Dois romeiros morrem atropelados na Dutra a caminho de Aparecida, em SP
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Outras duas pessoas foram atingidas na noite desta terça-feira (8) e tiveram ferimentos leves, segundo concessionária
Romeiros caminham em direção a Aparecida com coletes refletivos durante a noite - Reprodução/nstagram.com/prf_sp
São Paulo
Dois romeiros morrem atropelados na noite desta terça-feira (8) na rodovia Presidente Dutra, em São Paulo. Eles estavam a caminho de Aparecida (a cerca de 180 km São Paulo) para as comemorações do Dia da Padroeira do Brasil, no próximo sábado (12).
No primeiro caso, às 21h17, um homem de 51 anos foi atropelado por um ônibus no km 188, em Santa Isabel, no sentindo Rio de Janeiro.
Segundo a concessionária CCR RioSP, três pessoas foram atropeladas neste acidente —duas tiveram ferimentos leves.
Os três, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), faziam a peregrinação em um grupo com sete pessoas.
A documentação do veículo estava regular, de acordo com a polícia. O motorista do ônibus foi submetido ao teste do etilômetro (bafômetro) e o resultado deu negativo para o consumo de álcool.
Segundo a ocorrência, a vítima atravessava um acesso de desaceleração da rodovia no momento em que foi atropelada.
No outro caso, em Pindamonhangaba, a vítima tinha 65 anos. O idoso foi atingido no km 99, também sentido Rio de Janeiro, por um veículo não identificado. O acidente ocorreu às 23h55.
Nos dois casos, as pessoas mortas seguiam no sentido da via, com roupas escuras e à noite, fatores que podem ter contribuído para o sinistro, diz a polícia.
As circunstâncias dos acidentes serão apuradas pela polícia judiciária.
Cerca de 40 mil romeiros devem caminhar pela Dutra nesta semana em direção ao Santuário Nacional de Aparecida para as celebrações do Dia da Padroeira do Brasil.
A estimativa é da PRF, que prevê um número maior de peregrinos do que no ano passado, quando aproximadamente 35 mil pessoas passaram pelo contador instalado na estrada.
Em 2023, aproximadamente 330 mil pessoas estiveram no santuário entre os dias 3 e 12 de outubro. Somente no dia em homenagem à Padroeira foram cerca de 112 mil católicos.
Neste ano, o tema as festividades no santuário será "Mãe Aparecida acolhei-nos como peregrinos da esperança!".
De acordo com a PRF, existe uma preocupação maior neste ano porque há uma série de obras na Dutra, em São Paulo, Guarulhos e São José dos Campos.
Nesses locais, a sinalização foi reforçada e estão sendo feitas ações como instalação de cerquites (telas) e fresagem no solo, para oferecer mais conforto, além de cones com pirilampos e placas orientando o local por onde a passagem deve ser feita.
Também estão sendo colocadas placas com recomendações a motoristas e romeiros. Os avisos, segundo a concessionária CCR RioSP, informam principalmente sobre a presença de pedestres e ciclistas às margens da rodovia.
Alguns trechos da Dutra também receberão cones paro o caso de bloqueio de faixas para a passagem de grupos de peregrinos, se decidido pela polícia.
Cerca de 30 mil refletivos estão sendo entregues a grupos de peregrinos caminhando pela rodovia. "No caso de ciclistas, os refletivos são colados, na hora, com o objetivo de aumentar a visibilidade durante o trajeto a Aparecida", diz a concessionária.
Em razão dos diversos riscos relacionados à baixa visibilidade, a PRF reforça a recomendação aos romeiros para que não realizem a peregrinação no período noturno e também para não caminhar no sentido da via, mas sim no sentido oposto.
"Caso optem por realizar a jornada durante a noite, reforçamos a necessidade do uso de coletes refletivos, lanternas, roupas claras ou coloridas e demais itens ou equipamentos que auxiliem na visualização dos pedestres", afirmou a PRF.
Nesta semana, veículos com superdimensões terão restrição de circulação. Entre eles estão caminhões a partir de 2,60 m de largura, 4,40 m de altura e 19,80 m de comprimento total e com peso bruto que ultrapassar 58,5 toneladas.
Os trechos com restrições incluem as rodovias Presidente Dutra e Lorena-Itajubá (BR-459) e a avenida Itaguassú, em Aparecida (BR-488).
A medida busca garantir fluidez e segurança no trânsito, principalmente no período de aumento do fluxo de veículos e romeiros nas rodovias.
PROGRAMAÇÃO PARA 12 DE OUTUBRO
0h às 4h30
Vigília Mariana
5h45
Alvorada
6h
Missa
9h
Missa solene
12h
Toque dos sinos
12h
Missa das crianças
14h
Missa
15h
Consagração solene (Basílica histórica)
16h
Missa
18h
Missa de encerramento
O educador físico Erick Peterson Marques, 42, saiu no início da manhã desta terça de Itaquera, na zona leste de São Paulo, em direção a Aparecida com um grupo de 325 pessoas.
Em sua oitava romaria à cidade, esse é o maior grupo que organiza. A ideia é que os romeiros cheguem ao Santuário Nacional no fim da manhã de sexta-feira (11).
"Procuramos sempre seguir sobre a grama e não andar à noite, além de utilizar coletes refletivos e lanternas de cabeça", afirma.
Marques vai correndo todos os anos para Aparecida —os demais romeiros do grupo seguem até o santuário caminhando— para pagar uma promessa em agradecimento a doações de brinquedos para a ONG que gerencia em Itaquera, a Equipe Filhotes.
DICAS DE SEGURANÇA PARA PEREGRINOS
-Atenção redobrada, principalmente ao atravessar ruas
-Usar roupas claras e coletes refletivos
-Quando em grupos, andar em fila indiana
-Evitar usar o celular ou outros equipamentos que possam causar distração
-Evitar caminhar à noite, quando a visibilidade é reduzida
-Fazer um planejamento prévio da viagem, programando os pontos de parada
-Usar proteção solar
-Hidratar-se bem
-Não andar no leito da via
Fonte: Polícia Rodoviária Federal
Papa dispõe que Dom Odilo permaneça por mais 2 anos à frente da Arquidiocese de São Paulo
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Ao completar 75 anos, em 21 de setembro, Dom Odilo apresentou sua carta renúncia ao Santo Padre.
Vatican News
Em comunicado ao clero, religiosos e fiéis leigos da Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer informou nesta terça-feira, 8, que o Papa Francisco dispôs que ele permaneça por mais dois anos como Arcebispo de São Paulo.
Ao completar 75 anos, em 21 de setembro, Dom Odilo apresentou sua carta renúncia ao Santo Padre. Conforme prevê o cânon 401 § 1 do Código de Direito Canônico, “o Bispo diocesano que tiver completado 75 anos de idade é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice, que, ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”.
No comunicado, Dom Odilo diz que “a Santa Sé informou no dia 07 de outubro que o Papa acolheu minha carta e dispôs que eu permanecesse ainda, por mais dois anos, à frente da querida Arquidiocese de São Paulo”.
Ainda no texto, o Purpurado exorta toda a Arquidiocese à preparação, mediante a oração, “para viver intensamente o Ano Jubilar de 2025” e para a caminhada conjunta na realização do Projeto Emergencial de Pastoral 2024-2026, “vivendo a comunhão, a conversão e a renovação missionária de nossa Arquidiocese”.
Fonte: O São Paulo; vaticannews.va
Assembleia sinodal: "o Sínodo deve inspirar a ação, não apenas produzir documentos"
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A Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que está sendo realizada na Sala Paulo VI do Vaticano, continua a debater as relações. Coletiva de Imprensa.
Padre Modino - Vaticano
Para aprofundar estas e outras questões relacionadas com o caminho sinodal, o arcebispo de Nampula e presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, dom Inácio Saúre, o arcebispo de Puerto Montt (Chile), dom Luis Fernando Ramos, e o diácono Permanente da Diocese de Gent (Bélgica), Geert De Cubber, participaram na coletiva de imprensa deste dia 9 de outubro, na Sala de Imprensa vaticana.
Mulheres e jovens na tomada de decisões
Os trabalhos têm se concentrado no tema do discernimento eclesial, disse a secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, Sheila Pires, durante a coletiva. Nos mais de 70 discursos livres foi destacado o papel dos ministros ordenados e dos leigos, sua colaboração com os sacerdotes e bispos, o seu envolvimento nos processos de decisão. Daí a necessidade de uma maior participação dos leigos, dado que a sua presença é indispensável e cooperam para o bem da Igreja. Pires destacou a proposta feita para consultar o Povo de Deus sobre a idoneidade dos candidatos ao sacerdócio e ao episcopado, dado que numa Igreja sinodal, o Povo de Deus tem que se sentir responsável na escolha. Igualmente, foi falado sobre a possibilidade de leigos serem párocos, pois muitos sacerdotes não têm vocação de párocos.
A respeito das mulheres, foram destacadas algumas propostas, como evitar qualquer tipo de discriminação sexual no acolitado, reconhecendo seu contributo nos processos de decisão. Foi falado sobre confiar às mulheres o ministério da escuta, dado que “as mulheres sabem ouvir, ouvem de forma diferente”. Finalmente, envolver mais as mulheres num mundo dividido e em guerra.
Ouvindo vozes corajosas de fora da Igreja
Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, falou da necessidade de entrar em contato com os jovens por meio da pastoral digital, e de que os jovens façam parte do discernimento eclesial na pastoral juvenil. Ele também falou da situação dramática de muitas crianças no mundo, vítimas do tráfico de pessoas. Nesse sentido, ele enfatizou que “o Sínodo precisa inspirar ações, não apenas produzir documentos”, pedindo que se escute as vozes corajosas que vêm de fora da Igreja.
Ruffini destacou o testemunho de uma mãe que estava preocupada com a Iniciação Cristã das crianças e o papel dos pais na vivência da sinodalidade. Falou-se do acompanhamento das vítimas de abuso dentro da Igreja, da necessidade de a Igreja se aproximar dos vulneráveis, de uma maior proximidade com os pobres, da solidão e do isolamento dos padres, sobrecarregados de trabalho, da distância dos padres em relação à sinodalidade, o que deveria levar o Sínodo a ver como pode reavivar sua vocação de servir ao Povo de Deus. Houve também um forte apelo para o diálogo entre as Igrejas e dentro da Igreja, para a família como um modelo de sinodalidade e para que o Sínodo jogue o jogo e não apenas escreva um manual de treinamento.
Confiança e respeito mútuos
O arcebispo Luis Fernando Ramos salientou que no ano passado muitas questões foram levantadas, agora eles estão se concentrando em questões mais específicas para rearticular o que entendemos por Igreja Sinodal. Nesse contexto, surgiu o argumento da Igreja Povo de Deus, complementado pela Igreja Povo de Cristo, destacando a importância da espiritualidade sinodal para mudar as estruturas e o modo de ser Igreja, para uma conversão pessoal, comunitária, eclesial e pastoral. Ressaltou a importância de os leigos nunca perderem sua vocação secular, e das relações entre os seres humanos e dentro da Igreja, a fim de purificar, transformar e iluminar as relações baseadas na caridade. O bispo destacou a importância dos papéis de responsabilidade para que sejam imbuídos dos critérios de sinodalidade, com roteiros para o discernimento sinodal. Isso em uma Assembleia onde há confiança e respeito mútuo, algo que é valorizado positivamente por todos.
O fundador canonizado durante o Sínodo
Para os Missionários da Consolata, o Sínodo traz uma grande novidade, a canonização do Beato José Allamano, que será realizada no dia 20 de outubro, segundo disse o arcebispo de Nampula, membro dessa Congregação. Para eles, o tema do Sínodo é muito caro porque Allamano criou um instituto missionário. O arcebispo moçambicano refletiu sobre a importância da Iniciação Cristã como encontro com Jesus Cristo, e o fenômeno que se verifica na África, onde os jovens saem da Igreja depois de receber esses sacramentos, o que deve levar a refletir se teve uma boa Iniciação Cristã. Igualmente falou sobre a partilha de dons entre os seres humanos e entre as Igrejas numa Igreja Sinodal e da importância do conhecimento mútuo entre a Igreja Católica e a Igreja Oriental, que tem muito a nos dar nesta partilha de dons.
A sinodalidade começa em casa
O diácono permanente belga disse que não teria podido participar deste Sínodo sem sua família, com quem se sentou à mesa para decidir se sua presença na Assembleia Sinodal era algo conveniente, com o que todos concordaram, porque de outra forma, se alguém não tivesse concordado, ele não teria participado. A partir daí, ele destacou que "minha experiência de sinodalidade começa em casa". Em relação à Igreja belga, suas dificuldades e a presença de pessoas cansadas, ele disse que eles estão tentando colocar a Sinodalidade em prática na Pastoral Juvenil, para levar a sinodalidade ao trabalho com os jovens, algo feito com todas as dioceses que buscam avançar como Igreja sinodal. Por isso, sublinhou o fato de que somos diferentes uns dos outros, mas temos em comum nossa catolicidade. Fonte: https://www.vaticannews.va
Dom Jaime Spengler compartilha suas primeiras considerações sobre a segunda sessão do Sínodo sobre Sinodalidade
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Participando do Sínodo como presidente do Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho, o Celam, o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, partilhou um texto com as suas considerações sobre o processo sinodal. A segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos começou, no Vaticano, no dia 2 de outubro e segue até o dia 27 deste mês.
Segundo o presidente da CNBB, o Sínodo sobre a sinodalidade representa um apelo para recordar, trazer à fala e aprofundar o caráter dinâmico da experiência de fé cristã. “Vivemos um tempo em que a Igreja está sendo desafiada a buscar meios, linguagem e métodos apropriados para transmitir a fé às novas gerações”, afirmou.
Resgate do Concílio Vaticano II
Trata, segundo dom Jaime, de uma oportunidade de resgatar as grandes linhas do Concílio Vaticano II. “Na verdade, se trata de desenvolver as intuições dos padres conciliares e encontrar caminhos viáveis para implementá-las”, reforçou.
O bispo recorda que a Igreja como Povo de Deus, comunhão de peregrinos, é um organismo vivo, o que “implica estar disposta, aberta para colher os sinais dos tempos, num mundo em rápidas transformações evolução”.
Escutar o que o Espírito Santo pede hoje à Igreja
Dom Jaime reforça que Sínodo é um ocasião propícia para, juntos, escutar o que o Espírito diz hoje à Igreja. A dinâmica sinodal, segundo ele, requer uma abertura constante ao Espírito de Deus e seu Santo modo de operar, por meio do qual vive e atua na Igreja o Cristo vivo e ressuscitado. “Ele continua enviando os discípulos em missão. Missão entendida como um acompanhamento no espírito do diálogo”, afirmou.
O arcebispo de porto Alegre (RS) aponta que, ao longo do caminho já feito, uma coisa está se tornando sempre mais evidente: é necessário encontrar meios para que as capacidades e disposições de todos sejam colocadas a serviço da missão. “Todos os batizados necessitam melhor compreender o que significa ser Igreja participativa, promovendo a comunhão e a missão. Isto implica formação e espiritualidade pertinentes”, afirmou.
Dom Jaime aponta que, neste caminho, não se pode temer as controvérsias e compreendê-las como algo que faz parte do processo. “O importante e decisivo é se o que está autenticamente em questão é a fidelidade ao Evangelho, à bela e rica tradição da Igreja e se as possíveis e necessárias respostas aos apelos de hoje trazem as marcas da vocação da própria Igreja: ser sal e luz no mundo!”.
Conversão pessoal e pastoral
O presidente do Celam afirma que a conversão pastoral de que a muito se fala, exige renovação de estruturas. Antes, porém, aponta a necessidade de conversão pessoal. “Urge tornar a tarefa evangelizadora mais inclusiva e aberta; instigar a todos os que reconhecem Jesus como Caminho, Verdade e Vida a ‘sair’, a compartilhar com quem encontrar a experiência de se sentir amado/a por Ele, pois fez também a experiência do encontro com Ele…”, reforçou.
O presidente da CNBB acredita que a metodologia aplicada ao processo sinodal inspire todos a se abrirem e a realizarem o caminho que o Espírito está indicando. “No Brasil, e na América Latina, muito do espírito que orienta os trabalhos sinodais já se está presente na pastoral ordinária das Igrejas Particulares. Porém sempre se pode avançar, aprender com outras realidades eclesiais, outras culturas. É por ai que passa a tão necessária e desejada renovação de métodos, expressões, linguagem, ardor, disposição e estruturas”, conclui.
Por Willian Bonfim com informações de dom Jaime Spengler
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Pe. Radcliffe no retiro sinodal: não aos medos e narcisismos, mas ouvir com o coração aberto
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As duas primeiras meditações do padre dominicano, pronunciadas na manhã desta segunda-feira na Sala Nova do Sínodo, durante o retiro espiritual dos participantes da Assembleia sinodal.
Isabella Piro – Cidade do Vaticano
Foi o Evangelho de João (20, 1-18 e 20, 19-29) a servir de fio condutor das duas meditações realizadas na manhã desta segunda-feira, 30 de setembro, pelo padre dominicano Timothy Radcliffe. Participante da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos como assistente espiritual, como já no ano passado, o religioso se pronunciou na Sala Nova do Sínodo por ocasião do retiro espiritual em andamento até a terça-feira, 1º de outubro, e dedicado aos membros, delegados fraternos e convidados especiais da Assembleia.
O mundo está escurecido pela violência
Na primeira meditação, o padre Radcliffe centrou-se no tema da “Ressurreição como uma busca na escuridão”. em um mundo “obscurecido pela violência” e no qual Deus “parece ter desaparecido em grande parte”, especialmente no Ocidente, devido ao ateísmo, à indiferença e ao ceticismo, o religioso exortou a colocar-se, como Maria Madalena, em busca do Senhor. “O mundo está cheio de lágrimas”, acrescentou o clérigo, citando o drama da guerra no Médio Oriente, na Ucrânia, no Sudão e em Mianmar. Mas apesar desta “escuridão”, devemos estar conscientes da presença de Deus e ouvir o “grito daqueles que choram”.
Ouça os outros com respeito e sem medo
O apelo à “escuta paciente, imaginativa, inteligente, de coração aberto”, que representa “a disciplina da santidade” foi outro tema abordado pelo padre Radcliffe: firme a sua advertência para que os participantes do Assembleia prestem atenção às perguntas dos outros “com respeito e sem medo”, porque somente assim será possível encontrar “uma nova forma de viver no Espírito”.
Os questionamentos são importantes, acrescentou o religioso, mas não podem ser vistos simplesmente como “questões sobre a possibilidade ou não de conceder algo... por exemplo, sobre o papel das mulheres na Igreja”. O que é necessária, no entanto, são os "questionamentos mais profundas do nosso coração", as "perguntas desconcertantes que nos convidam a uma vida nova" e sem as quais a fé acabaria como letra morta.
Ser companheiros de busca, não representantes de partidos da Igreja
Um outro “instrumento” do trabalho sinodal deverá ser o reconhecimento integral do outro, a partir do seu nome: “Deus nos chama sempre pelo nome - explicou o religioso -. E o nosso nome é sinal do fato que somos custodiados pelo Senhor na nossa singularidade.” Nesta perspectiva, o Sínodo será efectivamente “um momento de graça”, um encontro “frutífero” se os seus participantes aprenderem a “dizer 'nós'” e se verem uns aos outros não como “representantes dos partidos da Igreja”, mas como “fratelli tutti”, “alegres companheiros de busca”, porque “cada caminhante tem necessidade do outro" e também aqueles que poderiam se sentir excluídos da Assembleia. Padre Radcliffe mencionou em particular as mulheres, os teólogos, os párocos – que na realidade são fundamentais, pois “ sem eles, a Igreja não pode tornar-se verdadeiramente sinodal”.
O Sínodo, de fato, afirmou o religioso ao concluir a sua primeira meditação, “precisa de todos os caminhos para amar e buscar o Senhor, assim como nós precisamos dos buscadores do nosso tempo, mesmo que não partilhem a nossa fé”. Porque é abrindo-nos ao desejo de infinito do outro que poderemos “lançar o barco da missão”.
Os “dogmas” da sociedade contemporânea
O tema da missão esteve no centro da segunda meditação do padre Radcliffe, intitulada “O quarto fechado a chave”: "O tema desta Assembleia é uma Igreja sinodal em missão – disse ele – e o coração desta missão é ensinar as nossas doutrinas." Um objetivo certamente desafiador no contexto de uma sociedade “afligida por um profundo preconceito contra os dogmas”, ainda que não faltem “salas fechadas e sufocantes” representadas pelo relativismo, pelo fundamentalismo religioso, pelo materialismo, pelo nacionalismo, pelo cientificismo que “bloqueiam as pessoas em pequenas imaginações." Os ensinamentos da fé, ao invés disso – reiterou o sacerdote dominicano – “abrem as portas dos nossos corações e das nossas mentes, impelem-nos para além das pequenas respostas e rumo à busca infinita d’Aquele que é infinito amor e verdade”.
Tornar-nos pregadores do Evangelho da vida
Mas nos “quartos sufocantes” os discípulos também ficam aprisionados pelo medo, que os impede de “se tornarem vivos em Deus e, portanto, pregadores do Evangelho da vida em abundância”. Em vez disso – esta é a exortação do padre Radcliffe – é preciso “correr o risco de nos machucar-se", de se ferir, como o Senhor Ressuscitado. Este é um risco que vale a pena correr, porque Deus nos deu o dom da sua paz, que não pode ser destruída por nada.
Não olhar para o “umbigo eclesial”, mas abrir-se ao infinito de Deus
Mas além do medo de se ferir, acrescentou o religioso, há um outro temor a ser derrotado: aquele experimentado por que sente “um amor feroz pela Igreja” e que, fechados na sua mentalidade, temem que seja prejudicada devido a reformas que modificam as tradições. Tudo isto, porém, acaba por "nos fechar em um mundo limitado, olhando para o nosso umbigo eclesial", prontos a denunciar os "desvios dos outros". Em vez disso, “a Igreja está nas mãos do Senhor e Deus prometeu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
É preciso, portanto, sair das prisões “do narcisismo e da 'partidocracia'”, abrindo-nos aos “horizontes sem limites” nos quais Deus se revela e perdendo-nos no seu amor.
"Somos chamados a aventurar-nos no desconhecido, a abandonar o que é familiar e seguro e a empreender uma viagem ou uma busca – sublinhou o padre Radcliffe -. No entanto, não gostamos de correr riscos. Estamos satisfeitos com a pessoa que criamos ou construímos porque tememos ter sido criados à imagem de Deus. Esta incapacidade de responder ao chamado à vida, esta incapacidade de acreditar, chama-se pecado. Fonte: https://www.vaticannews.va
Pastora é morta a tiros pelo sobrinho dentro de igreja no Sul do ES
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Marta Alves de Oliveira estava na igreja quando o seu sobrinho, que não teve a identidade divulgada, entrou no local e efetuou os disparos. O homem foi preso horas após o crime.
Pastora é assassinada pelo sobrinho a tiros dentro de igreja no Sul do ES
Por g1 ES
Identificada como Marta Alves de Oliveira, a pastora foi assassinada a tiros pelo sobrinho dentro de uma igreja no Sul do Espírito Santo — Foto: Reprodução
Uma pastora foi assassinada a tiros pelo próprio sobrinho em uma igreja no bairro Rubem Braga, em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Espírito Santo, na noite de sexta-feira (13). Segundo a Polícia Militar, testemunhas contaram que o homem invadiu o local onde Marta Alves de Oliveira estava e efetuou os disparos. O assassino, que não teve a identidade divulgada, foi preso horas após o crime.
Ainda segundo a polícia, a corporação foi acionada para atender uma ocorrência de homicídio, e, quando os militares chegaram na igreja, encontraram Maria caída no chão. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou o óbito da mulher no local.
O irmão da pastora disse aos policiais que um sobrinho estava ao seu lado naquela noite, em frente à igreja, e disse que iria matar a tia.
"O irmão da vítima disse que ficou assustado e entrou para a residência. Logo depois, ouviu dois disparos de arma de fogo e gritos", detalhou em nota.
Segundo a corporação, o suspeito foi localizado próximo à igreja, e inicialmente resistiu à ordem de abordagem, sendo necessário o uso da força e spray de pimenta para contê-lo. Ao ser questionado, o indivíduo confessou o homicídio aos militares e disse que era ameaçado de morte pela pastora.
O homem foi conduzido à Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim.
O corpo da pastora foi encaminhado à Seção Regional de Medicina Legal (SML) do município para ser necropsiado e, posteriormente, liberado aos familiares. Fonte: https://g1.globo.com
O Papa deixa Singapura rumo a Roma, termina a viagem à Ásia e Oceania
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O pontífice está no voo de volta a Roma após 12 dias de visitas à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura. Sua chegada ao aeroporto de Roma Fiumicino está prevista para o fim da tarde.
Silvonei José – Vatican News
O Papa Francisco concluiu nesta sexta-feira (13/09) o que deveria ser um duro teste em seu pontificado: a mais longa viagem internacional, 12 dias em que percorreu quatro países - Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor Leste e Singapura - e na qual, apesar de seus 87 anos e de seus problemas de mobilidade, passou sem problemas, em boa forma e sem mostrar sinais de fraqueza.
A viagem, durante a qual percorreu 32 mil quilômetros, somados aos que percorreu de carro e de papamóvel entre os fiéis, as quatro mudanças de horário e os sete voos, não parecem ter afetado o Pontífice, que nesta sexta-feira se despediu de Singapura com uma visita a um lar de idosos e um encontro com os jovens, no qual mais uma vez mostrou seu bom humor.
O Papa Francisco deixou Singapura às 12h25, hora local, concluindo sua 45ª viagem apostólica internacional à Ásia e à Oceania. Antes da cerimônia de despedida no Aeroporto Internacional de Singapura, o Pontífice, recebido pelo Ministro da Cultura, Comunidade e Juventude, teve uma breve conversa com ele.
O voo papal (A350 – Singapura Airlines) deve percorrer 9.567 Km em cerca de 12h35’’ chegando ao Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci de Roma-Fiumicino no final da tarde italiana.
Durante o voo, previsto o tradicional encontro com os jornalistas para a coletiva de imprensa.
Francisco nos últimos dias foi visto por centenas de milhares de pessoas e apertou a mão de muitas delas, nas longas filas que se formavam no aguardo dos diversos eventos, sem perder a paciência, parando o carro em várias ocasiões para abençoar os bebês que os pais traziam para o lado da estrada para vê-lo passar por um momento, e sempre se aproximando dos doentes para um afago.
Também distribuiu doces para as crianças, uma a uma, que se exibiam cantando, dançando e tocando seus instrumentos durante suas apresentações, embora sempre em sua cadeira de rodas.
Francisco, um grande amante da Ásia, seguindo os passos dos jesuítas aos quais pertence, também quis mostrar que esse continente é a esperança para a Igreja Católica.
O Papa voltará a pegar um avião em 15 dias para viajar para a Bélgica e Luxemburgo. Fonte: https://www.vaticannews.va
Acidente tira a vida de padre que viralizou na internet
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Padre Fabrício Rodrigues ficou conhecido nacionalmente pelo vídeo que viralizou em 2020 tendo crise de riso durante uma live | Reprodução/Redes Sociais
Padre Fabrício Rodrigues morreu na madrugada desta sexta (13) após bater a moto em um cavalo na rodovia Transamazônica em Marabá.
Por; Michel Garcia
A sexta-feira (13) amanheceu triste para a comunidade católica de Marabá e do povo do Pará. Faleceu na madrugada o Padre Fabrício Rodrigues, da Paróquia Bom Pastor, da Nova Marabá. Padre Fabrício é conhecido nacionalmente por ter viralizado nas redes sociais, onde tem uma crise de riso durante a realização de uma missa por live. A crise de riso veio depois que a corda do violão do músico que o acompanhava quebrou ao vivo, em live feita em novembro de 2020, em plena pandemia da Covid-19.
De acordo com informações da Polícia, Padre Fabrício, que completou 29 anos no último dia 8, estava vindo de moto após serviços ministeriais na Vila Primeiro de Março, entrada do município de São João do Araguaia, a 20 quilômetros de Marabá, quando bateu em um cavalo que estava parado no meio da rodovia BR-230.
A batida foi tão forte que tanto o Padre quanto o cavalo perderam a vida. O Samu foi acionado mas o óbito foi constatado ainda no local.
Padre Fabrício era muito ativo na comunidade católica, participava ativamente de várias ações ministeriais e estava empenhado também nos preparativos do Círio de Marabá, que acontece no terceiro domingo de outubro próximo.
A moto pilotada pelo Padre ficou estirada na BR-230 |Divulgação
Ele também participava do programa Encontro com Maria, que vai ao ar de segunda a sexta pela Rádio Clube FM de Marabá, às 6h da manhã, chegando a participar várias vezes da programação, anunciando os eventos locais da Igreja.
No último domingo (8), foi aniversário do Padre que recebeu uma homenagem da comunidade como se pode ver no vídeo abaixo.
Ele morreu nesta sexta-feira (13) após bater em um cavalo quando vinha da Vila 1º de Março Dol Carajás 02
Padre Fabrício ministrava na Paróquia Bom Pastor, localizada na Folha 33, Nova Marabá e era muito querido na Diocese e pela comunidade católica de Marabá. A Diocese emitiu uma nota de pesar sobre o ocorrido.
“É com profundo pesar que a Diocese de Marabá anuncia o falecimento do Padre Fabrício Rodrigues. Nossas condolências aos familiares e amigos por essa perda irreparável”, disse a nota. Fonte: https://dol.com.br
Sexta-feira, 13 de setembro-2024. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,39-42)
Naquele tempo, 39 Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40 Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre. 41 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? 42 Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão."
3) Reflexão Luca 6,39-42
O evangelho de hoje traz mais alguns trechos do discurso que Jesus pronunciou na planície depois de ter passado uma noite em oração (Lc 6,12) e de ter chamado o doze para serem seus apóstolos (Lc 6,13-14). Grande parte das frases reunidas neste discurso foram pronunciadas em outras ocasiões, mas Lucas, imitando Mateus, as reuniu aqui neste Sermão da Planície.
Lucas 6,39: A parábola do cego guiando outro cego
Jesus contou uma parábola aos discípulos: "Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco?” Parábola de uma linha só que tem muita semelhança com as advertências que, no evangelho de Mateus, são dirigidas aos fariseus: “Ai de vocês, guias cegos!” (Mt 23,16.17.19.24.26) Aqui no contexto do evangelho de Lucas, esta parábola é dirigida aos animadores das comunidades que se consideram donos da verdade, superiores aos outros. Por isso são guias cegos.
Lucas 6,40: Discípulo - Mestre
“Nenhum discípulo é maior do que o mestre; e todo discípulo bem formado será como o seu mestre”. Jesus é Mestre. Não é professor. Professor dá aula em várias matérias, mas não convive. Mestre não dá aula, mas convive. A sua matéria é ele mesmo, o seu testemunho de vida, sua maneira de viver as coisas que ensina. A convivência com o mestre tem três aspectos: (1) O mestre é o modelo ou o exemplo a ser imitado (cf.Jo 13,13-15). (2) O discípulo não só contempla e imita, mas também se compromete com o destino do mestre, com a sua tentações (Lc 22,28), perseguição (Mt 10,24-25), e morte (Jo 11,16). (3) Não só imita o modelo, não só assume o compromisso, mas chega a identificar-se: "Vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20). Este terceiro aspecto é a dimensão mística do seguimento de Jesus, fruto da ação do Espírito.
Lucas 6,41-42: O cisco no olho do irmão
“Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção na trave que há no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão". No Sermão da Montanha, Mateus trata do mesmo assunto e explica um pouco melhor a parábola do cisco no olho. Jesus pede uma atitude criativa que nos torne capazes de ir ao encontro do outro sem julgá-lo, sem preconceitos e racionalizações, acolhendo-o como irmão (Mt 7,1-5). Esta total abertura para o outro como irmão só nascerá em nós quando soubermos relacionar-nos com Deus em total confiança de filhos (Mt 7,7-11).
4) Para um confronto pessoal
1) Cisco e trave no olho. Como eu me relaciono com os outros em casa na família, no trabalho com os colegas, na comunidade com os irmãos e as irmãs?
2) Mestre e discípulo. Como sou discípulo de Jesus?
5) Oração final
Felizes os que habitam em vossa casa, Senhor: aí eles vos louvam para sempre. Feliz o homem cujo socorro está em vós, e só pensa em vossa santa peregrinação (Sl 83, 3)
Quinta-feira, 12 de setembro-2024. 23ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,27-38)
Naquele tempo, falou Jesus aos seus discípulos: 27Digo-vos a vós que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, 28abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam. 29Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica. 30Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames. 31O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles. 32Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. 33E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores. 34Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. 35Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus. 36Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; 38dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também.
3) Reflexão Lucas 6,27-38
O evangelho de hoje traz a segunda parte do “Sermão da Planície”. Na primeira parte (Lc 6,20-26), Jesus se dirigia aos discípulos (Lc 6,20). Na segunda parte (Lc 6,27-49), ele se dirige “a vocês que me escutam”, isto é, àquela multidão imensa de pobres e doentes, vinda de todos os lados (Lc 6,17-19).
Lucas 6,27-30: Amar os inimigos!
As palavras que Jesus dirige a este povo são exigentes e difíceis: amar os inimigos, não amaldiçoar, oferecer a outra face a quem bate no rosto, não reclamar quando alguém toma o que é nosso. Tomadas ao pé da letra, estas frases parecem favorecer os ricos que roubam. Mas nem o próprio Jesus as observou ao pé da letra. Quando o soldado lhe bateu no rosto, não ofereceu a outra face, mas reagiu com firmeza. “Se falei errado, prove! Se falei certo, porque me bates?” (Jo 18,22-23). Então, como entender estas palavras? Os versículos seguintes ajudam a entender o que Jesus quer ensinar.
Lucas 6,31-36: A Regra de Ouro! Imitar Deus
Duas frases de Jesus ajudam a entender o que ele quis ensinar. A primeira frase é a assim chamada Regra de Ouro: "O que vocês desejam que os outros lhes façam, façam vocês a eles!” (Lc 6,31). A segunda frase é: "Procurem ser misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso!" (Lc 6,36). Estas duas frases mostram que Jesus não quer simplesmente virar a mesa ou inverter a situação, pois aí nada mudaria. Ele quer mudar o sistema. O Novo que ele quer construir vem da nova experiência de Deus como Pai cheio de ternura que acolhe a todos! As palavras de ameaça contra os ricos não podem ser ocasião para os pobres se vingarem. Jesus manda ter a atitude contrária: "Amai os vossos inimigos!" O amor não pode depender do que eu recebo do outro. O amor verdadeiro deve querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela faz por mim. O amor deve ser criativo, pois assim é o amor de Deus por nós: "Procurem ser misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso!". Mateus diz a mesma coisa com outras palavras: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Nunca ninguém poderá chegar a dizer: Hoje fui perfeito como o Pai do céu é perfeito! Fui misericordioso como o Pai do céu é misericordioso”. Estaremos sempre abaixo da medida que Jesus colocou diante de nós.
No evangelho de Lucas, a Regra de Ouro diz: "O que vocês desejam que os outros lhes façam, façam vocês a eles!” (Lc 6,31) O evangelho de Mateus traz uma formulação um pouco diferente: "Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles” e acrescenta: “Pois nisso consistem a Lei e os Profetas" (Mt 7,12). Praticamente todas as religiões do mundo inteiro tem a mesma Regra de ouro com formulações diversas. Sinal de que aqui se expressa uma intuição ou um desejo universal que nasce do fundo do coração humano.
Lucas 6,37-38: A medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.
"Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e serão perdoados. Dêem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês”. São quatro conselhos: dois na forma negativa: não julgar, não condenar; e dois na forma positiva: perdoar e doar com medida abundante. Quando diz “e será dado a vocês”, Jesus alude ao tratamento que Deus quer ter para conosco. Mas quando a nossa maneira de tratar os outros é mesquinha, Deus não pode usar para conosco a medida abundante e transbordante que Ele gostaria de usar.
Celebrar a visita de Deus
O Sermão da Planície ou Sermão da Montanha, desde o seu começo, leva os ouvintes a fazer uma escolha, uma opção, a favor dos pobres. No Antigo Testamento, várias vezes, Deus colocou o povo diante da mesma escolha de bênção ou de maldição. Ao povo era concedida a liberdade para escolher: "Eu lhes propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolha, portanto, a vida, para que você e seus descendentes possam viver" (Dt 30,19). Não é Deus quem condena, mas é o próprio povo de acordo com a escolha que fará entre a vida e a morte, entre o bem e o mal. Estes momentos de escolha são os momentos da visita de Deus ao seu povo (Gn 21,1; 50,24-25; Ex 3,16; 32,34; Jr 29,10; Sl 59,6; Sl 65,10; Sl 80,15, Sl 106,4). Lucas é o único evangelista a empregar esta imagem da visita de Deus (Lc 1,68. 78; 7,16; 19,44; At 15,16). Para Lucas Jesus é a visita de Deus que coloca o povo diante da escolha da bênção ou da maldição: "Felizes vocês, pobres!" e "Ai de vocês, ricos!" Mas o povo não reconheceu a visita de Deus (Lc 19,44).
4) Para um confronto pessoal
1) Será que nós olhamos a vida e as pessoas com o mesmo olhar de Jesus?
2) O que quer dizer hoje "ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso"?
5) Oração final
Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos. Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos (Sl 138)
Terça-feira, 10 de setembro-2023. 23ª Semana do Tempo Comum Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Ó Deus, Pai de bondade, que nos redimistes e adotastes como filhos, concedei aos que crêem no Cristo a verdadeira liberdade e a herança eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 6,12-19)
12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. 13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos: 14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, 15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador; 16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor. 17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades. 18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres. 19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos.
3) Reflexão Lucas 6,12-19
O evangelho de hoje traz dois assuntos: a escolha dos doze apóstolos (Lc 6,12-16) e a multidão enorme de gente querendo encontrar-se com Jesus (Lc 6,17-19). O evangelho de hoje nos convida a refletir sobre os Doze que foram escolhidos para conviver com Jesus como apóstolos. Os primeiros cristãos lembraram e registraram os nomes destes Doze e de alguns outros homens e mulheres que seguiram a Jesus e que, depois da ressurreição, foram criando as comunidades pelo mundo afora. Hoje também, todo mundo lembra o nome de alguma catequista ou professora que foi significativa para a sua formação cristã.
Lucas 6,12-13: A escolha dos 12 apóstolos
Antes de fazer a escolha definitiva dos doze apóstolos, Jesus passou uma noite inteira em oração. Rezou para saber a quem escolher e escolheu os Doze, cujos nomes estão nos evangelhos e que receberam o nome de apóstolo. Apóstolo significa enviado, missionário. Eles foram chamados para realizar uma missão, a mesma que Jesus recebeu do Pai (Jo 20,21). Marcos concretiza mais e diz que Deus os chamou para estar com ele e enviá-los em missão (Mc 3,14)..
Lucas 6,14-16: Os nomes dos 12 apóstolos
Com pequenas diferenças os nomes dos Doze são iguais nos evangelhos de Mateus (Mt 10,2-4), Marcos (Mc 3,16-19) e Lucas (Lc 6,14-16). Grande parte destes nomes vem do AT. Por exemplo, Simeão é o nome de um dos filhos do patriarca Jacó (Gn 29,33). Tiago é o mesmo que o nome de Jacó (Gn 25,26). Judas é o nome de outro filho de Jacó (Gn 35,23). Mateus também tinha o nome de Levi (Mc 2,14), que foi outro filho de Jacó (Gn 35,23). Dos doze apóstolos sete tem nome que vem do tempo dos patriarcas: duas vezes Simão, duas vezes Tiago, duas vezes Judas, e uma vez Levi! Isto revela a sabedoria e a pedagogia do povo. Através dos nomes dos patriarcas e das matriarcas, dados aos filhos e filhas, eles mantinham viva a tradição dos antigos e ajudavam seus filhos a não perder a identidade. Quais os nomes que nós damos hoje para os nossos filhos e filhas?
Lucas 6,17-19: Jesus desce da montanha e a multidão o procura
Ao descer da montanha com os doze, Jesus encontrou uma multidão imensa de gente que o procurava para ouvir sua palavra e tocá-lo, porque dele saía uma força de vida. Nesta multidão havia judeus e estrangeiros, gente da Judéia e também de Tiro e Sidônia. É o povo abandonado, desorientado. Jesus acolhe a todos que o procuram. Judeus e pagãos! Este é um dos temas preferidos de Lucas!
Estas doze pessoas, chamadas por Jesus para formar a primeira comunidade, não eram santas. Eram pessoas comuns, como todos nós. Tinham suas virtudes e seus defeitos. Os evangelhos informam muito pouco sobre o jeito e o caráter de cada uma delas. Mas o pouco que informam é motivo de consolo para nós.
Pedro era uma pessoa generosa e entusiasta (Mc 14,29.31; Mt 14,28-29), mas na hora do perigo e da decisão, o coração dele encolhia e ele voltava atrás (Mt 14,30; Mc 14,66-72). Chegou a ser satanás para Jesus (Mc 8,33). Jesus deu a ele o apelido de Pedra (Pedro). Pedro, ele por si mesmo, não era Pedra. Tornou-se pedra (rocha), porque Jesus rezou por ele (Lc 22,31-32).
Tiago e João estavam dispostos a sofrer com e por Jesus (Mc 10,39), mas eram muito violentos (Lc 9, 54). Jesus os chamou “filhos do trovão” (Mc 3,17). João parecia ter um certo ciúme. Queria Jesus só para o grupo dele (Mc 9,38).
Filipe tinha um jeito acolhedor. Sabia colocar os outros em contato com Jesus (Jo 1,45-46), mas não era muito prático em resolver os problemas (Jo 12,20-22; 6,7). Às vezes, era meio ingênuo. Teve hora em que Jesus perdeu a paciência com ele: “Mas Filipe, tanto tempo que estou com vocês, e ainda não me conhece?” (Jo 14,8-9)
André, irmão de Pedro e amigo de Filipe, era mais prático. Filipe recorre a ele para resolver os problemas (Jo 12,21-22). Foi André que chamou Pedro (Jo 1,40-41), e foi André que encontrou o menino com cinco pãezinhos e dois peixes (Jo 6,8-9).
Bartolomeu parece ter sido o mesmo que Natanael. Este era bairrista e não podia admitir que algo de bom pudesse vir de Nazaré (Jo 1,46).
Tomé foi capaz de sustentar sua opinião, uma semana inteira, contra o testemunho de todos os outros (Jo 20,24-25). Mas quando viu que estava equivocado, não teve medo de reconhecer seu erro (Jo 20,26-28). Era generoso, disposto a morrer com Jesus (Jo 11,16).
Mateus ou Levi era publicano, cobrador de impostos, como Zaqueu (Mt 9,9; Lc 19,2). Eram pessoas comprometidas com o sistema opressor da época.
Simão, ao contrário, parece ter sido do movimento que se opunha radicalmente ao sistema que o império romano impunha ao povo judeu. Por isso tinha o apelido de Zelota (Lc 6,15). O grupo dos Zelotas chegou a provocar uma revolta armada contra os romanos.
Judas era o que tomava conta do dinheiro do grupo (Jo 13,29). Ele chegou a trair Jesus.
Tiago de Alfeu e Judas Tadeu, destes dois os evangelhos nada informam a não ser o nome.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus passou a noite inteira em oração para saber a quem escolher, e escolheu estes doze! Qual a lição que você tira daí?
2) Você lembra dos nomes das pessoas que estão na origem da comunidade a que você pertence? O que mais lembra delas: o conteúdo que lhe ensinaram ou o testemunho que deram?
5) Oração final
Em coros louvem o seu nome, cantem-lhe salmos com o tambor e a cítara, porque o Senhor ama o seu povo, e dá aos humildes a honra da vitória (Sl 149, 2)
Padre investigado após denúncias de abusos sexuais no Amapá é encontrado morto
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Morte foi confirmada pela Diocese de Macapá neste sábado (7). Jovens ligados à igreja denunciaram o padre por assédio e importunação sexual.
Padre Francivaldo Lima da Silva — Foto: Reprodução
Por Rafael Aleixo, g1 AP — Macapá
A Diocese de Macapá confirmou neste sábado (7) a morte do Padre Francivaldo Lima da Silva, de 52 anos, acusado de cometer abusos sexuais contra jovens ligados ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Macapá.
Segundo a Polícia Civil do Amapá, ex-coroinhas e ex-seminaristas fizeram as primeiras denúncias contra então pároco do santuário.
A Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Contra Criança e Adolescente (DERCCA), informou que as investigações iniciaram após uma primeira denúncia e depois foram surgindo mais vítimas.
Em nota, o bispo da Diocese de Macapá, Dom Pedro José Conti, lamentou a morte e disse que aguarda os laudos da polícia para conhecer as causas da morte.
Veja nota da Diocese de Macapá:
Nota de Falecimento
A Diocese de Macapá comunica com pesar o falecimento do padre Francivaldo Lima da Silva.
Em nota o bispo de Macapá expressa:
Neste sábado,7, todos nós fomos surpreendidos pela trágica notícia do falecimento do padre Francivaldo Lima da Silva.
Aguardamos os laudos da Polícia para conhecer as causas da morte. Não cabe a nós julgar as pessoas.
Neste momento só podemos pedir a misericórdia do Divino Pai porque somente Ele conhece o que se passa no coração de cada um.
Convido a todos a rezar pela alma do pe. Francivaldo e pelos seus familiares enlutados.
Dom Pedro José Conti
Fonte: https://g1.globo.com
Padre acusado de pedofilia comete suicídio
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O padre Francivaldo Lima da Silva de 52 anos foi encontrado morto. Ele estava sendo investigado pela Polícia Civil do Amapá por acusações de crimes sexuais.
Segundo a diocese de Macapá Francivaldo que ocupava o cargo de pároco do Santuário de Nossa Senhora de Fátima e vigário geral foi dispensado de suas funções em 26 de julho de 2024.
Jovens ligados à igreja incluindo ex-coroinhas e ex- seminaristas denunciaram o padre por assédio sexual e importunação.
O caso estava sendo investigado pela Polícia Civil e foi encaminhado Ministério Público para apreciação. Fonte: https://agazetadoamapa.com.br
Sexta-feira, 6 de setembro-2024. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,33-39)
Naquele tempo, 33os fariseus e os mestres da lei disseram a Jesus: Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com freqüência e fazem longas orações, mas os teus comem e bebem... 34Jesus respondeu-lhes: Porventura podeis vós obrigar a jejuar os amigos do esposo, enquanto o esposo está com eles? 35Virão dias em que o esposo lhes será tirado; então jejuarão. 36Propôs-lhes também esta comparação: Ninguém rasga um pedaço de roupa nova para remendar uma roupa velha, porque assim estragaria uma roupa nova. Além disso, o remendo novo não assentaria bem na roupa velha. 37Também ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo arrebentará os odres e entornar-se-á, e perder-se-ão os odres; 38mas o vinho novo deve-se pôr em odres novos, e assim ambos se conservam. 39Demais, ninguém que bebeu do vinho velho quer já do novo, porque diz: O vinho velho é melhor. - Palavra da salvação.
3) Reflexão Lucas 5,33-39
No evangelho de hoje vamos ver de perto mais um conflito entre Jesus e as autoridades religiosas de época, escribas e fariseus (Lc 5,3). Desta vez, o conflito é em torno da prática do jejum. Lucas relata vários conflitos em torno das práticas religiosas da época: o perdão dos pecados (Lc 5,21-25), comer com pecadores (Lc 5,29-32), o jejum (Lc 5,33-36), e mais dois conflitos em torno da observância do sábado (Lc 6,1-5 e Lc 6,6-11).
Lucas 5,33: Jesus não insiste na prática do jejum
Aqui, o conflito é em torno da prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado por quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que motivo Jesus não insiste no jejum.
Lucas 5,34-35: Enquanto o noivo está com eles não precisam jejuar
Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Um dia, porém, o noivo vai ser tirado. Aí, se quiserem, podem jejuar. Jesus alude à sua morte. Ele sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades vão querer matá-lo.
No Antigo Testamento, várias vezes, o próprio Deus se apresenta como sendo o noivo do povo (Is 49,15; 54,5.8; 62,4-5; Os 2,16-25). No Novo Testamento, Jesus é visto como o noivo do seu povo (Ef 5,25). O Apocalipse faz o convite para a celebração das núpcias do Cordeiro com sua esposa a Jerusalém celeste (Ap 19,7-8; 21,2.9).
Lucas 5,36-39: Vinho novo em odre novo!
Estas palavras meio soltas sobre o remendo novo em pano velho e sobre o vinho novo em odre novo devem ser entendidas como uma luz que joga sua claridade sobre os vários conflitos, relatados por Lucas, antes e depois da discussão em torno do jejum. Elas esclarecem a atitude de Jesus com relação a todos os conflitos com as autoridades religiosas. Colocados em termos de hoje seriam conflitos como estes: casamento de pessoas divorciadas, amizade com prostitutas e homossexuais, comungar sem estar casado na igreja, faltar à missa no domingo, não fazer jejum na Sexta-feira Santa, etc.
Não se coloca remendo de pano novo em roupa velha. Na hora de lavar, o remendo novo repuxa o vestido velho e o estraga mais ainda. Ninguém coloca vinho novo em odre velho, porque o vinho novo pela fermentação faz estourar o odre velho. Vinho novo em odre novo! A religião defendida pelas autoridades religiosas era como roupa velha, como odre velho. Não se deve querer combinar o novo que Jesus trouxe com os costumes antigos. Ou um, ou outro! O vinho novo que Jesus trouxe faz estourar o odre velho. Tem que saber separar as coisas. Muito provavelmente, Lucas traz estas palavras de Jesus para orientar as comunidades dos anos 80. Havia um grupo de judeu-cristãos que queriam reduzir a novidade de Jesus ao tamanho do judaísmo de antes. Jesus não é contra o que é “velho”. O que ele não quer é que o velho se imponha ao novo e, assim, o impeça de manifestar-se. Seria o mesmo que, na Igreja Católica, reduzir a mensagem do Concílio Vaticano II ao tamanho da igreja de antes do concílio, como hoje muita gente parece estar querendo.
4) Para um confronto pessoal
- Quais os conflitos em torno de práticas religiosas que, hoje, trazem sofrimento para as pessoas e são motivo de muita discussão e polêmica? Qual a imagem de Deus que está por trás de todos estes preconceitos, normas e proibições?
- 2. Como entender hoje a frase de Jesus: “Não colocar remendo de pano novo em roupa velha”? Qual a mensagem que você tira de tudo isto para a sua vida e a vida da sua comunidade?
5) Oração final
Confia ao Senhor a tua sorte, espera nele, e ele agirá. Como a luz, fará brilhar a tua justiça; e como o sol do meio-dia, o teu direito (Sl 36, 2)
Quinta-feira, 5 de setembro-2024. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
- Detalhes
1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 5,1-11)
Naquele tempo, 1Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. 2Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago, - pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes -, 3subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar. 5Simão respondeu-lhe: Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas por causa de tua palavra, lançarei a rede. 6Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. 9É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então Jesus disse a Simão: Não temas; doravante serás pescador de homens. 11E atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram.
3) Reflexão Lucas 5,1-11
O evangelho de hoje conta como Pedro foi chamado por Jesus. O evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,14). Jesus já havia curado muita gente (Lc 4,40) e pregado nas sinagogas de todo o país (Lc 4,44). O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus (Lc 5,1). Lucas torna o chamado mais compreensível. Primeiro, Pedro pôde escutar as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente, que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou “pescador de gente”.
Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca.
O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor de Jesus, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lá, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tem gente que queira escutá-lo, até mesmo na praia.
Lucas 5,4-5: "Pela tua palavra lançarei as redes!"
Terminada a instrução ao povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!". Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!
Lucas 5,6-7: O resultado é surpreendente.
A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.
Lucas 5,8-11: "Seja pescador de gente!"
A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador!" Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e, ao mesmo tempo, atrai. Jesus afasta o medo: "Não tenha medo!" Ele chama Pedro e o compromete na missão, mandando que seja pescador de gente. Pedro experimenta, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ela é capaz de fazer acontecer o que ela afirma. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, "deixaram tudo e seguiram a Jesus!". Até agora, era só Jesus, que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo.
O episódio da pesca no lago mostra a atração e a força da Palavra de Jesus. Ela atrai o povo (Lc 5,1). Leva Pedro a oferecer o seu barco para Jesus poder falar (Lc 5,3). A Palavra de Jesus é tão forte que vence a resistência de Pedro, leva-o a lançar de novo a rede e faz acontecer a pesca milagrosa (Lc 5,4-6). Vence nele a vontade de se afastar de Jesus e o atrai para ser "pescador de gente!" (Lc 5,10) É assim que a Palavra de Deus atua em nós até hoje!
4) Para um confronto pessoal
1) Onde e como acontece hoje a pesca milagrosa, realizada em atenção à Palavra de Jesus?
2) Eles largaram tudo e seguiram Jesus. O que devo largar para poder seguir Jesus?
5) Oração final
Quem será digno de subir ao monte do Senhor? Ou de permanecer no seu lugar santo? O que tem as mãos limpas e o coração puro, cujo espírito não busca as vaidades nem perjura para enganar seu próximo (Sl 23, 3)
Quarta-feira, 4 de setembro-2024. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,38-44)
Naquele tempo, 38Saindo Jesus da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta; e pediram-lhe por ela. 39Inclinando-se sobre ela, ordenou ele à febre, e a febre deixou-a. Ela levantou-se imediatamente e pôs-se a servi-los. 40Depois do pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diversas moléstias lhos traziam. Impondo-lhes a mão, os sarava. 41De muitos saíam os demônios, aos gritos, dizendo: Tu és o Filho de Deus. Mas ele repreendia-os severamente, não lhes permitindo falar, porque sabiam que ele era o Cristo. 42Ao amanhecer, ele saiu e retirou-se para um lugar afastado. As multidões o procuravam e foram até onde ele estava e queriam detê-lo, para que não as deixasse. 43Mas ele disse-lhes: É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus também às outras cidades, pois essa é a minha missão. 44E andava pregando nas sinagogas da Galiléia.
3) Reflexão Lucas 4,38-44 (Mc 1,29-39)
O evangelho de hoje traz quatro assuntos diferentes: a cura da sogra de Pedro (Lc 4,38-39), a cura de muitos doentes à noite, depois do sábado (Lc 4, 40-41), a oração de Jesus num lugar deserto (Lc 4,42) e a sua insistência na missão (Lc 4,43-44). Com pequenas diferenças Lucas segue e adapta as informações que tirou do evangelho de Marcos.
Lucas 4,38-39: Jesus restaura a vida para o serviço
Depois de participar da celebração do sábado, na sinagoga, Jesus entra na casa de Pedro e cura a sogra dele. A cura faz com que ela se coloque imediatamente de pé. Com a saúde e a dignidade recuperadas, ela se põe a serviço das pessoas. Jesus não só cura, mas cura para que a pessoa possa colocar-se a serviço da vida.
Lucas 4,40-41: Jesus acolhe e cura os marginalizados
Ao cair da tarde, na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, terminado o sábado, Jesus acolhe e cura os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Doentes e possessos eram as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer. Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe e as cura impondo a mão em cada um. Assim, aparece em que consiste a Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os marginalizados e os excluídos e reintegrá-los na convivência.
“De muitas pessoas saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava e não os deixava falar, porque os demônios sabiam que ele era o Messias”. Naquele tempo, o título Filho de Deus ainda não tinha a densidade e a profundidade que o título tem hoje para nós. Significava que o povo reconhecia em Jesus uma presença todo especial de Deus. Jesus não deixava os demônios falar. Ele não queria propaganda fácil por meio do impacto de expulsões espetaculares.
Lucas 4,42a: Permanecer unido ao Pai pela oração
“Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam, e, indo até ele, não queriam deixá-lo que fosse embora”. Aqui Jesus aparece rezando. Ele faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus no silêncio (Lc 3,21-22; 4,1-2.3-12; 5,15-16; 6,12; 9,18; 10,21; 5,16; 9,18; 11,1; 9,28;23,34; Mt 14,22-23; 26,38; Jo 11,41-42; 17,1-26; Mt Mc 1,35; Lc 3,21-22). É através da oração que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
Lucas 4,42b-44: Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado
Jesus tornou-se conhecido. O povo ia atrás dele e não queria que ele fosse embora. Jesus não atendeu ao pedido e disse: "Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado." Jesus tem muito clara a sua missão. Não se fecha no resultado já obtido, mas quer manter bem viva a consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que o orienta na tomada das decisões. Foi para isto que fui enviado! E aqui no texto esta consciência tão viva aparece como fruto da oração.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus tirava tempo para poder rezar e estar a sós com o Pai? Eu tiro tempo para rezar e estar a sós com Deus?
2) Jesus mantinha viva a consciência da sua missão. E eu, será que, como cristã ou cristão, tenho consciência de alguma missão ou vivo sem missão?
5) Oração final
Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos (Sl 32)
Terça-feira, 3 de setmbro-2024. 22ª Semana do Tempo Comum. Evangelho do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
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1) Oração
Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Lucas 4,31-37)
Naquele tempo, 31Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados. 32Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade. 33Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus! 35Mas Jesus replicou severamente: Cala-te e sai deste homem. O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum. 36Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem? 37E corria a sua fama por todos os lugares da redondeza.
3) Reflexão Lucas 4,31-37
No evangelho de hoje, vamos ver de perto dois assuntos: a admiração do povo pela maneira de Jesus ensinar e a cura de um homem possuído por um demônio impuro. Nem todos os evangelistas contam os fatos do mesmo jeito. Para Lucas, o primeiro milagre é a calma com que Jesus se livrou da ameaça de morte da parte do povo de Nazaré (Lc 4,29-30) e a cura do homem possesso (Lc 4,33-35). Para Mateus, o primeiro milagre é a cura de uma porção de doentes e endemoninhados (Mt 4,23) ou, mais especificamente, a cura de um leproso (Mt 8,1-4). Para Marcos, foi a expulsão de um demônio (Mc 1,23-26). Para João, o primeiro milagre foi em Caná, onde Jesus transformou água em vinho (Jo 2,1-11). Assim, na maneira de contar as coisas, cada evangelista mostra qual foi, segundo ele, a maior preocupação de Jesus.
Lucas 4,31: A mudança de Jesus para Cafarnaum
“Jesus foi a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e aí ensinava aos sábados”. Mateus diz que Jesus foi morar em Cafarnaum (Mt 4,13). Mudou de residência. Cafarnaum era uma pequena cidade junto ao entroncamento de duas estradas importantes: uma que vinha da Ásia Menor e ia para Petra no sul da Transjordânia, e a outra que vinha da região dos rios Euphrates e Tigris e descia para o Egito. A mudança para Cafarnaum facilitava o contato com o povo e a divulgação da Boa Nova.
Lucas 4,32: Admiração do povo pelo ensino de Jesus
A primeira coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. “Jesus falava com autoridade”. Marcos acrescenta que, por este seu jeito diferente de ensinar, Jesus criava consciência crítica no povo com relação às autoridades religiosas da época. O povo percebia e comparava: Ele ensina com autoridade, diferente dos escribas” (Mc 1,22.27). Os escribas da época ensinavam citando autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua experiência de Deus e da vida.
Lucas 4,33-35: Jesus combate o poder do mal
O primeiro milagre é a expulsão de um demônio. O poder do mal tomava conta das pessoas e as alienava. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a liberdade. E ele o faz pelo poder da sua palavra: "Cale-se, e saia dele!" Ele dizia em outra ocasião: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês” (Lc 11,20). Hoje também, muita gente vive alienada de si mesma pelo poder dos meios de comunicação, da propaganda do governo e do comércio. Vive escrava do consumismo, oprimida pelas prestações e ameaçada pelos cobradores. Acha que não vive direito enquanto não comprar aquilo que a propaganda anuncia. Não é fácil expulsar este poder que hoje aliena tanta gente, e devolver as pessoas a si mesmas!
Lucas 1,36-37: A reação do povo: ele manda nos espíritos impuros primeiro impacto
Além do jeito diferente de Jesus ensinar as coisas de Deus, o outro aspecto que causava admiração no povo era o seu poder sobre os espíritos impuros: "Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros com autoridade e poder, e eles saem". Jesus abre um novo caminho para o povo poder conseguir a pureza através do contato com ele. Naquele tempo, uma pessoa impura não podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida a Abraão. Teria que purificar-se, primeiro. Havia muitas leis e normas que dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura. Mas agora, purificadas pela fé em Jesus, as pessoas podiam comparecer novamente na presença de Deus e rezar a Ele, sem necessidade de recorrer àquelas complicadas e, muitas vezes, dispendiosas normas de pureza.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus provocava a admiração do povo. A atuação da nossa comunidade aqui no bairro provoca alguma admiração no povo? Qual?
2) Jesus expulsava o poder do mal e devolvia as pessoas a si mesmas. Hoje, muita gente vive alienada de si mesma e de tudo. Como devolve-las a si mesmas?
5) Oração final
O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade. O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras (Sl 144, 1)
Teto de santuário desaba no Recife e mata duas pessoas
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Teto de santuário desaba no Recife e mata duas pessoas
Incidente no Santuário do Morro da Conceição ocorreu, segundo testemunhas, durante distribuição de cestas básicas; mais de 20 ficaram feridos
O teto do santuário de Nossa Senhora da Conceição, na zona norte do Recife, desabou na tarde desta sexta-feira (30) Reprodução/Globo NewsMais
Recife e Rio de Janeiro
O teto do santuário de Nossa Senhora da Conceição, na zona norte do Recife, desabou na tarde desta sexta-feira (30). Ao menos duas pessoas morreram.
O desabamento aconteceu por volta das 13h50. De acordo com as autoridades, 22 pessoas foram socorridas. Oito adultos e uma criança foram levadas ao Hospital da Restauração, na área central do Recife, e outras foram socorridas para Unidades de Pronto Atendimento. As vítimas tiveram escoriações leves.
"Infelizmente, dois óbitos já foram confirmados após a queda do telhado no Santuário do Morro da Conceição. Nossas equipes seguem atuando nas ações emergenciais por conta dessa tragédia. Estou me dirigindo ao local neste momento", escreveu o prefeito João Campos nas redes sociais.
O município decretou três dias de luto oficial pelas vítimas.
Os dois mortos eram homens, segundo a vice-governadora Priscila Krause. A idade deles ainda não foi informada pelos órgãos que atuam na ocorrência. O Instituto de Medicina Legal está no local.
Atuam na ocorrência 15 policiais militares e 32 integrantes do Corpo de Bombeiros. Equipes do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e da Defesa Civil também estão no local.
Krause, que também está na área, disse que ainda não é possível confirmar quantas pessoas estavam na igreja no local, já que diversas pessoas foram resgatadas por voluntários ou conseguiram escapar logo após o desabamento do teto.
Testemunhas relataram que havia uma distribuição de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade no interior da igreja no momento em que o teto cedeu. Uma câmera de segurança registrou quando a estrutura desabou.
O presidente Lula (PT) usou as redes sociais para lamentar o ocorrido e prestar solidariedade às vítimas. "Uma tragédia. Minha solidariedade com as vítimas, seus familiares, amigos e com a cidade de Recife neste momento", afirmou Lula.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) também se manifestou em seu perfil na internet. "Acabo de saber sobre o desabamento de parte do teto do Santuário do Morro da Conceição, no Recife, espaço de fé tão importante para nossa gente. Estou no Sertão, para agenda administrativa, mas já acionamos nossas equipes de segurança para resgate e atendimento imediato às vítimas. Que Deus e Nossa Senhora da Conceição console a todos", escreveu Lyra.
Em nota, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, lamentou o episódio. "O acidente, que resultou em vítimas e causou grande dor à nossa comunidade, enche nossos corações de luto e solidariedade. Em oração, nos unimos às famílias enlutadas e a todos os que foram afetados por esta tragédia", disse. Segundo o arcebispo, a Arquidiocese de Olinda e Recife oferece suporte necessário às vítimas e aos familiares.
Nossa Senhora da Conceição é tida como a padroeira afetiva do Recife. O acidente ocorre a cem dias da festa de celebração da santa, realizada em 8 de dezembro, que reúne milhares de pessoas no Morro da Conceição, um dos principais pontos da cidade.
A igreja se preparava para a festividade, e de acordo com uma postagem do perfil do santuário nas redes sociais, o teto havia recebido a instalação de placas solares recentemente. A obra teria sido finalizada há menos de uma semana. Não há informações se a intervenção tem ligação com o desabamento do teto.
O padre Emerson Borges, reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, também divulgou uma nota sobre o acidente. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
29 de agosto- Martírio de São João Baptista- Festas Litúrgicas.
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A memória do martírio de São João Baptista associa-se à solenidade da sua Natividade, que se celebra em 24 de junho. João era primo de Jesus, concebido, de modo tardio, por Zacarias e Isabel, ambos descendentes de famílias sacerdotais: seu nascimento é colocado cerca de seis meses antes daquele de Cristo, segundo o episódio evangélico da Visita de Maria a Isabel. Por outro lado, a data da sua morte, ocorrida entre os anos 31 e 32, remonta à dedicação de uma pequena basílica, do século V, no lugar do seu sepulcro, em Sebaste da Samaria: de fato, parece que, naquele dia, tenha sido encontrada a sua cabeça, que o Papa Inocêncio II transladou para Roma, na igreja de São Silvestre “in Capite”. A celebração do martírio de São João Batista tem origens antigas: seu culto já existia na França, no século V, e em Roma, no século seguinte.
«Imediatamente o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, foi à prisão e cortou a cabeça de João. Depois levou a cabeça num prato, deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. Ao saber disso, os discípulos de João foram, levaram o cadáver e o sepultaram» (Mc 6,27-29).
Motivo do martírio de João Batista
A causa principal do martírio foi uma mulher: Herodíades, atual esposa de Herodes Antipas, ex-esposa do seu irmão de criação. João foi preso por ter denunciado este casamento ilegal. Durante a festa de aniversário de Herodes, a filha de Herodíades, Salomé, dançou em homenagem ao rei, que era fascinado por ela: se ela dançasse, ele lhe permitiria pedir o que quisesse, até mesmo a metade do seu reino. Depois de consultar a mãe, ela pediu a cabeça de João Batista. Herodes não queria aceitar, mas não pôde recusar, porque lhe havia prometido.
Comentário do Papa Francisco
Quatro personagens: o Rei Herodes "corrupto e indeciso", Herodíades, esposa do irmão de criação do rei, que "só sabia odiar", Salomé, "a dançarina vaidosa" e o "profeta decapitado na solidão da sua cela".
O rei
O rei Herodes, que "acreditava que João era um profeta", "gostava de ouvi-lo" e até o "protegia", apesar de mantê-lo na prisão. Estava indeciso porque João "o repreendeu pelo seu pecado" de adultério. Por meio do profeta, Herodes “ouvia a voz de Deus, que lhe dizia para “mudar de vida”, mas não conseguia. O rei era corrupto e, onde há corrupção, é muito difícil mudar". Era um homem corrupto porque "procurava manter equilíbrio diplomático" entre a sua vida de adúltero, também repleta "de tantas injustiças, que praticava", e a consciência da "santidade do profeta, que estava diante de si". Ele não conseguia desatar este nó!
Herodíades
Herodíades era a esposa do irmão de criação do rei, que Herodes matou para se casar com ela. O Evangelho diz, apenas, que ela "odiava" João, porque ele falava claro. “Sabemos que o ódio é capaz de tudo - comenta Francisco – e tem uma grande força. O ódio é o respiro de Satanás. Sabemos que ele não sabe amar, não pode amar. Seu ‘amor’ é o ‘ódio’. Aquela mulher era possuída pelo espírito satânico do ódio", que tudo destrói. O rei disse a Salomé: "darei tudo o que você quiser", como Satanás.
Salomé
O terceiro personagem, para o Papa Francisco, é a filha de Herodíades: Salomé, a bailarina vaidosa, que dançava muito bem, “agradava aos convidados, e, sobretudo, ao rei”. Herodes, tão entusiasmado, prometeu à jovem que "lhe daria tudo o que quisesse”, usando as mesmas palavras que Satanás utilizou para tentar Jesus: “Tudo isso lhe darei, todo o meu reino, se me adorar". Mas, Herodes não sabia disso!
João Batista, o Santo
Atrás destes personagens, agia Satanás: semeador de ódio na mulher, semeador de vaidade na moça, semeador de corrupção no rei.
E o "maior homem nascido de mulher" acabou sozinho, em uma cela escura da prisão, por capricho de uma bailarina vaidosa, do ódio de uma mulher diabólica e da corrupção de um rei indeciso.
Batista morreu como mártir, não um mártir da fé - porque não lhe pediram para renegá-la - mas um mártir da verdade. Ele era um homem "justo e santo" (At 3,14), condenado à morte por sua liberdade de expressão e fidelidade ao seu mandato.
João foi um mártir, que sempre deixou espaço na sua vida, cada vez mais, para dar lugar ao Messias. “O maior homem, nascido de mulher, acabou assim”! Porém, João já sabia que acabaria assim e se aniquilou: “Ele deve crescer e eu diminuir”. E o Papa acrescentou: "Diminuiu-se, a ponto de morrer"! João mostrou Jesus aos primeiros discípulos, indicando-O como a Luz do mundo! No entanto, ele morreu, lentamente, na obscuridade daquela cela, na prisão.
“A vida só terá valor na entrega de si: doá-la com amor e na verdade; doá-la aos outros, todos os dias, na família; doá-la sempre! Se alguém tomar posse da vida e guardá-la só para si, - como o rei, em sua corrupção; a mulher, possuída pelo ódio; a moça vaidosa, adolescente inconsciente - a vida morre, acaba murchando e não serve para nada” (Homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta, no Vaticano, 8 de fevereiro de 2019). Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 28 de agosto-2024: Nota de Falecimento.
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Clero da Diocese de Caicó está de luto: Morre o Padre Nixon Bezerra
O Clero da Diocese de Caicó está de luto. Faleceu na madrugada desta quarta-feira (28), no Rio de Janeiro, o Padre Nixon Bezerra de Brito. Padre Nixon tinha 51 anos de idade e atualmente estava à frente da paróquia Bom Jesus do Monte, em Paquetá, no Rio de Janeiro.
O sacerdote estava internado há vários dias, em estado grave, no Hospital Pró-cardíaco. Padre Nixon estava acometido de Glioblastoma, tipo de tumor que atinge o Sistema Nervoso Central e se desenvolve na medula espinhal ou no cérebro com crescimento invasivo. Dor de cabeça, perda de apetite e equilíbrio, convulsões e dificuldade de aprender são sintomas.
Saiba mais sobre o Padre Nixon Bezerra
Filho de José Aroldo de Brito e de Lucinete Bezerra de Brito, padre Nixon nasceu no dia 24 de junho de 1973, na cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte. Recebeu na Diocese de Caicó a ordenação diaconal no dia 17 de dezembro de 1997 e a ordenação sacerdotal no dia 19 de dezembro de 1998 pelo então bispo diocesano, Dom Jaime Vieira Rocha. Foi incardinado na Arquidiocese do Rio de Janeiro no dia 25 de novembro de 2016. Padre Nixon residiu por vários anos na cidade de São Fernando-RN.
Em 2023, por ocasião da celebração do seu jubileu de 25 anos de sacerdócio, Padre Nixon concedeu entrevista ao jornal “Testemunho de Fé”, onde abordou sobre sua vocação, a convivência com monsenhor Vital Francisco Brandão Cavalcanti, a experiência de ser pároco e o sentimento de celebrar o jubileu sacerdotal.
Testemunho de Fé (TF) – Como surgiu sua vocação?
Padre Nixon Bezerra de Brito – Desde criança senti o chamado ao sacerdócio, mas por ser de família militar não tinha coragem para expressar isso. Até que o reitor do Seminário Menor de Caicó, padre José Tadeu, que também foi meu pároco, na Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, na cidade de São Fernando (RN), situada no coração do Seridó potiguar. Ele, que foi o grande incentivador da minha vocação, me convidou a um fim de semana de discernimento no seminário, e a partir daí não havia mais dúvidas.
TF – Recebeu apoio de sua família quando decidiu entrar no seminário?
Padre Nixon – A grande dificuldade foi comunicar ao meu pai que não aceitava entregar o filho à Igreja, mas Deus tem os seus desígnios e a minha madrinha, Maria Edite, que cuidou do meu pai desde bebê, profundamente católica, assumiu essa missão. Ela era zeladora do Apostolado da Oração, ministra da Sagrada Comunhão e consagrada a Deus, nunca se casou. Por meio dela, meu pai permitiu meu ingresso no seminário aos 16 anos. Aos poucos, o coração do meu pai foi amolecendo, que sendo casado há 25 anos apenas no civil com a minha mãe, me pediu, logo após a ordenação, para receber o Sacramento do Matrimônio, no qual também se confessou e passou a professar a fé católica, vindo a falecer em 2004 nos meus braços e também da minha mãe, reconciliado com Deus e com a Igreja.
TF – Sua vocação teve como inspiração algum sacerdote?
Padre Nixon – Sim, o primeiro padre que me serviu de exemplo foi Deoclides de Brito, que era sobrinho-neto da minha avó, um grande sacerdote. Um historiador, primo do meu pai, escreveu um livro que me identificou como o décimo padre da família, e eu nem sabia disso.
O outro sacerdote foi monsenhor Vital Francisco Brandão Cavalcanti, já no Rio de Janeiro, que para mim foi um verdadeiro exemplo, um verdadeiro pai e que me incentivou muito com o seu jeito simples e autêntico de ser e disponível sempre à Igreja e ao povo de Deus.
Com ele, desde seminarista, pude entender de fato a missão de sacerdote, que serve onde for preciso: na Igreja, na rádio, nos movimentos e em toda situação que a Igreja precisar.
Monsenhor Vital foi o grande testemunho de sacerdote íntegro e sempre antenado ao tempo presente. Ele me ensinou desde cedo como ser um sacerdote íntegro e, ao mesmo tempo, servidor da Igreja e do povo de Deus.
TF – Por que veio estudar no Rio de Janeiro?
Padre Nixon – O bispo de Caicó, Dom Heitor de Araujo Sales, quando reabriu o seminário menor, pediu ajuda para seu irmão, Dom Eugenio de Araujo Sales, então arcebispo do Rio de Janeiro. Na época, a Diocese de Caicó não tinha condições de manter um seminário maior. Dom Eugenio abriu as portas do Seminário Arquidiocesano de São José, no Rio de Janeiro, para os vocacionados, independente se Caicó tem condições de ajudar ou não. Foi feito um projeto de dioceses irmãs, e quando os seminaristas concluíam o propedêutico em Caicó, vinham para o Rio cursar filosofia e teologia.
TF – Chegou a estudar Direito Canônico no Rio de Janeiro?
Padre Nixon – Sim. Aproveitei o último ano de teologia, e havia poucas matérias. Na época, o Instituto de Direito Canônico começou a funcionar em uma das salas do prédio do seminário, próximo à Casa do Padre. Fui recebido pelo diretor, padre Luís Madeiro Lopes, que abriu uma exceção, porque para fazer o Direito Canônico deveria terminar a teologia. Foi possível, pois já tinha feito dois anos de filosofia e mais dois anos para seu reconhecimento.
TF – Como foi sua experiência de pároco na Paróquia Nossa Senhora de Nazaré e os Santos Mártires Ugandenses, em Acari?
Padre Nixon – Acari foi um grande desafio, minha primeira paróquia. Até então, era vigário paroquial na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória. Embora não tivesse a responsabilidade de pároco, monsenhor Vital tinha confiança em mim, e partilhava muitas coisas comigo. Fui aprendendo com ele, e quando me convidaram para assumir Acari, fui, de fato, o primeiro pároco. A paróquia tinha mais de 20 anos, e nunca teve pároco residente, estava sob a responsabilidade das Irmãs Salesianas. As missas, nos finais de semana eram celebradas por um vigário dominical que elas convidavam ou designados pela arquidiocese. Dom Assis Lopes, na época, moderador da Cúria, sugeriu, se eu quisesse, de continuar morando na Glória e ir para Acari nos finais da semana. As religiosas ainda estavam lá e não havia casa paroquial. Conversei com monsenhor Vital sobre o assunto e ele disse que não haveria problema, mas se quisesse ser pároco, de fato, seria necessário morar na paróquia. Voltei a conversar com Dom Assis e manifestei meu desejo de morar na paróquia.
Porém, não havia dinheiro para alugar uma casa. Monsenhor Abílio Ferreira da Nova, pároco da Paróquia Nossa Senhora de Copacabana e Santa Cecília, em Copacabana, escutou a conversa e se ofereceu para ajudar. Ele tinha ajudado a criar a paróquia de Acari, desmembrada de sua paróquia na época, a São Jerônimo, e tinha muito carinho pela comunidade. Sem pedir nada, ele disse para alugar a melhor casa próxima à paróquia e não se preocupar com o plano de saúde e o salário que a Paróquia de Copacabana iria pagar. Recomendou, quando tivesse condições, avisá-lo que certamente outros iriam precisar. Agradeci muito e assim fiz, e todos os meses cumpriu o que prometeu. Seis meses depois, fui procurá-lo, pois já tínhamos condições de assumir as despesas. Disse que eu tinha sido o primeiro que veio antes de um ano. “É um povo muito bom, são pessoas maravilhosas”, disse, e me deu nomes de algumas pessoas que tinha certeza que iriam ajudar, e aconteceu.
Em resumo, a paróquia de Acari me ensinou a ser pároco, ser padre de verdade, uma comunidade que eu dirigia e, ao mesmo tempo, era dirigido pelo povo, sedento de ter um padre residente. Uma comunidade que desejava o sacerdote presente todos os dias, vivendo a vida do povo. É uma dádiva e eles sabiam disso, tinham consciência. O povo tinha sido bem formado pelas religiosas na catequese e nos aspectos espiritual e teológico. Elas fizeram um bom trabalho e colhi muito do que elas plantaram.
Fui muito bem acolhido e querido em Acari, embora tenha cometido equívocos não pela vontade, mas por ansiedade em acertar. O povo, com todo o carinho e delicadeza, vinha falar comigo: “olha, padre, acho que não é assim”. Muitas vezes buscava auxílio com monsenhor Gilson José Macedo da Silveira, vigário episcopal, que na sua sabedoria e experiência, me dizia: “escute o povo, escute. Não vê o ditado de que a voz do povo é a voz de Deus. Escute o povo, que está dizendo com o coração, são seus amigos, não estão contra você. Se fossem contra seria por trás, mas se diz na frente, é porque quer ajudar”. Sempre dizia para não perder o sono por causa de alguma situação, mas que estava à disposição, a qualquer hora, quando precisasse.
Uma vez liguei para monsenhor Gilson pedindo orientações sobre um conflito entre lideranças de dois grupos em uma das capelas. O que fazer? Ele respondeu: “Não faça nada, espere a poeira baixar. Não fique do lado de ninguém, mas de todos”. Ele me ajudou muito. Sempre vinha me visitar, e se colocava à disposição para a partilha e a orientação. Ele também foi um pai que me acompanhou e me ensinou muito.
TF – Como tem sido sua experiência na Ilha de Paquetá?
Padre Nixon – Após 11 anos em Acari, o moderador da Cúria, Dom Luiz Henrique da Silva Brito, me ligou e ofereceu a Paróquia Senhor Bom Jesus do Monte, em Paquetá. Disse que o pároco iria sair e que tinham pensado em mim, já que Acari é uma região de conflitos e Paquetá oferecia um pouco de descanso.
Quando seminarista na teologia, o pároco de Paquetá era o padre José Roberto da Silva, que também era nosso professor de teologia. Ele tinha costume, no final de cada período, de levar os seminaristas para um passeio. Eu tive a oportunidade de conhecer Paquetá em 1996 e fiquei encantado. Não só pela viagem, mas por ter a sensação de ter sido transportado no tempo, no passado.
Na ocasião, brinquei com o padre José Roberto e com os colegas dizendo que um dia seria pároco em Paquetá. Não era nada sério. No domingo seguinte, partilhei a viagem com monsenhor Vital e fiz o mesmo comentário. Uma outra vez, fui com monsenhor Vital para Paquetá na posse do padre Jonas, e cheguei a comentar com ele que um dia iria morar em Paquetá, por ser um lugar maravilhoso.
Quando recebi o convite de Dom Luiz Henrique, não lembrava mais o que tinha dito no passado. Conversando com monsenhor Vital, ele perguntou se eu tinha pedido a paróquia para Dom Orani. Respondi que não, mas ele gravou o que eu havia dito ainda como seminarista, que um dia seria pároco em Paquetá. Pude entender que Deus ouve as coisas que falamos sem perceber. Assim aconteceu, mas a mudança foi brusca. A tranquilidade de Paquetá me fez sentir viver no paraíso, porque eu gosto da simplicidade e da natureza. Tive a impressão de voltar para casa por ser um lugar ideal para morar e trabalhar.
A ilha de Paquetá, que fica a 40 minutos de distância do centro do Rio de Janeiro, é um lugar diferente, paradisíaco, sem a agitação e a violência da grande metrópole. Foi a realização dos meus sonhos mais primitivos, que não lembrava, mas que Deus foi me conduzindo até aquele lugar especial.
TF – Quem foi monsenhor Vital?
Padre Nixon – Durante meus estudos no Rio de Janeiro, fui vigário paroquial da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória, onde havia feito estágio pastoral como seminarista e diácono, sendo pároco, monsenhor Vital Brandão Cavalcanti. Fiquei nesta paróquia com ele até 2004, quando assumi a paróquia de Acari.
Monsenhor Vital é aquela pessoa que Deus coloca em nossa vida e que marca profundamente. No meu jubileu de 25 anos se fez presente de uma maneira bem especial. Quando veio presidir a Santa Missa, Dom Orani me entregou uma cruz de lapela que ele usava.
Dom Orani, com sua paternidade, é um outro diferencial em nossa vida, na arquidiocese. Ao chegar em Paquetá, fui recebê-lo na barca. Ele disse: “uma pessoa que não pôde vir, mas fez questão de estar presente, mandou para você um presente’. Tirou do bolso uma caixinha e disse: “abra para ver se você conhece”. Abri e era a cruz de lapela. Em cima tinha um papelzinho colado escrito de monsenhor Vital para padre Nixon. Era a Cruz do monsenhor Vital. Claro que eu reconheci, ele sempre usava na lapela essa cruz. Foi um choque, porque não esperava. Naquele momento senti que monsenhor Vital sempre está presente em todos os momentos e que a paternidade dele continua através de Dom Orani, que é o nosso pastor e pai aqui da nossa arquidiocese.
Eu nunca vi Dom Orani receber mal qualquer padre, criticar, falar alto ou chamar a atenção. Há situações em que é necessário tomar posições, próprio de sua função, mas vejo que é ele que sente a dor. Não é dele deixar de acolher algum de seus filhos, causar mal em alguém. Essa paternidade se estende em Dom Orani, essa coisa especial que faz a diferença na nossa vida. Vejo a continuidade da paternidade de monsenhor Vital através de Dom Orani. Ele, num domingo, debaixo de forte calor, veio de barca para Paquetá par celebrar meu jubileu. É um gesto de muito carinho. Agradeço profundamente e vejo nisso sinais claros de Deus.
TF – Fale um pouco de sua vocação de comunicador à frente do programa “Expresso da Saudade”, que vai ao ar aos domingos à noite pela Rádio Catedral?
Padre Nixon – A convite do monsenhor Vital e do cônego Abílio, comecei a participar do programa no ano 2000. O “Expresso da Saudade” é a continuação, de certa forma, da missão de monsenhor Vital. Ele tinha um profundo amor pelo programa que iniciou com o cônego Abílio Soares de Vasconcelos. Quando não pôde mais gravar por questões na fala e na locomoção, recomendou: “não deixe acabar, continue”. Ele escutava o programa e dizia: “foi muito bom, continue”, e dava sugestões: “fala uma coisa séria e faz uma brincadeira, conta uma piada para provocar risos, mas na certeza que as pessoas ficaram atentas”.
Para um final de uma noite de domingo, o programa procura ser leve, ajudar as pessoas a descontraírem-se e dormir com mais tranquilidade. Desde o início nunca teve pauta, sempre é uma conversa espontânea e os assuntos vão surgindo. Procuramos abordar assuntos da Igreja, partilhar atividades da arquidiocese e recordar os santos de devoção popular. Junto com temas religiosos, também de cultura, apresentando poemas, músicas, clássicos imortais, que marcam a história e a vida das pessoas. É um bate-papo de família. Despertar na pessoa bons sentimentos, fazer a pessoa se sentir família ouvindo a Rádio Catedral.
TF – Qual é o sentimento de celebrar 25 anos de sacerdócio?
Padre Nixon – Chegar aos 25 anos de sacerdócio é curioso. Na época de seminarista, quando um padre celebrava o jubileu de prata imaginava um padre experiente, maduro, mais velho. Parecia inalcançável. Agora quando cheguei aos 25 de sacerdócio, vejo que foi tão rápido, intenso e não senti que o tempo passou.
Quando olho no espelho, às vezes me assusto, os cabelos e a pele não são os mesmos, mas a cabeça, o sentimento, o desejo de fazer o melhor continuam. Foi um pedido que eu fiz na minha primeira missa. Estava emocionado, sensibilizado e tocado, e pedi a Jesus naquele momento da primeira missa, para que em cada missa a ser celebrada eu tivesse o mesmo sentimento e amor e que não me deixasse cair na rotina de fazer de qualquer jeito. Cada missa para mim é única e essa graça recebida há 25 anos. Em Acari, entre sábado à noite e domingo, chegava a celebrar seis missas, para não deixar nenhuma capela sem missa dominical. Mesmo cansado, na hora da Eucaristia sentia uma sensação de amor, de ser abraçado por Jesus, vivo na Sua Palavra e na Eucaristia. Nesse pedido fui privilegiado. Até hoje todas as minhas missas têm sido celebradas com o sentimento e a sensação da primeira missa. Cheguei aos 25 anos com sensação de dever cumprido, de não ter desperdiçado o tempo. Me ordenei com 25 anos, muito jovem, e achava que sabia tudo, mas tive falhas, equívocos, por causa da ansiedade em querer fazer tudo. Mas sabemos que essa fase passa, tudo na vida passa, o que fica é a graça de Deus, a vocação, o ministério, o chamado. É contínuo. Fonte: https://sidneysilva.com.br
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