DIA DE FINADOS
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Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
“Aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola”
A solenidade de “Todos os Santos” é celebrada no dia 1º de novembro e no dia seguinte acontece a “Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos”. São duas celebrações próximas que oferecem uma oportunidade para meditar sobre o sentido da vida eterna e sobre a morte.
A vida eterna é um tema que interessa? Buscar a santidade é projeto que encanta? O prefácio da missa de “Todos os Santos” assim reza: “Festejamos, hoje, a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os santos, vos cercam e cantam eternamente vosso louvor. Para essa cidade caminhamos, pressurosos, peregrinado na penumbra da fé. Contemplamos, alegres, na vossa luz, tantos membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão”.
A solenidade não se refere a um grupo restrito de eleitos, ou somente aos reconhecidos formalmente como santos. Mas indica para aquela “multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar” (Apocalipse 7,9). Chegaram na presença de Deus porque procuraram cumprir com amor e fidelidade a vontade divina.
Mas para que serve o nosso louvor aos santos? Eles não precisam mais de nós, pois já estão na presença eterna de Deus e o contemplam face a face. A solenidade de “Todos os Santos” é necessária para os peregrinos deste mundo para fazer arder neles o desejo de viver na intimidade com Deus. O caminho da santidade não se caracteriza em realizar obras extraordinárias, nem possuir dons e carismas excepcionais. Mas é sobretudo, ouvir Jesus e segui-lo sem desanimar nas dificuldades. Jesus convidou os discípulos a confiarem nele, a renunciarem a si mesmos, em tomarem a cruz, em serem generosos que nem a semente que morre para gerar mais vida, em viverem amando. Todo o caminho da santidade tem a marca da cruz que conduz à glória.
No Dia de Finados o nosso olhar se dirige ao rosto daqueles que nos precederam e que concluíram o caminho terreno. O prefácio da missa do dia reza: “E, aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola”. Este é o modo cristão de vivenciar Finados, pois é dia de olhar para o Cristo ressuscitado e renovar a fé na vida eterna. Viver o dia num misto de tristeza e esperança.
Visitar o cemitério para rezar pelas pessoas queridas que nos deixaram, é quase como que fazer uma visita a elas para manifestar, mais uma vez, o nosso carinho, para as sentir próximos, recordar vivências, e expressar cuidado. A visita é uma forma de conservar a experiência de suas vidas. Um artigo do credo cristão professa a “comunhão dos santos”, isto é, o vínculo estreito dos que peregrinam nesta terra e os irmãos que já alcançaram a eternidade. Vínculo que a morte não rompeu.
Finados coloca o tema quase proibido da morte. Temos dificuldade abordá-lo, mesmo que a morte faça parte do cotidiano. Se por um lado os cemitérios apontam para fim da jornada terrena, são também espaços que revelam esperanças como indicam as inscrições dos túmulos.
A Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de todos os fiéis defuntos nos dizem que somente quem pode reconhecer uma grande esperança na morte, pode também levar uma vida a partir da esperança. Visitando os cemitérios para rezar com afeto e com amor pelos nossos defuntos, somos convidados, mais uma vez, a renovar com coragem a fé na vida eterna. É precisamente a fé na vida eterna que confere ao cristão a coragem de amar ainda mais intensamente esta nossa terra e de trabalhar para lhe construir um futuro, para lhe dar uma esperança verdadeira e segura. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Santidade e martírio – algumas noções básicas
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Armando Alexandre dos Santos
Jornalista profissional e historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Nos primeiros tempos do Cristianismo, somente eram venerados como Santos ou Santas pessoas que tivessem derramado o seu sangue confessando a Fé em Jesus Cristo. Em outros termos, os mártires. O martírio, na prática, constituía a mais evidente manifestação da santidade. Identificava-se quase com ela. Mártir é palavra de origem grega, que significa testemunho; mártir era quem dava testemunho heroico e definitivo de Jesus Cristo, selando esse testemunho com seu próprio sangue.
Passados, porém, os três primeiros séculos de história da Igreja, séculos esses que se caracterizaram por um quase contínuo estado de perseguição, novas formas de manifestação da santidade foram, pouco a pouco, se afirmando. Não mais apenas pela morte, mas também pela vida virtuosa, com a prática constante das virtudes em grau heroico, se entendeu que podia ser feita a confissão da Fé em Jesus Cristo e se podia dar testemunho do Filho de Deus. Passaram, então, a ser venerados santos e santas não mártires. No caso dos homens, eram geralmente chamados “confessores”, porque confessavam a Fé. No das mulheres, dependendo de sua condição, eram virgens, matronas ou viúvas. O calendário litúrgico da Igreja registra pessoas de todas essas condições.
Os santos, além de intercessores junto ao trono de Deus, são modelos propostos pela Igreja à admiração e imitação dos fiéis. Nas últimas décadas, a Santa Sé tem procurado apresentar, aos fiéis das mais diversas condições, a Santidade como um ideal possível de ser atingido, e não mais como algo tão difícil e inacessível que somente por via de exceção poderia ser alcançado.
“Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48) - disse o Senhor, não apenas a seus Apóstolos e a uns poucos escolhidos, mas à imensa multidão que acorreu a ouvir o Sermão da Montanha.
“Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48) - disse o Senhor, não apenas a seus Apóstolos e a uns poucos escolhidos, mas à imensa multidão que acorreu a ouvir o Sermão da Montanha. A Igreja sempre entendeu, por isso, que o chamado à mais excelsa perfeição, aquela que têm como modelo o próprio Pai, era dirigido à generalidade dos fiéis.
Assim se pronunciou, por exemplo, o Papa Pio XI: “´Esta é a vontade de Deus, diz São Paulo, a vossa santificação´ (I Tess 4,3); e qual deva ser essa santificação, declarou-o o mesmo Senhor: `Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito` (Mt 5,48). Não se creia, pois, que o convite seja feito apenas a algumas poucas almas privilegiadas, e que os outros possam se contentar com um grau inferior de virtude. Pelo contrário, como se patenteia pelo teor das palavras, a lei é universal e não admite exceção” (Encíclica Rerum omnium perturbationem, de 26/1/1923).
No mesmo sentido, afirmou textualmente a Constituição Lumen Gentium que “todos os fiéis, de qualquer condição e estado, fortalecidos com tantos e tão poderosos meios de salvação, são chamados pelo Senhor, cada um pelo seu caminho, para a perfeição daquela santidade com a que é perfeito o próprio Pai” (n. 11).
Não somente pela via dos conselhos, seguida habitualmente pelas almas consagradas, mas também pela via dos preceitos, a qual todos, sem exceção, podem trilhar, a perfeição é sempre um ideal atingível, para o qual temos a própria palavra do Senhor a nos convidar.
No século XVII, o Papa Urbano VIII (1625-1634) proibiu que pessoas não beatificadas ou canonizadas pela Santa Sé recebessem qualquer tipo de culto público e fixou normas muito estritas para o trâmite dos processos de beatificação e canonização. Tais normas, que hoje poderiam parecer extremadamente rigorosas, eram sem dúvida necessárias no contexto em que foram estabelecidas, para introduzir uma indispensável disciplina onde, antes, havia uma situação anômica e que requeria urgente normatização. Durante séculos vigoraram, em toda a Igreja, as normas sábias que aquele Pontífice fixou, e produziram admiráveis efeitos. Mas, mudados os tempos, julgou a sabedoria da Igreja mais conforme à necessidade desses tempos apresentar em maior número, e com maior variedade, modelos de santidade aos fieis de todas as condições, permitindo assim que, pela via da exemplaridade, mais acessível se tornasse a santidade, de acordo com a frase latina “verba movent, exempla trahunt” (as palavras movem, os exemplos arrastam).
Com esse escopo, o Papa João Paulo II, recentemente canonizado, promulgou, em 1983, a Constituição Apostólica Divinus perfectionis Magister, na qual estabeleceu novas regras para os processos de beatificação e canonização, que em princípio conservaram no essencial todo o antigo rigor, mas abrandaram e suavizaram um tanto exigências secundárias e acidentais, que tinham sido necessárias no passado, mas cuja prática, pouco a pouco, acabara produzindo um formalismo por vezes excessivo e até mesmo impeditivo de que muitos processos fossem abertos ou que, tendo sido abertos, chegassem a bom termo. Fonte: https://www.a12.com
Padre é baleado em frente a igreja ortodoxa em Lyon, na França, e um suspeito é preso
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Caso acontece dois dias depois do atentado na Basílica de Notre Dame, em Nice. Polícia francesa prende terceiro suspeito de envolvimento no ataque em Nice, enquanto Macron tenta aplacar mal-estar com muçulmanos
Pessoas deixam homenagens em frente à Basílica de Notre Dame, em Nice, onde três pessoas foram mortas em um ataque a faca Foto: VALERY HACHE / AFP
O Globo e agências internacionais
PARIS — Um padre da Igreja Ortodoxa Grega foi baleado no momento em que fechava as portas de sua igreja, na tarde deste sábado, em Lyon, na França. O caso acontece dois dias depois do ataque a faca que deixou três mortos em Nice, no Sul do país.
Segundo a polícia francesa, um suspeito foi preso horas depois. A polícia não conseguiu confirmar se o detido era o atirador, que fugiu da igreja após os disparos. Autoridades locais e promotores disseram que ainda não está claro quais foram os motivos do ataque.
De acordo com o jornal Le Monde, o agressor atirou duas vezes contra o clérigo antes de fugir. A polícia informou que o estado de saúde do padre é grave e que ele precisou receber atendimento de urgência no local. A área foi isolada rapidamente pela corporação e o Ministério do Interior emitiu um alerta sobre a operação.
Ainda não se sabe se o caso tem alguma ligação com o atentado em Nice nem se houve motivações religiosas. O ataque acontece em um momento em que a França vive uma tensão interna devido aos casos recentes de atentados envolvendo islamistas radicais. Em 17 de outubro, o professor de Geografia e História Samuel Paty foi decapitado por um extremista de origem chechena após mostrar caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, disse que ainda não sabia de todas as circunstâncias do incidente, mas afirmou que uma reunião de emergência será realizada pelo governo.
— Ainda não tenho informações específicas sobre as circunstâncias. Preciso lhes dizer que vocês devem contar com toda a determinação do governo para permitir que cada um e todos pratiquem o seu culto em total segurança e em total liberdade. A nossa vontade é forte: a nossa determinação não se debilitará — afirmou. Segundo o jornal Le Figaro, o padre é como Nicolas K., de 52 ans. Ele é pai de três filhos e foi atingido no abdome.
Nos últimos dias, o governo de Emmanuel Macron vem intensificando seus esforços contra possíveis novos atentados terroristas, em meio ao final do julgamento dos autores do atentado de 2015 que deixou 12 mortos na sede do semanário satírico Charlie Hebdo, onde as caricaturas de Maomé foram originalmente publicadas.
A defesa feita por Macron da publicação das caricaturas, em nome da liberdade de expressão, após o assassinato do professor, provocou reações em países de maioria muçulmana. O Islã não permite que Maomé e outros profetas sejam retratados, porque considera que isso é idolatria.
Neste sábado, a polícia informou que uma terceira pessoa foi presa por suspeita de envolvimento no ataque em Nice, onde na quinta-feira um tunisiano de 21 anos, que chegou à França naquele mesmo dia, matou as três pessoas dentro da Basílica de Notre-Dame.
Entre os mortos estava a brasileira Simone Barreto Silva, que morava no país havia quase 30 anos. O agressor foi identificado como Brahim Aouissaoui, que deixou seu país em 18 de setembro e chegou à Itália pouco depois, em um barco que atracou no porto da ilha de Lampedusa. A Tunísia informou que, no país, ele não era fichado como militante radical.
A segunda prisão relacionada ao atentado ocorreu ainda na quinta-feira. Um homem de 47 anos foi detido depois ter sido visto ao lado de Aouissaoui em imagens de câmeras de segurança de Nice. Aouissaoui também está preso, mas permanece sob custódia no hospital, em estado grave, depois de ter sido baleado.
O terceiro suspeito foi detido na noite de sexta-feira, durante uma operação de buscas na residência do segundo suspeito. Ele é um homem de 33 anos cuja identidade ainda não foi revelada. A polícia tenta apurar qual o papel dele no caso.
Macron fala à al-Jazeera
Macron tentou neste sábado aliviar a tensão com o público muçulmano com uma entrevista à rede de TV al-Jazeera. Ele buscou se contrapor ao que considera que é uma interpretação errônea de suas recentes declarações sobre o Islã e explicar o modelo laico do Estado e do ensino francês.
— As reações do mundo muçulmano ocorreram devido a muitas mentiras e ao fato de que as pessoas entenderam que sou a favor dessas caricaturas — disse Macron. — Sou a favor de podermos escrever, pensar e desenhar livremente no meu país pois considero isso importante, representa um direito e as nossas liberdades.
O mandatário também fez uma publicação em árabe no Twiter afirmando não ter "problemas com nenhuma religião" e que todos os credos "são praticados livremente" no país.
"Ao contrário de muito do que tenho ouvido e visto nas redes sociais nos últimos dias, nosso país não tem problemas com nenhuma religião. Todas essas religiões são praticadas livremente na nossa terra. Não há estigmatização: a França está comprometida com a paz e com a convivência", escreveu.
Macron também conversou com o Papa Francisco na sexta-feira e, segundo seu porta-voz, discutiu a importância da liberdade de expressão e do diálogo entre as religiões.
— Ele afirmou que continuaria a lutar contra o extremismo para que todos os franceses pudessem expressar sua fé em paz e sem medo — disse o porta-voz.
Investigação italiana
Promotores na cidade siciliana de Palermo, na Itália, estão investigando a passagem do autor do atentado em Nice por Lampedusa, incluindo pessoas com as quais ele teria entrado em contato. Depois de Lampedusa, ele ficou 14 dias em um centro de quarentena em Bari. Lá, recebeu uma ordem de expulsão da Itália, mas teria ido para Palermo antes de viajar para Nice.
O irmão do autor do atentado, Yassine, que mora em Sfax, na Tunísia, disse à AFP que ninguém teve informação sobre Aouissaoui até quarta-feira passada, quando ele ligou para a família.
— Ele nos disse que foi para a França porque era mais fácil encontrar trabalho lá — disse Yassine, que explicou que o irmão se voltou para a religião há dois anos. Fonte: https://oglobo.globo.com
Domingo 1º de Novembro: Festa de Todos os santos e santas: A alegria da santidade
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A reflexão bíblica é elaborada por Adroaldo Palaoro, padre jesuíta, comentando o evangelho da Solenidade de Todos os Santos e Santas - Ciclo A, que corresponde ao texto de Mateus 5,1-12.“Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,12)
Eis o comentário.
À luz do Evangelho, alegria e santidade, não se dissociam; ao contrário, implicam-se mutuamente.
A alegria é um sentimento central da santidade cristã. Nisto consiste a verdadeira alegria: sentir que um grande mistério, o mistério do amor de Deus, nos visita e plenifica nossa existência pessoal e comunitária.
Alegria que brota do interior e é um dom do Espírito. “O fruto do Espírito é: amor, alegria” (Gal 5,22). Este dom nos faz filhos(as) de Deus, capazes de viver e saborear sua santidade e bondade.
Não é correto que os cristãos associem, com tanta frequência, a fé à dor, à renúncia, à mortificação, mas à alegria, à vida em plenitude.
A vida cristã, por vocação e missão, deve ser alegre. Toda ela é profecia de alegria e esperança. A participação afetiva na alegria de Cristo é a forma de expressar o desejo da íntima comunhão no amor que reforça o seguimento. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria” (Papa Francisco).
A alegria na vida cristã aninha-se e cresce na vivência do mistério pascal. A ressurreição de Jesus causou uma imensa alegria na comunidade dos discípulos. Alegria que é contagiosa e tem uma dimensão social e comunitária. Nós não estamos alegres porque Jesus está vivo, mas porque nos fez partícipes de sua ressurreição, de sua nova vida. Assim nossa alegria é também a alegria de Jesus.
Os Santos e Santas, por viverem profundamente no amor de Deus, são testemunhas da alegria.
Este amor é o que nos faz sair de nós mesmos, reencontrar-nos e viver em sintonia com outros. E aqui está o “peso” do amor, o vigor da alegria. O amor que Deus nos tem desperta a alegria e esta motiva, dá energia, gera confiança. O amor é o princípio que ordena a vida e a alegria irradia harmonia e bem-estar àqueles que nos rodeiam. Quem vive a partir da alegria, vive a partir do essencial e sabe discernir o autêntico das aparências e o útil do supérfluo. A alegria mantém alta a utopia e não se cansa em sua irradiação. Seguimos o conselho agostiniano: “A felicidade consiste em tomar com alegria o que a vida nos dá, e deixar com a mesma alegria o que ela nos tira”.
Quem é transparente e coerente transmite alegria em seu falar e em seu agir. Costumamos dizer: “alegrar a casa”, “alegrar a cor”, “alegrar o fogo”... ou seja, dar-lhe vida.
Desse modo, alegria confunde-se com plenitude, com vida em cheio, com entusiasmo, com a sabedoria que permite harmonizar tudo isso com a nossa fragilidade, com as nossas feridas e dores, perdas e desencontros, erros e tristezas.
Ser testemunhas e profetas da alegria constitui a essência da santidade cristã.
O profeta da alegria, longe de fugir dos conflitos da vida, os enfrenta e os integra com sentido. Não tem fronteiras, não exclui gênero, classe social, cor, língua, religião, não descarta o aparentemente inútil. Por isso, sua vida e sua palavra querem ser anúncio e compromisso de concórdia e comunhão nos conflitos, unindo pontos, integrando diferenças, curando feridas. Sua presença alegre desmonta a hipocrisia, as ambições, a intolerância, o preconceito...
Quem vive a santidade na alegria se sente sereno, livre, pensa positivamente, está próximo dos pobres, acolhe as adversidades, integra suas contradições, ama sem pôr condições, louva, canta e bendiz sem cessar...
No pensamento hebraico, quando se diz que uma pessoa é santa não significa que ela seja apenas virtuosa, que tenha um comportamento ético impecável, mas, sim, que essa pessoa é diferente, é “outra”, que manifesta sua alteridade no mundo, revela uma maneira original de viver, uma outra maneira de amar.
Significa uma pessoa que introduz amor onde há ódio, que revela a paciência onde existe intransigência, que manifesta compreensão onde existe revolta, comunica paz onde existe a violência, deixa transparecer uma presença alegre onde impera a tristeza.
É assim que a santidade está ao alcance de todos aqueles e aquelas que reconhecem sua própria finitude e desejam ser transformados pelo amor que é maior e os faz plenamente humanos. Ser santo(a) não é para campeões de perfeição, mas para pecadores que se reconhecem como tais e se deixam conduzir pelas asas da Graça de Deus e pelo clamor que vem da alteridade desfigurada de todo aquele(a) que sofre e necessita cuidado e atenção.
“Ser santo(a)” é sermos dóceis para “nos deixar conduzir” pelos impulsos de Deus, por onde muitas vezes não sabemos e não entendemos. Seus caminhos não são os nossos caminhos. Ser santo(a) é “arriscar-nos” em Deus; é navegar no oceano da gratuidade, da compaixão, da solidariedade...
Nesta atitude de “deixar-nos conduzir” é que entramos no fluxo da Santidade de Deus, nos atrevendo a planar sobre ela para mobilizar todas as possibilidades da nossa existência.
Essa é a nossa essência: em Deus, somos todos(as) santos(as).
Nesse sentido, as bem-aventuranças des-velam o verdadeiro rosto do(a) santo(a). Quem é ditoso(a)? Quem é bem aventurado(a)? Quem é feliz? As bem-aventuranças são a exposição mais exigente e, ao mesmo tempo mais fascinante, da mensagem e da “intenção de Cristo”.
Não temos de pensar somente nos “santos e santas” canonizados(as), nem naqueles que viveram virtudes heroicas, mas em todos os homens e mulheres que descobriram a marca do divino neles(as) mesmos(as), e sentiram-se impulsionados(as) a viver com intensa humanidade. Ser santos(a) é ser humano por excelência.
Não se trata de nos fixar nos méritos de pessoas extraordinárias, mas de reconhecer a presença de Deus, que é o único Santo, em cada um de nós. Assim, no chamado à santidade, aspiramos somente a sermos cada dia mais humanos, ativando o amor que Deus derramou em nosso ser.
Para humanizar nosso tempo, os(as) santos(as) revelam atitudes e critérios que nos fazem mergulhar de cheio nos desafios e problemas que afligem grande parte da humanidade. Os(as) santos(as), de hoje e de sempre, não são encontrados nos pacíficos ambientes dos templos ou dentro dos limites da instituição eclesial, mas nas encruzilhadas da pobreza e da injustiça, nas “periferias existenciais”, em perigosa proximidade com o mundo da violência e da marginalidade, em situações de risco, onde a luz do amor brilhará mais do que nunca.
Quem são esses Santos e Santas que celebramos cada ano e que são multidões ao longo dos tempos?
Santas e Santos desconhecidos, mínimos, ocultos, simples, com biografia que não aparecem na Wikipédia. Pessoas anônimas que estão presentes em todos os lugares, como fermento na massa, despertando esperança em tempos difíceis.
Numa cultura de morte e de violência como a nossa, as Santas e os Santos são os anônimos que arriscam suas vidas na defesa daqueles que não tem voz, agindo como samaritanos em favor da vida. Sua presença faz toda a diferença. Santa diferença!
Para meditar na oração:
O melhor modo de rezar as bem-aventuranças é seguir um dos “modos de orar” proposto por Santo Inácio, ou seja: “Contemplar o significado de cada palavra da oração” (EE. 249).
* Rezar as dimensões da vida que estão paralisadas, impedindo-lhe viver a dinâmica das bem-aventuranças. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Quinta-feira, 30 de setembro-2020. EVANGELHO DO DIA-30º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 14, 1-6)
1Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam. 2Havia ali um homem hidrópico. 3Jesus dirigiu-se aos doutores da lei e aos fariseus: É permitido ou não fazer curas no dia de sábado? 4Eles nada disseram. Então Jesus, tomando o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois, dirigindo-se a eles, disse: Qual de vós que, se lhe cair o jumento ou o boi num poço, não o tira imediatamente, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada lhe podiam replicar.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galileia até Jerusalém. É muito difícil de situar este fato no contexto da vida de Jesus. Existem semelhanças com um fato narrado no evangelho de Marcos (Mc 3,1-6). Provavelmente, trata-se de uma das muitas histórias transmitidas oralmente e que, na transmissão oral, foram sendo adaptadas de acordo com a situação, as necessidades e as esperanças do povo das comunidades.
Lucas 14,1: O convite em dia de sábado
“Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam”. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é o gancho para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem doente (Lc 14,2-6), escolha dos lugares à mesa (Lc 14,7-11), escolha dos convidados (Lc 14,12-14), convidados que recusam o convite (Lc 14,15-24). Muitas vezes Jesus é convidado pelos fariseus para participar das refeições. No convite deve ter havido também um motivo de curiosidade e um pouco de malícia. Querem observar Jesus de perto para ver se ele observa em tudo as prescrições da lei.
Lucas 14,2: A situação que vai provocar a ação de Jesus
“Havia um homem hidrópico diante de Jesus”. Não se diz como um hidrópico pôde entrar na casa do chefe dos fariseus. Mas se ele está diante de Jesus é porque quer ser curado. Os fariseus que o observam Jesus. Era dia de sábado, e em dia de sábado é proibido curar. O que fazer? Pode ou não pode?
Lucas 14,3: A pergunta de Jesus aos escribas e fariseus
“Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: "A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?" Com a sua pergunta Jesus explicita o problema que estava no ar: pode ou não pode curar em dia de sábado? A lei permite, sim ou não? No evangelho de Marcos, a pergunta é mais provocadora: “Em dia de sábado pode fazer o bem ou o mal, salvar ou matar?” (Mc 3,4).
Lucas 14,4-6: A cura
Os fariseus não responderam e ficaram em silêncio. Diante do silêncio de quem não aprova nem desaprova, Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. Em seguida, para responder a uma possível crítica, explicitou o motivo que o levou a curar: "Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?" Com esta pergunta Jesus mostra a incoerência dos doutores e dos fariseus. Se qualquer um deles, em dia de sábado, não vê problema nenhum em socorrer a um filho ou até a um animal, Jesus também tem o direito de ajudar e curar o hidrópico. A pergunta de Jesus evoca o salmo, onde se diz que o próprio Deus socorres a homens e animais (Sl 36,8). Os fariseus “não foram capazes de responder a isso” . Pois diante da evidência não há argumento que a negue.
4) Para um confronto pessoal
1) A liberdade de Jesus diante da situação. Mesmo observado por quem não o aprova, ele não perde a liberdade. Qual a liberdade que existe em mim?
2) Há momentos difíceis na vida, em que somos obrigados a escolher entre a necessidade imediata de um próximo e a letra da lei. Como agir?
5) Oração final
Louvarei o Senhor de todo o coração, na assembleia dos justos e em seu conselho. Grandes são as obras do Senhor, dignas de admiração de todos os que as amam. (Sl 110, 1-2)
Quinta-feira 29- AO VIVO- Angra dos Reis/RJ. Dia de Adoração, Caridade e Confissão no Carmo
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Homem invade missa na Basílica de Nice, na França, e mata três pessoas a facadas
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Três pessoas morreram, ao menos uma delas decapitada, e várias ficaram feridas nesta quinta-feira na cidade francesa de Nice em um ataque a faca na Basílica de Notre-Dame, no centro da cidade. O agressor, que foi baleado pela polícia, teria gritado "Allahu Akbar" (Deus é grande) diversas vezes antes de ser preso
Um oficial de segurança guarda a área após ataque com faca na basílica de Notre-Dame, em Nice, França Foto: ERIC GAILLARD / REUTERS
Fonte: https://oglobo.globo.com
Quinta-feira, 29 de outubro-2020. EVANGELHO DO DIA-30º DOMINGO DO TEMPO COMUM. Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, aumentai em nós a fé, a esperança e a caridade e dai-nos amar o que ordenais para conseguirmos o que prometeis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 13, 31-35)
31No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar. 32Disse-lhes ele: Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida. 33É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém. 34Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste! 35Eis que vos ficará deserta a vossa casa. Digo-vos, porém, que não me vereis até que venha o dia em que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor!
3) Reflexão Lucas 13, 31-35
O evangelho de hoje nos faz sentir o contexto ameaçador e perigoso no qual Jesus vivia e trabalhava. Herodes, o mesmo que tinha matado João Batista, quer matar Jesus.
Lucas 13,31: O aviso dos fariseus a Jesus
“Nesse momento, alguns fariseus se aproximaram, e disseram a Jesus: "Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar". É importante notar que Jesus recebeu o aviso da parte dos fariseus. Algumas vezes, os fariseus estão juntos com o grupo de Herodes querendo matar Jesus (Mc 3,6; 12,13). Mas aqui, eles são solidários com Jesus e querem evitar a morte dele. Naquele tempo, o poder do rei era absoluto. Ele não prestava conta a ninguém da sua maneira de governar. Herodes já tinha matado a João Batista e agora está querendo acabar também com Jesus.
Lucas 13,32-33: A resposta de Jesus
“Jesus disse: "Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho”. A resposta de Jesus é muito clara e corajosa. Ele chama Herodes de raposa. Para anunciar o Reino Jesus não depende da licença das autoridades políticas. Ele até manda um recado informando que vai continuar seu trabalho hoje e amanhã e que só vai embora depois de amanhã, isto é, no terceiro dia. Nesta resposta transparece a liberdade de Jesus frente ao poder que queria impedi-lo da realizar a missão recebida do Pai. Pois quem determina os prazos e a hora é Deus e não Herodes! Ao mesmo tempo, na resposta transparece um certo simbolismo relacionado com a morte e a ressurreição ao terceiro dia em Jerusalém. E para dizer que não vai ser morto na Galileia, mas sim em Jerusalém, capital do seu povo, e que vai ressuscitar no terceiro dia.
Lucas 13,34-35: Lamento de Jesus sobre Jerusalém
"Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis!” Este lamento de Jesus sobre a capital do seu povo evoca a longa e triste história da resistência das autoridades aos apelos de Deus que chegavam a elas através de tantos profetas e sábios. Em outro lugar Jesus fala dos profetas perseguidos e mortos desde Abel até Zacarias (Lc 11,51). Chegando em Jerusalém pouco antes da sua morte, olhando a cidade do alto do Monte das Oliveiras, Jesus chora sobre ela, porque ela não reconheceu o tempo em que Deus veio para visitá-la." (Lc 19,44).
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus qualifica o poder político como raposa. O poder político do seu país merece esta qualificação?
2) Jesus tentou muitas vezes converter o povo de Jerusalém, mas as autoridades religiosas resistiram. E eu, quanto vezes resisti?
5) Oração final
Procurai o SENHOR e o seu poder, não cesseis de buscar sua face. Lembrai-vos dos milagres que fez, dos seus prodígios e dos julgamentos que proferiu. (Sl 104, 4-5)
Festa de Simão e São Judas Tadeu - 28 de outubro: Evangelho do Dia-Lectio Divina, com Reflexões de Frei Carlos Mesters, O. Carm
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1) Oração
Ó Deus, que, pela pregação dos Apóstolos, nos fizestes chegar ao conhecimento do vosso Evangelho, concedei, pelas preces de São Simão e São Judas, que a vossa Igreja não cesse de crescer, acolhendo com amor novos fiéis. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6, 12-19)
12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu,15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor.17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
3) Reflexão Lucas 6, 12-19
O evangelho de hoje é o mesmo de 9 de setembro. Ele traz dois assuntos: (1) descreve a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e (2) informa que uma multidão imensa de gente queria encontrar-se com Jesus para ouvi-lo, tocar nele e ser curada (Lc 6,17-19).
Lucas 6,12-13: Jesus passa noite em oração e escolhe os doze apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus subiu a uma montanha e passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão registrados nos evangelhos. A eles deu o título de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais a missão e diz que Jesus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14).
Lucas 6,14-16: Os nomes dos doze apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do Antigo Testamento: Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também se chamava Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, pois vinham da Judéia e também lá de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Aqui transparece o ecumenismo, a abertura universal da missão, tema preferido de Lucas que escreve para pagãos convertidos.
As pessoas chamadas por Jesus, consolo para nós.
Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes dos Doze apóstolos e de outros homens e mulheres que seguiram Jesus de perto. Os Doze, chamadas por Jesus para formar com ele a primeira comunidade, não eram santos. Eram pessoas comuns, como todos nós, com suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada um deles. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás (Mc 8,33) e pedra de tropeço (Mt 16,23). Negou Jesus na hora do perigo (Lc 22,56-62). Jesus deu a ele o apelido de Pedra . Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme, pois queria Jesus só para o grupo dele e proibiu os outros usar o nome de Jesus para expulsar demônios (Mc 9,38).
Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Os publicanos eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira deste gesto de Jesus?
2) Os primeiros cristãos lembravam os nomes dos doze apóstolos que estavam na origem das suas comunidades. Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? Você lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã. O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
5) Oração final
Exaltai o Senhor nosso Deus, prostrai-vos ante seu santo monte, porque santo é o Senhor, nosso Deus. (Sl 99, 9)
Carmo de Mogi das Cruzes- São Paulo, acolhe Frei Renê.
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A Paróquia Nossa Senhora do Carmo e a Comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus acolhem com alegria o mais novo integrante de nossa Paróquia, Frei Renê Vilela, O. Carm. Como novo membro, Frei Renê auxiliará Frei Alan Fábio Soares Lima, O. Carm, Pároco e Frei Gabriel Haamberg, O. Carm. nos trabalhos pastorais de nossa Comunidade Paroquial.
Frei Renê Vilela, que Deus o abençoe e te conduza nesta nova missão. Seja muito bem-vindo à Mogi das Cruzes e a Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Fonte: Facebook
Padre mentiu sobre desaparecimento em João Pessoa, diz polícia
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Polícia Civil disse nesta segunda-feira (26) que o padre será indiciado por falsa comunicação de crime
O padre José Gilmar, da Paróquia de Santa Terezinha, situada no bairro do Roger, em João Pessoa, mentiu sobre o desaparecimento que durou três dias. Segundo a Polícia Civil nesta segunda-feira (26), o padre disse que forjou o desaparecimento porque pretendia cometer suicídio após ser vítima de uma extorsão.
José Gilmar desapareceu no dia 13 de outubro e foi achado três dias depois. Ele chegou a enviar uma mensagem de socorro pelo celular para outras pessoas, mas isso também teria sido forjado, e depois que foi encontrado, prestou depoimento afirmando que tinha sido vítima de um sequestro.
Conforme a polícia, não havia evidências do sequestro, mas os delegados abriram mais tempo para seguir com as apurações até constatar que se tratou de uma farsa. O padre foi ao Litoral Sul da Paraíba e tentou se matar afogado na praia, mas como não conseguiu, voltou para o carro e ficou orando no veículo, sozinho, por dois dias, até ser achado.
A polícia ainda investiga essa nova versão confessada e, em novo inquérito, apura também as informações de que ele teria sido vítima de uma extorsão. O inquérito sobre o desaparecimento foi encerrado.
A Polícia Civil disse nesta segunda-feira (26) que o padre será indiciado por falsa comunicação de crime. Conforme o artigo 340 do Código Penal, “provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado” pode causar prisão de um a seis meses ou pagamento de multa. Fonte: https://portalcorreio.com.br
30º Domingo. O velho e novo amor de sempre.
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30º Domingo do Tempo Comum. O velho e novo amor de sempre. Por 30º Domingo do Tempo Comum. O velho e novo amor de sempre. Por Frei Petrônio de Miranda, O. Carm. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 25 de outubro-2020. O. Carm. Convento do Carmo de Angra dos Reis/RJ. 25 de outubro-2020.
Papa Francisco criará 13 novos cardeais
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“No próximo dia 28 de novembro, na véspera do primeiro domingo do Advento, terei um Consistório para a criação de 13 novos cardeais". Foi o que o Papa Francisco anunciou no final do Angelus deste domingo na Praça São Pedro, no Vaticano.
Silvonei José - Vatican News
O Papa Francisco anunciou neste domingo um novo Consistório para o dia 28 de novembro para a criação de 13 novos cardeais, quatro dos quais têm mais de 80 anos e, portanto, não participarão num eventual conclave.
Dois dos novos cardeais pertencem à Cúria Romana: são o secretário do Sínodo dos Bispos, o maltês Mario Grech, e o italiano Marcello Semeraro, ex-bispo de Albano e novo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. A eles o Papa uniu seis pastores de Igrejas no mundo: o arcebispo de Kigali, Ruanda, Antoine Kambanda; o arcebispo de Washington, EUA, Wilton Gregory; o arcebispo de Capiz, Filipinas, José Fuerte Advincula; o arcebispo de Santiago, Chile, Celestino Aós Braco; o vigário apostólico de Brunei, Cornelius Sim; o arcebispo de Siena, Itália, Augusto Paolo Lojudice. Com eles o Papa nomeou também o atual Guardião do Sagrado Convento de Assis, o padre Mauro Gambetti.
Aos nove cardeais com menos de oitenta anos de idade, o Papa Francisco uniu também quatro novos cardeais com mais de oitenta anos. São eles: Felipe Arizmendi Esquivel, arcebispo emérito de San Cristóbal de Las Casas (México); o Núncio Apostólico Silvano Tomasi, ex-observador permanente nas Nações Unidas em Genebra, que depois trabalhou no Dicastério para o Desenvolvimento humano integral; o padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia e pároco do Divino Amor, padre Enrico Feroci.
Os cardeais usam a cor púrpura, o que indica a sua disponibilidade ao sacrifício “usque ad sanguinis effusionem”, até o derramamento de sangue, ao serviço do Sucessor de Pedro, e mesmo que residam nas regiões mais remotas do mundo tornam-se titulares de uma paróquia na Cidade Eterna porque estão incardinados na Igreja da qual o Papa é Bispo.
Eis a lista dos nomes dos novos cardeais:
Dom Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos;
Dom Marcello Semeraro, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos;
Dom Antoine Kambanda, arcebispo de Kigali, Ruanda;
Dom Wilton Gregory, arcebispo de Washington;
Dom José Advincula, arcebispo de Capiz, Filipinas;
Dom Celestino Aós Braco, arcebispo de Santiago de Santiago do Chile;
Dom Cornelius Sim, bispo titular de Puzia di Numidia e Vigário Apostólico de Brunei, Kuala Lumpur;
Dom Augusto Paolo Lojudice, arcebispo de Siena-Colle Val d'Elsa-Montalcino;
Frei Mauro Gambetti, franciscano conventual, Guardião da Comunidade franciscana de Assis.
Juntamente a eles o Papa uniu aos membros do Colégio dos Cardeais:
Dom Felipe Arizmendi Esquivel, bispo emérito de San Cristóbal de las Casas, México;
Dom Silvano M. Tomasi, arcebispo titular de Asolo, Núncio Apostólico;
Frei Raniero Cantalamessa, capuchinho, Pregador da Casa Pontifícia;
Mons. Enrico Feroci, pároco em Santa Maria do Divino Amore em Castel di Leva. Fonte: https://www.vaticannews.va
HOMOAFETIVIDADE: FALA DO PAPA É SOBRE DIGNIDADE E NÃO MUDA DOUTRINA SOBRE A FAMÍLIA
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Após a repercussão da fala do Papa Francisco em um documentário sobre o direito de homossexuais a estarem em uma família e de terem uma proteção legal, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, respondeu ao portal G1 a respeito do tema.
Perguntado se havia algum posicionamento da Conferência a respeito do tema, dom Ricardo explicou que, dentro da CNBB, “não houve nenhum tipo de avaliação em relação à fala do Papa Francisco para o documentário”. Mas ofereceu luzes para entender a fala do pontífice e a visão da Igreja sobre o tema.
“Percebo que o Papa Francisco mais uma vez demonstra sua serenidade, voltando-se também às questões reais da vida cotidiana. Ele tem uma sensibilidade pastoral tão aguçada que nos impressiona com seu nível de humanidade”, observou.
Ressaltando que era uma fala para um documentário, não um pronunciamento oficial ou que se insere em seu magistério, dom Ricardo salientou a forma com que Francisco aborda o tema, também em sintonia com os apelos contra a “globalização da indiferença”. “O Papa fala com o coração aberto sobre os reais sofrimentos das pessoas de condição homoafetiva. Em uma sociedade que exclui com preconceitos e violência, é uma fala sobre dignidade e, acima de tudo de respeito que devemos ter para com todas as pessoas”, afirmou.
“No caso das pessoas em condição homoafetiva, muitas delas são abandonadas pelas suas famílias, discriminadas pela sociedade, e à margem dos direitos de ter uma cidadania respeitada. A realidade da discriminação também pode levar à violência e à exclusão social. Portanto, diante desses perigos, o Papa entende que uma lei deve buscar garantir a seguridade que toda pessoa merece por ser cidadão de direitos”, pontou.
Doutrina sobre a família
O comentário do Papa, dentro do contexto do documentário, no entanto, não muda em nada do ponto de vista doutrinal ou dogmático sobre a família, segundo dom Ricardo, que destacou o parágrafo 292 da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia – sobre a alegria do amor na família para salientar a continuidade da Igreja que caminha “em pleno acordo com a Tradição da Igreja sobre a sacralidade do Matrimônio e sua dignidade no plano de Deus”.
“o matrimônio cristão, reflexo da união entre Cristo e a Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até a morte e abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes confere a graça para se constituírem como Igreja doméstica e serem fermento de vida nova para a sociedade (Amoris laetitia, n. 292).
Outro bispo que também situou a fala do Papa Francisco em acordo com o Magistério e a Doutrina sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a família foi dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande (MS). Em vídeo postado no canal da arquidiocese no Youtube ele resgata a fala do Papa e explica que a mesma “se insere perfeitamente dentro daquilo que a Igreja manifesta, por exemplo, no Catecismo”. Fonte: https://www.cnbb.org.br
Propinas, nepotismo e espiões: a trama que faz tremer o Vaticano
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Diferentes facções da Santa Sé acertam contas à luz do dia em intrigas em torno das finanças e do poderoso cardeal Becciu, privado pelo papa de suas prerrogativas
Daniel Verdú, de El País
ROMA — O Vaticano transformou seus últimos escândalos em um verdadeiro reality show estrelado por cardeais, tubarões financeiros e mulheres misteriosas que brincam de espiãs e gastam milhares de euros da Santa Sé destinados a ajudar países em desenvolvimento em itens de luxo. No centro da intriga está desta vez o cardeal Giovanni Angelo Becciu, que foi um dos homens mais poderosos do Vaticano — esteve em todas as apostas para o próximo conclave — e guardião de grande parte dos segredos da instituição milenar.
Agora são suas misérias que estão vindo à tona: nepotismo, um suposto suborno a um grupo de vítimas para que acusassem um cardeal rival de abuso de crianças, desfalque financeiro. Mas o ventilador foi ligado e Becciu não é um prelado qualquer. Ninguém sabe como pode acabar uma investigação e um violento fogo cruzado que ameaça deixar no chinelo o processo de intriga e corrupção, conhecido como Vatileaks, que acabou custando a renúncia do pontífice anterior, Bento XVI.
Os corvos voltaram ao Vaticano e desta vez voam em torno do barrete vermelho de Giovanni Angelo Becciu, 72 anos, que foi vice da Secretária de Estado na época de Ratzinger e sobreviveu ao expurgo de Francisco após sua chegada. Um cargo de enorme importância — equivalente ao número três na hierarquia — que cuida do funcionamento da casa de máquinas do Vaticano e que dá acesso a todos os segredos da Santa Sé.
Na sua chegada em 2013, Francisco liquidou o número um daquele departamento, o polêmico secretário de Estado de Bento XVI, Tarcisio Bertone (que entre outras coisas construiu uma cobertura de 700 metros quadrados em 2014 que foi paga com recursos de um hospital infantil), e parte de seu entorno. Todos eles foram identificados como causadores de parte dos escândalos. Ratzinger chegou a descrevê-los como "lobos".
Mas Becciu, de um requinte e sutileza muito acima da média, sofisticado articulador da Santa Sé, sobreviveu como número dois na Secretaria de Estado e se tornou uma das pessoas de maior confiança de Francisco.
— Ele foi o único que lhe disse as coisas como elas eram. E o Papa confiava muito nele — disse uma fonte do Vaticano que lidou muito com os dois.
De 2013 a 2018, Becciu se encarregou dos assuntos mais delicados da Secretaria de Estado e lidou com os maiores escândalos do século XX, incluindo a histórica renúncia de Bento XVI. Preparado, esperto, rápido e com um sentido político extremamente flexível, treinado em diferentes nunciaturas, ele criou uma legião de fiéis intramuros que continuam a defendê-lo na privacidade. Mas ele também fez grandes inimigos que esperaram por uma oportunidade como essa para a vingança final.
Becciu controlava as contas, evitava que alguns bisbilhotassem demais quando não lhe convinha — como o auditor Libero Milone, ex-presidente da Deloitte contratado por Francisco para colocar as finanças em ordem e despedido em circunstâncias estranhas — e cuidou com zelo da comunicação do Vaticano a partir da Secretaria de Estado.
Mas Francisco o substituiu em 2018 antes de torná-lo cardeal — em vez disso, nomeou o venezuelano Edgar Peña Parra — e o nomeouprefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Uma espécie de queda para cima que lhe tirou poder, mas manteve a possibilidade de que fosse objeto do desejo da providência divina no próximo conclave. E como na Cúria Romana muitos consideram que o próximo Papa, passados mais de 40 anos, deveria ser italiano — o último foi João Paulo I, que morreu em circunstâncias estranhas em 1978, após 33 dias de papado — Becciu era um dos mais bem colocados até começarem os escândalos.
O primeiro problema surgiu no ano passado, quando ficou conhecida sua intervenção na venda de um prédio na Sloane Square, no Chelsea de Londres. O secretário de Estado autorizou em 2013 o investimento em um fundo dono de um edifício que tinha sido a sede da loja de departamentos Harrod's, mas a trama financeiro obrigou o Vaticano a aumentar o capital investido ao londo dos anos para não perder o investimento. A quantia atingiu os 300 milhões de euros, um aumento que o Banco do Vaticano — outro dos órgãos em guerra com a antiga Secretaria de Estado — teve de autorizar, e denunciou quando soaram os alarmes de uma possível lavagem de dinheiro.
Fontes próximas de Becciu explicam que o cardeal sempre agiu de boa-fé para que as economias da Santa Sé tivessem um retorno. O chefe da segurança do Vaticano, o famoso Domenico Giani, que cuidou da segurança de três papas, caiu. Além disso, cinco de seus colaboradores mais próximos foram presos e despedidos ao mesmo tempo, sem esperar por um julgamento. Um deles, monsenhor Alberto Perlasca, decidiu colaborar com a Justiça do Vaticano e começou a revelar supostas operações corruptas de seu ex-chefe. Desta fonte emanam os novos escândalos.
O pedido de explicações do Papa a Becciu ocorreu em 24 de setembro por razões desconhecidas até então. O Papa o questionou em uma audiência de alta tensão, mas não se convenceu e pediu-lhe que renunciasse aos seus direitos cardeais — algo que só aconteceu três vezes em 120 anos — e à titularidade do seu dicastério.
Segundo as revelações, alegadamente feitas pelos seus colaboradores, o purpurado tinha favorecido vários irmãos, encomendando trabalhos nas nunciaturas pelas quais era responsável (em Angola e em Cuba) e autorizando a transferência de cerca de 100 mil euros para a cooperativa de um dos seus irmãos. Segundo a versão do cardeal, o dinheiro foi entregue para uma emergência, mas ainda está no caixa da ONG. O departamento de comunicação da Santa Sé não deu uma única explicação e esperou que os corvos, com as devidas fugas, devorassem o prelado.
Possível suborno
Os verdadeiros motivos, porém, foram além do que foi relatado. Na noite da última terça-feira, por força de um mandado de prisão internacional coordenado pela Interpol, foi presa a já conhecida na mídia italiana como “senhora do cardeal”. Trata-se de Cecilia Marogna, 39 anos e chefe de uma agência de inteligência baseada na Eslovênia, que Becciu contratou e a quem transferiu até 500 mil euros para supostas missões diplomáticas e de inteligência.
Parte desse dinheiro, ela reconheceu, foi usada para comprar artigos de luxo: 12 mil euros por uma poltrona Frau; 2.200 euros em produtos Prada, 1.400 euros em sapatos Tod's e 8 mil euros em artigos da Chanel.
— Talvez a bolsa fosse para a mulher de um amigo nigeriano que poderia falar com o presidente de Burkina Faso — se defendeu.
No jornal Domani, Marogna também assegurou que parte desse dinheiro era para ela e que ela gastava como queria.
— Não sou missionária, não trabalho de graça — ela teria dito.
A virulenta caçada a Becciu não acabou. Seus antigos rivais, como o demitido prefeito de Comunicação, dom Dario Viganó, comemoraram sem vergonha sua queda em um comunicado. Outros, como o cardeal George Pell, que o Papa havia encarregado de reformar as finanças do Vaticano e que sempre considerou que o prelado da Sardenha era um obstáculo para sua missão, lançaram artilharia pesada. O cardeal australiano, por meio de seu advogado, pediu uma investigação sobre o suposto envio de fundos do Vaticano para subornar algumas das testemunhas que o acusaram de abusar de menores e que o levaram à prisão por mais de um ano — no final, ele foi absolvido.
Becciu, é claro, negou. Mas é mais uma reviravolta nas lutas ferozes pelo poder no Vaticano, que se confirmadas, estabeleceriam um precedente nunca visto antes em uma instituição que testemunhou todos os tipos de conspirações, supostos assassinatos e que, 40 anos depois, continua procurando os restos mortais de uma garota desaparecida dentro de seus muros. Fonte: https://oglobo.globo.com
Sexta-feira, 23 de outubro-2020. 29ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 54-59)
54Dizia ainda ao povo: Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: Aí vem chuva. E assim sucede. 55Quando vedes soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor. E assim acontece. 56Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente? 57Por que também não julgais por vós mesmos o que é justo? 58Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele te não arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. 59Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz um apelo da parte de Jesus para aprendermos a ler os Sinais dos Tempos. Foi este texto que inspirou o Papa João XXIII a convocar a Igreja para prestar atenção aos Sinais dos Tempos e perceber melhor os apelos de Deus nos acontecimentos da história da humanidade.
Lucas 12,54-55: Todos sabem interpretar os aspectos do terra e do céu, ...
“Jesus também dizia às multidões: "Quando vocês veem uma nuvem vinda do ocidente, vocês logo dizem que vem chuva; e assim acontece. Quando vocês sentem soprar o vento do sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece”. Jesus verbaliza uma experiência humana universal. Todos e todas, cada qual no seu país e na sua região, sabemos ler os aspectos do céu e da terra. O próprio corpo sente quando ameaça chuva ou quando o tempo começa a mudar: “Vamos ter chuva!” Jesus se refere à contemplação da natureza como sendo uma das fontes mais importantes do conhecimento e da experiência que ele mesmo tinha de Deus. Foi a contemplação da natureza que o ajudou a descobrir aspectos novos na fé e na história do seu povo. Por exemplo, a chuva que cai sobre bons e maus, e o sol que nasce sobre justos injustos, o ajudaram a formular uma das mensagens mais revolucionários: “Amais os vossos inimigos!” (Mt 5,43-45).
Lucas 12,56-57: ..., mas não sabem ler os sinais dos tempos
E Jesus tira a conclusão para os seus contemporâneos e para todos nós: “Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente?” Santo Agostinho dizia que a natureza, a criação, é o primeiro livro que Deus escreveu. Por meio dela Deus nos fala. O pecado embaralhou as letras do livro da natureza e, por isso, já não conseguimos ler a mensagem de Deus estampada nas coisas da natureza e nos fatos da vida. A Bíblia, o segundo livro de Deus, foi escrito não para ocupar ou substituir a Vida, mas para nos ajudar a interpretar a natureza e a vida e aprender de novo a descobrir os apelos de Deus nos acontecimentos. “Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo?” Partilhando entre nós o que enxergamos na natureza, iremos descobrindo o apelo de Deus na vida.
Lucas 12,58-59: Saber tirar a lição para a vida
“Quando, pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado, procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na cadeia. Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo”. Um dos pontos em que Jesus mais insistia é a reconciliação. Naquela época havia muitas tensões e conflitos entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo: zelotes, essênios, fariseus, saduceus, herodianos. Ninguém queria ceder diante do outro. As palavras de Jesus sobre a reconciliação pedindo acolhimento e compreensão iluminam esta situação. Pois o único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros (Mt 6,14). Por isso, ele aconselha procurar a reconciliação antes que seja tarde demais! Quando chegar a hora do julgamento, será tarde demais. Enquanto tiver tempo, procure mudar de vida, de comportamento e de modo de pensar e procure acertar o passo (cf. Mt 5,25-26; Col 3,13; Ef 4,32; Mc 11,25).
4) Para um confronto pessoal
1) Ler os Sinais dos Tempos. Quando escuto ou leio as notícias na TV ou nos jornais, tenho a preocupação de perceber os apelos de Deus nesses fatos?
2) Reconciliar é o pedido mais insistente de Jesus. Como procuro colaborar na reconciliação entre as pessoas, as raças, os povos, as tendências?
5) Oração final
Do Senhor é a terra e tudo o que ela contém, a órbita terrestre e todos os que nela habitam, pois ele mesmo a assentou sobre as águas do mar e sobre as águas dos rios a consolidou. (Sl 23, 1-2)
Quinta-feira, 22 de outubro-2020. 29ª Domingo do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso, dai-nos a graça de estar sempre ao vosso dispor, e vos servir de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 12, 49-53)
49Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso? 50Mas devo ser batizado num batismo; e quanto anseio até que ele se cumpra! 51Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. 52Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; 53estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.
3) Reflexão
O evangelho de hoje traz algumas frases soltas de Jesus. A primeira sobre o fogo na terra só ocorre em Lucas. As outras têm frases mais ou menos paralelas em Mateus. Isto nos remete para o problema da origem da composição destes dois evangelhos que já fez correr muita tinta ao longo dos últimos dois séculos e só será resolvido plenamente quando pudermos conversar com Mateus e Lucas, depois da nossa ressurreição.
Lucas 12,49-50: Jesus veio trazer fogo sobre a terra
"Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra!” A imagem do fogo ocorre muito na Bíblia e não tem um sentido único. Pode ser imagem de devastação e castigo e também pode ser imagem de purificação e iluminação (Is 1,25; Zc 13,9). Pode até evocar proteção como transparece em Isaías: “Se passar pelo fogo, estarei contigo” (Is 43,2). João Batista batizava com água, mas depois dele Jesus haveria de batizar pelo fogo (Lc 3,16). Aqui, a imagem do fogo é associada à ação do Espírito Santo que desceu no dia de Pentecostes sob a imagem de línguas de fogo (At 2,2-4). Imagens e símbolos nunca têm um sentido obrigatório, totalmente definido, que não permitiria divergência. Nesse caso já não seria imagem nem símbolo. É da natureza do símbolo provocar a imaginação dos ouvintes e expectadores. Deixando liberdade aos ouvintes, a imagem do fogo combinado com a imagem do batismo indica a direção na qual Jesus quer que a gente dirija a imaginação. Batismo é associado com água e é sempre expressão de um compromisso. Em outro lugar o batismo aparece como símbolo do compromisso de Jesus com a sua paixão: “Você podem ser batizados com o batismo com que serei batizado?”. (Mc 10,38-39).
Lucas 12,51-53: Jesus veio trazer a divisão
Jesus sempre fala em paz (Mt 5,9; Mc 9,50; Lc 1,79; 10,5; 19,38; 24,36; Jo 14,27; 16,33; 20,21.26). Então, como entender a frase do evangelho de hoje que parece dizer o contrário: “Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão”. Esta afirmação não significa que Jesus estivesse a favor da divisão. Não! Jesus não quer a divisão. Mas o anúncio da verdade de que ele, Jesus de Nazaré, era o Messias tornou-se motivo de muita divisão entre os judeus. Dentro da mesma família ou comunidade, uns eram a favor e outros radicalmente contra. Neste sentido a Boa Nova de Jesus era realmente uma fonte de divisão, um “sinal de contradição” (Lc 2,34) ou, como dizia Jesus: “Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra”. Era o que estava acontecendo, de fato, nas famílias e nas comunidades: muita divisão, muita discussão, como consequência do anúncio da Boa Nova entre os judeus daquela época, uns aceitando, outros negando. O mesmo vale para o anúncio da fraternidade como o valor supremo da convivência humana. Nem todos concordavam com este anúncio, pois preferiam manter seus privilégios. Por isso, não tinham medo de perseguir os que anunciavam a fraternidade e a partilha. Esta é a divisão que surgia e que está na origem da paixão e morte de Jesus. Era o que estava acontecendo. Era o julgamento em andamento. Jesus quer é a união de todos na verdade (cf. Jo 17,17-23). Até hoje é assim. Muitas vezes, lá onde a Igreja se renova, o apelo da Boa Nova se torna um “sinal de contradição” e de divisão. Pessoas que durante anos viveram acomodadas na rotina da sua vida cristã, já não querem ser incomodadas pelas “inovações” do Vaticano II. Incomodadas pelas mudanças, elas usam toda a sua inteligência para encontrar argumentos em defesa de suas opiniões e para condenar as mudanças como contrárias ao que elas pensam ser a verdadeira fé.
4) Para um confronto pessoal
1) Buscando a união, Jesus era causa de divisão. Isto já aconteceu com você?
2) Diante das mudanças na Igreja, como me situo?
5) Oração final
Exultai no Senhor, ó justos, pois aos retos convém o louvor. Celebrai o Senhor com a cítara, entoai-lhe hinos na harpa de dez cordas. (Sl 33, 1-2)
Fratelli Tutti- Todos Irmãos-04
- Detalhes
O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista da Ordem do Carmo/RJ- Direto do Eremitério Fonte de Elias- no Alto do Rio das Pedras em Lídice, distrito de Rio Claro/RJ- comenta a nova Encíclica do Papa Francisco. NOTA: Fratelli Tutti- Todos Irmãos. O apelo social e político, a nova encíclica do Papa Francisco. A necessidade de diálogo é um dos principais temas da terceira encíclica assinada pelo Papa em quase oito anos de Pontificado. No documento, o Pontífice mergulha na definição de conceitos como populismo e neoliberalismo, rejeitando-os abertamente, e defende uma concepção de mundo com valores próximos aos de um socialismo democrático. Fonte: O Globo. Convento do Carmo de Angra dos Reis. 21 de outubro-2020.
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