Paróquia do Pilar, de Ouro Preto-MG: A RESPEITO DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DO FUNDÃO
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São passadas três semanas da tragédia em Mariana, com o rompimento da barragem do Fundão, da empresa Samarco.
Desde então, acompanhamos, consternados, os desdobramentos deste caos social, cultural e ambiental, com perdas humanas, destruição de cidades e vilarejos e enorme desastre ambiental, atingindo dez municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Por onde a lama passou, deixou um rastro de morte e destruição que agora atinge as águas oceânicas, depois de atingir nossos rios, sobretudo o Rio Doce, com consequências imprevisíveis.
Em meio a este cenário de destruição e morte, é preciso destacar a solidariedade do povo local e de todo o Brasil com doações e ações de voluntariado e algumas ações públicas em socorro aos atingidos, vítimas desta tragédia.
É bom lembrar que essa tragédia foi causada por mãos humanas. Ela tem como responsáveis as empresas detentoras da barragem que se rompeu e os governos, através dos órgãos encarregados de fiscalizar o cumprimento das leis que regulam a atividade minerária e o monitoramento da segurança das populações e do meio ambiente.
Agradecemos sua ajuda solidária, nesse primeiro momento, com roupas, água, material de higiene e outros. Recordamos que você pode ajudar fazendo doações em dinheiro, com depósito em contas abertas pela prefeitura de Mariana e pela Arquidiocese de Mariana para ajudar os atingidos desta tragédia.
Nossa Arquidiocese de Mariana, através dos serviços diocesanos e das paróquias, tem acompanhado, de perto, as pessoas e as comunidades atingidas, oferecendo apoio humano/social e religioso; ajudando na organização das vítimas e participando, diretamente, das iniciativas em vista dos passos futuros a serem dados para prover as vítimas em suas necessidades e direitos, também em vista da reconstrução de suas vidas e de suas comunidades.
Esperamos que esta situação não fique impune. Esperamos que as vítimas dessa tragédia sejam ouvidas, ativamente, no processo de reconstrução de suas vidas e de suas comunidades. Esperamos que esta tragédia modifique as leis de licenciamento e fiscalização minerária e nos faça, governos, instituições e sociedade, repensar esse modelo desenvolvimentista de bem estar que coloca o projeto econômico acima do valor da vida humana e do bem viver.
Deus fortaleça os atingidos no processo de reconstrução de suas vidas, para que não desanimem; conceda a todos, comunidades e lideranças, perseverança nas ações de solidariedade e defesa dos interesses dos atingidos. Ele, na ação de seu Santo Espírito, ilumine autoridades e órgãos responsáveis para que seja feita justiça, haja reparação, compensação e indenização diante dos danos causados pelo rompimento da barragem, minorando os sofrimentos e perdas dos atingidos por esta tragédia.
Não somos mais os mesmos, depois desta tragédia; sentimo-nos todos atingidos, somos uma grande família de irmãos e irmãs. Com a confiança quem vem da fé, trazemos a certeza de que desses escombros a vida haverá de brotar. A palavra é de esperança, pois o “menino que vem nesse natal, vem como “luz” para dissipar as “trevas”, vem trazer vida e salvação.
Comunidade Paroquial do Pilar – padres; Danival, Rogério e Pe. Marcelo.
“Lama de Mariana pavimentou rios por onde passou. Dano é irreversível”
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A avalanche de rejeitos gerada em Minas Gerais pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, controlada pela Vale e a australiana BHP, causou danos ambientais imensuráveis e irreversíveis. Apesar da lama não ter um teor tóxico, ela pavimentou os mais de 500 km por onde passou devastando, com impacto ainda difícil de calcular completamente para grande parte do ecossistema da região. “Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental”, explica Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão. O projeto ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas e trabalha com a revitalização dos principais rios mineiros.
Em entrevista, ele afirmou que a mineração precisa ser reinventada: "Não podemos continuar pensando que podemos fazer modelos do século XVIII em situações do século XXI".
Pergunta. Qual a dimensão do estrago ambiental causado pelo rompimento das barragens?
Resposta. É de uma magnitude que eu diria imensurável a princípio. Há várias situações. A extensão do dano é tal que estamos com a lama chegando na foz do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, a mais de 500 km do local do rompimento da barragem. A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou. Uma mesma onda produziu três efeitos. Ela devastou, já que arrebentou tudo que viu pela frente, ela impactou porque se consolidou, não foi passageira, se espalhou ao longo de todo esse trajeto. Ela praticamente produziu os três efeitos simultaneamente.
As comunidades que estavam no caminho perderam seu meio de vida, pequenos agricultores tiveram as fazendas devastadas
P. E como fica o ecossistema?
R. A onda foi pavimentando o trajeto, porque aquilo é uma massa com certa densidade, não é essa lama de enchente que é mais rala, ela tem densidade e uma liga, dessa forma foi pavimentando onde passou. Ela ocupou tanto o leito do curso d’água como as margens. Dependendo da região, chegou a uma faixa de 50 a 100 metros para além da borda do rio. As comunidades que estavam no caminho perderam todas as suas propriedades, perderam seu meio de vida, porque tinham pequenos agricultores que tiveram as fazendas devastadas, sem contar todo o prejuízo do ecossistema que substituído. Imagina que o ecossistema aquático foi totalmente ocupado por esse material de rejeitos.
P. E qual situação dos rios da região?
R. Essa tsunami toda chegou rapidamente aos rios. A lama saiu de um afluente, que era o Gualaxu , passou para o Rio do Carmo e atingiu o Doce que é o rio principal, que configura a bacia. Então foi descendo rio abaixo, trazendo outros efeitos, matando todos os peixes já que a densidade da lama retirou o oxigênio da água. Há cenas chocantes de peixes pulando para fora da água. Um quadro absolutamente tétrico, horrível, inimaginável. O rio Doce tinha uma biodiversidade bem diversificada, cerca de 80 espécies diferentes. Todos os sistemas se interligam, tem espécie no fundo do rio outro debaixo de pedra, isso foi tudo alterado, são danos imensuráveis, porque o que perdeu em cada metro que a onda passou é absurdo, você perdeu e terá um reflexo na qualidade e quantidade da diversidade aquática que sobreviveu.
Ou começamos outro modelo ou vamos continuar enterrando biodiversidades, pessoas e histórias.
P. Há uma previsão de recuperação do rio Doce?
R. No caso do rio Doce, como ele é maior, como tem outros afluentes, isso ajuda na recuperação. Acho que em 10 anos talvez ele consiga ter um padrão melhor, mas mesmo assim, dada a dimensão, ainda é uma estimativa que não vai ter como medir.
P. E as comunidades ribeirinhas qual a extensão do dano?
R. Todas as comunidades também ao longo do curso da água tiveram seu abastecimento comprometidos. Quanto mais próximo do rompimento, maior o comprometimento. Essas comunidades vão ficar sem água potável por um tempo que a gente ainda não dá para calcular. Como a intensidade foi diminuindo ao longo do percurso, existe uma tendência que o rio Doce em alguns pontos melhore essa qualidade de uma forma mais rápida. Talvez no prazo de uma semana a água possa ser tratada e distribuída para a população. Mas, em compensação, esse material foi todo sedimentando ao longo do rio. E essa situação pode piorar no próximo período das chuvas, já que grande parte do material que foi despejado pela lama de resíduos vai ser levado para dentro do rio, contribuindo de uma forma absolutamente incalculável para o assoreamento do rio Doce, de importância nacional que esse ano já teve dificuldade para conseguir chegar até a foz nesse época de seca.
São danos imensuráveis na qualidade e quantidade da diversidade aquática que sobreviveu
P. Ou seja a chuva criaria uma nova enxurrada de lama?
R. Sim, pois a chuva vai lavar tudo que está pavimentado. Dessa forma, o monitoramento das águas do rio Doce terão que ser muito frequentes para garantir a qualidade da água e a saúde das pessoas que moram no entorno da região.
P. Há alguma possibilidade de retirar essa lama concretada antes do período chuvoso?
R. Sem chance. Imagina tirar 62 milhões de metros cúbicos de resíduos que se espalharam numa distância de mais de 100 km? Não há como retirar esse material, nem para onde levar. Como isso foi feito ao longo do rio, há lugares que você nem tem acesso. A realidade é que tivemos danos ambientais irreparáveis. Quem vê dá televisão não tem dimensão da real situação do que foi essa situação. Esses danos são irreversíveis. Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental. Não existe. Esse acidente vai ficar para sempre na história de Minas, será sempre uma cicatriz da questão ambiental do Estado e um alerta para que realmente a gente faça uma gestão ambiental comprometida com a vida e com o meio ambiente. A economia é importante para gerar riqueza, mas ela não tem juízo. Se nós não começarmos a ter mais juízo nessas práticas que a gente faz, nós não vamos ter salvação. Imagina o custo disso além das perdas de vida, de ecossistema, o próprio custo econômica para todos, inclusive para o próprio Estado, é absolutamente impensável você continuar fazendo uma gestão temerária como temos feito no meio ambiente ao longo da história.
A situação pode piorar no período das chuvas, contribuindo de uma forma incalculável para o assoreamento do rio Doce
P. Na sua opinião falta fiscalização no setor?
R. Nos últimos 14 anos, já tivemos cinco rompimentos de barragens de magnitude não tão grande como essa, mas que foram impactantes. O que mostra que o nosso sistema está equivocado. Primeiro de tudo temos que entender que isso não foi uma fatalidade, não foi terremoto, cataclismo, isso diz de um projeto. E projetos são de responsabilidade da empresa, isso diz da empresa e da falta de monitoramento do Estado. Falta fiscalização, sim. Imagina em um desastre dessa proporção não havia nenhum plano de contingência, sequer um alarme. Se não fosse por pessoas heroicas anônimas que saíram correndo e avisando sobre o rompimento das barragens, o número de vítimas seria absolutamente maior. Se tivesse acontecido às 4h da manhã então, o efeito dessa tragédia teria quintuplicado. Isso diz muito de uma insustentabilidade ambiental no Estado. Isso desmascara, fala contra tudo aquilo que aparentemente se tenta produzir de propaganda e efeito. Mas um acidente desse porte não existe apenas uma causa, o que tem é uma cadeia de causas. O evento final pode ter sido uma fissura na barragem, mas começa lá trás, no planejamento, no modelo de mineração, no monitoramento e na fiscalização, tudo equivocado. Um conjunto de fatos tem que ser esclarecidos para que Mariana não seja apenas mais um quadro na parede. Ou começamos outro modelo ou vamos continuar enterrando biodiversidades, pessoas e histórias.
Isso não foi uma fatalidade, não foi terremoto, cataclismo, isso diz de um projeto
P. E como mudar esse modelo do qual várias cidades são tão dependentes?
R. A mineração precisa ser reinventada. Já há tecnologias novas e é preciso entender que não se pode minerar em qualquer lugar. Mas acima de tudo, não podemos continuar pensando que podemos fazer modelos do século XVIII em situações do século XXI.
Fonte: http://brasil.elpais.com
ESTIVE NA LAMA: Outro olhar sobre Bento Rodrigues.
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, do Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, faz uma série de vídeos sobre o rompimento da barragem da Samarco, Vale e BHP. O vídeo foi gravado em Bento Rodrigues, distrito de Mariana-MG, no dia 28 de novembro-2015. Convento do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, 28 de novembro-2015.
Mais dois corpos vítimas da tragédia de Mariana (MG) são identificados
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Os corpos de Ednaldo Oliveira de Assis, 40, e Daniel Altamiro de Carvalho, 53, funcionários de uma empresa terceirizada da Samarco, foram reconhecidos nesta sexta-feira (27). Com essa identificação, o rompimento da barragem de Fundão, no dia 5 deste mês, em Mariana (MG), passa a ter 11 óbitos.
Conforme informação do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o corpo de Assis havia sido encontrado no dia 10 deste mês. Já o de Carvalho foi localizado no dia 15. Ambos estavam no Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte.
Outros dois corpos aguardam identificação, e oito pessoas, sendo cinco funcionários e três moradores do subdistrito de Bento Rodrigues, seguem desaparecidos.
Presidente da Samarco depõe
Na manhã desta sexta-feira, o diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, prestou depoimento na Delegacia Especializada de Crimes contra o Meio Ambiente, em Belo Horizonte. Ele foi interrogado pelo delegado Aloísio Daniel Fagundes, que não revelou o conteúdo do interrogatório.
"Conseguimos visualizar melhor o organograma e entender as responsabilidades de cada área, o que vai nos direcionar melhor para a busca de outras informações daqui para frente", limitou-se a dizer o delegado, por meio da assessoria da polícia. Na parte da tarde, a bióloga Daviely Rodrigues Silva, gerente de Geotecnica e Hidrogeologia da Samarco, foi ouvida na delegacia. O teor também não foi externado.
Até o momento, onze pessoas foram ouvidas no âmbito do inquérito que investiga o caso. A polícia adiantou que ao menos 60 pessoas serão interrogadas até o fim deste ano. O inquérito já soma 160 páginas. Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br
Mortes por policiais no país em um ano equivalem a um 11 de Setembro.
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Policiais civis e militares mataram no ano passado ao menos 3.022 pessoas no país, uma média de oito por dia e um total que supera o de vítimas dos atentados de 11 de setembro nos EUA em 2001, em que 2.977 pessoas morreram.
Os dados fazem parte da 9ª edição do Anuário de Segurança Pública que será lançado semana que vem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ONG que reúne especialistas em violência urbana. Essas mortes por policiais em 2014 representam crescimento de 37% em relação a 2013, puxado principalmente pelo avanço da letalidade em SP (57,2%) e Rio (40,4%).
A sensação em 2015 é que esse tipo de crime segue em alta nesses dois Estados. Em São Paulo, por exemplo, PMs são os principais suspeitos de comandar a chacina de 19 pessoas em Osasco e Barueri, em agosto. Em outro caso recente em SP, PMs foram presos após o assassinato de dois suspeitos já rendidos na capital –um deles atirado de um telhado.
Esse crime foi registrado em vídeo, assim como no caso desta semana no Rio no qual policiais tentaram forjar um tiroteio diante do corpo de um jovem morto.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br
VÍDEO SELF-01: Você sabia?
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A IGREJA JÁ TEVE 3 PAPAS AFRICANOS MAIS NÃO ERAM NEGROS: Igreja Católica já teve três papas africanos. Vítor I (189-198), Melquíades (311-314) e Gelásio I (492-496) assumiram numa época de relações estreitas entre a Igreja e o Oriente. Alexandria, Cartago e Hipona eram cidades-chave para o domínio cristão – e cargos relevantes foram destinados a homens dessas regiões. “Até o século 5, houve um forte intercâmbio entre a Itália e o norte da África”, diz o bispo gaúcho Zeno Hastenteufel, especialista em história da Igreja. “Mas, embora fossem africanos, os papas não eram negros.” Devido à mistura de raças na região, é mais provável que eles fossem mestiços – pardos, num termo usado hoje. A confirmação é difícil, pois não há referências da época. “Os primeiros papas só foram retratados séculos depois, em imagens que não passam de uma representação simbólica”, diz o teólogo Fernando Altemeyer, da PUC de São Paulo. Fonte: www.guiadoestudante.abril.com.br
O OUTRO LADO: Você é corrupto?
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JE NE SUIS PAS FRANCAIS: Eu não sou Francês-02
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, comenta a solidariedade seletiva do facebook em relação aos atentados de Paris enquanto o Brasil e o mundo sofre diversos atentados contra a natureza, a ética e a justiça social. (Vídeo- 02) Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro. 19 de novembro-2015. DIVULGAÇÃO: www.mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com
*Já são 38 escolas ocupadas em SP contra a reorganização de Alckmin
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As ocupações de escolas da rede estadual paulista de ensino por estudantes, em protesto contra o plano de reorganização imposto pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), com o fechamento anunciado de ao menos 93 escolas, segue ocorrendo na grande São Paulo e no interior do estado. Desde a noite de ontem (16), outras oito escolas foram ocupadas, subindo para 38 o número de unidades ocupadas, até as 10h30 de hoje (17). A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual, 17-11-2015.
Na noite de ontem (16), estudantes ocuparam a E.E. Roger Jules de Carvalho Mange, no extremo leste da capital, contra o fechamento do período noturno, conforme anunciado pela secretaria de Educação.
Pela manhã, a E.E. Godofredo Furtado, em Pinheiros, seguiu o exemplo de outra escola do bairro, a E.E. Fernão Dias Paes, que já completa uma semana de ocupação, iniciada na terça passada (10). Segundo informações dos Jornalistas Livres, a Polícia Militar acompanha pacificamente a ação. Na zona sul da capital, a E.E. Marilsa Garbosa Francisco também foi tomada pelos alunos, após se reunirem em assembleia...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
JE NE SUIS PAS FRANCAIS: Eu não sou Francês.
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O Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita e Jornalista, do Carmo da Lapa, Rio de Janeiro, comenta a solidariedade seletiva do facebook em relação aos atentados de Paris enquanto o Brasil e o mundo sofre diversos atentados contra a natureza, a ética e a justiça social. Convento do Carmo, Lapa, Rio de Janeiro. 16 de novembro-2015. DIVULGAÇÃO: www.mensagensdofreipetroniodemiranda.blogspot.com
A SOLIDARIEDADE NO NOSSO TEMPO É SELETIVA?
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"Por que você se sente impelido a colocar a bandeira francesa no seu avatar e não sente a mesma vontade de mostrar a sua solidariedade pelos negros mortos pela PM brasileira, ou não vestiu a bandeira do Líbano quando ocorreu um atentado do ISIS por lá essa semana?", questiona Plínio Zúnica, no blog Descolonizações; "Talvez, na sua boa intenção, você esteja servindo a um projeto de acirramento de tensões muito útil tanto para a extrema direita xenófoba ocidental quanto pra grupos extremistas como o ISIS"
Por Plinio Zúnica
Primeiramente, sim, a opinião é sua, o facebook é seu, e você pode postar o que quiser nele. Ninguém está te proibindo de sentir compaixão, medo, consternação. Nada te impede de valorizar tanto a vida das vítimas francesas quanto das vítimas de tantos outros crimes (e se você faz isso, então não tem motivo pra se preocupar com as críticas à solidariedade seletiva) e é claro que você pode e deve se preocupar com os atentados de ontem, porque as repercussões serão globais. Acredite, ninguém quer que você ignore os ataques da França, até porque quem faz essas críticas geralmente conhece a sensação de ter suas próprias tragédias ignoradas. Não se trata de promover alienação, e sim de pensar criticamente. Em outras palavras, o que as pessoas devem se perguntar é o porquê de algumas dores te parecerem maiores do que outras.
Todos deveriam, em qualquer situação, se perguntar quais as raízes das suas ações e sentimentos. O que você pensa e sente não acontece por mágica ou pela sua essência nata. Não existe "porque sim". Se você se sente mais comovido pelas mortes na França do que no Brasil, no Líbano ou na Síria, existem razões pra isso, e te faria muito bem saber exatamente quais são elas. Talvez seja porque você tem parentes franceses ou tenha passado bons tempos em Paris, e sente um carinho mais especial por aquela cidade e seus habitantes do que por outras cidades e pessoas (e isso significa que o seu #somostodoshumanos é menos humanista do que você pensa); talvez seja porque você saiba o nome de cidades francesas, conheça palavras em francês, musicas francesas, arte francesa, queijos e vinhos franceses, ao passo que não saiba muita coisa sobre a vida e cultura de outros países, fazendo com que os franceses sejam mais concretos do que esses outros povos confusos e abstratos dos quais você nada sabe, ou só sabe coisas negativas (e esse é o sistema de hierarquização de povos que possibilitou o colonialismo e alimenta o racismo até hoje); ou talvez você apenas esteja reagindo ao grande movimento de comoção que a mídia promove em relação à França. Talvez haja outras razões (e eu gostaria muito de saber quais são).
Em qualquer caso, é importante pensar sobre as razões do seu sentir, porque isso te dirá muito sobre quem você é. Caso você se sinta incomodado com a resposta, ao invés de reagir como se estivessem roubando a sua liberdade de expressão, talvez a atitude mais inteligente seja repensar as suas razões, pensar sobre os questionamentos que são feitos sempre que uma causa mainstream ofusca as bandeiras levantadas por minorias historicamente oprimidas, investigar-se.
Pergunte- se: quantas palavras, músicas, filmes, cidades, livros e nomes de franceses você conhece? Quantas vezes você imaginou Paris como destino de uma viagem dos sonhos? Quantas matérias você leu sobre os atentados de ontem e o episódio Charlie Hebdo? Então, pergunte-se: quantas cidades, músicas, filmes, livros e nomes vocês conhece sobre todos os países da África e Oriente Médio somados? Se o resultado te parecer desigual, essa pode ser uma razão pra você sentir mais compaixão pelos europeus do que por todo o "resto do mundo", e talvez a "sua opinião" não seja assim tão "sua", afinal.
Isso se chama autocrítica, e é o caminho mais seguro e fundamental pra começar a entender e criticar o mundo ao seu redor.
Portanto, ao invés de dizer "o facebook é meu e eu posto o que eu quiser", ou de sentir-se atacado por "fiscais de compaixão", simplesmente ouça a pergunta que está sendo feita: por que você se sente impelido a colocar a bandeira francesa no seu avatar e não sente a mesma vontade de mostra a sua solidariedade pelos negros mortos pela pm brasileira, ou não vestiu a bandeira do Líbano quando ocorreu um atentado do ISIS por lá essa semana?
Talvez você não saiba a resposta, e talvez a pergunta te pareça um ataque. Tudo bem, questionar-se é um processo confuso, e a sensação de não ter total controle sobre o que você sente pode parecer muito com a sensação de afogar-se. As nossas vontades e sentimentos, muitas vezes, obedecem razões que a nossa própria razão desconhece. O único jeito de entender as suas razões, as origens e consequências da sua compaixão, é questionar-se. Talvez, na sua boa intenção, você esteja servindo a um projeto de acirramento de tensões muito útil tanto para a extrema direita xenófoba ocidental quanto pra grupos extremistas como o ISIS (sobre isso, talvez valha a pena ler o post que fiz sobre Charlie), e eu tenho certeza de que não é isso que você quer.
Então, pelo seu bem, e pra que a sua solidariedade faça mais bem do que mal, se questione e, caso chegue a alguma conclusão, por favor me conte: por que você escolheu se solidarizar pela França e não pelos países em que ela promove genocídios, ou pelas vítimas francesas e não pelas vítimas do nosso e de outros países?
Fonte: http://www.brasil247.com
E “VIVA” O PSDB: Estudantes ocupam a 7ª escola estadual contra a reorganização da rede em SP
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13.nov.2015 - A Escola Estadual Dona Ana Rosa de Araújo, na zona oeste de São Paulo, foi ocupada na manhã desta sexta-feira (13) por estudantes. Com esta nova manifestação, já são sete as escolas ocupadas na capital e na Grande São Paulo. Os estudantes protestam contra a reorganização da rede estadual proposta pela Secretaria da Educação Newton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
A Escola Estadual Dona Ana Rosa de Araújo, na zona oeste de São Paulo, foi ocupada na manhã desta sexta-feira (13) por estudantes. Com esta nova manifestação, já são sete as escolas ocupadas na capital e na Grande São Paulo. Os estudantes protestam contra a reorganização da rede estadual proposta pela Secretaria da Educação.
A Polícia Militar confirmou que foi chamada por volta das 8h, mas não deu mais informações sobre o caso. Segundo estudantes, a escola foi ocupada de forma pacífica. Em seguida, foi realizada uma assembleia e eles decidiram permanecer no local. Os cadeados da escola foram trocados pelos manifestantes. A unidade não será fechada, mas deve transferir todas as turmas do ensino médio. Os alunos são contra a mudança e dizem que não foram consultados sobre a reorganização.
Em nota, a Secretaria da Educação disse que está aberta ao diálogo com os manifestantes. "A Diretoria Regional de Ensino está disponível para receber os estudantes da E.E. Ana Rosa de Araújo. A administração reconhece o direito à livre manifestação, mas não compactua com movimentos político-partidários que não têm como objetivo a melhoria da qualidade de ensino e impedem o direito de acesso aos estudos daqueles que foram até suas escolas para assistir às aulas nos últimos dias".
A pasta disse ainda que a escola passará a ter somente os anos finais do ensino fundamental. "A reorganização visa melhorar a qualidade de ensino dos estudantes e aprimorar as condições de trabalho dos professores", diz em nota.
Outras ocupações
Além da escola Ana Rosa, estão ocupadas a Escola Estadual Fernão Dias, em Pinheiros, a E.E. Diadema, na cidade de mesmo nome, a E.E. Salvador Allende, na zona leste de São Paulo, E. E. Castro Alves, no bairro de Santana, E.E Valdomiro Silveira, em Santo André, e E.E. Profª Heloisa de Assumpção, em Osasco.
Ontem, os alunos da Fernão Dias, onde se concentra o maior número de manifestantes e policiais, receberam uma notificação da decisão da Justiça sobre a reintegração de posse do prédio. Após receberem o documento, eles aceitaram se reunir com representantes da secretaria nesta sexta às 15h.
Por volta das 19h, a PM usou gás de pimenta pela segunda vez em frente à escola de Pinheiros. Segundo o capitão Cunha Neto, os policiais desconfiaram do rapaz por ele estar filmando os policiais que cercam a escola e decidiram revistá-lo.
PAULA: HEROÍNA SALVOU FAMÍLIA E VOLTOU PARA ALERTAR.
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— Quando cheguei no alto da igreja foi que olhei para trás e vi aquele mundo de água. A coragem da mãe foi reconhecida por várias pessoas que conseguiram se salvar do mar de lama, inclusive, o filho dela, João Pedro Alves, de 5 anos.
— Ela é uma super-heroína.
Ainda segundo o menino, que agora mora provisoriamente em um quarto de hotel na cidade de Mariana, ele assistia televisão enquanto a vila era destruída.
— Quando estava assistindo televisão no quarto da minha avó a TV desligou sozinha, eu não tinha percebido que a barragem tinha estourado. Só percebi quando minha mãe avisou minha avó.
Nas redes sociais, moradores de Bento Rodrigues agradeceram Paula pelo que ela fez pela comunidade. Inclusive o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS), publicou um agradecimento especial à mineira: “Vim aqui agradecer também a uma mulher muito especial: Paulinha, moradora de Bento Rodrigues. Essa guerreira teve a coragem de pegar a sua moto e voltar para a comunidade quando ouviu pelo rádio da Samarco o anúncio do rompimento das barragens. Ela conseguiu avisar várias pessoas de Bento Rodrigues! Obrigado, Paulinha! Você fez a diferença! Que Deus continue te abençoando”!. Agora, ela e o filho sonham com o dia em que terão suas casas de volta e toda a comunidade estará reunida novamente.
— Lá a gente é uma família, uma comunidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo. E acho que Deus que me mandou porque a moto nem anda muito e a moto voou. Minha esperança é de que eles façam uma vila Bento Rodrigues. E eu tenho vontade de que todos nós fiquemos juntos de novo. Fonte: http://www.dihitt.com
A lama da Samarco e o jornalismo que não dá nome aos bois
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"A maior tragédia socioambiental brasileira do século XXI já começa a ser soterrada pelos jornais, após uma cobertura protocolar. Da lama à ordem: ignoram-se os conflitos, minimizam-se as contradições e se assimilam os discursos cínicos de executivos e de membros do governo. Com a clássica blindagem dos sócios da empresa". O comentário é de Alceu Castilho em artigo publicado no seu blog, 09-11-2015.
Eis o artigo.
Por trás da lama da Samarco afirma-se o gosto amargo de um jornalismo subserviente, a serviço do mercado. Dezenas de pessoas estão desaparecidas em Mariana (MG). Entre elas, crianças. O vídeo mostra como era o cotidiano de um povoado destruído. Mas a maior tragédia socioambiental brasileira do século XXI já começa a ser soterrada pelos jornais, após uma cobertura protocolar. Da lama à ordem: ignoram-se os conflitos, minimizam-se as contradições e se assimilam os discursos cínicos de executivos e de membros do governo. Com a clássica blindagem dos sócios da empresa...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/548828-a-lama-da-samarco-e-o-jornalismo-que-nao-da-nome-aos-bois
JUAZEIRO DO NORTE: Protesto.
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EL SALVADOR: Terra de Mártires.
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*Bancada evangélica cresce e mistura política e religião no Congresso
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A mistura de política e religião é a marca da atuação dos pastores deputados. Campos, por exemplo, é presidente da Frente Parlamentar Evangélica, autor do projeto de lei apelidado de "cura gay" e defensor destacado da redução da maioridade penal, como a maioria da chamada "bancada da bala" – em 2014 ele recebeu R$ 400 mil de uma empresa de segurança para sua campanha.
Sem crise
O número de evangélicos no Parlamento cresceu, acompanhando o aumento de fiéis. Segundo os últimos dados do IBGE, que são de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% na década passada (2000-2010).
Encorajada por Eduardo Cunha, que assumiu a presidência da Câmara dizendo que "aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu cadáver", a bancada evangélica tem conseguido levar adiante projetos extremamente conservadores, como o Estatuto da Família (PL 6.583/2013), que reconhece a família apenas como a entidade "formada a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou de união estável, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus filhos", que deve seguir para o Senado nos próximos dias...
*Leia na íntegra. Clique aqui:
A blasfêmia do Porsche de Jesus.com
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O carro de luxo de Cunha me fez pensar nos milhares de evangélicos que sacrificam parte de seus recursos para alimentar uma igreja
Como qualificar, desde um ponto de vista de sensibilidade religiosa, a união do nome de Jesus a um Porsche de luxo proporcionada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), membro da Igreja Evangélica? E a situação é ainda pior se existe a suspeita de que a frota de carros, cotados em mais de um milhão de reais, que Cunha possui poderia ser um fruto maldito da corrupção política. Para muitos cristãos deve ter parecido blasfêmia, um vocábulo que, em sua acepção original, significa um “insulto a Deus” e, em seu sentido mais amplo, representa uma irreverência em relação a algo considerado sagrado.
Cunha é, segundo sua biografia, cristão evangélico, de uma igreja que considera Jesus como o filho de Deus. E esse filho de Deus, segundo os textos sagrados, que os evangélicos conhecem e sobre os quais meditam todos os dias, “não tinha onde repousar a cabeça”, era mais um pobre entre os pobres, amigo e defensor de todos os desamparados.
Talvez o político e evangélico Cunha não seja o maior responsável por esse circo de corrupção que suja a vida pública do Brasil e deixa atônitos, com seus números milionários, os trabalhadores honrados que suam para ganhar um salário que quase não é suficiente para cobrir suas necessidades. Cunha pertence, no entanto, a uma igreja, que se inspira nos princípios cristãos, mas que não esconde suas pretensões de conquista do poder político no Brasil, chegando a sonhar com um presidente da República evangélico que se baseie mais na Bíblia do que na Constituição.
Isso faz com que os supostos escândalos de corrupção de Cunha, que poderiam ter circulado através de firmas que levam o nome sagrado de Jesus.com, adquiram um simbolismo negativo que não deixa de chocar e escandalizar duplamente.
Lendo a notícia sobre o Porsche Cayenne registrado em nome da empresa Jesus.com, propriedade da família Cunha, não pude deixar de me perguntar o que pensam essas centenas de milhares de evangélicos sinceros, que, fiéis a seus princípios religiosos, sacrificam, cada mês, de boa fé, uma parte de seus pequenos recursos para alimentar uma Igreja cujos membros mais responsáveis se revelam milionários e, o que é pior, acusados de enriquecimento ilícito.
O fato me trouxe à memória a história de um trabalhador que perfurava poços com uma ferramenta rudimentar e grandes esforços físicos. Levava ao trabalho um pedaço de pão com salsicha para não perder tempo tendo que voltar a casa. Ouvi quando ele comentou, enquanto secava as gotas de suor que escorriam por seu rosto, que aquele mês estava em apuros porque não sabia se ia a poder pagar sua parcela à Igreja evangélica à qual pertencia.
Temia a reprovação do pastor e até o castigo do bom Deus. São dois mundos, que se cruzam e que usam o nome de Jesus, para a esperança e a fé verdadeira, e também para blasfemá-lo. “Raça de víboras”, assim o manso e pobre Jesus dos Evangelhos caracterizava aqueles que, segundo sua própria expressão, “jogavam sobre os ombros dos outros pesos que eles não podiam suportar”.
Dois mil anos depois, aquelas palavras continuam a nos interrogar, enquanto seguem vivos os novos Pilatos que lavam suas mãos ostentando inocência e que ainda se perguntam: “O que é a verdade?”.
Uma questão para a qual os brasileiros honrados, que amam e sofrem seu país, gostariam de poder ter uma resposta nesses momentos difíceis, nos quais as palavras perdem seu valor, ou são degradadas como a de Jesus, com o rótulo blasfemo desse Porsche Cayenne S de luxo.
Até onde e até quando se manterá contida a ira dos mansos que contemplam, incrédulos, cada manhã, a novela de novas supostas e comprovadas desmoralizações por parte daqueles que deveriam servir de guias e exemplos da vida pública?
Jesus, não o do Porsche de Cunha, mas o dos Evangelhos, afirmou que a verdade está sempre nas mãos dos puros de coração e dos semeadores da paz. O ódio tem sempre um sabor diabólico. Fonte: http://brasil.elpais.com
Dona Euzébia: Um olhar sobre uma pequena cidade de Minas.
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A história da cidade de Dona Euzébia teve início com a chegada da fazendeira Euzébia de Souza Lima no território onde hoje é o município, mais precisamente, onde atualmente fica a Fazenda Dona Euzébia. Após ficar viúva, a fazendeira vendeu suas terras em Conselheiro Lafaiete para acompanhar seu filho Dr. Leopoldo de Souza Lima, engenheiro da Estrada de Ferro Leopoldina responsável pela construção da Ferrovia Leopoldina Cataguases. Até sua chegada o arraial possuía poucas residências e uma única pousada construída de pau-a-pique e sapê. A fazendeira doou então terras para que fosse construída a estação ferroviária que recebeu o nome de “Estação Ferroviária Dona Euzébia”, uma homenagem a benemérita. Além de doar as terras para a estação a fazendeira doou também terras para a construção da Igreja Matriz do município, que posteriormente foi consagrada a Nossa Senhora das Dores. Nesse período a principal atividade econômica da região era a agricultura, principalmente a lavoura de café. Após a chegada da estrada de ferro o povoado começou a se fortalecer apoiado pela facilidade no transporte do produto que no século XIX estava em seu apogeu em todo o país.
Com o crescimento surgiu a primeira casa comercial, de propriedade do Sr. Bertoldo Balbino e a primeira escola, uma pequena sala de uma antiga máquina de café que foi doada pelo Sr. Francisco Aníbal. Tempos depois foi construída uma nova escola em terreno doado pelo Sr. Antônio Esteves Ribeiro, atualmente a escola recebe o nome do proprietário do terreno.
Diante desse novo quadro sócio-econômico, o território de Dona Euzébia que pertencia ao Município de Cataguases acabou sendo elevado à condição de distrito no dia 07 de setembro de 1923, quando passou a denominar-se “Astolfo Dutra”. A nova denominação durou até 17 de dezembro de 1938 quando voltou a sua denominação original, Dona Euzébia, passando a pertencer ao então criado Município de Astolfo Dutra, que anteriormente chamava-se “Porto de Santo Antônio”. A autonomia municipal foi assegurada em 30 de dezembro de 1962, através da Lei 2.764. O primeiro governante da cidade foi o Sr. José Dias filho, ocupando o cargo de Intendente Municipal ficou apenas 6 meses a frente da administração entre 01 de março de 1963 e 31 de agosto do mesmo ano.
Após esse período foram realizadas as primeiras eleições para prefeito, sendo eleito o Sr. Alkindar Dalton. O nome do município é uma homenagem a fazendeira e benemérita Dona Euzébia de Souza Lima que contribuiu profundamente para a formação e desenvolvimento da cidade. Atualmente a principal atividade econômica do município é a produção de mudas cítricas, frutíferas, ornamentais e florestais. A atividade que teve início na década de 1970, forma hoje o principal cartão postal de Dona Euzébia.
São as águas de Marte fechando o verão. É promessa de vida?
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POR SALVADOR NOGUEIRA
Dados colhidos por uma espaçonave da Nasa confirmam que fluxos de água salobre escorrem pela superfície de Marte todos os verões. O achado aumenta dramaticamente a possibilidade de que exista, ainda hoje, alguma forma de vida no planeta vermelho.
O estudo, liderado por Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, em Atlanta, acaba de ser publicado online pela revista científica “Nature Geoscience”. A Nasa também preparou uma entrevista coletiva para anunciar os resultados. Aliás, muita gente passou o fim de semana roendo as unhas depois que a agência espacial americana anunciou que um “grande mistério marciano” seria solucionado nesta segunda-feira.
O tal mistério é conhecido entre os especialistas pela sigla RSL (recurring slope lineae, ou linhas recorrentes de encosta). São faixas estreitas que aparecem na borda de algumas crateras e em algumas montanhas de forma sazonal — crescendo e se aprofundando no verão e depois suavizando e sumindo durante o inverno. (O ano marciano tem 687 dias terrestres, de forma que as estações duram lá praticamente o dobro das nossas aqui.)
Descobertas em 2011 pelas imagens do poderoso satélite Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), essas linhas recorrentes sempre pareceram evocar a presença de água. Que outro mecanismo poderia produzi-las? Tanto o fato de serem sazonais, como sua aparência e a coincidência com os períodos mais quentes (em alguns momentos atingindo temperaturas acima de 0 graus Celsius, o que para Marte é um calorão) pareciam apontar para água.
EM BUSCA DE PROVAS
Mas sabe como são os cientistas, né? Eles não aceitam algo que “pareça ser”. Eles querem evidências que confirmem a hipótese. E é bom que sejam assim. É assim que distinguimos afirmações absurdas (do tipo “colher é vista em fotos de jipe marciano”) daquelas que realmente param em pé.
Pois bem. Para as linhas recorrentes, as evidências apareceram graças a um esforço de correlacionar as imagens em alta resolução da superfície de Marte feitas pela câmera HiRISE, do MRO, com um outro instrumento do satélite, o CRISM (sigla para Espectrômetro de Imageamento de Reconhecimento Compacto para Marte). Em essência, o que ele faz é observar a superfície e, de cada pixel detectado, fazer uma medição completa da luz detectada, dividida em suas cores componentes (o chamado espectro). Ao analisar linhas escuras nesse espectro, os cientistas são capazes de dizer que substâncias estão emitindo a luz detectada.
Uma pegadinha que sempre dificultou o trabalho é que as linhas são muito estreitas (têm menos de 5 metros de largura), e o CRISM tem resolução menor do que a câmera HiRISE. Ou seja, era complicado extrair a informação relativa às ranhuras. Mas o grupo liderado por Ojha conseguiu isso, ao desenvolver uma técnica para extrair informação espectral de cada um dos pixels individuais dos dados do CRISM (originalmente o instrumento foi pensado de forma a tirar uma média de vários pixels circundantes para evitar falsos positivos nas identificações).
E o que eles encontraram? No local das ranhuras, houve detecção de sais hidratados — mais especificamente clorato de magnésio, perclorato de magnésio e perclorato de sódio. Nos terrenos adjacentes, nada deles.
Os pesquisadores analisaram quatro sítios diferentes em que as ranhuras costumam aparecer — as crateras Palikir, Horowitz e Hale e a parede do cânion Coprates. Nos quatro, o mesmo padrão de detecção. Com a detecção dos sais hidratados, não há outra explicação; água passou por ali. “Nossas descobertas apoiam fortemente a hipótese de as linhas recorrentes de encosta se formam como resultado de atividade de água contemporânea em Marte”, concluem os pesquisadores em seu artigo na “Nature Geoscience”.
DE ONDE VEM A ÁGUA?
Esse é o fim de um mistério, mas também é o começo de outro. Se agora já sabemos — tão certamente quanto se pode determinar da órbita marciana — que a água flui todo verão nessas ranhuras, ainda não temos a mais vaga ideia de onde o líquido está indo.
Algumas hipóteses estão na mesa. Pode ser gelo, sob o solo, que derrete no verão. Note-se que a presença de sais na água reduz significativamente o ponto de congelamento, tornando mais fácil sua transição para o estado líquido. Ainda assim, os cientistas acham improvável que o gelo possa estar tão perto da superfície em regiões equatoriais.
Alternativamente, eles evocam a possibilidade de algum aquífero subterrâneo, mas também é uma ideia meio estranha. Por fim, há a perspectiva de que a água se forme a partir da atmosfera — vapor d’água que se condensa em torno dos sais e produz as ranhuras. “É concebível que as RSL estejam se formando em partes diferentes de Marte por mecanismos de formação diferentes”, apontam os cientistas. Em essência, um jeito chique de dizer que eles não sabem ainda como a coisa funciona.
O mais incrível, no entanto, é a comparação que eles fazem com que acontece no deserto do Atacama, no Chile. Lá é tão seco que o pouco vapor d’água do ar se condensa em torno de grãos de sal no solo e “oferece o único refúgio conhecido para comunidades microbianas ativas”.
Ojha e seus colegas asseveram que, se esse é o processo de formação dos fluxos de água salobre de Marte, ele talvez seja fraco demais para suportar formas de vida terrestres conhecidas. Contudo, é impossível não imaginar que talvez, apenas talvez, essas ranhuras sejam um possível habitat para bactérias marcianas.
Isso abre incríveis perspectivas para do ponto de vista da astrobiologia. Na Terra, podemos simular esses ambientes marcianos e verificar se nossos extremófilos (criaturas que adoram viver em ambientes extremos) encarariam a parada. Em Marte, temos de ambicionar futuras missões robóticas (e quiçá tripuladas) que possam estudar de perto esses fluxos de água e possivelmente enviar amostras de volta para cá.
Só de pensar que, para 2018, a Agência Espacial Europeia estará despachando para Marte o seu jipe robótico ExoMars — o primeiro veículo projetado para detectar possíveis sinais de vida no planeta vermelho desde as sondas americanas Viking, em 1976 –, o Mensageiro Sideral já fica arrepiado. Alguém mais aí está ansioso para saber o que ele irá descobrir? Fonte: Folha de São Paulo.
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