Quarta-feira, 17 de novembro-2021. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 11-28)
Naquele tempo, 11Ouviam-no falar. E como estava perto de Jerusalém, alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente; ele acrescentou esta parábola: 12Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar. 13Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar. 14Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós. 15Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado. 16Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas. 17Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades. 18Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas. 19Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades. 20Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço; 21pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. 22Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei... 23Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros. 24E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. 25Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!... 26Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem. 27Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença. 28Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 19,11-28
O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos, na qual Jesus fala dos dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe algum dom ou sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
Lucas 19,11: A chave para entender a história da parábola
Para introduzir a parábola Lucas diz o seguinte:“Tendo eles ouvido isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo”. Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levaram Jesus a contar a parábola: (1) A acolhida a ser dada aos excluídos, pois, dizendo “tendo eles ouvido isso”, ele se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído, que foi acolhido por Jesus. (2) A proximidade da paixão, morte e ressurreição, pois dizia que Jesus estava perto de Jerusalém onde seria preso e morto em breve. (3) A chegada iminente do Reino de Deus, pois as pessoas que acompanhavam Jesus pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo.
Lucas 19,12-14: O início da Parábola
“Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei, e depois voltar. Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata para cada um, e disse: 'Negociem até que eu volte”. Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: 'Não queremos que esse homem reine sobre nós'. Alguns estudiosos acham que, nesta parábola, Jesus se refere a Herodes que, setenta anos antes (40 aC), tinha ido para Roma a fim de receber o título e o poder de Rei da Palestina. O povo não gostava de Herodes e não queria que ele se tornasse rei, pois a experiência que tiveram com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galiléia contra Roma foi trágica e dolorosa. Por isso diziam: “Não queremos que esse homem reine sobre nós” Ao este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: “E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam aqui, e matem na minha frente”. De fato, Herodes matou muita gente.
Lucas 19,15-19: Prestação de conta dos primeiros empregados que receberam cem moedas de prata
A história informa ainda que Herodes recebeu a realeza e voltou para a Palestina para assumir o poder. Na parábola, o rei chamou os empregados aos quais tinha dado cem moedas de prata, a fim de saber quanto haviam lucrado. O primeiro chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais'. O homem disse: 'Muito bem, empregado bom. Como você foi fiel em coisas pequenas, receba o governo de dez cidades'. O segundo chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais'. O homem disse também a este: 'Receba também você o governo de cinco cidades”. De acordo com a história, tanto Herodes Magno como seu filho Herodes Antipas, ambos sabiam lidar com dinheiro e promover as pessoas que os ajudavam. Na parábola, o rei deu dez cidades ao empregado que multiplicou por dez as cem moedas que tinha recebido, e cinco cidades a quem as multiplicou por cinco.
Lucas 19,20-23: Prestação de conta do empregado que não lucrou nada
O terceiro empregado chegou e disse: 'Senhor, aqui estão as cem moedas que guardei num lenço. Pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Tomas o que não deste, e colhes o que não semeaste'. Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, não será castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma, na sua própria observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei responde: 'Empregado mau, eu julgo você pela sua própria boca. Você sabia que eu sou um homem severo, que tomo o que não dei, e colho o que não semeei. Então, por que você não depositou meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros'. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus tão severo, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ele é condenado não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a idéia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava.
Lucas 19,24-27: Conclusão para todos
“Depois disse aos que estavam aí presentes: Tirem dele as cem moedas, e dêem para aquele que tem mil. Os presentes disseram: Senhor, esse já tem mil moedas! Ele respondeu: Eu digo a vocês: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem”. O senhor mandou tirar dele as cem moedas e dar àquele que já tinha mil, pois “a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. Nesta frase final está a chave que esclarece a parábola. No simbolismo da parábola, as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, tudo aquilo que faz a pessoa crescer e revela a presença de Deus: amor, serviço, partilha. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. A pessoa, porém, que não pensa em si mas se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais: “cem vezes mais, com perseguições” (Mc 10,30). “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la” (Lc 9,24; 17,33; Mt 10,39;16,25;Mc 8,35). O terceiro empregado teve medo e não fez nada. Não quis perder nada e, por isso, não ganhou nada. Perdeu até o pouco que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
Lucas 19,28: Voltando à tríplice chave inicial
No fim, Lucas encerra o assunto com esta informação: Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém. Esta informação final evoca a tríplice chave dada no início: acolhida a ser dada aos excluídos, proximidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a idéia da chegada iminente do Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estivesse para chegar, a parábola manda mudar os olhos. O Reino de Deus chega sim, mas através da morte e ressurreição de Jesus que vai acontecer em breve em Jerusalém. E o motivo da morte foi a acolhida que ele, Jesus, dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros. Incomodou os grandes e eles o eliminaram condenando-o à morte de cruz,
4) Para um confronto pessoal
- Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
- Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons?
5) Oração final
Louvai a Deus no seu santuário, louvai-o no firmamento do seu poder. Louvai-o por suas grandes obras, louvai-o pela sua imensa grandeza. (Sl 150, 1-2)
Terça-feira, 16 de novembro-2021. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 1-10)
Naquele tempo, 1Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. 2Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. 3Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 4Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. 5Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. 6Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. 7Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador... 8Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. 9Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, estamos chegando ao fim da longa viagem que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante a viagem, não se sabia bem por onde Jesus andava. Só se sabia que ele ia em direção a Jerusalém. Agora, no fim, a geografia fica clara e definida. Jesus chegou em Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém! Foi em Jericó, que terminou a longa caminhada do êxodo de 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Na entrada de Jericó, Jesus encontrou um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, na saída da cidade, ele encontra Zaqueu, um publicano, que também queria vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois incomodavam o povo: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada um a seu modo.
Lucas 19,1-2: A situação
Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. "Havia ali um homem, chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos". Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação da mercadoria. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei do nosso povo é Deus. Por isso, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!” Assim, soldados que serviam no exército romano e cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e evitados como pecadores e impuros.
Lucas 19,3-4: A atitude de Zaqueu
Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre na frente, sobe numa árvore e aguarda Jesus passar. É muita vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do rico sem nome (Lc 16,19-31), Jesus mostrava como é difícil um rico se converter e abrir a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha na sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de destaque na cidade, trepa numa árvore, é porque já nem liga para a opinião dos outros. Algo mais importante o move por dentro. Ele está querendo abrir a porta para o pobre Lázaro.
Lucas 19,5-7: Atitude de Jesus, reação do povo e de Zaqueu
Chegando perto e vendo Zaqueu na árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: "Zaqueu, desça depressa! Hoje devo ficar em sua casa!" Zaqueu desceu e recebeu Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: "Foi hospedar-se na casa de um pecador!" Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando sozinho na sua atitude de dar acolhida aos excluídos, sobretudo aos colaboradores do sistema. Mas Jesus não se importa com as críticas. Ele vai na casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, o chama de “filho de Abraão” (Lc 19,9).
Lucas 19,8: Decisão de Zaqueu
"Dou a metade dos meus bens aos pobres e restituo quatro vezes o que roubei!" Esta é a conversão, produzida em Zaqueu pela acolhida que Jesus lhe deu. Restituir quatro vezes era o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37; 22,3). Dar a metade dos bens aos pobres era a novidade que o contato com Jesus nele produziu. Era a partilha acontecendo de fato!
Lucas 19,9-10: Palavra final de Jesus
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio procurar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém pode ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Denunciando as divisões injustas, Jesus abre o espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
Filho de Abraão.
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3; 22,18). Para as comunidades de Lucas, formadas por cristãos tanto de origem judaica como de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu de “filho de Abraão”, era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto judeus como gentios. Estes são também filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe os que não eram acolhidos. Oferece lugar aos que não tinham lugar. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e rotulavam como:
imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jo 4,7-42),
impuras: leprosos e possessos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
marginalizadas: mulheres, crianças e doentes (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
pelegos: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10);
pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).
4) Para um confronto pessoal
- Como nossa comunidade acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes, como Jesus, de perceber os problemas das pessoas e dar atenção a elas?
- Como percebemos a salvação entrando hoje na nossa casa e na nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus provocou uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora da nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?
5) Oração final
De todo coração te procuro: não me deixes desviar dos teus preceitos. Conservo no coração tuas promessas para não te ofender com o pecado. (Sl 118, 10-11)
*33º Domingo do Tempo Comum - Ano B: Dia Mundial dos Pobres
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A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos, fundamentalmente, um convite à esperança. Convida-nos a confiar nesse Deus libertador, Senhor da história, que tem um projeto de vida definitiva para os homens. Ele vai - dizem os nossos textos - mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim.
No Evangelho, Jesus garante-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos, Jesus pede que estejam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade e disponíveis para acolher os projetos, os apelos e os desafios de Deus.
EVANGELHO - Mc 13,24-32-ATUALIZAÇÃO
Ver os telejornais ou escutar os noticiários é, com frequência, uma experiência que nos intranquiliza e que nos deprime. Os dramas dessa aldeia global que é o mundo entram em nossa casa, sentam-se à nossa mesa, apossam-se da nossa existência, perturbam a nossa tranquilidade, escurecem o nosso coração. A guerra, a opressão, a injustiça, a miséria, a escravidão, o egoísmo, a exploração, o desprezo pela dignidade do homem atingem-nos, mesmo quando acontecem a milhares de quilómetros do pequeno mundo onde nos movemos todos os dias. As sombras que marcam a história atual da humanidade tornam-se realidades próximas, tangíveis, que nos inquietam e nos desesperam. Feridos e humilhados, duvidamos de Deus, da sua bondade, do seu amor, da sua vontade de salvar o homem, das suas promessas de vida em plenitude. A Palavra de Deus que hoje nos é servida abre, contudo, a porta à esperança. Reafirma, uma vez mais, que Deus não abandona a humanidade e está determinado a transformar o mundo velho do egoísmo e do pecado num mundo novo de vida e de felicidade para todos os homens. A humanidade não caminha para o holocausto, para a destruição, para o sem sentido, para o nada; mas caminha ao encontro da vida plena, ao encontro desse mundo novo em que o homem, com a ajuda de Deus, alcançará a plenitude das suas possibilidades.
Os cristãos, convictos de que Deus tem um projeto de vida para o mundo, têm de ser testemunhas da esperança. Eles não leem a história atual da humanidade como um conjunto de dramas que apontam para um futuro sem saída; mas veem os momentos de tensão e de luta que hoje marcam a vida dos homens e das sociedades como sinais de que o mundo velho irá ser transformado e renovado, até surgir um mundo novo e melhor. Para o cristão, não faz qualquer sentido deixar-se dominar pelo medo, pelo pessimismo, pelo desespero, por discursos negativos, por angústias a propósito do fim do mundo... Os nossos contemporâneos têm de ver em nós, não gente deprimida e assustada, mas gente a quem a fé dá uma visão otimista da vida e da história e que caminha, alegre e confiante, ao encontro desse mundo novo que Deus nos prometeu.
É Deus, o Senhor da história, que irá fazer nascer um mundo novo; contudo, Ele conta com a nossa colaboração na concretização desse projeto. A religião não é ópio que adormece os homens e os impede de se comprometerem com a história... Os cristãos não podem ficar de braços cruzados à espera de que o mundo novo caia do céu; mas são chamados a anunciar e a construir, com a sua vida, com as suas palavras, com os seus gestos, esse mundo que está nos projetos de Deus. Isso implica, antes de mais, um processo de conversão que nos leve a suprimir aquilo que, em nós e nos outros, é egoísmo, orgulho, prepotência, exploração, injustiça (mundo velho); isso implica, também, testemunhar em gestos concretos, os valores do mundo novo - a partilha, o serviço, o perdão, o amor, a fraternidade, a solidariedade, a paz.
Esse Deus que não abandona os homens na sua caminhada histórica vem continuamente ao nosso encontro para nos apresentar os seus desafios, para nos fazer entender os seus projetos, para nos indicar os caminhos que Ele nos chama a percorrer. Da nossa parte, precisamos de estar atentos à sua proximidade e reconhecê-l'O nos sinais da história, no rosto dos irmãos, nos apelos dos que sofrem e que buscam a libertação. O cristão não pode fechar-se no seu canto e ignorar Deus, os seus apelos e os seus projetos; mas tem de estar atento e de notar os sinais através dos quais Deus se dirige aos homens e lhes aponta o caminho do mundo novo.
É preciso, ainda, ter presente que este mundo novo - que está permanentemente a fazer-se e depende do nosso testemunho - nunca será uma realidade plena nesta terra (a nossa caminhada neste mundo será sempre marcada pela nossa finitude, pelos nossos limites, pela nossa imperfeição). O mundo novo sonhado por Deus é uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, ter destruído definitivamente o mal que nos torna escravos.
*Leia a reflexão na integra. Clique ao lado no link- EVANGELHO DO DIA
DIA MUNDIAL DOS POBRES – SENTES COMPAIXÃO?
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Dom Carlos José
Bispo de Apucarana (SP)
“SEMPRE TEREIS POBRES ENTRE VÓS. ” (MC 14,7)
Por ocasião da Celebração do V Dia Mundial Dos Pobres, a Catedral Nossa Senhora de Lourdes, sede da Diocese de Apucarana, celebrará a Santa Missa com a participação das várias associações e entidades que servem, com amor e caridade, os menos favorecidos. Esta data, não por acaso, é celebrada no domingo que antecede a Solenidade de Cristo Rei do Universo, para que tenhamos consciência de que Jesus é o Rei de todos, independentemente da condição social ou de vida que cada um tenha. Celebrar o dia dos pobres não é apenas fazer lembrança de que eles existem, e sim, é uma forma de trazer à tona essa dura realidade que nos circunda diariamente, fazendo-nos rever nossos conceitos sobre a responsabilidade que temos para com o bem-estar do próximo. Quando Jesus diz que “pobres, sempre tereis entre vós” não significa que tenhamos que nos acostumar com essa situação e ignorá-los, e ignorando-os, deixá-los à margem.
Cristo nos exorta a olharmos com amor e agir com caridade para com esses irmãos menos favorecidos ou nada favorecidos e, com compaixão, ajudar a amenizar suas dificuldades. Decretado pelo Papa Francisco, como fruto do Ano da Misericórdia, o Dia Mundial dos Pobres contempla a essência do Evangelho de Cristo: amar o próximo como a si mesmo. O dia em que assimilarmos verdadeiramente que o pobre e o indigente são tão filhos de Deus quanto nós o somos, aprenderemos a cumprir algumas das obras de misericórdia corporais e espirituais: dar de comer e beber a quem tem fome e sede e ensinar os ignorantes. Muitos são os pobres e necessitados: uns de comida e itens básicos para a sobrevivência e outros de amor e conhecimento de Deus, porque ignoram, não foram apresentados à Pessoa de Jesus Cristo e não se sentem parte da Igreja e da comunidade de fé. Em contrapartida, o Papa afirma que os pobres e indigentes são genuínos evangelizadores, pois, sentindo na própria carne os duros sofrimentos da vida, nos revelam a face do Cristo Sofredor “O Filho do Homem não tem onde reclinar sua cabeça” (Lc 9, 58).
Toda obra de Cristo está unida aos pobres que são sinais visíveis de Sua presença entre nós. É no indigente e em suas precariedades que encontramos Cristo. Compreender o pobre sob a ótica de Cristo exige uma conversão verdadeira em relação à pratica da caridade, doação e à gratuidade de nossas ações. Amar ao próximo vai muito além de amar os que nos rodeiam ou com os quais temos afinidades. O próximo é todo aquele que encontramos pelo caminho, nas esquinas, nos becos, debaixo da ponte, nas portas das Igrejas ou nas periferias existenciais ou municipais.
A conversão precisa acontecer principalmente no quesito ‘indiferença’, que acontece quando nos habituamos com a situação desumana do irmão e, muitas vezes, o culpamos pela forma como vive, como se fosse uma escolha pessoal viver assim e, acostumados, nada fazemos. Chamamos de coitados os pobres e indigentes, mas talvez, os coitados sejamos nós que não temos a coragem de fazer algo que dê mais dignidade a quem quase nada tem. A pobreza não é fruto do destino e sim, consequência do egoísmo humano. Muito se cobra das autoridades a responsabilidade pelo cuidado com os pobres, exigindo delas um trabalho social mais direcionado, eximindo-nos da nossa própria obrigação como cristãos. Mais que assistencialismo é necessário recuperar a dignidade do irmão que, além das carências materiais, carece de amor e de sentir-se parte da comunidade dos filhos e filhas amados por Deus. Quem é generoso não pede contas do comportamento alheio e tudo faz para melhorar a condição de pobreza e carência, ajudando a suprir a necessidade do irmão. “Faço votos de que o Dia Mundial dos Pobres, chegado já à sua quinta celebração, possa radicar-se cada vez mais nas nossas Igrejas locais e abrir-se a um movimento de evangelização que, em primeira instância, encontre os pobres lá onde estão.
Não podemos ficar à espera que batam à nossa porta; é urgente ir ter com eles às suas casas, aos hospitais e casas de assistência, à estrada e aos cantos escuros onde, por vezes se escondem. É importante compreender como se sentem e quais os desejos que têm no coração. ” (Papa Francisco, Mensagem sobre o V Dia Mundial dos Pobres). Essa deve ser a face da Igreja que pretendemos ser e que Cristo deseja: um Hospital de Campanha, onde os feridos, humilhados e necessitados sejam acolhidos, curados e amados como irmãos em Cristo Jesus. Que a Virgem Maria nos ajude e passe à frente do nosso orgulho e indiferença, alcançando-nos a graça da conversão, para cuidarmos dos nossos irmãos, como gostaríamos de ser cuidados em nossas necessidades. Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-32ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quarta-feira, 10 de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 11-19)
11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galileia. 12Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: 13Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! 14Jesus viu-os e disse-lhes: Ide, mostrai-vos ao sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados. 15Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz. 16Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano. 17Jesus lhe disse: Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? 18Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?! 19E acrescentou: Levanta-te e vai, tua fé te salvou. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 17,11-19
No Evangelho de hoje, Lucas conta como Jesus curou dez leprosos, mas um só veio agradecer. E este era um samaritano! A gratidão é um outro tema muito próprio de Lucas: viver em gratidão e louvar a Deus por tudo que dele recebemos. Por isso, Lucas fala tantas vezes que o povo ficava admirado e louvava a Deus pelas coisas que Jesus realizava (Lc 2,28.38; 5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15.18; 18,43; 19,37; etc). O Evangelho de Lucas traz vários cânticos e hinos que expressam esta experiência de gratidão e de reconhecimento (Lc 1,46-55; 1,68-79; 2,29-32).
Lucas 17,11: Jesus em viagem para Jerusalém
Lucas lembra que Jesus estava de viagem para Jerusalém, passando da Samaria para a Galileia. Desde o começo da viagem (Lc 9,52) até agora (Lc 17,11), Jesus andou pela Samaria. Só agora está saindo da Samaria, passando pela Galiléia para poder chegar em Jerusalém. Isto significa que os importantes ensinamentos, dados nestes capítulos todos de 9 até 17, foram todos dados em território que não era judeu. Ouvir isto deve ter sido motivo de muita alegria para as comunidades de Lucas, vindas do paganismo. Jesus, o peregrino, continua a sua viagem até Jerusalém. Continua tirando as desigualdades que os homens criaram. Continua a longa e dolorosa caminhada da periferia para a capital, de uma religião fechada sobre si mesma para a religião aberta que sabe acolher os outros como irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai. Esta abertura vai aparecer no acolhimento dado aos dez leprosos.
Lucas 17,12-13: O grito dos leprosos
Dez leprosos aproximam-se de Jesus, param de longe e gritam: "Jesus, mestre, tem piedade de nós!" O leproso era uma pessoa excluída. Era marginalizado e desprezado, sem o direito de conviver com suas famílias. Segundo a lei da pureza, os leprosos deviam andar com roupa rasgada e cabelos desgrenhados, gritando: “Impuro! Impuro!” (Lv 13,45-46). Para os leprosos, a busca da cura significava o mesmo que buscar a pureza para poder ser reintegrados na comunidade. Não podiam aproximar-se dos outros (Lv 13,45-46). Qualquer toque num leproso causava impureza e criava um impedimento para a pessoa poder dirigir-se a Deus. Através do grito, eles expressam a fé de que Jesus pode curá-los e devolver-lhes a pureza. Obter a pureza significava sentir-se, novamente, acolhido por Deus, e poder dirigir-se a Ele para receber a bênção prometida a Abraão.
Lucas 17,14: A resposta de Jesus e a cura
Jesus reponde: "Vão mostrar-se aos sacerdotes!" (cf. Mc 1,44). Era o sacerdote que devia verificar a cura e dar o atestado de pureza (Lv 14,1-32). A resposta de Jesus exigia muita fé da parte dos leprosos. Devem ir ao sacerdote como se já estivessem curados, quando, na realidade, o corpo deles continuava coberto de lepra. Mas eles acreditaram na palavra de Jesus e foram em direção ao sacerdote. E aconteceu que, enquanto iam caminhando, manifestou-se a cura. Ficaram purificados. Esta cura evoca a história da purificação de Naaman da Síria (2Rs 5,9-10). O profeta Eliseu mandou o homem lavar-se no Jordão. Naaman tinha de crer na palavra do profeta. Jesus mandou os dez apresentar-se aos sacerdotes. Eles tinham de crer na palavra de Jesus.
Lucas 17,15-16: Reação do samaritano
“Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano.” Por que os outros não voltaram? Por que só o samaritano? Na opinião dos judeus de Jerusalém, o samaritano não observava a lei como devia. Entre os judeus havia a tendência de observar a lei para poder merecer ou conquistar a justiça. Pela observância, eles iam acumulando méritos e créditos diante de Deus. Gratidão e gratuidade não fazem parte do vocabulário de pessoas que vivem assim o seu relacionamento com Deus. Talvez seja por isso que não agradeceram o benefício recebido. Na parábola do evangelho de ontem, Jesus tinha formulado a pergunta sobre a gratidão: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado?” (Lc 17,9) E a resposta era: “Não!” O samaritano representa as pessoas que têm consciência clara de que nós, seres humanos, não temos mérito, nem crédito diante de Deus. Tudo é graça, a começar pelo dom da própria vida!
Lucas 17,17-19: A observação final de Jesus
Jesus estranhou: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro!” Para Jesus, agradecer os outros pelo benefício recebido é uma maneira de dar a Deus o louvor que lhe é devido. Neste ponto, os samaritanos davam lição aos judeus. Hoje são os pobres, que fazem o papel de samaritano e nos ajudam a redescobrir esta dimensão da gratuidade da vida. Tudo que recebemos deve ser visto como um dom de Deus que vem até nós através do irmão e da irmã.
A acolhida dada aos samaritanos no evangelho de Lucas. Para Lucas, o lugar que Jesus dava aos samaritanos é o mesmo que as comunidades deviam reservar aos pagãos. Jesus apresenta um samaritano como modelo de gratidão (Lc 17,17-19) e de amor ao próximo (Lc 10,30-33). Isto devia ser muito chocante, pois, para os judeus, samaritano ou pagão era a mesma coisa. Não podiam ter acesso aos átrios interiores do Templo de Jerusalém, nem participar do culto. Eram considerados portadores de impureza, impuros desde o berço. Para Lucas, porém, a Boa Nova de Jesus dirige-se, em primeiro lugar, às pessoas e grupos considerados indignos de recebê-la. A salvação de Deus que chega até nós em Jesus é puro dom. Não depende dos méritos de ninguém.
4) Para um confronto pessoal
- E você, costuma agradecer às pessoas? Agradece por convicção ou por mero costume? E na oração: agradece ou esquece?
- Viver na gratidão é um sinal da presença do Reino no meio de nós. Como transmitir para os outros a importância de viver na gratidão e na gratuidade?
5) Oração final
O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranqüilas me conduz. (Sl 22)
Padre investigado por abuso sexual morre em Bom Jesus- Piauí
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Padre investigado por abuso sexual morre em Bom Jesus- Piauí
O padre era investigado por suposto abuso sexual contra uma adolescente de 14 anos.
Morreu, neste domingo (07), o padre José Alves de Carvalho, de 43 anos, pároco da Diocese de Bom Jesus. O padre foi encontrado morto na residência paroquial, onde morava em Bom Jesus. Em nota, a diocese do município confirmou o falecimento do reverendo.
O velório e sepultamento do padre ocorreu em Monte Alegre do Piauí, sua cidade natal. Até o momento não há informações sobre o que teria causado a morte do reverendo. "A Diocese de Bom Jesus, entristecida pela perda de um de seus amados filhos, se solidariza, com os familiares, amigos e paroquianos de São Pedro Apóstolo, em Bom Jesus-PI, por tão grande perda e pede a todos orações. Guardaremos para sempre em nossos corações as suas memórias, sua amizade e o seu sorriso aberto", diz a nota da diocese, assinada por Dom Marcos Antonio Tavoni.
O padre era investigado por suposto abuso sexual contra uma adolescente de 14 anos. Diante da denúncia, a Diocese de Bom Jesus decidiu suspender o padre do exercício de seu ministério até o final das investigações. A informação havia sido divulgada pela Igreja no último sábado (06).
Segundo a nota publicada sobre a denúncia de abuso sexual, a diocese informou que tomou conhecimento dos fatos através da mídia e que o padre ainda não havia sido notificado pela justiça e não tinha conhecimento oficial das acusações. Ainda de acordo com a Igreja, uma comissão interna da Diocese formada por peritos, profissionais relacionados ao assunto, será instaurada para o acompanhamento do Processo Canônico, investigativo e assistência à família envolvida.
"A Diocese se colocará sempre ao lado da justiça, colaborando com as autoridades civis na elucidação do caso, para o bem da suposta vítima, do sacerdote em questão, dos demais envolvidos e da própria Igreja. A Nunciatura Apostólica será comunicada oficialmente, para o acompanhamento do caso e para encaminhamento dos desfechos", comunicou.
Por meio de nota, Dom Marcos, bispo da Diocese de Bom Jesus, lamentou a repercussão dos fatos e manifestou toda sua solidariedade com o sofrimento dos envolvidos. “Sinto e sofro, com a família envolvida, a dor de todos, principalmente, dos pais; pois como Bispo, cada padre é para mim como verdadeiro filho e nenhum pai quer que o filho se perca”, concluiu o bispo.
Confira as notas divulgadas pela Diocese de Bom Jesus:
NOTA DE FALECIMENTO - Diocese de Bom Jesus do Gurguéia - 08/11/2021
"Nem a morte nem a vida nos poderão separar do amor de Deus" (Rm 8, 35-39)
É com o mais profundo pesar que comunicamos o falecimento do Reverendo Padre José Alves de Carvalho, 43 anos, ocorrido na tarde deste último Domingo, dia 07/11/2021.
O velório e sepultamento ocorrerão em Monte Alegre do Piauí, cidade natal do querido Padre.
A Diocese de Bom Jesus, entristecida pela perda de um de seus amados filhos, se solidariza, com os familiares, amigos e paroquianos de São Pedro Apóstolo, em Bom Jesus-PI, por tão grande perda e pede a todos orações.
Guardaremos para sempre em nossos corações as suas memórias, sua amizade e o seu sorriso aberto.
Descanse em paz nosso querido irmão, Pe. José Alves de Carvalho.
Dom Marcos Antonio Tavoni e
Presbitério da Diocese de Bom Jesus do Gurguéia - PI
(PASCOM - Bom Jesus)
NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE DENÚNCIA DE ABUSO DE CLÉRIGO - Diocese de Bom Jesus do Gurguéia - 06/11/2021
A Diocese de Bom Jesus do Gurguéia, na pessoa de seu Bispo, Dom Marcos Antonio Tavoni, comunica que recebeu, consternada a denúncia de abuso sexual de menor, supostamente, cometido por Padre da Diocese de Bom Jesus. E que a Diocese diante dos fatos divulgados em mídia, causa de escândalos dos fiéis, tem a informar:
O Padre colocado em evidência, não foi, ainda, notificado pela justiça, não tem conhecimento oficial das acusações que, no momento, pesam sobre ele e que são divulgadas pela imprensa. Portanto, responderá no momento certo à Justiça, dando satisfação à sociedade;
Uma Comissão interna da Diocese formada por peritos, profissionais relacionados ao assunto, será instaurada para o acompanhamento do Processo Canônico, investigativo e assistência à família envolvida.
A Diocese se colocará sempre ao lado da justiça, colaborando com as autoridades civis na elucidação do caso, para o bem da suposta vítima, do sacerdote em questão, dos demais envolvidos e da própria Igreja.
O Sacerdote em questão será suspenso do Uso de Ordens “Ad cautelam”, ou seja, fica suspenso o exercício de seu ministério, por cautela, até o final das investigações e a conclusão do veredicto.
A Nunciatura Apostólica será comunicada oficialmente, para o acompanhamento do caso e para encaminhamento dos desfechos.
Devemos orar, pela solução do caso, na justiça e na caridade e orar, em especial, pela santificação do Clero.
Dom Marcos lamentou muitíssimo a repercussão dos fatos e manifesta toda sua solidariedade com o sofrimento dos envolvidos: “Sinto e sofro, com a família envolvida, a dor de todos, principalmente, dos pais; pois como Bispo, cada padre é para mim como verdadeiro filho e nenhum pai quer que o filho se perca”, concluiu o Bispo.
Decreto Diocesano Suspensão de Ordem (Capa)
(PASCOM – Bom Jesus-PI). Fonte: https://www.portalodia.com
9º Suicídio Sacerdotal de 2021. Até quando?
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Padre Simeão do Espírito Santo
Novembro de 2021
Não sei mais o que escrever, não sei mais como exprimir a dor que eu sinto quando recebo a notícia de suicídio de mais um padre. Rezar e escrever me ajudam, mas ainda não é o suficiente...
Estamos no início de Novembro, e o suicídio do Padre José Alves é o nono padre suicida este ano...
Cada sacerdote que tirou sua vida esse ano tinha um rosto, uma história, um sofrimento, uma dor, uma vocação, um sonho. O que lhes faltava? O que não foi feito por estes irmãos? Onde erramos? Até onde vai a responsabilidade pessoal? Há uma responsabilidade eclesial? Por que os padres estão se assassinando? Quantos mais precisarão morrer para a igreja católica no Brasil acordar? Por que continuamos inertes, indiferentes e omissos? Os suicídios sacerdotais em série, no Brasil, revelam em parte, a doença, a ineficiência e a hipocrisia da estrutura clerical.
A Diocese de Bom Jesus do Gurguéia, havia recebido uma acusação contra o Padre José. O teor da denúncia era de abuso sexual com menor. Nada foi comprovado. O padre foi suspenso de ordens “Ad cautelam” no último dia 6, através de um decreto. Sim, sabemos que após centenas de casos de pedofilias no mundo, desde o Papa Bento XVI, e agora com o Papa Francisco, a cultura do silêncio está sendo quebrada, e as orientações são muito claras. O bispo da Diocese pode ter aplicado a lei pela lei, e apenas com a denúncia da acusação (ainda que não tenha sido provada), o padre tenha sido suspenso. Irmãos padres, qualquer sacerdote, pode passar por isso. Qualquer denúncia, mesmo sem prova, chegando ao bispo diocesano, pode acarretar na mesma suspensão recebida pelo Padre José.
Penso em irmãos que eu conheci, que foram suspensos sem poderem fazer absolutamente nada. Irmãos que eram e sempre foram inocentes. Temos um caso, de suicídio, aqui no Brasil, de um religioso, em 2013, que sendo acusado injustamente, não conseguiu suportar o peso de tal sofrimento, e se enforcou no quarto com o próprio cíngulo. Quantos de nós fomos acusados levianamente!?
O Padre José foi encontrado morto, em sua casa paroquial, no último Domingo. Pergunto-me: A Diocese ou Pastoral Presbiteral estava cuidando dele após a suspensão? Se ele não podia mais celebrar por que ficou sozinho na casa? Há algum acompanhamento jurídico, psicológico, espiritual, episcopal ou presbiteral para os padres que são suspensos “ad cautelam”? Antes, da sua morte, Padre José, escreveu em suas redes sociais: “Eu Amo a Igreja”. Ah, padre irmão, eu entendo sua afirmação. Escutamos isso no tempo todo do seminário, né? Amamos a igreja, padre; mas a grande verdade é que a igreja não nos ama. O único que nos ama é o Cristo, Cabeça e Esposo da Igreja.
Na vida de todo padre, há de chegar um momento em que ele ficará sozinho. Teremos apenas Jesus! E, mesmo, Ele nos bastando, ao sermos abandonados, esquecidos, e alguns de nós, caluniados e acusados por bispos, padres e leigos, precisaremos pensar em nós mesmos. O suicídio não vale como martírio, irmãos padres! Sei, porque escuto, que muitos padres pensam em tirar a própria vida. Em um país latino-americano aqui vizinho, padres estão tirando a vida em grupo; mas essa não é a resposta. Esse não é o caminho! Faço uma confissão pública: Quando em um momento de extremo sofrimento, há uns três ou quatro anos atrás, quando eu pedi um tempo de afastamento do exercício do ministério, e tive também o pensamento de morte na cabeça, eu cheguei a seguinte conclusão: “É melhor um sacerdote vivo do que um padre morto”. Sacerdote sempre seremos, exercendo ou não. Padre é outra história...
Por favor, irmãos padres, pensem em vocês! Parem de pensar na igreja, em primeiro lugar. Na estrutura da igreja romana no Brasil, não existe tempo nem prioridade para o cuidado sacerdotal. Somos empresários e empregados de batina. Não é suficiente amar a Igreja. Apenas isso não é possível para continuar vivo diante dos inúmeros desafios sacerdotais que este tempo nos impõe. O máximo que a igreja consegue fazer é rezar por nós. Ela dificilmente acolhe, raramente escuta, não sabe cuidar, não tem tempo para amar. Não nos procura como filhos, dificilmente a igreja vai te ajudar. Ela se comunica conosco por decretos, papéis, provisões e excomunhões. Os bispos já nos trocam de paróquia pelo Whatsapp e telefonemas. Os padres viraram funcionários das mitras diocesanas. São conhecidos pelos números dos CNPJ das paróquias que administram. Para os senhores só chegarão os boletos das mitras, os envelopes das campanhas da CNBB e o número da conta do bispo para as espórtulas das crismas...
O que vale a vida e a história de um padre? O que está escrito no Código de Direito Canônico! Ele vale mais que o Evangelho. Ele é punitivo. O último cânone nunca é aplicado na vida do padre! Padre irmão que ainda não se suicidou, continue amando a Igreja; mas por favor, se ame, primeiro. Se alguma coisa acontecer contigo, justa ou injustamente, você tem grande chance de ser descartado através de um decreto frio e impessoal. Ame a Jesus! Converse com Ele! Não espere o bispo te perguntar como está. Não crie expectativa sobre a fraternidade sacerdotal. Ela existe, na maioria do clero, só no papel. Ame-se! Se ame primeiro. Ame-se antes de amar os superiores e os irmãos padres. Lembre-se, que haverá um momento que será só você e Ele. Todos te deixarão. As acusações e o que podem colocar de ti nas redes, possivelmente, valerão mais do que tudo que Deus lhe deu a graça de realizar fielmente em todos os teus anos de ministério. Os conselhos presbiterais não te conhecem. Para a grande parte deles, você já está até morto...
Ah, irmão padre, não se mate. Não seja o décimo da lista de 2021! Você sabe que nenhum dos ordinários locais dos outros nove falaram nada? Se você se matar, no outro dia, alguém vai ser mandado para o teu lugar. Você será lembrado apenas nas missas em que alguém colocar teu nome nas intenções. Com alguns dias, o instagran e o Facebook não mais falarão de ti. Foi assim com o Padre Ruben, Adriano Henrique, Milton, Marco Antônio, Mauro Jorge...e todos esse ano, e todos celebraram, usaram casulas, absolveram pecados, batizaram, assistiram casamentos.
Padre, não seja o décimo...peça férias, pede um ano sabático. Vai para a casa dos teus pais. Deixe a paróquia. Você não vai morrer de fome. Eu sou testemunha disso. Pede transferência de paróquia ou diocese. Busque a vida religiosa ou se incardine em uma diocese. Mude de rito, de tradição. Mude de país. Vai fazer missão, mas não se mate. Nada vai adiantar com a tua morte. Para alguns bispos, vai ser apenas menos um ‘problema’. A maior parte dos padres nem vão se lembrar de ti quando teu nome for retirado do anuário ou do site da diocese. Padre, por favor, não se mate por amor à Igreja. Essa igreja não merece nossa morte. Ela precisa de nossa vida, ainda que escondida e insignificante para o alto clero. Não diga sim aos homens, diga sim à Deus! Mude de Estado ou até de estado de vida; mas por favor, não se mate. O Papa Francisco nunca saberá a verdade. A Nunciatura não vai te ajudar. Se um dia a CNBB fizer algo pensando nos potenciais padres suicidas, o senhor vai ser somente um número do passado. Se ame, padre!
Padre, procure ajuda. Se teu bispo não te ajudar, ligue para um padre. Vai até um confessor, procure um diretor. Vai até o médico, padre. Começa, por favor, uma terapia. Temos muitos padres e consagrados psicólogos. Reze, padre; mas se ame. Se alimente, se divirta, durma, diminua a marcha. Não espere ajuda fora. Primeiro, comece em ti. Mude por dentro. Ame sua humanidade e o ministério sacerdotal. Grite, irmão. Pare. Deixe o celular e vá rezar. Leia, padre. Confesse, padre. Vai ao hospital e brinca com as crianças, visita os casais, escute os idosos, fica diante do sacrário. Não se mate. Não compre remédios nem cordas. Não coloque fim na sua vida antes do tempo. O Bom Pastor te quer vivo. E, lembra da oração: “Na hora da morte, chamai-me, e mandai-me ir à Vossa Presença”. Não vá antes da hora, não antecipe nem um só dia. Precisamos de Ti. Ele te ama! Ele te amou e sempre te amará.
E, se um dia, eu tiver um lugar aqui para te acolher, Vem ficar comigo. Prometo cuidar de ti, com irmãos que te acolherão e te amarão.
Não se mate, padre, Não seja o décimo, por favor!
Nossa Senhora, coloca a mão nesta lista e cancela ela, por favor. Maria, Mãe dos Sacerdotes, rasgue essa lista dos padres suicidas no Brasil. Agora, e até a hora da nossa morte. Amém!
EVANGELHO DO DIA-32ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 8º de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 1-6)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! 2Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos. 3Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe. 4Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás. 5Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! 6Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 17,1-6
O evangelho de hoje traz três palavras distintas de Jesus: uma sobre como evitar o escândalo dos pequenos, outra sobre a importância do perdão e uma terceira sobre o tamanho da fé em Deus que devemos ter.
Lucas 17,1-2: Primeira palavra: evitar o escândalo
“Jesus disse a seus discípulos: "É inevitável que aconteçam escândalos, mas, ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos”. Escândalo é aquilo que faz a pessoa tropeçar e cair. No nível da fé significa aquilo que desvia a pessoa do bom caminho. Escandalizar os pequenos é ser motivo pelo qual os pequenos se desviem e percam a fé em Deus. Quem faz isto recebe a seguinte sentença: “Corda no pescoço amarrada numa pedra de moinho para ser jogado no fundo do mar!” Por que tanta severidade? É porque Jesus se identifica com os pequenos, os pobres. (Mt 25,40.45). São os seus preferidos, os primeiros destinatários da Boa Nova (cf. Lc 4,18). Quem toca neles, toca em Jesus! Ao longo dos séculos, muitas vezes, nós cristãos pelo nosso modo de viver a fé fomos motivo pelo qual os pequenos se afastaram da igreja e procuraram outras religiões. Já não conseguiam crer, como dizia o apóstolo na carta aos romanos, citando o profeta Isaías: "Por causa de vocês, o nome de Deus é blasfemado entre os pagãos." (Rm 2,24; Is 52,5; Ez 36,22). Até onde nós temos culpa? Será que merecemos a corda no pescoço?
Lucas 17,3-4: Segunda palavra: Perdoar o irmão
“Prestem atenção! Se o seu irmão peca contra você, chame a atenção dele. Se ele se arrepender, perdoe. Se ele pecar contra você sete vezes num só dia, e sete vezes vier a você, dizendo: 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo”. Sete vezes por dia! Não é pouco! Jesus pede muito! No evangelho de Mateus, ele diz que devemos perdoar até setenta vezes sete! (Mt 18,22). O perdão e a reconciliação são um dos assuntos em que Jesus mais insiste. A graça de poder perdoar as pessoas e reconcilia-las entre si e com Deus foi dada a Pedro (Mt 16,19), aos apóstolos (Jo 20,23) e à comunidade (Mt 18,18). A parábola sobre a necessidade de perdoar o próximo não deixa dúvida: se não perdoarmos aos irmãos, não podemos receber o perdão de Deus (Mt 18,22-35; 6,12.15; Mc 11,26). Pois não há proporção entre o perdão que recebemos de Deus e o perdão que devemos oferecer ao próximo. O perdão com que Deus nos perdoa gratuitamente é como dez mil talentos comparados com cem denários (Mt 18,23-35). A Bíblia de Jerusalém fez o cálculo: dez mil talentos são 174 toneladas de ouro; cem denários não passam de 30 gramas de ouro.
Lucas 17,5-6: Terceira palavra: Aumentar em nós a fé
“Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se daí, e plante-se no mar'. E ela obedeceria a vocês”. Neste contexto de Lucas, a pergunta dos apóstolos aparece como motivada pela ordem de Jesus de perdoar até sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que pecar contra nós. Não é fácil perdoar. O coração fica magoado, e a razão arruma mil motivos para não perdoar. Só com muita fé em Deus é possível chegarmos ao ponto de ter um amor tão grande que ele nos torne capazes de perdoar até sete vezes por dia ao irmão que peca contra nós. Humanamente falando, aos olhos do mundo, perdoar assim é loucura e escândalo, mas para nós tal atitude é expressão da sabedoria divina que nos perdoa infinitamente mais. Dizia Paulo: “Nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. (1Cor 1,23) .
4) Para um confronto pessoal
1) Na minha vida, alguma vez, já fui motivo de escândalo par o meu próximo? Ou alguma vez, os outros foram motivo de escândalo para mim?
2) Será que sou capaz de perdoar sete vezes por dia ao irmão ou à irmã que me ofende sete vezes por dia?
5) Oração final
Cantai em sua honra, tocai para ele, recordai todos os seus milagres. Gloriai-vos do seu santo nome, alegre-se o coração dos que buscam o Senhor. (Sl 104, 2-3)
SANTIDADE, CONVITE À ALEGRIA PLENA, À INTEIREZA HUMANA E A TESTEMUNHAR A TERNURA DIVINA.
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Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Celebramos, neste Domingo, a Solenidade de Todos os Santos, a festividade que visibiliza a consoladora e empolgante corrente e comunhão de todos os cristãos que terminaram sua caminhada com a palma da vitória, que nos motiva esperançando nossa vida e faina diária. O Papa Francisco, respondendo à grande descoberta do Concílio Vaticano II, explica, em miúdos, na Exortação Apostólica Gaudete e Exultate, o fascínio e o desafio da santidade para todas as pessoas, gente como a gente, de carne e osso, pele e pescoço.
Trata-se de alcançar a promessa da alegria plena que Jesus comunicara a seus discípulos, o santo que se forja no bom humor, na serenidade e humildade entre os seus irmãos, servindo e amando sem espetaculosidade ou chamar atenção para si.
A aspiração de santidade do homem e da mulher de hoje, que caminha muitas vezes, desapercebido pela multidão, mas sempre buscando a inteireza da experiência humana, passa por superar a fragmentação e não raro as contradições da fé com a vida, os desarranjos entre a oração e a ação cristã, entre a espiritualidade e a defesa da dignidade humana, entre a luta contra o pecado pessoal e a indiferença ao pecado estrutural.
O conhecido católico francês Leon Bloy dizia que havia uma só tristeza para o cristão, a de não ser santo, a de conformar-se com a mediocridade ou com a vivência mesquinha de uma religião de troca-troca, de adrenalina espiritual barata, ou de fervorinhos efêmeros. O Papa São Paulo VI, uma vez em uma audiência para o laicato, interpelou a plateia perguntando: “estais aqui para procurar a santidade, e isso é bom e desafiador, mas se não é por isso, para que estais aqui?”
Sim, ser santo é um chamado à felicidade, à união profunda com Deus para deixar-se transformar totalmente por Ele e tornar-se um sinal vivo da ternura e misericórdia divina, sem perder nunca a paixão de viver e de ser amigo e irmão de todas as pessoas e criaturas. Terminamos com a frase do Papa São João Paulo II: “O Brasil precisa muito de Santos”, pois um santo é uma liderança profundamente iluminadora e inspiradora capaz, como afirmava Elizabeth da Trindade, de elevar toda a humanidade ao Pai. Deus seja louvado! Fonte: https://www.cnbb.org.br
EVANGELHO DO DIA-31ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 5 de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-8)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. 2Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 3O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 4Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego. 5Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão? 6Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. 7Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. 8E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto. Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?
Lucas 16,1-2: O administrador é ameaçado de despejo
“Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo, tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador desonesta. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e encontrar uma saída.
Lucas 16,3-4: O que fazer? Qual a saída?
“Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
Lucas 16,5-7: Execução da solução encontrada
“E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüenta'. Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o receba em sua casa.
Lucas 16,8: O Senhor elogiou o administrador desonesto
E agora vem a conclusão desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).
4) Para um confronto pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o critério que uso na solução dos meus problemas?
5) Oração final
Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário. (Sl 26, 4)
EVANGELHO DO DIA-31ª SEMANA DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 4 de novembro-2021. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 15, 1-10)
Naquele tempo, 1Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 2Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 3Então lhes propôs a seguinte parábola: 4Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 6e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 8Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 15,1-10
O evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15.11-32). As três parábola são dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.
Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas
Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”.: De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is 50,4). Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: "Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!". No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).
Lucas 15,4: Parábola da ovelha perdida
A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta: "Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do que dez voando!”
Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a parábola da ovelha perdida
Ora, na parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar uma tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."
Lucas 15,8-10: Parábola da moeda perdida
A segunda parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontra a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte". Deus fica alegre conosco. Os anjos ficam alegres conosco. A parábola era para comunicar esperança a quem estava ameaçado de desespero pela religião oficial. Esta mensagem evoca o que Deus nos diz no livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu és precioso aos meus olhos, eu te amo!” (Is 43,4)
4) Para um confronto pessoal
1) Você andaria atrás da ovelha perdida?
2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?
5) Oração final
Procurai o Senhor e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
AO VIVO- DIA DE FINADOS: Santa Missa com Frei Petrônio de Miranda
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FINADOS: Santa Missa direto da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição- Angra dos Reis/RJ- com Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Terça-feira, 2 de novembro-2021. Câmera: Andreia-PascomAngra.
REZAR PELOS MORTOS: NOSSO COMPROMISSO DE FÉ!
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Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
As orações, na intenção das pessoas que já faleceram, são expressão da ligação e do amor que temos para com elas. Através das nossas preces, gostaríamos de ajudá-las no momento da morte a se decidirem por Deus. É um sinal do nosso amor e da nossa solidariedade. Para o amor, a morte não é um limite. Na morte de um cristão, as possibilidades de se ajudar e de se doar não deixam de existir. Encontramos essa prática já no Antigo Testamento. Um dos testemunhos mais claros está em 2Mc 12,38-45, onde encontramos além da fé na ressurreição, a prática de oração e ajuda pelos mortos. Claro que precisamos compreender este auxílio e purificação após a morte dentro da prática da Igreja que chamamos de comunhão dos santos.
Fazemos parte do corpo de Cristo que é a Igreja. Ensina-nos o Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumem Gentium 49, que essa Igreja é peregrina na terra, triunfante no céu e padecente nesse processo de purificação. Por formarmos um único corpo, é que podemos ir em socorro dos nossos irmãos e irmãs falecidos, assim como podemos contar com a intercessão dos santos e santas que já estão junto de Deus. Ou seja, assim como no nosso corpo humano um membro beneficia o outro, no corpo espiritual, que é a Igreja, acontece o mesmo, o bem de cada um dos membros comunica-se a todos (1Cor 12,26).
Fique claro que não nos comunicamos com os mortos, mas fazemos comunhão com eles por meio do amor e da oração. Nós amamos na terra, eles nos amam no céu, nós rezamos na terra, eles louvam nos céus. E não há dúvidas que assim como temos o auxílio dos santos, nós podemos, com nossas orações, ajudar os que já morreram.
Na oração pelos mortos como fazemos na Santa Missa que celebramos, não existe barreira entre céu e terra, entre vivos e mortos. Na Santíssima Eucaristia, participamos do banquete eterno, que os nossos entes queridos celebram, agora, junto com Deus. Podemos experienciar a comunhão com eles, que celebram as bodas eternas no mesmo momento.
Tenhamos presente que rezamos pelos mortos. Os bem-aventurados (santos) não precisam das nossas orações, por isso rezamos com eles invocando a sua intercessão. E rezamos pelos mortos na certeza de que nossas preces podem ajudá-los no encontro definitivo com Deus.
Vale lembrar que é parte da nossa fé a doutrina do purgatório. E é aqui que se justifica a nossa oração pelos mortos. Mas tenhamos presente que purgatório não é lugar. Por isso, não devemos pensá-lo nas categorias de tempo e espaço. Como se uma pobre alma permanecesse ali por tanto tempo afim de expiar os pecados. Alguns teólogos católicos compreendem o purgatório como sendo a imagem do encontro pessoal com Deus. No encontro com Ele, que nos ama, reconhecemos a dor que causamos aos outros com nossos pecados e sofremos a dor do arrependimento. Não podemos dizer quanto tempo leva essa dor, pois como dizíamos, fugimos das categorias de tempo e espaço.
Como dificilmente nos encontramos preparados para a morte, cremos na possibilidade da solidariedade na expiação dos pecados de uns pelos outros. Uma vez que após a morte não é possível fazer mais nada por si mesmo, os que morrem no pecado têm necessidade da intercessão dos outros membros da Igreja. Desse modo, como membros do Corpo de Cristo, podemos auxiliar nossos irmãos que morreram no pecado com nossas orações.
Santo Agostinho diz que as obras de misericórdia são a melhor ajuda que podemos prestar aos mortos. Ou seja, o bem que ficou a meio caminho naqueles que morreram, continua a ser feito em comunhão com o bem praticado pelos que amam seus mortos. Nossa oração é uma expressão do nosso amor. Gostaríamos de poder mostrar que não os esquecemos, que eles nos são importantes.
O sete é um número simbólico e na Bíblia indica perfeição, uma oração contínua em favor dos nossos entes queridos. Até porque, recordamos que na obra da criação, o 7º dia é o dia do descanso (Gn 2,3), e nós rezamos pelo descanso eterno da pessoa que morreu. Mas também temos a tradição do luto de sete dias que nós encontramos na Bíblia: José fez um luto de sete dias pelo seu pai Jacó (Gn 50,10); Saul foi enterrado e fizeram um jejum de sete dias (1Sm 31,13); O povo chorou a morte de Judite durante sete dias (Jt 16,24); O luto por um morto dura sete dias (Eclo 22,13). E esse período de luto é comumente concluído, na tradição católica, com a missa de 7º dia.
O sete é uma medida temporal, vale para nós, enquanto Igreja Peregrina, enquanto seres medidos pelo tempo. Mas não vale mais para os nossos mortos, pois passados pelo juízo particular, eles participam da eternidade de Deus.
Por isso, celebrar a Eucaristia por alguém falecido é expressão da nossa comunhão. Continuamos lembrando dele, não o abandonamos, o consideramos parte de nós. E é muito importante que quando encomendamos uma intenção de missa, participar da celebração. É muito triste quando, às vezes, inclusive em missas de 7º dia, nenhum familiar encontra-se na Igreja. Não deveríamos terceirizar o nosso amor por um ente que chamamos de querido.
Neste sentido, do dia 1º ao dia 8 de novembro, aos fiéis que visitarem o cemitério e rezarem, mesmo só mentalmente, pelos defuntos, concede-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: diariamente, do dia 1º ao dia 8 de novembro, nas condições de costume, isto é: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice. Neste ano, devido a pandemia, esse prazo foi prorrogado até o final do mês pela Penitenciaria Apostólica. Isso já aconteceu no ano passado.
Ainda neste dia, em todas as Igrejas, oratórios públicos ou semipúblicos, igualmente lucra-se uma Indulgência Plenária, só aplicável aos defuntos: a obra que se prescreve é a piedosa visitação à Igreja, durante a qual se deve rezar a Oração Dominical e o Símbolo (Pai nosso e Creio) confissão sacramental, comunhão eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice (que pode ser um Pai Nosso e Ave Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a piedade e devoção).
Reze hoje pelos que te precederam na vida eterna. Amanhã, outros também irão rezar por ti! Que os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém! Fonte: https://www.cnbb.org.br
Sexta-feira, 29 de outubro-2021. 30ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 1-6)
1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galileia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.
Lucas 14,1: O convite em dia de sábado
“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus
“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus
“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
4) Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembleia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Festa de Simão e São Judas Tadeu - 28 de outubro. EVANGELHO DO DIA-LECTIO -DIVINA- Com Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Ó Deus, que, pela pregação dos Apóstolos, nos fizestes chegar ao conhecimento do vosso Evangelho, concedei, pelas preces de São Simão e São Judas, que a vossa Igreja não cesse de crescer, acolhendo com amor novos fiéis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 12-19)
12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
3) Reflexão Lucas 6, 12-19
O evangelho de hoje é o mesmo de 9 de setembro. Ele traz dois assuntos: (1) descreve a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e (2) informa que uma multidão imensa de gente queria encontrar-se com Jesus para ouvi-lo, tocar nele e ser curada (Lc 6,17-19).
Lucas 6,12-13: Jesus passa noite em oração e escolhe os doze apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus subiu a uma montanha e passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão registrados nos evangelhos. A eles deu o título de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais a missão e diz que Jesus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14).
Lucas 6,14-16: Os nomes dos doze apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento: Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também se chamava Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, pois vinham da Judéia e também lá de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Aqui transparece o ecumenismo, a abertura universal da missão, tema preferido de Lucas que escreve para pagãos convertidos.
As pessoas chamadas por Jesus, consolo para nós.
Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes dos Doze apóstolos e de outros homens e mulheres que seguiram Jesus de perto. Os Doze, chamadas por Jesus para formar com ele a primeira comunidade, não eram santos. Eram pessoas comuns, como todos nós, com suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada um deles. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás (Mc 8,33) e pedra de tropeço (Mt 16,23). Negou Jesus na hora do perigo (Lc 22,56-62). Jesus deu a ele o apelido de Pedra . Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme, pois queria Jesus só para o grupo dele e proibiu os outros usar o nome de Jesus para expulsar demônios (Mc 9,38).
Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Os publicanos eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira deste gesto de Jesus?
2) Os primeiros cristãos lembravam os nomes dos doze apóstolos que estavam na origem das suas comunidades. Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? Você lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã. O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
5) Oração final
Exaltai o Senhor nosso Deus, prostrai-vos ante seu santo monte, porque santo é o Senhor, nosso Deus. (Sl 99, 9)
Mulher de pastor 'que não ressuscitou' diz que Deus tem seus motivos, e fiéis do lado de fora da capela dizem ter visto 'clarão'
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Ana Maria e Huber: marido, morto pela Covid-19, tinha expectativa de ressuscitar no terceiro dia Foto: Arquivo pessoal
Casada por 26 anos com Huber Rodrigues, que foi vítima de complicações da Covid-19, ela conta que recorreu à Justiça para atender a desejo do marido que, em carta de 2008, escreveu que voltaria à vida depois de três dias de velório
Carla Rocha e Raphaela Ramos
RIO — "Deus tem a forma Dele de ressuscitar. Ressuscitar, para Deus, pode ser levar um espírito para o céu". A frase é de Ana Maria Oliveira Rodrigues, de 56 anos. De filha de lavrador que plantava milho e soja em Joviânia, no interior de Goiás, ela se tornou celebridade, da noite para o dia, em Goiatuba, cidade vizinha de sua terra natal, onde passou a morar. Na segunda-feira à noite, o tempo parou no local de pouco mais de 35 mil habitantes. Centenas de pessoas foram para a porta da funerária Paz Universal esperar o momento em que o marido de Ana Maria, o pastor Huber Rodrigues, de 49 anos, ressuscitaria. Não aconteceu. Por volta de meia-noite, o estabelecimento, que existe há 44 anos na região, deu início à cerimônia de despedida que, pela primeira vez, aconteceria de madrugada. A pedidos.
Com o coração na mão e dividida até o último minuto, porque temia que a profecia que o próprio marido fez constar em documento em 2008 não se cumprisse, Ana Maria não se envergonha, apesar de algumas pessoas terem transformado o caso em piada. Os cristãos queriam um milagre, que consistiria em Huber sair do caixão com as próprias pernas. Os céticos, por sua vez, só assistiam a distância por pura diversão. Uma "live" acompanhava os acontecimentos em tempo real.
— Não me importo com as brincadeiras, eu entendo. Mas muita gente que estava do lado de fora da capela viu um clarão no céu na hora em que o Huber tinha pedido para ser feito o sepultamento. Ele foi muito claro quanto ao horário. Ele tinha muito medo de ser enterrado vivo — conta Ana Maria, lembrando que, além da luz repentina, começou a chover. — Deus sabe o que faz, a minha fé não ficou abalada, muito pelo contrário, foi avivada. Eu estou com a minha consciência tranquila de que atendi a um pedido do meu marido, que tanto bem fez para esta comunidade.
Quando os dois se conheceram, Ana Maria era solteira e tinha 30 anos, e Huber, mais novo, 23. Os dois nunca puderam ter filhos e saíram de Joviânia para tentar uma vida melhor em Goiatuba. Lá, enfrentaram "atribulações". Criada numa família religiosa - "minha mãe era católica de verdade" -, ela passou a dormir mal à noite, e o marido a ter episódios de desmaios que acabavam nas emergências da região. Formada técnica em contabilidade, ela acredita que a situação foi superada à medida que os dois foram cada vez mais mergulhando na religiosidade. Convidada por amigos, ela passou a frequentar um templo evangélico. "Vivíamos um para o outro e para o ministério", diz, acrescentando que, sem filhos, sentia até então um vazio no peito que só o coração da mulher entende.
— Só quem não pôde ter filhos sabe o que é isso. Logo que casamos, o médico me examinou e disse que eu não podia ter um bebê, sem explicar a razão. E eu não procurei saber. Acho que ele falou assim para evitar mais sofrimento — recorda-se Ana Maria, que tem sete irmãos que se revezam no apoio emocional a ela desde que o marido adoeceu.
O casal teve Covid-19 junto. Ana Maria se recuperou em casa, Huber um dia após os primeiros sintomas foi internado e intubado. Em 26 anos de união, foi a primeira vez que ela passou mais de um mês sem vê-lo.
— Mas ele começou a melhorar e melhorar. Pela graça de Deus porque ele ficou muito grave, a ponto de fazer hemodiálise, dia sim, dia não. Os médicos falavam que ele estava se recuperando, retiraram do tubo e só o deixaram na UTI para ter um suporte de oxigênio. Eu avisava todos os dias à família dele, dava notícias, estávamos esperando a alta. Passamos a nos ver pela câmera do celular porque, devido à pandemia, ninguém pode entrar no hospital (Itumbiara, a cerca de 50km de Goiatuba). Na quinta-feira, foi a última vez que nos vimos. Eu estava no nosso ministério e outros missionários também viram como ele estava pela câmera do celular. No sábado, entretanto, houve uma piora e ele partiu após ter uma parada cardiorrespiratória.
O tom de realismo fantástico, descambando para o deboche, que parte da população local deu ao velório prolongado de Huber não a incomoda. Ana Maria se manteve firme no propósito de velar o corpo do marido por três dias. Numa carta escrita há 13 anos, ele dizia que era o tempo necessário para ser agraciado pelo "Mistério de Deus". Na previsão, o pastor afirmava: "minha integridade física tem que ser totalmente preservada, pois ficarei por três dias morto, sendo que no terceiro dia eu ressuscitarei. Meu corpo durante os três dias não terá mau cheiro nem se decomporá, pois o próprio Deus terá preparado minha carne e meu cérebro para passar por essa experiência". Pelas instruções deixadas pelo marido, que morreu no sábado de manhã, o enterro só poderia acontecer na segunda-feira às 23h30. Ana Maria ainda esperou mais dez minutos. Quando finalmente o caixão começou a baixar na cova, parte da multidão gritava: "abre! abre! abre!". Queriam ter a prova de que a premonição, soprada pelo Espírito Santo nos ouvidos de Huber, não se completara.
— Na hora, você pensa: "Deus, não vai acontecer?" Não foi fácil para mim, fiz tudo com toda a minha alma e minha fé. De fato, eu sou testemunha de que ele não exalava qualquer mau cheiro. A pele dele era íntegra, mesmo sem ter passado pelos procedimentos de conservação do corpo. Isso nunca aconteceria, numa situação normal, com uma pessoa que estivesse morta há tanto tempo, porque o odor seria muito forte. Fui todos os dias à capela vê-lo, estava intacto. Acho que só Deus sabe os motivos de as coisas terem acontecido desse jeito. As pessoas que não são tão espirituais não acreditam, eu entendo a reação— diz Ana Maria, que não espera ter problemas com a Justiça, embora a Vigilância Sanitária da Prefeitura de Goiatuba tenha autuado a funerária e aberto um processo administrativo por infração sanitária porque o corpo não foi submetido à tanatopraxia, quando é embalsamado para suportar um período maior de tempo até o sepultamento.
— A funerária e a família me procuraram para pedir autorização. Mas eu não poderia dar. As regras da Anvisa não permitem. O corpo, dependendo das condições, exala mau cheiro e elimina substâncias que podem ser prejudiciais à saúde das pessoas — explica o farmacêutico Luciano Borges Chaves, fiscal da Vigilância.
O casal faz parte de uma comunidade que já representa cerca de 30% dos praticantes de alguma religião no país, segundo pesquisa do DataFolha divulgada no ano passado. Pelos números, 50% dos brasileiros são católicos, 31% evangélicos e 10% não têm religião. Uma proporção que cresceu em relação ao último Censo de 2010, quando havia 42.275.440 evangélicos no Brasil, 22,2% da população à época. O professor Valdemar Figueiredo, doutor em Ciência Política, pastor e membro do Instituto Mosaico, afirma que a situação causa um assombro por acontecer em pleno século XXI:
— Mesmo quem é religioso leva um susto quando se depara com pessoas que acreditam dessa forma. Remete a um tempo bíblico em que Lázaro estava morto e Jesus o chama à vida. Mas estamos falando de um tempo em que não havia laudo médico, atestado de óbito, além de ser uma narrativa muito mais poética do que um texto objetivo — observa.
Homem de fé e também evangélico, o gerente da funerária Paz Universal, José Dourado, explica que estranhou o pedido, mas acredita em milagres. Ele lembra que a Bíblia - "em outros tempos, é claro" - mostra que é possível. Além disso, ressalta que o objetivo do serviço funerário é amparar a família do morto da melhor forma.
— Como cristão, acreditei que pudesse acontecer um milagre. A gente vive e está todo dia aprendendo. Não aconteceu com Lázaro? — indaga ele que acompanhou toda a cerimônia até a descida do caixão excepcionalmente na madrugada de segunda para terça-feira.
A Igreja Assembleia de Deus Maranata (Catedral dos Milagres), que o casal mantinha em parceria, vai continuar de portas abertas, de acordo com Ana Maria, que foi auxiliar administrativa quando mais jovem enquanto Huber foi motorista de ônibus:
— Eu era a mulher do pastor, agora eu tocarei a obra do Senhor. Fonte: https://oglobo.globo.com
Quarta-feira, 27 de outubro-2021. 30ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 22-30)
22Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.23Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu:24Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.25Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: Digo-vos que não sei de onde sois.26Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças.27Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.29Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.30Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.
3) Reflexão Lucas 13, 22-30
O evangelho de hoje traz mais um episódio acontecido durante a longa caminhada de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém, cuja descrição ocupa mais de uma terça parte do evangelho de Lucas (Lc 9,51 a 19,28).
Lucas 13,22: A caminho de Jerusalém
“Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém”. Mais uma vez Lucas menciona que Jesus está a caminho de Jerusalém. Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc 9,51.53.57; 10,1.38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28). O que é claro e definido, desde o começo, é o destino da viagem: Jerusalém, a capital, onde Jesus será preso e morto (Lc 9,31.51). Raramente, informa o percurso e os lugares por onde Jesus passava. Só no começo da viagem (Lc 9,51), no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), ficamos sabendo algo a respeito do lugar por onde Jesus estava passando. Deste modo, Lucas sugere o seguinte ensinamento: temos que ter claro o objetivo da nossa vida, e assumi-lo decididamente como Jesus fez. Devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre, porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo: Jerusalém, onde nos aguarda o “êxodo” (Lc 9,31), a paixão, morte e ressurreição.
Lucas 13,23: A pergunta sobre os número dos que se salvam
Nesta caminhada para Jerusalém acontece de tudo: informações sobre massacres e desastres (Lc 13,1-5), parábolas (Lc 13,6-9.18-21), discussões (Lc 13,10-13) e, no evangelho de hoje, perguntas do povo: "Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?" Sempre a mesma pergunta em torno da salvação!
Lucas 13,24-25: A porta estreita
Jesus diz que a porta é estreita: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão”. Será que Jesus diz isto só para encher-nos de medo e obrigar-nos a observar a lei como ensinavam os fariseus? O que significa esta porta estreita? De que porta se trata? No Sermão da Montanha Jesus sugere que a entrada para o Reino tem oito portas. São as oito categorias de pessoas das bem-aventuranças: (1) pobres em espírito, (2) mansos, (3) aflitos, (4) famintos e sedentos de justiça, (5) misericordiosos, (6) puros de coração, (7) construtores da paz e (8) perseguidos por causa da justiça (Mt 5,3-10). Lucas as reduziu para quatro: (1) pobres, (2) famintos, (3) tristes e (4) perseguidos (Lc 6,20-22). Só entra no Reino quem pertence a uma destas categorias enumeradas nas bem-aventuranças. Esta é a porta estreita. É o novo olhar sobre a salvação que Jesus nos comunica. Não há outra porta! Trata-se da conversão que Jesus pede de nós. Ele insiste: "Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: Senhor, abre a porta para nós! E ele responderá: Não sei de onde são vocês”. Enquanto a hora do julgamento não chegar, é tempo favorável para a conversão, para mudar nossa visão sobre a salvação e entrar em uma das oito categorias.
Lucas 13,26-28: O trágico mal-entendido
Deus responde aos que batem na porta: “Não sei de onde são vocês”. Mas eles insistem e argumentam: Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças! Não basta ter convivido com Jesus, de ter participado da multiplicação dos pães e de ter escutado seus ensinamentos nas praças das cidades e povoados. Não basta ter ido à igreja e de ter participado das instruções do catecismo. Deus responderá: Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!”. Mal-entendido trágico e falta total de conversão, de compreensão. Jesus declara injustiça aquilo que os outros consideram ser coisa justa e agradável a Deus. É uma visão totalmente nova sobre a salvação. A porta é realmente estreita.
Lucas 13,29-30: A chave que explica o mal-entendido
“Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos". Trata-se da grande mudança que se operou com a vinda de Deus até nós em Jesus. A salvação é universal e não só do povo judeu. Todos os povos terão acesso e poderão passar pela porta estreita.
4) Para um confronto pessoal
1) Ter o objetivo claro e caminhar para Jerusalém: Será que tenho objetivos claros na minha vida ou deixo-me levar pelo vento do momento da opinião pública?
2) A porta é estreita. Qual a visão que tenho da Deus, da vida, da salvação?
5) Oração final
Glorifiquem-vos, Senhor, todas as vossas obras, e vos bendigam os vossos fiéis. Que eles apregoem a glória de vosso reino, e anunciem o vosso poder. (Sl 144, 10-11)
31º Domingo do Tempo Comum: A prova de nosso amor a Deus está no próximo
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O AMOR DE DEUS E AOS IRMÃOS!
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
A liturgia do 31° Domingo do Tempo Comum diz-nos que o amor está no centro da experiência cristã. O caminho da fé que, dia a dia, somos convidados a percorrer, resume-se no amor Deus e no amor aos irmãos – duas vertentes que não se excluem, antes se complementam mutuamente.
Somos convidados a expressar nosso amor incondicional a Deus, de quem nos aproximamos por meio de seu Filho. O Pai nos ama e quer que o amemos, amando nossos irmãos e irmãs. Neste dia da juventude, rezemos pelos jovens, chamados a ser testemunhas da esperança em meio a tanta dor e sofrimento, causados pelas consequências da pandemia da COVID-19.
A primeira leitura(Dt 6,2-6) apresenta-nos o início do “Shema’ Israel” – a solene proclamação de fé que todo o israelita devia fazer diariamente. É uma afirmação da unicidade de Deus e um convite a amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças. Ouvir e amar o Senhor: são dois imperativos muito fortes no Livro do Deuteronômio. O povo que se prepara para entrar na terra prometida não pode fazê-lo sem estar disposto a cumprir os mandamentos. Associado a esses dois verbos estão outros como recordar e temer. Somente assim se lembrarão do Deus misericordioso que os livrou da escravidão do Egito e os conduziu para um erra boa. Essa memória deverá encher os corações do povo de alegria, a fim de que vivam na santidade diante do seu libertador. É por isso que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, como afirma Provérbios(9, 10).
O Evangelho(Mc 12,28-34) diz-nos, de forma clara e inquestionável, que toda a experiência de fé do discípulo de Jesus se resume no amor – amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se: “amar a Deus” é cumprir a sua vontade e estabelecer com os irmãos relações de amor, de solidariedade, de partilha, de serviço, até ao dom total da vida. Tudo o resto é explicação, desenvolvimento, aplicação à vida prática dessas duas coordenadas fundamentais da vida cristã. A Palavra do Senhor àquele que lhe pergunta sobre quem é o próximo é iluminadora para a nossa vida. Jesus ensina que não se pode amar a Deus sem amar o próximo e isso vale como medida para se entender a força dessa proximidade.
Quem ama não se permite insensibilidade e frieza. O mundo, por vezes, faz jogo sujo para nos anestesiar diante de realidade que nos pedem atitude. O amor não tolera inércia do outro humilhado na própria carne por ser pobre, migrante, encarcerado ou diferente.
A segunda leitura(Hb 7,23-28) apresenta-nos Jesus Cristo como o sumo-sacerdote que veio ao mundo para cumprir o projeto salvador do Pai e para oferecer a sua vida em doação de amor aos homens. Cristo, com a sua obediência ao Pai e com a sua entrega em favor dos homens, diz-nos qual a melhor forma de expressarmos o nosso amor a Deus. Jesus é o único e perfeito sacerdote da Nova Aliança. Vivendo na presença de Deus, exerce a função de mediador entre nós e Deus, dispensando a necessidade de outros mediadores. A santidade plena de Cristo torna perfeita a oferenda que Ele fez de si mesmo ao Pai, de uma vez para sempre.
A prova de nosso amor a Deus está no próximo. Não há como provar que amamos a Deus se não amamos as pessoas. Não há outros mandamentos maiores do que amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Tratam-se de dois amores que dispensam holocaustos e sacrifícios. Que possamos aprender hoje, agradecendo a Deus pelo mês das missões, que possamos buscar no Senhor a força para que aprendamos a amar sempre mais e realizar nossa missão com coração sincero e sempre voltado para Deus. Fonte: https://www.cnbb.org.br
31º Domingo do Tempo Comum: Amar a Deus e ao próximo
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O PRIMADO DO AMOR
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Diante dos Mandamentos divinos, o amor tem uma vertente de primazia fundamental, até como dualidade de uma mesma moeda, que é “amar a Deus e amar o próximo”. Esse princípio, confirmado publicamente no Evangelho por Jesus, não foi praticado de forma precisa no Antigo Testamento, mesmo diante de uma exigência tão determinante pelos fariseus no cumprimento legalista da Lei antiga.
Hoje nós somos desafiados na prática do verdadeiro amor, porque depende de fidelidade ao Senhor, condição fundamental para receber de Deus as bençãos prometidas. Acontece que agimos com um formato de infidelidade e fechados para as realidades do alto. Há muita falta de temor e de adesão ao projeto bíblico, capaz de gerar vida em abundância, com fecundidade e longevidade.
Numa cultura de fortes polarizações ideológicas extremistas, onde as pessoas não conseguem agir de modo equilibrado, os ânimos ficam agitados e à flor da pele, dificultando muito o exercício do primado do amor. O que estamos vendo é a evidência dos interesses pessoais e de grupos, pouco abertos para as riquezas do amor fecundo de Deus, que envolve a interioridade e o agir humano.
O ideal e modelo de amor perfeito encontramos em Jesus Cristo, o sumo e eterno sacerdote que, obediente e cumpridor do Projeto de Deus-Pai, entregou sua vida no madeiro de uma cruz, como expressão maior de doação, abrindo caminho para a viabilidade do amor. Não pode ser uma prática de egoísmo, de vir a nós sem ir ao encontro do outro, mas de despojamento possível de vida.
São fortes as oposições aos que lutam num amor coletivo, interpretado como ação social e política, que leva pessoas a se emanciparem de amarras que as impedem de ser livres e felizes. É um processo de conscientização para que cada indivíduo seja agente de seu próprio caminho. Os profetas do passado, como também os de hoje, são estigmatizados no exercício de profetismo.
Diante do legalismo vigente, Jesus foi interrogado sobre o sentido das inúmeras leis judaicas. Ele pontua o primado da lei do amor em dupla dimensão e como elemento essencial para a fé cristã: amar a Deus e amar o próximo. Sem isto, as demais leis do Decálogo tornam-se infecundas e sem efeito para a pessoa. Na prática do amor encontramos o paradigma do agir cristão no mundo. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Segunda-feira, 25 de outubro-2021. 30º Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 10-17)
10Estava Jesus ensinando na sinagoga em um sábado. 11Havia ali uma mulher que, havia dezoito anos, era possessa de um espírito que a detinha doente: andava curvada e não podia absolutamente erguer-se. 12Ao vê-la, Jesus a chamou e disse-lhe: Estás livre da tua doença. 13Impôs-lhe as mãos e no mesmo instante ela se endireitou, glorificando a Deus. 14Mas o chefe da sinagoga, indignado de ver que Jesus curava no sábado, disse ao povo: São seis os dias em que se deve trabalhar; vinde, pois, nestes dias para vos curar, mas não em dia de sábado. 15Hipócritas!, disse-lhes o Senhor. Não desamarra cada um de vós no sábado o seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber? 16Esta filha de Abraão, que Satanás paralisava há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão, em dia de sábado? 17Ao proferir estas palavras, todos os seus adversários se encheram de confusão, ao passo que todo o povo, à vista de todos os milagres que ele realizava, se entusiasmava.
3) Reflexão Lucas 13, 10-17
O evangelho de hoje descreve a cura da mulher encurvada. Trata-se de um dos muitos episódios que Lucas vai narrando, sem muita ordem, ao descrever a longa caminhada de Jesus para Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28).
Lucas 13,10-11: A situação que vai provocar a ação de Jesus
Jesus está na sinagoga num dia do repouso. Ele cumpre a lei, guardando o sábado e participando da celebração com seu povo. Lucas informa que Jesus estava ensinando. Havia na sinagoga uma mulher encurvada. Lucas diz que um espírito de fraqueza a impedia de tomar posição reta. Era a maneira do povo daquele tempo explicar as doenças. Já fazia dezoito anos que a mulher estava nessa situação. Ela não fala, não tem nome, não pede para ser curada, não toma nenhuma iniciativa. Sua passividade chama a atenção.
Lucas 13,12-13: Jesus cura a mulher
Vendo a mulher, Jesus a chama e lhe diz: “Mulher, você está livre da sua doença!”. A ação de libertar é realizada pela palavra, dirigida diretamente à mulher, e pelo toque da imposição das mãos. Imediatamente, ela fica de pé e começa a louvar o Senhor. Há uma relação entre o colocar-se de pé e dar glória a Deus. Jesus faz a mulher ficar de pé, para que ela possa louvar a Deus no meio do povo reunido em assembleia. A sogra de Pedro, quando curada, levantou-se e se pôs a servir (Mc 1,31). Louvar a Deus e servir aos irmãos!
Lucas 13,14: A reação do chefe da sinagoga
O chefe da sinagoga ficou furioso com a ação de Jesus, por ele ter feito a cura num dia de sábado: “Há seis dias para o trabalho! Portanto, venham num destes dias para serem curados e não no dia de sábado!”. Na crítica do chefe da sinagoga ao povo ressoa a palavra da Lei de Deus que dizia: “Lembre-se do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalhe durante seis dias e faça todas as suas tarefas. O sétimo dia, porém, é o sábado de Javé seu Deus. Não faça nenhum trabalho”. (Ex 20,8-10). Nesta reação autoritária do chefe temos uma chave para entender por que motivo o povo estava tão oprimido e por que a mulher não podia participar naquele tempo. A dominação das consciências através da manipulação da lei de Deus era muito forte. Era esta a maneira de eles manterem o povo submisso e encurvado.
Lucas 13,15-16: A resposta de Jesus ao chefe da sinagoga
O chefe condenou as pessoas porque ele queria que observassem a Lei de Deus. Aquilo que para o chefe da sinagoga é observância da lei de Deus, é hipocrisia para Jesus: "Hipócritas! Cada um de vocês não solta do curral o boi ou o jumento para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado? Aqui está uma filha de Abraão que Satanás amarrou durante dezoito anos. Será que não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?" Com este exemplo tirado da vida diária, Jesus mostra a incoerência desse tipo de observância da lei de Deus. Se é permitido desamarrar um boi e um jumento em dia de sábado só para dar-lhes de beber, muito mais é permitido desamarrar uma filha de Abraão para liberta-la do poder do mal. O verdadeiro sentido da observância da Lei que agrada a Deus é este: libertar as pessoas do poder do mal e colocá-las de pé, para que possam glorificar a Deus e render-lhe homenagem. Jesus imita Deus que endireita os encurvados (Sl 145,14; 146,8).
* Lucas 13,17: A reação do povo diante da ação de Jesus
O ensinamento de Jesus deixa confusos os seus adversários, mas a multidão se enche de alegria pelas coisas maravilhosas que Jesus está realizando: “Toda a multidão se alegrava com as maravilhas que Jesus fazia”. Na Palestina do tempo de Jesus, a mulher vivia encurvada, submissa ao marido, aos pais e aos chefes religiosos do seu povo. Esta situação de submissão era justificada pela religião. Mas Jesus não quer que ela fique encurvada. Desatar e libertar as pessoas não tem dia marcado. É todos os dias, mesmo em dia de sábado!
4) Para um confronto pessoal
- Será que a situação da mulher mudou muito de lá para cá? Qual a situação da mulher hoje na sociedade e na igreja? Tem alguma relação entre religião e opressão da mulher?
- A multidão se alegrou com a ação de Jesus. Qual a libertação que está acontecendo hoje e que está levando a multidão a se alegrar e dar graças a Deus?
5) Oração final
Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. (Sl 1, 1-2)
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