Sexta-feira, 1º de maio. Homilia do Papa na Festa de São José Operário: “A ninguém falte o trabalho, a dignidade do trabalho e a justa retribuição”.
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Na Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, esta sexta-feira, 1º de maio, na memória de São José operário, o Papa rezou por todos os trabalhadores para que sejam justamente retribuídos, possam ter um trabalho digno e gozar da beleza do repouso
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira, 1º de maio, em que a Igreja recorda São José operário. Encontrava-se na capela do Espírito Santo uma imagem de São José artesão, levada para esta ocasião pelas Acli, as Associações cristãs dos trabalhadores italianos. Na introdução, o Papa dirigiu seu pensamento ao mundo do trabalho:
Hoje, que é festa de São José operário, também Dia dos Trabalhadores, rezemos por todos os trabalhadores. Por todos. Para que não falte trabalho a nenhuma pessoa e todos sejam justamente retribuídos e possam gozar da dignidade do trabalho e da beleza do repouso.
Na homilia, o Papa comentou a passagem da leitura do dia do Livro do Gênesis (Gn 1,26-2,3) em que é descrita a criação do homem à imagem e semelhança de Deus. “No sétimo dia, Deus considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera”.
Deus – afirmou Francisco – entrega a sua atividade, seu trabalho, ao homem, para que colabore com Ele. O trabalho humano é a vocação recebida por Deus e torna o homem semelhante a Deus porque com o trabalho o homem é capaz de criar. O trabalho dá a dignidade. Dignidade tão espezinhada na história. Também hoje há muitos escravos, escravos do trabalho para sobreviver: trabalhadores forçados, mal pagos, com a dignidade espezinhada. Tira-se a dignidade das pessoas. Também aqui onde estamos acontece – observou o Papa – com os trabalhadores diaristas com uma retribuição mínima por muitas horas trabalhadas, com a doméstica a quem não se paga o justo e não tem as seguranças sociais e a aposentadoria. Isso acontece aqui: é espezinhar a dignidade humana. Toda injustiça que se faz ao trabalhador é espezinhar a dignidade humana. Hoje, nos unimos a tantas pessoas crentes e não-crentes que celebram este dia do trabalhador por aqueles que lutam para ter justiça no trabalho. O Papa rezou por aqueles bons empresários que não querem demitir as pessoas, que protegem os trabalhadores como se fossem filhos, e rezou a São José para que nos ajude a lutar pela dignidade do trabalho, a fim de que haja trabalho para todos e que seja um trabalho digno.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Deus criou. Um Criador. Criou o mundo, criou o homem e deu uma missão, ao homem: administrar, trabalhar, levar a criação adiante. E a palavra “trabalho” é a que a Bíblia usa para descrever esta atividade de Deus: “Considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda a obra que fizera”, e entregou esta atividade ao homem: “Tu deves fazer isto, custodiar aquilo, aquilo outro, deves trabalhar para criar comigo – é como se assim dissesse – este mundo, para que siga adiante”. A tal ponto que o trabalho nada mais é que a continuação do trabalho de Deus: o trabalho humano é a vocação do homem recebida de Deus para a finalidade da criação do universo.
E o trabalho é aquilo que torna o homem semelhante a Deus, porque com o trabalho o homem é criador, é capaz de criar, de criar muitas coisas, inclusive criar uma família para seguir adiante. O homem é um criador e cria com o trabalho. Essa é a vocação. E a Bíblia diz que “Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom”. Isto é, o trabalho tem intrinsecamente uma bondade e cria a harmonia das coisas – beleza, bondade – e envolve o homem em tudo: no seu pensamento, no seu agir, tudo. O homem é envolvido no trabalhar. É a primeira vocação do homem: trabalhar. E isso dá dignidade ao homem. A dignidade que o faz semelhante a Deus. A dignidade do trabalho.
Uma vez, numa Caritas, um funcionário da Caritas disse a um homem que não tinha trabalho e ia à Caritas buscar alguma coisa para a família: “O senhor pode ao menos levar o pão para casa” – “Mas isso não me basta, não é suficiente”, foi a resposta: “Eu quero ganhar o pão para levá-lo para casa”. Faltava-lhe a dignidade, a dignidade de ser ele a “fazer” o pão, com o seu trabalho, e levá-lo para casa. A dignidade do trabalho, que é tão espezinhada, infelizmente. Na história lemos as brutalidades que faziam com os escravos: levavam-no da África para a América – penso naquela história que diz respeito à minha terra – e nós dizemos “quanta barbárie”... Mas também hoje há muitos escravos, muitos homens e mulheres que não são livres para trabalhar: são obrigados a trabalhar, para sobreviver, nada mais. São escravos: os trabalhos forçados... são trabalhos forçados, injustos, mal pagos e que levam o homem a viver com a dignidade espezinhada. São muitos, muitos no mundo. Alguns meses atrás lemos nos jornais, naquele país da Ásia, como um senhor tinha matado a pauladas um funcionário seu que ganhava menos de meio dólar por dia, por uma coisa que tinha saído mal feita por este. A escravidão de hoje é a nossa “indignidade”, porque tolhe a dignidade ao homem, à mulher, a todos nós. “Não, eu trabalho, tenho minha dignidade”: sim, mas seus irmãos, não. “Sim, padre, é verdade, mas isto, como está tão distante, tenho dificuldade de entender. Mas aqui onde estamos...”: também aqui, entre nós. Aqui, entre nós. Pense nos trabalhadores, os diaristas, que você faz trabalhar por uma retribuição mínima e não oito, mas doze, quatorze horas por dia: isso acontece hoje, aqui. No mundo inteiro, mas também aqui. Pense na doméstica que não tem justa retribuição, que não tem assistência social de segurança, que não tem capacidade de aposentadoria: isso não acontece somente na Ásia. Aqui.
Toda injustiça que se faz a uma pessoa que trabalha é espezinhar a dignidade humana, inclusive a dignidade de quem faz a injustiça: abaixa-se o nível e se acaba naquela tensão de ditador-escravo. Ao invés, a vocação que Deus nos dá é muito bonita: criar, re-criar. Trabalhar. Mas isso pode ser feito quando as condições são justas e se respeita a dignidade da pessoa.
Hoje nos unimos a muitos homens e mulheres, crentes e não-crentes, que comemoram hoje o dia do Trabalhador, o Dia do Trabalho, por aqueles que lutam para ter uma justiça no trabalho, por eles – bons empresários – que levam o trabalho adiante com justiça, mesmo se têm perdas.
Dois meses atrás ouvi por telefone um empresário, aqui, na Itália, que me pedia para rezar por ele porque não queria demitir ninguém e disse assim: “Porque demitir um deles é me demitir”. Essa consciência de muitos bons empresários, que protegem os trabalhadores como se fossem filhos. Rezemos também por eles. E peçamos a São José – com este ícone tão bonito com os instrumentos de trabalho em mãos – que nos ajude a lutar pela dignidade do trabalho, a fim de que haja trabalho para todos e que seja trabalho digno. Não trabalho de escravo. Essa seja a oração hoje.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira, 30. A oração especial do Papa pelas vítimas anônimas da pandemia
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Na Missa esta quinta-feira (30/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa rezou em particular pelos mortos sem nome, sepultados nas valas comuns. Na homilia, recordou que anunciar Jesus não é fazer proselitismo, mas testemunhar a fé com a própria vida e pedir ao Pai que atraia as pessoas ao Filho
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta quinta-feira (30/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento às vítimas do novo coronavírus:
Rezemos hoje pelos defuntos, aqueles que morreram por causa da pandemia; e também de modo especial pelos defuntos – digamos assim – anônimos: vimos as fotografias das valas comuns. Muitos ali…
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 8,26-40) que conta o encontro de Filipe com um etíope eunuco, funcionário de Candace, desejoso de compreender quem era a pessoa descrita pelo profeta Isaías: “Ele foi levado como ovelha ao matadouro”. Depois que Filipe lhe explicou que se tratava de Jesus, o etíope se deixou batizar.
É o Pai – afirmou Francisco recordando o Evangelho de hoje (Jo 6,44-51) – quem atrai ao conhecimento do Filho: sem essa intervenção não se pode conhecer o mistério de Cristo. Foi o que aconteceu com o funcionário etíope, que ao ler o profeta Isaías tinha uma inquietude colocada pelo Pai em seu coração. Isso – observou o Papa – vale também para a missão: nós não convertemos ninguém, é o Pai que atrai. Nós podemos simplesmente dar um testemunho de fé. O Pai atrai através do testemunho de fé. É preciso pedir que o Pai atraia as pessoas a Jesus: são necessários o testemunho e a oração. Esse é o centro do nosso apostolado. Perguntemo-nos: dou testemunho com meu estilo de vida, rezo para que o Pai atraia as pessoas a Jesus? Ir em missão não é fazer proselitismo, é testemunhar. Nós não convertemos ninguém, é Deus que toca o coração das pessoas. Peçamos ao Senhor – foi a oração conclusiva do Papa – a graça de viver nosso trabalho com o testemunho e com a oração para que Ele possa atrair as pessoas a Jesus.
A seguir, a homilia transcrita pelo Vatican News:
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai”: Jesus recorda que também os profetas tinham preanunciado isto: “E todos serão instruídos por Deus”. É Deus quem atrai ao conhecimento do Filho. Sem isso, não se pode conhecer Jesus. Sim se pode estudar, inclusive estudar a Bíblia, também conhecer como nasceu, o que fez: isso sim. Mas conhecê-Lo interiormente, conhecer o mistério de Cristo é somente para aqueles que foram atraídos pelo Pai para isso.
Foi o que aconteceu a este ministro da economia da rainha da Etiópia. Vê-se que era um homem piedoso e que reservou um tempo, em meio aos muitos negócios que tinha a fazer, para ir adorar Deus. Um fiel. E voltava à pátria lendo o profeta Isaías. O Senhor pegou Filipe, enviou-o àquele lugar e depois lhe disse: “Aproxima-te desse carro”, e ouve o ministro que está lendo Isaías. (Ele) se aproxima e lhe faz uma pergunta: “Compreendes?” – “Como posso, se ninguém mo explica?”, e faz a pergunta: “De quem o profeta está dizendo isso?” Peço-te, suba no carro”, e durante a viagem – não sei quanto tempo, penso que ao menos duas horas – Filipe explicou: explicou Jesus (conf. versículos 26-35).
Aquela inquietude que este senhor tinha na leitura do profeta Isaías era propriamente do Pai, que atraia a Jesus: o tinha preparado, o tinha levado da Etiópia a Jerusalém para adorar Deus e depois, com essa leitura, tinha preparado o coração para revelar Jesus, a ponto que assim que viu a água disse: “Posso ser batizado”. E ele acreditou.
E isso – que ninguém pode conhecer Jesus sem que o Pai o atraia –, isso é válido para o nosso apostolado, para a nossa missão apostólica como cristãos. Penso também nas missões. “O que você vai fazer nas missões?” – “Eu, converter as pessoas” – “Pare, você não vai converter ninguém! Será o Pai a atrair aqueles corações para reconhecer Jesus”. Ir em missão é dar testemunho da própria fé; sem testemunho você não fará nada. Ir em missão – e são bons missionários! – não significa criar grandes estruturas, coisas... e parar por aí. Não: as estruturas devem ser testemunhos. Você pode fazer uma estrutura hospitalar, educacional de grande perfeição, de grande desenvolvimento, mas se uma estrutura é sem testemunho cristão, seu trabalho aí não será um trabalho de testemunha, um trabalho de verdadeira pregação de Jesus: será uma sociedade de beneficência, muito boa – muito boa! – mas nada mais.
Se eu quero ir em missão, e digo isso se eu quero ir em apostolado, devo ir com a disponibilidade que o Pai atraia as pessoas a Jesus, e isso é feito pelo testemunho. Jesus mesmo o disse a Pedro, quando confessa que Ele é o Messias: “Feliz és tu, Simão Pedro, porque quem te revelou isso foi o Pai”. É o Pai que atrai, e atrai com nosso testemunho. “Eu farei muitas obras, aqui, ali, acolá, de educação, disso, daquilo outro...”, mas sem testemunho são coisas boas, mas não são o anúncio do Evangelho, não são lugares que dão a possibilidade que o Pai atraia ao conhecimento de Jesus (conf. Jo 6,44). Trabalho e o testemunho.
“Mas como posso fazer para que o Pai se preocupe em atrair essas pessoas?” A oração. E essa é a oração pelas missões: rezar para que o Pai atraia as pessoas a Jesus. Testemunho e oração caminham juntos. Sem testemunho e oração não se pode fazer pregação apostólica, não se pode fazer anúncio. Você fará uma bonita pregação moral, fará muitas coisas boas, todas boas. Mas o Pai não terá a possibilidade de atrair as pessoas a Jesus. E esse é o centro: esse é o centro do nosso apostolado, que o Pai possa atrair as pessoas a Jesus. Nosso testemunho abre as portas às pessoas e nossa oração abre as portas ao coração do Pai para que atraia as pessoas. Testemunho e oração. E isso não é somente para as missões, é também para nosso trabalho como cristãos. Eu dou testemunho de vida cristã, realmente, com o meu estilo de vida? Eu rezo para que o Pai atraia as pessoas a Jesus?
Essa é a grande regra para nosso apostolado, em todos os lugares, e de modo especial para as missões. Ir em missão não é fazer proselitismo. Uma vez... uma senhora – uma boa pessoa, se via que era de boa vontade – se aproximou com dois jovens, um jovem e uma jovem, e me disse: “Este (jovem), Padre, era protestante e se converteu: eu o converti. E esta (jovem) era...” – não sei, animista, não sei o que me disse, “e eu a converti”. E a senhora era boa: boa. Mas errava. Perdi um pouco a paciência e disse: “Escute-me, a senhora não converteu ninguém: foi Deus quem tocou o coração das pessoas. E não se esqueça: testemunho, sim; proselitismo, não”.
Peçamos ao Senhor a graça de viver nosso trabalho com testemunho e com oração, para que Ele, o Pai, possa atrair as pessoas a Jesus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira, 29. O Papa reza pela Europa, para que seja unida e fraterna
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Na Missa esta quarta-feira (29/04), o Papa, recordando a memória litúrgica de Santa Catarina de Sena, padroeira da Europa, rezou pela unidade da Europa e da União Europeia, para que todos juntos possamos seguir adiante como irmãos. Na homilia, convidou a pedir ao Senhor a graça da simplicidade e da humildade para confessar os próprios pecados concretos, e assim encontrar o perdão de Deus
VATICAN MEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira, 29 de abril, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de Santa Catarina de Sena, virgem, doutora da Igreja, padroeira da Itália e da Europa. Na introdução, dirigiu seu pensamento à Europa, como fez outras vezes nestes dias caracterizados pela pandemia da Covid-19:
Hoje é Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, padroeira da Europa. Rezemos pela Europa, pela unidade da Europa, pela unidade da União Europeia: para que todos juntos possamos seguir adiante como irmãos.
Na homilia, o Papa comentou a primeira Carta de São João (1,5-2,2) em que o apóstolo afirma que Deus é luz e se dissermos que estamos em comunhão com Ele estamos também em comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado. E adverte: se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, mas se reconhecermos nossos pecados, então Deus nos perdoa e nos purifica de toda culpa. O apóstolo – observou Francisco – chama à concretude da vida, à verdade: diz que não podemos caminhar na luz e estar nas trevas. Pior é caminhar no indefinido, porque faz você acreditar que caminha na luz e isso o tranquiliza. O indefinido é muito traidor. O contrário é a concretude de reconhecer os próprios pecados. A verdade é concreta, as mentiras são etéreas: por isso é preciso confessar os pecados não abstratamente, mas de modo concreto. Como diz o Evangelho do dia (Mt 11,25-30) em que Jesus louva ao Pai porque escondeu o Evangelho aos sábios e entendidos e o revelou aos pequeninos. Os pequeninos – ressaltou o Santo Padre – confessam os pecados de modo simples, dizem coisas concretas porque têm a simplicidade que Deus lhes dá. Também nós devemos ser simples e concretos e confessar, com humildade e vergonha, nossos pecados concretos. A concretude nos leva à humildade. E o Senhor nos perdoa: é preciso dar nome aos pecados. Se somos abstratos em confessá-los, somos genéricos, acabamos nas trevas. É importante – afirmou o Papa – ter a liberdade de dizer ao Senhor as coisas como elas são, ter a sabedoria da concretude, porque o diabo quer que nós vivamos na indefinição, nem branco nem preto. O Senhor não gosta dos mornos. A vida espiritual é simples, mas nós a complicamos com nuances. Peçamos ao Senhor – concluiu Francisco – a graça da simplicidade, a transparência, a graça da liberdade de dizer as coisas como elas são e de conhecer bem quem somos diante de Deus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Carta de São João apóstolo há muitos contrastes: entre luz e trevas, entre mentira e verdade, entre pecado e inocência. Mas sempre o apóstolo chama à concretude, à verdade, e nos diz que não podemos estar em comunhão com Jesus e caminhar nas trevas, porque Ele é luz. Ou uma coisa ou outra: o indefinido é pior ainda, porque o indefinido faz você acreditar que caminha na luz, porque você não se encontra nas trevas e isso o tranquiliza. O indefinido é muito traidor. Ou uma coisa ou outra.
O apóstolo continua: “Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós”, porque todos pecamos, todos somos pecadores. E aqui há algo que pode nos enganar: dizer “todos somos pecadores”, como quem diz “bom-dia”, “tenha um bom-dia”, uma coisa habitual, também uma coisa social, e assim não temos uma verdadeira consciência do pecado. Não: eu sou pecador por isto, isto, isto. A concretude. A concretude da verdade: a verdade é sempre concreta; as mentiras são etéreas, são como o ar, você não pode pegá-lo. A verdade é concreta. E você não pode ir confessar seus pecados de modo abstrato: “Sim, eu... sim, uma vez perdi a paciência, outra...”, e coisas abstratas. “Sou pecador”. A concretude: “Eu fiz isto. Eu pensei isto. Eu disse isto”. A concretude é aquilo que me faz sentir-me seriamente pecador e não pecador no ar.
Jesus no Evangelho: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”. A concretude dos pequeninos. É bonito ouvir os pequeninos quando veem confessar-se: não dizem coisas estranhas, no ar; dizem as coisas concretas; e às vezes demasiadamente concretas porque têm aquela simplicidade que Deus dá aos pequeninos. Lembro-me sempre de uma criança que uma vez veio dizer-me que estava triste porque tinha brigado com a tia... Depois continuou. Eu disse: “Mas o que você fez?” – “Eu estava em casa, queria ir jogar bola – uma criança, hein? – mas a tia, a mãe estava fora, disse: “Não, você não sai: primeiro deve fazer as tarefas”. Palavra vai, palavra vem, e no final acabei xingando-a. Era uma criança de grande cultura geográfica... Disse-me inclusive o nome do lugar para onde tinha mandado a tia! São assim: simples, concretas.
Também nós devemos ser simples, concretos: a concretude leva você à humildade, porque a humildade é concreta. “Somos todos pecadores” é uma coisa abstrata. Não: “eu sou pecador por isto, isto e isto”, e isso me leva à vergonha de olhar para Jesus: “Perdoai-me”. A verdadeira atitude do pecador. “Se dissermos que não temos pecado, estamo-nos enganando a nós mesmos, e a verdade não está dentro de nós”. É um modo de dizer que não temos pecado, é esta atitude abstrata : “Sim, somos pecadores, sim, uma vez perdi a paciência...” mas tudo no ar. Não me dou conta da realidade dos meus pecados. “Mas, o senhor sabe, todos fazemos essas coisas, sinto muito, sinto muito... me entristece, não quero mais fazer isso, não quero mais dizer isso, não quero mais pensar isso”. É importante que nós, dentro de nós, demos nome aos nossos pecados. A concretude. Porque se mantermos no ar, acabaremos nas trevas. Sejamos como os pequeninos, que dizem aquilo que sentem, aquilo que pensam: ainda não aprenderam a arte de dizer as coisas um pouco camufladas para que sejam entendidas mas não sejam ditas. Essa é uma arte dos adultos, que muitas vezes não nos faz bem.
Ontem recebi uma carta de um garoto de Caravaggio. Chama-se André. E me contava suas coisas: as cartas dos garotos, das crianças, são belíssimas, pela concretude. E me dizia que tinha acompanhado a Missa pela televisão e que devia “reclamar-me” uma coisa: que eu digo “A paz esteja convosco”, “e você não pode dizer isso porque com a pandemia não podemos tocar-nos”. Não vê que vocês fazem assim com a cabeça e não se tocam. Mas a liberdade de dizer as coisas como elas são.
Também nós, com o Senhor, a liberdade de dizer as coisas como elas são: “Senhor, estou no pecado: ajuda-me”. Como Pedro após a primeira pesca milagrosa: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”. Ter essa sabedoria da concretude. Porque o diabo quer que nós vivamos na tepidez, mornos, no indefinido: nem bons nem maus, nem branco nem preto: indefinido. Uma vida que não agrada ao Senhor. O Senhor não gosta dos mornos.
Concretude. Para não ser mentirosos. Se confessarmos nossos pecados, Ele se mostra fiel e justo, para nos perdoar: perdoa-nos quando somos concretos. A vida espiritual é muito simples, muito simples; mas nós a tornamos complicada com essas nuances, e acabamos jamais chegando à meta.
Peçamos ao Senhor a graça da simplicidade e que Ele nos dê essa graça que dá aos simples, às crianças, aos jovens que dizem aquilo que sentem, que não escondem aquilo que sentem. Mesmo se é uma coisa errada, mas o dizem. Mesmo com Ele, dizer as coisas: a transparência. E não viver uma vida que não é uma coisa nem outra. A graça da liberdade para dizer essas coisas e também a graça de conhecer bem quem somos diante de Deus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 28. Homilia do Papa: “O Senhor dê prudência a seu povo diante da pandemia”.
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Na Missa esta terça-feira (28/04) na Casa Santa Marta, non Vaticano, Francisco rezou para que o povo de Deus seja obediente às disposições em vista do fim da quarentena, para que a pandemia não volte. Na homilia, o Papa convidou a não cair no pequeno linchamento diário do mexerico que provoca falsos julgamentos sobre as pessoas
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta terça-feira (28/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, pensou no comportamento do povo de Deus diante do fim da quarentena:
Neste tempo, no qual se começa a ter disposições para sair da quarentena, rezemos ao Senhor para que dê a seu povo, a todos nós, a graça da prudência e da obediência às disposições, para que a pandemia não volte.
Na homilia, o Papa comentou a passagem do dia do Livro dos Atos dos Apóstolos (At 7,51-8,1a), em que Estêvão fala com coragem ao povo, aos anciãos e aos doutores da lei, que o julgam com falsos testemunhos, arrastam-no para fora da cidade e o apedrejam. Também com Jesus fizeram o mesmo – afirmou o Papa –, buscando convencer o povo de que era um blasfemo. É uma brutalidade partir de falsos testemunhos para “fazer justiça”: notícias falsas, calúnias, que esquentam o povo para “fazer justiça”, é um verdadeiro linchamento. Fizeram assim com Estêvão, usando um povo que foi enganado. Acontece assim com os mártires de hoje, como Asia Bibi, durante tantos anos no prisão, julgada por uma calúnia. Diante da avalanche de notícias falsas que criam opinião, às vezes não se pode fazer nada. Penso no Holocausto, disse o Papa: foi criada uma opinião contra um povo para eliminá-lo. Há ainda o perigo do linchamento diário que busca condenar as pessoas, criar uma má fama, o pequeno linchamento diário do mexerico que cria opiniões para condenar as pessoas. A verdade, ao invés, é clara e transparente, é o testemunho do verdadeiro, daquilo em que se crê. Pensemos em nossa língua: muitas vezes com nossos comentários iniciamos um linchamento desse tipo. Também em nossas instituições cristãs vimos muitos linchamentos diários que nasceram dos mexericos. Rezemos ao Senhor – foi a sua oração conclusiva – para que nos ajude a ser justos em nossos julgamentos, a não começar ou seguir essa condenação maciça que o mexerico provoca.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Na primeira Leitura destes dias ouvimos o martírio de Estêvão: uma coisa simples, como aconteceu. Os doutores da Lei não toleravam a clareza da doutrina e, como saída, foram pedir a alguém que dissessem que tinham ouvido que Estêvão blasfemava contra Deus, contra a Lei. E depois disso caíram em cima dele e o apedrejaram: simples assim. É uma estrutura de ação que não é a primeira: também com Jesus fizeram o mesmo. O povo que estava ali, buscou convencer de que era um blasfemo e eles gritaram: “Crucifica-o”. É uma brutalidade. Uma brutalidade, partir de falsos testemunhos para se chegar a “fazer justiça”. Este é o esquema. Também na Bíblia há casos desse tipo: fizeram o mesmo com Susana, fizeram o mesmo com Nabot, depois Amã procurou fazer o mesmo com o povo de Deus... Notícias falsas, calúnias que esquentam o povo e pedem a justiça. É um linchamento, um verdadeiro linchamento.
E assim, levam ao juiz, para que o juiz dê forma legal a isso: mas já está julgado, o juiz deve ser muito, muito corajoso para ir contra um julgamento tão popular, feito de propósito, preparado. É o caso de Pilatos: Pilatos viu claramente que Jesus era inocente, mas viu o povo, lavou as mãos. É um modo de fazer jurisprudência. Também hoje vemos isso: também hoje está em andamento, em alguns países, quando se quer fazer um golpe de Estado ou excluir algum político para que não participe das eleições, ou assim, se faz o seguinte: notícias falsas, calúnias, depois cai num juiz daqueles que gostam de criar jurisprudência com este positivismo “da situação” que está na moda, e depois condena. É um linchamento social. E assim foi feito com Estêvão, assim foi feito o julgamento de Estêvão: levaram para julgar alguém que já tinha sido julgado pelo povo enganado.
Isso acontece também com os mártires de hoje: que os juízes não têm a possibilidade de fazer justiça porque já foram julgados. Pensemos em Asia Bibi, por exemplo, que vimos: dez anos na prisão porque foi julgada por uma calúnia e um povo que quer a sua morte. Diante dessa avalanche de notícias falsas que criam opinião, muitas vezes não se pode fazer nada: não se pode fazer nada.
Penso muito, nisso, no Holocausto. O holocausto é um caso desse tipo: foi criada a opinião contra um povo e depois era normal: “Sim, sim: devem morrer, devem morrer”. Um modo de proceder para eliminar as pessoas que incomodam, que atrapalham.
Todos sabemos que isso não é bom, mas o que não sabemos é que existe um pequeno linchamento diário que busca condenar as pessoas, criar um má fama nas pessoas, descartá-las: o pequeno linchamento diário do mexerico que cria uma opinião. Muitas vezes uma pessoa ouve se difamar alguém, e diz: “Mas não, essa pessoa é uma pessoa justa!” – “não, não: se diz que...”, e com aquele “se diz que” se cria uma opinião para acabar com uma pessoa. A verdade é outra: a verdade é o testemunho do verdadeiro, das coisas em que uma pessoa crê; a verdade é clara, é transparente. A verdade não tolera as pressões. Vejamos Estêvão, mártir: primeiro mártir depois de Jesus. Primeiro mártir. Pensemos nos apóstolos: todos deram testemunho. E pensemos em tantos mártires que – também de hoje, São Pedro Chanel – que foi o mexerico ali, a inventar que era contra o rei... se cria uma fama, e se deve matar.
E pensemos em nós, em nossa língua: nós muitas vezes, com nossos comentários, iniciamos um linchamento desse tipo. E em nossas instituições cristãs vimos muitos linchamentos diários que nasceram do mexerico.
Que o Senhor nos ajude a ser justos em nossos juízos, a não começar ou seguir essa condenação maciça que o mexerico provoca. O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 27. O Papa reza pelos artistas: "O Senhor nos dê a graça da criatividade".
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Na Missa esta segunda-feira (27/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa voltou seu pensamento aos artistas e ao caminho da beleza e da criatividade que podem ajudar neste momento difícil caracterizado pela pandemia. Na homilia, convidou a pedir a graça de voltar sempre ao primeiro chamado, quando Jesus nos olhou com amor
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, manhã desta segunda-feira (27/04) da III Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento aos artistas:
Rezemos hoje pelos artistas, que têm esta capacidade de criatividade muito grande e pelo caminho da beleza nos indicam o caminho a seguir. Que o Senhor nos dê a todos a graça da criatividade neste momento.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 6,22-29) em que Jesus repreende a multidão por buscá-lo, após a multiplicação dos pães e dos peixes, somente porque se saciou, e a exortou a esforçar-se não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem dará. A multidão pergunta o que deve fazer e Jesus responde: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. A multidão que ouvia Jesus sem cansar-se – disse Francisco –, uma vez saciada, pensava em fazê-lo rei: tinha esquecido o primeiro entusiasmo pela Palavra de Jesus. E o Senhor recorda à multidão o primeiro sentimento. Corrige o caminho das pessoas que tinham tomado um caminho mais mundano que evangélico. Assim se dá também conosco quando nos distanciamos do caminho do Evangelho e perdemos a memória do primeiro entusiasmo pela Palavra do Senhor. Jesus nos faz voltar ao primeiro encontro; esta é uma graça diante das tentações de distanciar-nos. A graça de voltar sempre ao primeiro chamado, quando Jesus nos olhou com amor. Cada um de nós tem a experiência do primeiro encontro em que Jesus nos disse: “Segue-me”. Depois, ao longo do caminho, nos distanciamos e perdemos o frescor do primeiro chamado. O Papa convida a rezar para que o Senhor nos dê a graça de voltar ao momento em que fizemos a experiência de encontrar Jesus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
As pessoas que tinham ouvido Jesus durante todo o dia, e depois tiveram esta graça da multiplicação dos pães e viu o poder de Jesus, queriam fazê-lo rei. Antes iam até Jesus para ouvir a palavra e também para pedir a cura dos doentes. Passaram o dia inteiro ouvindo Jesus sem entediar-se, sem cansar-se ou (estar) cansadas, mas estavam ali, felizes. Mas depois quando viram que Jesus lhes dava de comer, algo que elas não esperavam, pensaram: “Esse seria um bom governante para nós e certamente será capaz de libertar-nos do poder dos Romanos e levar o país adiante”. E se entusiasmaram para fazê-lo rei. A intenção delas mudou, porque viram e pensaram: “Bem... porque uma pessoa que faz este milagre, que dá de comer ao povo, pode ser um bom governante”. Mas naquele momento tinham esquecido o entusiasmo que a Palavra de Jesus suscitava em seus corações.
Jesus afastou-se e foi rezar. Aquelas pessoas, se vê, ficaram ali, e no dia seguinte buscavam Jesus, “porque deve estar aqui”, diziam, porque tinham visto que não havia subido na barca com os outros. E havia uma barca ali, que ficou ali... Mas não sabiam que Jesus tinha alcançado os outros caminhando sobre as águas. Desse modo, decidiram ir até a outra parte do mar de Tiberíades procurar Jesus e quando o viram, a primeira palavra que lhe dizem (é): “Rabi, quando chegaste aqui?”, como a dizer: “Não entendemos, isso parece uma coisa estranha”.
E Jesus lhes faz voltar ao primeiro sentimento, ao que elas tinham antes da multiplicação dos pães, quando ouviam a Palavra de Deus: “Em verdade, em verdade, eu vos digo:
estais me procurando não porque vistes sinais – como no início, os sinais da palavra, que as entusiasmavam, os sinais da cura –, não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. Jesus revela a intenção delas e diz: “Mas é assim, mudastes de atitude”. E elas, ao invés de justificar-se: “Não, Senhor, não...”, foram humildes. Jesus continua: “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. E elas, concordes, disseram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus? “Que acrediteis no Filho de Deus”. Esse é um caso no qual Jesus corrige a atitude das pessoas, da multidão, porque no meio do caminho se tinha um pouco distanciado do primeiro momento, da primeira consolação espiritual e tinha tomado um caminho que não era justo, uma caminho mais mundano que evangélico.
Isso nos leva a pensar as muitas vezes que nós na vida começamos um caminho no seguimento de Jesus, atrás de Jesus, com os valores do Evangelho, e na metade do caminho nos vem outra ideia, vemos algum sinal e nos distanciamos e nos conformamos com uma coisa mais temporal, mais material, mais mundana, pode ser, e perdemos a memória daquele primeiro entusiasmo que tivemos quando ouvíamos Jesus falar. O Senhor nos faz voltar sempre ao primeiro encontro, ao primeiro momento no qual Ele nos olhou, nos falou e fez nascer dentro de nós a vontade de segui-lo. Essa é uma graça a ser pedida ao Senhor, porque nós na vida sempre teremos esta tentação de distanciar-nos porque vemos outra coisa: “Mas aquilo dará certo, mas aquela ideia é boa...” Distanciamo-nos.
A graça de voltar sempre ao primeiro chamado, ao primeiro momento: não esquecer, não esquecer a minha história, quando Jesus me olhou com amor e me disse: “Esse é o vosso caminho”; quando Jesus através de tantas pessoas me fez entender qual era o caminho do Evangelho e não outros caminhos um pouco mundanos, com outros valores. Voltar ao primeiro encontro.
Sempre impressionou-me que entre as coisas que Jesus disse na manhã da Ressurreição: “Ide aos meus discípulos e dizei a eles que vão à Galileia, ali me encontrarão”, Galileia era o lugar do primeiro encontro. Ali tinham encontrado Jesus. Cada um de nós tem a sua “Galileia dentro (de si), o próprio momento no qual Jesus se aproximou e nos disse: “Segue-me”. Na vida acontece isso que aconteceu a essas pessoas – boas, porque depois lhe dizem: “Que devemos fazer?”, imediatamente obedeceram –, acontece que nos distanciamos e buscamos outros valores, outras hermenêuticas, outras coisas, e perdemos o frescor do primeiro chamado. O autor da Carta aos Hebreus nos chama a isso: “Recordai-vos dos primeiros dias”. A memória, a memória do primeiro encontro, a memória da “minha Galileia”, quando o Senhor me olhou com amor e me disse: “Segue-me”.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!. Fonte: https://www.vaticannews.va
3º Domingo da Páscoa-Homilia do Papa Francisco: “Não há noite que não se possa enfrentar com Jesus”.
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Na oração mariana do Regina Caeli, este III Domingo da Páscoa (26/04) , Francisco ressaltou que na vida estamos sempre em caminho. E nos tornamos aquilo rumo ao qual caminhamos. “Escolhamos o caminho de Deus, não o caminho do eu; o caminho do ‘sim’, não o dos ‘se’. Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.”
Raimundo de Lima / Silvonei José - Cidade do Vaticano
O Papa conduziu ao meio-dia deste III Domingo da Páscoa (26/04), da Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano, o Regina Caeli, que substitui o Angelus durante o período pascal. Na alocução que precedeu a oração mariana, Francisco ateve-se ao Evangelho deste domingo (Lc 24,13-35) que, ambientado no dia de Páscoa, conta o famoso episódio dos dois discípulos de Emaús. “É uma história que começa e termina em caminho”, observou o Santo Padre.
Comentando esta página do Evangelho, explicou que se tem uma viagem de ida dos discípulos que, tristes pelo desfecho da vida de Jesus, deixam Jerusalém e voltam para casa, em Emaús, caminhando por cerca de onze quilômetros.
Duas viagens dos discípulos de Emaús
Trata-se de uma viagem que se dá de dia, com boa parte do caminho em descida. E se tem a viagem de retorno: outros onze quilômetros, mas feitos ao cair da tarde, com parte do caminho em subida após a fadiga do percurso de ida.
Duas viagens, acrescentou Francisco: uma fácil de dia, e outra cansativa de noite. No entanto, observou, a primeira se dá na tristeza, a segunda na alegria. “Na primeira se tem o Senhor que caminha ao lado deles, mas não o reconhecem; na segunda não mais o veem, mas sentem sua proximidade. Na primeira encontram-se desanimados e sem esperança; na segunda correm para levar aos outros a bela notícia do encontro com Jesus Ressuscitado.”
Colocar em primeiro lugar Jesus e os irmãos
“Os dois diferentes caminhos daqueles primeiros discípulos dizem a nós, discípulos de Jesus hoje, que na vida temos diante de nós duas direções opostas: tem-se o caminho de quem, como aqueles dois na ida, se deixa paralisar pelas desilusões da vida e segue adiante triste; e se tem o caminho de quem não coloca em primeiro lugar a si mesmo e seus problemas, mas Jesus que nos visita, e os irmãos que esperam a sua visita.”
Eis a reviravolta, indicou o Papa: “deixar de orbitar em torno do próprio eu, das desilusões do passado, dos ideias não realizadas, e seguir adiante olhando para a realidade maior e verdadeira da vida: Jesus vive e me ama”.
Passar do "se" ao "sim"
A inversão de marcha é esta, continuou: passar dos pensamentos sobre meu eu à realidade do meu Deus; passar – com outro jogo da palavras – do “se” ao “sim”. Do se: “se tivesse sido Ele a libertar-nos, se Deus tivesse me escutado, se a vida caminhasse com eu queria, se tivesse isso e aquilo...”
Esses são os nossos "se", parecidos com os dos dois discípulos. Os quais porém passam ao sim: “sim, o Senhor vive, caminha conosco. Sim, agora, não amanhã, coloquemo-nos em caminho para anunciá-lo”.
Da lamentação à alegria e a paz
“Sim, eu posso fazer isto para que as pessoas sejam mais felizes, para que as pessoas melhorem, para ajudar muitas pessoas. Sim, sim, posso.” Do se ao sim, da lamentação à alegria e à paz, porque quando nos lamentamos, não estamos na alegria; estamos naquele ar de tristeza. E isso não ajuda nem nos faz crescer bem. Do se ao sim, da lamentação à alegria do serviço, acrescentou.
Como se deu essa mudança, do eu a Deus, dos “se” ao “sim”? – perguntou Francisco. Encontrando Jesus: os dois de Emaús primeiro lhe abrem seus corações; depois o escutam explicar as Escrituras; depois, convidam-no a casa.“São três passagens que também nós podemos fazer em nossas casas: primeiro, abrir o coração a Jesus, confiar-lhe os pesos, as fadigas, as desilusões da vida; segundo, ouvir Jesus, tomar o Evangelho em mãos, ler hoje mesmo esta passagem, no capítulo vinte e quatro do Evangelho de Lucas; terceiro, pedir a Jesus, com as mesmas palavras daqueles discípulos: ‘Fica conosco, Senhor’ (v. 29): com todos nós, porque precisamos de Ti para encontrar o caminho.”
Na vida estamos sempre em caminho
Francisco concluiu a alocução antes da oração mariana ressaltando que na vida estamos sempre em caminho. E nos tornamos aquilo rumo ao qual caminhamos. “Escolhamos o caminho de Deus, não o caminho do eu; o caminho do ‘sim’, não o dos ‘se’. Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.” “Que Nossa Senhora, Mãe do caminho, que acolhendo a Palavra de Deus fez de toda sua vida um ‘sim’ a Deus, nos indique o caminho”, foi o pedido do Santo Padre à Virgem Maria. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 24. O Papa reza pelos professores e alunos neste tempo de pandemia
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Na Missa esta sexta-feira (24/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco dirigiu seu pensamento às dificuldades de docentes e alunos com as escolas fechadas em muitos países por causa da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira (24/04) da II Semana da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento ao mundo escolar atingido pelo novo coronavírus: Rezemos hoje pelos professores que têm que trabalhar muito para dar aulas através da internet e de outros recursos midiáticos e rezemos pelos estudantes que têm que fazer as provas num modo no qual não estão acostumados. Acompanhemos todos eles com a oração.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 6,1-15) que narra a multiplicação dos pães e dos peixes. Jesus coloca à prova os apóstolos que não sabem como alimentar a grande multidão que os acompanha: os faz crescer. Jesus – afirmou Francisco – gostava muito de estar no meio da multidão. Os discípulos, nem tanto: e os corrigia. Jesus buscava a proximidade com as pessoas e ensinava os pastores a estar próximo delas. O povo de Deus cansa – ressaltou – porque sempre pede aos pastores coisas concretas e o pastor deve cuidar daquilo que o povo pede. Jesus diz aos discípulos: “Dai vós mesmos de comer”. E diz isso novamente hoje aos pastores: dar, dar às pessoas. Depois Jesus vai rezar ao Pai. Essa dúplice proximidade do pastor: ao Pai e às pessoas. Após a multiplicação dos pães e dos peixes, a multidão quer levar Jesus para proclamá-lo rei. Talvez – observou o Papa – algum apóstolo ficasse contente em aproveitar esta ocasião para adquirir o poder: uma tentação. Mas o poder do pastor – disse Francisco – é o serviço e quando erra sobre esse ponto o pastor estraga a vocação e se torna administrador de empresas pastorais, mas não pastor. Rezemos pelos pastores – foi a oração conclusiva do Papa – para que o Senhor nos ensine a não ter medo de estar próximo de Seu povo.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta frase dessa passagem nos leva a pensar: “Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer”. É o que Jesus tinha em mente quando disse: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Mas disse isso para pô-lo à prova. Ele sabia. Aqui se vê a atitude de Jesus com os apóstolos. Continuamente os colocava à prova para ensiná-los e, quando eles estavam fora do limite e fora daquela função que deviam desempenhar, detinha-os e os ensinava.
O Evangelho é repleto desses gestos de Jesus a fim de fazer seus apóstolos crescerem para tornar-se pastores do povo de Deus, neste caso bispos, pastores do povo de Deus. E uma das coisas de que Jesus mais gostava era estar com a multidão porque também esse é um símbolo da universalidade da redenção. E uma das coisas que menos agradava os apóstolos era a multidão porque eles gostavam de estar próximos do Senhor, ouvir o Senhor, ouvir tudo aquilo que o Senhor dizia. Nesta ocasião foram ali passar um dia de repouso – dizem as outras versões nos outros Evangelhos, porque todos os quatro falam disso... talvez duas multiplicações dos pães – e vinham de uma missão e o Senhor disse: “Vamos repousar-nos um pouco”. E foram ali e as pessoas se deram conta de para onde iam pelo mar, deram a volta e ali os esperavam. E os discípulos não estavam contentes porque as pessoas tinham estragado aquele “dia de festa”, não podiam fazer esta festa com o Senhor. Não obstante (isso), Jesus começava a ensinar, eles escutavam, depois falavam entre si e passavam horas, horas, horas, Jesus falava e as pessoas felizes. E eles diziam: “A nossa festa foi estragada, o nosso repouso também”.
Mas o Senhor buscava a proximidade com as pessoas e buscava formar o coração dos pastores à proximidade com o povo de Deus para servi-lo. E eles, é o que se entende, foram eleitos e se sentiam de certo modo um círculo privilegiado, uma classe privilegiada, “uma aristocracia”, digamos assim, próxima do Senhor, e muitas vezes o Senhor fazia gestos para corrigi-los. Por exemplo, pensemos com as crianças. Eles protegiam o Senhor: “Não, não, não, não aproximem as crianças, que importunam, incomodam... Não, as crianças (fiquem) com os pais. E Jesus? “Deixai vir a mim as criancinhas”. E eles não entendiam. Entenderam mais tarde. Penso depois no caminho rumo a Jericó, aquele que gritava: “Jesus, filho de Davi, tende piedade de mim”. E eles: “silêncio, que o Senhor está passando, não o incomodem”. E Jesus diz: “Mas quem é aquele? Fazei-o vir a mim”. Outra vez o Senhor. E assim os ensinava aquela proximidade ao povo de Deus.
É verdade que o povo de Deus cansa o pastor, cansa: quando se tem um bom pastor as coisas se multiplicam, porque as pessoas vão sempre até o bom pastor por um motivo, por outro. Uma vez, um grande pároco de um bairro simples, humilde, da diocese... tinha a casa paroquial como uma casa normal e as pessoas batiam à porta ou batiam à janela, a qualquer hora... e uma vez me disse: “Eu gostaria de murar a porta e a janela para que me deixassem repousar”. Mas ele se dava conta de que era pastor e devia estar com as pessoas. E Jesus forma, ensina os discípulos, os apóstolos essa atitude pastoral que é a proximidade ao povo de Deus.
E o povo de Deus cansa, porque sempre nos pede coisas concretas, sempre lhe pede algo concreto, talvez erroneamente, mas pede coisas concretas. E o pastor deve cuidar dessas coisas. A versão dos outros evangelistas quando mostram Jesus que as horas passaram e as pessoas tinham que ir embora porque começava a escurecer e dizem assim: “Despedi as pessoas para que possam ir comprar de comer”, propriamente no momento da escuridão, quando começava a escuridão... Mas o que eles tinham em mente? Ao menos fazer um pouco de festa entre eles. Aquele egoísmo, não mau, mas se entende, para estar com o pastor, estar com Jesus que é o grande pastor, e Jesus responde, para coloca-os à prova: “Dai vós mesmos de comer”. E isso é o que Jesus diz hoje a todos os pastores: “Dai vós mesmos de comer”. “Estão angustiados? Dai-vos a consolação? Estão esmorecidos? Dai-vos uma saída. Estão errados? Dai-vos para resolver os problemas... Dai-vos...” E o pobre apóstolo sente que deve dar, dar, dar, mas de quem recebe? Jesus nos ensina, do mesmo de quem Jesus recebia.
Depois disso, despede os apóstolos e vai rezar, ao Pai, a oração. Essa dúplice proximidade do pastor é o que Jesus procura ajudar os apóstolos a entender para que se tornem grandes pastores. Mas muitas vezes a multidão erra e aí errou. “Então as pessoas, vendo o sinal que tinha realizado, diziam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo. Talvez – o Evangelho diz não isso – alguém dos apóstolos lhe teria dito: “Mas Senhor, aproveitemos disso e tomemos o poder”. Outra tentação. E Jesus lhe mostra que aquele não é o caminho.
O poder do pastor é o serviço, não há outro poder e quando erra sobre outro poder estraga a vocação e se tornam, não sei, administradores de empresas pastorais, mas não pastores. A estrutura não faz pastoral: é o coração do pastor o que faz a pastoral. Peçamos hoje ao Senhor pelos pastores da Igreja para que o Senhor lhes fale sempre, porque os ama muito: nos fale sempre, nos diga como as coisas estão, nos explique e, sobretudo, nos ensine a não ter medo do povo de Deus, a não ter medo de estar próximo.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira, 21. Homilia do Papa: “O silêncio do tempo atual nos ensine a ouvir”
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Na Missa esta terça-feira (21/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco rezou para que, neste tempo caracterizado pela pandemia e por um novo silêncio, possamos crescer na capacidade de ouvir. Na homilia, falou da harmonia que reinava na primeira comunidade cristã: o Espírito Santo é capaz de fazer maravilhas se somos dóceis e deixamos que Ele vença as três tentações que dividem as comunidades: o dinheiro, a vaidade e o mexerico
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (21/04) da II Semana da Páscoa. Na introdução, pensou na oportunidade que nos é oferecida pelo silêncio deste período:
No tempo atual há muito silêncio. Também o silêncio pode ser ouvido. Que este silêncio, que de certo modo é novo em nossos hábitos, nos ensine a ouvir, nos faça crescer na capacidade de ouvir. Rezemos por isso.
Na homilia, o Papa comentou a passagem de hoje dos Atos dos Apóstolos (At 4,32-37) que descreve a vida dos membros da primeira comunidade cristã que tinham um só coração e uma só alma e ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum, e entre eles ninguém passava necessidade. O Espírito Santo – afirmou Francisco – é capaz de fazer estas maravilhas. A primeira comunidade cristã é um modelo, um ideal, sinal daquilo que o Espírito Santo pode fazer se somos dóceis. O Espírito cria a harmonia. Depois chegam os problemas e as divisões. Há três causa de divisão: a primeira é o dinheiro. Os pobres são discriminados. O dinheiro divide a comunidade, a Igreja. Muitas vezes, por trás de desvios doutrinais está o dinheiro. A pobreza, ao invés, é a mãe da comunidade. Muitas famílias se dividem por uma herança. A segunda coisa que divide é a vaidade, o sentir-se melhores do que os outros e o mostrar-se como fazem os pavões. A terceira coisa que divide a comunidade é o mexerico, que o diabo coloca em nós como uma necessidade de difamar os outros. O Espírito vem salvar-nos destas tentações mundanas. Peçamos ao Senhor – foi a oração conclusiva do Papa – a docilidade ao Espírito para que nos transforme e transforme nossas comunidades para seguir adiante na harmonia.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Nascer do alto é nascer com a força do Espírito Santo. Não podemos pegar o Espírito Santo para nós; somente, podemos deixar que Ele nos transforme. E a nossa docilidade abre a porta ao Espírito Santo: é Ele que faz a mudança, a transformação, este renascimento do alto. É a promessa de Jesus de enviar o Espírito Santo. O Espírito Santo é capaz de fazer maravilhas, coisas que nós nem mesmo podemos pensar.
Um exemplo desta primeira comunidade cristã, que não é uma fantasia, isto nos é dito aqui: é um modelo, onde se pode chegar quando se tem a docilidade e se deixa o Espírito Santo entrar e nos transforma. Uma comunidade – digamos assim – “ideal”. É verdade que logo depois disso começam os problemas, mas o Senhor nos mostra até onde podemos chegar se somos abertos ao Espírito Santo, se somos dóceis. Nesta comunidade há harmonia. O Espírito Santo é o mestre da harmonia, é capaz de fazê-la e aqui a fez. Deve fazê-la em nosso coração, deve mudar muitas coisas em nós, mas fazer a harmonia: porque Ele mesmo é a harmonia. Também entre o Pai e o Filho: Ele é o amor de harmonia. E Ele, com a harmonia, cria essas coisas como esta comunidade tão harmônica. Mas depois, a história nos fala – o próprio Livro dos Atos dos Apóstolos – de muitos problemas na comunidade. Este é um modelo: o Senhor permitiu este modelo de uma comunidade quase “celeste”, para mostrar-nos onde deveremos chegar.
Mas depois começam as divisões, na comunidade. O apóstolo Tiago, no segundo capítulo da sua Carta, diz: “Que vossa fé seja imune de favoritismos pessoais”: porque havia! “Não discrimineis”: os apóstolos devem sair para advertir. E Paulo, na primeira Carta aos Coríntios, no capítulo 11, se lamenta: “Ouvi que há divisões entre vós”: começam as divisões internas nas comunidades. Este “ideal” é a ser alcançado, mas não é fácil: há muitas coisas que dividem uma comunidade, seja uma comunidade cristã, paroquial ou diocesana ou presbiteral ou de religiosos ou religiosas… muitas coisas entram para dividir a comunidade.
Olhando quais são as coisas que dividiram as primeiras comunidades cristãs, encontro três: primeiro, o dinheiro. Quando o apóstolos Tiago diz isto, que não se deve ter favoritismos pessoais, dá um exemplo porque “se na sua igreja, na sua assembleia entra um com o anel de ouro, imediatamente levam-no para frente, e o pobre é deixado de lado”. O dinheiro. Paulo diz ainda a mesma coisa: “Os ricos trazem de comer e eles comem, e os pobres, de pé”, os deixamos ali como a dizer-lhes: “Se vire com pode”.
O dinheiro divide, o amor pelo dinheiro divide a comunidade, divide a Igreja.
Muitas vezes, na história da Igreja, onde há desvios doutrinais – nem sempre, porém muitas vezes –, por trás está o dinheiro: o dinheiro do poder, seja o poder político, seja dinheiro em espécie, mas é dinheiro. O dinheiro divide a comunidade. Por isso, a pobreza é a mãe da comunidade, a pobreza é o muro que protege a comunidade. O dinheiro divide, o interesse pessoal. Também nas famílias: quantas famílias acabaram divididas por (causa de) uma herança? Quantas famílias? E não se falam mais… Quantas famílias… Uma herança… Divide: o dinheiro divide.
Outra coisa que divide uma comunidade é a vaidade, aquela vontade de sentir-se melhor do que os outros. “Senhor, agradeço, porque não sou como os outros”, a oração do fariseu. A vaidade, sentir-me que… E também a vaidade no mostrar-me, a vaidade nos costumes, no vestir-se: quantas vezes – nem sempre mas quantas vezes – a celebração de um sacramento é um exemplo de vaidade, quem vai com as melhores roupas, quem faz isso e aquilo… A vaidade… a festa maior… Também aí entra a vaidade. E a vaidade divide. Porque a vaidade leva você a pavonear-se e onde está o pavão, há divisão, sempre.
Uma terceira coisa que divide uma comunidade é o mexerico: não é a primeira vez que digo isso, mas é a realidade. Aquela coisa que o diabo coloca em nós, como uma necessidade de difamar os outros. “Mas que pessoa boa que é…” – “Sim, sim, mas porém…” Imediatamente depois o “mas”: isso é uma pedra para desqualificar o outro e logo após algo que ouvi, conto em seguida, e assim o diminuo um pouco.
Mas o Espírito vem sempre com a sua força par salvar-nos deste mundanismo do dinheiro, da vaidade e do mexerico, porque o Espírito não é o mundo: é contra o mundo. É capaz de fazer esses milagres, essas grandes coisas.
Peçamos ao Senhor essa docilidade ao Espírito para que Ele nos transforme e transforme nossas comunidades, nossas comunidades paroquiais, diocesanas, religiosas: as transforme, para caminhar sempre avante na harmonia que Jesus quer para a comunidade cristã.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira 20. Homilia do Papa Francisco: “Políticos busquem o bem das populações e não do seu partido”.
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Na Missa esta segunda-feira (20/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco rezou a fim de que os políticos dos vários países, neste tempo caracterizado pela pandemia, coloquem em prática a sua vocação, que é uma forma de caridade. Na homilia, recordou que o cristão não somente dever observar os mandamentos, mas deve deixar-se conduzir com docilidade pelo Espírito Santo, que nos guia aonde não sabemos: isso é renascer do alto, é entrar na liberdade do Espírito
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Após a Missa de ontem, por ocasião do Domingo da Divina Misericórdia, na Igreja do Espírito Santo em Sassia (nas proximidades da Praça São Pedro), hoje, segunda-feira (20/04) da II Semana da Páscoa, Francisco retomou as celebrações matutinas na Casa Santa Marta. Na introdução, dirigiu seu pensamento a quem é engajado na política:
Rezemos hoje pelos homens e mulheres que têm vocação política: a política é uma forma alta de caridade. Pelos partidos políticos nos vários países, a fim de que neste momento de pandemia busquem juntos o bem do país e não o bem do seu partido.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 3,1-8) em que Jesus diz a Nicodemos, um fariseu, que foi ter com Ele, de noite, que se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus. Nem todos os fariseus eram maus – afirmou o Papa – e Nicodemos era um fariseu justo que sentia uma inquietude e buscava o Senhor. Nicodemos não sabe como dar este salto: nascer do Espírito, porque o Espírito é imprevisível. Quem se deixa guiar pelo Espírito é uma pessoa dócil e livre. O cristão não somente deve observar os mandamentos, mas deve deixar-se conduzir pelo Espírito, aonde o Espírito quer: deve deixar entrar nele o Espírito que nos guia aonde não sabemos. O cristão jamais deve limitar-se ao cumprimento dos mandamentos, mas deve ir além, entrando na liberdade do Espírito. O Papa comentou também a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 4,23-31) em que, após a libertação de Pedro e João, os discípulos de Jesus elevam juntos uma oração a Deus a fim de que sejam capazes de proclamar com toda franqueza a sua Palavra diante das dificuldades e das ameaças: esta coragem é fruto do Espírito, disse Francisco, acrescentando que se renasce do alto com a oração.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Este homem, Nicodemos, é um chefe dos judeus, um homem digno de crédito; sentiu a necessidade de ir ter com Jesus. Foi à noite, porque devia fazer um certo equilíbrio, porque aqueles que iam falar com Jesus não eram bem visto. É um fariseu justo, porque nem todos os fariseus são maus: não, não; havia também fariseus justos. Este é um fariseu justo. Sentiu a inquietude, porque é um homem que tinha lido os profetas e sabia que isso que Jesus fazia tinha sido anunciado pelos profetas. Sentiu a inquietude e foi falar com Jesus: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus”: é uma confissão, até um certo ponto. “De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. Detém-se diante do “assim sendo”. Se eu digo isso... assim sendo... e Jesus respondeu. Respondeu misticamente, como ele, Nicodemos, não esperava. Respondeu com aquela figura do nascimento: se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus. E ele, Nicodemos, fica confuso, não entende e pega ad litteram (ao pé da letra, literalmente) aquela resposta de Jesus: mas como é que alguém pode nascer, se é adulto, se já é velho? Nascer do alto, nascer do Espírito. É o salto que a confissão de Nicodemos deve fazer e ele não sabe como fazê-lo. Porque o Espírito é imprevisível. A definição do Espírito que Jesus dá aqui é interessante: “O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”, ou seja, é livre. Uma pessoa que se deixa conduzir de um lado para outro pelo Espírito Santo: essa é a liberdade do Espírito. E quem faz isso é uma pessoa dócil e aqui se fala da docilidade do Espírito.
Ser cristão não é somente cumprir os Mandamentos: devem ser cumpridos, isso é verdade, mas se você se detém aí, você não é um bom cristão. Ser um bom cristão é deixar que o Espírito Santo entre em você e o carregue, leve-o aonde Ele quer. Em nossa vida cristã muitas vezes nos detemos como Nicodemos, diante do “assim sendo”, não sabemos qual passo posso dar, não sabemos como fazê-lo ou não temos a confiança em Deus para dar esse passo e deixar o Espírito entrar. Nascer novamente é deixar que o Espírito entre em nós e que seja o Espírito a conduzir-me e não eu, e aí, livre, com essa liberdade do Espírito em que você jamais saberá onde vai parar.
Os apóstolos, que estavam no cenáculo, quando vem o Espírito saíram a pregar com aquela coragem, aquela franqueza... não sabiam que isso aconteceria; e o fizeram, porque o Espírito os guiava. O cristão jamais deve deter-se ao cumprimento dos Mandamentos: sim, deve cumpri-los, mas ir além, rumo a esse novo nascimento que é o nascimento no Espírito, que lhe dá a liberdade do Espírito.
Foi o que aconteceu a esta comunidade cristã da primeira Leitura, depois que João e Pedro voltaram daquele interrogatório que tiveram com os sacerdotes. Eles foram para junto de seus irmãos, nesta comunidade, e contaram tudo o que os sumos sacerdotes e os anciãos lhes haviam dito. E a comunidade, ao ouvir o relato, todos juntos, se assustaram um pouco. E o que fizeram? Rezar. Não se limitaram a medidas prudenciais, “não, agora façamos isso, estejamos um pouco mais tranquilos...”: não. Rezar. Que fosse o Espírito a dizer-lhes o que deveriam fazer. Elevaram suas vozes a Deus dizendo: “Senhor!”, e rezam. Essa bonita oração de um momento sombrio, de um momento em que devem tomar decisões e não sabem o que fazer. Querem nascer do Espírito, abrem o coração ao Espírito: que seja Ele a dizê-lo... e pedem: “Senhor, Herodes, Pôncio Pilatos uniram-se com as nações e os povos de Israel contra o teu Santo Espírito e Jesus”, contam a história e dizem: “Senhor, faze alguma coisa!” “Agora, Senhor, olha as ameaças”, as do grupo dos sacerdotes, e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua Palavra” – pedem a franqueza, a coragem, a não ter medo, “Estende a mão para que se realizem curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus. Quando terminaram a oração, tremeu o lugar onde estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus”. Deu-se um segundo Pentecostes, aí.
Diante das dificuldades, diante de uma porta fechada, em que eles não sabiam como seguir adiante, dirigem-se ao Senhor, abrem o coração e vem o Espírito e lhes dá aquilo de que precisam e saem para pregar, com coragem, e adiante. Isso é nascer do Espírito, isso é não deter-se no “assim sendo”, no “assim sendo” das coisas que sempre fiz, no “assim sendo” do pós Mandamentos, no “assim sendo” após os costumes religiosos: não! Isso é nascer novamente. E como alguém se prepara para nascer novamente? Com a oração. A oração é quem nos abre a porta ao Espírito e nos dá essa liberdade, essa franqueza, essa coragem do Espírito Santo. Que jamais saberá aonde levará você. Mas é o Espírito.
Que o Senhor nos ajude a ser sempre abertos ao Espírito, porque será Ele a nos levar adiante em nossa vida de serviço ao Senhor.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: https://www.vaticannews.va
2º Domingo da Páscoa- Homilia do Papa. "A Misericórdia não abandona quem fica para trás." Papa alerta para o vírus da indiferença
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“Nesta festa da Divina Misericórdia, o anúncio mais encantador chega através do discípulo mais atrasado. Só faltava ele, Tomé. Mas o Senhor esperou por ele. A misericórdia não abandona quem fica para trás”, disse o Papa ao celebrar a missa do II Domingo de Páscoa na Igreja do Espírito Santo 'in Sassia'.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco deixou o Vaticano esta manhã para percorrer poucos metros até a Igreja do Espírito Santo ‘in Sassia’, ao lado da Cúria Geral dos Jesuítas, para celebrar a missa deste II Domingo de Páscoa.
E o fez no mesmo lugar onde, 20 anos antes, São João Paulo II instituiu o Domingo da Misericórdia ao canonizar a polonesa Ir. Faustina Kowalska.
Como nos ritos da Semana Santa, não havia fiéis. Na homilia, o Pontífice comentou o Evangelho de João e a semana que os discípulos transcorreram depois da ressurreição do Mestre – uma semana marcada pela “incredulidade medrosa”.
Diante deste sentimento, Jesus volta para o meio deles para anunciar que Deus não se cansa de estender a Sua mão para nos levantar. E esta “mão” é precisamente a misericórdia. Deus não é um patrão com o qual ajustar as contas, mas o Pai que sempre nos levanta.
“Hoje, nesta igreja que se tornou santuário da misericórdia em Roma, no domingo que São João Paulo II dedicou à Misericórdia Divina há vinte anos, acolhamos confiadamente esta mensagem”, disse o Papa.
Entregar as nossas misérias ao Senhor
A Santa Faustina, disse Jesus: «Eu sou o amor e a misericórdia em pessoa; não há miséria que possa superar a minha misericórdia» (Diário, 14/IX/1937). Uma frase que surpreendeu a santa foi quando Cristo pediu que ela oferecesse aquilo que é verdadeiramente seu – também nosso -, a sua miséria.
Também nós podemos nos interrogar se mostramos as nossas quedas ao Senhor ou se há um pecado, remorso, ferida ou rancor que guardamos para nós. “O Senhor espera que Lhe levemos as nossas misérias, para nos fazer descobrir a sua misericórdia.”
Em meio aos discípulos, Jesus mostra as suas chagas e pede que Tomé as toquem descobrindo o amor.
“Tomé, que chegara atrasado, quando abraça a misericórdia, ultrapassa os outros discípulos: não acredita só na ressurreição, mas também no amor sem limites de Deus. E faz a profissão de fé mais simples e mais bela: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28).”
Eis a ressurreição do discípulo, explica Francisco, que se realiza quando a sua humanidade, frágil e ferida, entra na humanidade de Jesus. É a mesma fragilidade que estamos experimentando neste momento de reclusão.
Nesta festa da Divina Misericórdia, o anúncio mais encantador chega através do discípulo mais atrasado. Só faltava ele, Tomé. Mas o Senhor esperou por ele.
“A misericórdia não abandona quem fica para trás.”
O vírus da indiferença egoísta
Enquanto pensamos numa recuperação da pandemia, alertou o Pontífice, é precisamente este perigo que se insinua: esquecer quem ficou para trás. “O risco é que nos atinja um vírus ainda pior: o da indiferença egoísta. Transmite-se a partir da ideia que a vida melhora se vai melhor para mim, que tudo correrá bem se correr bem para mim.”
O vírus se alastra quando se selecionam as pessoas, se descartam os pobres, se imola “no altar do progresso quem fica para trás”.
“É tempo de remover as desigualdades, sanar a injustiça que mina pela raiz a saúde da humanidade inteira!”, exortou.
Distribuir os bens não é ideologia, é cristianismo
A comunidade cristã primitiva colocou em prática a misericórdia, como descreve o livro dos Atos dos Apóstolos: os fiéis «possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 44-45). “Isto não é ideologia”, recordou Francisco. “É cristianismo.”
Naquela comunidade, depois da ressurreição de Jesus, apenas um tinha ficado para trás. Hoje, parece acontecer o contrário: uma pequena parte da humanidade avançou, enquanto a maioria ficou para trás. E o Papa insistiu:
“Não pensemos só nos nossos interesses. Aproveitemos esta prova como uma oportunidade para preparar o amanhã de todos. Sem descartar ninguém: de todos. Porque, sem uma visão de conjunto, não haverá futuro para ninguém.”
Façamos como o apóstolo Tomé, concluiu o Papa: acolhamos a misericórdia, que é a salvação do mundo. E usemos de misericórdia para com os mais frágeis: só assim reconstruiremos um mundo novo. Fonte: https://www.vaticannews.va
Sábado 18. O Papa reza pelos agentes de saúde que assistem pessoas com deficiência atingidas pela Covid-19
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Na Missa este sábado (18/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco dirigiu seu pensamento às pessoas com deficiência atingidas pelo novo coronavírus e aos médicos e enfermeiros que cuidam delas. Na homilia, o Papa ressaltou que o cristão sabe falar com franqueza, aquela coragem de dizer a verdade com a liberdade que vem do Espírito Santo
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã deste sábado (18/04) da Oitava da Páscoa, vigília do Domingo da Divina Misericórdia. A antífona de entrada da liturgia de hoje é uma manifestação de exultação extraída do Salmo 104: “O Senhor fez o seu povo sair com grande júbilo; com gritos de alegria, os seus eleitos, aleluia!” (Sl 104,43). A intenção de oração do Santo Padre foi dirigida aos profissionais da saúde que assistem as pessoas com deficiência que contraíram a doença causada pelo novo coronavírus:
Ontem recebi uma carta de uma freira, que trabalha como tradutora na língua dos sinais para surdos-mudos, e me falava do trabalho tão difícil que os profissionais da saúde, os enfermeiros, os médicos, têm com as pessoas com deficiências que contraíram a Covide-19. Rezemos por eles que estão sempre a serviço destas pessoas com diferentes habilidades, mas que não têm as habilidades que nós temos.
Na primeira parte da homilia, o Papa comentou a passagem dos Atos dos Apóstolos (At 4,13-21) em que os chefes religiosos ameaçam veementemente Pedro e João a não ensinar em nome de Jesus. Mas os dois replicam com coragem e franqueza: “Julgai vós mesmos, se é justo diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos”. A franqueza – disse o Papa – é uma palavra importante, é o estilo dos pregadores. A palavra grega é parresía. É a coragem cristã que impele a falar com liberdade. O coração dos chefes religiosos estava fechado diante desta franqueza, estava corrompido: o Espírito Santo não pode entrar nestes corações. Pedro, que era um covarde, diante das ameaças dos chefes, responde com coragem, aquela coragem que vem do Espírito. O cristão diz toda a verdade porque é coerente. O Papa passou em seguida a comentar o Evangelho do dia (Mc 16,9-15) em que Jesus primeiro repreende os discípulos pela dureza de coração deles, porque não acreditaram em quem disse tê-lo visto ressuscitado, e depois os exorta a ir pelo mundo inteiro e anunciar com coragem o Evangelho a toda criatura. A missão nasce do Espírito Santo. Que o Senhor – foi a oração conclusiva de Francisco – nos ajude sempre a ser corajosos: isso não significa imprudentes, a coragem cristã é sempre prudente, mas é coragem.
Ao término da Missa o Papa recordou que amanhã (domingo) a Santa Missa será celebrada na paróquia do Espírito Santo em Sassia, às 11h (6h de Brasília, ndr). E segunda-feira serão retomadas as missas das 7h (2h de Brasília, ndr) na Casa Santa Marta.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Os chefes, os anciãos, os escribas, vendo estes homens e a franqueza com a qual falavam, e sabendo que eram pessoas sem instrução – talvez não soubessem escrever –, ficavam admirados. Não entendiam: “Mas é uma coisa que não podemos entender, como essas pessoas sejam tão corajosas, tenham essa franqueza”. Esta palavra é uma palavra muito importante que se torna o estilo próprio dos pregadores cristãos, inclusive no Livro dos Atos dos Apóstolos: franqueza. Coragem. Significa dizer tudo aquilo. Dizer claramente. Vem da raiz grega de dizer tudo, e também nós muitas vezes usamos esta palavra, propriamente a palavra grega, para indicar isto: parresía, franqueza, coragem. E viam neles essa franqueza, essa coragem, essa parresía, e não entendiam.
Franqueza. A coragem e a franqueza com as quais os primeiros apóstolos pregavam… Por exemplo, o Livro dos Atos dos Apóstolos está cheio disso: diz que Paulo e Barnabé buscavam explicar com franqueza aos judeus o mistério de Jesus e pregavam o Evangelho com franqueza.
Mas há um versículo do qual gosto muito na Carta aos Hebreus, quando o autor da Carta aos Hebreu se dá conta de que há algo na comunidade que está declinando, que se perde aquela coisa, que é um certo calor, que estes cristãos estão se tornando mornos. E diz isso – não me recordo bem a citação, creio que seja no capítulo 13… – diz isto: “Recordai-vos dos vossos primeiros dias, suportastes um combate doloroso: não jogai fora a vossa franqueza”. “Não percais”, retomar a franqueza: se não vem, você não é um bom cristão. Se não tem a coragem, se para explicar a sua posição escorrega nas ideologias ou nas explicações casuísticas, lhe falta aquela franqueza, lhe falta aquele estilo cristão, a liberdade de falar, de dizer tudo. A coragem.
E depois, vemos que os chefes, os anciãos e os escribas são vítimas, são vítimas desta franqueza, porque os coloca na parede: não sabem o que fazer. Dando-se conta de “que eram pessoas simples e sem instrução, ficavam admirados e os reconheciam ser aqueles que tinham estado com Jesus. Depois, vendo, de pé, junto a eles o homem que tinha sido curado, não sabiam o que replicar”. Ao invés de aceitar a verdade como se via, tinham o coração tão fechado que procuraram o caminho da diplomacia, o caminho da imposição do acordo: “De certo modo, os assustemos, digamos-lhes que serão punidos e vemos assim se calam”. Realmente, a própria franqueza deles os coloca na parede: não sabem como encontrar saída. Mas não lhes vinham à mente dizer: “Mas não será verdade, isso?” O coração estava fechado, endurecido; o coração estava corrompido. Este é um dos dramas: a força do Espírito Santo que se manifesta nesta franqueza da pregação, nesta loucura da pregação, não pode entrar nos corações corrompidos. Por isso, estejamos atentos: pecadores sim, corrompidos jamais. E não chegar a essa corrupção que tem muitos modos de manifestar-se…
Mas, se encontravam colocados na parede e não sabiam o que dizer. E acabaram compactuando entre eles: “De certo modo, os ameacemos, os assustemos um pouco”, e os convidam, os chamaram novamente e lhes deram ordem, os convidaram a não falar, de modo algum, nem de ensinar em nome de Jesus. “Façamos a paz: vós ide em paz, mas não falai em nome de Jesus, não ensinar”. Conheciam Pedro: não era um corajoso nato. Foi um covarde, renegou Jesus. Mas o que aconteceu, agora?
Respondem: “Julgai vós mesmos, se é justo diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos”. Mas esta coragem, de onde vem, a este covarde que renegou o Senhor? O que aconteceu no coração deste homem? O dom do Espírito Santo: a franqueza, a coragem, a parresía é um dom, uma graça que o Espírito Santo dá no dia de Pentecostes. Propriamente após terem recebido o Espírito Santo foram pregar: de certo modo corajosos, uma coisa nova para eles. Esta é a coerência, o sinal do cristão, do verdadeiro cristão: é corajoso, diz toda a verdade porque é coerente.
E o Senhor no envio chama a esta coerência. Após esta síntese que Marcos faz no Evangelho, “ressuscitado pela manhã – uma síntese da ressurreição – os repreendeu pela incredulidade e dureza de coração deles, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado”. Mas com a força do Espírito Santo – é a saudação de Jesus: “Recebeis o Espírito Santo – e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”, ide com coragem, ide com franqueza, não tenhais medo. Não – retomando o versículo da Carta aos Hebreus – “joguem fora a vossa franqueza, não joguem fora este dom do Espírito Santo”. A missão nasce propriamente daí, desse dom que nos torna corajosos, francos no anúncio da Palavra.
Que o Senhor nos ajude sempre a ser assim: corajosos! Isso não significa imprudentes: não, não. Corajosos. A coragem cristã sempre é prudente, mas é coragem.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Sexta-feira, 17. O Papa reza pelas mães grávidas e alerta para o risco da fé "virtual"
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Na Missa esta sexta-feira (17/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco pensou nas mulheres grávidas neste tempo de incerteza. Na homilia, o Papa falou do risco de uma fé gnóstica, sem comunidade e contatos humanos reais, vivida unicamente através do streaming que “viraliza” os sacramentos.
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira (17/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, dirigiu seu pensamento às mulheres grávidas:
Gostaria que hoje rezássemos pelas mulheres gestantes, as mulheres grávidas que se tornarão mães e estão inquietas, se preocupam. Uma pergunta: “Em qual mundo meu filho viverá?” Rezemos por elas, a fim de que o Senhor lhes dê a coragem de levar estes filhos adiante com a confiança de que será certamente um mundo diferente, mas será sempre um mundo que o Senhor amará muito.
Na homilia, o Papa comentou o Evangelho do dia (Jo 21,1-14) em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos retornados à margem após uma pesca infrutuosa no mar de Tiberíades. Convidados pelo Senhor a lançar novamente as redes, enchem-nas de peixes. É uma cena – disse Francisco – que se realiza com naturalidade, porque os discípulos tinham crescido na familiaridade com Jesus. Nós, cristãos – explicou –, devemos crescer nesta familiaridade, que é pessoal, mas comunitária. Uma familiaridade sem comunidade, sem Igreja, sem os sacramentos, é perigosa, pode tornar-se uma familiaridade gnóstica, separada do povo de Deus. Nesta pandemia – observou – se comunica através da mídia, mas não se está juntos, como acontece com esta Missa. É uma situação difícil em que os fiéis não podem participar das celebrações e podem fazer somente a Comunhão espiritual. Devemos sair do túnel para voltar (a estar) juntos porque esta não é a Igreja. Que o Senhor – foi a oração do Papa – nos ensine esta familiaridade com os sacramentos e com o santo povo de Deus.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Os discípulos eram pescadores: Jesus os tinha chamado propriamente no trabalho. André e Pedro estavam trabalhando com as redes. Deixaram as redes e seguiram Jesus. João e Tiago, a mesma coisa: deixaram o pai e os moços que trabalhavam com eles e seguiram Jesus. O chamado foi feito propriamente no trabalho deles de pescadores. E esta passagem do Evangelho de hoje, este milagre, da pesca milagrosa nos leva a pensar em outra pesca milagrosa, aquela contada por Lucas, no capítulo quinto: também ali aconteceu o mesmo. Fizeram uma pesca, quando pensavam não ter (nada). Após a pregação, Jesus disse: “Tomai o largo” – “Mas trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar!” – “Ide”. “Confiantes na palavra – disse Pedro – lançarei as redes”. Era tamanha a quantidade (de peixes) – diz o Evangelho – que “foram tomados de espanto”, por aquele milagre. Hoje, nesta outra pesca não se fala de espanto. Vê-se uma certa naturalidade, se vê que houve um progresso, um caminho percorrido no conhecimento do Senhor, na intimidade com o Senhor; direi a palavra justa: na familiaridade com o Senhor. Quando João viu isso, disse a Pedro: “Mas é o Senhor!”, e Pedro vestiu sua roupa e atirou-se na água para ir até o Senhor. Na primeira vez, ajoelhou-se diante d’Ele: “Afasta-te de mim, Senhor, que sou um pecador”. Desta vez não diz nada, é mais natural. Ninguém perguntava: “Quem és?” Sabiam que era o Senhor, era natural, o encontro com o Senhor. A familiaridade dos apóstolos com o Senhor tinha crescido.
Também nós, cristãos, em nosso caminho de vida nos encontramos neste estado de caminhar, de progredir na familiaridade com o Senhor. O Senhor – poderia dizer – é de certo modo “aberto”, mas “aberto” porque caminha conosco, sabemos que se trata d’Ele. Ninguém lhe perguntou, aí, “quem és?”: sabiam que era o Senhor. Uma familiaridade cotidiana com o Senhor, é a do cristão. E, certamente, fizeram a primeira refeição do dia juntos, com o peixe e o pão, certamente falaram de muitas coisas com naturalidade.
Esta familiaridade dos cristãos com o Senhor sempre é comunitária. Sim, é íntima, é pessoal, mas em comunidade. Uma familiaridade sem comunidade, uma familiaridade sem o pão, uma familiaridade sem a Igreja, sem o povo, sem os sacramentos, é perigosa. Pode tornar-se uma familiaridade – digamos – gnóstica, uma familiaridade somente para mim, separada do povo de Deus. A familiaridade dos apóstolos com o Senhor sempre era comunitária, se dava sempre à mesa, sinal da comunidade. Sempre era com o Sacramento, com o pão.
Digo isso porque alguém me fez refletir sobre o perigo deste momento que estamos vivendo, essa pandemia que fez que todos nos comunicássemos também religiosamente através da mídia, inclusive esta Missa, estamos todos comunicados, mas não juntos, espiritualmente juntos. O povo é pequeno. Há um grande povo: estamos juntos, mas não juntos. Também o Sacramento: hoje vocês terão, a Eucaristia, mas as pessoas que estão em conexão conosco (terão) somente a Comunhão espiritual. E esta não é a Igreja. Esta é a Igreja de uma situação difícil, que o Senhor a permite, mas o ideal da Igreja é sempre com o povo e com os Sacramentos. Sempre.
Antes da Páscoa, quando saiu a notícia que eu celebraria a Páscoa em São Pedro (na Basílica de São Pedro) vazia, um bispo me escreveu – um bom bispo: bom – e me repreendeu. “Mas como é possível, (a Basílica de) São Pedro é tão grande, por que não colocam 30 pessoas ao menos, para que se veja as pessoas? Não haverá nenhum perigo...”. Eu pensei: “Mas, o que esse tem na cabeça, para me dizer isso?” No momento, não entendi. Mas como é um bom bispo, muito próximo do povo, algo quererá dizer-me. Quando o encontrar, lhe perguntarei. Depois entendi.
Uma passagem da homilia do Papa Francisco
Ele me dizia: “Esteja atento para não viralizar a Igreja, para não viralizar os Sacramentos, para não viralizar o Povo de Deus”. A Igreja, os Sacramentos, o Povo de Deus são concretos. É verdade que neste momento devemos ter esta familiaridade com o Senhor desse modo, mas para sair do túnel, não para permanecer aí. E essa é a familiaridade dos apóstolos: não gnóstica, não viralizada, não egoísta para cada um deles, mas uma familiaridade concreta, no povo. A familiaridade com o Senhor na vida cotidiana, a familiaridade com o Senhor nos Sacramentos, no meio do Povo de Deus. Eles fizeram um caminho de amadurecimento na familiaridade com o Senhor: aprendamos nós a fazê-lo também. Desde o primeiro momento, eles entenderam que aquela familiaridade era diferente daquilo que imaginavam, e chegaram a isso. Sabiam que se tratava do Senhor, partilhavam tudo: a comunidade, os Sacramentos, o Senhor, a paz, a festa.
Que o Senhor nos ensine essa intimidade com Ele, essa familiaridade com Ele, mas na Igreja, com os Sacramentos, com o santo povo fiel de Deus.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: https://www.vaticannews.va
Quinta-feira 16. O Papa reza pelos farmacêuticos: obrigado pela ajuda que dão aos doentes
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Na Missa na Casa Santa Marta esta quinta-feira (16/04), Francisco agradeceu aos farmacêuticos que trabalham, neste tempo caracterizado pela pandemia, para ajudar as pessoas doentes. Na homilia, afirmou que a grande força que temos para pregar o Evangelho é a alegria do Senhor, alegria que é fruto do Espírito Santo.
VATICAN NEWS
O Papa presidiu a Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quinta-feira (16/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos farmacêuticos:
Nestes dias me reclamaram porque me esqueci de agradecer a um grupo de pessoas que também trabalha… Agradeci aos médicos, enfermeiros, voluntários… “Mas o senhor se esqueceu dos farmacêuticos”: também eles trabalham muito para ajudar os doentes a sair da enfermidade. Rezemos também por eles.
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho do dia (Lc 24,35-48) em que Jesus ressuscitado aparece aos discípulos, assustados e cheios de medo, porque pensavam que estavam vendo um fantasma, e lhes abre a inteligência para entenderem as Escrituras. E pela alegria não conseguiam acreditar. Ser repletos de alegria – ressaltou o Papa – é a experiência mais alta da consolação. É a plenitude da presença do Senhor, é o fruto do Espírito Santo, é uma graça. Citou a Exortação apostólica de Paulo VI “Evangelii nuntiandi” que fala de evangelizadores alegres. A grande força que temos para pregar o Evangelho, e seguir avante como testemunhas de vida, é a alegria do Senhor, que é fruto do Espírito Santo.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Nestes dias, em Jerusalém, as pessoas tinham muitos sentimentos: o medo, o espanto, a dúvida. “Naqueles dias, enquanto o coxo curado não deixava mais Pedro e João, todo o povo, fora de si pelo espanto…”: há um ambiente não tranquilo porque aconteciam coisas que não se entendia. O Senhor apareceu a seus discípulos. Também eles já sabiam que tinha ressuscitado, inclusive Pedro o sabia porque tinha falado com Ele naquela manhã. Esses dois que tinham retornado de Emaús o sabiam, mas quando o Senhor apareceu se assustaram. “Assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma”; a mesma experiência que tiveram no lago, quando Jesus veio caminhando sobre as águas. Mas naquele tempo Pedro, tomando coragem, apostou no Senhor, disse: “Se és tu, faze-me caminhar sobre as águas”. Este dia Pedro estava calado, tinha falado com o Senhor, naquela manhã, e daquele diálogo ninguém sabe o que foi dito entre eles e por isso estava calado. Mas estavam cheio de medo, assustados, acreditavam ver um fantasma. E diz: “Por que estais preocupados, e porque tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés...”, mostra-lhes as chagas. Aquele tesouro de Jesus que Ele levou para o Céu a fim de mostrá-lo ao Pai e interceder por nós. “Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos”.
E depois vem uma frase que me dá muita consolação e, por isso, esta passagem do Evangelho é uma das minhas preferidas: “Mas eles não podiam acreditar, porque estavam muito alegres”, ainda e estavam repletos de surpresa, a alegria os impedia de acreditar. Era tamanha aquela alegria que “não, isso não pode ser verdade. Essa alegria não é real, é demasiada alegria”. E isso os impedia de acreditar. A alegria. Os momentos de grande alegria. Estavam repletos de alegria, mas paralisados pela alegria. E a alegria é um dos votos que Paulo faz aos seus de Roma: “Que o Deus da esperança vos torne repletos de alegria”, lhes diz. Encher de alegria, ser repletos de alegria. É a experiência da mais alta consolação, quando o Senhor nos faz entender que isso é diferente do estar alegre, positivo, luminoso... Não, é outra coisa. Ser alegre, mas repleto de alegria, uma alegria transbordante que verdadeiramente nos invade. E por isso Paulo lhes deseja que “o Deus da esperança vos torne repletos de alegria”, aos Romanos.
E aquela palavra, aquela expressão, encher de alegria é repetida, muitas, muitas vezes. Por exemplo, quando se dá no cárcere e Pedro salva a vida do carcereiro que estava para suicidar-se porque as portas se abriram com o terremoto e depois lhe anuncia o Evangelho, o batiza, e o carcereiro , diz a Bíblia, estava “repleto de alegria” por ter acreditado. O mesmo acontece com o ministro da economia de Candace, quando Filipe o batizou, desapareceu, ele seguiu seu caminho “repleto de alegria”. O mesmo acontece no dia da Ascensão: os discípulos voltaram para Jerusalém, diz a Bíblia “cheios de alegria”. É a plenitude da consolação, a plenitude da presença do Senhor.
Uma passagem da homilia do Papa Francisco
Porque, como Paulo diz aos Gálatas, “a alegria é o fruto do Espírito Santo”, não é a consequência de emoções que nascem por uma coisa maravilhosa... Não, é mais que isso. Esta alegria, esta que nos toma é o fruto do Espírito Santo. Sem o Espírito não se pode ter esta alegria. É uma graça receber a alegria do Espírito.
Veem-me à mente os últimos números, os últimos parágrafos da Exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI, quando fala dos cristãos alegres, dos evangelizadores alegres, e não daqueles que vivem sempre tristonhos. Hoje é um dia bonito para lê-los. Repletos de alegria. É isso que a Bíblia nos diz: “Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres...”, era tanta que não acreditavam.
Há uma passagem do livro de Neemias que nos ajudará hoje nesta reflexão sobre a alegria. O povo tendo voltado para Jerusalém reencontrou o livro da Lei, foi descoberto novamente – porque eles sabiam a Lei de cor, não encontravam o livro da Lei –, grande festa e todo o povo se reuniu para ouvir o sacerdote. Esdras que lia o livro da Lei. O povo comovido chorava, chorava de alegria porque tinha encontrado o livro da Lei e chorava, estava alegre, o choro... Quando o sacerdote Esdras terminou, Neemias disse ao povo: “Estejam tranquilos, agora não chorem mais, conservem a alegria, porque a alegria no Senhor é a força de vocês”.
Esta palavra do livro de Neemias nos ajudará hoje. A grande força que temos para transformar, para pregar o Evangelho, para seguir adiante como testemunhas de vida é a alegria do Senhor que é fruto do Espírito Santo, e hoje peçamos a Ele que nos conceda esse fruto.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Quarta-feira 15. O Papa reza pelos anciãos que têm medo por causa da pandemia
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Na Missa na Casa Santa Marta esta quarta-feira (15/04), Francisco rezou ao Senhor a fim de que esteja próximo das pessoas anciãs isoladas ou nos abrigos de idosos neste tempo difícil. Na homilia, recordou a fidelidade de Deus que continua caminhando com seu povo como Salvador: esta fidelidade é alegria para todos nós e aquece o coração
VATICAN NEWS
O Papa presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (15/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos anciãos:
Rezemos hoje pelos anciãos, especialmente pelos que estão isolados ou nos abrigos de idosos. Eles têm medo, medo de morrer sozinhos. Veem esta pandemia como uma coisa agressiva para eles. Eles são nossas raízes, nossa história. Eles nos deram a fé, a tradição, o sentido de pertença a uma pátria. Rezemos por eles a fim de que o Senhor esteja próximo deles neste momento.
Na homilia, o Santo Padre comentou as leituras do dia, extraídas dos Atos dos Apóstolos (At 3,1-10), em que um homem, coxo de nascença, é curado, através da oração de Pedro, “em nome de Jesus Cristo”, e o Evangelho hodierno (Lc 24,13-35) em que Jesus ressuscitado caminha com os discípulos de Emaús explicando-lhes o mistério da sua morte. Os dois discípulos acolhem-No em casa reconhecendo o Senhor à mesa ao partir o pão. Deus – afirmou o Papa – é fiel à sua promessa, é próximo de seu povo, faz o povo senti-Lo como seu Salvador: a fidelidade é festa para todos nós, como fez com o coxo curado, é uma fidelidade paciente e aquece o coração como aconteceu com os discípulos de Emaús. O nosso ser fiéis é uma resposta a esta fidelidade.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Ontem refletimos sobre Maria Madalena como ícone da fidelidade: a fidelidade a Deus. Mas como é esta fidelidade a Deus? A qual Deus? Propriamente ao Deus fiel.
A nossa fidelidade não é nada mais que uma resposta à fidelidade de Deus. Deus que é fiel à sua palavra, que é fiel à sua promessa, que caminha com o seu povo levando adiante a promessa próximo de seu povo. Fiel à promessa: Deus, que continuamente faz o povo senti-Lo como seu Salvador porque é fiel à sua promessa. Deus, que é capaz de re-fazer as coisas, de re-criar, como fez com o coxo de nascença que lhe re-criou os pés, fê-lo curar, o Deus que cura, o Deus que sempre traz uma consolação a seu povo. O Deus que re-cria. Uma nova re-criação: essa é a sua fidelidade conosco. Uma re-criação que é mais maravilhosa do que a criação.
Um Deus que segue adiante e que não se cansa de trabalhar – digamos “trabalhar”, “ad instar laborantis”, como dizem os teólogos – para levar o povo adiante, e não tem medo de “cansar-se”, digamos assim... Como aquele pastor que quando volta para casa se dá conta de que lhe falta uma ovelha e vai, volta para buscar a ovelha que se perdeu por ali. O pastor que faz horas extras, mas por amor, por fidelidade... E o nosso Deus é um Deus que faz horas extras, mas não mediante pagamento: gratuitamente. É a fidelidade da gratuidade, da abundância. E a fidelidade é aquele pai que é capaz de subir muitas vezes ao terraço para ver se o filho retorna e não se cansa de subir: espera-o para fazer festa. A fidelidade de Deus é festa, é alegria, é uma alegria tal que nos leva a fazer como este coxo fez: entrou no templo andando, pulando e louvando a Deus. A fidelidade de Deus é festa, é festa gratuita. E festa para todos nós.
A fidelidade de Deus é uma fidelidade paciente: tem paciência com o seu povo, escuta-o, guia-o, explica-lhe lentamente e lhe aquece o coração, como fez com esses dois discípulos que caminhavam distante de Jerusalém: aquece o coração deles a fim de que voltem para casa. A fidelidade de Deus é aquilo que não sabemos o que aconteceu naquele diálogo, mas é o Deus generoso que buscou Pedro que o havia renegado. Sabemos apenas que o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão: o que aconteceu naquele diálogo não o sabemos. Mas sim, sabemos que era a fidelidade de Deus a buscar Pedro. A fidelidade de Deus sempre nos precede e a nossa fidelidade sempre é resposta àquela fidelidade que nos precede. É o Deus que nos precede sempre. E a flor da amendoeira, na primavera: floresce primeiro.
Ser fiéis é louvar esta fidelidade, ser fiéis a esta fidelidade. É uma resposta a esta fidelidade.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira 14: O Papa reza a fim de que na dificuldade possamos ser unidos superando as divisões.
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Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira (14/04), Francisco pediu a Deus a graça de fazer-nos superar as divisões neste tempo difícil. Na homilia, ressaltou que converter-se é voltar a ser fiéis, uma atitude humana que não é tão comum em nossa vida: a fidelidade nos bons tempos e nos tempos ruins, fidelidade a Deus e entre nós.
VATICAN NEWS
O Papa presidiu a Missa na Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (14/04) da Oitava da Páscoa. Na introdução, Francisco rezou pela unidade:
Rezemos a fim de que o Senhor nos conceda a graça da unidade entre nós. Que as dificuldades deste tempo nos façam descobrir a comunhão entre nós, a unidade que sempre é superior a toda divisão.
Na homilia, Francisco comentou a primeira leitura, um trecho extraído dos Atos dos Apóstolos (At 2,36-41), em que Pedro anuncia abertamente aos judeus que Deus constituiu Senhor e Cristo aquele Jesus que eles crucificaram: diante dessas palavras muitos sentem traspassar o coração e se convertem. Converter-se – afirmou – é voltar a ser fiéis, uma atitude humana que não é tão comum em nossa vida: a fidelidade nos bons tempos e nos tempos ruins. Fidelidade também na insegurança. Nossas seguranças não são as que o Senhor nos dá, nossas seguranças são ídolos e nos fazem ser infiéis. A nossa vida e a história da Igreja são repletas de infidelidades. O Papa terminou a homilia com o Evangelho do dia (Jo 20,11-18) em que Jesus ressuscitado aparece a Maria Madalena, que chora perto do sepulcro. Uma mulher frágil, mas fiel, fiel também diante do sepulcro, diante da derrocada das ilusões, e que se tornara “apóstola dos apóstolos”. Peçamos a Deus – concluiu – que nos conserve na fidelidade. A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A pregação de Pedro, no dia de Pentecostes, traspassa o coração das pessoas: “Aquele que vós crucificastes, ressuscitou”. “Quando ouviram isso, eles ficaram com o coração aflito, e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: ‘Irmãos, o que devemos fazer?’” E Pedro é claro: “Convertei-vos. Convertei-vos. Mudar de vida. Vós que recebestes a promessa de Deus e vós que vos distanciastes da Lei de Deus, de tantas coisas vossas, em meio a ídolos, tantas coisas…"
"Convertei-vos. Voltai à fidelidade”. Converter-se é isso: voltar a ser fiéis. A fidelidade, aquela atitude humana que não é tão comum na vida das pessoas, em nossa vida. Sempre há ilusões que atraem a atenção e muitas vezes nós queremos ir atrás dessas ilusões. A fidelidade, nos bons tempos e nos tempos ruins. Tem uma passagem do Segundo Livro das Crônicas que me impressiona muito. Está no capítulo XII, no início. “Quando o reino foi consolidado – diz – o rei Roboão se sentiu seguro e se distanciou da lei do Senhor e todo Israel o seguiu”. Assim diz a Bíblia. É um fato histórico, mas é um fato universal. Muitas vezes, quando nos sentimos seguros começamos a fazer nossos projetos e lentamente nos distanciamos do Senhor, não permanecemos na fidelidade. E a minha segurança não é a segurança que o Senhor me dá. É um ídolo. Foi isso que aconteceu com Roboão e o povo de Israel. Sentiu-se seguro – reino consolidado –, distanciou-se da lei e começou a prestar culto aos ídolos. Sim, podemos dizer: “Padre, eu não me ajoelho diante dos ídolos”. Não, talvez você não se ajoelhe, mas que os procure e muitas vezes em seu coração adore os ídolos, (isso) é verdade. Muitas vezes. A segurança em si abre a porta aos ídolos.
Mas a segurança em si é ruim? Não, é uma graça. Ter segurança, mas ter segurança também de que o Senhor está comigo. Mas quando se tem a segurança e eu me coloco no centro, me distancio do Senhor, como o rei Roboão, me torno infiel. É muito difícil conservar a fidelidade. Toda a história de Israel, e depois toda a história da Igreja, é repleta de infidelidade. Repleta. Repleta de egoísmos, de seguranças próprias que fazem de modo que o povo de Deus se distancie do Senhor, perca aquela fidelidade, a graça da fidelidade. E também entre nós, entre as pessoas, a fidelidade não é uma virtude tão difusa, certamente. Não se é fiel ao outro, ao outro... “Convertei-vos, voltai à fidelidade ao Senhor.”
E no Evangelho, o ícone da fidelidade: aquela mulher fiel que jamais havia esquecido tudo aquilo que o Senhor tinha feito por ela. Estava ali, diante do impossível, diante da tragédia, uma fidelidade que a leva mesmo a pensar ser capaz de carregar o corpo... Uma mulher frágil, mas fiel. O ícone da fidelidade desta Maria Madalena, apóstola dos apóstolos.
Peçamos hoje ao Senhor a graça da fidelidade, de agradecer quando Ele nos dá segurança, mas jamais pensar que são as “minhas” seguranças, e sempre, olhar para além das próprias seguranças; a graça de ser fiéis também diante dos sepulcros, diante da derrocada de tantas ilusões. A fidelidade, que sempre permanece, mas não é fácil mantê-la. Que seja Ele, o Senhor, a conservá-la.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a inefável Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece. À espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Amo-vos. Assim seja.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo, foi entoada a antífona mariana “Regina caeli”, cantada no tempo pascal:
Rainha dos céus, alegrai-vos. Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia! Fonte: https://www.vaticannews.va
Papa Francisco telefona ao programa da RAI “A sua immagine”
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O Papa telefonou ao vivo ao programa da RAI “A sua immagine”, no canal Rai Uno, nesta sexta-feira (10/04), para enviar uma mensagem de proximidade a todas as pessoas forçadas a estarem em casa por causa da pandemia de coronavírus.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco telefonou ao vivo, nesta sexta-feira (10/04), para o programa da RAI “A sua immagine”.
Lorena Bianchetti:
Pronto.
Papa Francisco:
Pronto. Boa noite, Lorena. Como vai?
Lorena Bianchetti:
Papa Francisco! Bem-vindo!
Papa Francisco:
Reconheceu a voz?
Lorena Bianchetti:
Sim, sim, reconheci a voz! Muito obrigada de coração por essa intervenção, mas, sobretudo, pelo que está fazendo por cada um de nós, pelo quanto está participando de maneira tão paterna aos nossos sofrimentos.
Papa Francisco:
Estou próximo, estou próximo a vocês.
Lorena Bianchetti:
Sua Santidade, se posso me permitir, como o senhor está, Papa Francisco, estes dias?
Papa Francisco:
Hoje, neste momento, penso no Senhor crucificado e nas muitas histórias dos crucificados da história, as de hoje, desta pandemia: médicos, enfermeiros, enfermeiras, religiosas, sacerdotes... mortos na vanguarda, como soldados, que deram suas vidas por amor, resistentes como Maria sob suas cruzes, de suas comunidades, nos hospitais, curando os doentes. Hoje também existem crucificados e crucificadas que morrem por amor e esse pensamento vem a mim neste momento.
Lorena Bianchetti:
Esta noite o senhor presidirá a Via-Sacra e terá seu coração próximo a todos nós, Sua Santidade.
Papa Francisco:
Sim, e estou próximo ao povo de Deus, dos que mais sofrem, especialmente das vítimas desta pandemia, das dores do mundo, mas olhando para cima, olhando para a esperança, porque a esperança não decepciona. Não tira a dor, mas não decepciona.
Lorena Bianchetti:
Então será uma Páscoa de Ressurreição, uma Páscoa de paz, mais uma vez, Santidade, apesar de tudo?
Papa Francisco:
A Páscoa sempre termina na ressurreição e na paz, mas não é um “final feliz”, é um compromisso de amor que faz a gente atravessar esse caminho difícil, mas Ele já fez isso antes, e isso nos conforta e nos dá força.
Lorena Bianchetti:
Santidade, continuarei a fazer-lhe muitas perguntas. Não sei se posso me permitir, se estou roubando o seu tempo... Mas, gostaria de expressar em nome de todos o grande afeto que temos pelo senhor.
Papa Francisco:
Muito obrigado e eu também gostaria de dizer-lhes que quero muito bem a vocês. A todos.
Lorena Bianchetti:
Nós também. Obrigada, Santidade!
Papa Francisco:
Obrigado! Que o Senhor a abençoe e abençoe a todos.
Lorena Bianchetti:
Obrigada!
Fonte: https://www.vaticannews.va
ENTREVISTA- Papa Francisco: assim eu vivo a emergência pandemia
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Como o Papa está vivendo a crise causada pelo Covid-19? E como se preparar para o pós-emergência? Entrevista com o Papa Francisco realizada pelo jornalista inglês Austen Ivereig
VATICAN NEWS
Como o Papa Francisco está vivendo a crise causada pelo Covid-19? E como se preparar para viver depois? Francisco respondeu às perguntas do jornalista e escritor britânico Austen Ivereig.
Na primeira pergunta o jornalista pede ao Papa como ele vive a pandemia e o isolamento.
“A Cúria – explicou Francisco – busca trabalhar em continuação, viver normalmente, organizando-se em turnos para que nunca tenha muitas pessoas juntas. Muito bem pensado. Mantemos as medidas estabelecidas pelas autoridades sanitárias. Aqui na Casa Santa Marta temos dois horários para o almoço, para atenuar o afluxo dos residentes. Cada um trabalha no seu escritório ou em casa com instrumentos digitais. Todos trabalham, ninguém fica no ócio”.
“Como eu vivo espiritualmente? Rezo mais ainda, porque acredito que devo fazer assim, e penso nas pessoas. Preocupa-me isso: as pessoas. Pensar nas pessoas me ajuda, me faz bem, me subtrai ao egoísmo. Obviamente tenho meus egoísmos: na terça-feira recebo meu confessor, é então que coloco no lugar este tipo de coisa. Penso nas minhas responsabilidades atuais e no que acontecerá depois. Qual será, nesse depois, o meu serviço como bispo de Roma, como chefe da Igreja? Aquele depois já começou a se mostrar trágico, doloroso, por isso convém começar a pensar desde agora. Com o dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral organizamos uma comissão que trabalha sobre este tema e se reúne aqui comigo”.
“A minha maior preocupação – ao menos a que sinto na oração – é como acompanhar o povo de Deus e estar mais próximo dele. Este é o significado da Missa das sete da manhã ao vivo em streaming, seguida por muitas pessoas que se sentem acompanhadas, assim como de algumas minhas intervenções e do rito de 27 de março na Praça São Pedro. Também de um trabalho bastante intenso de presença, por meio da Esmolaria Apostólica, para acompanhar as situações de fome e de doenças. Estou vivendo este momento com muita incerteza. É um momento de muita inventiva, de criatividade”.
Na segunda pergunta Austen Ivereigt fala sobre a obra literária “Os Noivos” de Alessandro Manzoni, ambientado no tempo da peste de 1630 em Milão. O livro descreve o comportamento de vários eclesiásticos. E perguntou como o Papa vê a missão da Igreja neste momento.
“O cardeal Federico – responde Francisco – é um verdadeiro herói da peste em Milão. Todavia, há um capítulo que diz que passava saudando as pessoas, porém fechado em uma liteira, talvez por trás da janelinha, para se proteger. O povo não gostou daquilo. O povo de Deus precisa do pastor ao seu lado, que não se proteja demais. Hoje o povo de Deus precisa do pastor muito próximo de si, com a abnegação daqueles capuchinhos, que faziam assim”.
“A criatividade do cristão deve se manifestar em abrir novos horizontes, abrir novas janelas, abrir transcendência para com Deus e os homens, e deve se redimensionar em casa. Não é fácil ficar fechado em casa. Recordo-me de um verso da “Eneida” que, no contexto de uma derrota, dá o conselho de não desistir. Preparem-se para tempos melhores, porque naquele momento isso nos ajudará a recordar as coisas que aconteceram agora. Cuidem-se bem para um futuro que virá. E quando este futuro chegar, fará muito bem recordar o que aconteceu agora”.
“Cuidar do agora, mas para o amanhã. Tudo isso com criatividade. Uma criatividade simples, que todos os dias inventa alguma coisa. Em família não é fácil descobri-la. Mas não se pode fugir, buscar evasões alienantes, que neste momento não são úteis”.
A terceira pergunta refere-se às políticas dos Governos em resposta à crise.
“Alguns governos – disse o Papa – tomaram medidas exemplares, com prioridades bem definidas, para defender a população. Mas estamos nos dando conta de que todas as nossas preocupações, queira ou não, estão ligadas à economia. Dir-se-ia que no mundo financeiro sacrificar seja uma coisa normal. Uma política da cultura do descarte. Do início ao fim. Penso, por exemplo, à seletividade pré-natal. Hoje é muito difícil encontrar pela rua pessoas com a síndrome de Down. Quando são detectados nos exames de ultrassom, são renegados. Uma cultura da eutanásia, legalizada ou oculta, na qual são dados remédios ao idoso até um certo ponto.
Recordo-me da encíclica do Papa Paulo VI, a Humanae vitae. A grande problemática da época que os pastoralistas se concentravam era a pílula. E não se deram conta da força profética daquela encíclica que antecipava o neomalthusianismo que estava sendo preparando em todo o mundo. É uma advertência de Paulo VI sobre a onda de neomalthusianismo que hoje vemos na seleção das pessoas segundo a possibilidade de produzir, de ser útil: a cultura do descarte”.
“Os sem-teto, continuam sem-teto. Alguns dias atrás vimos uma fotografia de Las Vegas, na qual eles tinham sido colocados em quarentena em um estacionamento aberto. E os hotéis estavam vazios. Mas um sem-teto não pode ir a um hotel. Aqui pode-se ver a prática da teoria do descarte”.
Na pergunta seguinte Ivereigh pergunta se o impacto da crise pode levar a uma revisão do nosso modo de viver, a uma conversão ecológica e a uma sociedade e economia mais humanas.
“Há um provérbio espanhol que diz: “Deus perdoa sempre, nós, algumas vezes, a natureza nunca”. Não demos ouvido às catástrofes parciais. Quem é que fala dos incêndios na Austrália? E do fato que um ano e meio atrás um navio atravessou o Polo Norte, que tinha se tornado navegável por causa do derretimento das geleiras? Quem fala das inundações? Não sei se é uma vingança da natureza, mas certamente é a sua resposta.
“Temos uma memória seletiva. Gostaria de insistir nisso. Impressionou-me a celebração do 70º aniversário do desembarque na Normandia. Com a presença de personagens da política e da cultura internacional. E festejavam. Certamente foi o início do fim da ditadura, mas ninguém recordava dos 10 mil jovens que morreram naquela praia”.
Quando fui à cidade de Redipuglia, no centenário do fim da I Guerra Mundial, via-se um belo monumento e nomes gravados em uma pedra, e nada mais. Pensei em Bento XV (ao “inútil massacre”), o mesmo ocorreu em Anzio, no dia de finados, pensando em todos os soldados norte-americanos sepultados ali. Cada um tinha uma família”.
“Hoje, na Europa, quando se começam a ouvir discursos populistas ou decisões políticas de tipo seletivo não é difícil recordar dos discursos de Hitler em 1933, mais ou menos os mesmos que alguns políticos fazem hoje.
Recorda-me um verso de Virgílio: Meminisce iuvabit. Fará bem recuperar a memória, porque a memória nos ajudará. Hoje é tempo de recuperar a memória. Não é a primeira pestilência da humanidade. As outras já se reduziram a casos sem importância. Devemos recuperar a memória das raízes, da tradição, que é “memoriosa”. Nos Exercícios de Santo Inácio, toda a primeira semana e a contemplação para alcançar o amor na quarta semana, seguem inteiramente o sinal da memória. É uma conversão com a memória”.
“Esta crise nos toca a todos: ricos e pobres. É um apelo à atenção contra a hipocrisia. Preocupa-me a hipocrisia de alguns políticos que dizem que querem enfrentar a crise, que falam da fome no mundo, enquanto fabricam armas. É o momento de nos convertermos desta hipocrisia em ação. Este é um tempo de coerência. Ou sejamos coerentes ou perdemos tudo”.
“O senhor pergunta-me sobre a conversão. Toda a crise é um perigo, mas também uma oportunidade. E é a oportunidade de sair do perigo. Hoje acreditamos que devemos diminuir o ritmo de consumo e de produção (Laudato si’, 191) e aprender a compreender e a contemplar a natureza. Também, a entrar novamente em contato com o nosso ambiente real. Esta é uma oportunidade de conversão”.
“Sim, vejo sinais iniciais de conversão a uma economia menos líquida, mais humana. Mas não devemos perder a memória depois que passar a situação presente, não devemos arquivá-la e voltar ao ponto anterior. É o momento de dar o passo. De passar do uso e abuso da natureza à contemplação. Nós homens perdemos a dimensão da contemplação, chegou a hora de recuperá-la”.
Devemos, disse ainda Francisco citando o célebre romance de Dostoievski, “descer no subsolo, e passar da sociedade hipervirtualiada, desencarnada, à carne sofredora do povo, é uma conversão obrigatória. Se não começarmos por ali, a conversão não terá futuro. Penso nos santos do dia a dia nestes momentos difíceis. São heróis! Médicos, voluntários, religiosas, sacerdotes, profissionais da saúde que fazem seu serviço para que esta sociedade funcione”.
A propósito da Igreja do pós-crise Francisco disse: “Algumas semanas atrás me telefonou um bispo italiano. Aflito, dizia-me que ia de um hospital a outro para dar a absolvição a todos os que estavam internados, ficando na entrada do hospital. Mas que alguns canonistas tinham chamado sua atenção dizendo que não podia fazer assim, a absolvição é permitida apenas com um contato direto. “Padre, o que o senhor pode me dizer?”, perguntou-me o bispo. Disse-lhe: “O senhor faça o seu dever sacerdotal”. E o bispo me respondeu: “Obrigado, entendi”. Depois soube que dava absolvições em vários lugares”.
“Em outras palavras, neste momento, diante de uma crise a Igreja é a liberdade do Espírito, e não uma Igreja fechada nas instituições… O último cânon diz que todo o Direito canônico tem sentido para a salvação das almas, e é aqui que nos é aberta a porta para levarmos a consolação de Deus nos momentos de dificuldade”.
Por fim o Papa observou que “as pessoas que ficaram pobres por causa da crise são os despojados de hoje que se somam aos despojados de sempre, homens e mulheres que carregam “despojado” como estado civil. Perderam tudo ou estão perdendo tudo. Qual é sentido para mim, hoje, perder tudo à luz do Evangelho? Entrar no mundo dos “despojados”, entender que os que antes tinham agora não têm mais. O que peço às pessoas é para que cuidem dos idosos e dos jovens. Cuidem da história. Cuidem destes despojados”. Fonte: https://www.vaticannews.va
Quarta-feira 8. Homilia do Papa Francisco: “Deus converta os Judas de hoje, mafiosos e agiotas que exploram necessitados”.
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Na Missa esta quarta-feira (08/04), Francisco rezou ao Senhor a fim de que toque o coração dos que se aproveitam daqueles que se encontram necessitados nesta crise causada pela pandemia de coronavírus. Na homilia, falou da traição de Judas, daqueles que vendem as pessoas, inclusive seus entes queridos, para lucro pessoal
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O Papa Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, manhã desta quarta-feira (08/04) da Semana Santa. Ao introduzir a celebração, rezou pela conversão daqueles que neste momento exploram quem se encontra necessitado:
Rezemos, hoje, por aqueles que neste tempo de pandemia fazem comércio com os necessitados. Aproveitam-se da necessidade dos outros e os vendem: os mafiosos, os agiotas e tantos outros. Que o Senhor toque o coração deles e os converta.
Na homilia, Francisco comentou o Evangelho de Mateus (Mt 26,14-25), que nos fala da traição de Judas. Também hoje – disse o Papa – existem Judas, pessoas que traem, inclusive seus entes queridos, vendendo-os, para interesses próprios. Também hoje existem pessoas que querem servir a Deus e ao dinheiro, exploradores escondidos, aparentemente impecáveis, mas fazem comércio com as pessoas: vendem o próximo. Judas deixou discípulos, discípulos do diabo. Judas era apegado ao dinheiro: quem demasiadamente ama o dinheiro, trai. Mas é traído pelo diabo, que é um mau pagador e deixa no desespero. E caba por enforcar-se. O Papa pensou nos muitos Judas institucionalizados que hoje exploram as pessoas e também nos pequenos Judas que estão em nós: cada um de nós tem a possibilidade de trair, por amor ao dinheiro ou aos bens.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Quarta-feira Santa é também chamada “quarta-feira da traição”, o dia no qual na Igreja se ressalta a traição de Judas. Judas vende o Mestre.
Quando pensamos no fato de vender pessoas, vem em mente o comércio feito com os escravos da África para levá-los para a América – uma coisa antiga –, depois o comércio, por exemplo, das jovens yazidis vendidas ao Isis: mas é coisa distante, é uma coisa… Também hoje pessoas são vendidas. Todos os dias. Existem Judas que vendem os irmãos e as irmãs, explorando-os no trabalho, não pagando o justo, não reconhecendo os deveres… Aliás, muitas vezes vendem o que têm de mais precioso. Penso que por comodidade, um homem é capaz de distanciar os pais e não mais vê-los, colocá-los numa casa de repouso e não ir visitá-los… vende. Há um ditado popular que, falando de pessoas assim, diz que “este é capaz de vender a própria mãe”: e a vendem. E então ficam tranquilos, foram distanciados: “Cuidem vocês deles…”
Hoje, o comércio humano é como nos primeiros tempos: se faz. E isso porquê? Jesus disse o porquê. Ele deu ao dinheiro uma senhoria. Jesus disse: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, dois senhores. É a única coisa que Jesus coloca à altura e cada um de nós deve escolher: ou serve a Deus, e será livre na adoração e no serviço, ou serve ao dinheiro, e será escravo do dinheiro. Essa é a opção e muita gente quer servir a Deus e ao dinheiro. E isso não se pode fazer. Acabam fazendo finta de servir a Deus para servir ao dinheiro. São os exploradores escondidos que socialmente são impecáveis, mas por debaixo dos panos comercializam, inclusive com as pessoas: não importa. A exploração humana é vender o próximo.
Judas foi embora, mas deixou discípulos, que não são seus discípulos, mas do diabo. Não sabemos como foi a vida de Judas. Um jovem normal, talvez, e também com inquietações, porque o Senhor o chamou para ser discípulo. Ele jamais conseguiu sê-lo: não tinha boca de discípulo e coração de discípulo, como lemos na primeira Leitura. Era fraco no discipulado, mas Jesus o amava… Depois o Evangelho nos faz entender que ele gostava do dinheiro: na casa de Lázaro, quando Maria unge os pés de Jesus com aquele perfume tão caro, ele faz a reflexão e João ressalta: “Mas não disse isso porque amava os pobres, (mas) porque era ladrão”. O amor ao dinheiro o tinha levado para fora das regras, a roubar, e do roubar a trair é um passo, muito pequeno. Quem demasiadamente ama o dinheiro trai para ter mais ainda, sempre: é uma regra, é um dado de fato. O Judas garoto, talvez bom, com boas intenções, acaba traidor a ponto de ir ao mercado vender: “O que me dareis se vos entregar Jesus?” A meu ver, este homem estava fora de si.
Uma coisa que chama a minha atenção é que Jesus jamais lhe diz “traidor”; diz que será traído, mas não diz a ele “traidor”. Jamais o diz: “Va embora, vá embora, traidor”. Jamais! Aliás, lhe diz: “Amigo”, e o beija. O mistério de Judas… Como é o mistério de Judas? Não sei… Padre Primo Mazzolari o explicou melhor do que eu… Sim, me consola contemplar aquele capitel de Vezelay: como Judas acabou? Não sei. Jesus ameaça veementemente, aqui; grande ameaça: “Ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” Mas isso significa que Judas está no Inferno? Não sei. Eu olho o capitel. E ouço a palavra de Jesus: “Amigo”.
Mas isso nos faz pensar em outra coisa, que é mais real, mais que hoje: o diabo entrou em Judas, foi o diabo a levá-lo a este ponto. E como acabou a história? O diabo é um mau pagador: não é um pagador confiável. Promete-lhe tudo, lhe mostra tudo e depois o deixa sozinho em seu desespero a enforcar-se.
O coração de Judas, inquieto, atormentado pela ganância e atormentado pelo amor a Jesus, um amor que não conseguiu fazer-se amor, atormentado com essa névoa, volta aos sumos sacerdotes pedindo perdão, pedindo salvação. “O que temos a ver com isso?” O problema é seu…”: o diabo fala assim e nos deixa no desespero.
Pensemos nos muitos Judas institucionalizados neste mundo, que exploram as pessoas. E pensemos também no pequeno Judas que cada um de nós tem dentro de si na hora de escolher: entre lealdade ou interesse. Fonte: https://www.vaticannews.va
Terça-feira, dia 7. O Papa reza pelos inocentes que sofrem sentenças injustas
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Na Missa esta terça-feira (07/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa recordou a perseguição que Jesus sofreu e rezou pelas pessoas que sofrem acirramento e sentenças injustas. Na homilia, comentou a traição de Judas e a renegação de Pedro, convidou a pedir a graça de perseverar no serviço, apesar das nossas quedas
VATICAN NEWS
Francisco presidiu a Missa na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta terça-feira (07/04) da Semana Santa. A Antífona de entrada da celebração do dia, que o Papa lê no início da celebração, é extraída do Salmo 26: “Não me deixeis, Senhor à mercê de meus adversários, pois contra mim se levantaram testemunhas falsas, mas volta-se contra eles a sua iniquidade” (Sl 26,12). Na introdução, Francisco dirigiu seu pensamento aos inocentes perseguidos:
Nestes dias de Quaresma vimos a perseguição que Jesus sofreu e como os doutores da Lei se acirraram contra Ele: foi julgado sob acirramento, com acirramento, sendo inocente. Gostaria de rezar hoje por todas as pessoas que sofrem uma sentença injusta por acirramento.
Na homilia, comentou as leituras do dia, extraídas do Livro do profeta Isaías (Is 49,1-6), o segundo canto do Servo do Senhor, e o Evangelho de João (Jo 13,21-33.36-38) que fala da traição de Judas e da renegação de Pedro. Peçamos a graça – disse – de perseverar no serviço, apesar das nossas quedas.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
A profecia de Isaías que ouvimos é uma profecia sobre o Messias, sobre o Redentor, mas também uma profecia sobre o povo de Israel, sobre o povo de Deus: podemos dizer que pode ser uma profecia sobre cada um de nós. Substancialmente, a profecia ressalta que o Senhor elegeu o seu servo desde o seio materno: diz isso duas vezes. Desde o início o seu servo foi eleito, desde o nascimento ou antes do nascimento. O povo de Deus foi eleito antes do nascimento: também cada um de nós. Nenhum de nós caiu no mundo por casualidade, por acaso. Cada um de nós tem um destino, tem um destino livre, o destino da eleição de Deus. Eu nasço com o destino de ser filho de Deus, de ser servo de Deus, com a missão de servir, de construir, de edificar. E isso, desde o seio materno.
O servo de Javé, Jesus, serviu até à morte: parecia uma derrota, mas era o modo de servir. E isso ressalta o modo de servir que nós devemos assumir em nossa vida. Servir é dar-se, dar-se aos outros. Para cada um de nós, servir é não pretender nenhum benefício que não seja o servir. É a glória, servir; e a glória de Cristo é servir até aniquilar-se a si mesmo, até à morte, morte de Cruz. Jesus é o servo de Israel. O povo de Deus é servo, e quando o povo de Deus se distancia desta atitude de servir é um povo apóstata: distancia-se da vocação que Deus lhe deu. E quando cada um de nós se distancia desta vocação de servir, se distancia do amor de Deus. E edifica a sua vida sobre outros amores, muitas vezes idolátricos.
O Senhor nos elegeu desde o seio materno. Há quedas, na vida: cada um de nós é pecador e pode cair e caiu. Somente Nossa Senhora e Jesus: todos os outros caímos, somos pecadores. Mas o que importa é a atitude diante de Deus que me elegeu, que me ungiu como servo; é a atitude de um pecador que é capaz de pedir perdão, como Pedro, que jura que “não, jamais te renegarei, Senhor, jamais, jamais, jamais!”, depois quando o galo canta, chora. Arrepende-se. Este é o caminho do servo: quando escorrega, quando cai, pedir perdão.
Ao invés, quando o servo não é capaz de entender que caiu, quando a paixão o arrebata de tal modo que o leva à idolatria, abre o coração a satanás, entra na noite: foi o que aconteceu com Judas.
Pensemos hoje em Jesus, o servo, fiel no serviço. Sua vocação é servir, até à morte e morte de Cruz. Pensemos em cada um de nós, parte do povo de Deus: somos servos, nossa vocação é para servir, não para se aproveitar do nosso lugar na Igreja. Servir. Sempre em serviço.
Peçamos a graça de perseverar no serviço. Por vezes com escorregões, quedas, mas ao menos a graça de chorar como Pedro chorou.
O Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual.
A seguir, a oração recitada pelo Papa:
Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento do Altar. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós! Fonte: https://www.vaticannews.va
Segunda-feira, 6 de abril-2020. “O Papa reza pelos presos e pensa nos pobres: neles Jesus se identifica.
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Na Missa esta segunda-feira (06/04) na Casa Santa Marta, no Vaticano, Francisco voltou a dirigir seu pensamento aos presos e ao grave problema da superlotação dos cárceres, rezando a fim de que os responsáveis encontrem soluções. Na homilia, falou dos pobres, vítimas da injustiça das políticas econômicas mundiais, e recordou: no final da vida seremos julgados sobre nossa relação com os pobres
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O Papa Francisco presidiu a Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta segunda-feira (06/04) da Semana Santa. Ao introduzir a celebração, rezou pelo problema da superlotação nos cárceres:
Penso num grave problema que existe em várias partes do mundo. Gostaria que hoje rezássemos pelo problema da superlotação nos cárceres. Onde há uma superlotação – muita gente ali – há o perigo, nesta pandemia, de que se acabe numa grave calamidade. Rezemos pelos responsáveis, por aqueles que devem tomar as decisões nisso, a fim de que encontrem um caminho justo e criativo para resolver o problema.
Na homilia, Francisco comentou a passagem do Evangelho de João (Jo 12,1-11) em que Maria, irmã de Lázaro, ungiu os pés de Jesus com um perfume precioso, provocando as críticas de Judas: este perfume – diz aquele que estava prestes a trair o Senhor – podia ser vendido e o rendimento dado aos pobres. O evangelista observa que disse isto não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era um ladrão, e ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. Jesus lhe responde: “Deixe-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura. Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”. O Papa falou dos pobres: há muitos, em grande parte estão escondidos e não os vemos porque somos indiferentes. Muitos pobres são vítimas das políticas financeiras e da injustiça estrutural da economia mundial. Muitos pobres se envergonham por não ter meios e vão às escondidas à Caritas. Os pobres – recordou o Papa – os encontraremos nos juízo final: Jesus se identifica com eles. Seremos julgados sobre nossa relação com os pobres.
A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:
Esta passagem se conclui com uma observação: “Os sumo sacerdotes decidiram matar também Lázaro, porque, por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus”. Dias atrás vimos os passos da tentação: a sedução inicial, a ilusão, depois cresce – segundo passo – e terceiro, cresce e se contagia e se justifica. Mas há outro passo: segue adiante, não se detém. Para eles não era suficiente matar Jesus, mas agora também Lázaro, porque era uma testemunha de vida.
Mas, hoje, gostaria de deter-me sobre uma palavra de Jesus. Seis dias antes da Páscoa – estamos propriamente muito perto da Paixão –, Maria faz este gesto de contemplação: Marta servia – como a outra passagem – e Maria abre a porta à contemplação. E Judas pensa no dinheiro e pensa nos pobres, mas não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão, e ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. Esta história do administrador infiel é sempre atual, estes sempre existem, mas também em outro nível: pensemos em algumas organizações de beneficência ou humanitárias que têm muitos funcionários, muitos, que têm uma estrutura muito rica e acaba chegando aos pobres quarenta por cento, porque sessenta por cento é para pagar o salário dessas pessoas. É um modo de apropriar-se do dinheiro dos pobres. Mas a resposta é Jesus. E aqui gostaria de deter-me: “De fato, os pobres, sempre os tereis convosco”. Esta é uma verdade: “De fato, os pobres, sempre os tereis convosco”. Os pobres existem. São muitos: há o pobre que nós vemos, mas esta é a mínima parte; a grande quantidade dos pobres é aquela que não vemos: os pobres escondidos. E nós não os vemos porque entramos nesta cultura da indiferença que é negacionista e negamos: “Não, não, não são muitos deles, não se veem; sim, aquele caso...”, diminuindo sempre a realidade dos pobres. Mas há muitos deles, muitos.
Ou mesmo, se não entramos nesta cultura da indiferença, há um costume de ver os pobres como decorações de uma cidade: sim, existem, como as estátuas; sim, existem, se veem; sim, aquela velhinha que pede esmola, aquele outro... Mas como (se fosse) uma coisa normal. Ter pobres é parte da decoração da cidade. Mas a grande maioria é de pobres vítimas das políticas econômicas, das política financeiras. Algumas estatísticas recentes fazem um resumo assim: há muito dinheiro nas mãos de poucos e tanta pobreza em muitos, em muitos. E essa pobreza é a pobreza de muita gente vítima da injustiça estrutural da economia mundial. E (há) muitos pobres que sentem vergonha de mostrar que não conseguem chegar ao final do mês: muitos pobres da classe média, que vão às escondidas à Caritas e de modo escondido pedem e se envergonham. Os pobres são muitos mais do que os ricos; muito, muito... E aquilo que Jesus disse é verdade: “De fato, os pobres sempre os tereis convosco”. Mas eu os vejo? Eu me dou conta desta realidade? Sobretudo da realidade escondida, aqueles que sentem vergonha de dizer que não conseguem chegar ao final do mês.
Lembro-me que em Buenos Aires me tinham dito que o prédio de uma fábrica abandonada, há anos vazia, estava sendo habitada por umas quinze famílias que tinham chegado naqueles últimos meses. Fui lá. Eram famílias com crianças e cada uma tinha ocupado uma parte da fábrica abandonada, para viver. E, olhando, vi que cada família tinha móveis bons, móveis da classe média, tinham a televisão, mas acabaram ali porque não podiam pagar o aluguel. Os novos pobres que devem deixar a casa porque não podem pagá-la, vão para lá. É aquela injustiça da organização econômica ou financeira que os leva a isso. E são muitos deles, muitos, a tal ponto que os encontraremos no juízo. A primeira pergunta que Jesus nos fará é: “Como vais com os pobres? Deste de comer? Quando estava no cárcere, o visitaste? No hospital, o visitaste? Assististe a viúva, o órfão? Porque ali era Eu quem estava”. E sobre isso seremos julgados. Não seremos julgados pelo luxo ou as viagens que fazemos ou pela ‘importância social que teremos. Seremos julgados pela nossa relação com os pobres. Mas se eu, hoje, ignoro os pobres, os deixo de lado, creio que (eles) não existem, o Senhor me ignorará no dia do juízo. Quando Jesus diz: “Os pobres, sempre os tereis convosco”, significa: “Eu estarei sempre convosco nos pobres. Ali estarei presente”. E isso não é ser comunista, esse é o centro do Evangelho: nós seremos julgados sobre isso.
Antes de deixar a Capela dedicada ao Espírito Santo foi entoada uma antiga antífona mariana Ave Regina Caelorum (“Ave Rainha dos Céus”):
Ave, Rainha do céu; ave, dos anjos Senhora; ave, raiz, ave, porta; da luz do mundo és aurora. Exulta, ó Virgem gloriosa, as outras seguem-te após; nós te saudamos: adeus! E pede a Cristo por nós! Fonte: https://www.vaticannews.va
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