DOMINGO, DIA 20- O Santo do dia: Sebastião, o soldado mártir do Império Romano.
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Tantas foram as flechadas lançadas contra ele que os algozes não duvidaram de que estava morto.
Sebastião nasceu no século III em Narbonne, na atual França, filho de pais oriundos de Milão, na Itália. Foi desde cedo generoso e trabalhador, não tardando a se tornar primeiro capitão a serviço do Império Romano, em cujo exército demonstrara ser um soldado de grande saúde do corpo e da mente.
Ainda mais saudável era a sua alma cristã, reconhecida pelos cristãos clandestinos daqueles tempos duros, em que, sob o imperador pagão Diocleciano, a Igreja era perseguida com brutalidade.
O mistério da Santíssima Trindade inspirava Sebastião a consolar de maneira secreta os cristãos que eram presos. Com o tempo, ele se tornou seu defensor e apóstolo dos confessores e dos mártires.
O coração do próprio São Sebastião nutria o desejo do martírio por Cristo. Quando um apóstata o denunciou ao Império e Sebastião foi levado à presença do imperador, este se disse muito decepcionado pela “traição” do soldado como cristão clandestino. O santo, porém, iluminado pelo Espírito Santo, afirmou que o melhor serviço que podia prestar ao Império era precisamente o de combater o paganismo e as injustiças.
De coração fechado, o imperador mandou prendê-lo num tronco e alvejá-lo com flechas. Tantas foram as flechadas lançadas contra ele que os algozes não duvidaram de que estava morto.
Uma mulher, no entanto, esposa de outro mártir, aproximou-se dele e percebeu que São Sebastião estava ainda vivo, por graça de Deus. Ela cuidou de suas feridas e, ao recobrar sua saúde, o santo se apresentou novamente diante do imperador, pois desejava o seu bem e o de todo o Império. Evangelizou e testemunhou, mas, no ano de 288, Deus lhe concedeu a graça tão almejada do martírio.
São Sebastião, no Brasil, é o padroeiro de várias cidades. A mais famosa é São Sebastião do Rio de Janeiro. Fonte: https://pt.aleteia.org
Ir a Caná: 2º Domingo do Tempo Comum, 20 de janeiro (João 2, 1-11).
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Enzo Bianchi, monge italiano fundador da Comunidade de Bose
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Compreender na sua profundidade o relato joanino das bodas de Caná não é uma operação fácil, mesmo que ele seja lido muitas vezes, especialmente por ocasião da celebração do matrimônio cristão. A verdadeira pergunta que surge, de fato, é: “Que bodas são essas?”. E também: “Quem é o noivo, quem é a noiva?”.
O verdadeiro protagonista, com efeito, é apenas Jesus, e os diversos personagens – a mãe, os discípulos, os servos – são apresentados apenas em referência a ele. Os dois cônjuges que celebram essas bodas nunca aparecem, e o noivo ao qual o mestre-sala se dirige não fala sequer para dar uma resposta. Desse modo, o quarto evangelho quer nos revelar que Jesus, tendo reunido a comunidade dos discípulos chamados a si no capítulo anterior, celebra as bodas com ela, a noiva com quem estreita a nova aliança nupcial.
Continua sendo muito significativo que “a mãe de Jesus”, nunca chamada pelo seu nome de Maria neste Evangelho, “já estava lá” (ên ekeî), como presença que precede tanto Jesus quanto os discípulos convidados àquelas bodas. Já está lá, porque é, acima de tudo, filha de Sião, a figura de Israel que aguarda a hora do Messias, e significativamente está lá “no início dos sinais” de Jesus, como estará lá junto à cruz, no cumprimento de todos sinais operados por Jesus (cf. Jo 19, 25).
João também especifica que essas bodas acontecem no fim da semana inaugural do ministério simbólico de Jesus, três dias depois dos quatro dias indicados anteriormente. Assim, o dia das bodas é o terceiro dia, dia que evoca a epifania do Senhor no Sinai e a celebração da aliança entre Deus e o seu povo (cf. Ex 19, 10.16), dia da glória de Jesus, dia em que ele se revelou como Senhor ressuscitado e vivo (cf. 1Cor 15, 4).
E eis que todos já estão no banquete nupcial, mas falta o vinho! Nessa situação de falta de um elemento necessário para a festa, a mãe de Jesus, atenta a esse desenvolvimento, intervém junto ao filho dizendo-lhe: “Eles não têm mais vinho!”. Desse modo, ela afirma uma situação real e, ao mesmo tempo, convida Jesus respeitosamente a fazer alguma coisa.
Se não há vinho, como as bodas poderão ser celebradas com a alegria necessária para a festa? Muitas vezes, penso que, se a Igreja, assim como a mãe de Jesus, no meio da humanidade, desempenhasse mesmo que apenas essa função de indicar ao Senhor que “não tem mais vinho”, não tem alegria, isso já seria, de sua parte, cumprir um ministério essencial...
Nas Escrituras, o vinho, é acima de tudo, promessa de Deus mesmo, dom da bem-aventurança e da alegria feita ao seu povo. É o vinho que alegra o coração do homem (cf. Sl 104, 15), mas também o coração de Deus (cf. Jz 9, 13: ‘Elohim), e é precisamente o vinho que marcará o banquete escatológico prometido, através do profeta, a todos os povos da terra, aquele banquete em que se celebrará a libertação definitiva da morte (cf. Is 25, 8): “O Senhor dos exércitos vai preparar no alto deste monte, para todos os povos do mundo, um banquete de carnes gordas, um banquete de vinhos finos, de carnes suculentas, de vinhos refinados” (Is 25,6).
É o vinho que celebra o clima do amor entre o noivo e a noiva na “adega” [cella vinaria] (Ct 2, 4) do Cântico dos Cânticos, vinho que descerá como rebentos das colinas da terra abençoada (cf. Gl 4, 18).
É o vinho da gratuidade, que faz transcender a vida sob o sinal da necessidade do pão (cf. Sl 104, 15), em um excesso que chama o homem e a mulher para fora de si. Por isso, na refeição deixada por Jesus como seu memorial, estão o pão necessário e o vinho gratuito (cf. Mc 14, 22-24 e par.; 1Cor 11, 23-25), porque o humano deve sempre afirmar um e outro, sentir-se criatura necessitada, mas também capaz de criação, de beleza, de canto e de dança.
Portanto, não há celebração de bodas sem vinho, e a mãe de Jesus intervém por isso. Mas a resposta enigmática de Jesus se dá através de palavras que criam uma distância, que lhe pedem para ficar no seu lugar, porque, como mãe física de Jesus, não pode reivindicar nada: “O que há entre mim e ti, ó mulher?”.
Em outras palavras, Jesus está lhe dizendo que, se há uma relação primária dela com ele, não é o fato de tê-lo gerado fisicamente, mas é uma relação mais profunda e decisiva com o próprio Deus.
Depois, acrescenta: “Minha hora ainda não chegou!”. Essa também é uma palavra enigmática, que talvez se refira à hora que nem ele mesmo nem sua mãe podem decidir. É e será a hora de Jesus como e quando o Pai a quiser, e Jesus receberá o sinal do próprio Pai.
Por isso, Maria, como mãe, mostra-se imediatamente discípula que escuta, obedece ao filho e pede que os outros façam o mesmo: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Acima de tudo, a mãe se manifesta como discípula e, por isso, pede que sejam reservados a Jesus escuta e obediência, nada mais. Ela não tem mensagem própria, não pode dizer outras palavras, porque é uma mulher de fé, capaz de escuta, obediente ao Senhor: é a primeira discípula entre os discípulos, que convida todos a se tornarem discípulos de Jesus!
Nesse ponto, Jesus dá um sinal em que antecipa a sua hora, que ainda não veio, mas que chegará apenas na cruz, onde se celebrarão bodas de sangue. Os servos da mesa logo lhe obedecem: trazem seis jarros cheios de água, que era usada para a purificação. Essa água, que, de acordo com os Padres da Igreja, é sinal de toda a economia da antiga aliança, por causa da presença de Jesus, torna-se a bebida messiânica da nova aliança.
É significativo que o mestre-sala, aquele que presidia a mesa, na realidade, “não sabia de onde (póthen) vinha aquele vinho”, enquanto os servos que obedeceram a palavra de Jesus sabem que esse vinho messiânico vem dele. Assim, “ocorreu a manifestação (ephanérosen) da glória de Jesus”, e os discípulos creram nele. O sinal de Caná é simbólico: bodas e aliança entre Jesus e a sua Igreja.
Aquela água tão abundante, mais de 600 litros, torna-se o vinho para as bodas! Quantidade e qualidades excepcionais dizem que esse vinho, e mais do que um simples vinho, é o vinho do amor dado por Jesus aos seus, é o amor que não pode mais faltar. Nós ainda hoje continuamos bebendo aquele vinho de Caná que nos foi dado por Jesus, e à sua mesa, quando celebramos o encontro com ele, a adesão a ele, a fé nele, celebramos as bodas entre ele e a comunidade cristã, a Igreja, seu corpo.
Assim como nas bodas os dois se tornam “uma só carne” (Gn 2, 24; Mc 10, 7.8; Mt 19, 5.6; Ef 5, 31), assim também na eucaristia os fiéis se tornam corpo de Cristo, Senhor e Noivo, Noivo que se dá totalmente à sua comunidade, à sua noiva.
Por que a metáfora das bodas é tão poderosa e intrigante? Porque, mais do que outras, expressa a verdade da encarnação: corpos que se tornam um só corpo, comunhão e comunicação no canto do amor, na sóbria embriaguez do vinho. A nossa linguagem humana é limitada, especialmente quando quer fazer alusão a realidades invisíveis, e então recorre às realidades mais humanas, humaníssimas: comer, beber vinho, o encontro dos corpos na celebração do amor recíproco e do pertencimento recíproco.
Somos sempre convidados ao banquete de Caná, não para procurar um noivo e uma noiva que não estão lá, mas para sermos coenvolvidos nesse encontro entre Cristo, Senhor e Noivo, e a sua comunidade. Trata-se de ir a Caná,
de tentar ver com olhos de fé,
de escutar as palavras da fé,
de executar as palavras ditas por Jesus,
de degustar o vinho do Reino
e de tocar, sim, de tocar o corpo de Jesus.
Então, sentiremos que ele está esperando beber logo conosco o vinho novo do Reino (cf. Mc 14, 25 e par.): ele o bebeu na terra, deixou-o a nós como dom eucarístico, mas vai bebê-lo de novo conosco na terra nova, no céu novo (cf. Is 65, 17; 66, 22; 2Pe 3, 13; Ap 21, 1). Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Segundo domingo do Tempo Comum, do ciclo C do Ano Litúrgico: “Eles não têm mais vinho!"
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Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
No domingo passado iniciou-se o Tempo Comum do Ciclo C do Ano Litúrgico, com a leitura e meditação do Evangelho de Jesus no Jordão. Neste domingo a Liturgia oferece a narrativa que inicia o segundo Capítulo do Evangelho de João (2, 1-11). Nela relata-se o episódio conhecido como “As bodas de Caná”.
Olhando ao nosso redor podemos perguntar-nos quais são as necessidades que Maria está sinalizando? Quais são as “faltas de vinho” que ela percebe e nos comunica? Na realidade social do nosso país, do nosso mundo, quais são as insuficiências, as escassezes, as faltas que impedem que a festa continue!
Evoquemos algumas: Papa manda recado aos ricos: “parem de pisotear pobres, migrantes e refugiados: “Muitas pessoas pobres estão sendo arruinadas! Todos estes pobres são vítimas dessa ‘cultura do descartável’ que foi denunciada repetidas vezes”, incluindo os migrantes e refugiados que “continuam a bater à porta de nações que zombam de suas dificuldades”, ressaltou Francisco numa audiência no Vaticano. "Desde o início da tragédia dos refugiados que chegam às costas da Europa e que tornaram o Mediterrâneo 'um dos maiores cemitérios a céu aberto do mundo', segundo afirma Olivier Clochard, é um opróbio global. "Hoje migrar é uma sentença de morte assegurada". Texto completo: Crise dos refugiados. Uma tragédia que beneficia máfias e ultradireitas.
Apesar do acesso a uma alimentação adequada figurar como direito humano, uma sexta parte dos habitantes do planeta passa fome. (Texto completo: Os refugiados da fome)
O Presidente do Cimi denuncia violações de direitos dos povos indígenas na Assembleia Geral da CNBB e sublinha a dura realidade do Genocídio dos povos indígenas publicado em diário oficial.
Olhando para a realidade na qual vivemos, cada um/a de nós pode se sensibilizar e solidarizar com Maria e, como ela, apresentá-la a Jesus. Que diríamos para Ele? Ela simboliza todos aqueles que, em Israel, esperam a realização das promessas messiânicas. Representa aqueles que, conscientes da realidade, aguardam algo novo. Eles não se conformam porque esperam algo mais! Aparece uma característica nova de Jesus. Ele se deixa tocar e comover pelo sofrimento dos outros.
Jesus não age sozinho, ele precisa da comunidade para fazer acontecer o novo: "Jesus disse aos que serviam: «Encham de água esses potes». Os potes de pedra serviam para a purificação dos judeus, segundo a sua tradição. O evangelista disse que eram seis, representando neles o Antigo Testamento, a Antiga Aliança.
Mas eles já nos servem mais; ao transformar a água em vinho, Jesus inaugura um tempo novo, uma nova festa caracterizada pela generosidade e gratuidade de Deus que a faz possível. Doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação vem através de Jesus. As expectativas messiânicas realizam-se em Jesus.
O mestre-sala não sabia de onde vinha o vinho novo, mas "os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água".
A comunidade representada nos serventes é testemunha da ação de Jesus: "Porque a vida se manifestou, nós a vimos, dela damos testemunho..." (1Jo 1, 2). O primeiro sinal que Jesus realiza é através do vinho novo, que permite a festa de casamento acontecer.
O projeto de vida nova que Jesus traz é a vida em abundância na qual todos/as somos convidados/as a ser protagonistas e comunicadores. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Mais de 4 mil cristãos mortos em um ano
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Cristãos oprimidos e discriminados no mundo. Números dramáticos no relatório anual da organização internacional "Portas Abertas/Open doors" sobre as perseguições de cristãos
Cidade do Vaticano
No ano passado, mais de 245 milhões de cristãos foram vítimas de graves perseguições em seus países. Por motivos ligados à fé foram mortas 4.305 pessoas e 3.150 foram presas, condenadas e detidas sem processo. Também foram atacadas 1.847 igrejas e edifícios cristãos.
Coreia do Norte, o país que mais persegue
São números dramáticos, em constante aumento. A pesquisa da organização internacional Portas Abertas, todo ano apresenta a chamada lista “negra” dos 50 países – em 150 controlados – onde os fiéis cristãos são mais oprimidos, vexados, discriminados, alvo de abusos e violências até serem mortos, condicionados na vida privada e pública por causa de sua crença religiosa. Totalizando, são 35 países asiáticos, 15 africanos e 2 latino-americanos.
Perseguições “extremas” em 11 países
A nação mais intransigente no plano religioso é a Coreia do Norte onde se estima que ainda estejam presos nos campos de trabalho entre 50 a 70 mil cristãos. Seguem o Afeganistão e a Somália por serem sociedades islâmicas radicalizadas e com instabilidade política endêmica. Assim como a Líbia, o Paquistão, o Sudão, a Eritreia, o Iêmen, o Irã, a Índia e a Síria. São onze países, segundo a organização Portas Abertas, onde há extrema perseguição de cristãos e de outras minorias.
Autoritarismos, nacionalismos e radicalismo islâmico
Cinco anos atrás apenas a Coreia do Norte fazia parte dessa categoria, sinal de um crescente clima de perseguição em muitas regiões do mundo. Isso deve-se principalmente aos autoritarismos estatais, ao aumento da opressão islâmica e a ascensão de nacionalismos religiosos principalmente hinduístas na Índia e budista em Myanmar. Também devem ser consideradas as oposições comunistas e pós-comunistas na China e no Vietnã e à intolerância social contra expoentes das Igrejas que desafiam a corrupção e os cartéis de drogas, como no México e na Colômbia e também nas zonas rurais por causa de antagonismos tribais.
Nigéria, massacre de cristãos
A África é o continente que mais persegue os cristãos, onde só na Nigéria concentra-se a maior parte dos cristãos mortos, só no ano passado foram 3.731. E a situação está cada vez pior na Líbia, Argélia, Egito, Tunísia, Marrocos e no Chifre da África na Etiópia e Eritreia.
Índia, ataques e agressões diárias
Na Ásia, de cada três cristãos um é perseguido. A China sobe ao 27º lugar da lista e em primeiro lugar pelo número de detentos. A Índia encontra-se no 9º lugar por causa das leis anti-conversão aprovadas em oito Estados, por isso não passa um dia – denuncia Portas Abertas – sem que um cristão ou uma igreja não sofra alguma agressão no país.
No Oriente Médio a situação na Síria agrava continuamente assim como no Iêmen. Na Ásia central destacam-se o Uzebequistão e o Turcomenistão por ataques a igrejas e proibição de reuniões de cristãos. Também aparece em 41º lugar da lista a Federação Russa por causa de algumas leis restritivas sobre a liberdade religiosa e os ataques às igrejas em Daguestão e Tchethênia.
Não à “surdez emotiva”
Portas Abertas pede à comunidade internacional para que acolha o apelo de 245 milhões de cristãos que são perseguidos e também à opinião pública no mundo livre que tome consciência dessa tragédia: “digamos não è surdez emotiva”. Fonte: www.vaticannews.va
Sexta-feira, 18 de janeiro-2019 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 2, 1-12)
1Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3Trouxeram-lhe, então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4Mas não conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5Quando viu a fé daqueles homens, Jesus disse ao paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados". 6Ora, alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7"Como este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus". 8Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: "Por que pensais assim em vossos corações? 9O que é mais fácil: dizer ao paralítico: 'os teus pecados estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te, pega a tua cama e anda'? 10Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados disse ele ao paralítico: 11eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para tua casa!" 12O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus, dizendo: "Nunca vimos uma coisa assim".
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Em Mc 1,1-15, Marcos mostrou como a Boa Nova de Deus deve ser preparada e divulgada. Em Mc 1,16-45, mostrou qual o objetivo da Boa Nova e qual a missão da comunidade. Agora, em Mc 2,1 a 3,6, aparece o efeito do anúncio da Boa Nova. Uma comunidade fiel ao evangelho vive valores que contrastam com os interesses da sociedade envolvente. Por isso, um dos efeitos do anúncio da Boa Nova é o conflito com aqueles que defendem os interesses da sociedade. Marcos recolhe cinco conflitos que o anúncio da Boa Nova de Deus trouxe para Jesus.
*Nos anos 70, época em que ele escreve o seu evangelho, havia muitos conflitos na vida das comunidades, mas elas nem sempre sabiam como comportar-se diante das acusações que vinham da parte das autoridades romanas e dos líderes judeus. Este conjunto de cinco conflitos de Mc 2,1 a 3,6 servia como uma espécie de cartilha para orientar as comunidades, tanto as de ontem como de hoje. Pois o conflito não é um acidente de percurso, mas sim parte integrante da caminhada.
*Eis os esquema dos cincos conflitos que Marcos conservou no seu evangelho:
TEXTOS |
ADVERSÁRIOS DE JESUS |
CAUSA DO CONFLITO |
1º conflito: Mc 2,1-12 2º conflito: Mc 2,13-17 3º conflito: Mc 2,18-22 4º conflito: Mc 2,23-28 5º conflito: Mc 3,1-6 |
Escribas escribas dos fariseus discípulos de João e fariseus fariseus fariseus e herodianos |
perdão dos pecados comer com pecadores prática do jejum observância do sábado cura em dia de sábado |
*A solidariedade dos amigos consegue o perdão dos pecados para o paralítico. Jesus está de volta em Cafarnaum. Juntou muita gente na porta da casa. Ele acolhe a todos e começa a ensinar. Ensinar, falar de Deus, era o que Jesus mais fazia. Chega um paralítico, carregado por quatro pessoas. Jesus é a única esperança deles. Eles não hesitam em subir no telhado e tirar as telhas. Deve ter sido uma casa pobre, barraco coberto de folhas. Eles descem o homem em frente a Jesus. Jesus, vendo a fé deles, diz ao paralítico: Teus pecados estão perdoados! Naquele tempo, o povo achava que defeitos físicos (paralítico) fossem castigo de Deus por algum pecado. Os doutores ensinavam que tal pessoa ficava impura e tornava-se incapaz de aproximar-se de Deus. Por isso, os doentes, os pobres, os paralíticos, sentiam-se rejeitados por Deus! Mas Jesus não pensava assim. Aquela fé tão grande era um sinal evidente de que o paralítico estava sendo acolhido por Deus. Por isso, ele declarou: Teus pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de Deus!” Com esta afirmação Jesus negou que a paralisia fosse um castigo pelo pecado do homem.
*Jesus é acusado de blasfêmia pelos donos do poder. A afirmação de Jesus era contrária ao catecismo da época. Não combinava com a idéia que eles tinham de Deus. Por isso, reagem e acusam Jesus: Ele blasfema! Para eles, só Deus podia perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar alguém perdoado e purificado. Como é que Jesus, homem sem estudo, leigo, simples carpinteiro, podia declarar as pessoas perdoadas e purificadas dos pecados? E havia ainda um outro motivo que os levava a criticar Jesus. Eles devem ter pensado: “Se for verdade o que esse Jesus está falando, nós vamos perder nosso poder! Vamos perder também nossa fonte de renda”.
*Curando, Jesus prova que ele tem poder de perdoar os pecados. Jesus percebeu a crítica. Por isso, pergunta: O que é mais fácil dizer: ‘Teus pecados estão perdoados!’ ou: ‘Levanta-te e anda!’? É muito mais fácil dizer: “Teus pecados estão perdoados”. Pois ninguém pode verificar se de fato o pecado foi ou não foi perdoado. Mas se digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos podem verificar se tenho ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que tinha o poder de perdoar os pecados em nome de Deus, Jesus disse ao paralítico: Levanta-te, toma teu leito e vá para casa! Curou o homem! Assim através de um milagre provou que a paralisia do homem não era um castigo de Deus, e mostrou que a fé dos pobres é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.
*A mensagem do milagre e a reação do povo. O paralítico se levanta, pega seu leito, começa a andar, e todos dizem: Nunca vimos coisa igual! Este milagre revelou três coisas muito importantes: 1) As doenças das pessoas não são castigo pelos pecados. 2) Jesus abre um novo caminho para chegar até Deus. Aquilo que o sistema chamava de impureza já não era empecilho para as pessoas se aproximarem de Deus. 3) O rosto de Deus revelado através da atitude de Jesus era diferente do rosto severo do Deus revelado pela atitude dos doutores.
*Isto lembra a fala de um drogado que se recuperou e agora participa de uma comunidade em Curitiba, Brasil. Ele disse: “Fui criado na religião católica. Deixei de participar. Meus pais eram muito praticantes e queriam que nós, os filhos, fôssemos como eles. A gente era obrigada a ir à igreja sempre, todos os domingos e festas. E quando não ia, eles diziam: "Deus castiga!” Eu ia a contragosto, e quando fiquei adulto, fui deixando aos poucos. Eu não gostava do Deus dos meus pais. Não conseguia entender como Deus, criador do mundo, ficasse em cima de mim, menino da roça, ameaçando com castigo e inferno. Eu gostava mais do Deus do meu tio que não pisava na igreja mas que, todos os dias, sem falta, comprava o dobro de pão, de que ele mesmo precisava, para dar para os pobres!"
4) Para um confronto pessoal
1) Você gostou do Deus do tio ou do Deus dos pais daquele ex-drogado?
2) Qual o rosto de Deus que transparece para os outros através do meu comportamento?
5) Oração final
O que nós ouvimos, o que aprendemos, o que nossos pais nos contaram não ocultaremos a seus filhos; mas vamos contar à geração seguinte as glórias do SENHOR, o seu poder e os prodígios que operou. (Sl 77, 3-4)
Quinta-feira, 17 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo;dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 40-45)
Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: "Se queres tens o poder de curar-me". 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica curado!" 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. 43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: "Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!" 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Acolhendo e curando o leproso Jesus revela um novo rosto de Deus. Um leproso chegou perto de Jesus. Era um excluído, impuro. Devia viver afastado. Quem tocasse nele ficava impuro também! Mas aquele leproso teve muita coragem. Transgrediu as normas da religião para poder chegar perto de Jesus. Ele grita: Se queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta você querer para eu ficar curado!” A frase revela duas doenças: 1) a doença da lepra que o tornava impuro; 2) a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião. Revela também a grande fé do homem no poder de Jesus. Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para curar a solidão, toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um excluído. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero! Seja curado! O leproso, para poder entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um rosto novo de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso. Naquele tempo, quem tocasse num leproso tornava-se um impuro perante as autoridades religiosas e perante a lei da época.
* Reintegrar os excluídos na convivência fraterna. Jesus não só cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver novamente. Reintegra a pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico. Jesus obrigou o leproso a buscar o documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.
* O leproso anuncia o bem que Jesus fez a ele, e Jesus se torna um excluído. Jesus tinha proibido o leproso de falar sobre a cura. Mas não adiantou. O leproso, assim que partiu, começou a divulgar a notícia, de modo que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em lugares desertos. Por que? É que Jesus tinha tocado no leproso. Por isso, na opinião pública daquele tempo, Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte vinham a ele! Subversão total!
* Resumindo. Tanto nos anos 70, época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era e continua sendo importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar a Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua missão. Eis o esquema:
TEXTO |
ATIVIDADE DE JESUS |
OBJETIVO DA MISSÃO |
1. Marcos 1,16-20 |
Jesus chama os primeiros discípulos |
formar comunidade |
2. Marcos 1,21-22 |
o povo fica admirado com o ensino |
criar consciência crítica |
3. Marcos 1,23-28 |
Jesus expulsa um demônio |
combater o poder do mal |
4. Marcos 1,29-31 |
a cura da sogra de Pedro |
restaurar a vida para o serviço |
5. Marcos 1,32-34 |
a cura de doentes e endemoninhados |
acolher os marginalizados |
6. Marcos 1,35 |
Jesus levanta cedo para rezar |
ficar unido ao Pai |
7. Marcos 1,36-39 |
Jesus segue em frente no anúncio |
não se fechar nos resultados |
8. Marcos 1,40-45 |
a cura um leproso |
reintegrar os excluídos |
4) Para um confronto pessoal
1) Anunciar a Boa Nova é dar testemunho da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele anuncia? Ele conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é este testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus. Já tive esta coragem?
5) Oração final
Vinde, prostrados adoremos, de joelhos diante do Senhor que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós o povo sob seu governo, o rebanho que ele conduz. (Sl 94, 6-7)
Igreja jovem, pluricultural e alegre receberá o papa Francisco e cerca de 200 mil jovens de 155 países na JMJ 2019 no Panamá
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Ao pisar em solo panamenho, no próximo dia 23/01, o papa Francisco encontrará uma “Igreja jovem e alegre, autêntica, multiétnica e pluricultural, com uma fé viva, com o compromisso de anunciar o Evangelho”. Desta forma o arcebispo do Panamá, dom José Domingo Ulloa Mendieta, definiu a Igreja que receberá o Sumo Pontífice e os cerca de 200 mil jovens provenientes de 155 países que participarão da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 22 a 27 de janeiro.
O tema desta edição da JMJ é: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38)”. A última edição do evento foi realizada em Cracóvia, na Polônia, de 26 a 31 de julho de 2016. No último dia, na Missa de envio, o Papa Francisco anunciou que a sede da próxima edição seria o Panamá, país localizado na América Central.
O Papa Francisco partirá de Roma no dia 23 de janeiro, desembarcando no Panamá na mesma data. Na quinta-feira, dia 24, receberá as saudações do presidente do Panamá, Juan Carlos Varela Rodríguez e de autoridades do país, além de reunir-se com bispos da América Central. Na parte da tarde, participará da cerimônia de abertura da Jornada Mundial da Juventude de 2019, no Campo Santa María la Antigua – Cinta Costera.
Durante a estadia no Panamá, o Santo Padre terá várias ocasiões para encontrar milhares de jovens. A visita será concluída com a celebração da Santa Missa, no domingo, 27 de janeiro, no grande “Campo San Juan Paul II” – Metro Park, onde são esperados cerca de 250.000 fiéis.
O hino oficial da Jornada Mundial da Juventude do Panamá 2019, intitulado: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim a tua palavra” (Lc 1, 38), foi composto por Abdiel Jiménez, com produção e arranjos de Aníbal Muñoz, e colaboração de Carlos Samaniego e Ricky Ramírez, profissionais com uma grande carreira musical.
“Este evento uniu mais de 4 milhões de panamenhos no amor para seus irmãos, sem distinção de religião ou crenças políticas”, explicou Yithzak Gonzalez, Secretário da Pastoral Juvenil da Conferência Episcopal do Panamá, em uma entrevista concedida ao “Vatican News “.
Um grupo de cerca de mil jovens indígenas provenientes de vários países do mundo se reunirão de 17 a 21 de janeiro de 2019, no território do povo Ngobe de Soloy, na diocese de David, na Jornada Mundial da Juventude Indígenas para compartilhar a mesma fé católica na diversidade de suas culturas ancestrais, suas expectativas e suas lutas.
Segundo a subsecretária de Atenção ao Peregrino da JMJ, Eydin Solanilla são esperados cerca de 500 bispos e quatro mil jornalistas de todo o mundo. Solanilla destacou que o peregrino não só “terá momentos de catequese”, mas também outras opções como “o festival da juventude que terá palcos para que os jovens convivam com a cultura, a música e a arte”. Ela afirmou que quando os jovens peregrinos receberem o guia preparado pela organização, estes terão todas as informações necessárias para organizar o seu itinerário.
O programa da JMJ
A Pré-Jornada ou Dias nas Dioceses será de 17 a 20 de janeiro de 2019. Esta é uma iniciativa opcional que permitirá que os jovens possam compartilhar momentos de oração e celebração com as comunidades eclesiais da igreja local. Na terça-feira, 22 de janeiro, o Arcebispo do Panamá, Dom Domingo Ulloa, presidirá a
Missa de abertura.
Na quarta-feira, 23, haverá catequeses; e será realizado o “Festival da Juventude” um programa religioso, artístico-cultural; o “Festival do Perdão”, local onde haverá confissões à tarde e, à noite, oração em frente à Cruz da JMJ e adoração Eucarística; e, finalmente, uma feira vocacional.
Na quinta-feira, 24, realizarão as mesmas atividades do dia anterior e também haverá uma cerimônia de acolhida ao Papa Francisco.
Na sexta-feira, 25, serão realizadas as mesmas atividades da quarta e da quinta-feira; e a Via Sacra, onde será levada a Cruz da JMJ que foi entregue pelo Papa à delegação do
Panamá.
No sábado, 26, haverá uma vigília de adoração. Finalmente, no domingo, 27, o Papa Francisco presidirá a Missa de encerramento, para a qual são esperadas cerca de 800 mil pessoas. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Quarta-feira, 16 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O. Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 29-39)
Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
32À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: "Todos estão te procurando". 38Jesus respondeu: "Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim". 39E andava por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Jesus restaura a vida para o serviço. Depois de participar da celebração do sábado na sinagoga, Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra dele. A cura fez com ela se colocasse de pé e, com a saúde e a dignidade recuperadas, começasse a servir as pessoas. Jesus não só cura a pessoa, mas cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.
* Jesus acolhe os marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o sábado na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
* Permanecer unido ao Pai pela oração. Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc 5,15-16; 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
* Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado já obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos iam atrás dele. Esta publicidade agradou aos discípulos. Eles vão em busca de Jesus para levá-lo de volta junto do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos te procuram. Pensavam que Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus não atendeu e disse: Vamos para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na tomada das decisões.
* Foi para isto que eu vim! Este foi o primeiro mal-entendido entre Jesus e os discípulos. Por ora, é apenas uma pequena divergência. Mais adiante no evangelho de Marcos, este mal-entendido, apesar das muitas advertências de Jesus, vai crescer e chegar a uma quase ruptura entre Jesus e os discípulos (cf. Mc 8,14-21.32-33; 9,32;14,27). Hoje também existem mal-entendidos sobre o rumo do anúncio da Boa Nova. Marcos ajuda a prestar atenção nas divergências, para não permitir que elas cresçam até à ruptura.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus não veio para ser servido mas para servir. A sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da minha vida um serviço a Deus e aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da sua missão através da oração. E a minha oração?
5) Oração final
Povos todos, louvai o SENHOR, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade do SENHOR dura para sempre. (Sl 116)
Se Cristo voltasse
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O perigo de hoje é que Jesus pareça à vontade nos corredores onde se cozinha a política.
Estátua retrata Jesus Cristo como morador de Rua, no Rio de Janeiro, em novembro de 2018. 'Jesus sem teto', de autoria do canadense Timothy P. Schmalz, foi instalada no jardim da Catedral Metropolitna do Rio FERNANDO FRAZÃO AGÊNCIA BRASIL
Gosto de andar de ônibus dentro da cidade. Como jornalista, acho importante ver e ouvir as pessoas comuns. Quem usa o transporte público, por exemplo aqui na pequena e bela cidade de Saquarema, na região dos Lagos fluminense, costuma pertencer às classes menos favorecidas. São os sem-carro e os sem possibilidade de pagar um táxi. São também os que passam despercebidos.
Nesta manhã, junto a um ponto de ônibus do bairro comercial de Bacaxá, uma mulher com pelo menos 70 anos, que por seu modo de olhar devia sofrer de catarata avançada, estava sentada num engradado de madeira, desses que os mercados põem fora, ao lado de onde se forma a fila para subir ao ônibus. Oferecia para vender, apoiados em seu regaço, três modestos e banais pacotes de quiabo.
Fui resolver uns assuntos e, ao voltar, duas horas depois, a mulher ainda estava lá, sob o sol, esperando que alguém comprasse sua pequena mercadoria. Olhava cada passante como o joalheiro perscruta possíveis compradores de uma pedra preciosa. Já no ônibus, veio-me à memória um comentário que Henrique Rocha Melo deixou dias atrás na página deste jornal no Facebook. Perguntava-se: “Se Jesus viesse hoje, seria chamado de comunista ou seria recebido à bala pelos cidadãos de bem?”. A pergunta era sintomática do clima político e religioso que se vive no Brasil, onde o tema Deus foi colocado no centro do poder.
Refletindo sobre a pergunta do leitor, e com a imagem da mulher dos três pacotes de quiabo ainda na minha retina, pensei que, se Jesus estivesse voltando, como se anuncia às vezes até na traseira dos caminhões de carga, teríamos uma surpresa. Não se trata de saber se seria visto como comunista ou liberal. Sem dúvida, estaria do lado da idosa tão pobre que precisa sair à rua para vender três punhados de hortaliças.
Mas poderíamos nos fazer outra pergunta ainda mais inquietante: se Cristo voltasse, ao lado de quem não estaria? A resposta tampouco é difícil. Não andaria, sem dúvida, de braços dados com quem permite que continuem existindo pessoas abaixo do nível de pobreza. Não estaria ao lado dos que, como acaba de dizer o papa Francisco, “melhor seria se fossem ateus em vez de irem à igreja e continuarem odiando”. Odiando e também se esquecendo da caravana dos excluídos, vítimas do novo capitalismo excludente que vai deixando um rio de “inúteis” à sua passagem. É assim que o autor de Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, Yuval Noah Harari, se refere em seu último livro, 21 Lições Para o Século 21, aos novos proletários da era da inteligência artificial, os que já não servem nem para consumir.
Alguém me perguntará com que direito escrevo que Jesus, se voltasse, estaria do lado da mulher pobre dos quiabos e não dos que se gabam de serem os donos de Deus. Digo isso à luz de evangelhos hoje tão citados em templos e congressos neste país. Escrevo-o recordando como Jesus se comportava com o poder, seja o político ou o religioso, quando tramavam sua morte. Vou recordar apenas dois episódios emblemáticos narrados pelos evangelhos canônicos, autorizados pela Igreja, que os evangélicos e católicos devem conhecer muito bem.
Em Lucas 13, 31 e ss., os amigos de Jesus o aconselham a ir embora da pobre e rural Galileia onde pregava, já que o rei Herodes queria matá-lo. Não explicam o motivo do ódio do tetrarca contra ele, mas fica claro na resposta de Jesus: “Ide, e dizei àquela raposa que continuarei expulsando demônios e curando doentes”. Herodes temia uma insurreição dos pobres e marginalizados que seguiam e aclamavam o profeta.
Na outra passagem, narrada nos quatro evangelhos, é o poder religioso que enfrenta Jesus. Quando viajou à rica e intelectual Jerusalém e entrou no Templo, notou que o local, que devia ser “casa de oração para todas as gentes”, tinha se tornado um “covil de ladrões”. Referia-se aos vendedores de animais para os sacrifícios dos fiéis pobres, e também aos cambistas que traficavam com moedas. Foi a primeira vez que o profeta da paz perdeu a paciência e “derrubou as mesas dos cambiadores”. A reação foi imediata: “Os escribas e príncipes dos sacerdotes, tendo ouvido isto, buscavam ocasião para o matar; pois eles o temiam” (Marcos 11, 15 e ss.). Por que esse medo do poder frente ao desarmado profeta dos últimos?
Hoje, mais de 2.000 anos depois, mais do que querer matar Jesus, o que o poder no Brasil está fazendo é mais sutil e perigoso. É apropriar-se dele, domesticá-lo, usá-lo para seus interesses. O perigo de hoje é que Jesus, em vez de aparecer ao lado de quem precisa vender algo na rua para sobreviver, pareça à vontade nos corredores onde se cozinha a política. Ou nos templos onde se ensina aos humildes e aos pouco escolarizados que Jesus está ao lado dos que triunfam, e não dos perdedores.
Não sei se o profeta galileu, que acabou cravado em uma madeira como um criminoso comum, era ou não anticapitalista. Certamente era anticonsumista. Nem casa tinha. Não deveriam se esquecer disso os religiosos que o profanam ao oferecê-lo como talismã aos governantes. Mais do que nunca, o poder religioso deveria recordar aqui, no Brasil do “Deus acima de todos”, que Jesus tinha pedido a seus seguidores que separassem o trono do altar: “Deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lucas 20, 25). Misturar os dois poderes, colocar Deus como fiador da impunidade, significa montar novas cruzes para poder continuar sacrificando inocentes. A idosa que vendia três pacotes de quiabo na rua, e o que ela simboliza, julga a todos, esquerda e direita, cristãos e ateus. Fonte: https://brasil.elpais.com
Terça-feira, 15 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 21-28)
21Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24"Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus". 25Jesus o intimou: "Cala-te e sai dele"!26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galiléia.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* A sequência dos evangelhos dos dias desta semana. O evangelho de ontem informava sobre a primeira atividade de Jesus: chamou quatro pessoas para formar comunidade com ele (Mc 1,16-20). O evangelho hoje descreve a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt 1,21-22) e o primeiro milagre expulsando um demônio (Mt 1,23-28). O evangelho de amanhã narra a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura de muitos doentes (Mc 1,32-34) e a oração de Jesus num lugar isolado (Mc 1.35-39). Marcos recolheu estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os uniu entre si como tijolos numa parede. Nos anos 70, ano em que ele escreve, as Comunidades necessitavam de orientação. Descrevendo como foi o início da atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para anunciar a Boa Nova. Marcos faz catequese contando para as comunidades os acontecimentos da vida de Jesus.
* Jesus ensina com autoridade, diferente dos escribas. A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas. Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida. Sua palavra tem raiz no coração.
* Vieste para nos destruir! Em Marcos, o primeiro milagre é a expulsão de um demônio. Jesus combate e expulsa o poder do mal que tomava conta das pessoas e as alienava de si mesmas. O possesso gritava: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” O homem repetia o ensinamento oficial que apresentava o messias como “Santo de Deus”, isto é, como um Sumo Sacerdote, ou como rei, juiz, doutor ou general. Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma, enganada pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do comércio. Repete o que ouve dizer. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações em dinheiro, ameaçada pelos cobradores. Muitos acham que sua vida ainda não é como deveria ser se eles não puderem comprar aquilo que a propaganda anuncia e recomenda.
* Jesus ameaçou o espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” O espírito sacudiu o homem, deu um grande grito e saiu dele. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. Faz a pessoa recuperar o seu perfeito juízo (cf. Mc 5,15). Não é nem era fácil, nem ontem, nem hoje, fazer com que a pessoa comece a pensar e atuar diferentemente da ideologia oficial.
* Ensinamento novo! Ele manda até nos espíritos impuros. Os dois primeiros sinais da Boa Nova que o povo percebe em Jesus, são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de Deus, e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para o povo conseguir a pureza. Naquele tempo, uma pessoa declarada impura já não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida por Deus a Abraão. Ela teria que purificar-se primeiro. Esta e muitas outras leis e normas dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura, longe de Deus. Agora, purificadas pelo contato com Jesus, as pessoas impuras podiam comparecer novamente na presença de Deus. Era uma grande Boa Notícia para eles!
4) Para um confronto pessoal
1) Será que posso dizer: “Eu sou plenamente livre, senhor de mim mesmo”? Se não o posso dizer de mim mesmo, então algo em mim é possesso por outros poderes. Como faço para expulsar este poder estranho?
2) Hoje muita gente não vive, mas é vivido. Não pensa, mas é pensado pelos meios de comunicação. Já não tem pensamento crítico. Já não é dono de si mesmo. Como expulsar este “demônio”?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares? (Sl 8, 2.5)
Um rio de fé
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CACÁ DIEGUES
Francisco, ao contrário da intolerância política hoje na moda, dizia que a misericórdia de Deus não tem limites
Em meados de 2013, o Papa Francisco esteve no Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude, encontro de jovens católicos realizado no Rio de Janeiro. O 266º Papa da Igreja Católica, o simpático Jorge Mario Bergoglio, havia sucedido ao misterioso Bento XVI, em fevereiro daquele mesmo ano. Tive a intuição de que, daquela visita, podia sair um filme oportuno e belo. Renata me incentivou a concretizar a ideia. Segundo ela, só nós podíamos realizar um documentário sobre Francisco, pois “o Papa era argentino, mas Deus é brasileiro”. Nosso “Rio de fé”, o título do projeto, foi uma das mais belas experiências cinematográficas de minha vida, infelizmente pouco difundida devido à distribuição precária dos DVDs, plataforma escolhida desde o início do projeto.
Havia algo de original e revolucionário naquele chefe daquela igreja, a mais tradicional da história do cristianismo. Mas não era apenas no que dizia em seus discursos, sermões e conversas com a população. Era sobretudo em seus gestos e iniciativas, que só viravam escândalo depois de praticados, quando finalmente compreendíamos o que havia acontecido. Foi assim o tempo todo, no encontro inaugural com políticos convencionais, depois com fiéis do candomblé, com favelados de uma comunidade considerada perigosa, com meninos, meninas e outros gêneros juvenis, com a multidão que lotou a Praia de Copacabana em sua despedida. Compreendemos que o bem não era monopólio de nenhuma igreja, mas um valor indispensável à sobrevivência da humanidade.
Curiosamente, naquele mesmo ano, o Brasil se mobilizava com as manifestações de rua em defesa dos que não podiam pagar nem mais um centavo pelo transporte que eram obrigados a usar. Um movimento espontâneo que quebrou a ilusão de que um governo “popular” estava provendo tudo de que a nação precisava, que estávamos a caminho da Parusia levados pelas mãos de políticos iluminados. Hoje, parece claro que 2013 marcava a fundação de um novo momento na história social do país. Poucos brasileiros interessados pelo Brasil perceberam isso.
Francisco, ao contrário da intolerância política hoje na moda, dizia que a misericórdia de Deus não tem limites, incluindo aí até quem não crê nele. Esses deviam seguir sua própria consciência para distinguir o bem do mal, o que é imprescindível. O jornalista italiano Eugenio Scalfari, 94 anos, fundador do jornal “La Repubblica” e amigo do Papa argentino, publicou, em 2018, entrevista com Francisco, em que este diz que “não existe um inferno, o que existe é o desaparecimento das almas pecadoras”. Sabemos, por experiência tanto teológica, quanto científica, que Deus criou um universo dinâmico, em constante evolução. Sua preocupação não é apenas com o que é, mas sobretudo com o que virá a ser. A principal linguagem descoberta pelos humanos é a da esperança.
Além da esperança, a humanidade desenvolveu também sua memória histórica, para não se esquecer de como as coisas eram, não se esquecer do que foi bom e do que foi ruim. A memória talvez seja a matéria mais importante da civilização. O corpo do pintor Salvador Dalí, um dos gênios do século XX, foi recentemente exumado para um exame de comprovação de paternidade. A primeira observação do secretário-geral da Fundação Gala-Dalí, assim que havia terminado a exumação, foi a de que o bigode característico do grande artista, morto em 1989, estava “na posição clássica, marcando dez horas e dez minutos”.
Enquanto nossos líderes, como o deputado Rodrigo Amorim, desprezam, subestimam e ofendem os indígenas, desejando que eles deixem o Brasil exclusivo aos herdeiros dos europeus que invadiram com violência e rapinagem o território de todos, o Papa Francisco anuncia seu apoio ao Pacto Global de Migração, proclamado pela ONU, denunciando as restrições a ele como uma volta ao que a humanidade ocidental já foi há mais de cem anos. Esse ataque aos índios é da mesma família de outras discriminações de toda natureza, de raça a ideias. É como se no mundo só coubessem os que são como somos, nosso maior inimigo sendo portanto a diferença. Justamente aquilo que mais enriquece nossa presença no mundo.
Os primeiros homens não sabiam o que era o Sol, para que ele servia. Aí começaram a pensar sobre isso, curiosos a propósito da natureza daquela bola de fogo e o que podiam fazer com ela. A cada descoberta dessa, foi sempre possível melhorar nossa vida material e nos renovar espiritualmente. Aceitar e, eventualmente, vencer o mistério constante levou o homem a se civilizar. É isso que está sempre presente em todas as ideias “chocantes” do Papa Francisco. Fonte: https://oglobo.globo.com
Segunda-feira, 14 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM- ANO LITÚRGICO-C. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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Frei Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 1, 14-20)
14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15"O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!" 16E, passando à beira do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: "Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens". 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
3) Reflexão
* Depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia proclamando a Boa Nova de Deus. João foi preso pelo rei Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um sinal da chegada do Reino. E hoje, será que sabemos ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a Boa Nova de Deus?
* Jesus proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:
- Esgotou-se o prazo! Para os outros judeus o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino poder chegar. Para os fariseus, por exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância da Lei fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o prazo já se esgotou.
- O Reino de Deus chegou! Para os fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois que eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino chegou!” Já estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento, mas sim que já estava aí. Aquilo que todos esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
- Convertei-vos! O sentido exato é mudar o modo de pensar e de viver. Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que começar a pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê olhos novos para ler e entender os fatos.
- Acreditem nesta Boa Notícia! Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser aceita, você só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí, você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de confiança!”. Jesus é de confiança!
* O primeiro objetivo do anúncio da Boa Nova é formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados, Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39; Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa vida!
4) Para um confronto pessoal
1) Um fato político, a prisão de João, levou Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da política e da polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?
2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia!” Como isto está acontecendo na minha vida?
5) Oração final
Tu, Senhor, és o Altíssimo sobre toda a terra, tu és excelso acima de todos os deuses. (Sl 96, 9).
Vaticano cria equipe de atletismo com sacerdotes, freiras e guardas suíços
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A associação desportiva poderá participar das competições europeias. A estreia da chamada Athletica Vaticano será no dia 20, numa corrida de rua em Roma
Sacerdotes, freiras, guardas suíços e outros funcionários laicos do Vaticano literalmente correndo juntos para alcançar o céu. Esse é o espírito da primeira associação desportiva da Santa Sé, chamada Athletica Vaticano, uma equipe de atletismo formado por toda a variedade de trabalhadores da cúria romana, que deseja demonstrar que o esporte pode ser um instrumento de solidariedade.
Não é o único grupo esportivo do Vaticano, que já conta com um time de futebol e outro de críquete, mas é o primeiro com projeção fora dos muros do Estado pontifício. Nasceu em setembro de 2017 pela união espontânea de um conjunto de funcionários, e nesta quinta-feira deu um salto e passou a ser uma associação oficial, filiada à Federação Italiana de Atletismo (FIDAL), onde além disso é o primeiro grupo estrangeiro a ser inscrito. A associação, que conta com 60 sócios, atletas de elite com hábito, batina e passaporte vaticano, assinou também um acordo de colaboração com o Comitê Olímpico Italiano (CONI).
O objetivo, explicou em entrevista coletiva o espanhol Melchor Sánchez de Toca y Alameda, subsecretário do Conselho Pontifício para a Cultura e presidente da Athletica Vaticano, é "se divertir e correr". E também participar de eventos de todo tipo, inclusive internacionais. Graças ao convênio com o CONI, a associação poderá participar das competições da Itália e do resto da Europa. Sua estreia será em 20 de janeiro, numa corrida pelas ruas de Roma — uma prova que tem um significado simbólico: é conhecida como A Corrida do Miguel, e acontece há quase 20 anos na capital italiana em homenagem a Miguel Benancio Sánchez, um dos 30.000 desaparecidos da ditadura militar argentina. Esse corredor, jogador de futebol e poeta foi sequestrado em 9 de janeiro de 1978 por um comando paramilitar, provavelmente por sua militância nas Juventudes peronistas, e nunca mais se soube dele. Seu caso foi especialmente acompanhado na Itália.
Correrão juntos sacerdotes, guardas suíços, freiras e diversos empregados da administração da Santa Sé, de carpinteiros a agricultores, passando por bombeiros, jornalistas, farmacêuticos e funcionários dos Museus Vaticanos, aos quais se somam dois atletas “honorários”: Buba Jallow, um jovem de 21 anos procedente da Gâmbia, e Amsou Cissé, um senegalês de 19. São solicitantes de asilo e vivem num centro de acolhida na periferia de Roma. Além disso, a associação assinou um memorando de entendimento com a Federação Italiana de Esportes Paralímpicos e Experimentais. Com esses gestos pretendem demonstrar que o esporte é capaz de promover a inclusão.
Se esses primeiros passos funcionarem, a meta no horizonte, como confirmou o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, é ambiciosa: levar a bandeira branca e amarela do Vaticano aos Jogos Olímpicos. “O desejo é o de começar de forma gradual e passar de um estado de simples presença a um autêntico estado de competição”, disse Ravasi, que salientou a relação entre o esporte, a solidariedade e a fé. E acrescentou que isso poderia ocorrer num primeiro momento com a participação em eventos específicos como os Jogos do Mediterrâneo e os Jogos dos Pequenos Estados da Europa, para ir subindo progressivamente de nível.
O presidente do CONI, Giovanni Malagò, já lhes deu asas: “Será preciso se filiar a outras federações, mas tenho certeza de que isto acontecerá, hoje [quinta-feira] lançamos uma start-up corajosa e vencedora”, disse na apresentação da associação.
O flerte da Santa Sé com os Jogos Olímpicos já dura um bom tempo. A primeira grande aproximação ocorreu em fevereiro passado, quando uma delegação do Vaticano participou da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang e também, na semana anterior, de reuniões em qualidade de observadora, convidada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) num gesto inédito, em nome da diplomacia do esporte.
É comum escutar o papa Francisco defender os valores do esporte como antídoto para o individualismo e como ajuda para estender pontes e fomentar uma cultura do encontro. Fonte: https://brasil.elpais.com
Catedral de Ribeirão Preto/SP cria "Pastoral da Escuta" para ajudar pessoas tristes
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O projeto visa despertar a busca pelo perdão e a reconciliação das pessoas com elas mesmas
A Catedral Metropolitana São Sebastião de Ribeirão Preto iniciou o projeto “Pastoral da Escuta” para ajudar pessoas que estejam tristes e angustiadas. O anúncio foi realizado por meio do Facebook do padre Francisco Jaber Zanardo Moussa, conhecido como Chico.
O trabalho visa despertar a busca pelo perdão e a reconciliação das pessoas com elas mesmas. A primeira reunião foi realizada nessa última terça-feira, 8, mas deve ocorrer de maneira periódica na igreja. Os dias serão informados durante as missas.
“O grupo é formado por pessoas de boa vontade, com formações diversas, mas com a mesma proposta de estar sempre de braços, ouvidos e corações abertos, para acolher como Jesus acolheu”, comentou Chico.
Segundo o padre, grandes multidões se dirigem às igrejas em busca de conforto espiritual, para lidar com dificuldades de relacionamento, autocrítica exagerada, além de outros problemas, todos eles derivados da pressão contínua imposta pelo mundo atual.
“Todos os que já passaram por uma grande dor, por uma frustração, por problemas diversos com familiares têm reações diversas em relação a essa dor e conhecem bem o valor de um amigo que, mesmo sem ter a solução para tudo, limita-se a escutar. Com a prática, a Pastoral da Escuta da Catedral pretende despertar a busca pelo perdão e a reconciliação da pessoa com ela mesma e com Deus”, finaliza o padre.
Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto
Onde: Rua Florêncio de Abreu, s/nº, Centro.
Mais informações: (16) 3625-0007.
Fonte: https://www.revide.com.br
O episcopado no Brasil: 480 bispos e 307 membros efetivos da CNBB
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A Igreja no Brasil conta, atualmente, com 480 bispos. Eles podem ser divididos a partir de suas diversas formas de vinculação às Igrejas Particulares ou condições definidas no Código de Direito Canônico. A partir desta classificação, chega-se ao número de membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): 307.
O levantamento cruza os dados disponíveis na Secretaria Técnica da CNBB com a pesquisa contínua do chefe do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC-SP), professor Fernando Altemeyer Junior.
Bispos do Brasil
São 78 arcebispos metropolitanos no Brasil, que podem ser divididos em quatro grupos: os cardeais arcebispos na ativa (3), os cardeais arcebispos eméritos (6), os arcebispos metropolitanos (42) e os arcebispos eméritos (27).
Os bispos diocesanos são 399 (261 na ativa e 138 bispos eméritos). Estão assim divididos de acordo com suas funções: 203 bispos diocesanos de rito latino, 2 bispos das eparquias orientais (ritos maronita e ucraniano), 1 exarca apostólico de toda América Latina do rito armênio presente em Buenos Aires e São Paulo, 45 bispos auxiliares, 1 coadjutor e 9 prelados, que são os bispos das prelazias.
Entra na contagem o bispo responsável pela administração apostólica pessoal São João Maria Vianney, dom Fernando Arêas Rifan, cuja circunscrição eclesiástica não tem caráter territorial, como as dioceses. Será ainda contabilizado o recém-nomeado para a diocese de União da Vitória (PR), monsenhor Walter Jorge Pinto, quando receber a ordenação episcopal.
Já são 139 bispos eméritos no Brasil, além dos arcebispos eméritos citados acima. Estão assim distribuídos: 119 bispos diocesanos eméritos, nove bispos auxiliares eméritos, um eparca e dez prelados eméritos.
CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil está estruturada de acordo com as normas do Código de Direito Canônico. Assim, fazem parte da CNBB todos os bispos diocesanos do território e os equiparados em direito, como coadjutores, os auxiliares e os outros bispos titulares “que no mesmo território exercem um múnus peculiar que lhes foi confiado pela Sé Apostólica ou pela Conferência episcopal”, lê-se no cânon 450 do CDC. De acordo com as normas da Igreja, podem ser convidados ainda para a Conferência Episcopal os Ordinários de outro rito, como é o caso dos eparcas, exarcas dos ritos armênio, maronita, ucraniano e oriental.
No caso dos bispos eméritos, são considerados “membros convidados ou honorários”, uma vez que participam de atividades da conferência, como a Assembleia Geral, com direito a voz, mas não a voto.
Desta forma, são os 307 membros efetivos da CNBB: os 3 cardeais arcebispos (dom Odilo Pedro Scherer, dom Orani Tempesta e dom Sergio da Rocha), os 42 arcebispos metropolitanos, os 261 bispos diocesanos e o bispo da administração apostólica pessoal São João Maria Vianney.
Religiosos e diocesanos
Professor Altemeyer ainda contabiliza a origem dos bispos, se diocesanos ou religiosos: “os bispos oriundos do clero diocesano são 282 pessoas, ou seja, 59% do episcopado. E os que pertenceram a uma ordem ou congregação de vida consagrada são 197 pessoas, ou seja, 41% do episcopado brasileiro”. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Apunhalam sacerdote idoso para roubar oferta de sua paróquia
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LA PAZ, 08 Jan. 19. Um sacerdote de 78 anos ficou gravemente ferido após ser apunhalado por um grupo de marginais que tentou roubar a oferta de domingo recolhida em sua paróquia na cidade de Trinidad (Bolívia).
O crime ocorreu por volta das 23h35 de domingo, 6 de janeiro, na paróquia da Santa Cruz, Vicariato Apostólico de Beni.
A vítima é Pe. Adan Bravo, mais conhecido como Padre Tory. Ele é sacerdote há 50 anos e é o primeiro presbítero diocesano do Vicariato de Beni. Além de ser responsável pela paróquia da Santa Cruz, é responsável pelo Santuário de Loreto, do mesmo departamento.
"Eles queriam pegar a oferta recolhida no domingo. Entraram três pessoas e uma apunhalou o sacerdote com uma faca de serra na barriga", relatou Reynaldo Leigue Ortiz, sacristão da paróquia, ao jornal nacional El Deber
Acredita-se que os marginais tenham entrado na igreja depois de quebrar o vidro da porta principal, conseguindo assim abrir a maçaneta por dentro.
De acordo com o relatório policial, a primeira pessoa a entrar na igreja foi Luis Javier Cuéllar Coimbra, de 21 anos, e após 10 minutos de sua entrada na igreja começou a se escutar gritos de socorro.
Como indicado, o sacerdote foi apunhalado porque resistiu ao roubo e os impediu de levar o dinheiro.
"Os vizinhos se aproximaram das janelas da paróquia e ouviram barulho de movimento nas cadeiras. Pe. Adan Bravo Mendoza conseguiu acender a luz e o viram sangrando na região do abdômen. E também conseguiram ver o sujeito que cometeu o delito, Javier Cuéllar, que saiu tranquilamente da igreja pela porta principal", diz o relatório, de acordo com informações fornecidas ao Grupo ACI por Romyta Suáarez, jornalista do Vicariato Apostólico de Beni.
Acrescenta que os vizinhos pediram ajuda e o sujeito fugiu, mas "a dois quarteirões de distância, na altura da avenida Bolívar, foi detido por populares".
Pe. Bravo foi levado imediatamente ao Hospital Obrero, onde foi operado para evitar que se desenvolvesse uma infecção interna por causa da perfuração que atingiu o intestino grosso.
A intervenção teve sucesso e informaram que a sacerdote permanece no hospital em boas condições e em repouso, acompanhado por familiares e amigos.
Fonte: https://www.acidigital.com
Entenda como o Papa João Paulo II impediu uma guerra entre Chile e Argentina, há 40 anos
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POR STÉFANO SALLES
Uma antiga disputa pela posse de Nueva, Picton e Lennox, três pequenas ilhas do Estreito de Beagle, além dos limites do Canal de Drake, por pouco não fizeram Argentina e Chile entrarem em guerra às vésperas do Natal de 1978. No dia 22, quando tropas argentinas já estavam prontas para invadir o país vizinho, chegou de Buenos Aires a ordem para suspender a ação. A trégua aconteceu em atenção a um pedido do então Papa João Paulo II, que assumira o cargo havia apenas dois meses. O Pontífice enviou um de seus homens de confiança, o cardeal italiano Antonio Samore, chefe dos arquivos e da Biblioteca do Vaticano, para auxiliar na mediação e, no dia 8 de janeiro, há 40 anos, os dois países assinaram o Acordo de Montevidéu. Era o primeiro passo para a resolução da controvérsia.
Àquela altura, os dois países eram governados por regimes ditatoriais e populistas: Augusto Pinochet presidia o Chile e Fernando Videla, a Argentina. A disputa pela soberania da área era antiga: em 1881, os dois países assinaram o acordo "Paz de los estrechos", que deixava uma série de lacunas, agravadas pela reação argentina ao laudo da mediação britânica, anos antes da Guerra das Malvinas. O documento concluiu que a ilhas pertenciam ao Chile, mas que a Argentina tinha direito a uma fração do canal. O fato não foi bem recebido em Buenos Aires por duas razões: as ilhas eram percebidas como estratégicas para o acesso à Antártida. Além disto, acreditava-se que eram detentoras de grandes reservas de petróleo.
Cônsul-geral do Brasil em Milão, na Itália, o embaixador Eduardo dos Santos se dedicou ao tema no Curso de Altos Estudos do Itamaraty. Sua dissertação "Entre o Beagle e as Malvinas" foi publicada em 2016 pela Funag. Em entrevista ao Blog do Acervo, ele lembra que a recusa da Argentina em aceitar o laudo arbitral foi mal recebida pela comunidade internacional.
- Nos termos do tratado anterior, as ilhas realmente pertenciam ao Chile, mas havia muitas ambiguidades, não havia mapas e nem mesmo o traçado do canal. A controvérsia durou boa parte do século XX. Em vez de decidir, a coroa britânica convocou, em concordância com as partes, um painel de cinco juízes da corte internacional de justiça, de Haia, que demorou quase seis anos para decidir. Foi uma reação muito negativa, só evitada pela interferência do Vaticano. Os argentinos estavam prontos para bombardear Santiago e os chilenos já tinham levantado tropas. Foi uma crise pré-bélica - lembra.
No dia 23 de dezembro de 1978, O GLOBO trazia a matéria "Papa envia emissário a Beagle para obter paz". O texto dizia: "Na audiência que concedeu ontem, no Colégio de Cardeais, o Papa comunicou que tanto o governo Jorge Videla quanto o de Augusto Pinochet haviam concordado em receber o 'emissário da paz'. Lembrou que os dois governos haviam solicitado há algum tempo a mediação da Santa Sé, mas 'esse propósito comum não pôde concretizar-se por logo terem surgido dificuldades'.
Ao longo do tempo, as principais justificativas geopolíticas para o confronto perderam força. O Tratado da Antártida, atualmente, assinado por 24 países, suspendeu as pretensões de soberania sobre territórios do continente. E não há notícias sobre a existência de jazidas relevantes de petróleo ou gás natural no Estreito de Beagle, diferentemente do que acontece nas Ilhas Malvinas, onde o Reino Unido já iniciou perfurações.
- Naquela região do Estreito de Beagle há uma cidade argentina: Ushuaia. Por muito tempo o Chile defendia a tese que a Argentina tinha direito apenas à fronteira seca, as águas não seriam dela. E os argentinos defendiam ter direito à navegabilidade. Acabaram vencendo nisto: o laudo mostrou que o canal pertence, metade à Argentina, metade ao Chile. A fronteira é a linha média - explica dos Santos.
A edição do GLOBO de nove de janeiro de 1979 registrava o tratado e o fim das tensões, com a matéria "Crise de Beagle: Argentina e Chile chegam a acordo". O texto dizia: "Os ministros do Exterior da Argentina, Carlos Pastor, e do Chile, Hernán Cubillos, reuniram-se ontem na capital uruguaia com o emissário do Vaticano, cardeal Antonio Samore, para assinar um documento em que seus países se comprometem a não recorrer 'à força' em suas relações e a promover um retorno gradual à situação militar existente no início de 1977, abstendo-se de adotar medidas que possam alterar a harmonia em qualquer setor. Simultaneamente, os dois chanceleres solicitaram formalmente a mediação do Papa João Paulo II para seus litígios de limites na região do Canal de Beagle".
Antes do pacto, também foram realizadas missões por parte da ONU e dos EUA para evitar o conflito. O Brasil permaneceu neutro e só se posicionou com notas, nas quais fez apelos por uma solução pacífica. Após o Acordo de Montevidéu, os dois países ainda demoraram mais cinco anos para chegarem a um tratado definitivo.
Eduardo dos Santos nega que a disputa pelo Canal de Beagle tenha sido o principal combustível da rivalidade estabelecida entre chilenos e argentinos:
- As relações entre os países sul-americanos sempre se deram muito à base da desconfiança. Essa rivalidade existe desde o século XIX, mas melhorou muito. Com o retorno da democracia, essas questões foram sendo resolvidas. O clima de rivalidade eu diria que está superado, e o Mercosul ajudou muito nisto, com as iniciativas de integração. O que há hoje é um vestígio dela, uma competição nos âmbitos cultural e comercial, o que é até sadio - conclui o embaixador. Fonte: https://blogs.oglobo.globo.com
Os padres podem tirar férias?
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As férias de um sacerdote são como as férias de uma mãe: entenda por quê
Sabemos que os padres são padres durante a vida inteira, o ano inteiro, o tempo todo, nas 24 horas do dia, pois nunca se esquecem de que a prioridade da vida sacerdotal é a dedicação plena a Deus e ao seu reino; portanto, é uma dedicação permanente. Neste sentido, o sacerdote não tem férias ou descanso.
No entanto, o Código de Direito Canônico diz que os padres devem ter anualmente um devido e suficiente tempo de férias (cânon 283, 2). Isso responde às determinações do Concílio Vaticano II (“Presbyterorum Ordinis”, 20).
Cabe recordar eu grande parte dos serviços ministeriais não podem ser interrompidos pelas férias dos padres, e o Código de Direito Canônico prevê a devida e necessária suplência. É uma necessidade e um dever de justiça que o Papa, os bispos, os sacerdotes e diáconos, como qualquer outra pessoa, tenham direito a um devido e suficiente tempo de férias, um tempo para respirar outros ares, para depois voltar às suas ocupações e atender, entre outras obrigações, o escritório paroquial cheio de gente necessitada em qualquer aspecto da vida.
Este direito é inviolável, indiferentemente da crise de vocações que a Igreja mais ou menos vive em uma ou outra realidade do mundo. Os sacerdotes têm direito a esse tempo, pois eles trabalham ou estão disponíveis para o serviço pastoral praticamente todos os dias do ano.
Quanto tempo devem durar as férias?
O Direito Canônico (cânon 533, 2) dá ao sacerdote o direito de ausentar-se da paróquia pelo período de um mês, em regime de férias, salvo que obste uma causa grave. Ainda que os padres possam tirar 30 dias de férias, é muito difícil que o façam de maneira completa ou ininterrupta; alguns não têm esse tempo e outros não querem fazê-lo. Então, cada um decidirá o tempo que mais lhe convém, dependendo das circunstâncias e necessidades de cada um.
Muitos padres moram em outros países e chegam a ficar anos longe de suas famílias. Alguns utilizam o tempo de férias para realizar algum tratamento médico, outros para solucionar assuntos pessoais, outros para formação, para fazer alguma peregrinação especial etc.
Este tempo de férias é curto quando comparado aos dias de folga dos leigos, que têm, além de suas férias, dois dias livres por semana, sem contar os dias festivos de caráter religioso – quando os padres mais trabalham.
Férias de mãe
No entanto, quando um padre está de férias, ele não deixa de exercer seu ministério no lugar onde se encontrar; suas férias são apenas uma ausência temporal da sua respectiva paróquia.
Um sacerdote pode tirar férias de sua função de pároco, mas jamais tira férias da sua vocação de padre. Ser pároco é uma função específica, mas ser padre é uma vocação; não se pode deixar de ser sacerdote.
É óbvio que isso não exclui que o sacerdote possa ter momento de relax, de exercício físico, passeios etc. Mas suas férias são como “férias de mãe”: uma mãe pode ir a qualquer lugar, mas continua igualmente sendo mãe e velando sempre pelos seus filhos, em todo sentido da palavra.
Mais ainda: há padres que dedicam suas férias a substituir outros padres, em espírito de caridade fraterna.
Outra coisa a ser levada em consideração é que o sacerdote, durante este período de férias, não se desentende totalmente da sua realidade pastoral, pois, além de deixar tudo organizado e previsto, continua em contato com os que o substituem em com os demais agentes pastorais da paróquia.
Os paroquianos precisam ser compreensivos se a intensidade da vida paroquial diminuir devido à ausência temporal do pároco. O tempo de férias precisa ser vivido com coerência. Não é um período para secularizar-se, nem um tempo para deixar de estar vigilantes, porque o demônio não descansa nunca.
O que o sacerdote – como qualquer outra pessoa – precisa fazer para ter autênticas férias, é apoiar-se em Jesus Cristo. Fonte: https://pt.aleteia.org
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