PAPA FRANCISCO... Um testemunho vindo do Brasil
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...“Antes de vir para cá, tive uma reunião com legisladores brasileiros que trabalham para os pobres, que tentam promover os pobres com assistência e justiça social. E eles não se esquecem dos pobres: eles trabalham para os pobres”, contou Francisco, ao concluir a catequese ao dizer da importância do testemunho que escutou do trabalho que este grupo faz pelos mais necessitados, e fez um convite: “não se esqueçam dos pobres, porque serão eles que abrirão a porta do céu".
Os brasileiros que encontraram com o Papa Francisco vieram ao Vaticano para entregarem ao Papa o prêmio Zilda Arns. A audiência privada durou cerca de trinta minutos e aconteceu na antesala da Sala Paulo VI. O grupo é composto por sete Deputados Federais que fazem parte da Comissão em Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (Cidoso): Aliel Machado Bark, José Dias de Castro Neto, Reimont Luiz Otoni Santa Barbara, Flávia Carreiro Albuquerque Morais, Simone Aparecida Curraladas dos Santos, Leandre dal Ponte e José Haroldo Figueiredo Campo.
O prêmio Zilda Arns é uma forma de reconhecimento às pessoas e instituições que contribuíram ou têm contribuído ativamente na defesa dos direitos das pessoas idosas. O prêmio consiste em um diploma de menção honrosa, concedido anualmente a até cinco homenageados. Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão
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No Angelus deste domingo, Francisco falou sobre o perdão. Segundo ele, "fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor".
Mariângela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (17/09), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
O Evangelho deste domingo "nos fala do perdão", disse o Papa, citando a pergunta de Pedro a Jesus: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?»
Perdoar sempre
Sete, na Bíblia, é um número que indica completude e, por isso, Pedro é muito generoso nas suposições de sua pergunta. Mas Jesus vai além e lhe responde: «Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete». Ele lhe diz, ou seja, que quando se perdoa, não se calcula, que é bom perdoar tudo e sempre!
“Assim como Deus faz conosco, e como é chamado a fazer quem administra o perdão de Deus: perdoar sempre. Digo isso aos sacerdotes, aos confessores: perdoem sempre como Deus perdoa.”
"Jesus ilustra esta realidade através de uma parábola, que sempre tem a ver com números. Um rei, depois de ter sido suplicado, perdoa uma dívida de dez mil talentos a um servo: é um valor exagerado, imenso, que varia de duzentas a quinhentas toneladas de prata! Era uma dívida impossível de saldar, mesmo trabalhando uma vida inteira: mas aquele patrão, que recorda o nosso Pai, a perdoa por pura «compaixão»", disse Francisco, acrescentando:
“Este é o coração de Deus, perdoa sempre porque Deus é compassivo. Não nos esqueçamos de como é a maneira de Deus: Deus é próximo, compassivo e terno, este é o modo de ser de Deus.”
"Depois, porém", prosseguiu o Papa, "este servo, a quem a dívida foi perdoada, não mostra nenhuma misericórdia para com um companheiro que lhe deve 100 denários. Essa também é uma grande quantia, equivalente a cerca de três meses de salário - como se dissesse que o perdão entre nós custa, mas nada comparável à quantia precedente, que o patrão tinha perdoado".
“A mensagem de Jesus é clara: Deus perdoa de forma incalculável, excedendo toda medida. Ele é assim, age por amor e gratuidade. A Deus não se compra, Deus é gratuito, é gratuidade. Não podemos retribuir-lhe, mas quando perdoamos o irmão ou a irmã, o imitamos. Perdoar não é uma boa ação que se pode fazer ou não: perdoar é uma condição fundamental para quem é cristão.”
O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor
Segundo Francisco, "cada um de nós, de fato, é um "perdoado" ou "perdoada": não nos esqueçamos disso, somos perdoados, Deus deu a vida por nós e de modo algum podemos compensar a sua misericórdia, que Ele nunca retira do coração. Entretanto, correspondendo à sua gratuidade, ou seja, perdoando-nos uns aos outros, podemos dar testemunho dele, semeando vida nova ao nosso redor".
“Fora do perdão não há esperança, fora do perdão não há paz. O perdão é o oxigênio que purifica o ar poluído pelo ódio. O perdão é o antídoto que cura os venenos do rancor, é o caminho para desativar a raiva e curar tantas doenças do coração que contaminam a sociedade.”
A seguir, o Pontífice convidou cada um a se perguntar: "Creio ter recebido de Deus o dom de um perdão imenso? Sinto a alegria de saber que Ele está sempre pronto para me perdoar quando eu caio, mesmo quando os outros não o fazem, mesmo quando nem eu mesmo consigo me perdoar? Ele perdoa: creio que Ele perdoa? E depois: sei, por minha vez, perdoar quem me fez mal?"
A esse propósito, Francisco propôs "um pequeno exercício: cada um de nós pense numa pessoa que nos feriu, e peçamos ao Senhor a força para perdoá-la. E vamos perdoá-la por amor ao Senhor. Queridos irmãos e irmãs, isso nos fará bem, nos restituirá a paz no coração".
"Que Maria, Mãe da Misericórdia, nos ajude a acolher a graça de Deus e a perdoar-nos uns aos outros", concluiu. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa no Angelus: como Maria, sirvo ao próximo sem queixas e louvando a Deus?
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Papa no Angelus: como Maria, sirvo ao próximo sem queixas e louvando a Deus?
Neste 15 de agosto, de Solenidade da Assunção da Virgem Maria que, no Brasil, será celebrada no domingo (20), Francisco refletiu sobre "o serviço e o louvor", inspirando-se em Nossa Senhora quando visitou a prima Isabel: "que nossa Mãe, Assunta ao Céu, nos ajude a subir cada dia mais alto por meio do serviço e do louvor", disse o Papa na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus.
Andressa Collet - Vatican News
“Hoje, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, contemplamos sua ascensão em corpo e alma à glória do Céu.”
Neste 15 de agosto, como bem indicou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, festa litúrgica que no Brasil será celebrada no próximo domingo, 20 de agosto. O fato dela ter sido elevada ao céu é motivo de júbilo, alegria e esperança para nós.
O caminho compartilhado por Jesus e Maria
E o Evangelho do dia (Lc 1:39), como comentou o Pontífice, nos motiva a refletir sobre a grandeza do "alegre cântico do Magnificat", proclamado quando Nossa Senhora se colocou como servidora para ajudar sua prima Isabel após "subir" por uma região montanhosa. Um caminho de "serviço ao próximo e louvor a Deus" de Maria, que o evangelista Lucas também narra sobre a vida de Cristo em direção a Jerusalém, "lugar da doação de si mesmo na cruz":
“Jesus e Maria, em suma, percorrem a mesma estrada: duas vidas que sobem em direção do alto, glorificando a Deus e servindo aos irmãos; Jesus como Redentor, o homem que dá a vida por nós, para a nossa justificação; Maria como a serva que sai para servir: duas vidas que vencem a morte e ressuscitam; duas vidas cujos segredos são o serviço e o louvor.”
O serviço ao próximo e o louvor a Deus
O Papa Francisco, então, procurou se deter nesses dois aspectos: do serviço e do louvor. O primeiro o Pontífice descreveu como sendo "o amor que eleva a vida", já que quando nos abaixamos para servir alguém é que acabamos nos elevando. Uma tarefa que "não é fácil" e não o foi nem mesmo para Nossa Senhora, bem lembrou o Papa, porque mesmo grávida chegou a viajar quase 150 Km de Nazaré até a casa de Isabel.
"Ajudar custa, a todos nós! Ajudar custa! Experimentamos sempre isso, na fadiga, na paciência e nas preocupações que o cuidado com os outros acarreta. Pensemos, por exemplo, nos quilômetros que muitas pessoas percorrem todos os dias para ir e voltar do trabalho e realizar tarefas em prol do próximo; pensemos nos sacrifícios de tempo e sono para cuidar de um recém-nascido ou de uma pessoa idosa; e no compromisso de servir àqueles que não têm como retribuir, na Igreja como no voluntariado. Eu admiro o voluntariado. É fadigoso, mas é subir em direção do alto, é ganhar o céu! Isso é serviço de verdade."
"Mas o serviço corre o risco de ser estéril sem o louvor a Deus", afirmou Francisco. Basta observar a atitude de Maria que, mesmo cansada da viagem, louvou ao Senhor com o "cântico de júbilo" proclamando o Magnificat (cf. Lc 1,46-55). Louvor também expresso do ventre de Isabel, recordou o Papa:
"O louvor aumenta a alegria. O louvor é como uma escada: eleva os corações. O louvor eleva o espírito e supera a tentação de se abater. Vocês já viram que as pessoas chatas, aquelas que vivem de fofoca, são incapazes de louvar? Perguntem a si mesmos: eu sou capaz de louvar? Como é bom louvar a Deus todos os dias, e também os outros! Como é bom viver de gratidão e de bênção em vez de lamentações e queixas, levantar o olhar em direção do alto ao invés de ficar de mau humor! As lamentações: tem gente que se lamenta todos os dias. Mas olha que Deus está perto de você, veja que Ele o criou, veja as coisas que Ele lhe deu. Louve, louve! E isso é saúde espiritual."
Assim o Papa nos orientou a discernir sobre o melhor caminho a ser tomado, a exemplo de Maria que se colocou como servidora e, amando a Deus, sabia como louvá-Lo, reconhecendo e proclamando a Sua grandeza. Conseguimos nos inspirar diariamente na Mãe de Jesus?
“Vamos nos perguntar: eu vivo meu trabalho e as ocupações diárias com espírito de serviço ou com egoísmo? Dedico-me a alguém gratuitamente, sem buscar benefícios imediatos? Em suma, faço do serviço o 'trampolim' da minha vida? E pensando no louvor: sei, como Maria, exultar em Deus (cf. Lc 1:47)? Rezo abençoando o Senhor? E, depois de louvá-lo, espalho a sua alegria entre as pessoas que encontro? Cada um procure responder a esses questionamentos. Que nossa Mãe, Assunta ao Céu, nos ajude a subir cada dia mais alto por meio do serviço e do louvor.” Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa aos sacerdotes de Roma: trabalhar com os leigos e tomar cuidado com o clericalismo
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"Obrigado pelo seu ministério, que muitas vezes se realiza no meio de tanto esforço, incompreensão e pouco reconhecimento", escreve o Papa Francisco aos sacerdotes da Diocese de Roma. "A mundanidade espiritual é perigosa porque é um modo de vida que reduz a espiritualidade à aparência. Como idoso, e de coração, digo a vocês que me preocupa quando recaímos nas formas do clericalismo", adverte Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco enviou uma carta aos sacerdotes da Diocese de Roma, nesta segunda-feira (07/08). Na missiva, o Pontífice renova o seu agradecimento aos sacerdotes pelo seu testemunho, pelo seu serviço, pelo bem oculto que fazem, pelo perdão e consolo que dão em nome de Deus. "Obrigado pelo seu ministério, que muitas vezes se realiza no meio de tanto esforço, incompreensão e pouco reconhecimento", escreve ainda o Pontífice.
Segundo o Papa, o "ministério sacerdotal não se mede pelos sucessos pastorais". No centro da vida sacerdotal está "o permanecer no Senhor para dar frutos" e não "o frenesi da atividade". "A ternura que nos consola brota da sua misericórdia, da acolhida do "magis" da sua graça, que nos permite ir adiante no trabalho apostólico, suportar os reveses e fracassos, alegrar-nos com simplicidade de coração, ser mansos e pacientes, e recomeçar sempre, estender as mãos aos outros", ressalta.
"Os nossos necessários "momentos de recarga" não ocorrem apenas quando descansamos fisicamente ou espiritualmente, mas também quando nos abrimos ao encontro fraterno entre nós: a fraternidade conforta, oferece espaços de liberdade interior e não nos faz sentir sozinhos diante dos desafios do ministério", sublinha o Papa.
A mundanidade espiritual é perigosa
"Neste nosso tempo, o que nos pede o Senhor, para onde nos orienta o Espírito que nos ungiu e nos enviou como apóstolos do Evangelho?" "Na oração, me vem à mente: que Deus nos pede para ir fundo na luta contra a mundanidade espiritual", ressalta.
De acordo com o Papa, "a mundanidade espiritual é perigosa porque é um modo de vida que reduz a espiritualidade à aparência: nos leva a ser «comerciantes do espírito», homens vestidos de formas sagradas que, na realidade, continuam pensando e agindo segundo as modas do mundo. Isso acontece quando nos deixamos fascinar pelas seduções do efêmero, pela mediocridade e pela rotina, pelas tentações do poder e da influência social, da vanglória e do narcisismo, da intransigência doutrinal e do esteticismo litúrgico, formas e maneiras nas quais a mundanidade «se esconde atrás de aparências de religiosidade e até de amor à Igreja», mas na realidade «consiste em buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal»".
Ainda segundo Francisco, "a mundanidade espiritual é uma tentação "gentil" e por isso ainda mais insidiosa. Na verdade, ela se insinua sabendo se esconder bem atrás das boas aparências, até mesmo dentro de motivações "religiosas". E, mesmo que a reconheçamos e a afastemos de nós, mais cedo ou mais tarde ela volta disfarçada de outro modo".
"Precisamos de vigilância interior, de guardar a mente e o coração, alimentar o fogo purificador do Espírito dentro de nós, porque as tentações mundanas voltam e "batem" de maneira educada. «São os "demônios educados": entram educadamente, sem que eu perceba»", escreve ainda o Papa.
Atenção a não cair no clericalismo
A seguir, Francisco se detém num aspecto desta mundanidade: o clericalismo. "Como idoso, e de coração, digo a vocês que me preocupa quando recaímos nas formas do clericalismo; quando, talvez sem perceber, damos às pessoas a impressão de que somos superiores, privilegiados, colocados «no alto» e, portanto, separados do resto do Povo santo de Deus". "Como me escreveu uma vez um bom sacerdote: "O clericalismo é um sintoma de uma vida sacerdotal e laical tentada a viver na função e não no vínculo real com Deus e com os irmãos". Em suma, denota uma doença que nos faz perder a memória do Batismo recebido, deixando em segundo plano a nossa pertença ao mesmo Povo santo e levando-nos a viver a autoridade nas várias formas de poder, já não percebendo a duplicidade, sem humildade, mas com comportamentos distantes e soberbos", frisa o Papa.
"A preocupação centra-se no "eu": o próprio sustento, as próprias necessidades, o louvor recebido para si e não para a glória de Deus. Isto acontece na vida de quem cai no clericalismo: perde o espírito de louvor porque perdeu o sentido da graça, o estupor pela gratuidade com que Deus o ama, aquela confiante simplicidade de coração que faz estender as mãos ao Senhor", escreve Francisco na carta aos sacerdotes.
A seguir, o Papa indicou "o antídoto quotidiano contra a mundanidade e o clericalismo: olhar para Jesus crucificado, fixar todos os dias o olhar n'Aquele que se esvaziou e se humilhou até à morte por nós".
"Este é o espírito sacerdotal: fazer-nos servos do Povo de Deus e não senhores, lavar os pés dos nossos irmãos e não esmagá-los debaixo dos nossos pés. Portanto, permaneçamos vigilantes em relação ao clericalismo", ressalta o Papa.
Não assumir um "espírito clerical"
A seguir, Francisco recorda que "o clericalismo pode dizer respeito a todos, também aos leigos e aos agentes pastorais". Segundo o Papa, "pode-se assumir um "espírito clerical" no levar adiante ministérios e carismas, vivendo de maneira elitista o próprio chamado, fechando-se no próprio grupo e erguendo muros para fora, desenvolvendo laços possessivos em relação aos papéis na comunidade, cultivando atitudes presunçosas e arrogantes em relação aos outros".
De acordo com o Papa, "os sintomas são a perda do espírito de louvor e da gratuidade alegre, enquanto o diabo se insinua, alimentando lamentos, negatividade e insatisfação crônica com o que está mal, ironia que se torna cinismo. Assim, nos deixamos absorver pelo clima de crítica e raiva que se respira ao redor, ao invés de sermos aqueles que, com simplicidade e mansidão evangélica, com bondade e respeito, ajudam nossos irmãos e irmãs a saírem das areias movediças da intolerância".
"Vamos em frente com entusiasmo e coragem: trabalhemos juntos, entre sacerdotes e com os irmãos e irmãs leigos, iniciando formas e caminhos sinodais, que nos ajudem a despojar-nos de nossas seguranças mundanas e "clericais" para buscar, humildemente, caminhos pastorais inspirados pelo Espírito, para que a consolação do Senhor chegue realmente a todos", conclui a carta do Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
"Não tenham medo!", é a exortação do Papa aos jovens na Missa em Lisboa
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Na Missa de Envio celebrada em Lisboa na Festa da. Transfiguração, o Papa disse aos jovens: Jesus "lê os vossos corações e hoje diz-vos, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: "Não tenham medo." "Não tenha medo". Coragem, não tenham medo."."
Vatican News
Na manhã deste domingo, 6 de agosto, o Papa Francisco presidiu a celebração da Santa Missa para a Jornada Mundial da Juventude no Parque Tejo, em Lisboa. Eis sua homilia (tradução não oficial):
"As palavras do Apóstolo Pedro no Monte da Transfiguração são as mesmas que, depois destes dias intensos, queremos fazer nossas: «Senhor, é bom estarmos aqui!» (Mt 17, 4). Foi bom o que experimentámos com Jesus, o que vivemos juntos e como rezámos. Mas, depois destes dias de graça, perguntamo-nos: Que levamos conosco quando regressarmos ao vale da vida quotidiana?
«Senhor, é bom estarmos aqui!» (Mt 17, 4). Estas palavras, que o Apóstolo Pedro disse a Jesus no Monte da Transfiguração, nós também queremos fazê-las nossas depois destes dias intensos. É lindo o que vivemos com Jesus, o que vivemos juntos e é lindo como rezamos, e com tanta alegria no coração. E então podemos nos perguntar: Que levamos conosco quando regressarmos ao vale da vida quotidiana?
Gostaria de responder a esta pergunta com três verbos, seguindo o Evangelho que ouvimos: o que levamos conosco? Resplandecer, ouvir e não ter medo. O que levamos conosco? Eu respondo com estas três palavras:
Resplandecer, escutar e não ter medo. Primeiro resplandecer. Jesus transfigura-se, o Evangelho que o seu rosto resplandecia como o sol» (Mt 17,2). Ele havia anunciado há pouco sua paixão e morte na cruz, e com isso quebrou a imagem de um Messias poderoso e mundano, e frustra as expectativas dos discípulos. Agora, para ajudá-los a aceitar o desígnio de amor de Deus para cada um de nós, Jesus toma três deles —Pedro, Tiago e João—, os conduz ao alto de uma montanha e se transfigura. E este "banho de luz" os prepara para a noite da paixão.
Amigos, queridos jovens, também hoje nós precisamos de alguma luz, um raio de luz que seja esperança para enfrentar tantas trevas que nos assaltam na vida, tantas derrotas cotidianas para enfrentá-las com a luz da ressurreição de Jesus, porque Ele é a luz que não se apaga, é a luz que brilha também à noite.
“O nosso Deus iluminou os nossos olhos”, diz o sacerdote Esdras (Ed 9,8). Nosso Deus ilumina. Ilumina nossos olhos, ilumina nosso coração, ilumine nossa mente, ilumine nosso desejo de fazer algo na vida, sempre com a luz do Senhor.
Mas gostaria de lhes dizer que não ficamos luminosos quando nos colocamos sob os refletores, isso não nos deslumbra. Não ficamos luminosos quando mostramos uma imagem perfeita, bem cuidada, bem acabada, não, não, mesmo que nos sintamos fortes e bem-sucedidos. Fortes, bem-sucedidos, mas não luminosos. Tornamo-nos luminosos, brilhamos, quando, acolhendo Jesus, aprendemos a amar como Ele. Amar como Jesus, isso nos torna luminosos. Isso nos leva a fazer obras de amor. Não te enganes amiga, amigo, serás luz no dia em que fizer obras de amor. Porém, quando em vez de fazer obras de amor para fora, olhas para ti mesmo, como um egoísta, ali a luz se apaga.
O segundo verbo é escutar. No monte, uma nuvem luminosa cobriu os discípulos e o que, desta nuvem fala o Pai, o que ele diz? Escutai-o (Mt 17,5). Este é o meu Filho amado, escute-o. Está tudo aqui, e tudo o que há para fazer na vida está nesta palavra: escute-o.
Escutar Jesus, todo segredo está aí. Escute o que Jesus te diz. "Eu não sei o que ele me diz." Pegue o Evangelho e leia o que Jesus diz e o que diz em teu coração. Porque Ele tem palavras de vida eterna para nós; Ele revela que Deus é Pai, é amor. Ele nos ensina o caminho do amor, escutar Jesus. Porque lá fora nós de boa vontade trilhamos caminhos que parecem ser de amor, mas no fundo são egoísmos disfarçados de amor. Ter cuidado com os egoísmos disfarçados de amor. Escutá-lo, porque Ele vai te dizer qual é o caminho do amor. Escutá-lo!
Resplandecer é a primeira palavra, sejam luminosos, ouvir, para não errar no caminho, e, no final, a terceira palavra, não ter medo. Não tenham medo. Uma palavra que tanto se repete na Bíblia. Nos Evangelhos, "não tenham medo". Estas foram as últimas palavras que neste momento da transfiguração Jesus disse aos discípulos. Não tenham medo.
A vós, jovens, que viveram esta alegria, estava para dizer "esta glória" - bem, algo de glória é, este encontro convosco. Vós que cultivais sonhos grandes mas às vezes ofuscados pelo medo de não os ver realizados; a vós, que às vezes pensais que não ides conseguir, um pouco de pessimismo nos invade às vezes; a vós, jovens, tentados neste tempo a desanimar, a julgar-vos quem sabe inadequados ou a esconder a vossa dor disfarçando-a com um sorriso; a vós, jovens, que quereis mudar o mundo, e está bem que queirais mudar o mundo e que queirais lutais pela justiça e a paz; a vós, jovens, que investis o melhor da vosso esforço e imaginação ficando porém com a sensação de que não bastam; a vós, jovens, de quem a Igreja e o mundo têm necessidade como a terra da chuva; a vós, jovens, que sois o presente e o futuro… precisamente a vós, jovens, hoje é que Jesus diz: «Não tenhais medo».
Em um pequeno silêncio, cada um repita para si mesmo, em seu coração, estas palavras: "Não tenhais medo".
Queridos jovens, gostaria de olhar cada um de vocês nos olhos e dizer: não tenham medo. Não tenham medo. E mais, digo-lhes uma coisa muito bonita, já não sou eu, é o próprio Jesus que vos olha, neste momento. Ele está nos observando. Ele vos conhece, conhece o coração de cada um de vocês, conhece a vida de cada um de vocês, conhece as alegrias, conhece as tristezas, os sucessos e os fracassos, conhece o seu coração. Ele lê os vossos corações e hoje diz-vos, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: "Não tenham medo." "Não tenha medo". Coragem, não tenham medo." Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: reconhecer as joias preciosas da vida e distingui-las das quinquilharias
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No Angelus deste domingo, Francisco convidou a "não perder tempo e liberdade com coisas triviais, passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa de um encontro com Deus e com os outros! É necessário saber reconhecê-la: discernir para encontrá-la". Jesus "é a pérola preciosa da vida".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Fiéis de várias partes do mundo se reuniram, na Praça São Pedro, neste domingo (30/07), para a oração mariana do Angelus conduzida pelo Papa Francisco.
Na alocução que precedeu a oração, o Pontífice falou sobre o Evangelho, deste domingo, que "conta a parábola de um negociante que procurava pedras preciosas". Segundo Jesus, o negociante «ao encontrar uma pérola de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra». Então, o Papa se deteve "nos gestos deste negociante, que primeiro procura, depois encontra e, por fim, compra".
Cultivar sonhos de bem
"Primeiro passo: procurar. Trata-se de um negociante empreendedor que não fica parado, mas sai de casa e começa a procurar pérolas preciosas. Ele não diz: "Estou satisfeito com as que tenho", mas procura outras mais bonitas", disse o Papa, acrescentando:
Este é um convite a não nos fecharmos na rotina, na mediocridade de quem se contenta, mas a reavivar o desejo, para que o desejo de procurar, ir adiante não se apague, cultivar sonhos de bem, buscar a novidade do Senhor, porque o Senhor não é repetitivo, ele sempre traz novidade, a novidade do Espírito sempre faz novas as realidades da vida. Nós devemos ter sempre a atitude de buscar.
"O segundo gesto do negociante é encontrar. Ele é uma pessoa arguta que "tem olho" e sabe reconhecer uma pérola de grande valor. Isso não é fácil", disse o Papa. Francisco convidou a pensar, "nos fascinantes bazares orientais, onde as barracas, cheias de mercadorias, se amontoam ao longo dos muros das ruas cheias de pessoas; ou em algumas barracas que se veem em muitas cidades, cheias de livros e vários objetos. Às vezes, nesses mercados, se pararmos para olhar bem, podemos descobrir tesouros: coisas preciosas, volumes raros que, misturados com todo o resto, passam despercebidos à primeira vista. Mas o negociante da parábola tem um olho aguçado e sabe encontrar, sabe "discernir" para encontrar a pérola".
Isso é um ensinamento para nós: todos os dias, em casa, na rua, no trabalho, nas férias, temos a oportunidade de ver o bem. É importante ser capaz de encontrar o que importa: treinar-nos para reconhecer as joias preciosas da vida e distingui-las das quinquilharias. Não percamos tempo e liberdade com coisas triviais, passatempos que nos deixam vazios por dentro, enquanto a vida nos oferece todos os dias a pérola preciosa de um encontro com Deus e com os outros! É necessário saber reconhecê-la: discernir para encontrá-la.
Jesus é a pérola preciosa da vida
O último gesto do negociante: comprar a pérola. "Percebendo seu imenso valor, ele vende tudo, sacrifica todos os bens para tê-la. Muda radicalmente o inventário do seu depósito; não há mais nada além daquela pérola: é a sua única riqueza, o sentido do seu presente e do seu futuro", disse o Papa, acrescentando:
Isso também é um convite para nós. Mas o que é esta pérola pela qual tudo se pode renunciar, aquela de que nos fala o Senhor? Essa pérola é Ele mesmo. É o Senhor! Procurar o Senhor e achar o Senhor, encontrar o Senhor, viver com o Senhor. A pérola é Jesus: Ele é a pérola preciosa da vida, a ser procurada, encontrada e adquirida. Vale a pena investir tudo Nele porque, quando se encontra Cristo, a vida muda. Quando você encontra Crista a sua vida muda.
A seguir, o Papa retomou "os três gestos do negociante - procurar, encontrar e comprar", e convidou cada um a se fazer as seguintes perguntas:
Procurar: estou, em minha vida, buscando? Sinto-me no lugar, tranquilo, satisfeito ou treino meu desejo de bem? Estou aposentado espiritualmente? Quantos jovens estão aposentados! Segundo gesto, encontrar: pratico o discernimento do que é bom e vem de Deus, sabendo renunciar ao que, ao contrário, me deixa com pouco ou nada? Por fim, comprar: sei como me gastar por Jesus? Ele está em primeiro lugar para mim? Ele é o maior bem da vida? Seria bom dizer a Ele hoje: "Jesus, você é meu maior bem". Que cada um diga em seu coração: "Jesus, você é meu maior bem".
"Que Maria nos ajude a procurar, encontrar e abraçar Jesus com toda a nossa força", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO POR OCASIÃO DO III DIA MUNDIAL DOS AVÓS E DOS IDOSOS
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XVI Domingo do Tempo Comum – 23 de julho de 2023
«De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50)
Queridos irmãos e irmãs!
«De geração em geração, a sua misericórdia» (cf. Lc 1, 50): assim reza o tema do III Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O tema leva-nos a um encontro abençoado: o encontro entre Maria, jovem, e sua parente Isabel, idosa (cf. Lc 1, 39-56). Esta, cheia de Espírito Santo, dirige à Mãe de Deus palavras que, dois milénios depois, cadenciam a nossa oração diária: «Bendita és Tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre» (1, 42). E o Espírito Santo, que já tinha descido sobre Maria, sugere-Lhe como resposta o Magnificat, onde proclama que a misericórdia do Senhor se estende de geração em geração. O Espírito Santo abençoa e acompanha todo o encontro fecundo entre gerações diversas, entre avós e netos, entre jovens e idosos. De facto, Deus quer que os jovens, como fez Maria com Isabel, alegrem os corações dos anciãos e extraiam sabedoria das suas experiências. Mas o primeiro desejo do Senhor é que não deixemos sozinhos os idosos, que não os abandonemos à margem da vida, como hoje, infelizmente, acontece com demasiada frequência.
Neste ano, regista-se uma proximidade estupenda entre a celebração do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e a Jornada Mundial da Juventude; no tema de ambas, sobressai a «pressa» de Maria (cf. 1, 39) quando visita Isabel, levando-nos assim a refletir sobre a ligação entre jovens e idosos. O Senhor espera que os jovens, ao encontrar os idosos, acolham o apelo a guardar as memórias e reconheçam, graças a eles, o dom de pertencerem a uma história maior. A amizade duma pessoa idosa ajuda o jovem a não cingir a vida ao presente e a lembrar-se que nem tudo depende das suas capacidades. Por sua vez, aos mais velhos, a presença dum jovem abre à esperança de que não se perderá tudo aquilo que viveram e se vão realizar os seus sonhos. Em resumo, a visita de Maria a Isabel e a consciência de que a misericórdia do Senhor se transmite duma geração à outra mostram que não podemos avançar – nem salvar-nos – sozinhos, e que a intervenção de Deus se manifesta sempre no conjunto, na história dum povo. É precisamente Maria quem no-lo diz no Magnificat, alegrando-Se em Deus, que, fiel à promessa feita a Abraão (cf. 1, 51-55), realizou maravilhas novas e surpreendentes.
Para melhor captar o estilo do agir de Deus, recordemos que o tempo deve ser vivido em plenitude, porque as realidades maiores e os sonhos mais belos não acontecem num instante, mas através dum crescimento e duma maturação: em caminho, em diálogo, no relacionamento. Ora, quem se concentra apenas no imediato, nas próprias vantagens que se hão de conseguir rápida e sofregamente, no «tudo e já», perde de vista o agir de Deus. Diversamente, o seu projeto de amor atravessa o passado, o presente e o futuro, abraça e põe em ligação as gerações. É um projeto que nos ultrapassa a nós mesmos, mas no qual cada um de nós é importante e, sobretudo, é chamado a ir mais além. Para os mais jovens, trata-se de ir mais além do imediato em que nos confina a realidade virtual, que muitas vezes nos desvia da atividade concreta; para os mais velhos, trata-se de não se deterem no debilitar-se das forças nem no lamento pelas ocasiões perdidas. Olhemos para a frente! Deixemo-nos plasmar pela graça de Deus, que, de geração em geração, nos liberta do imobilismo no agir e das lamúrias voltadas para o passado!
No encontro entre Maria e Isabel, entre jovens e idosos, Deus dá-nos o seu futuro. Na realidade, o caminho de Maria e o acolhimento de Isabel abrem as portas à manifestação da salvação: através do seu abraço, a misericórdia irrompe, com alegre mansidão, na história humana. Por isso, quero convidar cada um a pensar naquele encontro; mais ainda, a fechar os olhos e imaginar, como numa foto instantânea, aquele abraço entre a jovem Mãe de Deus e a mãe idosa de São João Batista; representá-lo na mente e visualizá-lo no coração, para o fixar na alma como um luminoso ícone interior.
E convido depois a passar da imaginação à vida concreta, fazendo algo para abraçar os avós e os idosos. Não os deixemos sozinhos; é preciosa a sua presença nas famílias e nas comunidades: dá-nos a noção de partilhar a mesma herança e de fazer parte dum povo em que se preservam as raízes. Sim! São os idosos que nos transmitem a pertença ao santo Povo de Deus. A Igreja e de igual modo a sociedade precisam deles. É que os idosos entregam ao presente um passado necessário para construir o futuro. Honremo-los, não nos privemos da sua companhia nem os privemos da nossa. Não permitamos que sejam descartados.
O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos pretende ser um pequeno e delicado sinal de esperança para eles e para a Igreja inteira. Por isso renovo o meu convite a todos – dioceses, paróquias, associações, comunidades – para o celebrarem, colocando no centro a alegria transbordante dum renovado encontro entre jovens e idosos. A vós, jovens, que estais a preparar-vos para partir para Lisboa ou que vivereis a Jornada Mundial da Juventude na própria localidade, quero dizer: antes de sair para a viagem, ide visitar os vossos avós, fazei uma visita a um idoso sozinho. A sua oração proteger-vos-á e levareis no coração a bênção daquele encontro. A vós, idosos, peço para acompanhardes com a oração os jovens que estão prestes a celebrar a JMJ. Aqueles jovens são a resposta de Deus aos vossos pedidos, o fruto daquilo que semeastes, o sinal de que Deus não abandona o seu povo, mas sempre o rejuvenesce com a criatividade do Espírito Santo.
Queridos avós, queridos irmãos e irmãs idosos, chegue até vós a bênção do abraço entre Maria e Isabel, e encha de paz os vossos corações. Com afeto, vos abençoo. E vós, por favor, rezai por mim.
Roma – São João de Latrão, na Festa da Visitação da Virgem Santa Maria, 31 de maio de 2023.
FRANCISCO
Fonte: https://www.vatican.va
Papa: a Eucaristia é mais que um símbolo, é amor a ser compartilhado com os pobres
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"A Eucaristia nos impele a um amor fortemente comprometido com o próximo, porque não podemos realmente entender e viver seu significado se mantivermos nossos corações fechados para nossos irmãos e irmãs, especialmente por aqueles que são pobres, sofredores, exaustos ou perdidos na vida", afirmou Francisco ao receber no Vaticano o comitê organizador da 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos. Evento acontece em julho de 2024, em Indianápolis.
Andressa Collet - Vatican News
O Papa Francisco retomou nesta segunda-feira (19) a agenda de audiências depois da cirurgia no intestino que o deixou internado por dez dias no Hospital Gemelli de Roma. Entre os compromissos da manhã no Vaticano, a audiência com o comitê organizador da 10ª edição do Congresso Eucarístico Nacional do Estados Unidos. O evento será realizado por quatro dias em julho de 2024, na cidade de Indianápolis, e o Pontífice já agradeceu por toda a preparação, encorajando a continuar com os esforços "para reavivar a fé e o amor pela Santíssima Eucaristia, 'fonte e ápice de toda a vida cristã' (Lumen Gentium, 11)."
O Reavivamento Eucarístico nos EUA
Vários eventos em nível diocesano e paroquial, além de uma peregrinação eucarística com dois meses de duração rumo ao Congresso em Indianápolis, fazem parte de uma iniciativa de três anos dos bispos para reavivar a frequência à missa, aproximando os fiéis da Eucaristia. Esse “Reavivamento Eucarístico” [Eucharistic Revival], como vem sendo chamado, foi estabelecido pela Conferência dos Bispos Católicos do país.
O percurso da peregrinação - que será iniciado no Domingo de Pentecostes (19 de maio de 2024) e vai terminar em 16 de julho, data de abertura do Congresso - terá mais de 10 mil quilômetros e vai cobrir 65 dioceses ao longo de quatro itinerários diferentes. As paróquias serão visitadas por jovens católicos, acompanhados por capelães, e serão sede de celebrações eucarísticas, adoração ao Santíssimo Sacramento, devoções de 40 horas, palestras eucarísticas e testemunhos de peregrinos, por exemplo.
A Eucaristia não é um símbolo
"A Eucaristia, de fato", disse o Papa na audiência, "é a resposta de Deus à fome mais profunda do coração humano, à fome de vida verdadeira: nela, o próprio Cristo está realmente em nosso meio para nos nutrir, consolar e sustentar em nossa jornada". Francisco destacou a importância da Igreja nos Estados Unidos encorajar nesse percurso:
"Infelizmente, hoje em dia, às vezes, entre nossos fiéis, alguns acreditam que a Eucaristia seja mais um símbolo do que a presença real e amorosa do Senhor. É mais que um símbolo, é a presença real e amorosa do Senhor. Espero, portanto, que o Congresso Eucarístico inspire os católicos de todo o país a recuperar o senso de maravilha e encantamento por esse grande dom que o Senhor nos deu e a passar tempo com Ele na celebração da Santa Missa, bem como na oração pessoal e na adoração ao Santíssimo Sacramento."
“Acredito que nós, nestes tempos modernos, perdemos o sentido da adoração, precisamos recuperar o sentido de adorar em silêncio, adorar. É uma oração que perdemos. Poucas pessoas sabem o que é isso e vocês, bispos, devem catequizar os fiéis para a oração de adoração e, com a Eucaristia, se deve fazer assim.”
Promover a vocação ao sacerdócio
O Papa Francisco, afirmou, assim, que o Congresso Eucarístico Nacional marca um momento significativo na vida da Igreja do país, inclusive para inspirar novas vocações:
"Não posso deixar de mencionar a necessidade de promover as vocações ao sacerdócio, porque, como disse São João Paulo II: 'não existe Eucaristia sem Sacerdócio' (Carta aos Sacerdotes para a Quinta-feira Santa de 2004). São necessários sacerdotes para celebrar a Santa Eucaristia. Espero que o Congresso seja uma oportunidade para que os fiéis se comprometam com um zelo cada vez maior para serem discípulos missionários do Senhor Jesus no mundo".
A Eucaristia deve ir além da igreja
Na Eucaristia, continuou o Papa, "encontramos Aquele que se entregou inteiramente a nós, que se sacrificou para nos dar a vida, que nos amou até o fim". Uma inspiração para os missionários, sobretudo, recordou Francisco, diante de dois grupos de pessoas que precisam ser visitadas: "os idosos, que são a sabedoria de um povo, e os doentes, que são a figura do Jesus sofredor".
"Só nos tornamos testemunhas confiáveis da alegria e da beleza transformadora do Evangelho reconhecendo que o amor celebrado no Sacramento nem sempre pode ser guardado para nós, mas exige ser compartilhado com todos. E esse é o sentido do trabalho missionário: você vai, celebra a missa, comunga, faz a adoração... e depois? Depois sai, você sai para evangelizar, Jesus nos 'mostra' assim... A Eucaristia nos impele a um amor fortemente comprometido com o próximo, porque não podemos realmente entender e viver seu significado se mantivermos nossos corações fechados para nossos irmãos e irmãs, especialmente por aqueles que são pobres, sofredores, exaustos ou perdidos na vida." Fonte: https://www.vaticannews.va
11º Domingo do Tempo Comum: O Olhar do Papa Francisco
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Francisco: Deus não está distante, mas é Pai. O agradecimento do Papa
Antes da oração do Angelus deste 11º Domingo do Tempo Comum, o Papa agradeceu as orações e os testemunhos de afeto durante sua permanência no Hospital Gemelli. Comentando o Evangelho dominical, destacou que o coração do anúncio é "o testemunho gratuito, o serviço" e que, estando perto de Deus, "superamos o medo e sentimos a necessidade de anunciar" o seu amor.
Silvonei José – Vatican News
"Desejo expressar minha gratidão por todos aqueles que demonstraram afeto, cuidado e amizade" durante minha hospitalização, "e garantiram o apoio da oração". Foi o que disse o Papa Francisco, que voltou neste 11º Domingo do Tempo Comum a recitar o Angelus na Praça São Pedro, depois de ter sido submetido a uma cirurgia em 7 de junho no Hospital Geral Agostino Gemelli, em Roma. "Essa proximidade para mim tem sido de grande ajuda e conforto", acrescentou olhando pela janela de seu escritório no Palácio Apostólico do Vaticano, "Obrigado de coração".
Deus está perto de nós, ele é Pai, não estamos sozinhos!
Na meditação que precedeu a oração mariana, o Papa recordou a passagem do Evangelho deste Domingo, na qual o evangelista Mateus descreve o mandato de Jesus aos discípulos: ""proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’". E ele enfatiza que o coração da proclamação é "testemunho livre, serviço". Como no início de sua pregação, Jesus proclama que o senhorio do amor de Deus "vem entre nós". E isso, comenta, "não é uma notícia entre as outras, mas a realidade fundamental da vida". De fato, "se o Deus do céu está próximo, não estamos sozinhos na terra e, mesmo nas dificuldades, não perdemos a confiança". Essa é a primeira coisa a ser dita às pessoas":
Deus não está distante, mas é Pai, Ele o conhece e o ama; quer segurar a sua mão, mesmo quando você passa por caminhos íngremes e irregulares, mesmo quando você cai e tem dificuldade para se levantar e retomar o caminho.
Perto Dele, superamos o medo e anunciamos
E muitas vezes, continua Francisco, " nos momentos em que você está mais fraco, pode sentir mais forte a sua presença. Ele conhece o caminho, Ele está com você, Ele é seu Pai!". Assim, o mundo, grande e misterioso, "torna-se familiar e seguro, porque a criança sabe que está protegida. Ela não tem medo e aprende a se abrir: conhece outras pessoas, encontra novos amigos, aprende com alegria coisas que não sabia". Enquanto "cresce nela o desejo de se tornar grande e de fazer as coisas que viu o papai fazer". É por isso que Jesus começa aqui...
é por isso que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: estando perto de Deus, superamos o medo, nos abrimos para o amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade e a alegria de anunciar.
Anunciar sua proximidade com gestos de amor e esperança
Se quisermos ser bons apóstolos, prossegue o Pontífice esclarecendo, "devemos ser como crianças: sentar "no colo de Deus" e, de lá, olhar para o mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que somente Ele transforma nossos corações e nos dá aquela alegria e paz que não podemos proporcionar por nós mesmos.
Anunciar que Deus está próximo. Mas como fazer isso? No Evangelho, Jesus recomenda não dizer muitas palavras, mas fazer muitos gestos de amor e esperança em nome do Senhor. Esse é o coração do anúncio: testemunho gratuito, serviço.
Vou lhes dizer uma coisa, acrescentou o Papa: "fico perplexo e muito perplexo, sempre, com os 'faladores' que falam muito e não fazem nada".
Vamos nos fazer algumas perguntas
O Papa Francisco então convida a nos perguntarmos: “nós, que acreditamos no Deus próximo, confiamos Nele? Sabemos olhar para frente com confiança, como uma criança que sabe que está sendo carregada pelo pai? Sabemos como nos sentar no colo do Pai com a oração, com a escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos?”
Enfim, perto d’Ele, sabemos como incutir coragem nos outros, nos aproximar daqueles que sofrem e estão sozinhos, daqueles que estão longe e até mesmo daqueles que são hostis a nós? Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: que Santa Teresinha nos ajude a amar Jesus e superar nosso egoísmo
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Diante das relíquias de Santa Teresa do Menino Jesus, Francisco anunciou a publicação de uma Carta Apostólica por ocasião dos 150 anos de nascimento da Padroeira das Missões.
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
O Papa dedicou sua catequese desta quarta-feira à Santa Teresa do Menino Jesus, que foi enriquecida com a presença na Praça São Pedro de suas relíquias e a de seus santos pais, Luís e Zélia. O Pontífice anunciou que pretende dedicar à santa de Lisieux uma Carta Apostólica por ocasião dos seus 150 anos de nascimento, que se celebram neste ano de 2023.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis, Francisco destacou o título de Padroeira universal das Missões de Santa Teresinha, embora nunca tenha saído em missão. Mas o seu desejo – escreve ela – era ser missionária, e não só durante alguns anos, mas por toda a vida; mais ainda, por toda a eternidade. Ela era uma monja carmelita e sua vida foi marcada pela pequenez e pela fraqueza: ela mesma se autodefinia "um pequeno grão de areia". De saúde frágil, ela morreu com somente 24 anos.
O Pontífice narrou dois episódios que transformaram sua vida: o primeiro em âmbito familiar e, o segundo, com um condenado à morte. A partir de então, "voltou o seu zelo para os outros, para que encontrassem Deus e, em vez de buscar consolações para si mesma, se propôs a "consolar Jesus, fazendo com que as almas o amassem"
A fé nasce por atração
Do Carmelo, acompanhava os missionários por carta, com a oração e oferecendo por eles todos os sacrifícios que a vida lhe pedia. Teresa intercedia pelas missões e as abençoava. Na verdade, disse o Papa, não é missionário apenas quem deixa a sua pátria e vai para longe, aprende línguas novas e nelas anuncia a Boa Nova de Jesus; mas toda a pessoa que, no lugar onde vive, serve como instrumento do amor de Deus e tudo faz para que Jesus passe para os outros.
Dizia ela que "Jesus está doente de amor, e a doença do amor só se cura com o amor". Para a Igreja, concluiu o Papa, mais importante do que a abundância de meios, métodos e estruturas, que às vezes até a distraem do essencial, é ter muitos corações como o de Teresa, corações que atraem ao amor e aproximam de Deus.
“Este é o zelo apostólico que, nos recordemos sempre, nunca funciona por proselitismo - nunca - ou por pressão - nunca-, mas por atração: a fé nasce por atração. Ninguém se torna cristão porque foi forçado por alguém, não, mas porque tocado pelo amor.”
"Peçamos à santa - temos as relíquias aqui - a graça de superar o nosso egoísmo e peçamos a paixão de interceder, de interceder para que esta atração seja maior nas pessoas e para que Jesus seja conhecido e amado", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco revela que o kirchnerismo tentou colocá-lo na prisão: 'Queriam cortar minha cabeça'
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Em conversa com jesuítas na Turquia, Francisco diz que 'todas as ações durante a ditadura' foram questionadas
O Papa Francisco durante discurso em Budapeste, na Hungria, nesta sexta-feira VINCENZO PINTO/AFP
PINTO/AFP
O Papa Francisco revelou que, enquanto ainda era arcebispo de Buenos Aires, o governo da então presidente (e hoje vice) Cristina Kirchner deu "indicações" a três juízes para condená-lo por suas ações durante a ditadura no país (1976-1983). O Pontífice contou a história a 32 jesuítas que visitou na Hungria, onde deu detalhes de um longo depoimento que precisou prestar à Justiça devido ao sequestro em 1976 dos padres Orlando Yorio e Ferenc Jálics, acusados pelos militares de terem ligações com a guerrilha.
— Alguns do governo queriam cortar minha cabeça, e não levantaram tanto essa questão do Jálics [de origem húngara], mas questionaram toda a minha forma de agir durante a ditadura — disse o Pontífice.
O diálogo com os padres aconteceu no dia 29 de abril e foi publicado pelo La Civiltá Cattolica, revista dos jesuítas italianos, que passa pelo crivo do Vaticano antes de ser publicano.
Então arcebispo Jorge Mario Bergoglio, o Pontífice testemunhou em 8 de novembro de 2010 no âmbito do caso Esma, que ainda investiga as ações militares no Escola de Mecânica da Marinha, que foi o maior centro ilegal de detenção e tortura da ditadura argentina. À época, o jornalista Horacio Verbitsky, ligado ao kirchnerismo, acusou Bergoglio de ter "entregado", como superior provincial dos jesuítas, os padres Franz Jalics e Orlando Yorio a seus captores.
Ele respondeu aos juízes que o interrogaram que foi o contrário: ele havia intercedido pelos padres perante o ditador Jorge Rafael Videla e seu vice na junta militar, almirante Eduardo Massera.
— Deram-me a possibilidade de escolher o lugar onde realizar o interrogatório, e escolhi fazê-lo no Episcopado. Durou 4h10. Um dos juízes insistia muito no meu comportamento, e eu sempre respondi com a verdade. Mas, para mim, a única pergunta série e bem fundamentada foi feita pelo advogado que pertencia ao Partido Comunista — disse Francisco à La Civiltá Cattolica. — Graças a essa pergunta, as coisas se esclareceram e, por fim, minha inocência foi comprovada. Mas não se falou quase nada de Jálics, mas de outros casos de pessoas que haviam pedido ajuda.
Segundo o Pontífice, "quando Jálics e Yorio foram presos pelos militares, a situação que se vivia na Argentina era confusa e não estava claro o que deveria ser feito":
— Fiz o que achei que deveria fazer para defendê-los. Foi uma situação muito dolorosa — completou.
Quando Bergoglio foi escolhido Papa em 2013, na Argentina muitos consideravam que ele não havia feito o suficiente pelos detentos desaparecidos, com alguns acusando-o inclusive de cumplicidade. O papel do então arcebispo nos acontecimentos dos anos 1970 fez parte de um amplo estudo que a Igreja Católica fez sobre centenas de milhares de arquivos que estavam no Episcopado em Buenos Aires e no Vaticano.
O resultado do trabalho foi publicado em duas levas — há uma terceira em elaboração — sob o título "A verdade os fará livre". Em uma entrevista ao El País, o relator da investigação, Carlos María Galli, disse que a Igreja deveria "ter feito mais para evitar tanta matança", mas negou que tenha havido cumplicidade. Afirmou também que os ataques contra Bergoglio foram "um pouco armados porque calhavam ao governo da vez", de Cristina Kirchner.
— Quando o consideravam opositor, começaram a atacá-lo. Um dos elementos foi revisitar a história dos dois jesuítas detidos em 1976 (Jálics e Yorio) e dizer que Bergoglio havia os deixado vulneráveis — afirmou. — Bergoglio ajudou a salvar ao menos 30 pessoas.
Bergoglio contou aos jesuítas húngaros que anos mais tarde, quando já era Papa, os juízes o revelaram que haviam sido pressionados pelo governo para condená-lo:
— Voltei a ver aqui, em Roma, como Papa, dois dos juízes, um deles junto a um grupo de argentinos. Não o havia reconhecido, apesar de ter a impressão que já o havia visto. Eu olhei para ele, olhei, e dizia para mim mesmo "eu conheço esse [homem]". Ele me deu um abraço e foi embora.
O Pontífice, contudo, afirmou que voltou a ver o magistrado mais uma vez, quando ele se apresentou. Narrando aos húngaros o ocorrido, o Papa continuou:
— Disse para ele: "mereço ser castigado cem vezes, mas não por esse motivo". Disse que estava em paz com essa história. Sim, mereço ser julgado pelos meus pecados, mas sobre esse ponto quero ser claro. Também veio outro dos três juízes, que me disse claramente que eles haviam recebido indicações do governo para me condenar.
Os padres Ferenc Jalics, que morreu em 2021, e Orlando Yorio, que morreu em 2000, trabalhavam em um bairro popular de Buenos. Rapidamente, narrou o papa, se tornaram alvo dos militares:
— No bairro onde trabalhavam havia uma célula guerrilheira. Mas os jesuítas não tinham nada a ver com eles: eram pastores, não políticos. Ainda assim, foram feitos prisioneiros apesar de serem inocentes. Não encontraram nada para acusá-los, porém precisaram ficar nove meses no cárcere, aguentando ameaças e torturas. Logo foram soltos, mas essas coisas deixam feridas profundas.
O Papa continuou afirmando que Jálics foi vê-lo imediatamente após ser solto, e que conversaram. Francisco afirmou tê-lo aconselhado a ir ver sua mãe nos Estados Unidos e que a "situação era realmente muito incerta e confusa. Depois, disse o Papa "surgiu a lenda de que tinha sido quem os entregou quando foram presos".
Ao fim de sua conversa com os jesuítas húngaros, o religioso argentino recomendou que os interlocutores lessem "A verdade os fará livres":
— Ali poderão encontrar a verdade sobre o caso. Fonte: https://oglobo.globo.com
O Papa: os monges e monjas levam adiante a Igreja com a sua intercessão
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Na catequese desta quarta-feira, o Papa citou São Gregório de Narek, Doutor da Igreja, como exemplo de intercessor pelos outros. Francisco disse que "o coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos".
Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre as testemunhas do zelo apostólico, na Audiência Geral desta quarta-feira (26/04), realizada na Praça São Pedro.
"Começamos por São Paulo e, da última vez, vimos os mártires, que anunciam Jesus com a vida, a ponto de a entregar por Ele e pelo Evangelho", disse o Pontífice, ressaltando que "existe outro grande testemunho que atravessa a história da fé: o das monjas e dos monges, irmãs e irmãos que renunciam a si e ao mundo para imitar Jesus no caminho da pobreza, da castidade, da obediência e para interceder a favor de todos".
Segundo o Papa, "os monges são o coração pulsante do anúncio: a sua oração é oxigênio para todos os membros do Corpo de Cristo, é a força invisível que sustenta a missão".
"Não é por acaso", recordou Francisco, "que a padroeira das missões é uma monja, Santa Teresa do Menino Jesus" que entendeu que «só o amor impele os membros da Igreja à ação». Descobriu que «o amor abarca em si todas as vocações». «Ó Jesus, meu amor, finalmente encontrei a minha vocação. A minha vocação é o amor. No coração da Igreja, minha mãe, serei o amor», escreveu ela.
Este amor por todos anima a vida dos monges e traduz-se na sua oração de intercessão. A tal respeito, gostaria de citar como exemplo São Gregório de Narek, Doutor da Igreja. É um monge armênio, que viveu por volta do ano 1000 e nos deixou um livro de orações, no qual foi derramada a fé do povo armênio, o primeiro que abraçou o cristianismo; um povo que, apegado à cruz de Cristo, sofreu muito ao longo da história.
"São Gregório passou quase toda a sua vida no mosteiro de Narek. Ali aprendeu a perscrutar as profundezas da alma humana e, fundindo poesia e oração, alcançou o auge tanto da literatura como da espiritualidade armênia", disse ainda Francisco.
Segundo o Papa, "o aspecto que mais impressiona nele é exatamente a solidariedade universal de que é intérprete".
Entre os monges e monjas existe uma solidariedade universal. Qualquer coisa que acontece no mundo encontra lugar nos seus corações e eles rezam. O coração dos monges e das monjas é como uma antena, porque capta o que acontece no mundo e intercedem por ele. Assim, eles vivem em união com o Senhor e com todos.
Como Jesus, os monges e monjas "carregam sobre si os problemas do mundo, as dificuldades, as doenças e muitas coisas e rezam por eles. Estes são os grandes evangelizadores. Com a palavra, o exemplo, a intercessão e o trabalho cotidiano eles são ponte de intercessão para todas as pessoas e pelos pecados. Eles choram pelos seus pecados, porque todos somos pecadores, e choram pelos pecados do mundo e rezam e intercedem".
"Nos fará bem visitar um mosteiro porque ali se reza e trabalha. Cada um tem sua regra, mas ali as mãos estão sempre ocupadas com o trabalho e com a oração. Que o Senhor nos dê novos mosteiros, monges e monjas que levam adiante a Igreja com a sua intercessão", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa: encontre Jesus Ressuscitado na comunidade, na Igreja que não é perfeita
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Refletindo sobre o encontro de Jesus Ressuscitado com Tomé, que não acreditou nas feridas do Mestre até não vê-las, Francisco nos convida a buscar Deus na Igreja, que é o Corpo de Cristo, "aceitando o desafio de permanecer ali, mesmo se não é perfeita" e não "em alguma manifestação religiosa espetacular". E Francisco reforça para não buscar longe e ficar na comunidade, "com os outros; não vá embora, reze com eles, parta o pão com eles”.
Andressa Collet - Vatican News
Neste Segundo Domingo de Páscoa e da Divina Misericórdia, o Papa Francisco, na alocução que precedeu a oração mariana do Regina Caeli na Praça São Pedro, refletiu sobre o Evangelho que traz as duas aparições de Jesus Ressuscitado aos discípulos e, em particular, a Tomé (cf. Jo 20,24-29). O "Apóstolo incrédulo", comentou o Pontífice, não foi o único com dificuldades para acreditar, mas acaba representando "um pouco de todos nós. De fato, nem sempre é fácil acreditar", especialmente após sofrer decepções, como no caso de Tomé, que viu o Mestre sendo colocado na cruz como um delinquente: "como confiar novamente?", ponderou o Papa.
Encontrar Jesus em meio à comunidade
Assim, enquanto Tomé saiu, recordou o Papa, Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos na noite de Páscoa e o discípulo não acreditou. E Cristo Ressuscitado o fez pela segunda vez, oito dias depois, aparecendo em meio aos seus discípulos e mostrando as suas feridas, "a prova do seu amor, os canais sempre abertos da sua misericórdia".
“Vamos refletir sobre esses fatos. Para acreditar, Tomé gostaria de um sinal extraordinário: tocar as feridas. Jesus as mostra a ele, mas de uma maneira ordinária, chegando diante de todos, na comunidade. Como que para dizer-lhe: se quiser me encontrar, não busque longe, fique na comunidade, com os outros; não vá embora, reze com eles, parta o pão com eles.”
É na comunidade que encontramos Jesus, enfatizou o Papa, onde encontramos "os sinais das feridas: os sinais do Amor que vence o ódio, do Perdão que desarma a vingança, da Vida que vence a morte". Em meio aos irmãos, também se compartilha "momentos de dúvida e de medo, agarrando-se ainda mais firmemente a eles".
“Queridos irmãos e irmãs, o convite feito a Tomé também é válido para nós. Nós, onde procuramos o Ressuscitado? Em algum evento especial, em alguma manifestação religiosa espetacular ou marcante, unicamente em nossas emoções e sensações? Ou na comunidade, na Igreja, aceitando o desafio de permanecer ali, mesmo se não é perfeita?”
O Papa Francisco finalizou a reflexão deste domingo (16) pedindo a intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia, para nos ajudar "a amar a Igreja e a torná-la um lar acolhedor para todos", mesmo em meio às dificuldades:
"Apesar de todas as suas limitações e quedas, que são as nossas limitações e as nossas quedas, nossa Igreja Mãe é o Corpo de Cristo; e é ali, no Corpo de Cristo, que se encontram impressos, mais uma vez e para sempre, os maiores sinais do seu amor. Vamos nos perguntar, porém, se, em nome desse amor, em nome das feridas de Jesus, estamos dispostos a abrir os braços a quem está ferido na vida, sem excluir ninguém da misericórdia de Deus, mas acolhendo a todos; cada um como um irmão, como uma irmã." Fonte: https://www.vaticannews.va
Os Papas e a Misericórdia
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Jesus disse à Santa Faustina: "A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina" (Diário, pág. 132). A misericóridia, de fato, foi um traço de unidade característico entre os pontificados dos últimos papas.
Ir. Grazielle Rigotti, ascj - Vatican News
O tema da misericordia divina, manifestada através da vida de Jesus Cristo, é recorrente em diversos pontificados. Pode-se até mesmo afirmar que tal atributo divino perpassou os pontificados como poucos, e de forma singular. Ainda nos dias atuais, os fiéis se voltam para a misericórdia e celebram no segundo domingo da Páscoa a festa da Divina Misericórdia. Esta, porém foi um traço presente nos pontificados e documentos papais ao longo dos anos na história da Igreja.
Papa Pio XII
Pode-se iniciar o caminho traçado pelos pontífices e a misericórdia no Ano Santo de 1950, onde Papa Pio XII havia evocado a misericórdia divina em sua radiomensagem de Natal de 1949: “A nossos filhos, a todos os homens de bem, seja estimado o compromisso de não decepcionar as esperanças do Pai comum, que tem seus braços erguidos para o céu, para que a nova efusão da misericórdia divina sobre o mundo possa exceder todas as medidas.”
De fato, em seus discursos, Eugenio Pacelli ainda faz questão de destacar as obras de misericórdia como sendo a “essência própria do evangelho”. (Audiência de 19.7.1939)
O mesmo Pontífice ainda marcou seu pontificado com a Encíclica Haurietis Aquas de 15 de maio de 1956, sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e onde também cita seu predecessor, Pio XI, e sua encíclica Miserentissimus Redemptor. Papa Pacelli reitera: “Assim como amou a Igreja, Cristo continua amando-a intensamente, com aquele tríplice amor de que falamos (cf. 1 Jo 2,1); e esse amor é que o impele a fazer-se nosso advogado para nos obter do Pai graça e misericórdia, "estando sempre vivo para interceder por nós" (Hb 7, 25) (44), e ainda recorda que “ao mostrar o Senhor o seu coração sacratíssimo – de modo extraordinário e singular quis atrair a consideração dos homens para a contemplação e a veneração do amor misericordioso de Deus para com o gênero humano”. (52)
Papa Paulo VI
Em 12 de abril de 1968, papa Paulo VI após a Via Sacra no Coliseu, descreveu a misericórdia como uma torrente que jorrava da cruz.
Em seu discurso, afirma: “Jesus morreu não só porque nós o matamos; ele morreu por nós. Ao morrer na cruz, Ele nos salvou. Por nós, Ele sofreu e morreu. E assim como tantas representações da Cruz na arte cristã fazem jorrar riachos de água límpida aos pés daquela árvore da vida para indicar graça, amizade com Deus, os Sacramentos, assim também da Cruz brota uma torrente de misericórdia e nos oferece, a todos nós, o destino inestimável de sermos perdoados, de sermos redimidos. Tanto que, com a liturgia da Igreja, chamaremos "abençoada" a Paixão cruel do Senhor: pois ela é a fonte do nosso renascimento e da nossa felicidade. Não mais a cruz é, portanto, uma forca de ignomínia e morte, mas um símbolo de vitória: in hoc signo vinces. Vemo-lo aqui sob o arco de Constantino, triunfante desde que o destino da Cruz de Cristo abriu novos horizontes radiantes para a história da Igreja.”
João Paulo II
Pode-se dizer também que São João Paulo II baseou muito de seu pontificado na misericórdia, coroando como aspectos particulares de seu magistério o Grande Jubileu do ano 2000 e a instituição da celebração da Divina Misericórdia, sendo realizada no segundo domingo de Páscoa. Tal instituição foi anunciada por ocasião da canonização de Maria Faustyna Kowalska. Além disso, ele havia dedicado também sua segunda encíclica ao tema da Misericórdia, Dives in Misericordia em 1980. Foi neste documento que o pontífice afirmou: "em Cristo e por Cristo, Deus com a sua misericórdia torna-se também particularmente visível; isto é, põe-se em evidência o atributo da divindade, que já o Antigo Testamento, servindo-se de diversos conceitos e termos, tinha chamado «misericórdia». "(2)
Bento XVI
“As mãos de quem vos ajuda em nome da misericórdia sejam uma prolongação destas grandes mãos de Deus.” Em sua viagem à Polônia em maio de 2006, o papa Bento XVI enfatizou o parentesco entre o que ele chamou de dois mistérios: a fragilidade humana e a misericórdia divina. Nesta ocasião ele estava em um encontro com os doentes. O papa continuou seu discurso afirmando que à primeira vista, estes dois mistérios parecem ser opostos um ao outro. Mas quando tentamos mergulhar neles à luz da fé, vemos que eles estão em harmonia mútua. Isto é graças ao mistério da cruz de Cristo.
Papa Francisco
Utilizando-se de outras palavras, mas resgatando ainda o mistério do encontro entre fragilidade humana e acolhida divina, faz-se memória da Carta Apostólica do Papa Francisco, Misericordia et misera, datada do quarto ano do seu pontificado, e por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Nela, lê-se que “A misericórdia é esta ação concreta do amor que, perdoando, transforma e muda a vida. É assim que se manifesta o seu mistério divino. Deus é misericordioso (cf. Ex 34, 6), a sua misericórdia é eterna (cf. Sal 136/135), de geração em geração abraça cada pessoa que confia n’Ele e transforma-a, dando-lhe a sua própria vida.”
O atual Pontífice também, recentemente, em março de 2023, em um encontro com os participantes do Curso sobre o Foro Interno promovido pela Penitenciaria Apostólica, Papa Francisco afirmou que “vivendo da misericórdia e oferecendo-a a todos, a Igreja se realiza e cumpre sua ação apostólica e missionária. Quase poderíamos dizer que a misericórdia está incluída nas "notas" características da Igreja, em particular faz resplandecer a santidade e a apostolicidade.”
Como conclusão, e tomando como luz as palavras de Francisco no mesmo discurso, pode-se enfim afirmar que "desde sempre, a Igreja, com estilos diferentes nas várias épocas, expressou esta "identidade de misericórdia", dirigida tanto ao corpo quanto à alma, desejando, com seu Senhor, a salvação integral da pessoa. A obra da misericórdia divina coincide assim com a própria ação missionária da Igreja, com a evangelização, porque nela resplandece o rosto de Deus como Jesus nos mostrou". Fonte: https://www.vaticannews.va
O Papa: o seminário é o tempo de ser verdadeiros, deixando cair as máscaras
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"Neste processo de discernimento, deixar que o Senhor trabalhe em vocês, que os fará pastores segundo o seu coração porque o contrário é usar máscara, maquiar-se, aparecer é coisa de funcionários, não de pastores do povo, mas de clérigos de Estado", disse Francisco aos seminaristas da Calábria.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (27/03), na Sala do Consistório, no Vaticano, os bispos, superiores, formadores e seminaristas da Calábria por ocasião de sua peregrinação a Roma.
Depois de saudar todos os presentes, o Papa se deteve na pergunta que Jesus faz aos discípulos: «O que vocês estão procurando?» "Às vezes procuramos uma "receita" fácil, mas Jesus começa com uma pergunta que nos convida a olhar para dentro, para verificar as razões do nosso caminho", disse o Pontífice. "A vocação de vocês é caminhar com o Senhor, o amor do Senhor. Tomem cuidado para não caírem no carreirismo que é uma praga, o carreirismo é uma das formas mais feias de mundanismo que nós clérigos podemos ter", sublinhou.
A seguir, o Papa perguntou aos seminaristas: «O que vocês estão procurando? Qual é o desejo que os levou a sair ao encontro do Senhor e a segui-lo no caminho do sacerdócio? O que vocês procuram no Seminário? E o que procuram no sacerdócio? "Devemos nos perguntar, porque às vezes acontece que "por trás das aparências de religiosidade e até de amor à Igreja", na verdade, buscamos «a glória humana e o bem-estar pessoal»", disse Francisco, ressaltando que "é muito triste quando se encontra sacerdotes que são funcionários, que se esqueceram de ser pastores do povo e se tornaram clérigos de Estado. É ruim quando se perde o sentido sacerdotal".
O seminário é o tempo de ser verdadeiros com nós mesmos, deixando cair as máscaras, artimanhas e aparências. Neste processo de discernimento, deixem que o Senhor trabalhe em vocês, que os fará pastores segundo o seu coração porque o contrário é usar máscara, maquiar-se, aparecer é coisa de funcionários, não de pastores do povo, mas de clérigos de Estado.
A seguir, Francisco fez a mesma pergunta de Jesus aos bispos: "O que vocês estão procurando? O que desejam para o futuro da sua terra, com que Igreja vocês sonham? Que tipo de padre vocês imaginam para o seu povo? Vocês são responsáveis pela formação desses jovens."
Este discernimento é mais necessário hoje do que nunca, porque no tempo em que um certo cristianismo do passado se desvaneceu, abriu-se diante de nós um novo tempo eclesial, que exigiu e ainda exige uma reflexão também sobre a figura e o ministério do sacerdote. Não podemos mais pensá-lo como um pastor solitário, fechado no recinto paroquial; é preciso unir forças e partilhar ideias, para enfrentar alguns desafios pastorais que já são transversais a todas as Igrejas diocesanas de uma Região. Penso na evangelização dos jovens, nos percursos de iniciação cristã, na piedade popular, que necessita de escolhas unitárias inspiradas no Evangelho. Penso também nas exigências da caridade e na promoção da cultura da legalidade.
"Tudo isso convida a formar sacerdotes que, vindos de seus próprios contextos, saibam cultivar uma visão comum do território e tenham uma formação humana, espiritual e teológica unitária", sublinhou o Papa, pedindo-lhes para "canalizar todas as energias humanas, espirituais e teológicas num único Seminário". "Não se trata de uma escolha logística ou meramente numérica, mas destinada a amadurecer juntos uma visão eclesial e um horizonte de vida sacerdotal, em vez de dispersar forças multiplicando os lugares de formação e mantendo pequenas realidades com apenas alguns seminaristas".
Segundo o Papa, "um seminário com 4, 5, 10 pessoas não é seminário, não se forma seminaristas; um seminário com 100, anônimo, não forma seminaristas. São necessárias pequenas comunidades também dentro de um grande seminário ou um seminário com medida humana que seja o reflexo do colégio presbiteral. É um discernimento que não é fácil fazer, não é fácil. Mas tem que ser feito e decisões têm que ser tomadas sobre isso. Não será Roma que vai lhes dizer o que fazer, não: porque vocês têm o carisma. Nós damos ideias, orientações, conselhos, mas vocês têm o carisma, vocês têm o Espírito Santo para isso. Se Roma começasse a tomar decisões, seria uma bofetada no Espírito Santo, que age nas Igrejas particulares.
Segundo o Papa, "este processo está sendo iniciado em muitas partes do mundo e é natural que haja alguma resistência e algum esforço em dar este passo". "Mas recordemos que o apego à nossa história e aos lugares significativos da nossa tradição não deve impedir a novidade do Espírito de traçar caminhos a seguir, sobretudo quando o caminho da Igreja o exige. O Senhor nos pede uma atitude de vigilância, para que não nos aconteça "como nos dias de Noé", quando as pessoas, preocupadas com as coisas habituais, não notaram que chegava o dilúvio. Precisamos de olhos abertos e coração atento para captar os sinais dos tempos e olhar adiante", concluiu Francisco. Fonte: https://www.vaticannews.va
Nunca imaginei que lideraria Igreja Católica na '3ª Guerra Mundial', diz papa Francisco
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Pontífice nascido na Argentina fala no 'Popecast' no dia em que se celebram seus dez anos de papado
O papa Francisco durante oração do Angelus, no Vaticano - Filippo Monteforte - 5.mar.23/AFP
SÃO PAULO
Jorge Bergoglio, o primeiro papa latino-americano da história, que nesta segunda (13) completa dez anos como o líder da Igreja Católica, já imaginava se deparar com tensões na chefia da instituição. Mas não esperava ser papa "nos tempos da Terceira Guerra Mundial".
A declaração foi dada pelo próprio papa Francisco em um episódio do Popecast, o podcast produzido pela mídia do Vaticano com o pontífice e divulgado no dia de seu aniversário de uma década no cargo. O papa se refere à Guerra da Ucrânia, conflito que fez o fantasma de um terceiro conflito mundial sair do armário.
Francisco, que nasceu em Buenos Aires, na Argentina, tem pedido por paz em seus conflitos, e a guerra já chegou a ampliar a rusga histórica entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa.
O papa diz que, como alguém que "veio dos confins do mundo", não esperava isso. "Achei que a Síria ia ser única, depois vieram as outras", segue, referindo-se à Guerra Civil síria, que já passa de uma década.
"Por trás das guerras, há a indústria de armas, o que é diabólico", diz Francisco nos quase dez minutos de episódio. "Sofro em ver a morte de jovens homens –sejam eles russos ou ucranianos. É difícil."
No material disponível em italiano, Francisco volta a pedir paz. No início, mostram os apresentadores, ele pergunta o que é um podcast. "Um podcast? O que é isso? Bom... Vamos fazer."
Ao descrever seus dez anos como papa, ele diz: "O tempo voa, tem pressa. Quando você quer agarrar o hoje, já é ontem. Esses dez anos foram assim: vivendo em tensão".
A celebração de seus dez anos de papado contará também com uma missa para a qual foram convidados outros cardeais, no Vaticano. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br
O Papa: perceber a beleza do amor nos rostos das pessoas que caminham ao nosso lado
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Francisco disse, em sua alocução, que o Evangelho deste domingo "nos ensina como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil entender tudo o que Ele diz e faz por nós". Segundo o Papa, "é estando com Ele que aprendemos a reconhecer, no seu rosto, a beleza luminosa do amor que se doa, mesmo quando carrega os sinais da cruz".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco conduziu a oração mariana do Angelus, neste domingo (05/03), lindo dia de sol na Cidade Eterna.
Os fiéis e peregrinos presentes na Praça São Pedro acompanharam as palavras do Pontífice, no II Domingo da Quaresma, em que "é proclamado o Evangelho da Transfiguração: Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João ao monte e revela-se a eles em toda a sua beleza como Filho de Deus".
Francisco nos convidou a refletir um pouco sobre esta cena e a nos perguntar: "Em que consiste esta beleza? O que os discípulos veem? Um efeito espetacular? Não se sabe. Não é isso não. Veem a luz da santidade de Deus brilhar no rosto e nas vestes de Jesus, a imagem perfeita do Pai".
Revela-se a majestade de Deus, a beleza de Deus. Mas Deus é Amor, e por isso os discípulos viram com os próprios olhos a beleza e o esplendor do Amor divino encarnado em Cristo. Uma antecipação do paraíso. Eles tiveram uma antecipação do paraíso. Que surpresa para os discípulos! Eles tiveram a face do Amor diante de seus olhos por tanto tempo, e nunca tinham percebido como era lindo! Só agora eles percebem isso, e com tanta alegria, com imensa alegria.
"Jesus, na realidade, com esta experiência os está formando, os está preparando para um passo ainda mais importante", pois em breve "eles deverão saber reconhecer a mesma beleza Nele, quando subir na cruz e seu rosto for desfigurado".
"Pedro se esforça para entender: ele gostaria de parar o tempo, gostaria de colocar a cena em "pausa", ficar ali e prolongar essa experiência maravilhosa; mas Jesus não permite. De fato, a sua luz não pode ser reduzida a um "momento mágico"! Não é outra coisa. Assim, se tornaria uma coisa falsa e artificial que se dissolve na névoa dos sentimentos passageiros." "Ao contrário", disse ainda o Papa, "Cristo é a luz que orienta o caminho, como a coluna de fogo para o povo no deserto. A beleza de Jesus não aliena os discípulos da realidade da vida, mas lhes dá a força para seguir Ele até Jerusalém, até à cruz. A beleza de Cristo não é alienante, mas leva você adiante, não faz você se esconder. Vai adiante".
"Irmãos e irmãs, este Evangelho traça um caminho também para nós: ensina-nos como é importante estar com Jesus, mesmo quando não é fácil entender tudo o que Ele diz e faz por nós", disse ainda o Papa, acrescentando:
Com efeito, é estando com Ele que aprendemos a reconhecer, no seu rosto, a beleza luminosa do amor que se doa, mesmo quando carrega os sinais da cruz. É na sua escola que aprendemos a perceber a mesma beleza nos rostos das pessoas que caminham todos os dias ao nosso lado: familiares, amigos, colegas, aqueles que cuidam de nós das mais variadas formas. Quantos rostos luminosos, quantos sorrisos, quantas rugas, quantas lágrimas e cicatrizes falam de amor ao nosso redor! Aprendemos a reconhecê-los e a encher o coração.
"Depois partimos, para levar aos outros a luz que recebemos, com obras concretas de amor, mergulhando-nos com mais generosidade nas tarefas quotidianas, amando, servindo e perdoando com mais ímpeto e disponibilidade. A contemplação das maravilhas de Deus, a contemplação do rosto do Senhor deve nos levar adiante a serviço dos outros", ressaltou Francisco.
A seguir, o Pontífice nos convidou a fazer as seguintes perguntas: "Sabemos reconhecer a luz do amor de Deus em nossa vida? Reconhecemo-la com alegria e gratidão no rosto das pessoas que nos amam? Procuramos ao nosso redor os sinais dessa luz, que nos enche o coração e o abre ao amor e ao serviço? Ou preferimos os fogos de palha dos ídolos, que nos alienam e nos fecham em nós mesmos? A grande luz do Senhor e a falsa luz artificial dos ídolos. O que eu prefiro?"
"Que Maria, que guardou no coração a luz de seu Filho, mesmo escuridão do Calvário, nos acompanhe sempre no caminho do amor", concluiu o Papa. Fonte: https://www.vaticannews.va
1º Domingo da Quaresma: Um Olhar do Papa Francisco
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Papa: Jesus nos ensina a defender a unidade com Deus e entre nós dos ataques do divisor
Apego, desconfiança e poder, três poderosos venenos que o diabo usou para tentar Jesus, assim como os usa para tentar também a nós, para separar do Pai e destruir a unidade entre nós. A Palavra de Deus, usada com fé, é o antídoto para vencer as tentações.
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
De quem e de que maneira o diabo separa, os três poderosos "venenos" que usa para destruir a unidade com Deus e entre nós e o que fazer para vencer suas tentações e insídias. Em síntese, foi o que o Papa propôs em sua reflexão neste I Domingo da Quaresma, antes da oração do Angelus.
O Evangelho de Mateus (Mt 4, 1-11) proposto pela liturgia do dia, apresenta Jesus no deserto sendo tentado pelo diabo. Francisco, dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça São Pedro, explica inicialmente que diabo significa "divisor", ele "sempre quer criar divisão". E é o que se propõe a fazer em relação a Jesus.
Mas - pergunta o Papa - de quem o diabo quer separar Jesus, e de que maneira?
"Depois de ter recebido o Batismo de João no Jordão - recorda Francisco -, Jesus foi chamado pelo Pai "meu Filho amado" e o Espírito Santo desceu sobre ele na forma de pomba":
O Evangelho apresenta-nos assim as três Pessoas divinas unidas no amor. E não só: o próprio Jesus dirá ter vindo ao mundo para nos tornar participantes da unidade que existe entre Ele e o Pai. O diabo, ao invés disso, faz o contrário: entra em cena para separar Jesus do Pai e distanciá-lo de sua missão de unidade por nós. Divide sempre
Apego, desconfiança, poder
Francisco então explica de que maneira o diabo tenta fazer isso:
O diabo quer se aproveitar da condição humana de Jesus, que está fraco porque jejuou quarenta dias e teve fome. O maligno então tenta incutir nele três poderosos "venenos", para paralisar sua missão de unidade. E esses venenos são o apego, a desconfiança e o poder.
-Sobre o veneno do apego às coisas, às necessidades, o Papa diz:
Com um raciocínio persuasivo, o diabo tenta sugestionar Jesus: “Tens fome, por que deves jejuar? Ouça a tua necessidade e satisfaça-a, tens o direito e também tens o poder: transforme as pedras em pão”.
Depois o segundo veneno, a desconfiança:
“Tens certeza – insinua o maligno – de que o Pai quer o teu bem? Coloque-o à prova, chantageie-o! Lança-te do ponto mais alto do templo e faz com que ele faça o que tu queres."
Por fim, o terceiro veneno, o poder:
“Tu não precisas do teu Pai! Por que esperar por seus dons? Siga os critérios do mundo, pegue tudo para si e serás poderoso!”.
Separar-nos de Deus e nos dividir como irmãos
"É terrível!", exclama Francisco, chamando a atenção para o fato de que o diabo usa em relação a nós esses mesmos três poderosos venenos para nos separar de Deus e nos dividir como irmãos:
O apego às coisas, a desconfiança e a sede de poder são três tentações difundidas e perigosas que o demônio usa para nos separar do Pai e não nos fazer sentir mais irmãos e irmãs entre nós, para levar-nos à solidão e ao desespero. Isso quer fazer o diabo, isso quer fazer a nós: levar-nos ao desespero!
Vencer as tentações com a Palavra de Deus
Mas o Santo Padre também recorda como Jesus vence as tentações: "Evitando discutir com o diabo e respondendo com a Palavra de Deus. Isto é importante: não se discute com o diabo, não se dialoga com o diabo. Jesus o confronta com a Palavra de Deus". E "cita três frases da Escritura que falam de liberdade das coisas, de confiança e de serviço a Deus, três frases opostas às tentações. Nunca dialoga com o diabo, não negocia com ele, mas refuta suas insinuações com as Palavras benéficas da Escritura":
É um convite também para nós: com o diabo não se discute! Não se negocia, não se dialoga; ele não é derrotado tratando com ele, é mais forte do que nós. O diabo o derrotamos opondo a ele com fé a Palavra divina. Deste modo Jesus nos ensina a defender a unidade com Deus e entre nós dos ataques do divisor. A Palavra Divina che é a resposta de Jesus à tentação do diabo.
Como costuma fazer ao final de suas reflexões dominicais, Francisco propõe que nos perguntemos:
Que lugar a Palavra de Deus ocupa na minha vida? Recorro à Palavra de Deus em minhas lutas espirituais? Se tenho um vício ou tentação recorrente, por que, buscando ajuda, não procuro um versículo da Palavra de Deus que responda a esse vício? Depois, quando vem a tentação, eu o recito, o rezo confiando na graça de Cristo. Experimentemos fazer isso, nos ajudará nas tentações porque, entre as vozes que se agitam dentro de nós, ressoará aquela benéfica da Palavra de Deus.
Que Maria - foi seu pedido ao concluir - que acolheu a Palavra de Deus e com sua humildade derrotou a soberba do divisor, acompanhe-nos na luta espiritual da Quaresma. Fonte: https://www.vaticannews.va
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CF 2023
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REFLEXÃO LEVE A CONSCIÊNCIA DE QUE PARTILHA DOS DONS DEVE SER ATITUDE CONSTANTE
O Papa Francisco enviou sua mensagem ao Brasil por ocasião da Campanha da Fraternidade 2023. Seu desejo expresso no texto é que a reflexão sobre o tema da fome, proposto pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aos católicos brasileiros no Tempo da Quaresma, seja “uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome“.
A intenção é que essa reflexão gere em todos, diz o Papa, “a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais”.
Na mensagem, o Papa recorda o convite que Deus faz a trilhar um “caminho de verdadeira e sincera conversão” e que a proposta da Campanha da Fraternidade tem o intuito de animar o povo fiel “nesse itinerário ao encontro do Senhor”, com a a proposta de voltar o olhar para os mais necessitados, “afetados pelo flagelo da fome”.
“Ainda hoje, ‘milhões de pessoas sofrem e morrem de fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável”, disse o Papa, recordando um discurso aos Movimentos Populares, em 2014.
“A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer têm com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos”, afirma o Papa.
Reflexos da Campanha
Francisco desejou também que a conscientização pessoal ressoe “em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome”.
Confira o texto na íntegra:
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Todos os anos, no tempo da Quaresma, somos chamados por Deus a trilhar um caminho de verdadeira e sincera conversão, redirecionando toda a nossa vida para Ele, que “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). Ao preparar-nos para a celebração dessa entrega amorosa na Páscoa, encontramos na oração, na esmola e no jejum, vividos de modo mais intenso durante este tempo, práticas penitenciais que nos ajudam a colaborar com a ação do Espirito Santo, autor da nossa santificação.
Com o intuito de animar o povo fiel nesse itinerário ao encontro do Senhor, a Campanha da Fraternidade deste ano propõe que voltemos o nosso olhar para os nossos irmãos mais necessitados, afetados pelo flagelo da fome. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Isto constitui um verdadeiro escândalo. A fome é criminosa, a alimentação é um direito inalienável” (Discurso no encontro com os Movimentos Populares, 28/X/2014)
A indicação dada por Jesus aos seus apóstolos “Dai-lhes vos mesmos de comer” (Mt 14, 16) é dirigida hoje a todos nós, seus discípulos, para que partilhemos – do muito ou do pouco que temos – com os nossos irmãos que nem sequer tem com que saciar a própria fome. Sabemos que indo ao encontro das necessidades daqueles que passam fome, estaremos saciando o próprio Senhor Jesus, que se identifica com os mais pobres e famintos: eu estava com fome, e me destes de comer… todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 35.40).
É meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome, proposta aos católicos brasileiros durante o tempo quaresmal que se aproxima, leve não somente a ações concretas – sem dúvida, necessárias – que venham de modo emergencial em auxilio dos irmãos mais necessitados, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome.
Desejo igualmente que esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e diocesanas, mas também encontre eco nos órgãos de governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade civil, a fim de que, trabalhando todos em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o flagelo da fome. Lembremo-nos de que “aqueles que sofrem a miséria não são diferentes de nós. Têm a mesma carne e sangue que nós. Por isso, merecem que uma mão amiga os socorra e ajude, de modo que ninguém seja deixado para trás e, no nosso mundo, a fraternidade tenha direito de cidadania” (Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação, 16/X/2018, n. 7) .
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida e como penhor de abundantes graças celestes que auxiliem as iniciativas nascidas a partir da Campanha da Fraternidade, concedo de bom grado a todos os filhos e filhas da querida nação brasileira, de modo especial aqueles que se empenham incansavelmente para que ninguém passe fome, a Benção Apostólica, pedindo que continuem a rezar por mim.
Roma, São João de Latrão, 21 de dezembro de 2022.
Franciscus
Fonte: https://www.cnbb.org.br
Papa: os leigos não são "hóspedes" em sua própria casa. O clericalismo é uma praga
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“Chegou a hora de pastores e leigos caminharem juntos em cada âmbito da vida da Igreja, em todas as partes do mundo”, disse o Papa em audiência no Vaticano na manhã deste sábado, 18 de fevereiro. Francisco reiterou o seu sonho de uma Igreja missionária, onde os leigos não sejam mais clerizalizados do que os próprios clérigos.
Vatican News
Os leigos não são “hóspedes” na Igreja, mas estão em sua casa: foi o que disse o Papa ao receber em audiência este sábado (18/02) os participantes do Congresso dos presidentes e referentes das Comissões para o Laicato das Conferências Episcopais. O Congresso é uma iniciativa do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, com a finalidade de refletir sobre a corresponsabilidade de pastores e fiéis a caminharem juntos na Igreja.
Em seu discurso, o Papa se deteve sobre a dimensão “sinodal” desta caminhada, pedindo a superação de modos de agir autônomos, já que a sinodalidade encontra sua fonte e fim último na missão: “pastores e fiéis leigos juntos. Não indivíduos isolados, mas um povo que evangeliza”.
"Esta é a intuição que devemos ter sempre: a Igreja é o santo povo de Deus. Na Lumen gentium 8, 12 é isto, não é populismo nem elitismo. Não. É o santo povo fiel de Deus. E isto não se aprende teoricamente, se entende vivendo."
O sonho de uma Igreja missionária
Francisco resgatou sua Exortação apostólica Evangelii gaudium, onde expressa o sonho de uma Igreja missionária, mas para isso a Igreja precisa ser sinodal.
"Sonho uma Igreja missionária. E me vem à mente uma figura do Apocalipse, quando Jesus diz: 'Estou à porta e bato'. É verdade, era para entrar: 'Se alguém me abrir, entrarei e comerei com ele'. Mas hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas a partir de dentro, para que o deixem sair! Muitas vezes a Igreja acaba prisioneira que não deixa o Senhor sair, o tem como propriedade, e o Senhor veio para a missão e nos quer missionários."
Para o Pontífice, este horizonte oferece a justa chave de leitura para o tema da corresponsabilidade, da valorização dos leigos. Isto não depende de uma alguma novidade teológica nem se trata de “reivindicações" de categoria, mas se baseia numa correta visão da Igreja como Povo de Deus, dos quais os leigos fazem plenamente parte com os ministros ordenados. "Eles não são donos, são os servidores".
Francisco afirmou que é preciso recuperar uma “eclesiologia integral”, onde deve ser acentuada a unidade, não a separação. O leigo não é um “não clérigo” ou um “não religioso”, mas batizado como membro do Povo santo de Deus. No Novo Testamento, disse o Papa, não aparece a palavra leigo, mas se fala de fiéis, discípulos, irmãos – termos aplicados a todos: leigos e ministros ordenados. Portanto, o único elemento fundamental é a pertença a Cristo. Os mártires, por exemplo, não se declaram bispos ou leigos, mas cristãos.
“Também hoje, num mundo que se seculariza sempre mais, o que realmente nos distingue como Povo de Deus é a fé em Cristo, não o estado de vida. Somos batizados cristãos, discípulos de Cristo. Todo o resto é secundário." Sacerdote, bispo ou cardeal que seja.
Leigos não são "hóspedes" em sua própria casa
Certamente os leigos são chamados a viver sua missão em ambientes seculares, mas isso não exclui que tenham capacidades, competências para contribuir para a vida da Igreja.
Neste processo, a formação dos leigos é indispensável para viver a corresponsabilidade. Formação não só acadêmica, mas prática, pois o apostolado laical é sobretudo testemunho. "Também neste ponto gostaria de destacar que a formação deve ser orientada para a missão, não só para as teorias, porque isso acaba nas ideologias. É terrível, é uma peste: a ideologia na Igreja é uma peste." Por sua vez, os pastores também devem ser formados, desde o seminário, a uma colaboração cotidiana e ordinária com os leigos.
Esta corresponsabilidade permitirá superar dicotomias, medos e desconfianças recíprocas.
“Chegou a hora de pastores e leigos caminharem juntos em cada âmbito da vida da Igreja, em todas as partes do mundo. Os fiéis leigos não são 'hóspedes' na Igreja, estão em sua casa, por isso são chamados a cuidar da própria casa.”
Francisco pediu uma maior valorização dos leigos, sobretudo das mulheres, na vida das paróquias e dioceses. E ofereceu exemplos de colaboração com os sacerdotes: na formação de crianças e jovens, na preparação ao matrimônio, no acompanhamento da vida familiar, na organização de iniciativas, trabalhando nos escritórios das dioceses e contribuindo inclusive na formação de seminaristas e religiosos, recordando que um leigo também pode ser diretor espiritual.
Clericalismo, uma peste na Igreja
“Poderemos dizer: leigos e pastores juntos na Igreja, leigos e pastores juntos no mundo”, concluiu o Papa, citando o livro Meditations sur l’Eglise, em que o cardeal De Lubac alerta para o clericalismo.
"O clericalismo deve ser expulso. Um sacerdote, um bispo que cai nesta atitude faz muito mal à Igreja. Mas é uma doença contagiosa e pior que um padre ou bispo clerical são os leigos clericalizados: por favor, são uma peste na Igreja. Leigo é leigo."
Francisco finalizou seu discurso recomendando que todos tenham no coração e na mente esta bela visão da Igreja: “Uma Igreja propensa à missão e onde se unificam as forças e se caminha juntos para evangelizar”. Fonte: https://www.vaticannews.va
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