21º Domingo do Tempo Comum (Mt 16, 13-20): Um Olhar. Dia do Catequista.
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Comentário de Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista/RJ.
Eu não quero esse Jesus Cristo...
Eu não quero este Jesus Cristo que fala alto nos palanques e na TV, corre, condena, grita e transforma a sua mensagem em poluição audiovisual. Não, o meu Jesus não é o Jesus do marketing, dos grandes shows, da corrida pelo ibope. Ele não é fashion, não tem cor. Ele ultrapassa as religiões, os ritos, os dogmas, ama a todos sem pré-conceitos, fala pouco, perdoa, contempla e ora. Passa na brisa suave e mora nas favelas, nas florestas, nos morros, nas montanhas e no silêncio da madrugada triste das penitenciárias, dos abrigos e das casas de recuperação dos drogados.
Eu não quero este Jesus dos templos televisivos. Não, o meu Jesus Caminha com o mendigo no silêncio da noite, sorri com o ancião abandonado em um asilo, dorme com os menores nos viadutos das grandes metrópoles. Silencia na dor dos índios, na saudade dos migrantes, nas alegrias e tristezas do agricultor. Ele ressuscita na luta de cada comunidade, no grito dos homossexuais espancados, das prostitutas, travestis, das lésbicas e drogados. Sim, o meu Jesus é trindade e se faz presente em cada grupo social na marcha contra os políticos corruptos e desumanos.
Eu não quero este Jesus Cristo competitivo no mercado financeiro da marca Bombril, com mil e uma utilidades. Eu fujo do sagrado comercial e sexualmente sedutor, consumido e comido nas fartas mesas do sistema econômico. Não, o meu Jesus não tem preço ou marca, Ele não se queima, não se corrompe e não se vende. Ele é frágil, humilde, carinhoso, misericordioso, manso, pequenino e só os puros de coração poderão ver e contemplá-lo.
Eu não quero este Jesus Cristo pop estar estampado nas camisetas, disputando espaço com a Madonna, o Pelé, o Justin Bieber, o Neymar, a Lady Gaga e todos os artistas e personalidades mundiais. Não, o meu Jesus não gosta de ser reconhecido. Ele não é o super-homem, ao contrário, foi condenado e crucificado em uma cruz. O meu herói caminha com os presos políticos, com os mutilados, desesperados e sedentos de paz e igualdade social.
Eu não quero este Jesus Cristo do cinema 3D, HD e digital que enriquece empresários do sagrado e transforma os seguidores em fanáticos. Não, o meu Jesus não tem tablet, aiphone ou iPad. Ele vive escondido em um pequeno casebre castigado pelas enchentes, sofre com a seca, as chacinas, a prostituição infantil e as epidemias, chora com os aidéticos e vive a procura de um pedaço de terra e de um teto para morar. Ele é o mesmo de ontem, de hoje e de sempre, porém, muitos não o aceitam, não o procuram e fecham os olhos para não o ver.
Comentário do italiano Enzo Bianchi, fundador da Comunidade de Bose.
O relato é denso, fruto do testemunho sobre o evento, mas também da meditação da Igreja de Mateus, que aprofunda cada vez mais o mistério de Cristo. Jesus vai com os discípulos aos territórios de Cesareia, a cidade fundada 30 anos antes pelo tetrarca Filipe, filho de Herodes, o grande, aos pés do monte Hermon. E, exatamente lá onde César é venerado como divino, precisamente em uma cidade edificada em sua honra, eis a ocasião para a pergunta sobre Jesus: quem é verdadeiramente Jesus? É ele mesmo quem faz essa pergunta aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem”?
Os discípulos relatam que as pessoas pensam que Jesus é um profeta, um dos grandes profetas presentes na memória coletiva de Israel: talvez Elias, que era esperado, talvez Batista, morto por Herodes, mas que voltou à vida (Mt 14, 1-12), ou talvez Jeremias, visto que, como ele (cf. Jr 7), Jesus proferia palavras contra o templo de Jerusalém.
A pergunta de Jesus não tinha como propósito obter como resposta uma fórmula doutrinal, muito menos dogmática, mas pedia aos discípulos para manifestar a sua relação com ele, o seu envolvimento com a sua vida, a confiança que punham no seu rabi. Sim, quem é Jesus? É uma pergunta que devemos nos fazer e refazer ao longo dos dias.
Pedro teve por graça o dom do discernimento, viu bem quem era Jesus e, por isso, pode ser a primeira pedra, aquela que marca a solidez de toda a construção, um homem capaz de reforçar e confirmar os irmãos, também por ser, por sua vez, sustentado e confirmado pela oração de Jesus (Lc 22, 32).
Nessa passagem, aparece a palavra “Igreja”, que retornará apenas mais uma vez em todos os Evangelhos, também em Mateus (Mt 18, 17). Igreja, ekklesía, significa assembleia dos chamados-por este é o nome dado pelos heleno-cristãos às suas comunidades, também para se diferenciarem da sinagoga (assembleia) dos judeus não cristãos. Pois bem, a Igreja tem Jesus como construtor – “Eu construirei a minha Igreja” – e ela lhe pertence para sempre: nunca será nem de Pedro nem de outros, mas de propriedade do Senhor (Kýrios).
Comentário de Adroaldo Palaoro, sacerdote jesuíta.
A pergunta “quem é Jesus” não pode ser respondida simplesmente com os dogmas. A resposta deve ser prática, brotar do chão da vida. Nossa vida é a que tem que dizer quem é Jesus Cristo para nós. “Que diz tua vida de mim”?
Do esforço dos primeiros séculos da Igreja por compreender a Jesus, devemos fazer nossas, não as respostas que deram, mas as perguntas que foram feitas.
A verdadeira pergunta é: “que é, que significa Jesus Cristo em nossa vida”? Não basta dizer que cremos em Jesus. É preciso nos perguntar: em que Jesus cremos e quem é Jesus para nós?.
O Poder das chaves. Comentário do Pe. Johan Konings, Jesuíta.
Costumamos dizer que o papa detém o poder das chaves. Mas que significa isso? A liturgia de hoje nos ajuda a compreender melhor esse tema.
Pela primeira leitura, aprendemos que o poder das chaves significa a administração da casa ou da cidade. O administrador do palácio do rei, Sobna, será substituído por Eliacim, que receberá as chaves da casa de Davi.
No evangelho, Pedro, em nome dos doze apóstolos, proclama Jesus Messias e Filho de Deus. Jesus, em compensação, proclama Pedro fundamento da Igreja e confia-lhe as chaves do Reino dos Céus. Dá-lhe também o poder de ligar e desligar, o que significa obrigar e deixar livre, ou seja, o poder de decisão na comunidade (em Mt 18,18, esse poder é dado à Igreja como tal).
As chaves do Reino dos Céus significam o ministério ou serviço pastoral; portanto, uma realidade no nível da fé. Nessa expressão, Reino dos Céus não é o céu como vida do além, mas o Reino de Deus (os judeus chamavam a Deus de os Céus). Trata-se do Reino de Deus entendido como comunidade, contraposta às portas do inferno, a cidade de satanás, que não prevalecerá sobre a comunidade cujas chaves Pedro recebe.
Trata-se, pois, de duas cidades que se enfrentam aqui na terra. Pedro é o prefeito da cidade de Deus aqui na terra. Respondendo pelos Doze, administra as responsabilidades da fé e da evangelização. Na medida em que a Igreja realiza algo do Reino de Deus neste mundo, Jesus pode dizer que Pedro tem as chaves do Reino dos Céus, isto é, do domínio de Deus. Ele administra a comunidade de Deus no mundo.
Quem exerce esse serviço hoje é o papa, bispo de Roma e sucessor de Pedro. Mas já os antigos romanos diziam: o prefeito não deve se meter nas mínimas coisas. Pedro e seus sucessores não exercem sua responsabilidade sozinhos. A responsabilidade ordinária está com os bispos, como pastores das igrejas particulares (= dioceses). É o que se chama de colegialidade dos bispos. O bispo de Roma, irmão eleito entre seus pares, deve cuidar especificamente dos problemas que dizem respeito a todas as igrejas particulares. O papa é o Servo da Unidade.
Há quem não goste de que se fale em poder na Igreja, muito menos no poder papal. Mas quem já teve de coordenar algum serviço sabe que precisa de autoridade, pois senão nada acontece. No desprezo da administração pastoral da Igreja pode haver um quê de antiautoritarismo juvenil. Aliás, os jovens de hoje, pelo menos de modo confuso, já estão cansados do antiautoritarismo e percebem a falta de autoridade.
Sem cair no autoritarismo de épocas anteriores, convém ter uma compreensão adequada da autoridade como serviço na Igreja. O evangelho nos ensina que essa autoridade está intimamente ligada à fé. Pedro é responsável pelo governo porque respondeu pela fé dos Doze. Por outro lado, se é verdade que Pedro e seus sucessores têm a última palavra na responsabilidade pastoral, eles devem também escutar as penúltimas palavras de muita gente. Devemos chegar a uma obediência adulta na Igreja: colaborar com os responsáveis num espírito de unidade, sabendo que se trata de uma causa comum, não nossa, mas de Deus. Nem mistificação da autoridade, nem anarquia.
Grito dos Excluídos/as 2017. CNBB solicita “efetivo apoio”
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"O Grito dos Excluídos/as é o Grito dos pobres e descartados/as da sociedade capitalista neoliberal: uma sociedade estruturalmente injusta e perversa! O Grito dos Excluídos/as é o Grito do Brasil, é o nosso Grito, é o Grito de Jesus de Nazaré" escreve Frei Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia (UFG).
Eis o artigo.
No dia 12 de julho passado, o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB, Dom Guilherme Antônio Werlang (Bispo de Ipameri - GO), enviou uma Carta, dirigida aos “Cardeais, Arce/Bispos, Agentes de Pastoral e Lideranças”, solicitando “efetivo apoio” das Dioceses, Paróquias e Comunidades ao Grito dos Excluídos/as 2017.
A Carta começa fazendo uma breve memória do evento: “O Grito dos Excluídos/as chega ao seu 23º ano, fruto da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo tema era ‘Fraternidade e os Excluídos/as’ e o lema: ‘Eras tu, Senhor?’. Ao contemplar as faces da exclusão na sociedade brasileira, setores ligados às Pastorais Sociais da Igreja optaram por estabelecer canais de diálogo permanente com a sociedade promovendo, a cada ano, na semana da Pátria, o Grito dos Excluídos/as”.
Continua a Carta: “O Grito dos Excluídos/as não quer se limitar ao sete de setembro. Vai muito além. Em preparação ao evento são promovidas rodas de conversa, seminários, fóruns temáticos e conferências, envolvendo entidades, instituições, movimentos e organizações da sociedade civil, fortalecendo as legítimas reivindicações sociais e reforçando a presença solidária da Igreja (reparem: a presença solidária da Igreja!) junto aos mais vulneráveis, sintonizando-a aos seus anseios e possibilitando a construção de uma sociedade mais justa e solidária”.
Fazendo uma breve análise do momento histórico que vivemos, a Carta - em tom profético - anuncia e denuncia: “Em 2017, o 23º Grito dos Excluídos/as tem como lema ‘Por direitos e democracia, a luta é todo dia’. Vivemos tempos difíceis. Os direitos e os avanços democráticos conquistados nas últimas décadas, frutos de mobilizações e lutas, estão ameaçados. O ajuste fiscal, as reformas - trabalhista e da previdência - estão retirando direitos dos trabalhadores para favorecer aos interesses do mercado. O próprio sistema democrático está em crise, distante da realidade vivida pela população”.
Enfim, a Carta faz um agradecimento e um novo apelo: “Agradecemos aos senhores pelo apoio recebido ao longo destes anos e nos comprometemos a continuar gritando pela ‘vida em primeiro lugar’. Agora, solicitamos-lhes, mais uma vez, o efetivo apoio (reparem novamente: o efetivo apoio!) ao Grito dos Excluídos/as 2017”.
Conclui reconhecendo que o Grito dos Excluídos/as “é uma iniciativa que desperta para a solidariedade, para a organização e que renova a esperança dos pobres e os torna sujeitos de uma nova sociedade, sinal do Reino de Deus”.
Sobre o envolvimento com os Movimentos Populares, os cristãos e cristãs ouçamos o convite do Papa Francisco e sigamos o seu testemunho.
O convite: “Soube que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos Movimentos Populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vocês, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada Diocese, em cada Comissão ‘Justiça e Paz’, uma colaboração real, permanente e comprometida com os Movimentos Populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este Encontro” (Discurso aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).
O testemunho: “Assistimos ao vídeo que vocês apresentaram como conclusão do 3º Encontro. Vimos os rostos de vocês nos debates sobre o modo de enfrentar ‘a desigualdade que gera violência’. Tantas propostas, muita criatividade e grande esperança na voz de vocês, que talvez tivesse mais motivos para se queixar, permanecer emudecida nos conflitos, cair na tentação do negativo. E, no entanto, vocês olham para a frente, pensam, debatem, propõem e agem. Congratulo-me com vocês, acompanho vocês (reparem mais uma vez: acompanho vocês!) e peço-lhes que continuem a abrir caminhos e a lutar. Isto me dá força, dá-nos força. Penso que este nosso diálogo, que se acrescenta aos esforços de muitos milhões de pessoas que trabalham diariamente pela justiça no mundo inteiro, começa a ganhar raízes” (Discurso aos participantes do 3º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Roma, 05/11/16). Quanta simplicidade, quanta abertura e quanta confiança encontramos nas palavras do nosso irmão Francisco! Meditemos!
O Grito dos Excluídos/as é o Grito dos pobres e descartados/as da sociedade capitalista neoliberal: uma sociedade estruturalmente injusta e perversa! O Grito dos Excluídos/as é o Grito do Brasil, é o nosso Grito, é o Grito de Jesus de Nazaré!
Militantes dos Sindicatos de Trabalhadores/as, dos Movimentos Populares, das Pastorais Sociais, das Comunidades e outras Organizações da sociedade civil, participemos do Grito dos Excluídos/as! A presença de cada um e cada uma de nós fará a diferença e fortalecerá a luta! Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
BORBOREMA: Padre Assassinado.
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Papa Francisco: A Reforma da Liturgia.
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Não basta reformar os livros litúrgicos para renovar a mentalidade (...), a educação litúrgica de Pastores e fiéis é um desafio a ser enfrentado sempre de novo”." Depois deste magistério e depois deste longo caminho, podemos afirmar com segurança e com autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível”, disse Papa Francisco ao encontrar na manhã desta quinta-feira na Sala Paulo VI os participantes da Semana Litúrgica Nacional italiana, o Papa Francisco falou sobre a irreversibilidade da reforma litúrgica, recordando - ao começar seu pronunciamento - os acontecimentos “substanciais e não superficiais” ocorridos no arco dos últimos 70 anos na história Igreja e em particular, “na história da liturgia”.
O Concílio Vaticano II e a reforma litúrgica – disse o Papa – são dois eventos diretamente ligados, “que não floresceram repentinamente, mas foram longamente preparados”, como testemunha o movimento litúrgico “e as respostas dadas pelos Sumos Pontífices às dificuldades percebidas na oração eclesial”. “Quando se percebe uma necessidade – observou – mesmo se não imediata a solução, existe a necessidade” de começar a fazer algo.
Francisco começa por citar, neste sentido, São Pio X, que dispôs uma reordenação da música sacra e a restauração celebrativa do domingo, além de instituir “uma comissão para a reforma geral da liturgia, consciente de que isto comportaria” um grande e longo trabalho, mas que daria “um novo esplendor” à dignidade e harmonia do “edifício litúrgico”.
Um projecto reformador que foi retomado mais tarde por Pio XII com a Encíclica Mediator Dei e a instituição de uma comissão de estudo, sem falar em decisões como “a atenuação do jejum eucarístico, o uso da língua viva no Ritual, a importante reforma da Vigília Pascal e da Semana Santa”.
O Concílio Vaticano II fez amadurecer mais tarde – recordou o Papa - “como bom fruto da árvore da Igreja, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium”, cujas linhas da reforma geral respondiam às necessidades reais e à concreta esperança de uma renovação, “para que os fiéis não assistam como estranhos e mudos espectadores a este mistério de fé, mas compreendendo-o por meio dos ritos e das orações, participem da acção sagrada conscientemente, piamente e ativamente (SC, 48)”.
O Papa recorda que “a direcção traçada pelo Concílio encontrou forma, segundo o princípio do respeito da sã tradição e do legítimo progresso nos livros litúrgicos promulgados pelo Beato Paulo VI”, já há quase 50 anos “universalmente em uso no Ritual Romano.
E a aplicação prática, guiada pelas Conferências Episcopais para os respectivos países, está ainda em andamento, pois não basta reformar os livros litúrgicos para renovar a mentalidade”:
“Os livros reformados por norma dos decretos do Vaticano II, introduziram um processo que requer tempo, recepção dos fiéis, obediência prática, sábia atuação celebrativa por parte, antes, dos ministros ordenados, mas também dos outros ministros, dos cantores e de todos aqueles que participam da liturgia. Na verdade, o sabemos, a educação litúrgica de Pastores e fiéis é um desafio a ser enfrentado sempre de novo”.
“O próprio Paulo VI, um ano antes de sua morte – recordou o Papa – dizia aos Cardeais reunidos em Consistório: “Chegou o momento, agora, de deixar cair definitivamente os fermentos desagregadores, igualmente perniciosos em um sentido e em outro, e de aplicar integralmente nos seus justos critérios inspiradores, a reforma por nós aprovada em aplicação aos votos do Concílio”. E completou:
“E hoje ainda há trabalho a ser feito nesta direção, em particular redescobrindo os motivos das discussões realizadas com a reforma litúrgica, superando leituras infundadas e superficiais, recepções parciais e práticas que a desfiguram. Não se trata de repensar a reforma revendo as suas escolhas, mas de conhecer melhor as razões subjacentes, também por meio da documentação histórica, como de interiorizar os princípios inspiradores e de observar a disciplina que a regula. Depois deste magistério e depois deste longo caminho, podemos afirmar com segurança e com autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível”.
Após “repassar com a memória este caminho”, o Papa falou sobre alguns aspectos do tema que guiou a reflexão nestes dias do encontro do Centro de Ação Litúrgica: “Uma liturgia viva para uma Igreja viva”:
“A liturgia é “viva”, afirmou Francisco, e “sem a presença real do mistério de Cristo, não existe nenhuma vitalidade litúrgica. Como sem o batimento cardíaco não existe vida humana, da mesma forma, sem o coração pulsante de Cristo não existe ação litúrgica”. “E entre os sinais visíveis do invisível Mistério está o altar, sinal de Cristo pedra viva, descartada pelos homens mas que se tornou a pedra angular do edifício espiritual em que é oferecido a Deus vivo o culto em espírito e verdade”.
A liturgia – disse depois o Papa – “é vida para todo o povo da igreja. Por sua natureza, a liturgia é de fato “popular” e não clerical, sendo – como ensina a etimologia – uma ação para o povo, mas também do povo”:
"A Igreja em oração acolhe todos aqueles que têm o coração na escuta do Evangelho, sem descartar ninguém: são convocados pequenos e grandes, ricos e pobres, crianças e idosos, saudáveis e doentes, justos e pecadores. À imagem da "multidão imensa" que celebra a liturgia no santuário do céu, a assembleia litúrgica supera, em Cristo, todo limite de idade, raça, língua e nação".
“A dimensão “popular” da liturgia nos recorda que ela é inclusiva e não exclusiva, criadora de comunhão com todos, sem todavia homologar, porque chama cada um com a sua vocação e originalidade, a contribuir no edificar o corpo de Cristo”. Não devemos esquecer – alertou o Papa – que a liturgia expressa a piedade de todo o povo de Deus e nela cada um contribui a edificar o corpo de Cristo.
A liturgia – disse o Papa analisando um terceiro ponto – é vida e não uma ideia a ser entendida. “Leva de fato a viver uma experiência iniciática. Ou seja, transformadora do modo de pensar e de comportar-se e não para enriquecer a própria bagagem de ideias sobre Deus”:
“A Igreja é realmente viva se, formando um só ser vivo com Cristo, é portadora de vida, é materna, é missionária, sai ao encontro do próximo, solícita de servir sem buscar poderes mundanos que a tornam estéril. Por isto, celebrando os santos mistérios, recorda Maria, a Virgem do Magnificat”.
Por fim, o Papa recorda que “não podemos esquecer que a riqueza da Igreja em oração enquanto “católica” vai além do Rito Romano que, mesmo sendo o mais difundido, não é o único’:
“A harmonia das tradições rituais, do Oriente e do Ocidente, pelo sopro do mesmo Espírito dá voz à única Igreja orante por Cristo, com Cristo e em Cristo, a glória do Pai e para a salvação do mundo”.
Ao agradecer a visita o Papa encoraja os responsáveis do Centro de Ação Litúrgica a prosseguir e a ajudar “os ministros ordenados, assim como os outros ministros, os cantores, os artistas, os músicos, a cooperarem para que a liturgia seja “fonte e ápice da vitalidade da Igreja””.
O pronunciamento do Papa Francisco pode ser encontrado por agora somente em italiano - no link: https://goo.gl/BqSQb9
POEMA/PRECE DO BISPO EMÉRITO DO XINGU.
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Dom Erwin Krautler, Bispo emérito da Prelazia do Xingu (PA). 24 de agosto de 2017.
Em memória às vítimas no rio Xingu no Pará na terça-feira (22).
O silêncio da morte paira sobre o Xingu.
Corpos inertes flutuam de braços erguidos
Nas águas verdes-esmeralda.
Uma mulher sem vida,
agarrada às suas crianças!
Xingu majestoso,
Xingu misterioso,
By-tire dos Índios!
Por que te revoltaste?
Por que ficaste tão furioso?
Por que agrediste o navio
Que singrava tuas águas?
Ou foram homens que te provocaram?
Ávidos de lucro, te desrespeitaram?
Ultrapassaram os limites de carga e passageiros?
Ó minha Porto de Moz querida,
Cidade de um povo
alegre e sorridente!
Agora o luto enche tuas casas,
A aflição e tristeza te abalam.
Gritos de dor ecoam pelas ruas,
Defuntos são levados à derradeira morada,
Insônia e pesadelos povoam a noite.
Ó minha Porto de Moz querida,
O silêncio sufocante da morte te invadiu!
Mas será da morte a última palavra?
Não! Jamais! A morte foi tragada pela Vida!
Mesmo com o rosto desfigurado pelas lágrimas
Adoramos a tua Cruz, Senhor.
Mesmo com o coração traspassado de dor
Professamos nossa fé na Ressurreição.
Mesmo com a alma atônita,
Confiamos a Ti nossos irmãos e irmãs.
Fonte: http://cnbb.net.br
PADRE ASSASSINADO: Nota de Falecimento da Diocese de Guarabira-PB.
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A Diocese de Guarabira, na pessoa do seu Administrador Diocesano, Monsenhor José Nicodemos, comunica, com profundo pesar, o falecimento do Pe. Pedro Gomes Bezerra. O mesmo foi encontrado morto em sua residência na manhã desta quinta-feira (24 de agosto de 2017).
O Pe. Pedro Gomes estava à frente da Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo, em Borborema-PB, onde exercia o seu ministério sacerdotal. No próximo dia 30 de agosto ele completaria 50 anos de idade e em dezembro 24 anos de sacerdócio.
Embora enlutados, permaneçamos unidos em oração professando a nossa fé na ressurreição dos mortos. E que o Senhor conceda ao Pe. Pedro Gomes o descanso eterno.
Com pesar, em Cristo nossa Esperança de ressurreição.
Mons. José Nicodemos Rodrigues de Sousa
Administrador Diocesano de Guarabira
Padre assassinado a facadas na PB conhecia o agressor, diz polícia
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Padre foi morto com pelo menos 29 facadas; polícia descarta latrocínio.
Polícia Civil descartou que a morte do padre Pedro Gomes Bezerra, de 49 anos, tenha sido um latrocínio, conforme informou o delegado Diógenes Fernandes, nesta quinta-feira (24). O delegado ouviu cerca de oito pessoas, entre vizinhos e pessoas próximas da vítima, para realizar a instrução do inquérito. O padre foi morto com pelo menos 29 facadas, em Borborema, Brejo paraibano.
“Pela cena do crime, verifica-se a luta corporal entre duas pessoas. O autor foi recepcionado, entrou voluntariamente, foi recebido, havia comida, e eles passaram cerca de uma hora entre conversas amigáveis. E aí houve alguma motivação para que houvesse a briga, que foi bastante violenta”, explicou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado Diógenes, o dinheiro da paróquia não foi levado e nem outros objetos de valor. Apenas o carro foi roubado, para a fuga do agressor, mas foi encontrado abandonado na zona rual do município de Solânea, a cerca de 15km da cidade onde aconteceu o assassinato.
“Não há dúvidas de que era uma pessoa conhecida. Ele [o padre] não só recebeu [o agressor], mas recepcionou”, disse o delegado.
O crime aconteceu na noite desta quarta-feira (23), mas o corpo só foi encontrado na manhã desta quinta, pela secretária da casa paroquial. O padre estava caído na sala de jantar, muito machucado e sem roupas.
Velório do padre Pedro Gomes Bezerra
A assessoria de comunicação da Diocese de Guarabira, responsável pela região de Borborema, confirmou que está programada para acontecer uma missa na noite desta quinta-feira (24) na igreja de Borborema e o velório do padre Pedro Gomes começará logo em seguida. O enterro está previsto para acontecer em Guarabira, na sexta-feira (24).
Fonte: http://g1.globo.com
Padre Pedro Gomes da cidade de Borborema, diocese de Guarabira é assassinado
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Padre foi assassinado em Borborema hoje pela amanhã dentro de sua casa.
Chega à nossa redação a informação de que um padre da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, de Borborema-PB, por nome de Pedro Gomes foi encontrado amarrado e morto dentro da casa paroquial, onde residia, na manhã desta quinta-feira (24). Ainda segundo detalhes ele teria sido esfaqueado. A informação foi confirmada por um secretário do padre.
De acordo com informações repassadas pelo Capitão J. Ferreira, da CIA da PM da cidade de Solânea, a secretária do Padre informou que ao chegar na residência, para trabalhar, por volta das 08:00h da manhã, encontrou a porta fechada, mas sem ser na chave. Ainda segundo ela, o corpo do Padre estava enrolado num lençol e a casa estava revirada. Ela de imediato ligou para a Polícia Militar que foi ao local e constatou o fato, porém ficou aguardando a chegada da perícia para que desenrolasse o corpo e confirmasse se realmente era o Padre Pedro Gomes.
De acordo com o Capitão J. Ferreira, a casa apresentava sinais de que teria acontecido uma luta corporal em seu interior e que não havia sinais de arrombamento. Como o carro do Padre, um Fiat Strada, foi levado e a porta estava fechada, a polícia acredita que o assassino poderia ter acesso livre à residência.
Uma das hipóteses é que o religioso tenha sido vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), mas todo o dinheiro do ofertório e do dízimo estava no quarto do Padre. Mas alguns objetos pessoais que estavam no carro também foram levados.
A perícia já está no local e vários padres da diocese de Guarabira se deslocaram para Borborema para acompanhar o caso de perto. Outras informações ainda dão conta de que no interior da residência, foram encontradas latas de cerveja, copos e duas cadeiras, num ambiente o qual indica que houve uma comemoração. O corpo do Padre estava sem roupas, enrolado apenas pelos lenções.
Um rapaz que trabalha na secretaria da igreja, residente em Arara e que estava sendo procurado pela polícia já foi localizado e poderá ajudar no esclarecimento do crime. Perguntado sobre esses detalhes, o Padre Bosco, que teve acesso ao local do crime, preferiu deixar que a perícia se pronunciasse.
O Padre Pedro tinha 50 anos e era irmão do professor Luizinho da cidade de Guarabira. A informação de seu assassinato vem chocando a sociedade da região e chamando a atenção da imprensa de todo o Estado. Fonte: http://portalmidia.net
Nota da Arquidiocese de São Salvador da Bahia diante do trágico acidente na Baía de Todos os Santos
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Neste momento de imenso sofrimento por que passa a população baiana, pelo trágico acidente ocorrido na manhã de hoje na Baía de Todos os Santos, nós, da família da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, fazemos também nossa a dor de todas e de cada uma das famílias atingidas com a perda de um ente querido. Pedimos a Deus que as reconforte e as ajude a superarem tanta dor. Nós nos unimos às orações que fazem pelo descanso eterno daqueles que amavam, lembrados das palavras de Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, mesmo se houver morrido viverá” (Jo 11, 25).
Sabemos que, em situações como esta, não há palavra que conforte o suficiente. Mas sabemos também o quanto é importante estarmos ao lado de quem foi atingido pela dor. Pedimos, pois, que cada qual procure manifestar sua proximidade com todos aqueles que sofrem porque, direta ou indiretamente, todos fomos atingidos por essa tragédia.
Mais do que nunca, em horas assim, somos convidados a ouvir o convite de Jesus: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (Mt 11, 28).
A todos, com muita solidariedade, a minha bênção.
Salvador, 24 de agosto de 2017.
Dom Murilo S. R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Primaz do Brasil
Nunciatura Apostólica no Brasil envia nota sobre o naufrágio na Baía de Todos os Santos
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Em nome do Papa Francisco, a Nunciatura Apostólica no Brasil (órgão que representa a Santa Sé) também divulgou nota sobre as mortes ocorridas após o naufrágio na manhã de hoje. Leia o texto na íntegra:
Brasília, 24 de agosto de 2017
Excelência,
Acolhi, com profunda tristeza, a notícia da morte de inúmeras pessoas no naufrágio de uma embarcação, ocorrido hoje na Baía de Todos os Santos.
Pela presente, em nome do Santo Padre, o Papa Francisco, quero manifestar sinceras condolências às famílias das vítimas, como também orações ao Senhor da Vida para que acolha os defuntos em seu Reino de paz e de vida eterna.
Imagino o desespero de quantos foram atingidos por essa tragédia! Mas, ao mesmo tempo, estou certo de que a confiança em Deus ajudará a acreditar sempre mais que: “Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto viverá” (Jo 11, 25).
A solidariedade de quantos estão agora a lamentar este triste acontecimento contribuirá a suavizar o sofrimento e a dor daqueles que choram e sentem a perda dos seus entes queridos, a fim de poder aceitar, na certeza da ressurreição, a dolorosa separação humana.
Assegurando um especial sufrágio na Celebração Eucarística que hei de presidir amanhã de manhã, e unindo-me às orações de Vossa Excelência e de toda a Igreja que está em Salvador da Bahia, em nome do Santo Padre concedo a todos uma Bênção Apostólica.
Dom Giovanni d’Aniello
Núncio Apostólico no Brasil
O heroísmo de um bispo espanhol na República Centro-Africana
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O heroísmo de um bispo espanhol na República Centro-Africana
A República Centro-Africana não existe. No mapa, tem fronteiras, florestas, uma capital e até conta com um aeroporto internacional, mas é tudo uma grande ficção. Na realidade, este quilômetro zero do continente é hoje um conjunto de ilhas rodeadas de bairros queimados, de mortos mal enterrados e de grupos armados sem pátria. Se existe, a República Centro-Africana só sobrevive no coração de alguns homens e mulheres que, em vez de contribuir para a sua dissolução definitiva, decidiram lutar contra a sua destruição com tudo contra. Uma dessas pessoas é o espanhol Juan José Aguirre. A reportagem é de Alberto Rojas, publicada por El Mundo, 21-08-2017. A tradução é de André Langer.
O padre Aguirre é o bispo de Bangassou, uma dessas ilhas de terra vermelha e florestas tropicais onde, nos últimos meses, o que resta do país é sangrado a tiros e golpes de machetes. Em sua missão católica, Aguirre e seu bispo auxiliar, o também espanhol Jesús Ruiz, mantêm 2 mil civis muçulmanos que as milícias cristãs Anti-Balaka (literalmente, os que não temem as balas de AK) teriam exterminado não fosse sua intervenção para protegê-los. Hoje, a paróquia onde se encontram é um autêntico barril de pólvora, e seus anfitriões, os religiosos católicos, são seus escudos humanos.
Os arredores de Bangassou são controlados pelo senhor da guerra nigeriano Ali Darassa, um criminoso saqueador que veio pegar os despojos desta antiga colônia francesa. Com sua milícia Seleka, de maioria muçulmana, foi conquistando povoado a povoado desde a sua base de Bria (onde são extraídos os maiores diamantes do mundo) até a fronteira com o Congo, delimitada pelo Rio Ubangui. Nos 12 povoados que conquistou foi destruindo as paróquias católicas. A maior parte dos sacerdotes está em paradeiro desconhecido.
A única cidade que ainda não pôde conquistar é Bangassou, controlada pelas milícias cristãs Anti-Balaka, a maioria deles crianças ou adolescentes armados, drogados e indisciplinados. Diante dos ataques de Ali Darassa, os Anti-Balaka a tomaram com os habitantes muçulmanos de Bangassou.
Dois mil muçulmanos refugiados
O ódio e a manipulação, em um país onde nunca houve problemas entre as comunidades cristãs e muçulmanas, produziram um ambiente explosivo que finalmente eclodiu em 12 de maio passado. Casa por casa, os Anti-Balaka foram matando homens, mulheres e crianças. Mais de 100. Quando chegou aos ouvidos do padre Aguirre, que estava na catedral, conseguiu refugiar o resto dos muçulmanos nos domínios da igreja. Ao todo, são duas mil pessoas que estão refugiadas ali desde então.
“Eles não podem sair. Se as mulheres tentam deixar o recinto da catedral para recolher lenha os franco-atiradores atiram contra elas. Caso não tivessem se refugiado ali, já teriam sido exterminados”, conta Jesús Ruiz.
“Todos os dias enchemos os tanques de água, mas não temos mais recursos para atendê-los. Eles queimaram os bancos de madeira da igreja para cozinhar, mas já acabaram”, assegura este religioso, que descreve uma situação complexa e tensa. “Os cascos azuis da Minusca (missão de paz da ONU no país) protegem o nosso perímetro para que os Anti-Balaka não entrem, mas há um problema grave: eles são marroquinos e egípcios e tomaram partido pelos muçulmanos”.
“Isso provocou uma rejeição por parte do resto da população, que os vê com desconfiança. Também não ajuda o fato de que cada vez que saem para fazer patrulhas por Bangassou atirem contra todos os que se mexem, quer sejam civis ou milicianos”, disse. Além disso, os marroquinos já perderam sete soldados em confrontos armados com os Anti-Balaka.
A neutralidade foi rompida há semanas. As forças muçulmanas Seleka tomaram Gambo, um povoado situado a 75 quilômetros de Bangassou. Diante da permissividade dos soldados das Nações Unidas presentes, acabaram decapitados 50 milicianos Anti-Balaka.
“Alguns sacerdotes compram alimentos para as famílias muçulmanas refugiadas aqui, mas precisam fazê-lo às escondidas. Se as milícias cristãs Anti-Balaka vissem que os religiosos estão alimentando os muçulmanos, sem dúvida nos matariam. Já ameaçaram a nossa enfermeira. Se lhes ocorrer que estamos dispensando cuidados médicos para algum deles, os outros virão até nós”.
Como é o dia a dia dos muçulmanos refugiados na catedral? “A grande maioria deles é muito agradecida. Eles sabem que salvamos as suas vidas. Uma mulher acaba de ter um menino e o chamou Aguirre, em homenagem a Juan José, mas há um pequeno grupo de jovens, uma minoria radicalizada de 14 ou 15 anos, que nos ameaça diariamente de morte e que está bem armado”.
Jesús Ruiz fala das travessias para o Congo para fugir: “Uma mulher nos pediu para que a ajudássemos a cruzar o rio junto com os nossos sacerdotes. Ela levava os seus quatro filhos consigo; o menor era um bebê. Os Anti-Balaka detectaram o bote e o interceptaram. Obrigaram os sacerdotes a entregar a mulher e os seus filhos a ponta de metralhadora. Atiraram contra todos, mas a mulher sobreviveu e puderam recolhê-la ferida e em estado de choque na beira do rio. Eles não respeitam nada”.
As armas fluem sem controle e há um paradoxo curioso: enquanto as milícias recebem pontualmente entregas de Kalashnikovs e munição, as forças armadas nacionais, treinadas pela França e pela Espanha sob o comando do general Fernando García Blázquez, sofrem um embargo de armas. Ou seja, os soldados que deveriam defender os civis não podem se armar, ao passo que as milícias, cada uma com lealdades diferentes, assassinam e campeiam ao seu redor armados até os dentes.
Bangassou é apenas uma amostra em pequena escala da sorte que está correndo o resto do país. Pequenas ilhas de deslocados internos, horrorizados com a possibilidade de um genocídio em câmara lenta e provocada pelos dois lados, sobrevivem desde 2013 em condições muito precárias escondidos em escolas, igrejas e hospitais.
O melhor exemplo disso é Batangafo, uma cidade situada no norte do país, também cercada de florestas, onde 15 mil pessoas se refugiaram no centro que Médicos Sem Fronteiras tem na localidade. Seu coordenador, o espanhol Carlos Francisco, descreve uma situação catastrófica: “Alguns perderam suas casas nos ataques, outros têm medo de sair... Tivemos que disponibilizar latrinas para todos, proporcionar o acesso a água potável, fazer vacinações em massa contra doenças como o sarampo, que aqui já virou surto... Infelizmente, nem mesmo nós podemos sair do hospital nas últimas três semanas. É uma situação desesperadora”.
Assim como acontece com os sacerdotes de Bangassou, no hospital de Batangafotambém sofrem ameaças de um e de outro lado no desempenho de suas funções: “Nós procuramos enviar uma mensagem de imparcialidade. Mostramos que não fazemos parte do conflito, mas temos dificuldades para nos fazer entender”, disse Carlos Francisco.
A população não é deslocada, mas realocada, isto é, foi se deslocando de um lugar para o outro diante do avanço da violência. A Minusca, por sua vez, está desde 2013 tentando pacificar a situação, mas cada vez está mais distante do objetivo. As cidades são esqueletos de bairros queimados, com os muçulmanos cercados nas populações cristãs e os cristãos vivendo em localidades de maioria muçulmana à espera do assalto final.
Um jornalista local, intérprete deste repórter anos atrás, conta de Bangui: “Não há um genocídio porque não há coordenação entre as milícias. Cada uma das milícias mata por sua conta, com alianças entre elas em uma cidade e declarações de guerra entre as mesmas em outra. A República Centro-Africana desapareceu. Nunca foi grande coisa, mas não resta nada”.
Uma guerra permanente
A República Centro-Africana é um dos países mais pobres e subdesenvolvidos do mundo, mesmo que possua enormes reservas de recursos naturais, como ouro e diamantes, em suas minas de Bria e Carnot. O idioma local é o sango, embora nas poucas zonas urbanas se fale também francês, a língua da antiga metrópole. Em sua história conheceu poucos momentos de estabilidade. A cada quatro ou cinco anos havia um golpe de Estado que trocava um ditador por outro, com o autodenominado “imperador Bocassa” como melhor exemplo. Em 2013, um grupo de milícias do norte do país se uniu na chamada coalizão Seleka e invadiu o país com a ajuda de mercenários do Chade e do Sudão. Desde então, eclodiu uma sangrenta guerra civil com as milícias cristãs Anti-Balaka, que virou um conflito religioso. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
TAIUVA: Igreja Matriz-01
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Padre Julio Lancelotti é processado por Bolsonaro
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Lancelotti sobre o Bolsonaro: 'Ele fala em liberdade de expressão para poder dizer o que quer, mas acha que ninguém pode contraria-lo'. A reportagem foi publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 14-08-2017.
O padre Julio Lancelotti está sendo processado pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PEN-RJ), por chamar o parlamentar de racista, machista e homofóbico, em março passado. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira (14), ele diz que a ação movida pelo político de extrema-direta é controverso.
"Se fala em liberdade de expressão para ele poder dizer o que ele quer, com discurso contra negros, quilombolas, mulheres e a comunidade LGBT, mas acha que ninguém pode contrariá-lo", questiona. "Muitas pessoas acham que a liberdade é poder dizer tudo que eu penso. Se o discurso ofende o mais fraco, o outro, eu não tenho direito de dizer", completou Lancelotti.
O religioso discursava contra a cultura do ódio, durante a pregação que marcou o primeiro dia da Quaresma para os católicos. Julio se disse assustado pela devoção provocada por "uma figura homofóbica e violenta" como Jair Bolsonaro. "Eu fico impressionado — e não tenho medo dizer, não precisa cortar a gravação –, que uma pessoa homofóbica, violenta como Bolsonaro, apareça nas pesquisas eleitorais e seja seguido por tanta gente no Brasil. Isso é vergonhoso", disse.
Na ocasião, Bolsonaro criticou o ato de usar uma pregação dentro da igreja para ataca-lo. Ele considerou "absurdo" utilizar-se do nome de Deus "para praticar blasfêmia e calúnias".
Assassinato
O religioso e integrante da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo também comentou a morte de três moradores de rua – dois homens e uma mulher –, assassinados a tiros na madrugada de sábado (12), na avenida Senador Teotônio Vilela, em Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo. "Foi uma execução. Foi uma ação covarde e premeditada. Nós temos que estar atentos a essa onda neonazista que toma a sociedade", afirmou. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Três dias com o beato Romero: O Centenário do nascimento de Oscar Arnulfo Romero
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Uma longa preparação, que começou com a beatificação no mês de maio de 2015 e chega ao seu término natural: o centenário do nascimento de Oscar Arnulfo Romero no dia 15 de agosto de 1917 na pequena localidade de Ciudad Barrios, segundo de sete filhos de Guadalupe Galdámez, uma mulher simples do povo, e Santos Romero, telegrafista de profissão. A reportagem é de Alver Metalli, publicada por Tierras de América, 09-08-2017. A tradução é de André Langer.
As esperanças dos salvadorenhos eram, naturalmente, que o aniversário coincidisse com a canonização, mas para isso será preciso esperar mais um pouco. Não muito, considerando que o patrocinador número um do bispo mártir, o Papa Francisco, disse aos bispos de El Salvador, quando o visitaram em março passado, que “a causa está em boas mãos”, freando a impaciência dos prelados, mas dando a entender que o momento está próximo.
A espera, como mostram as celebrações para o centenário, não será tempo perdido. Pelo contrário. Gregorio Rosa Chávez, recentemente criado cardeal, que dedicou a púrpura a dom Romero declarando que recebia o barrete vermelho em sua honra, vê realizado o seu “sonho de ver que em breve todo o país se colocará em movimento”. “O sinal exterior mais claro”, disse há um ano a Tierras de América, “seriam as peregrinações aos lugares santos de Romero, incluindo o pequeno povoado onde ele nasceu há quase 100 anos, Ciudad Barrios”.
Justamente Ciudad Barrios foi o destino da procissão de 13 de agosto promovida conjuntamente pelas dioceses de San Miguel, em cujo seminário o jovem Romeroingressou em 1931, com apenas 12 anos, e Santiago de Maria, diocese da região oriental de El Salvador para a qual dom Romero foi nomeado bispo em 15 de outubro de 1974 aos 57 anos.
No dia anterior, 12 de agosto, cruzou a diocese de Santa Ana uma peregrinação para a qual confluiu toda a região ocidental do país e que culminou em uma celebração eucarística presidida pelo bispo da Província, Miguel Ángel Aquino Morán, e pelo núncio apostólico de El Salvador, dom León Kalenga Badikebele, que fez a homilia. Nesta ocasião também houve uma alocução do novo cardeal, Gregorio Rosa Chávez.
O último evento dos festejos pelo centenário acontecerá no dia do seu aniversário, 15 de agosto, na catedral de San Salvador, com uma celebração solene presidida pelo cardeal Ricardo Ezzati, arcebispo de Santiago do Chile, eleito pelo Papa para representá-lo. Ezzati, salesiano, estará acompanhado por Rafael Edgardo Urrutia, chanceler da Arquidiocese de San Salvador e vigário episcopal para os Movimentos e as Associações de Fiéis Leigos, que participaram ativamente do processo de beatificação de Romero, e por Reinando Sorto Martínez, pároco de San José de la Montaña, vigário episcopal e diretor da Radio San José, que durante muitos anos esteve a cargo de Romero.
Em uma carta escrita em latim, com data de 18 de julho de 2017, e que foi divulgada no dia 05 de agosto deste ano, o próprio Francisco explica que foi convidado para a celebração pelos 100 anos de nascimento de Romero em sua terra natal. Na mesma carta resume as circunstâncias da sua morte, no dia 24 de março de 1980, enquanto celebrava a eucaristia na capela do Hospital da Divina Providência de San Salvador, e faz referência ao fato de que “os mandantes e executores não foram identificados”. O Papa também recorda que – e não deixa de ser significativo – “na missa do funeral participaram 350 mil pessoas, 300 presbíteros e 30 bispos de todo o mundo” e que o rito fúnebre “não pôde ser concluído porque uma bomba e tiros com armas de fogo automáticas semearam o pânico. Estima-se que cerca de 50 pessoas – muitas crianças – morreram pisoteadas e cerca de 10 por tiros”.
De pouco mais de um ano para cá as relíquias de Romero vão de paróquia em paróquiapor toda a província eclesiástica de San Salvador. No dia 24 de julho, na capela da Universidade Centro-Americana, a mesma onde aconteceu o massacre dos jesuítasem novembro de 1989, foi exposta a urna com as relíquias do beato Romero, como parte do percurso realizado pelas paróquias do país que começou na diocese de Zacatecoluca para culminar em San Salvador.
A universidade recordou que a veneração das relíquias de Romero “está em fina sintonia com uma tradição que remonta aos primeiros séculos do cristianismo, quando os seguidores de Jesus eram perseguidos e morriam por ódio à fé. De lá para cá, a Igreja começou a conservar e a cuidar com grande estima dos objetos relacionados com as pessoas que deram testemunho de fé com sua própria vida” para “venerar a memória dos mártires”. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
CNBB estimula Jornada de Oração e Jejum pelo Brasil por ocasião do Dia da Pátria.
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A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida a todos para uma Jornada de Oração pelo Brasil, a ser realizada nas comunidades, paróquias, dioceses e regionais do país, de 1º a 7 de setembro próximo. Os bispos decidiram mobilizar os cristãos, por meio da oração, após a análise da realidade brasileira feita na última reunião do Conselho Episcopal Pastoral da entidade, dias 10 e 11 de agosto.
O Dia de Oração e Jejum sugerido é o dia 7 de setembro, data que marca a Independência do Brasil. Além da carta, enviada a todos os bispos brasileiros, foi enviada também uma oração (confira abaixo), a mesma enviada por ocasião da celebração de Corpus Christi, com uma pequena adaptação na última prece.
Segundo o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, a Jornada de Oração é uma oportunidade para que os cristãos e pessoas de boa vontade que querem um Brasil melhor, mais fraterno e não dividido se unam.
“Nós estamos necessitados de um novo Brasil, mais ético; de uma política mais transparente. Nós não podemos chegar a um impasse de acharmos que a política pode ser dispensada. A política é muito importante, mas do modo do comportamento de muitos políticos, ela está sendo muito rejeitada dentro do Brasil. Nós esperamos que esse dia de jejum e oração ajude a refletir essa questão em maior profundidade.”
Um dos trechos da oração, encaminhada a todos os bispos do país pelo Consep, pede:
“Ajudai-nos a construir um país justo e fraterno. Que todos estejamos atentos às necessidades das pessoas mais fragilizadas e indefesas! Que o diálogo e o respeito vençam o ódio e os conflitos! Que as barreiras sejam superadas por meio do encontro e da reconciliação! Que a política esteja, de fato, a serviço da pessoa e da sociedade e não dos interesses pessoais, partidários e de grupos”.
Veja a íntegra da oração:
JORNADA DE ORAÇÃO PELO BRASIL
Semana da Pátria. 1º a 07 de setembro de 2017
07 de setembro – dia da Pátria: Vida em primeiro lugar
“A paz é o nome de Deus” (Papa Francisco)
Diante do grave momento vivido por nosso país, dirijamos nossa oração a Deus, pedindo a bênção da paz para o Brasil.
Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!
Vivemos um momento triste, marcado por injustiças e violência. Para construirmos a justiça e a paz, em nosso país, necessitamos muito do vosso amor misericordioso, que nunca se cansa de perdoar.
Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!
Estamos indignados, diante de tanta corrupção e violência que espalham morte e insegurança. Pedimos perdão e conversão. Nós cremos no vosso amor misericordioso que nos ajuda a vencer as causas dos graves problemas do País: injustiça e desigualdade, ambição de poder e ganância, exploração e desprezo pela vida humana.
Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!
Ajudai-nos a construir um país justo e fraterno. Que todos estejamos atentos às necessidades das pessoas mais fragilizadas e indefesas! Que o diálogo e o respeito vençam o ódio e os conflitos! Que as barreiras sejam superadas por meio do encontro e da reconciliação! Que a política esteja, de fato, a serviço da pessoa e da sociedade e não dos interesses pessoais, partidários e de grupos.
Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!
Vosso Filho, Jesus, nos ensinou: “Pedi e recebereis”. Por isso, nós vos pedimos confiantes: fazei que nós, brasileiros e brasileiras, sejamos agentes da paz, iluminados pela Palavra e alimentados pela Eucaristia.
Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!
Vosso filho Jesus está no meio de nós, trazendo-nos esperança e força para caminhar. A comunhão eucarística seja fonte de comunhão fraterna e de paz, em nossas comunidades, nas famílias e nas ruas.
Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil!
Neste ano em que celebramos os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, queremos seguir o exemplo de Maria, permanecendo unidos a Jesus Cristo, que convosco vive, na unidade do Espírito Santo. Amém!
(Pai nosso! Ave, Maria! Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!)
Veja a íntegra da carta:
Brasília-DF, 10 de agosto de 2017
Prezado irmão no episcopado,
Unidos para servir!
Vivemos um momento difícil e de apreensão no Brasil. A realidade econômica, política, ética vem acompanhada de violência e desesperança.
O Conselho Permanente, ao refletir o momento vivido, pediu que a Presidência enviasse carta ao irmão, sugerindo um Dia de jejum e oração pelo Brasil. Pediu igualmente que fosse enviada uma oração que pudesse ser rezada nas comunidades e famílias.
O dia de oração e jejum sugerido é o dia 7 de setembro próximo. A oração que enviamos também em anexo é a mesma que rezamos no dia de Corpus Christi. Houve uma adaptação na última prece.
Convidamos o irmão a incentivar a participação das comunidades e famílias no Dia de Jejum e oração pelo Brasil.
Em Cristo, unidos para servir,
Cardeal Sergio da Rocha Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Brasília – DF Arcebispo de São Salvador
Presidente da CNBB Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB.
Fonte: http://cnbb.net.br
Padre Marcelo Rossi é acusado de plagiar texto
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Escritor contesta autoria de um conto do livro ‘Momento de Fé’, do sacerdote. Assessoria jurídica de Rossi diz que ação foi analisada e o autor não recorreu
Rio - Conhecido pelo Vaticano como o Evangelizador do Novo Milênio, o padre, cantor e escritor, Marcelo Rossi, de 50 anos, um dos expoentes da Igreja Católica, teve autoria de um texto em seu livro contestada. O analista de sistemas carioca e também escritor, Ronaldo Siqueira da Silva, 57 anos, garante que o sacerdote plagiou um de seus 50 contos, reunidos no livro ‘O Eremita Urbano’, de 2001.
Exibindo registro do texto ‘O homem e a água’, com data de 1999, no Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional, sob número 172.467, da folha 113 do livro 290, Ronaldo, que usa também o codinome Odylanor Havlis, afirma que o mesmo artigo, na íntegra, inclusive com o mesmo título, foi publicado no livro ‘Momento de Fé’, lançado por Marcelo Rossi, em 2004, e em um CD, sem referência ou crédito a ele.
Em 2012, Ronaldo apelou judicialmente para o reconhecimento da autoria do conto. Mas, em 2015, conforme sentença da 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, para onde o processo por danos morais e materiais — registrado com o número 0057672520148260003 — foi levado, a pedido da defesa de Rossi, a juíza Camila Quinzani deu como como prescrita a pretensão do autor da ação.
Embora a magistrada tenha dado razão a Ronaldo, ela destacou que o autor tinha três anos para apelar, conforme o artigo 206 do Código Civil, mas ele só recorreu oito anos depois da publicação de ‘Momento de Fé’. Agora,Ronaldo procura uma suposta alternativa judicial para tentar novo processo.
“Fica difícil entender a posição de Marcelo Rossi, quanto à ética, principalmente diante de Deus, que tudo vê e sabe”, alfinetou Ronaldo, dizendo que hesitou por muito tempo, até concluir que “não é certo o que fizeram” com ele. “No futuro, imagino, meus netos vão pensar que eu é que plagiei Marcelo Rossi”, lamentou.
Em nota, a assessoria jurídica do padre argumentou que o mérito da ação “foi devidamente analisado” pelo Poder Judiciário. “O autor sequer recorreu da decisão, que transitou em julgado. Por conta disso, o autor não poderá demandar novamente contra o padre, pois deve ser observado o princípio da imutabilidade das decisões, bem como da coisa julgada, princípios consagrados na Constituição Federal”, diz a nota, alegando ainda que a matéria estaria visando “constranger o padre”. Fonte: http://odia.ig.com.br
Árvore tomba sobre procissão e deixa mortos e feridos em Portugal
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Uma árvore de grande porte caiu em cima de fiéis que participavam de uma procissão da Festa da Nossa Senhora do Monte, na Ilha da Madeira, em Portugal. Segundo a imprensa portuguesa, o incidente deixou mortos e vários feridos, ainda sem números oficiais.
Segundo a "RTP", a multidão esperava o início da caminhada religiosa na manhã da última desta terça-feira 15, quando a árvore tombou no Largo da Fonte. É a festa da padroeira da ilha, considerada a maior festividade local. A emissora confirmou 11 mortos e 35 feridos, quatro deles em estado grave.
Já o "Diário de Notícias de Madeira", que cita fontes do serviço regional de Proteção Civil, noticia pelo menos 10 mortos e 15 feridos. O jornal ressaltou que o carvalho tinha 200 anos e ameaçava cair desde 2014. A agência "Lusa" destacou que a árvore caiu no local em que eram vendidas velas.
A procissão foi cancelada. Os feridos teriam sido encaminhados ao Hospital Nélio Mendonça do Funchal. A maioria sofreu fraturas e traumatismos cranioencefálicos, segundo a "TVI24". Fonte: https://extra.globo.com
O CONCEITO DE SANTIDADE-01: Na Conferência Geral do Episcopado Latino-americano - Medellín
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A II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano realizou-se em Medellín (Colômbia, 1968), sob o tema: “A Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio”. Temas que marcaram Medellín foram: a promoção humana; a evangelização e o crescimento na fé; a Igreja visível e suas estruturas. Medellín se apresentou como uma releitura do Concílio.
Em Medellín a Igreja convida a todos a experimentarem a comunhão; e enfatiza sua responsabilidade de utilizar sua sabedoria, para fermentar ainda mais a participação do povo de Deus na vida eclesial e social. Vê-se também que a eclesiologia assimila-se perfeitamente às grandes intuições da Lumen Gentium, tais como: Igreja como Povo de Deus; batismo, como fonte e raiz dos ministérios; o chamado de cada cristão à santidade e ao apostolado. Dá, porém, alguns passos à frente, ao mesmo tempo em que radicaliza outros.
Em Medellín surge um novo perfil da vocação à santidade, como expressão da vivência da fé cristã na fidelidade aos necessitados em uma sociedade injusta e excludente. A missão, por sua vez, adquire um caráter profético, tornando-se sinal de contradição para os opressores e suas estruturas injustas. A figura do missionário associa-se ao testemunho dos mártires das causas sociais. Temos então, uma santidade que se volta para os pequeninos, pela qual a missão se apresenta como profecia, pois o profeta é aquele que anuncia a palavra e denuncia as injustiças.
A MORTE: “O uso pastoral que a Igreja fez da morte tem sido abusar do medo”. Artigo de José María Castillo.
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“Infelizmente, o uso pastoral que a Igreja fez (tantas vezes) da morte tem sido abusar do medo que todos temos de morrer para obter a submissão das pessoas à normativa moral e sacramental que a lei eclesiástica impõe aos fiéis. Não há necessidade de explicar isso. Todos nós sofremos e suportamos isso”, escreve José María Castillo, em artigo publicado por Religión Digital, 10-08-2017. A tradução é de André Langer.
Eis o artigo.
Na primeira semana de agosto, aconteceu, na Itália, uma importante semana de estudos bíblicos sobre um tema que sempre tem a máxima atualidade e que, no entanto, nem sempre é analisado com o seu devido cuidado. Refiro-me ao tema da morte. Não a morte dos outros, sobretudo se são vítimas da violência ou da injustiça. Neste caso, o problema da morte é analisado como um problema social, político ou jurídico, o que, sem dúvida, é uma das questões mais urgentes e mais graves que precisamos enfrentar neste momento. Este é um fato inquestionável.
Mas também é um fato que a morte pessoal – da qual ninguém escapa – é um tema que todos costumam enfrentar na sua intimidade secreta, mas no qual poucos pensam, compartilhando seu pensamento com outros, a não ser quando vão ao médico, para um problema sério, ou quando precisam ir a um velório para dar os pêsames pela morte de um parente ou de um amigo.
A semana a que me refiro – e da qual tive a sorte de participar – foi organizada pelo Centro de Estudos Bíblicos G. Vannucci, com sede em Montefano (Maccerata), não muito longe de Ancona. A semana contou com uma significativa participação, com pessoas vindas de toda a Itália, desde a Sicília até Trieste ou Gênova. Sinal indiscutível de que o problema da morte preocupa a todos. O que disse e o que diz a religião sobre este assunto?
O fundador e diretor do Centro de Estudos Bíblicos de Montefano, Alberto Maggi, esteve (pouco tempo atrás) às portas da morte durante meses. Nele, a vida foi (e é) mais forte que a morte. Fruto de sua experiência única é o belo livro L’ultima beatitudine. La morte come pienezza di vita (Garzanti, Milão).
A partir deste livro – com a valiosa ajuda do professor do Marianum, de Roma, o espanhol (de Granada), Ricardo Pérez Márquez, que tivemos a sorte de poder participar da semana de estudos e reflexões sobre a morte – pudemos pensar a fundo sobre o que foi e deve ser o fato de “ter que morrer”. E isso tanto na vida da Igreja como, sobretudo, na experiência de cada um dos fiéis na crença em Jesus, o Senhor.
Uma vez que eu estava entre os participantes, a amizade que me une aos professores da Semana Bíblica, Alberto e Ricardo, colocou-me na grata obrigação de expor (brevemente) aos ouvintes três temas relacionados à morte: o pecado original, o pecado pessoal e o inferno.
Infelizmente, o uso pastoral que a Igreja fez (tantas vezes) da morte tem sido abusar do medo que todos temos de morrer para obter a submissão das pessoas à normativa moral e sacramental que a lei eclesiástica impõe aos fiéis. Não há necessidade de explicar isso. Todos nós sofremos e suportamos isso.
Quando, na realidade, como bem disse Alberto Maggi, a morte é “a plenitude da vida”. Não é o final. Já temos a “vida eterna”, de que tanto fala o Novo Testamento, nesta vida, de acordo com a surpreendente e insistente afirmação do quarto Evangelho. A morte não pode ser o fim. É a última e a maior de todas as “bem-aventuranças” que a genial memória de Jesus nos deixou.
E vou resumir a minha modesta contribuição para a Semana:
1) “Pecado original”: não é nenhum pecado, e nem por semelhante pecado a morte entrou no mundo (Rm 5, 12). A religião não pode transformar um mito (Adão e Eva) em história e menos ainda em teologia.
2) “Pecado pessoal”: foi explicado como “culpa”, “mancha”, “ofensa” (Paul Ricoeur). Mas pode o ser humano, imanente, ofender o Transcendente? “Só se agirmos contra o nosso próprio bem” (Tomás de Aquino).
3) “Inferno”: não existe. Nem é definido como dogma de fé. Além disso, pode o absolutamente Bondoso ser, por sua vez, absolutamente castigador eternamente, ou seja, sem outra possível finalidade que fazer sofrer? Se cremos no Inferno, não podemos crer em Deus.
A morte dá a pensar. Para o crente, é uma fonte inesgotável de esperança e felicidade, já possuída e alcançada. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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