Nota da Sala de Imprensa Vaticana sobre carta do Papa a Michel Temer
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A Sala de Imprensa da Santa Sé confirma que “dias atrás o Santo Padre enviou uma carta pessoal ao Presidente do Brasil. A missiva não foi publicada por ter caráter privado”, afirma o comunicado.
A direção da Sala de Imprensa vaticana acrescenta “tratar-se da resposta do Papa a uma carta do Sr. Michel Temer na qual o Chefe de Estado convidava o Pontífice a visitar o Brasil em 2017 por ocasião dos 300 anos de Aparecida. O Papa respondeu infelizmente não poder ir porque outros compromissos não lhe permitiam”.
“Ademais, como o próprio Presidente Temer em sua carta fazia referência a seu compromisso no combate aos problemas sociais do país, o Papa ressalta tal aspecto e encoraja a trabalhar pela promoção dos mais pobres”, lê-se no comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé. Fonte: http://arqrio.org
Temer tenta minimizar efeitos de carta do Papa Francisco
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O presidente Michel Temer e aliados do peemedebista tentaram minimizar hoje (19) os efeitos da carta que o papa Francisco enviou a Brasília negando um convite de visitar o Brasil e pedindo que o governo dê mais atenção "aos pobres". Fontes do Palácio do Planalto negaram que a recusa de Jorge Mario Bergoglio ao convite de Temer seja um sinal de desaprovação ao governo brasileiro e garantiram que já tinham sido informados de que o Papa não viria ao país em outubro para as celebrações dos 300 anos da aparição da padroeira Nossa Senhora Aparecida.
"[Na carta], o Papa confirmou o que já tinha sido dito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil", comentaram funcionários do governo. Aliados de Temer também fizeram questão de afirmar que o presidente "ficou feliz" com a carta de Francisco e que seu governo "tem tomado medidas" de proteção à população carente.
"Ao ler a carta, Temer ficou feliz e viu que a mensagem do Papa coincide com o que ele tem feito no governo", disse o deputado Arthur Maia após um encontro com o presidente.
"Como latino-americano, o Papa reconhece a gravidade da crise e acreditamos que a reforma da previdência representa a síntese que responde a todas as questões apresentadas na carta", defendeu o parlamentar aliado, apesar das críticas de sindicatos e trabalhadores de que as mudanças dificultam a aposentadoria.
A carta do líder católico repercutiu no Brasil, assim como sua decisão de recusar o convite de viajar ao país. Nesta quarta-feira (19), o prefeito de São Paulo, João Doria, assistiu à audiência geral de Francisco no Vaticano e reforçou o convite, tentando convencer o Papa a mudar de ideia. "Ofereci a camisa da seleção brasileira assinada por todos os jogadores ao Santo Padre e disse que gostaria de pedir, em nome do povo brasileiro, que ele revisasse sua decisão de não ir ao Brasil em outubro", contou Doria à imprensa após o encontro.
"Ele respondeu que sabia da importância do evento, mas que era 'difícil'. Eu rebati que 'difícil não é impossível', pois são 130 milhões de católicos no Brasil que vão saudá-lo", disse o prefeito de São Paulo. "O Papa respondeu sorrindo: 'vamos ver, mas o Brasil terá sempre minhas bênçãos'".
Apesar do clima cordial do breve encontro entre Doria e Francisco, o prefeito confessou discordar da decisão do líder católico de não participar das celebrações em outubro. "Não quero fazer juízo, nem me cabe, porém acho que não houve uma orientação adequada ao Santo Padre de não estar presente em uma data tão importante como essa. Mas quem sou eu para julgar o Papa?", confessou o tucano.
O Brasil, maior país católico do mundo, recebeu uma visita de Francisco em 2013, quando esteve no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). No ano passado, o Papa chegou a enviar uma carta à então presidente Dilma Rousseff demonstrando "preocupação" com a crise política e com o processo de impeachment. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Arquidiocese de Londrina divulga nota contra a reforma da previdência
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“Comprometemo-nos com toda e qualquer iniciativa da classe trabalhadora e suas organizações que venham questionar e exigir o respeito aos direitos já conquistados e digam não a qualquer ameaça de uma suposta reforma que venha anular os direitos já adquiridos”, manifesta-se a Arquidiocese de Londrina, por meio de seu Administrador Apostólico dom Manoel João Francisco, posicionando-se contra a reforma da previdência. A nota é publicada no sítio do Conselho Episcopal Regional Sul II da CNBB, 15-03-2017.
Eis a nota.
“Concede-me a vida, eis o meu pedido; salva meu povo, eis o meu desejo” (Ester 7, 3b)
Inspirada pelos princípios evangélicos e pelos direitos humanos fundamentais, a Arquidiocese de Londrina manifesta apoio e solidariedade a toda e qualquer iniciativa que se oponha a esta proposta de reforma da Previdência.
Interpelada com a constante ameaça de perdas de direitos já conquistados com o sacrifício de tantas vidas de trabalhadoras e trabalhadores, posicionamo-nos contra as propostas do Governo enviadas ao Congresso, entre as quais: a mudança de idade mínima para aposentadoria aos 65 anos para homens e mulheres, a extinção da aposentadoria especial para professoras e professores da educação básica, para trabalhadoras e trabalhadores rurais.
O Governo propõe ainda mudanças que dificultam e restringem o acesso à aposentadoria de milhões de trabalhadoras e trabalhadores, por exemplo: para se aposentar com 100% do piso salarial, o trabalhador deverá contribuir com o INSS por 49 anos ininterruptos.
Os países que já fizeram a sua reforma do Sistema Previdenciário não foram tão injustos quanto quer se tornar o Brasil, pois essa proposta apresentada ao Congresso privilegia uma minoria, isto é, os que hoje usufruem de melhores condições de vida, em detrimento dos anseios da maioria dos trabalhadores e trabalhadoras que constroem a riqueza deste país.
Por isso, comprometemo-nos com toda e qualquer iniciativa da classe trabalhadora e suas organizações que venham questionar e exigir o respeito aos direitos já conquistados e digam não a qualquer ameaça de uma suposta reforma que venha anular os direitos já adquiridos.
Dom Manoel João Francisco
Administrador Apostólico
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
POLÍTICA: Sem limite para a cara de pau
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A hipocrisia e a cara de pau não têm limites. No dia 4, a empresária Renata Monteiro postou em sua página no Facebook uma foto de Sergio Moro e tascou um comentário de incentivo ao juiz:
— É de cabeça erguida que iremos limpar o país!
Beleza, Moro merece mesmo todo o apoio, mas...
Ontem, Renata foi conduzida coercitivamente para prestar depoimento na PF no bojo de mais uma etapa da Operação Lava-Jato.
Seu marido, Luiz Carlos Velloso, ex-subsecretário de Transportes de Sérgio Cabral, foi preso na mesma operação. Os procuradores pedem o bloqueio de R$ 12 milhões em bens de Velloso. Fonte: http://blogs.oglobo.globo.com
FORA TEMER NO CARNAVAL DE SALVADOR: BaianaSystem é ameaçada de ser vetada do Carnaval por puxar 'Fora, Temer'
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A banda BaianaSystem foi ameaçada de ser vetada do Carnaval de Salvador após puxar gritos de "Fora, Temer" no circuito Campo Grande na última sexta-feira (24).
Durante a música "Forasteiro", o vocalista Russo Passapusso incitou o público a protestar contra o presidente Michel Temer e causou forte reação no Comcar (Conselho Municipal do Carnaval), que ameaçou deixar a banda de fora do Carnaval no ano que vem.
"Já recebi notificações por causa das manifestações da banda e vamos aplicar o Código de Ética. Não é permitida manifestação política. Foi contra, mas poderia ser a favor. Quer fazer manifestação? Saia na Mudança do Garcia", disse o presidente da Comcar, segundo o jornal "Tribuna da Bahia".
O BaianaSystem é conhecido pelo discurso politizado que tem dado as caras na folia baiana desde o pré-Carnaval. Procurada pelo UOL, a banda informou que não comentaria o assunto.
O secretário de Cultura da cidade, Claudio Tinoco (DEM), no entanto, rechaçou a possibilidade do veto e disse se tratar de um ato de censura.
"Se trata de uma manifestação pessoal do presidente do Conselho. Não há processo aberto. Mas nossa posição é muito clara e objetiva de não acatar nenhuma denúncia. Isso seria censura à manifestação de artistas", afirmou Tinoco.
O secretário ainda afirmou que avisou o Conselho da posição da prefeitura. "Eu acredito que isso não prospere e, com certeza, vamos propor a revisão desse código de ética, regramento que está desconectado com o pensamento da administração municipal".
O BaianaSystem ensaia na tarde deste domingo para mais uma apresentação no Carnaval baiano, dessa vez na Praça Castro Alves, às 17h30. Fonte: https://noticias.bol.uol.com.br
AS LOUCURAS DE DONALD TRUMP: Casa Branca proíbe 'NY Times', CNN e BBC de ir a coletiva de imprensa
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Em rota de colisão com jornais e TVs, Trump vira alvo de boicote de veículos de mídia
WASHINGTON - Jornalistas do "New York Times" e do "Los Angeles Times", da CNN, da BBC e do site especializado "Politico" foram impedidos de assistir à coletiva do secretário de imprensa do presidente Donald Trump na sexta-feira. Esta foi a violação mais marcante no contexto das difíceis relações entre a atual Casa Branca e a imprensa. Repórteres da revista "Time" e da Associated Press, que deveriam participar da coletiva, optaram por não comparecer, em protesto, contra as ações da Casa Branca. No mesmo dia, Trump cobrou veículos de comunicação para que deixem de usar fontes anônimas — prática usada no jornalismo em todo o mundo.
Os repórteres do "Times", da CNN e do Politico não foram autorizados a entrar no gabinete da Ala Oeste do porta-voz Sean Spicer. Assistentes permitiram a entrada de repórteres de apenas um grupo de organizações de notícias escolhidas a dedo que, segundo a Casa Branca, haviam sido previamente confirmadas para participar: o site "Breitbart News", a One America News Network e o "Washington Times", todos com tendências conservadoras populistas. Jornalistas de ABC, CBS, "Wall Street Journal", Bloomberg e Fox News também participaram.
"Nada como isso aconteceu na Casa Branca em nossa longa história de cobrir várias governos de diferentes partidos", disse Dean Baquet, editor-executivo do "Times", em um comunicado. "Protestamos fortemente contra a exclusão do 'New York Times' e das outras organizações de notícias. O livre acesso da mídia a um governo transparente é obviamente de crucial interesse nacional."
A Associação dos Correspondentes da Casa Branca, que representa o corpo de imprensa em contato direto com o governo, repreendeu rapidamente as ações. "A associação está protestando fortemente contra a forma como o silenciamento de hoje está sendo tratado pela Casa Branca ", disse o presidente da associação, Jeff Mason, em um comunicado. "Nós encorajamos as organizações que foram permitidas a compartilhar o material com os outros na imprensa que não foram. O conselho discutirá isso com o pessoal da Casa Branca."
Enquanto a AP afirmou que o público deve ter acesso ao presidente, a CNN chamou o episódio de "inaceitável sequência" das ações da Casa Branca no embate com a imprensa. "Aparentemente é assim que eles retaliam quando você relata fatos que eles não gostam. Continuaremos a fazê-lo, independente disto", afirmou a rede num comunicado.
De acordo com uma jornalista do site "The Hill", a vice-secretária de imprensa, Stephanie Grisham, se esquivou de perguntas sobre o veto.
— O 'pool' de jornalistas estava lá, então vários veículos de imprensa estavam representados. Relatos de que veículos foram excluídos não são fato.
ATAQUES REPETIDOS
A ação ocorreu horas após Trump atacar a imprensa em um discurso na Conferência da Ação Política Conservadora.
— Você não pode permitir que (os jornalistas) utilizem fontes a menos que mencionem o nome de alguém — disse. — Uma fonte disse que Donald Trump é um ser humano horrível. Pois que me digam na cara. Que não haja mais fontes.
O presidente mostrou-se irritado com as reportagens atribuídas a fontes anônimas, em especial aos numerosos informes sobre contatos entre seus colaboradores e os russos, que a Casa Branca rejeitou energicamente. A reportagem do "Times" usou nove fontes sob anonimato.
— Há três dias eu disse que eles são inimigos do povo, e eles são. Eles falaram em nove fontes e não citaram uma nominalmente. Eu sei com quem eles falam.
Durante os dez minutos em que falou sobre o tema, o presidente americano disse ainda que não se oporia a toda a imprensa, mas só “aos meios de notícias falsas”.
— As notícias falsas não dizem a verdade. Não representam o povo. Nunca representarão o povo e faremos algo a respeito.
Fonte: http://oglobo.globo.com
POLÍTICA: Propaganda disfarçada: governo paga youtubers para elogiar reforma
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O canal dos jovens youtubers Lukas Marques e Daniel Molo tem cerca de 7,1 milhões de assinantes. Canal do YouTube com 7,1 milhões de assinantes recebeu R$ 65 mil para fazer vídeo em que fala bem da mudança, sem qualquer indicação de se tratar de conteúdo pago
Em uma publicidade do Ministério da Educação (MEC) disfarçada, o governo pagou R$ 65 mil para o canal do YouTube "Você Sabia" falar bem da reforma do ensino médio. O vídeo "tudo que você precisa saber sobre o ensino médio" já conta com mais de 1,6 milhão de visualizações.
No vídeo publicado em 31 outubro de 2016, eles falam sobre os benefícios das mudanças propostas pela reforma. "Com esse vídeo você aí deve estar dando pulo de alegria. Se eu tivesse que fazer o ensino médio e soubesse dessa mudança eu ficaria muito feliz", afirma um deles.
Em nenhum momento os apresentadores indicam se tratar de um conteúdo pago. Eles ainda contam que resolveram falar sobre o assunto porque têm notado que há muitas dúvidas sobre o assunto. "A gente achou o tema bastante interessante, uma galera [estava] discutindo nas redes sociais, e então falamos: deixa com nós que a gente explica direitinho", diz um dos jovens.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, outros dois canais também foram procurados, mas se recusaram a fazer a publicação. Molo revelou que o conteúdo foi encomenda de sua produtora, a Digital Stars, e que é comum trabalharem com conteúdo patrocinado. "A gente já ia fazer um vídeo sobre o novo ensino médio. Como recebemos a proposta, decidimos aceitar", explicou o jovem, sem mencionar valores.
O MEC reconheceu o uso do canal para divulgar as medidas da reforma, pois complementa a estratégia de comunicação institucional. Explicou ainda que o contrato foi feito por licitação e o pagamento realizado dentro da normas.
Para melhorar a aceitação da reforma, o ministério reforçou o investimento com publicidade. Segundo a reportagem, gastou R$ 13 milhões de outubro a janeiro. O valor é 51% maior que o mesmo período do ano anterior. A reforma no ensino médio foi sancionada por meio de uma medida provisória pelo presidente Michel Temer, nesta quinta-feira (16).
Fonte: www.noticiasaominuto.com.br
LAVA JATO AGORA É FILME: Filme custa R$ 15 mi, tem investidor secreto e estreia em julho
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Com arma, uniforme, carro, helicóptero e avião cedidos pela Polícia Federal, "Polícia Federal - A Lei É para Todos" vai levar aos cinemas de forma "muito imparcial" a história da Lava Jato. O ponto de vista será -finja surpresa- o de policiais federais. Mais entretenimento, menos panfleto político. Essa é a fórmula do diretor Marcelo Antunez para remontar os primeiros anos da operação que pôs meia Brasília e parte do PIB nacional de cabelos, implantes e perucas em pé.
Mas, ao adotar a ótica dos investigadores, ele arrisca se indispor com metade deste "Fla-Flu incrível que o caso criou no país", reconhece. "Tem gente que vai ver que nós tentamos [a neutralidade], e tem gente que vai dizer que não adiantou nada", afirmou à Folha na semana passada, durante as filmagens. O apartamento na Barra da Tijuca simula o dúplex no condomínio Hill House, em São Bernardo do Campo, onde Lula e sua mulher, Marisa Letícia (1950-2017), moravam.
A cena ali gravada é uma das últimas do longa de 2 horas e 10 minutos, um colosso para padrões brasileiros. A previsão de estreia é julho. O filme abordará os primórdios da investigação e terminará com a ida compulsória de Lula para prestar depoimento na PF, quatro meses antes de virar réu da Lava Jato. Ou seja, deixará de fora a queda de grandes empreiteiros e de caciques de outros partidos que não o PT.
Se a lei é para todos, como prega o título, será preciso aguardar cenas dos próximos capítulos para ver a casa cair de vez. Segundo o produtor Tomislav Blazic, o plano é fechar uma trilogia sobre a Lava Jato, obra em construção também na vida real. Ary Fontoura interpreta o ex-presidente, que usava roupa de ginástica (ia para a academia) quando a PF bateu à porta, em março de 2016. Achou que estava sendo preso. Um dos delegados diz que não, que "isso se chama condução coercitiva". "Isso se chama filha da putice", rebate Lula, levado à força para uma área policial no aeroporto de Congonhas.
A ficção oferece versão mais enxuta do que se passou naquela manhã, segundo gravação que a PF fez no dia. Dona Marisa (Sandra Corveloni), que morreria em menos de um ano, está nervosa. Agentes se apinham no apartamento, sob liderança de Ivan (Antonio Calloni), fusão ficcional de vários delegados. A referência mais óbvia: Igor de Paula, um dos chefes da operação, que na verdade não participou da condução de Lula na data.
Lula chega a fazer piada com a ausência de um colega deles, Newton Ishii, vulgo Japonês da Federal. Famoso por prender figurões, ele próprio foi para o xilindró, acusado de facilitar contrabando no país -depois fez escolta de suspeitos da Lava Jato usando tornozeleira eletrônica.
"Não trouxeram o japonês de Curitiba?" Lula ouve que não e se diz aliviado: "Ainda bem. Capaz de ele roubar as minhas coisas aqui em casa". Mais tarde, o depoente ameaçaria: "Eu vou voltar a ser presidente em 2018 e lembrarei da cara de cada um de vocês. Me aguardem".
Para muitos, os delegados são os salvadores de uma pátria eticamente falida -entre seus fãs, Marcelo Serrado, que vive o juiz Sergio Moro, "um herói" para o ator. Para tantos outros, eles são exemplos de um Judiciário parcial, o que teria ficado evidente com o apoio de algumas dessas autoridades a Aécio Neves nas eleições de 2014; já Lula era xingado: "Alguém segura essa anta, por favor!", escreveu o delegado Márcio Anselmo na internet. Atores tiveram canal aberto com agentes e até visitaram a carceragem da PF em Curitiba, em acordo sem precedentes, diz o produtor Tomislav. Questionada, a instituição não respondeu à Folha.
Para Antunez, terminar seu filme com o depoimento forçoso de Lula não foi gratuito. "Aquele momento é divisor de águas. Um marco para quem acha que a Lava Jato está exercendo papel benéfico. E aqueles que a veem como partidária também acham que esse momento é importante."
Até aqui, o cineasta dirigiu comédias que superaram 1 milhão de espectadores ("Até que a Sorte nos Separe 3", "Um Suburbano Sortudo"). O novo filme é um "thriller investigativo" que ele diz seguir a linha de "A Grande Aposta", obra com vários protagonistas e montagem ligeira.
BIG BANG
Antes da dona Marisa ter um aneurisma, do avião do ministro Teori Zavascki cair, de Marcelo Odebrecht, Eduardo Cunha e Eike Batista irem em cana, do Japonês da Federal perder o status de policial-celebridade para um colega barbudo, o Lenhador...
Antes disso tudo, em 2013, a PF apreendeu um caminhão carregado de palmito -e 697 kg de cocaína. Era a Operação Bidone (nome de filme de Federico Fellini, que no Brasil se chamou "A Trapaça").
Essa investigação paralela implicou o doleiro Alberto Youssef. No cárcere, ele acabou delatando na Lava Jato. Assim começa a história do filme. Já os bastidores da obra renderiam um capítulo à parte. Orçada em R$ 15 milhões, a produção não revela seus investidores. "Zero dinheiro público", limita-se a dizer Tomislav. Segundo Antunez, o sigilo (incomum no cinema) é uma proteção. Num clima tão polarizado, "as pessoas têm receios de várias ordens, até de integridade física", afirma.
A caixa preta alimentou boatos de que a prisão de Eike Batista em janeiro teria paralisado o set, já que o empresário seria um dos patrocinadores. "Ele nunca chegou perto do filme", afirma o diretor.
Poderá chegar -como personagem nas sequências planejadas. Uma coisa é certa: o Brasil dá mesmo um filme.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
ACREDITE SE QUISER... Deputado se aposenta depois de apenas dois anos de mandato
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Regras do plano de previdência dos congressistas são bem mais brandas e flexíveis do que as previstas na reforma da Previdência. Um deputado pode se aposentar a partir de apenas um ano de mandato.
O deputado Manuel Rosa Neca (PR-RJ) chegou à Câmara como suplente, em janeiro de 2013. Cinco meses mais tarde, ingressou no plano de previdência dos congressistas. Completou apenas dois anos de mandato como deputado federal. Com o aproveitamento (averbação) de parte de mandatos anteriores de vereador e prefeito em Nilópoles (RJ), além de mais 26 anos de contribuição ao INSS, conseguiu a aposentadoria e recebe, hoje, R$ 8,6 mil. Esse é um dos exemplos das facilidades do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC), que conta com regras bem mais brandas e flexíveis do que as previstas na reforma da Previdência a ser votada pelos deputados e senadores nos próximos meses.
Mas as regras do plano são ainda mais permissivas. Um deputado pode se aposentar a partir de apenas um ano de exercício do cargo, desde que faça averbações de outros mandatos ou contribuições ao INSS. O ex-deputado Junji Abe (PSD-SP) exerceu o cargo por apenas quatro anos, entre 2011 e 2015. Em janeiro de 2015, teve aprovadas pela Câmara a averbação de mandatos de deputado estadual, vereador e prefeito de Mogi das Cruzes que somavam 20 anos de exercício desses cargos. O valor da averbação ficou em R$ 1,4 milhão. Em junho daquele ano, conseguiu ainda o aproveitamento de 12 anos de contribuições ao INSS. Fechou 24 anos de mandatos e assegurou uma aposentadoria de R$ R$ 23 mil.
Com três mandatos, entre 2003 e 2015, o deputado Carlos Souza buscou 24 anos de contribuições ao Governo do Amazonas, ao INSS e utilizou até mesmo o período de prestação de serviço militar ao Exército, de 1971 a 1972. Recebe R$ 10,6 mil como aposentado. O ex-deputado Ronaldo Zulke (PT-RS), que exerceu o mandato de 2011 a 2015, teve aprovada a averbação de 34 anos de contribuições e aposentou-se em fevereiro de 2015. Recebe R$ 3,8 mil.
As contribuições ao INSS contam para o tempo de contribuição – é necessário um mínimo de 35 anos –, mas não são consideradas para o cálculo do valor da aposentadoria. As averbações de mandato são pagas – cerca de R$ 7,4 mil por mês recuperado – e entram no cálculo da aposentadoria. Mas nem sempre é assim.
Também com três mandatos, o deputado Gervásio Silva (PSDB-SC) teve reconhecidos 23 anos de contribuição ao RGPS (Regime Geral de Previdência Social), mais cinco anos pelo mandato de vereador e quatro pelo mandato de prefeito em São José (SC). A averbação foi “não onerosa”, o que significa que o parlamentar não pagou a contribuição mensal para cada mês acrescentado ao seu tempo de contribuição. Os arquivos da Câmara registram que “não houve contribuição previdenciária”, mas destaca que o tempo de serviço registrado foi exercido antes da Emenda à Constituição nº 20/1998, podendo assim ser contado como tempo de contribuição para efeito de aposentadoria. Silva conseguiu a aposentadoria e recebe, atualmente, R$ 11,5 mil.
Durante o mandato, o deputado segurado paga R$ 3,7 mil por mês ao PSSC – parcela igual àquela paga pela Câmara. Isso representa 11% do salário do parlamentar, que está em R$ 33,7 mil. Se comprovar os 35 anos de exercício de mandatos – federais, estaduais ou municipais – e 60 anos de idade, recebe aposentadoria integral, no mesmo valor do salário de deputado. Em 2015, 24 deputados se aposentaram, com aposentadoria no valor médio de R$ 18,4 mil. Nem todo o período de averbação aprovado é aproveitado. Quando sobra tempo de contribuição, ou falta dinheiro ao deputado, acontece a “desaverbação” parcial ou total. Mais uma regra bastante flexível.
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) chegou a 20 anos de mandato parlamentar e teve reconhecidos 15 anos de contribuições ao INSS. Mas precisou averbar quatro anos relativos ao antigo Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), entre 1995 e 1998. Ele não precisou recolher a cota patronal, que já havia sido paga pela Câmara à época do referido mandato. A operação custou R$ 126 mil. Mas cada mandato acrescido representa um acréscimo de R$ 3,8 mil na aposentadoria. O investimento será recuperado em menos de três anos. Recebe hoje R$ 21,2 mil como aposentado.
“Um absurdo”
Mesmo internamente há quem critique as facilidades oferecidas pelo PSSC. Informado sobre a aposentadoria de um colega após dois anos de mandato, o deputado Décio Lima (PT-SC), foi direto: “Isso é um absurdo. Tem deputado que entra aqui como suplente, averba um monte de tempo e sai daqui aposentado. Eu acho que isso tudo devia acabar. Deveria ter um regime geral. A lei abre uma porteira que não deveria abrir”, protestou o deputado, em entrevista ao Congresso em Foco.
Questionado sobre o valor da aposentadoria desse deputado (R$ 8,6 mil), responde: “Não é pouco não, é muito. É um modelo de privilégio capitalista”. Mas, enquanto o plano não acaba, Lima está buscando as suas averbações: quatro anos do mandato de vereador e oito pelo de prefeito de Blumenau. Os anais da Câmara registram que ele terá que pagar R$ 1 milhão ao plano de previdência. “Eu aderi a esse instituto há dois anos convencido por várias razões. Primeiro, tive que abandonar a advocacia por 20 anos. Não tenho mais como voltar no mercado. Não tenho tempo para me aposentar no Regime Geral. Eu não tive alternativa. Estou me desfazendo de patrimônio, de tudo, para me prevenir, porque têm muitos ex-deputados brasileiros sem renda, pessoas que largaram tudo pela paixão da política e ficaram sem renda”, justificou.
Reforma
Os reflexos da reforma da Previdência no plano dos congressistas ainda não estão claros para alguns dos segurados. O deputado Vilson Covatti (PP-ES), que já deixou o mandato, mas ainda busca averbações para assegurar a aposentadoria, afirma que a reforma é necessária: “Tudo tem que ser ajustado”. Questionado se vai mexer com o PSSC, responde, confuso: “Não, é um plano que não é privado, mas é basicamente privado. Não sei se interfere”.
Décio Lima diz que a reforma da Previdência “faz parte da proposta de subdesenvolvimento desse governo que caracterizamos como golpista. Ela é totalmente desnecessária, é tirar dos pobres para resolver o problema do capitalismo. E nós vamos resistir para impedir qualquer alteração que signifique retiradas de direito do povo”. Sobre os reflexos no plano dos congressistas, afirma, convicto, ou quase: “Mexe, atinge todos. Eu ainda não li o texto, mas acho que atinge todos”.
Um milênio
A decisão do governo de fazer a reforma da Previdência – e com normas bastante duras, como os 49 anos de contribuição – levou os deputados a buscar averbações para completar o tempo de contribuição e assegurar uma aposentadoria mais robusta. Como mostra levantamento feito pelo Congresso em Foco, as averbações feitas por 69 deputados em 2015 e 2016 somaram 960 anos – quase um milênio. No mesmo período, 150 deputados aderiram ao PSSC. O novo plano foi criado para substituir o Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC), que tinha normas ainda mais benevolentes, como a aposentadoria após oito anos de contribuição, sem necessidade de averbação de outros mandatos.
O novo plano estabeleceu idade mínima de 60 anos – antes era 50 anos – e 35 anos de contribuição. Mas, ao longo dos anos, os parlamentares
foram abrindo brechas na lei que descaracterizaram o PSSC. Uma delas é a reabertura do prazo para filiação – o que já ocorreu quatro vezes, em 2005, 2006, 2010 e 2014. Após a edição do Ato da Mesa 148/2014, por exemplo, dezenas de deputados pediram a inclusão no plano com o aproveitamento dos últimos cinco anos para contagem de tempo de exercício de mandato, após recolhidas as contribuições do período.
Após um ano
Questionada sobre a aposentadoria de um deputado após dois anos de mandato, a Câmara respondeu que o deputado pode se aposentar pelo PSSC “a partir do primeiro ano de mandato”, na proporção de 1/35 por ano inteiro de mandato/contribuição, desde que tenha 35 anos de contribuições previdenciárias e 60 anos de idade.
Sobre as averbações, informou que o parlamentar também pode averbar tempo de mandato eletivo federal, estadual e municipal, desde que pague
retroativamente a contribuição ao plano, conforme está previsto no artigo 5º da Lei 9.506/97. Esclarece ainda que as contribuições ao INSS servirão para contagem de tempo de contribuição, mas não para cálculo do valor da aposentadoria pelo PSSC. O deputado deve optar pela aposentadoria do PSSC, na proporção dos anos de mandato, ou pelo INSS. Não pode ser acumulado.
A Câmara confirma que está mantida a reaposentadoria: “Se o deputado aposentado voltar a exercer o mandato e optar por contribuir para o PSSC, nesse período, poderá averbar esse tempo para atualizar os valores. Lembrando que o exercício de mandato suspende o benefício da aposentadoria que o deputado estiver recebendo”.
A respeito da natureza jurídica do plano, informa: “O PSSC é um regime próprio de previdência de parlamentares, administrado pela União, por meio de cada uma das Casas do Congresso Nacional, nos moldes do regime próprio dos servidores públicos. Não é uma entidade fechada de previdência e sim um regime orçamentário na modalidade benefício definido e financiado por repartição simples”. Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br
Após difamação por foto com Merkel, refugiado sírio processa Facebook
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Anas Modamani, 19, aproximou-se da chanceler alemã, Angela Merkel, esticou o braço e fez um "selfie". Na internet, a foto gerou desdobramentos que o jovem refugiado sírio não esperava.
A imagem passou a circular como se Modamani fosse suspeito de atentados terroristas. Sua proximidade em relação à chanceler seria prova da ingenuidade alemã, que teria acolhido o inimigo.
Ele agora processa o Facebook por difamação e exige que o site retire as fotografias, impedindo a sua reaparição. Uma corte ouvirá a denúncia nesta segunda (6).
A ação pode ser um marco no país, enquanto o governo busca maneiras de regulamentar a internet e responsabilizar redes sociais pelas notícias falsas veiculadas.
ACUSAÇÕES
O "selfie" com Merkel foi feito em um abrigo de Berlim em 10 de setembro de 2015. Ele havia chegado à Alemanha um mês antes, fugindo da guerra e viajando por Turquia, Grécia e Sérvia.
A foto serviu, em um primeiro momento, como emblema da política alemã de portas abertas. O país recebeu quase 900 mil pessoas em 2015, em um gesto que mais tarde se provou daninho à popularidade de Merkel, candidata a um quarto mandato nas eleições de setembro deste ano.
"Foi uma foto normal, apenas por curiosidade", diz Modamani à Folha. "A chanceler é uma ótima pessoa que ajudou muitas pessoas, dando a elas a oportunidade de viverem. Mas a imagem começou a ser utilizada por quem odeia refugiados, dizendo que fiz coisas erradas."
Modamani foi identificado falsamente como Najim Laachraoui, um dos responsáveis pelos ataques terroristas a Bruxelas, em março do ano passado. Ele também foi acusado por internautas enfurecidos por uma tentativa de atentado em Ansbach, na Alemanha, em julho.
No fim do ano, a fotografia reapareceu em notícias sobre um morador de rua queimado em uma estação de metrô em Berlim. E também foi relacionada ao atentado com um terrorista que usou um caminhão para atropelar e matar 12 pessoas em um mercado de Natal na capital alemã.
Modamani acredita que o Facebook não tenha tomado medidas suficientes para impedir sua difamação. "Espero que apaguem a imagem imediatamente e impeçam outras notícias falsas", afirma o jovem, que trabalha numa rede de fast food.
Chan-jo Jun, advogado de Modamani, diz que as imagens relacionando seu cliente a ataques foram vistas dezenas de milhares de vezes. Ele foi alvo de ameaças —um usuário pedia, por exemplo, que fosse queimado vivo.
O Facebook eliminou algumas, mas outras não, e falhou em impedir sua reaparição, segundo o advogado. A empresa afirma ter agido e, portanto, não acredita haver base para a acusação. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
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Escolhido para o STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) perdeu concurso de professor titular da USP para o seu possível colega Ricardo Lewandowski, foi reprovado por uma examinadora na livre-docência e é acusado por alunos de ter relativizado a tortura em sala de aula.
Ele nega. À época, 2004, disse que introduziu questionamentos teóricos comuns e teve a fala distorcida. "O histórico acadêmico e profissional do ministro demonstram sua incansável luta contra a tortura, tanto em seus livros, quanto nos cargos que ocupou", disse sua assessoria, em nota.
O ministro da Justiça afirmou ainda que "a alegação de ter defendido tortura foi considerada absurda na época por todos os alunos efetivamente presentes a aula". Ao longo de sua trajetória, a faceta política e a acadêmica se encontraram.
Admiradores, inclusive da própria Faculdade de Direito, afirmam que Moraes é prodigioso e bem articulado. Derrotas em concursos são relativamente comuns, ponderam. Os três docentes e quatro ex-estudantes ouvidos pela reportagem não quiseram ser identificados.
A POLÊMICA DA TORTURA
A vida universitária de Alexandre de Moraes já começou agitada.
Ele perdeu o concurso de ingresso na USP para Virgílio Afonso da Silva, hoje professor titular da faculdade. Então professor de cursinho, tentou novamente e conseguiu.
Pouco depois, uma aula para o quinto ano, em 2004, reverberaria em Brasília. No curso, o professor introduziu uma discussão retórica sobre o uso da tortura para obtenção de informação sensível. "Sabendo-se que há uma bomba em plena praça São Pedro, por onde passará o papa, e é preso um terrorista que se recusa a falar onde ela está", introduziu Moraes. "No limite, é admissível a obtenção de informação mediante tortura a fim de evitar a morte das pessoas na praça?", continuou.
"Sendo um dos integrantes de um grupo de sequestradores detidos pela polícia e estando a vítima ainda em poder dos demais, no limite é admissível torturar o detido a fim de que se descubra o local em que a vítima e os demais sequestradores se encontram?", acrescentou.
À época, o teor da fala do professor causou alvoroço entre estudantes. Acionado, o Centro Acadêmica XI de Agosto publicou uma nota contra o professor.
O documento chegou ao Senado e, no ano seguinte, seu conteúdo foi debatido na Comissão de Constituição e Justiça durante a sabatina de Moraes para o Conselho Nacional de Justiça. O candidato se defendeu, dizendo que os alunos tiraram os pontos de interrogação ao final de seus questionamentos e distorceram sua fala. "Nada justifica a quebra de qualquer inviolabilidade de qualquer liberdade pública, porque isso poderia gerar inúmeros abusos", reagiu, na sabatina.
Dois alunos que estavam na sala, ouvidos pela Folha na condição de terem a identidade preservada, disseram que Moraes não apresentou argumentos contrários à tortura como método de investigação. Por isso, causou o furor.
Uma semana depois da sabatina, o plenário do Senado vetou o seu nome para o CNJ. Mas, em movimento que foi visto como manobra do PSDB e PFL, partidos aos quais Moraes é ligado (hoje é filiado ao primeiro), a Casa voltou a examinar sua indicação e a aprovou.
NOTA ZERO
Moraes já foi comparado a outros ministros do tribunal.
Ele perdeu o concurso de professor titular para Ricardo Lewandowski, em 2003. Ficou em quarto e último lugar, com nota 8,66, enquanto o vencedor obteve 9,82. Na prova de livre-docência, em 2002, outra polêmica. A examinadora Odete Medauar deu nota zero ao postulante. Ela entendeu que a tese de Moraes não tinha consistência teórica, segundo lembram docentes da faculdade.
À Folha, a professora disse que a tese estava, "vamos dizer assim, deixando a desejar. Mas isso não significa que o professor Alexandre não tenha competência". "Ele tem competência para exercer tanto o seu cargo atual quanto para qualquer outro", afirmou Medauar.
A média geral de Moraes na livre-docência, contabilizadas as notas dos outros quatro examinadores, foi 7,08. A mesma banca deu notas 9,7 e 9,6 aos outros dois candidatos que prestaram o concurso junto com Moraes.
OUTRO LADO
A assessoria do ministro disse, sobre a polêmica da tortura, que "essa falsa notícia foi abordada durante sabatina que o aprovou no CNJ, em 2005, e totalmente descartada".
"Quando secretário de Justiça e presidente da Febem [hoje Fundação Casa], Alexandre de Moraes foi responsável pela prisão em flagrante de 30 monitores da instituição por agressão e tortura de menores, demonstrando na prática o que sempre defendeu na teoria."
Reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" desta segunda-feira (6) afirma que, em sua tese de doutorado, Moraes defendeu que o presidente da República não possa indicar ao Supremo quem exerce cargos de confiança, como é o seu caso, para evitar "demonstração de gratidão política". Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
Artistas rompem silêncio para prestarem solidariedade a Lula
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Famosos que enviaram pêsames foram citados no site do ex-presidente
Houve um tempo, especialmente da ditadura até os primeiros anos do pós-redemocratização, no qual a classe artística tinha participação efetiva na política brasileira.
Mas o ativismo foi perdendo força e, hoje, poucas personalidades da TV ousam associar sua imagem a partidos, políticos e ideologias. Existe o temor da reação pública, já que vivemos um tempo de polarização e radicalismo, especialmente nas redes sociais.
Muitos atores, cantores e apresentadores, ainda que politizados, optam pelo silêncio para evitar a perda de oportunidades de trabalho, principalmente na publicidade.
Evitam fazer qualquer declaração sobre o assunto, jamais se deixam fotografar ao lado de lideranças políticas e ocultam gestos de apoio ou solidariedade. Uma autocensura que lembra – que ironia! – a perseguição às ideias do regime militar.
Os que ‘dão a cara a tapa’, como Regina Duarte, à direita, e José de Abreu, à esquerda, enfrentam críticas, deboche e até perdem fãs.
Na semana passada, vários famosos decidiram enfrentar o patrulhamento e enviaram manifestação de condolências ao ex-presidente Lula em razão da morte da ex-primeira dama, Dona Marisa Letícia.
No site do Instituto Lula foi feito um post de agradecimento às figuras públicas que se solidarizam com o petista. Entre elas, artistas que raramente se expõem a respeito de questões político-partidárias, como Fernanda Montenegro, Fábio Assunção, Monica Martelli e Lázaro Ramos.
Além de personalidades da mídia com posição ideológica declarada e/ou militância midiática, como Paulo Betti, Letícia Sabatella, Cristina Pereira, Chico Buarque, Patrícia Pillar, Sérgio Mamberti, Tássia Camargo e Barbara Gancia.
Como quase tudo ligado à política neste momento, a tal lista repercutiu em diferentes direções, com elogios e ataques aos artistas que enviaram pêsames a Lula.
Ninguém passa incólume às diferentes correntes que monitoram a vida política e a internet. Fonte: https://diversao.terra.com.br
Marisa Letícia Lula da Silva... Seu nome é utopia. (*1950- +2017)
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Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista.
Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro. 4 de feveriro-2017.
A sua história não é apenas de glória e poder
Mas também de morte do seu amado caminhoneiro.
Ela não cruzou os braços e sempre lutou para sobreviver
Fazendo da viuvez uma defesa da vida do seu primeiro filho.
O abraço fraterno nos pobres não era campanha política
Mas uma recordação da sua família de 11 irmãos.
Ela enxugava as lágrimas das crianças não para ficar bonita na foto
Mas para recordar as lágrimas do cansaço aos 9 anos no trabalho diário.
Ela defendia a dignidade das trabalhadoras não para ganhar votos
Mas para recordar que também ela foi operária nos seus 19 anos.
Ela era firme em suas convicções e ideais políticos
Sem jamais perder a ternura da utopia do novo dia.
Não a conheci pessoalmente
Mas ela conheceu a nós, brasileiros e brasileiras.
Não tive o privilégio em dar um aperto de mão
Mas ela acariciou as mãos calejadas do povo.
Não lutei contra a ditadura Militar e suas mazelas
Mas pelo Brasil ela gritou contra as noites escuras do medo.
Não conheci o poder e seus encantos
Mas ela fez do poder uma nova vida para os pobres.
Não subi na rampa do Planalto
Mas ela ajudou os pobres a subir nas rampas da vida.
Não tenho um presidente na família
Mas ela fez da presidência um novo olhar para os excluídos.
Não fui denunciado ou injuriado
Mas ela viveu de perto as Bem-Aventuranças de Jesus.
Não fui discriminado ou renegado
Mas ela ouviu horrores contra um nordestino e operário.
Não conheci Herodes ou Pôncio Pilatos
Mas ela viu muitos traidores lavar as mãos.
Ela não foi perfeita, santa ou milagrosa
Mas fez das relações humanitárias um grande milagre.
Ela não foi uma luz ou exemplo de perfeição
Mas fez das limitações humanas um caminho de luz.
Ela não foi filha de políticos famosos ou famílias tradicionais
Mas de pequenos agricultores que sonharam com os pés no chão.
Marisa... Seu nome é Brasil, seu nome é utopia.
Juiz bloqueia polêmica ordem migratória de Trump em todo o país
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Presidente dos EUA havia ordenado a proibição da entrada de refugiados de sete países. A Casa Branca considerou a sentença 'escandalosa'.
O juiz federal James Robart ordenou, nesta sexta-feira (3), a suspensão da ordem executiva emitida pelo presidente Donald Trump, de proibir a entrada de refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana, o golpe mais duro até agora contra o polêmico decreto.
Robart bloqueou o decreto momentaneamente, enquanto estuda em sua totalidade o recurso de amparo apresentado pelo procurador-geral do estado de Washington (oeste), Bob Ferguson.
"A Constituição prevaleceu hoje", manifestou Ferguson, após a sentença. "Ninguém está acima da lei, nem mesmo o presidente", acrescentou.
A Casa Branca considerou a sentença "escandalosa". Esse não foi o primeiro recurso a desafiar o decreto, mas foi o golpe mais forte infligido até agora, já que desarma seus principais argumentos.
Tecnicamente, a sentença significa que, por enquanto, qualquer um com visto válido tem acesso permitido ao país.
Recursos similares foram apresentados em outros estados. Entre eles, estão Califórnia, Nova York e Virgínia. Fonte: http://g1.globo.com
Marisa Letícia, 1950-2017, filha do Brasil
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Ex-primeira dama costurou a primeira bandeira do PT, começou a trabalhar aos nove anos e organizou resistência das mulheres durante as grandes greves do ABC.
“A primeira bandeira do PT fui eu que fiz. Tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte, guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca e ficou lindo. Minha casa era o centro. Foi assim que começou o PT.”
Marisa Letícia tinha 29 anos quando costurou uma estrela branca sobre um pano vermelho e concebeu aquela que viria a ser a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores, antes mesmo de sua fundação oficial, em fevereiro de 1980. Pouco depois, em abril, seu marido seria preso pela primeira vez e ficaria detido por 31 dias no DEOPS de São Paulo por exercer o direito à greve e à luta por direitos trabalhistas — quando a regra era o silêncio, a opressão, o arbítrio.
Marisa seguiu costurando e não parou mais: o sonho, a resistência, a família, o futuro. E carimbou sua estrela não apenas no tecido vermelho, mas também na história do Brasil.
Filha de pequenos agricultores de origem italiana estabelecidos num sítio modesto na zona rural de São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, Marisa foi a décima filha entre as 11 crianças de Regina Rocco Casa e Antônio João Casa. Nasceu numa casa simples, na periferia de São Bernardo, e cresceu vendo o pai e os irmãos carregarem uma charrete com verduras e legumes para vender no mercado. Ainda criança, mudou-se com a família para o centro da cidade. Filha do Brasil, Marisa começou a trabalhar aos 9 anos, como babá. Dos 13 aos 19 foi operária numa fábrica de chocolates. Largou para casar.
Marisa se casou pela primeira vez aos 19 anos, em 1970, com o motorista de caminhão Marcos Cláudio dos Santos. Entre um frete e outro, carregando areia para construção civil, Marcos fazia bico dirigindo o táxi de seu pai nas ruas de São Bernardo. Seis meses após o casamento, foi assassinado num assalto. Marisa estava grávida de quatro meses. Seu primeiro filho recebeu o nome de Marcos Claudio, em homenagem ao pai que jamais conheceu.
Aos 23 anos, a jovem viúva Marisa trabalhava como inspetora em um colégio estadual quando conheceu o também jovem viúvo Luiz Inácio da Silva, o Lula, então diretor do departamento jurídico do Sindicato dos Metalúrgicos e responsável pelo setor de previdência social. Lula, com 27, tinha perdido a mulher e o filho durante o trabalho de parto dois anos antes. Marisa procurou por ele no sindicato para solicitar um atestado de que precisava para receber a pensão a que tinha direito. Era o final de 1973.
Lula já tinha ouvido falar sobre aquela moça. Sem carro, e sem ônibus que servisse a cidade após as 22 horas, Lula recorria ao táxi de Seu Cândido quando precisava voltar para casa mais tarde. Papo vai, papo vem, Lula soube que o filho de Seu Cândido havia morrido num assalto, naquele mesmo táxi. O taxista falava coisas sobre o neto e sobre a nora, que era viúva como ele, que era muito bonita, coisa e tal. Quando Marisa apareceu em sua sala à procura de um atestado, Lula não imaginava que era a filha de Seu Cândido. Mas bastou que ela respondesse às perguntas do formulário para Lula juntar os pontos. Viúva, marido morto num assalto num táxi, filho com 2 anos... "Você é a nora do Seu Cândido?", ele perguntou. Cinco meses depois, Lula e Marisa estavam casados.
"Eu assumi o Marcos como se fosse meu filho quando casei com a Marisa", disse Lula em entrevista reproduzida no livro "O Filho do Brasil", de Denise Paraná. "Ele tinha três anos, a mesma idade que teria meu primeiro filho, se ele estivesse vivo". Quando nasceu o primeiro filho biológico de Lula e Marisa, Fábio Luís, em 1975, o casal convidou Seu Cândido e a mulher, Dona Marília, para serem padrinhos do menino.
Com Lula, Marisa, que o marido costumava chamar de "Galega", teve mais dois filhos: Sandro Luís, em 1978, e Luís Cláudio, em 1985. A família se completa com a enteada Lurian, de 1974, fruto do namoro de Lula com Mirian Cordeiro, anterior ao casamento com Marisa.
Dona de casa desde o nascimento de Fábio, Marisa foi sempre muito presente na militância do PT e desempenhou papel central na trajetória política do marido. Um ano depois do casamento, Lula assumiu a presidência do sindicato, mergulhando de cabeça na vida política. Durante as grandes greves dos metalúrgicos entre 1978 e 1980, e também nos primeiros anos do PT, transformou sua casa em local de reuniões intensas e frequentes, por vezes diárias, onde foram gestadas algumas das mais importantes estratégias de luta e também os sonhos de um país mais justo e democrático.
Quando Lula foi preso, em abril de 1980, e ficou 31 dias no Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo, o DEOPS, Marisa se engajou na organização do fundo de greve e liderou uma marcha de mulheres que tomou as ruas de São Bernardo em 8 de maio, caminhando na linha de frente de mãos dadas com os filhos. Visitava o marido todos os dias na prisão, e, quando o filho Marcos, aos 10 anos, cismou de não querer mais ir à escola para não ouvir seus colegas o acusarem de ser "filho de bandido", foi obrigada a administrar, sem perder a dureza nem a ternura, os primeiros sintomas da perseguição política que ela e os filhos seriam obrigados a administrar, até hoje.
"Hoje parece loucura. Fizemos uma passeata das mulheres em 1980, quando os dirigentes sindicais estavam presos. Encheu de polícia. Os homens queriam dar apoio, mas dissemos não. Fizemos só com as mulheres, eu de mãos dadas com meus filhos à frente."
Após três campanhas eleitorais frustradas, Lula foi eleito presidente da República em 2002. Marisa virou primeira dama em 1º de janeiro de 2003. Ao longo de oito anos, reformou o Palácio da Alvorada, introduziu as famosas festas juninas da Granja do Torto no calendário oficial de Brasília, e teve atuação discreta, mantendo sob sua responsabilidade a logística da casa, a administração financeira da família, o guarda roupa do marido, o zelo pela privacidade e pela intimidade dos filhos. Esteio e alicerce são duas palavras constantemente utilizadas pela imprensa para se referir a ela.
Lula ainda era presidente da República quando exames revelaram a presença de um aneurisma no cérebro da então primeira dama. Aneurisma é uma deformação que ocorre numa veia ou artéria, causando a dilatação do canal e o afinamento da parede para formar uma espécie de bolha. Na ocasião, foi feita a opção por monitorar o aneurisma, ao mesmo tempo em que se reforçou a necessidade de controlar a pressão sanguínea de Marisa, que foi diagnosticada como hipertensa. No dia 24 de janeiro, Marisa teve uma crise hipertensiva que provocou o rompimento desse aneurisma, um acidente vascular cerebral. Foi atendida na emergência do Hospital Assunção, em São Bernardo do Campo, e transferida para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde foi submetida a um procedimento cirúrgico para estancar uma hemorragia.
Marisa Letícia Lula da Silva faleceu aos 66 anos no início da noite do dia 3 de fevereiro de 2017. Marisa virou estrela, uma estrela igual àquela que alinhavou sobre tecido vermelho para criar a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores. Uma estrela que, como a outra, jamais deixará de brilhar. Fonte: http://www.lula.com.br
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