamente: “Ele já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
4) Para um confronto pessoal
1) A resposta de Jesus a Pedro serve também para nós, para mim. Será que sou um bom administrador, uma boa administradora da missão que recebi?
2) Como faço para estar vigilante sempre?
5) Oração final
Do nascer ao pôr-do-sol seja louvado o nome do Senhor. O Senhor é excelso sobre todos os povos, mais alta que os céus é sua glória. (Sl 112, 3-4)
Faleceu o pai da Teologia da Libertação, Gustavo Gutiérrez
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-Ensinou que a teologia deve ser crítica e libertadora, situada no contexto histórico dos pobres e oprimidos. Sua função não é apenas interpretar o mundo, mas transformá-lo à luz do Evangelho.
-Pastor profundamente crente, destacou que a espiritualidade é o seguimento de Jesus, não a partir de uma perspectiva teórica, mas prática, baseada na vivência cotidiana.
-Alertou que falar de Deus em meio à dor não é uma tarefa fácil; é necessário fazê-lo a partir da solidariedade com os sofredores, reconhecendo que suas perguntas são também nossas perguntas.
A informação é de Aníbal Pastor N., publicado por Religión Digital, 23-10-2024.
A América Latina e sua Igreja perderam uma de suas figuras mais influentes na teologia e no compromisso evangélico: Gustavo Gutiérrez Merino, teólogo, sacerdote, dominicano e fervoroso defensor dos pobres e da Igreja dos pobres. Faleceu em Lima (Peru) nesta última terça-feira, 22-10-2024, aos 96 anos. Seu legado está marcado pela profunda marca que deixou na Igreja Católica e na vida de milhões de fiéis, especialmente daqueles que sofrem exclusão e pobreza no continente latino-americano.
A informação foi divulgada oficialmente pela Província Dominicana de San Juan Bautista do Peru e seus restos mortais serão sepultados na Sala Capitular do Convento de Santo Domingo, em Lima.
Embora chamado por muitos de “pai da Teologia da Libertação”, Gutiérrez foi mais do que um teólogo. Foi um pensador e um homem de ação, um profeta que compreendeu que a fé não pode ser separada da vida real das pessoas, especialmente da vida dos pobres.
Nasceu em Lima, em 08-06-1928, em uma família que viveu em primeira mão as limitações de um sistema econômico e social que marginalizou muitos. Sua infância foi marcada por doenças, pois sofria de osteomielite, o que o obrigou a usar dispositivos ortopédicos para se locomover e, por fim, uma cadeira de rodas. Essa experiência o levou a uma profunda reflexão bíblica sobre o sofrimento e a desenvolver uma sensibilidade única em relação aos mais vulneráveis.
Desde muito jovem, o Pe. Gutiérrez encontrou na educação uma forma de servir outras pessoas. Foi conselheiro e inspiração de estudantes e jovens, da União Nacional dos Estudantes Católicos (UNEC), e colaborador próximo de movimentos que tiveram origem na Ação Católica, como o JOC, o MOAC, JEC, MIEC, MIIC, MIJARC e outros. Neles ajudou muitas gerações a refletir sobre a presença de Deus e, a partir daí, incentivar uma práxis que transforme a realidade. Neste espaço, forjou comunidades críticas que refletiram sobre a injustiça na América Latina e a necessidade de mudanças estruturais baseadas na fé. O seu papel na UNEC foi crucial para que muitos jovens assumissem um compromisso cristão com os oprimidos no Peru.
A relação de Gutiérrez com a hierarquia eclesiástica no Peru e na América Latina foi muito boa. Sempre ouvidos e apoiados por figuras latino-americanas como o cardeal Juan Carlos Landázuri (Peru), Enrique Alvear (Chile), Leonidas Proaño (Equador), Paulo Evaristo Arns e Pedro Casaldáliga (Brasil), e Óscar Arnulfo Romero, santo mártir latino-americano. Estes e muitos outros bispos endossaram as suas contribuições às Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida.
No entanto, alguns bispos, como o ex-arcebispo de Lima e membro do Opus Dei, amigo do Sodalício (sociedade que produziu centenas de vítimas de abusos sexuais, de consciência e de poder), não só o criticaram, mas procuraram condená-lo, sem sucesso. Ao entrar no novo milênio, Gutiérrez ingressou na Ordem dos Pregadores e como frade dominicano fortaleceu a sua vocação, encontrando nesta comunidade um espaço de proteção e apoio que lhe permitiu continuar a sua missão com maior apoio hierárquico.
Apesar das críticas que recebeu, especialmente durante o papado do agora santo João Paulo II, Gustavo Gutiérrez sempre manteve uma posição de diálogo com a Igreja. Ele nunca foi sancionado num contexto em que alguns de seus colegas e amigos, como Leonardo Boff, sofreram duras represálias. A chegada ao papado de Jorge Bergoglio, que tinha uma proximidade especial e uma opção clara pelos pobres, foi um alívio e justificada pelo Papa Francisco e por aqueles que como ele lutaram por uma Igreja mais comprometida com os mais vulneráveis e descartados na história.
A vida de Gutiérrez sempre foi marcada pela proximidade com os mais pobres, tanto no pensamento como no trabalho pastoral. Em 1971, publicou o livro “Teologia da Libertação: Perspectivas”, obra que abalou os alicerces da teologia tradicional e se baseou nas mudanças do Concílio Vaticano II. Nele, Gutiérrez propôs uma teologia baseada na experiência dos oprimidos, uma reflexão que não permaneceu nas salas de aula acadêmicas, mas se baseou na vida dos pobres e na sua luta pela justiça. Esta teologia influenciou gerações de teólogos e ativistas em todo o mundo.
Em sua vida acadêmica, Gutiérrez recebeu mais de 30 doutorados honorários de universidades de todo o mundo, incluindo centros acadêmicos de prestígio como a Universidade de Yale (EUA) e a Universidade de Freiburg (Alemanha). Em 2003, recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades, uma das mais altas distinções internacionais, em reconhecimento do seu compromisso com os setores mais desfavorecidos e da sua independência das pressões ideológicas. Ele também foi reconhecido com vários prêmios em teologia, como o Prêmio Yves Congar de Excelência Teológica e o Prêmio Livro Religioso por seu trabalho Teologia da Libertação.
O Pe. Gutiérrez sempre foi claro na sua visão: “A pobreza não é sinal de virtude, mas de injustiça”. Estas palavras ressoaram no seu trabalho pastoral e acadêmico. Nas paróquias mais humildes de Lima, especialmente no bairro de Rímac, Gutiérrez construiu uma comunidade comprometida com o Evangelho e a transformação social. A opção preferencial pelos pobres, um dos pilares da Teologia da Libertação, foi para ele uma resposta ao apelo de Cristo a amar e servir os últimos.
O impacto de Gustavo Gutiérrez não se limitou aos seus livros ou palestras. A sua vida foi um testemunho de um cristianismo encarnado na realidade dos mais necessitados. As suas ideias permanecem vivas nas comunidades cristãs de base, nos movimentos sociais e apostólicos, nas redes de leigos e nos corações daqueles que acreditam num mundo mais justo. A sua morte recorda a urgência de continuar o seu trabalho e que o Evangelho, no seu cerne, é um apelo à libertação. Fonte: https://www.ihu.unisinos.br
Coletiva de imprensa: o Sínodo está pedindo mudança, conversão.
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Dom Cipoliini: “aprender a dar adeus a coisas antigas que já cumpriram sua missão e acolher o novo que está chegando”. Nesta sexta, encontro dos membros da Assembleia Sinodal com mais de 150 jovens na Sala Sinodal.
Padre Modino - Vaticano
A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade está prestes a concluir as reflexões sobre o terceiro Módulo do Instrumentum Laboris, que fala de lugares. Nas últimas horas, duas questões foram destacadas, de acordo com Sheila Pires, secretária da Comissão de Comunicação durante a coletiva de imprensa na Sala de Imprensa vaticana nesta quinta-feira: como configurar a participação numa chave missionária num contexto de tempos de mudança face aos fenômenos da mobilidade humana na cultura do ambiente digital, o que somos chamados e estamos dispostos a adotar, quais os obstáculos e o que promover. E o segundo tema, que teve a ver com a sinodalidade como colegialidade e primado, o papel da Cúria Romana à luz da Praedicate Evangelium, o Sínodo universal, as assembleias eclesiais e continentais, assim como os sínodos e os concílios particulares.
Temas abordados
Durante a coletiva foi falado sobre as dificuldades e o drama dos migrantes, a criação de uma Assembleia Eclesial Mediterrânea, uma região onde as igrejas têm criado estruturas de redes. Foi abordada a questão de novas propostas para o atendimento aos jovens, a reconfiguração das paróquias em redes de pequenas comunidades, como caminho para agilizar a sinodalidade. O trabalho da Rede Talitha Kum, com os migrantes e vítimas do tráfico de pessoas, o acompanhamento sem paternalismos das pessoas com necessidades especiais, a necessidade de abalar as consciências dos católicos com relação aos pobres, a presença da Igreja onde o Espírito sopra, nas encruzilhadas, lugares de sinodalidade e não se fechar em lugares seguros.
Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou o serviço da Vida Religiosa, a importância da relação entre sinodalidade e primazia, com a contribuição das igrejas orientais, as contribuições dos fóruns teológicos, o papel das conferências episcopais, como responder às perguntas da cultura e do contexto. Junto com isso, o valor das igrejas locais, o papel dos bispos, a necessidade de não ter medo da sinodalidade, o status das conferências episcopais, a importância da escuta do Papa aos fiéis e a centralidade da Eucaristia, entre outras questões. Finalmente, Ruffini lembrou que nesta sexta-feira haverá um encontro dos membros da Assembleia Sinodal com mais de 150 jovens na Sala Sinodal.
O Sínodo mostra a universalidade da Igreja
O processo sinodal está sendo vivido pela Irmã Samuela Maria Rígon – presente na coletiva de imprensa - como uma experiência da universalidade da Igreja, que ela também experimenta em sua congregação, uma oportunidade de entrar em contato com realidades das quais ninguém fala, com diferentes vocações e papéis, dada a diversidade da Assembleia Sinodal, onde todos podem falar e que é um sinal de abertura. A Superiora Geral das Irmãs de Nossa Senhora das Dores, diante das polarizações, propõe viver as polaridades, a diversidade.
Na Assembleia há uma centralidade das relações, segundo a Irmã, razão pela qual ela vê a necessidade de retornar à ideia original da Igreja, tendo em mente que Jesus lidava com os outros através de relações fraternas, algo que deve estar presente nas relações entre pessoas, culturas, igrejas. No caminho de renovação da Igreja, é necessário ler os acontecimentos à luz do sopro do Espírito Santo e seguir o exemplo de Jesus para encontrar as pessoas onde elas vivem e sofrem.
O Sínodo na Ásia
O cardeal Charles Bo explicitou a conexão entre o caminho sinodal e seu efeito na Ásia. A partir daí, ele lembrou o que o Papa Francisco pediu às igrejas da Ásia em uma de suas viagens, convidando-as a olhar para frente. No processo sinodal, ele enfatizou a importância da conversa espiritual, do reconhecimento da importância do batismo e da participação de todos na tomada de decisões, incluindo os jovens, para os quais ele pediu que levassem em conta a importância da evangelização virtual.
O arcebispo de Rangoon (Mianmar) refletiu sobre o desafio da cultura para a sinodalidade e a necessidade de mais recursos para promover a sinodalidade na Ásia, onde as grandes distâncias dificultam a caminhada conjunta. Ele também se referiu ao desafio de confrontar o clericalismo por meio da prestação de contas, ainda mais quando há membros do clero que se sentem ameaçados pela sinodalidade. Da mesma forma, em meio a sociedades patriarcais, ele refletiu sobre as dificuldades para as mulheres assumirem papéis de liderança. Ele também se referiu aos seminários, às conferências episcopais, como um instrumento para promover a colaboração entre as igrejas locais em vista do trabalho pastoral. “A Igreja Asiática, apesar dos desafios, quer ser uma Igreja sinodal, escutando a todos e acolhendo a todos”, concluiu.
Precisamos escutar
“Essa experiência sinodal é muito importante porque precisamos escutar”, disse o cardeal Gérard Lacroix. No processo desde 2021, toda a Igreja está escutando a Palavra de Deus e os outros, de acordo com o arcebispo de Quebec (Canadá), que pediu para ouvir não apenas dentro da Igreja, mas também todos os nossos irmãos e irmãs. “Estamos nos preparando para sermos homens e mulheres que escutam os outros, mesmo aqueles que pensam de forma diferente”, disse ele. Uma dinâmica que ele vê como um testemunho para o mundo de que é possível escutar uns aos outros e fazer um bom discernimento, já que no mundo de hoje as pessoas não ouvem e pensam em resolver os problemas com armas e bombas.
“Estamos na assembleia para escutar as diferentes realidades”, de acordo com o arcebispo, que vê isso como uma experiência maravilhosa, que vê o desafio de viver isso nas igrejas locais para discernir as grandes questões que afetam o mundo, as questões candentes que precisam ser aprofundadas para sermos crentes confiáveis. Trata-se de fazer isso por meio da sinodalidade, sentando-se juntos como uma comunidade de discípulos de Jesus para escutar juntos o que Deus está nos dizendo. Lacroix vê a grande dádiva deste sínodo na conversa no espírito, unindo-nos em torno de mesas, escutando a Deus e uns aos outros. Algo que já está dando frutos, “não estamos buscando resultados, estamos buscando a santidade, os frutos do Reino de Deus”, enfatizou. Para isso, “precisamos continuar discernindo e lidando com essas questões, ouvindo o Deus fiel que está sempre ao lado das pessoas no caminho”.
Três conversões sinodais
Dom Pedro Cipollini – também presente na coletiva - destacou a questão das mudanças como tema transversal, insistindo em que no processo sinodal alguma coisa deve mudar. Mudanças que na linguagem bíblica são chamadas de conversão. Por isso sublinhou que o Sínodo está exigindo mudança, conversão. O bispo de Santo André falou sobre três conversões: pastoral, que tem a ver com o modo de exercer a missão, também na mídia, alargar os lugares de evangelização; conversão estrutural, mais desafiadora, tendo como horizonte o Reino de Deus; conversão espiritual, a partir do encontro com a pessoa de Jesus, que é a referência, ponto de partida e de chegada, insistindo na importância da Palavra de Deus e do testemunho pessoal de vida. “As palavras podem convencer, mas é o testemunho que arrasta”, enfatizou dom Pedro Cipollini. Ele defendeu a necessidade de uma mudança racional e emocional, e para isso se faz necessário “aprender a dar adeus a coisas antigas que já cumpriram sua missão e acolher o novo que está chegando neste Sínodo”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Padre é condenado a mais de 40 anos de prisão por assédio sexual contra mulheres
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Abusos aconteceram em Santa Luiza, na Grande BH. José Carlos Pereira é também dono de dois colégios e de uma faculdade na cidade.
Padre é condenado a mais de 40 anos de prisão por assédio sexual contra mulheres — Foto: Reprodução/TV Globo
Por MG2, TV Globo — Belo Horizonte
O padre José Carlos Pereira, acusado de abusar sexualmente de mulheres em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi condenado a 43 anos de prisão.
Dono de dois colégios e uma faculdade, em 2021, o padre foi acusado de importunação sexual e assédio a, pelo menos, onze mulheres que trabalhavam nas instituições de ensino.
Segundo uma das vítimas, José Carlos chegou a beijá-la à força. Uma outra disse disse que o religioso sempre se aproximava às sextas-feiras com alguma forma de abuso.
Desde o início das investigações, o padre está afastado das funções religiosas. Na época, a Arquidiocese de Belo Horizonte informou que, "assim que tomou conhecimento das denúncias, procurou agir com rapidez, mas com prudência, se inteirando do processo, em diálogo com as instâncias oficiais, o que exige respeito a prazos de instituições e agentes do direito".
O g1 não conseguiu contato com a defesa de José Carlos Pereira.
Mulheres que denunciam padre por importunação e assédio sexual prestam depoimento
Em novembro de 2021, o g1 Minas mostrou que 11 mulheres denunciaram o padre José Carlos Pereira, por importunação e assédio sexual, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Uma das vítimas disse que o religioso sempre se aproximava às sextas-feiras com alguma forma de assédio ou importunação.
À época, a TV Globo ouviu uma mulher, que contou que começou a ser assediada no início da adolescência.
"Quando eu tinha por volta de 12, 13 anos, eu trabalhava na casa paroquial. E ele na época ainda não era padre. E ele chegava perto da gente, ficava abraçando, escorregava a mão pelo seio. E muitas vezes, eu tirava a mão dele. Mas depois, eu comecei a achar estranho. No início, eu achava que era acidente. Depois, eu comecei a ficar desconfortável e, por fim, eu comecei a segurar a mão dele. Eu trabalhei na casa paroquial por uns três meses e saí de lá", relatou.
Uma outra vítima, que também prestou queixa contra o padre, contou que está sendo difícil reviver o trauma, que marcou para sempre sua vida.
"A gente frequentou a igreja a vida inteira. E ele, com o tempo, mesmo a gente mais nova, ele tinha a mania de sempre sentar a gente no colo, ficar fazendo carinho. A mão deslizava pra onde não devia. Isso era um abuso. Só que as pessoas têm medo de denunciar, de falar alguma coisa, até de morrer", contou. Fonte: https://g1.globo.com
Quinta-feira, 17 de outubro-2024. 28ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, sempre nos preceda e acompanhe a vossa graça para que estejamos sempre atentos ao bem que devemos fazer. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 47-54)
Naquele tempo disse Jesus: 47Ai de vós, que edificais sepulcros para os profetas que vossos pais mataram. 48Vós servis assim de testemunhas das obras de vossos pais e as aprovais, porque em verdade eles os mataram, mas vós lhes edificais os sepulcros. 49Por isso, também disse a sabedoria de Deus: Enviar-lhes-ei profetas e apóstolos, mas eles darão a morte a uns e perseguirão a outros. 50E assim se pedirá conta a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo, 51desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e o templo. Sim, declaro-vos que se pedirá conta disso a esta geração! 52Ai de vós, doutores da lei, que tomastes a chave da ciência, e vós mesmos não entrastes e impedistes aos que vinham para entrar. 53Depois que Jesus saiu dali, os escribas e fariseus começaram a importuná-lo fortemente e a persegui-lo com muitas perguntas, 54armando-lhe desta maneira ciladas, e procurando surpreendê-lo nalguma palavra de sua boca.
3) Reflexão Lucas 11,47-54
Novamente, pela enésima vez, o evangelho de hoje fala do conflito entre Jesus e as autoridades religiosas da época.
Lucas 11,47-48: Ai de vocês, que constroem túmulos para os profetas
“Ai de vocês, porque constroem túmulos para os profetas; no entanto, foram os pais de vocês que os mataram. Com isso, vocês são testemunhas e aprovam as obras dos pais de vocês, pois eles mataram os profetas, e vocês constroem os túmulos”. Mateus diz que se trata de escribas e fariseus (Mt 23,19). O raciocínio de Jesus é claro. Se os pais mataram os profetas e os filhos construíram os túmulos, é porque os filhos aprovaram o crime dos pais. Além disso, todo mundo sabe que profeta morto não incomoda. Deste modo os filhos tornam-se testemunhas e cúmplices no mesmo crime (cf. Mt 23,29-32).
Lucas 11,49-51: Pedir contas do sangue derramado desde a criação do mundo
“É por isso que a sabedoria de Deus disse: 'Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão, a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário'. Sim, eu digo a vocês: pedirão contas disso a esta geração”. Comparado com o evangelho de Mateus, Lucas costuma oferecer uma versão abreviada do texto de Mateus. Mas aqui ele acrescentou a observação: “derramado desde a criação do mundo, desde o sangue de Abel”. Ele fez a mesma coisa com a genealogia de Jesus. Mateus, que escrevia para os judeus convertidos, começa em Abraão (Mt 1,1.2.17), enquanto Lucas vai até Adão (Lc 3,38). Lucas universaliza e inclui os pagãos, pois escreve o seu evangelho para os pagãos convertidos. A informação sobre o assassinato de Zacarias no Templo é dada pelo livro das Crônicas: “Então o espírito de Deus se apoderou de Zacarias, filho do sacerdote Joiada. Ele se dirigiu ao povo e disse: "Assim fala Deus: Por que é que vocês estão desobedecendo aos mandamentos de Javé? Vocês vão se arruinar. Vocês abandonaram Javé, e ele também os abandona!" Então eles se reuniram contra o profeta e, por ordem do rei, o apedrejaram no pátio do Templo de Javé”. (2Cr 24,20-21). Jesus conhecia a história do seu povo até nas minúcias. Ele sabe que vai ser o próximo na lista de Abel até Zacarias. Até hoje a lista continua aberta. Muita gente é morta pela causa da justiça e da verdade.
Lucas 11,52: Ai de vocês, especialistas em leis
“Ai de vocês, especialistas em leis, porque vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar". Fecham o Reino como? Eles pensam ter o monopólio da ciência a respeito de Deus e da lei de Deus e impõem o seu modo de ver aos outros, sem deixar margem para um pensamento diferente. Apresentam Deus apenas como juiz severo e em nome de Deus impõem leis e normas que não têm nada a ver com os mandamentos de Deus, falsificam a imagem do Reino e matam nos outros o desejo de servir a Deus e ao Reino. Uma comunidade que se organiza ao redor deste falso deus “não entra no Reino”, nem é expressão do Reino, e impede que seus membros entrem no Reino. É importante notar a diferença entre Mateus e Lucas. Mateus fala da entrada no Reino do céu e a frase é redigida na forma verbal do presente: "Ai de vocês, doutores da Lei e fariseus hipócritas! Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que desejam” (Mt 23,13). A expressão entrar no Reino do Céu pode significar entrar no céu depois da morte, mas é mais provável que se trate da entrada na comunidade ao redor de Jesus e nas comunidades dos primeiros cristãos. Lucas fala da chave da ciência e a frase é redigida na forma verbal do passado. Lucas simplesmente consta que a pretensão dos escribas de possuir a chave da ciência a respeito de Deus e da lei de Deus impediu a eles de reconhecer Jesus como Messias e impediu que o povo judeu reconhecesse Jesus como messias: Vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar.
Lucas 11,53-54: Reação contra Jesus
A reação das autoridades religiosas contra Jesus foi imediata. “Quando Jesus saiu daí, os doutores da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca”. Considerando-se os únicos intérpretes verdadeiros da lei de Deus, tentam provocar Jesus em torno da interpretação da Bíblia para poder pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca. Assim, continua e cresce a oposição contra Jesus e cresce o desejo de elimina-lo (Lc 6,11; 11,53-54; 19,48; 20,19-20; 22,2).
4) Para um confronto pessoal
1) Muitas pessoas que queriam entrar foram impedidos de entrar ou deixaram de crer por causa de atitudes ante-evangélicas de sacerdotes. Você tem experiência neste ponto?
2) Os escribas começaram a criticar Jesus que pensava e agia diferente deles. Não é difícil encontrar motivos para criticar quem pensa diferente de nós. Você tem experiência neste ponto?
5) Oração final
O Senhor fez conhecer a sua salvação. Manifestou sua justiça à face dos povos. Lembrou-se de sua bondade e de sua fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra puderam ver a salvação de nosso Deus. (Sl 97, 2-3)
Quinta-feira, 10 de outubro-2027. 27º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis no vosso imenso amor de Pai mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que ousamos pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 11, 5-13)
5Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, 6pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; 7e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães; 8eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar. 9E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 10Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá. 11Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente? 12Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião? 13Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem.
3) Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao assunto da oração, iniciado ontem com o ensinamento do Pai Nosso (Lc 11,1-4). Hoje Jesus ensina que devemos rezar com fé e insistência, sem esmorecer. Para isto ele usa uma parábola provocador
Lucas 11,5-7: A parábola que provoca
Como de costume, quando ele tem uma coisa importante para ensinar, Jesus recorre a uma comparação, uma parábola. Hoje ele nos conta uma história curiosa que termina em pergunta, e ele dirige esta pergunta ao povo que o escutava e também a nós que hoje lemos ou escutamos a história: "Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: 'Amigo, me empreste três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele'. Será que lá de dentro o outro responderia: 'Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?” Antes de Jesus mesmo dar a resposta, ele quer que você dê a sua opinião. O que você responderia: sim ou não?
Lucas 11,8: Jesus mesmo responde à provocação
Jesus dá a sua resposta: “Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita”. Se não fosse Jesus, será que você teria a coragem de inventar uma história na qual se sugere que Deus atende às nossas orações para ver-se livre da amolação? A resposta de Jesus reforça a mensagem sobre a oração, a saber: Deus atende sempre à nossa oração. Esta parábola lembra a outra, também em Lucas, da viúva que insiste em conseguir seus direitos junto ao juiz ateu que não se importa com Deus nem com a justiça e que atende à viúva não porque quer ser justo, mas porque quer ver-se livre da amolação da mulher (Lc 18,3-5). Em seguida, Jesus tira duas conclusões para aplicar a mensagem da parábola na vida.
Lucas 11,9-10: A primeira aplicação da Parábola
“Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! Pois, todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta”. Pedir, procurar, bater! Jesus não coloca condição. Se você pedir, vai receber. Se você procurar, vai encontrar. Se você bater na porta, ela vai ser aberta. Jesus não diz quanto tempo vai durar o pedir, o buscar, o bater, mas é certo que vai ter resultado.
Lucas 11,11-12: A segunda aplicação da parábola
“Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião?” Esta segunda aplicação deixa transparecer o público que escutava as palavras de Jesus e também o jeito de ele ensinar em forma de diálogo. Ele pergunta: “Vocês que são pais, quando o filho pede um peixe, vocês dão uma cobra?” O povo responde: “Não!” –“E se pede um ovo, vocês dão um escorpião?” -“Não!” Por meio do diálogo, Jesus envolve as pessoas na comparação e, pela resposta que recebe delas, ele as compromete com a mensagem da parábola.
Lucas 11,13: A mensagem: receber o dom do Espírito Santo
“Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem." O dom máximo que Deus tem para nós é o dom do Espírito Santo. Quando fomos criados, ele soprou o seu espírito nas nossas narinas e nós nos tornamos um ser vivente (Gn 2,7). Na segunda criação através da fé em Jesus, ele nos dá novamente o Espírito, o mesmo Espírito que fez com que a Palavra se encarnasse em Maria (Lc 1,35). Com a ajuda do Espírito Santo, o processo da encarnação da Palavra continuou até à hora da morte da Cruz. No fim, na hora da morte, Jesus devolveu o Espírito ao Pai: “Em tuas mãos entrega o meu espírito” (Lc 23,46). É este Espírito que Jesus nos prometeu como fonte de verdade e de compreensão (Jo 14,14-17; 16,13), e como ajuda no meio das perseguições (Mt 10,20; At 4,31). Este Espírito não se compra a preço de dinheiro nos shoppingcentros. A única maneira de consegui-lo é através da oração. Foram nove dias de oração que conseguiu o dom abundante do Espírito no dia de Pentecostes (At 1,14; 2,1-4).
4) Para um confronto pessoal
1) Como você responde à provocação da parábola? Uma pessoa que vive num apartamento pequeno em cidade grande, como ela responderia? Abriria a porta?
2) Quando você reza, reza com a convicção de conseguir o que pede?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembléia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
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