14 DE MAIO, TERÇA-FEIRA: Festa do Apóstolo São Matias: Lectio Divina
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Frei Carlos Mesters, O. Carm.
1) Oração
Ó Deus, que associastes são Matias ao colégio apostólico, concedei, por sua intercessão, que, fruindo da alegria do vosso amor, mereçamos ser cotados entre os eleitos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 15, 9-17)
Naquele tempo disse Jesus: 9Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor. 11Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. 13Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. 14Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. 15Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.17O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.
3) Reflexão Jo 15,9-17
Hoje é a festa do apóstolo Matias. O Evangelho João 15,9-17 já foi meditado no dia 24 de abril. Vamos retomar alguns pontos que já foram vistos naquele dia.
João 15,9-11: Permanecer no amor, fonte da perfeita alegria.
Jesus permanece no amor do Pai observando os mandamentos que dele recebeu. Nós permanecemos no amor de Jesus observando os mandamentos que ele nos deixou. E devemos observá-los com a mesma medida com que ele observou os mandamentos do Pai: “Se vocês obedecem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como eu obedeci aos mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor”. É nesta união de amor do Pai e de Jesus que está a fonte da verdadeira alegria: “Eu disse isso a vocês para que minha alegria esteja em vocês, e a alegria de vocês seja completa”.
João 15,12-13: Amar os irmãos como ele nos amou.
O mandamento de Jesus é um só: "amar-nos uns aos outros como ele nos amou!" (Jo 15,12). Jesus ultrapassa o Antigo Testamento. O critério antigo era: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 18,19). O novo critério é: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Aqui ele disse aquela frase que cantamos até hoje: "Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão!"
João 15,14-15 Amigos e não empregados
"Vocês serão meus amigos se praticarem o que eu mando", a saber, a prática do amor até à doação total de si! Em seguida, Jesus coloca um ideal altíssimo para a vida dos discípulos e das discípulas. Eles diz: "Não chamo vocês de empregados mas de amigos. Pois o empregado não sabe o que faz o seu patrão. Chamo vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês!" Jesus já não tinha mais segredos para os seus discípulos e suas discípulas. Tudo que ouviu do Pai contou para nós! Este é o ideal bonito da vida em comunidade: chegarmos a uma total transparência, a ponto de não haver mais segredos entre nós e de podermos confiar totalmente um no outro, de podermos partilhar a experiência que temos de Deus e da vida e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Os primeiros cristãos conseguiram realizar este ideal durante alguns anos. Eles "eram um só coração e uma só alma" (At 4,32; 1,14; 2,42.46).
João 15,16-17: Foi Jesus que nos escolheu
Não fomos nós que escolhemos Jesus. Foi ele que nos encontrou, nos chamou e nos deu a missão de ir e dar fruto, fruto que permaneça. Nós precisamos dele, mas ele também quer precisar de nós e do nosso trabalho para poder continuar fazendo hoje o que fez para o povo na Galileia. A última recomendação: "Isto vos mando: amai-vos uns aos outros!"
4) Para um confronto pessoal
1) Amar o próximo como Jesus nos amou. Este é o ideal de cada cristão. Como isto está sendo vivido por mim?
2) Tudo que ouvi do meu Pai contei para vocês. Este é o ideal da comunidade: chegar a uma total transparência. Como isto está sendo vivido na minha comunidade?
5) Oração final
Louvai, ó servos do Senhor, louvai o nome do Senhor. Bendito seja o nome do Senhor, agora e para sempre.
Quem chama o Papa de herege? Artigo de Giuseppe Ruggieri
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Cerca de vinte católicos, clérigos e leigos escreveram aos bispos para que acusem o Papa Francisco por heresia. O artigo é de Giuseppe Ruggieri, teólogo, membro da Fundação para as ciências religiosas de Bologna, publicado por La Repubblica, 10-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Eu li, com um incômodo sentimento de mal-estar espiritual, a carta inicialmente assinada por cerca de vinte católicos, clérigos e leigos, e dirigida aos bispos, para que advirtam, por heresia, o papa Francisco. O incômodo tem várias razões. Vou tentar explicá-las.
A primeira é de natureza estética, como se um vândalo tivesse jogado um punhado de lama em uma bela pintura. No rosto doce de um velho papa, cansado, mas luminoso e tornado belo pela "alegria do evangelho", foram lançados cuspes mesquinhos por figuras parecidos com os sombrios inquisidores de um famoso filme de Dreyer. Quem alguma vez viu a Paixão de Joana d'Arc daquele diretor, nunca conseguirá esquecer o contraste entre o rosto limpo e sofredor de Renée Falconetti e aquele grosseiro e duro de seus juízes. É verdade que os inquisidores do Papa Francisco não pedem a fogueira, mas querem a sua renúncia pública.
A segunda razão é dada pela grosseria das acusações formuladas, em termos que não mencionam o que foi realmente dito pelo papa, mas o que deveria ser pressuposto pelo que o papa disse, escreveu ou fez. Esta é uma velha prática inquisitorial, infelizmente ainda não completamente abandonada pela igreja católica. Tudo gira em torno de três tópicos de acusação: a rejeição da condenação dos homossexuais, a admissão à Eucaristia dos cristãos divorciados, a justificação do pluralismo religioso.
Não faltam entre os signatários alguns teólogos profissionais. Para eles, mesmo que não a todos os signatários, é legítimo perguntar como conseguem passar por cima do cânon 8 do Concílio de Niceia sobre a comunhão aos digamoi, como ignoram o significado exato dos decretos tridentinos sobre a indissolubilidade do matrimônio e a consequente disciplina, que não implica a condenação da praxe nas igrejas ortodoxas, as quais preveem para os divorciados, de acordo com o princípio de "economia" (isto é, em termos orientais, da "misericórdia"), uma bênção especial (até o terceiro casamento "civil" e, para algumas igrejas, até mesmo para o quarto). E ainda cabe perguntar por que ignoram todo o alcance da doutrina de Trento sobre a Eucaristia que estabelece como, quando se participa com sentimentos retos à celebração do sacrifício eucarístico, Deus "apaziguado pela oferenda concede o dom e a graça da penitência e crimina et peccata etiam ingentia dimittit”.
A terceira razão é dada pela forma extremamente tosca da hermenêutica teológicaimplementada pelos signatários autodenominados de ortodoxos. Que as doutrinas da igreja tenham mudado, em continuidade substancial, não é um fato que possa ser questionado. E sabemos que, como em muitos outros casos análogos. os "vencedores" no Concílio de Calcedônia (451) foram "vencidos" no segundo concílio de Constantinopla(553). Que exista algo que mudou na disciplina da igreja, introduzida sob o papado do papa Francisco, é um dado igualmente incontroverso. E, dado importante, as pedras angulares de tal mudança foram aprovadas com a maioria qualificada de dois terços e mais de um sínodo episcopal. Mas pelo menos os teólogos deveriam saber que a continuidade ou a descontinuidade não se medem na relação direta entre doutrina e doutrina, entre disciplina e disciplina, mas a cada oportunidade na relação de cada formulação doutrinária ou medida disciplinar com o evangelho. Isto é, cada doutrina e cada disciplina devem, nas condições históricas sempre mutáveis, ser fiéis ao evangelho que permanece soberano na igreja. E, portanto, é grave ignorar a envergadura do Evangelho, que não está fechado na formulação doutrinal ou na lei disciplinar, mas "é poder de Deus para a salvação daquele que crê, do Judeu, primeiro, como do Grego. Nele se revela a justiça de Deus”.
Há também outras razões para o incômodo. Relendo os nomes dos signatários e procurando notícias a seu respeito na rede, descobri que a maioria deles fazem explicitamente referência a uma espécie de Internacional dos tradicionalistas, tanto no plano político como religioso, que sabemos bem fomentada economicamente por um certo sr. Bannon. Aqui o incômodo não é apenas aquele gerado por alguma específica sensibilidade teológica, mas toca outras fibras talvez mais delicadas, aquelas cristãs como tais e culturais de quem, nascidas nos anos 1940, até o fim da década de 1960, respirava o ar de uma humanidade, sujeita contra a sua vontade à vaidade, mas que não deixa de esperar que "a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus". Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Polícia prende suspeita de aplicar golpe e acusar Padre Marcelo Rossi de plágio
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Polícia prende suspeita de aplicar golpe e acusar Padre Marcelo Rossi de plágio
Presa por estelionato, Izaura Mendes disse que 'Ágape' foi plagiado e pediu R$ 51,6 milhões de indenização. Investigação aponta que ela falsificou documentos da Biblioteca Nacional.
Por Leslie Leitão, Marco Antônio Martins e Mônica Teixeira, Fantástico e G1 Rio
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na manhã de quinta-feira (9), Izaura Garcia de Carvalho Mendes, de 65 anos, suspeita de praticar estelionato ao aplicar um golpe milionário no padre Marcelo Rossi.
Uma investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPim), da Polícia Civil, mostra que Izaura fraudou o registro de um texto e, em processo na Justiça, alegou que o padre o copiou e o usou sem dar crédito no livro "Ágape".
O livro vendeu 10 milhões de exemplares entre 2010, quando foi lançado, até abril deste ano, quando foi retirado de circulação por uma decisão judicial movida por ela. Em 2013, Izaura fez um acordo com a Editora Globo e recebeu R$ 25 mil numa primeira ação.
Em uma nova ação contra a editora do livro, que manteve na obra o trecho que Izaura diz ser seu, a Justiça determinou, em 11 de abril passado, a proibição de venda do "Ágape" e o recolhimento de todos os livros que estão no mercado. Agora, o pedido de Izaura é por uma indenização de R$ 51,6 milhões.
Questionada sobre a suspeita de que o registro do texto foi forjado, Izaura respondeu ao delegado Maurício Demétrio: "Eu não tenho a dizer nada, porque foi o (documento de autoria do texto) que eu recebi lá na época".
A polícia suspeita que duas advogadas, também presas, auxiliaram a mulher na possível fraude. O processo tramita na Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de Rio.
Procurado pela equipe de reportagem, o Padre Marcelo não quis gravar entrevista mas informou que perdoa Izaura.
Caso iniciado há sete anos
Em 2012, Izaura entrou com uma ação na Justiça em que relatava que uma de suas obras, o poema "Perguntas e respostas – Felicidade! Qual é?" foi utilizado indevidamente no livro "Ágape", publicado em 2010, pela Globo Livros, sem sua autorização.
A citação no livro é atribuída à madre Teresa de Calcutá. Izaura diz que foi feito por ela.
Dentre os documentos anexados por ela no processo está um Certificado de Registro ou Averbação da Fundação Biblioteca Nacional – Ministério da Cultura. Sob o número 100.928, livro 145, folhas 3, 4, 5, indicando que o texto é seu.
Em agosto de 2018, Izaura entrou com uma queixa-crime contra Marcelo Rossi e a editora na Delegacia Antipirataria, da Polícia Civil. O delegado Maurício Demétrio oficiou a Fundação Biblioteca Nacional requisitando os documentos originais.
A polícia, então, descobriu que não consta na Biblioteca Nacional qualquer texto registrado sob o título ‘Felicidade! Qual é? Crônicas e Poesias’, que Izaura diz ser seu. O número apresentado por ela refere-se à obra "Por todo o amor que houver nesta vida", de 18 de agosto de 1995, de autoria de Tatiana Cristina Medeiros dos Santos.
"Ou seja, a ação indenizatória na Justiça está baseada numa fraude e este documento falsificado fez com que o juiz desse a liminar mandando recolher os livros", afirmou o delegado Maurício Demétrio.
Igor Calaça Martins, coordenador do escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional, encaminhou à polícia um laudo mostrando várias fraudes no documento apresentado por Izaura. Nesta quinta, Izaura foi chamada a depor na delegacia. Diante do delegado respondeu que não sabe falsificar documentos e que mostrou toda a documentação às advogadas.
"Só sei datilografar", disse. Após a afirmação, o delegado Maurício Demétrio prendeu Izaura e as duas advogadas.
Depois, a polícia fez buscas na casa de Izaura, no bairro do Rio Comprido, na região Central do Rio, onde apreendeu documentos que podem auxiliar nas investigações. Fonte: https://g1.globo.com
Freiras escolhem a Praia da Barra para mergulhar pela primeira vez
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Passeio foi encerramento de um retiro anual e reuniu 95 devotas, inclusive estrangeiros
Maíra Rubim
RIO — Na última quarta-feira, chamava a atenção, próximo à Praia do Pepê, um grupo numeroso de freiras que curtia a praia apesar do dia nublado. Sem tirar o hábito, algumas mergulhavam no mar enquanto outras faziam piquenique na areia, perto da grama. O passeio foi o encerramento do retiro anual das religiosas do grupo católico Semente do Verbo e reuniu 95 devotas de Rio, Belém, Manaus, Palmas, Portugal, Bélgica e República dos Camarões.
— Foi um momento muito fraterno, em que nos divertimos enquanto evangelizávamos quem passava. Surgiram muitos curiosos perguntando sobre nós. Foi bem divertido. A maioria das freiras nunca tinha mergulhado aqui, e outras estavam indo à praia pela primeira vez — conta a irmã Catarina Carvalho.
Antes do passeio, o grupo assistiu a uma missa no Jardim Botânico.
— O ambiente da Praia da Barra é mais familiar e as ondas são mais bonitas, por isso viemos para cá. Também é mais vazio e tem até grama, o que era ideal para o nosso piquenique — destaca a irmã. Fonte: https://oglobo.globo.com
4º Domingo da Páscoa- O BOM PASTOR- Uma voz que move
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Pe. Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta.
Esta parábola é muito instigante. O mistério da voz é sugestivo: desde o ventre de nossa mãe aprendemos a reconhecer sua voz e, quando nascemos, vamos reconhecendo outras vozes. Pelo tom de uma voz percebemos o amor ou o desprezo, o afeto ou a frieza, a acolhida ou a rejeição.
A voz de Jesus é única! Se aprendemos a distingui-la de outras vozes, Ele nos guiará pelo caminho da vida, um caminho que supera também o abismo da morte.
Em um mundo onde há tanto ruído, discursos ocos e palavreado intolerante, não é fácil prestar atenção a alguma voz em especial. O fato é que às vezes vivemos em bolhas onde raramente entram vozes que nos comovam de verdade. E, no entanto, debaixo de gritos, ruídos, músicas estridentes, anúncios, peças publicitárias e frases que apelam ao conservadorismo, continua brotando palavras cheias de verdade. Palavras que valem a pena escutá-las. Talvez, detrás de muitos gestos petrificados, palavras sem sentido, falsas seguranças, estarão vozes que clamam por ajuda, ou simplesmente expressam dor, desejo de paz, de consolo.
O verdadeiro desafio é aprender a escutar, por debaixo desses discursos, a palavra profunda, o canto tranquilo ou a voz que põe em movimento.
Saber escutar o outro é uma simples, mas profunda acolhida humana; trata-se de um ato de hospitalidade, pois consiste em abrir espaço para a presença do outro, sem preconceito. Porque quem escuta de verdade recebe toda palavra como nova e ativa a sensibilidade para deixar-se “tocar” pela voz que alarga a vida.
Vivemos mergulhados num mundo de vozes; um “vozerio” nos cerca: vozes que nos levam à morte, vozes que nos chamam à vida; vozes contaminadas pelo egoísmo, adulteradas pelo medo, deturpadas pela impureza, e vozes que são o eco do paraíso convidando para a festa, comunicando paz, convocando à comunhão... É possível que as vozes do egoísmo, do orgulho e da ambição tentem se disfarçar em voz de Cristo, a fim de arrastar-nos para o vazio e a ruína. Mas o Pastor verdadeiro não fala por ruídos, e sim pelo silêncio; não fala pela força dos pulmões, e sim pelo vento suave de seu Espírito...
Para escutá-la requer-se interioridade e atenção aos sinais de sua presença: pode ser a voz de um irmão pedindo socorro; pode ser a linguagem de um acontecimento alegre ou triste; pode ser uma palavra lida ou proclamada; pode ser uma inspiração misteriosa captada no silêncio...
Na arte do discernimento das vozes, o importante é, através da escuta interior, perceber de onde vem e para onde nos conduz cada voz que ressoa em nós. Se ela nos conduz para o outro, para o Reino...é clara manifestação da voz do Pastor.
Depois de mais vinte séculos, nós seguidores(as) precisamos recordar de novo que o essencial para ser a Igreja de Jesus é escutar sua voz e seguir seus passos.
Primeiramente, é preciso despertar a capacidade de escutar Jesus; ativar muito mais em nossas comunidades essa sensibilidade, que está viva em muitos cristãos simples que sabem captar a Palavra que vem de Jesus em todo seu dinamismo e sintonizar com sua Boa Notícia de Deus.
Mas não basta escutar sua voz. É necessário seguir a Jesus. Chegou o momento de decidir-nos entre contentar-nos com uma “religião burguesa” que tranquiliza as consciências mas afoga nossa alegria, ou aprender a viver a fé cristã como uma aventura apaixonante de seguir a Jesus.
Texto bíblico: Jo 10, 27-30
Na oração: minha voz, está a serviço de quem? Da vida ou da morte? Como ela se expressa: com intolerância, julgamento, preconceito? Sou canal através do qual a Voz de Vida chega até os últimos..., ou coloco minha voz à disposição daqueles que estão a serviço da violência e da morte? Sei distinguir as diferentes vozes que se fazem ouvir ao meu redor? Purifico minha voz no fogo do silêncio ou ela é expressão do ruído da superficialidade? Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
ENCONTRO DO PAPA COM AS SUPERIORAS EM ROMA
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O Papa Francisco encontra na Sala Paulo VI cerca de 900 participantes da XXI Assembleia Plenária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).
“TU NÃO FICASTE FREIRA PARA SER SE TORNAR A DOMÉSTICA DE UM PADRE. NÃO”! Francisco.
Serviço sim, servidão não!
“A Igreja é feminina, é mulher. Não é uma imagem, é a realidade, é a esposa de Jesus, devemos ir avante com a teologia da mulher.”
“...Depois o abuso de religiosas...é um problema sério, é um problema grave, eu tenho consciência disso.... também aqui em Roma tenho consciência dos problemas, das informações que chegam, e não somente o abuso sexual da religiosa, mas o abuso de poder, o abuso de consciência, devemos lutar contra isso...e também do serviço das religiosas. Por favor, serviço sim, servidão não! Tu não ficaste religiosa para se tornar a doméstica de um clérigo, não! Mas isto, ajudemo-nos mutuamente... (aplausos)...”Nós podemos dizer não, mas se a Superiora diz sim” ... mas se todos juntos...Servidão não. Serviço sim! Tu trabalhas no discastério, nisto, naquilo, também administrando uma Nunciatura, como administradora, isto está bem. Mas doméstica não! Se queres ser doméstica, faça como faziam, como fazem as irmãs de Padre Pernet [das Pequenas Irmãs da Assunção], que são enfermeiras e domésticas nas casas dos doentes.... Ali sim, porque é serviço...Mas servidão não!” (Papa Francisco no encontro com as Superioras Gerais, 10/05/2019). Fonte: vaticannews.
Presidente eleito da CNBB celebra missa de encerramento da 57ª AG
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Dirigindo-se ao povo de Deus, saudando o Papa Francisco e manifestando seu apoio ao trabalho do Sumo Pontífice na tarefa de ser uma Igreja misericordiosa, hospitaleira e em saída, no enfrentamento dos muitos e complexos desafios e na preparação para o Sínodo para a Amazônia, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente eleito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, que presidiu a Santa Missa de enceramento da 57ª Assembleia Geral da Conferência, nesta sexta-feira (10), no Santuário Nacional em Aparecida (SP), deu início à sua homilia.
“Queremos que chegue ao coração do Santo Padre o quanto nós, bispos do Brasil, a nossa Conferência e todo amado povo de Deus que tanto o ama da nossa profunda comunhão neste caminho missionário”, disse.
Dom Walmor também saudou e pediu ao povo uma salva de palmas aos bispos que estiveram à frente da Presidência da CNBB no último quadriênio, na pessoa do arcebispo de Brasília (DF), cardeal Sergio da Rocha, o arcebispo de Salvador (BA), dom Murilo Krieger, e o bispo auxiliar de Brasília (DF), dom Leonardo Steiner, aos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais e a todos os colaboradores da Conferência.
E continuou: “quero saudar de modo muito especial aos irmãos que compõem agora a Presidência nessa nossa tarefa missionária, mas também muito amorosa de continuarmos esse caminho bonito, na importância grande, incontestável de credibilidade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com todos aqueles que presidirão as Comissões, neste caminho bonito nosso quando enfrentamos, é verdade, enormes desafios. Talvez até enchendo um pouco e medo ou de não clareza no caminho, mas como uma oportunidade de ouro de darmos uma resposta nova porque nós temos uma reserva que não é nossa, é do coração Deus na força de sua Palavra e na fortaleza da sua graça para ajudar o mundo a abrir-se ao amor de Deus e para ajudar a nossa sociedade brasileira pelo diálogo para encontrar um novo caminho”, destacou.
Ao refletir sobre as leituras de hoje, o arcebispo, trouxe a trajetória missionária do apóstolo Paulo narrada na leitura do livro do Atos dos Apóstolos, que destaca as três grandes viagens missionárias, os desafios enfrentados, as perseguições e que foram vencidos e superados em nome de Deus.
“Se quisermos dar ao nosso humano a força que ele precisa, se quisermos ter a força para estarmos de pé para não nos faltar a sabedoria, não nos deixar pender em polarização alguma. É preciso cultivar essa profunda intimidade com Ele [Jesus]. Esse é o nosso caminho, não há outro. Esse é o serviço que queremos prestar para que todos os outros serviços que prestarmos se desbordem na verdade do amor, na promoção da justiça e na alegria de sermos irmãos e irmãs uns dos outros. Essa é a lógica que somos chamados a aprender, a lógica que o apóstolo Paulo aprendeu e, por isso, se tornou essa grande referência”, ressaltou.
Antes de encerrar sua homilia, Dom Walmor rogou a Deus que o trabalho na CNBB seja o ponto de encontro da colegialidade que é o voltar em primeiro a Ele, Cristo e cultivar a partir Dele a alegria do respeito fraterno, do respeito das diferenças fazendo delas uma grande riqueza.
E finalizou declamando um poema de Cecilia Meireles.
“’Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo’”.
Fonte: http://www.cnbb.org.br
Müller ataca a iminente reforma da Cúria: "Será um erro fatal
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Foi um dos maiores colaboradores do Papa. Agora, caído em desgraça por sua arrogância e seu enfrentamento às reformas do Papa, o outrora prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, candidata-se a líder do pequeno grupo de cardeais que se opõem ao pontificado de Francisco, junto a Sarah, Burke ou Brandmüller. A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 07-05-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.
Agora, o purpurado alemão ataca o projeto de reforma da Cúria, que está a ponto de ser assinado por Bergoglio, depois de seis anos de trabalho do C-9 (agora C-6), e o qualifica como “erro fatal”.
“No esboço, a Doutrina da Fé aparece somente como uma tarefa aleatória do Papa entre muitas outras e, sobretudo, está subordinada a suas obrigações temporárias”, denuncia Müller, que vê “uma surpreendente ignorância teológica entre os autores” do projeto de reforma da Cúria.
Doutrina revelada e o restante da doutrina
Em especial, o cardeal afirma que “os conceitos básicos da teologia católica, como a Revelação, o Evangelho, as Escrituras, a Tradição apostólica ou o Magistério eclesiástico são usados de maneira incorreta”, ao mesmo tempo em que “não se distingue entre a doutrina revelada e o restante da doutrina”.
“Evoca-se a sinodalidade e se usa este termo como uma palavra mágica. Ao mesmo tempo, no entanto, as congregações são abolidas e substituídas pelo conceito funcional de dicastério”, lamenta Müller, que pede que a reformulação do aparato curial “seja feita do zero por um teólogo e canonista reconhecido”.
Periferias e centralismo
Müller critica especialmente a intenção do Papa de “fortalecer a periferia e reduzir o centralismo”, o que, em sua opinião, “pode parecer bom nos meios de comunicação, mas soa estridente e desafinado em um ouvido com formação teológica”.
Se for aprovada a nova Constituição Apostólica, “um conglomerado de ideias individuais subjetivas, desejos piedosos, apelações morais com encontros individuais de textos do Concílio e declarações do Papa atual”, sustenta Müller, se repetirão os erros realizados por Paulo VI, “que converteu a Secretaria de Estado no coração da Cúria”.
É que, para o purpurado ultraconservador, “colocar as tarefas seculares antes da missão espiritual de hoje é um erro que agora deve ser evitado”. “O Papa é só um bispo como todos os outros”, acrescenta Müller. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Sexta-feira, 10 de maio-2019. 3ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus todo-poderoso, concedei que, conhecendo a ressurreição do Senhor e a graça que ela nos trouxe, ressuscitemos para uma vida nova pelo amor do vosso espírito. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 52-59)
Naquele tempo, 52Os judeus discutiam entre si: “Como é que ele pode dar a sua carne a comer?” 53Jesus disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. 54Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. 56Quem consome a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. 57Como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que me consome viverá por meio de mim. 58Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que os vossos pais comeram – e no entanto morreram. Quem consome este pão viverá para sempre”. 59Jesus falou estas coisas ensinando na sinagoga, em Cafarnaum.
3) Reflexão
Estamos chegando quase ao fim do Discurso do Pão da Vida. Aqui começa a parte mais polêmica. Os judeus se fecham e começam a questionar as afirmações de Jesus.
João 6,52-55: Carne e sangue: expressão da vida e da doação total. Os judeus reagem: "Como esse homem pode dar-nos 0a sua carne para comer?" Era perto da festa da Páscoa. Dentro de poucos dias, todos iam comer a carne do cordeiro pascal na celebração da noite de páscoa. Eles não entenderam as palavras de Jesus, porque tomaram tudo ao pé da letra. Mas Jesus não diminui as exigências, não retira nada do que disse, e insiste: "Eu garanto a vocês: se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não bebem o seu sangue, não terão a vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele”. (1) Comer a carne de Jesus significa aceitar Jesus como o novo Cordeiro Pascal, cujo sangue nos liberta da escravidão. A lei do Antigo Testamento, por respeito à vida, proibia comer sangue (Dt 12,16.23; At 15.29). Sangue era o sinal da vida. (2) Beber o sangue de Jesus significa assimilar a mesma maneira de viver que marcou a vida de Jesus. O que traz vida não é celebrar o maná do passado, mas sim comer este novo pão que é Jesus, a sua carne e o seu sangue. Participando da Ceia Eucarística, assimilamos a sua vida, a sua doação e entrega. “Se vocês não comem a carne do Filho do Homem e não bebem o seu sangue não terão vida em vocês”. Devem aceitar Jesus como messias crucificado, cujo sangue vai ser derramado.
João 6,56-58: Quem me receber como alimento viverá por mim. As últimas frases do Discurso do Pão da Vida são de grande profundidade e tentam resumir tudo que foi dito. Elas evocam a dimensão mística que envolve a participação na eucaristia. Expressam o que Paulo diz na carta aos Gálatas: “Vivo, mas já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). E o que diz o Apocalipse de João: “Se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, ele comigo” (Ap 3,20). E o próprio João no Evangelho: “Se alguém me ama guardará minha palavra e o meu Pai o amará e a ele viremos e nele faremos nossa morada” (Jo 14,23). E termina com a promessa da vida que marca a diferença com o antigo êxodo: “Este é o pão que desceu do céu. Não é como o pão que os pais de vocês comeram e depois morreram. Quem come deste pão viverá para sempre."
João 6,59: Termina o discurso na sinagoga. Até aqui foi a conversa entre Jesus e o povo e os judeus na sinagoga de Cafarnaum. Como aludimos anteriormente, o Discurso do Pão da Vida nos oferece uma imagem de como era a catequese naquele fim do primeiro séculos nas comunidades cristãs da Ásia Menor. As perguntas do povo e dos judeus refletem as dificuldades dos membros das comunidades. E as resposta de Jesus representam os esclarecimentos para ajuda-los a superar as dificuldades, aprofundar sua fé e viver mais intensamente a eucaristia que era celebrada sobretudo nas noites de sábado para o domingo, o Dia do Senhor.
4) Para um confronto pessoal
1) A partir do Discurso do Pão da Vida, a celebração da Eucaristia recebe uma luz muito forte e um aprofundamento enorme. Qual a luz eu estou percebendo que me ajuda a dar um passo?
2) Comer a carne e o sangue de Jesus, é o mandamento que ele nos dá. Como vivo a eucaristia na minha vida? Mesmo não podendo ir à missa todos os dias ou todos os domingos, minha vida deve ser eucarística. Como tento realizar este objetivo?
5) Oração final
Povos todos, louvai o SENHOR, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do SENHOR dura para sempre. (Sl 116, 1-2)
Bispos católicos contestam política de Bolsonaro e defendem direitos humanos
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Bispos católicos contestam política de Bolsonaro e defendem direitos humanos
Por Joelmir Tavares, da Folhapress
SÃO PAULO-SP – Principal entidade da Igreja Católica no Brasil, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) publicou nessa terça-feira, 7, uma mensagem em que, sem mencionar diretamente o presidente Jair Bolsonaro (PSL), contesta bandeiras do governo.
Os líderes católicos, reunidos em Aparecida (SP) para uma assembleia que começou na quarta-feira, 1º, atacaram pontos como o estímulo ao liberalismo econômico, a ausência de medidas eficazes para combater o desemprego, o corte de verbas para a área da educação, a extinção de conselhos de participação da sociedade, a flexibilização das regras sobre armas e a interferência em terras indígenas e quilombolas.
Também se colocaram contra a criminalização dos defensores de direitos humanos e pregaram o combate a qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Os problemas apontados pelos bispos fazem parte do documento ‘Mensagem da CNBB ao povo brasileiro’ e se somam a uma nota divulgada na semana passada com ressalvas ao projeto de reforma da Previdência defendido pelo Planalto.
A instituição eleva o tom dos reparos ao governo depois de concluir a eleição de sua nova cúpula, que aponta para uma gestão de continuidade, com membros da ala considerada progressista da igreja. O texto divulgado nesta terça foi aprovado pelos mais de 300 bispos que participaram da assembleia.
No manifesto, a CNBB afirma que “a crise ética, política, econômica e cultural tem se aprofundado cada vez mais no Brasil” e que “a opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis”.
Esse cenário, na visão dos bispos, torna “os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres”. Ainda na seara econômica, a carta diz que “o crescente desemprego, outra chaga social”, que alcança o patamar de 13 milhões de afetados, “mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes”.
Além disso, segue o comunicado, “é necessário preservar os direitos dos trabalhadores”. Na semana passada, além de questionar as mudanças no sistema de aposentadorias, a conferência afirmou que a reforma trabalhista concretizada pela gestão Michel Temer(MDB) agravou o desemprego. “As necessárias reformas política, tributária e da Previdência só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular”, assinala a carta, observando que “nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres”.
Em outro ponto, os bispos reclamam da violência, do aumento do feminicídio e da situação das cadeias, repudiam “a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos” e fazem referência a uma das promessas de campanha de Bolsonaro, a facilitação do acesso a armas.
“O verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento ‘Não matarás’ e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas”.
Também entrou no radar dos integrantes da CNBB “a ameaça aos direitos dos povos indígenas assegurados na Constituição de 1988”, com o que chamam de “mercantilização das terras indígenas e quilombolas”.
Em outro ponto da mensagem, os líderes católicos reivindicaram um cuidado especial com a educação, “gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas”. O MEC determinou um congelamento orçamentário que atinge desde o ensino infantil até a pós-graduação.
Numa contraposição ao ato de Bolsonaro que extingue conselhos, os bispos afirmam: “Instâncias que possibilitam o exercício da democracia participativa, como os conselhos paritários, devem ser incentivadas e valorizadas, e não extintas, como estabelece o decreto 9.759/2019”.
Os colapsos em barragens da Vale (chamados na nota de crimes) também foram lembrados, em meio ao alerta de que o lucro não pode se sobrepor às vidas humanas e que “tanto as atividades mineradoras e madeireiras quanto o agronegócio precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento”.
São exemplo de uma economia que privilegia o dinheiro “os crimes ocorridos em Mariana e Brumadinho, com o rompimento das barragens de rejeitos de minérios”.
Sobre a corrupção, a entidade diz que “é uma das causas da pobreza e da exclusão social”, por desviar recursos de áreas básicas. “Queremos uma sociedade cujo desenvolvimento promova a democracia, preze conjuntamente a liberdade e a igualdade, respeite as diferenças, incentive a participação dos jovens, valorize os idosos, ame e sirva os pobres e excluídos, acolha os migrantes, promova e defenda a vida em todas as suas formas e expressões, incluído o respeito à natureza, na perspectiva de uma ecologia humana e integral”, escrevem os membros da organização.
O texto é salpicado de referências ao papa Francisco e de declarações dele. Também traz trechos da Bíblia, como: “No mundo tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo” e “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça”. Fonte: https://amazonasatual.com.br
“Preservação dos bens culturais da Igreja é preocupação da CNBB”, diz dom Muniz
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“Salvaguarda e restauração dos bens culturais da Igreja no Brasil” foi o tema da última edição do meeting point da 57ª Assembleia dos Bispos, ocorrido nesta quinta-feira, 9 de maio. O bispo escolhido para falar sobre o assunto é integrante da Comissão Especial para os Bens Culturais da CNBB, dom Antônio Muniz Fernandes, arcebispo de Maceió (AL).
Dom Muniz recordou que todo projeto de restauro, feito em parceria com o apoio técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e dos demais órgãos que cuidam dessa questão nos estados, leva em consideração quatro etapas importantes: avaliação do estado de conservação dos materiais, identificação dos agentes degradadores, análise dos danos estruturais e levantamento das etapas de prospecção, a fim de orientar os trabalhos.
“Dentre os principais agentes degradadores dos bens culturais da Igreja estão os próprios padres e os fiéis, o que denota falta de consciência e de educação cultural dentro do próprio ambiente eclesial”, afirmou o arcebispo. Segundo ele, é preciso que essa questão seja trabalhada nos seminários, com a formação dos seminaristas, a fim de que aprendam a importância da salvaguarda e preservação dos bens culturais e, dessa forma, possam despertar nos fiéis a consciência sobre a temática. “Tudo o que tiver que ser feito em relação a qualquer bem cultural da Igreja, deve-se sempre procurar a orientação de um profissional especializado”, informou.
Dom Muniz chamou a atenção para dois projetos de restauro, sob a supervisão da Comissão, que se encontram em andamento em sua arquidiocese, considerados importantes por seu valor religioso, artístico, arquitetônico, histórico e cultural: o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Alagoas, localizado na cidade de Marechal Deodoro, ex-capital do estado, no antigo Convento de Santa Maria Madalena, e a Catedral Metropolitana de Maceió.
Acerca dos principais desafios na conservação e restauração dos patrimônios históricos religiosos, Dom Muniz destaca: “Além do problema da falta de recursos financeiros e da não preocupação do Governo, a Igreja se preocupa com o ‘óbulo da víuva’, como se está fazendo atualmente em Maceió: com o restauro que está em andamento há três anos e o difícil trabalho técnico realizado, estamos envolvendo e convocando os padres, os diáconos e os seminaristas para que colaborem financeiramente com o projeto”.
Segundo ele, num momento posterior, a intenção é sensibilizar os fiéis e a população em geral a colaborar com os recursos destinados às obras de restauro e, assim, conscientizar para a importância de se preservar os bens culturais religiosos como legado para as futuras gerações. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Aparecida – CNBB: penúltimo dia de atividades da 57ª Assembleia
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O Sínodo da Pan-Amazônico foi tema ontem na Assembleia Geral em Aparecida. O Cardeal Dom Cláudio Hummes afirmou que "o Papa Francisco insiste que busquemos alternativas”.
Silvonei José - Aparecida
Penúltimo dia de atividades da 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no Santuário Nacional de Aparecida (SP). A Santa Missa nesta manhã foi presidida por Dom João Francisco Salm, bispo de Tubarão (SC). A celebração foi dedicada ao Regional Sul 4.
No dia de ontem a Santa Missa foi presidida pelo bispo de Miracema do Tocantins (TO), dom Philip Dickmans. A celebração foi em ação de graças pelos regionais da CNBB, em especial, os Regionais Norte 2 e Norte 3, que compreendem os estados de Amapá e Pará, Tocantins e parte do Mato Grosso.
Dom Philip Dickmans iniciou a homilia refletindo as palavras do Senhor: “A paz esteja com vocês, não tenhais medo, coragem, sou Eu”, seguindo com uma reflexão sobre a identidade dos católicos de discípulos e missionários.
Dom Philip lembrou ainda dos 25 anos do Genocídio de Ruanda, que matou ao menos 800 mil pessoas, segundo a ONU, por perseguições, e destacou que na semana passada o estado Islâmico informou nas redes sociais que vão continuar os ataques contra cristãos. Antes de finalizar a homilia, dom Philip citou São Oscar Romero.
Na primeira sessão de ontem, quarta-feira, 8 de maio, os bispos reelegeram dom José Antonio Peruzzo como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética.
Foi reeleito ainda ontem, como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini, bispo de Santo André (SP). Já para a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia foi eleito Dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá, PR.
‘Meeting Point’
A atuação da Igreja no Brasil em relação à situação dos imigrantes venezuelanos, que buscam refúgio no País, foi pauta do ‘Meeting Point’ de ontem, durante a Assembleia em Aparecida. O trabalho da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) também esteve entre os temas.
O bispo da Diocese de Pesqueira (PE) e referencial do Setor de Combate ao Tráfico Humano da CNBB, Dom José Luiz Ferreira, e o bispo de Roraima e coordenador do Projeto Caminhos de Solidariedade: Brasil & Venezuela, Dom Mário Antônio da Silva participaram do debate.
Situação dos imigrantes venezuelanos
Segundo Dom Mário Antônio, dados de organismos da Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que 96 mil venezuelanos já tenham entrado no Brasil. Só o estado de Roraima recebeu 50 mil imigrantes, representando mais de 10% da população total de imigrantes.
O bispo falou sobre os esforços da diocese, da Cáritas, do Serviço Pastoral do Migrante, do Estado de Roraima e do Governo Federal, através do Ministério da Defesa, para o acolhimento desses migrantes.
Caminhos de Solidariedade
Dom Mario explicou que a capital roraimense (Boa Vista) é o ponto de partida do plano, que pretende alcançar cidades do país inteiro, sobretudo aquelas onde o fluxo de pessoas que vêm para o Brasil é maior.
O bispo fez um apelo às pessoas e dioceses para que se cadastrem no site do projeto e preencherem o formulário de acolhimento, para receber uma família migrante ou pessoas venezuelanas. “Que possamos abrir o nosso coração, pois a solidariedade gera vida nova, dá esperança e nos faz crescer na fraternidade”, finalizou.
Enfrentamento ao Tráfico Humano
Dom José Luiz Ferreira falou sobre o cenário das migrações venezuelanas, particularmente dos atos de violência que atingiram os imigrantes que fogem da fome e da falta de condições de vida em seu país.
O bispo de Pesqueira fez referência ao projeto, que nasceu a partir de uma visita da Comissão Episcopal Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB à Diocese de Roraima, e se concretizou após uma oficina de planejamento, organizada pela Cáritas Brasileira em julho de 2018, com a participação das entidades envolvidas no Plano, em Brasília (DF).
“A Comissão quer atuar tanto na prevenção como também atuar para que as situações deixem de ser invisíveis”, afirmou.
Sínodo da Pan-Amazônico
O Sínodo da Pan-Amazônico foi tema ontem na Assembleia Geral aqui em Aparecida. O Cardeal Dom Cláudio Hummes nomeado, pelo Papa Francisco como relator geral do Sínodo Pan-Amazônico afirmou que "o Papa Francisco insiste que busquemos alternativas. Não devemos traçar os mesmos caminhos do que não deu certo. O Sínodo deve enfrentar as surpresas da caminhada. A Igreja está a serviço da humanidade, por isso, a importância de debater esse tema", destacou. Fonte: www.vaticannews.va
Quinta-feira, 9 de maio-2019. 3ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus eterno e onipotente, que nestes dias vos mostrais tão generoso, dai-nos sentir mais de perto o vosso amor paterno para que, libertados das trevas do erro, sigamos com firmeza a luz da verdade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 44-51)
Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o ensinamento do Pai e o aprendeu vem a mim. 46Ninguém jamais viu o Pai, a não ser aquele que vem de junto de Deus: este viu o Pai. 47Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê, tem a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer. 51“Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne, entregue pela vida do mundo”.
3) Reflexão
Até agora, o diálogo era entre Jesus e o povo. Daqui para a frente, os líderes judeus começam a entrar na conversa, e a discussão se torna mais tensa.
João 6,44-46: Quem se abre para Deus, aceita Jesus e a sua proposta. A conversa torna-se mais exigente. Agora são os judeus, os líderes do povo, que murmuram: "Esse não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele pode dizer que desceu do céu?" (Jo 6,42) Eles pensavam conhecer as coisas de Deus. Na realidade, não as conheciam. Se fossem realmente abertos e fiéis a Deus, sentiriam dentro de si o impulso de Deus atraindo-os para Jesus e reconheceriam que Jesus vem de Deus, pois está escrito nos Profetas: 'Todos serão instruídos por Deus'. Todo aquele que escuta o Pai e recebe sua instrução vem a mim.
João 6,47-50: Vossos pais comeram o maná e morreram. Na celebração da páscoa, os judeus lembravam o pão do deserto. Jesus os ajuda a dar um passo. Quem celebra a páscoa, lembrando só o pão que os pais comeram no passado, vai acabar morrendo como todos eles! O verdadeiro sentido da Páscoa não é lembrar o maná que caiu do céu, mas sim aceitar Jesus como o novo Pão da Vida e seguir pelo caminho que ele ensinou. Agora já não se trata de comer a carne do cordeiro pascal, mas sim de comer a carne de Jesus, para que não pereça quem dele comer, mas tenha a vida eterna!
João 6,51: Quem comer deste pão viverá eternamente. E Jesus termina dizendo: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá para sempre. E o pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida." Em vez do maná e em vez do cordeiro pascal do primeiro êxodo, somos convidados e comer o novo maná e o novo cordeiro pascal que é o próprio Jesus que se entregou na Cruz pela vida de todos.
O novo Êxodo. A multiplicação dos pães aconteceu perto da Páscoa (Jo 6,4). A festa da páscoa era a memória perigosa do Êxodo, a libertação do povo das garras do faraó. Todo o episódio narrado neste capítulo 6 do evangelho de João tem um paralelo nos episódios relacionados com a festa da páscoa, tanto com a libertação do Egito quanto com a caminhada do povo no deserto em busca da terra prometida. O Discurso do Pão da Vida, feito na sinagoga de Cafarnaum, está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo que fala do Maná. Vale a pena ler todo este capítulo 16 de Êxodo. Percebendo as dificuldades do povo no deserto, podemos compreender melhor os ensinamentos de Jesus aqui no capítulo 6 do evangelho de João. Por exemplo, quando Jesus fala de “um alimento que perece” (Jo 6,27) ele está lembrando o maná que estragava e perecia (Ex 16,20). Da mesma forma, quando os judeus “murmuram” (Jo 6,41), eles fazem a mesma coisa que os israelitas faziam no deserto, quando duvidavam da presença de Deus no meio deles durante a travessia (Ex 16,2; 17,3; Nm 11,1). A falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse de Deus e começasse a murmurar contra Moisés e contra Deus. Aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré e começam a murmurar (Jo 6,41-42).
4) Para um confronto pessoal
1) A eucaristia me ajuda a viver em estado permanente de Êxodo? Estou conseguindo?
2) Quem é aberto para a verdade encontra em Jesus a resposta. Hoje, muita gente se afasta e já não encontra a resposta. Culpa de quem? Das pessoas que não quer escutar? Ou de nós cristãos que não sabemos apresentar o evangelho como uma mensagem de vida?
5) Oração final
Vinde e escutai, vós todos que temeis a Deus, porque quero narrar-vos o que ele fez para mim. A ele gritei com minha boca e a minha língua o exaltou. (Sl 65, 16-17)
Os bispos do Brasil em sua 57ª Assembleia Geral emitem “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”
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O episcopado brasileiro, reunido em sua 57ª Assembleia Geral, de 1º a 10 de maio, em Aparecida (SP), emitiu hoje a “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”. No documento, os bispos alertam que a opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres.
O documento chama a atenção para os graves problemas vividos pela população do país, como o crescente desemprego, “outra chaga social, ao ultrapassar o patamar de 13 milhões de brasileiros, somados aos 28 milhões de subutilizados, segundo dados do IBGE, mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”.
A violência, conforme aponta a mensagem, atinge níveis insuportáveis. “Aos nossos ouvidos de pastores chega o choro das mães que enterram seus filhos jovens assassinados, das famílias que perdem seus entes queridos e de todas as vítimas de um sistema que instrumentaliza e desumaniza as pessoas, dominadas pela indiferença. O feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana”, diz o texto.
Segundo o documento, “o verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas”.
Sobre as necessárias reformas política, tributária e da previdência, os bispos afirmam, na mensagem, que elas só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres. “O Brasil que queremos emergirá do comprometimento de todos os brasileiros com os valores que têm o Evangelho como fonte da vida, da justiça e do amor”, afirma o texto.
Veja, abaixo, a mensagem na íntegra:
MENSAGEM DA CNBB AO POVO BRASILEIRO
“ Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5)
Suplicando a assistência do Espírito Santo, na comunhão e na unidade, nós, Bispos do Brasil, reunidos na 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, no Santuário Nacional, em Aparecida-SP, de 1 a 10 de maio de 2019, dirigimos nossa mensagem ao povo brasileiro, tomados pela ternura de pastores que amam e cuidam do rebanho. Desejamos que as alegrias pascais, vividas tão intensamente neste tempo, renovem, no coração e na mente de todos, a fé em Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado, razão de nossa esperança e certeza de nossa vitória sobre tudo que nos aflige.
“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20)
Enche-nos de esperançosa alegria constatar o esforço de nossas comunidades e inúmeras pessoas de boa vontade em testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo, comprometidas com a vivência do amor, a prática da justiça e o serviço aos que mais necessitam. São incontáveis os sinais do Reino de Deus entre nós a partir da ação solidária e fraterna, muitas vezes anônima, dos que consomem sua vida na transformação da sociedade e na construção da civilização do amor. Por essa razão, a esperança e a alegria, frutos da ressurreição de Cristo, hão de ser a identidade de todos os cristãos. Afinal, quando deixamos que o Senhor nos tire de nossa comodidade e mude a nossa vida, podemos cumprir o que ordena São Paulo: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos!’ (Fl 4,4) (cf. Papa Francisco, Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, 122).
“No mundo tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
Longe de nos alienar, a alegria e a esperança pascais abrem nossos olhos para enxergarmos, com o olhar do Ressuscitado, os sinais de morte que ameaçam os filhos e filhas de Deus, especialmente, os mais vulneráveis. Estas situações são um apelo a que não nos conformemos com este mundo, mas o transformemos (cf. Rm 12,2), empenhando nossas forças na superação do que se opõe ao Reino de justiça e de paz inaugurado por Jesus.
A crise ética, política, econômica e cultural tem se aprofundado cada vez mais no Brasil. A opção por um liberalismo exacerbado e perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo, ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa João Paulo II na Conferência de Puebla (1979). Nesse contexto e inspirados na Campanha da Fraternidade deste ano, urge reafirmar a necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a cidadania e o bem comum. Cuidado especial merece a educação, gravemente ameaçada com corte de verbas, retirada de disciplinas necessárias à formação humana e desconsideração da importância das pesquisas.
A corrupção, classificada pelo Papa Francisco como um “câncer social” profundamente radicada em inúmeras estruturas do país, é uma das causas da pobreza e da exclusão social na medida em que desvia recursos que poderiam se destinar ao investimento na educação, na saúde e na assistência social, caminho de superação da atual crise. A eficácia do combate à corrupção passa também por uma mudança de mentalidade que leve a pessoa compreender que seu valor não está no ter, mas no ser e que sua vida se mede não por sua capacidade de consumir, mas de partilhar.
O crescente desemprego, outra chaga social, ao ultrapassar o patamar de 13 milhões de brasileiros, somados aos 28 milhões de subutilizados, segundo dados do IBGE, mostra que as medidas tomadas para combatê-lo, até agora, foram ineficazes. Além disto, é necessário preservar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. O desenvolvimento que se busca tem, no trabalho digno, um caminho seguro desde que se respeite a primazia da pessoa sobre o mercado e do trabalho sobre o capital, como ensina a Doutrina Social da Igreja. Assim, “a dignidade de cada pessoa humana e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica, mas às vezes parecem somente apêndices adicionados de fora para completar um discurso político sem perspectivas nem programas de verdadeiro desenvolvimento integral” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 203).
A violência também atinge níveis insuportáveis. Aos nossos ouvidos de pastores chega o choro das mães que enterram seus filhos jovens assassinados, das famílias que perdem seus entes queridos e de todas as vítimas de um sistema que instrumentaliza e desumaniza as pessoas, dominadas pela indiferença. O feminicídio, o submundo das prisões e a criminalização daqueles que defendem os direitos humanos reclamam vigorosas ações em favor da vida e da dignidade humana. O verdadeiro discípulo de Jesus terá sempre no amor, no diálogo e na reconciliação a via eficaz para responder à violência e à falta de segurança, inspirado no mandamento “Não matarás” e não em projetos que flexibilizem a posse e o porte de armas.
Precisamos ser uma nação de irmãos e irmãs, eliminando qualquer tipo de discriminação, preconceito e ódio. Somos responsáveis uns pelos outros. Assim, quando os povos originários não são respeitados em seus direitos e costumes, neles o Cristo é desrespeitado: “Todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer” (Mt 25,45). É grave a ameaça aos direitos dos povos indígenas assegurados na Constituição de 1988. O poder político e econômico não pode se sobrepor a esses direitos sob o risco de violação da Constituição.
A mercantilização das terras indígenas e quilombolas nasce do desejo desenfreado de quem ambiciona acumular riquezas. Nesse contexto, tanto as atividades mineradoras e madeireiras quanto o agronegócio precisam rever seus conceitos de progresso, crescimento e desenvolvimento. Uma economia que coloca o lucro acima da pessoa, que produz exclusão e desigualdade social, é uma economia que mata, como nos alerta o Papa Francisco (EG 53). São emblemático exemplo disso os crimes ocorridos em Mariana e Brumadinho com o rompimento das barragens de rejeitos de minérios.
As necessárias reformas política, tributária e da previdência só se legitimam se feitas em vista do bem comum e com participação popular de forma a atender, em primeiro lugar, os pobres, “juízes da vida democrática de uma nação” (Exigências éticas da ordem democrática, CNBB – n. 72). Nenhuma reforma será eticamente aceitável se lesar os mais pobres. Daí a importância de se constituírem em autênticas sentinelas do povo as Igrejas, os movimentos sociais, as organizações populares e demais instituições e grupos comprometidos com a defesa dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito. Instâncias que possibilitam o exercício da democracia participativa como os Conselhos paritários devem ser incentivadas e valorizadas e não extintas como estabelece o decreto 9.759/2019.
“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6,33)
O Brasil que queremos emergirá do comprometimento de todos os brasileiros com os valores que têm o Evangelho como fonte da vida, da justiça e do amor. Queremos uma sociedade cujo desenvolvimento promova a democracia, preze conjuntamente a liberdade e a igualdade, respeite as diferenças, incentive a participação dos jovens, valorize os idosos, ame e sirva os pobres e excluídos, acolha os migrantes, promova e defenda a vida em todas as suas formas e expressões, incluído o respeito à natureza, na perspectiva de uma ecologia humana e integral.
As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que aprovamos nesta 57ª Assembleia da CNBB, e o Sínodo para a Pan-Amazônia, a se realizar em Roma, em outubro deste ano, ajudem no compromisso que todos temos com a construção de uma sociedade desenvolvida, justa e fraterna. Lembramos que “o desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade – caritas in veritate -, do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas nos é dado” (Bento XVI, Caritas in veritate, 79). O caminho é longo e exigente, contudo, não nos esqueçamos de que “Deus nos dá a força de lutar e sofrer por amor do bem comum, porque Ele é o nosso Tudo, a nossa esperança maior” (Bento XVI, Caritas in veritate, 78).
A Virgem Maria, mãe do Ressuscitado, nos alcance a perseverança no caminho do amor, da justiça e da paz.
Aparecida-SP, 7 de maio de 2019.
Fonte: http://www.cnbb.org.br
RIO. Agora é lei: São Jorge e São Sebastião são padroeiros do Estado
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Rio de Janeiro passa a ter dois protetores, sendo um deles padroeiro também da capital
RIO - São Jorge e São Sebastião já são oficialmente os padroeiros do Estado do Rio de Janeiro. A lei aprovada pela Assembleia Legislativa às vésperas do feriado em homenagem ao Santo Guerreiro foi sancionada pelo governador Wilson Witzel e, segundo publicação no Diário Oficial, desta quarta-feira, entra em vigor nesta data. O texto diz ainda que caberá ao governo prestar, anualmente, as honras aos padroeiros dos fluminenses.
A lei, de autoria do deputado André Ceciliano (PT), inicialmente, proclamava apenas São Jorge como protetor dos fluminenses. Mas, uma emenda do deputado Luiz Paulo (PSDB) incluiu São Sebastião, mostrando que toda força é bem-vinda, num estado com tantos problemas como o Rio de Janeiro, que passa a ter não um, mas dois padroeiros.
— Em relação à importância, falando mais especificamente de São Jorge, é um santo muito respeitado por todos, não apenas por católicos. E tem devotos no mundo todo, sendo padroeiro de países e cidades europeias, como Londres, Inglaterra e Portugal. Acredito, também, que o próprio turismo religioso possa ser incrementado com essa medida — disse Ceciliano, após a aprovação do projeto de lei.
Um dos santos mais populares da Igreja Católica, São Jorge, festejado em 23 de abril — data que já é feriado estadual — é reverenciado pelos devotos por favorecer fiéis de diferentes crenças. No Candomblé e na Umbanda, é associado a Ogum. Também é padroeiro da Inglaterra, de Portugal, da Catalunha, dos soldados e escoteiros.
Já São Sebastião, padroeiro do município do Rio, é outro santo muito popular, festejado em 20 de janeiro — feriado apenas municipal — , e reverenciado como Oxóssi na Umbanda e o Candomblé. Ele agora “acumula” a proteção da capital com a do estado. Fonte: https://oglobo.globo.com
Quarta-feira, 8 de maio-2019. 3ª Semana da Páscoa. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Permanecei, ó Pai, com vossa família e, na vossa bondade, fazei que participem eternamente da ressurreição do vosso Filho aqueles a quem destes a graça da fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (João 6, 35-40)
Naquele tempo, 35disse Jesus às multidões: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede. 36Contudo, eu vos disse que me vistes, mas não credes. 37Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não lançarei fora, 38porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40Esta é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.
3) Reflexão
João 6,35-36: Eu sou o pão da vida. Entusiasmado com a perspectiva de ter o pão do céu de que falava Jesus e que dá vida para sempre (Jo 6,33), o povo pede: "Senhor, dá nos sempre desse pão!" (Jo 6,34). Pensavam que Jesus estivesse falando de um pão especial. Por isso, interesseiramente pede: “Dá-nos sempre desse pão!” Este pedido do povo faz lembrar a conversa de Jesus com a Samaritana. Jesus tinha dito que ela poderia ter dentro de si a fonte de água que brota para a vida eterna, e ela interesseiramente pedia: "Senhor, dá-me dessa água!" (Jo 4,15). A Samaritana não percebeu que Jesus não estava falando da água material. Da mesma maneira, o povo não se deu conta de que Jesus não estava falando do pão material. Por isso, Jesus responde bem claramente: "Eu sou o pão da vida! Quem vem a mim não terá mais fome, e quem acredita em mim nunca mais terá sede”. Comer o pão do céu é o mesmo que crer em Jesus. É crer que ele veio do céu como revelação do Pai. É aceitar o caminho que ele ensinou. Mas o povo, apesar de estar vendo Jesus, não acredita nele. Jesus percebe a falta de fé e diz: “Vocês me vêem, mas não acreditam”.
João 6,37-40: Fazer a vontade daquele que me enviou. Depois da conversa com a Samaritana, Jesus tinha dito aos discípulos: "O meu alimento é fazer a vontade do Pai que está no céu!" (Jo 4,34). Aqui, na conversa com o povo a respeito do pão do céu, Jesus toca no mesmo assunto: “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, e sim para fazer a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas que eu os ressuscite no último dia. Sim, esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” Este é o alimento que o povo deve buscar: fazer a vontade do Pai do céu. É este o pão que sustenta a pessoa na vida e lhe dá rumo. Aí começa a vida eterna, vida que é mais forte que a morte! Se estivessem realmente dispostos a fazer a vontade do Pai, não teriam dificuldade em reconhecer o Pai presente em Jesus.
João 6,41-43: Os judeus murmuram. O evangelho de amanhã começa com o versículo 44 (Jo 6,44-51) e salta os versículos 41 a 43. No versículo 41, começa a conversa com os judeus, que criticam Jesus. Damos aqui uma breve explicação do significado da palavra judeus no evangelho de João para evitar que uma leitura superficial alimente em nós cristãos o sentimento do anti-semitismo. Antes de tudo, é bom lembrar que Jesus era Judeu e continua sendo judeu (Jo 4,9). Judeus eram seus discípulos e discípulas. As primeiras comunidades cristãs eram todas de judeus que aceitavam Jesus como o Messias. Só depois, pouco a pouco, nas comunidades do Discípulo Amado, gregos e pagãos começam a ser aceitos em pé de igualdade com os judeus. Eram comunidades mais abertas. Mas tal abertura não era aceita por todos. Alguns cristãos vindos do grupo dos fariseus queriam manter a “separação” entre judeus e pagãos (At 15,5). A situação ficou mais crítica depois da destruição de Jerusalém no ano 70. Os fariseus se tornam a corrente religiosa dominante dentro do judaísmo e começam a definir as diretrizes religiosas para todo o povo de Deus: suprimir o culto em língua grega; adotar unicamente o texto bíblico em hebraico; definir a lista dos livros sagrados eliminando os livros que estavam só na tradução grega da Bíblia: Tobias, Judite, Ester; Baruc, Sabedoria, Eclesiástico e os dois livros dos Macabeus; segregar os estrangeiros; não comer nenhuma comida, suspeita de impureza ou de ter sido oferecida aos ídolos. Todas estas medidas assumidas pelos fariseus repercutiam nas comunidades dos judeus que aceitavam Jesus como Messias. Estas comunidades já tinham caminhado muito. A abertura para os pagãos era irreversível. A Bíblia em grego já era usada há muito tempo. Não podiam voltar atrás. Assim, lentamente, cresce um distanciamento mútuo entre cristianismo e judaísmo. As autoridades judaicas nos anos 85-90 começam a discriminar os que continuavam aceitando Jesus de Nazaré como Messias (Mt 5, 11-12; 24,9-13). Quem teimava em permanecer na fé em Jesus era expulso da sinagoga (Jo 9,34) . Muitos das comunidades cristãs sentiam medo desta expulsão (Jo 9,22), já que significava perder o apoio de uma instituição forte e tradicional como a sinagoga. Os que eram expulsos perdiam os privilégios legais que os judeus tinham conquistado ao longo dos séculos dentro do império. As pessoas expulsas perdiam até a possibilidade de ter um enterro decente. Era um risco muito grande. Esta situação conflituosa do fim do primeiro século repercute na descrição do conflito de Jesus com os fariseus. Quando o evangelho de João fala em judeus não está falando do povo judeu como tal, mas está pensando muito mais naquelas poucas autoridades farisaicas que estavam expulsando os cristãos das sinagogas nos anos 85-90, época em que o evangelho foi escrito. Não podemos permitir que esta afirmações sobre os façam crescer o anti-semitismo entre os cristãos.
4) Para um confronto pessoal
1) Anti-semitismo: olhe bem dentro de você e arranque qualquer resto de anti-semitismo.
2) Comer o pão do céu é crer em Jesus. Como isto me ajuda a viver melhor a eucaristia?
5) Oração final
Aclamai a Deus, terra inteira, cantai hinos à glória do seu nome; dai glória em seu louvor. Dizei a Deus: “Como são estupendas as tuas obras! pela grandeza da tua força teus adversários se curvam diante de ti”. (Sl 65, 1-3)
Nova eleição na 57ª Assembleia Geral da CNBB: secretário-geral é dom Joel Portella
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Foi eleito, na manhã desta terça-feira, 7 de maio, como o novo secretário-geral da Conferência Nacional dos dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Eleito no segundo escrutínio, o sucessor de dom Leonardo Steiner que ocupou o cargo por dois quadriênios, é natural do Rio de Janeiro. Ele aceitou a eleição e disse: “na comunhão com dom Walmor, dom Jaime e dom Mário, a minha resposta é sim!”.
Dados biográficos
Nomeado bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro pelo papa Francisco em 7 de dezembro 2016, o monsenhor Joel Portella Amado, até então professor do departamento de Teologia da PUC-Rio, foi ordenado no dia 28 de janeiro 2017, na catedral metropolitana do Rio.
Monsenhor Joel Portella, de 65 anos, nasceu em 2 de outubro de 1954. O religioso possui graduação em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1977). Atualmente é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Antropologia Teológica e Teologia Pastoral, atuando principalmente nos seguintes temas: evangelização, inculturação, pastoral urbana, teologia e urbanização.
Formação sacerdotal e atuação como bispo
Ele estudou Filosofia no Instituto Aloisiano da Companhia de Jesus e Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde também fez mestrado e doutorado em Teologia Pastoral. Também estudou Direito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Foi ordenado sacerdote em 12 de outubro de 1982 e desempenhou diversas funções na Arquidiocese do Rio, como pároco, professor e acadêmico. Atualmente, é Vigário-geral; Coordenador Arquidiocesano de Pastoral; pároco da Catedral Metropolitana; Membro do Conselho Presbiteral e do Colégio dos Consultores; Professor da PUC; Diretor administrativo do Museu de Arte Sacra; Diretor do Arquivo Arquidiocesano; Responsável pelos textos litúrgicos da Comissão de Pastoral litúrgica e Arquivista do Cabido Metropolitano.
Em 2007, participou da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano em Aparecida como Assessor-delegado; em 2008 se tornou Capelão de Sua Santidade e em 2013 foi Secretário-Executivo da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) do Rio de Janeiro.
Foi membro do Instituto Nacional de Pastoral (2008 – 2012); Membro da equipe de reflexão teológico-pastoral do CELAM (2014 – 2016); Membro do Cabido Metropolitano e nomeado Capelão de Sua Santidade, pelo Santo Padre Bento XVI. Foi membro da Academia Luso-Brasileira de Letras. (2014 – 2016); Atualmente é professor no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e também integrou a comissão de elaboração das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil da CNBB.
Dom Joel foi nomeado, em 6 de outubro de 2018, como consultor para o dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, do Vaticano. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Três bispos sensíveis aos apelos do Papa Francisco na Presidência da CNBB
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Foram eleitos nesta segunda-feira, 6 de maio, na 57ª Assembleia Geral aqueles a quem tem sido confiado o comando da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, nos próximos quatro anos. O novo presidente é dom Walmor Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte - MG, o primeiro vice-presidente, dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre – RS, e o Segundo Vice-Presidente, uma novidade a partir deste ano, dom Mário Antônio da Silva, Bispo de Roraima.
A reportagem é de Luis Modino.
Sobre o Presidente, Robson Sávio Reis Souza, professor do Departamento de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas, onde é Grande Chanceler o novo presidente, disse que este é alguém "sensível aos apelos e diretrizes do papa Francisco", algo que pode ser afirmado também dos dois vice-presidentes. Junto com isso, o coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, define dom Walmor Azevedo, como um bispo "extremamente dedicado à Igreja, grande administrador, sensível social e pastoralmente, muito preocupado com a formação de presbíteros, dialoga com todas as forças políticas, muito cioso com a doutrina, o direito canónico e tradição eclesiástica, delega a terceiros e é muito exigente nos resultados acordados". Nessa perspectiva, o professor afirma que “acho que foi uma escolha acertada para esse momento”.
Em uma declaração emitida logo após ser eleito, o novo presidente, que acaba de completar 65 anos no dia 26 de Abril, reconheceu que "trata-se de grande responsabilidade, pois muitos são os desafios". Entre esses desafios destaca-se o ponto de vista oposto entre a CNBB e o atual governo brasileiro em várias questões, especialmente no que diz respeito à Reforma da Previdência, que nas suas propostas ameaça a maioria da população brasileira.
Na nota podemos entender que Dom Walmor se mostra contrário às políticas do governo, quando afirma que "nosso olhar deve permanecer voltado para os mais pobres, fortalecendo nossas ações no exercício da caridade, do amor, na busca da justiça, imprescindível para a construção da paz, tão necessária na atualidade", uma declaração que mostra a tensão social existente no Brasil, que só tem aumentado nos últimos meses, onde a polarização é cada vez mais evidente. A isto acrescenta a necessidade de cultivar sempre "um coração sensível às dores dos excluídos, das pessoas esquecidas, conscientes de que Jesus nasceu e cresceu entre os mais sofridos". Junto com isso, o Arcebispo de Belo Horizonte pede uma Igreja cada vez mais missionária, em saída, seguindo os pedidos do Papa Francisco.
O Primeiro Vice-Presidente, de quem muitos pensavam que seria o novo presidente antes da eleição, é o franciscano Jaime Spengler, até agora presidente da Comissão de Ministérios Ordenados e Vida Consagrada, semelhante ao serviço realizado no Vaticano dentro da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. O arcebispo de Porto Alegre foi um dos representantes dos bispos brasileiros no Sínodo da Juventude, realizado no Vaticano em outubro de 2018, onde identificou como um dos grandes desafios para a Igreja de hoje, transmitir a fé ao mais jovens e cooperar para mostrar caminhos de vida, de realização, de felicidade e de Deus.
O Segundo Vice-Presidente, o único eleito na segunda votação, já que tanto o Presidente como o Vice-Presidente Primeiro teve que esperar até a terceira votação, é alguém que nós podemos dizer que, embora nascido no sul do Brasil, tem se “amazonizado” desde que ele chegou na região para ser bispo auxiliar de Manaus em 2010. Ele mostrou isso na sua resposta quando questionado se ele aceitava o cargo, dizendo que ele assumia "pela Amazônia e pelo povo brasileiro". Sua pessoa foi ganhando importância nos últimos tempos dentro da Igreja brasileira pelo grande trabalho feito pela Igreja de Roraima na acolhida de migrantes venezuelanos, uma tarefa apoiada expressamente e continuadamente por seu bispo.
A eleição de dom Mário Antônio da Silva também tem um significado especial em vista do Sínodo para a Amazônia, que será realizado em Roma de 06 a 27 de outubro.O bispo de Roraima tem sido sempre um dos mais ativos na Rede Eclesial Pan-Amazônica - REPAM, a quem o Papa Francisco deu um papel de destaque no processo sinodal. De fato, o seu presidente, o cardeal Cláudio Hummes, foi nomeado relator geral em 4 de maio.
Em geral, sobre a eleição, podemos dizer, como foi reconhecido por alguns dos presentes, que tem sido uma votação muito serena e rápida, que foi precedida pela apresentação de diferentes candidatos por cada um dos 18 regionais em que a Igreja brasileira está dividida, tornando visível um ambiente muito fraterno e sinodal. Ao mesmo tempo, essas mesmas fontes reconhecem que a reação após a eleição da nova presidência tem sido muito boa. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
O presidente e os dois vice-presidentes da CNBB foram eleitos nesta segunda-feira
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O arcebispo de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi eleito presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na tarde desta segunda-feira, 6 de maio. Na parte da noite, foram eleitos os dois vice-presidentes, uma novidade do novo estatuto da Conferência. Anteriormente, apenas um bispo ocupava a vice-presidência da entidade. Os dois vice-presidentes são: dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS), e dom Mário Antonio Silva, bispo de Roraima.
Como manda o Estatuto da CNBB, o até então presidente, cardeal Sergio da Rocha, perguntou aos eleitos se aceitavam os encargos. Dom Walmor disse:“Aceito com humildade, aceito com temor e aceito à luz da fé”. Dom Jaime Spengler disse: “Com temor e tremor, acolho“. E dom Mário disse a dom Sergio e à assembleia aceitar a indicação e a confiança dos irmãos bispos em nome da Amazônia e do povo brasileiro.
Dados biográficos
Dom Walmor Oliveira de Azevedo nasceu em 26 de abril de 1954, dom Walmor é natural de Côcos (BA). É o primeiro baiano a estar à frente da CNBB. É doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).
Em sua trajetória de formação, cursou Filosofia no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio (1972-1973), em Juiz de Fora (MG), e na Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras (1974-1975), em São João Del-Rei (MG). De 1974 a 1977, cursou Teologia no Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, em Juiz de Fora. Em 9 de setembro de 1977 foi ordenado sacerdote, incardinando-se na arquidiocese de Juiz de Fora.
Foi pároco da paróquia Nossa Senhora da Conceição de Benfica (1986-1995) e da paróquia do Bom Pastor (1996-1998); coordenador da Região Pastoral Nossa Senhora de Lourdes (1988-1989); coordenador arquidiocesano da Pastoral Vocacional (1978-1984) e reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio (1989-1997). No campo acadêmico, lecionou nas disciplinas Ciências Bíblicas, Teologia e Lógica II; coordenou os cursos de Filosofia e Teologia. Em Belo Horizonte, foi professor da PUC-Minas (1986-1990). Também lecionou no mestrado em Teologia da PUC-Rio (1992, 1994 e 1995).
Dom Walmor Oliveira de Azevedo foi nomeado bispo auxiliar de Salvador (BA) pelo Papa São João Paulo II, no dia 21 de janeiro de 1998. Sua ordenação episcopal foi no dia 10 de maio do mesmo ano. Em 2004, foi nomeado arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), iniciando o ministério em 26 de março daquele ano. Em outubro de 2008, dom Walmor foi escolhido para ser um dos quatro representantes do Brasil na XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizada em Roma.
Em 1999, dom Walmor foi secretário do Regional Nordeste 3 e membro da Comissão Episcopal de Doutrina da CNBB. A mesma Comissão que, já com o nome de Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, presidiu entre 2003 e 2011, ou seja, por dois mandatos. É membro da Congregação para a Doutrina da Fé, no Vaticano, desde 2009. O arcebispo de Belo Horizonte também exerceu a presidência do Regional Leste II da CNBB – Minas Gerais e Espírito Santo.
Em fevereiro de 2014, foi nomeado pelo Papa Francisco membro da Congregação para as Igrejas Orientais. Desde 2010, o arcebispo é referencial para os fiéis católicos de Rito Oriental residentes no Brasil e desprovidos de ordinário do próprio rito.
Com mais de 15 livros publicados, dom Walmor é membro da Academia Mineira de Letras, Cidadão Honorário de Minas Gerais e dos municípios de Caeté e Ribeirão das Neves. O novo presidente da CNBB também foi agraciado com a Comenda Dom Luciano Mendes de Almeida, da Faculdade Arquidiocesana de Mariana, e com o título de Doutor Honoris Causa, da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (2012).
Dom Jaime
Dom Jaime Spengler é natural de Gaspar, em Santa Catarina. O vice-presidente eleito nasceu em 6 de setembro de 1960. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 20 de janeiro de 1982, pela admissão no Noviciado na cidade de Rodeio (SC). Estudou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, em Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém, em Israel. Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal.
O arcebispo tem doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, de Roma, e atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades do país até 2010, quando foi nomeado no mês de novembro daquele ano pelo papa Bento XVI como bispo titular de Patara e auxiliar de Porto Alegre (RS).
No ano seguinte, em fevereiro de 2011, o bispo foi ordenado na paróquia São Pedro Apóstolo, na sua cidade natal, Gaspar, pelo núncio apostólico no Brasil, na ocasião, dom Lorenzo Baldisseri. Em 18 de setembro de 2013, o papa Francisco nomeou dom Jaime Spengler como novo arcebispo de Porto Alegre.
Em março de 2014, o papa Francisco nomeou dom Jaime Spengler como membro da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Em abril de 2015, na 53ª Assembleia Geral da CNBB, foi eleito presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB, para o quadriênio 2015-2019. Na ocasião, recebeu 205 votos de um total de 283 votantes, superando a maioria absoluta requerida no segundo escrutínio, que era de 143 votos. Também em 2015, o arcebispo foi eleito presidente do regional Sul 3 da CNBB, que corresponde ao estado do Rio Grande do Sul, para a gestão 2015-2019.
Dom Mário
Dom Mário Antônio da Silva nasceu em Itararé (SP), em 17 de outubro de 1966. Estudou Filosofia e Teologia no Seminário Maior Divino Mestre, da diocese de Jacarezinho (PR). Possui mestrado em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, na Itália.
No ano de 1991, foi ordenado padre em Sengés, no estado do Paraná, por dom Conrado Walter. Era chanceler da diocese de Jacarezinho quando foi nomeado bispo auxiliar de Manaus no dia 9 de junho de 2010. Escolheu como lema episcopal “Testemunhar e Servir”.
Sua ordenação ocorreu na Catedral de Jacarezinho, em 20 de agosto de 2010, em celebração presidida por dom Mauro Aparecido dos Santos, arcebispo de Cascavel (PR). A missa de acolhida na arquidiocese de Manaus aconteceu no dia 12 de setembro de 2010, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição.
Em 2015, foi eleito durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB como presidente do regional Norte 1, que compreende o estado de Roraima e o norte do Amazonas, para o quadriênio de 2015-2019. Também é membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Em junho de 2016, foi nomeado pelo papa Francisco como bispo de Roraima, tomando posse em setembro do mesmo ano. Fonte: http://www.cnbb.org.br
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