PRESIDÊNCIA DA CNBB PEDE UNIÃO DOS CRISTÃOS CATÓLICOS NO AMPARO ÀS FAMÍLIAS ENLUTADAS E DESABRIGADAS, VÍTIMAS DAS CHUVAS EM PETRÓPOLIS (RJ)
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A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou mensagem nesta quarta-feira, 16 de fevereiro, por ocasião das fortes chuvas que caíram em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, provocando dezenas de mortes.
A presidência afirmou que a tragédia envolve-nos em profunda tristeza. “Essa consternação toca a nossa fé cristã, impelindo-nos a agir solidariamente. Unamo-nos, em comunhão, a dom Gregório Paixão e ao amado povo de Deus na diocese de Petrópolis. As nossas preces levam o nome de cada irmão e irmã, vítimas dessa tragédia, ao coração de Jesus”, diz.
Na sequência, a presidência convoca todos a testemunhar a fé, exercendo a solidariedade:
“Pedimos a cada cristão católico, aos homens e mulheres de boa vontade, que se compadeçam daqueles que perderam o pouco que possuíam, vítimas da tragédia climática. Especialmente, levemos amparo às famílias enlutadas e desabrigadas. A nossa Igreja já se mobiliza para ajudar. Sigamos todos juntos”.
O texto diz, ainda, que este clamor por iniciativas de amparo às vítimas precisa ser acolhido especialmente por governantes. “Trata-se de compromisso cristão e irrenunciável tarefa daqueles que ocupam cargos nas instâncias do poder. Petrópolis pede ajuda urgentemente!”, exorta.
“Convictos de que somos corresponsáveis uns pelos outros, possamos exercer a amizade social, conforme sempre nos orienta o amado Papa Francisco. Assim, ainda mais firmemente, seguiremos os passos de nosso Mestre Jesus”.
Confira a mensagem da presidência na íntegra:
Brasília-DF, 16 de fevereiro de 2022
Saúde e paz, amados e amadas de Deus!
A tragédia provocada pelas fortes chuvas na cidade de Petrópolis (RJ), com dezenas de mortes, envolve-nos em profunda tristeza. Essa consternação toca a nossa fé cristã, impelindo-nos a agir solidariamente. Unamo-nos, em comunhão, a Dom Gregório Paixão e ao amado povo de Deus na Diocese de Petrópolis. As nossas preces levam o nome de cada irmão e irmã, vítimas dessa tragédia, ao coração de Jesus. Somos todos convocados a testemunhar a nossa fé, exercendo a solidariedade: pedimos a cada cristão católico, aos homens e mulheres de boa vontade, que se compadeçam daqueles que perderam o pouco que possuiam, vítimas da tragédia climática. Especialmente, levemos amparo às famílias enlutadas e desabrigadas. A nossa Igreja já se mobiliza para ajudar. Sigamos todos juntos.
Este clamor por iniciativas de amparo às vítimas precisa ser acolhido especialmente por governantes – trata-se de compromisso cristão e irrenunciável tarefa daqueles que ocupam cargos nas instâncias do poder. Petrópolis pede ajuda urgentemente!
Convictos de que somos corresponsáveis uns pelos outros, possamos exercer a amizade social, conforme sempre nos orienta o amado Papa Francisco. Assim, ainda mais firmemente, seguiremos os passos de nosso Mestre Jesus.
Fraterno abraço, com muito apreço,
- Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte, MG
Presidente
- Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre, RS
1º Vice-Presidente
- Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima, RR
2º Vice-Presidente
- Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro, RJ
Secretário-Geral
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Quinta-feira, 17 de fevereiro-2022. 6ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 8, 27-33)
Naquele tempo, 27Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: Quem dizem os homens que eu sou? 28Responderam-lhe os discípulos: João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas. 29Então perguntou-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou? Respondeu Pedro: Tu és o Cristo. 30E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele. 31E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias. 32E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo. 33Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.
3) Reflexão Mc 8,27-33
O Evangelho de hoje fala da cegueira de Pedro que não entende a proposta de Jesus quando este fala do sofrimento e da cruz. Pedro aceita Jesus como messias, mas não como messias sofredor. Ele está influenciado pelo “fermento de Herodes e dos fariseus”, isto é, pela propaganda do governo da época que só falava do messias como rei glorioso. Pedro parecia cego. Não enxergava nada e ainda queria que Jesus fosse como ele, Pedro, o queria. Para entender bem todo o alcance desta cegueira de Pedro é importante coloca-la no seu contexto literário.
Contexto literário: O evangelho de Marcos traz três anúncios da paixão e morte de Jesus: o primeiro em Marcos 8,27-38; o segundo em Mc 9,30-37 e o terceiro em Mc 10,32-45. Este conjunto, que vai de Mc 8,27 até Mc 10,45, é uma longa instrução de Jesus aos discípulos para ajuda-los a superar a crise provocada pela Cruz. A instrução é introduzida pela cura de um cego (Mc 8,22-26) e, no fim, é encerrada pela cura de outro cego (Mc 10,46-52). Os dois cegos representam a cegueira dos discípulos. A cura do primeiro cego foi difícil. Jesus teve que realizá-la em duas etapas. Igualmente difícil era a cura da cegueira dos discípulos. Jesus teve que fazer uma longa explicação a respeito do significado da Cruz para ajudá-los a enxergar, pois era a cruz que estava provocando neles a cegueira. Vejamos de perto a primeira cura do cego:
Marcos 8,22-26: A primeira cura do cego.
Trouxeram um cego, pedindo que Jesus o curasse. Jesus o curou, mas de um jeito diferente. Primeiro, ele o levou para fora do povoado. Em seguida, cuspiu nos olhos dele, impôs as mãos e perguntou: Você está vendo alguma coisa? O homem responde: Vejo pessoas; parecem árvores que andam! Enxergava só uma parte. Trocava árvore por gente, ou gente por árvore! Foi só na segunda tentativa que Jesus o curou. Esta descrição da cura do cego introduz a instrução aos discípulos. Na realidade, o cego era Pedro. Ele aceitava Jesus como messias, mas só como messias glorioso. Enxergava só uma parte! Não queria o compromisso da Cruz! Será também em várias tentativas que Jesus vai curar a cegueira dos discípulos.
Marcos 8,27-30. Levantamento da realidade: Quem diz o povo que eu sou?.
Jesus perguntou: “Quem diz o povo que eu sou?”. Eles responderam relatando as várias opiniões: -“João Batista”. -“Elias ou um dos profetas”. Depois de ouvir as opiniões dos outros, Jesus perguntou: “E vocês, quem dizem que eu sou?”. Pedro respondeu: “O senhor é o Cristo, o Messias!” Isto é, o Senhor é aquele que o povo está esperando! Jesus concordou com Pedro, mas proibiu de falar sobre isto ao povo. Por que Jesus proibiu? É que naquele tempo, todos esperavam a vinda do messias, mas cada um do seu jeito: uns como rei, outros como sacerdote, doutor, guerreiro, juiz, profeta! Ninguém parecia estar esperando o messias servidor e sofredor, anunciado por Isaías (Is 42,1-9).
Marcos 8,31-33. Primeiro anúncio da paixão.
Em seguida, Jesus começa a ensinar que ele é o Messias Servidor e afirma que, como o Messias Servidor anunciado por Isaías, será preso e morto no exercício da sua missão de justiça (Is 49,4-9; 53,1-12). Pedro leva susto, chama Jesus de lado para desaconselhá-lo. E Jesus responde a Pedro: “Vá embora Satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as dos homens!” Pedro pensava ter dado a resposta certa. De fato, ele disse a palavra certa: “Tu és o Cristo!” Mas não lhe deu o sentido certo. Pedro não entendeu Jesus. Era como o cego. Trocava gente por árvore! A resposta de Jesus foi duríssima: “Vá embora, Satanás!” Satanás é uma palavra hebraica que significa acusador, aquele que afasta os outros do caminho de Deus. Jesus não permite que alguém o afaste da sua missão. Literalmente, o texto diz: “Atrás de mim, Satanás!” Pedro deve seguir Jesus. Não deve inverter os papeis e pretender que Jesus siga a Pedro.
4) Para um confronto pessoal
1) Acreditamos todos em Jesus. Mas um entende Jesus de um jeito, outro o entende de outro jeito. Qual é, hoje, a imagem mais comum que o povo tem de Jesus? Qual a resposta que o povo daria hoje à pergunta de Jesus? E eu que resposta dou?
2) O que nos impede hoje de reconhecer Jesus como o Messias?
5) Oração final
Bendirei continuamente ao Senhor, seu louvor não deixará meus lábios. Glorie-se a minha alma no Senhor; ouçam-me os humildes, e se alegrem. (Sl 33, 2-3)
Padre renuncia após a anulação de milhares de batismos por causa de frase proferida de forma errada por ele
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Um padre católico no Arizona (EUA) renunciou depois de descobrir que milhares dos seus batismos haviam se tornado inválidos porque ele usou a frase errada.
O padre Andrés Arango deixou seu posto na Igreja Católica de São Gregório em Phoenix depois de oferecer suas desculpas "sinceras" por usar a "fórmula incorreta" durante cerimônias realizadas nos últimos 25 anos. De acordo com a Agência Católica de Notícias, o padre Arango serviu na Diocese de São Salvador (Bahia) no fim da década de 1990. Ele também serviu na Califórnia (EUA).
Escrevendo aos paroquianos, o bispo de Phoenix, Thomas Olmsted, citou uma nota emitida pela vigilância litúrgica do Vaticano que invalida os batismos conferidos com as palavras "Nós vos batizamos em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
O documento de 2020 da Congregação para a Doutrina da Fé esclareceu que a fórmula correta começa com "Eu", em vez de "Nós", relata a Agência Católica de Notícias.
"O problema de usar 'nós' é que não é a comunidade que batiza uma pessoa, mas é Cristo, e sozinho, que preside a Ele todos os sacramentos, e então é Cristo Jesus quem batiza", explicou o bispo Olmsted.
"Não acredito que o padre Andrés tenha intenção de prejudicar os fiéis ou privá-los da graça do batismo e dos sacramentos", continuou a autoridade eclesiástica, descrevendo o erro como sendo "tão difícil de ouvir quanto é difícil para eu anunciar".
"Em nome de nossa Igreja local, também lamento sinceramente que esse erro tenha resultado na interrupção da vida sacramental de vários fiéis. É por isso que me comprometo a tomar todas as medidas necessárias para remediar a situação de todos os afetados", finalizou ele. Fonte: https://extra.globo.com
Terça-feira, 15 de fevereiro-2022. 6ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 8, 14-21)
Naquele tempo, 14Aconteceu que eles haviam esquecido de levar pães consigo. Na barca havia um único pão. 15Jesus advertiu-os: Abri os olhos e acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes! 16E eles comentavam entre si que era por não terem pão. 17Jesus percebeu-o e disse-lhes: Por que discutis por não terdes pão? Ainda não tendes refletido nem compreendido? Tendes, pois, o coração insensível? 18Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais mais? 19Ao partir eu os cinco pães entre os cinco mil, quantos cestos recolhestes cheios de pedaços? Responderam-lhe: Doze. 20E quando eu parti os sete pães entre os quatro mil homens, quantos cestos de pedaços levantastes? Sete, responderam-lhe. 21Jesus disse-lhes: Como é que ainda não entendeis?
3) Reflexão Mc 8,14-21
O Evangelho de ontem falava do mal-entendido entre Jesus e os fariseus. O evangelho de hoje fala do mal-entendido entre Jesus e os discípulos e mostra como o “fermento dos fariseus e de Herodes” (religião e governo), tinha tomado conta da cabeça dos discípulos a ponto de eles não entenderem mais nada da Boa Nova.
Marcos 8,14-16: Cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes
Jesus adverte os discípulos: “Cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes”. Mas eles não entendem as palavras de Jesus. Acham que ele falou assim por eles terem esquecido de comprar pão. Jesus fala uma coisa e eles entendem outra. Este desencontro era resultado da influência insidiosa do “fermento dos fariseus” na cabeça e na vida dos discípulos.
Marcos 8,17-18ª: As perguntas de Jesus
Diante desta falta quase total de percepção nos discípulos, Jesus faz uma série de perguntas rápidas, sem esperar uma resposta. Perguntas duras que evocam coisas muito sérias e revelam uma total incompreensão por parte dos discípulos. Por incrível que pareça, os discípulos chegaram num ponto em que já não se diferenciavam dos inimigos de Jesus. Anteriormente, Jesus tinha ficado triste com a “dureza de coração” dos fariseus e dos herodianos (Mc 3,5). Agora, os próprios discípulos têm o “coração endurecido” (Mc 8,17). Anteriormente, “os de fora” (Mc 4,11) não entendiam as parábolas, porque “tinham olhos e não enxergavam, ouvidos e não escutavam” (Mc 4,12). Agora, os próprios discípulos já não entendem mais nada, porque “tem olhos e não enxergam, ouvidos e não escutam” (Mc 8,18). Além disso, a imagem do “coração endurecido” evocava a dureza de coração do povo do AT que sempre se desviava do caminho. Evocava ainda o coração endurecido do faraó que oprimia e perseguia o povo (Ex 4,21; 7,13; 8,11.15.28; 9,7...). A expressão “tem olhos e não vêem, ouvidos e não ouvem” evocava não só o povo sem fé, criticado por Isaías (Is 6,9-10), mas também os adoradores dos falsos deuses, dos quais o salmo dizia: “eles têm olhos e não vêem, têm ouvidos e não ouvem” (Sl 115,5-6).
Marcos 18b-21: As duas perguntas sobre o pão
As duas perguntas finais tratam da multiplicação dos pães: Quantos cestos recolheram na primeira vez? Doze! E na segunda vez? Sete! Como os fariseus, os discípulos, apesar de terem colaborado ativamente na multiplicação dos pães, não chegaram a compreender o seus significado. Jesus termina: "E vocês ainda não compreendem?" A maneira de Jesus lançar todas estas perguntas, uma depois da outra, quase sem esperar pela resposta, parece uma ruptura. Revela um desencontro muito grande. Qual a causa deste desencontro?
A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos
A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos não foi a má vontade deles. Os discípulos não eram como os fariseus. Estes também não entendiam, mas neles havia malícia. Eles usavam a religião para criticar e condenar Jesus (Mc 2,7.16.18.24; 3,5.22-30). Os discípulos, porém, eram gente boa. Não tinham má vontade. Pois, mesmo sendo vítimas do “fermento dos fariseus e dos herodianos”, eles não estavam interessados em defender o sistema dos fariseus e dos herodianos contra Jesus. Então, qual era a causa? A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos tinha a ver com a esperança messiânica. Havia entre os judeus uma grande variedade de expectativas messiânicas. De acordo com as diferentes interpretações das profecias, havia gente que esperava um Messias Rei (cf. Mc 15,9.32). Outros, um Messias Santo ou Sacerdote (cf. Mc 1,24). Outros, um Messias Guerrilheiro subversivo (cf. Lc 23,5; Mc 15,6; 13,6-8). Outros, um Messias Doutor (cf. Jo 4,25; Mc 1,22.27). Outros, um Messias Juiz (cf. Lc 3,5-9; Mc 1,8). Outros, um Messias Profeta (6,4; 14,65). Ao que parece, ninguém esperava pelo Messias Servidor, anunciado pelo profeta Isaías (Is 42,1; 49,3; 52,13). Eles não se lembravam de valorizar a esperança messiânica como serviço do povo de Deus à humanidade. Cada um, conforme os seus próprios interesses e conforme a sua classe social, aguardava o Messias, querendo encaixá-lo na sua própria esperança. Por isso, o título Messias, dependendo da pessoa ou da posição social, podia significar coisas bem diferentes. Havia muita confusão de idéias! E é nesta atitude de Servidor que está a chave que vai acender uma luz na escuridão dos discípulos e que vai ajudá-los a se converter. Só mesmo aceitando o Messias como sendo o Servo Sofredor de Isaías, eles seriam capazes de abrir os olhos e de entender o Mistério de Deus em Jesus.
4) Para um confronto pessoal
1) Qual é hoje o fermento dos fariseus e de Herodes para nós? O que significa hoje, para mim, ter o “coração endurecido”?
2) O fermento de Herodes e dos fariseus impedia os discípulos de entender a Boa Nova. Será que hoje a propaganda da televisão nos impede de entender a Boa Nova de Jesus?
5) Oração final
Quando penso: Vacilam-me os pés, sustenta-me, Senhor, a vossa graça. Quando em meu coração se multiplicam as angústias, vossas consolações alegram a minha alma. (Sl 93, 18-19)
Sexta-feira, 11 de fevereiro-2022. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 31-37)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 31Jesus deixou de novo as fronteiras de Tiro e foi por Sidônia ao mar da Galileia, no meio do território da Decápole. 32Ora, apresentaram-lhe um surdo-mudo, rogando-lhe que lhe impusesse a mão. 33Jesus tomou-o à parte dentre o povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a língua com saliva. 34E levantou os olhos ao céu, deu um suspiro e disse-lhe: Éfeta!, que quer dizer abre-te! 35No mesmo instante os ouvidos se lhe abriram, a prisão da língua se lhe desfez e ele falava perfeitamente. 36Proibiu-lhes que o dissessem a alguém. Mas quanto mais lhes proibia, tanto mais o publicavam. 37E tanto mais se admiravam, dizendo: Ele fez bem todas as coisas; fez que ouçam os surdos e falem os mudos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, Jesus cura um surdo que gaguejava. Este episódio é pouco conhecido. No episódio da Mulher Cananéia, Jesus ultrapassou as fronteiras do território nacional e acolheu uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. A mesma abertura continua no evangelho de hoje.
Marcos 7,31. A região da Decápole
“Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole”. Decápole significa, literalmente, Dez Cidades. Era uma região de dez cidades ao sudeste da Galileia, cuja população era pagã.
Marcos 7,31-35. Abrir o ouvido e soltar a língua.
Um surdo gago é levado a Jesus. O jeito de curar é diferente. O povo queria que Jesus apenas impusesse as mãos sobre ele. Mas Jesus foi muito além do pedido. Ele levou o homem para longe da multidão, colocou os dedos nas orelhas e com saliva tocou na língua, olhou para o céu, fez um suspiro profundo e disse: “Éfata!”, isto é, “Abra-se!” No mesmo instante, os ouvidos do surdo se abriram, a língua se desprendeu e o homem começou a falar corretamente. Jesus quer que o povo abra o ouvido e solte a língua!
Marcos 7,36-37: Jesus não quer publicidade.
“Jesus recomendou com insistência que não contassem nada a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. Estavam muito impressionados e diziam: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". Ele proíbe a divulgação da cura, mas não adiantou. Quem teve experiência de Jesus, vai contar para os outros, queira ou não queira! As pessoas que assistiram á cura começaram a proclamar o que tinham visto e resumiram a Boa Notícia assim: "Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar". Esta afirmação do povo faz lembrar a criação, onde se diz: “Deus viu que tudo era muito bom!” (Gn 1,31). E evoca ainda a profecia de Isaías, onde este diz que no futuro os surdos vão ouvir e os mudos vão falar (Is 29,28; 35,5. cf Mt 11,5).
A recomendação de não contar nada a ninguém.
Às vezes, se exagera a atenção que o evangelho de Marcos atribui à proibição de divulgar a cura, como se Jesus tivesse um segredo a ser preservado. Na maioria das vezes que Jesus faz um milagre, ele não pede silêncio. Uma vez até pediu publicidade (Mc 5,19). Algumas vezes, porém, ele dá ordem para não divulgar a cura (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26), mas ele obtém o resultado contrário. Quanto mais proíbe, tanto mais a Boa Nova se espalha (Mc 1,28.45; 3,7-8; 7,36-37). Não adianta proibir! Pois a força interna da Boa Nova é tão grande que ela se divulga por si mesma!
Abertura crescente no evangelho de Marcos
Ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Assim, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Na sua passagem pela Decápole, região pagã, Jesus atende ao pedido do povo do lugar e cura um surdo gago. Ele não tem medo de contaminar-se com a impureza de um pagão, pois ao curá-lo, toca-lhe os ouvidos e a língua. Enquanto as autoridades dos judeus e os próprios discípulos têm dificuldades de escutar e entender, um pagão que era surdo e gago passa a ouvir e a falar pelo toque de Jesus. Lembra o cântico do servo “O Senhor Iahweh abriu-me os ouvidos e eu não fui rebelde” (Is 50,4-5). Ao expulsar os vendedores do templo, Jesus critica o comércio injusto e afirma que o templo deve ser casa de oração para todos os povos (Mc 11,17). Na parábola dos vinhateiros homicidas, Marcos faz alusão ao fato de que a mensagem será tirada do povo eleito, os judeus, e será dada aos outros, aos pagãos (Mc 12,1-12). Depois da morte de Jesus, Marcos apresenta a profissão de fé de um pagão ao pé da cruz. Ao citar o centurião romano e seu reconhecimento de Jesus como Filho de Deus, está dizendo que o pagão é mais fiel do que os discípulos e mais fiel do que os judeus (Mc 15,39). A abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
4) Para um confronto pessoal
- Jesus teve muita abertura para as pessoas de outra raça, de outra religião e de outros costumes. Será que nós cristãos hoje temos a mesma abertura? Será que eu tenho?
- Definição da Boa Nova: “Jesus fez bem todas as coisas!” Sou Boa Nova de Deus para os outros?
5) Oração final
Cantai ao Senhor um cântico novo. Cantai ao Senhor, terra inteira. Cantai ao Senhor e bendizei o seu nome, anunciai cada dia a salvação que ele nos trouxe. (Sl 95, 1-2)
Quinta-feira, 10 de fevereiro-2022. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 24-30)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 24Em seguida, deixando aquele lugar, Jesus foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, 25pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés. 26(Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. 27Disse-lhe Jesus: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães. 28Mas ela respondeu: É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos. 29Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha. 30Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No Evangelho de hoje, veremos como Jesus atende a uma mulher estrangeira de outra raça e de outra religião, o que era proibido pela lei religiosa daquela época. Inicialmente, Jesus não queria atendê-la, mas a mulher insistiu e conseguiu o que ela queria: a cura da filha.
Jesus vai tentando abrir a mentalidade dos discípulos e do povo para além da visão tradicional. Na multiplicação dos pães, ele tinha insistido na partilha (Mc 6,30-44). Na discussão sobre o puro e o impuro, tinha declarado puros todos os alimentos (Mc 7,1-23). Agora, neste episódio da Mulher Cananéia, ele ultrapassa as fronteiras do território nacional e acolhe uma mulher estrangeira que não era do povo e com a qual era proibido conversar. Estas iniciativas de Jesus, nascidas da sua experiência de Deus como Pai, eram estranhas para a mentalidade do povo da época. Jesus ajuda o povo a abrir sua maneira de experimentar Deus na vida.
Marcos 7.24: Jesus sai do território
No evangelho de ontem (Mc 7,14-23) e de anteontem (Mc 7,1-13), Jesus tinha criticado a incoerência da “Tradição dos Antigos” e tinha ajudado o povo e os discípulos a sair da prisão das leis da pureza. Aqui, em Mc 7,24, ele sai da Galileia. Parece querer sair da prisão do território e da raça. Estando no estrangeiro, ele não quer ser conhecido. Mas a sua fama já tinha chegado antes. O povo ficou sabendo e faz apelo a Jesus.
Marcos 7.25-26: A situação
Uma mulher chega perto e começa a pedir pela filha doente. Marcos diz explicitamente que ela era de outra raça e de outra religião. Isto é, era uma pagã. Ela se lança aos pés de Jesus e começa a suplicar pela cura da filha que estava possuída por um espírito impuro. Os pagãos não tinham problema em recorrer a Jesus. Os judeus é que tinham problemas em conviver com os pagãos!
Marcos 7.27: A resposta de Jesus
Fiel às normas da sua religião, Jesus diz que não convém tirar o pão dos filhos e dar aos cachorrinhos. Frase dura. A comparação vinha da vida em família. Até hoje, criança e cachorro é o que mais tem nos bairros pobres. Jesus afirma uma coisa certa: nenhuma mãe tira o pão da boca dos filhos para dar aos cachorrinhos. No caso, os filhos eram o povo judeu e os cachorrinhos, os pagãos. Na época do AT, por causa da rivalidade entre os povos, um povo costumava chamar o outro povo de “cachorro” (1Sam 17,43). Nos outros evangelhos Jesus explica o porque da sua recusa: “Não fui enviado a não ser para as ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24). Ou seja: “O Pai não quer que eu atenda à senhora!”
Marcos 7,28: A reação da mulher
Ela concorda com Jesus, mas amplia a comparação e a aplica ao caso dela: “É verdade, Jesus! Mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa das crianças!” É como se dissesse: “Se sou cachorrinho, então tenho o direito dos cachorrinhos, a saber, as migalhas me pertencem!” Ela simplesmente tirou as conclusões da parábola que Jesus contou e mostrou que, até na casa de Jesus, os cachorrinhos comiam das migalhas que caíam da mesa das crianças. E na “casa de Jesus”, isto é, na comunidade cristã, a multiplicação do pão para os filhos foi tão abundante que estavam sobrando doze cestos (Mc 6,42) para os “cachorrinhos”, isto é, para ela, para os pagãos!
Marcos 7,29-30: A reação de Jesus:
“Pelo que disseste: Vai! O demônio saiu da tua filha!” Nos outros evangelhos se explicita: “Grande é a tua fé! Seja feito como queres!” (Mt 15,28). Se Jesus atende ao pedido da mulher, é porque compreendeu que, agora, o Pai queria que ele acolhesse o pedido dela. Este episódio ajuda a perceber algo do mistério que envolvia a pessoa de Jesus e como ele convivia com o Pai. Era observando as reações e as atitudes das pessoas, que Jesus descobria a vontade do Pai nos acontecimentos da vida,. A atitude da mulher abriu um novo horizonte na vida de Jesus. Através dela, ele descobriu melhor que o projeto do Pai é para todos os que buscam a vida e procuram libertá-la das cadeias que aprisionam a sua energia. Assim, ao longo das páginas do evangelho de Marcos há uma abertura crescente em direção aos outros povos. Deste modo, Marcos leva os leitores e as leitoras a abrir-se, aos poucos, para a realidade do mundo ao redor e a superar os preconceitos que impediam a convivência pacífica entre os povos. Esta abertura para os pagãos aparece de maneira muito clara na ordem final dada por Jesus aos discípulos, depois da sua ressurreição: ”Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
4) Para um confronto pessoal
- Como você faz, concretamente, para conviver em paz com pessoas de outras igrejas cristãs ou com espíritas? No bairro onde você vive tem gente de outras religiões? Quais? Você conversa normalmente com pessoas de outra religião?
- 2. Qual a abertura que este texto pede de nós, hoje, na família e na comunidade?
5) Oração final
Felizes aqueles que observam os preceitos, aqueles que, em todo o tempo, fazem o que é reto. Lembrai-vos de mim, Senhor, pela benevolência que tendes com o vosso povo. Assisti-me com o vosso socorro. (Sl 105, 3-4)
Quarta-feira, 9 de fevereiro-2022. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 14-33)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: Ouvi-me todos, e entendei. 15Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa manchar; mas o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 16[bom entendedor meia palavra basta.] 17Quando deixou o povo e entrou em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe acerca da parábola. 18Respondeu-lhes: Sois também vós assim ignorantes? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode tornar impuro, 19porque não lhe entra no coração, mas vai ao ventre e dali segue sua lei natural? Assim ele declarava puros todos os alimentos. E acrescentava: 20Ora, o que sai do homem, isso é que mancha o homem. 21Porque é do interior do coração dos homens que procedem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. 23Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje é a continuação do assunto que meditamos ontem. Jesus ajuda o povo e os discípulos a entender melhor o significado da pureza diante de Deus. Desde séculos, os judeus, para não contrair impureza, observavam muitas normas e costumes relacionados com comida, bebida, roupa, higiene do corpo, lavagem de copos, contato com pessoas de outra religião e raça, etc (Mc 7,3-4) Eles eram proibidos de entrar em contato com os pagãos e de comer com eles. Nos anos 70, época de Marcos, alguns judeus convertidos diziam: “Agora que somos cristãos temos que abandonar estes costumes antigos que nos separam dos pagãos convertidos!” Mas outros achavam que deviam continuar na observância destas leis da pureza (cf Col 2,16.20-22). A atitude de Jesus, descrita no evangelho de hoje, ajudava-os a superar o problema.
Marcos 7,14-16: Jesus abre um novo caminho para o povo se aproximar de Deus
Ele diz para a multidão: “Não há nada no exterior do ser humano que, entrando nele, possa torná-lo impuro!” (Mc 7,15). Jesus inverte as coisas: o impuro não vem de fora para dentro, como ensinavam os doutores da lei, mas sim de dentro para fora. Deste modo, ninguém mais precisa se perguntar se esta ou aquela comida ou a bebida é pura ou impura. Jesus coloca o puro e o impuro num outro nível, no nível do comportamento ético. Ele abre um novo caminho para chegar até Deus e, assim, realiza o desejo mais profundo do povo.
Marcos 7,17-23: Em casa, os discípulos pedem explicação
Os discípulos não entenderam bem o que Jesus queria dizer com aquela afirmação. Quando chegaram em casa pediram uma explicação. Jesus estranhou a pergunta dos discípulos. Pensava que eles tivessem entendido a parábola. Na explicação aos discípulos ele vai até ao fundo da questão da pureza. Declara puros todos os alimentos! Ou seja, nenhum alimento que de fora entra no ser humano pode torná-lo impuro, pois não vai até o coração, mas vai para o estômago e acaba na fossa. Mas o que torna impuro, diz Jesus, é aquilo que de dentro do coração sai para envenenar o relacionamento humano. E ele enumera: prostituição, roubo, assassinato, adultério, ambição, etc. Assim, de muitas maneiras, pela palavra, pelo toque e pela convivência, Jesus foi ajudando as pessoas a ver e obter a pureza de outra maneira. Pela palavra, purificava os leprosos (Mc 1,40-44), expulsava os espírito impuros (Mc 1,26.39; 3,15.22 etc), e vencia a morte que era a fonte de toda a impureza. Pelo toque em Jesus, a mulher excluída como impura ficou curada (Mc 5,25-34). Sem medo de contaminação, Jesus comia junto com as pessoas consideradas impuras (Mc 2,15-17).
As leis da pureza no tempo de Jesus
O povo daquela época tinha uma grande preocupação com a pureza. A lei e as normas da pureza indicavam as condições necessárias para alguém poder comparecer diante de Deus e se sentir bem na presença dele. Não se podia comparecer diante de Deus de qualquer jeito. Pois Deus é Santo. A Lei dizia: “Sede santos, porque eu sou santo!” (Lv 19,2). Quem não era puro não podia chegar perto de Deus para receber dele a bênção prometida a Abraão. A lei do puro e do impuro (Lv 11 a 16) foi escrita depois do cativeiro da Babilônia, cerca de 800 anos depois do Êxodo, mas tinha suas raízes na mentalidade e nos costumes antigos do povo da Bíblia. Uma visão religiosa e mítica do mundo levava o povo a apreciar as coisas, as pessoas e os animais, a partir da categoria da pureza (Gn 7,2; Dt 14,13-21; Nm 12,10-15; Dt 24,8-9).
No contexto da dominação persa, séculos V e IV antes de Cristo, diante da dificuldade para reconstruir o templo de Jerusalém e para a própria sobrevivência do clero, os sacerdotes que estavam no governo do povo da Bíblia ampliaram as leis da pureza e a obrigação de oferecer sacrifícios de purificação pelo pecado. Assim, depois do parto (Lv 12,1-8), da menstruação (Lv 15,19-24) ou da cura de uma hemorragia (Lv 15,25-30), as mulheres tinham que oferecer sacrifícios para recuperar a pureza. Pessoas leprosas (Lv 13) ou que entravam em contato com coisas e animais impuros (Lv 5,1-13) também deviam oferecer sacrifícios. Uma parte destas oferendas ficava para os sacerdotes (Lv 5,13).
No tempo de Jesus, tocar em leproso, comer com publicano, comer sem lavar as mãos, e tantas outras atividades, etc.: tudo isso tornava a pessoa impura, e qualquer contato com esta pessoa contaminava os outros. Por isso, as pessoas “impuras” deviam ser evitadas. O povo vivia acuado, sempre ameaçado pelas tantas coisas impuras que ameaçavam sua vida. Era obrigado a viver desconfiado de tudo e de todos. Agora, de repente, tudo mudou! Através da fé em Jesus, era possível conseguir a pureza e sentir-se bem diante de Deus sem que fosse necessário observar todas aquelas leis e normas da “Tradição dos Antigos”. Foi uma libertação! A Boa Nova anunciada por Jesus tirou o povo da defensiva, do medo, e lhe devolveu a vontade de viver, a alegria de ser filho e filha de Deus, sem medo de ser feliz!
4) Para um confronto pessoal
- Na sua vida há costumes que você considera sagrados e outros que considera não sagrados? Quais? Por que?
- Em nome da Tradição dos Antigos os fariseus esqueciam o Mandamento de Deus. Isto acontece hoje? Onde e quando? Também na minha vida?
5) Oração final
Vem do Senhor a salvação dos justos, que é seu refúgio no tempo da provocação. O Senhor os ajuda e liberta; arranca-os dos ímpios e os salva, porque se refugiam nele. (Sl 36)
Terça-feira, 8 de fevereiro-2019. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 7, 1-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 1Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham se reunido em torno dele. 2E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. 3(Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; 4e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal.) 5Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras? 6Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos (29,13). 8Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens. 9E Jesus acrescentou: Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe; Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto. 11Vós, porém, dizeis: Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta, 12e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje fala dos costumes religiosos daquele tempo e dos fariseus que ensinavam tais costumes ao povo. Por exemplo, comer sem lavar as mãos ou, como eles diziam, comer com mãos impuras. Muitos destes costumes estavam desligados da vida e tinham perdido o seu sentido. Mesmo assim, estes costumes eram conservados e ensinados, ou por medo, ou por superstição. O Evangelho traz algumas instruções de Jesus a respeito destes costumes.
Marcos 7,1-2: Controle dos fariseus e liberdade dos discípulos.
Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, observavam como os discípulos de Jesus comiam pão com mãos impuras. Aqui há três pontos que merecem ser assinalados: 1) Os escribas eram de Jerusalém, da capital! Significa que tinham vindo para observar e controlar os passos de Jesus. 2) Os discípulos não lavavam as mãos para comer! Significa que a convivência com Jesus os levou a criar coragem para transgredir normas que a tradição impunha ao povo, mas que já não tinham sentido para a vida. 3) O costume de lavar as mãos, que, até hoje, continua sendo uma norma importante de higiene, tinha tomado para eles um significado religioso que servia para controlar e discriminar as pessoas.
Marcos 7,3-4: A Tradição dos Antigos
“A Tradição dos Antigos” transmitia as normas que deviam ser observadas pelo povo para conseguir a pureza exigida pela lei. A observância da pureza era um assunto muito sério para o povo daquele tempo. Eles achavam que uma pessoa impura não podia receber a bênção prometida por Deus a Abraão. As normas de pureza eram ensinadas para abrir o caminho até Deus, fonte da paz. Na realidade, porém, em vez de serem uma fonte de paz, as normas eram uma prisão, um cativeiro. Para os pobres, era praticamente impossível observar as centenas de normas, costumes e leis. Por isso, eles eram desprezados como gente ignorante e maldita que não conhece a lei (Jo 7,49).
Marcos 7,5: Escribas e fariseus criticam o comportamento dos discípulos de Jesus
Os escribas e fariseus perguntam a Jesus: Por que os teus discípulos não se comportam conforme a tradição dos antigos e comem o pão com as mãos impuras? Eles fingem estar interessados em conhecer o porquê do comportamento dos discípulos. Na realidade, criticam Jesus por ele permitir que os discípulos transgridam as normas da pureza. Os fariseus formavam uma espécie de irmandade, cuja principal preocupação era observar todas as leis da pureza. Os escribas eram os responsáveis pela doutrina. Ensinavam as leis referentes à observância da pureza.
Marcos 7,6-13 Jesus critica a incoerência dos fariseus
Jesus responde citando Isaías: Este povo me honra só com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (cf. Is 29,13). Insistindo nas normas da pureza, os fariseus esvaziavam os mandamentos da lei de Deus. Jesus cita um exemplo concreto. Eles diziam: a pessoa que oferecer ao Templo os seus bens, não pode usar esses bens para ajudar os pais necessitados. Assim, em nome da tradição esvaziavam o quarto mandamento que manda amar pai e mãe. Tais pessoas pareciam muito observantes, mas era só por fora. Por dentro, o coração delas fica longe de Deus! Como diz o canto: “Seu nome é Jesus Cristo e passa fome, e vive à beira das calçadas. E a gente quando vê passa adiante, às vezes, para chegar depressa à igreja!”. No tempo de Jesus, o povo, na sua sabedoria, não concordava com tudo que se ensinava. Esperava que, um dia, o Messias viesse indicar um outro caminho para alcançar a pureza. Em Jesus se realiza esta esperança.
4) Para um confronto pessoal
- Conhece algum costume religioso de hoje que já não tem muito sentido, mas que continua sendo ensinado?
- Os fariseus eram judeus praticantes mas sua fé estava desligada da vida da vida do povo. Por isso, Jesus os criticou. E hoje, Jesus nos criticaria? Em que?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso vosso nome em toda a terra! Vossa majestade se estende, triunfante, por cima de todos os céus. Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? (Sl 8, 2.5a)
Segunda-feira, 7 de fevereiro-2022. 5ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Velai, ó Deus, sobre a vossa família, com incansável amor; e, como só confiamos na vossa graça, guardai-nos sob a vossa proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 53-56)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 53Navegaram para o outro lado e chegaram à região de Genesaré, onde aportaram. 54Assim que saíram da barca, o povo o reconheceu. 55Percorrendo toda aquela região, começaram a levar, em leitos, os que padeciam de algum mal, para o lugar onde ouviam dizer que ele se encontrava. 56Onde quer que ele entrasse, fosse nas aldeias ou nos povoados, ou nas cidades, punham os enfermos nas ruas e pediam-lhe que os deixassem tocar ao menos na orla de suas vestes. E todos os que tocavam em Jesus ficavam sãos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O texto do Evangelho de hoje é a parte final do conjunto mais amplo de Marcos 6,45-56 que compreende três assuntos diferentes: 1) Jesus sobe sozinho a montanha para rezar (Mc 6,45-46). 2) Em seguida, andando sobre as águas, ele vai ao encontro dos discípulos que lutam contra as ondas do mar (Mc 6,47-52). 3) Agora, no evangelho de hoje, estando já em terra Jesus é procurado pelo povo que a cura das suas enfermidades (Mc 6,53-56).
Marcos 6,53-56. A busca do povo.
“Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus”. O povo vai em massa atrás de Jesus. Eles vêm de todos os lados, carregando seus doentes. O que chama a atenção é o entusiasmo do povo que reconheceu Jesus e vai atrás dele. O que o move nesta busca de Jesus não é só o desejo de encontrar-se com ele, de estar com ele, mas também o desejo de obter a cura das suas doenças. “Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados”. O evangelho de Mateus comenta e ilumina este fato citando a figura do Servo de Javé, do qual Isaías diz: “Carregou sobre si as nossas enfermidades” (Is 53,4 e Mt 8,16-17)
Ensinar e curar, curar e ensinar. Desde o começo da sua atividade apostólica, Jesus anda por todos os povoados da Galileia para falar ao povo sobre o Reino de Deus que estava chegando (Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-lo, ele fala e transmite a Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra nos sábados (Mc 1,21; 3,1; 6,2); em reuniões informais nas casas de amigos (Mc 2,1.15; 7,17; 9,28; 10,10); andando pelo caminho com os discípulos (Mc 2,23); ao longo do mar na praia, sentado num barco (Mc 4,1); no deserto para onde se refugiou e onde o povo o procurava (Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de onde proclamou as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde povo carregava seus doentes (Mc 6,55-56); no Templo de Jerusalém, por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (Mc 14,49)! Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (Mc 2,13; 4,1-2; 6,34). Era o costume dele (Mc 10,1). O povo ficava admirado (Mc 12,37; 1,22.27; 11,18) e o procurava em massa.
Na raiz deste grande entusiasmo do povo estava, de um lado, a pessoa de Jesus que chamava e atraía, e, de outro lado, o abandono do povo que era como ovelha sem pastor (cf. Mc 6,34). Em Jesus, tudo era revelação daquilo que o animava por dentro! Ele não só falava sobre Deus, mas também o revelava. Comunicava algo do que ele mesmo vivia e experimentava. Ele não só anunciava a Boa Nova do Reino. Ele mesmo era uma amostra, um testemunho vivo do Reino. Nele aparecia aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar, tomar conta de sua vida. O que vale não são só as palavras, mas também e sobretudo o testemunho, o gesto concreto. Esta é a Boa Nova do Reino que atrai!
4) Para um confronto pessoal
- O entusiasmo do povo em busca de Jesus, em busca de um sentido para a vida e uma solução para os seus males. Onde existe isto hoje? Existe em você, existe em mim?
- O que chama a atenção é a atitude carinhosa de Jesus para com os pobres e abandonados. E eu, como me comporto com as pessoas excluídas da sociedade?
5) Oração final
Ó Senhor, quão variadas são as vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes. Bendize, ó minha alma, ao Senhor! (Sl 103, 24.35c)
PESCADOR DE HOMENS
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Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)
O grande Papa São João Paulo II, ao terminar o Grande Jubileu, quando pareciam limitadas as suas forças, ao invés de ficar estancado diante dos grandes problemas da humanidade, estimulou a Igreja e todas as pessoas de boa vontade, com palavras fortes na Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte (1): “Quando se encerra o Grande Jubileu, em que celebramos os dois mil anos do nascimento de Jesus, e um novo percurso de estrada se abre para a Igreja, ressoam no nosso coração as palavras com que um dia Jesus, depois de ter falado às multidões a partir da barca de Simão, convidou o Apóstolo a ‘avançar para águas mais profundas’ para a pesca (Lc 5, 4). Pedro e os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e lançaram as redes. ‘Assim fizeram e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam’ (Lc 5, 6). ‘Avança para águas mais profundas’! Estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente, abrir-se com confiança ao futuro: ‘Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre’ (Hb 13, 8)”. À distância de tantos anos, maiores são os desafios e maior a confiança que deve brotar em nós, justamente quando a Igreja proclama o mesmo texto de São Lucas (Lc 5, 1-11) na liturgia que estamos para celebrar neste final de semana.
O sucessor de Pedro, Papa Francisco, lança continuamente apelos à Igreja para que se ponha em marcha, com nova coragem e novas energias. A América Latina e o Caribe celebraram a Primeira Assembleia Eclesial do Continente, como desejo de reavivar o espírito da Conferência de Aparecida e na perspectiva do Jubileu Guadalupano de 2031, assim como o Jubileu da Redenção em 2033, numa magnífica experiência de sinodalidade – caminhar juntos – para “comunicar por um transbordamento de alegria a alegria do encontro com Jesus Cristo, para que nele tenhamos vida plena” (Conferência de Aparecida). No horizonte, aflora a realização do Sínodo, convocado pelo Papa para 2023, com um significativo processo de participação e corresponsabilidade. E nossa Igreja de Belém, após um intervalo suscitado pela pandemia, retoma agora o caminho de seu Primeiro Sínodo Arquidiocesano, com o tema “Belém, Igreja de portas abertas” e o lema “A cidade de encheu de alegria”. Tudo isso na tarefa de repensar e relançar a missão evangelizadora, num caminho de conversão missionária e maior responsabilidade pastoral.
“A sinodalidade é o caminho, algo que pertence à essência da Igreja, e é por isso que se insiste que ‘não é uma moda passageira ou um slogan vazio’. É algo que nos fez aprender a caminhar juntos, envolvendo a todos. Agora é uma questão de levá-lo às comunidades, às bases, e assim se mostra o compromisso de seguir o caminho, aprendendo e criando, em um itinerário pastoral que busca a conversão missionária e sinodal. Podemos dizer que o caminho foi traçado, agora precisamos da coragem de enfrentá-lo, sem esquecer algo que não é negociável: todos temos que estar juntos”. Assim se expressou a mensagem final da grande Assembleia Eclesial.
A atividade evangelizadora da Igreja exige continuamente um chamado à unidade. E é uma graça especial para nós cristãos termos um ponto de construção dessa unidade, que é o sucessor de Pedro, nosso Papa Francisco, com a missão atual de ser “pescador de homens”, tarefa que, na devida proporção, deve ser de cada cristão. Com ele, desejamos percorrer juntos o caminho.
O Pedro de então, pescador profissional, acolhe a palavra de um carpinteiro, que não tinha nada de pescador. Tudo começa com um ato de fé! “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, pela tua palavra, lançarei as redes” (Lc 5, 5). Jesus é Mestre e Senhor, e Simão Pedro percorre mais uma etapa de sua vocação. Não lhe bastou deixar as redes para ir atrás de Jesus! Ele deve lançá-las de novo e de um modo diferente. A lógica de Deus tantas vez nos surpreende, pois somos chamados a apostar tudo na palavra de um outro! O Pedro de hoje é muitas vezes criticado e questionado, julgado e desrespeitado. Entretanto, se queremos ser católicos, é na força de sua fé e convicção que deveremos lançar as redes outra vez. E não basta fazer as mesmas coisas e assumir as mesmas atitudes. É hora de descobrir novos caminhos, nova linguagem, nova postura, sem perder a fidelidade àquilo que é essencial em nossa fé. Lançadas as redes, o milagre acontece. Quem aposta na unidade com o Papa experimentará os frutos, pois verá suas palavras e atitudes incidirem no coração das pessoas.
Simão Pedro se declarou pecador, pedindo até que o Senhor se afastasse dele. Não foram poucas as vezes em que o Papa Francisco, nosso Pedro de hoje, afirmou ser frágil e pecador, como todos nós o somos. Várias vezes a imprensa estampou imagens do Papa na Basílica de São Pedro dirigindo-se a um confessionário! E alguém pode perguntar a respeito da infalibilidade do Papa! Ele é infalível quando proclama uma verdade de fé, exercendo o ministério petrino que lhe foi confiado. Como pessoa humana, carece do perdão, por ser pecador e frágil como qualquer pessoa. Isso nos é altamente consolador, inclusive para que ninguém dê desculpas quando chamado a uma tarefa na Igreja. E todos os sucessores de Pedro são chamados a deixar tudo para ser pescadores de homens, e impressiona o modo com que o Papa Francisco realiza este serviço, sendo o primeiro numa Igreja em saída, com espírito missionário e disposição para o diálogo com o mundo inteiro.
A unidade se realiza em cada Igreja Particular, em cada Paróquia ou Comunidade, nas Pastorais, nos Movimentos Eclesiais. Todos os cristãos, e pensemos em nossa Arquidiocese, haverão de reconhecer, malgrado a fragilidade que existe também no seu Pastor e Bispo, que ele é o ponto de referência de unidade. Se não se vê o Bispo com espírito de fé, nem mesmo será possível ajudá-lo na superação de fraquezas ou correção de rumos, coisa que cada cristão pode e deve fazer, com espírito de caridade. Nossa Igreja se comprometa mais e mais, neste tempo de Sínodo, com o espírito de unidade e comunhão! Fonte: https://www.cnbb.org.br
A PESCA MILAGROSA: DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS EM SAÍDA.
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Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)
A liturgia do quinto domingo do tempo comum apresenta a pesca milagrosa depois que o Senhor disse aos discípulos de lançarem as redes para águas mais profundas. Nós podemos entender essas palavras de Jesus no sentido de sermos discípulos missionários em saída. É preciso partir para a ousadia, fazer bem e melhor a missão que o Senhor nos confiou na família, na comunidade e na sociedade. Os resultados serão melhores, porque tudo é feito em unidade com o Senhor. Jesus é o missionário do Pai, por excelência, pois ele revelou a importância do amor de Deus e do amor fraterno.
Jesus estava junto ao lago de Genesaré e a multidão ia ao seu encontro para ouvir a Palavra de Deus, a boa nova da evangelização. Jesus era o verdadeiro Mestre de modo que ele ensinava as multidões de forma diferente dos mestres da Lei. Simão Pedro e seus companheiros não pescaram nada naquela noite, de modo que Jesus disse a eles avançarem para águas mais profundas. Eles apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Como Pedro e outros companheiros sentiram-se espantados, Jesus disse que os faria pescadores de homens, de pessoas humanas (Lc 5,10). É o Reino de Deus que toma o rumo certo em Jesus e com os seus discípulos1.
O Papa Francisco coloca a importância a todos os fieis para serem discípulos missionários em saída. A atitude de avançar para águas mais profundas especifica a nossa missão de ir à busca de outros mares, outros lugares ou mesmo em nossas comunidades e paróquias, de modo que sejamos uma Igreja em saída. Vejamos em seguida, como os padres da Igreja vivenciaram a dimensão da missão na vida cristã, na qual Cristo ensinou aos seus discípulos e hoje esta é dada a todos nós.
A Igreja forma o corpo de Cristo.
Santo Agostinho, bispo do século IV, em Hipona, no Norte africano, dizia que a Igreja por graça de Deus, estende-se em todas as partes do mundo. Ela é o único corpo de uma só e mesma cabeça, que é o Salvador mesmo, como disse o Apóstolo Paulo (cf. Ef 5,23; Cl 1,18). A palavra do profeta referia que o Senhor seja exaltado acima dos céus (Sl 56,12). Após a sua exaltação, a Igreja se espalhou em diversos lugares e marca presença, em toda a terra, trazendo abundantes frutos. O bispo de Hipona exortou a todos os fieis a buscarem a unidade em vista da missão2.
A obra missionária.
São Gregório Magno, papa, séculos VI e VII falou da obra missionária que estava ocorrendo na Britânia, hoje é a Inglaterra. Ele enviou um monge que depois se tornou bispo, Agostinho, ao anunciar o evangelho de Jesus Cristo aos Anglos. Ele recomendou a ele para a construção de templos e altares ao Senhor Deus para que assim a obra missionária fosse acolhida por aquele povo3.
A importância da tradição cristã.
Tertuliano, padre de Cartago, séculos II e III, afirmou a importância da difusão do evangelho de Jesus ajudado pela tradição cristã. Ele colocou o valor do batismo por ordem do Senhor na qual o fiel renuncia ao demônio e as suas seduções, e depois as pessoas cristãs eram imersas por três vezes dando algumas respostas que o Senhor prescreveu a elas a partir do evangelho do Senhor. Havia também a recepção da unção. As pessoas também recebiam a eucaristia que o Senhor deu para os seus discípulos e a todas as pessoas que crerem nele. Os fiéis tinham presentes as ofertas para as pessoas necessitadas4. A missão era feita na comunidade.
A estrutura imperial.
Orígenes, padre alexandrino, séculos II e III afirmou que o Senhor preparou as nações na colhida do seu ensinamento evangélico, submetendo-as todas ao único soberano, o Imperador de Roma e impedindo que o isolamento das mesmas por causa da pluralidade dos reinos, não tornasse mais difícil aos apóstolos assumir a ordem de Cristo de ir e de fazer discípulos seus todos os povos (Mt 28,19). Desta forma a estrutura imperial ajudou na divulgação do evangelho de Jesus Cristo às nações5.
A fé em Cristo Jesus dos povos e a presença do Espírito Santo.
São Leão Magno, papa, século V, afirmou que a fé em Cristo, reforçada pelo dom do Espírito Santo não fez temer as pessoas, as cadeias, as prisões, o exílio, a fome e também os suplícios dos cruéis perseguidores do evangelho. Por esta fé e decisão de muitas fiéis não somente homens, mas também mulheres não só moços, mas também moças fizeram com que combatessem até a efusão de seu sangue, a vivência do evangelho de Jesus Cristo nas suas realidades. Eles e Elas viveram muitas vezes, a paixão do Senhor, na esperança da feliz ressurreição junto com o Senhor Jesus que está sentado à direita do Pai6.
O anúncio dos dons de Deus ao mundo.
Santo Ambrósio, bispo de Milão, século IV disse que o anúncio dos dons de Deus aos povos do mundo tornou-os melhores na vida cotidiana. As virtudes, como a moderação, em unidade com a misericórdia do Senhor, propagada pela Igreja, fruto do sangue de Cristo, imitando os dons celestes; está em unidade com a redenção de todos os seres humanos, na certeza de prosseguir este fim salutar com tanta descrição que o coração das pessoas sustenta a mente e dá grande força à alma7.
O Senhor Jesus Cristo nos envia para a missão na realidade atual. Assim como ele pediu para os discípulos avançarem para águas mais profundas, faz hoje o mesmo convite para que nós saiamos de uma vida cômoda, para irmos ao mundo anunciar o evangelho de Jesus Cristo, o amor à Igreja, os sacramentos, a vida comunitária. A missão é dada pela construção da Igreja templo, e pela Igreja povo de Deus. A pesca milagrosa ocorrerá em nosso meio, pela presença de Deus Uno e Trino e pelo povo de Deus a nós confiado. Fonte: https://www.cnbb.org.br
SUICÍDIO ENTRE OS PADRES. POR ONDE COMEÇAR?
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O clero católico brasileiro amanheceu sem mais um dos seus filhos sacerdotes...
Quando falamos de suicídio, estamos diante de um fenômeno humano complexo. Nunca existe um só fator ou causa para explicar tal ato. Não cabe encontrar culpados. Existem inúmeras mortes por detrás de uma morte tão trágica. A prevenção do suicídio enfoca uma estrutura criada para identificar intervenções eficazes e alinhá-las com os chamados ‘fatores de risco’.
Quais são os fatores de riscos para os padres brasileiros? Quais são as estratégias (ainda que primárias) a nível de prevenção? Quando será feito um estudo a nível nacional por parte da conferência episcopal brasileira? As dioceses, a partir de suas pastorais presbiterais, não poderiam iniciar um estudo a nível local? Fato é que já tarda um programa nacional de saúde emocional e mental para o clero brasileiro.
Por onde começar? Formação inicial, Seminários! Educação e conscientização sobre a saúde mental. Inteligência emocional e resiliência precisam entrar na grade curricular e nos programas de formação. O que existe neste sentido nas chamadas ‘ratios’? Nada se sabe sobre comportamentos humanos, sentimentos, emoções, conhecimento de si mesmo...Os futuros padres vivem numa bolha litúrgica e acadêmica, são analfabetos emocionais.
Quem acompanhar após a ordenação? Os mais frágeis, os que pedem socorro pelas redes sociais, os que comumente são abandonados por seus superiores e colegas, os que estão mais afastados geograficamente e presbiteralmente. A pandemia só acentuou a fragilidade humana do clero! O que está sendo feito a nível pessoal, irmão presbítero? O que está sendo feito a nível diocesano, senhor bispo?
Rastrear os indivíduos, oferecer suportes e intervir na vulnerabilidade podem ser os três movimentos iniciais na prevenção do comportamento suicida sacerdotal.
O Padre Geraldo escreveu sua carta de despedida no último dia 21, vindo tirar sua própria vida no dia primeiro deste mês. Ele teve exatamente 10 dias. Onde faltamos aqui? Onde estava sua rede de apoio? O que faltou? Quanto sofrimento essa alma deve ter carregado nestes últimos dias?
O suicídio dele é diferente (quanto à forma) de todos os outros dez padres do ano passado, e de todos os outros dos anos passados. Padre Geraldo, que completou 50 anos de sacerdócio no mês passado, escolheu a igreja como local de sua dolorosa e solitária páscoa. Ele, de braços abertos, tendo tomado veneno, morre sozinho, dentro da Paróquia. O que essa morte escolhida, tem a nos dizer? Por que sozinho? Por que o veneno? Por que dentro da igreja? Por que aquela carta?
O suicídio do Padre Geraldo traz luz a muitos aspectos: O sofrimento psíquico dos presbíteros brasileiros, o lugar do padre idoso no Brasil, a fraternidade presbiteral, o cuidado episcopal para com os mais velhos, os devidos cuidados humanos e pastorais para com os padres que não são mais párocos, o acompanhamento psíquico e psiquiátricos dos padres, etc.
Irmão sacerdote, você é o protagonista da tua vida! Você é o primeiro responsável pela tua saúde mental, emocional, física e espiritual. Não se prenda a jurisdição eclesiástica, a normas que oprimem, sufocam, desumanizam e adoecem! Deixe a paróquia, mas não se mate! Não espere que o bispo ou que o outro padre percebam tua dor ou leiam tua carta. Eles podem estar ocupados por demais contando suas côngruas, construindo suas obras, gozando suas férias e alimentando as redes sociais...
Você é padre, você é ser humano, você é filho de Deus! Reze, ame; mas se ame, se priorize, mude de diocese, de congregação, volte para casa de seus pais, vai para um mosteiro, entregue seus cargos eclesiásticos, peça um ano sabático, escreva sua renúncia, procure um diretor espiritual, um terapeuta e um médico, mas por favor, não se mate. Você não é o Padre Pio! Você não é Maximiliano Kolbe, nem João Paulo II. Você em breve será esquecido, outros estarão pastoralmente no teu lugar, o mundanismo e a psicopatologia continuarão nos três graus da ordem, tua foto irá para internet até quando conhecermos, infelizmente, o segundo padre suicida de 2022 no Brasil...
Irmão padre, escolhe, pois a Vida!
Padre Simeão do Espírito Santo
Apresentação do Senhor, 2022
Suicídio do padre - Bispo agredido na porta do cemitério
- Detalhes
O bispo da diocese de Nazaré da Mata, Pernambuco, Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, precisou de proteção policial para sair do cemitério, após o enterro do padre Geraldo de Oliveira, em Surubim, PE. Aparentemente, o padre Geraldo tirou a própria vida dentro da Igreja de São Sebastião, anteontem. Deixou uma carta-testamento de quatro páginas, responsabilizando dois colegas de sacerdócio pelo ato. O conflito era antigo. A população xingou o bispo de assassino, omisso, e atirou palavras de baixo calão. O prelado chegou a ser puxado pelas vestes.
BISPO ADMITE SUICÍDIO
O constrangimento de D. Francisco era visível ao longo do dia.
A família curvou-se às evidências e mesmo sem o parecer definitivo da Polícia, admitiu o que toda a população do Agreste de Pernammbuco acha que aconteceu: o auto assassinato do padre Geraldo de Oliveira, anteontem, na igreja de São Sebastião, em Surubim, PE. A fala do bispo Dom Francisco na missa exequial ( de expiação) celebrada hoje à tarde na igreja onde aconteceu a tragédia, não mencionou suicídio. Mas todo o sentido das palavras ditas com insegurança, conduziam a essa constatação. A polícia também não trabalha com outra hipótese. Entretanto, as dúvidas em torno do caso não apenas permanecem. Aumentam a cada instante.
PADRES ACUSADOS FOGEM
Os padres Severino e Amaro, da paróquia de São Sebastião, em Surubim, foram duramente acusados pelo padre Geraldo de Oliveira em sua carta-testamento como responsáveis pela situação insustentável em que se encontrava. As humilhações e agressões sofridas por ele foram o provável motivo de sua morte. Após a divulgação do teor da carta, ambos sumiram do município. Onde estão? Fugiram? Estão sendo escondidos pela diocese? Essa fuga é mais um mistério que cerca uma morte inusitada, aparentemente fácil de decifrar porém cercada de dúvidas por todos os lados. Os indícios levam à conclusão que a polícia elegeu como única hipótese a investigar: suicídio.
Pessoas que acompanharam a perícia e o levantamento do corpo comentaram que o padre, encontrado entre dois bancos da igreja, com a cabeça apoiada em travesseiro, trazia uma denúncia adicional. Colado na sua barriga um papel indicava que os padres Severino e Amaro eram os responsáveis por aquela situação. Não há registro oficial de que tenham sido ouvidos pela polícia.
A CARTA
Uma sobrinha do padre morto fez duras acusações aos companheiros de batina citados.
A missa de corpo presente, celebrada ontem em São Caetano, onde ainda residem os parentes mais próximos do falecido, teve tanta gente que a igreja matriz não comportou. A cerimônia foi realizada do lado de fora, no alto das escadarias. De lá, a sobrinha confessou que o tio tinha lhe entregue a carta no final de dezembro, com orientação expressa para que fosse encaminhada ao bispo Dom Francisco no dia 31 de janeiro. Nesse dia, o padre Severino celebrou sua última missa. Depois, pediu ao sacristão para fechar a igreja e deixar a porta da torre aberta, ordem que não foi obedecida. Ao lado do corpo estavam uma bolsa contendo uma corda, o que sugere uma possível opção pelo enforcamento. Também foram encontrados no lixeiro do recinto uma garrafa de champagne quebrada e dois recipientes que supostamente continham veneno.
CONDUTA
No seu discurso em tom sereno porém firme e seguro, em São Caetano, a sobrinha garantiu que não tinha lido o documento, apesar de autorizada pelo tio. Apenas, segundo disse, tirou cópias que deveriam ser dirigidas a cerca de 30 pessoas de Surubim. Assegurou ainda que os dois sacerdotes, Severino e Amaro, apontados como contumazes molestadores e agressores pelo morto na sua carta, teriam sua conduta espiritual julgada por Deus. Mas os seus atos como pessoas teriam que ser punidos nesta terra e para tal a família iria adotar os procedimentos jurídicos cabíveis. Em Surubim, tomada pela emoção, a representante da família não conseguiu falar.
SUPOSIÇÕES
Antes mesmo do início da missa, circulavam rumores de que o bispo teria conversado com a moça, tentando convencê-la a baixar o tom contra os padres acusados. Pelo sim, pelo não, a fala não aconteceu.
COMOÇÃO
A chegada do corpo em Surubim provocou uma enorme comoção. Centenas de coroas de flores foram enviadas pelos paroquianos. Todos os atos foram acompanhados por uma multidão emocionada.
AUTÓPSIA
Até o fechamento desta edição, a polícia Pernambucana ainda não tinha divulgado o laudo oficial da autópsia, realizada ontem no Instituto de Medicina Legal, no Recife.
RIVALIDADES E DIVERGÊNCIAS
A carta-testamento, de quatro páginas, dirigida ao padre Severino Correia da Silva e à comunidade, relata rivalidades, divergências, agressões leves, discriminação, mágoas. Um conjunto de motivos isoladamente sem maior gravidade. Na verdade, um mosaico pouco edificante. Porém insuficiente para conduzir o padre Geraldo a um desfecho trágico e totalmente inesperado.
QUEM ERA
O padre Geraldo de Oliveira, de 77 anos, estava aposentado mas ainda fazia celebrações e um reconhecido trabalho social. Era religioso há cinco décadas, comemoradas no último dia 2 de janeiro. Há 27 anos ele morava em Surubim. Antes, foi pároco nas cidades de Agrestina e São Caetano, em Pernambuco. Também foi professor de Filosofia da extinta faculdade Fafica, em Caruaru.
Uma das marcas da sua atuação era o trabalho social. Ele construiu 78 casas em Surubim e outras 20 em Nazaré da Mata para famílias carentes. Realizava também, de forma permanente, campanhas para doação de cestas básicas, colchões e roupas. Nestas ações filantrópicas, contava com a colaboração de amigos que residem na Alemanha, país que visitava regularmente.
Devoto de Padre Cícero, criou a Missa dos Romeiros em Surubim e na cidade vizinha de João Alfredo.
ESCLARECIMENTOS
Depois da perícia, muitas perguntas deverão ser respondidas. Foi mesmo envenenamento ? (o povo fala no uso do popular chumbinho, veneno para ratos). Quem foi responsável pela administração da substância? Onde foi adquirida e por quem? O padre Geraldo tinha notórios problemas de visão além de grande dificuldade para o uso de equipamentos eletrônicos. Quem digitou e imprimiu a carta? Ele mesmo? Ou contou com a ajuda de um terceiro? A sobrinha garante que recebeu a carta já digitada, para tirar cópias e remeter. Como não leu, não desconfiou das intenções do tio. Alguém praticou ou ajudou na consumação do ato? Mistérios a serem esclarecidos com a ação cautelosa e criteriosa da polícia. Fonte: https://www.jornalopoder.com.br
Sexta-feira, 4 de fevereiro-2022. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do Dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 14-29)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 14O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tornara célebre. Dizia-se: João Batista ressurgiu dos mortos e por isso o poder de fazer milagres opera nele. 15Uns afirmavam: É Elias! Diziam outros: É um profeta como qualquer outro. 16Ouvindo isto, Herodes repetia: É João, a quem mandei decapitar. Ele ressuscitou! 17Pois o próprio Herodes mandara prender João e acorrentá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. 18João tinha dito a Herodes: Não te é permitido ter a mulher de teu irmão. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém. 20Pois Herodes respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia. 21Chegou, porém, um dia favorável em que Herodes, por ocasião do seu natalício, deu um banquete aos grandes de sua corte, aos seus oficiais e aos principais da Galileia. 22A filha de Herodíades apresentou-se e pôs-se a dançar, com grande satisfação de Herodes e dos seus convivas. Disse o rei à moça: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23E jurou-lhe: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja a metade do meu reino. 24Ela saiu e perguntou à sua mãe: Que hei de pedir? E a mãe respondeu: A cabeça de João Batista. 25Tornando logo a entrar apressadamente à presença do rei, exprimiu-lhe seu desejo: Quero que sem demora me dês a cabeça de João Batista. 26O rei entristeceu-se; todavia, por causa da sua promessa e dos convivas, não quis recusar. 27Sem tardar, enviou um carrasco com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi, decapitou João no cárcere, 28trouxe a sua cabeça num prato e a deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29Ouvindo isto, os seus discípulos foram tomar o seu corpo e o depositaram num sepulcro. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Marcos 6,14-29
O evangelho de hoje descreve como João Batista foi vítima da corrupção e da prepotência do Governo de Herodes. Foi morto sem processo, durante um banquete de Herodes com os grandes do reino. O texto traz muitas informações sobre o tempo em que Jesus vivia e sobre a maneira como era exercido o poder pelos poderosos da época. Desde o começo do evangelho de Marcos ficou um suspense. Ele tinha dito: “Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia e começou a anunciar a Boa Nova de Deus!” (Mc 1,14). No evangelho de hoje, como que de repente, ficamos sabendo que Herodes já tinha matado João Batista. Assim, na cabeça do leitor e da leitora, vem logo a pergunta: ”E o que será que ele vai fazer com Jesus? Vai dar a ele o mesmo destino?” Além disso, ao fazer um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus, Marcos provoca uma outra pergunta: “Quem é Jesus?” Esta última pergunta vai crescendo ao longo do evangelho até receber a resposta definitiva pela boca do centurião ao pé da Cruz: "De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!" (Mc 15,39)
Marcos 6,14-16. Quem é Jesus?
O texto começa com um balanço das opiniões do povo e de Herodes sobre Jesus. Alguns associavam Jesus com João Batista e Elias. Outro o identificavam como um Profeta, isto é, como alguém que falava em nome de Deus, que tinha a coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabia animar a esperança dos pequenos. As pessoas procuravam compreender Jesus a partir das coisas que elas mesmas conheciam, acreditavam e esperavam. Tentavam enquadrá-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento com suas profecias e esperanças, e da Tradição dos Antigos com suas leis. Mas eram critérios insuficientes. Jesus não cabia lá dentro. Ele era maior!
Marcos 6,17-20. A causa do assassinato de João.
Galileia, terra de Jesus, era governada por Herodes Antipas, filho do rei Herodes, o Grande, desde 4 antes de Cristo até 39 depois de Cristo. Ao todo, 43 anos! Durante todo o tempo que Jesus viveu, não houve mudança de governo na Galileia! Herodes Antipas era dono absoluto de tudo, não prestava conta a ninguém, fazia o que bem entendia. Prepotência, falta de ética, poder absoluto, sem controle por parte do povo! Mas quem mandava mesmo na Palestina, desde 63 antes de Cristo, era o Império Romano. Herodes, para não ser deposto, procurava agradar a Roma em tudo. Insistia sobretudo numa administração eficiente que desse lucro ao Império. A preocupação dele era a sua própria promoção e segurança. Por isso, reprimia qualquer tipo de subversão. Flávio José, um escritor daquela época, informa que o motivo da prisão de João Batista era o medo que Herodes tinha de um levante popular. Herodes gostava de ser chamado de benfeitor do povo, mas na realidade era um tirano (cf. Lc 22,25). A denúncia de João contra ele (Mc 6,18), foi a gota que fez transbordar o copo, e João foi preso.
* Marcos 6,21-29: A trama do assassinato.
Aniversário e banquete de festa, com danças e orgias! Era o ambiente em que se costuravam as alianças. A festa contava com a presença “dos grandes da corte, dos oficiais e das pessoas importantes da Galileia”. É nesse ambiente que se trama o assassinato de João Batista. João, o profeta, era uma denúncia viva desse sistema corrupto. Por isso foi eliminado sob pretexto de um problema de vingança pessoal. Tudo isto revela a fraqueza moral de Herodes. Tanto poder acumulado na mão de um homem sem controle de si! No entusiasmo da festa e do vinho, Herodes fez um juramento leviano a uma jovem dançarina. Supersticioso como era, pensava que devia manter esse juramento. Para Herodes, a vida dos súditos não valia nada. Dispunha deles como dispunha da posição das cadeiras na sala. Marcos conta o fato tal qual e deixa às comunidades e a nós a tarefa de tirarmos as conclusões.
4) Para um confronto pessoal
- Você conhece casos de pessoas que morreram vítimas da corrupção e da dominação dos poderosos? E na nossa comunidade e na igreja, há vítimas de desmando e de autoritarismo?
- 2. Herodes, o poderoso que pensava ser o dono da vida e da morte do povo, era um grande supersticioso com medo diante de João Batista. Era um covarde diante dos grandes. Um bajulador corrupto diante da moça. Superstição, covardia e corrupção marcavam o exercício do poder de Herodes. Compare com o exercício do poder religioso e civil hoje nos vários níveis da sociedade e da Igreja.
5) Oração final
Os caminhos de Deus são perfeitos, a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam. (Sl 17, 31)
A dor do suicídio: nove padres se suicidaram em 2021, o que fazer?
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Nove padres se suicidaram em 2021, o que fazer? (Imagem: Pixabay)
*Pe. Matheus S. Bernardes
No dia 07 de novembro passado, mais um padre tirou sua própria vida – já são nove só em 2021! O que fazer? Infelizmente, o número de suicídios permanece elevado no Brasil e no mundo: segundo o anuário brasileiro de segurança pública, em 2020 foram registrados no país 12.895 suicídios. É um número elevado, o que fazer?
As causas que levam uma pessoa a tirar sua própria vida são as mais variadas possíveis; o que, sim, é comum a todos os casos é o fato de enxergarem na morte a única saída – ainda que desesperada – para aquilo que estão vivendo. Se comparamos os índices, podemos até relativizar a problemática do suicídio de padres: o número de padres que tira a própria vida não chega a 0,0007% dos casos (é preciso registrar a diferença do período usado para a comparação, mesmo assim a variação permanecerá inexpressiva). Pode um padre se suicidar?
Não dispomos em português da mesma semântica dos idiomas anglo-germânicos que distinguem entre poder de permissão e poder da ação – no caso do inglês, a distinção é feita pelo uso dos verbos auxiliares may e can, no caso do alemão, dos verbos auxiliares dürfen e können.
Como todo ser humano, o padre não pode – não tem a permissão – de tirar a própria vida. Não se trata de uma imposição moral advinda da sociedade, tampouco da religião, mas de uma disposição ética profunda do ser humano que o permite contemplar a vida como absoluta gratuidade da qual não tem a permissão para dispor.
Possivelmente, essa tenha sido a motivação que teve A. Calmus ao afirmar que o único problema filosófico que deve ser levado a sério é o suicídio. Não se trata somente da negação de Deus e do mundo, mas a negação de si mesmo, da inteligência e da liberdade que permitem ao ser humano recomeçar do zero todos os dias. Por isso, filosoficamente, nenhum ser humano pode – ou tem a permissão – de tirar a própria vida.
Sacerdote é também ser humano
Entretanto, o padre, como todo ser humano, pode – tem o poder da ação – para tirar a sua vida; os números, infelizmente, comprovam esse poder, essa ação. Mas por que tantos se escandalizam diante do suicídio de um padre? Diria até mais precisamente, o suicídio de todo ser humano deveria produzir o mesmo escândalo, afinal de contas, como mencionei anteriormente, se trata de negação de si mesmo. Entretanto, o fim doloroso e dramático da vida de um padre, que tira a própria vida, escandaliza muito mais. Por quê?
Talvez a resposta a essa pergunta possa iluminar a reflexão sobre o problema. Não pretendo dar uma resposta definitiva, somente tenho a pretensão de oferecer – a quem quiser – alguns elementos para a reflexão.
Circula pelos grupos de padres do WhatsApp, uma carta de um irmão padre que insiste muito no zelo que cada um de nós deve ter por si mesmo. O Pe. José Alves, que tirou sua vida no último dia 07 de novembro, escreveu pouco antes de cometer o ato desesperado “Amo minha Igreja”. O autor da carta muito assertivamente se questiona: mas a Igreja ama seus padres?
Ele enumera diversas situações que empurram os padres para as crises que podem levar ao suicídio, como no caso do Pe. José: a pouca atenção dos bispos, a pressão de ser bons administradores e exímios ministros pastorais, a frieza das relações dentro do presbitério, a pressão das comunidades, as denúncias – muitas vezes falsas –, a dureza do Código do Direito Canônico, que se mostra, em algumas ocasiões, muito mais importante que o Evangelho.
Por mais que tenha enumerado diversas situações, que são propriamente sintomas da grave crise, penso que o autor da carta não tocou – não por incapacidade ou falta de percepção – o problema mais profundo que jaz sob a situação: a “sacralização”, quando não, o “endeusamento” do padre.
Acúmulo de funções?
O padre hoje é um ministro ordenado que acumula os serviços dos diakonói e dos presbyterói do Novo Testamento, isto é, estar a serviço da Palavra, da mesa, especialmente dos pobres (entenda-se por mesa, a Eucaristia, sacramento da partilha do pão), e das comunidades (At 6,1-6). Em nenhuma passagem do Novo Testamento, os ministros ordenados se identificam com a palavra hiereùs (sacerdote): diáconos, presbíteros, profetas, apóstolos, episkopói (bispos) são os nomes dados aos mais diversos serviços dentro da comunidade.
De fato, se não fosse pela Carta aos Hebreus, a tradição cristã teria excluído por completo a função sacerdotal. Não pode se esquecer que foram os sacerdotes do Templo de Jerusalém que se posicionaram contra Jesus em seu julgamento (Jo 18,19-24); o próprio Jesus sempre se mostrou muito crítico ao poder sagrado com o qual o Templo e os sacerdotes estavam revestidos (Mc 13,1-2).
Mas retomando a Carta aos Hebreus, é mister destacar que a função sacerdotal de Jesus apresentada pelo autor do texto neotestamentário se destaca pela misericórdia para com suas irmãs e seus irmãos (Hb 4,15); o sacerdócio em Jesus não é entendido como “sagrado”, isto é, separado, mas bondoso e compassivo.
História da Igreja
Ao longo da patrística, especialmente no período pré-niceno, a Igreja – a comunidade, não a instituição em primeiro lugar – era a verdadeira sacerdotisa, porque oferecia ao Pai, na força do Espírito Santo, o maior de todos os dons recebera: o próprio Jesus Cristo. Contudo, o ministério ordenado passou por profundas transformações com a assunção do Cristianismo a religião oficial do Império Romano: os ministros ordenados, sobretudo os bispos, assumiram traços dos dignatários do império, entre eles seu “endeusamento”.
A história testemunha esse processo de distanciamento do clero – palavra que jamais deveria ter sido usada no Cristianismo – daquelas e daqueles que receberam o nome de leigas e leigos. Se esse nome é compreendido desde sua riqueza etimológica, isto é, desde sua origem na palavra laós (povo), tudo bem; porém, se é compreendido como distinção, ou mais precisamente, subordinação ao clero; tudo errado.
Durante a Idade Média europeia, a sacralização dos ministros ordenados foi sobreacentuada, quando eles se viram obrigados a assumir elementos próprios da vida religiosa monástica, concretamente o celibato e a vida de oração mediante a recitação dos salmos várias vezes ao longo do dia.
A passagem da Idade Média para a Idade Moderna reforçou esse processo quando os reformadores levantaram sérias questões sobre o sacramento da Ordem. Somente no século XX, com o Concílio Vaticano II, houve um resgate das bases bíblicas e patrísticas do ministério ordenado.
Vaticano II e a contemporaneidade na Igreja
Não obstante, “a volta à grande disciplina”, como descreveu J. B. Libânio, durante o pontificado de João Paulo II significou um congelamento, se não um retrocesso, para os avanços conciliares. Bispos e padres, desde então, somos vistos como seres “divinos” que renunciam a tudo nesta vida para se dedicar à “salvação das almas”. O “sacerdote sagrado” se sobrepõe ao “presbítero”, isto é, àquele que goza do respeito da comunidade porque está a serviço dela.
Ainda que muitos padres compreendam seu ministério em unidade com as comunidades, não são poucos os exemplos que se entendem a si mesmos como “criaturas angelicais”, uma espécie de “terceiro gênero” dessexualizado, como bem aponta J. Tricou, professor da Universidade de Lausanne/ Suíça, em seu livro “Des soutanes et des hommes. Enquête sur la masculinité des prêtes catholiques” (Das batinas e dos homens. Pesquisa sobre a masculinidade dos padres católicos, em tradução livre).
Não somos “seres divinos”, nem “criaturas angelicais”, somos homens que compartilham com os demais homens e as mulheres as mesmas angústias do dia a dia. Afirmava acima que o autor da carta sobre o suicídio de padres enumerou uma longa lista de sintomas, mas penso que a verdadeira causa está no “endeusamento”, na “sacralização” dos padres que tem como resultado a pior enfermidade da Igreja, o clericalismo tão denunciado pelo Papa Francisco.
A divinização – para usar um termo da Patrística – do padre é a mesma que se dá em todas as cristãs e todos os cristãos no dia de seu Batismo. Os padres não somos “privilegiados” por termos recebido o sacramento da Ordem; somos, sim, capacitados pela graça para servir a comunidade, da qual nunca devemos nos afastar. Não somos “especiais”, não somos super-homens que devem ser excelentes administradores dos bens eclesiásticos e gênios pastorais. Somos falhos, muito falhos! E as comunidades não deveriam se escandalizar disso. Pelo contrário, elas também devem estar próximas de seus padres e não lhes fazer a vida impossível cobrando além de seus limites.
A formação sacerdotal precisa mudar
Como mencionei anteriormente, não pretendo apontar nenhuma resposta definitiva ao problema, simplesmente iluminar a reflexão. Padres não são seres especiais, são homens frágeis como quaisquer outros e, por isso, infelizmente podem – têm o poder da ação – para tirar sua própria vida.
Enquanto, a Igreja impor a seus padres um “endeusamento” indevido, continuaremos registrando o aumento do número dos casos de suicídio de padres. Se a Igreja quer fazer algo de bom para seus padres, em primeiro lugar, não passe os longos e árduos anos da formação “enfiando na cuca” dos seminaristas que foram eleitos para o mais sublime de todos os ministérios; não os torne uma casta apartada do mundo e da vida.
Não é intenção deste texto, mas precisamos conversar urgentemente sobre os seminários! A formação sacerdotal precisa ser revista, reformulada, repensada. Precisamos criar seres humanos prontos para servir, mas também escutados em suas limitações e fragilidades. Se a Igreja quer evitar que as mídias mostrem sua fragilidade porque mais um padre se suicidou, procure urgentemente superar o maior câncer que a aflige, o clericalismo.
Já é passada a hora de renunciar a símbolos de honra e poder, como as vestes clericais. Já é passada a hora de nos enxergarmos a nós mesmos como batizados antes de ministros ordenados. Já é passada a hora de sermos Povo com e como nosso povo, como refletiu J. Sobrino ao escrever sobre o Emanuel – el Dios con nosotros y como nosotros. Já é passada a hora de nos escandalizarmos todas as vezes em que um ser humano atenta contra sua vida.
* Pe. Matheus S. Bernardes é sacerdote da Arquidiocese de Campinas/SP e professor de Teologia da PUC-Campinas.
Fonte: https://www.bemparana.com.br
Quinta-feira, 3 de fevereiro-2021. 4ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todos os homens com verdadeira caridade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 6, 7-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 7Então chamou os Doze e começou a enviá-los, dois a dois; e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos. 8Ordenou-lhes que não levassem coisa alguma para o caminho, senão somente um bordão; nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto; 9como calçado, unicamente sandálias, e que se não revestissem de duas túnicas. 10E disse-lhes: Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela, até vos retirardes dali. 11Se em algum lugar não vos receberem nem vos escutarem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés em testemunho contra ele. 12Eles partiram e pregaram a penitência. 13Expeliam numerosos demônios, ungiam com óleo a muitos enfermos e os curavam. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O Evangelho de hoje descreve a continuidade do que vimos no evangelho de ontem. A passagem por Nazaré foi dolorosa para Jesus. Ele foi rejeitado pelo seu povo (Mc 6,1-5). O que antes era a sua comunidade, agora já não é mais. Alguma coisa mudou. A partir deste momento, como informa o Evangelho de hoje, Jesus começou a andar pelos povoados da Galileia para anunciar a Boa Nova (Mc 6,6) e a enviar os doze em missão. Nos anos 70, época em que Marcos escrevia o seu evangelho, as comunidades cristãs viviam uma situação difícil, sem horizonte. Humanamente falando, não havia futuro para elas. Em 64, Nero começou a perseguir os cristãos. Em 65, estourou a revolta dos judeus da Palestina contra Roma. Em 70, Jerusalém foi totalmente destruída pelos romanos. Por isso, a descrição do envio dos discípulos, após o conflito em Nazaré, era fonte de luz e de ânimo para os cristãos.
Marcos 6,7. O objetivo da Missão
O conflito cresceu e tocou de perto a pessoa de Jesus. Como ele reage? De duas maneiras. 1) Diante do fechamento do povo da sua comunidade, Jesus deixou Nazaré de lado e começou a percorrer os povoados nas redondezas (Mc 6,6). 2) Ele alargou a missão e intensificou o anúncio da Boa Nova chamando outras pessoas para envolve-las na missão. “Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus”. O objetivo da missão é simples e profundo. Os discípulos participam da missão de Jesus. Não podem ir sozinhos, mas devem ir dois a dois, pois duas pessoas representam melhor a comunidade do que uma só e podem ajudar-se mutuamente. Eles recebem poder sobre os espíritos impuros, isto é, devem aliviar o sofrimento do povo e, através da purificação, devem abrir as portas do acesso direto a Deus.
Marcos 6,8-11. As atitudes a serem tomadas na Missão
As recomendações são simples: “recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: "Quando vocês entrarem numa casa, fiquem aí até partirem. Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles". E eles foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo. Se o mistério já era grande, ainda será maior com a missão intensificada.
Marcos 6,12-13. O resultado da missão.
“Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo”. Anunciar a Boa Nova, provocar conversão ou mudança nas pessoas e aliviar a dor do povo, curando as doenças e expulsando os males.
O envio dos discípulos em Missão
No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação. Por exemplo, os essênios e os fariseus. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida. Pois não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus recebem recomendações diferentes que ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova, que recebem de Jesus e que ainda é a nossa missão:
- a) Deviam ir sem nada.
Não podiam levar nada, nem bolsa, nem dinheiro na cintura, nem bastão, nem pão, nem sandálias, nem sequer duas túnicas. Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude criticavam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.
- b) Deviam comer o que o povo lhes dava.
Não podiam viver separados com sua própria comida mas deviam aceitar a comunhão de mesa (Lc 10,8). Isto significa que, no contato com o povo, não deviam ter medo de perder a pureza tal como era ensinada na época. Com esta atitude criticavam as leis da pureza em vigor e mostravam, pela nova prática, que tinham outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
- c) Deviam ficar hospedados na primeira casa em que fossem acolhidos.
Deviam conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Deviam trabalhar como todo mundo e viver do que recebiam em troca, “pois o operário merece o seu salário” (Lc 10,7). Com outras palavras, eles deviam participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolheria na sua comunidade e partilharia com eles casa e comida. Significa que deviam confiar na partilha.
- d) Deviam tratar dos doentes, curar os leprosos e expulsar os demônios (Lc 10,9; Mc 6,7.13; Mt 10,8).
Deviam exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os que viviam excluídos. Com esta atitude criticavam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontavam saídas concretas.
Estes eram os quatro pontos básicos que deviam animar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, comunhão de mesa, partilha e acolhida aos excluídos (defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: “O Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6; Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem conviver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs.
4) Para um confronto pessoal
- Você participa da missão como discípulo ou discípula de Jesus?
- Qual o ponto da missão dos apóstolos que tem maior importância para nós hoje? Por que?
5) Oração final
Grande é o Senhor e digno de todo louvor, na cidade de nosso Deus. O seu monte santo, colina magnífica, é uma alegria para toda a terra. (Sl 47, 2-3a)
Tragédia na igreja - Briga de padres acaba em morte
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Três padres : Severino, Amaro e Geraldo. Uma paróquia, a do Alto de São Sebastião, em Surubim. Uma carta-testamento de quatro páginas relatando rivalidades, divergências, agressões leves, discriminação, mágoas. Um desfecho trágico e inesperado.
Na noite de ontem, terça-feira, (1°/02) o
padre Geraldo de Oliveira, de 77 anos, foi encontrado morto no interior da Igreja de São Sebastião. O padre estava aposentado mas ainda fazia celebrações e um reconhecido trabalho social. Ao seu lado foi encontrada a carta digitada. Dirigida "ao padre Severino Correia da Silva e comunidades, assinada com letra visivelmente trêmula, o padre falecido relata uma série de divergências e episódios desagradáveis, principalmente entre ele e o padre Amaro. Quizilhas não exatamente raras no ambiente eclesiástico. Nada que indique um desfecho imediato ou justifique um assassinato ou suicídio.
TEMPO DO VERBO
Na carta, o padre Geraldo, nascido em São Caetano, diocese de Caruaru, indica inclusive que, "no futuro" quer ser enterrado em Surubim. Claro que ninguém manifesta o desejo de ser enterrado "no presente" porém o conjunto do texto lembra mais um testamento amargurado que uma despedida imediata.
ESTENDIDO
Segundo a Polícia Civil, o corpo estava no chão, com a cabeça em um travesseiro, entre os bancos, perto da porta principal do templo. Em uma lixeira, próxima ao cadáver, foram achados uma garrafa de champanhe quebrada e dois frascos de uma substância que a polícia acredita numa conclusão, baseada apenas nas aparências, ter sido utilizada pelo sacerdote para tirar a própria vida.
PREPARAÇÃO
Na segunda-feira (31/01), ele celebrou uma missa e quando os fiéis saíram, pediu ao sacristão que fechasse as portas e ficou sozinho na igreja.
Ao lado do corpo, foi encontrada também uma bolsa com uma corda. O sacristão contou à polícia que o padre havia pedido para ele deixar a porta de acesso à escadaria da torre da igreja aberta, mas a solicitação não foi atendida.
IMPACTO
Tão logo a notícia da morte se espalhou, Surubim não tratou de outro assunto. Dezenas de pessoas se concentraram ao redor da matriz. A área foi isolada pela Polícia Militar até a chegada dos peritos. O corpo foi encaminhado na madrugada de hoje, (02/02) para o Instituto de Medicina Legal, no Recife.
Padre Geraldo era religioso há cinco décadas, comemoradas no último dia 2 de janeiro. Há 27 anos ele morava em Surubim. Antes, foi pároco nas cidades de Agrestina e São Caetano. Também foi professor de Filosofia da extinta faculdade Fafica, em Caruaru.
Uma das marcas da atuação de Padre Geraldo era o trabalho social. Ele construiu 78 casas em Surubim e outras 20 em Nazaré da Mata para famílias carentes. Realizava também, de forma permanente, campanhas para doação de cestas básicas, colchões e roupas. Nestas ações filantrópicas, contava com a colaboração de amigos que residem na Alemanha, país que visitava regularmente. Devoto de Padre Cícero, criou a Missa dos Romeiros em Surubim e na cidade vizinha de João Alfredo. Nem a família nem a Diocese de Nazaré, até agora, divulgaram informações em relação a velório e sepultamento.
ESCLARECIMENTOS
Depois da perícia, muitas perguntas deverão ser respondidas. Foi mesmo envenenamento ? (o povo fala no uso do popular chumbinho, veneno para ratos). Quem foi responsável pela administração da substância? Onde foi adquirida e por quem? O padre Geraldo tinha notórios problemas de visão além de grande dificuldade para o uso de equipamentos eletrônicos. Quem digitou e imprimiu a carta? Ele mesmo? Ou contou com a ajuda de um terceiro?
Mistérios a serem esclarecidos após a perícia, com a ação cautelosa e criteriosa da polícia. Fonte: https://www.jornalopoder.com.br
Leia a carta deixada por padre que tomou veneno e morreu dentro de igreja em Surubim (PE)
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Por: Clebson Amsterdan
Repercute em todo Brasil a morte do padre pernambucano, Geraldo de Oliveira, que tomou veneno, encontrado morto nesta última terça-feira (1) em Surubim, cidade do agreste de Pernambuco distante km do Recife.
Após celebrar missa, o padre pediu para ficar só na igreja de São Sebastião, situada no bairro de mesmo nome. No templo religioso, o padre tomou veneno e tirou a própria vida. O corpo foi encontrado por fiéis da igreja que notaram a demora para o padre sair da igreja mesmo após o expediente.
O religioso que recentemente completou 50 anos de sacerdócio deixou uma carta endereçada ao responsável pela diocese. Pe. Geraldo de Oliveira estaria vivendo angustiado por estar sendo desprezado na própria comunidade paroquial de Surubim.
Na carta deixada pelo padre, ele fala da angústia sofrida na própria paróquia, mas sem dar muitos detalhes se estava relacionado aos demais membros da igreja:
“Como tenho conservado sempre com você um relacionamento cordial e fraterno, para evitar menor atrito, mesmo escondendo o meu sofrimento, por saber que esta decisão, ansiedade e angústia são frutos de uma convivência que ignora a presença do outro”, desabafou o religioso.
O padre aguardava ser transferido para outra paróquia, possivelmente por estar sofrendo opressão de outros religiosos de sua comunidade:
“Dom Francisco não nos obriga a viver fraternalmente, porque ele respeita as pessoas e sobretudo a autoridade do pároco. Todavia, caso ele julgue necessário me afastar de Surubim, para me livrar dessa opressão, aceitarei sem hesitar; porém, peço-lhe que no futuro eu seja sepultado em Surubim, onde passei o maior tempo da minha vida sacerdotal. Mesmo que a metade do meu coração esteja em São Caetano, Diocese de Caruaru”, disse o padre na carta de despedida.
Na carta, Padre Geraldo aproveitou para se despedir das pessoas que ao longo de quase três décadas lhe ajudaram a construir casas e arrecadar donativos para os mais pobres.
“A profunda amizade e atenção de muitas pessoas me ajudaram a não desanimar, até a presente data. Tenho implorado força de Deus para resistir. Agradeço a todos que têm colaborado nos últimos 27 anos para construção de 78 casa em Surubim, 20 em Nazaré da Mata, bem como aos doadores de camas, colchões, roupa usada e alimentos para os pobres. E aproveito desta ocasião para agradecer, mais uma vez, a Dom Francisco, que tem tratado os padres idosos fraternalmente”, finalizou a correspondência assinada de punho pelo religioso. Fonte: https://pernambuconoticias.com.br
NOTA DE PESAR- DIOCESE DE NAZARÉ CÚRIA DIOCESANA
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“Na Casa de meu Pai há muitas moradas”. (Jo 14,2)
A Diocese de Nazaré comunica, com pesar e esperança cristã, o falecimento do PE. GERALDO DE OLIVEIRA. O referido sacerdote residia na cidade de Surubim-PE, em casa própria, com 77 anos de idade e 40 anos de sacerdócio, mantendo suas atividades de vigário paroquial e assistência aos pobres, como lhe era peculiar.
Seu corpo foi encontrado nas dependências da Igreja Matriz de São Sebastião, em Surubim-PE, neste dia 01 de fevereiro de 2022, e aguardamos os resultados periciais realizados pelas autoridades competentes quanto à causa de sua morte. Neste momento de grande dor, nossa solidariedade aos seus familiares, ao clero, à Paróquia São Sebastião, em Surubim, e ao povo de Deus.
Como seguidores de Jesus, caminho, verdade e vida, cremos na vida eterna e na superioridade do amor de Deus, a quem recomendamos esse nosso irmão, confiando-lhe também as preces de todos os nossos diocesanos.
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena
Bispo Diocesano de Nazaré.
Fonte: https://diocesedenazare.org.br
Padre de Surubim é encontrado morto após tomar veneno dentro da igreja
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O vigário paroquial da Igreja de São Sebastião, situada em Surubim, região agreste de Pernambuco, foi encontrado morto durante a noite desta terça-feira (1).
Por: Clebson Amsterdan
Segundo informações obtidas até agora, Padre Geraldo de Oliveira foi encontrado morto deitado entre bancos e com um frasco de veneno próximo ao seu corpo.
Ainda ontem Padre Geraldo Oliveira celebrou missa, pediu para todos saíssem da igreja. Quando os fiéis voltaram para a igreja encontraram o padre já desacordado. Efetivos da Polícia Militar foram ao local e isolaram a área.
Nesta quarta-feira (2) Padre Geraldo comemoraria 50 anos de sacerdócio. Ele foi ordenado no dia 02 de janeiro de 1972 e era ligado a Diocese de Nazaré da Mata/PE. Fonte: https://pernambuconoticias.com.br
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