Vaticano investiga após conta do Papa no Instagram curtir foto de modelo brasileira
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Por: Fernando Moreira
O Vaticano lançou investigação para apurar a curtida que a conta oficial do Papa Francisco deu numa foto sexy da modelo brasileira Natalia Garibotto, mais conhecida como Nata Gata.
A informação foi divulgada pela Catholic News Agency (CNA), que disse ter recido a informação de fontes dentro do Vaticano. Segundo elas, as contas nas mídias sociais do chefe da Igreja Católica são administradas por vários funcionários da Santa Sé. Uma investigação está em curso para determinar quem está por trás do "like".
Na foto, a modelo aparece com uniforme estilizado de colegial e calcinha fio-dental. Após ser alertada do "like", Natalia, que é radicada na Grécia, postou no Twitter que "pelo menos vai para o céu". (leia mais aqui)
O momento exato do "like" é incerto, mas a mesma conta retirou a curtida no último sábado (14/11), após o caso viralizar, acrescentou a CNA. Fonte: https://extra.globo.com
Quarta-feira, 18 de novembro-2019. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 11-28)
Naquele tempo, 11Ouviam-no falar. E como estava perto de Jerusalém, alguns se persuadiam de que o Reino de Deus se havia de manifestar brevemente; ele acrescentou esta parábola: 12Um homem ilustre foi para um país distante, a fim de ser investido da realeza e depois regressar. 13Chamou dez dos seus servos e deu-lhes dez minas, dizendo-lhes: Negociai até eu voltar. 14Mas os homens daquela região odiavam-no e enviaram atrás dele embaixadores, para protestarem: Não queremos que ele reine sobre nós. 15Quando, investido da dignidade real, voltou, mandou chamar os servos a quem confiara o dinheiro, a fim de saber quanto cada um tinha lucrado. 16Veio o primeiro: Senhor, a tua mina rendeu dez outras minas. 17Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades. 18Veio o segundo: Senhor, a tua mina rendeu cinco outras minas. 19Disse a este: Sê também tu governador de cinco cidades. 20Veio também o outro: Senhor, aqui tens a tua mina, que guardei embrulhada num lenço; 21pois tive medo de ti, por seres homem rigoroso, que tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. 22Replicou-lhe ele: Servo mau, pelas tuas palavras te julgo. Sabias que sou rigoroso, que tiro o que não depositei e ceifo o que não semeei... 23Por que, pois, não puseste o meu dinheiro num banco? Na minha volta, eu o teria retirado com juros. 24E disse aos que estavam presentes: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem dez minas. 25Replicaram-lhe: Senhor, este já tem dez minas!... 26Eu vos declaro: a todo aquele que tiver, dar-se-lhe-á; mas, ao que não tiver, ser-lhe-á tirado até o que tem. 27Quanto aos que me odeiam, e que não me quiseram por rei, trazei-os e massacrai-os na minha presença. 28Depois destas palavras, Jesus os foi precedendo no caminho que sobe a Jerusalém. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 19,11-28
O evangelho de hoje traz a Parábola dos Talentos, na qual Jesus fala dos dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe algum dom ou sabe alguma coisa que ela pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns dos outros.
Lucas 19,11: A chave para entender a história da parábola
Para introduzir a parábola Lucas diz o seguinte:“Tendo eles ouvido isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo”. Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levaram Jesus a contar a parábola: (1) A acolhida a ser dada aos excluídos, pois, dizendo “tendo eles ouvido isso”, ele se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído, que foi acolhido por Jesus. (2) A proximidade da paixão, morte e ressurreição, pois dizia que Jesus estava perto de Jerusalém onde seria preso e morto em breve. (3) A chegada iminente do Reino de Deus, pois as pessoas que acompanhavam Jesus pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo.
Lucas 19,12-14: O início da Parábola
“Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei, e depois voltar. Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata para cada um, e disse: 'Negociem até que eu volte”. Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: 'Não queremos que esse homem reine sobre nós'. Alguns estudiosos acham que, nesta parábola, Jesus se refere a Herodes que, setenta anos antes (40 aC), tinha ido para Roma a fim de receber o título e o poder de Rei da Palestina. O povo não gostava de Herodes e não queria que ele se tornasse rei, pois a experiência que tiveram com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galiléia contra Roma foi trágica e dolorosa. Por isso diziam: “Não queremos que esse homem reine sobre nós” Ao este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: “E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam aqui, e matem na minha frente”. De fato, Herodes matou muita gente.
Lucas 19,15-19: Prestação de conta dos primeiros empregados que receberam cem moedas de prata
A história informa ainda que Herodes recebeu a realeza e voltou para a Palestina para assumir o poder. Na parábola, o rei chamou os empregados aos quais tinha dado cem moedas de prata, a fim de saber quanto haviam lucrado. O primeiro chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais'. O homem disse: 'Muito bem, empregado bom. Como você foi fiel em coisas pequenas, receba o governo de dez cidades'. O segundo chegou, e disse: 'Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais'. O homem disse também a este: 'Receba também você o governo de cinco cidades”. De acordo com a história, tanto Herodes Magno como seu filho Herodes Antipas, ambos sabiam lidar com dinheiro e promover as pessoas que os ajudavam. Na parábola, o rei deu dez cidades ao empregado que multiplicou por dez as cem moedas que tinha recebido, e cinco cidades a quem as multiplicou por cinco.
Lucas 19,20-23: Prestação de conta do empregado que não lucrou nada
O terceiro empregado chegou e disse: 'Senhor, aqui estão as cem moedas que guardei num lenço. Pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Tomas o que não deste, e colhes o que não semeaste'. Nesta frase transparece uma idéia errada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um patrão severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Ele pensa que, agindo assim, não será castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim já não crê em Deus, mas crê apenas em si mesma, na sua própria observância da lei. Ela se fecha em si, desliga de Deus e já não consegue preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus isola o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei responde: 'Empregado mau, eu julgo você pela sua própria boca. Você sabia que eu sou um homem severo, que tomo o que não dei, e colho o que não semeei. Então, por que você não depositou meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros'. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de Deus. Se ele imaginava Deus tão severo, deveria ao menos ter colocado o dinheiro no banco. Ele é condenado não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus e que o deixou mais medroso e mais imaturo do que devia ser. Uma das coisas que mais influi na vida da gente é a idéia que nos fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de crescer. Sobretudo, impedia que elas abrissem um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava.
Lucas 19,24-27: Conclusão para todos
“Depois disse aos que estavam aí presentes: Tirem dele as cem moedas, e dêem para aquele que tem mil. Os presentes disseram: Senhor, esse já tem mil moedas! Ele respondeu: Eu digo a vocês: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem”. O senhor mandou tirar dele as cem moedas e dar àquele que já tinha mil, pois “a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. Nesta frase final está a chave que esclarece a parábola. No simbolismo da parábola, as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, tudo aquilo que faz a pessoa crescer e revela a presença de Deus: amor, serviço, partilha. Quem se fecha em si com medo de perder o pouco que tem, este vai perder até o pouco que tem. A pessoa, porém, que não pensa em si mas se doa aos outros, esta vai crescer e receber de volta, de maneira inesperada, tudo que entregou e muito mais: “cem vezes mais, com perseguições” (Mc 10,30). “Perde a vida quem quer segurá-la, ganha a vida quem tem coragem de perdê-la” (Lc 9,24; 17,33; Mt 10,39;16,25;Mc 8,35). O terceiro empregado teve medo e não fez nada. Não quis perder nada e, por isso, não ganhou nada. Perdeu até o pouco que tinha. O Reino é risco. Quem não quer correr risco, perde o Reino!
Lucas 19,28: Voltando à tríplice chave inicial
No fim, Lucas encerra o assunto com esta informação: Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém. Esta informação final evoca a tríplice chave dada no início: acolhida a ser dada aos excluídos, proximidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a idéia da chegada iminente do Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estivesse para chegar, a parábola manda mudar os olhos. O Reino de Deus chega sim, mas através da morte e ressurreição de Jesus que vai acontecer em breve em Jerusalém. E o motivo da morte foi a acolhida que ele, Jesus, dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros. Incomodou os grandes e eles o eliminaram condenando-o à morte de cruz,
4) Para um confronto pessoal
1-Na nossa comunidade, procuramos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes, os dons de uns geram inveja e competição nos outros. Como reagimos?
2-Nossa comunidade é um espaço, onde as pessoas podem desenvolver seus dons?
5) Oração final
Louvai a Deus no seu santuário, louvai-o no firmamento do seu poder. Louvai-o por suas grandes obras, louvai-o pela sua imensa grandeza. (Sl 150, 1-2)
Terça-feira, 17 de novembro-2019. 33ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa, servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 19, 1-10)
Naquele tempo, 1Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. 2Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos. 3Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. 4Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali. 5Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa. 6Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente. 7Vendo isto, todos murmuravam e diziam: Ele vai hospedar-se em casa de um pecador... 8Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. 9Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
No evangelho de hoje, estamos chegando ao fim da longa viagem que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante a viagem, não se sabia bem por onde Jesus andava. Só se sabia que ele ia em direção a Jerusalém. Agora, no fim, a geografia fica clara e definida. Jesus chegou em Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém! Foi em Jericó, que terminou a longa caminhada do êxodo de 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Na entrada de Jericó, Jesus encontrou um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, na saída da cidade, ele encontra Zaqueu, um publicano, que também queria vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois incomodavam o povo: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada um a seu modo.
Lucas 19,1-2: A situação
Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. "Havia ali um homem, chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos". Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação da mercadoria. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei do nosso povo é Deus. Por isso, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!” Assim, soldados que serviam no exército romano e cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e evitados como pecadores e impuros.
Lucas 19,3-4: A atitude de Zaqueu
Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre na frente, sobe numa árvore e aguarda Jesus passar. É muita vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do rico sem nome (Lc 16,19-31), Jesus mostrava como é difícil um rico se converter e abrir a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha na sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de destaque na cidade, trepa numa árvore, é porque já nem liga para a opinião dos outros. Algo mais importante o move por dentro. Ele está querendo abrir a porta para o pobre Lázaro.
Lucas 19,5-7: Atitude de Jesus, reação do povo e de Zaqueu
Chegando perto e vendo Zaqueu na árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: "Zaqueu, desça depressa! Hoje devo ficar em sua casa!" Zaqueu desceu e recebeu Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: "Foi hospedar-se na casa de um pecador!" Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando sozinho na sua atitude de dar acolhida aos excluídos, sobretudo aos colaboradores do sistema. Mas Jesus não se importa com as críticas. Ele vai na casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, o chama de “filho de Abraão” (Lc 19,9).
Lucas 19,8: Decisão de Zaqueu
"Dou a metade dos meus bens aos pobres e restituo quatro vezes o que roubei!" Esta é a conversão, produzida em Zaqueu pela acolhida que Jesus lhe deu. Restituir quatro vezes era o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37; 22,3). Dar a metade dos bens aos pobres era a novidade que o contato com Jesus nele produziu. Era a partilha acontecendo de fato!
Lucas 19,9-10: Palavra final de Jesus
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio procurar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém pode ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu apelo também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando um sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Denunciando as divisões injustas, Jesus abre o espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
Filho de Abraão.
"Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão!" Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3; 22,18). Para as comunidades de Lucas, formadas por cristãos tanto de origem judaica como de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu de “filho de Abraão”, era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto judeus como gentios. Estes são também filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe os que não eram acolhidos. Oferece lugar aos que não tinham lugar. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e rotulavam como:
imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jo 4,7-42),
impuras: leprosos e possessos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
marginalizadas: mulheres, crianças e doentes (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
pelegos: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10);
pobres: o povo da terra e os pobres sem poder (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).
4) Para um confronto pessoal
1-Como nossa comunidade acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes, como Jesus, de perceber os problemas das pessoas e dar atenção a elas?
2-Como percebemos a salvação entrando hoje na nossa casa e na nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus provocou uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora da nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?
5) Oração final
De todo coração te procuro: não me deixes desviar dos teus preceitos. Conservo no coração tuas promessas para não te ofender com o pecado. (Sl 118, 10-11)
Dia Mundial dos Pobres: mensagem do assistente eclesiástico da Caritas Internacional
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15 de novembro é o “Dia Mundial dos Pobres” e não “para os pobres”, porque com os pobres não se limita apenas a partilhar parte da riqueza, mas também se recebe algo deles, afirma mons. Pierre Cibambo. “Uma mão estendida é um sinal; um sinal que fala imediatamente de proximidade, solidariedade e amor. No Dia Mundial dos Pobres, juntos, estenderemos as nossas mãos como uma família humana na solidariedade global para construir sociedades inclusivas e equitativas e uma Igreja acolhedora e transformadora”, acrescenta ele
“A mão que estendemos aos pobres não é apenas uma mão que distribui, mas também uma mão que precisa de ajuda. Precisamos dos pobres tanto quanto eles precisam de nós”: é o que afirma o assistente eclesiástico da Caritas Internacional, mons. Pierre Cibambo, numa mensagem difundida em vista do Dia Mundial dos Pobres, celebrado este domingo, 15 de novembro.
”Estende a tua mão ao pobre”
Mons. Cibambo ressalta que os pobres “desafiam-nos a tornarmo-nos cada vez mais verdadeiras testemunhas de Cristo”, “convidam-nos a abrir os nossos corações e a transformar a nossa visão estreita e mundana para ver Cristo”.
“A mensagem deste ano é: 'Estende a tua mão ao pobre' (Sir 7,32)", explica o assistente eclesiástico da Caritas Internacional. “Este é um convite apropriado para todos nós num ano em que muitos de nós nos fechamos ao mundo para nos protegermos da pandemia do coronavírus.”
A Caritas, acrescenta mons. Cibambo, “demonstrou que o amor não se fecha sobre si mesmo, nem rejeita os pobres e os mais vulneráveis, especialmente num momento em que estão em grande necessidade”, e também recorda que “a missão da Caritas é ouvir e acompanhar”, levada adiante por muitos voluntários e muitas pessoas que se dedicam de forma totalmente despojada à construção de um mundo melhor.
“A Caritas está no centro da Igreja”
Em sua mensagem, mons. Cibambo frisa que, como vários pontífices reiteraram, “a Caritas está no centro da Igreja” e que o Dia Mundial dos Pobres é um momento para recordar e reforçar a dedicação para colocar os pobres no centro, para os ajudar e para fazer ouvir as suas vozes.
“A nossa missão – prossegue o assistente eclesiástico da Caritas Internacional – é ‘assegurar que as pessoas que vivem na pobreza tomem parte ativa na construção de uma sociedade inclusiva e equitativa, de uma Caritas transformadora e uma Igreja acolhedora’.”
Em Cristo somos todos uma só coisa
Em seguida, o prelado evidencia que 15 de novembro é o “Dia Mundial dos Pobres” e não “para os pobres”, porque com os pobres não se limita apenas a partilhar parte da riqueza, mas também se recebe algo deles.
“Numa verdadeira comunidade cristã não há membros que dão e outros que recebem. Há somente pessoas próximas que partilham, porque em Cristo somos todos uma só coisa”, destaca a mensagem.
Mão estendida: proximidade, solidariedade e amor
Por fim, mons. Cibambo encoraja a refletir sobre o que se aprende com os pobres a nível pessoal e comunitário, e conclui:
“Uma mão estendida é um sinal; um sinal que fala imediatamente de proximidade, solidariedade e amor. No Dia Mundial dos Pobres, juntos, estenderemos as nossas mãos como uma família humana na solidariedade global para construir sociedades inclusivas e equitativas e uma Igreja acolhedora e transformadora.”
Vatican News – TC/RL
Dia Mundial dos Pobres
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Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo
Os pobres não devem ser reduzidos a números e estatísticas, mas precisam ser reconhecidos e tratados como pessoas que têm uma história pessoal, sentimentos e desejos.
A Igreja celebra, por iniciativa do Papa Francisco, o Dia Mundial dos Pobres, no domingo anterior à Solenidade de Cristo Rei. Neste ano, será no dia 15 de novembro. A “comemoração” tem a finalidade de nos lembrar de que os pobres são uma realidade constante e desafiadora para todos nós, como cidadãos e, mais ainda, como pessoas de fé. Os pobres questionam constantemente nossa vida e nossa organização social, econômica e política. Por que há tantos pobres? Por que não conseguem sair da pobreza? O que pode ser feito para que eles consigam superar o estado de pobreza em que se encontram?
O Papa Francisco publicou uma bela mensagem para o Dia Mundial dos Pobres deste ano, com o título “Estende a tua mão ao pobre” (Eclo 7,36), que está disponível e ao alcance de todos na internet. Nela, o Papa recorda mais uma vez que o culto prestado a Deus não deve estar desvinculado do amor concreto ao próximo. Sem a caridade, nossa vida cristã está incompleta e nosso culto não seria agradável a Deus. Durante a semana que antecede o Dia Mundial dos Pobres, a Caritas Arquidiocesana está promovendo diversas iniciativas em preparação à comemoração, cujo objetivo é evangelizador e pedagógico. Nunca devemos esquecer que o amor aos pobres é inseparável do amor a Deus.
O Dia Mundial dos Pobres recorda-nos de que a vida cristã passa pela prática das obras de misericórdia, das quais a Escritura trata em diversos momentos. A passagem mais conhecida é a da parábola do grande julgamento (cf. Mt,25), quando Jesus Cristo glorioso, Senhor e Juiz de todos, admitirá ao banquete da vida eterna aqueles que tiverem praticado as obras de misericórdia e excluirá do céu quem não as tiver praticado. Essas se referem aos cuidados dos pobres, doentes, moradores de rua, prisioneiros e aflitos de todo tipo. De alguma forma, todos eles são equiparados aos pobres, e Jesus dirá que foi a Ele que fizemos ou deixamos de fazer tudo isso.
Temos uma imensidade de ocasiões para a prática da caridade e da misericórdia, de maneira pessoal e de maneira comunitária e organizada. A Palavra de Deus e da Igreja nos ensina e pede que nos empenhemos pessoalmente na caridade, encontremos as pessoas que necessitam de ajuda e não nos esquivemos delas. Os pobres não devem ser reduzidos a números e estatísticas, mas precisam ser reconhecidos e tratados como pessoas que têm uma história pessoal, sentimentos e desejos. Muitas vezes, querem apenas um pouco do nosso tempo e atenção, ser ouvidos e valorizados. Outras vezes, precisamos ser como o bom samaritano, envolver-nos e cuidar deles. Outras, ainda, será necessário ir além dos gestos de socorro imediato e pontual, empenhando-se na superação do seu estado de pobreza e na sua libertação daquilo que os mantém nessa situação. A promoção da dignidade dos pobres também é uma grande caridade.
São Vicente de Paulo dizia que a caridade precisa ser praticada de maneira pessoal, mas também de maneira organizada. Por isso, existem na Igreja numerosas organizações voltadas para a caridade, como as obras sociais e tantas iniciativas que agregam pessoas e recursos para ajudar os pobres e, ao mesmo tempo, oferecem a ocasião para que muitas pessoas se unam a essas iniciativas e pratiquem a caridade.
Desejo manifestar, nesta ocasião, meu apreço e apoio aos muitos grupos, organizações e entidades voltados à prática da caridade e à ajuda concreta aos pobres. De fato, esses são muitos e trabalham, geralmente, no silêncio, sem fazer barulho. Peço que o nosso povo e as nossas comunidades apoiem de muitas maneiras essas entidades e organizações que fazem a caridade aos pobres. Da mesma forma, renovo meu apreço e apoio ao trabalho e missão do Vicariato Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, que possui um papel profético no serviço aos pobres em nossa Arquidiocese.
Jesus falou um dia que sempre teríamos pobres no meio de nós (cf. Mt 26,11). Ele sabia que a humanidade ficaria sempre em débito para com os pobres. Essas palavras de Jesus, contudo, também são uma advertência para todos nós: que façamos o nosso possível para ajudar os pobres, e que lutemos contra toda forma de indiferença e insensibilidade em relação a eles. Que aprendamos a estender as mãos generosamente aos pobres, todos os dias. Isso será bom para eles e bom para nós também.
Fonte: O São Paulo
EVANGELHO DO DIA-32º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 13 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 26-37)
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos: 26Como ocorreu nos dias de Noé, acontecerá do mesmo modo nos dias do Filho do Homem. 27Comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. Veio o dilúvio e matou a todos. 28Também do mesmo modo como aconteceu nos dias de Lot. Os homens festejavam, compravam e vendiam, plantavam e edificavam. 29No dia em que Lot saiu de Sodoma, choveu fogo e enxofre do céu, que exterminou todos eles. 30Assim será no dia em que se manifestar o Filho do Homem. 31Naquele dia, quem estiver no terraço e tiver os seus bens em casa não desça para os tirar; da mesma forma, quem estiver no campo não torne atrás. 32Lembrai-vos da mulher de Lot. 33Todo o que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á; mas todo o que a perder, encontrá-la-á. 34Digo-vos que naquela noite dois estarão numa cama: um será tomado e o outro será deixado; 35duas mulheres estarão moendo juntas: uma será tomada e a outra será deixada. 36Dois homens estarão no campo: um será tomado e o outro será deixado. 37Perguntaram-lhe os discípulos: Onde será isto, Senhor? Respondeu-lhes: Onde estiver o cadáver, ali se reunirão também as águias. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje continua a reflexão sobre a chegada do fim dos tempos e traz palavras de Jesus sobre como preparar-se para a chegada do Reino. Era um assunto quente que, naquele tempo, provocava muita discussão. Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Mas o tempo de Deus (kairós) não se mede pelo tempo do nosso relógio (chronos). Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos igual a um dia (Sl 90,4; 2Pd 3,8). O tempo de Deus corre invisível dentro do nosso tempo, mas independente de nós e do nosso tempo. Nós não podemos interferir no tempo, mas devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente dentro do nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que dá segurança, não é saber a hora do fim do mundo, mas sim a certeza da presença da Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, mas a palavra dele jamais passará (cf Is 40,7-8).
Lucas 17,26-29: Como nos dias de Noé e de Ló
A vida corre normalmente: comer, beber, casar, comprar, vender, plantar, colher. A rotina pode envolver-nos de tal modo que já não conseguimos pensar em outra coisa, em mais nada. E o consumismo do sistema neoliberal contribui para aumentar em muitos de nós esta total desatenção à dimensão mais profunda da vida. Deixamos o cupim entrar na viga da fé que sustenta o telhado da nossa vida. Quando tempestade derrubar a casa, muitos dão a culpa ao carpinteiro: “Mau serviço!” Na realidade, a causa da queda foi a nossa desatenção prolongada. A alusão à destruição de Sodoma como figura do que vai acontecer no fim dos tempos, é uma alusão à destruição de Jerusalém pelos romanos no ano 70 dC (cf Mc 13,14).
Lucas 17,30-32: Assim será nos dias do Filho do Homem
“O mesmo acontecerá no dia em que o Filho do Homem for revelado”. Difícil para nós imaginar o sofrimento e o trauma que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades, tanto dos judeus como dos cristãos. Para ajudá-las a entender e a enfrentar o sofrimento, Jesus usa comparações tiradas da vida: “Nesse dia, quem estiver no terraço, não desça para apanhar os bens que estão em casa, e quem estiver nos campos não volte para trás”. A destruição virá com tal rapidez que não vale a pena descer para casa para buscar alguma coisa dentro da casa (Mc 13,15-16). “Lembrem-se da mulher de Ló” (cf. Gn 19,26), isto é, não olhem para trás, não percam tempo, tomem a decisão e vão em frente: é questão de vida ou de morte.
Lucas 17,33: Perder a vidas para ganhá-la
“Quem procura ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem a perde, vai conservá-la”. Só se sente realizada na vida a pessoa que for capaz de doar-se inteiramente pelos outros. Perde a vida quem quer conservá-la só para si. Este conselho de Jesus é a confirmação da mais profunda experiência humana: a fonte da vida está na doação da vida. É dando que se recebe. “Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). Importante é a motivação que o Evangelho de Marcos acrescenta: “Por causa de mim e por causa do Evangelho” (Mc 8,35). Dizendo que ninguém é capaz de conservar sua vida com seu próprio esforço, Jesus evoca o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “O homem não pode comprar seu próprio resgate, nem pagar a Deus o preço de si mesmo. É tão caro o resgate da vida, que nunca bastará para ele viver perpetuamente, sem nunca ver a cova”. (Sl 49,8-10).
Lucas 17,34-36: Vigilância
“Eu digo a vocês: nessa noite, dois estarão numa cama. Um será tomado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo juntas. Uma será tomada, e a outra deixada. Dois homens estarão no campo. Um será levado, e o outro será deixado". Evoca a parábola das dez moças. Cinco eram prudentes e cinco eram bobas (Mt 25,1-11). O que importa é estar preparado. As palavras “Um será tomado, e o outro será deixado” evocam as palavras de Paulo aos Tessalonicenses (1Tes 4,13-17), quando diz que, na vinda do Filho do homem, seremos arrebatados ao céu junto com Jesus. Estas palavras “deixados para trás” forneceram o título para um terrível e perigoso romance da extrema direita fundamentalista dos Estados Unidos: “Lefted behind!” Este romance não nada tem a ver com o sentido real das palavras de Jesus:
Lucas 17,37: Onde e quando?
“Os discípulos perguntaram: "Senhor, onde acontecerá isso?" Jesus respondeu: "Onde estiver o corpo, aí se reunirão os urubus". Resposta enigmática. Alguns acham que Jesus evoca a profecia de Ezequiel, retomada no Apocalipse, na qual o profeta se refere à batalha vitoriosa final contra os poderes do mal. As aves de rapina ou os urubus serão convidadas para comer a carne dos cadáveres (Ez 39,4.17-20; Ap 19,17-18). Outros acham que se trata do vale de Josafá, onde será realizado o juízo final conforme a profecia de Joel (Joel 4,2.12). Outros ainda acham que se trata simplesmente de um provérbio popular que significava mais ou menos o mesmo que diz o nosso provérbio: “Onde tem fumaça, tem fogo!”
4) Para um confronto pessoal
1) Sou dos tempos de Noé e de Ló?
2) Romance da extrema direita. Como me situa diante desta manipulação política da fé em Jesus?
5) Oração final
Felizes os que procedem com retidão, os que caminham na lei do Senhor. Felizes os que guardam seus testemunhos e o procuram de todo o coração. (Sl 118, 1-2)
EVANGELHO DO DIA-32º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 12 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 20-25)
Naquele tempo, 20Os fariseus perguntaram um dia a Jesus quando viria o Reino de Deus. Respondeu-lhes: O Reino de Deus não virá de um modo ostensivo. 21Nem se dirá: Ei-lo aqui; ou: Ei-lo ali. Pois o Reino de Deus já está no meio de vós. 22Mais tarde ele explicou aos discípulos: Virão dias em que desejareis ver um só dia o Filho do Homem, e não o vereis. 23Então vos dirão: Ei-lo aqui; e: Ei-lo ali. Não deveis sair nem os seguir. 24Pois como o relâmpago, reluzindo numa extremidade do céu, brilha até a outra, assim será com o Filho do Homem no seu dia. 25É necessário, porém, que primeiro ele sofra muito e seja rejeitado por esta geração. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma discussão entre Jesus e os fariseus sobre o momento da vinda do Reino. Os evangelhos de hoje e dos próximos dias tratam da chegada do fim dos tempos.
Lucas 17,20-21: O Reino no meio de nós
“Os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: "O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: Está aqui ou: está ali, porque o Reino de Deus está no meio de vocês". Os fariseus achavam que o Reino só poderia vir depois que povo tivesse chegado à perfeita observância da Lei de Deus. Para eles, a vinda do Reino seria a recompensa de Deus pelo bom comportamento do povo, e o messias viria de maneira bem solene como um rei, recebido pelo seu povo. Jesus diz o contrário. A chegada do Reino não pode ser observada como se observa a chegada dos reis da terra. Para Jesus, o Reino de Deus já chegou! Já está no meio de nós, independente do nosso esforço ou mérito. Jesus tem outro modo de ver as coisas. Tem outro olhar para ler a vida. Ele prefere o samaritano que vive na gratidão aos nove que acham que merecem o bem que recebem de Deus (Lc 17,17-19).
Lucas 17,22-24: Sinais para reconhecer a vinda do Filho do Homem
"Chegarão dias em que vocês desejarão ver um só dia do Filho do Homem, e não poderão ver. Dirão a vocês: 'Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem”. Nesta afirmação de Jesus existem elementos que vem da visão apocalíptica da história, muito comum nos séculos antes e depois de Jesus. A visão apocalíptica da história tem a seguinte característica. Em épocas de grande perseguição e de opressão, os pobres têm a impressão de que Deus perdeu o controle da história. Eles se sentem perdidos, sem horizonte e sem esperança de libertação. Nestes momentos de aparente ausência de Deus, a profecia assume a forma de apocalipse. Os apocalípticos, procuram iluminar a situação desesperadora com a luz da fé para ajudar o povo a não perder a esperança e para continuar com coragem na caminhada. Para mostrar que Deus não perdeu o controle da história, eles descrevem as várias etapas da realização do projeto de Deus através da história. Iniciado num determinado momento significativo no passado, este projeto de Deus avança, etapa após etapa, através da situação presente vivida pelos pobres, até à vitória final no fim da história. Deste modo, os apocalípticos situam o momento presente como uma etapa já prevista dentro do conjunto mais amplo do projeto de Deus. Geralmente, a última etapa antes da chegada do fim costuma ser apresentada como um momento de sofrimento e de crise, do qual muitos tentam se aproveitar para iludir o povo dizendo: “Ele está ali' ou: 'Ele está aqui'. Não saiam para procurá-lo. Pois como o relâmpago brilha de um lado a outro do céu, assim também será o Filho do Homem” Tendo olhar de fé que Jesus comunica, os pobres vão poder perceber que o reino já está no meio deles (Lc 17,21), como relâmpago, sem sombra de dúvida. A vinda do Reino traz consigo sua própria evidência e não depende dos palpites e prognósticos dos outros.
Lucas 17,25: Pela Cruz até à Glória
“Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”. Sempre a mesma advertência: a Cruz, escândalo para judeus e loucura para os gregos, mas para nós expressão da sabedoria e do poder de Deus (1Cor 1,18.23). O caminho para a Glória passa pela cruz. A vida de Jesus é o nosso cânon, é a norma canônica para todos nós.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus diz: “O reino está no meio de vós!” Você já encontrou algum sinal da presença do Reino em sua vida, na vida do seu povo ou na vida da sua comunidade?
2) A cruz na vida. O sofrimento. Como você vê o sofrimento, o que faz com ele?
5) Oração final
O Senhor é fiel para sempre, faz justiça aos oprimidos, dá alimento a quem tem fome. O Senhor livra os prisioneiros. (Sl 145, 6b-7)
O SANTO DO DIA: São Martinho de Tours (Quarta-feira, 11 de novembro)
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Origens
Nascido por volta de 316 numa família pagã, Martinho era filho de um oficial do exército romano que atuava na Panônia, hoje Hungria. Quando entrou na adolescência, começou a frequentar uma igreja cristã por mera curiosidade. Porém, começou a gostar muito do convívio com os cristãos e da doutrina de Cristo. Isso preocupou seu pai.
Cavaleiro do exército imperial
Seu pai quis afastá-lo do cristianismo. Por isso, sendo Martinho ainda adolescente, seu pai o fez ingressar na cavalaria do exército imperial. O plano, porém, não deu certo, pois, mesmo sendo da cavalaria, Martinho continuava frequentando a Igreja e praticando a caridade.
Encontro com Cristo na França
Perto de completar vinte anos, Martinho foi designado para a cavalaria da Gália, hoje França. Lá, foi abordado por um mendigo que tremia de frio. O homem pediu esmola a Martinho. Não tendo dinheiro no momento, Martinho cortou seu manto ao meio e deu metade ao pobre. À noite, Jesus lhe apareceu num sonho. O Mestre estava usando a metade do manto que Martinho tinha dado ao pedinte e agradeceu por ter sido aquecido. Depois disso, Martinho deixou o exército para se dedicar à fé.
Vida de monge
Com apenas vinte e dois anos, Martinho estava batizado. Dedicou-se à oração e à vida solitária, sendo orientado pelo bispo Hilário de Poitiers, que se tornou santo. Mais tarde, este mesmo bispo ordenou-o diácono. Tempos depois, quando o mesmo bispo retornou de um exílio, no ano 360, fez uma doação a Martinho: um terreno que ficava a doze quilômetros de Poitiers, em Ligugé.
Primeiro Mosteiro da França
No terreno ganhado, o Diácono Martinho fundou uma comunidade monástica. Pouco tempo depois, um grande número de jovens queria seguir o mesmo tipo de vida. Por isso, São Martinho construiu ali o primeiro mosteiro em terras francesas e de toda a Europa ocidental.
Monges padres e missionários
Diferentemente do Oriente, os monges do Ocidente podiam ser ordenados sacerdotes e serem missionários no meio do povo. Por isso, São Martinho liderou um movimento de evangelização juntamente com seus monges. Visitavam aldeias, pregavam a Boa Nova, levavam o povo a abandonar seus ídolos e construíam igrejas. Se encontrava resistência, construía um mosteiro no local. Ali, os monges evangelizavam através da caridade e do exemplo. Logo, o povo se abria para a uma conversão sincera.
Dons extraordinários
São Martinho recebeu dons místicos, que o auxiliaram na missão evangelizadora. Através de sua oração, vários milagres e curas foram operados para o bem dos doentes e pobres, que não poderiam jamais recorrer aos médicos.
Bispo
Quando o bispo de Tours faleceu, em 371, o povo, por unanimidade, aclamou São Martinho como o novo bispo. Ele resistiu, mas aceitou. Porém, não deixou sua peregrinação missionária. Fazia questão de visitar todas as paróquias, zelava cuidadosamente pela liturgia e não desistia de evangelizar os pagãos. Primava pelo exercício exemplar da caridade. Fundou um outro mosteiro, o qual chamou de Marmoutier. E de lá, saiu São Patrício, o grande evangelizador da Irlanda. Assim sua missão exemplos não se limitou a Tours, mas se expandiu para muito mais longe.
Morte
São Martinho exerceu seu ministério episcopal durante vinte e cinco anos. Faleceu com oitenta e um anos, em Candes. Era o dia 8 de novembro do ano 397. Sua festa passou a ser celebrada no dia 11, porque este foi o dia de seu sepultamento na cidade de Tours. Passou a ser venerado como são Martinho de Tours. Foi o primeiro santo não-mártir a ser cultuado oficialmente pela Igreja. Além disso, passou a ser um dos mais populares santos de toda a Europa.
Oração a São Martinho de Tours
“Glorioso São Martinho, nosso amigo e protetor, que ao dividir vosso manto com o mendigo que padecia de frio na neve encontrastes o próprio Senhor Jesus, ajudai-nos, a saber, partilhar o que temos com os mais empobrecidos que encontramos em nosso caminho, principalmente as crianças mais abandonadas, reconhecendo nelas a imagem de nosso divino mestre.
Ó bom Jesus, por intercessão de São Martinho dai-nos os dons da caridade e do amor fraterno que nos fazem servir com desprendimento aos vossos filhos mais excluídos dessa terra. Amém. São Martinho, rogai por nós.” Fonte: https://cruzterrasanta.com.br
EVANGELHO DO DIA-32º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Quarta-feira, 11 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 11-19)
11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava pelos confins da Samaria e da Galiléia. 12Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando: 13Jesus, Mestre, tem compaixão de nós! 14Jesus viu-os e disse-lhes: Ide, mostrai-vos ao sacerdote. E quando eles iam andando, ficaram curados. 15Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz. 16Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano. 17Jesus lhe disse: Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove? 18Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?! 19E acrescentou: Levanta-te e vai, tua fé te salvou. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 17,11-19
No Evangelho de hoje, Lucas conta como Jesus curou dez leprosos, mas um só veio agradecer. E este era um samaritano! A gratidão é um outro tema muito próprio de Lucas: viver em gratidão e louvar a Deus por tudo que dele recebemos. Por isso, Lucas fala tantas vezes que o povo ficava admirado e louvava a Deus pelas coisas que Jesus realizava (Lc 2,28.38; 5,25.26; 7,16; 13,13; 17,15.18; 18,43; 19,37; etc). O Evangelho de Lucas traz vários cânticos e hinos que expressam esta experiência de gratidão e de reconhecimento (Lc 1,46-55; 1,68-79; 2,29-32).
Lucas 17,11: Jesus em viagem para Jerusalém
Lucas lembra que Jesus estava de viagem para Jerusalém, passando da Samaria para a Galileia. Desde o começo da viagem (Lc 9,52) até agora (Lc 17,11), Jesus andou pela Samaria. Só agora está saindo da Samaria, passando pela Galiléia para poder chegar em Jerusalém. Isto significa que os importantes ensinamentos, dados nestes capítulos todos de 9 até 17, foram todos dados em território que não era judeu. Ouvir isto deve ter sido motivo de muita alegria para as comunidades de Lucas, vindas do paganismo. Jesus, o peregrino, continua a sua viagem até Jerusalém. Continua tirando as desigualdades que os homens criaram. Continua a longa e dolorosa caminhada da periferia para a capital, de uma religião fechada sobre si mesma para a religião aberta que sabe acolher os outros como irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai. Esta abertura vai aparecer no acolhimento dado aos dez leprosos.
Lucas 17,12-13: O grito dos leprosos
Dez leprosos aproximam-se de Jesus, param de longe e gritam: "Jesus, mestre, tem piedade de nós!" O leproso era uma pessoa excluída. Era marginalizado e desprezado, sem o direito de conviver com suas famílias. Segundo a lei da pureza, os leprosos deviam andar com roupa rasgada e cabelos desgrenhados, gritando: “Impuro! Impuro!” (Lv 13,45-46). Para os leprosos, a busca da cura significava o mesmo que buscar a pureza para poder ser reintegrados na comunidade. Não podiam aproximar-se dos outros (Lv 13,45-46). Qualquer toque num leproso causava impureza e criava um impedimento para a pessoa poder dirigir-se a Deus. Através do grito, eles expressam a fé de que Jesus pode curá-los e devolver-lhes a pureza. Obter a pureza significava sentir-se, novamente, acolhido por Deus, e poder dirigir-se a Ele para receber a bênção prometida a Abraão.
Lucas 17,14: A resposta de Jesus e a cura
Jesus reponde: "Vão mostrar-se aos sacerdotes!" (cf. Mc 1,44). Era o sacerdote que devia verificar a cura e dar o atestado de pureza (Lv 14,1-32). A resposta de Jesus exigia muita fé da parte dos leprosos. Devem ir ao sacerdote como se já estivessem curados, quando, na realidade, o corpo deles continuava coberto de lepra. Mas eles acreditaram na palavra de Jesus e foram em direção ao sacerdote. E aconteceu que, enquanto iam caminhando, manifestou-se a cura. Ficaram purificados. Esta cura evoca a história da purificação de Naaman da Síria (2Rs 5,9-10). O profeta Eliseu mandou o homem lavar-se no Jordão. Naaman tinha de crer na palavra do profeta. Jesus mandou os dez apresentar-se aos sacerdotes. Eles tinham de crer na palavra de Jesus.
Lucas 17,15-16: Reação do samaritano
“Ao perceber que estava curado, um deles voltou atrás dando glória a Deus em alta voz. Jogou-se no chão, aos pés de Jesus, e lhe agradeceu. E este era um samaritano.” Por que os outros não voltaram? Por que só o samaritano? Na opinião dos judeus de Jerusalém, o samaritano não observava a lei como devia. Entre os judeus havia a tendência de observar a lei para poder merecer ou conquistar a justiça. Pela observância, eles iam acumulando méritos e créditos diante de Deus. Gratidão e gratuidade não fazem parte do vocabulário de pessoas que vivem assim o seu relacionamento com Deus. Talvez seja por isso que não agradeceram o benefício recebido. Na parábola do evangelho de ontem, Jesus tinha formulado a pergunta sobre a gratidão: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado?” (Lc 17,9) E a resposta era: “Não!” O samaritano representa as pessoas que têm consciência clara de que nós, seres humanos, não temos mérito, nem crédito diante de Deus. Tudo é graça, a começar pelo dom da própria vida!
Lucas 17,17-19: A observação final de Jesus
Jesus estranhou: “Os dez não ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro!” Para Jesus, agradecer os outros pelo benefício recebido é uma maneira de dar a Deus o louvor que lhe é devido. Neste ponto, os samaritanos davam lição aos judeus. Hoje são os pobres, que fazem o papel de samaritano e nos ajudam a redescobrir esta dimensão da gratuidade da vida. Tudo que recebemos deve ser visto como um dom de Deus que vem até nós através do irmão e da irmã.
A acolhida dada aos samaritanos no evangelho de Lucas. Para Lucas, o lugar que Jesus dava aos samaritanos é o mesmo que as comunidades deviam reservar aos pagãos. Jesus apresenta um samaritano como modelo de gratidão (Lc 17,17-19) e de amor ao próximo (Lc 10,30-33). Isto devia ser muito chocante, pois, para os judeus, samaritano ou pagão era a mesma coisa. Não podiam ter acesso aos átrios interiores do Templo de Jerusalém, nem participar do culto. Eram considerados portadores de impureza, impuros desde o berço. Para Lucas, porém, a Boa Nova de Jesus dirige-se, em primeiro lugar, às pessoas e grupos considerados indignos de recebê-la. A salvação de Deus que chega até nós em Jesus é puro dom. Não depende dos méritos de ninguém.
4) Para um confronto pessoal
1-E você, costuma agradecer às pessoas? Agradece por convicção ou por mero costume? E na oração: agradece ou esquece?
2-Viver na gratidão é um sinal da presença do Reino no meio de nós. Como transmitir para os outros a importância de viver na gratidão e na gratuidade?
5) Oração final
O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Ele me faz descansar em verdes prados, a águas tranqüilas me conduz. (Sl 22)
Ladrões roubam barco, se arrependem e resgatam padre após jogá-lo na água
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Segundo depoimento do próprio padre, os bandidos voltaram 15 minutos após o assalto e evitaram que ele morresse afogado no rio
Um assalto realizado em região ribeirinha no Pará terminou de forma inusitada. O padre Mateus Tavares dos Santos, da paróquia de São Sebastião da Boa Vista, na ilha do Marajó, foi abordado por bandidos enquanto viajava de barco para realizar uma missa em uma vila rural do município. Os criminosos, chamados de piratas na região, roubaram a embarcação e os pertences do religioso, incluindo a mochila com os itens para a relização da missa. Em seguida, mandaram ele tirar seu colete salva vidas e pular na água. Mas se arrependeram e voltaram para resgatá-lo minutos depois.
As primeiras notícias divulgadas pela imprensa local informavam que o padre foi salvo por moradores locais. No entanto, o próprio contou à polícia que foram os assaltantes que salvaram sua vida.
Segundo ele, ao perceber que estava ficando sem forças e logo se afogaria, ele começou a orar. Foi então que percebeu que um barco estava se aproximando: eram os bandidos, perguntando se ele era mesmo padre. Com a resposta positiva, um dos assaltantes deu a mão ao religioso. Outro bandido do grupo disse ao padre para segurar em uma pequena embarcação que passava pelo local e pediu ao piloto que conduzisse o religioso até a margem. Já na vila o padre foi socorrido pela comunidade. A Polícia Civil está investigando o caso. Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com
EVANGELHO DO DIA-32º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Terça-feira, 10 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus de poder e misericórdia, afastai de nós todo obstáculo para que, inteiramente disponíveis, nos dediquemos ao vosso serviço. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 17, 7-10)
Naquele tempo, disse Jesus: 7Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-te à mesa? 8E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu? 9E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação? 10Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que só se encontra no evangelho de Lucas, sem paralelo nos outros evangelhos. A parábola quer ensinar que nossa vida deve caracterizar-se pela atitude de serviço. Ela começa com três perguntas e, no fim, Jesus mesmo dá a resposta.
Lucas 17,7-9: As três perguntas de Jesus
Trata-se de três perguntas tiradas da vida de cada dia, para as quais os ouvintes já adivinhavam a resposta. As perguntas são formuladas de tal maneira que elas reenviam cada ouvinte a consultar sua própria experiência e, a partir dela, dar a sua resposta. A primeira pergunta: “Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: Venha depressa para a mesa?” Todo mundo responderá: “Não!” Segunda pergunta: “Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber?” Todo mundo responderá: “Sim! Claro!” Terceira pergunta: “Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado?” Todo mundo responderá: “Não!” Pela maneira de Jesus fazer as perguntas, a gente já percebe em que direção ele quer orientar nosso pensamento. Ele quer que sejamos servidores uns dos outros.
Lucas 17,10: A resposta de Jesus
No fim, Jesus mesmo tira a conclusão que já estava implícita nas perguntas: “Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer". Jesus, ele mesmo, deu o exemplo quando disse: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45). O serviço é um tema do agrado de Lucas. O serviço representa a forma como os pobres do tempo de Jesus, os anawim, esperavam o Messias: não como Messias glorioso rei, sumo sacerdote ou juiz, mas como o Servo de Javé, anunciado por Isaías (Is 42,1-9). Maria, a mãe de Jesus, se apresentou ao anjo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). Em Nazaré, Jesus se apresenta como o Servo, descrito por Isaías (Lc 4,18-19 e Is 61,1-2). No batismo e no transfiguração, ele foi confirmado pelo Pai que cita as palavras dirigidas por Deus ao mesmo Servo (Lc 3,22; 9,35 e Is 42,1). Aos seus seguidores Jesus pede: “Quem quer ser o primeiro seja o servo de todos” (Mt 20,27). Servos inúteis! É a definição do cristão. Paulo fala disso aos membros da comunidade de Corinto quando escreve: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer. Assim, aquele que planta não é nada, e aquele que rega também não é nada: só Deus é que conta, pois é ele quem faz crescer” (1Cor 1,6-7). Paulo e Apolo nada são; são apenas instrumentos, “servidores”. O que vale é o próprio Deus, só Ele! (1Cor 3,7).
Servir e ser servido. Aqui, neste texto, o servo serve ao senhor, e não, o senhor ao servo. Mas em outro texto de Jesus se diz o contrário: “Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá” (Lc 12,37). Neste texto, é o senhor que serve ao servo, e não o servo ao senhor. No primeiro texto, Jesus falava do presente. No segundo texto, Jesus estava falando do futuro. Este contraste é uma outra maneira para dizer: ganha a vida que está disposto a perdê-la por amor a Jesus e ao Evangelho (Mt 10,39; 16,25. Quem serve a Deus nesta vida presente, Deus servirá a ele na vida futura!
4) Para um confronto pessoal
1) Como defino minha vida?
2) Faça para você as mesmas três perguntas de Jesus? Será que vivo como um servo inútil?
5) Oração final
O Senhor conhece os dias dos inocentes, eterna será sua herança. O Senhor firma os passos do homem, sustenta aquele cujo caminho lhe agrada. (Sl 36, 18.23)
32º Domingo do Tempo Comum - Ano A: Um Olhar de Sabedoria
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A liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum convida-nos à vigilância. Recorda-nos que a segunda vinda do Senhor Jesus está no horizonte final da história humana; devemos, portanto, caminhar pela vida sempre atentos ao Senhor que vem e com o coração preparado para o acolher.
A primeira leitura apresenta-nos a "sabedoria", dom gratuito e incondicional de Deus para o homem. É um caso paradigmático da forma como Deus se preocupa com a felicidade do homem e põe à disposição dos seus filhos a fonte de onde jorra a vida definitiva. Ao homem resta estar atento, vigilante e disponível para acolher, em cada instante, a vida e a salvação que Deus lhe oferece.
Na segunda leitura, Paulo garante aos cristãos de Tessalônica que Cristo virá de novo para concluir a história humana e para inaugurar a realidade do mundo definitivo; todo aquele que tiver aderido a Jesus e se tiver identificado com Ele irá ao encontro do Senhor e permanecerá com Ele para sempre.
O Evangelho lembra-nos que "estar preparado" para acolher o Senhor que vem significa viver dia a dia na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com os valores do Reino. Com o exemplo das cinco jovens "insensatas" que não levaram azeite suficiente para manter as suas lâmpadas acesas enquanto esperavam a chegada do noivo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino.
Primeira leitura - Sab 6,12-16
Ambiente
O "Livro da Sabedoria" é o mais recente de todos os livros do Antigo Testamento (aparece durante a primeira metade do séc. I a.C.). O seu autor - um judeu de língua grega, provavelmente nascido e educado na Diáspora (Alexandria?) - exprimindo-se em termos e concepções do mundo helénico, faz o elogio da "sabedoria" israelita, traça o quadro da sorte que espera o justo e o ímpio no mais-além e descreve (com exemplos tirados da história do Êxodo) as sortes diversas que tiveram os pagãos (idólatras) e os hebreus (fiéis a Jahwéh).
O seu objetivo é duplo: dirigindo-se aos seus compatriotas judeus (mergulhados no paganismo, na idolatria, na imoralidade), convida-os a redescobrirem a fé dos pais e os valores judaicos; dirigindo-se aos pagãos, convida-os a constatar o absurdo da idolatria e a aderir a Jahwéh, o verdadeiro e único Deus... Para uns e para outros, só Jahwéh garante a verdadeira "sabedoria" e a verdadeira felicidade.
O texto que nos é proposto pertence à segunda parte do livro (cf. Sab 6,1-9,18). Aí, o autor do livro coloca na boca do rei Salomão (embora o nome do rei nunca seja referido explicitamente) o "elogio da sabedoria". Dirigindo-se aos outros reis, Salomão convida-os a acolher a "sabedoria" (cf. Sab 6,11), pois ela é bela, inalterável e garante a imortalidade e o reinado eterno.
O que é esta "sabedoria" de que aqui se fala? A "sabedoria" é a arte de bem viver, de ser feliz. Consta de um conjunto de princípios práticos, de normas de comportamento deduzidas da reflexão e da experiência, destinadas a orientar o homem sobre a forma de conduzir-se na vida do dia a dia. O objetivo dessas normas é proporcionar ao homem uma vida harmoniosa, equilibrada, ordenada, cheia de êxitos.
No entanto, a reflexão israelita acabou por identificar a "sabedoria" com a Torah (Lei de Deus). Ser "sábio" é - para a reflexão judaica da época em que o "Livro da Sabedoria" apareceu - cumprir integralmente os mandamentos da Lei. Na "sabedoria"/Torah, revelada por Jahwéh, está o caminho para ter êxito, para ultrapassar os obstáculos que a vida traz e para ser feliz.
É neste contexto que devemos entender este convite à "sabedoria".
Mensagem
A "sabedoria" não é, na perspectiva do autor do texto, algo de misterioso, e de oculto, que o homem tem dificuldade em encontrar... Ela brilha com brilho inalterável e atraente, que prende o olhar de quem a procura. Não é preciso correr atrás dela, com cuidado e fadiga, trilhando caminhos difíceis ou procurando em lugares recônditos e sombrios... Basta sentir interesse por ela, amá-la, desejá-la, que ela imediatamente se fará presente, oferecendo a vida e a felicidade a todos os que anseiam por ela. Quem ama a "sabedoria" facilmente "tropeça" nela, nas circunstâncias mais comuns da vida do dia a dia: à porta da casa, nos caminhos e até na intimidade dos próprios pensamentos... Para que a "sabedoria" ilumine a vida do homem, só é preciso disponibilidade para a acolher.
Atualização
A "sabedoria" de que o autor da primeira leitura fala é um dom de Deus para que o homem saiba conduzir a sua vida ao encontro da verdadeira vida e da verdadeira felicidade. Deus não é um adversário do homem, com ciúmes do homem, preocupado em impedir a felicidade e a realização do homem; mas é um Deus cheio de amor, preocupado em proporcionar ao homem todas as possibilidades de ser feliz e de se realizar plenamente. A nossa leitura convida-nos a ver em Deus esse Pai cheio de amor, preocupado com a felicidade dos seus filhos, sempre disposto a oferecer-lhes os seus dons e a conduzi-los para a vida e para a salvação; e convida-nos a uma atenção contínua, a fim de detectarmos e acolhermos esses dons que, a cada instante, Deus nos oferece.
O que é decisivo para que o homem tenha acesso pleno aos dons de Deus é a sua disponibilidade para acolher e para aceitar esses dons... Deus coloca os seus dons à disposição do homem, de forma gratuita e incondicional; ao homem é pedido apenas que não se feche no seu egoísmo e na sua autossuficiências, mas abra o seu coração à graça que Deus lhe oferece.
Evangelho Mt 25,1-13
Nós, os cristãos do séc. XXI, não somos significativamente diferentes dos cristãos que integravam a comunidade de Mateus... Também percorremos um caminho de altos e baixos, em que os momentos de entusiasmo e de compromisso alternam com os momentos de instalação, de comodismo, de adormecimento, de pouco empenho. As dificuldades da caminhada, os apelos do mundo, a monotonia, a nossa fragilidade levam-nos, frequentemente, a esquecer os valores do Reino e a correr atrás de valores efémeros, que parecem garantir-nos a felicidade e só nos arrastam para caminhos de escravidão e de frustração. O Evangelho deste domingo lembra-nos que a segunda vinda do Senhor deve estar sempre no horizonte final da nossa existência e que não podemos alienar os valores do Evangelho, pois só eles nos mantêm identificados com esse Senhor Jesus que há-de voltar para nos oferecer a vida plena e definitiva. Enquanto caminhamos nesta terra devemos, pois, manter-nos atentos e vigilantes, fiéis aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com esse Reino que Ele nos mandou construir.
"Estar preparado" não significa, contudo, ter a "alminha" limpa e sem mancha, para que, quando nos encontrarmos com o Senhor, Ele não tenha nenhuma falta não confessada a apontar-nos e nos leve para o céu... Mas significa, sobretudo, vivermos dia a dia, de forma comprometida e entusiasta, o nosso compromisso baptismal. "Estar preparado" passa por descobrirmos dia a dia os projetos de Deus para nós e para o mundo e procurar concretizá-los, com alegria e entusiasmo; "estar preparado" passa por fazermos da nossa vida, em cada instante, um dom aos irmãos, no serviço, na partilha, no amor, ao jeito de Jesus.
Embora o nosso texto se refira, primordialmente, ao nosso encontro final com Jesus, todos nós temos consciência de que esse momento não será o nosso único encontro com o Senhor... Jesus vem ao nosso encontro todos os dias e reclama o nosso empenho e o nosso compromisso na construção de um mundo novo - o mundo do Reino. Ele faz ecoar o seu apelo na Palavra de Deus que nos questiona, na miséria de um pobre que nos interpela, no pedido de socorro de um homem escravizado, na solidão de um velho carente de amor e de afeto, no sofrimento de um doente terminal abandonado por todos, no grito aflito de quem sofre a injustiça e a violência, no olhar dolorido de um imigrante, no corpo esquelético de uma criança com fome, nas lágrimas do oprimido... O Evangelho deste domingo avisa-nos que não podemos instalar-nos no nosso egoísmo e na nossa autossuficiência e recusar-nos a escutar os apelos do Senhor.
A história das jovens "insensatas" que se esqueceram do essencial faz-nos pensar na questão das prioridades... É fácil irmos "na onda", preocuparmo-nos com o imediato, o visível, o efémero (o dinheiro, o poder, a influência, a imagem, o êxito, a beleza, os triunfos humanos...) e negligenciarmos os valores autênticos. Mateus, com algum dramatismo, avisa-nos que só os valores do Evangelho nos asseguram a participação no banquete do Reino. O objetivo da catequese de Mateus não é dizer-nos que, se não nos portarmos bem, Deus nos castiga com o inferno; mas é alertar-nos para a seriedade com que devemos avaliar as nossas opções, de forma a não perdermos oportunidades para nos realizarmos e para chegarmos à felicidade plena e definitiva.
*Leia a reflexão na íntegra. Clique no link ao lado- EVANGELHO DO DIA.
Camarões, libertado o cardeal Tumi
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A notícia da libertação foi confirmada por dom Kleda, bispo de Douala. O cardeal, de 90 anos, foi sequestrado ontem por um grupo de homens armados na região noroeste entre as cidades de Kumba e Bamenda, capital da região.
Gabriella Ceraso – Vatican News
Foi confirmada a libertação do cardeal Christian Wiyghan Tumi, 90 anos, arcebispo emérito de Douala (Camarões) e primeiro purpurado camaronês. Segundo o arcebispo Douala, dom Samuel Kleda, o purpurado foi libertado, embora ainda não tenha voltado para casa. O sequestro começou ontem à tarde pelas mãos de um comando armado, na estrada entre Bamenda e Kumbo.
Também envolvido no sequestro o rei de Kumbo, o Fon de Nso, uma autoridade moral tradicional. Elie Smith, um colaborador próximo ao cardeal, conseguiu contatar os sequestradores por telefone e obter algumas informações: o responsável pela ação armada teria sido o general dos Ambazonianos (separatistas anglófonos da problemática região de Ambazônia, no sudoeste do país) que se intitula Chaomao, um ex-pastor. Notícias também foram confirmadas por membros da família do rei de Kumbo.
As razões do sequestro podem ser encontradas no encorajamento dado pelo cardeal às crianças para irem à escola. Há alguns dias atrás, de fato, um grupo armado sequestrou alguns professores que tinham sido libertados ontem, 5 de novembro. No último dia 24 de outubro, oito crianças foram mortas num ataque armado à escola bilingue internacional Madre Francisca. O Papa Francisco expressou o seu pesar por este triste evento, apelando para o fim da violência e pedindo a garantia da educação e do futuro dos jovens.
O cardeal Tumi, nascido em 15 de outubro de 1930 em Kikaikelaki, na então paróquia de Kumbo, hoje diocese, como bispo e depois cardeal, esteve sempre na vanguarda das dificuldades do território situado no extremo norte de Camarões, na fronteira com o Chade, quase esquecido pelas autoridades centrais, e da pobreza, à qual se somam as profundas divisões étnicas nesta área. Por ter promovido a paz após o início da crise no norte e sudoeste de Camarões, e por ter lutado contra a discriminação contra a minoria de língua inglesa em Camarões (cerca de 20% da população), o cardeal Christian Tumi recebeu o Prêmio Nelson Mandela em julho de 2019. Fonte: https://www.vaticannews.va
EVANGELHO DO DIA-31º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Sexta-feira, 6 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 16, 1-8)
Naquele tempo, 1Jesus disse também a seus discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador. Este lhe foi denunciado de ter dissipado os seus bens. 2Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar meus bens. 3O administrador refletiu então consigo: Que farei, visto que meu patrão me tira o emprego? Lavrar a terra? Não o posso. Mendigar? Tenho vergonha. 4Já sei o que fazer, para que haja quem me receba em sua casa, quando eu for despedido do emprego. 5Chamou, pois, separadamente a cada um dos devedores de seu patrão e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu patrão? 6Ele respondeu: Cem medidas de azeite. Disse-lhe: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve: cinquenta. 7Depois perguntou ao outro: Tu, quanto deves? Respondeu: Cem medidas de trigo. Disse-lhe o administrador: Toma os teus papéis e escreve: oitenta. 8E o proprietário admirou a astúcia do administrador, porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz uma parábola que trata da administração dos bens e que só existe no evangelho de Lucas. Ela costuma ser chamada A parábola do administrador desonesto. Parábola desconcertante. Lucas diz: “O Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza”. O Senhor é o próprio Jesus e não o administrador. Como é que Jesus podia elogiar um empregado corrupto?
Lucas 16,1-2: O administrador é ameaçado de despejo
“Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. Então o chamou, e lhe disse: 'O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador”. O exemplo, tirado do mundo do comércio e do trabalho, fala por si. Alude à corrupção que existia. O patrão descobriu a corrupção e decidiu demitir o administrador desonesta. Este, de repente, se vê numa situação de emergência obrigado pelas circunstâncias imprevistas a encontrar uma saída para poder sobreviver. Quando Deus se faz presente na vida de uma pessoa, aí, de repente, tudo muda e a pessoa entra numa situação de emergência. Ela terá que tomar uma decisão e encontrar uma saída.
Lucas 16,3-4: O que fazer? Qual a saída?
“Então o administrador começou a refletir: 'O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha”. Ele começa a refletir para descobrir uma saída. Analisa, uma por uma, as possíveis alternativas: cavar ou trabalhar na roça para sobreviver, ele acha que para isso não tem força. Para mendigar, sente vergonha. Ele analisa as coisas. Calcula bem as possíveis alternativas. “Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa”. Trata-se de garantir o seu futuro. O administrador desonesto é coerente dentro do seu modo de pensar e de viver.
Lucas 16,5-7: Execução da solução encontrada
“E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: 'Quanto é que você deve ao patrão?' Ele respondeu: 'Cem barris de óleo!' O administrador disse: 'Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinqüenta'. Depois perguntou a outro: 'E você, quanto está devendo?' Ele respondeu: 'Cem sacas de trigo'. O administrador disse: 'Pegue a sua conta, e escreva oitenta". Dentro da sua total falta de ética o administrador foi coerente. O critério da sua ação não é a honestidade e a justiça, nem o bem do patrão do qual ele depende para viver e sobreviver, mas é o próprio interesse. Ele quer a garantia de ter alguém que o receba em sua casa.
Lucas 16,8: O Senhor elogiou o administrador desonesto
E agora vem a conclusão desconcertante: “E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz”. A palavra Senhor indica Jesus, e não o patrão, o homem rico. Este jamais iria elogiar um empregado que foi desonesto com ele no serviço e que, agora, roubou mais 50 barris de óleo e 20 sacas de trigo! Na parábola, quem faz o elogio é Jesus. Elogiou não porque roubou, mas porque soube ter presença de espírito. Soube calcular bem as coisas e encontrar uma saída, quando de repente se viu desempregado. Assim como os filhos deste mundo sabem ser espertos nas suas coisas, assim os filhos de luz deveriam aprender deles a ser espertos na solução dos seus problemas, usando os critérios do Reino e não os critérios deste mundo. “Sejam espertos como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16).
4) Para um confronto pessoal
1) Sou coerente?
2) Qual o critério que uso na solução dos meus problemas?
5) Oração final
Uma só coisa pedi ao Senhor, só isto desejo: poder morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida; poder gozar da suavidade do Senhor e contemplar seu santuário. (Sl 26, 4)
'Fui chamado de comunista e condenado como um terrorista, mas não guardo mágoa': Falamos com o padre expulso pela ditadura
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Por William Helal Filho
Padre Vito Miracapillo dá entrevista ao chegar em Recife para visita, em 2012 | Foto de Hans von Manteuffel/Agência O GLOBO
Ele foi pivô de um episódio triste da História do Brasil. No último dia 29 de outubro, resgatamos neste blog os acontecimentos até a expulsão do Padre Vito Miracapillo, durante a ditadura militar, após ele se negar a rezar uma missa para celebrar o Dia da Independência do país, no município de Ribeirão, na Zona da Mata Pernambucana, há 40 anos. Para o sacerdote italiano, não havia por que a celebrar a independência de um povo que vivia na miséria e não podia escolher seus governantes. Agora, voltamos ao assunto para publicar uma entrevista exclusiva com o Padre Vito.
Durante a conversa por telefone, o religioso de 72 anos, que hoje atua na Diocese de Úmbria, na Itália, contou como foi a dura perseguição que sofreu de políticos e latifundiários em 1980, mas se mostrou feliz ao dizer que o povo esteve a seu lado e que, ainda hoje, quando volta à Zona da Mata, é recebido com festa. O italiano nutre o desejo de voltar a morar no Brasil. "O Nordeste é minha casa", diz ele.
As autoridades não toleraram quando o senhor se recusou a rezar uma missa em homenagem ao Dia da Independência, em 1980, e ainda criticou a falta de independência do povo. Por que o senhor decidiu fazer isso?
Desde 1975, quando assumi a paróquia em Ribeirão, eu ficava incomodado com a festa da independência na cidade. A polícia distribuía folhetos pedindo para denunciar quem não quisesse participar. Mas os filhos dos ricos nunca participavam, e os pobres, que mal tinham o que comer, se viam obrigados a comprar as roupas para o desfile e passar quatro horas desfilando debaixo do sol. Muitos desmaiavam. Nenhuma autoridade aparecia na missa que me pediam para celebrar. No meu quinto ano, o lema da Semana da Independência seria "Somos todos livres" e, mais uma vez, me pediram para celebrar a missa. Mas eu escrevi dizendo que não podia rezar a missa "na hora e na forma" que eles queriam naquele domingo. Porque, aos domingos, eu celebrava três missas: na igreja, numa usina e num engenho, para ficar perto do povo. Escrevi também que não poderia rezar uma missa pela independência de um povo que não era independente.
A partir daí, como as autoridades reagiram?
O Severino Cavalcanti (então deputado estadual) passou a me perseguir, pediu a abertura de um processo contra mim. Inventaram todo tipo de mentiras com meu nome. Diziam que eu estava ligado a Moscou, que todos os dias recebia mensagens da União Soviética. Mas não tinha nem telefone na cidade, na época. Eles diziam que eu estava contra o Papa e que eu não era católico, me chamavam de comunista, de subversivo. Mas o povo sempre esteve do meu lado, contra os usineiros.
No dia 2 de outubro de 1980, a Matriz de Riberão recebia uma missa em seu favor quando os fazendeiros chegaram para interrompoer. Como foi aquilo?
A igreja estava lotada de clérigos, políticos, jornalistas e moradores. Havia cerca de cinco mil pessoas na praça, do lado de fora. Mas logo no início da missa, chegaram umas 90 pessoas armadas, entre fazendeiros e capangas. Em certo momento, cerca de 30 deles entraram na igreja, agredindo padres e jornalistas. Meu advogado me pegou pelo braço e me levou para a sacristia. Ele disse: "cuidado, estão querendo te matar". Mas um delegado que não era ligado a nenhum latifundiário entrou com um batalhão de soldados e gritou para os fazendeiros: "Saiam da igreja, ou então abrimos fogo". Àquela altura, os 60 que ficaram lá fora já estavam cercados pela multidão. Se houvesse um tiro, seria uma chacina. Depois, tive que sair de Ribeirão.
Por que os fazendeiros eram contra o senhor?
Nossa igreja estava do lado do povo, que vivia em condições de fome, trabalhando o tempo todo e sendo maltratado por soldados, capangas e patrões. A paróquia assumiu a luta de 400 pessoas que deveriam receber uma área de uma usina de cana-de-açúcar em troca de salários não pagos. Eram pessoas que resistiram a anos de intimidação e torturas por parte de gente que não queria pagar o que devia àquelas famílias na miséria. Nosso trabalho deu força a esses trabalhadores, o que gerou desagrado para muitos proprietários de terra na região.
O presidente João Figueiredo decretou sua expulsão no dia 15 de outubro, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a decisão no dia 17, para analisar um pedido de habeas corpus da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em seu nome. Como foi esse período?
Eu estava na cúria de Dom Helder Câmara, em Recife, quando os policiais chegaram, no dia 17, para me levar ao aeroporto (antes da suspensão do decreto). As pessoas souberam pelo rádio e cercaram a cúria, gritavam "O Brasil está contigo, Padre Vito". O aeroporto estava lotado com cerca de 700 de pessoas protestando. Para subir no avião, os policiais fizeram um corredor pra eu passar, mas havia sempre pessoas cantando por mim. No Rio, cinco agentes vieram me prender no avião e me levaram a um subterrâneo do Galeão. Havia dezenas de militares do lado de fora, para me dar imagem de terrorista ou subversivo. Depois de dois dias, fui para Brasília, esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre minha expulsão, mas os 11 ministros negaram o pedido da minha defesa para não ser expulso (no dia 30). Fui condenado por atentado a segurança nacional, como se eu fosse um terrorista.
O padre Vito Miracapillo reza missa no Rio, em outubro de 1980 | Foto de Jorge Peter/Agência O GLOBO
E de lá para cá, como tem sido sua relação com o Brasil?
Em 1993, o presidente Itamar Franco anulou minha expulsão, e pude entrar no país como turista. Naquele mesmo ano, fui recebido por uma multidão que me acolheu no aeroporto, uma grande festa. Eu desejava voltar de vez para o Brasil, mas meu bispo na Itália não permitia. Mesmo assim, de lá para cá, estive no Brasil uma vez por ano, ou a cada dois anos, para passar férias na Zona da Mata. Quando chego, as crianças me abraçam porque seus avós contaram minha história. Fui chamado de comunista e condenado como um terrorista, mas não guardo mágoa nem dos capangas dos fazendeiros que me perseguiram. Quando voltei, em 1993, nos abraçamos, estava tudo perdoado. O Nordeste é minha casa, onde todo mundo me conhece e faz festa quando nos encontramos. Eu ainda voltaria, mas vamos ver o que acontece.
E como o senhor vê a situação do Brasil hoje?
Estive aí em novembro passado e vi que a situação não está muito boa, o povo está voltando à miséria, acho que o povo está sendo deixado na pobreza mais uma vez. A situação no mundo todo está delicada, e até o Papa Francisco está sendo chamado de comunista. Estamos sob ditadura da informática. O fato é que a minoria das pessoas tem grande parte da renda do mundo. A pobreza está aumentando em muitas partes do planeta, com a desigualdade.
De volta a Ribeirão em 1993, o Padre Vito celebra missa em praça pública | Foto de Pedro Luiz/Agência O GLOBO
EVANGELHO DO DIA-31º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Quinta-feira, 5 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 15, 1-10)
Naquele tempo, 1Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 2Os fariseus e os escribas murmuravam: Este homem recebe e come com pessoas de má vida! 3Então lhes propôs a seguinte parábola: 4Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 6e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 8Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Luca 15,1-10
O evangelho de hoje traz a primeira de três parábolas ligadas entre si pela mesma palavra. Tratam de três coisas perdidas: ovelha perdida (Lc 15,3-7), moeda perdida (Lc 15,8-10), e filho perdido (Lc 15.11-32). As três parábola são dirigidas para os fariseus e os doutores da lei que criticavam Jesus (Lc 15,1-3). Isto é, são dirigidas para o fariseu ou para o doutor da lei que existe em cada um de nós.
Lucas 15,1-3: Os destinatários das parábolas
Estes três primeiros versos descrevem o contexto em que foram pronunciadas as três parábolas: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus”.: De um lado, se encontram os cobradores de impostos e os pecadores; do outro lado, os fariseus e os doutores da lei. Lucas diz com um pouco de exagero: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar”. Algo em Jesus os atraía. É a palavra de Jesus que os atrai (cf Is 50,4). Eles querem ouvi-lo. Sinal de que não se sentem condenados, mas sim acolhidos por ele. A crítica dos fariseus e escribas é esta: "Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!". No envio dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-9), Jesus tinha mandado acolher os excluídos, os doentes e possessos (Mt 10,8; Lc 10,9) e praticar a comunhão de mesa (Lc 10,8).
Lucas 15,4: Parábola da ovelha perdida
A parábola da ovelha perdida começa com uma pergunta: "Se um de vocês tem cem ovelhas e perde uma, será que não deixa as noventa e nove no campo para ir atrás da ovelha que se perdeu, até encontrá-la?” Antes de ele mesmo dar a resposta, Jesus deve ter olhado os ouvintes para ver como responderiam. A pergunta é formulada de tal maneira que a resposta só pode ser positiva: “Sim, ele vai atrás da ovelha perdida!” E você, como responderia? Você deixaria as noventa e nove ovelhas no campo para ir atrás de uma única que se perdeu? Quem faria isso? Provavelmente, a maioria terá respondido: “Jesus, aqui entre nós, ninguém faria uma coisa tão absurda. Diz o provérbio: “Melhor um passarinho na mão do que dez voando!”
Lucas 15,5-7: Jesus interpreta a parábola da ovelha perdida
Ora, na parábola o dono das ovelhas faz o que ninguém faria: larga tudo e vai atrás da ovelha perdida. Só Deus mesmo para tomar uma tal atitude! Jesus quer que o fariseu ou o escriba que existe em nós, em mim, tome consciência. Os fariseus e os escribas abandonavam os pecadores e os excluíam. Eles nunca iriam atrás da ovelha perdida. Deixariam que ela se perdesse no deserto. Eles preferem as noventa e nove que não se perderam. Mas Jesus se coloca na pele da ovelha que se perdeu e que, naquele contexto da religião oficial, cairia no desespero, sem esperança de ser acolhida. Jesus faz saber a eles e a nós: “Se por acaso você se sentir perdido, pecador, lembre-se que, para Deus, você vale mais que as noventa e nove outras ovelhas. Deus vai atrás de você. E caso você se converter, saiba que “no céu haverá mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão."
Lucas 15,8-10: Parábola da moeda perdida
A segunda parábola: "Se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, será que não acende uma lâmpada, varre a casa, e procura cuidadosamente, até encontra a moeda? Quando a encontra, reúne amigas e vizinhas, para dizer: 'Alegrem-se comigo! Eu encontrei a moeda que tinha perdido'. E eu lhes declaro: os anjos de Deus sentem a mesma alegria por um só pecador que se converte". Deus fica alegre conosco. Os anjos ficam alegres conosco. A parábola era para comunicar esperança a quem estava ameaçado de desespero pela religião oficial. Esta mensagem evoca o que Deus nos diz no livro do profeta Isaías: “Eu te gravei na palma da minha mão!” (Is 49,16). “Tu és precioso aos meus olhos, eu te amo!” (Is 43,4)
4) Para um confronto pessoal
1) Você andaria atrás da ovelha perdida?
2) Você acha que a igreja de hoje é fiel a esta parábola de Jesus?
5) Oração final
Procurai o Senhor e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
EVANGELHO DO DIA-31º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Quarta-feira, 4 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 25-33)
Naquele tempo, 25Muito povo acompanhava Jesus. Voltando-se, disse-lhes: 26Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27E quem não carrega a sua cruz e me segue, não pode ser meu discípulo. 28Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem com que acabá-la? 29Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, 30dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar. 31Ou qual é o rei que, estando para guerrear com outro rei, não se senta primeiro para considerar se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? 32De outra maneira, quando o outro ainda está longe, envia-lhe embaixadores para tratar da paz. 33Assim, pois, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que possui não pode ser meu discípulo. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 14,25-33 (Mt 10,37-38)
O evangelho de hoje fala sobre o discipulado e apresenta as condições para alguém poder ser discípulo ou discípula de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde vai ser preso e morto na Cruz. Este é o contexto em que Lucas coloca as palavras de Jesus sobre o discipulado.
Lucas 14,25: Exemplo de catequese
O evangelho de hoje é um exemplo bonito de como Lucas transforma as palavras de Jesus em catequese para o povo das comunidades. Ele diz: “Grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele disse”. Jesus fala para as grandes multidões, isto é, fala para todos, inclusive para o povo das comunidades do tempo de Lucas e inclusive para nós hoje. No ensinamento que segue, ele coloca as condições para alguém poder ser discípulo de Jesus.
Lucas 14,25-26: Primeira condição: odiar pai e mãe
Alguns diminuem a força da palavra odiar e traduzem “dar preferência a Jesus acima dos pais”. O texto original usa a expressão “odiar os pais”. Em outro lugar Jesus manda amar e honrar os pais (Lc 18,20). Como explicar esta contradição? Será que é uma contradição? No tempo de Jesus a situação social e econômica levava as famílias a se fechar sobre si mesmas e as impedia de cumprir a lei do resgate (goel), isto é, de socorrer os irmãos e as irmãos da comunidade (clã) que estavam ameaçados de perder sua terra ou de cair na escravidão (cf. Dt 15,1-18; Lev 25,23-43). Fechadas sobre si mesmas, as famílias enfraqueciam a vida em comunidade. Jesus quer refazer a vida em comunidade. Por isso pede que se rompa a visão estreita da pequena família que se fecha sobre si mesma e pede para que as famílias se abram e se unam entre si na grande família, na comunidade. Este é o sentido de odiar pai e mãe, mulher filhos, irmãos e irmãs. Jesus mesmo, quando os parentes da sua pequena família queiram leva-lo da volta para Nazaré, não atendeu ao pedido deles. Ignorou ou odiou o pedido deles e alargou a família, dizendo: “Meu irmão, minha irmã, minha mãe é todos aquele que faz a vontade do Pai” (Mc 3,20-21.31-35). Os vínculos familiares não podem impedir a formação da Comunidade. Esta é a primeira condição.
Lucas 14,27: Segunda condição: carregar a cruz
“Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. Para entender bem o alcance desta segunda exigência devemos olhar o contexto em que Lucas coloca esta palavra de Jesus. Jesus está indo para Jerusalém onde será crucificado e morto. Seguir Jesus e carregar a cruz atrás dele significa ir com ele até Jerusalém para ser crucificado com ele. Isto evoca a atitude das mulheres que “haviam seguido a Jesus e servido a ele, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,41). Evoca também a frase de Paulo na carta aos Gálatas: “Quanto a mim, que eu não me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo. Crucificado para o mundo” (Gl 6,14)
Lucas 14,28-32: Duas parábolas
As duas têm o mesmo objetivo: levar as pessoas a pensar bem antes de tomar uma decisão. Na primeira parábola ele diz: “Se alguém de vocês quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso, começarão a caçoar, dizendo: Esse homem começou a construir e não foi capaz de acabar!” Esta parábola não precisa de explicação. Ela fala por si: que cada um reflita bem sobre a sua maneira de seguir Jesus e se pergunte se calculou bem as condições antes de tomar a decisão de ser discípulo de Jesus.
A segunda parábola: “Se um rei pretende sair para guerrear contra outro, será que não vai sentar-se primeiro e examinar bem, se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode, envia mensageiros para negociar as condições de paz, enquanto o outro rei ainda está longe”. Esta parábola tem o mesmo objetivo que a precedente. Alguns perguntam: “Como é que Jesus foi usar um exemplo de guerra?” A pergunta é pertinente para nós que conhecemos as guerras de hoje. Só a segunda guerra mundial (1939 a 1945) causou a morte de 54 milhões de pessoas! Naquele tempo, porém, as guerras eram como a concorrência comercial entre as empresas de hoje que lutam entre si para ter mais lucro.
Lucas 14,33: Conclusão para o discipulado
A conclusão é uma só: ser cristão, seguir Jesus, é coisa séria. Hoje, para muita gente, ser cristão não é opção pessoal nem decisão de vida, mas um simples fenômeno cultural. Não lhes passa pela cabeça de fazer uma opção. Quem nasce brasileiro é brasileiro. Quem nasce japonês é japonês. Não precisa optar. Já nasce assim e vai morrer assim. Muita gente é cristão porque nasceu assim e morre assim, sem nunca ter tido a idéia de optar e de assumir o que já é por nascimento.
4) Para um confronto pessoal
1) Ser cristão é coisa séria. Devo calcular bem minha maneira de seguir Jesus. Como isto acontece na minha vida?
2) “Odiar os pais”; Comunidade ou família! Como você combina as duas coisas? Consegue unir as duas em harmonia?
5) Oração final
O Senhor é minha luz e minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é quem defende a minha vida; a quem temerei? (Sl 26, 1)
EVANGELHO DO DIA-31º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Segunda-feira, 3 de novembro-2020. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus de poder e misericórdia, que concedeis a vossos filhos e filhas a graça de vos servir como devem, fazei que corramos livremente ao encontro das vossas promessas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 12-14)
Naquele tempo, 12Dizia igualmente ao que o tinha convidado: Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. 13Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. 14Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos. - Palavra da salvação.
3) Reflexão
O evangelho de hoje dá continuidade ao ensinamento que Jesus estava dando em torno de vários assuntos, todos ligados à mesa e à refeição: uma cura durante a refeição (Lc 14,1-6); um conselho para não ocupar logo os primeiros lugares (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus em torno de uma determinada palavra, como mesa ou refeição, ajuda a perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus
Lucas 14,12: Convite interesseiro
Jesus está jantando na casa de um fariseu que o tinha convidado (Lc 14,1). O convite para o jantar é o assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem vários tipos de convite: convites interesseiros em benefício de si mesmo e convites desinteressados em benefício dos outros. Jesus diz: "Quando você der um almoço ou jantar, não convide amigos, nem irmãos, nem parentes, nem vizinhos ricos. Porque esses irão, em troca, convidar você. E isso será para você recompensa”. O costume normal do povo era este: para almoçar ou jantar eles convidavam amigos, irmãos e parentes. Pois sentar à mesa com pessoas desconhecidas ninguém fazia. Comunhão de mesa só com gente amiga! Este era o costume entre os judeus. É este também o nosso costume até hoje. Jesus pensa diferente e manda fazer convites desinteressados que ninguém costuma fazer.
Lucas 14,13-14: Convite desinteressado
Jesus diz: “Quando você der uma festa, convide pobres, aleijados, mancos e cegos”. Jesus manda romper o círculo fechado e pede para convidar os excluídos: pobres, aleijados, mancos, cegos. Este não era o costume e, até hoje, ninguém faz isso. Mas Jesus insiste: “Convida esse pessoal!” Por que? Porque no convite desinteressado, dirigido a pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade: “Então você será feliz! Porque eles não lhe podem retribuir”. Felicidade estranha, diferente! Você será feliz porque eles não podem retribuir. É a felicidade que nasce do fato de você ter feito um gesto de gratuidade total. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca. É a felicidade de quem faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma retribuição. Jesus diz que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus vai dar na ressurreição. Ressurreição, não só no fim da história, mas já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição!
É o Reino acontecendo. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos para a missão de anunciar o Reino (Lc 10,1-9). Entre as várias recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (1) a comunhão de mesa e (2) a acolhida aos excluídos: “Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: O Reino de Deus chegou!” (Lc 10,8-9) Aqui, nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.
4) Para um confronto pessoal
1) Convite interesseiro e convite desinteressado: qual dos dois acontece mais na minha vida?
2) Se você fizesse só convites desinteressados, isto lhe traria dificuldades? Quais?
5) Oração final
Senhor, meu coração não se orgulha e meu olhar não é soberbo; não ando atrás de coisas grandes, superiores às minhas forças. Antes, me acalmo e tranquilizo, como criança desmamada no colo da mãe, como criança desmamada é minha alma. (Sl 130, 1-2)
RECORDAR OS QUE PARTIRAM À LUZ DA RESSURREIÇÃO
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Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul
Ao iniciarmos o mês de novembro, nós fazemos memória ou celebramos o dia dos finados. Este ano, esse dia marcado pela dor e esperança, nós celebraremos também tendo presente as milhares de pessoas e famílias que perderam seus entes queridos por causa da pandemia do COVID19.
Mesmo com certas restrições, muitos irão ao cemitério, ou participarão da celebração litúrgica na comunidade ou nos cemitérios, manifestando um gesto piedoso para com os amigos e parentes que partiram deste mundo, mas continuam presentes na nossa memória e, por que não dizer, continuarão para sempre fazendo parte da nossa vida, até o momento ou hora de concluirmos a nossa jornada.
No dia dos finados, independentemente de professarmos ou não uma fé, de termos ou não uma religião, paira uma sombra, porque não se encara a morte dos outros sem pensar na própria. A morte é para todos, mas pranteada segundo as culturas e religiões. Emotivamente é impossível não sentir a dor da separação, nem é justo pedir a alguém para não chorar pelo luto e pela dor causada pela perda de um familiar ou um amigo, mesmo se o fato é vivido à luz da fé. Podemos ver a morte como uma injustiça, embora saibamos que é inevitável, como uma ruptura com as seguranças que fomos criando ao longo da nossa vida, ou como uma separação dos afetos mais importantes que preenchem o nosso cotidiano.
O Senhor Jesus, que sendo Filho de Deus, viveu a nossa condição humana da dor e da morte, nos trouxe uma nova luz de vida, marcada pela ressurreição na Páscoa. E a ressurreição de Cristo é a lente através da qual cada um pode ler a vida e a morte. Mas o Senhor Jesus também nos apontou o caminho da esperança, e nele a morte não terá a última palavra. Por isso, podemos dizer a cada dia: Queremos viver Senhor, oferecendo a ti a nossa vida; como o pão e o vinho, oferecidos sobre o altar do sacrifício eucarístico.
Ó Deus de infinita misericórdia, que acolhes nos teus braços as almas redimidas pelo sangue do teu Filho Jesus, com teu amor de Pai misericordioso, acolhe os nossos entes queridos, que concluíram a peregrinação sobre esta terra. Senhor, com a fé e a esperança que acendeste no nosso coração de filhos e filhas, te pedimos, que as almas dos nossos familiares, amigos e conhecidos, possam contemplar a glória da tua face, habitando eternamente na tua casa. Dá-lhes, Senhor, o descanso eterno. E a luz perpétua os ilumine. Descansem em paz. Amém. Fonte: https://www.cnbb.org.br
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